Antecedentes da musealização das olarias de Barcelos O primeiro passo para a criação do Museu de Olaria, em Barcelos deu-se em 1949, quando a Câmara Municipal decidiu construir uma sala subterrânea destinada a albergar a “Olaria Barcelense” - no terreiro do Paço dos Condes de Barcelos, paredes meias com a Igreja Matriz. Da intenção à abertura do Museu demoraram quase 15 anos. O então designado “Museu de Cerâmica Regional” foi inaugurado a 4 Maio de 1963, em plena Festa das Cruzes. Na base da criação deste equipamento cultural dedicado às olarias esteve a coleção do etnógrafo Sellés Pais, doada pelo próprio, ao município de Barcelos, em 1952. Entretanto, o espólio do Museu ia enriquecendo pela incorporação de mais coleções de olaria, quer do país como do estrangeiro, e assim, quatro anos após a sua inauguração, um grupo de barcelenses autointitulado “Grupo de Amigos do Museu” solicitou à Câmara Municipal que o Museu se passasse a designar “Museu de Cerâmica Popular Portuguesa”. Este crescimento parece ter dado alento ao seu 1º diretor, Lapa Carneiro, que começou a bater-se pela construção de um novo equipamento capaz de responder aos novos conceitos da museologia. O Museu de Olaria na Casa dos Mendanhas Por volta de 1982, verificando-se que a sala subterrânea do Paço dos Condes já não dispunha das condições mínimas para continuar a albergar as coleções de olarias, a Câmara Municipal decidiu que as reservas passassem para a Casa dos Mendanhas, edifício devoluto há muito tempo, e que tinha adquirido pelo Município na década de sessenta. Após um longo e moroso processo técnico conduzido pelo GAT – Gabinete de Apoio Técnico às Autarquias Locais, o projeto de ampliação e remodelação da Casa dos Mendanhas foi aprovado em Dezembro de 1989, tendo o edifício entrado em obras de recuperação e adaptação em 1991. Os trabalhos de execução da obra iniciaram em Dezembro de 1990. O Museu de Olaria foi inaugurado a 29 de Julho de 1995. Recuperação, Ampliação e Valorização do Museu de Olaria Quinze anos após a sua inauguração, em Julho de 2009 a Câmara Municipal deliberou lançar o concurso público para a execução da empreitada de Remodelação e Valorização do Museu de Olaria. A execução da obra arrancou em 26 de fevereiro de 2010 e deveria ficar concluída num prazo de 12 meses. Tinha um custo estimado de 974 mil euros. Todavia, devido à insolvência da empresa construtora, foi necessário lançar uma segunda empreitada, cujos trabalhos arrancaram em Outubro de 2012, tendo terminado em 14 de Junho de 2013. Esta nova intervenção na Casa dos Mendanhas teve como objectivo principal adequar o edifício aos desafios do futuro. O Museu - equipamento de projeção nacional e internacional – precisava de responder à maior procura do público e ao alargamento das atividades pedagógicas. O projeto da intervenção foi elaborado pelo Gabinete do Centro Histórico da autarquia barcelense. Teve por base um programa que procurou articular melhor os espaços de formação, rentabilizando o uso dos mesmos, e articulando-os com outros espaços existentes e com os novos a criar. A proposta contemplou a construção de um novo corpo - volume que acolhe a sala e a galeria de exposições - edificado no espaço do pátio, “desligado das paredes do edifício principal, flutuando sobre uma cobertura envidraçada”. Aproveitando a oportunidade proporcionada pelas obras, os projetistas optaram por propor a demolição de parte do piso da antiga capela (piso construído quando o edifício servia outros fins) e assim conferir ao espaço a imagem que já tinha tido, “valorizando o património e restituindo ao arco toda a sua verdadeira grandeza”. Além destas alterações, ao nível do rés do chão foi criada a “loja do museu” e uma cafetaria de apoio ao serviço e aos visitantes, cuja esplanada se estende para o jardim. Na ala sul do rés-do-chão ficam instalados os espaços destinados às salas de documentação, a área administrativa, gabinete de restauro, espaço para reservas, e novas instalações sanitárias. No 2º andar foram redefinidos os espaços dos gabinetes e zonas de arrumos. A Casa das Mendanhas O edifício que alberga o Museu de Olaria é conhecido pela Casa dos Mendanhas e tem uma longa e recheada história. Situa-se no núcleo do casco citadino do Centro Histórico, muito próximo dos Paços do Concelho, na Rua Cónego Joaquim Gaiolas, outrora Rua dos Carvalhos. Também se designou Rua S. Sebastião, no final do século XVIII, e Rua Manuel Viana, no século XIX e XX. O atual edifício é uma construção do século XIX. Comporta “dois corpos oitocentistas”, mas erigidos em épocas diferentes. Possui dois pisos, sendo que um deles ainda “tem incrustada a antiga capela de São Sebastião, aí edificada (ou reedificada por volta de 17393”, ano em que a família Mendanha veio morar para Barcelos e fez trasladar a capela que administrava em Barcelinhos, anexando-a à casa que aqui tinham construído. A Casa serviu de habitação familiar até 1899. Depois proprietários decidiram vendêla pelo preço de 3 mil reis, a dois religiosos da Companhia de Jesus4. Os padres terão adquirido o edifício com a intenção de nele instalarem um colégio, desejo nunca concretizado, já que após a Revolução de 5 de Outubro de 1910 o Estado, por força da “Lei da Separação”5, viria a confiscar todas as propriedades dos Jesuítas, tendo o edifício passado para o domínio do Estado português. Mais tarde, já nos anos 30, o Prior Cónego Joaquim Gaiolas encetou um conjunto de diligências junto dos poderes constituídos, solicitando a entrega da Casa dos Mendanhas, de modo a que pudesse servir de residência paroquial6. Todavia, a Direção de Finanças do Distrito de Braga só em 1950 determinaria a entrega do prédio ao Benefício Paroquial – Paróquia de Santa Maria Maior de Barcelos7. Independentemente dos seus proprietários, o edifício da Casa dos Mendanhas acolheu diferentes serviços e valências. Entre 1910 e 1950, serviu de quartel aos militares da GNR - Guarda Nacional Republicana. Anos depois, em Outubro de 1957, passou a albergar a Escola Industrial e Comercial de Barcelos. Mais tarde, em 1963, a Casa dos Mendanhas foi comprada pela Câmara Municipal. Em 1995 viu ser inaugurado o Museu de Olaria.