UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA Área de Concentração: Petrologia e Metalogênese DISSERTAÇÃO DE MESTRADO AS ROCHAS VULCANOSSEDIMENTARES DO GREENSTONE BELT DO RIO ITAPICURU NA AREA DA MINA FAZENDA BRASILEIRO: PETROGRAFIA E GEOQUIMICA Mestranda: ZILDA GOMES PENA Orientadores: Profa. Dra. Débora Correia Rios Prof. Dr. Herbet Conceição Salvador 2013 AS ROCHAS VULCANOSSEDIMENTARES DO GREENSTONE BELT DO RIO ITAPICURU NA AREA DA MINA FAZENDA BRASILEIRO: PETROGRAFIA E GEOQUIMICA por: Zilda Gomes Pena Geóloga (Universidade Federal da Bahia - 2008) DISSERTACAO DE MESTRADO Submetida em satisfação parcial dos requisitos ao grau de MESTRE EM CIÊNCIAS - GEOLOGIA à Câmara de Ensino de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia COMISSÃO EXAMINADORA: _______________________________ Dra. Débora C. Rios – Orientadora – UFBA _______________________________ Dr. Herbet Conceição – Co-Orientador - UFS ____________________________ Dra. Maria de Lourdes da S. Rosa - UFS _______________________________ Data da Defesa Pública: 25 / 10 / 2013. Dr. Aroldo Misi - UFBA DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus filhos Armando, Ariel, Arã e Ari Pedro que são uma das razões que me impulsionam a buscar uma vida nova a cada dia e instante. Aos meus pais, à minha neta Maria Inês e a algumas pessoas que marcaram a minha vida, umas que me ajudaram na construção, outras que me apresentaram projeto de sonho, e outros ainda que me desafiaram a construí-los. AGRADECIMENTOS A Deus, que me concedeu a oportunidade de realizar mais um sonho. Aos meus filhos que ao longo das minhas lutas e conquistas sempre estiveram ao meu lado, dando-me apoio em todos os momentos e sofrendo com minha ausência. Aos meus pais Francisco Alves Pena (In Memorian) e Darcy Gomes Pena, que mesmo sem querer um dia sonharam com esse momento. A meus irmãos, que sempre estiveram torcendo por mim. As minhas primas e irmãs Sandra Cristina e Dilma (In Memorian), que com palavras de incentivo e amor, me ajudaram a prosseguir e nunca desistir. À minha tia Dilza Gomes e ao meu tio Walter Gomes (In Memorian) que nas horas de sufoco sempre estiveram ao meu lado. Em especial a minha avó Maria de São Pedro, que não está mais entre nós, mas foi quem me ensinou muito sobre a vida e a acreditar que somos capazes de sonhar e realizar os sonhos mesmo que para todos pareçam impossíveis e inacreditáveis. À equipe de trabalho da Mina Fazenda Brasileiro que durante o estágio de campo, me deram toda atenção e apoio, Maurício Assis, Marina Campos, Tiago Novais e Jorge Oliveira. Pelas conversas geológicas durante o estágio de campo, Valéria, Davi, Tiago Eloi, Rodrigo entre outros. Aos colegas e ex-colegas do Grupo de Pesquisa “Laboratório de Petrologia Aplicada a Pesquisa Mineral” (GPA). À professora Amalvina, pelas conversas petrográficas e aos grandes momentos de reflexões e alegrias. Paulo Fernandes pelas discussões petrográficas e bate-papos descontraídos e alegres. Ana Carla Salinas, Ricardo Nascimento, Mônica Cunha, Vilberto, Rita Menezes, Henrique, Manoel Teixeira, Sâmia Silva, André Lyrio, Danilo Sousa, Cláudio Rosato, Maurício, Nicolas, Acácio, Diego Veras, Diego (Goiaba), Eraldo Bulhoẽs, José Elvir, Altamirando Junior, Tiago Costa, Josemar, Esdras, Marília, Marilda Pinto, Ana Fábia. À minha amiga especial, Tathiane Improta, que sempre me deu apoio. Aos professores do Instituto de Geociências, e em especial aos professores do curso de pós-graduação em Geologia da UFBA, pois através das suas instruções, podemos desenvolver raciocínios críticos fundamentais para a nossa formação. Aos colegas de curso pós-graduação: Agnaldo Barreto, Giselle Damasceno, Ana Carolina, e Eder que me proporcionaram ótimos momentos de descontração e aprendizado. À minha orientadora, professora Dra. Débora Correia Rios, por acreditar em mim, incentivando-me a prosseguir o longo caminho da graduação e pós-graduação. Acreditando no meu trabalho, deu-me a liberdade necessária, dividindo comigo as expectativas, conduziu-me a maiores reflexões e desta forma enriqueceu-me. Minha especial admiração e gratidão. Aos amigos e professores Herbet Conceição e Maria de Lourdes da Silva Rosa (UFS), que muitas vezes agiram como meus pais, dando-me carinho, broncas e motivação. Com suas críticas, sugestões e apoio me ajudaram a transformar idéias em palavras. Meu eterno carinho, amor e gratidão. Aos funcionários do Instituto de Geociências, em especial aos bibliotecários, Joceane (Biblioteca Central), Aldacir, Evandro, Gil, Neves, Sandra, Bossal, Helenita, Sr. Manoel, Sr. Ferraz (in memorian), Alberto, André Calmon, Sr. Álvaro, Sr. Carlos, Joida, Mary, Carlos (Bossal) entre outros. À minha segunda família, Pedro Aragão, Rose Maria, Reidalva, Adson e Washington, que mesmo de longe sempre estiveram dando-me apoio e força. Aos meus estimados amigos Aloísio Paixão, Djalma Raimundo, Joselito Pinto, André Olávio, Marcela Silva, João Raimundo, Jorge, Maurício Nonato que sempre estiveram acompanhando de perto esta caminhada, dando-me apoio e carinho. Ao meu irmão do coração, Dr. Nelson, que sempre esteve presente nos momentos de sufoco e alegria. E por fim, a todos em que, nos momentos difíceis, encontrei nos seus sorrisos, o estimulo do “Nunca Desista de Sonhar!”. MENSAGEM “Os que confiam no Senhor serão como o monte se Sião, que não se abala, mas permanece para sempre.”. Salmos 125:1 RESUMO Esta dissertação apresenta novos dados petrográficos e litogeoquímicos para as rochas da sequência vulcanossedimentar do Greenstone Belt do Rio Itapicuru (GBRI), na região da Mina Fazenda Brasileiro. O trabalho baseou-se principalmente em estudos nas rochas de subsuperfície da mina Fazenda Brasileiro (MFB) especificamente na sequência Fazenda Brasileiro. O Cráton do São Francisco (CSF), onde está localizada a área de estudo, é o maior remanescente de terrenos Precambrianos preservados na Plataforma Brasileira. Os terrenos do GBRI estão situados na porção nordeste do CSF, na área conhecida como Núcleo Serrinha (NSer). Possui aproximadamente 80x40 km, sendo rodeado por um embasamento granítico-gnáissico e cortado por vários granitos de idade Arqueana. Como a maior parte dos greenstones do CSF, o GBRI foi afetado por metamorfismo de fácies xisto-verde a anfibolito de baixo grau durante o Paleoproterozóico, aproximadamente a 2,07-2,08 Ga, um período em que a região em estudo também sofreu muitas intrusões de granitos potássicos pós-tectônicos e metamorfismo regional de alta temperatura. Os estudos petrográficos revelaram a presença de diversas texturas, tanto ígneas reliquiares, como texturas que indicam a atuação do metamorfismo (crenulação, lepidoblástica, nematoblástica, granoblástica) e que marcam a foliação descrita pela rocha. A partir dos estudos petrográficos foram identificadas: (i) rochas máficas-ultramáficas, essencialmente basaltos, (ii) e uma sequencia de lavas félsicas e intermediárias variando em composição de andesitos a riolitos. Ambas são cortadas por TTGs Arqueanos e Paleoproterozóicos, caracterizada na área de estudo pelos granitos Araci, Barrocas e Teofilândia, e também pelo magmatismo alcalino potássico como, por exemplo, o corpo de Barroquinhas. Ocorrem ainda corpos intrusivos sub-vulcânicos, representados por riodacitos, quartzo-dioritos. (iii) A sequência metassedimentar consiste basicamente de metapelitos, metatufos e xistos grafitosos, associados a carbonatos, e muitas vezes mineralizados em sulfetos e metais-base, que representam um menor componente. Devido às evidentes dificuldades na delimitação das litologias nas unidades e sequências clássicas da literatura preferiu-se estabelecer critérios litogeoquímicos para a descrição das amostras estudadas. As análises químicas mostraram a presença de dois conjuntos distintos: (i) toleiitico e (ii) cálcio-alcalino. Foi ainda possível identificar rochas com características sugestivas de um vulcanismo mais alcalino (shoshonítico) e distinguir rochas em campo descritas como sedimentares, como em verdade rochas vulcânicas muito finas (cinzas, aglomerados) e alteradas. Os dados aqui apresentados colaboram trazendo uma melhor compreensão das variações temporais e de caráter químico entre os diversos termos litológicos da MGB. O fato é que as rochas descritas como “Sequência Fazenda Brasileiro” estão relacionadas a eventos geológicos bem distintos, envolvendo diferentes pulsos de vulcanismo intercalados por sedimentação. As dificuldades na descrição das rochas do GBRI, na individualização dos pulsos vulcânicos, associada à confusão de nomenclatura entre os termos de mina e os clássicos levam à proposição de inúmeros modelos evolutivos para a região, o que torna ainda mais complexo o seu entendimento. Esta complexidade relaciona-se a fatores que incluem: (i) a extensa evolução química de cada uma das series magmáticas identificadas, com a presença de termos ultrabásicos a ácidos tanto na série toleiítica quanto na cálcioalcalina; (ii) a dificuldade de se obter uma idade mais precisa para os diferentes grupos de rochas em função da limitação das fases datáveis, (iii) a pronunciada recristalização e o intenso fluxo de fluidos ligados ao processo de hidrotermalismo, metamorfismo e deformação, que mascaram e agravam a complexidade estrutural da área. Palavras-chave: Greenstone Belt do Rio Itapicuru, Mina Fazenda Brasileiro, Petrografia, Litogeoquímica ABSTRACT Keywords: ÍNDICE DEDICATÓRIA AGRADECIMENTOS MENSAGEM RESUMO ABSTRACT ÍNDICE ÍNDICE DE FIGURAS ÍNDICE DE TABELAS ÍNDICE DE ANEXOS LISTA DE ABREVIATURAS Capítulo 1. INTRODUÇÃO 1.1 Objetivos da Dissertação 1.1.1 Objetivo Geral 1.1.2 Objetivos Específicos 1.2. Importância do Tema 1.3. Aspectos Gerais da Área de Estudo 1.3.1. Localização e Acessos 1.3.2. Clima 1.3.3. Vegetação e Solos 1.3.4. Geomorfologia 1.3.5. Hidrografia 1.3.6. Aspectos da Economia Local 1.4. Breve Histórico da Mina Fazenda Brasileiro 1.5. Métodos Aplicados 1.5.1. Levantamentos Bibliográficos 1.5.2. Trabalho de Campo e Amostragem 1.5.3. Descrições Petrográficas 1.5.4. Análises Litogeoquímicas 1.5.4.1. Análises Litogeoquímicas no ICP-OES do IGEO-UFBA 1.5.4.2. Análises Litogeoquímicas no XRF do IQ-UFBA 1.5.4.3. Análises Litogeoquímicas por ICP-MS no Acmelab 1.5.5. Tratamentos de Dados 1.6. Estrutura da Dissertação Capítulo 2. GREENSTONE BELTS NO BRASIL E NO MUNDO 2.1. Greenstone Belts 2.2. Geologia do Precambriano 2.2.1. Importância do Estudo de Terrenos Granito-Greenstone 2.3. Greenstone Belts na Bahia 2.4. Contexto Geológico Regional - O Núcleo Serrinha 2.4.1. O Magmatismo Arqueano no NSer 2.4.1.1. O Complexo Santaluz 2.4.1.2. O Complexo Uauá 2.4.1.3. Sumário do Arqueano no Núcleo Serrinha 2.4.2. O Magmatismo Paleoproterozóico no NSer 2.4.2.1. Granitogênese 2.4.2.2. Greenstone Belts 2.4.2.2.1. O Greenstone Belt do Rio Itapicuru – GBRI 2.4.2.2.2. O Greenstone Belt Rio Capim - RC 2.5. O GBRI em Perspectiva Histórico-Cientifico 2.6. Considerações Finais sobre a Evolução Geológica do GBRI 2.7. Sumário Capítulo 3. ARTIGO RBG “A Sequência Fazenda Brasileiro do Greenstone Itapicuru (BA): Caracterização Petrográfica e Litogeoquímica” 3.1. Introdução 3.2. A Mina Fazenda Brasileiro 3.3. Metodos Aplicados 3.4. Caracterizacao Geologica 3.4.1.Reconhecimento geologico e amostragem 3.4.2. Furos de sondagem 3.5. As Rochas de Afinidade Toleiitica 3.5.1. Rochas Ultrabasicas (TUB) 3.5.2. Rochas Basicas (TB) 3.5.3. Rochas Intermediarias (TI) e Acidas (TA) 3.6. As Rochas de Afinidade Calcio-Alcalina 3.5.1. Rochas Ultrabasicas (CAL-UB) e Basicas (CAL-B) 3.5.2. Rochas Intermediarias e Acidas (CAL-IA) 3.5.3. Granito Teofilandia 3.7. As Rochas de Afinidade Shoshonitica 3.8. Rochas Metassedimentares 3.9. Litogeoquimica e Discussoes 3.10. Consideracoes Finais 3.11. Agradecimentos 3.12. Referencias Bibliograficas Capítulo 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Capítulo 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXOS Anexo 1. Sumário do inventário bibliográfico sobre dados analíticos disponíveis para amostras relacionadas com a Mina Fazenda Brasileiro. Anexo 2. Fichas de descrições petrográficas para as amostras estudadas neste trabalho. ÍNDICE DE FIGURAS CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO Figura 1. (A) Mapa do Brasil situando o Estado da Bahia. (B) Mapa do Estado da Bahia apresentando os limites do Cráton do São Francisco (em laranja) e a divisão dos terrenos do seu embasamento Arqueano em 3 núcleos: Serrinha, Remanso e Guanambi, de acordo com a proposição de Mascarenhas (1979). Figura 2. Mapa de localização e acessos à área de estudo - Mina Fazenda Brasileiro, Faixa Weber. Figura 3. Fotos de campo que permitem vislumbrar os aspectos gerais da área em estudo: (A) Vegetação local, (B) Solo, (C) Relevo, (D) Sisal, (E) Área da mina Fazenda Brasileiro (Cava Canto II), (F) Área da mina Fazenda Brasileiro (Cava Canto II). Figura 4. Fotos das atividades desenvolvidas em campo e nos laboratórios durante este estudo: (A) Descrição de furo de sondagem, (B) Coleta de amostras em testemunhos de sondagem, (C) Coleta de amostra em afloramentos, (D) Descrição petrográfica em microscópico óptico (GPA/IGEO), (E) Laboratório de Plasma (GPA/IGEO), (F) Laboratório de espectrometria de Raio X (IQ). Capítulo 2. GREENSTONE BELTS NO BRASIL E NO MUNDO Figura 1. Escala do tempo geológico no Precambriano (modifificada de Rollinson 2007). Figura 1. Mapa de distribuição dos principais crátons Arqueanos no globo terrestre (após Rollinson 2007). Figura 2. Mapa geológico simplificado do Núcleo Serrinha (após Rios et al. 2008), apresentando as principais unidades litológicas. Figura 3. Modelos de evolução geotectônica propostos para o GBRI. Capítulo 3. ARTIGO RBG “A Sequencia Fazenda Brasileiro do Greenstone Itapicuru (BA): Caracterização Petrográfica e Litogeoquímica” Figura 1. Mapa geológico simplificado do Núcleo Serrinha (modificada de Rios et al., 2009). Figura 4: Mapa geológico esquemático do GBRI na área da Mina Fazenda Brasileiro. Os locais de amostragem estão discriminados. Figura 5. Coluna estratigráfica da Faixa Weber (após Teixeira 1983). Figura 6. Registro fotográfico de pontos amostrados em superfície: (A) Contato nítido exposto entre o andesito e o metatufo/metapelito grafitoso na cava canto II; (B) Dacito aflorando no pit da CVRD; (C) Afloramento do Granito Teofilândia; (D) Afloramento da cava B1 com contato entre o metapelito carbonoso (MPC); actinolitacarbonato-clorita-xisto (CAX) e o quartzo-clorita-xisto magnético mineralizado (CLXM); (E) Entrada da mina subterrânea Barrocas Oeste, aflorando o quartzoclorita-xisto em contato com rocha félsica andesítica; (F) Aglomerado vulcânico com dobramento preservado. Figura 7. Distribuicao esquemática em perfil dos furos amostrados na Mina Fazenda Brasileiro, GBRI. Figura 6. Diagramas de classificação química utilizados para gerar agrupamentos para as rochas estudadas no Itapicuru. (A) Diagrama AFM mostrando os limites entre os campos cálcio-alcalino e toleiítico de acordo com a proposta de Irvine & Baragar (1971). (B) Diagrama que discrimina campos de rochas ígneas, sedimentares e metassedimentares, segundo a proposta de Garrels & Mackenzie (1971) aplicado aos “metapelitos” e “aglomerados vulcânicos” da Mina Fazenda Brasileiro. Figura 8. Classificação química para as rochas vulcânicas estudadas na Mina Fazenda Brasileiro utilizando o diagrama de álcalis total versus sílica (TAS) segundo a proposta de Middlemost (1994). Figura 9: Fotomicrografias das texturas observadas nas rochas toleiiticas. Ultrabasicas: (A) Textura típica das toleiticas ultrabásicas, (B) Carbonato em geminação polissintética. Básicas: (C) Fenocristais de augita e opacos em metagabro, (D) Aglomerado de apatita e carbonato em meta-andesito, (E) Fenocristal de plagioclásio com geminação carlsbad, (F) Foliação marcada pela biotita e clorita cortada por lente de calcita+quartzo+albita. Intermediarias: (G) Fenocristal de anfibólio deformado em matriz recristalizada, (H) Textura típica das rochas toleiticas intermediarias. Figura 10. Fotomicrografias representativas das texturas observadas nas rochas coletadas nos furos da MFB. (A) Vênulas e Micro-veios quartzo-carbonáticos cortando o metagabro toleiítico, (B) Fenocristais de arsenopirita no meta-gabro, (C) Textura grossa em meta-gabro cálcio-alcalino, (D) Textura da rocha meta-pelitica vulcânica, (E) Textura do metapelito carbonoso NS3218, cortada por veio de quartzo e carbonato, (F) Veio de quartzo cortando o metapelito NS3220B. No veio granítico boudinado que passa a veio de quartzo puro e corta a amostra 3236 observou-se feldspato alcalino, subédrico a anédrico, macla Carlsbad, bordos irregulares e estão totalmente deformados. O quartzo ocorre em agregados poligonais e a albita esta alterada e de aspecto sujo. Figura 11. Fotomicrografias representativas das microtexturas observadas nas rochas da MFB. Calcioalcalinas: (A) Textura nematoblástica, crenulação, cortadas por microveio de carbonato + quartzo em rocha básica, (B) Fenocristal de anfibólio subédrico em matriz de textura nematoblastica com a foliação marcada por biotita em rocha básica. (C) Fenocristal de albita em matriz cloritizada, rocha intermediaria, (D) Textura lepidogranoblástica cortada por micro-veio de quartzo+albita+carbonato em rocha acida. Rochas de tendência shoshonitica: (E) Fenocristais de plagioclásio alterados em matriz cloritizada, (F) Fenocristais de plagioclásio e feldspato alcalino em matriz cloritizada. Carb=carbonato, Plag=plagioclásio, Anf=anfibólio, Cl=clorita, Qz=quartzo, Fss=feldspato. Figura 12. Diagramas ternários para rochas vulcânicas aplicados às amostras da MFB: (A) Classificação proposta para rochas vulcanicas de acordo com suas porcentagens cationicas de Al, (Fet + Ti), e Mg. Os campos das series toleiitica, calcio-alcalina e komateiitica correspondem a proposta de Jensen & Pyke (1982), com os limites redefinidos por Rickwood (1989). Discriminantes geotectônicos com base em elementos menores (B) Proposta de Pearce et al. (1975) para diferenciar entre basaltos oceânicos e continentais. ; (C) Proposta de Mullen (1983) para basaltos e andesitos basaltos com 45% - SiO2 - 54%. (D) Proposta de Pearce et al. (1977) com base na química de elementos maiores para basaltos sub-alcalinos e andesiticos (51% < SiO2 < 56%, análises recalculadas a seco). Figura 13. Diagramas multi-elementares para as concentrações de elementos terras raras nas rochas toleiiticas (A), cálcio-alcalinas (B) e sedimentares (C) do GBRI na MFB, normalizados pelo condrito (Boynton, 1984) ÍNDICE DE TABELAS Capítulo 2. GREENSTONE BELTS NO BRASIL E NO MUNDO Tabela 1. Exemplos de Greenstone Belts hoje utilizados como importantes fontes de informações sobre a Terra Primitiva (modificada de Rollinson 2007). Capítulo 3. ARTIGO RBG “A Sequencia Fazenda Brasileiro do Greenstone Itapicuru (BA): Caracterização Petrográfica e Litogeoquímica” Tabela 1. Análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR e parâmetros de classificação para as amostras estudadas. Tabela 2. Sumário das descrições petrográficas dos litotipos estudados na mina Fazenda Brasileiro, GBRI. Tabela 2. Tabela apresentando a mineralogia normativa, a partir da norma CIPW e alguns parâmetros litogeoquímicos para as amostras estudadas. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Al2O3 – Óxido de Alumínio AS – Afloramento de Superfície Au – Ouro Aw – Classificação de climática de Köppen: clima tropical com estação seca de Inverno BA – Bahia Ba – Bário Bsh – Classificação de climática de Köppen: clima das estepes quentes de baixa latitude e altitude CaO – Óxido de Cálcio CAP – Carbonato Plagioclásio CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CAX – Sericita Clorita Carbonato Xisto CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral CCX – Carbonato Clorita Xisto Cfa – Classificação de climática de Köppen: clima temperado úmido com Verão quente CIPW – Cross, Iddings, Pirsson and Washington. CLX – Quartzo Clorita Xisto CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Co – Cobalto CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Cr – Cromo CSF – Cráton do São Francisco Cu – Cobre CVCM – Cinturão Vulcano-sedimentar Contendas-Mirante CVRD – Companhia Vale do Rio Doce DNPM – Departamento Nacional de Pesquisa Mineral DOCEGEO – Rio Doce Geologia e Mineração S/A ETR – Elementos terras raras EUA – Estados Unidos das Américas Fe2O3 – Óxido de Ferro II FeO – Óxido de Ferro Ga – Giga anos GBMN – Greenstone Belt de Mundo Novo GBRI – Greenstone Belt do Rio Itapicuru GBRS – Greenstone Belt de Riacho de Santana GBU – Greenstone Belt de Umburanas GPA – Grupo de Petrologia Aplicada à Pesquisa Mineral GRC – Grupo Rio Capim IBGE – Instituto Brasileiro ICP- OES – Espectrometria de emissão óptica com plasma indutivamente acoplado IGEO – Instituto de Geociências IQ – Instituto de Química K2O – Óxido de Potássio Km – Quilômetros Ma – Milhões de anos MgO – Óxido de Magnésio MnO – Óxido de Manganês MPC – Metapelito Carbonoso MPV – Metapelito Vulcânico Na2O – Óxido de Sódio NE – Nordeste Ni – Níquel N–S – Norte / Sul NSer – Núcleo Serrinha NW – Noroeste P.F – Perda ao fogo P2O5 – Óxido de Fósforo Pb – Chumbo Pb-Pb – Chumbo/Chumbo pH – Potencial hidrogeniônico PLGB – Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil Rb – Rubídio S – Enxofre SiO2 – Óxido de Silício Sm/Nd – Samário/Neodímio Sr – Estrôncio SUDENE – Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste t – Tonelada TiO2 – Óxido de Titânio TS – Testemunho de Sondagem TTG – Tonalitos Trondjemitos Granodioritos UFBA – Universidade Federal da Bahia UFS – Universidade Federal de Sergipe UMP – Unidade Maria Preta U-Pb – Urânio/Chumbo V – Vanádio Y–Y Zn – Zinco Zr – Zircônio Capitulo 1 Introducao Abordagens: 1.1 Objetivos da dissertacao 1.2 Importância do Tema 1.3 Aspectos Gerais da Área de Estudo 1.4 Breve Historico da Mina Fazenda Brasileiro 1.5 Metodos Aplicados 1.6 Estrutura da Dissertacao As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 1 INTRODUÇÃO Greenstone Belts são definidos como cinturões de rochas verdes com sucessões de rochas supracrustais dominadas por rochas vulcânicas (vulcanossedimentares) deformadas, metamorfisadas em baixo grau metamórfico no fácies xisto verde, e que geralmente ocorrem nas regiões de escudos nos crátons Arqueanos (Neves, 2008). No Estado da Bahia, as rochas vulcanossedimentares ocorrem em diversos compartimentos do Cráton do São Francisco (CFS), uma entidade geotectônica consolidada no final do Arqueano, e posteriormente reconfigurada por eventos orogênicos no Proterozóico. Conforme definido por Almeida (1977), o CSF abrange os territórios dos estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás, além de pequena porção dos estados de Sergipe e Pernambuco, sendo limitado pelas faixas de dobramentos marginais: Rio Preto, Riacho do Pontal, Brasília, Sergipana, e Araçuaí (Figura 1). Figura 1. (A) Mapa do Brasil situando o Estado da Bahia. (B) Mapa do Estado da Bahia apresentando os limites do Cráton do São Francisco (em laranja) e a divisão dos terrenos do seu embasamento Arqueano em três núcleos: Serrinha, Remanso e Guanambi, de acordo com a proposição de Mascarenhas (1979). Mascarenhas (1979) subdividiu os terrenos do embasamento do CSF na Bahia em três núcleos arqueanos: (i) Guanambi, a oeste; (ii) Remanso, na porção central do Estado; e, (iii) Serrinha, a leste (Figura 1B). Estes três núcleos antigos são circundados por cinturões móveis granulíticos, de idade Paleoproterozóica. O Núcleo Serrinha (NSer) abrange uma área de cerca de 21.000 km2 nos quais se encontram as rochas vulcanossedimentares do Greenstone Belt do Rio Itapicuru, objeto de estudo desta dissertação. 1 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A BRASIL 41 B Núcleo Serrinha 45 Núcleo Remanso Núcleo Guanambi 10 CMSC Salvador CMUP NV 16 CMSC - Cinturão Móvel Salvador-Curaçá CMUP - Cinturão Móvel Urandi-Paratinga 0 200 km Figura 1. (A) Mapa do Brasil situando o Estado da Bahia. (B) Mapa do Estado da Bahia apresentando os limites do Cráton do São Francisco (em laranja) e a divisão dos terrenos do seu embasamento Arqueano em 3 núcleos: Serrinha, Remanso e Guanambi, de acordo com a proposição de Mascarenhas (1979). 2 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena O Greenstone Belt do Rio Itapicuru (GBRI, Kishida, 1979; Kishida & Riccio, 1980), localiza-se na porção sudeste do NSer, abrange uma área de cerca de 8.000 km2, e constitui três unidades lito-estratigráficas bastante distintas: (i) a unidade vulcânica máfica (UVM) basal, que se caracteriza como o assoalho de uma bacia do tipo retroarco, (ii) a unidade vulcânica félsica a intermediária (UVF), que corresponde ao arco vulcânico de margem continental, e (iii) a unidade sedimentar (US), caracterizada por metassedimentos (Teixeira & Kishida, 1980; Silva, 1983; Teixeira, 1984). A história da exploração de ouro e diamante na região esta ligada aos bandeirantes e garimpeiros e remonta ao inicio do século 19. Alem disto, nas litologias da parte sul do Greenstone Belt do Rio Itapicuru, encontram-se corpos de minério aurífero, geralmente associados a sulfetos, descobertos nos anos 70 pela Rio Doce Geologia e Mineração S.A. (DOCEGEO, 1981) através de um programa de prospecção regional. A explotação iniciouse em 1982 no sistema de lavra a céu aberto onde foram explotados 4,1 milhões de toneladas de minério, ao teor de 7,5 gramas de ouro por tonelada (DOCEGEO, 1982). Pela importância econômica da mineração de ouro na região os estudos tenderam a se concentrar na mineralização e ainda existe uma enorme carência de dados geoquímicos e petrográficos que caracterizem suas rochas hospedeiras. Esta dissertação visa colaborar para a redução desta lacuna. 1.1 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO 1.1.1 Objetivo Geral O trabalho aqui apresentado tem como objetivo principal caracterizar, compreender, rever, discutir e ampliar o conjunto de dados (campo, petrográfico e geoquímico) disponível para as associações litológicas de superfície e sub-superfície da região em torno da mina Fazenda Brasileiro, porção sul do GBRI. Pretende-se com este estudo contribuir para o conhecimento e interpretação das litologias relacionadas aos importantes depósitos de minerais metálicos presentes nesta área. 3 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 1.1.2 Objetivos Específicos Visando alcançar o objetivo proposto, a execução desta dissertação incluirá fases que atenderão aos seguintes itens específicos: (i) Realizar estudos petrográficos das litologias da mina Fazenda Brasileiro, a partir das amostras obtidas nos furos de sondagem e em superfície, (ii) Acrescentar novos dados químicos para elementos maiores, menores e traços, (iii) Caracterizar as variações composicionais nas diferentes litologias estudadas, e; (iv) Tentar caracterizar os processos genéticos responsáveis pela formação das rochas estudadas. 1.2 IMPORTÂNCIA DO TEMA Os trabalhos realizados até então propiciaram a identificação de domínios tectono- estruturais e levaram à elaboração de diversos modelos evolutivos que tentam explicar a evolução deste segmento crustal da região do NSer. No entanto, esta área ainda carece de dados petrográficos e litogeoquímicos, bem como estudos isotópicos que permitam entender a distribuição geocronológica das diferentes unidades do GBRI de forma mais precisa, visando suportar as hipóteses existentes e esclarecer as atuais divergências. 1.3 ASPECTOS GERAIS DA ÁREA DE ESTUDO A área selecionada para estudo concentra-se nos arredores da Mina Fazenda Brasileiro, entre os municípios de Teofilândia e Barrocas, nordeste do Estado da Bahia. Está completamente inserida na Folha Serrinha (SC.24-Y-D, CPRM) tendo sido incorporada aos trabalhos de levantamento geológico sistemático do Programa de Levantamento Geológicos Básicos do Brasil – PLGB, na escala de 1:100.000 (Melo, 1995). 4 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena O município de Barrocas é a sede da mina de ouro Fazenda Brasileiro, possuindo uma população de 13.182 habitantes (IBGE, 2007). De 1984 a 1999 a Mina Fazenda Brasileiro foi a 3a mais importante em produção no Brasil, responsável por mais de 10% do ouro extraído no país neste período (Thorman et al., 2001), ultrapassando 40t em volume. Atualmente a mina é explorada pelo grupo canadense Yamana Gold Inc., que tem progressivamente expandido as reservas e modernizado a pesquisa e extração de ouro na região. A Fazenda Brasileiro continua a ser uma das maiores minas de ouro do Brasil, apresentando reservas comprovadas do minério de 2.760.000 t, com o teor médio de 3,0 g Au/t e uma produção de cerca de 80.000 onças (2.267.961,85 t) de ouro/ano (Yamana Gold Inc., 2007). 1.3.1 Localização e Acessos A mina Fazenda Brasileiro situa-se na porção sudeste do GBRI, distando aproximadamente 194 km da capital do Estado, Salvador. A área deste estudo compreende cerca de 1.970 km2, limitados pelos paralelos 11º 34' a 11° 18' (Sul, 8.718.399 a 8.749.606) e pelos meridianos 39º 18' a 39º 00' (Oeste, 466.047 a 500.000). As principais vias de acesso incluem rodovias federais, estaduais e estradas não asfaltadas (carroçáveis). Partindo-se de Salvador, segue-se pela BR-324 por 117 km até o município de Feira de Santana, de onde se prossegue pela BR-116 por 95,4 Km até o município de Teofilândia. De Teofilândia até as instalações da mina são aproximadamente 12 km em estrada não asfaltada (Figura 2). Figura 2. Mapa de localização e acessos à área de estudo - Mina Fazenda Brasileiro, Faixa Weber. 1.3.2 Clima Segundo a classificação de KÖPPEN (Santos, 1962), a região nordeste da Bahia apresenta três tipos de clima quente e seco: Bsh, Cfa e Aw. 5 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 39o00’ BR Santa Luz Araci 84 09 Conceicao do Coité Sátiro Dias SERRINHA 0 -4 -0 BR - 11 BA Salgadália BA Teofilândia SERGIPE -3 49 20 -1 16 -1 BR BA Area deste Estudo “FAIXA WEBER 38o00’ BR -3 .A S. A. .F .F .S F.F . 12o00’ R R. . 24 Riachão do Jacuípe BR - 116 - 32 504 BA - ALAGOINHAS 4 BA - 093 FEIRA DE S A N TA N A Conceição de Feira -3 24 SANTO AMARO CANDEIAS R .S. .F.F R.F.F.S.A. 16 -1 BR BR A. Camaçari Simões Filho Lauro de Freitas Itaparica O S. ANTÔNIO DE JESUS NAZARÉ 13o00’ C VA L E N Ç A 0 10 20 30 40 50 km O BR -1 01 E A A T N L O Â N T I C SALVADOR ESCALA GRÁFICA Figura 2. Mapa de localização e acessos à área de estudo - Mina Fazenda Brasileiro, Faixa Weber. 6 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena O Bsh é o tipo de clima seco (árido e semiárido) caracterizado pelo fato da precipitação (volume de chuvas) ser menor do que a taxa de evaporação e transpiração. O Cfa é um tipo de clima que ocorre em regiões afastadas das grandes massas continentais e nas margens ocidentais situadas nas latitudes médias e altas; tipicamente um clima tropical quente-úmido. Por sua vez o Aw é a designação dada aos climas das regiões intertropicais caracterizados por serem megatérmicos, com temperatura média do ar em todos os meses do ano superior a 18°C, não apresentar estação invernosa, e ter precipitação anual superior à evapotranspiração potencial. Na área de estudo predominam os climas: Bsh e Aw. O clima Bsh, tipo estepe quente de baixa latitude e altitude, resulta em duas estações: uma seca, entre maio e outubro; e outra chuvosa, entre novembro e abril; com irregularidade, e temperaturas médias oscilando entre 20ºC e 28ºC. A taxa de precipitação pluviométrica anual varia de aproximadamente 500 mm a 700 mm. O clima Aw, tipo tropical com estação seca (clima de savana ou clima tropical de estações úmida e seca), predomina nas partes centrais e sudeste da região, com aproximadamente cinco meses secos e precipitações pluviométricas de inverno (julho) e verão (novembro-abril) com médias anuais entre 700 mm e 900 mm. 1.3.3 Vegetação e Solos A vegetação característica deste sertão é a caatinga arbórea aberta, com palmeiras cuja fisionomia se modifica segundo as condições de umidade. Na área em estudo, a caatinga é composta por pequenas árvores, arbustos e grande número de cactáceas, que estão adaptadas às condições extremas da escassez da água, deixando áreas do solo às vezes exposto, coberto com gramíneas espaçadas (Figura 3A). Figura 3. Fotos de campo que permitem vislumbrar os aspectos gerais da área em estudo: (A) Vegetação local, (B) Solo, (C) Relevo, (D) Sisal, (E) Área da mina Fazenda Brasileiro (Cava Canto II), (F) Área da mina Fazenda Brasileiro (Cava Canto II). 7 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A B C D E F Figura 3. Fotos de campo que permitem vislumbrar os aspectos gerais da área em estudo: (A) Vegetação local, (B) Solo, (C) Relevo, (D) Sisal, (E) Área da mina Fazenda Brasileiro (Cava Canto II), (F) Área da mina Fazenda Brasileiro (Cava Canto II). 8 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Os solos desenvolvidos na área compreendem dois domínios (Nascimento & Teixeira, 1986): (i) Domínio sem evolução pedogeoquímica: consiste em litossolos eutrópicos ou diastrópicos, rasos, com horizonte A fraco ou moderado, de textura média a argilosa e frequência pedregosa. (ii) Domínio com evolução pedogeoquímica: há uma variação de troca de cátions que se caracterizam nos diversos tipos de solos: latossolos, regassolos, podzólicos, diastróficos, eutróficos e areias quartzosas. Os argilominerais característicos são as caulinitas, ilitas, esmectitas, ora em associações ora isolados, de acordo com as taxas de saturação em bases e pH (Figura 3B). 1.3.4 Geomorfologia O relevo, na maior parte do mundo, apresenta saliências e depressões oriundas das eras geológicas passadas. Tais formas de relevo estão relacionadas aos tipos litológicos sobre os quais os processos morfológicos atuaram no decorrer do tempo geológico, delineando a topografia atual. Na área de estudo a principal unidade geomorfológica é representada pelo Pediplano Sertanejo (Figura 3C), onde predomina o relevo aplainado com suaves ondulações que formam cristas alinhadas no sentido norte-sul, representando o alinhamento de corpos intrusivos graníticos. Consequentemente, não são visualizadas saliências e depressões, a não ser pelos inselbergs graníticos presentes em pontos isolados, como testemunhas oculares da grandiosidade e do tempo decorrido desde suas formações. 1.3.5 Hidrografia A área de estudo está contida entre duas bacias hidrográficas principais: (i) A bacia do Rio Itapicuru tem uma forma alongada no sentido leste-oeste, com cerca de 350 km de extensão e 130 km de largura, ocupando uma área de 9 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 36.440 km², 90% destes localizados no polígono da seca. Isto equivale a aproximadamente 6,4% do território estadual. Os principais rios que a compõem são Itapicuru (Figura 3D), Itapicuru-Açu, Itapicuru-Mirim, Peixe, Cariaça e Quijingue. (ii) A bacia do Rio Inhambupe tem a sua nascente localizada no município de Teofilândia, em área de abrangência do clima típico de uma região semiárida. O rio Inhambupe desemboca no Oceano Atlântico na região de Baixios, Costa Litorânea do município de Esplanada. Ela abrange os municípios de Teofilândia, Serrinha, Biritinga, Água Fria, Sátiro Dias, Inhambupe, Aporá, Cardeal da Silva, Entre Rios, e Esplanada, com uma área de drenagem correspondendo a aproximadamente 36.440 km2. Os principais afluentes são: (a) Margem direita: rios Cajueiro, Vitória e Cabeça de Vaca e (b) Margem esquerda: rios Poções, das Chaves, da Una, Ribeiro, da Serra, Bu e riacho Dezoito. Na área da Mina Fazenda Brasileiro a drenagem assume um padrão dendrítico e intermitente, com segmentos retilíneos encaixados nos principais fraturamentos. 1.3.6 Aspectos da Economia Local A base econômica do município de Teofilândia está voltada para a agricultura, com propriedades agrícolas dedicando-se ao plantio de feijão, milho, mandioca e amendoim. O setor pecuário dedica-se a criação de bovinos, suínos, ovinos e caprinos. A fruticultura vem sendo desenvolvida com a produção de acerola, caju, goiaba, graviola, manga, laranja etc. Predominam as plantações de sisal, o qual apresenta uma excelente capacidade de adaptação, apesar das restrições climáticas impostas pelo meio (Figura 3E), e é outra importante fonte de renda para a região. O “território do sisal” integra os municípios de Araci, Barrocas, Biritinga, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Itiúba, Lamarão, Monte Santo, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, Santaluz, São Domingos, Serrinha, Teofilândia, Tucano e Valente. 10 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Nos recursos minerais, além da extração e exploração de rochas ornamentais, predominam na região de Santaluz, e em Barrocas, a explotação de ouro. A Mineração Fazenda Brasileiro, onde se concentra este estudo, atualmente pertence à Yamana Gold Inc. (Figura 3F). 1.4 BREVE HISTÓRICO DA MINA FAZENDA BRASILEIRO A mina de ouro Fazenda Brasileiro possui mais de 15 anos de experiência operacional. A produção teve inicio em 1984, como um pit-aberto, operação heap-leach. Em 1988, a produção evoluiu para operações subterrâneas com o processamento na usina CIP recém-construída. A mina evoluiu historicamente com uma continua substituição de reservas e atualmente esta em operação. Em 2003, o direito de lavra foi vendido para a Yamana Gold Inc. A Yamana Gold é uma empresa de mineração criada em 2003 na cidade de Toronto, no Canadá. Ela atua nas áreas de exploração, extração e beneficiamento de minério de ouro e têm diversas unidades operacionais na América do Sul, incluindo as localizadas no Brasil (Mineração Fazenda Brasileiro S.A., Teofilândia-Ba; Jacobina Mineração e Comércio S.A., JacobinaBA; Mineração Maracá, Alto Horizonte-GO; Minas São Francisco e São Vicente, respectivamente nos municípios de Vila Bela da Santíssima Trindade e Nova Lacerda-MT) no Chile (2), e na Argentina (1), além de minas nos EUA (1), e em Honduras (1). 1.5 MÉTODOS APLICADOS Para desenvolvimento de um método de trabalho e/ou pesquisa procura-se estabelecer uma metodologia cientifica adequada, alicerçada em critérios que possam permitir ampliar o conhecimento da área de estudo. Neste tópico serão apresentadas as principais atividades desenvolvidas dentro do cronograma do projeto de mestrado, com a finalidade de atingir os objetivos propostos. 11 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 1.5.1 Levantamentos Bibliográficos Foram consultados vários trabalhos científicos relacionados com a área de estudo, incluindo teses, dissertações, artigos, e resumos em eventos. Em um aspecto geral, os textos estudados discorrem sobre aspectos da geologia regional, contexto geotectônico, trazem dados litogeoquímicos e informações geocronológicas. Esta extensiva revisão bibliográfica teve como objetivo construir um sólido alicerce para a compreensão dos eventos geológicos que afetaram a região e uma visão do estagio atual do conhecimento na área a partir dos trabalhos previamente desenvolvidos, criando assim o background necessário para o desenvolvimento desta Dissertação. A listagem completa dos trabalhos consultados compõe o capítulo 5, Referencias Bibliográficas. Ao longo deste processo dados analíticos, relacionados com a Mina Fazenda Brasileiro, foram coletados e inventariados no intuito de sistematizar as informações disponíveis e elaborar um banco de dados sobre a petrografia, geoquímica, geocronologia e metalogênese da área em torno e na mina de ouro Fazenda Brasileiro. Um sumário deste inventário compõe o Anexo 1. 1.5.2 Trabalhos de Campo e Amostragem No intuito de checar os dados da bibliografia e obter amostras para os estudos subsequentes foram realizados trabalhos de campo, com duração de um (1) mês, em Janeiro de 2010, com apoio logístico da Yamana Gold Inc. As atividades desenvolvidas na Mina Fazenda Brasileiro (MFB) incluíram acompanhamento dos trabalhos desenvolvidos pelos geólogos, técnicos e funcionários da Yamana, além de acesso às publicações internas sobre os novos estudos e análises desenvolvidos pela empresa. Além da amostragem, a principal finalidade desta etapa foi gerar intimidade com a área de estudo, identificando, interpretando e descrevendo as litologias e feições presentes em amostras de afloramentos e em sub-superfície. 12 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Na sequência Fazenda Brasileiro foram realizadas as descrições para furos de sondagem realizados em grandes profundidades (>800 metros. Figura 4A). Nesta etapa a mestranda participou da descrição das litologias observadas ao longo de cada furo, bem como as suas transições, texturas e estruturas presentes. Figura 4. Fotos das atividades desenvolvidas em campo e nos laboratórios durante este estudo: (A) Descrição de furo de sondagem, (B) Coleta de amostras em testemunhos de sondagem, (C) Coleta de amostra em afloramentos, (D) Descrição petrográfica em microscópico óptico (GPA/IGEO), (E) Laboratório de Plasma (GPA/IGEO), (F) Laboratório de espectrometria de Raios-X (IQ). Ao todo foram coletadas na mina Fazenda Brasileiro 43 (quarenta e três) amostras georreferenciadas, sendo 13 (treze) em afloramentos de superfície (Figura 4C) e 29 (vinte e nove) a partir de testemunhos de sondagem (Figura 4B) realizados pela empresa Yamana Gold Inc. em cinco (5) furos distintos. Esta etapa que contou com o apoio do técnico Jorge Oliveira, dos geólogos Tiago Eloi e Tiago Xavier, e do estagiário, o estudante de geologia Gabriel Ito. De acordo com a descrição da mina, todos os furos estão localizados na sequência Fazenda Brasileiro, em uma camada de clorita-xistos (CLX) que podem apresentar intercalações de grafita-xistos (GRX) por meio de zonas de cisalhamento. Todas estas amostras têm como protólito o basalto interpretado como constituinte da unidade vulcânica máfica (UVM) basal do greenstone. Os testemunhos de sondagem selecionados para este estudo foram realizados em galerias subterrâneas (FX) e/ou em sub-superfície (FSS). Nesta etapa, acompanharam-se as descrições de furos, e realizamos também alguns descrições com o objetivo ampliar o conhecimento sobre as atividades realizadas na mina, e o comportamento estrutural e geométrico das sequências litoestratigráficas em sub-superfície. 13 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A B C D E F Figura 4. Fotos das atividades desenvolvidas em campo e nos laboratórios durante este estudo: (A) Descrição de furo de sondagem, (B) Coleta de amostras em testemunhos de sondagem, (C) Coleta de amostra em afloramentos, (D) Descrição petrográfica em microscópico óptico (GPA/IGEO), (E) Laboratório de Plasma (GPA/IGEO), (F) Laboratório de espectrometria de Raio X (IQ). 14 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Tanto nos furos de sondagem como nos afloramentos em superfície adotaram-se alguns critérios de descrição, incluindo: (i) Verificação das rochas presentes em todo o intervalo amostrado; (ii) Determinação dos limites litológicos; (iii) Observação das características das rochas nestes limites; (iv) Descrição dos contatos; e, (v) Descrição das características litológicas observadas em intervalos de 1 metro. A Tabela 1 traz um sumário das observações mais importantes acerca das amostras que compõem o acervo deste estudo, sumariando inclusive os resultados petrográficos e litogeoquímicos deste trabalho. Tabela 1. Descrição das amostras estudadas durante este trabalho. 1.5.3 Descrições Petrográficas As amostras coletadas foram catalogadas (numeradas) e fotografadas, e encaminhadas para a confecção de lâminas delgadas. As análises petrográficas foram realizadas nas dependências do Laboratório de Petrologia Aplicada a Pesquisa Mineral (GPA) da Universidade Federal da Bahia. Após as descrições macroscópicas, análises microscópicas foram realizadas com o auxílio do um microscópico binocular polarizante, de marca ORTHO Leinzt (Figura 4D). 40 (quarenta) lâminas delgadas foram confeccionadas a partir das amostras coletadas com a finalidade de descrever e caracterizar as relações texturais entre os minerais, descrever a mineralogia, e apreciar possíveis feições da micro-tectônica. As feições mais características de cada amostra coletada em furo de sonda foram registradas em microfotografias. Estas descrições petrográficas compõem o Anexo 2. 15 Unidade/ Sequencia Grupo Quimico Amostra Nomenclatura Litogeoquímica CAL-UB SED TB SED CAL-A TB CAL-B TB TB TI TI CAL-A TA 3206 3207 3208 3209A 3209B 3210 3211 3212A 3212B 3213A 3213B 3214 3215 UVM / FB EMB UVM-UFV / C II UVM-UFV / C II UVM-UFV / C II UVM / CB1 UVM / CB1 UVM / CB1 UVM / CB1 UVM-UFV / C II UVM-UFV / C II UVM / FB UVM / FB ------ ------ ----------- ------ 8,734,468 8,723,056 8,723,056 8,736,430 8,741,920 ----------------------------- 8,733,746 -------- -------- 8,733,746 -------- 8,734,468 8,733,746 -------- -------- 8,734,468 -------- 8,733,746 8,734,468 -------- -------- 8,734,468 -------- 498,272 497,359 484,494 484,494 494,051 494,051 491,922 491,922 491,922 491,922 494,051 494,051 494,051 Tabela 1. Descrição das amostras estudadas durante este trabalho. Aglomerado vulcânico Granito – Teofilândia Clorita xisto Clorita xisto Rocha andesítica ------ ------ Actinolita carbonato xisto Rocha andesítica ------ ------ ------ ------ ------ ------ Clorita xisto magnético Metapelito carbonoso Metapelito carbonoso Rocha félsica Metapelito carbonoso grafitoso com minério Metapelito carbonoso grafitoso sem minério FSS =Furo em Sub-Superfície, FX = Furo de Galeria, S=Sim, N=Não, Sequência: C=Canto, FB= Fazenda Brasileiro, UVM=Unidade Vulcânica Máfica, UVF= Unidade Vulcânica Félsica, US=Unidade Sedimentar. T= Toleitica, CAL=Calcioalcalina, SHO=Shoshonítica, UB=Ultrabásicas, B=Básicas, I=Intermediárias, A=Ácidas, SED=Rocha Sedimentar. Laboratórios: ICP: Plasma Inductivamente Acoplado a Espectrometria de Emissão Ótica do Instituto de Geociências da UFBA, XRF: Fluorescência de Raios-X do Instituto de Química da UFBA. ACME: Laboratórios Acme Analítica Ltda, análises pelo pacote 4A+4B. Coordenadas UTM Laboratorio de Análise Química N N N N N N N N N N N N N ICP Furo Amostrado/ Intervalo de Coleta N N N N N N N N N N S N S XRF Nome na Petrografia S S S S S S S S S S N S S Acme Descrição de Campo / Mina As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 16 Unidade/ Sequencia Grupo Quimico Amostra Nomenclatura Litogeoquímica TB TB SED TUB CAL-I SED TB TUB TB TI TB SED SHOB TUB TB TB SHOB 3216 3217 3218 3219 3220A 3220B 3221 3222 3223 3224 3225 3226 3227 3228 3229 3230 3231 Actinolita carbonato xisto Metapelito carbonoso Actinolita carbonato xisto Actinolita carbonato xisto UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB 17 Meta-feno-andesito Quartzo-plagioclasiocarbonato-albita-cloritaAlbita- carbonato-clorita xisto Quartzo-albita-clorita-xisto Metadiorito Meta-tufo Albita-carbonato-cloritaxisto Meta-andesito Meta-feno-andesito Meta-feno-andesito Meta-andesito Quartzo-carbonato-albitaclorita-xisto Carbonato-grafita-xisto e Albita-Anfibólio-xisto Albita-carbonato-grafitaxisto Meta-pelito Meta-andesito Meta-gabro 13,25 – 13,70m 16,60 – 16,95m 19,70 – 19,70m 22,20 – 22,70m 28,70 – 29,20m 28,70 – 29,20m 32,15 – 32,70m 40,80 – 41,35m 52,20 – 52,85m 62,00 – 62,55m 73,45 – 73,92m 87,60 – 88,90m 90,10 – 90,50m 96,50 – 97,00m 98,00 – 98,90m 103,00 – 103,55m 109,50 – 110,00m -------- 490,647 490,647 490,647 490,647 490,647 8,733,716 8,733,719 8,733,697 8,733,722 8,733,729 8,733,806 8,733,800 8,733,795 8,733,793 8,733,787 8,733,785 8,733,770 8,733,759 8,733,749 490,647 490,647 490,647 490,647 490,647 490,647 490,647 490,647 490,647 490,647 490,647 8,733,713 8,733,737 490,647 8,733,710 Tabela 1. Descrição das amostras estudadas durante este trabalho. Actinolita carbonato xisto Actinolita carbonato xisto Clorita Xisto Magnético Clorita Xisto Clorita Xisto Metapelito carbonoso Carbonato clorita xisto Carbonato clorita xisto Carbonato clorita xisto Carbonato clorita xisto Carbonato clorita xisto Actinolita carbonato xisto / Metapelito carbonoso Actinolita carbonato xisto / UVM / FB Metapelito carbonoso UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB Basalto Basalto-andesito Basalto-andesito Basalto Havaito Dacito Andesito Andesito Basalto Basalto Basalto ---- Andesito Basalto ---- Basalto Basalto FSS =Furo em Sub-Superfície, FX = Furo de Galeria, S=Sim, N=Não, Sequência: C=Canto, FB= Fazenda Brasileiro, UVM=Unidade Vulcânica Máfica, UVF= Unidade Vulcânica Félsica, US=Unidade Sedimentar. T= Toleitica, CAL=Calcioalcalina, SHO=Shoshonítica, UB=Ultrabásicas, B=Básicas, I=Intermediárias, A=Ácidas, SED=Rocha Sedimentar. Laboratórios: ICP: Plasma Inductivamente Acoplado a Espectrometria de Emissão Ótica do Instituto de Geociências da UFBA, XRF: Fluorescência de Raios-X do Instituto de Química da UFBA. ACME: Laboratórios Acme Analítica Ltda, análises pelo pacote 4A+4B. Coordenadas UTM Laboratorio de Análise Química N S N S S N N S N S S N N S N N S ICP Furo Amostrado/ Intervalo de Coleta N N N N N N N N S N N N N N N N N XRF Nome na Petrografia FURO FSS 00863 S N S N N S S N N N N S S N S S N Acme Descrição de Campo / Mina As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Unidade/ Sequencia Grupo Quimico Amostra Nomenclatura Litogeoquímica CAL-A TUB TUB - TUB TUB TB CAL-A TUB TUB CAL-B ---- 3232 3233 3234 3235A 3235B 3236 3237 3238 3239 3240 3241A 3241B UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM / FB UVM /FB UVM / FB UVM / FB Albita-anfibólio-carbonatoxisto Carbonato-albita-biotitaanfibólio-xisto Anfibólio-carbonato-albitagrafita- xisto Meta-andesito Feno-dacito Clorita-anfibóliocarbonato-albita-xisto Clorita-carbonatoanfibólio-albita-xisto Clorita-albita-anfibóliocarbonato-xisto Meta-gabro Biotita-clorita-carbonatoanfibólio-albita xisto Biotita-albita-anfibóliocarbonato-clorita-xisto Metabasito 2,00 – 3,00 m 3,00 – 4,00 m 4,00 – 5,00 m 4,00 – 5,00 m 5,00 – 6,00 m 6,00 – 7,00 m 7,00 – 8,50 m 1,00 – 2,00 m 5,00 – 6,00 m 9,00 – 10,15 m 9,00 – 10,15 m -------13,00 – 14,00 m 491,612 491,612 491,612 491,612 491,612 491,650 8,732,695 8,732,695 8,732,694 8,732,693 8,732,692 8,732,704 8,732,704 8,732,704 491,650 491,650 491,650 491,612 8,732,695 8,732,705 491,612 491,637 8,732,696 8,732,718 Tabela 1. Descrição das amostras estudadas durante este trabalho. Metapelito carbonoso Metapelito carbonoso Clorita Xisto Clorita Xisto Plagioclásio carbonato Clorita Xisto Clorita Xisto Clorita Xisto Clorita Xisto Clorita Xisto Clorita Xisto Metapelito vulcânico ------ Basalto-andesito Foidito Basalto Riolito Basalto-andesito Foidito Basalto -------- Basalto Foidito Dacito FSS =Furo em Sub-Superfície, FX = Furo de Galeria, S=Sim, N=Não, Sequência: C=Canto, FB= Fazenda Brasileiro, UVM=Unidade Vulcânica Máfica, UVF= Unidade Vulcânica Félsica, US=Unidade Sedimentar. T= Toleitica, CAL=Calcioalcalina, SHO=Shoshonítica, UB=Ultrabásicas, B=Básicas, I=Intermediárias, A=Ácidas, SED=Rocha Sedimentar. Laboratórios: ICP: Plasma Inductivamente Acoplado a Espectrometria de Emissão Ótica do Instituto de Geociências da UFBA, XRF: Fluorescência de Raios-X do Instituto de Química da UFBA. ACME: Laboratórios Acme Analítica Ltda, análises pelo pacote 4A+4B. Coordenadas UTM Laboratorio de Análise Química N S S N S S S S S S N ICP Furo Amostrado/ Intervalo de Coleta S N N N N N N N N N N XRF Nome na Petrografia FURO FX 06440 FX 06435 FURO FURO FX 06449 N N N S N N N N N N S Acme Descrição de Campo / Mina As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 18 Unidade/ Sequencia Grupo Quimico Amostra Nomenclatura Litogeoquímica TB TI TI CAL-A CAL-A - 3242 3243 3244 3245 3246 3247 UVF UVF UVM UVM / FB UVM / FB UVM / FB --------------- Diorito e Quartzo Diorito pórfiro Diorito e Quartzo Diorito pórfiro -------- -------- -------- 21,00 – 22,35 m 11,00 – 12,00 m 8,738,444 8,738,656 8,737,380 8,732,685 8,732,694 -------4,00 – 5,00 8,732,700 m 494,487 498,841 497,811 491,625 491,625 491. 625 Tabela 1. Descrição das amostras estudadas durante este trabalho. -------- Quartzo-anfibólio-albitaxisto Meta-gabro Carbonato-albita-anfibólioxisto Diorito e Quartzo Diorito pórfiro Clorita Xisto Clorita Xisto Clorita Xisto Dacito Riolito Basalto-andesito Basalto-andesito Basalto FSS =Furo em Sub-Superfície, FX = Furo de Galeria, S=Sim, N=Não, Sequência: C=Canto, FB= Fazenda Brasileiro, UVM=Unidade Vulcânica Máfica, UVF= Unidade Vulcânica Félsica, US=Unidade Sedimentar. T= Toleitica, CAL=Calcioalcalina, SHO=Shoshonítica, UB=Ultrabásicas, B=Básicas, I=Intermediárias, A=Ácidas, SED=Rocha Sedimentar. Laboratórios: ICP: Plasma Inductivamente Acoplado a Espectrometria de Emissão Ótica do Instituto de Geociências da UFBA, XRF: Fluorescência de Raios-X do Instituto de Química da UFBA. ACME: Laboratórios Acme Analítica Ltda, análises pelo pacote 4A+4B. Coordenadas UTM Laboratorio de Análise Química N N N N S S ICP Furo Amostrado/ Intervalo de Coleta N N N N N N XRF Nome na Petrografia FURO FX 06437 N S S S N N Acme Descrição de Campo / Mina As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 19 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A análise modal das amostras objetivou o conhecimento do percentual de volume dos minerais, com a finalidade de quantificá-lo volumetricamente. Contudo, tratando-se de rochas de origem vulcânica, com matriz muito fina a afanítica, este cálculo modal ficou comprometido, e optou-se por utilizar os diagramas de classificação normativa para nomear as amostras. 1.5.4 Análises Litogeoquímicas Das 43 (quarenta e três) amostras coletadas, 35 (trinta e cinco) foram selecionadas para estudos litogeoquímicos em rocha total. Nesta fase elas foram lavadas, visando à eliminação de resíduos de solo e vegetação e secas em temperatura ambiente. Nas dependências do GPA foram aplicados métodos clássicos de preparação de amostras de rochas para estudos litogeoquímicos com redução granulométrica no britador de mandíbulas, seguida por pulverização em shatterbox de panela de carbeto de tungstênio (< 200 mesh). As analises foram realizadas no Laboratório de Plasma Indutivamente Acoplado a Espectrometria de Emissão Óptica (ICP OES, 12 amostras), no Laboratório de Fluorescência de Raios-X (XRF, 4 amostras) da UFBA, e nos Laboratórios do AcmeLab (23 amostras). Para detalhes sobre o método analítico aplicado a cada amostra veja a Tabela 1. 1.5.4.1 Análises Litogeoquímicas no ICP-OES do IGEO-UFBA Além da obtenção do dado analítico, a realização desta etapa na UFBA objetivou o treinamento da mestranda em análises litogeoquímicas de rocha para estudos petrológicos. Os métodos para realização das análises de elementos maiores em rotina no GPA (Figura 4 E) observam os seguintes procedimentos: (i) Pesa-se aproximadamente 3 g da amostra no pesa-filtro e deixa secar por 3 horas a temperatura de 105°C a 110°C. Com o uso de dissecador, coloca-se a amostra para esfriar em temperatura ambiente. 20 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (ii) No cadinho de teflon, colocar-se 0,01 g da amostra, utilizando balança analítica. (iii) Adiciona-se 0,5 ml de água régia (3 HCl + HNO3) e 3 ml de ácido fluorídrico (HF). (iv) Coloca o cadinho de teflon dentro da Bomba de Paar. A Bomba de Paar é colocada em estufa a 136 °C, por 45 minutos. (v) Retira-se a Bomba de Paar da estufa e deixa esfriar a temperatura ambiente por cerca de 3 horas (3h). Com cuidado, abrem-se os cadinhos na capela de exaustão. (vi) Adiciona-se à amostra 2,8 g de acido bórico com agitação e aquecimento para dissolver os fluoretos insolúveis e obter total solubilidade dos sais. (vii) É feita a transferência das soluções dos cadinhos para um balão volumétrico de 100 ml e resfria-se à temperatura ambiente de 25°C. (viii) Avoluma-se a solução para 100 ml, acrescentando-se água pura e agitando para garantir a homogeneização. (ix) Transferem-se as soluções do balão volumétrico para frascos de polietileno de capacidade de 100 ml para aguardar a leitura no aparelho. Para as análises de elementos menores e traços, o procedimento de abertura química das amostras em rotina no Laboratório do Plasma são os seguintes: (i) Seguem-se os procedimentos de pesagem e secagem do método anterior (elementos maiores). O processo para menores difere do anterior por utilizar becker de teflon e não necessitar de Bomba de Paar. (ii) O ataque ácido utiliza ácido fluorídrico (HF), ácido perclórico (HNO 4) e ácido nítrico (HNO3) a 50%. 21 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (iii) Coloca-se os béqueres de teflon com a amostra para evaporar em placa de aquecimento a 180ºC por aproximadamente 3 (três) dias. Esta etapa visa eliminar Si, Mg, Na, Cl, e K, presentes na amostra na forma de sais. (iv) A amostra é então transferida para um balão volumétrico de capacidade de 50 ml e resfria-se a temperatura ambiente de 25° C; (v) A dissolução prossegue acrescentando-se ácido clorídrico a 50%; (vi) Transferem-se as soluções do balão volumétrico para frascos de polietileno de capacidade de 100 ml para leitura no aparelho. Para o método da perda ao fogo, seguem-se os seguintes passos: (i) Os cadinhos de porcelana numerados, vazios, e descontaminados, são calcinados a 950o C, por 15 minutos, em forno de mufla. (ii) Após aquecimento os cadinhos são transferidos para um dissecador, com o objetivo de retornarem a temperatura ambiente em uma atmosfera protegida. (iii) Cadinhos de porcelana são pesados em balança analítica (precisão 0,1 mg). (iv) Nos cadinhos aferidos são pesadas 1,0 g de cada amostra. As amostras são calcinadas a 950o C por duas horas, resfriadas no dissecador e pesadas. (v) A diferença de peso encontrada permite calcular a percentagem de perda ao fogo, a esta temperatura. 1.5.4.2 Análises Litogeoquímicas no XRF do IQ-UFBA Quatro (4) das amostras analisadas no IGEO não puderam ser totalmente decompostas pelo ataque quimico descrito no item anterior impossibilitando a sua analise pelo método do ICP OES (Tabela 1). Isto permitiu um avanço adicional no treinamento da mestranda através da analise destas amostras utilizando a Fluorescência de Raios-X (XRF, Figura 4F) do Instituto de Química da UFBA. 22 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena O laboratório de XRF opera sob a coordenação da professora Soraia Brandão que gentilmente disponibilizou-se a acompanhar a mestranda em suas análises. A metodologia de preparação e análise pode ser descrita como: (i) Depois de pulverizadas numa fração talco (< 200) mesh, as amostras são transferidas para pesa-filtros e secadas em estufa por aproximadamente 3 a 5 horas. (ii) Depois de resfriadas em dissecador a temperatura ambiente, pesa-se 2,4 g da amostra e 0,6 g de vaselina (graxa). Mistura-se bem o material pesado numa panela de ágata. (iii) No suporte para a prensa hidráulica coloca-se cerca de 0,5g de ácido nítrico em pó (que serve como base) e logo após a mistura, que é prensada durante 1 minuto na pressão de 10 bar. Esta etapa resulta em uma pastilha que e colocada no aparelho para a leitura analítica. 1.5.4.3 Análises Litogeoquímicas por ICP-MS no Acmelab Vinte e três (23) amostras foram enviadas aos laboratórios da Acmelab, para análise de elementos traços e ETR por ICP-MS, aplicando-se o pacote 4A+4B. Destas, 4 (NS 3206, 3208, 3210 e 3211) já haviam sido analisadas na UFBA. O objetivo destas duplicatas foi o de checar a reprodutibilidade das análises em rotina nos laboratórios da UFBA. Detalhes sobre a metodologia de abertura química aplicada encontram-se descritos em www.acmelab.com. As análises incluem dosagem das abundâncias totais dos óxidos de elementos maiores e alguns menores por ICP-OES após fusão em metaborato/ tetraborato de lítio e digestão em ácido nítrico diluído. A perda ao fogo (LOI) foi dosada por diferença de peso após ignição a 1000ºC. Adicionalmente C e S totais foram dosados por LECO. 23 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Os limites de detecção são de 0,01% para SiO2, Al2O3, CaO, MgO, Na2O, K2O, MnO, TiO2 e P2O5, de 0,04% para Fe2O3, 0,002% para Cr2O3, 5ppm para Ba, 0,1% para LOI, e 0,02% para C e S. Os elementos terras raras e refratários são determinados por plasma acoplado ao espectrômetro de massa (ICP-MS), seguindo a mesma metodologia de preparação já descrita. Os limites de detecção são da ordem de 8ppm para V; 1ppm para Ba, Be, Sn; 0,5 ppm para Ga, Sr, W; 0,3ppm Nd; 0,2ppm para Co, Th; 0,1ppm para Cs, Hf, Nb, Rb, Ta, U, Y, Zr, La, Ce; 0,01ppm Tb, Tm, Lu; 0,02ppm Pr, Eu, Ho; 0,03ppm Er; 0,05ppm Sm, Gd, Dy, Yb. Adicionalmente elementos preciosos e metais base foram dosados após digestão em água regia. Os limites de detecção são da ordem de 0,5 ppb para Au, 0,1ppm para Ag, Bi, Cd, Cu, Hg, Mo, Ni, Pb, Sb, Tl; 0,5ppm para Se; e 1ppm para As, Zn. 1.5.5 Tratamento de Dados Os dados obtidos foram tratados através de diversos softwares, com a confecção de planilhas dos bancos de dados em formato Excel©, cálculo da norma CIPW e diagramas geoquímicos através do Minpet 2.02 (Richard, 1995) e GCDKit (Janoušek et al., 2006), elaboração de textos em formato Word©, mapas e diagramas no Adobe Creative Suíte© e editoração final com o Adobe Acrobat Professional©. O banco de dados foi elaborado visando à confecção dos diagramas geoquímicos para avaliar a composição química das rochas, e classificá-las quanto à sua origem, natureza química, gênese, fracionamento magmático, e avaliação dos processos envolvidos em sua evolução. O arquivo Excel© adicionalmente apresenta uma síntese das informações obtidas, incluindo descrições macroscópicas, coordenadas geográficas, números de campo e escritório, folha topográfica, existência de fotos macro e microscópicas, etapas de preparação às quais a amostra foi submetida, e natureza dos dados gerados. 24 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Esta dissertação está estruturada em seis (6) capítulos e dois (2) anexos. Este primeiro capítulo traz uma breve introdução ao tema que motivou esta pesquisa, apresenta ao leitor os objetivos da pesquisa, descreve os aspectos gerais da área de estudo e discute detalhes das metodologias aplicadas no desenvolvimento deste trabalho. O segundo capítulo sintetiza as principais características dos Greenstones Belts Pré-Cambrianos, com ênfase nas litoestratigrafias e metalogênese, apresentando ao leitor uma revisão crítica do conhecimento sobre estes tipos de terrenos e suas ocorrências no Brasil e no mundo. Adicionalmente o capitulo aborda aspectos da geologia regional da área de estudo, situando o conhecimento atual no contexto histórico a partir de uma exaustiva revisão bibliográfica. O terceiro capítulo traz os principais resultados obtidos a partir dos estudos realizados durante esta dissertação. O capítulo está organizado em formato de artigo, submetido à Revista Brasileira de Geociências. O enfoque principal é a discussão do contexto petrográfico e geoquímico das sequências encontradas na região da Mina Fazenda Brasileiro. O quarto capítulo foi reservado para algumas considerações finais e traz, organizadas de forma sistemática, as principais conclusões obtidas a partir deste estudo. No quinto capítulo o leitor dispõe da completa listagem de referências bibliográficas utilizadas durante a confecção desta dissertação. Ao final do volume o leitor encontrara os Anexos que incluem o sumário do inventário bibliográfico sobre o Greenstone Belt do Rio Itapicuru e as fichas de descrições petrográficas. 25 Capitulo 2 Greenstone Belts no Brasil e no Mundo Abordagens: 2.1 Greenstone Belts 2.2 Geologia do Precambriano 2.3 Greenstone Belts na Bahia 2.4 Contexto Geologico Regional: O Nucleo Serrinha 2.5 O GBRI em uma Perspectiva Histórico-Cientifica 2.6 Consideracoes Finais Sobre a Evolucao Geologica do GBRI 2.7 Sumario As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 2 GREENSTONE BELTS NO BRASIL E NO MUNDO Este capítulo apresenta o referencial teórico que fundamentou o desenvolvimento desta dissertação. Inclui dados conceituais atualizados sobre Greenstone Belts Pré-cambrianos, foco principal deste trabalho. Adicionalmente o capitulo apresenta aspectos da geologia regional no Núcleo Serrinha e um breve histórico do estado da arte no Greenstone Belt Rio do Itapicuru, Bahia, a partir do qual tecemos nossa estratégia de trabalho, ações e objetivos. 2.1 GREENSTONES BELTS Greenstone Belts, ou cinturões de rochas verdes, são sucessões de rochas supracrustais constituídas por sequencias de rochas vulcânicas e sedimentares, deformadas predominantemente, em condições da fácies xisto-verde (Neves, 2001; Porto et al., 2005). A criação destes ambientes foi mais frequente no Arqueano, persistindo pelo Proterozóico e, consequentemente, greenstone belts encontram-se geograficamente concentrados nos escudos Pré-cambrianos, onde ocorrem como faixas alongadas ou irregulares, bordejadas ou intrudidas por granitóides. Cada Greenstone Belt, seja ele Arqueano ou Proterozóico, possui uma lito-estratigrafia particular, porém em quase todos, três sequencias de rochas são encontradas: (i) a sequência inferior, caracterizada por derrames de rochas vulcânicas máficas (toleiíticas) e ultramáficas (komateiíticas); (ii) a sequência intermediária, consistindo de ciclos de vulcanismo basáltico toleiítico alternando para composições mais félsicas, andesíticas e dacíticas, de afinidade cálcioalcalina; e, 27 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (iii) a sequência superior, onde predominam os termos sedimentares (arenitos, pelitos, rochas carbonáticas, formações ferríferas, grauvacas). A importância de se ampliar o conhecimento sobre estes terrenos reside não só na sua importância metalogenética, refletida nas frequentes associações com mineralizações de metais, em especial com ouro e níquel, além de prata, cobre, zinco e chumbo, mas também no conhecimento arquivado em suas rochas acerca dos períodos iniciais de formação da Terra Primitiva. 2.2 GEOLOGIA DO PRECAMBRIANO Conceitualmente, o Precambriano representa o período de tempo antes do atual Eon Fanerozóico (~542 Ma – presente). Os intervalos do Precambriano (Figura 1) são subdivididos por idades absolutas em várias Eras da escala de tempo geológico. Ele se estende desde a formação da Terra, em torno de 4500 Ma até o início do Fanerozóico. O Precambriano é assim chamado porque precede o Cambriano, o primeiro período do Eon Fanerozóico, que é nomeado após o nome do clássico do País de Gales, Cambria, onde rochas desta idade começaram a ser estudadas. Figura 1. Escala do tempo geológico no Precambriano (modifificada de Rollinson 2007). De acordo com a proposta de Gradstein (2005), a divisão estratigráfica do Precambriano consiste no Hadeano, Arqueano e Proterozóico. Durante o Hadeano (4,5 – 3,8 Ga) iniciaram-se os processos que levaram a formação da Terra Primitiva. O Hadeano coincide com a época de origem da Terra e do Sistema Solar; as etapas iniciais de diferenciação da Terra para formar a crosta, manto e núcleo; e estende-se até a origem da atmosfera, com a posterior condensação do vapor de água e a origem da 28 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Comissão Estratigráfica Internacional Ga PROTEROZOICO 2.5 2.8 3.2 NeoArqueano MesoArqueano PaleoArqueano 3.6 3.8 EoArqueano Registro das rochas mais antigas Gnaisse Itsaq (3.8Ga) Gnaisse Acasta (4.0Ga) HADEAN Xenocristais de zircão de Jack Hills (4.4Ga) 4.6 Figura 1. Escala do tempo geológico no Precambriano (modifificada de Rollinson 2007). 29 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena crosta continental. As rochas mais antigas da Terra são datadas a 3,96 Ga de idade (Gnaisse de Acasta, Canadá, Bowring et al., 1989). No Arqueano (~3,8 a 2,5 Ga) apareceram as rochas de alto grau metamórfico (granulitos, gnaisses e TTGs); os terrenos Granito-Greenstone (rochas vulcânicas e sedimentares comumente metamorfoseadas na fácies xisto-verde e intrudidas por granitos); e os BIFs (formações ferríferas bandadas), cherts vermelhos (jasper), e rochas sedimentares oxidadas ricas em ferro. Esta divisão demonstra o contraste que existe entre as associações litológicas e o grau de metamorfismo. O primeiro exemplo destas rochas Arqueanas foi descoberto nas seqüências ultramáficas komateiíticas na região de Barberton na África do Sul. Outro exemplo são as formações ferríferas bandadas (BIFs), rochas sedimentares produzidas por precipitação química extremamente rara no Fanerozóico, mas bastante comuns no Arqueano e Proterozóico. O Proterozóico (~2,5 - 0,5 Ga) apresenta uma geologia bastante variada. As províncias geológicas desta idade consistem dominantemente em rochas juvenis e no retrabalhamento de rochas mais antigas. As rochas são agrupadas de acordo com os tipos: (i) Complexo Arqueano reativado, (ii) Ortognaisses juvenis da associação TTG, (iii) Ortognaisses cálcio-alcalinos, (iv) Sequências supracrustais, e (v) Rochas plutônicas variadas. 30 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 2.2.1 Importância do Estudo de Terrenos Granito-Greenstone Rochas arqueanas datadas entre 2,5 e 3,8 Ga podem ser encontradas nos vários continentes (Figura 2) apesar de serem raros os registros de materiais terrestres com mais de 3,6 Ga. Contudo, este pequeno número de amostras do Eo-arqueano traz sustentáculo ao atual conhecimento sobre os primeiros anos da história da Terra, o qual é suplementado a partir do estudo de meteoritos e nas deduções baseadas na distribuição de alguns isótopos radiogênicos no manto da Terra. Recriar ambientes tectônicos e contextos geológicos nestas regiões antigas traz o desafio de montar um quebra-cabeça onde faltam várias peças e outras estão com as imagens distorcidas por pinturas subsequentes, o Proterozóico. Figura 2. Mapa de distribuição dos principais crátons Arqueanos no globo terrestre (após Rollinson 2007). O primeiro destes desafios é definir e caracterizar as ocorrências de terrenos granitogreenstone. Segundo De Wit & Ashwal (1995) não existe uma definição simples, em especial quando há ausência de volumes significativos de rochas basálticas metamorfisadas em graus relativamente baixos, e que produzam as características assembléias de minerais verdes, do tipo clorita. Além disto, há toda uma variedade de ambientes tectônicos preservados em Greenstone Belts Arqueanos, e muitos cinturões individuais são o resultado de complexas superposições, em particular nos arcos de ilha. As principais diferenças entre os terrenos Granito-Greenstone do Proterozóico em relação aos de idade Arqueana estão relacionadas às seguintes características nos mais jovens: (i) Ocorrência comum de exames de diques máficos, de complexos ígneos estratiformes e de um abundante magmatismo anorogênico; 31 São Francisco West African Mauritanian North Atlantic Nain Zimbabwe Kaapvaal Congo Lewisian Malgasy Tanzanian Aldan Pilbara North China Indian Ukrainian Fennoscandian Yilgarn Anabar Figura 2. Mapa de distribuição dos principais crátons Arqueanos no globo terrestre (após Rollinson 2007). Rochas mais antigas Cratons Arqueanos Amazonian Wyoming Slave Superior Greenland As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 32 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (ii) Raridade de rochas komateiíticas; (iii) Domínio de rochas cálcio-alcalinas sobre a associação TTG; e, no aparecimento de ofiolitos. De Wit (1998) apresentou dados referentes à caracterização geoquímica, geofísica e observações experimentais, para comprovar evidências geológicas de processos tectônicos atuando na placa arqueana. Os dados fundamentam-se na existência de idades entre 2,5-3,0 Ga para o Arqueano tardio (Neo a Mesoarqueano), principalmente através da base do rico banco de dados do Cráton Superior (Canadá). As idades para o Arqueano precoce (3,0-4,0 Ga) são mais abundantes nos Crátons de Pilbara (Austrália) e Kaapvaal (África do Sul). De Wit & Ashwal (1997) sintetizaram o conhecimento até então produzido sobre os principais Greenstone Belts. Estes autores apontam a existência de mais de 260 destes ambientes distribuidos nas maiores áreas cratônicas do globo (Figura 2), embora muitos deles sejam ainda poucos conhecidos. Dentre os Greenstone Belts que tem sido mais intensivamente estudados os citados autores destacam os de Barberton, Pietersberg (África do Sul), Stillwater, Yilgarn, Pilbara (Austrália), Abitibi, Bird River (América do Norte), Belingwe (África), Karelia (Europa), Isua (Groenlândia) e Taishan (Sul da Ásia). Devido à associação destes ambientes com os crátons onde foram encontradas as rochas mais antigas do planeta, estes terrenos tornaram-se importante fonte de informações sobre a Terra primitiva (Tabela 1). Tabela 1. Exemplos de Greenstone Belts hoje utilizados como importantes fontes de informações sobre a Terra Primitiva (modificada de Rollinson 2007). Na América do Sul os trabalhos ainda são bastante restritos (Rollinson, 2007), mas dois crátons Arqueanos são reconhecidos neste continente: o cráton Amazônico e o Cráton do São Francisco (Figura 2). 33 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Greenstone Belt País Cráton Idade (Ga) Principais caracteristicas Kalgoorlie Austrália Yilgarn 2,7 Abundantes rochas komatiíticas/ exploração dirigida por interesse da mineração do níquel ( Campbell e Hill, 1988, Swager et al., 1990, Bateman et al., 2001). Abitibi Canadá Superior 2,7 Grande em extensao. Apresenta estratigrafia diversificada. Possui diversas minas em exploração (Corfu, 1993, Ayer et al., 2002).. 2,7 Encontra-se discordante no cráton. Rochas komatiíticas bem preservadas. Palco de estudos conduzidos por interesses predominantemente acadêmicos (Wilson et al., 1995, Dirks et al., 2002). Belingwe Barberton Isua Zimbabwe Zimbabwe Sul da África Kaapvaal Groenlândia Atlântico Norte 3,45 Um dos primeiros a ser estudados em detalhes/ palco de estudos conduzidos por interesses acadêmicos e da mineração (Armstrong et al., 1990, Ronde and De Wit, 1994, . 3,8 O mais antigo greenstone belt/ região que pode preservar as provas para a vida antiga. Seus estudos foram iniciados por interesse em minérios. Recentemente as pesquisas focam em interesses acadêmicos (Nutman et al., 1984, 1996, Polat et al., 2002). Tabela 1. Exemplos de Greenstone Belts hoje utilizados como importantes fontes de informações sobre a Terra Primitiva (modificada de Rollinson 2007). 34 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Dentre os greenstones já mapeados nestas regiões cratônicas destacam-se os localizados em território brasileiro (Itapicuru, Rio Capim, Riacho de Santana, ContendasMirante, Umburanas, Crixás, Pilar de Goiás, Guarinos, Licínio de Almeida, Ibitira-Brumado, Boquira), o das Guianas (Omai) e o da Venezuela (Villa de Cura, Pastora). Voicu et al. (2001) fizeram uma revisão litoestratigráfica, geocronológica e metalogenética no Escudo de Guiana do Norte (América do Sul). O Escudo da Guiana possui uma superfície de aproximadamente 900.000 km2, representado o segmento norte do Cráton Amazônico na América do Sul, encontrando-se na sua maior parte entre as bacias do Amazonas (Brasil) e do rio Orinoco (Venezuela). A maior parte do Escudo da Guiana foi formado durante longos períodos de intenso magmatismo, metamorfismo e deformação, culminando com o evento tectono-termal de idade Transamazônica (entre 2,1 e 1,9 Ga). Terrenos de idade Arqueana (~3400 Ma) no Escudo da Guiana são conhecidos no Complexo Imataca, na Venezuela (Tassinari et al., 2000). Contudo, nestas áreas, as seqüências tipo greenstone com rochas vulcanossedimentares de baixo grau e intrusões graníticas associadas apresentam idades entre 2,25 e 2,08 Ga (Gibbs, 1980; Gibbs & Olszewski, 1982; Gibbs & Barron, 1983; Gruau et al., 1985; Meyer & MacCallum, 1993). Os terrenos mais jovens compreendem as seqüências sedimentares anorogênicas da Formação Roraima, bem como as rochas félsicas vulcânicas e intrusões associadas da Formação Uatumã, diques máficos da Suíte Avanavero, granitos tipo rapakivi e intrusões alcalinas. 2.3 GREENSTONE BELTS NA BAHIA Silva (1996) e Silva e Cunha (1999) apresentam as principais características dos Greenstone Belts e das sequências vulcanossedimentares inseridos no Cráton do São Francisco (CSF, Brasil), com idades Arqueanas e Proterozóicas. Nos terrenos do CSF no Estado da Bahia existem 7 (sete) terrenos que são atualmente aceitos como Greenstones: 35 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (i) o Greenstone Belt de Mundo Novo (GBMN – Núcleo Remanso, 3,22 a 3,29 Ga, Mascarenhas et al. 1992, Mascarenhas & Silva, 1994; Cunha et al, 1996, Peucat et al., 2002); (ii) o Greenstone Belt de Umburanas (GBU – Núcleo Guanambi, 2,7 a 3,1 Ga, Cunha & Fróes, 1994; Cunha et al., 1996b, Bastos Leal et al., 2003); (iii) o Greenstone Belt do Rio Capim (RC – Núcleo Serrinha, 2,14 a 2,29, rochas félsicas, e 2,52 a 2,79 Ga, rochas toleiíticas, U-Pb, Oliveira et al., 1998, 1999b, Winge & Danni, 1980; Schrank & Silva, 1993; Winge, 1984); (iv) o Cinturão Vulcanossedimentar Contendas-Mirante (CVCM – Núcleo Remanso, 2,35 Ga, Marinho et al., 1978, Cunha et al., 1981, Marinho, 1991); (v) o Greenstone Belt de Riacho de Santana (GBRS – Núcleo Guanambi, 2,22 Ga U-Pb zircão nos metabasaltos da unidade intermediaria, Rodrigues et al., 2012, Silveira & Cunha, 1997, Silveira & Garrido, 2000); (vi) o Greenstone Belt do Rio Itapicuru (GBRI – Núcleo Serrinha, 2,1 a 2,2 Ga Sm-Nd, Silva, 1987; Silva, 1996, Pimentel e Silva, 2003), objeto do presente estudo. (vii) o Greenstone Belt Rio Salitre (GBS - Nucleo Guanambi, 2,0 Ga, Dalton de Souza et al., 1979; Dalton de Souza & Teixeira, 1981; Angelim et al., 1993); 2.4 CONTEXTO GEOLÓGICO REGIONAL – O NÚCLEO SERRINHA Historicamente, o primeiro trabalho relativo ao CSF foi realizado por Almeida (1977). Desde então, o CSF tem sido objeto de diversas pesquisas. Neste trabalho iremos adotar a clássica apresentação de Mascarenhas et al. (1979), que divide os terrenos de embasamento do CSF em 3 núcleos antigos: Serrinha (NSer) a leste, Remanso (NRem) no centro, e Guanambi (NG) a oeste, separados por faixas móveis Proterozóicas (Figura 1.1). 36 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A geologia da região em estudo contextualiza-se com os conceitos teoricos relativos a terrenos granito-greenstone discutidos nos itens anteriores, situando-se na porção nordeste do Cráton do São Francisco (CSF), nos terrenos do Núcleo Serrinha (Figura 1.1), também conhecido como Bloco Serrinha. O NSer representa um clássico exemplo de terreno granito-greenstone, possuindo uma área aflorante de aproximadamente 21.000 km2, e sendo constituído por três conjuntos litoestratigráficos distintos (Figura 3, Rios, 2002, Rios et al., 2009): Figura 3. Mapa geológico simplificado do Núcleo Serrinha (após Rios et al. 2008), apresentando as principais unidades litológicas. (i) o embasamento granítico-gnáissico-migmatítico intrudido por granitos de natureza TTG e de idade arqueana (>2.8 Ga), denominado de Complexo Santaluz, ao Sul, e de Complexo Uauá, ao norte. (ii) as sequencias vulcanossedimentares do GBRI e do Rio Capim. (iii) vários granitos intrusivos que intrudem e/ou servem de substrato as rochas vulcanossedimentares. Estudos recentes permitiram enormes avanços na compreensão desta sucessão litoestratigráfica, permitindo agrupar estas rochas em duas unidades geocronológicas principais: (i) o Arqueano, que inclui o Complexo Santaluz, localizado ao Sul, e o Complexo Uauá, ao norte, e (ii) o magmatismo de idade Paleoproterozóica que inclui as sequencias vulcanossedimentares e uma extensa granitogênese. 37 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 8880 Monte Santo Euclides da Cunha Cansanção 8816 Quijingue Nordestina 70 70 75 60 Queimadas Santaluz 8752 Araci Bacia Mesozoica Tucano-Recôncavo Valente Rochas Carbonáticas Neoproterozoicas Cinturão Móvel Salvador-Curaçá Granitoides Greenstones Itapicuru e Capim Embasamento Gnáissico-Migmatitico Cidades Mina de Ouro 420 Teofilândia Conceição do Coité Serrinha 460 500 Figura 3. Mapa geológico simplificado do Núcleo Serrinha (após Rios et al. 2008), apresentando as principais unidades litológicas. 38 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Intrusões subvulcânicas no Brasiliano, representadas pelas rochas do Field Kimberlitico Braúnas (~0,5-0,7Ga, Pereira e Fuck, 2005, Rios et al., 2011, 2012, Donnati Filho et al, 2011) representam as últimas manifestações do magmatismo Proterozóico no NSer e sugerem a reativação de falhas profundas na região. 2.4.1 O Magmatismo Arqueano no NSer 2.4.1.1 O Complexo Santaluz O Complexo Santaluz (Seixas et al., 1975; Brito Neves et al., 1980; Sá, 1982; Davison et al., 1988; Pereira, 1992; Oliveira et al., 2004), localizado na porção sul do Núcleo Serrinha, é constituído por duas unidades litológicas distintas: (i) Os gnaisses bandados miloníticos são caracterizados pela alternância entre rochas gnáissicas cinzas, milonitos, e bandas anfibolíticas, alem de, subordinadamente, paragnaisses aluminosos, quartzitos, mármores, e rochas calcissilicáticas. As rochas apresentam uma alternância de bandas de espessuras variáveis (20 a 50 cm) de biotita gnaisses cinzentos, de granulação média, com bandas mais largas de anfibolitos escuros, finos a médios, bem foliados, e outras de gnaisses graníticos, médios, de cor rósea e cujos cristais de quartzo mostram textura flaser marcante. Essa alternância de bandas composicionalmente distintas caracteriza, possivelmente, uma estrutura primária (S0), paralela à qual se desenvolveram, progressivamente, um bandamento gnáissico e uma xistosidade mineral. Rios (2002) e Rios et al. (2009) demonstram que estas rochas apresentam natureza cálcio-alcalina e TTG, e idades que variam de 3,15 a 3,22 Ga (U-Pb zircão). As rochas calcissilicáticas ocorrem apenas na forma de fragmentos dispersos em solo argiloso, escuro. São de coloração esverdeada, finamente granuladas, exibem foliação pouco nítida, sendo constituídas por diopsídio, predominantemente, escapolita, feldspato, e quartzo. Associados aos fragmentos de rochas calcissilicáticas, são comuns aqueles de metabasitos e metacherts. 39 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Os ortognaisses granodioríticos a tonaliticos, muitos dos quais Rios et al., 2009 (ii) denominam de “Granitos Arqueanos”, apresentam características típicas da serie TTG de Martin et al. (1994). Estas rochas apresentam bordas gnaissificadas/migmatizadas em contraste com núcleos centrais isotrópicos e pouco ou não deformados. Rios (2002) apresenta dados litogeoquímicos e geocronológicos para estas rochas. Possuem natureza cálcio-alcalina, com trends TTGs, e idades de 2.8 Ga a 3.18 Ga (Rios et al., 2009). Sobrecrescimentos em cristais de zircão datados a 3,07 Ga atestam para um episodio metamórfico arqueano que parece ter afetado estas rochas (Rios et al., 2009) Corpos máficos-ultramáficos, a exemplo do deposito cromitífero de Pedras Pretas (Carvalho Filho et al., 1986), são descritos em associação com o Complexo Santaluz. Uma mina de cromita situada a poucos quilômetros da cidade de Santaluz esteve em operação por muitos anos na década de 80 e os trabalhos foram recentemente retomados. Apesar da exploração mineral já existir a muitos anos, são poucos os estudos publicados sobre este corpo e sua idade absoluta e desconhecida. 2.4.1.2 O Complexo Uauá O Complexo Uauá distribui-se na porção norte/nordeste do NSer sendo considerado por muitos autores (Mascarenhas et al., 1971, Mascarenhas 1973; Pires et al., 1976; Mascarenhas e Sá, 1982; Oliveira et al., 1996; Oliveira et al., 1999; Cordani et al., 1999) como a unidade mais antiga do NSer. Contudo, de acordo com Rios (2002) e Rios et al. (2009), há uma marcante superposição entre as idades destas rochas e as do Complexo Santaluz, sendo os dados atuais ainda insuficientes para se afirmar com certeza que se tratam de unidades distintas do ponto de vista geocronológico já que idades antigas, mesmo do Paleo e Eoarqueano (Rios et al., 2008), estão descritas em associação a diferentes litologias do NSer e é evidente a presença de uma crosta mais antiga preservada sob as rochas atualmente expostas. Suas rochas são representadas por: 40 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (i) biotita-hornblenda ortognaisses tonalíticos e granodioríticos, correspondendo aos “Granitos Arqueanos” descritos por Rios et al. (2009) também no Complexo Santaluz, metamorfizados na fácies Granulítica, e apresentando marcantes estruturas de augens. (ii) Ocorrem também gnaisses com bandamento composicional, alternando entre lentes quartzo-feldspáticas e níveis de anfibolitos, metapiroxenitos e rochas calciossilicáticas, por vezes migmatizados, e caracterizados pela alternância de lentes quartzofeldspáticas. Como se vê, uma descrição muito similar àquela apresentada para as rochas gnaissicas bandadas do Complexo Santaluz. Similarmente ao que ocorre no Complexo Santa Luz, corpos máficos-ultramáficos, a exemplo do Complexo Gabro-Anortosito Lagoa da Vaca (Oliveira et al., 1998), datados em 3,16 Ga para (Pb-Pb em rocha total, Paixão & Oliveira, 1998), também foram encontrados no Complexo Uauá. Adicionalmente, fazem parte do Complexo Uauá enxames de diques máficos, individualizados em função da deformação que apresentam em dois grupos distintos (Bastos Leal, 1992): (i) diques deformados e metamorfisados, datados entre 2,90-2,75 Ga (Sm-Nd em rocha total, Oliveira et al., 1999) e datações K-Ar entre 2,14 e 1,93 Ga, que refletem a deformação a que os diques estiveram expostos (Bastos Leal et al., 1994); e, (ii) diques pouco ou não deformados, datados por Rb-Sr em 2384 ± 114 Ma (R1=0,70082) e 1983 ± 31 Ma (R1 =0,70197) por Bastos Leal et al. (1994). 2.4.1.3 Sumário do Arqueano no Núcleo Serrinha Em função dos dados aqui apresentados, a partir deste ponto as rochas Arqueanas do NSer serão tratadas em conjunto e indistintamente descritas como “embasamento graníticognáissico-migmatitico” do NSer. Adicionalmente, xenocristais de zircão datados do Eoarqueano ao Mesoarqueano são evidências da presença de resquícios de uma crosta ainda mais antiga sob e associada às rochas aflorantes do NSer, elevando a sua importância cientifica para o 41 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena estudo de processos relacionados à Terra Primitiva, já que idades nesta faixa são raramente encontradas e restritas a alguns poucos crátons Arqueanos no mundo (Rios et al., 2009). 2.4.2 O Magmatismo Paleoproterozóico no NSer 2.4.2.1 Granitogênese Até 1997 as rochas graníticas do NSer eram divididas em três grupos: (i) granitos prétectônicos, (ii) granitos sintectônicos, e (iii) granitos pós-tectônicos. Desde então, inúmeros trabalhos foram realizados com foco nestas rochas pelos pesquisadores do grupo de Petrologia Aplicada a Pesquisa Mineral da Universidade Federal da Bahia, e por pesquisadores de outras universidades, em especial, da Unicamp. Estas pesquisas incluíram a realização de trabalhos finais de graduação (Pena, 2008, Tessari, 2008, Improta, 2008, Mattos, 2010, Santos, 2010, Santos, 2011), dissertações de mestrado (Nascimento, 1996; Rios, 1997; Peixoto, 2000; Cruz Filho, 2000; Burgos, 1999; Oliveira, 2001) e teses de doutorado (Rios, 2002; Cruz Filho 2004; Nascimento, 2005), que culminaram com a publicação de diversos artigos científicos em revistas nacionais e internacionais (Rios et al., 2005, 2007, 2008, 2009; Plá Cid et al., 2006; Conceição et al., 1995; Cruz Filho et al., 2003, 2005) Esta abundância de dados já não mais permite enxergar a extensa granitogênese do NSer de forma tão simplificada. O processo foi complexo e evoluiu do Arqueano ao Proterozóico. Rios et al. (1998), a partir de estudos geocronológicos, foram os primeiros a propor uma revisão nesta divisão, ao confirmar a ocorrência de corpos graníticos Arqueanos entre os plutons ate então indistintamente denominados de “pré-tectônicos” com base em dados de campo. A subdivisão mais recente (Rios et al. 2009) apresenta os corpos graníticos do NSer individualizados em: (i) Magmatismo TTG/Cálcio-alcalino: Estudos isotópicos (Rios, 2002) confirmaram que o magmatismo granítico TTG/cálcio-alcalino ocorreu em dois períodos distintos: Granitos Arqueanos, incluindo aqui os corpos de Araci, Ambrosio, Pedra Alta, Requeijão e Poço 42 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Grande, que afloram em contato com as rochas do GBRI e apresentam idades entre 3,16 e 2,8 Ga. São rochas de composição tonalítica-trondhjemítica-granodiorítica que formam extensos domos alinhados no sentido N-S, apresentam assinatura cálcioalcalina de médio potássio, bordas gnaissificadas contrastando com núcleos mais isotrópicos, feições sugestivas de alto grau metamórfico, e idades modelo Sm-Nd também Arqueanas (3,2 a 2,9 Ga). Muitos destes corpos estão inclusos em classificações anteriores como granitos pré-tectônicos, granitos sintectônicos, ou descritos como ortognaisses tonalíticos do Complexo Santaluz e/ou Grupo Uauá. No Paleoproterozóico, rochas de natureza Tonalitica-Trondhjemitica-Granodioritica, com idades compreendidas entre 2,13 e 2,17 Ga (U-Pb zircão, Rios et al., 2008, 2009) representam um magmatismo TTG/cálcio-alcalino juvenil, tendo como principais representantes os plutões de Lagoa dos Bois (2164±2 Ma), Nordestina (2155 Ma), Eficéas (2163±5 Ma), Quijingue (2155 Ma), Barrocas (Pb-evaporação em zircão, Chauvet et al., 1997; 2128 Ma), Teofilândia (Mello, 2000; 2130 Ma), Trilhado (2155±1 Ma) e Cipó (2164±2 Ma). Estes granitos apresentam inúmeras semelhanças químicas e texturais com o magmatismo granítico TTG arqueano, sendo possível separá-los apenas com estudos isotópicos e geocronológicos, o que explica a grande superposição destes corpos entre os grupos “sin” e “pré” tectônicos nos trabalhos anteriores. Adicionalmente, alguns destes corpos apresentam similaridades geoquímicas com o magmatismo félsico a intermediário do GBRI, o que sugere que eles possam representar a manifestação plutônica deste vulcanismo. (ii) Magmatismo Alcalino-Potássico: A aproximadamente 2,1 Ga ocorre um importante magmatismo alcalino, com corpos plutônicos e sub-vulcânicos de natureza shoshonítica (Araras, Cansanção, Euclides da Cunha, Itareru), potássica-ultrapotássica (Morro do Afonso, Agulhas-Bananas e Serra do Pintado) e lamprofírica (diques2 e xenólitos). Este 43 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena evento dura cerca de 30 Ma, finalizando com a colocação dos granitos potássicos peraluminosos de granulação fina, com belas foliações de fluxo, conhecidos nos arredores de Santa Luz como tipo Morro do Lopes (Peixoto, 2000; Rios, 2002), mas que possuem ampla distribuição geográfica e cortam indiscriminadamente todas as outras litologias do NSer. Este evento alcalino-potássico tem inúmeras implicações metalogenéticas e geotectônicas, pois apontam para uma mudança no contexto geológico, com a colocação de magmas mantélicos profundos, e culminando com um evento de metamorfismo termal associados aos granitos tipo Morro do Lopes a ~2.07Ga. Este magmatismo está intimamente relacionado às mineralizações de ouro, metais-base, e diamantes na região. É possível que as ocorrências de calcita laranja (Rios et al., 2007) nas proximidade de Santaluz tambem estejam associadas a esta unidade. 2.4.2.2 Greenstone Belts Atualmente reconhece-se que as sequencias vulcanossedimentares do Rio Itapicuru (Kishida 1979; Kishida & Riccio, 1980; Silva 1987), situado na porção Sul do NSer e o Rio Capim (RC, Winge,1984; Jardim de Sá et al. 1984), a Norte, constituem sequencias tipo greenstone. Contudo não foi antes da década de 70 que Mascarenhas (1973), no trabalho de mapeamento geológico – Projeto Bahia, inicialmente reconheceu nos terrenos baianos feições geotectônicas semelhantes às de “Greenstone Belt” descritos nos crátons Arqueanos de outras partes do mundo. A partir disto a Mineração Vale do Rio Doce (DOCEGEO) e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) desenvolveram trabalhos de prospecção nas rochas da região visando à descoberta de jazidas de ouro (DOCEGEO, 1976, 1982), revelando o grande potencial dos terrenos do Itapicuru para mineralizações auríferas. Mascarenhas (1975), em mapeamento regional em escala 1:250.000 na região situada entre Serrinha e Araci, denominou as sequências de rochas metassedimentares e 44 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena metavulcânicas (anfibolitos, metabasaltos associados a quartzitos, metassedimentos, mica xistos, meta-pelitos entre outras) de Complexo Metamórfico de Serrinha. O autor fez uma analogia entre o Complexo Metamórfico de Serrinha e o Grupo Jacobina, sugerindo a possibilidade de ambos serem estruturas do tipo “Greenstone Belt”. Seixas et al. (1975), no Projeto Bahia II, conceberam um modelo de evolução para a região de Serrinha e Itaberaba baseado na tectônica de placas, que envolveria a colisão de três blocos cratônicos (Jequié, Serrinha, e Gavião-Riachão do Jacuípe-Ipecaetá) consolidados antes de 2,7 Ga e uma faixa móvel, granulitizada durante o ciclo Transamazônico. Os autores admitiram estruturas do tipo greenstone belt e, caracterizaram um dos blocos (Serrinha), de natureza essencialmente granítica-migmatítica-gnáissica, como o Cráton de Serrinha, localizado entre a Bacia de Tucano e o Cinturão Móvel Salvador-Curaçá. 2.4.2.2.1 O Greenstone Belt do Rio Itapicuru - GBRI Atualmente os terrenos do GBRI possuem grande importância pelo seu potencial metalogenético, hospedando algumas das mais importantes mineralizações de ouro e metaisbase do Estado. Sua estratigrafia compreende (Silva 1983, 1987): (i) A unidade vulcânica máfica basal (UVM), de natureza toleíítica de fundo oceânico; (ii) A unidade vulcânica félsica a intermediária (UVF), de quimismo cálcio-alcalino com características similares às de vulcanitos de arcos continentais; e, (iii) A unidade sedimentar (US) constituída de turbiditos vulcano-derivados e sedimentos vulcanoquímicos do tipo chert e BIF. Esse conjunto de supracrustais encontra-se metamorfisado nos fácies xisto verde. Metamorfismo no fácies anfibolito ocorre nas imediações de corpos graníticos que intrudem estas rochas. Suas unidades tectono-metamórficas são caracterizadas pelo estilo estrutural, grau de metamorfismo e caráter litológico, e sua sucessão espacial pode, por vezes, ser 45 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena seguida por vários quilômetros. Dados geocronológicos Sm-Nd, Pb-Pb, Rb-Sr, obtidos por Silva (1992), Gáal et al. (1987), e Brito Neves et al. (1980), revelaram idades Paleoproterozóicas para as rochas supracrustais e intrusivas do GBRI, variando entre 2.2 Ga (basaltos) e 2.1 Ga (UVF). As importantes mineralizações auríferas estão intimamente relacionadas com a intensa atividade hidrotermal, e com a colocação de corpos sub-vulcânicos e intrusivos, em alguns aspectos similares ao tipo pórfiro, zonas de cisalhamento, e veios de quartzo, quartzocarbonato e quartzo-sericita, às vezes sulfetados, de estilos stock-work e/ou shear vein. Por ser o objeto principal desta dissertação, atenção especial será dada as litologias do GBRI abaixo. 2.4.2.2.2 O Greenstone Belt Rio Capim - RC Os terrenos do RC consistem em uma seqüência de rochas vulcanossedimentares deformadas. Esta seqüência vulcanossedimentar apresenta as mesmas características de uma bacia de tipo back arc ensiálica, compartimentada em um andar inferior predominantemente basáltico de natureza toleiítica e um andar superior com vulcânicas félsicas. Predominam nesta seqüência, paragêneses metamórficas da fácies anfibolito, com reequilíbrio retrógrado, localizado, para a fácies xisto verde (Winge, 1984). Pelo posicionamento geográfico, ao norte do GBRI, e pelas características litoestratigráficas e litogeoquímicas equivalentes a seqüências tipo greenstone belt, notadamente similares aquelas do GBRI, ja é possível comparar o RC com sequencias do tipo Greenstone Belt. Para o Grupo Capim são reconhecidas as seguintes unidades litoestratigráficas (Winge, 1984; Paixão & Oliveira, 1998; Cordani et al., 1999; Oliveira et al., 1999): 46 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (i) Rochas vulcânicas máficas, representadas por diques intrusivos nos gnaisses bandados e ortognaisses do Grupo Uauá. Constituem a Unidade Riacho Mandaipa, um equivalente a UVM do GBRI; (ii) Rochas vulcânicas félsicas caracterizam a unidade Riacho de Pedras, sendo consideradas equivalentes da UVF. Rochas félsicas vulcânicas a subvulcânicas são englobadas na Unidade Rio Carataca. (iii) Metassedimentos clásticos (Unidade Caiada) ocorrem intercalados nas unidades máfica e félsica. Paragnaisses calcossilicáticos são os litotipos dominantes na Unidade Riacho do Gado Bravo, sendo consideradas equivalentes da UVF e US; Ortognaisses andesíticos (normalmente sulfetados) constituem as litologias dominantes na Unidade Coiqui, um equivalente da granitogênese na porção sul do NSer. A estratigrafia do Rio Capim é também complementada pela ocorrência de corpos máficos intrusivos (metagabróides), provavelmente cogenéticos ao vulcanismo máfico. Ortognaisses félsicos são comumente caracterizados intrudindo o embasamento e a seqüência supracrustal e são comparáveis ao magmatismo granítico tardio tipo Morro do Lopes que também ocorre na porção sul do Itapicuru (Rios et al, 2009) contudo não há trabalhos de detalhes relacionados à granitogênese nesta porção do NSer. 2.5 O GBRI EM UMA PERSPECTIVA HISTÓRICO-CIENTIFICA Kishida (1979), na sua dissertação de mestrado, foi o primeiro a dedicar atenção às rochas vulcanossedimentares do NSer. Este autor realizou estudos litogeoquímicos e apresentou um panorama das rochas vulcanossedimentares ao longo do Rio Itapicuru onde caracteriza efetivamente estes terrenos como “Greenstone” confirmando desta forma a hipótese apresentada por Mascarenhas (1973). A geoquímica das rochas vulcânicas do Greenstone Belt do Rio Itapicuru (GBRI) indicou que os basaltos possuíam valores médios de 47 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 50% de SiO2 e os andesitos e dacitos valores superiores a 60% de SiO2, com um “gap” de sílica entre as duas sequencias que ratificava a proposição de origens diferente para as duas unidades. Desde então vários modelos evolutivos foram propostos para explicar a origem do GBRI. Monte Lopes (1982) comprovou através de estudos geoquímicos a afinidade cálcioalcalina das rochas vulcânicas félsicas do Greenstone Belt do Rio Itapicuru, de acordo com o que sugeria Kishida (1979). Este autor comprovou que as rochas vulcânicas máficas e félsicas do Itapicuru foram formadas por dois eventos distintos de diferenciação: (i) toleiítico de assoalho oceânico (máficas), e (ii) cálcio-alcalino (félsicas). Jardim de Sá (1982), reportando-se ao estilo estrutural entre os gnaisses e as supracrustais do Greenstone Belt de Serrinha (atual GBRI), propôs um modelo de evolução polifásica para a região, demonstrando que enquanto o embasamento gnáissico do greenstone é parcialmente deformado, e a seqüência supracrustal sofreu no mínimo 5 (cinco) deformações resultantes da interferência das fases compressivas atuantes, reveladas pelas feições de dobras isoclinais apertadas com trend de direção NW, e cortadas por falhas longitudinais e zonas de cisalhamento. São nas falhas e nas zonas de cisalhamento estruturais onde se encontram concentrações auríferas. Silva (1983) com base em dados de campo, petrografia e química mineral das rochas supracrustais do Greenstone Belt do Rio Itapicuru, reconheceu 3 (três) eventos metamórficos que afetaram tais rochas: (i) um metamorfismo (M1) responsável pela hidratação e oxidação das rochas vulcânicas, (ii) um metamorfismo (M2) que gerou paragêneses metamórficas de ordem progressiva dos fácies Xisto Verde a Anfibolito, e (iii) um metamorfismo (M3), de ordem termal, limitado às vizinhanças dos corpos intrusivos tardi e pós-tectônicos. 48 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Teixeira (1984) estudou a geologia e o controle da mineralizações de ouro da Fazenda Brasileiro, onde abordou os aspectos relacionados ao quimismo e deformação de litologias da porção sul do Greenstone e as suas relações com as mineralizações auríferas. Marimon et al. (1986) estudou as relações entre a ação do fluido hidrotermal e a mineralização aurífera na mina Fazenda Brasileiro sugerindo que a variação modal de alguns minerais na zona de alteração hidrotermal da jazida de Fazenda Brasileiro, comparada com as da jazida de Hunt (Phillips & Groves, 1984), Sigma (Robert & Brown, 1984; 1986), e KerrAddison (Kishida, 1984), apresenta uma similaridade das tendências de aumento ou diminuição dos minerais componentes das rochas alteradas, propondo que o ouro teria sido precipitado pela reação entre soluções hidrotermais mineralizadas e rochas estéreis percoladas. Eles descrevem os dois principais tipos de veios: (a) veios constituídos quase que exclusivamente por quartzo com pouco ou nenhum carbonato associado, e (b) veios constituídos por calcita e quartzo com biotita nas bordas e pirrotita, pirita e ilmenita preenchendo, por vezes, as zonas fraturadas. Melo Junior (1990) apresentou dados geoquímicos sobre as rochas mineralizadas em ouro do Greenstone Belt do Rio Itapicuru, concluindo que a zona mineralizada encontra-se associada à alteração do processo hidrotermal, que causou na área carbonitização, albitização entre outros. Através desse processo houve remobilização de elementos químicos, enriquecendo (K2O, MnO, Na2O e CaO) e empobrecendo (Al2O3, MgO e SiO2) nos óxidos. Kishida et al. (1991) propôs uma divisão litoestratigráfica para o pacote vulcanossedimentar no setor sul do Greenstone Belt do Rio Itapicuru no sentido de sul para norte: Sequência Riacho do Incó, Sequência Fazenda Brasileiro, Sequência Canto e Sequência Abóbora, acrescentando mais uma unidade aos domínios das associações litológicas do Greenstone – a conhecida “Faixa Weber” (Marques, 1979; Monte Lopes, 1982, Fratin 1983, Teixeira, et al., 1982, 1983). A antiga divisão apresentava uma lito-estratigrafia invertida, 49 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena consistindo em: (i) uma unidade basal, correlacionada à Unidade Sedimentar regional, representada pela sequência Fazenda Canto; (ii) a unidade intermediária, denominada de sequência Fazenda Brasileiro onde concentra-se a mineralização, e, (iii) uma unidade de topo, correlacionável à Unidade Vulcânica Máfica da regional, que passou a integrar a sequência Riacho do Incó (sentido norte para sul). Maia (1991) estudou o conjunto litológico representado pelos metassedimentos, metaandesitos, meta-dioritos, meta-dacitos e “brechas", com intercalações de meta-tufos grafitosos nos metassedimentos e meta-andesitos dos alvos Antas I, II, e III na mina de ouro da Fazenda Maria Preta. O autor observou a existência de três fases de deformações tectônicas, as quais afetaram parcial ou totalmente o conjunto litológico da área, e são representadas por: (i) uma deformação cisalhante simples, que ocorreu de forma localizada em litologias individualizadas ou no contato entre as unidades litológicas, (ii) uma fase de dobramento, gerando dobras assimétricas com vergência na direção leste, dobrando as rochas de menor competência (metassedimentos, meta-andesitos e meta-tufos grafitosos, com desenvolvimento de uma foliação de plano axial, e, (iii) uma fase de falhamentos, que desenvolveu falhas de direção nordeste. Silva (1992) propôs que os basaltos toleiíticos do GBRI seriam gerados em um ambiente de back-arc ensiálico, associada a uma margem continental ativa localizada a oeste do GBRI, com subducção de placa oceânica para leste. No arco de ilhas formado pela convergência entre duas placas envolvidas nesse processo, foram extrudidas as rochas vulcânicas félsicas (UVF). A extensão da borda continental inativa, provocada pela subducção, induziu ao seu rifteamento, abrindo-se atrás do arco de ilhas, uma bacia, com a consequente extrusão de basalto com assinatura oceânica (UVM) e sedimentos (US) erodidos do arco de ilhas durante toda a sua evolução, comprovado pela transição de sedimentos provenientes de 50 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena um arco não-dissecado para o arco dissecado. Intrusões de granitos cortam todo o conjunto de rochas. Silva (1995) estudou as relações estruturais das principais famílias de veios auríferos presentes em um dos trechos de galeria com 56 m de comprimento e orientação geral E-W (SN187-E, corpo C) na Mina Fazenda Brasileiro, dando ênfase à petrografia do envelope de alteração associado aos veios, como também ao conteúdo em ouro dos mesmos em relação às rochas encaixantes. A partir do detalhamento da petrografia do trecho mapeado, a autora identifica que o meta-andesito representa a rocha afetada apenas (ou praticamente apenas) pelo metamorfismo regional no fácies xisto verde. Esta unidade vulcânica intermediária a félsica foi submetida a um processo de alteração hidrotermal durante o metamorfismo termal regional (~2,07Ga, Rios et al., 2009), resultando em rochas enriquecidas em clorita e carbonato (carbonato-clorita xistos). Rios et al. (1998) realizou um trabalho petroquímico e geocronológico sobre os granitóides no NSer, apontando a possibilidade da existência de uma associação temporal e espacial entre o magmatismo alcalino (2,07–2,11 Ga) e as mineralizações auríferas do Itapicuru. Mello (2000), a partir de estudos isotópicos (Sr-Sri, ƐNd(t) e δ34S), relaciona a origem das mineralizações de ouro da Fazenda Brasileiro a fluidos juvenis mineralizantes. Segundo o autor, os fluidos mineralizantes são compatíveis com fontes profundas, que interagiram com as rochas de níveis crustais rasas e não estão relacionados com os eventos magmáticos do GBRI. As mineralizações de ouro do GBRI apresentam semelhanças com os típicos depósitos de ouro mesotermais do Arqueano ao Fanerozóico (Groves et al., 1998). Silva et al. (2001) descrevem a ação dos fluidos na mineralização do GBRI assumindo que a fonte destes fluidos é ainda incerta, e sugerindo três hipóteses possíveis: (i) os fluidos 51 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena são magmáticos, relacionados com as rochas plutônicas e/ou corpos subvulcânicos; (ii) os líquidos são de origem metamórfica e estão relacionados com as reações de desvolatilização das sequencias do greenstone, e/ou foram parcialmente impulsionados pela colocação dos granitóides sintectônicos; ou, (iii) os fluidos podem ter derivado diretamente de uma cunha do manto metassomatizado (situado próximo às zonas de subducção). Rios (2002) apresenta a lito-estratigrafia da granitogênese no Núcleo Serrinha, demonstrando sua diversidade geoquímica, e demonstrando que estes granitos estão relacionados a eventos magmáticos que ocorreram em períodos bem distintos, no Arqueano e no Paleoproterozóico. Barrueto (2002) na sua dissertação de mestrado descreve os corpos graníticos de Barrocas (2,13 Ga, Pb-Pb, Alves da Silva 1997) e Teofilândia, e interpreta-os como domos graníticos que registram a existência de um arco intra-oceânico. O autor utiliza dados isotópicos e modelagem geoquímica de elementos traços para sugerir que a origem destes granitos estaria relacionada à fusão parcial de fonte anfibolítica em ambiente de arco oceânico. Adicionalmente ele demonstra um padrão de deformação sigmoidal, com cinemática dextral, resultante da compressão supracitada sugerindo que a colocação desses plútons ocorreu antes desta fase regional de deformação. Pimentel e Silva (2003) apresentam novos dados químicos (ETR) e isotópicos (Sm-Nd), para rochas da mina Fazenda Brasileiro, associando-os aos estudos anteriores (Silva et al. 2001b). Os autores propõem que a alteração hidrotermal, apesar de intensa, não foi capaz de afetar substancialmente as razões Sm/Nd das rochas ígneas originais, advogando que tais rochas representariam um raro exemplo de comportamento robusto do sistema isotópico SmNd em condições extremas de alteração hidrotermal. Nascimento (2004) conduz uma síntese do Transamazônico no Núcleo Serrinha, considerando que a Orogênese Transamazônica e o plutonismo associado são, no Brasil e na 52 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena África Central, contemporâneos da intensa atividade magmática identificada no Oeste da África. A autora associa o magmatismo Transamazônico no Núcleo Serrinha a um super-evento do manto há 2,1 Ga. Os dados paleomagnéticos indicam que esta atividade, responsável pela grande quantidade de crosta juvenil Paleoproterozóica presente nestes crátons, é independente de suas posições no globo. Ruggiero (2008) apresenta novos dados geoquímicos para as rochas vulcânicas andesíticas e dacíticas da Unidade Maria Preta (UVF/UMP). O autor sugere a presença de dois grupos geoquímicos distintos: (i) rochas vulcânicas com caráter cálcio-alcalino, cujo ambiente mais provável de formação seria o de fusão em baixas profundidades da cunha do manto metassomatizado por fluídos liberados a partir de uma crosta oceânica subductada, seguida por fracionamento de plagioclásio. (ii) rochas com afinidade adakítica, cuja geoquímica requer fusão de meta-basaltos hidratados em pressões elevadas, onde granada+hornblenda são estáveis e constituem o restito da fusão. 2.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A EVOLUÇÃO GEOLÓGICA DO GBRI A partir de 1974, a Mineração Vale do Rio Doce (DOCEGEO) e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) desenvolveram trabalhos de prospecção na região do Rio Itapicuru nas rochas vulcanossedimentares visando à descoberta de novas jazidas de ouro, até então garimpado de modo irregular. A partir dai a ocorrência das rochas vulcanossedimentares com a presença de mineralização em ouro e metais bases foram confirmadas por diversos trabalhos realizados por Mascarenhas et al. (1975), DOCEGEO, 1976, Seixas et al. (1975), Mascarenhas (1979), Kishida (1979), Monte Lopes (1982), Jardim de Sá (1982), Silva (1983), Teixeira (1984), Marimon et al. (1986), Silva (1987), Melo Junior (1990), Kishida et al. (1991), Maia (1991), Silva (1992), Alves da Silva (1994), Melo et al. (1995), Silva (1995), Rios et al. (1998), Mello (2000), 53 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Silva et al. (2001), Carvalho (2001), Rios (2002), Barrueto (2002), Pimentel e Silva (2003), Nascimento (2004), Donatti e Oliveira (2007), Rugierro (2008) e Rios et al. (2009). Desde então, para explicar a evolução geológica do GBRI vários autores citam modelos geodinâmicos (Silva, 1987; Melo et al., 1995) que abrangem diferentes eventos geotectônicos: (i) Silva, 1987 – Advoga um ambiente geotectônico de bacia back-arc com vergência da subducção no sentido oeste. A proposta baseia-se: (i) zonalidade dos vulcanitos félsicos, com lavas predominando a oeste, no leste encontra-se piroclásticas, vulcânicas epiclástica e vulcanoquímicas; (ii) aumento progressivo do grau de metamorfismo para oeste e (iii) a distribuição espacial e origem dos sedimentos, indicando a existência de um arco vulcânico a leste (Figura 4A). Figura 4. Modelos de evolução geotectônica propostos para o GBRI. (ii) Alves da Silva (1994) propôs que a evolução do GBRI estaria relacionada com uma bacia de rift, cujo fechamento resultaria na subducção de crosta oceânica possivelmente para oeste, sugerindo que os basaltos do GBRI (UVM) foram gerados em uma bacia do tipo marginal (Figura 4B). Estudos microtectônicos associados a dados geocronológicos (Pb-Pb) levaram o autor a propor a existência de dois eventos deformacionais, D1 e D2, ambos ligados diretamente a granitogênese e as mineralizações auríferas. A deformação D1 estaria relacionada à colocação de granitóides sintectônicos como o de Barrocas (~2,13 Ga), e a deformação D2, subdividirse-ia em duas fases: F1, ligada ao fechamento da bacia vulcanossedimentar, e F2, de natureza transcorrente, caracterizada por cisalhamento dúctil sinistral ao longo de zonas de cisalhamento verticais de direção aproximadamente N-S; simultaneamente a D2 ocorreriam às intrusões graníticas do tipo Ambrósio. 54 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (A) Silva, 1987, 1991 - Bacia Back-arc com Subduccao para W. 1. Protocrosta Arqueana (2,6 a 2,9 Ga); 2. Arco remanescente; CSC: Cinturao Movel Salvador-Curaca 3. Crosta oceanica de bacia marginal (2,2 a 2,18 Ga), GBRI: Greenstone Belt Rio Itapicuru 4. Novo arco (2,1 Ga) (B) Alves da Silva, 1994 - Bacia de Rift. SW NE Plúton Barrocas Weber Belt Mina de Ouro Araci Contato tectônico suposto entre as unidades supracrustais e o embasamento 2 Km Granito presumido como Transamazônico Supracrustal Indiferenciada Granto Transamazônico Gnaisse Arqueano D1- Critérios relacionados ao cisalhamento Figura 4. Modelos de evolução geotectônica propostos para o GBRI. 55 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (iii) Mello et al., 1995 – Proposta de modelo para a evolução geológica na região do Núcleo Serrinha que ocorreu de 2,2 a 2,0 Ga (Figura 4C). A seqüência de eventos envolve: (i) sob o “micro continente” Serrinha, uma placa subduzida em contato com a placa superior provoca fusão do manto litosférico, que gerou plútons de afinidade cálcioalcalina, (ii) o encurtamento crustal na zona de colisão/subducção, formou uma bacia do tipo retroarco, que originou um magmatismo toleiítico de fundo oceânico, protólito de uma das unidades do Greenstone Belt do Rio Itapicuru – Unidade vulcânica máfica e (iii) um magmatismo cálcio-alcalino de margem continental, que deu origem as rochas andesíticas e riodacíticas que foram protólito da unidade vulcânica félsicas e pulsos de sedimentação terrígenas responsáveis pela fonte da unidade sedimentar do GBRI. (iv) Donatti Filho (2007) propõe um modelo de evolução para os basaltos bem diferente dos propostos por Silva (1987; 1992). Neste trabalho, o autor utiliza evidências geocronológicas, relações de campo, e estudos geoquímicos para estabelecer uma nova proposta para o domínio vulcânico máfico do GBRI. O autor baseia-se nas seguintes suposições: (i) A petrogênese dos basaltos poderia ser explicada por taxas de fusão parcial um pouco diferentes, a partir de uma mesma fonte lherzolítica, originada provavelmente no manto litosférico, (ii) A geoquímica indica que os basaltos não mostram semelhança com ambiente de retro-arco, e, (iii) para explicar este novo contexto ele propõe um modelo geotectônico de formação dos basaltos do GBRI em ambiente tipo rifte-intra-continental que evoluiria para um oceano, similar ao que acontece nos dias de hoje com a margem continental Atlântica (Figura 4D). Falta, portanto consenso! Apesar da diversidade de trabalhos, a petrologia do Itapicuru, em especial no que diz respeito a estudos isotópicos e geocronológicos, ainda e muito limitada, restringindo a compreensão deste panorama tão complexo em sua amplitude. 56 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (C) Melo et al., 1995 - Bacia Tipo Retro-Arco. AMC BP FCM GJ CIP 1 BRA CC 2 GJ BP SSJ CI / CS FCM CIP / SSJ / CC CIP CS GBRI DOMÍNIO I DOMÍNIO II DOMÍNIO III DOMÍNIO IV FOLHA SERRINHA (D) Donatti, 2007 - Rift Intra-Continental. Configuração do Estágio Final de Fechamento Oceano Itapicuru W Trilhado X X X X X E 0 Ambrósio 30 Eficéas Nego Val 60 (Km) 10 Km Plutões Granodioríticos Margem continental Toleiitos I (ThI) Toleiitos II (ThII) Manto sub-continental Manto astenosférico Pedra Vermelha Diques básicos e peridotíticos Sills e derrames básicos Figura 4. Modelos de evolução geotectônica propostos para o GBRI. 57 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Um sumário dos dados geocronológicos disponíveis para as rochas vulcânicas do o GBRI revelam os seguintes eventos: (i) Datações Pb-Pb (Gaál et al, 1987) em rocha total nos andesitos da Unidade Vulcânica Félsica revelaram idade de 2109 ± 80 Ma. (ii) Dados geocronológicos Pb-Pb em rocha total para os basaltos cuja assinatura geoquímica é toleiítica de fundo oceânico, do tipo P-MORB, revelaram idades de 2209 ± 60 Ma, e uma idade modelo Sm-Nd de 2,2 Ga (Silva, 1992). (iii) Dados isotópicos Sm-Nd confirmam as idades Paleoproterozóicas para as rochas da UVF (Pimentel e Silva, 2003) (iv) Rios et al. (2010) apresentam dados U-Pb (zircão) para rochas da UVF que confirmam a idade de 2,15 Ga e demonstram a ausência de sobrecrescimentos e/ou núcleos herdados entre cristais de rochas andesíticas e dioríticas pertencentes a esta unidade. O incremento na quantidade e qualidade dos para a região, com o detalhamento da escala dos estudos, torna-se, portanto essencial para resolver os pontos conflitantes e contraditórios em cada uma das propostas. Rios et al. (2009) apresentam uma cronologia para os eventos plutônicos que ocorreram na área que vai do Eoarqueano (xenocristais de zircão a 3,6 Ga) ao Neoproterozóico (kimberlitos a ~0,7 Ga). Os autores apresentam idades do Mesoarqueano (3,3 Ga) para os gnaisses do embasamento, e intrusão de granitos cálcioalcalinos e TTGs (3,15 a 2,8 Ga). Estes corpos granítico-gnáissicos seriam afetados por um evento metamórfico a 3,07-3,08 Ga. Segue-se uma relativa quietude, com ausência de registros geocronológicos no período de 2,8 a 2,16 Ga, exceto por xenocristais de zircão a ~2,6 Ga presentes nas rochas alcalinas. Rios et al. (2009) chama a atenção para a aparente inexistência de rochas no NSer com idades de cristalização entre 2.8 Ga e 2.2 Ga. Esta lacuna 58 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena precisa ainda ser mais bem investigada já que estudos em andamento (Rios et al., 2011) demonstram a existência de xenocristais de zircão neste intervalo e sugerem a existência de eventos magmáticos neste período que atualmente parecem não aflorar na região. Além disto é importante considerar os efeitos da Orogenia Transamazônica, sua amplitude e implicações. No Paleoproterozóico um importante evento magmático ocorreu no NSer tendo como substrato o embasamento Arqueano Granítico-Gnáissico-Migmatitico. Do ponto de vista geotectônico as evidencias sugerem o envolvimento de um evento de extensão crustal, com abertura de um proto-oceano, formação de uma bacia back-arc, vulcanismo e plutonismo granítico intenso, com a colocação de inúmeros corpos de natureza geoquímica diversa. De acordo com Rios et al. (2009) este importante e complexo evento de formação de crosta está registrado nos corpos cálcio-alcalinos e TTGs juvenis (2,13 a 2,16 Ga) que intrudem esta crosta durante a formação da bacia do Itapicuru, e que finaliza com os termos alcalinos – shoshoníticos, potássicos e ultrapotássicos (2,07 – 2,11 Ga). 2.7 SUMÁRIO Neste capitulo foi revisada a conceituação teórica sobre os ambientes geológicos tipo greenstone belt, dando ênfase ao estágio atual das pesquisas no Greenstone Belt do Rio Itapicuru, onde situa-se a Mina Fazenda Brasileiro, região alvo desta dissertação. A identificação dos trabalhos técnico-científicos permitiu reconhecer a importância que esta entidade geológica tem e a sua particularidade metalogenética. Adicionalmente, neste capítulo foi abordada a evolução do conhecimento sobre Greenstone Belts no mundo, com os avanços interpretativos resultado do detalhamento dos estudos para escalas de detalhe e na complexidade de processos e superposições que envolvem estes ambientes geotectônicos. Esta visão geral objetivou criar a base teórica para 59 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena que a autora possa reavaliar e reinterpretar os novos dados gerados neste estudo a luz dos estudos mais modernos para estas entidades geológicas. Esta dissertação de mestrado faz parte de um projeto maior que visa detalhar o conhecimento petrológico no Núcleo Serrinha, facultando uma melhor compreensão da sua evolução geotectônica e favorecendo a ampliação das iniciativas da mineração da região. Cremos que o prosseguimento das pesquisas técnico-científico-econômicas irá colaborar para melhor definir o potencial de toda a região do GBRI e suas associações litológicas. Com esta motivação, o estudo das rochas vulcanossedimentares do GBRI na região da Mina Fazenda Brasileiro possibilitará compreender e acrescentar novos dados à história da sua evolução geológica e metalogenética no contexto atual, embora os aspectos econômicos não sejam foco do escopo desta dissertação. 60 Capitulo 3 Artigo RBG “A Sequência Fazenda Brasileiro do Greenstone Itapicuru (BA): Caracterização Petrográfica e Litogeoquímica” Abordagens: Introdução Caracterização Geológica da Mina Fazenda Brasileiro Métodos Aplicados Caracterização Geológica e Petrográfica Estudos Litogeoquímicos Implicações Geotectônicas Considerações Finais As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A SEQUÊNCIA FAZENDA BRASILEIRO DO GREENSTONE ITAPICURU (BA): CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA E LITOGEOQUÍMICA Zilda Gomes Pena1,2, Débora Correia Rios1,2,3, Paulo César D'Ávila Fernandes1,4, Herbet Conceição1,5, Carlos Maurício de A. de Assis6. 1. Grupo de Pesquisa Laboratório de Petrologia Aplicada a Pesquisa Mineral, Curso de Pós-Graduação em Geologia, Universidade Federal da Bahia 2. Bolsista Mestrado CNPq, [email protected] 3. Bolsista Produtividade em Pesquisa CNPq, [email protected], [email protected] 4. Universidade do Estado da Bahia, [email protected] 5. Núcleo de Geologia, Universidade Federal de Sergipe, 6. Geólogo – Yamana Gold Inc., [email protected] RESUMO Este artigo apresenta novos dados petrográficos e litogeoquímicos para rochas do Greenstone Belt do Rio Itapicuru (GBRI), na região da Mina Fazenda Brasileiro. O trabalho baseou-se principalmente em estudos nas rochas coletadas em subsuperfície, na área de afloramento da sequência Fazenda Brasileiro, um corpo de forma alongada, que se constitui em uma das maiores potencialidades de minério. Os estudos petrográficos revelaram a presença de diversas texturas, tanto ígneas reliquiares, como texturas que indicam a atuação do metamorfismo (crenulação, lepidoblástica, nematoblástica, granoblástica) e que marcam a foliação descrita pela rocha. Foram identificadas associadas a esta sequência: (i) rochas máficas-ultramáficas, essencialmente basaltos, e (ii) lavas félsicas e intermediárias, variando em composição de andesitos a riolitos. Ambas são cortadas por TTGs Arqueanos e Paleoproterozóicos, representados pelos granitos 62 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Araci, Barrocas e Teofilândia, e também pelo magmatismo alcalino potássico como, por exemplo, o corpo de Barroquinhas. Ocorrem ainda corpos intrusivos sub-vulcânicos, representados por riodacitos, quartzo-dioritos e gabros. Rochas metassedimentares, consistindo basicamente de metapelitos, metatufos e xistos grafitosos, todas associadas a carbonatos e muitas vezes mineralizadas em sulfetos e metais-base, são descritas intercaladas às demais litologias. Nos furos de sondagens, ligados a um sistema de fraturamento preenchido por carbonatos, foram distinguidas zonas de concentração preferencial de minerais incluindo basicamente plagioclásio e actinolita-tremolita, além de quartzo, apatita, esfênio (leucoxênio), muscovita e minerais opacos, com maior representatividade por sulfetos e tendo como resultado da alteração/hidrotermalismo a clorita, carbonatos, albita, e biotita. Devido a dificuldades na delimitação das litologias nas unidades e sequências clássicas da literatura preferiu-se estabelecer critérios litogeoquímicos para a descrição das amostras estudadas. As análises químicas mostraram a presença de dois conjuntos distintos: (i) toleiítico e (ii) cálcio-alcalino. Foi ainda possível identificar rochas com características sugestivas de um vulcanismo mais alcalino (shoshonítico) e distinguir rochas em campo descritas como sedimentares, as quais em verdade são rochas vulcânicas muito finas (cinzas, aglomerados) e alteradas. Os dados aqui apresentados colaboram trazendo uma melhor compreensão das variações temporais e de caráter químico entre os diversos termos litológicos da MGB. O fato é que as rochas descritas como “Sequência Fazenda Brasileiro” estão relacionadas a eventos geológicos bem distintos, envolvendo diferentes pulsos de vulcanismo intercalados por sedimentação. As dificuldades na descrição das rochas do GBRI, na individualização dos pulsos vulcânicos, associada à confusão de nomenclatura, levam à proposição de inúmeros modelos evolutivos para a região, o que dificulta ainda mais o seu entendimento. Esta 63 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena complexidade relaciona-se a fatores que incluem: (i) a extensa evolução química de cada uma das series magmáticas identificadas, com a presença de termos ultrabásicos a ácidos tanto na série toleiítica quanto na cálcio-alcalina; (ii) a dificuldade de se obter uma idade mais precisa para os diferentes grupos de rochas em função da limitação das fases datáveis, e (iii) à pronunciada recristalização e o intenso fluxo de fluidos ligados ao processo de hidrotermalismo, metamorfismo e deformação, que mascaram e agravam a complexidade estrutural da área. Palavras-Chave: Sequência Fazenda Brasileiro, Greenstone Belt do Rio Itapicuru, Petrografia, Litogeoquímica. ABSTRACT Keywords: INTRODUÇÃO As ocorrências de ouro na região do nordeste do Estado da Bahia são conhecidas desde o século 19 quando se iniciaram os garimpos ao longo do leito do Rio Itapicuru. Estudos sistemáticos realizados pela DOCEGEO (1976, 1982) confirmaram a potencialidade aurífera da região e do seu ambiente geotectônico. As minas de Maria Preta (Santaluz) e de Fazenda Brasileiro (Teofilândia) começaram então suas atividades, inicialmente a céu aberto e posteriormente em sub-superficie. Atualmente estes depósitos estão entre os mais importantes produtores de ouro do país. A mineralização está associada a um ambiente granito-greenstone, nas sequências vulcanossedimentares do Greenstone Belt do Rio Itapicuru (GBRI), tidas como de idade Paleoproterozóica (Pimentel & Silva, 2003). 64 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Terrenos granito-greenstone similares aos do Itapicuru caracterizam crátons Arqueanos em todo o mundo. São nestes ambientes, onde predominam rochas vulcânicas Arqueanas e mineralizações de ouro, que surgiram as primeiras evidências para a existência de placas tectônicas no Arqueano. Essencial na caracterização destas importantes associações é a geoquímica de elementos traços em rochas vulcânicas e estudos geocronológicos de alta precisão (Thurston, 1994). Estas duas ferramentas são lacunas ainda existentes no banco de dados já disponível para o Itapicuru. O importante depósito “Mina Fazenda Brasileiro” encontra-se localizado na denominada Faixa Weber, que corresponde à porção sudeste do GBRI. Nesta região as rochas vulcanossedimentares apresentam vergência E–W, correspondente a uma zona de cavalgamento. Isto resulta em uma posição estratigráfica invertida para as diversas unidades (Teixeira et al. 1982, Teixeira 1983, Kishida et al. 1991) que, de sul para norte, são compostas pelas seqüências: (i) Riacho do Incó, (ii) Fazenda Brasileiro, (iii) Canto e (iv) Abóbora. Além disto, enquanto na Mina Maria Preta a mineralização esta hospedada nos dioritos da unidade vulcânica félsica intermediária (UVF), na Fazenda Brasileiro o ouro encontra-se associado às rochas máficas da seqüência basal (UVM). Este artigo objetiva, portanto, detalhar a petrografia e litogeoquímica de rochas atribuídas à Seqüência Fazenda Brasileiro, que ocorrem na região da mina homônima. Trazemos como aporte dados de elementos traços e ETR para rochas coletadas em profundidade a partir de furos de sondagem. A MINA FAZENDA BRASILEIRO A Mina Fazenda Brasileiro (MFB) está inserida nos terrenos granito-greenstone do Núcleo Arqueano Serrinha (NSer), porção Nordeste do Cráton São Francisco (Figura 1A). 65 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A partir de 2003, a exploração de ouro da MFB foi assumida pela Yamana Gold In., e atualmente possui uma reserva comprovada de 4,9 t (176.000 onças) (Yamana 2007). A estimativa é que as reservas indicada e medida apresentem valores acima de 13,89 t (472.000 onças). A exploração tambem evoluiu ocorrendo atualmente em mina a céu aberto e subterrânea. A característica principal do minério é a ocorrência em zonas de cisalhamento, hospedado em rochas quartzo-feldspáticas, contendo como principais sulfetos: pirita, arsenopirita, pirrotita, calcopirita, esfarelita e galena (Fratin 1983; Projeto Weber 1979). Figura 1: Mapa geológico simplificado do Núcleo Serrinha (modificada de Rios et al., 2009). O NSer possui uma área aflorante de aproximadamente 21.000 km2, sendo constituído por três conjuntos litoestratigráficos distintos (Rios et al. 2009): (i) o embasamento graníticognáissico-migmatítico Arqueano, (ii) as seqüências vulcanossedimentares do Greenstone Belt do Rio Itapicuru (GBRI, Santaluz) e Grupo Capim (GC, Uauá), e (iii) uma granitogênese diversificada que varia em idade do Arqueano ao Paleoproterozóico (Figura 1B). A literatura apresenta para a seqüência do GBRI três unidades bastante distintas entre si (Silva, 1983): (i) a unidade vulcânica máfica basal (UVM), composta por lavas basálticas maciças, porfiríticas, variolíticas e amigdaloidais, com estruturas do tipo pillow lavas e brechas de fluxo e intercalações de sedimentos químicos (BIF, cherts) e pelitos; (ii) a unidade vulcânica félsica intermediária (UVF), constituída por lavas afaníticas, porfiríticas, variolíticas, rochas piroclásticas, tufos de cinza, tufos lapilli, tufos de cristais, tufos vítricos, aglomerados vulcânicos, cujas composições variam de andesíticas a dacíticas, e 66 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 41 B Núcleo Remanso 8880 A Núcleo Serrinha 45 Núcleo Guanambi 10 CMSC Salvador CMUP NV 16 CMSC - Cinturão Móvel Salvador-Curaçá CMUP - Cinturão Móvel Urandi-Paratinga 0 200 km Monte Santo Euclides da Cunha Cansanção 8816 Quijingue Nordestina 70 70 75 60 Queimadas 8752 Santaluz Área Araci Bacia Mesozóica Tucano-Recôncavo Estudada Valente Rochas Carbonáticas Neoproterozóicas Cinturão Móvel Salvador-Curaçá Granitos Greenstone Belts Itapicuru e Capim Embasamento Gnaissico-Migmatitico Cidades e Vilas Minas de Ouro 420 Teofilândia Conceição do Coité Serrinha 460 500 Figura 1. (A) Mapa de localização da área estudada no Estado da Bahia, apresentando os limites do Cráton do São Francisco e a distribuição dos seus terrenos de embasamento em núcleos conforme a proposta de Mascarenhas et al. (1979). (B) Mapa Geológico Simplificado do Núcleo Serrinha (modifificada de Rios et al., 2009). 67 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (iii) a unidade sedimentar (US), que compreende um conjunto de rochas psamíticas e pelíticas, derivadas do retrabalhamento dos vulcanitos intermediários e félsicos. Nos terrenos vulcanossedimentares do NSer (GBRI e GC; Figura 1B) são descritas importantes mineralizações de metais-base, incluindo a MFB. Ao longo da história da exploração da MFB, as unidades clássicas do GBRI foram mapeadas através de furos de sondagem e trincheiras (Fratin 1983, Teixeira 1983), identificando-se uma estratigrafia invertida, com as rochas reagrupadas localmente em três sequências principais, caracterizadas por suas associações litológicas, e genericamente correlacionadas com as unidades de Silva (1983): (i) Sequência Riacho do Incó (Topo, UVM), (ii) Sequência Fazenda Brasileiro e, a (iii) Sequência Canto (Base, US). Esta distribuição foi reordenada por Kishida et al. (1991), do topo para a base, acrescentando mais uma seqüência às que haviam sido propostas por Teixeira (1983), com a inclusão da Seqüência Abóbora (Figura 2). É consenso que estas rochas foram submetidas apenas a metamorfismo de baixo grau, da fácies xisto-verde, que sofreram diversas fases de deformações e que ainda preservam estruturas ígneas primárias (Fratin 1983, Teixeira 1983, Silva 1983, Kishida et al. 1991). Figura 2. Mapa geológico esquemático do GBRI na área da Mina Fazenda Brasileiro. Modificado de Melo et al., 1991. A Seqüência Riacho do Incó (Fratin 1983) consiste em uma sucessão de xistos máficos intercalados por metabasaltos toleiíticos (os carbonato-clorita xistos, CCX), associados a finas intercalações de metapelitos vulcânicos, cherts e sills gabróicos (Figura 3). De acordo com a estratigrafia proposta por Teixeira (1983), os metapelitos carbonosos da seqüência Riacho do Incó consistem de uma camada guia que a separa das demais seqüências, e constitui uma capa (hanging wall) do minério de Fazenda Brasileiro (Figura 3). 68 480 NS3213AB FX6435 BARROCAS Granito Barroquinhas Granito Barrocas FX6440 FSS00863 MFB FX6437 FX6449 NS3215 NS3246 TEOFILÂNDIA NS3214 NS3210 NS3209AB Cava B1 NS3247 NS3245 500 8.740 8.730 Figura 2. Mapa geológico esquemático do GBRI na área da Mina Fazenda Brasileiro. Modificado de Melo et al., 1995. Granito Salgadália 490 0 1:250.000 5 10km Dioritos e quartzo-dioritos porfiros Granitos Arqueanos Ortognaisses granodioriticos / Gnaisses Bandados Complexo Santaluz Metabasaltos toleiiticos (UVM) Metamafitos e xistos magneticos (UVM) Metandesitos e metadacitos (UVF) Aglomerados e metatufos andesiticos (UVF) e metassiltitos Metarcoseos, metagrauvacas BIFs (US) Metapelitos, metagrauvacas e GBRI Granitos Paleoproterozóicos Amostras de Furo de Superfície (FSS) Amostras de Furo de Sub-Superfície (FX) Amostras de Cava a Céu Aberto Amostra de Afloramento LEGENDA: As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 69 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Figura 3. Coluna estratigráfica da Faixa Weber (após Teixeira 1983). A Sequência Fazenda Brasileiro, objeto principal do nosso estudo, situa-se entre as sequencias Riacho do Incó e Canto, agregando diversas litologias facilmente correlacionadas à UVM e intercalações sedimentares. Nela encontra-se o maior corpo mineralizado da área de estudo. Os litotipos estão no geral modificados ou parcialmente modificados em função dos eventos geotectônicos (deformações, fluidos hidrotermais e metamorfismo). O sill gabróico a Fe-gabróico, hospedeiro principal da mineralização, apresenta vários produtos da alteração hidrotermal e cisalhamento, recebendo na mina diferentes denominações: CLX (quartzo Fe clorita xisto / Fe-actinolita-xisto) ou CAX (sericita-Fe-clorita-xisto / Fe-actinolita-carbonato-xisto). Rochas intrusivas félsicas plagio graníticas são também encontradas nesta sequência. A Seqüência Canto representa as rochas da unidade de topo (US) do GBRI, sendo constituída por metassedimentos pelíticos carbonosos finos, intercalados com rochas vulcânicas piroclásticas, representando um pacote turbidítico (Teixeira 1983, Kishida 1991). Foram observadas neste pacote feições sedimentares preservadas (marcas de ondas) e ocorrências de pequenos níveis de xistos máficos, rochas máficas granulares e tufos félsicos (Figura 3). Silva et al. (2001) descrevem mineralizações de ouro associadas também a esta sequência. A Seqüência Fazenda Abóbora (Kishida 1991) está caracterizada por um espesso pacote de lavas basálticas, intercaladas por camadas milimétricas de metassedimentos, e encontra-se localizada no extremo norte da Faixa Weber, região em que se situa o corpo mineralizado de Abóbora. Teixeira (1983) a posiciona estratigraficamente abaixo da sequência Canto, e a localiza regionalmente no extremo norte da Faixa Weber (Figura 3). 70 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena XISTOS M A´ F I C O S ~ INTERCALAÇOES .. ^ SEQUENCIA RIACHO DO (+ 500m ) M A´ F I C O S XISTOS INCO M E TA B A S A LT O S L AVA S B A´ S I C A S HORIZONTE .. ^ SEQUENCIA (50 BRASILEIRO ) 100m M E TA P E L I T O ^NICA VULCA GUIA ( + + CHERT + ~ SEGREGAÇOES AU ) ROCHA QZO M A´ F I C O S XISTOS ~ INTERCALAÇOES PA C O T E + CARBONOSO F E´ L S I C A BRECHA X I S T O M A G N E´ T I C O PY PO APY C A R B O N A´ T I C A S 1 ° N I´V E L FAZENDA FINOS SEDIMENTOS DE S E D I M E N TA R E S I N T E R M E D I A´ R I O XISTOS 2 ° N I´ V E L M E TA M A´ F I C A C / T E X T U R A S U B O F ´I T I C A RELIQUIAR M A´ F I C O S + ~ SEGREGAÇOES XISTO M A G N E´ T I C O APY PY C PO AU M E TA P E L I TO S CARBONOSOS M E TA G R A U VA C A S C C ~ LAMINAÇAO ~ E S T R AT I F I C A Ç A O ´ ICAS Q Z O C A R B O N AT PA R A L E L A GRADACIONAL .. ^ SEQUENCIA FAZENDA ( CANTO 500m ) M E TA P E L I TO S ~ GRAFITOSOS INTERCALAÇOES DE M E TA G R A U VA C A S C XISTOS LAMINADOS M A´ F I C O S ~ LAMINAÇAO C O N V O L U TA Figura 3. Coluna estratigráfica da Faixa Weber (após Teixeira 1983). 71 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena MÉTODOS APLICADOS Os trabalhos de campo realizados na região da Mina Fazenda Brasileiro contaram com o apoio logístico da Yamana Gold Inc.. Em afloramentos de superfície foram selecionadas 14 (quatorze) amostras representativas das diversas litologias observáveis na área em estudo. Outras vinte e nove (29) amostras foram obtidas a partir de cinco (5) furos de sondagem, em profundidades variando de 8,50 m a 110,00 m. A partir desta amostragem foram confeccionadas lâminas delgadas para estudos petrográficos e selecionados espécimes para os estudos litogeoquímicos. Análises químicas foram realizadas no Laboratório de Espectrometria de Plasma (ICP OES) do Grupo de Petrologia Aplicada a Pesquisa Mineral da UFBA após dissolução por ácido fluorídrico, ácido perclórico e ácido nítrico. Foram analisados elementos maiores, menores (SiO2, Al2O3, MnO, MgO, CaO, Na2O, K2O, TiO2, P2O5, FeO, Fe2O3) e elementos traços (Ba, Co, Cr, Cu, Ni, Pb, Rb, S, Sr, V, Y, Zn e Zr). A perda ao fogo (PF) foi determinada mediante calcinação das amostras em mufla, a cerca de 1000º C. As amostras NS 3206, NS 3208, NS 3223 e NS 3241 não puderam ser dissolvidas por esta metodologia e as amostras NS3240, 3233 e 3236 resultaram em uma grande perda ao fogo (>8%) e teores de sílica muito baixos (< 32%). Por este motivo foram preparadas pastilhas prensadas para análise de suas réplicas por Fluorescência de Raios-X, as quais foram realizadas nos Laboratorios do Instituto de Química da UFBA. Os limites de detecção e os resultados das análises compõem a Tabela 1. Tabela 1. Análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR e parâmetros de classificação para as amostras estudadas. Adicionalmente 26 (vinte e seis) amostras (NS 3216, 3206, 3220B, 3217, 3209 A, 3208, 72 MDL Acme 0.01 0.01 0.01 K2O P2O5 Cr2O3 0.06 0.05 1.41 0.02 0.35 0.13 1.29 17.49 97.78 100.06 0.2 97.05 13.78 0.04 0.15 2.21 10.53 4.66 0.27 20.58 18.52 14.28 4.71 11.13 3.21 30.49 FX 06435 2,00 - 3,00 491,611 8,732,696 ICP IGEO 100.09 0.2 8.8 2.47 0.02 0.07 0.22 1.46 16.6 6.56 0.32 19.37 17.43 12.84 5.1 12.18 3.6 28.22 FX 06435 2,00 - 3,00 491,611 8,732,696 XRF UFBA Foidito Biotita-cloritacarbonatoanfibólio-albitaxisto Biotita-cloritacarbonatoanfibólio-albitaxisto Foidito CLX 3233-1 CLX 3233 CLX 3236-1 98.61 8.01 0.29 0.1 1.7 13.09 5.67 0.34 19.99 17.99 14.14 4.28 13.8 2.78 32.84 FX 06435 5,00 - 6,00 491,611 8,732,693 ICP IGEO Foidito 100.03 0.2 0.46 3.96 0.03 0.06 0 99.47 0.29 0.02 1.09 8.94 38.9 0.74 1.67 0.22 26.91 24.21 20.56 4.06 7.37 2.56 40.43 FX 06449 1,00 - 2,00 491,650 8,732,704 ICP IGEO Basalto Meta-andesito CLX 3239 3.71 0.29 17.48 15.73 12.76 3.3 6.43 1.8 25.97 FX 06435 5,00 - 6,00 491,611 8,732,693 XRF UFBA Foidito Clorita-carbonato- Clorita-carbonatoanfibólio-albitaanfibólio-albitaxisto xisto CLX 3236 97.58 0.14 0.18 2.28 10.14 5.86 0.18 12.73 11.45 8.88 2.86 13.46 1.36 42.61 FSS 00863 40,80 - 41,35 490,647 8,733,738 ICP IGEO Basalto Meta-fenoandesito CCX 3222 CLX 3235B 99.77 10.29 0.07 0.84 0.19 11.44 6.78 0.31 12.8 11.52 9.32 2.44 12.28 0.94 43.83 FSS 00863 22,20 - 22,70 490,647 8,733,719 ICP IGEO Basalto 99.45 6.86 0.1 0.13 3.19 8.28 4.31 0.25 17.44 15.69 12.62 3.42 12.86 1.92 44.11 Fx 06435 4,00 - 5,00 491,611 8,732,694 ICP IGEO Basalto Clorita-anfibólioQuartzo-carbonatocarbonato-albitaalbita-clorita-xisto xisto CCX 3219 99.08 5.98 0.17 0.06 0.82 8.41 3.04 0.32 23.58 21.22 17.16 4.51 9.35 3.01 44.34 FSS 00863 96,50 - 97,00 490,647 8,733,793 ICP IGEO Basalto Quartzo-albitaclorita-xisto CLX 3228 CLX = Quartzo-Clorita-Xisto; CCX = Carbonato-Clorita-Xisto; CAX = Actinolita-Clorita-Xisto; CAP = Plagioclásio Carbonoso; MPC = Metapelito Carbonoso; MPV = Metapelito Vulcânico. 17.90 0.01 Total 0.02 TOT/S P.F 0.02 TOT/C CO2 3.89 0.01 Na2O 24.6 6.38 0.41 2.34 0.01 CaO 2.57 0.18 21.78 4.81 12.8 As2O3 0.01 MgO 14.12 2.85 6.86 SO3 0.01 MnO 19.60 12.71 calc 0.04 calc FeO FeOt calc Fe2O3 Fe2O3t 15.27 10.14 0.01 3.31 Al2O3 1.35 0.01 0.01 SiO2 (w%) TiO2 29.67 FX 06449 FX 06449 Local da Coleta 28.68 5,00 - 6,00 491,650 5,00 - 6,00 491,650 Longitude 8,732,705 XRF UFBA Foidito Meta-Gabro CLX 3240-1 Profundidade da coleta (m) 8,732,705 Foidito Nome Composição Latitude Meta-Gabro Nome Petrografia ICP IGEO CLX Nome de Campo Laboratório 3240 Amostra Ultrabásicas (SiO2 < 45%) Serie Toleitica Tabela 1. Dados sobre a amostragem e análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR. 97.33 2.89 0.09 0.25 3.79 8.76 4.87 0.24 18.24 16.41 13.13 3.65 11.5 2.15 44.54 FX 06435 3,00 - 4,00 491,611 8,732,695 ICP IGEO Basalto Biotita-albitacarbonatoanfibólio-cloritaxisto CLX 3234 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 73 La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu Ag As Au (ppb) Ba (ppm) Be Bi Cd Co Cr Cs Cu Ga Hf Hg Li Mo Nb Ni Pb Rb Sb Sc Se Sn Sr Ta Th Tl U V W Y Zn Zr Amostra 0.05 0.02 0.05 0.01 0.05 0.02 0.03 0.01 0.05 0.01 0.1 0.1 0.02 0.3 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 1 0.5 1 0.5 0.1 0.2 0.1 0.1 8 0.5 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.5 0.1 0.01 0.1 0.5 0.5 1 1 0.1 0.1 0.2 21 <3 17 6 38 126 0 <3 238 28 34 110 186 16 <3 13 <3 28 107 0 <3 262 <8 19 75 22 74 238 28 34 110 186 126 0 <3 38 17 6 21 <3 <8 7 966 80 56 31 3233-1 5.0 31.0 320 14 19 120 49 <3 <3 320 14 19 120 49 145 45 <8 10 26 <3 <8 136 511 68 54 19 3236-1 145 45 <8 10 26 <3 <8 136 511 68 54 19 3236 5.0 40.0 85 11 24 84 50 <3 62 38 24 9 23 <3 <8 266 126 52 31 7 3239 3.91 1.00 4.17 0.72 4.38 0.9 2.76 0.38 2.68 0.44 17.9 36.6 4.53 18.4 2.3 5.8 63.3 1.8 46.2 <0.1 21 0.9 <1 102.6 0.4 5.7 0.2 2.8 155 2.8 27.1 43 121.2 2.9 57.5 14.1 3.6 <0.01 <0.1 344.4 1.6 295 1 <0.1 <0.1 23.2 3222 179 <8 11 75 24 <3 43 30 83 3 15 <3 13 109 <3 39 179 270 3219 3.0 28.0 615 <8 30 135 49 <3 103 47 <8 5 28 <3 <8 53 <3 57 79 12 3235B 4.0 33.0 75 <8 10 139 52 <3 77 49 28 4 27 <3 <8 109 <3 68 45 41 3228 <3 5.0 182 <8 7 38 17 <3 33 14 14 <3 9 <3 <8 <3 14 19 0 131 16 3234 ICP IGEO = Laboratório de Espectrometria de Plasma por Emissão Ótica Acoplada; XRF IQ = Laboratório de Fluorescência de Raios-X ; Acmelab = Laboratório Acme Analítica Ltda. 13.0 50.0 <8 <8 4.0 26.0 7 378 966 80 56 49 31 28 3233 31 3240-1 57 3240 Ultrabásicas (SiO2 < 45%) Serie Toleitica Tabela 1. Dados sobre a amostragem e análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR. As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 8,733,713 490,647 Latitude Longitude MDL Acme Acmelab Laboratório 0.01 0.01 calc calc calc 0.04 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 TiO2 Al2O3 Fe2O3 FeO FeOt Fe2O3t MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 Cr2O3 99.81 99.82 104.072 0.06 0.01 1.98 10.09 3.7 0.28 20.46 18.41 14.86 3.94 10.53 2.44 46.88 FX 06437 98.83 0.01 0.43 3.43 0.062 0.11 1.39 1.93 11.55 6.52 0.27 12.48 11.23 9.00 2.48 14.46 0.98 49.32 490,647 8,733,710 ICP IGEO Basalto 490,647 8,733,729 ICP IGEO Basalto Meta-andesito CCX 3221 490,647 8,733,749 XRF IQ Basalto Meta-fenoandesito CCX 3223 490,647 8,733,795 Acmelab 491,611 8,732,693 ICP IGEO Basalto andesito Clorita-albitaanfibóliocarbonatoxisto Plagioclásiocarbonatoalbita-cloritaxisto Andesito Basaltico CLX 3237 CLX mag 3229 99.88 0.08 0.08 1.75 10.04 7.49 0.2 14.2 12.78 10.51 2.52 15.17 1.02 47.25 FSS 00863 100.02 0.09 0.27 1.34 5.33 7.61 0.19 13.57 12.21 9.90 2.57 14.76 1.07 47.46 FSS 00863 92.78 0.208 0.31 0.99 7.74 7.63 0.22 18.58 16.72 13.60 3.47 18.74 1.97 48.27 FSS 00863 99.90 0.08 2.01 0.004 0.55 0.04 2.24 6.94 1.46 0.30 20.16 18.14 15.09 3.39 9.46 1.89 48.38 FSS 00863 98.96 6.20 0.05 0.12 3.92 6.75 5.09 0.19 11.99 10.79 7.93 3.18 14.38 1.68 48.6 FX 06435 4,00 - 5,00 13,25 - 13,70 32,15 - 32,70 52,20 - 52,85 98,00 - 98,90 6,00 - 7,00 491,625 8,732,704 ICP IGEO Basalto Total 0.04 1.74 0.028 0.06 0.70 1.79 10.29 5.76 0.21 9.88 8.89 6.85 2.27 10.43 0.77 45.87 Cava Canto II Cava Canto II CCX 3216 Carbonatoalbita-anfibólio- Meta-gabro xisto CLX 3242 2.40 0.02 TOT/S 0.016 0.07 0.29 0.94 9.28 6.76 0.19 12.92 11.63 9.40 2.47 12.34 0.97 45.08 ---- 494,051 8,734,468 ---- 494,051 8,734,468 XRF IQ Andesito Basaltico Andesito Basaltico Acmelab XXX Rocha Félsica XXX 3208-1 3208 Rocha Felsica P.F 0.02 TOT/C CO2 As2O3 SO3 0.01 SiO2 (w%) FSS 00863 Basalto Nome Composição Local da Coleta Meta-andesito Nome Petrografia 16,60 - 16,95 CCX Nome de Campo Profundidade da coleta (m) 3217 Amostra Básicas (45% < SiO2 < 52%) Serie Toleitica 99.90 0.52 1.89 0.006 0.42 0.02 1.35 8.66 1.51 0.30 19.38 17.44 14.42 3.35 9.05 1.85 49.04 Cava Corpo B1 ---- 491,922 8,733,746 Acmelab Andesito Basaltico XXX CLX mag 3210 97.87 5.23 0.02 0.39 2.42 9.92 7 0.18 8.96 8.06 6.45 1.79 13.45 0.29 50.03 FSS 00863 103,00 103,55 490,647 8,733,800 ICP IGEO Andesito Basáltico Biotita-albitacarbonatoclorita-xisto CAX 3230 97.77 5.90 0.37 0.03 1.64 6.39 1.78 0.28 19.1 17.19 14.26 3.25 9.94 1.75 50.59 ----- 491,922 8,733,746 ICP IGEO Andesito Basáltico XXX CLX mag 32101 ----- 494,051 8,734,468 Acmelab Andesito Basáltico Andesito cortado por veio de quartzo Andesito 3212A 99.83 0.07 1.26 0.033 0.06 0.03 1.60 8.90 5.71 0.18 11.58 10.42 8.28 2.38 11.96 0.88 50.62 Cava Canto II Tabela 1. Dados sobre a amostragem e análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR. 99.87 0.06 2.13 0.028 0.05 0.05 1.96 13.53 4.23 0.15 8.22 7.40 5.46 2.15 10.05 0.65 50.89 Cava Canto II ----- 494,051 8,734,468 Acmelab Andesito Basáltico Andesito Andesito 3212B 99.83 0.04 2.23 0.027 0.11 0.19 1.78 7.67 5.38 0.17 10.90 9.81 7.39 2.69 10.44 1.19 50.99 FSS 00863 73,45 - 73,92 490,647 8,733,770 Acmelab Andesito Albitacarbonatoclorita-xisto CCX 3225 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 75 5.8 13.4 1.77 8.3 2.26 0.74 2.80 0.51 3.34 0.66 1.99 0.26 1.94 0.29 2.7 6.6 1.09 5.5 1.92 0.68 2.65 0.50 3.09 0.69 2.06 0.27 2.11 0.31 0.05 0.02 0.05 0.01 0.05 0.02 0.03 0.01 0.05 0.01 1.0 2.7 85.1 4.3 23.0 0.8 24 1.1 <1 125.2 0.2 1.3 <0.1 0.5 190 9.5 19.5 82 58.4 0.3 2.4 90.2 1.0 9.5 <0.1 35 0.5 <1 77.5 0.2 0.5 <0.1 <0.1 273 0.6 19.4 72 52.4 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 1 0.5 1 0.5 0.1 0.2 0.1 0.1 8 0.5 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.02 0.3 2.5 136.2 12.2 1.7 <0.01 0.2 146.5 12.8 1.6 <0.01 0.1 0.1 0.5 0.1 0.01 La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu 0.1 1010.0 30.1 117 <1 0.1 0.4 29.8 0.1 24.4 1.7 39 <1 <0.1 <0.1 39.3 Ag As Au (ppb) Ba (ppm) Be Bi Cd Co Cr Cs Cu Ga Hf Hg Li Mo Nb Ni Pb Rb Sb Sc Se Sn Sr Ta Th Tl U V W Y Zn Zr 3208 3217 0.1 0.5 0.5 1 1 0.1 0.1 0.2 Amostra 3208-1 64 <3 144 <8 15 79 33 128 <3 112 <8 16 121 28 4.0 18.0 22 58 <3 26.0 17 <3 3.0 23.0 241 9 14 102 44 <3 44 38 51 <3 19 <3 12 <3 28 8 <8 12 9 116 <3 48 153 97 131 20 112 <3 71 58 106 3221 41 68 3216 10 3242 3223 7.48 2.35 9.98 1.76 10.84 2.34 6.79 0.92 6.53 1.01 10.1 27.8 4.32 23.9 0.7 8.3 0.8 1.5 0.8 <0.1 43 <0.5 <1 92.4 0.5 0.9 <0.1 0.3 12 1.4 65.8 145 162.7 0.4 7.9 22.3 5.0 <0.01 <0.1 9.4 7.6 16 <1 <0.1 <0.1 23.0 3229 4.0 21.0 205 15 20 108 51 <3 124 29 102 7 133 0 <8 0 16 <3 <3 48 242 31 3237 Básicas (45% < SiO2 < 52%) Serie Toleitica 6.35 2.09 8.70 1.55 9.63 2.07 6.13 0.80 5.99 0.90 8.6 23.2 3.60 19.2 0.9 6.9 0.2 2.6 0.9 0.2 38 <0.5 <1 86.0 0.4 1.0 <0.1 0.3 77 2.2 57.8 146 157.5 0.7 33.9 20.0 4.7 <0.01 <0.1 140.4 47.1 12 <1 <0.1 0.1 22.2 3210 <3 10.0 139 <8 8 50 7 <3 73 31 <8 17 <3 <8 76 <3 30 45 60 3230 8.0 34.0 122 9 19 121 85 <3 64 24 28 15 <3 12 55 <3 28 83 11 32101 Tabela 1. Dados sobre a amostragem e análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR. 1.71 0.69 2.30 0.43 2.86 0.60 1.71 0.24 1.70 0.27 2.7 6.6 1.04 5.7 0.4 1.9 95.1 0.2 0.5 0.2 33 <0.5 <1 98.0 0.1 0.3 <0.1 <0.1 246 1.0 16.2 62 45.1 0.4 134.1 13.4 1.4 <0.01 <0.1 46.9 4.6 7 <1 <0.1 <0.1 53.3 3212A 1.38 0.63 1.84 0.35 2.28 0.47 1.50 0.19 1.44 0.21 1.9 4.8 0.79 4.2 0.6 1.5 56.4 0.3 1.0 0.2 25 <0.5 <1 140.9 <0.1 <0.2 <0.1 <0.1 195 0.9 13.2 36 33.3 0.3 96.6 12.1 0.9 <0.01 <0.1 28.7 2.0 12 <1 <0.1 <0.1 23.4 3212B 2.43 0.88 3.33 0.61 3.81 0.84 2.51 0.32 2.46 0.36 3.7 9.7 1.50 7.9 1.1 3.2 72.6 1.4 4.5 <0.1 32 <0.5 <1 65.7 0.2 0.4 <0.1 0.1 275 5.6 22.6 74 66.4 0.8 193.6 13.4 2.1 <0.01 0.2 62.7 7.3 27 <1 <0.1 0.2 36.5 3225 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 76 0.01 0.01 calc calc calc 0.04 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 TiO2 Al2O3 Fe2O3 FeO FeOt Fe2O3t MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 Cr2O3 99.91 98.59 0.01 Total 0.88 0.49 0.37 0.01 1.5 2.66 1.7 0.21 27.79 25.01 22.34 2.96 6.49 1.46 53.65 100.46 1.8 0.06 0.07 2.45 11.63 5.73 0.16 10 9.00 6.89 2.34 11.37 0.84 56.35 FSS 00863 FX 06437 2.75 0.02 TOT/S 0.016 0.44 0.03 0.68 6.11 1.68 0.34 24.01 21.60 18.44 3.52 9.18 2.02 53.22 62,00 - 62,55 490,647 8,733,759 ICP IGEO Andesito Meta-andesito CCX 3224 11,00 - 12,00 491,625 8,732,704 ICP IGEO Andesito Basáltico P.F 0.02 TOT/C CO2 As2O3 SO3 0.01 SiO2 (w%) FX 06437 491,625 Longitude Local da Coleta 8,732,685 Latitude 21,00 - 22,35 Acmelab Laboratório Profundidade da coleta (m) Andesito Basáltico Nome Composição MDL Acme CLX 3243 Basalto Quartzo-anfibóliointercalado por albita-xisto dacito/riolito CLX Nome de Campo Nome Petrografia 3244 Amostra 99.88 1.10 1.13 0.005 0.18 0.09 8.77 5.69 0.95 0.12 5.44 4.89 3.32 1.75 16.35 0.25 99.90 0.74 0.41 0.018 0.28 0.12 3.06 4.69 0.63 0.26 15.24 13.71 11.40 2.57 10.17 1.07 61.94 Barroca-W Mine Barroca-W Mine 57.25 ----- 484,494 8,732,056 Acmelab Dacito ----- 484,494 8,732,056 Acmelab Traquiandesito XXX CLX s/ minerio CLX c/ minerio XXX 3213A 3213B Intermediárias (52% < SiO2 < 66%) Serie Toleitica 99.88 <0.02 0.06 0.035 0.06 1.79 1.87 0.45 0.40 0.04 3.46 3.11 1.48 1.81 8.96 0.31 81.32 Outcrop 498,272 8,741,920 Acmelab Riolito XXX Aglomerado vulcanico Série Toleiítica Ácidas (SiO2 > 66%) 3215 99.81 0.02 6.56 0.021 0.11 0.12 0.69 8.51 6.19 0.17 12.72 11.45 8.94 2.78 10.72 1.28 42.66 FSS 00863 19,70 - 19,90 490,647 8,733,717 Acmelab Basalto Metapelito MPC 3218 99.79 <0.02 5.78 0.022 0.05 1.62 1.98 11.92 2.91 0.07 7.47 6.72 4.84 2.09 11.54 0.59 45.03 FSS 00863 28,70 - 29,20 490,647 8,733,722 Acmelab Andesito Basáltico Albita-carbonatografita-xisto MPC 3220B 99.87 0.24 3.27 0.019 0.02 1.53 0.57 14.05 4.83 0.13 6.35 5.71 4.00 1.9 11.53 0.40 45.83 Afloramento ---- 491,922 8,733,746 Acmelab Andesito Basáltico XXX MPC 3209A 99.79 0.38 3.95 0.081 0.03 2.07 0.56 7.24 5.84 0.12 8.05 7.24 5.40 2.05 12.29 0.55 49.45 Cava Canto II ---- 494,051 8,734,468 Acmelab Andesito XXX MPC 3207 Rochas Metassedimentares Tabela 1. Dados sobre a amostragem e análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR. 99.87 0.05 2.21 0.023 0.06 1.34 1.94 7.03 3.35 0.10 7.28 6.55 4.68 2.08 11.19 0.58 57.83 FSS 00863 87,60 - 88,95 490,647 8,733,785 Acmelab Dacito Meta-tufo MPC 3226 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 77 5.69 2.05 7.93 1.41 8.78 1.87 5.45 0.74 5.40 0.82 0.05 0.02 0.05 0.01 0.05 0.02 0.03 0.01 0.05 0.01 1.3 6.6 1.9 1.0 0.5 <0.1 40 <0.5 <1 81.5 0.4 0.9 <0.1 0.3 15 2.5 51.2 67 150.3 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 1 0.5 1 0.5 0.1 0.2 0.1 0.1 8 0.5 0.1 0.1 0.1 7.6 20.0 3.26 17.6 0.2 45.4 20.9 4.5 <0.01 0.1 0.1 0.5 0.1 0.01 0.1 0.1 0.02 0.3 <0.1 8.8 7.0 5 <1 <0.1 <0.1 28.3 Ag As Au (ppb) Ba (ppm) Be Bi Cd Co Cr Cs Cu Ga Hf Hg Li Mo Nb Ni Pb Rb Sb Sc Se Sn Sr Ta Th Tl U V W Y Zn Zr La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu 3244 0.1 0.5 0.5 1 1 0.1 0.1 0.2 Amostra 73 88 <3 163 8 15 60 <3 30 <3 50 31 <3 27.0 <3 12.0 25 15 <3 58 <3 15 <3 <8 13 <8 <3 32 308 284 14 3224 21 3243 11.05 3.07 15.19 2.86 18.10 3.95 11.38 1.48 10.20 1.48 17.9 47.7 7.25 37.5 0.5 1.8 1.7 1.6 2.7 <0.1 8 1.4 <1 187.6 0.2 2.3 <0.1 0.9 15 0.5 108.2 22 412.2 1.6 90.4 18.6 12.4 <0.01 0.1 1.5 8.8 30 1 <0.1 0.1 3.1 3213B Intermediárias (52% < SiO2 < 66%) Serie Toleitica 9.57 2.94 12.52 2.34 14.86 3.16 9.43 1.30 9.33 1.43 14.8 39.4 6.07 31.4 1.6 11.6 2.1 1.4 3.6 <0.1 23 0.8 <1 70.3 0.8 2.0 <0.1 0.5 9 2.4 89.4 91 300.0 1.3 48.4 22.7 8.9 <0.01 <0.1 38.6 120.9 37 1 0.1 0.1 7.8 3213A 4.94 1.01 3.15 0.43 2.15 0.36 1.00 0.13 0.98 0.14 60.9 90.0 10.65 37.0 2.2 3.9 14.9 3.3 47.5 <0.1 5 <0.5 <1 153.3 0.4 10.7 <0.1 0.7 54 4.5 10.9 26 138.1 1.8 16.9 10.3 3.7 <0.01 <0.1 0.6 1.2 662 1 0.1 <0.1 8.5 Série Toleiítica Ácidas (SiO2 > 66%) 3215 4.77 1.18 5.70 1.01 6.00 1.26 3.74 0.48 3.34 0.48 16.7 34.9 4.52 20.5 0.3 6.5 113.7 1.8 3.8 <0.1 29 <0.5 1 29.5 0.4 4.0 <0.1 1.3 199 1.2 37.5 107 110.4 0.3 80.5 16.9 3.5 <0.01 0.1 25.5 0.5 44 <1 0.1 <0.1 25.3 3218 6.02 1.50 5.58 0.87 4.88 0.99 2.80 0.39 2.69 0.44 35.4 66.0 8.15 32.9 0.4 6.5 129.7 5.9 46.4 <0.1 19 <0.5 3 50.1 0.5 8.1 <0.1 3.0 132 2.4 31.6 80 83.8 1.4 160.9 14.3 2.3 <0.01 0.2 55.8 1.3 643 1 <0.1 0.2 30.9 3220B 1.02 0.52 1.44 0.27 1.65 0.36 1.10 0.14 1.06 0.17 2.1 4.7 0.68 3.4 0.5 1.0 52.2 1.5 35.0 1.6 30 <0.5 <1 103.6 <0.1 0.5 <0.1 0.2 148 9.4 10.0 32 25.2 2.7 93.8 11.4 0.6 <0.01 <0.1 848.3 125.3 120 <1 <0.1 <0.1 26.0 3209A 2.45 0.66 2.52 0.43 2.42 0.52 1.55 0.21 1.63 0.24 10.9 20.7 2.72 11.3 1.9 3.6 167.8 4.2 54.7 0.9 23 0.7 2 101.3 0.2 2.5 <0.1 1.5 175 19.2 15.3 76 68.7 5.3 171.2 16.6 2.1 <0.01 0.2 173.9 <0.5 280 1 0.2 0.2 35.5 3207 Rochas Metassedimentares Tabela 1. Dados sobre a amostragem e análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR. 2.47 0.78 2.67 0.44 2.66 0.54 1.64 0.21 1.59 0.25 7.9 16.9 2.25 10.6 1.2 2.9 44.4 1.5 34.0 <0.1 21 <0.5 1 59.0 0.2 2.0 <0.1 0.8 146 5.8 16.2 55 61.5 0.9 56.0 14.0 2.0 <0.01 <0.1 146.5 1.1 305 <1 <0.1 <0.1 21.3 3226 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 78 MDL Acme 0.01 0.01 calc calc calc 0.04 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 0.01 Al2O3 Fe2O3 FeO FeOt Fe2O3t MnO MgO CaO Na2O K2O P2O5 Cr2O3 100.2 99.78 Total 0.01 5.23 1.57 0.07 0.47 5.64 6.42 4.11 0.18 10.98 9.88 7.68 2.45 17.09 0.95 45.41 8.87 0.02 TOT/S 0.031 0.08 1.29 2.73 8.48 4.73 0.26 10.16 9.14 6.93 2.46 11.62 0.96 44.42 FSS 00863 90,10 90,50 490,647 8,733,787 ICP IGEO 99.85 0.11 2.27 0.006 0.02 1.13 2.28 11.22 5.97 0.14 6.71 6.04 4.34 1.89 14.79 0.39 45.95 FSS 00863 109,50 110,00 490,647 8,733,806 Acmelab Basalto Traquibasalto ----- 491,922 8,733,746 Acmelab Andesito Basáltico XXX CAX 3211 98.18 11.06 0.01 0.31 2.45 9.83 6.89 0.16 8.28 7.45 5.89 1.73 13.94 0.23 45.03 99.84 0.03 1.84 0.006 0.02 0.22 2.85 8.27 6.76 0.15 8.50 7.65 5.88 1.97 13.52 0.47 48.30 Afloramento Afloramento ----- 491,922 8,733,746 ICP IGEO Basalto XXX Meta-fenoandesito Meta-diorito 3211-1 CAX 3231 Básicas CAX CLX 3227 P.F 0.02 TOT/C CO2 As2O3 SO3 0.01 TiO2 Cava Canto II Local da Coleta SiO2 (w%) ----- 494,051 Longitude Profundidade da coleta (m) 8,734,468 Latitude Andesito Basáltico Nome Composição Acmelab XXX Nome Petrografia Laboratório MPC c/ minerio 3206 Nome de Campo Amostra Ultrabásica 78.35 0.06 0.06 1.05 3.08 17.12 4.16 0.15 8.23 7.41 5.31 2.33 12.53 0.83 99.76 <0.02 0.36 0.028 0.06 2.01 2.66 1.49 3.85 0.10 8.77 7.89 5.78 2.35 15.77 0.85 58.11 FSS 00863 FX 06449 51.61 28,70 - 29,20 490,647 8,733,722 Acmelab 9,00 - 10,15 491,650 8,732,705 XRF IQ Andesito Carbonato-grafita-xito e albita-anfibolio-xisto Carbonatoalbita-biotitaanfibólio-xisto Andesito Basáltico CCX 3220A Intermediárias MPC 3241A Série Cálcio-Alcalina 99.89 <0.02 0.68 0.012 0.07 1.58 4.28 3.23 1.61 0.05 4.00 3.60 1.92 1.87 13.18 0.37 99.86 0.25 0.41 0.028 0.05 1.45 2.95 3.11 2.84 0.06 7.71 6.94 4.92 2.24 11.75 0.74 67.22 FX 06440 Cava Corpo B1 66.49 13,00 14,00 491,637 8,732,718 Acmelab Dacito Metabasito MPV 3232 ----- 491,922 8,733,746 Acmelab Dacito XXX MPC 3209B Dacito Riolito ----- 497,359 8,736,430 Acmelab 3245 ----- 497,811 8,737,380 Acmelab Riolito XXX Diorito porfiro 99.81 <0.02 0.06 0.013 0.15 2.87 3.48 2.25 1.38 0.04 3.41 3.07 1.36 1.9 15.93 0.40 67.73 99.77 0.07 0.20 0.019 0.11 2.61 4.82 2.79 1.10 0.04 2.84 2.56 0.88 1.86 15.24 0.36 67.97 99.75 <0.02 0.24 0.024 0.15 1.70 5.17 1.56 1.44 0.05 2.76 2.48 0.79 1.88 15.10 0.38 68.92 Afloramento Afloramento Afloramento ----- 498,841 8,738,656 Acmelab XXX Diorito porfiro XXX 3214 Granito Teofilandia 3246 Ácidas Tabela 1. Dados sobre a amostragem e análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR. 99.98 0.27 0.37 0.026 0.06 0.04 8.09 1.83 0.43 0.02 2.07 1.86 0.32 1.71 14.66 0.21 70.61 FX 06435 7,00 - 8,50 491,611 8,732,692 Acmelab Riolito Feno-dacito ou Fenoandesito CAP 3238 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 79 3.43 1.04 3.74 0.67 3.94 0.85 2.55 0.34 2.51 0.37 0.05 0.02 0.05 0.01 0.05 0.02 0.03 0.01 0.05 0.01 2.8 5.0 86.6 10.3 42.2 5.7 23 3.7 1 181.0 0.3 3.0 <0.1 1.4 173 14.2 24.4 41 96.0 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 0.1 1 0.5 1 0.5 0.1 0.2 0.1 0.1 8 0.5 0.1 0.1 0.1 12.3 26.2 3.30 14.0 4.9 263.4 12.6 2.9 <0.01 0.1 0.1 0.5 0.1 0.01 0.1 0.1 0.02 0.3 0.2 9384.4 4.6 195 2 1.4 0.2 26.8 0.1 0.5 0.5 1 1 0.1 0.1 0.2 Ag As Au (ppb) Ba (ppm) Be Bi Cd Co Cr Cs Cu Ga Hf Hg Li Mo Nb Ni Pb Rb Sb Sc Se Sn Sr Ta Th Tl U V W Y Zn Zr La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu 3206 Amostra Ultrabásica <3 18.0 303 <8 7 129 28 <3 84 36 33 9 19 <3 <8 59 <3 43 44 89 3227 0.83 0.41 1.14 0.22 1.35 0.28 0.83 0.11 0.83 0.13 1.2 3.0 0.47 2.4 0.3 0.7 39.4 0.4 27.5 0.1 34 <0.5 <1 96.3 <0.1 <0.2 <0.1 <0.1 164 2.2 7.7 32 18.4 1.7 104.2 14.8 0.5 <0.01 <0.1 31.1 4.8 63 <1 <0.1 <0.1 27.9 3231 <3 12.0 176 <8 7 60 17 <3 67 40 74 <3 19 <3 <8 102 <3 27 8 48 3211-1 Básicas 0.85 0.42 1.19 0.24 1.50 0.33 0.99 0.12 0.96 0.13 1.2 2.9 0.42 2.2 0.5 0.8 42.5 0.7 5.1 <0.1 41 <0.5 <1 75.1 <0.1 <0.2 <0.1 <0.1 199 2.3 8.9 48 19.8 0.7 105.2 12.9 0.6 <0.01 <0.1 38.3 7.6 35 <1 <0.1 0.1 33.7 3211 3241A 3.95 1.24 3.92 0.69 4.06 0.85 2.54 0.34 2.46 0.36 19.8 48.1 4.94 19.6 0.9 8.1 90.8 4.8 57.7 <0.1 26 <0.5 3 38.7 0.7 10.0 <0.1 5.0 190 4.3 25.5 103 108.4 2.0 166.6 20.5 3.0 <0.01 <0.1 130.1 2.0 801 <1 0.2 0.1 33.7 3220A Intermediárias Série Cálcio-Alcalina 3.33 1.11 3.51 0.58 3.37 0.73 2.27 0.30 2.27 0.34 14.6 29.9 3.64 15.4 1.0 4.3 39.4 2.6 38.7 0.1 9 <0.5 2 63.5 0.4 4.5 <0.1 1.7 48 3.8 22.6 42 142.4 1.0 134.9 13.9 4.1 <0.01 <0.1 150.3 18.3 433 <1 <0.1 0.1 26.2 3209B 3.91 1.00 4.17 0.72 4.38 0.90 2.76 0.38 2.68 0.44 17.9 36.6 4.53 18.4 2.3 5.8 63.3 1.8 46.2 <0.1 21 0.9 <1 102.6 0.4 5.7 0.2 2.8 155 2.8 27.1 43 121.2 2.9 57.5 14.1 3.6 <0.01 <0.1 344.4 1.6 295 1 <0.1 <0.1 23.2 3232 4.38 1.21 2.94 0.40 1.98 0.36 1.00 0.12 0.90 0.13 27.9 49.5 6.76 27.0 1.3 3.5 21.0 7.7 66.7 <0.1 5 <0.5 1 371.7 0.2 5.5 <0.1 1.6 47 1.8 10.8 43 122.0 1.7 11.3 19.2 3.5 <0.01 <0.1 4.2 <0.5 906 1 0.1 <0.1 5.7 3246 3.46 0.90 2.28 0.32 1.55 0.28 0.84 0.10 0.77 0.11 21.4 44.2 5.18 20.6 1.4 4.4 11.1 7.8 84.1 0.4 5 <0.5 <1 745.4 0.4 7.5 0.5 2.6 40 4.0 8.8 50 127.5 5.6 17.1 20.1 3.8 <0.01 0.1 3.1 4.5 926 2 0.4 0.1 6.1 3214 Ácidas Tabela 1. Dados sobre a amostragem e análises litogeoquímicas de elementos maiores, traços e ETR. 4.21 1.51 2.72 0.34 1.69 0.27 0.71 0.09 0.65 0.10 26.9 54.3 6.46 25.2 2.2 4.6 24.8 7.4 50.2 <0.1 5 <0.5 1 521.7 0.3 7.5 0.1 2.7 43 4.2 8.3 29 123.5 2.4 306.1 18.6 3.6 <0.01 0.3 4.6 268.3 944 2 3.1 0.3 6.2 3245 1.50 0.56 1.07 0.14 0.74 0.13 0.38 0.05 0.36 0.05 11.5 21.1 2.30 8.1 1.9 2.9 4.2 1.4 0.3 0.1 3 <0.5 <1 91.9 0.3 3.2 <0.1 1.2 23 2.6 4.0 29 120.2 <0.1 31.6 13.0 3.5 <0.01 <0.1 323.1 5.4 11 <1 <0.1 0.1 3.4 3238 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 80 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 3231, 3211, 3229, 3210, 3207, 3212A, 3212B, 3255, 3244, 3213B, 3226, 3220A, 3213A, 3209B, 3232, 3246, 3214, 3245, 3238, 3215) foram enviadas aos laboratórios da Acmelab visando à obtenção de um espectro mais amplo de elementos traços e análise para os ETR. Os elementos maiores foram dosados por ICP-OES, enquanto elementos terras-raras e refratários foram determinados por espectrometria de massa, após fusão com metaborato/tetraborato de lítio e digestão em acido nítrico. O LOI foi dosado por diferença de peso após ignição a 1000º C. Carbono e enxofre foram analisados por LECO. Os resultados destas análises também estão listados na Tabela 1. Nas análises efetuadas todo o ferro presente nas amostras foi dosado como Fe2O3t. Assim utilizamos a fórmula de Irvine & Baragar (1971) para cálculo do teor de Fe2O3 onde [%Fe2O3 = %TiO2+1,5]. De acordo com as instruções de Wernick (2004), este valor foi subtraído do Fe2O3t da análise, e a sobra foi transformada em FeO pela relação [%FeO = 0,8998.%Fe2O3]. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA A seção geológica clássica da área em estudo é apresentada nas Figuras 2 e 3, onde estão localizadas as unidades litológicas principais e as amostras estudadas neste trabalho. O reconhecimento geológico se desenvolveu ao longo das distintas unidades litoestratigráficas, incluindo pontos na Mina Canto II, no antigo pit da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), no granito, cava B1, mina Barroca Oeste e furos de sondagens. Reconhecimento Geológico e Amostragem Na cava a céu aberto – Canto II, os contatos entre as litologias são pouco nítidos e mal visualizados. Entre as ocorrências de campo foram encontradas zonas de contatos irregulares e um estilo de exposições superficiais diferenciados, além de ser possível visualizar o caráter 81 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena transicional descontínuo das unidades. Na mina Canto II a nomenclatura das rochas em campo é dificultada pelo estado de alteração das rochas que são descritas como aglomerados vulcânicos associados à metatufos. O aglomerado apresenta cor cinza escuro, com clastos de metabasaltos, em matriz fina carbonosa e/ou grafitosa (NS3206 e NS3207). A rocha mineralizada, o metatufo, apresenta cor avermelhada e encontra-se inserida neste aglomerado. O minério está no nível grafitoso. Observa-se a presença da unidade félsica de composição andesítica (NS3208 e NS3212) com um nível carbonoso intrudido. A rocha apresenta cor cinza clara esverdeada, textura maciça, anisotrópica, bastante fraturada, e apresenta em campo certa inflexão, em um dobramento aparentemente suave. Estrutura cinemática, com uma falha de empurrão com movimento transpressivo-dextral (N208°/70°SW), foi observada. O contato entre a unidade félsica (andesitos) e a grafitosa (metatufos) é visivelmente rúptil (Figura 4A). Figura 4. Registro fotográfico de pontos amostrados em superfície: (A) Contato nítido exposto entre o andesito e o metatufo/metapelito grafitoso na cava canto II; (B) Dacito aflorando no pit da CVRD; (C) Afloramento do Granito Teofilândia; (D) Afloramento da cava B1 com contato entre o metapelito carbonoso (MPC); actinolita-carbonato-cloritaxisto (CAX) e o quartzo-clorita-xisto magnético mineralizado (CLXM); (E) Entrada da mina subterrânea Barrocas Oeste, aflorando o quartzo-clorita-xisto em contato com rocha félsica andesítica; (F) Aglomerado vulcânico com dobramento preservado. No antigo pit da CVRD (Companhia Vale do Rio Doce, Figura 4B) hoje se observa um pequeno lago de criação de peixes. A rocha apresenta cor cinza, granulação média, com presença de fenocristais de quartzo, carbonato e plagioclásio com germinação bem visível, sulfetos, encontrando-se bastante oxidada e cloritizada (NS3245). Veios de quartzo com turmalina (N270°/ SW) cortam a rocha. As rochas graníticas que ocorrem na área da MFB correspondem aos plutões de 82 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A B Andesito (NS3208) Metapelito (NS3207) CAX (NS3211) D C MPC (NS3209) CLXM (NS3210) F E Rocha Félsica Quartzo-clorita-xisto (CLX) Figura 4: Registro fotográfico de pontos amostrados em superfície: (A) Contato nítido exposto entre o andesito e o metatufo/metapelito grafitoso na cava canto II; (B) Dacito aflorando no pit da CVRD; (C) Afloramento do Granito Teofilândia; (D) Afloramento da cava B1 com contato entre o metapelito carbonoso (MPC); actinolita-carbonato-clorita-xisto (CAX) e o quartzo-clorita-xisto magnético mineralizado (CLXM); (E) Entrada da mina subterrânea Barrocas Oeste, aflorando o quartzo-clorita-xisto em contato com rocha félsica andesítica; (F) Aglomerado vulcânico com dobramento preservado. 83 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Teofilândia (NS3214) e Barrocas (Figuras 1, 2; Alves da Silva, 1994, Rios 2002). São rochas de cor cinza, com fenocristais de plagioclásio, quartzo, biotita, piroxênio e/ou anfibólio numa matriz fina, cortados por veios de quartzo. Em alguns afloramentos percebem-se feições miloníticas com dobras intrafoliais, e pequenos fenocristais de quartzo e/ou feldspato (Figura 4C). Estes granitos estão associados aos corpos TTGs Paleoproterozóicos os quais intrudiram o NSer no período de 2,13 a 2,16 Ga (Rios et al. 2009). A cava B1 corresponde a uma mina a céu aberto (Figura 4D). Nesta área há três litologias que podem ser diferenciadas em campo: (i) actinolita-carbonato-clorita-xisto (CAX, NS 3211), (ii) metapelito carbonoso (MPC, NS 3209A e 3209B), e o (iii) quartzo-clorita-xisto magnético (CLXM, NS 3210), onde se encontra a mineralização. A mina subterrânea Barrocas Oeste explora o minério na litologia CLX. Nesta mina a rocha não tem o caráter magnético descrito na cava B1 e apresenta metamorfismo do fácies anfibolito, provavelmente devido à proximidade do corpo granítico Barrocas. Neste ponto foram coletadas duas (2) amostras, sendo a NS3213A estéril e a NS3213B, mineralizada. A rocha tem cor cinza escuro, matriz fina com fenocristais de plagioclásio bem visíveis, além de quartzo e carbonato. Apresenta uma feição milonitizada quando mineralizada. O corpo principal da mina está estruturado de acordo com a tectônica transpressiva-dextral regional, encontra-se bastante fraturado, sendo comum a presença de sulfetos (pirita, pirrotita) preenchendo as fraturas que são concordantes com a foliação associada ao carbonato (Figura 4E). Foram ainda coletadas amostras de intrusões félsicas (NS3247) a sudoeste do contato do granito Barrocas, e de quartzo-dioritos (NS3245, NS3246A, NS3246B) no limite nordeste da área de estudo, correlacionáveis com a Sequencia Fazenda Brasileiro. Furos de Sondagem O furo de sondagem em sub-superfície (FSS 00863) e os quatro (4) furos de galeria/ 84 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena subterrâneos (FX 06440, FX 06435, FX 06449 e FX 06437) que proveram várias das amostras utilizadas neste estudo (vide Tabela 1) encontram-se localizados na área do depósito Fazenda Brasileiro. Estes furos foram realizados pela empresa Yamana e objetivaram prover uma melhor avaliação do depósito/geologia, sendo direcionados para as zonas mineralizadas (ou zonas de cisalhamento). Os furos de galeria (FX) estão posicionados em paralelo ao corpo e/ou rocha mineralizada, com presença de mineralizações disseminadas de sulfetos (calcopirita, pirita, pirrotita, esfarelita e arsenopirita), além de ocorrências pontuais de metálicos (ouro) associados aos sulfetos e aos veios de quartzo, distribuídos ao longo de quase toda a sua extensão, e normalmente nos planos de fraturas (Figura 5). Figura 5: Distribuicao esquemática em perfil dos furos amostrados na Mina Fazenda Brasileiro, GBRI. Os 33 (trinta e três) litotipos obtidos a partir dos furos de sondagem foram avaliados petrograficamente. A finalidade é esclarecer aspectos relativos à sua gênese e a metalogenia associada. Estas descrições estão disponíveis na integra em Pena (2013). Um sumário dos aspectos petrográficos das rochas estudadas pode ser visualizado na Tabela 2. Tabela 2. Sumário das descrições petrográficas dos litotipos estudados na mina Fazenda Brasileiro, GBRI. É difícil acompanhar as denominações dadas na literatura às rochas do GBRI na região da Fazenda Brasileiro. Em função do estado de alteração e natureza vulcânica destas rochas, optou-se por utilizar para nomenclatura a terminologia química, segundo a proposta de Le Bas et al. (1986), agrupando-as, em função do percentual de sílica, em quatro grupos: (i) ultrabásicas (45% > SiO2), (ii) básicas ( 45% a 52% SiO2), (iii) intermediárias (52% a 65% SiO2) e (iv) ácidas (< 65% SiO2) e a isto associamos a classificação proposta por Irvine & Baragar 85 - 680 m - 679,24 m - 678,84 m - 678,64 - 678 m - 677,62 m - 677 m - 676 m - 675 m Superfície W NS 86 22,00 m 22,34 m 21,00 m 20,00 m 17,00 m 18,00 m T OS S RA 14,00 m AS 11,00 m O AS 26,00 m 25,00 m 24,00 m 18,00 m 21,00 m 20,00 m 22,00 m AM AS 23,00 m M SE TR OS 45,00 m 48,00 m 48,50 m 47,00 m 39,00 m 41,00 m 43,00 m 37,00 m 36,00 m 38,00 m T OS 40,00 m M SE AM 42,00 m 44,00 m 46,00 m 14,00 m 16,00 m 17,00 m 12,00 m S RA 29,00 m 31,00 m NS 3241A NS3241B M SE 28,00 m 27,00 m 30,00 m 32,00 m 34,00 m 35,00 m 3,00 m FX 06440 Continuação 33,00 m 1,00 m 0,00 m 2,00 m 4,00 m 5,00 m 7,00 m 9,00 m FX 06440 8.732.709 / 491.637 6,00 m 8,00 m AS 10,00 m AM TR OS 11,00 m M SE 13,00 m 15,00 m NS 3232 19,00 m 0,00 m 1,00 m 2,00 m 3,00 m R ST 4,00 m AM 5,00 m 6,00 m 7,00 m 8,00 m 9,00 m 10,00 m TR OS AM 12,00 m M SE 13,00 m NS 3243 15,00 m 16,00 m 7,00 m NS 3242 M SE FX 0637 8.732.704 / 491.625 9,00 m 0 1 2 E = 1:100 10,15 m 1,00 m 0,00 m 3m 2,00 m 3,00 m 4,00 m 5,00 m T OS S RA NS 3239 SEM AMOSTRA FX 06449 8.732.704 / 491.650 6,00 m AM 7,00 m 8,00 m AS 10,00 m AM TR OS M SE NS 3240 Figura 5: Distribuicao esquemática em perfil dos furos amostrados na Mina Fazenda Brasileiro, GBRI. 44 32 AM 4,00 m 3,00 m 6,00 m 8,00 m 8,50 m 19,00 m M SE 8 1,00 m 0,00 m 2,00 m 5,00 m NS 3234 NS 3236 23 3 NS AM RA T OS NS 3233 M SE NS 3235A NS 3235B NS3237 FURO 06435 8.732.698 / 491.612 E As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA TB TB SED TUB CAL-I SED TB TUB TB TI TB SED CAL-B TUB TB TB CAL-B COLETA FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 FSS00863 AMOSTRA 3231 3230 3229 3228 3227 3226 3225 3224 3223 3222 3221 3220B 3220A 3219 3218 3217 3216 PLAG. 8 13 13 20 20 42 4 ALB. 20 20 15 20 15 20 2 20 10 15 15 19 30 15 25 ANF. 3 18 25 5 BIOT 5 5 Tr 2 Tr TIT. 12 Tr 7 15 15 AUG. 25 CARB 29 35 15 12 10 4 2 2 10 29 28 20 12 30 QTZO 1 7 4 8 2 Tr 5 18 5 12 5 EPID. 3 Tr 20 ZIRC. Tr Tr MUSC. 2 Tr Tr Tr SERIC. Tr Tr Tr Tr 3 CLOR. 22 40 29 48 30 26 30 20 40 19 48 44 24 35 10 M. OP. Tr Tr 4 8 12 2 Tr 6 1 Tr 34 8 1 48 Tr APT. 1 CARB. 2 Tr 1 6 3 59 3 2 4 1 Tr K-FEL GRD. K-FEL VEIOS Tr M.OP. ROCHA VULCÂNICA QTZO Tabela 2. Sumário das descrições petrográficas dos litotipos estudados na mina Fazenda Brasileiro, GBRI. MUSC. 1 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 87 ALB. TUB TB CAL-A TUB TUB CAL-B FX064355 FX064355 FX064355 FX06449 FX06449 FX06449 3242 TB TI TI FX06437 FX06437 FX06437 3244 3243 3241B FX06449 3241A 3240 3239 3238 3237 3236 3235B TUB FX064355 3234 3235A TUB FX064355 3233 3232 AMOSTRA FX064355 TUB FX064355 COLETA CAL-A CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA FX06440 PLAG. 22 17 Tr 10 ALB. 41 20 5 46 60 15 40 29 18 23 24 16 30 14 15 18 ANF. 27 25 9 58 20 36 26 18 11 45 29 BIOT 3 27 Tr 3 2 6 8 8 12 CARB Tr 10 15 9 12 35 9 22 10 13 15 9 QTZO 5 3 4 1 2 8 10 EPID. Tr GRD. 3 ZIRC. Tr Tr CLOR. 4 10 Tr 5 7 16 6 36 12 M. OP. 1 15 Tr 38 Tr 11 3 17 17 3 20 18 5 3 APT. Tr Tr Tr Tr 1 Tr Tr Tr Tr Tr 4 CARB. 1 90 11 Tr 3 4 15 K-FEL K-FEL VEIOS 6 M.OP. ROCHA VULCÂNICA QTZO SERIC. MUSC. AUG. TIT. Tabela 2. Sumário das descrições petrográficas dos litotipos estudados na mina Fazenda Brasileiro, GBRI. ALB. 2 4 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 88 MUSC. As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena (1971) e por Myashiro (1976). A aplicação destes critérios permitiu agrupar a maioria das rochas estudadas nas séries toleiítica e cálcio-alcalina (Figura 6A). Figura 6: Diagramas de classificação química utilizados para gerar agrupamentos para as rochas estudadas no Itapicuru. (A) Diagrama AFM mostrando os limites entre os campos cálcio-alcalino e toleiítico de acordo com a proposta de Irvine & Baragar (1971). (B) Diagrama que discrimina campos de rochas ígneas, sedimentares e metassedimentares, segundo a proposta de Garrels & Mackenzie (1971) aplicado aos “metapelitos” e “aglomerados vulcânicos” da Mina Fazenda Brasileiro. Dez (10) das amostras estudadas são identificadas em campo como metapelitos (NS 3215, 3218, 3220B, 3209A, 3207, 3226, 3206, 3241, 3209B, 3232). Contudo, o estágio de alteração/hidrotermalismo não permite distinguir com clareza aquelas de natureza sedimentar e as rochas de origem vulcânica (tufos, cinzas, etc.) sendo comum na mina denominações como “metapelito vulcânico” ou “metapelito carbonoso”. Neste trabalho utilizamos a proposta de Garrels e Mackenzie (1971) para fazer distinção entre aquelas de natureza ígnea das sedimentares (Figura 6B). Apenas cinco (5) amostras (NS 3218, 3220B, 3209A, 3207, 3226) confirmaram o caráter sedimentar. O diagrama TAS foi utilizado para a nomenclatura das amostras ígneas considerando-se a possibilidade de deslocamento de algumas amostras em função do grau de alteração hidrotermal, processos relacionados com a mineralização e o metamorfismo de fácies xistoverde. Figura 7: Classificação química para as rochas vulcânicas estudadas na Mina Fazenda Brasileiro utilizando o diagrama de álcalis total versus sílica (TAS) segundo a proposta de Middlemost (1994). 89 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena F F A Série Toleiítica Série Toleiítica 3237 3230 3215 3213B Série Cálcio-Alcalina Série Cálcio-Alcalina A Série Cálcio-Alcalina Série Toleiítica LEGENDA 0,3 Ultrabásicas Básicas Intermediárias Na 2 O / A l 2 O 3 A B 3209B Rochas Ígneas 3232 3241 3206 3215 0,2 3226 Ácidas Tendência Shohonítica M M 3220B Rochas Sedimentares e Metassedimentares 0,1 Granitos 3218 Sedimentares 3209A 3207 K2O / A l 2 O 3 0,0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 Figura 6: Diagramas de classificação química utilizados para gerar agrupamentos para as rochas estudadas no Itapicuru. (A) Diagrama AFM mostrando os limites entre os campos cálcio-alcalino e toleiítico de acordo com a proposta de Irvine & Baragar (1971). (B) Diagrama que discrimina campos de rochas ígneas, sedimentares e metassedimentares, segundo a proposta de Garrels & Mackenzie (1971) aplicado aos “metapelitos” e “aglomerados vulcânicos” da Mina Fazenda Brasileiro. 90 Sodalitito / Nefelinóide / Leucitóide Fonolito 15 Foidito Traquito T Fo efrino lit o F Te ono fri to Traquidacito Basalto Andesito Basáltico o rit Te f Riolito 3213A PicroBasalto 0 TraquiAndesito 3227 TraquiAndesito Traqui- Basáltico Basalto 5 3233 3236 3240 3213B Andesito 10 40 50 60 Dacito Na2O + K2O (%) As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Silexito 70 80 SiO2 (%) Série Cálcio-Alcalina Série Toleiítica LEGENDA Ultrabásicas Básicas Tendência Shohonítica Intermediárias Granitos Ácidas Sedimentares Figura 7: Classificação química para as rochas vulcânicas estudadas na Mina Fazenda Brasileiro utilizando o diagrama de alcalis total versus sílica (TAS) segundo a proposta de Middlemost (1994). 91 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena AS ROCHAS DE AFINIDADE TOLEIÍTICA Trinta e quatro (34) das amostras estudadas apresentam tendência toleiítica (Tabela 1). Elas distribuem-se, em função do teor de sílica, entre termos ultrabásicos (nove amostras, três réplicas: 3240, 3240-1, 3233, 3233-1, 3236, 3236-1, 3239, 3222, 3219, 3235-B, 3228, 3234), básicos (12 amostras, três réplicas: 3217, 3208, 3208-1, 3242, 3216, 3221, 3223, 3229, 3237, 3210, 3230, 3210-1, 3212-A, 3212-B, 3225), e intermediários (cinco amostras: 3244, 3243, 3224, 3213-B, 3213-A). Uma (1) amostra, a NS3215, um aglomerado vulcânico, apresenta caráter toleiítico ácido. A tendência toleiítica destas rochas é evidente no diagrama AFM (Figura 6). A amostra mais ácida (3215) contudo, caminha em paralelo a linha divisória do campo cálcio-alcalino, posicionando-se diferentemente em relação à maioria das amostras deste grupo. Considerando-se ser este um aglomerado vulcânico, interpreta-se este posicionamento distinto como reflexo da alteração. A amostra 3213B, aparentemente de natureza cálcioalcalina, foi confirmada como toleiítica aplicando-se os parâmetros de Myashiro (1974). Rochas Ultrabásicas (TUB) De acordo com os critérios de Middlemost (1994), as rochas toleiiticas de caráter ultrabásico (UBT) que ocorrem na MFB correspondem a basaltos (Figura 7). Na mineralogia predominam anfibólio (13-30%), plagioclásio (7-46%) e biotita (2-8%). Parte deste plagioclásio foi descrito como albita, provavelmente devido à ação dos processos hidrotermais. Nas fases acessórias predominam os minerais opacos (1-20%), carbonato (10-35%), clorita (19-44%), apatita (~1%) e traços de zircão, epidoto, argilo-minerais, muscovita e oxido de ferro. Veios carbonáticos ocorrem com frequência cortando estas amostras e um veio granítico foi descrito cortando a amostra NS3236. Quartzo e feldspato-k foram descritos em algumas das amostras pertencentes a este grupo (Figura 8A). 92 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Figura 8: Fotomicrografias das texturas observadas nas rochas toleiiticas. Ultrabasicas: (A) Textura típica das toleiticas ultrabásicas, (B) Carbonato em geminação polissintética. Básicas: (C) Fenocristais de augita e opacos em metagabro, (D) Aglomerado de apatita e carbonato em meta-andesito, (E) Fenocristal de plagioclásio com geminação carlsbad, (F) Foliação marcada pela biotita e clorita cortada por lente de calcita+quartzo+albita. Intermediarias: (G) Fenocristal de anfibólio deformado em matriz recristalizada, (H) Textura típica das rochas toleiticas intermediarias. Carb=carbonato, Plag=plagioclásio, Anf=anfibólio, Op=opaco, Cl=clorita, Ep=epídoto, Qz=quartzo, Bt=Biotita. O anfibólio grada entre hornblenda e actinolita-tremolita, ocorrendo tanto como fenocristais milimétricos, como na matriz fina. Os cristais apresentam hábito prismático e radial, aparência fibrosa, são sobrecus a anídricos, exibem pleocroísmo em tons de verde, alta a média birrefringência e bordos irregulares. Alguns cristais possuem substituição por clorita nos bordos e apresentam-se totalmente deformados. O plagioclásio (An 24-30) ocorre como grãos anídricos a sobrecus (Figura 8A), que apresentam geminação albita e albita-carlsbad, e aspecto turvo devido à substituição parcial por carbonato, sericita e/ou argilo-minerais. Em alguns grãos a substituição é bem nítida nos bordos corroídos onde se desenvolvem agregados granoblásticos muito finos de albita. Em função de sua alteração é difícil determinar o teor de An para nomear o plagioclásio, cuja natureza cálcica (andesina-labradorita) é vislumbrada na litogeoquímica e em algumas destas amostras. Localmente esta substituído por sericita e argilo-minerais, que resultam provavelmente da sua alteração. A albita ocorre agregados poligonais muito finos e não geminados, nos bordos do plagioclásio andesinico ou associada ao quartzo e carbonato. É substituída por minerais de argila. A biotita apresenta cor marrom avermelhado, alta birrefringência, e pleocroísmo variando do castanho pálido ao marrom amarelado. Exibe formas subédricas a anédricas, bordos 93 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A B Plag Op Ap Carb Carb Carb+Qz Carb+Qz Carb Bt Plag Plag NS3233 250 mm NS3240 250 mm C Augita Op Carbonato Apatita Carbonato 10mm NS3216 50mm NS3217 F E Op Plag Carb+Qz+Plag Op Bt+Cl NS3223 250mm NS3229 50mm H G Anf NS3244 10 mm NS3224 50mm Figura 8. Fotomicrografias representativas das texturas observadas nas rochas toleiiticas. Ultrabasicas: (A) Textura tipica das toleiticas ultrabasicas, (B) Carbonato em geminacao polissintetica. Basicas: (C) Fenocristais de augita e opacos em metagabro, (D) Aglomerado de apatita e carbonato em metaandesito, (E) Fenocristal de plagioclasio com geminacao carlsbad, (F) Foliação marcada pela biotita e clorita cortada por lente de calcita+quartzo+albita. Intermediarias: (G) Fenocristal de anfibolio deformado em matriz recristalizada, (H) Textura tipica das rochas toleiticas intermediarias. Carb=carbonato, Plag=plagioclásio, Anf=anfibólio, Op=opaco, Cl=clorita, Ep=epídoto, Qz=quartzo, Bt=Biotita. 94 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena totalmente irregulares e por vezes deformados, e aparece tanto como cristais isolados como em agregados em contato irregular com o anfibólio e/ou em torno de minerais opacos, e como lamelas associadas a massas de quartzo e albita (Figura 8A). Os minerais opacos apresentam formato anédrico (Figura 8B) e raramente euédrico, disseminados de forma aleatória ou alinhados segundo a foliação da rocha, ou ainda associados aos veios carbonáticos. Na sua maioria são representados por sulfetos (predominando pirita, arsenopirita) e magnetita. Exibem bordos irregulares e alguns cristais aparecem fraturados. O carbonato, anédrico, possui aspecto turvo e ocorre em agregados. A geminação polissintética bem desenvolvida pode ou não estar presente. Ocorre em micro-lentes dispostas segundo a foliação da rocha, como uma massa irregular, preenchendo veios, disseminado, ou em agregados entre os minerais de anfibólio e plagioclásio (Figura 8B). A clorita marca a foliação da rocha estando presente em varias amostras., associada aos anfibólios e aos micro-veios de albita e quartzo. Suas lamelas exibem hábito radial e prismático, com ângulo de extinção em torno de 23º. A apatita, euédrica a subédrica, apresenta aspecto turvo devido à grande quantidade de inclusões fluidas (conatas). Possui bordos irregulares e encontra-se disseminada na rocha (Figura 8A) com alguns cristais totalmente fraturados. Dentre os traços predominam ( (i) o epidoto, anédrico, dispõe-se na matriz, em contato com o anfibólio; e, (ii) o óxido (hidróxido?) de ferro, translúcido, que se dispõe ao longo da clivagem da rocha. O zircão, quando presente, provoca halos metamíticos no anfibólio. O quartzo, anédrico e com bordos irregulares e/ou curvos e corroídos, foi observado em micro-veios, com textura poligonal, e formando agregados em paralelo a foliação da rocha. Nos veios carbonáticos que cortam estas rochas (Figura 9A), o carbonato subédrico a 95 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena anédrico e de granulação fina a media, ocorre em agregados, sempre exibindo geminação polissintética. Estes veios em padrão stockwork cortam a rocha aleatoriamente e os carbonatos estão sempre associados a cristais anídricos de quartzo em extinção ondulante, minerais opacos disseminados, e albita subédrica. Figura 9. Fotomicrografias representativas das texturas observadas nas rochas coletadas nos furos da MFB. (A) Vênulas e Micro-veios quartzo-carbonáticos cortando o metagabro toleiítico, (B) Fenocristais de arsenopirita no meta-gabro, (C) Textura grossa em meta-gabro cálcio-alcalino, (D) Textura da rocha meta-pelitica vulcânica, (E) Textura do metapelito carbonoso NS3218, cortada por veio de quartzo e carbonato, (F) Veio de quartzo cortando o metapelito NS3220B. No veio granítico boudinado que passa a veio de quartzo puro e corta a amostra 3236 observou-se feldspato alcalino, subédrico a anédrico, macla Carlsbad, bordos irregulares e estão totalmente deformados. O quartzo ocorre em agregados poligonais e a albita esta alterada e de aspecto sujo. De acordo com a norma CIPW (Tabela 3) a mineralogia mais abundante nos TUB inclui plagioclásio, diopsídio, hiperstênio, nefelina, olivina e acmita. Ilmenita e magnetita também ocorrem com frequência na mineralogia normativa, assim como apatita, zircão e cromita, os quais ocorrem em quantidades traços. O plagioclásio normativo presente é predominantemente cálcico. Quartzo normativo aparece em três destas amostras. As amostras NS3240, NS3233, e NS3236 estão bastante mineralizadas, com alto conteúdo de sulfetos. A analise química foi realizada tanto por ICP-OES (com problemas para a abertura) quanto por FRX. A interpretação dos seus dados químicos deve ser vista com alguma reserva. Tabela 3. Tabela apresentando a mineralogia normativa, a partir da norma CIPW e alguns parâmetros litogeoquímicos para as amostras estudadas. 96 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A B Arsenopirita C D F E clorita Op Quartzo Carbonato + Quartzo 10mm 10mm Figura 9. Fotomicrografias representativas das texturas observadas nas rochas coletadas nos furos da MFB. (A) Venulas e Micro-veios quartzo-carbonaticos cortando o meta-gabro toleitico, (B) Fenocristais de arsenopirita no meta-gabro, (C) Textura grossa em meta-gabro calcio-alcalino, (D) Textura da rocha meta-pelitica vulcanica, (E) Textura do metapelito carbonoso NS3218, cortada por veio de quartzo e carbonato, (F) Veio de quartzo cortando o metapelito NS3220B. 97 0.6 Na2CO3 100.0 46.4 30.0 36.7 45.3 50.5 88.2 41.0 3.2 2.9 0.0 0.0 1555 0.1 30.0 26.5 34.0 43.5 90.6 100.0 29.5 3.3 2.9 0.0 0.0 1464 0.1 Fe3+/(Total Fe) in rock Mg/(Mg+Total Fe) in rock Mg/(Mg+Fe2+) in rock Mg/(Mg+Fe2+) in silicates Ca/(Ca+Na) in rock Ca/(Ca+Na) in plagioclase Differentiation Index Calculated density, g/cc Calculated liquid density, g/cc Calculated viscosity, dry, Pas Calculated viscosity, wet, Pas Estimated liquidus temp., °C Estimated H2O content, wt. % 0.1 1447 0.0 0.0 2.9 3.3 72.5 52.3 39.1 31.0 30.0 100.0 100.0 100.0 0.0 0.0 0.1 6.9 5.2 9.6 31.7 0.3 Total Calcita 41.4 -43.1 0.8 Na2SO4 0.2 3.9 19.0 15.5 21.0 0.2 Anidrita Fluorita Halita Pirita Esfênio Cromita Perovskita Zircão Apatita Hematita 2.3 4.9 Ilmenita Magnetita Rutilo Na2SiO3 K2SiO3 Acmita 7.1 35.5 Olivina 20.5 0.5 Larnita Wollastonita Hiperstênio Diopsídio Coríndon Kalsilita Leucita 1.1 40.8 15.9 10.6 Ortoclásio Nefelina 0.1 1554 0.0 0.0 2.9 3.1 40.7 86.3 55.7 48.9 40.2 30.0 100.0 -43.3 42.0 0.0 0.0 0.2 4.5 21.1 14.5 20.4 0.4 40.3 0.1 1455 0.0 0.0 2.9 3.2 50.9 100.0 81.0 56.7 44.5 36.0 30.0 100.0 0.0 0.0 0.8 6.1 4.0 2.9 13.0 22.2 0.7 11.1 39.2 -0.1 1645 -0.1 -0.1 2.9 3.0 16.2 96.7 40.6 37.5 29.6 30.0 100.0 -78.6 73.5 0.0 0.0 0.1 1.7 65.6 9.7 11.9 16.2 0.2 1284 0.2 0.2 2.9 3.3 48.4 60.8 81.9 20.9 14.9 10.9 30.0 100.0 0.0 0.8 8.6 3.9 11.6 12.5 0.3 1244 0.2 0.2 2.7 3.1 60.0 55.8 71.1 66.5 56.6 47.7 30.0 100.0 0.0 0.4 3.7 1.9 2.3 20.1 1.7 58.2 3222 25.9 0.2 34.3 29.2 Plagioclásio 18.5 13.9 3240 3240-1 3233 3233-1 3236 3236-1 3239 Ultrabásicas (SiO2 <45%) Quartzo Amostra (% Volume) Minerais Normativos 0.3 1224 0.2 0.2 2.7 3.1 54.9 94.6 97.1 67.6 60.0 51.2 30.0 100.0 0.0 0.2 3.8 1.3 17.3 22.5 7.1 40.3 7.6 0.3 1245 0.2 0.2 2.7 3.1 61.2 41.6 58.9 51.8 41.2 32.9 30.0 100.0 0.0 0.0 0.3 5.0 2.6 1.3 13.0 16.8 1.0 60.1 0.3 1241 0.2 0.2 2.8 3.2 55.9 74.6 85.0 36.9 26.7 20.3 30.0 100.0 0.0 0.0 0.4 7.0 4.3 15.8 16.7 0.5 37.2 18.2 3219 3235B 3228 0.3 1254 0.2 0.2 2.7 3.1 58.8 29.3 56.1 54.2 43.0 34.6 30.0 100.0 0.2 5.1 2.9 8.9 24.1 0.8 1.9 56.1 3234 0.5 1191 0.2 0.2 2.7 3.1 59.2 77.2 84.5 67.8 59.7 50.9 30.0 100.0 0.0 0.2 3.8 1.4 20.9 14.6 2.3 46.9 10.0 3217 0.7 1142 0.3 0.3 2.7 3.0 57.6 53.3 76.1 69.9 62.3 53.6 30.0 100.0 0.0 0.2 2.9 1.1 10.0 28.2 5.9 44.3 7.5 0.4 1209 0.2 0.2 2.7 3.0 59.6 60.6 76.8 67.6 59.7 50.9 30.0 100.0 0.0 0.3 3.2 1.2 13.1 22.7 10.0 49.2 0.4 0.3 1226 0.2 0.2 2.8 3.2 55.5 52.7 73.8 44.6 33.9 26.4 30.0 100.0 0.0 0.2 5.7 3.3 10.7 24.7 0.1 45.4 10.0 3208 3208-1 3242 0.3 1231 0.2 0.2 2.7 3.1 60.1 67.9 76.0 67.9 59.9 51.1 30.0 100.0 0.0 0.2 3.8 1.3 22.1 12.5 0.7 56.5 3.0 3216 0.6 1172 0.3 0.3 2.7 3.1 62.7 68.3 68.7 69.5 61.3 52.6 30.0 100.0 0.0 0.0 0.2 3.8 1.5 29.4 2.4 2.2 46.4 14.1 3221 0.2 1274 0.2 0.2 2.8 3.1 61.2 80.6 81.2 64.0 53.7 44.8 30.0 100.0 0.5 4.7 2.4 28.8 2.4 2.2 50.4 8.7 3223 0.7 1145 0.3 0.3 2.7 3.1 65.5 43.7 63.1 23.2 17.0 12.5 30.0 100.0 0.0 1.4 5.8 2.6 11.5 13.1 0.3 44.6 20.6 3229 0.6 1162 0.3 0.3 2.7 3.0 69.6 37.7 48.8 66.3 54.6 45.7 30.0 100.0 0.0 0.0 0.1 3.3 2.2 15.4 9.5 0.9 66.1 2.6 3237 0.9 1106 0.3 0.4 2.7 3.1 69.3 57.2 68.3 28.0 20.9 15.6 30.0 100.0 0.0 0.0 0.9 5.4 2.4 13.8 8.2 0.2 42.3 26.8 3210 Básicas (45% < SiO2 < 52%) Serie Toleitica 0.8 1134 0.3 0.3 2.6 3.0 62.7 53.2 69.4 74.2 68.9 60.8 30.0 100.0 0.0 0.1 2.4 0.4 15.1 19.4 3.0 54.3 5.4 0.8 1134 0.3 0.3 2.7 3.1 63.7 60.5 78.0 24.7 18.1 13.4 30.0 100.0 0.0 1.1 5.6 2.6 8.4 18.6 0.2 38.4 25.2 0.9 1107 0.3 0.3 2.7 3.0 64.8 63.8 75.5 66.5 58.3 49.4 30.0 100.0 0.0 0.1 3.2 1.2 15.7 15.0 0.2 47.7 16.9 1.1 1085 0.3 0.4 2.7 3.0 58.7 51.2 79.2 67.4 59.3 50.5 30.0 100.0 0.1 2.3 0.9 2.5 35.6 0.4 43.7 14.6 1.2 1069 0.4 0.4 2.7 3.0 65.9 55.5 70.4 68.0 58.3 49.4 30.0 100.0 0.0 0.3 3.1 1.6 14.6 14.5 1.5 44.2 20.2 3230 3210-1 3212A 3212B 3225 0.9 1114 0.3 0.4 2.8 3.1 67.2 78.2 83.2 22.3 16.5 12.2 30.0 100.0 0.0 1.0 6.6 2.7 18.0 4.5 0.2 33.2 33.7 3244 1.1 1083 0.3 0.3 2.8 3.2 64.7 44.5 49.5 19.3 14.8 10.8 30.0 100.0 0.0 0.9 7.9 2.0 24.5 0.1 0.1 29.8 34.8 3243 1.1 1076 0.3 0.4 2.6 3.0 61.6 47.4 72.4 70.2 61.9 53.2 30.0 100.0 0.0 0.1 2.6 1.0 6.6 28.0 0.5 46.1 15.0 3224 1.6 1023 0.4 0.5 2.5 2.8 83.6 6.8 26.4 39.5 33.1 25.7 30.0 100.0 0.1 0.4 1.3 0.3 2.4 12.0 6.3 0.6 76.7 2.2 953 0.5 0.6 2.6 2.9 79.9 33.2 45.9 14.1 10.5 7.6 30.0 100.0 0.0 0.6 3.9 1.3 8.4 5.9 0.8 45.2 33.8 3213B 3213A Intermediárias (52%< SiO2 <66%) Tabela 3. Tabela apresentando a mineralogia normativa, a partir da norma CIPW e alguns parâmetros litogeoquímicos para as amostras estudadas. Ácidas 5.9 617 0.9 1.5 2.4 2.7 93.8 10.1 11.7 32.6 24.6 18.6 30.0 100.0 0.0 0.1 0.8 0.3 2.8 2.2 12.0 18.6 63.2 3215 (SiO2 > 66%) As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 98 14.1 43.5 1.0 Plagioclásio Ortoclásio 20.6 Hiperstênio Zircão 0.3 0.3 1133 0.8 0.3 0.2 1180 0.5 Calculated viscosity, dry, Pas Calculated viscosity, wet, Pas Estimated liquidus temp., °C Estimated H2O content, wt. % 2.9 2.6 3.1 63.9 58.7 Differentiation Index 2.7 49.7 80.6 Ca/(Ca+Na) in plagioclase Calculated liquid density, g/cc 76.9 87.2 Ca/(Ca+Na) in rock Calculated density, g/cc 52.5 61.5 57.9 67.5 43.6 49.1 Mg/(Mg+Total Fe) in rock Mg/(Mg+Fe2+) in silicates 30.0 30.0 Mg/(Mg+Fe2+) in rock 100.0 100.0 Total Fe3+/(Total Fe) in rock Na2CO3 Calcita Na2SO4 Anidrita Fluorita Halita Pirita Esfênio Cromita Perovskita 0.1 0.0 0.3 0.0 Apatita Hematita 0.8 2.2 1.9 4.0 Magnetita 4.5 28.5 14.0 45.3 4.6 3220B Ilmenita Rutilo Na2SiO3 K2SiO3 Acmita Larnita Olivina Wollastonita 14.5 Diopsídio Coríndon Kalsilita Leucita Nefelina 3218 Quartzo 0.7 1140 0.3 0.3 2.7 3.0 58.9 82.6 93.2 74.6 68.3 60.1 29.9 100.0 0.1 1.9 0.6 0.3 38.4 12.5 37.5 8.9 3209A 1.2 1072 0.4 0.4 2.6 2.9 70.7 83.2 87.7 74.1 67.2 59.0 30.0 100.0 0.0 0.1 2.3 0.8 17.0 9.1 16.5 37.0 17.2 3207 3226 2.2 955 0.5 0.6 2.6 2.9 77.3 50.5 66.7 65.1 56.5 47.7 29.9 100.0 0.0 0.1 1.9 0.7 6.9 13.1 10.1 40.4 26.8 0.6 1162 0.3 0.3 2.7 3.0 62.9 38.8 63.2 65.5 56.8 48.0 30.0 100.0 0.0 0.2 3.0 1.4 9.8 22.7 10.8 51.5 0.5 3206 (SiO2 <45%) (% Volume) Amostra Ultrabásicas Minerais Normativos Rochas Sedimentares 0.5 1177 0.2 0.3 2.7 3.0 62.5 54.3 68.9 75.2 70.2 62.3 30.0 100.0 0.0 2.4 0.3 0.7 15.0 19.1 2.6 59.9 32113 0.8 1130 0.3 0.3 2.6 3.0 65.6 47.8 61.6 75.3 69.2 61.2 30.0 100.0 0.1 2.4 0.6 17.1 14.3 1.7 59.3 4.6 3211 0.6 1167 0.3 0.3 2.7 3.0 54.6 41.5 75.4 68.1 58.9 50.0 30.0 100.0 0.1 2.1 1.0 11.1 31.1 2.0 7.3 45.3 3241 Básicas (45% < SiO2 < 52%) 1.9 987 0.5 0.6 2.5 2.9 76.7 22.7 23.6 65.0 55.4 46.5 30.0 100.0 0.0 0.1 2.3 1.1 14.7 5.1 15.3 34.7 26.7 3220A (52%< SiO2 <66%) Intermediárias 3.4 843 0.6 0.8 2.4 2.7 91.1 23.7 29.4 62.7 53.2 44.4 30.0 100.0 0.0 0.2 1.0 0.4 4.7 2.6 10.9 52.4 27.8 3209B 3.1 865 0.6 0.7 2.5 2.8 86.2 35.3 36.8 61.2 51.1 42.2 30.0 100.0 0.0 0.1 1.9 0.9 10.5 0.5 9.9 42.5 33.8 3232 Série Cálcio-Alcalina 3.2 857 0.7 0.8 2.4 2.7 91.4 24.8 26.3 64.2 53.4 44.5 29.9 100.0 0.0 0.3 0.8 0.5 4.8 2.3 19.4 42.0 30.0 3246 Ácidas ( SiO2 > 66%) 3.5 831 0.7 0.9 2.4 2.7 92.6 13.0 14.3 70.5 59.6 50.8 30.0 100.0 0.0 0.3 0.7 0.4 4.5 1.5 11.8 53.6 27.2 3245 3.7 808 0.7 0.9 2.4 2.7 95.3 4.7 11.1 47.3 37.1 29.2 30.0 100.0 0.0 0.1 0.5 0.2 0.4 3.5 0.3 75.1 20.0 3238 3.2 883 0.6 0.8 2.4 2.7 87.7 24.2 63.6 52.3 43.4 29.9 100.0 4.2 0.0 0.2 0.7 0.4 3.8 3.0 17.3 42.6 27.8 3214 Granito Teofilândia Tabela 3. Tabela apresentando a mineralogia normativa, a partir da norma CIPW e alguns parâmetros litogeoquímicos para as amostras estudadas. 0.4 1211 0.2 0.2 2.6 2.9 77.4 36.0 38.6 60.6 51.4 42.6 30.0 100.0 0.0 0.2 3.0 1.2 9.2 9.1 9.8 3.6 64.0 3227 0.5 1175 0.3 0.3 2.6 2.9 65.8 56.6 73.1 77.3 71.6 63.8 30.0 100.0 0.1 1.9 0.5 2.4 5.9 23.5 8.8 57.0 3231 Básicas / Shoshoníticas As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 99 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Rochas Básicas (BT) As rochas toleiiticas de caráter básico (TB) correspondem, predominantemente, a andesito-basaltos, com termos basálticos e andesiticos (Figura 7). Distinguem-se dos TUB pelo predomínio na moda do plagioclásio mais cálcico (Ca>30%), ocorrência do piroxênio (augita), e da titanita. Um veio de quartzo ocorre cortando um veio carbonático na amostra NS3255. Os cristais de plagioclásio (An30 a An32), tem caráter ígneo, aspectos turvos, e formas anédricas a subédricas, sendo geminados segundo a lei albita, sendo alterados para sericita, argilo-minerais e carbonato. A albita, subédrica a anédrica, é incolor e geralmente límpida, podendo ser facilmente confundida com quartzo, com o qual esta por vezes associada. Ocorre como agregados poligonais.Quando associada aos carbonatos na matriz clorítica, e/ou no interior das vênulas carbonáticas, a albita é anédrica e de granulometria muito fina. Pode ocorrer como grãos intersticiais à augita ou associada ao epidoto, provavelmente resultado da recristalização metamórfica de plagioclásio. O piroxênio é a augita. Os cristais são euédricos e prismáticos e apresentam textura blastofitica com albita e epidoto intersticiais. O anfibólio apresenta cor esverdeada, e encontra bastante deformado e alterado. Apresenta bordos irregulares, formas anédricas, hábito radial e prismático, textura blastofítica com albita e epidoto intersticiais aos grãos de augita. As texturas observadas sugerem tratar-se de hornblenda, resultado da substituição do piroxênio. A biotita, subédrica a anédrica, ocorre dispersa em matriz ou como pequenos fenocristais associados aos minerais opacos. São características das biotitas dos TB a extinção olho de pássaro e a tendência a exibirem lineação em paralelo a foliação da rocha. Os minerais opacos são sobrecus a anídricos, e estão alinhados na mesma direção dos anfibólios. Predominam os sulfetos (arsenopirita, Figura 9B) e óxidos de hematita ou goethita. Alguns destes cristais são magnetita e parte dos grãos parece ser pós-tectônica pois cresce 100 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena sobre a foliação marcada pela biotita deslocando-a, enquanto os grãos menores sao lentiformes, paralelos a foliação, e possuem bordos irregulares. A apatita exibe fraturamento, bordos límpidos e centros ricos em inclusões fluidas, e euédrica forma porfiroblástos euédricos a sobrecus, contornados pela foliação, sugerindo um caráter pre-tectônico. Ocorrem associadas ao anfibólio. A clorita eh o principal mineral de alteração, delimitando a foliação descrita pela rocha ocorrendo em agregados lamelares finos e intersticiais, de formas prismáticas e radiais. A titanita é euédrica a subédrica, de cor castanho escuro, e com bordos curvos e retos. A sericita possui alta birrefringência e é anédrica. O zircão é marrom e euédrico. O epidoto é euédrico a anédrico formando cristais menores que os demais acessorios. O carbonato geralmente apresenta geminação polissintética e formas subédricas a anédricas. Distingue-se da albita e do quartzo pela alta cor de interferência e aparecem disseminados ou em micro-veios, dispostos como grãos lentiformes alongados segundo a foliação e associados à albita e quartzo. Os porfiroblastos podem exibir ate 4mm. O quartzo, anédrico e arredondado, ocorre nas lentes de carbonato, com alguns bordos corroídos. Os cristais de maior granulação estão associados a carbonato também de granulação grossa, talvez representando ação hidrotermal ou formacao de amígdalas. Quartzo, muscovita e carbonato também ocorrem em micro-veios de quartzo que cortam os TB. Quartzo, plagioclásio (Ca >40%), ortoclásio (<3%), ilmenita, magnetita e apatita (tr.) ocorrem como fases normativas em todas as amostras deste grupo (Tabela 3). Diopsídio, hiperstênio, zircão (tr.) e cromita (tr.) também foram observados como fase normativa na maioria das rochas estudadas. Nos TB não foram observadas olivina e acmita normativa, comuns aos TUB. 101 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Rochas Intermediárias e Ácidas As rochas toleiiticas de caráter intermediário (TI) plotam, de acordo com os critérios de Middlemost (1994), no limite entre os campos dos andesitos-basálticos e andesitos. Existem contudo termos daciticos e uma amostra, a 3213B, com caráter mais potássico (tendência shoshonítica?) que plota no campo dos traquitos (Figura 7). Apenas uma amostra toleiítica de caráter ácido (TA) foi identificada neste estudo, a 3215, o que limita as considerações aqui apresentadas. Esta amostra plota no campo dos riolitos (Figura 7). Nas TI o anfibólio é a hornblenda, anédrica, ocorrendo nas cores (i) verde amarelado e (ii) verde escuro. Estes cristais exibem bordos irregulares, agregados com tendência radial ou habito prismático, e alta birrefringência. O plagioclásio é mais sódico que nas amostras toleiticas menos evoluídas, com o teor de An variando de 5-29%, predominando os termos mais sódicos. Anédrico, exibe extinção ondulante e pode ser diferenciado do quartzo apenas pela leve alteração para minerais argilosos. Apresenta textura granoloblástica, geminação segundo a lei albita, formando agregados poligonais e sendo substituída por sericita. Localmente apresenta-se como ripas e distribui-se em matriz gronofirica. O quartzo apresenta extinção ondulante, bordos irregulares, formas anédricas e baixo relevo. Geralmente ocorre na forma de agregados poligonais, sugerindo uma possivel recristalização a partir de fenocristais pré-existentes, ocorrendo associado com a albita. Na amostra 3243 encontra-se fortemente estirado, com bandas e lamelas de deformação. O carbonato ocorre de forma isolada nestas rochas mais evoluídas da serie toleiitica, sendo provavelmente resultado do processo de alteração do anfibólio cálcico e da albita. Nestas rochas não apresenta geminação ou clivagem. A clorita aparenta também ser resultado de processo de alteração do anfibólio, exibindo lamelas bastante distorcidas. Foi também 102 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena identificado nestas rochas o epidoto, anédrico a subédrico. A apatita eh anédrica a subédrica, encontra-se fraturada e ocorre de forma isolada ou formando agregados, dcom bordos irregulares e grande quantidade de inclusões fluidas no centro do cristal, com zoneamento migrando para bordas mais límpidas. Os minerais opacos são anídricos e acompanham a foliação. São sulfetos, especificamente a pirita, e também óxidos. Esfênio esta presente, subédrico, e o K-feldspato, anédrico, esta levemente substituído por argilo-minerais e sericita e apresenta geminação carlsbad. Ocorre em intercrescimento granofírico com quartzo e plagioclásio. Nas TI ocorre ainda a granada, substituída nos bordos pelo anfibólio, formando uma coroa de reação indicativa do metamorfismo. Apresenta-se quebrada e subédrica. A mineralogia normativa predominante para as TI corresponde a quartzo, plagioclásio (sódico e cálcico), ortoclásio (<3%), ilmenita, magnetita e diopsídio e hiperstênio. Zircão ou cromita se alternam em quantidades traços. Na amostra 3213B o quartzo normativo é ausente e ao invés dele ocorre a nefelina. Na TA, as quantidades de ortoclásio normativo são mais elevadas, o coríndon normativo ocorre no lugar do diopsídio e magnetita e ilmenita são traços (Tabela 3). ROCHAS DE AFINIDADE CÁLCIO-ALCALINA Dez (10) das amostras estudadas apresentam tendência cálcio-alcalina (Tabela 1) de acordo com os critérios de Irvine e Baragar (1971). Elas distribuem-se, em função do teor de sílica, entre termos ultrabásicos (1 amostra: 3206), básicos (3 amostras: 3241, 3211-3, 3211), intermediários (1 amostra: 3220-1) e ácidos (5 amostras: 3209-2, 3232, 3246, 3245, 3238). Uma (1) amostra, a NS3214, tem também caráter cálcio-alcalino ácido, mas aparece com simbologia distinta nos diagramas por tratar-se de uma rocha plutônica, o granito Teofilândia. 103 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Rochas Ultrabásicas e Básicas (CAL-UB) De acordo com os critérios de Middlemost (1994) as rochas cálcio-alcalinas menos diferenciadas da MFB correspondem a andesito-basaltos (Figura 7). Estes termos ultrabásicos a básicos (CAL-UB) são ricas em plagioclásio, piroxênio, anfibólio e quartzo, com biotita presente ocasionalmente. Os minerais acessórios são apatita, titanita, minerais opacos e epidoto. Como minerais secundários estão presentes os carbonatos, clorita e sericita. Veios carbontaticos cortam a amostra NS3241. A granulometria varia de grossa (Figura 9C) a fina/muito fina e a textura microscópica característica destas rochas é apresentada na Figura 10A. Figura 10. Fotomicrografias representativas das microtexturas observadas nas rochas da MFB. Calcioalcalinas: (A) Textura nematoblástica, crenulação, cortadas por micro-veio de carbonato + quartzo em rocha básica, (B) Fenocristal de anfibólio subédrico em matriz de textura nematoblastica com a foliação marcada por biotita em rocha básica. (C) Fenocristal de albita em matriz cloritizada, rocha intermediaria, (D) Textura lepidogranoblástica cortada por micro-veio de quartzo+albita+carbonato em rocha acida. Rochas de tendência shoshonitica: (E) Fenocristais de plagioclásio alterados em matriz cloritizada, (F) Fenocristais de plagioclásio e feldspato alcalino em matriz cloritizada. Carb=carbonato, Plag=plagioclásio, Anf=anfibólio, Cl=clorita, Qz=quartzo, Fss=feldspato. O plagioclásio (An~33%) ocorre em cristais subedricos a euédricos, alterados resultando em aspecto turvo, sendo substituidos por clorita, carbonato, sericita ou muscovita de granulacao grossa, e podem apresentar geminacao albita e albita-periclina. A albita, anédrica, sem geminação, límpida, forma agregados granoblásticos poligonais na matriz ou nos bordos do plagioclásio. O anfibólio verde esta presente em quase todas as amostras estudadas. Apresenta 104 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A B Bt Carb+Qz Anf 50mm NS3241 C 10mm NS3241 D Carb + Qz Cl Albita 10mm NS3220A 250mm NS3232 F E Plag Cl Op Plag Fss NS3227 10mm NS3231 10mm Figura 10. Fotomicrografias representativas das microtexturas observadas nas rochas da MFB. Calcioalcalinas: (A) Textura nematoblástica, crenulação, cortadas por micro-veio de carbonato + quartzo em rocha basica, (B) Fenocristal de anfibolio subedrico em matriz de textura nematoblastica com a foliacao marcada por biotita em rocha basica. (C) Fenocristal de albita em matriz cloritizada, rocha intermediaria, (D) Textura lepidogranoblástica cortada por micro-veio de quartzo+albita+carbonato em rocha acida. Rochas de tendencia shoshonitica: (E) Fenocristais de plagioclasio alterados em matriz cloritizada, (F) Fenocristais de plagioclasio e feldspato alcalino em matriz cloritizada. Carb=carbonato, Plag=plagioclásio, Anf=anfibólio, Cl=clorita, Qz=quartzo, Fss=feldspato. 105 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena formas subédricas a anédricas, eh prismático, e possui bordos irregulares. Na amostra NS3241B apresenta-se em bandas. Os cristais de biotita apresentam pleocroísmo marrom avermelhado a marrom claro, formas anédricas a subédricas, bordos irregulares, cor variando do castanho avermelhado a marrom, com lamelas pleocróicas de castanho avermelhado a castanho, ocorrendo em bandas alternadas pelo anfibólio. Os bordos são irregulares e o hábito lamelar. Estes cristais estão totalmente deformados. O quartzo tem extinção ondulante, eh anédrico e límpido, e ocorre em agregados ou associados à albita e ao carbonato. Os minerais opacos incluem sulfetos e oxidos de ferro, são anédricos, e localmente sao substituídos por hidróxidos de ferro marrom, translúcidos, que aparecem dispersos na rocha. Exibem bordos irregulares com o anfibólio e a biotita. Os sulfetos ocorrem geralmente no interior dos veios carbonaticos, com granulação grossa e formas anedricas, associados à albita. A titanita tem cor marrom, eh anedrica e aparece associada a biotita. A muscovita, subédrica a anédrica, forma grandes cristais que ocorrem associados à clorita. A matriz cloritizada caracteriza-se por um agregado de clorita, albita, e carbonato. A clorita circunda a maioria dos minerais da rocha, eh lamelar, anédrica, e apresenta birrefringência anômala, em tons do azul Berlim e cinza. A apatita ocorre em cor acinzentada. O carbonato é anédrico a subédrico, apresenta granulação fina, possui aspecto turvo, e ocorre em agregados, com e sem geminação polissintética, clivagens quase perfeitas e bordos regulares e irregulares nos contatos com os demais minerais. Podem ocorrer em massas irregulares, disseminadas e/ou agregadas, dispostos em paralelo a foliacao da rocha ou dobrados juntos com a foliacao. Veios de carbonato com quartzo, mineralizados com sulfetos ou nao, sao frequentes. Neles ocorrem fenocristais de plagioclasio geminados com até 0,6 mm, porém não foi possível determinar o teor de An (NS3241B). 106 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena A mineralogia normativa das CAL-UBB caracteriza-se pela ocorrencia de olivina ou nefelina nas amostras onde o quartzo normativo eh ausente, presenca de plagioclasio (40-50% Ca), ortoclasio, diopsidio e hiperstenio, ocasionalmente wollastonita. Ilmenita, magnetita e quantidades tracos de apatita sao presentes. Rochas Intermediárias e Ácidas (CAL-IA) As rochas cálcio-alcalinas de caráter ácido plotam, de acordo com os critérios de Middlemost (1994), no limite entre os campos dos dacitos e riolitos (Figura 7). Apenas uma amostra intermediária foi identificada neste estudo (3220A). Ela plota no campo dos andesitos (Figura 7). O plagioclásio é anédrico, tem granulação grossa (Figura 10C), e aspecto turvo devido a substituicao por sericita. Apresenta maclas segundo as leis albita e albita-carlsbad.O anfibólio (hornblenda) é marrom, anedrico a subedrico, prismatico, e apresenta pleocroísmo verde claro a verde oliva. Alguns cristais exibem habito radial. A biotita tem cor castanha avermelhada, formas subedricas a anedricas, eh prismatica. E ocorre delimitando a foliacao da rocha, com contatos curvos com os demais critais. A clorita tem forma anédrica, sendo disposta em agregados lamelares e representando com frequencia a matriz da rocha. O quartzo possui extinção ondulante, forma anédrica e eh ímpido. Ocorre em agregados com os demais minerais felsico e apresenta textura granoblastica poligonal. Eh dificil diferencialo da albita pois ambos apresentam extincao ondulante. Em alguns cristais o carbonato apresenta geminação polissintética. No geral tem granulação fina e bordos irregulares. Os minerais opacos sao anedricos, translúcidos, marrons, geralmente estão sendo substituidos por óxidos ou hidróxidos de ferro, que parecem estar “cimentando” os demais minerais da rocha, dispondo-se nos limites intergranulares ou preenchendo fraturas da rocha. 107 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Alguns estao alinhados segundo a foliacao descrita pela rocha. Sulfetos tambem foram identificados tanto em microscopia quanto na lupa binocular. A titanita aparece em agregados nos bordos de minerais opacos. Dentre as fases acessorias destacam-se a apatita, que ocorre como cristais subedricos disseminada na matriz ou inclusa em anfibolio. Raros cristais de zircao, subedricos, foram identificados, apresentando halos radioativos e sendo envolvidos pela biotita. Nos veios quartzo carbonaticos que cortam estas rochas o quartzo possui textura granoblastica poligonal e o carbonato apresenta geminacao polissintetica (Figura 10D). Os CAL-IA tem como caracteristica o elevado (>20%) conteudo de quartzo normativo (Tabela 3). Como fases normativas predominam ainda plagioclasio sodico (5-35% Ca), ortoclasio, hiperstenio, ilmenita, magnetita e quantidades tracos de apatita e zircao. Diopsidio e corindon alternam-se. Granito Teofilândia Uma amostra plutônica que corta a sequência vulcanossedimentar na região da Mina Fazenda Brasileiro, o granito Teofilândia (3214), foi estudada em conjunto para comparação (Figura 7). Análises adicionais estão disponíveis em Rios (2002). Sua mineralogia normativa eh praticamente identica a das vulcanicas calcio-alcalinas acidas exceto pela ocorrencia de fluorita (Tabela 3). ROCHAS DE AFINIDADE SHOSHONITICA Durante os trabalhos de classificação química destas rochas, duas (2) amostras apresentaram tendencia shoshonítica. Esta é a primeira vez que rochas com estas características são identificadas entre os tipos vulcânicos do Itapicuru. 108 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena De acordo com os critérios de Irvine e Baragar (1971) elas apresentam tendência cálcioalcalina (Tabela 1) e foram tratadas junto com as amostras deste grupo nos diagramas litogeoquímicos. Em função do teor de sílica estas amostras são, respectivamente, ultrabásica (3227) e básica (3231). De acordo com a mineralogia normativa (Tabela 3), estas rochas caracterizam-se pelos elevados conteudos de plagioclasio (sodico-calcico), ortoclasio, nefelina e diopsidio, ausencia de quartzo e presenca de olivina normativa. ROCHAS SEDIMENTARES Este artigo nao se propoe a discutir as rochas de natureza sedimentar. Sua proveniencia eh objeto de um trabalho especifico (Rios et al, em preparacao). Ressaltamos contudo aqui que, de acordo com a norma CIPW (Tabela 3), a mineralogia destas rochas nao varia muito em relacao aos termos igneos. Em campo ha dificuldade de diferenciar os termos sedimentares dos aglomerados e tufos vulcanicos (vide Figura 9D). Os minerais normativos mais abundantes nestas rochas sao plagioclásio, diopsídio, hiperstênio, e quartzo, com algumas amostras apresentando wollastonita ao inves de hiperstenio. Ilmenita, magnetita alem de quantidades tracos de apatita e zircao também ocorrem em sua mineralogia normativa. Chamam a atencao os elevados teores de Ca apresentados para estes plagioclasios normativos. LITOGEOQUIMICA E DISCUSSOES Existem no momento dados suficientes para afirmar que as sequências litoestratigráficas da mina Fazenda Brasileiro foram formadas a partir da consolidação de diferentes pulsos de magma e os estudos petrograficos e litogeoquímicos aqui apresentados, fundamentados nas análises de 45 (quarenta e cinco) amostras de diferentes níveis de furo de sondagem e 109 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena afloramentos na região da mina Fazenda Brasileiro e confrontados com resultados ja apresentados pela literatura, permitiram detalhar as variacoes quimicas destas rochas, em especial em funcao de seus elementos menores e tracos, ratificando esta hipotese. As análises realizadas a partir de diagramas variativos discriminativos demonstram nitidamente a existência de um magmatismo bimodal: (i) vulcanismo toleiítico (basaltos e/ou andesitos basaltos) e (ii) vulcanismo cálcio-alcalino (andesito e rochas piroclásticas). Apesar disto, a petrografia destas rochas eh bastante monotona e, por si soh, incapaz de levar a distincoes entre estes grupos quimicos. Diagramas discriminativos foram utilizados para descrever as tendências evolutivas do magma e a dos cumulatos bem como fazer inferência sobre as fases minerais que controlam as tendências evolucionais das rochas em estudo, bem como identificar a trajetória evolucional percorrida pelo(s) magma(s) ao se fracionar. Os resultados das análises químicas (Tabela 1) de elementos maiores revelam grandes variacoes composicionais para SiO2 (42,66% a 81,31%), Al2O3 (8,96% a 16,35%), Fe2O3 (2,07% a 24,01%), MnO (0,02% a 0,34%), TiO2 (0,25% a 2,02%), CaO (0,45% a 14,05%), MgO (0,40% a 6,76%), Na2O (0,56% a 8,77%) e K2O (0,02% a 2,87%). Estes teores tao distintos sustentam as previsoes da literatura para varios pulsos magmaticos, provavelmente com variacoes temporais associadas. Para melhor classificar estas rochas vulcanicas sub-alcalinas submetidas a metamorfismo de facies xisto-verde e alteracao hidrotermal, aplicamos a classificacao cationica proposta de Jensen & Pyke (1982). Percebe-se que grande maioria das rochas toleiiticas correspondem a basaltos-toleiiticos de alto ferro. Eh interessante observar que sao as rochas basicas as que apresentam maior tendencia ao campo de alto magnesio, com 4 (quatro) amostras (3208, 3221, 3230 e 3224) classificando-se como basaltos-toleiiticos de alto magnesio (Figura 11A). As rochas da serie calcio-alcalina tem uma distribuicao ao longo deste trend, 110 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena com amostras de riolitos, dacitos e basaltos calcio-alcalinos. Este padrão de distribuição é idêntico ao apresentado por Condie (1976) (Figura 11A). As exceções são as amostras NS 3215, um riolito toleiítico, e as mais basicas do grupo cálcio-alcalino (3211 e 3206), que adentram oo campo dos basaltos toleiíticos (Figura 11A). Figura 11. Diagramas ternários para rochas vulcânicas aplicados às amostras da MFB: (A) Classificação proposta para rochas vulcanicas de acordo com suas porcentagens cationicas de Al, (Fet + Ti), e Mg. Os campos das series toleiitica, calcio-alcalina e komateiitica correspondem a proposta de Jensen & Pyke (1982), com os limites redefinidos por Rickwood (1989). Discriminantes geotectônicos com base em elementos menores (B) Proposta de Pearce et al. (1975) para diferenciar entre basaltos oceânicos e continentais. ; (C) Proposta de Mullen (1983) para basaltos e andesitos basaltos com 45% - SiO2 - 54%. (D) Proposta de Pearce et al. (1977) com base na química de elementos maiores para basaltos sub-alcalinos e andesiticos (51% < SiO2 < 56%, análises recalculadas a seco). As nomenclaturas quimicas propostas pelo TAS (Figura 7) sao compativeis com o observado no diagrama R1 – R2 (De La Roche et al., 1980), com a mineralogia modal observada, e com a presença de piroxênio (augita), quartzo e hiperstênio normativo (Tabela 3). Dentre as rochas de carater toleitico, predominam os “basaltos toleiíticos” com ocorrência de “basaltos andesiticos”. As amostras de carater cálcio-alcalino tambem apresentam ampla variação de SiO2 com amostras classificadas como basaltos, basaltos andesiticos, andesitos, dacitos e riolitos, mas seguindo um trend mais enriquecido em alcalis. As amostras NS 3227 e NS 3231 apresentam tendência mais alcalina e caem, respectivamente, nos campos traqui-basalto e traqui-andesito. É importante contudo ressaltar a persistência de amostras que classificam-se nos campos da séries cálcio-alcalina alto K e mesmo shoshonítica. 111 ci Da to Rio lito K2O to 3215 ci Da to 3208-1 esi Continental 3213B Basalto Toleiitico Alto-Mg 3208 d An 3238 CA TH m Ko to o sal Ba teitic a m Ko P2O5 C Mg 10MnO Bon IAT CAB MORB OIT TiO2 OIA 10P2O5 MgO Granitos Tendência Shohonítica 4 3 FeOT 1 = Espalhamento do centro de ilha (ex. Galapagos) 2 = Arco de ilha e Margem continental ativa 3 = MORB 4 = Ilha oceânica 5 = Continental (basaltos orogênicos) Ultrabásicas Básicas Intermediárias Ácidas LEGENDA 5 2 1 Al2O3 D sub-alcalinos e andesiticos (51% < SiO2 < 56%, análises recalculadas a seco). Pearce et al. (1977) com base na química de elementos maiores para basaltos para basaltos e andesitos basaltos com 45% - SiO2 - 54%. (D) Proposta de renciar entre basaltos oceânicos e continentais. ; (C) Proposta de Mullen (1983) com base em elementos menores (B) Proposta de Pearce et al. (1975) para dife- com os limites redefinidos por Rickwood (1989). Discriminantes geotectônicos calcio-alcalina e komateiitica correspondem a proposta de Jensen & Pyke (1982), porcentagens cationicas de Al, (Fet + Ti), e Mg. Os campos das series toleiitica, MFB: (A) Classificação proposta para rochas vulcanicas de acordo com suas Figura 11. Diagramas ternários para rochas vulcânicas aplicados às amostras da SiO2 < 54% e SiO2 > 45% ito ate 3219 sito to TiO2 sal Oceânico Al lito de An Rio 3215 Ba B A Basalto Toleiitico Alto-Fe Série Toleiítica TO TEI MA O K Série Cálcio-Alcalina FeT + Ti As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 112 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Enquanto a tendência cálcio-alcalina alto K já havia sido reportada por outros autores, rochas vulcânicas com caráter shoshonítico são novidade no Itapicuru, em especial termos mais básicos (SiO2 < 50%). Em relacao ao conteudo de aluminio observa-se que a grande maioria das amostras apresentam carater metaluminoso com apenas três amostras (3221, 3220B e 3227) no campo peraluminoso, de acordo os criterios de Shand (1943). Confrontando a distribuicao no diagrama AFM (Figura 6A), com a distribuicao das amostras nos furos amostrados (Figura 5) percebe-se que não existe uma clara separação estratigráfica com alternancias entre amostras de carater toleiítico e cálcio-alcalino. O diagrama AFM (Figura 6A) foi utilizado para separar as amostras com tendência cálcio-alcalina das toleiítica. Apesar de ambas já haverem sido reportadas por outros autores no Itapicuru, enfatizase a clara separação para as amostras coletadas na Faz. Brasileiro e a evolução ao longo do trend M – F das amostras com natureza toleiítica que contrasta com a evolução FM – A das amostras cálcio-alcalina. A única das amostras estudadas que foge a este padrão é a NS 3215 a mais ácida das rochas pertencente ao grupo toleiítico. Pesquisadores como Pearce & Cann, 1973; Floyd & Winchester, 1975; Pearce e Norry 1979; Wood et al., 1979; Pearce, 1982; Meschede 1986; Rollinson, 1993, utilizaram dados geoquímicos e isotópicos como uma importante ferramenta na discriminação de ambientes tectônicos. Esta discriminação é visualizada por diagramas que têm como base, observações empíricas que mostram as diferenças geoquímicas existentes entre os magmas dos diversos ambientes tectônicos. Os critérios de Pearce et al. (1975) permitem discriminar ambientes geotectônicos pela diferenciação do comportamento da alumina e do ferro nas séries magmáticas, permitindo diferenciar entre basaltos oceânicos e continentais. Considerando-se estes termos observa-se que as rochas estudadas plotam nos campos de ambientes oceânico (toleiiticas) e em ambiente continental (cálcio-alcalinas) (Figura 11B). Neste diagrama, o campo oceânico inclui MORB e o 113 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena estágio de construção de plataforma das ilhas oceânicas e é necessário considerar a mobilidade do K2O nas condições do GBRI (rochas alteradas e metamorfoseadas, Morrison 1978, Smith e Smith, 1976), o que segundo Pearce et al. (1975) elevaria os teores originais de K2O e levaria a um deslocamento das amostras em direção ao vértice do potássio, campo dos basaltos continentais. Por outro lado isto certifica as amostras alteradas que caem no campo oceânico como de ambiente oceânico. Para os diagramas de menores e tracos utilizamos apenas as amostras analisadas no laboratorio acmelab, onde estes elementos foram dosados por espectrometria de massa (EM). Mullen (1983) utilizou elementos menores para discriminar o ambiente geotectônico de basaltos e andesitos basaltos com 45% - SiO2 - 54%. As diferenças entre magmas de arco vulcânico e basaltos oceânicos são explicadas em termos de diferentes padrões de cristalização fracionada. O diagrama tem a vantagem de utilizar o Mn, Ti, e P, os quais são relativamente imóveis e insensíveis a processos hidrotermais em temperaturas do fácies xisto-verde, como é o caso das rochas da MFB (Figura 11C), apesar da carbonatação poder alterar estes relacionamentos. Pearce et al. (1977) com base na química de elementos maiores, discrimina a ambiência de basaltos sub-alcalinos e andesiticos (51% < SiO2 < 56%, análises recalculadas a seco) (Figura 11D). Para as amostras da MFB observa-se que a suíte toleiitica parece evoluir de um ambiente de ilha oceânica (TUB), seguindo para uma transição entre ilha oceânica e basaltos orogênicos (TB e TI), com as amostras mais diferenciadas no campo do espalhamento de centro de ilha, distribuição que Pearce et al (1977) assume para basaltos alcalinos de todos os tipos de ambiente em superposição aos basaltos sub-alcalinos. A suíte cálcio-alcalina (Figura 11D) da MFB, por sua vez, concentra-se nos campos de arcos de ilha e margem continental ativa, com algumas amostras no campo dos MORB e as mais diferenciadas (CAL-A) também nos campos do espalhamento do centro de ilha. 114 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Na litogeoquímica há um crescimento significativo no interesse pelos elementos terras rara, pois, a medida do seu grau de fracionamento em rochas pode ser indicativo para a gênese das mesmas. Recentemente Verma et al. (2006) e Agrawal (2008) utilizaram parâmetros baseados em elementos traços para a discriminação de ambiência tectônica. Considerando-se a proposta de Verma et al. (2006) as rochas toleiiticas básicas e ultrabásicas caem predominantemente no campo dos basaltos de ilhas oceânicas (OIB), enquanto as cálcioalcalinas (e de natureza shoshonitica) com teores similares de sílica classificam-se como basaltos de arco de ilhas. Percebe-se ainda uma tendência dos TUB para os TB de variação de OIB para MORB (basaltos de cordilheira meso-oceanica). Esta tendência é confirmada aplicando-se os parâmetros de Agrawal (2008). Com base nas distribuicoes dos elementos tracos, Condie (1976) propos separar as rochas vulcanicas de greenstone belts arqueanos em dois grupos: (i) depletados e (ii) enriquecidos. Os toleitos arqueanos depletados seriam caracterizados por distribuicoes planares dos ETR e baixos conteudos de LILE enquanto os enriquecidos apresentariam padroes enriquecidos em ETRL e em LILE (Figura 12A). Os komateitos sao incluidos no grupo dos toleitos depletados, os quais sao as rochas mais comuns nos greenstone belts (50-90%). Os toleitos enriquecidos seriam mais abundantes apenas nas porcoes estratigraficas superiores, mas estariam presentes em todos os greenstones. Para os andesitos depletados somaria-se as caracteristicas anteriores uma anomalia negativa de europio. Os andesitos enriquecidos apresentariam dois sub-grupos (Figura 12A): (a) os pobres em alcalis seriam os mais abundantes, similares a andesitos calcio-alcalinos modernos, com pequeno enriquecimento em ETRL e baixos conteudos de LIL e os (b) ricos em alcalis estariam restritos aos mais elevados niveis estratigraficos e apresentariam comportamento similar aos toleitos enriquecidos. Dois sub-grupos foram tambem propostos para as rochas vulcanicas silicosas (dacitos, riodacitos, riolitos) (Figura 12A): (a) as depletadas, aparentemente mais abundantes 115 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena em volume, com baixos conteudos de ETRP e Y e as (b) nao depletadas, que nao apresentam esta deplecao. Para todos os grupos Cr, Ni e Zr sao mais enriquecidos no Arqueano que em similares modernos. Figura 12. Diagramas multi-elementares para as concentrações de elementos terras raras nas rochas toleiiticas (A), cálcio-alcalinas (B) e sedimentares (C) do GBRI na MFB, normalizados pelo condrito (Boynton, 1984) Os estudos litogeoquimicos aqui realizados demonstraram que, na MFB-GBRI, as amostras menos evoluidas da suite toleiitica tendem ao campo dos basaltos toleiticos de alto magnesio (3212B,3217,3212A,3225,3208, Jensen 1976, Figura 11A) e podem ser correlacionadas com os toleitos e andesitos (depletados e pobres em alcalis) arqueanos de Condie (1976). As rochas da serie calcio-alcalina, apresentariam a distribuicao classica proposta por este autor para greenstones Arqueanos e os toleitos acidos e intermediarios 3215 e 3213B estariam dispostos fora da tendencia classica. Dentre os termos metassedimentares observou-se que as rochas em campo denominadas de MPC (metapelitos carbonosos) são, invariavelmente, pertencentes à série toleiítica enquanto os CAX (actinolita-clorita-xistos) são rochas de natureza cálcio-alcalina. Os termos descritos em campo como CCX (carbonato-clorita-xisto) classificam-se indistintamente, tanto como toleiíticas, quanto como cálcio-alcalinas. Os dados, contudo são ainda muito limitados e um estudo geoquímico mais amplo destes termos “metassedimentares” é necessário para melhor caracterizar sua natureza (vulcânica ou sedimentar) e sua geoquímica (Figuras 11A, 12B). Dentre as rochas estudadas na denominada Sequência Fazenda Brasileiro, predomina o vulcanismo máfico toleiítico, colocado em um ambiente de fundo oceânico e com discordâncias temporais entre diferentes pulsos magmáticos, com intercalações de eventos de erosão e 116 D B F E 117 amostras intermediarias e acidas. ultrabasicas e basicas, e (D) amostras intermediarias e acidas. Rochas da suite calcio-alcalina da MFB (E) amostras ultrabasicas e basicas, e (F) toleiiticas Arqueanas estudadas por Condie (1976). (B) Rochas metassedimentares da MFB Rochas da suite toleiitica da MFB (C) amostras Figura 12: Diagramas tipo spider para elementos terras raras, normalizados pelo condrito de Boynton (1984): (A) Rochas C A As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena sedimentação. Os toleitos ultrabasicos (3240,3233,32363239,3222,3219,3235B,3228,3234, nao analisados por EM) bem como algumas das amostras basicas e intermediarias (3244,3210,3229,3213A) apresentam uma tendencia ao polo Fe total+Ti (Figuras 11A), que as distingue da evolucao Arqueana tipica apresentada por Condie (1976), identica aquela apresentada pelas rochas calcio-alcalinas da MFB. Esta impressao se dissipa ao avaliar o comportamento dos ETR destes toleiitos, o qual eh identico ao apresentado pelos basaltos e andesitos toleiiticos arqueanos depletados de Condie (1976, veja tambem amostra 11 de Rollison 1983), com um padrao gaivota cerca de 10x mais enriquecido que os condritos de Boynton (1984), marcados ainda por suaves anomalias negativas e positivas (NS3212B) de europio e uma suave e persistente anomalia em Tm que nao foi identificada pelos autores mencionados por nao terem realizado analises para este elemento. O comportamento dos terras raras leves na amostra NS3208 discorda um pouco desta tendencia apresentando um padrao mais caracteristico dos toleitos basalticos enriquecidos (Figura 12A,C).A amostra NS3215, a mais acida da suite toleitica, apresenta o comportamento tipico das rochas silicosas (riolitos) arqueanas de Condie (Figura 12 A,D), marcada ainda pelo padrao curvado tipico dos TTGs arqueanos de Martin et al. (1994) e compartilhado pelos granitos arqueanos do Nucleo Serrinha (Rios 2002). Posteriormente há uma variação no contexto geotectônico, com o ambiente continental predominando e a colocação de magmas de caráter cálcio-alcalino. Os furos permitem perceber a inversão litoestratigráfica que ocorre na área da MFB, em especial o FSS00863. Neste furo percebe-se claramente a transição do magmatismo toleiitico de fundo oceânico para o cálcioalcalino continental.Comparado as rochas arqueanos de Condie (1976),o comportamento dos ETR para as rochas ultrabasicas e basicas desta suite oscila entre o dos andesitos enriquecidos ricos em alcalis (NS3206) e o dos toleiticos depletados,mas ainda mais empobrecido em ETR (Figura 12A,E).As rochas mais evoluidas desta suite (intermediarias e acidas) tambem 118 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena apresentam dois padroes comportamentais, com um grupo similar ao dos TTGs arqueanos de Martin et al. (1994), porem menos enriquecidos em ETRL e com suaves anomalias positivas em europio (NS3238, 3245,3246),compartilhado pelo granito arqueano Teofilandia (NS3214), e outro que nao distingue-se das rochas arqueanas de Condie (1976) e que parece ser compartilhado pelo termos sedimentares da MFB (Figura 12 B, F). CONSIDERAÇÕES FINAIS A superposição e variedade de nomenclaturas que advem do aumento na quantidade de trabalhos e no detalhamento dos dados disponiveis, muitas vezes, dificulta a compreensão da geologia de uma area. Isto eh fato em regioes como o GBRI onde os trabalhos originais estiveram predominantemente centrados nas rochas vulcanossedimentares associadas as mineralizacoes e apenas mais recentemente comecaram a expandir para outros tipos litologicos (plutonicas) e areas nao mineralizadas. O aumento na quantidade e variedade de informacoes obtidas a partir das novas ferramentas geoquimicas, associados a disponibilizacao de amostras de furos de sonda para estudos comecam a gerar conflitos entre os termos existentes, em especial em relacao a nomenclatura utilizada nas minas. Por este motivo, neste trabalho optou-se por apresentar as rochas de acordo com suas classificações químicas e petrográficas, sem correlacioná-las às unidades e sequências clássicas. Observou-se que os processos de alteração hidrotermal, em conjunto com os eventos metamórficos e deformacionais que afetam as rochas do Itapicuru, dificultam e impedem a correta distribuição dos litotipos estudados nas seqüências (Canto, Incó, Faz. Brasileiro, Abóbora) e/ou nas unidades (UVM, UVF, US) da literatura. As superposicoes sao frequentes e nao podem mais ser ignoradas. Buscando um agrupamento mais objetivo dos tipos apresentados, optou-se por separar 119 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena as amostras estudadas em dois grupos químicos principais, de natureza toleiítica e cálcioalcalina. Constatou-se também que algumas amostras exibem claramente natureza alcalina, potássica a ultrapotássica, sendo necessários estudos adicionais neste grupo, com uma amostragem mais sistemática, para avaliar se estas rochas seriam correlacionadas aos termos alcalinos do Paleoproterozóicos do NSer (Rios et al. 2009) ou se representariam um evento anterior, de natureza Sanukitóide. Durante os trabalhos de classificação química destas rochas, duas (2) amostras destacaram-se por apresentar a dualidade alcalina/cálcio-alcalina típica da série shoshonítica. Rochas com estas características ainda não haviam sido descritas dentre os tipos vulcânicos do Itapicuru. Rios et al. (2000, 2009) descreve contudo, dentre as rochas plutônicas que cortam este greenstone, rochas de características sanukitoides, alcalinas e shoshoniticas. Ainda é cedo para afirmar a existência de um vulcanismo de caráter alcalino na região, contudo a identificação destes dois exemplares chama a atenção para a necessidade de mais estudos relacionados a esta questão. Condie (1976), no classico estudo sobre o comportamento de elementos tracos em greenstones Arqueanos, demonstrou que a alteracao progressiva, a diagenese, e o metamorfismo de baixo grau, levam frequentemente a uma redistribuicao dos alcalis e de outros elementos tracos relacionados e que os metais transicionais e os elementos terras raras, por serem relativamente mais resistentes a estes processos, seriam os mais indicados em estudos petrologicos destas rochas. Hoje sabe-se que a aplicação da abundância de ETR para a solução de problemas petrogenéticos tem sido centrada na evolução de rochas ígneas, onde processos como fusão parcial da crosta ou de materiais do manto, cristalização fracionada, e/ou mistura de magmas, estão envolvidos. Estudos sobre o comportamentos dos ETR nas rochas vulcanossedimentares do GBRI eram ate agora muito restritos e os novos dados aqui apresentados permitem uma nova visao sobre as rochas vulcanossedimentares do Itapicuru. 120 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Os dados de elementos tracos e ETR sugerem que o Itapicuru represente um greenstone comparavel ao de Barbeton (Australia) onde esta presente uma associacao vulcanica bimodal e cuja ambiencia os associa a um modelo de arco vulcanico. A interpretação dos dados obtidos neste estudo demonstra que vários ciclos de vulcanismo e sedimentação se sucederam no Itapicuru e que os termos toleiticos apresentam caracteristicas comparaveis as de rochas encontradas em greenstones arqeuanos enquanto as calcio-alcalinas possuem uma bimodalidade, com rochas de comportamento similar aos termos arqueanos e outras nao. Para um melhor detalhamento destes fenômenos e processos é necessária a ampliacao do numero de analises de ETR em porcoes distintas do GBRI e a realização de estudos geocronológicos de detalhe, e que envolvam métodos analíticos de alta precisão em fases minerais específicas (zircão, badeleita, apatita e perovskita). AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a equipe da Yamana Mineração, em especial ao grupo da mina Fazenda Brasileiro, pelo apoio logístico durante os trabalhos de campo. Ao CNPq ao financiamento (projeto universal ....), pelas bolsas de mestrado (processo ...) e produtividade em pesquisa (processo....). A profa. Dra. Amalvina pelas discussões petrográficas. Aos revisores da RBG pelas sugestões ao manuscrito. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bastos Leal, L. R. 1992. Geocronologia Rb-Sr e K-Ar, evolução isotópica e implicações tectônicas dos enxames de diques máficos de Uauá e vale do Rio Curaçá, Bahia. Instituto de Geociências. Universidade de São Paulo. São Paulo. 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O trabalho baseou-se principalmente em estudos nas rochas de subsuperfície da mina Fazenda Brasileiro (MFB) especificamente na sequência Fazenda Brasileiro. Para atingir os objetivos aqui propostos foram utilizadas 31 amostras de testemunhos de sondagem da mina, com a finalidade de definir suas principais características e compreender sua evolução. O Cráton do São Francisco (CSF), onde está localizada a área de estudo, é o maior remanescente de terrenos Precambrianos preservados na Plataforma Brasileira. Ele estendese por praticamente todo o Estado da Bahia, e avança em direção SW para Minas Gerais, sendo considerado estável desde a Orogenia Brasiliana (Neoproterozóico). Rios et al. (2008, 2009, 2010) demonstram que a área nordeste do CSF, conhecida como Núcleo Serrinha (NSer), sofreu uma história complexa de deformação, que durou pelo menos 1,5Ga. Os autores acima citados descrevem uma sequencia de eventos que incluem, do mais velho para o mais novo, (i) um estágio precoce de dobramentos provavelmente associado com falhas de empurrão e metamorfismo regional a ~3,15Ga, (ii) um cisalhamento transpressional a ~2,15Ga, o qual interpretam como responsável pelo trend N-S marcante que corta todas as litologias da área em estudo e que ocorreu durante a Orogenia Transamazônica, seguidos por (iii) um falhamento rúptil e reativação de antigas falhas, a ~2,07-2,08Ga, associado ao metamorfismo termal provocado pela colocação do plutonismo alcalino potássico. A forte superposição e o retrabalhamento com geometria co-axial deu então ao GBRI um estilo estrutural aparentemente simples, que parece ter sido domindo por uma única foliação N-S. 126 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena Os terrenos do GBRI estão situados na porção centro-sudeste do Nser, CSF. Possui aproximadamente 80x40 km, sendo rodeado pelo embasamento granítico-gnáissico e cortado por vários granitos de idade Arqueana. Como a maior parte dos greenstones do CSF, o GBRI foi afetado por metamorfismo de fácies xisto-verde a anfibolito de baixo grau durante o Paleoproterozóico, aproximadamente a 2,07-2,08 Ga, um período em que a região em estudo também sofreu muitas intrusões de granitos potássicos pós-tectônicos e metamorfismo regional de alta temperatura, relacionados ao pulso Riaciano da Orogenia Transamazônica (Rios et al., 2009). A MFB, área em que foram coletadas as amostras estudadas, é uma das principais minas de ouro do Estado da Bahia, contendo mineralização tanto nas rochas ígneas como nos metassedimentos intercalados. Os estudos petrográficos nas rochas do GBRI na MFB revelaram a presença de diversas texturas, tanto ígneas reliquiares, como texturas indicação da atuação do metamorfismo (crenulação, lepidoblástica, nematoblástica, granoblástica), que marcam a foliação descrita pela rocha. A partir dos estudos petrográficos foram identificadas: (i) rochas máficas-ultramáficas composta basicamente por basaltos, (ii) uma sequencia de lavas félsicas e intermediárias variando em composição de andesitos a riolitos. Ambas são cortadas pela suíte de TTGs Arqueanos e Paleoproterozóicos, caracterizada na área de estudo pelos granitos Araci, Barrocas e Teofilândia, e também pelo magmatismo alcalino potássico como, por exemplo, o corpo de Barroquinhas. Corpos intrusivos sub-vulcânicos, representados por riodacitos, quartzo-dioritos, e gabros são também reportados. (iii) a sequência metassedimentar consiste basicamente de metapelitos, metatufos e xistos grafitosos, associados a carbonatos, e muitas vezes mineralizados em 127 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena sulfetos e metais-base, que representam um menor componente. Observou-se que muitas vezes em campo rochas vulcânicas (tufos, cinzas) são mapeadas como pertencentes a esta unidade metassedimentar seja pelo grau de alteração da rocha, seja pela dificuldade de identificação e separação entre os termos ígneos vulcânicos e os sedimentares nestas condições de hidrotermalismo e metamorfismo. Devido às evidentes dificuldades de separação entre as amostras e a limitação na amostragem não foi possível definir nas sequências coletadas a partir dos furos os contatos necessários para a delimitação das litologias nas unidades e sequências clássicas da literatura. Em função disto preferiu-se estabelecer critérios litogeoquímicos para a descrição das amostras estudadas. As análises químicas mostraram a presença de dois conjuntos distintos: (i) toleiitico e (ii) cálcio-alcalino. Foi ainda possível identificar rochas com características sugestivas de um vulcanismo mais alcalino (shoshonítico) e distinguir rochas em campo descritas como sedimentares, como em verdade rochas vulcânicas muito finas (cinzas, aglomerados) e alteradas. As variações composicionais para SiO2 (42,66% a 81,31%), Al2O3 (8,96% a 16,35%), Fe2O3 (2,07% a 24,01%), MnO (0,02% a 0,34%), TiO2 (0,25% a 2,02%), CaO (0,45% a 14,05%), MgO (0,40% a 6,76%), Na2O (0,56% a 8,77%) e K2O (0,02% a 2,87%) mostram a diversidade deste conjunto de rochas. As várias estruturas vistas no GBRI não foram desenvolvidas uniformemente ao longo de todas as unidades litológicas dentro e fora deste cinturão de rochas verdes e uma análise estrutural e temporal mais detalhada é ainda necessária para, permitir um melhor entendimento e distinção entre os sucessivos eventos tectônicos. As primeiras idades apresentadas para o GBRI foram as isócronas Rb-Sr de 2080±90 Ma e 2000±200 Ma obtidas por Brito Neves et al. (1980) para a unidade intermediárias félsica 128 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena do Itapicuru, enquanto Mello et al. (2006) datou a unidade metassedimetnar, apresentando uma idade de 2089±85 Ma, as quais desde então tem sido interpretadas como a idade de cristalização destas rochas. Diversos autores tem demonstrado que as rochas do GBRI foram metamorfoseadas no Paleoproterozóico (e.g. Silva et al. 2001, Rios et al., 2009). Quartzitos do Cinturão Caldeirão, na porção norte do NSer, possuem uma idade U-Pb de sedimentação de 2687±16 Ma (Mello et al. 2006). Rios et al. (2010) sugerem que o sistema Rb-Sr possa ter sido afetado pelo metamorfismo regional termal Paleoproterozoico associado à colocação dos corpos alcalinos tardios (Rios et al., 2009), como já observado nas rochas metavulcânicas de ContendasMirante e Mundo Novo. Estes mesmos autores apresentam idades U-Pb em zircão detritico de duas amostras de biotita-xistos coletadas um pouco a norte da MFB, nas proximidades da Vila Ambrósio. Os cristais de zircão detrítico estudados resultaram em idades variando de 2117 a 2166 Ma e em uma concórdia a 2145 ± Ma, concordante com a idade de granitos cálcioalcalinos Paleoproterozóicos que cortam o GBRI (e.g. Nordestina, Trilhado), uma possível fonte para estes sedimentos. O estudo das litologias permitiu determinar características petrográficas bem como sua afinidade e classificação química. Os furos onde foram coletadas as amostras que compuseram estas avaliacao estão localizados sobre um dos corpos mineralizado da MFB. Existiram dificuldades para evidentes para a separação das unidades clássicas nos furos de sondagem. Durante o estudo petrográfico identificou-se a mineralogia das diferentes litologias, estabelecendo os percentuais dos minerais presentes e suas nomenclaturas. As litologias mais representativas dos furos analisados são Meta-gabro, Meta-andesito, Meta-pelito, Quartzocarbonato-albita-clorita-xisto, Carbonato-grafita-xisto e Albita-Anfibólio-xisto, Albita-carbonatografita-xisto, Meta-feno-andesito, Albita-carbonato-clorita-xisto, Meta-tufo, Metadiorito, Quartzo- 129 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena albita-clorita-xisto, Quartzo-plagioclasio-carbonato-albita-clorita-xisto, Albita-carbonato-clorita xisto, Meta-feno-andesito, Metabasito, Biotita-clorita-carbonato-anfibólio-albita xisto, Biotitaalbita-anfibólio-carbonato-clorita-xisto, carbonato-anfibólio-albita-xisto, anfibólio-carbonato-xisto, Clorita-anfibólio-carbonato-albita-xisto, Clorita-albita-anfibólio-carbonato-xisto, Carbonato-albita-biotita-anfibólio-xisto, Feno-dacito, CloritaAlbita- Anfibólio-carbonato-albita- grafita- xisto, Carbonato-albita-anfibólio-xisto, Quartzo-anfibólio-albita-xisto. Os dados aqui apresentados colaboram trazendo uma melhor compreensão das variações temporais e de caráter químicos entre os diversos termos litológicos, e para a identificação de elementos estruturais em micro-escala como lineações e foliações dominantes e relacionadas a eventos específicos em tempo e espaço. O fato é que as rochas descritas como “Sequência Fazenda Brasileiro” estão relacionadas a eventos geológicos bem distintos, envolvendo diferentes pulsos de vulcanismo intercalados por sedimentação. Estas dificuldades na descrição das rochas do GBRI, na individualização dos pulsos vulcânicos, associada à confusão de nomenclatura entre os termos de mina e os clássicos levam à proposição de inúmeros modelos evolutivos para a região, o que torna ainda mais complexo o seu entendimento. Esta complexidade do GBRI relaciona-se a fatores que incluem: (i) a extensa evolução química de cada uma das series magmáticas identificadas, com a presença de termos ultrabásicos a ácidos tanto na série toleiítica quanto na cálcio-alcalina; (ii) a dificuldade de se obter uma idade mais precisa para os diferentes grupos de rochas em função da limitação das fases datáveis, (iii) a pronunciada recristalização e o intenso fluxo de fluidos ligados ao processo de hidrotermalismo, metamorfismo e deformação, que mascaram e agravam a complexidade estrutural da área. São recomendados para os estudos posteriores trabalhos com a mineraloquimica, que permitam avaliar o relacionamento do quimismo dos diversos minerais com condições físico- 130 As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena quimicos, possibilitando esclarecer parte dos aspectos magmáticos e metamórficos que permanecem ainda sem definição. Os dados de elementos tracos e ETR sugerem que o Itapicuru represente um greenstone comparavel ao de Barbeton (Australia) onde esta presente uma associacao vulcanica bimodal e cuja ambiencia os associa a um modelo de arco vulcanico. A interpretação dos dados obtidos neste estudo demonstra que vários ciclos de vulcanismo e sedimentação se sucederam no Itapicuru e que os termos toleiticos apresentam caracteristicas comparaveis as de rochas encontradas em greenstones arqeuanos enquanto as calcio-alcalinas possuem uma bimodalidade, com rochas de comportamento similar aos termos arqueanos e outras nao. Para um melhor detalhamento destes fenômenos e processos é necessária a ampliacao do numero de analises de ETR em porcoes distintas do GBRI e a realização de estudos geocronológicos de detalhe, e que envolvam métodos analíticos de alta precisão em fases minerais específicas (zircão, badeleita, apatita e perovskita). 131 Capitulo 5 Referências Bibliográficas As Rochas Vulcanossedimentares do GBRI na area da MFB: Petrografia e Geoquimica Dissertacao de Mestrado - Zilda Gomes Pena 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida F. F. M., 1977. O Cráton do São Francisco. Revista Brasileira de Geociências. Volume 7. p. 349-364. Alves da Silva, F. C. 1994. Etude Structural du Greenstone Belt Paleoproterozoique du Rio Itapicuru (Bahia, Bresil). Université d´Orleans. Orleans. França. Tese de Doutoramento. pp. 307. Angelim, L. A. A., Moraes, J. F. S., Santos, E. J., Silva Filho, M. A., 1993. Projeto Levantamentos Geológicos Básicos. Folha Petrolina. Escala 1:100.000. Recife: CPRM. Armstrong, R. 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