As Aventuras do Gorila Zé Reguila e do Chimpanzé Barnabé Um

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As Aventuras do Gorila Zé Reguila e do Chimpanzé Barnabé
Um Natal Espacial
Susana Azevedo
Ilustrações de Miguel Soares
Inclui um DVD com locução e transcrição em língua gestual e um ficheiro
.doc para Pessoas portadoras de deficiência visual
Colecção As Aventuras do Gorila Zé Reguila e do
Chimpanzé Barnabé
Um Natal Espacial
Ficha Técnica
Título : Um Natal Espacial
Autor: Susana Azevedo
Revisão: Raquel Mouta
Capa: António Teixeira
Ilustrações : Miguel Soares
Arranjo gráfico e paginação: António Teixeira
Sonoplastia: Pedro Feitais
Tradução em Língua Gestual : Carlos Ferreira e Ângelo Costa
Desenvolvimento e produção de DVD : Fusão Audiovisuais, Lda
Impresso: Lidergraf Artes gráficas, SA
ISBN: 978-989-95173-3-2
Depósito legal:248101/06
Data da impressão: Outubro de 2007
Edição: Cuckoo, lda
Rua do Galhano,nº15 (E.N.13)
4480 - Vila do Conde
Telefone: 252 103 300
Fax: 252 103 349
e-mail: geral@ cuckoo.mail.pt
Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou de alguma parte
desta obra, qualquer que seja o processo . Propriedade literária reservada.
Agradecimentos
O meu agradecimento a todos os que participaram na realização deste livro, pelo
apoio e entusiasmo que dedicaram a este projecto desde o primeiro momento.
Agradeço de uma forma especial a colaboração da Associação de Surdos do Porto,
ASP, em particular ao Sr. Armando Baltazar, Presidente desta associação bem como
aos responsáveis pela tradução em língua gestual, Ângelo Costa e Carlos Ferreira e
também à ACAPO, Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, em particular à
Maria da Luz Ribeiro, pela forma disponível, profissional e entusiástica, presente em
todos os momentos .
Para o meu filho Manel, o meu tesourinho que adora histórias
inventadas.
Para Todas as Crianças , para que, através das histórias, possam viver
sempre e mais uma vez, novas aventuras recheadas de alegria e fantasia
Um Natal Espacial
Na selva, a Lua brilhava por entre milhares de estrelas. A noite
chegava.
O Natal estava à porta e o Gorila Zé Reguila e o seu amigo, o
Chimpanzé Barnabé, andavam muito animados.
Saltavam de árvore em árvore, subiam aos ramos mais altos e
ficavam a olhar para o céu, à procura do Pai Natal. Tinham ouvido
dizer que era ele quem trazia presentes para todos.
Os outros animais, habituados às brincadeiras dos dois amigos,
faziam de conta que também acreditavam no Pai Natal. Escreviam o
que queriam de presente em papeizinhos coloridos, que depois
deixavam voar com o vento.
- Aposto que o Pai Natal já tem a minha trotineta - disse o Zé
Reguila à Girafa, todo confiante.
- Sim, sim - respondia com um sorriso a Girafa, deixando voar
um papel cor-de-rosa. - Tenho a certeza de que não se vai esquecer
da minha boneca.
- Nem da minha caixa de música - disse logo o Chimpanzé
Barnabé.
Um por um, os animais iam dizendo os seus pedidos:
Um comboio para o Leão, uma bola para o Tigre e um tambor
para o Elefante.
- Gostava de saber de onde vêm os brinquedos - perguntava
curioso o Zé Reguila, sem tirar os olhos do céu.
- Ora, do espaço é claro! - respondeu o Chimpanzé Barnabé,
apontando para o céu. - Das estrelas, dos planetas…
Os outros animais sorriram, olharam mais uma vez para o céu,
onde brilhavam as estrelas, e depois… acabaram por adormecer.
O Zé Reguila e o Chimpanzé Barnabé continuavam no seu posto
de vigia, de olhos arregalados. Ao fim de algum tempo, ouviu-se uma
música estranha.
- Ei, Zé Reguila, estás a ouvir? - perguntou o Chimpanzé
Barnabé.
- Estou… parecem sinos - respondeu o Zé Reguila, com um
sorriso animado. - E parecem estar cada vez mais perto.
Curiosos, os dois amigos olharam em volta, olharam para o
chão e para o céu, e nada.
A selva parecia estar calma… mas, de repente, ouviu-se um
grande estrondo.
Com o susto, e sem contar com aquele barulho todo, o
Chimpanzé Barnabé caiu para o chão e deu um grande grito.
- BAAAAAAA!
Durante algum tempo, não se ouviu mais nada.
O Zé Reguila desceu da palmeira muito depressa e não queria
acreditar no que via.
Na frente dele, estava um grande trenó, e o piloto era um
velhinho de longas barbas brancas, vestido de vermelho.
- Quem é este? - perguntou baixinho o Chimpanzé Barnabé,
ainda meio tonto da queda.
- Não me digas que ainda não percebeste… - respondeu todo
contente o Zé Reguila. - Está-se mesmo a ver… é o Pai Natal.
Pé ante pé, os dois amigos aproximaram-se do estranho trenó
que mais parecia um foguetão.
- Ooohhh, que grande maçada – suspirava um voz simpática.
- Olá, Pai Natal – cumprimentou logo o Zé Reguila.
- Pensei que o Pai Natal tinha um trenó com renas - disse
baixinho o Chimpanzé Barnabé.
- É verdade - respondeu-lhe o velhinho das barbas brancas. Mas
este
ano…
este
ano,
as
minhas
pobres
renas
ficaram
constipadas. Por isso, tentei arranjar uma solução… esta solução disse ele, apontando para o estranho trenó. - Um trenó-foguetão… E
agora? O que hei-de fazer…? Vai ser o primeiro Natal sem prendas.
Ao ouvirem isto, os dois amigos ficaram muito assustados.
Um Natal sem prendas!
- Mas isso é terrível - disse o Zé Reguila, pensando nos seus
amigos animais. - Temos de arranjar uma solução!
O Chimpanzé Barnabé pôs-se a pensar e depois disse, com a
sua voz fininha:
- Não te preocupes, Pai Natal. Eu já sei como vamos arranjar o
teu trenó-foguetão!
E, piscando o olho, correu para a sua palmeira, remexeu atrás
dos ramos e voltou carregado com umas ferramentas coloridas.
- A avaria não é grave e, com duas ou três pancadinhas, tenho
a certeza de que ponho o teu trenó como novo - explicou com um ar
satisfeito.
E se bem pensou, melhor o fez.
Diante do ar sorridente do Zé Reguila e do espanto do Pai
Natal, o Chimpanzé Barnabé lá começou a arranjar o estranho trenó.
Ao fim de algum tempo, arrumou as ferramentas e esfregou as
mãos, com um sorriso de orelha a orelha.
- Está pronto! - disse ele, com a sua voz fininha. - Agora, é só
experimentar… Estás pronto, Pai Natal? Pai Natal?
- Onde é que ele se meteu? - perguntaram os dois amigos e
começaram a procurá-lo.
Cansado da viagem, o Pai Natal aconchegara-se no seu fato
quentinho e adormecera.
- E agora? - perguntava o Chimpanzé Barnabé.
O Zé Reguila, cheio de curiosidade, entrou logo para o
trenó-foguetão.
- Não podes tocar em nada - avisou o Barnabé.
- Não te preocupes… só quero espreitar - disse o Zé Reguila,
mas carregou sem querer num botão prateado em forma de estrela.
No mesmo instante, ouviu-se o barulho do motor.
- Oh oh oh, Zé Reguila, não te avisei para não mexeres em
nada? - exclamou o Barnabé, tentando parar o trenó-foguetão.
Mas já era tarde demais e lá foram direitinhos ao céu.
Ficaram logo rodeados de estrelinhas muito pequeninas, que
pareciam muito atarefadas…
Para grande surpresa dos dois amigos, o trenó-foguetão parecia
conhecer bem o caminho.
Atravessava o céu escuro muito depressa, correndo atrás das
estrelas que voavam a toda a velocidade na mesma direcção.
- Ei, estas estrelas levam qualquer coisa… - exclamou o Zé
Reguila, quando conseguiu falar.
- São os nosso pedidos! - disse o Barnabé. - Vamos atrás delas.
Aposto que sabem onde podemos encontrar os nossos brinquedos.
Ao fim de algumas curvas e contracurvas, o trenó-foguetão lá
decidiu abrandar. De repente, os dois amigos começaram a ouvir
uma música que conheciam.
- Estás a ouvir, Zé Reguila? - perguntou o Chimpanzé Barnabé,
arrebitando as orelhas.
O Zé Reguila sorriu.
Não havia dúvida: era a mesma música que tinham ouvido na
selva.
Os dois amigos estavam tão espantados, que nem sabiam para
onde olhar.
Parecia que, de todos os cantos, vinham surpresas…
Primeiro apareceu uma pequena esfera cor de fogo, depois
outra azul... e mais uma de outra cor, e outras se seguiram.
- Uau, que bonito - disse o Zé Reguila, - até parece que o céu
está todo enfeitado. Mas o que será isto?
- Aposto que são os planetas… - disse o Chimpanzé Barnabé,
todo animado. - Devemos estar muito perto dos brinquedos. Que
bom era passar mais perto, para ver melhor...
Então, como se os desejos do Barnabé fossem ordens, o
trenó-foguetão começou a andar em ziguezague entre os planetas.
Em cada curva, uma novidade.
De um lado, num enorme planeta verde-água, com crateras
coloridas, viam-se bonecas de todas as cores e feitios.
- Olha a boneca para a Girafa - gritava o Zé Reguila.
- E o comboio para o Leão - disse o Barnabé, apontando para o
outro lado.
Era a vez dos carrinhos e dos comboios. Presos em fitas
coloridas, os brinquedos eram transportados de planeta em planeta
pelas estrelas.
E o trenó-foguetão continuava a sua viagem.
- Olha, Zé Reguila, aqui está outro - gritava o Chimpanzé
Barnabé, todo empoleirado.
Uns atrás dos outros, os planetas iam aparecendo diante dos
olhos maravilhados dos dois amigos.
Os planetas apareciam a rodopiar em tons de azul, de laranja e
prateado. Em cada um deles, havia brinquedos diferentes, fitas e
laçarotes. A cada volta que davam, os planetas deixavam no ar um
cheirinho doce a açúcar e canela.
- Tinhas razão, Barnabé… os brinquedos vêm mesmo do espaço
- dizia o Zé Reguila, não tirando os olhos daquele bailado de planetas
e estrelas.
De repente, ouviram um barulho que os assustou.
Alguma coisa se passava com o motor daquele trenó!
- Oh, não… não me digas que vamos ter outra avaria - disse o
Zé Reguila, tentando controlar o trenó.
O Chimpanzé Barnabé, cheio de medo, enterrou o gorro na
cabeça e aninhou-se a um cantinho, cheio de medo.
De um salto, o Zé Reguila pegou no martelo e, com uma
pancadinha no botão em forma de estrela, conseguiu parar o trenó
que estava em queda livre.
- Ufff… mesmo a tempo - disse o Chimpanzé Barnabé,
espreitando por entre os dedos.
Surpreendido, olhou em volta e nem queria acreditar nos seus
olhos.
O dia estava quase a nascer. As estrelas tinham desaparecido e
o Sol, envergonhado, dava luz àquela manhã de Inverno.
Os outros animais começavam a acordar.
- Bom-dia, Barnabé - cumprimentou o Zé Reguila, enquanto
descia da sua palmeira. Espero que tenhas dormido bem… ontem
estavas muito cansado.
Surpreendido, o Chimpanzé Barnabé perguntou muito baixinho:
- Não te lembras da viagem no trenó-foguetão do Pai Natal?
Das estrelas, dos planetas…
O Zé Reguila deu uma gargalhada.
- Acho que tiveste um sonho espacial, Barnabé. Mas o que
estará a acontecer? Os nossos amigos estão muito animados… perguntou o Zé Reguila e foi andando para a clareira, todo curioso.
O Chimpanzé Barnabé, de olhar cabisbaixo, seguia as passadas
do seu amigo. Afinal, tudo não passara de um sonho…
Mas, quando chegaram à clareira, viram que tinha acontecido
uma coisa muito especial.
Os animais estavam felizes e não paravam de pular e de
cantarolar.
Tinham descoberto um enorme saco vermelho, cheio de
presentes.
- A boneca para a Girafa… a bola para o Tigre - dizia o Leão,
vestido a rigor de gorro vermelho e branco. - E, para terminar… Ei, o
que será isto? - perguntava o Leão, remexendo no saco, muito
surpreendido.
E, perante o olhar ansioso dos dois amigos, uma magnífica
trotineta e uma caixa de música saíram daquele saco mágico.
- É mesmo um presente muito especial - disse o Zé Reguila,
que não se cansava de olhar para a sua trotineta.
- Pois eu acho que é um presente muito ESPACIAL - respondeu
o Chimpanzé Barnabé, cantando a música alegre que o levara
naquela viagem mágica.
Os animais sorriram, olharam para o céu e depois gritaram bem
alto:
- OBRIGADO, Pai Natal!
Ao longe, ouviu-se logo a voz de um certo velhinho de barbas
brancas.
- Feliz Natal ho ho ho… Feliz Natal ho ho ho!
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