Veículo: Jornal da Comunidade Data: 07/02/2009 Seção

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Veículo: Jornal da Comunidade
Seção: Viva Melhor
Data: 07/02/2009
Pág.: 06 e 07
Perigos do ar-condicionado
Capaz de proporcionar alívio nos dias quentes, o aparelho de ar-condicionado
necessita de limpeza periódica, a fim de não prejudicar a qualidade do ar e,
consequentemente, a saúde
LUCIANA AMARAL COM CATHARINE ROCHA
Danicléia Tavares trabalha numa sala com vários colegas e fica gripada facilmente em ambientes
climatizados: “Começo a espirrar ainda no corredor”
Entrar num local climatizado após uma caminhada sob um sol escaldante
certamente proporciona um grande alívio. A razão para esse bem-estar é o
sistema de ar-condicionado do prédio. No entanto, o uso destes aparelhos não
provoca apenas impressões agradáveis. O equipamento sujo ou malconservado pode contribuir para agravar ou servir de fonte a algumas doenças.
No Brasil, por ser um país tropical, o uso de aparelhos de ar-condicionado é um
hábito. Eles estão por todos os lugares, climatizando ambientes fechados e até
mesmo os automóveis. Curiosamente, o aparato não foi criado para
proporcionar conforto, mas desumidificar, segundo explica o técnico em arcondicionado Francisco Lima. “Uma biblioteca que tinha sérios problemas com
mofo motivou estudos e a criação do aparelho”, conta.
Ainda, segundo Francisco Lima, essa engenhoca, em um processo contínuo,
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insufla e puxa o ar quente do ambiente até que este chegue à temperatura
desejada. E na continuidade desse procedimento acaba por sujar os filtros e
até mesmo a desenvolver fungos e bactérias dentro do aparelho. Sendo assim,
é imprescindível que os equipamentos sejam limpos frequentemente, para que
o ar resfriado não volte sujo ao ambiente.
Manifestação de doenças
A secretária Danicléia Tavares já sentiu efeitos adversos quando a empresa
onde trabalhava mudou-se para outro local, com ambiente climatizado. “Passei
a trabalhar no subsolo e a dividir minha sala com quase 30 pessoas. Depois
disso, notei que, ao menos uma vez por mês, eu ficava gripada. Hoje, fico no
terceiro andar, mas quando chego e o ar está ligado começo a espirrar ainda
no corredor”, relata.
Para evitar alergias como a de Danicléia, ou até mais graves, é preciso usar o
equipamento com cautela e mantê-lo sempre limpo, segundo diz o
pneumologista Paulo Feitosa. “É importante ressaltar que o ar é foco de fungos
e bactérias, por isso o aparelho deve ser limpo regularmente”, sustenta.
De pequenas crises alérgicas a pneumonias bacterianas
De acordo com Paulo Feitosa, ao inalar o ar contaminado, as pessoas ficam
mais predispostas a doenças, que podem variar desde pequenas crises
alérgicas a pneumonias bacterianas. “Nos casos mais simples, as crises
podem ser desencadeadas em função do ar frio. A solução, nessas ocasiões, é
prática: tome banho frio para se adequar. Caso a pessoa venha a desenvolver
uma pneumonia grave, o tratamento será mais complicado”, observa.
O técnico em informática Rafael Arcuro tem problemas no aparelho respiratório
desde a infância, mas, depois que ingressou em seu atual emprego, seu
quadro clínico piorou significativamente, levando-o a se submeter a duas
cirurgias, uma no nariz e a outra na adenoide. “Sempre tive alergia à poeira,
ácaros etc. Entretanto, de uns tempos para cá, o ar-condicionado começou a
me incomodar mais. Sempre que chegava perto, meu nariz entupia. Então, tive
de passar por dois procedimentos e, hoje, já não sofro tanto”, revela.
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Ar-condicionado nos automóveis
Presente em cerca de 42% dos veículos da frota nacional, o ar- condicionado –
criado por Willis Carrier em 1902 – tornou-se acessório indispensável nos
automóveis na época do calor. Além de aliviar a temperatura interna do carro,
para maior conforto do motorista e do passageiro, o ar-condicionado tem,
ainda, função desembaçadora, o que mostra sua utilidade também nos
períodos chuvosos. O equipamento, porém, assim como o convencional,
requer alguns cuidados, a fim de não prejudicar a saúde.
O consultor do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos
Autorizados do Distrito Federal (Sincodiv-DF) e gerente técnico de uma das
concessionárias do DF, Edvaldo Souza Oliveira, alerta para alguns pontos
sobre o uso do ar-condicionado. “O sistema aumenta consideravelmente o
consumo de combustível em carros nacionais. Nos veículos importados, essa
característica é pouco perceptível”, diz. “Já aqueles equipados com
climatização digital precisam de uma potência menor do motor para manter o
equipamento funcionando, pois o sistema de injeção reconhece a temperatura
interna e externa do ambiente, por meio de sensores existentes dentro do
veículo”.
Lembre-se de trocar o filtro de ar periodicamente, cujo período varia de acordo
com o automóvel e as condições de uso. Carros que costumam passar por
muitas estradas de terra têm de trocar o filtro com menos tempo de uso.
Problemas respiratórios possíveis pelo uso do ar-condicionado podem ser
evitados ao abrir as janelas e deixar ocorrer a troca de ar, tirando o ar viciado
que é prejudicial à saúde.
Mas, segundo o empresário e geólogo Flavio Augusto Bonfá, proprietário da
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Restaura Car – rede de lava-jatos ecológicos que não utilizam água –, outros
fatores também devem ser levados em consideração. “As pessoas se
preocupam muito com os ácaros presentes em bichinhos de pelúcia e carpetes;
daí, gastam muito dinheiro para tornar a casa e o escritório ambientes
saudáveis. Entretanto, esquecem que o automóvel é um enorme ‘bicho de
pelúcia’”, compara. “O clima úmido e quente torna o carro um verdadeiro caldo
de cultura para ácaros e mofo. Pele descamada, restos de alimentos e pelos de
animais também são verdadeiros alimentos para esses micro-organismos”.
O ar condicionado, por sua vez, absorve os agentes patogênicos, que
colonizam os dutos de ventilação, de acordo com o empresário. “Ao ligar o
aparelho, o motorista e os passageiros são contaminados”, alerta Bonfá,
acrescentando que sua empresa disponibiliza um sistema bactericida e
fungicida para purificar o ambiente interno dos automóveis. Recentemente, o
empresário contratou a Sabinbiotec para, se o cliente assim desejar, emitir um
laudo técnico com a contagem de micro-organismos mesófilos aeróbios e
fungos presentes no veículo. “Minha próxima iniciativa é contratar um
farmacêutico, a fim de que ele crie biocidas específicos para os maiores
contaminantes. O que usamos hoje ainda é de largo espectro”, afirma.
Bonfá, inclusive, informa um jeito prático e simples, para não deixar o arcondicionado refém dos agentes patogênicos. “Uma vez por mês, ligue o ar na
temperatura mais quente e deixe por 10 minutos. Com isso, é possível matar
boa parte das colônias presentes nos dutos”, conclui.
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Análise apurada do ar deve ser feita a cada semestre
Honorina de Sousa: “A cada 15 dias, a pessoa, por conta própria, deve retirar o filtro do ar e limpá-lo”
A vendedora de ar-condicionado Honorina de Sousa salienta que é comum
indivíduos chegarem à loja e reclamarem de irritações causadas pelo
equipamento de ar-condicionado, mas adverte que a maioria não toma os
cuidados necessários. “É preciso fazer uma limpeza a cada seis meses com
uma empresa de manutenção e, a cada 15 dias, a pessoa, por conta própria,
deve retirar o filtro do ar e limpá-lo”, ensina.
Criada por iniciativa dos sócio-proprietários do Laboratório Sabin de Análises
Clínicas, o Sabinbiotec presta serviços a empresas para análise da qualidade
de alimentos e também do ar. Segundo informa Elisa Goulart, gerente da
qualidade da Sabinbiotec, o ideal é realizar, a cada semestre, uma avaliação
físico-química e microbiológica do ar ambiente. O objetivo é evitar a
proliferação de agentes patogênicos nos dutos do aparelho de ar-condicionado.
“Nosso trabalho consiste em enviar um amostrador ao local indicado, que faz a
coleta e, posteriormente, envia o material à equipe técnica do laboratório, para
a devida análise e identificação dos micro-organismos, como fungos, bactérias
e vírus”, explica Elisa, acrescentando que a bactéria Legionella pneumophyla é
considerada a mais perigosa à saúde.
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Paulo Feitosa avalia chapas de pulmões infectados por micro-organismos
Legionelose
Ao contrário do que muita gente imagina, tal bactéria não surge unicamente em
decorrência do ar condicionado. “Na realidade, ela se forma na água retida nos
dutos de resfriamento”, explica a especialista. “Pode também ser encontrada
em banheiras de hidromassagem, umidificadores e chuveiros com aquecimento
solar”.
O nome Legionella deve-se ao fato de ter sido identificado pela primeira vez em
1976, durante uma convenção na Filadélfia (EUA) de veteranos de guerra –
chamados legionários –, que foram infectados com a bactéria no hotel onde
estavam hospedados. Mais de 200 participantes foram hospitalizados e 34
morreram. O mesmo agente patogênico, aliás, levou a óbito o ex-ministro das
Comunicações Sérgio Motta, em 1998.
Inalação de aerossóis ou contato direto da água contaminada com os pulmões
são as formas mais comuns de transmissão. A bactéria causa a chamada
legionelose, que pode se manifestar de duas formas: Doença do Legionário –
tipo grave de pneumonia tratado com antibióticos, com sintomas como febre,
calafrios, tosse seca ou purulenta, dores musculares, dores de cabeça, entre
outros – e Febre de Pontiac, semelhante a uma gripe, com tratamento feito à
base de antitérmicos.
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Maurício Vasconcelos dá orientações na limpeza do ar-condicionado
Síndrome do Edifício Doente
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia cunhado, em 1982, o termo
Síndrome do Edifício Doente (SED), responsável por atingir cerca de 20% de
ocupantes de ambientes fechados. Esses indivíduos normalmente são
acometidos por problemas respiratórios, como sinusite, faringite, rinite,
bronquite, entre outros.
Preocupado com as consequências da má qualidade do ar, Maurício
Vasconcelos de Carvalho, administrador do condomínio do edifício Alberto
Simonsen, no Setor Bancário Norte, resolveu contratar os serviços da
Sabinbiotec para análise microbiológica do ar. “A cada seis meses, é emitido
um laudo técnico, que mostra se o trabalho feito pela empresa de manutenção
do ar-condicionado está sendo bem executado”, diz. “Aqui, fazemos limpezas
diárias no sistema, mas intensificamos nos finais de semana”.
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