UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FACULDADE DE BIOMEDICINA PRISCILLA CRISTINA MOURA VIEIRA IDENTIFICAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE NUCLEOTÍDEO ÚNICO (SNPs) NOS GENES DE REPARO XRCC1 E XRCC3 COMO POSSÍVEIS MARCADORES DE SUSCETIBILIDADE AO CÂNCER, NA POPULAÇÃO DE BELÉM-PA BELÉM 2010 PRISCILLA CRISTINA MOURA VIEIRA IDENTIFICAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE NUCLEOTÍDEO ÚNICO (SNPs) NOS GENES DE REPARO XRCC1 E XRCC3 COMO POSSÍVEIS MARCADORES DE SUSCETIBILIDADE AO CÂNCER, NA POPULAÇÃO DE BELÉM-PA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Prof. Rodriguès Burbano BELÉM 2010 Dr. Rommel Mário PRISCILLA CRISTINA MOURA VIEIRA IDENTIFICAÇÃO DE POLIMORFISMOS DE NUCLEOTÍDEO ÚNICO (SNPs) NOS GENES DE REPARO XRCC1 E XRCC3 COMO POSSÍVEIS MARCADORES DE SUSCETIBILIDADE AO CÂNCER, NA POPULAÇÃO DE BELÉM-PA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina. Data da defesa: 17 de dezembro de 2010. Banca Examinadora: _____________________________________ Prof. Dr. Rommel Mario Rodrigues Burbano ICB – UFPA (orientador) _____________________________________ Prof. Dr. André Salim Khayat ICB – UFPA _____________________________________ Prof.ª Dr.ª Raquel Carvalho Montenegro ICB – UFPA _____________________________________ Prof. Dr. Marcelo de Oliveira Bahia ICB – UFPA (suplente) Dedico este trabalho a minha família! Nada que eu diga aqui conseguirá expressar minha imensa gratidão a vocês. Tudo o que tenho e sou hoje, devo a vocês, que sempre estiveram ao eu lado me dando todo o apoio, amor e carinho, imprescindíveis para que eu chegasse ate aqui. E por isso, dedico essa conquista a vocês! AMO VOCÊS DEMAIS DA CONTAAA! AGRADECIMENTOS A Deus, meu maior e inseparável companheiro, que sempre meu deu forças para vencer todos os obstáculos e etapas de minha vida. Em especial minha querida e amada mãe Jocinete, por ter dedicado sua vida todos esses anos a cuidar de mim. Obrigada pelo sacrifício, pela paciência, pelo colo, pelos mimos, pelo seu imenso amor e por ser minha melhor amiga. Se hoje eu estou aqui foi porque você sempre esteve ao meu lado em todos os momentos e dificuldades. Sem você eu não estaria aqui para realizar este trabalho e você sabe disso. Obrigada por salvar minha vida! Eu nunca esquecerei toda a garra que você teve para possibilitar que eu chegasse até aqui. Eu tenho imenso orgulho de ter uma mãe como você! TE AMO INCONDICIONALMEMTE!!! Ao meu Pai amado Rodolfo, que mesmo distante, sei que sempre torce por mim e pela minha felicidade. TE AMO DEMAIS! Ao Marcos, por sempre acreditar em mim, por todo seu amor e afeto e pelos momentos e atitudes em que se demostrou e demonstra ser um verdadeiro PAI pra mim. Você foi um verdadeiro anjo que caiu em nossas vidas. Obrigada por tudo. AMO VOCÊ! A minha irmã Patricia (Paty), pelo se amor, pela paciência que tem comigo e por sempre estar ao meu lado e querer meu bem. AMO MUITO VOCÊ! A minha vó Garcinete, por sempre torcer por mim, pela preocupação, carinho e amor, por suas orações que sempre me deram forças e me ajudaram a seguir em frente. As minhas queridas amigas do “G7” (Taíssa, Lúcia, Débora, Tana, Juliana e Ivy) por todos os momentos que passamos juntas no decorrer destes quatro anos de curso, obrigada pelas risadas, pelo colo, pelas conversas, enfim, obrigada pela alegria e felicidade que a amizade de vocês me proporciona. (Obrigada Tata por ser minha “anja”, literalmente!!!) AMO VOCÊS!! Ao meu orientador, Prof. Dr. Rommel Burbano, pela oportunidade que me deu em ingressar no mundo da pesquisa, pelo apoio, paciência, e pela confiança depositada em mim. Muito obrigada! A todos os amigos do Laboratório de Citogenética Humana, pelos momentos de descontração e pela boa convivência e pelas ótimas viagens. Em especial a Tati pela amizade, pelos bons momentos, pelo apoio, pelos ensinamentos, por sempre estar ao meu lado e disposta a me ajudar. Obrigada Tati por tudo!!! Ao pessoal do laboratório de genética humana e médica (LGHM) por me receberem tão bem, pela boa convencia nesse tempo em que passei por lá. Quero agradecer principalmente a Deyse e a Paty por terem me ajudado com as técnicas, muito obrigada mesmo meninas, de coração! Ao Ney Santos, meu co-orientador (rsrs), que me ajudou em todos os sentidos nesse trabalho, sempre disposto a esclarecer minhas dúvidas e a me ajudar, muito obrigada mesmo Ney! A todos os meus amigos fora do âmbito do laboratório e da universidade, uns próximos, outros mais distantes, mas que nunca deixaram de me apoiar e torcer por mim. Obrigada! Aos membros da banca examinadora, Prof. Dr. André Salim Khayat, Prof.ª Drª Raquel Carvalho Montenegro e Prof. Dr. Marcelo de Oliveira Bahia, por aceitarem meu convite e assim, garantirem críticas e sugestões preciosas para a finalização desse trabalho. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Enfim, a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, me ajudaram em alguma etapa deste trabalho e da minha vida. MUITO OBRIGADA! SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS E TABELAS i LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ii RESUMO iv 1 INTRODUÇÃO 1 1.1 CÂNCER: ASPECTOS GERAIS E FATORES DE RISCO 1 1.2 GENES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE CARCINOGENESE 4 1.3 POLIMORFISMOS DE GENES DE REPARO DO DNA 5 1.4 GENE XRCC1 8 1.5 GENE XRCC3 11 2 JUSTIFICATIVA 14 3 OBJETIVOS 15 3.1 OBJETIVO GERAL 15 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 15 4 MATERIAL E MÉTODOS 16 4.1 AMOSTRAS ESTUDADAS 16 4.2 EXTRAÇÃO DE DNA 16 4.3 QUANTIFICACAO 16 4.4 ANÁLISE MOLECULAR DOS SNPs 16 4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA 17 5 RESULTADOS 18 6 DISCUSSÃO 21 7 CONCLUSÃO 26 8 PERSPECTIVAS 26 9 REFERENCIAS 28 i LISTA DE FIGURAS E TABELAS Figura 1: Tipos de câncer mais incidentes estimados para o ano de 2010, exceto pele não-melanoma, na população brasileira. 2 Figura 2: Proporção estimada de casos de câncer que podem ser prevenidos alterando nove fatores de risco. 3 Figura 3: Mecanismo de reparo por excisão de bases (BER) (Snustad & Simmons, 2008). 7 Figura 4: Mecanismo de reparo recombinacional homólogo. 7 Figura 5: Localização cromossômica do gene XRCC1. 8 Figura 6: Domínios da proteína XRCC1 e suas interações com outras proteínas. NTD: domínio N-terminal; NLS: sinal de localização nuclear; Poli β: DNA polimerase β; PNK: polinucleotídeo quinase; Lig3α: DNA ligase 3α. 9 Figura 7: Localização cromossômica do gene XRCC3. 11 Tabela 1 Características clínicas dos indivíduos casos e controles. 18 Tabela 2 Associação entre as variações dos SNPs Arg194Trp/XRCC1 e Thr241Met/XRCC3 e a susceptibilidade ao câncer. 19 ii LISTA DE ABREVIATRURAS E SIGLAS A Adenina AP Apurínico/apirimidínico APE AP-endonuclease Arg Arginina BER Base excision repair (reparo por excisão de bases) C Citosina DNA Deoxyribonucleic Acid (Ácido desoxirribonucleico) DSB Double-Strand Break (quebra de dupla fita) FRET Transferência de energia por ressonância de fluorescência G Guanina Gln Glutamina His Histidina HR Recombinação homóloga IARC International Agency for Research on Cancer INCA Instituto Nacional de Câncer Met Metionina OMS Organização Mundial da Saúde PCR Polymerase Chain Reaction (reação em cadeia da polimerase) Espécies Reativas de Oxigênio ROS SNPs T Single Nucleotide Polymorphisms (polimorfismo de nucleotídeo único) Timina Thr Treonina Trp Triptofano TSG Genes Supressores de Tumor UV Ultravioleta WHO World Health Organization XRCC X-Ray Repair Cross Complementing XRCC1 X-Ray Repair Cross Complementing group 1 XRCC3 X-Ray Repair Cross Complementing group 3 X2 Qui quadrado iv RESUMO O câncer é considerado uma doença genética, onde a identificação e caracterização dos genes envolvidos na sua origem e progressão são de fundamental importância para a compreensão das bases moleculares da doença. A integridade do genoma é mantida por mecanismos capazes de reconhecer e reparar danos na molécula de DNA, falhas nesses mecanismos podem resultar no aumento da taxa de desenvolvimento de câncer. Dada a complexidade da atuação das proteínas codificadas pelos genes XRCC1 e XRCC3 no sistema de reparo do DNA, é de fundamental importância avaliar os efeitos funcionais dos polimorfismos moleculares destes genes e suas consequências na suscetibilidade ao câncer. Assim, este trabalho visa identificar possíveis associações entre os polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) Arg194Trp/XRCC1 e Thr241Met/XRCC3 com o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer na cidade de Belém-PA, em um estudo caso-controle. A análise molecular dos SNPs foi realizada pela técnica de PCR em tempo real através do sistema TaqMan®. Em relação ao polimorfismo Arg194Trp não foram observadas diferenças significativas entre os genótipos dos dois grupos investigados, caso e controle, que pudessem associar este polimorfismo com a suscetibilidade ao câncer (P>0,05). Para o polimorfismo Thr241Met (C241T) observou-se um efeito significativo de proteção ao câncer para os genótipos homozigoto selvagem CC (P=0,050; OR= 0,756; 95% IC 0,564-1,012) e heterozigoto CT (P=0,019; OR= 0,415; 95% IC 0,1970,874). Para o genótipo TT foi observado um efeito de aumento de risco ao câncer (OR= 1,500; 95% IC 0,403 - 5,571) porem não significativo (P=0,543). A ausência de significância encontrada nesse ultimo resultado, provavelmente está relacionada ao número amostral restrito analisado. Portanto, apesar dos resultados do presente estudo terem fornecido informações importantes com relação aos genes estudados, é necessário que se amplie o numero amostral analisado, para assim tirar uma conclusão final da relação dos efeitos dos SNPs investigados e a suscetibilidade ao desenvolvimento do câncer. 1 1 INTRODUÇÃO 1.1 CÂNCER: ASPECTOS GERAIS E FATORES DE RISCO Câncer é um termo genérico utilizado para um grupo de mais de 100 doenças que podem afetar várias partes do corpo e caracteriza-se pela proliferação celular anormal (INCA, 2008). Esta doença é considerada uma das maiores causas de morte no mundo e é definida como uma doença genômica, surgindo como consequência de alterações cumulativas no material genético de células normais, as quais sofrem transformações até se tornarem malignas (Jorde, et al., 2000) . Estas células tendem a ser muito agressivas determinando a formação de tumores e neoplasias malignas (WHO, 2008). Os diferentes tipos de câncer são nomeados conforme a origem tecidual do tumor. A proliferação incontrolada de células anormais pode afetar tecidos contíguos e se espalhar para outros órgãos do corpo levando ao chamado processo metastático, o qual é considerado a maior causa de morte por câncer (WHO, 2008). Segundo relatório recente da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC)/OMS (World Cancer Report, 2008), o impacto global do câncer mais que dobrou em 30 anos. No Brasil, as estimativas para 2010 apontam para a ocorrência de 489.270 casos novos de câncer, dos quais 236.240 afetarão o gênero masculino e 253.030 o gênero feminino. Destes, os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os de próstata (52.350), de pulmão (17.800) e de estômago (13.820) em homens, e os de mama (49.240), de colo do útero (18.430) e de cólon e reto (14.800), em mulheres (Figura1). Para a região Norte do Brasil, essas estimativas apontam para ocorrência de 19.120 novos casos, sendo os tipos de câncer mais incidentes semelhantes aos estimados para todo o Brasil, com exceção ao câncer gástrico, que aparece como o segundo mais incidente em homens, com 860 casos, depois do de próstata (1.960), e como terceiro mais incidente em mulheres com 440 casos, depois do de mama com 1.350 casos (INCA, 2009). 2 Figura 1: Tipos de câncer mais incidentes estimados para o ano de 2010, exceto pele nãomelanoma, na população brasileira (INCA, 2009). O câncer pode ser considerado uma doença genética uma vez que é desencadeado por alterações no DNA da célula. No entanto, ao contrário das demais doenças genéticas humanas, o câncer não é necessariamente uma doença hereditária. Os cânceres humanos são, na sua maioria, de origem somática resultantes da interação de fatores genéticos e ambientais (Perera, 1997; Jelonek et al., 2010). Muitas alterações no DNA são causadas por agentes mutagênicos endógenos, incluindo espécies reativas de oxigênio (ROS), bem como erros originados do processo de replicação, recombinação e do próprio reparo em si. Entretanto, diversas alterações são resultantes da interação do DNA com uma variedade de compostos físicos, químicos e biológicos, muitos dos quais estão presentes no ambiente, onde o homem pode permanecer em exposição contínua (Lindahl, 2000; Jelonek et al., 2010). Dentre os principais fatores ambientais associados à origem dos tumores malignos estão os carcinógenos químicos e físicos, agentes infecciosos e o estilo de vida do indivíduo. Esses fatores podem ser assim exemplificados: a - carcinógenos químicos ambientais como os encontrados na fumaça do cigarro e contaminantes de dieta, como a aflatoxina B1; b - agentes físicos, como a radiação UV; 3 c - outros fatores incluem vírus e bactérias patogênicas, como Helicobacter pylori, o vírus do papiloma humano (HPV), e os vírus das hepatites B e C (HBV/ HCV); d - estilos de vida que ignoram determinados fatores de risco, como o hábito tabagista, exposição excessiva à luz solar, dieta gordurosa e o estresse. Ao contrário disso, a ingestão alimentar de fibras, antioxidantes e a prática de exercícios físicos podem contribuir na prevenção ao desenvolvimento de tumores malignos (Minamoto et al., 1999). Na figura 2 é mostrado como mudanças em alguns hábitos poderiam diminuir a incidência de câncer. Figura 2: Proporção estimada de casos de câncer que podem ser prevenidos alterando nove fatores de risco (Adaptado de WHO, 2008) Entre os fatores endógenos que influenciam na carcinogênese, podem ser citadas as variações individuais nos mecanismos de defesa que incluem o sistema de reparo do DNA e o sistema de detoxificação e eliminação de carcinógenos (Minamoto et al., 1999). Mutações e polimorfismos são duas alterações genéticas frequentes. As mutações são representadas pela substituição de bases, alterações na organização ou no tamanho das sequências, incorporação do DNA extracromossômico e alterações anafásicas ou da citocinese. Essas alterações estão associadas à frequência de alelos heterozigotos presentes em menos de 1% da população (Brasileiro-filho et al., 1998). Os polimorfismos genéticos são variações na sequência de DNA que podem provocar alterações no produto proteico do gene e parecem 4 estar associados a apenas uma base. A frequência de alelos heterozigotos para o polimorfismo genético ocorre em mais de 1% da população. Algumas dessas alterações ocorrerão em sequências não codificadoras do gene, que na maioria dos casos não terão efeito em suas funções; outras ocorrerão em sequências codificadoras, levando à produção de proteínas defeituosas. Deste modo, em alguns casos polimorfismos genéticos podem aumentar a suscetibilidade ao câncer (Lodish et al., 2002). Os polimorfismos de nucleotídeo único - SNPs (do inglês Single Nucleotide Polymorphism), são os mais abundantes, estáveis e amplamente distribuídos pelo genoma (Iida et al., 2001). 1.2 GENES ENVOLVIDOS NO PROCESSO DE CARCINOGENESE Sendo o câncer uma doença genética, a identificação e caracterização dos genes envolvidos na sua origem e progressão são de fundamental importância para a compreensão das bases moleculares da doença (Parmigiani e Camargo, 2004). A carcinogênese resulta de múltiplas etapas e pode envolver dezenas, até centenas, de genes, por meio de mutações gênicas, quebras e perdas cromossômicas, amplificações gênicas, instabilidade genômica e mecanismos epigenéticos, sendo os principais grupos de genes envolvidos nesse processo: proto-oncogenes, genes supressores de tumor e genes relacionados ao reparo do DNA (Rocha e Silva, 2003). Trabalhos publicados na última década revelaram mutações em muitos genes responsáveis pela progressão de vários tipos de câncer. Dentre essas, estão inclusas mutações de ativação de alguns proto-oncogenes, mutações de inativação de genes supressores de tumor, e alterações na instabilidade de outros genes (Berger & Garraway, 2009). Os proto-oncogenes são genes celulares normais que atuam no controle positivo, ou seja, estimulam o crescimento e a diferenciação celular (Irish & Bernstein, 1993). Podem tornar-se oncogenes por meio de mutações resultantes da exposição aos agentes carcinogênicos físicos, químicos ou biológicos. A ativação destes genes ocorre por meio de translocações, amplificações gênicas ou mutações de ponto, de maneira que alterações em um único alelo são suficientes para 5 transformá-los em oncogenes e contribuir na transformação maligna. Como consequência dessas alterações, a expressão dos oncogenes leva a uma proliferação celular anormal, resultando na formação do tumor (Cooper, 1994). Os genes supressores de tumor (TSG) compõem a outra classe de genes relacionada ao câncer, e atuam como reguladores negativos, retardando a proliferação celular (Verma & Triantafillou, 1998). Estes supressores codificam proteínas reguladoras dos checkpoints celulares e inibem a progressão do ciclo celular, caso o DNA esteja danificado. Nesta classe de genes, estão inclusas as proteínas promotoras de apoptose e as que estão envolvidas no reparo de danos ao DNA (Weinberg, 1991). Sendo assim, alterações inativadoras em genes supressores de tumor liberariam a célula da inibição imposta por estes genes, levando à proliferação desordenada, característica das células cancerosas (Weinberg, 1991). Como se pode perceber, a identificação dos genes envolvidos no câncer proporciona uma melhor compreensão acerca da doença, bem como contribui para novas formas de diagnosticá-lo precocemente, facilitando assim o seu tratamento (Garnis et al., 2004). 1.3 POLIMORFISMOS DE GENES DE REPARO DO DNA A integridade do genoma é mantida por mecanismos capazes de reconhecer e reparar danos na molécula de DNA. Estes mecanismos são constituídos por complexos enzimáticos que monitoram os cromossomos corrigindo nucleotídeos danificados (Wood et al., 2005). Falhas nesses mecanismos podem resultar no aumento da taxa de desenvolvimento de câncer. Está cada vez mais claro que deficiências nos processos de sinalização de danos do DNA e nas vias de reparo dos mesmos, são fundamentais para a etiologia da maioria, se não de todos, os cânceres humanos (Goode et al., 2002; Khanna & Jackson, 2001). Os polimorfismos em genes de reparo do DNA são eventos comuns, e alguns estudos mostraram o efeito significativo de muitos desses polimorfismos na capacidade de reparar danos no DNA, influenciando assim na suscetibilidade do individuo à carcinogênese (Pachkowski et al., 2006; Mandal et al., 2010). Esses polimorfismos podem afetar a função da proteína, a atividade do promotor, a estabilidade do mRNA, entre outras variantes, podendo resultar na 6 inabilidade celular de responder aos danos do DNA, o que pode contribuir para o aumento da susceptibilidade a vários tipos de cânceres (Webb et al., 2005; Hung, et al., 2005; Seedhouse et al., 2004; Goode et al., 2002). Os sistemas de reparo exercem um papel essencial na proteção do genoma contra danos causados por agentes carcinogênicos. Atualmente, sabe-se que mais de uma centena de proteínas envolvidas em mecanismos de reparo estão presentes nas células humanas (Lopez- Cima et al., 2007). Em células de mamíferos, as quebras de fita simples são reparadas predominantemente pelo reparo por excisão de base (BER) (Figura 3) (Cline & Hanawalt, 2003). As quebras de fita dupla (DSBs) são reparadas, principalmente, por duas vias distintas de reparo: reparo por recombinação homóloga (HR) (Figura 4) e reparo não-homólogo (West, 2003). As DSBs representam as lesões mais prejudiciais, uma vez que acarretam em morte celular ou perda de material genético (Costa et al., 2007). As células respondem a tais quebras induzindo a parada do ciclo celular, seguido do reparo do DNA e/ou morte celular por apoptose (Christmann et al., 2003; Rafii et al., 2003). 7 Figura 3: Mecanismo de reparo por excisão de bases (BER) (Snustad & Simmons, 2008). Figura 4: Mecanismo de reparo recombinacional homólogo (Modificado de Christmann et al., 2003). 8 A variação no reparo do DNA observada na população pode ser decorrente dos polimorfismos de nucleotídeos simples (SNPs) que, frequentemente, têm sido detectados em genes envolvidos nas vias de reparo tanto do BER quanto do HR, contribuindo, dessa forma, para a suscetibilidade ao câncer (Thyagarajan et al., 2006). Os genes “X-Ray Repair Cross Complementing” (XRCC) são importantes componentes de várias vias do reparo do DNA e contribuem para a estabilidade genômica (Thacker & Zdzienicka, 2003). 1.4 GENE XRCC1 O gene XRCC1 humano (do inglês X-ray repair cross-complementing group 1) está localizado no cromossomo 19q13.2, é composto de 17 éxons e codifica a proteína nuclear XRCC1, que é composta de 633 aminoácidos (Figura 5) (Hung et al., 2005). Figura 5: Localização cromossômica do gene XRCC1. Fonte: NCBI Map Viewer adaptado. 9 A proteína XRCC1 está envolvida no BER (Thompson et al., 1989). O BER é responsável por identificar e remover danos no DNA, como bases oxidadas, desaminadas ou alquiladas, surgidos espontaneamente na célula ou da exposição a agentes exógenos como as radiações ionizantes e a luz UV (Christmann et al., 2003). No BER, a lesão é removida por uma enzima DNA glicosilase específica, criando um sítio abásico - AP (sítio apúrico ou apirimídico), e a ligação remanescente 5’ fosfodiéster é quebrada pela ação de endonucleases (APE); logo após a DNA polimerase-β (com ajuda de outras proteínas incluindo XRCC1) adiciona um novo nucleotídeo à extremidade 3’-OH e excisa a base e o resíduo de fosfato livres; finalmente, o complexo DNA ligase IIIα/XRCC1 sela a nova ligação (Figura 3) (Brem & Hall, 2005). Aparentemente, a proteína XRCC1 não desempenha uma função enzimática, porém atua como proteína suporte, ligando-se e interagindo com várias outras enzimas participantes do BER, como a DNA ligase III, a DNA polimerase β e a APE, e parece contribuir para a eficiência do processo, bem como para a estabilidade genômica após a ocorrência da lesão (Saadat e Ansari-Lari, 2008; Smith et al., 2008; Brem e Hall, 2005). Essa proteína apresenta três domínios funcionais: um domínio de ligação a DNA N-terminal (ligação específica com quebras de fita simples de DNA) e os domínios BRCT-I central e BRCT- II Cterminal (Horton et al., 2008). A Figura 6 indica os domínios funcionais da XRCC1 e as regiões de interações com outras proteínas. Figura 6: Domínios da proteína XRCC1 e suas interações com outras proteínas. NTD: domínio Nterminal; NLS: sinal de localização nuclear; Pol β: DNA polimerase β; PNK: polinucleotídeo quinase; Lig3α: DNA ligase 3α (Caldecott, 2003). 10 Desta forma, a proteína XRCC1 atua como facilitadora e coordenadora do processo de reparo por excisão de base, sendo imprescindível na formação do complexo com as demais proteínas (Caldecott, 2003; Jelonek, 2010). Sugere-se que polimorfismos no gene XRCC1, que causam mudanças de aminoácidos, possam impedir a interação de XRCC1 com outras proteínas enzimáticas e consequentemente alterar a atividade do sistema de reparo de DNA por BER (Saadat; Ansari-Lari, 2008). Encontram-se amplamente descritos três SNPs para o gene XRCC1 que resultam em alterações de aminoácidos: o primeiro, uma transição de C por T no códon 194 do éxon 6 resulta em substituição de um resíduo de Arginina por um de Triptofano (Arg194Trp – rs1799782), o segundo é uma transição de G por A no códon 280 do éxon 9 que resulta em substituição de um resíduo de Arginina por um de Histidina (Arg280His – rs25489) e o terceiro, uma transição de G por A no códon 399 do éxon 10, resulta em substituição de um resíduo de Arginina por um de Glutamina (Arg399Gln, rs25487). Os polimorfismos Arg194Trp e Arg399Gln são os mais frequentemente observados (Saadat e Ansari-Lari, 2008; Wang et al., 2008; Chacko et al., 2005; Shen et al., 2005). O SNP Arg194Trp (C194T) ocorre na posição 26304, referente ao exon 6, do gene XRCC1 resultando em alteração do produto proteico no códon 194. Esse códon se encontra na região intermediária que separa o domínio de ligação da DNA polimerase β do domínio de ligação da PARP (domínio BRCT-I), sendo esta região parte do sítio de interação com a endonuclease APE1. A habilidade da XRCC1 em interagir com a APE1 pode estar alterada na presença do polimorfismo, o que pode influenciar na eficiência do reparo por via BER (Mateuca et al., 2005). A presença simultânea desse polimorfismo e de outro no gene da APE1 aumenta o risco para o desenvolvimento de câncer pancreático (Jiao et al., 2006). A presença do alelo variante 194T no gene XRCC1 está associada a diversas doenças malignas. Os genótipos variantes (194CT e TT) estão associados com risco aumentado em mais de cinco vezes ao desenvolvimento de leucemia linfoblástica aguda em crianças do sexo feminino (Batar et al., 2008). Associações do alelo 194T também foram observadas com o risco de câncer colo-retal (AbdelRahman et al., 2000), carcinoma de nasofaringe (Yang et al., 2007) câncer oral (Ramachandran et al., 2006) e carcinoma de tireoide (Chiang et al., 2008). 11 Ao mesmo tempo, esse alelo variante (194T) também foi indicado como um fator de proteção para diversos cânceres, como linfoma de Burkitt (Celkan et al., 2008) e linfoma não-Hodgkin (Shen et al., 2007). Dados contraditórios nos estudos de associação podem ser resultados de diversos fatores como etnicidade, diferentes padrões de exposição a carcinógenos, combinações de variantes de susceptibilidade ou o número de pacientes (Batar et al., 2008). 1.5 GENE XRCC3 O gene XRCC3 (do inglês X-ray repair cross-complementing group 3) está mapeado ao cromossomo humano em 14q32.3 (Figura 7). Apresenta sete éxons e codifica a proteína XRCC3, de 346 aminoácidos, participante do reparo por HR de quebras de fita dupla de DNA, interagindo com RAD-51, mantendo a estabilidade cromossômica e reparando o dano no DNA (Tebbs et al., 1995; Millikan et al., 2005; Karran, 2000). Figura 7: Localização cromossômica do gene XRCC3. Fonte: NCBI Map Viewer adaptado. 12 O sistema de reparo por HR preserva a integridade cromossômica durante a replicação do DNA contribuindo para a remoção de DBSs (Yamada et al., 2004). Polimorfismos em genes dessa via tem sido associados com o risco de câncer (Krupa et al., 2010). Durante o reparo por HR, a molécula de DNA danificada estabelece uma sinapse ou pareamento com a molécula de DNA intacta, compartilha a extensiva homologia da sequência, e assim recupera a informação genética (Jackson, 2002). O reparo por HR envolve a reação entre três moléculas de DNA: duas extremidades de fita de DNA e um DNA molde (Figura 4). A recombinação homóloga é mediada pelo grupo de proteínas RAD52, que inclui a RAD50, RAD51 e RAD54 e MRE11(van Gent; Hoeijmakers; Kanaar, 2001). A proteína ATM medeia a resposta celular inicial a quebras de fita dupla juntamente com a NBS1. O segundo passo do reparo inclui o reconhecimento das extremidades de DNA pela RAD52 e processamento nucleolítico destas com a formação de fitas simples nessas extremidades. A proteína RAD51 se liga a essas fitas simples (formação de um filamento nucleoprotéico), mediando a busca pelo DNA homólogo de fita dupla e a formação da junção de moléculas entre as extremidades do DNA lesionado e o molde de reparo. Os seguintes estágios referem-se à polimerização dos nucleotídeos pela DNA polimerase para a restauração das fitas de DNA degradadas a partir da fita molde, dispersão dos intermediários do reparo e liberação das moléculas de DNA (van Gent; Hoeijmakers; Kanaar, 2001). Entre as proteínas que auxiliam a RAD51 em vários estágios do reparo por recombinação homóloga, está a proteína XRCC3. Esta, juntamente com outras, tem uma participação importante na manutenção da estabilidade cromossômica. Células em que o gene XRCC3 está mutado apresentam níveis reduzidos em até 25 vezes de reparo por recombinação homóloga (Pierce et al., 1999) e altos níveis de aberrações cromossômicas e segregação cromossomal anormal na mitose (Griffin et al., 2000). A proteína XRCC3 parece atuar na fase inicial da recombinação homóloga na qual procura por homologia a molécula não danificada e invade a cadeia para a síntese de DNA (Bishop et al., 1998), podendo participar também dos últimos eventos de recombinação, auxiliando a estabilização do complexo de nucleoproteínas e a formação de DNA heteroduplex (Brenneman et al., 2002). 13 Um grande número de estudos moleculares e epidemiológicos já foram realizados para avaliar o papel dos polimorfismos no gene XRCC3 em várias neoplasias. A transição de C para T no éxon 7 (C18067T, rs861539) é o polimorfismo mais intensamente investigado em vista da substituição de treonina para metionina na posição 241 (Thr241Met) (Han et al., 2006 ; Krupa et al., 2010). Vários estudos têm relacionado esta variante com alguns tipos de câncer, como o de mama (Smith et al., 2003; Synowiec et al., 2008), de pulmão (Jacobsen et al., 2004; Manuguerra et al., 2006) o melanoma (Winsey et al., 2000), coloretal (Krupa & Blasiak, 2004), de bexiga (Andrew et al., 2008) e carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço (Werbrouck et al., 2008). Em um estudo de associação entre polimorfismos de genes de reparo de DNA e o desenvolvimento de melanoma maligno, Winsey et al. (2000) verificaram que a presença do alelo variante T está significantemente associada ao desenvolvimento do melanoma, com um risco relativo de mais de 2 vezes, comparativamente aos indivíduos que não apresentam esse alelo. Esse mesmo alelo T também se mostrou associado a um risco relativamente maior ao câncer de pulmão com um risco relativo de 1,54 para heterozigotos e de 1,46 para homozigotos (Jacobsen et al., 2004). Indivíduos homozigotos para a metionina (alelo T) também apresentaram um risco aumentado para o desenvolvimento de câncer de mama comparativamente aos homozigotos para a treonina (alelo C) (Kuschel et al., 2002). A avaliação da combinação de genótipos em vários genes de reparo de quebra de fita dupla, incluindo a mudança Thr241Met no XRCC3, indicou que mulheres com duas a quatro variações nesses genes apresentaram associação positiva entre um aumento da exposição à radiação de baixa dose e o risco ao câncer de mama (Millikan et al., 2005). Andrew et al. (2008) verificaram uma associação entre o genótipo homozigoto variante 241Met/Met (TT) e o risco de câncer de bexiga aumentado em quase duas vezes em fumantes, comparativamente ao genótipo selvagem 241Thr/Thr (CC). Uma associação positiva entre esse polimorfismo e o carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço foi encontrada, indicando um risco relativo de 1,96 vezes (Werbrouck et al., 2008). Apesar dos resultados que comprovam a associação desse polimorfismo com o risco de desenvolvimento de neoplasias, existem também trabalhos que 14 supõem que o polimorfismo C241T não desempenharia um papel fundamental na etiologia de alguns tipos de câncer. Os genótipos variantes CT e TT, comparativamente com o genótipo CC, não se apresentaram associados a um risco aumentado para o câncer gástrico. É muito provável que várias variantes ou polimorfismos de susceptibilidade comuns em genes de reparo, e não somente um, possam contribuir conjuntamente para a susceptibilidade ao câncer gástrico, assim como para outras neoplasias (Shen et al., 2004). 2. JUSTIFICATIVA Apesar de grandes avanços terem sido realizados nos últimos anos, a luta contra o câncer permanece, havendo ainda a necessidade de maior conhecimento sobre sua etiologia e seus fatores de risco. Portanto, torna-se essencial a criação e o aprimoramento de ferramentas de estudo que auxiliem no desenvolvimento dessas áreas. Sendo assim, a utilização de marcadores genéticos como os SNPs, merecem atenção como possíveis ferramentas para diagnóstico, prognóstico e detecção de fatores de risco do câncer, por fornecerem informações de maior poder resolutivo e precisão, podendo auxiliar na melhoria da qualidade de vida de pacientes com câncer, além de contribuírem para o entendimento do caráter multifatorial da doença. Dada a complexidade da atuação das proteínas codificadas pelos genes XRCC1 e XRCC3 no sistema de reparo do DNA, é de fundamental importância avaliar os efeitos funcionais dos polimorfismos moleculares destes genes e suas consequências na suscetibilidade ao câncer. 15 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Identificar possíveis associações entre os polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) C26304T e C18067T, nos genes de reparo XRCC1 e XRCC3, respectivamente, com o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer em dois grupos: pacientes portadores desta doença (casos) e um grupo de indivíduos sadios (controles), na população de Belém-PA. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Estimar a frequência dos SNPs C26304T no gene XRCC1 e C18067T no gene XRCC3, na amostra de pacientes com câncer e em indivíduos sadios (controles); Identificar possíveis associações entre os polimorfismos analisados e o risco de desenvolvimento do câncer, através de análises estatísticas apropriadas. Auxiliar a criação de um painel de marcadores genéticos que poderão ser utilizados como ferramenta de auxílio para a determinação do risco e diagnóstico do câncer, podendo auxiliar na melhoria da qualidade de vida dos pacientes, além de contribuir para o melhor entendimento do caráter multifatorial da doença. . 16 4 MATERIAL E METODOS 4.1 AMOSTRAS ESTUDADAS Foram utilizadas amostras de sangue periférico de 83 pacientes com diagnóstico clínico de diversos tipos de câncer, sendo 31 indivíduos portadores de câncer de mama (46,3% dos pacientes), 33 (49,3% dos pacientes) pacientes com câncer gástrico e 3 (4,5% dos pacientes) portadores de outros tipos de câncer (leucemia, adenoma viloso e coriocarcinoma). Foram utilizadas como controle, 90 amostras de indivíduos representativos da população investigada. Tanto as amostras de pacientes quanto de indivíduos controles, pertencem ao banco do Laboratório de Citogenética Humana da Universidade Federal do Pará (UFPA) que contam com aprovação do Comitê de ética dos diferentes Hospitais de onde foram coletadas. 4.2 EXTRAÇÃO DE DNA O DNA foi extraído a partir de sangue total pelo método convencional com fenol-clorofórmio e precipitação com etanol, conforme descrito por Sambrook et al. (1989). 4.3 QUANTIFICACÃO DO DNA A determinação da concentração do DNA foi realizada em espectrofotômetro GeneQuant RNA/DNA (Pharmacia Biotech). 4.4 ANÁLISE MOLECULAR DOS SNPs A análise molecular dos SNPs estudados foi realizada utilizando técnica PCR em tempo real através do sistema TaqMan® (Applied Biosystems®, Foster City, Califórnia, EUA). O sistema TaqMan utiliza uma sonda fluorescente para possibilitar a detecção de um produto específico da PCR conforme esse se acumula durante os ciclos da reação. O processo é dividido em quatro etapas, primeiramente uma sonda (oligonucleotídeo) é construída contendo um corante reporter fluorescente na 17 extremidade 5´ e um fluorocromo quencher (silenciador) na extremidade 3´. Enquanto a sonda está intacta, a proximidade do quencher reduz bastante a fluorescência emitida pelo corante reporter através da transferência de energia por ressonância de fluorescência (FRET) através do espaço, posteriormente se a sequência alvo estiver presente, a sonda se anela logo após um dos primers e é clivada através da atividade da nuclease 5´ da Taq DNA polimerase enquanto o primer é estendido. A clivagem da sonda separa o fluorocromo reporter do corante quencher, aumentando o sinal do fluorocromo repórter e agindo na remoção da sonda da fita alvo, permitindo que a extensão do primer continue até o final da fita molde. Assim, a inclusão da sonda não inibe o processo geral da PCR. E finalmente, moléculas adicionais do corante reporter são clivadas de suas respectivas sondas em cada ciclo, resultando em um aumento na intensidade de fluorescência, que é proporcional à quantidade de amplicon produzido. 4.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA A frequência alélica de cada gene foi investigada por contagem gênica. As freqüências alélicas e genotípicas foram calculadas e submetidas ao teste x2 para verificar se estavam de acordo com o equilíbrio de Hardy-Weinberg. A avaliação da susceptibilidade foi realizada utilizando-se métodos estatísticos univariados para verificar a ocorrência de diferenças nas frequências alélicas entre os grupos (caso e controle), bem como por métodos multivariados para determinar se fatores de confusão tais como Gênero, idade e tipo de câncer, os quais poderiam estar influenciando na susceptibilidade genética dos genes XRCC1 e XRCC3 ao desenvolvimento de neoplasias. Esses testes foram realizados utilizando-se o pacote estatístico SPSS V.8.0. 18 5 RESULTADOS Foram analisadas 83 amostras de pacientes portadores de diferentes formas de neoplasias. Sendo 31 indivíduos portadores de câncer de mama (46,3% dos pacientes), 33 (49,3% dos pacientes) pacientes com câncer gástrico e 3 (4,5% dos pacientes) portadores de outros tipos de câncer (leucemia, adenoma viloso e coriocarcinoma). Quanto ao grupo controle, foram analisadas 90 amostras de indivíduos sadios da população investigada. A Tabela 1 apresenta um quadro das características clínico- epidemiológicas que podem ser considerados fatores de riscos ao desenvolvimento de neoplasias, investigados na amostra de pacientes com diferentes formas de câncer e indivíduos controle, entre eles: gênero, idade e tipo de câncer. Tabela 1 Características clínico-epidemiológicas dos indivíduos casos e controles Variável Casos Controle Total Total Gênero 83 90 177 Masculino 19 (22%) 42 (46,7%) 61(34,5%) Feminino 68 (78%) 48(53,3%) 116 (65,5%) 0,000 0,000 Idade Média P valor 68,2 ± 14 23,1 ± 5 Tipo de câncer Gástrico 33 (49,3%) Mama 31 (46,3%) Outros 3 (4,5%) Para a variável de risco gênero, observou-se um P valor significativo (P=0,000) que diferencia os grupos com câncer e indivíduos sadios. Sendo o gênero feminino, o mais representativo com 68 (78%) indivíduos no grupo caso e 48(53,3%) no grupo controle, totalizando 116 (65,5%) indivíduos do gênero feminino contra 61(34,5%) do masculino (Tabela1). 19 Encontrou-se também uma diferença estatística significante (P=0,000), para a variável de idade entre os grupos investigados. A média de idade dos pacientes portadores de neoplasias foi de 68.2±14 anos e para os indivíduos sadios da população investigada de 23,1±5 anos (Tabela1). Esses resultados evidenciam que ambas as variáveis são estatisticamente diferentes entre os dois grupos estudados (considerando P≤0,05), indicando necessidade de empregá-las como fatores de interferência nas análises de associações entre os marcadores genéticos investigados e risco de desenvolvimento de neoplasias. Tabela 2 Associação entre as variações dos SNPs C194T/XRCC1 e C241T/XRCC3 e a susceptibilidade ao câncer Genótipo Casos [N (%)] Controles [N (%)] P valor OR (95%) CT/TT CC CT TT 18 (20,7%) 65 (74,7%) 17 (19,5) 1 (1,1%) 17 (18,9%) 73 (81,1%) 15 (16,7%) 2 (2,2%) 0,764 0,305 0,619 0,580 1,120 (0,534 - 2,348) 0,688 (0,336 - 1,408) 1,214 (0,564 - 2,615) 0,512 (0,046 - 5,747) C T 0,89 0,11 0,89 0,11 1 C241T/XRCC3 CT/TT CC CT TT 22 (32,8%) 45 (67,2%) 16 (23,9%) 6 (9%) 32 (49,2%) 33 (50,8%) 28 (43,1%) 4 (6,2%) 0,050 0,050 0,019 0,543 C T 0,79 0,21 0,72 0,28 0,603 C194T/XRCC1 0,504 (0,249 - 1,020) 0,756 (0,564 – 1,012) 0,415 (0,197 -0,874) 1,500 (0,403 - 5,571) 20 A Tabela 2 apresenta a distribuição genotípica e alélica para os SNPs C194T e C241T dos genes XRCC1 e XRCC3 respectivamente, nos pacientes com câncer (casos), e indivíduos sadios (controles). As freqüências genotípicas e alélicas encontram-se em equilíbrio de HardyWeinberg (P >0,05 ) Em relação ao polimorfismo XRCC1/C194T não foram observadas diferenças significativas entre os genótipos dos dois grupos investigados, caso e controle, que pudessem associar este polimorfismo com a susceptibilidade ao câncer (P>0,05). Os resultados para o SNP XRCC3/C241, revelaram que esse polimorfismo possui relação significativa para susceptibilidade ao câncer (P<0,05). Os dados apresentados na tabela 2 demonstram um efeito significativo de proteção ao câncer para o genótipo homozigoto selvagem CC (P=0,050; OR= 0,756; 95% IC 0,564-1,012). Da mesma maneira, observou-se um efeito significativo de proteção para o genótipo heterozigoto CT (P=0,019; OR= 0,415; 95% IC 0,1970,874) e para combinação deste, com do homozigoto mutante TT (CT/TT) (P=0,050; OR= 0,504; 95% IC 0,249-1,020), evidenciando a relação de proteção positiva desses genótipos com o mecanismo neoplásico. Contudo os resultados para o genótipo homozigoto mutante (TT) não foram significativos (P=0,543), porém demonstraram uma tendência de risco para ínvidos portadores deste genótipo (OR= 1,500; 95% IC 0,403 - 5,571). Através da análise desses resultados, pode-se sugerir que a incorporação do alelo C (selvagem) ao genótipo confere um efeito de proteção ao desenvolvimento de câncer, já que para os genótipos CC e CT foi encontrado um efeito de proteção e em contraste, um efeito de risco para o genótipo TT, que reforça esta hipótese. Em relação à análise das frequências alélicas, não foram encontradas diferenças significativas entre pacientes com câncer e indivíduos sadios, para ambos os genes XRCC1 (P=1) e XRCC3 (P=0,603). 21 6 DISCUSSÃO A integridade do genoma é mantida por mecanismos capazes de reconhecer e reparar danos na molécula de DNA. Estes mecanismos são constituídos por complexos enzimáticos que monitoram os cromossomos corrigindo nucleotídeos danificados (Wood et al., 2005). Falhas nesses mecanismos podem resultar no aumento da taxa de desenvolvimento de câncer. Está cada vez mais claro que deficiências nos processos de sinalização de danos do DNA e nas vias de reparo dos mesmos, são fundamentais para a etiologia da maioria, se não de todos, os cânceres humanos (Goode et al., 2002; Khanna e Jackson, 2001). Os polimorfismos em genes de reparo do DNA são eventos comuns e alguns estudos mostraram o efeito significativo de muitos desses polimorfismos na capacidade de reparar danos no DNA, contribuindo dessa forma para a diferença entre indivíduos (Pachkowski et al., 2006). Um dos objetivos deste trabalho foi estimar e analisar a frequência de dois polimorfismos, em dois genes, XRCC1/Arg194Met e XRCC3/Thr241Met, envolvidos no reparo do DNA, e verificar se existe relação destes, com a suscetibilidade ao câncer. No presente estudo, com relação às variáveis clínico – epidemiológicas, tanto a idade quanto o gênero foram significativamente diferentes (P<0,05) entre casos e controles. É importante destacar que ambas as variáveis foram controladas em função de uma elevada contribuição do gênero feminino na amostragem do grupo de indivíduos com câncer (78%) e em função desta doença possuir uma elevada incidência em pacientes com idade avançada. Os cânceres humanos são, na sua maioria, de origem somática resultantes da interação de diversos fatores genéticos e ambientais (Perera, 1997). Sendo assim, fica clara a necessidade de se ampliar o número de variáveis clinicas nas análises desse estudo, para assim definir com maior precisão quais variáveis podem interferir na susceptibilidade a cada tipo de câncer investigado. É necessário incluir principalmente, variáveis de exposição a agentes carcinógenos químicos e físicos. Entre os fatores endógenos que influenciam na carcinogênese, podem ser citadas as variações individuais nos mecanismos de defesa que incluem o sistema de reparo do DNA (Minamoto et al., 1999). 22 A proteína XRCC1, codificada pelo gene de mesmo nome, está envolvida na via de reparo por BER (Thompson et al., 1989). Esta via é responsável por identificar e remover danos no DNA, como bases oxidadas, desaminadas ou alquiladas, surgidos espontaneamente na célula ou da exposição aos agentes exógenos como as radiações ionizantes e a luz UV (Christmann et al., 2003). Sugere-se que polimorfismos no gene XRCC1, que causam mudanças de aminoácidos, possam impedir a proteína XRCC1 de exercer sua função de forma eficaz e consequentemente alterar a atividade do sistema de reparo de DNA por BER (Saadat; Ansari-Lari, 2008). O SNP Arg194Trp está entre os dois mais frequentemente observados entre os polimorfismos para o gene XRCC1(Shen et al., 2005). Dados da literatura relatam que a presença do alelo variante 194T está associado a diversas doenças malignas. Os genótipos variantes CT e TT estão associados com risco aumentado em mais de cinco vezes ao desenvolvimento de LLA em crianças do sexo feminino (Batar et al., 2008). Vários autores também identificaram associação desse alelo (194T) com o risco de câncer colo-retal (AbdelRahman et al., 2000), carcinoma de nasofaringe (YANG et al., 2007) câncer oral (Ramachandran et al., 2006) e carcinoma de tireoide (Chiang et al., 2008). Um estudo de associação entre SNPs no XRCC1 e o desenvolvimento do carcinoma de tireoide, realizado por Chiang et al (2008), em populações de origem asiáticas revelou risco significativamente aumentado para o genótipo TT (P = 0,018; OR= 1,85; 95% IC 1,11-3,07). Ao mesmo tempo, esse alelo variante (194T) também foi indicado como um fator de proteção para diversos cânceres, como linfoma de Burkitt (Celkan et al., 2008) e linfoma não-Hodgkin (Shen et al., 2007). Lee et al (2002), também identificaram um efeito de proteção ao câncer gástrico, para o genótipo combinado CT/TT, tendo CC como referência (OR=0,66 IC 95% 0,44-1,00). Uma meta-análise realizada por Hu et al (2005) na literatura mundial, avaliou o polimorfismo no gene XRCC1 (Arg194Trp) na suscetibilidade a diferentes neoplasias. Nesta investigação, observou-se a existência de resultados discordantes com relação ao polimorfismo Arg194Trp para os diferentes grupos étnicos investigados. Foi detectado uma elevada frequência do alelo 194T para o grupo 23 étnico asiáticos (31,2% IC 95% 29,6-32,8) e baixas frequências deste alelo em europeus (6,6%, 95% CI, 5,9-7,4) e africanos (7,3%, 95% IC 5,7-9,2, P <0,0001). Em um estudo realizado por Santos et.al (2009) foi possível identificar na população do Norte do Brasil um elevado grau de subestruturamento populacional que justifica realizar o controle genômico de ancestralidade em estudos de associação nessa população. Com base nas evidências de que este polimorfismo apresenta diferenças com relação aos grupos étnicos e com relação a elevada subestruturação étnicas na população investigada pretende-se em estudos futuros realizar um controle genômico da ancestralidade nas amostras caso e controle . No presente estudo, os resultados para o SNP Arg194Trp, no gene XRCC1, não indicaram diferenças significativas entre os genótipos dos grupos caso e controle que pudessem associar este polimorfismo com a susceptibilidade ao câncer (P>0,05). Um estudo desenvolvido por Duell et al (2001) investigou o gene XRCC1 como candidato à susceptibilidade ao câncer de mama em um estudo caso-controle de base populacional, em mulheres da Carolina do Norte, EUA. Seus resultados também revelaram não haver nenhuma associação entre os genótipos do XRCC1, códon 194 e o câncer de mama, corroborando com os resultados obtidos no presente estudo. Huang et al (2009), em uma meta-análise, também não encontraram associação deste SNP com o câncer de mama. Dados contraditórios nos estudos de associação podem ser resultados de diversos fatores como etnicidade, diferentes padrões de exposição à carcinógenos, combinações de variantes de susceptibilidade ou o número de pacientes (Batar et al., 2008). Outro gene investigado no presente estudo é o XRCC3 que codifica a proteína de mesmo nome, participante do reparo por HR de quebras de fita dupla de DNA (Millikan et al., 2005). Células em que esse gene está mutado apresentam níveis reduzidos em até 25 vezes de reparo por recombinação homóloga (Pierce et al., 1999) O polimorfismo Thr241Met, avaliado nesse estudo, é o mais intensamente investigado na literatura mundial com relação à susceptibilidade ao câncer em vista da substituição de treonima para metionina na posição 241 (Thr241Met) (Han et al., 2006). 24 Vários estudos têm relacionado esta variante com o câncer de mama (Smith et al., 2003; Kuschel et al., 2002), de pulmão (Jacobsen et al., 2004), melanoma de pele (Winsey et al., 2000), coloretal (Krupa & Blasiak, 2004), de bexiga (Andrew et al., 2008) e carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço (Werbrouck et al., 2008). Os resultados da presente análise demonstraram que o polimorfismo Thr241Met está significativamente associado à susceptibilidade ao câncer (P<0,05). Nesse estudo observou-se um efeito significativo de proteção ao câncer para os genótipos homozigoto selvagem CC (P=0,050; OR= 0,756; 95% IC 0,564-1,012) e heterozigoto CT (P=0,019; OR= 0,415; 95% IC 0,197-0,874). Desta maneira foi possível observar que indivíduos portadores dos genótipos CC e CT apresentam um efeito de redução ao desenvolvimento de câncer de 76% e 42%, respectivamente, se comparados com indivíduos portadores de genótipo homozigoto mutante TT. Krupa & Blasiak (2004), em um estudo envolvendo o polimorfismo Thr241Met e o câncer coloretal, também encontraram um efeito de redução de risco para os genótipos CC e CT (OR = 0,16, IC 95% 0-0,26 e OR = 0,26 IC 95% 0,250,27, respectivamente), enquanto que a variante TT se mostrou fortemente associada ao desenvolvimento da neoplasia estudada (OR = 9,45; 95% CI 8,7711,65). Com relação ao genótipo mutante TT, os resultados encontrados não foram significativos (P=0,543), porém foi possivel observar uma tendência de risco (OR= 1,500; 95% IC 0,403 - 5,571) para indivíduos portadores desta variante com relação ao desenvolvimento de câncer. A ausência de significância deste genótipo se deve ao número amostral restrito investigado (10 indivíduos portadores deste genótipo no total). Diferentes trabalhos na literatura mundial evidenciam a associação do genótipo mutante TT para a maior susceptibilidade a diferentes tipos de câncer. Andrew et al (2008) encontraram associação entre o genótipo homozigoto variante TT e o risco de câncer de bexiga aumentado em quase duas vezes em fumantes, comparativamente ao genótipo selvagem CC. Uma associação positiva entre esse polimorfismo e o carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço foi encontrada, indicando um risco relativo de 1,96 vezes (WERBROUCK et al., 2008). 25 De acordo com Kuschel et al. (2002), indivíduos homozigotos para a metionina (alelo T) também apresentaram um risco aumentado para o desenvolvimento de câncer de mama comparativamente aos homozigotos para a treonina (alelo C). Winsey et al. (2000), em um estudo de associação entre polimorfismos de genes de reparo de DNA e o desenvolvimento de melanoma maligno, identificaram associação do polimorfismo Thr241Met com o desenvolvimento desta neoplasia. Os indivíduos com o alelo para metionina (alelo T) tiveram um aumento significativo do risco de desenvolver câncer de pele do tipo melanoma em comparação àqueles em que o alelo estava ausente (genétipo CC) (P= 0,0004; OR= 2,36; 95% IC 1,44 -3,86). Esse mesmo alelo T também se mostrou associado a um risco relativamente maior ao câncer de pulmão com um risco relativo de 1,54 para heterozigotos e de 1,46 para homozigotos (Jacobsen et al., 2004). Apesar de resultados que comprovam a associação desse polimorfismo com o risco de desenvolvimento de neoplasias, existem também trabalhos que supõem que o polimorfismo Thr241Met não desempenharia um papel fundamental na etiologia de alguns tipos de câncer. Os genótipos variantes CT e TT, comparativamente com o genótipo CC, não se apresentaram associados a um risco aumentado para o câncer gástrico. É muito provável que várias variantes ou polimorfismos de susceptibilidade comuns em genes de reparo, e não somente um, possam contribuir conjuntamente para a susceptibilidade ao câncer gástrico, assim como para outras neoplasias (Shen et al., 2004). Desta forma, baseado nos resultados encontrados nesse estudo, fica claro o papel do polimorfismo Thr241Met com um marcador genético importante para ser usado no prognóstico do câncer, contudo é necessário haver uma melhor investigação, pois não ficou clara a contribuição do homozigoto mutante TT na determinação do risco para o desenvolvimento desta patologia. Logo é necessário que se amplie o número amostral de indivíduos portadores de câncer para tornar a investigação mais robusta. A meta-análise desenvolvida por Fang et al. (2010) em diferentes populações mundiais determinou que o SNP Thr241Met apresenta um elevado efeito étnico para a associação deste com o risco de câncer gástrico. Desta forma, torna-se interessante realizar o controle genômico da ancestralidade em estudos de associação, uma vez que a população do Brasil apresenta uma elevada taxa de 26 miscigenação entre os diferentes grupos étnicos. Consequentemente, este fato pode ocasionar uma flutuação de etnicidade entre os grupos investigados, o que poderia gerar interpretações errôneas dos resultados. 7 CONCLUSÃO • Não foi encontrada associação do polimorfismo Arg194Trp/XRCC1 com o desenvolvimento de diferentes neoplasias. • Quanto ao polimorfismo Thr241Met/XRCC3, observou-se uma associação significativa para susceptibilidade ao câncer. Os resultados deste estudo demonstraram que indivíduos portadores dos genótipos CC e CT apresentam um efeito de redução do risco de desenvolvimento de câncer de 76% e 42%, respectivamente, se comparados a indivíduos portadores de genótipo homozigoto mutante TT. 8 PERSPECTIVAS Apesar dos resultados do presente estudo terem fornecido informações importantes com relação aos genes estudados, estes devem ser considerados com prudência devido a existência de algumas limitações. A primeira limitação é com relação ao número de variáveis de interferência analisados. Sendo assim, a fim de alcançar conclusões mais convincentes, pretende-se ampliar o número de variáveis clínico-epidemiológicas nas análises desse estudo, tais como: exposição a agentes carcinógenos químicos (quimioterápicos) e físicos (radiações ionizantes, UV), hábitos como o alcoolismo e tabagismo, para assim definir com maior precisão quais variáveis podem interferir na susceptibilidade a cada tipo de câncer investigado. A segunda limitação é referente ao número amostral restrito analisado nesse estudo, que ainda não é suficiente para tirar uma conclusão final da relação dos efeitos dos SNPs investigados e a susceptibilidade ao câncer, já que os resultados para o genótipo TT não foram significativos. Logo, é necessário que se amplie o número amostral analisado para tornar a investigação mais robusta. 27 Pretende-se também futuramente incluir nas análises desse estudo o controle genômico de ancestralidade, uma vez que a população brasileira apresenta uma elevada taxa de miscigenação entre os diferentes grupos étnicos. Sendo assim, torna-se relevante controlar o efeito dessa subestruturação populacional, que é nítida, principalmente na região norte do Brasil. 28 REFERÊNCIAS ABDEL-RAHMAN, S. Z.; SOLIMAN, A. S.; BONDY, M. L.; OMAR S. ELBADAWY, S. A.; KHALED, H. M.; SEIFELDIN, I. A.; LEVIN, B. Inheritance of the 194Trp and the 399Gln variant alleles of the DNA repair gene XRCC1 are associated with increased risk of early-onset colorectal carcinoma in Egypt. Cancer Letters,159: 79-86. 2000. ANDREW, A. S.; Karagas, M. R.; Nelson, H. H.; Guarrera, S.; Polidoro, S.; Gamberini, S.; Sacerdote, C.; Moore, J. H.; Kelsey, K. 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