vigilância da raiva, através de exames laboratoriais de encéfalos

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VIGILÂNCIA DA RAIVA, ATRAVÉS DE EXAMES LABORATORIAIS DE ENCÉFALOS, EM FLORIANÓPOLIS, SC
Gilson Luiz Borges Corrêa*, Fábio de Melo Chaves Indá*
*Médico Veterinário do Centro de Controle de Zoonoses da PMF
INTRODUÇÃO
DISCUSSÃO
A raiva é uma enfermidade infecto-contagiosa causada por um RNA vírus, da família Rhabdoviridae e gênero
Lyssavirus, que atinge o Sistema Nervoso Central (SNC) de mamíferos, provocando encefalomielite aguda
e mortal. Classificada como uma antropozoonose, o principal mecanismo de transmissão ocorre pelo contato
de um hospedeiro suscetível com a saliva de um animal infectado, através de mordedura, arranhadura e
lambedura em ferimentos ou mucosas, por onde o vírus penetra. Após ser inoculado em um hospedeiro o
vírus multiplica-se no local da lesão. Em seguida atinge os terminais nervosos por onde progride até chegar
ao SNC. Depois, se dissemina de forma centrífuga para os nervos periféricos, propagando-se a diversos
órgãos e glândulas salivares, por onde é eliminado (WARREL & WARREL, 2004).
Das 147 amostras de encéfalos colhidas no CCZ de Florianópolis, todas resultaram negativas para
pesquisa de vírus rábico. É importante salientar que essa quantidade está em conformidade com
a meta anual de 120 amostras, pactuada na Programação de Ações da Vigilância em Saúde –
PAVS, para monitoramento da raiva no município de Florianópolis, SC, e é concordante com
SCHNEIDER (1990) que sugere o envio de 0,2% da população canina estimada para uma área
sob monitoramento.
De acordo com SILVA & FREITAS (2007) o Estado de Santa Catarina é considerado área
controlada para raiva, ou seja, não apresenta circulação da variante canina do vírus em cães e
gatos e não realiza campanha oficial de vacinação, com exceção de situações em que se
configure necessidade de bloqueio de foco.
Essa condição exige um monitoramento constante e eficaz de amostras de material nervoso, para
manter uma boa vigilância epidemiológica (SCHNEIDER et al, 1996) porque mesmo
constatando-se uma redução dos casos de raiva transmitidos por cães no meio urbano, o ciclo
silvestre tem emergido no país, com detecção em morcegos e outros mamíferos silvestres
possibilitando a circulação de diferentes variantes virais entre caninos e felinos (BRASIL, 2010).
Segundo DEL CIAMPO et al. (2000) dentre os principais acidentes na infância destacam-se as
mordeduras animais, atingindo a faixa etária entre um a quinze anos e uma das formas de reduzir
esse quadro é através de intervenções educativas nas comunidades, priorizando a educação em
saúde e ambiental para as crianças.
Em Santa Catarina, o cenário não é diferente, pois o número de agravos por exposições e
atendimentos anti-rábicos atinge a média de 12.000 notificações/ano (SILVA & FREITAS, 2007)
reforçando a importância da colheita de material encefálico para realização de diagnóstico da
raiva, quando não for possível a observação por dez dias de caninos e felinos agressores. Essa é
uma medida sanitária essencial na escolha dos esquemas de tratamentos a serem adotados, de
alto custo na assistência.
Devido à elevada letalidade, é considerada uma das zoonoses mais temidas pelo homem, exigindo
constante vigilância. Em Santa Catarina, segundo informações da Diretoria de Vigilância Epidemiológica
(DIVE, 2007), o último caso de raiva humana ocorreu em 1981. No entanto, exames laboratoriais de
materiais encefálicos oriundos de animais revelaram que o vírus rábico ainda está presente em nosso meio,
atingindo especialmente bovinos e eqüinos, demonstrando que é preciso manter cuidados permanentes. Os
estudos epidemiológicos locais permitem estabelecer o nível de complexidade das enfermidades, sendo
fundamentais na definição de estratégias operacionais (CORREA et al, 1998). Como esse vírus consegue
manter-se na natureza através de diferentes ciclos de transmissão, adaptando-se em uma diversidade de
hospedeiros, é um exemplo clássico de complexidade, necessitando permanente Vigilância nos campos
epidemiológico e ambiental. Objetivou-se com este estudo monitorar a circulação do vírus rábico no
município de Florianópolis, SC.
MATERIAL E MÉTODOS
No período entre janeiro de 2010 e janeiro de 2011, foram colhidas amostras de material encefálico de cães
e gatos que vieram a óbito no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), apresentando sintomatologia nervosa,
oriundos do município de Florianópolis, no Estado de Santa Catarina e examinados os cadáveres de três
morcegos suspeitos, encontrados mortos em vias públicas. Para a colheita de encéfalos utilizou-se a técnica
de necropsia descrita no Manual de Diagnóstico Laboratorial da Raiva do Ministério da Saúde (BRASIL,
2008). Após a extração, o material foi acondicionado em frascos plásticos estéreis, identificados,
protocolados, congelados e enviados à CIDASC, para pesquisa de vírus rábico, através das técnicas padrões
de Imunofluorescência Direta (IFD) e Prova Biológica.
Foto 2: Extração de material nervoso de cão para monitoramento da raiva. Centro de Controle de Zoonoses, Florianópolis,
SC
CONCLUSÃO
Os resultados obtidos neste trabalho indicam que o monitoramento laboratorial da raiva urbana no
município de Florianópolis, SC, tem sido eficaz, além de auxiliar na definição do protocolo vacinal,
nos casos de agravos
notificados.
Foto 1: Amostras de encéfalos de cães e gatos. Centro de Controle de Zoonoses, Florianópolis, SC
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RESULTADOS
Foram colhidos fragmentos de tecido do Sistema Nervoso Central (SNC) de 147 mamíferos, que vieram a
óbito apresentando sinais neurológicos de encefalite ou foram encaminhados ao CCZ pela Vigilância
Epidemiológica por motivo de agressão a pessoas. Destas amostras, 134 eram de cães, 10 de gatos e 3 de
quirópteros, da Família Molossidae, e todas apresentaram resultados negativos para raiva, nos testes de
IFD e provas Biológicas.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Diagnóstico Laboratorial da Raiva.
Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 108 p. 2008.
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no Brasil. In: IV Seminário do Dia Mundial da Raiva-Instituto Pasteur. São Paulo. 2010.
CORREA, G.L.B.; LAGAGGIO, V.; TROTT, A.M. et al. Participação de Médicos Veterinários na prevenção de
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DEL CIAMPO, L.A.; RICCO, R.G.; ALMEIDA, C.A.N. et al. Acidentes de mordeduras de cães na infância. Revista de
Saúde Pública.V.34, n.4, 2000.
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