UMA VISÃO GEOGRÁFICA: O AGRONEGÓCIO E O PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO NA BACIA DO PRATA Vera Lucia Fortes Zeni Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e bolsista do CNPq [email protected];br Dr. Luiz Fernando Scheibe Pesquisador do CNPq e Professor Emérito da UFSC nos Programas de Pós-Graduação em Geografia e Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC – [email protected] , Dra.Marcilei Andrea Pezenatto Vignatti - Professora da Universidade Comunitária Regional de Chapeco - UNOCHAPECÓ [email protected] Eixo temático: Geografia política, globalização, integração e dinâmicas territoriais Resumo Desde a chegada dos primeiros europeus, a Bacia do Prata tem sido um sistema natural provedor de matérias primas de interesse do capital global, que necessita de espaços para reproduzir e acumular. Inicialmente foi a transferência para a Europa milhões de quilos de prata oriundos de Potosí na Bolívia, para manter o poder das cortes europeias através ampliação de novos territórios no planeta. Potosí já foi uma das cidades mais rica do mundo e hoje uma das mais empobrecidas. Os países ribeirinhos Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina compartilham os rios Paraguai, Uruguai e Paraná e as águas subterrâneas do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral, que compõe essa bacia do Prata que é a segunda maior da América Latina, cujo território abrange 17%, com seus 3,1 milhões de km2.. Essas nações após deixarem de ser colônias da Europa continuaram de forma descontrolada a não cuidarem dos seus patrimônios: as pessoas e a natureza. Após a depredação dos metais preciosos na Bolívia, desde meados do século passado foram gestadas outras formas para reconfiguração das escalas de poder para usufruir dos bens naturais, desta vez tendo como aliado o desenvolvimento de tecnologias de ponta, para produção de energia por hidrelétricas, projetos petrolíferos e o agronegócio (agrobusiness), esse mudou a fisionomia do território formando fronteiras agrárias através das lavouras de soja, de milho, de trigo, de arroz, criações de suínos e bovinos, compondo toda a cadeia produtiva exercida pela agroindústria, indústria e comércio que fornecem insumos para a produção rural. Por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos químicos, equipamentos, transporte, combustível, beneficiamento e venda dos produtos agropecuários até o consumidor final. Este artigo objetiva analisar as diferentes territorialidades de poder na bacia do Prata, em especial o agronegócio. Demonstrando que o resultado destas disputas no território pelas corporações internacionais exportadoras de água através de seus produtos, é a extração de bens que são propriedade da coletividade, onde os donos dos meios de produção internalizam seus lucros e externalizam seus custos com sociedade, que gradualmente se acumulam sem levar em conta os limites físicos da capacidade da bacia hidrográfica com sérias implicações sociais/ambientais e impactos pelo uso da água, ar, solo, clima, crises de saúde pública e danos as outras gerações. Observa-se que os governos investem na infraestrutura favorável ao capital empresarial, quando deveriam cuidar dos bens naturais e das pessoas, garantindo direitos da cidadania, promovendo a proteção social, saúde, educação e não apoiando a expansão dessa lógica extrativista que destroem seus territórios, seus ecossistemas gerando assim um cenário desigual e excludente de uma massa camponesa empobrecida que migra para as cidades, para vender sua força de trabalho para os parques industriais, obrigando a viver conforme as regras do mercado, ampliando a visão de como o progresso econômico de um país precisa ser redefinido com nova ótica. Essa investigação está em andamento é parte de tese de doutorado em Geografia, faz uso de pesquisa bibliográfica e documental através de fontes procedentes de levantamentos em órgãos governamentais dos países abrangidos pela bacia e instituições independentes. Palavras-chave: Bacia do Prata. Território de poder. Agronegócio.