As Distribuições Geográficas dos Solos

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Alain RUELLAN e Mireille DOSSO
SOLDIDAC 2003
Educagri éditions - AUF
Tradução: Alain Ruellan e Selma Simões de Castro
Módulo 9
As distribuições geográficas
dos solos
Objetivo: conhecer as coberturas e os sistemas
pedológicos, quer dizer a repartição dos solos na
escala das paisagens e dos continentes.
ƒ
Introdução (Dia. 2 a 4)
ƒ
Os fatores da formação dos solos (Dia. 5 a 13)
As distribuições locais das organizações
pedológicas: as associações e os sistemas
pedológicos (Dia. 14 a 41)
ƒ
A repartição mundial das coberturas pedológicas
em função dos climas (Dia. 42 a 82)
ƒ
B
©
Introdução
Î As coberturas pedológicas se modificam lateralmente, no interior das
unidades de relevo e das paisagens, que são escalas locais, as quais cada um de
nós pode observar facilmente: os planaltos, as planícies e os vales, as encostas,
os espigões e os morros, … as florestas, as roças e as pastagens, … as cidades
e os campos (foto 250).
Î Mas as coberturas pedológicas se modificam também nas escalas das regiões
e dos continentes: para raciocinar nessas escalas, é preciso utilizar mapas e
imagens (aéreas e de satélite) e viajar.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
250
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
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2
Î As coberturas pedológicas se modificam lateralmente, quer dizer que seus
caracteres mudam nessa direção:
- as estruturas (organizações elementares, assembléias, horizontes, sistemas);
- os constituintes (minerais e orgânicos);
- os funcionamentos (atividades biológicas; fluxos de partículas, de solutos e
de gases; dinâmicas dos agregados, dos sistemas porosos, das feições
pedológicas, etc.).
Î Essas mudanças pedológicas se fazem em relação com as modificações dos
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
outros componentes e atores do meio que são as coberturas biológicas (vegetais,
animais e humanas), os relevos, as rochas e os climas.
Î O objetivo do presente módulo é a descoberta das distribuições geográficas das
coberturas pedológicas; a seguir são apresentadas algumas regras simples que
facilitam a compreensão dos motivos responsáveis pelas principais distribuições e
sucessões laterais dos conjuntos pedológicos.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
3
Foto 250
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 286
p. 64
foto 68
Índia, clima tropical semi-árido
Paisagem no seio da qual é possível reconhecer diversas
unidades elementares: encostas, planícies, espigões, coberturas
vegetais, etc. Os solos se modificam lateralmente em relação
com essas variações "paisagísticas".
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
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4
Os fatores da formação dos solos
Î É importante lembrar (ver módulo 7) que as dinâmicas que conduzem à formação
das estruturas pedológicas são o resultado de quatro tipos de mecanismos:
- mecanismos de alteração das rochas e dos seus constituintes;
- mecanismos biológicos e mecanismos de acumulação de matéria orgânica;
- mecanismos de liberação, de migrações e depois de acumulações de constituintes;
- mecanismos de arranjos e de agregações de constituintes.
Î Esses quatro tipos de mecanismos são interdependentes com os constituintes e
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com os funcionamentos dos outros grandes componentes e atores dos ecossistemas terrestres, principalmente o clima, a rocha, o relevo e a vida.
Î É justamente em função deles, em relação com esses quatro componentes e
atores que se desenha o essencial das distribuições geográficas das unidades
pedológicas, desde as escalas locais até as escalas regionais e continentais. Os
produtos pedológicos dessas inter-relações, complexas e cruzadas, variam muito em
função do tempo, quer dizer em função da idade e da história dos ecossistemas: o
tempo é o quinto ator essencial da diferenciação dos solos (foto 251).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
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5
Foto 251
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 12
p. 27
foto 40
Marrocos, Rif, clima mediterrânico úmido
Paisagem no seio da qual é possível reconhecer diversas unidades
elementares: encostas calcárias, terraços aluviais, coberturas
vegetais diversas, etc. Os solos se modificam lateralmente em
relação com as rochas, o relevo e a vida, mas também em relação
com o tempo, quer dizer com a idade de cada unidade elementar.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
6
Os nove fatores da pedogênese
Î Para explicar a distribuição dos solos nas paisagens, em todas as escalas,
desde uma vertente até o continente, devemos nos basear nos fatores da
pedogênese.
Î Os fatores da pedogênese são elementos do meio que orientam os mecanis-
mos da formação dos solos; fala-se, também, em fatores da diferenciação dos
solos ou fatores da evolução dos solos.
Î Há nove principais fatores da pedogênese:
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- o clima
- a tectônica
- a fauna
- a rocha
- o escoamento
- o homem
- o relevo
- a vegetação
- o tempo
Reencontramos, nessa lista, com mais detalhes, os cinco atores já citados (ver
diapositivo 5).
Î Entre esses fatores, é bom distinguir:
- os fatores primários, que são mais ou menos independentes uns dos outros;
esses fatores são o tempo, o clima, a rocha e a tectônica;
- os fatores secundários (relevo, escoamento, vegetação, fauna, homem): esses fatores são subordinados aos precedentes e eles estão ligados entre si;
secundários não significa que sejam menos importantes, mas que ocorrem e
atuam em conseqüência dos primários.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
7
Alguns dados complementares sobre os fatores da pedogênese
Î Clima: o que é importante para explicar a geografia dos solos é o seguinte:
- as variações espaciais, que influem na formação dos solos, diretamente e
também por meio de todos os fatores secundários;
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- as variações em função do tempo: as variações diárias e sazonais, e também as
variações que ocorrem na escala de décadas, de séculos, na escala do tempo
geológico: um solo sempre esteve submetido a climas sucessivos e cada um
deles pode ter lhe imprimido marcas, de uma maneira mais ou menos importante
e mais ou menos duradoura.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
8
ÎA
rocha, igualmente, influencia muito na repartição das coberturas
pedológicas: no interior de uma zona climática, é a rocha que determina essa
repartição, diretamente ou através de todos os fatores secundários.
Î Na escala do tempo pedológico, quer dizer na escala dos 100, 1 000, 10 000 ou
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100 000 anos, a tectônica raramente é capaz de perturbar, de uma maneira
notável, as condições petrográficas e climáticas da evolução dos solos.
Entretanto, a tectônica pode ser capaz de provocar transformações internas nas
coberturas pedológicas. Por exemplo, uma pequena modificação de uma encosta
ou do nível de base de um rio (por elevação do maciço rochoso ou qualquer outra
razão), pode ser suficiente para induzir novas migrações de matéria,
implementando novas frentes de transformação das estruturas no interior de
uma cobertura pedológica pré-existente.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
9
Î A respeito dos fatores secundários (relevo, escoamento, biologia: vegetação,
fauna, homem), é sabido que eles exercem uma grande influência sobre as
coberturas pedológicas: muitas características dos solos variam, no espaço e no
tempo, em função desses fatores.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Entretanto, também se sabe que esses fatores são estreitamente dependentes
dos climas e das rochas: seja um meio temperado ou tropical, seja uma rocha
ácida ou calcária, eruptiva ou sedimentar, etc., os relevos, os escoamentos, as
faunas e as floras não são os mesmos; há modificações nas formas, nas
espécies, nos mecanismos, particularmente nos mecanismos que agem nos
solos.
Além disso, as relações que existem entre esses fatores secundários e os solos
não se dão em um único sentido: os solos influenciam tanto quanto os relevos,
os escoamentos e os ciclos biológicos, do que vice-versa (ver módulo 1).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
10
Em síntese, a noção de fatores da pedogênese às vezes é equivocada.
Î Dizer, por exemplo, que um solo se forma em função de um relevo e de uma
vegetação, é um pensamento equivocado.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- Obviamente que no início há um clima, uma rocha e um relevo de origem
tectônica; em função desses três fatores independentes, uma alteração começa e
os organismos vivos se instalam e se desenvolvem.
- Porém, de imediato, o próprio relevo e os ciclos biológicos se modificam em
função dessa alteração e em função da diferenciação pedológica resultante
(diferenciação estrutural, mineralógica e química). Rapidamente, a pedogênese, a
organização dos solos e as suas propriedades físico-químicas se impõem e
passam a condicionar as modalidades da evolução do relevo e da vida, os quais,
subseqüentemente, podem se impor e condicionar novamente a própria evolução
dos solos.
- Aliás, sabe-se que a diferenciação de um caractere pedológico (um
agregado, um limite abrupto, uma nova porosidade, etc.) pode modificar,
diretamente, a tendência de um mecanismo pedológico e até induzir novos
mecanismos.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
11
Î Assim, é possível concluir que as organizações pedológicas, durante as suas
diferenciações e também em conseqüência delas, modificam progressivamente, de
maneira direta ou indireta, as condições da sua própria pedogênese.
Esta é uma noção fundamental que ainda pode se tornar mais clara nos quatro
pontos a seguir:
- As organizações pedológicas, do agregado elementar ao sistema, são os seus
próprios fatores de diferenciação; ou seja, há um autodesenvolvimento das
organizações e dos funcionamentos pedológicos.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- As organizações pedológicas influem muito na evolução dos relevos e dos meios
vivos: os solos são, portanto, fatores de evolução dos relevos e dos ciclos
biológicos, mas estes, por sua vez, também influenciam a evolução dos solos.
- O solos, ao se transformarem, podem influir nos climas, através das modificações
dos ciclos biológicos, particularmente das vegetações, o que, em contrapartida,
também se reflete na evolução dos solos.
- Os solos podem ser o material de origem para a formação de numerosas rochas:
por isso há relações históricas complexas entre os solos antigos e os solos atuais
via a gênese das rochas. Exemplo: a erosão dos solos fornece uma parte dos
constituintes de rochas sedimentáres (ver módulo 1).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
12
Î Finalmente, tudo isso deve estimular a reflexão sobre
as conseqüências das relações solos - homens:
usando os solos, as sociedades humanas
os modificam muito, os fazem evoluir de maneira diferente.
Isso não pode deixar de ter conseqüências importantes
(mas até agora, na verdade, bem pouco conhecidas, pouco avaliadas)
sobre a evolução dos climas, dos relevos, dos ciclos biológicos;
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
e também sobre as composições e os ciclos da água e da atmosfera.
E já é possível perceber em contrapartida os impactos negativos evidentes
sobre os solos …
e sobre os homens.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
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13
As distribuições locais das organizações pedológicas:
as associações e os sistemas pedológicos
Î Na escala da unidade de relevo elementar (a encosta, o planalto, a pequena
bacia, o morro, etc.), as estruturas da cobertura pedológica (organizações
elementares, assembléias, horizontes) se modificam, principalmente em função de
quatro fatores:
- as rochas;
- o relevo;
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- o tempo, quer dizer a idade das superfícies, portanto da evolução pedológica;
- a ocupação, passada e atual, do solo: floresta, estepe, fauna, agricultura,
urbanização, etc.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
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14
Î Fazendo variar um só desses quatro fatores e mantendo-se os três outros como
constantes, é possível distinguir, na escala da unidade de relevo elementar, quatro
tipos principais de distribuições laterais das estruturas pedológicas (organizações
elementares, assembléias, horizontes):
- as litosseqüências (dia. 16 a 19): as variações laterais das estruturas
pedológicas estão ligadas às variações laterais das rochas-mãe;
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- as toposseqüências (dia. 20 a 24): as variações laterais das estruturas
pedológicas estão ligadas à topografia, quer dizer às dinâmicas e aos fluxos de
matéria, verticais e laterais; as toposseqüências são sistemas pedológicos (ver
módulo 1);
- as cronosseqüências (dia. 25 a 39): as variações laterais das estruturas
pedológicas são ligadas à idade das superfícies topográficas ou à idade das
rochas (em particular das rochas de formação recente: aluviões, dunas, lavas
vulcânicas, etc.), portanto a idade do início da evolução pedológica visível hoje;
- as biosseqüências (dia. 40): as variações laterais das estruturas pedológicas
estão ligadas às ocupações, passadas e atuais, da cobertura pedológica
(ocupações vegetais, animais, humanas).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
15
Exemplos de litosseqüências
1. Um exemplo esquemático de litosseqüência
252
Foto 253
n° 368
p. 180
esquema
Foto 254
Foto 255
253
255
A
A
E
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Bt
C3
254
A
R3
S
C1
C2
R1
n° 20
p. 180
foto a
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
R3
R2
n° 301
n° 224
p. 180
foto b
16
p. 180
foto c
1. Um exemplo esquemático de litosseqüência (continuação)
Î Ao longo da encosta, há três rochas-mãe diferentes (figura 252):
- à montante: sedimentos argilo-arenosos, não calcários, permeáveis;
- a meia encosta: margas argilo-calcárias e pouco permeáveis;
- à jusante: colúvios de base da encosta; são depósitos sedimentares inconsolidados de formação muito recente, provenientes da erosão superficial
dos solos da própria encosta; os constituintes dessa rocha são herdados dos
solos da encosta, que eles mesmos vêm das argilas arenosas e das margas.
252
Foto 253
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Foto 254
Foto 255
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
17
253
1. Um exemplo esquemático de litosseqüência (continuação)
Î Sobre os sedimentos argilo-arenosos, a forte
permeabilidade e a acidez da rocha permitem que
o solo alcance muito rapidamente o estado de solo
muito diferenciado lixiviado (foto 253).
Î Sobre as margas, a fraca permeabilidade e o
254
forte teor em carbonato de cálcio fino dificultam a
diferenciação do solo: com a mesma idade, o solo
apenas está medianamente diferenciado, e é
calcário desde a superfície (foto 254).
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î Sobre os colúvios, a rocha-mãe sendo muito
jovem, o solo é também muito jovem; ele não teve
tempo de se diferenciar: então, o solo é pouco
diferenciado (foto 255).
255
Î Em suma, essa seqüência é, ao mesmo tempo,
uma litosseqüência e uma cronosseqüência.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
18
Exemplos de litosseqüências
2. Um exemplo mediterrânico de litosseqüência
Î A rocha-mãe é sedimentar, calcária, com alternância de camadas de calcário compacto
muito duro (foto 256, à direita do poste telefônico, e foto 258) e de camadas de calcário
mais ou menos argilosos (foto 256, à esquerda do poste telefônico, e foto 257).
Î Sobre o calcário duro (foto 258), o solo é medianamente diferenciado, não ou pouco
calcário, vermelho.
Î Sobre os calcários argilosos (foto 257), o solo é pouco diferenciado, calcário, bruno.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
258
256
257
n° 203
n° 303
p. 181
foto b
França, região de Montpellier,
clima mediterrânico sub-úmido
n° 302
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
p. 181
foto a
19
p. 181
foto c
Exemplos de toposseqüências
1. Um exemplo esquemático de toposseqüência
Î Ao longo da encosta, há uma única rocha-mãe, por exemplo um granito ou um xisto.
Î À montante, o solo é medianamente diferenciado (A-S-C): uma erosão regular impede o
espessamento excessivo do solo e, em conseqüência, o início da lixiviação da argila.
Î No alto da encosta, um horizonte eluvial E, e depois um horizonte de acumulação de
argila Bt, aparecem e se desenvolvem em direção à jusante: o solo se torna muito
diferenciado lixiviado (A-E-Bt-S-C).
Î Na base da encosta, o horizonte S desaparece, e depois o horizonte E se torna
hidromórfico (Eg): o solo se torna muito diferenciado lixiviado e hidromórfico.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î Os limites que separam os horizontes
259
são frentes de transformações, quer dizer
são limites dinâmicos onde estruturas
pedológicas (organizações elementares,
assembléias, horizontes) e os seus constituintes são transformados em outras estruturas pedológicas e outros constituintes.
Esses limites se deslocam verticalmente e
lateralmente.
Î Por todas essas razões, se considera
que as toposseqüências são sistemas pedológicos.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
A
S
C
A
Eg
E
Bt
S
n° 369
p. 182
figura 20
A
E
Bt
S
C
C
Aluviões recentes
20
260
Exemplos de toposseqüências
2. Um exemplo tropical semi-árido de toposseqüência (G. Bocquier, 1971)
261
p. 183
figura 1
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 332
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
21
2. Um exemplo tropical semi-árido de toposseqüência (continuação)
260
n° 304
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
262
n° 370
p. 183
foto a
Chade, Kossélili, clima tropical semi-árido (Sahel-Sudão)
263
p. 183
figura 2
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
n° 371
QuickTime™ et un
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22
p. 183
figura 3
2. Um exemplo tropical semi-árido de toposseqüência (continuação)
Î A rocha-mãe é um granito calco-alcalino com biotita, ao pé de um inselberg (foto
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
260).
Î À montante, os mecanismos de alteração e de eluviação dão nascimento a
horizontes C e E. Um horizonte A, pouco espesso, está presente em superfície
(figuras 261 e 262).
Î Para jusante, o horizonte E, primeiro se torna espesso e depois vai se afinando.
Abaixo do horizonte E, horizontes de acumulação aparecem sucessivamente: Bt
(argila), depois Btca (argila e carbonato de cálcio), e por fim Btcasa (argila,
carbonato de cálcio e sais solúveis).
Î À jusante, o horizonte Bt se torna progressivamente mais e mais vértico: isso
revela que há acumulação progressiva, no seio do horizonte Bt, de argilas
expansivas (esmectitas).
262
260
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
261
23
2. Um exemplo tropical semi-árido de toposseqüência (continuação)
Î Se demonstra que:
- o horizonte Bt se desenvolve, primeiro por acumulação de argila caulinítica no seio
do horizonte E previamente formado;
- depois, a acumulação de carbonato de cálcio se desenvolve no seio do horizonte Bt
previamente formado;
- depois, a acumulação de sais solúveis se desenvolve no seio do horizonte Btca
previamente formado;
- isso tudo é o resultado de migrações laterais de partículas finas (caulinita) e de
elementos em solução (Ca++, Na+, etc.);
- os limites que separam os horizontes E, Bt, Btca e Btcasa são, portanto, frentes
remontantes de acumulações (frentes de transformação).
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î A acumulação de argilas esmectíticas expansivas no seio do horizonte Bt, dando
nascimento, em direção jusante, a características estruturais cada vez mais vérticas, é
também o resultado de uma migração lateral de sílica em solução.
Î Em síntese, na cobertura pedológica de Kossélili a maior parte das dinâmicas de
transferências de constituintes e de formação de estruturas é oblíqua (figura 263): essa
cobertura é composta, apenas, de um só sistema pedológico, do tipo elúvio-iluvial. Isto
permite compreender que o “perfil de solo” não existe enquanto unidade natural de solo,
mas apenas como um corte vertical que, comparado aos demais ao longo da topografia,
servem para a observação, a coleta de amostras e o entendimento dos horizontes
pedológicos no conjunto do sistema pedológico.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
24
Exemplos de cronosseqüências
1. Um exemplo mediterrânico árido de cronosseqüência (A. Ruellan, 1970)
Foto 264
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 16
p. 184
foto a
Marrocos oriental, planície do rio Zebra, clima mediterrânico árido
Ao longo do rio Zebra, há terraços aluviais quaternários dispostos em degraus
escalonados; a idade desses terraços é cada vez mais antiga à medida que eles
se encontram mais elevados na paisagem, em relação ao rio.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
25
1. Um exemplo mediterrânico árido de cronosseqüência (continuação)
271
265
267
268
269
270
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
266
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
26
1. Um exemplo mediterrânico árido de cronosseqüência (continuação)
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î Os solos dessa planície e de seus terraços, desenvolvidos sobre aluviões e
sobre colúvios calcários, são pouco a medianamente diferenciados: a
característica mais significativa da diferenciação desses solos é a presença, a
algumas dezenas de centímetros de profundidade, de um horizonte Bca de
acumulação de carbonato de cálcio. Esse horizonte é tanto mais desenvolvido
quanto mais antigo é o solo (figura 265) :
- Nos solos mais jovens, não há horizonte Bca.
- Nos solos que já evoluíram, no tempo, entre algumas centenas e alguns milhares de anos, um Bca com distribuição difusa do carbonato de cálcio acumulado
aparece e se desenvolve: o solo apresenta um perfil calcário pouco diferenciado
266
267
(foto 266).
- Nos solos que evoluíram durante cerca de 10.000
anos de idade, o Bca fica mais nítido, mais espesso
(algumas dezenas de centímetros): o carbonato de
cálcio acumulado aparece na forma de nódulos friáveis
e depois de nódulos duros; o solo apresenta um perfil
calcário medianamente diferenciado (foto 267).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
27
1. Um exemplo mediterrânico árido de cronosseqüência (continuação)
- Nos solos ainda mais antigos (algumas dezenas de milhares de anos), o
Bca forma uma encrostamento calcário com algumas dezenas de centímetros de
espessura. O teor em carbonato de cálcio desse encrostamento ultrapassa 50%
e pode atingir até 80%: o solo apresenta um perfil calcário muito diferenciado.
No início, esse encrostamento desenvolve uma estrutura maciça ou nodular; ele
não é estratificado e sua dureza é baixa.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Depois, à medida que se prossegue rumo aos terraços mais elevados, quer dizer
para os solos mais antigos, aparecem e se desenvolvem, no topo do
encrostamento, estruturas laminares (crosta calcária: foto 268), essas camadas
de crosta, com a idade, tornam-se mais ricas em carbonato de cálcio e mais
duras, até formar verdadeiras lajes calcárias compactas (foto 269): a idade do
solo chegou, nesse caso, a um milhão de anos (foto 270).
268
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
269
270
28
1. Um exemplo mediterrânico árido de cronosseqüência (continuação)
Î Dessa sucessão dos solos em função dos terraços, é possível deduzir que temos
nela as principais etapas da formação dos solos da planície do rio Zebra: o horizonte
Bca mais antigo, o mais diferenciado (foto 270), desenvolveu-se, durante a sua longa
história de 1 milhão de anos, por meio das mesmas etapas sucessivas observadas
atualmente nos terraços mais baixos (mais jovens) (fotos 266, 267, 268, 269).
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î É importante ressaltar que a realidade é mais complexa, na medida que, em cada
terraço, se desenvolve, de fato, uma toposseqüência caracterizada por uma variação
lateral da importância e da morfologia da acumulação do carbonato de cálcio. Por
exemplo, nos terraços de idade intermediária, onde aparecem os primeiros Bca com
morfologia de encrostamento, a toposseqüência (figura 271) varia de solos (a
montante) onde o Bca é medianamente diferenciado (com nódulos) até solos (a
jusante) onde o Bca já apresenta, no seu topo, a morfologia de uma laje. Ao se
comparar as figuras 265 e 271, pode-se constatar, portanto, que as sucessões das
estruturas de acumulação de carbonato de cálcio são as mesmas:
- verticalmente, de baixo para cima, num solo com perfil calcário muito diferenciado (jusante da toposseqüência da figura 271) ;
- lateralmente, de montante para jusante, numa toposseqüência (figura 271) ;
- historicamente, do mais jovem paro o mais antigo, numa cronosseqüência (figura 265).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
29
Figura 265
Diferenciação do perfil:
a = fraca b = média c = forte
Quaternário antigo
Quaternário médio
Quaternário recente
Rio Zebra
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Formas de acumulação
do carbonato de cálcio
- Distribuição difusa
- Concentrações descontínuas
(nódulos)
- Encrostamento não foliar
- Crosta
- Laje compacta
Marrocos oriental, planície do rio Zebra, clima mediterrânico árido
Cronosseqüência de solos com perfil calcário diferenciado.
n° 336
p. 185
figura 1
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
30
Foto 266
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 305
Bca
p. 185
foto b
Marrocos oriental, planície do rio Zebra, clima mediterrânico árido
Solo com perfil calcário pouco diferenciado: o Bca apresenta uma
distribuição difusa do carbonato de cálcio.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
31
Foto 267
Bca
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 306
Solo com perfil calcário
medianamente diferenciado:
o Bca apresenta nódulos.
p. 185
foto c
Marrocos oriental, planície do rio Zebra,
clima mediterrânico árido
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
32
Foto 268
Solo com perfil calcário muito
diferenciado: o Bca é uma
crosta (Bca1) sobre um
encrostamento (Bca2).
Bca1
n° 159
p. 185
foto d
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Bca2
Marrocos oriental, planície do rio Zebra,
clima mediterrânico árido
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
33
Foto 269
Bca1
Bca2
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 307
p. 185
foto e
Solo com perfil calcário muito
diferenciado: o Bca é uma
laje (Bca1) sobre uma crosta
(Bca2) sobre um
encrostamento (Bca3).
Bca3
Marrocos oriental, planície do rio Zebra,
clima mediterrânico árido
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
34
Foto 270
Bca1
Bca2
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 108
p. 185
foto f
Marrocos oriental, planície do rio Zebra, clima mediterrânico árido
Solo com perfil calcário muito diferenciado: o Bca é uma laje
espessa (Bca1) sobre uma crosta (Bca2).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
35
Figura 271
Diferenciação do perfil:
a = fraca b = média c = forte
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Formas de acumulação
do carbonato de cálcio
- Distribuição difusa
- Concentrações descontínuas
(nódulos)
- Encrostamento não foliar
- Crosta
- Laje compacta
- Película laminada
Marrocos oriental, planície do rio Zebra, clima mediterrânico árido
Toposseqüência com perfil calcário diferenciado.
n° 336
p. 185
figura 1
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
36
Exemplos de cronoseqüências
2. Um exemplo mediterrânico úmido de cronosseqüência (M. Bornand, 1978)
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Figura 272
n° 372
p. 186
figura
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
França, vale do Rhône, clima mediterrânico úmido
(tradução da legenda no diapositivo seguinte)
37
Tradução da legenda da figura 272
solos deferrificados
e solos amarelos
Planalto de Bonnevaux
aplanamento do Mio-Plioceno
solos vermelhos com argilificação
e rubefação crescentes
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
estado inicial, estado 1, estado 2, estado 3, estado 4, estado 5
- Conglomerados de seixos, em borda de
terraços
- Aluviões recentes (estado inicial)
- Maciço cristalino
- Médios terraços - Riss (estado de evolução 2)
- Areia de “molasse” (arenito calcário) e margas
- Altos terraços - Mindel (estado de evolução 3)
- Cascalhos do Plioceno médio
- Terraços muito altos - Güntz (estado de evolução 4)
- Depósito do Vilafranchiano
- Níveis vilafranchianos (estado de evolução 5)
(inicio do Quaternário)
- Baixos terraços - Würm (estado de evolução 1)
- Encostas com cascalhos
e afloramentos de "molasse” (arenito calcário)
- Depósitos siltosos
Depósitos arenosos
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
38
2. Um exemplo mediterrânico úmido de cronosseqüência (continuação)
Î Os terraços do Rhône (figura 272) são constituídos de cascalhos aluviais (foto
273), de origem calcária e cristalina (silicosa). O terraço mais jovem (o mais baixo,
perto do rio) é de formação ainda atual, resultante de cada inundação. O terraço
mais antigo (o mais elevado na paisagem) é do Quaternário antigo (2,5 milhões de
anos).
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Foto 273
n° 308
p. 187
foto a
França, vale do Rhône, clima mediterrânico úmido
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
39
2. Um exemplo mediterrânico úmido de cronosseqüência (continuação)
Î Sobre esses terraços, se encontram, sucessivamente, os seguintes solos, que
correspondem às etapas da diferenciação da cobertura pedológica dessa região:
- estado inicial: os solos são calcários, pouco espessos, não ou pouco diferenciados
(A-C-R);
- estados 1 e 2 (foto 274), os solos são medianamente diferenciados (A-S-C-R), sem
carbonato de cálcio (descarbonatação), mais vermelhos (rubefação) e cada vez mais
espessos; eles são cálcicos;
- estado 3: o solo se espessa ainda mais e ele passa a ser muito diferenciado lixiviado
(A-E-Bt-S-C-R) (foto 275); a parte superior do solo passa a ser ácida;
- estados 4 e 5 (foto 276): o solo continua a se espessar; a diferenciação eluvial - iluvial
(degradação e migração das argilas) se acentua; os horizontes B e S ficam amarelos.
Î Em resumo: em função do tempo, durante o Quaternário, os solos se espessam, perdem
o carbonato de cálcio, ficam vermelhos, perdem argila, ficam amarelos (figura 272).
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
274
n° 309
275
276
n° 309
p. 187
foto b
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
n° 309
p. 187
foto c
40
p. 187
foto d
As biosseqüências
Î As verdadeiras biosseqüências só existem quando o homem age, modificando a
cobertura vegetal original e usando o solo para as suas necessidades agrícolas,
urbanas, etc.
Î Com efeito, nos ambientes não antropizados, a atividade biológica nunca atua
sozinha: ela não é um fator principal, explicativo, das variações laterais das
estruturas da cobertura pedológica; ela age ao mesmo tempo que as rochas, o
relevo e o tempo, em relação de dependência com esses três fatores.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î Em compensação, quando o homem age: cortando uma floresta para desen-
volver uma pastagem; colocando uma floresta de pinus no lugar de uma floresta de
faias; intensificando os sistemas de produção agrícola; colocando no solo quantidades elevadas de matéria orgânica, etc.; então ele cria variações laterais novas,
que são as conseqüências diretas das variações biológicas que ele provoca.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
Retorno ao sumário
41
A repartição mundial das coberturas
pedológicas em função dos climas
Î A repartição mundial das coberturas pedológicas traduz a grande influência
dos climas sobre os mecanismos de formação dessas coberturas.
Î Para ilustrar essa influência, tomaremos como base geográfica uma linha
partindo do equador até o pólo Norte, passando pela África e pela Europa (figura
277).
277
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î Três aspectos devem ser conside-
rados:
- o clima e a alteração - pedogênese
(Dia. 45 a 65);
- o clima e a migração das argilas
(Dia. 66 a 69);
- as grandes zonas pedológicas da
superfície da Terra (Dia. 70 a 82).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
Retorno ao sumário
42
Figura 277
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 373
p. 189
figura 21
Zonalidade climática das alterações - pedogêneses e dos grandes conjuntos
pedológicos, do Pólo Norte até o equador, passando pela Europa e pela África.
(tradução da legenda no diapositivo seguinte)
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
43
Tradução da legenda da figura 277
PODZOLIZAÇÃO
sílica
BISSIALITIZAÇÃO por
LIXIVIAÇÃO: ilita +
vermiculita
BISSIALITIZAÇÃO por
NEOFORMAÇÃO
montmorilonita
MONOSSIALITIZAÇÃO
caulinita
ALITIZAÇÃO
gibsita
sais
carbonato de cálcio
ferro
Temperatura média anual em °C
Pluviometria média anual em mm.
Temperatura chuva
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Pólo Norte
Saara
Equador
1 : Podzóis
2 : Solos lixiviados das regiões temperadas e mediterrânicas
a : argila e ferro migram, em parte separadamente (solos lixiviados s.s.)
b : argila e ferro migram juntos (solos fersialíticos lixiviados)
3 : Solos não lixiviados, calcimorfos
a : horizontes A espessos e escuros
b : horizontes A delgados e claros
α : desenvolvimento máximo dos horizontes Bca
β : acumulação de sais
c : solos calcimorfos do Sahel
4 : Solos lixiviados das regiões tropicais
a : argila e ferro migram juntos (solos fersialíticos lixiviados)
b : argila e ferro migram separadamente (solos lixiviados = solos ferruginosos tropicais)
5 : Latossolos e podzóis
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
44
1 - Clima e alteração-pedogenêse
As considerações desenvolvidas a seguir são feitas com base na hipótese de uma
rocha-mãe constante: admitimos que essa rocha é de tipo eruptivo ou metamórfico
ácido (granito, gnaisse, etc.).
Î Três aspectos da alteração - pedogênese devem ser considerados, aspectos a
partir dos quais uma síntese pode ser elaborada:
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- a profundidade da alteração - pedogênese (Dia. 46 a 48);
277
- os tipos de alteração - pedogênese
(Dia. 49 a 56);
- o comportamento dos outros elementos que não Si e Al (Dia. 57 a 64).
Vamos analisar esses três aspectos, antes
de fazer uma síntese (Dia. 65).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
45
1.1. A profundidade da alteração - pedogênese
Î A profundidade dos horizontes é ligada, ao mesmo tempo, ao clima e à idade das
coberturas pedológicas (para a denominação dos horizontes, ver os módulos 7 e 8):
- As espessuras dos horizontes C e dos
horizontes A + E + B + S são máximas em
regiões tropicais e equatoriais (figura 277:
zonas 4 e 5) (foto 278).
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- Elas são mínimas, mas não nulas, nos
desertos: a herança pedológica dos climas
passados mais úmidos se conserva (figura
277: zona 3) (fotos 279 e 280).
279
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
278
277
280
46
Foto 278
A
Sk
C
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 202
p. 148
foto 64
Brasil, Centro Sul, clima tropical sub-úmido
Horizontes espessos (A, Sk, C) de um solo medianamente
diferenciado latossólico.
Espessura do corte: 900 cm.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
47
Foto 279
Foto 280
Niger, Aïr, clima desértico
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 469
n° 470
Sobre uma vertente (foto 279), solo calcimorfo pouco diferenciado
(foto 280), protegido da erosão por uma pequena camada de seixos
(reg).
Espessura do corte: 30 cm.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
48
1.2. Os tipos de alteração - pedogênese
Î Em função do comportamento, dentro das coberturas pedológicas, do silício e
do alumínio liberados pela hidrólise dos minerais primários das rochas (quartzo,
feldspatos, micas, etc.), é possível distinguir quatro grandes tipos de alteração pedogênese (figura 277) :
- a bissialitização;
- a monossialitização;
- a alitização ;
- a podzolização.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
277
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
49
A bissialitização
Î Há formação de minerais argilosos de tipo 2/1 (duas camadas tetraédricas com
núcleo de silício, envolvendo uma camada octaédrica com núcleo de alumínio): a
ilita e a montmorilonita são dois exemplos de minerais argilosos de tipo 2/1.
Î A bissialitização pode ter duas origens: a lixiviação ou a neoformação.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- Via 1 da bissialitização por lixiviação:
No caso de uma drenagem média dos
solos, todos os cátions básicos liberados
pela alteração da rocha não são eliminados,
e resta silício suficiente para se formarem
minerais argilosos de tipo ilita e
vermiculita.
277
Esse tipo de bissialitização caracteriza, na
média, as zonas climáticas temperadas
(figura 277).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
50
A bissialitização (continuação)
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- Via 2 da bissialitização por lixiviação:
No caso de uma drenagem fraca da cobertura
pedológica, há acumulação de cátions básicos, de
silício e de alumínio; em consequência, acontece
uma neoformação de montmorilonita.
277
Esse tipo de bissialitização caracteriza os meios
úmidos que drenam mal: isso quer dizer que ele
aparece em todas as regiões climáticas do mundo.
Entretanto, esse tipo de bissialitização é principalmente característico dos meios confinados por
razões climáticas: são regiões onde as chuvas são
insuficientes para lixiviar em profundidade os
elementos solúveis, e onde as temperaturas são
suficientes para evaporar a água e assim
concentrar dentro dos solos esses elementos
solúveis; é essa concentração que provoca a
neoformação da montmorilonita.
Portanto, a aridez provoca a retenção dos elementos dentro dos solos: é por isso
que esse tipo de bissialitização, por neoformação, caracteriza as regiões semi-árida
e árida situadas ao Norte e ao Sul do Saara (figura 277).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
51
A monossialitização
Î Há formação de minerais argilosos de tipo
1/1 (uma camada tetraédrica com núcleo de
silício, associada a uma camada octaédrica
com núcleo de alumínio: esses minerais 1/1
são, portanto, muito mais pobres em silício
que os minerais 2/1). O mineral mais
frequente é a caulinita.
277
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î Em relação à bissialitização, a monossiali-
tização se desenvolve em meios muito mais
lixiviados: todos os íons básicos são lixiviados, assim como uma parte do silício. A
caulinita resulta de neoformação a partir dos
íons que permanecem no meio: a quantidade de silício que fica no meio é insuficiente para formar um outro tipo de argila.
ÎA
monossialitização
caracteriza
as
regiões tropicais úmidas e bem drenadas
(figura 277).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
52
A alitização
Î Há formação de hidróxidos e óxidos de
alumínio, principalmente da gibsita.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
ÎA
alitização corresponde às zonas
equatoriais muito úmidas e muito quentes,
onde as drenagens dos solos são máximas
(figura 277): todos os cátions básicos e
também uma grande parte do silício foram
lixiviados; a quantidade de silício que
permanece no solo é insuficiente para se
associar a todo o alumínio presente: então,
a gibsita se forma, ao lado da caulinita. E se
a alitização é muito forte, a bauxita se
desenvolve (foto 281).
277
281
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
53
Foto 281
p. 16
foto 22
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 77
Camarões, Monte Ngaoundal, clima tropical úmido
Espessa couraça bauxítica.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
54
A podzolização
Î Há destruição das argilas e, depois, concentração
residual de sílica por saída do ferro e do alumínio
que são dissolvidos e complexados por soluções
ácidas que provêm da decomposição bioquímica
das liteiras vegetais.
277
Î Durante muito tempo, a podzolização só foi co-
nhecida nas regiões frias, ao norte e ao sul das
zonas de bissialitização (figura 277): nessas regiões frias se desenvolvem, na superfície dos solos,
horizontes O e A, que contêm uma matéria orgânica
mal decomposta de tipo mor (para a denominação
dos horizontes, ver os módulos 7 e 8).
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î Hoje se sabe que a podzolização ocorre também nas regiões
equatoriais e tropicais úmidas; ela se desenvolve:
- seja diretamente sobre materiais muito silicosos (arenito
quartzozo, areias litorâneas);
- seja a partir de um Latossolo que se empobreceu em argila
(foto 282).
282
Os Podzóis equatoriais e tropicais são muito mais espessos que
os Podzóis das regiões frias.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
55
Foto 282
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 559
Brasil, Amazônia, clima equatorial
Horizonte E (branco) de um Podzol espesso, que se desenvolve a
partir de um Latossolo amarelo.
Espessura do corte: 500 cm.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
56
1.3. O comportamento dos elementos outros além de Si e Al
Esses outros elementos são principalmente o ferro, o manganês, o titânio, o cálcio, o
magnésio, o sódio, o potássio, etc.
Partindo do equador (figura 277), se constata o seguinte (ver os diapositivos a seguir):
sais do Saara
carbonato de cálcio carbonato de cálcio
mediterrânico saeliano
ferro boreal
ferro tropical
ferro equatorial
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
277
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
57
Î Nas zonas muito úmidas e muito quentes, onde predominam a alitização e a
caulinização (monossialitização), nota-se que:
- todos os íons básicos são lixiviados; eles se acumulam nas zonas mal drenadas,
o que representa pouca área da superfície;
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
- os hidróxidos de ferro, de manganês e de titânio se acumulam dentro dos solos:
isso principalmente na zona de monossialitização onde, particularmente, os
hidróxidos de ferro se concentram e dão nascimento a couraças de vários metros
de espessura (foto 283) sobre extensas superfícies (são principalmente acumulações residuais).
283
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
58
Î Partindo em direção do Norte, o clima fica mais árido; as couraças diminuem e
são progressivamente substituídas:
- primeiro, por acumulações de carbonatos de cálcio e magnésio: a acumulação
de carbonato de cálcio é dominante;
- depois por acumulações de sais.
Î O Saara (figura 277) é principalmente o domínio das acumulações salinas (foto
284); as acumulações calcárias e ferruginosas que aparecem são testemunhas de
climas mais úmidos do passado (foto 285).
285
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
284
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
59
Î Nas regiões com clima mediterrânico, as acumulações calcárias são muito
frequentes (crostas calcárias): são o resultado da aridez climática e da presença de
muitas rochas calcárias (ver a cronosseqüência mediterrânica árida: fotos 264 a
271) ;
Î Partindo em direção do Norte, as acumulações calcárias desaparecem. Ao
mesmo tempo se desenvolvem, mas de maneira mais discreta do que nas regiões
tropicais, as acumulações ferruginosas; é dentro dos Podzóis que essas acumulações são as mais desenvolvidas.
267
268
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
264
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
60
Î Em resumo, se observa:
- três grandes zonas de acumulação: o ferro tropical (foto 283), o carbonato de
cálcio mediterrânico (foto 268) e os sais no Saara (foto 284);
- três zonas de menos importância: o ferro equatorial, o ferro boreal e o carbonato de cálcio saeliano.
sais do Saara
carbonato de cálcio carbonato de cálcio
mediterrânico saeliano
ferro boreal
ferro tropical
ferro equatorial
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
277
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
61
Foto 283
Bo
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 21
p. 153
foto 79
Camarões, clima tropical úmido
Solo medianamente diferenciado latossólico: a parte inferior do
corte é ocupada por uma espessa carapaça ferruginosa Bo.
Espessura do corte: 600 cm.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
62
Foto 284
p. 76
foto 22
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 136
Marrocos, Saara, clima desértico
Acumulação superficial de sais solúveis.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
63
Foto 285
Bo
Bo
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 86
p. 52
foto 36
Mauritânia, Saara, clima desértico
Couraça ferruginosa Bo, herdada de épocas climáticas quaternárias
mais tropicais.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
64
1.4. Síntese
Sintetizando os dados sobre as acumulações dos silicatos, dos hidróxidos e óxidos, e
dos sais, aparecem algumas acumulações associadas (figura 277) :
• em meio equatorial
• em meio tropical úmido
• em meio tropical seco
• em meio saariano
• em meio mediterrânico
• em meios temperado frio e boreal
gibsita e hidróxidos de ferro
caulinita e hidróxidos de ferro
montmorilonita e carbonato de cálcio
montmorilonita e sais solúveis
montmorilonita e carbonato de cálcio (muito abundante)
sílica e ferro
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
277
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
65
2 - Clima e migração das argilas
Consideram-se aqui os mecanismos que dão nascimento aos horizontes E
empobrecidos em argila e aos Bt enriquecidos em argila (para a denominação dos
horizontes, ver os módulos 7 e 8).
Î Em toda a região saariana, e suas margens mediterrânicas e saelianas, não há
migrações nítidas das argilas: não há diferenciação dos horizontes E e Bt. Os
climas são secos demais para que a acidificação ou a hidrólise, que devem
preceder a migração das argilas, se instalem.
277
Î Em todas as outras regiões, as
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
diferenciações E-Bt são possíveis
(nota: é claro que estamos sobre rochas eruptivas ácidas; sobre rochas
calcárias, as regras são completamente diferentes).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
66
Î O ferro pode ser ou não associado às partículas argilosas na sua migração.
Perto da zona árida, onde a chuva começa a ser suficiente para o desenvolvimento
da migração de partículas, ferro e argila migram juntos: isso dá origem a solos
vermelhos ou brunos lixiviados, no seio dos quais a lixiviação das argilas, junto
com o ferro, pode ser bastante forte (foto 286).
Î Quando se vai mais longe, em direção às regiões temperadas ou às regiões
tropicais mais úmidas, ferro e argila se separam antes de migrar, dando origem a
zonas de acumulações separadas (foto 287). Entretanto, em meio temperado, as
acumulações de ferro são pouco importantes, quando comparadas àquelas
conhecidas nos meios tropicais.
287
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
286
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
67
Foto 286
A
E
n° 3
p. 80
foto 31
Solo muito
diferenciado lixiviado:
pode-se reconhecer os
horizontes A, E, Bt. No
horizonte Bt, o ferro e a
argila são associados:
eles migraram juntos.
Espessura do corte: 60
cm.
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Bt
Portugal, Sul, clima mediterrânico sub-úmido
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
68
Foto 287
A
E
n° 197
p. 146
foto 54
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Bto
Solo muito
diferenciado lixiviado:
pode-se reconhecer os
horizontes A, E, Bto e
C. No horizonte Bto, o
ferro é acumulado em
nódulos, separado da
argila: ferro e argila
migraram
separadamente.
Espessura do corte:
150 cm.
C
Camarões, clima tropical sub-úmido
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
69
3 - As grandes zonas pedológicas da superfície da Terra
Correlacionando os dados da alteração e aqueles das
migrações argilosas, é possível distinguir, na
superfície da Terra, cinco grandes zonas pedológicas
(para a denominação dos solos, ver o módulo 8):
1
277
2a 2b
Î Zona 1: os solos muito diferenciados podzólicos
são dominantes (meios temperado frio e boreal) (foto
288).
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Î Zona 2: os solos muito diferenciados lixiviados são
dominantes. Pode-se distinguir duas sub-zonas:
- a zona 2a: parte do ferro e da argila migram em
separado; os Bt são bruno - amarelo (meio temperado)
( foto 289);
- a zona 2b: ferro e argila migram juntos; os Bt são
freqüentemente vermelhos; aqui estamos na zona de
transição entre os dois tipos de bissialitização (meio
mediterrânico) (foto 290).
289
290
288
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
70
Foto 288
p. 154
foto 83
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 210
Alemanha, Norte, clima temperado frio
Zona 1 = solo muito diferenciado podzólico.
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
71
Foto 289
Zona 2a =
solo muito
diferenciado lixiviado:
o horizonte Bt é bruno
- amarelo.
E
n° 285
p. 63
foto 66
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
Bt
França, Bretagne, clima temperado
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
72
Foto 290
E
Zona 2b =
solo muito
diferenciado lixiviado:
o horizonte Bt é
vermelho.
Bt
Ruellan & Dosso - Soldidac 2003
n° 20
p. 80
foto 30
Portugal, Sul, clima mediterrânico sub-úmido
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
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Î Zona 3: os solos medianamente diferenciados são dominantes, com desenvolvimento
sucessivo, quando partimos em direção ao clima árido, das acumulações calcárias e
depois das acumulações salinas. Em função dos horizontes de superfície, é possível
distinguir três sub-zonas:
- zonas 3a e 3c: elas correspondem, no meio semi-árido (continental,
mediterrânico ou tropical), ao domínio
dos solos calcimorfos com horizontes A
frequentemente escuros, espessos e
ricos em matéria orgânica (foto 291);
3bα 3bβ
3a
277
3c
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- zona 3b: é a zona árida e desértica onde os solos, calcimorfos, se empobrecem em matéria orgânica e onde
os horizontes A ficam de cor mais clara;
. em 3bα, meio árido mediterrânico, essa zona corresponde a um
desenvolvimento máximo das acumulações de carbonato de cálcio (foto 292);
. em 3bβ, meio saariano, os solos são frequentemente salinos (foto
293).
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
291
292
293
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Foto 291
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n° 439
Marrocos, planície do Saïs, clima mediterrânico semi-árido
Zona 3a = solos medianamente diferenciados calcimorfos: o
horizonte A é escuro (as superfícies claras são erodidas).
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geográficas dos solos
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Fhoto 292
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n° 546
Marrocos, planície do rio Zebra, clima mediterrânico árido
Zona 3bα = solos medianamente diferenciados calcimorfos: o
horizonte A é claro
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
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Foto 293
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n° 280
p. 60
foto 62
Marrocos, Sara, clima desértico
Zona 3bβ = solos pouco diferenciados calcimorfos e solos salinos.
Módulo 9 : as distribuições
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Î Zona 4: os solos muito diferenciados lixiviados são dominantes (meio tropical).
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- A zona 4a e equivalente à zona 2b; entretanto, ela é mais estreita. Com efeito, o que
diferencia o clima tropical do clima mediterrânico, é a época e a concentração das
chuvas: nas regiões tropicais as chuvas concentram-se no verão e não no inverno
como na região mediterrânica. Em consequência, as hidrólises são mais rápidas.
4a
4b
Além disso, nas regiões tropicais as
277
chuvas sendo mais concentradas,
são mais eficazes; em consequência: a lixiviação dos íons básicos, a
acidificação dos horizontes de superfície, e depois dos horizontes mais
profundos, o início das migrações
argilosas, o aparecimento de uma migração separada do ferro e da argila,
tudo isso se faz mais rapidamente e
aparece sob pluviometria menor do
que a do Norte do Saara.
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geográficas dos solos
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- Zona 4b: é a grande zona dos solos lixiviados tropicais, equivalente à zona 2a dos solos
lixiviados temperados. As principais diferenças são as seguintes:
. A migração das argilas é mais acentuada.
. Há nitidamente migração separada do ferro e da argila, com formação frequente de
nódulos (foto 294) e de espessas couraças ferruginosas (foto 295).
. A mineralogia das argilas é diferente: é o domínio da caulinita.
295
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294
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geográficas dos solos
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Foto 294
E
Zona 4b = solo muito
diferenciado lixiviado,
com presença de
nódulos ferruginosos.
Espessura do corte:
160 cm.
Bt
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n° 444
Benim, clima tropical sub-úmido
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Foto 295
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n° 74
p. 12
foto 10
Burkina Faso, clima tropical semi-árido
Zona 4b = solos muito diferenciados lixiviados, com presença de
couraças ferruginosas espessas (visíveis sobre o planalto, no fundo
da paisagem).
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geográficas dos solos
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Î Zona 5: é o domínio dos solos medianamente diferenciados latossólicos (foto 283) e
dos solos muito diferenciados podzólicos (foto 282) em meio tropical úmido e equatorial.
277
283
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282
Módulo 9 : as distribuições
geográficas dos solos
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Este é um curso sobre as distribuições geográficas dos solos.
É possível avançar diapositivo por diapositivo utilizando os botões de ação
"avançar" e "voltar" (em baixo à direita):
Há ligações em hipertexto para as fotografias e figuras que ilustram o curso que
está sendo visto; as fotos e figuras podem também acompanhar o texto sob a
forma de vinhetas, sobre as quais é possível clicar para ampliar. Nos dois casos,
para voltar ao texto inicial, o botão "retorna para o diapositivo anterior" está
situado embaixo à esquerda:
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Uma vez chegando ao último diapositivo, é possível retornar ao sumário usando o
botão "retorno":
Ao lado de cada imagem (figura e fotografia) são fornecidas as indicações para
achar a imagem no CDROM Solimage e no livro Regards sur le sol (pois que todos
dois tratam do tema):
n° 203
p. 139
foto 37
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geográficas dos solos
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Obras e publicações citadas
BOCQUIER, G., 1971. Genèse et évolution de deux toposéquences de sols
tropicaux du Tchad. Interprétation biogéodynamique, ORSTOM, Paris.
BORNAND, M., 1978. Altération des matériaux fluvio-glaciaires, genèse et
évolution des sols sur terrasses quaternaires dans la moyenne vallée du
Rhône, INRA-ENSA, Montpellier.
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RUELLAN, A., 1970. Contribution à la connaissance des sols des régions
méditerranéennes : les sols à profil calcaire différencié des plaines de la
Basse Moulouya (Maroc Oriental), ORSTOM, Paris.
RUELLAN, A., DOSSO, M., 1993. Regards sur le sol, Foucher-AUF, Paris.
RUELLAN, A., et al., 1998, Solimage, cederom, Éducagri éditions-AUF,
Dijon-Paris.
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Créditos das ilustrações
• Fotografias
BILLAUX, P. : 269
BOCQUIER, G. : 260, 261
BORNAND, M. : 272, 273, 274, 275, 276
CRDP AMIENS (Mathieu C.) : 254, 255
RIVIÈRE, J.M. : 289
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RUELLAN, A. : todas as outras fotografias
• Figuras
Figuras extraídas de RUELLAN, A., DOSSO, M., 1993, Regards sur le sol,
Foucher-AUF, Paris: 252, 259, 262, 263, 265, 271, 277
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