O ENSINO LÚDICO EM UMA PERSPECTIVA CARTOGRAFICA: GEOGRAFIA DEPRESSÃO COMO UMA PROPOSIÇÃO Lucas Conceição da Silva¹ RESUMO O presente trabalho busca fazer um estudo teórico, em que daremos margem para uma possível junção entre uma prática de ensino que esteja voltada ao método lúdico de se processar o ensino aprendizagem com a cartografia. Ciência considerada maçante, por conta do uso de diversos instrumentos que não são instruídos nas escolas a serem utilizados de forma mais atraente para os alunos. Entretanto, as dificuldades enfrentadas pelos docentes ultrapassam as barreiras do conhecimento e chegam aos problemas sociais. Estes, decorrentes de um mundo globalizado e cada dia mais dinâmico, extrapolaram os limites da sociedade extra-escolar e invadiu o ambiente de formação dos indivíduos, o que põe em muitas situações a vida de todos aqueles membros do corpo educacional em risco. Com o intuito de ao menos dar suporte, as proposições trazidas serão uma possibilidade que os professores terão para que suas aulas tornem-se um pouco mais atraentes. Tendo como base as propostas de como uma página do facebook, Geografia Depressão, tentar abordar determinados assuntos. Estes que se dão em alguns casos, através de mapas que buscam, em muitas das vezes de forma descontraída uma averiguação dos fatos reais ou simplesmente de curiosidades que surgem no dia-a-dia. Assim poderá dinamizar a prática docente de forma que ambos os personagens principais do contexto escolar sejam contemplados, fazendo com que o papel da escola de se instruir torne-se uma aprendizagem significativa ainda mais consolidada. Palavras-Chave: Cartografia. Ensino. Dificuldades. Método Lúdico. Geografia Depressão. 1- INTRODUÇÃO O mundo das cartografias sempre foi visto como um obstáculo tanto para professores quanto para os alunos. Esse fato decorre da sua dinâmica e desenvoltura ao longo dos mais variados tipos de mapas, cartas, croquis, globos entre outros. Estes se moldam a cada aula para atender as demandas dos docentes em lecionar cada vez mais de forma interativa. Na Geografia em particular, o uso desses instrumentos se faz de suma importância para a contextualização do ensino. Para fins da pesquisa foram realizados estudos em duas correntes temáticas: a cartografia e o ensino lúdico, alicerçados em autores contemporâneos como também em clássicos, para que assim pudessem se entrelaçar na perspectiva de alternativas motivadoras _____________________ 1- Graduando do curso de licenciatura plena em Geografia, na Universidade do Estado da Bahia – UNEB (Campus V). [email protected] ao ensino aprendizagem nas escolas. Também foram obtidos dados extraídos da internet, que fundamentassem as dificuldades às quais os docentes são submetidos atualmente. Com uma vasta gama de elaborações já realizadas, os mapas ainda não estão esgotados de temas a serem abordados e é com isso que uma página na rede social facebook, denominada de Geografia Depressão, a qual é voltada para estudantes de Geografia, geógrafos e professores de Geografia, composto por mais de 58.000 membros, tenta trazer em algumas postagens de mapas temáticos uma forma lúdica de se tratar de assuntos contemporâneos, curiosos, reflexivos dentre outros. De acordo com Freitas e Salvi (2007 p. 4): [...] por meio das atividades lúdicas, é possível expressar, assimilar e construir a realidade. Assim, é possível aprender qualquer disciplina utilizando-se da ludicidade, a qual pode auxiliar no ensino de línguas, de matemática, de estudos sociais, de ciências, de educação física, entre outras. É mais um meio que o docente dispõe para unir uma nova forma de se trabalhar a cartografia, conjuntamente com a inserção das novas tecnologias. Essas são colocadas em pautas como instrumento metodológico de inovação da didática necessário contemporaneamente para educação. A adoção dessa prática facilitaria o ensino de muitos professores já que as dificuldades em se lecionar crescem a cada dia. E se expressam nos índices de violência, desrespeito e problemas sociais que afligem a escola. Nesse aspecto, Santos (2013) ressalta que em 2012 foram registradas 203 ocorrências nas Delegacias para o Adolescente Infrator (DAI) de Salvador. Entre os motivos destaca-se: ameaças, porte ilegal de arma, uso de drogas, agressões físicas e verbais por parte de alunos. Ressalta ainda o autor que apenas nos primeiros 57 dias letivos de 2013 já haviam ocorridos mais de 42 casos. Com isso percebe-se o quanto é necessário se inovar nas aulas para que os estudantes possam estar convivendo em um ambiente escolar mais atrativo, com dinâmicas diferenciadas do modelo tradicional. Assim como a leitura, confecção de jogos possíveis com o apoio de instrumentos cartográficos inovadores, tomando como exemplo a forma com a qual a Geografia Depressão se utiliza dos mapas para passar informações. 2- CONTEXTUALIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA NO ENSINO A cartografia é uma ciência que busca, através da representação em diversos instrumentos, trazer a percepção do plano real do espaço e de determinadas temáticas, para que assim facilite o estudo e análise por qualquer pessoa. De princípio ela surge de forma autônoma, perpassando por períodos que vão desde a Pré-história, quando ela começa a ser utilizada de forma rústica, até os dias atuais, com as mais altas tecnologias. Até o surgimento da GeografCrítica, por volta dos anos 1950, a Cartografia era utilizada para a demarcação de determinado aspecto geográfico, ou como forma de instrumento do estudo de regiões, principalmente nas grandes navegações. Só a partir deste período teve início o ensino nas escolas que temos atualmente. Um pouco antes ela esteve voltada para o ensino, mas, como forma de estratégia dos franceses. Mas, como a cartografia e a geografia trabalhavam aparentemente com abordagens bastante semelhantes, em certo momento uma se utiliza da outra para reforçarem suas funcionalidades. Ao levar em conta o novo pensamento geográfico, a geografia, em si, passa a desempenhar tanto na educação básica, quanto no ensino superior, a função de disciplina. Com o dever de trabalhar com “tudo” a partir de sua visão geográfica dos aspectos: naturais e antrópicos, o professor de geografia se vê sobrecarregado de assuntos para levar a seus alunos. Isso muitas vezes dificulta o ensino especifico dos mesmos, o que acontece especialmente com a cartografia. Em alguns casos, os conteúdos de cartografia são abordados superficialmente ou seus instrumentos nem são levados à sala com tanta ênfase e detalhamento. Nesse contexto, Lacoste (apud Francischett 2001), “questiona o descompromisso da escola em relação à educação cartográfica, enfatizando que se vai à escola para aprender a ler, a escrever e a contar. Porque não para aprender a ler uma carta?” Daí fica a indagação que serve como ponto de partida a reflexões pertinentes à escola. Que rumo deve omar o ensino da cartografia? Considerando que este déficit pôde ser percebido nos ambientes de formação, os meios encontrados para que esta lacuna seja preenchida seria o ensino a partir da ludicidade? Esta forma permite ao alunado buscar a percepção do real através do interativo e dar um viés de aprendizado que não necessariamente precisa estar em foco? Sobre a relação entre a prática pedagógica do professor, no processo de ensino e aprendizagem, Freitas e Salvi (2007 p. 4) é mister em dizer que: O lúdico é uma estratégia insubstituível para ser usada como estímulo na construção do conhecimento humano e na progressão das diferentes habilidades operatórias, além disso, é uma importante ferramenta de progresso pessoal e de alcance de objetivos institucionais. Logo, veremos o quanto de fomentação essa prática educativa trará para o processo de aprendizagem.Ttodavia, em boa parte dos momentos eles farão associações do seu cotidiano, seja ele em uma escala micro, da sua vida em particular, ou macro, dos noticiários nacionais e internacionais que são postos em evidencia nos meios de comunicação. Deste modo, o ensino da cartografia pode se tornar mais agradável tanto a professores quanto a alunos. Permite desconstruir a falácia de que esta seria uma área que visa o estudo bastante moldado de assuntos que nunca podem ser flexíveis a comparações. E que sua prática é metodológica e tradicionalista, sem grandes entusiasmos. Isso dificulta ainda mais o desempenho dos docentes que, como já evidenciado é de tamanho empecilho por problemas sociais relacionados ao ambiente escolar. 3- GEOGRAFIA DEPRESSÃO: O ENSINO LÚDICO ATRAVÉS DA CARTOGRAFIA Para melhor interpretarmos as proposições sobre a utilização dos métodos lúdicos, como práxis das aulas que envolvem o uso de instrumentos da cartografia, devemos atentar para o fato de que este possui inúmeras conceituações. Para embasar esta pesquisa adotou-se a sugerida por Freitas e Salvi (2007 p. 5) de que: A ludicidade está associada com algo alegre e prazeroso, com características básicas que levam o aprendiz à plenitude da experiência, à valorização interpessoal, à liberdade de expressão, à flexibilidade e ao questionamento dos resultados, com abertura para a descoberta e a relevância do processoproduto das atividades. A ludicidade, com suas regras e valores, pode oportunizar o exercício da cidadania. Dessa forma, os autores dissociam o ideal terminológico da palavra lúdico que seria o mero jogar ou brincar de forma fantasiosa. Entretanto, não desmerecendo ou, até mesmo, não impedindo este jeito que é adotado por alguns professores ao se trabalhar o ludismo em suas salas de aula. Estes também são essenciais, pelo fato de até mesmo a etimologia desta palavra estar relacionada a isto. Associando essa proposição de método com as novas tecnologias, comumente tratadas em eventos de licenciatura, encontraremos as páginas do facebook. Estas são criadas na perspectiva de dialogar com seus membros empregando uma linguagem coletivamente comum enfocando algum tema que seja do agrado de todos. Nesta perspectiva existem inúmeras páginas voltadas à Geografia que fazem publicações das mais variadas espécies correlacionadas a esta área. A Geografia Depressão é uma delas que busca, em suas postagens, trazer fatos e informações que estejam voltadas exclusivamente para a Geografia. São noticiários, dados, imagens fascinantes e, principalmente, mapas que descrevem diversas situações da sociedade com certa dosagem de irreverências em alguns casos. Para compilar a ideia do ensino lúdico com a aprendizagem da cartografia e o uso de seus instrumentos, partiremos desses mapas. O que pode ser considerado como algo ainda mais desafiador, considerando que a cartografia já é uma ciência que apresenta obstáculos a professores e alunos, ainda mais quando imaginada para ser trabalhada de maneira que foge aos padrões tradicionais e estereotipados pela sociedade. Saindo da ideia de que o docente deve apenas se abster do uso de mapas como da divisão política/administrativa do seu país e do planeta, dos tipos de relevo, da vegetação e alguns outros poucos. O ideal, poposto na pesuisa,, por fim, respalda-se em utilizar estes instrumentos, nas aulas sobre o ensino da cartografia, ou com outras temáticas que precisam do uso de mapas. Até mesmo na elaboração de temas relacionados aos assuntos, que de alguma forma podem estar se adequando através de dados de pesquisa concebidos das mais variadas maneiras. Esses podem ser obtidos da internet, no caso da página Geografia Depressão (2013)de onde podem ser utilizados mapas já prontos, ou de dados extraídos de outras fontes, de pesquisas feitas pelos próprios alunos, dentre outras formas. O lúdico entraria na forma com a qual os professores lidariam com abordagem. A recorrência de mapas muito rotulados, já estão desgastados, porém, se fazem intrínsecos ao ensino e jamais devem ser esquecidos. Entretanto, poderiam apossar-se de temas como alguns já usados na página, que versam sobre o predomínio de obesidade nos países, diversidade étnica, fronteiras do continente europeu no ano 1000, sistema de escrita, tamanho dos seios, nível emocional da população, melhores países para se nascer, uso da maconha, sobrenomes mais comuns da Europa como vários outros. Vale destacar que,a maioria dos mapas partem de uma escala macro, ou seja, que são vistos contextos globais e as publicações são extraídos de outras fontes. A Geografia Depressão faz a menção de demonstrar que as produções apresentadas não são suas, para isso ela faz a citação de onde conseguiram aqueles produtos e assim impossibilitar o crime de plágio. Os professores que quiserem buscar uma contextualização mais micro dos fatos podem desenvolver atividades para seus alunos, em que os mesmos possam elaborar mapas de sua cidade, município ou região. Essa construção se daria através de pesquisa que eles podem fazer de forma simples, apenas coletando alguns dados com moradores a respeito de determinado assunto cabível ao conteúdo escolar passando em sala de aula. E é neste exemplo que podemos fazer com que os alunos se engajem mais nas aulas tanto de Geografia, como também de outras disciplinas. Em função da diversidade de adequações de temas pode-se levar a interdisciplinaridade com o uso desses mapas. Já que mudar é necessário ao perceber-se que os resultados não estão sendo tão agradáveis como o esperado e por que o comodismo pode estagnaras pessoas. Neste aspecto, Venturelli (apud Berbel, 1998) afirma que: as verdaderas innovaciones serán el resultado de las características, necesidades e imaginación local de quieneslashagan... El cambio es parte delproceso educacional. Los métodos van mejorando y seguiremos aprendiendo. Essa condição otimiza o uso de forma diferenciada das práticas tradicionalmente feitas, pois parte para uma práxis que busca estar resgatando o aluno que não consegue se concentrar nas aulas, por diversos motivos e desmotiva o profissional da educação. 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS No tocante à pesquisa, o que se busca é apenas uma proposição de ensino que vise auxiliar uma das profissões que, na atualidade, encontra imensos obstáculos para a execução do seu trabalho. E, que é em muitos momentos questionada pelos resultados que vêm gerando a partir de sua prática. Então, o que se espera é a adequação dos professores da educação básica do ideal aqui mencionado. Muitas resistências por parte dos docentes poderão aparecer. Todavia, é necessário se desapegar daquilo que já se faz há muito tempo. Seria o mesmo que sair de sua zona de conforto, o que é um problema grave relacionado a estes profissionais que acabam por não deixarem inovações adentrarem seus ambientes de ensino, indo assim contra o momento dinâmico que a sociedade vive. Porém, se a execução for feita com bastante eficácia, os próprios alunos podem adquirir conhecimentos suficientes a estar desenvolvendo sozinho estudos desses mapas e até mesmo elaborando alguns com base em assuntos que sejam de seu interesse Por mais desafiadora que esta sugestão pareça ser, a mesma se fundamenta em fontes que a fazem ter forte embasamento para a junção do ensino, voltado para uma perspectiva metodológica descontraída, com um saber que possui resistência dos alunos. Tal resistência deve-se ao fato da Geografia ser interpretada como decorativa, sem fascínios e repetitiva, e assim ao menos pode ser instrumentalizada como experiência em aulas testes para se tomar noção do quanto ela foi e será proveitosa ou não. Por fim, ressalta-se o cunho teórico ao qual foi a linha de raciocínio em que as atribuições e eficiências se destacam pelo raciocínio lógico, porém pelas dificuldades encontradas na itinerância da docência o que mais se procuram são soluções práticas que possam resultar em bons retornos a curto prazo e viabilizem deste jeito o prazer em se lecionar e a aprendizagem vire a cada mais significativa e simples aos alunos. 5- REFERÊNCIAS FRANCISCHETT. Mafalda Nesi. As representações Cartográficas In: A Cartografia no Ensino de Geografia: a aprendizagem mediada, na Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP - Campus de Presidente Prudente / Mafalda NesiFrancischett. - Presidente Prudente : [s.n.], 2001.pp. 31-60. Disponível em: http://www4.fct.unesp.br/pos/geo/dis_teses/01/01_mafalda.pdf. Acesso em: 17/08/2013 às 01h30min FREITAS. Eliana Sermidi de; SALVI. Rosana Figueiredo. A Ludicidade E A Aprendizagem Significativa Voltada Para O Ensino De Geografia. Paraná:2007. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/89-4.pdf. Acesso em: 19/08/2013 às 22h30min. SANTOS. Luan. http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/materias/1504613-professores-sao-alvode-violencia-e-ameacas-nas-escolas Acesso em 18/08/2013 às 02:30. Acesso em: 18/08/2013 às 00h30min BERBEL. Neusi Aparecida Navas. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos?.Londrina /PR. 1998. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/icse/v2n2/08. Acesso em: 17/08/2013 às 01h00min