ESTUDO BIBLIOMÉTRICO DAS FERRAMENTAS UTILIZADAS EM PESQUISAS DE COMPORTAMENTO NOS TRANSPORTES Conrado Frezza Fabiana de Oliveira Barbosa Weudes de Souza Evangelista Welington Evangelista Marcus Nylander Souza Oliveira Programa de Pós Graduação em Transportes Universidade de Brasília RESUMO As contribuições provenientes da psicologia e de estudos acerca do comportamento humano têm sido cada vez mais reconhecidas como importantes instrumentos para o aprimoramento de pesquisas e para a compreensão de problemas na área dos transportes. Entre essas contribuições, destaca-se a da Teoria do Comportamento Planejado, que tem sido usada em diversas pesquisas sobre a atitude dos motoristas. Dada e crescente importância conferida ao estudo da psicologia nos transportes, este artigo visa apresentar um levantamento bibliométrico indicando as ferramentas de análise mais recorrentes nas pesquisas científicas brasileiras que relacionam transportes e comportamento, nos últimos dez anos. Especificamente, buscou-se identificar quais temáticas, metodologias e instrumentos de coletas de dados têm sido utilizados com mais recorrência nas pesquisas da área. Para isso, foram selecionadas doze pesquisas, incluindo publicações em periódicos, monografias, dissertações e teses. Os resultados encontrados revelam a predominância de pesquisas quantitativas, de levantamento, descritivas e realizadas por questionários. ABSTRACT Contributions from the field of psychology and studies about human behavior have been increasingly recognized as important tools for the improvement of research and understanding of problems in transportation. Among these contributions, we highlight the Theory of Planned Behavior, which has been used in various studies on the attitude of the drivers. Given the increasing importance attributed to the study of psychology in transport, this article presents a bibliometric study indicating the most recurrent analysis tools in Brazilian scientific research linking transport and behavior, in the last ten years. Specifically, we sought to identify themes, methodologies and tools for data collection have been used with more recurrence in the area. To this end, twelve researches, including publications in journals, monographs and theses were selected. The results showed the predominance of the quantitative and descriptive survey, conducted through application of questionnaires. 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, tem-se percebido uma crescente tendência de se fundamentar pesquisas da área dos transportes em análises de comportamento humano oriundas do campo da psicologia. Isso tem possibilitado uma ampla modificação na forma de se pensar os transportes, trazendo inovações positivas no que diz respeito ao planejamento, a execução e o controle dos meios de transporte, bem como ao comportamento dos motoristas no trânsito. Nesse sentido, uma importante ferramenta que tem sido utilizada para se pensar os transportes é a Teoria do Comportamento Planejado (Theory of Planned Behavior) – TCP, de Ajzen (1991). Por meio da TCP, busca-se compreender e prever o comportamento humano de forma geral, com base em um conjunto de variáveis antecedentes. Desse modo, pesquisadores da área dos transportes tem se valido cada vez mais da TCP para analisar os transportes sob diversas perspectivas, principalmente no que diz respeito ao comportamento dos motoristas no trânsito. Tendo em vista a crescente importância conferida à TCP e, de modo geral, à chamada Psicologia dos Transportes, este artigo busca apresentar um levantamento acerca dos principais assuntos, metodologias e instrumentos de coleta de dados utilizados em pesquisas científicas brasileiras que relacionam transportes com aspectos comportamentais. A intenção é proporcionar um diagnóstico que possa servir como parâmetro para identificar e avaliar as principais características da produção científica nessa área. A metodologia utilizada no presente artigo foi um estudo bibliométrico, compreendendo o período de 2004 a 2014, por meio de pesquisa descritiva e levantamento de dados. O trabalho é considerado quantitativo no que diz respeito ao mapeamento realizado e qualitativo pela verificação das informações apresentadas a respeito das doze pesquisas que compõe o decênio estudado. Ressalta-se que o estudo bibliométrico é um tipo de pesquisa geralmente utilizada para auferir a quantidade e a qualidade de pesquisas a respeito de um tema considerado relevante em determinada área. Esse tipo de estudo permite mapear os autores, assuntos e instituições envolvidas, possibilitando a apresentação de um panorama geral a partir do qual poderão ser feitas análises críticas a respeito das informações apresentadas. Em outras palavras, trata-se de um procedimento para mapear e avaliar a produção intelectual oriunda de periódicos ou da área acadêmica. 2. CONTRIBUIÇÃO DE ESTUDOS SOBRE COMPORTAMENTO PARA A ÁREA DOS TRANSPORTES Nos últimos anos, as teorias e estudos sobre comportamento, sobretudo na área da psicologia, têm sido utilizados de forma cada vez mais recorrente na área dos transportes. No passado, os estudos do comportamento do condutor não costumavam ser tratados pelo campo da psicologia, mas predominantemente por profissionais da ergonomia e engenheiros (Hoffmann, 2005). No caso das pesquisas sobre a conduta de motoristas – a chamada “Psicologia de Trânsito” –, uma das principais dificuldades para o seu desenvolvimento é estabelecer uma correta conexão entre fenômenos psicológicos e acidentes, porque é extremamente difícil de se obter informações válidas sobre a relação entre acidentes e os comportamentos que os precedem. Por essa razão, fazem-se necessárias outras abordagens, em que a dinâmica dos acidentes possam ser estudadas em maior profundidade por equipes multidisciplinares. Nesse sentido, passa a ter cada vez mais importância o estudo dos transportes sob a perspectiva da análise do comportamento. O surgimento da Psicologia do Trânsito é explicado por Hoffmann (2005): A Psicologia do Trânsito pode ser conceituada como o estudo do comportamento do usuário das vias e dos fenômenos/processos psicossociais subjacentes ao comportamento. O conceito é amplo, pois o comportamento do condutor tem sido estudado em relação a uma diversidade de questões, tais como: procura visual, dependência de campo (Rozestraten & Pottier, 1984; Shinar, 1978); estilo de percepção (Rozestraten, 1981); atitudes (Fishbein & Ajzen, 1975; Macedo, 2002); percepção de risco (Hoffmann, 1995; Hoffmann, Soler & Carbonell, 1994; Monterde, 1989; Sivak & Soller, 1987; Sivak, Soler, Tränkle, & Spagnol, 1989; Wilde, 1982; 2005); procura de emoções, atribuição, estilo de vida, e carga de trabalho/trabalho penoso (Sato, 1995; Vittorello, 1998); estresse (Silva & Günther, 1999) e representação social (Silva, 2000; Silva, Strey & Hoffmann, 1999; Souza, 2001). Estas questões indicam a pluralidade de abordagens que constituem a fundamentação teórica para a pesquisa em Psicologia do Trânsito. Como exemplos da contribuição dos estudos da Psicologia do Trânsito para os transportes, cita-se a constatação de que direção perigosa está associada com variáveis como gênero, idade e frequência na direção. Por exemplo, homens jovens tendem a dirigir de forma mais perigosa se comparado a mulheres de mais idade. Além disso, a exposição frequente à direção é relacionada com manifestações mais frequentes de violações perigosas nas estradas. De modo geral, sabe-se que aspectos psicológicos e comportamento passado influenciam interações e comportamentos futuros (CASTANIER; DEROCHE; WOODMAN, 2013). Consequentemente, esses fatores têm sido tratados como variáveis relevantes para o estudo dos transportes. O desenvolvimento de pesquisas que relacionam comportamento com transportes demanda, portanto, uma avaliação criteriosa de processos psicológicos, tanto nas áreas de planejamento e operação quanto na condução de veículos. Uma vez que os fenômenos psicológicos nem sempre se mostram claros, há uma certa dificuldade em medir e avaliar a relação entre fenômenos comportamentais e o transporte. Como é possível notar, a aplicação de estudos da psicologia nos transportes ainda é uma área de estudos em processo de desenvolvimento, que demanda certo esforço científico para a sua consolidação. Portanto, a investigação proposta neste artigo mostra-se relevante, pois permite indicar como as pesquisas estão sendo conduzidas nessa área, quais são suas principais temáticas, metodologias e instrumentos de coletas de dados. 3. TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO Entre os modelos teóricos utilizados para interpretar e analisar comportamentos destaca-se a Teoria do Comportamento Planejado (Theory of Planned Behavior) – TCP, de Ajzen (1991), que tem sido utilizada com frequência em pesquisas na área de transportes (ver, por exemplo, CASTANIER; DEROCHE; WOODMAN, 2013). Por meio da TCP, busca-se compreender e prever o comportamento humano de forma geral com base em um conjunto de variáveis antecedentes. Uma das características distintivas da TCP é o conceito de controle comportamental percebido, que é determinado por crenças de controle e força percebida. A percepção de controle pode consistir em antecipação de circunstâncias e atitudes que influenciam normas internas dos indivíduos, ou, ainda, em experiências passadas. Uma baixa percepção de controle implica, nesse sentido, uma baixa probabilidade de realização de dado comportamento. A TCP é sintetizada por MATOS, VEIGA e LIMA da seguinte maneira: O modelo da TCP é proposto para predizer e compreender influências motivacionais sobre um comportamento que não esteja sobre controle volitivo, para identificar quando e onde devem ser iniciadas estratégias para a modificação de comportamento e para explicar, virtualmente, algum comportamento humano. [...] Neste contexto, atitude para um comportamento resulta de crenças geradas pelas avaliações dos resultados do comportamento, pelas normas subjetivas, crenças normativas e motivação para a ação. (MATOS, E.B; VEIGA, R. T; LIMA L. C., 2008, p. 4) A intenção de realizar um determinado ato, de acordo com a TCP, depende do controle comportamental percebido, da atitude face a esse comportamento e da norma seguida pelo indivíduo. O diagrama a seguir apresenta, de forma esquemática, como se estrutura a TCP (PIMENTÃO, 2008, p. 207): Figura 1: Diagrama esquemático da Teoria do Comportamento Planejado Conforme o esquema apresentado, a atitude face ao comportamento refere-se ao nível de aprovação do indivíduo em relação a esse comportamento. Desse modo, “a atitude face ao comportamento e determinada através de uma avaliação das crenças sobre as conseqüências que podem surgir desse comportamento (crenças comportamentais) e uma avaliação dessas consequências” (PIMENTÃO, 2008). O antecedente da intenção e o grau de controle comportamental percebido refere-se à facilidade ou dificuldade de realizar o comportamento. Nesse sentido: O controlo comportamental percebido traduz a percepção que o individuo tem da sua capacidade para realizar um determinado comportamento. [...] A importância da atitude, norma subjetiva e controlo comportamental percebido na predição da intenção, varia em função dos comportamentos e situações. Assim, em determinadas situações pode verificar-se que apenas as atitudes tem um impacto significativo na intenção, noutros que as atitudes e o controlo comportamental percebido são suficientes para determinar a intenção e ainda noutros, os três preditores dão contribuições independentes. (PIMENTÃO, 2008). Em suma, a TCP lida com fatores como crenças comportamentais (antecedentes de atitude), crenças normativas (norma subjetiva) e crenças de controle (controle comportamental percebido), os quais, em conjunto, influenciam o comportamento dos indivíduos. Com base na capacidade de explicar e prever comportamentos, a TCP tem sido utilizada com recorrência nas pesquisas sobre transportes. Na análise bibliométrica proposta no presente artigo, constatou-se que pesquisas com base na TCP são verificadas com recorrência, o que denota a sua importância para os estudos que relacionam transportes e comportamento. 4. ANÁLISE BIBLIOMÉTRICA DE PESQUISAS EM TRANSPORTES BASEADAS EM ANÁLISES COMPORTAMENTAIS Como já mencionado, a análise proposta neste artigo é de natureza bibliométrica, por isso, cabe algumas considerações acerca desse método. A Bibliometria pertence ao campo da Ciência da Informação, que utiliza métodos estatísticos e matemáticos, por meio dos quais é realizada análise de estudos que possam ser quantificados. JÚNIOR, ARAÚJO e REZENTE (2013, p. 23) sintetizam os objetivos da bibliometria como: identificar as tendências e crescimento do conhecimento com base em uma matéria; estudar dispersão e obsolescências de certos assuntos científicos; medir impacto de pesquisas e informações disseminadas no meio acadêmico; quantificar a abrangência das pesquisas cientificas; e, identificar autores e instituições mais produtivos. De acordo com JÚNIOR, ARAÚJO e REZENTE (2013, p. 23): Os estudos bibliométricos geralmente são utilizados para quantificar dados referentes a um determinado assunto que está sendo discutido em uma determinada área. A intenção é mostrar quais são as tendências da área estudada e, de que forma, está ocorrendo o interesse dos pesquisadores nela; como também, verificar quais assuntos se tornaram ultrapassados. A bibliometria também é utilizada frequentemente para verificar o que está sendo estudado no âmbito acadêmico, realizando-se levantamento de pesquisas sobre um determinado assunto realizadas em uma área de estudos específica. No presente artigo, buscou-se avaliar a produção científica, nos últimos dez anos, na área da de transportes com ênfase no comportamento, tanto em artigos publicados em revistas especializadas como em trabalhos acadêmicos. Nesse intuito, foram selecionados, por amostragem, doze pesquisas científicas nacionais para análise, relacionadas a seguir: Tabela 1: Pesquisas selecionadas para a análise bibliométrica AUTOR(ES) Maria Helena Hoffmann India Fleischfresser Humberto de Paiva Junior Jonicy de Barros Ramos Cristina Pimentão Giovani Bottesini e Christine Tessele Nodari Luiz Augusto Silveira Ritta Priscila Oliveira de Almeida Santos Alexandre Henrique Silva Fábio de Cristo Mariana Oliveira da Silveira e Maria Leonor Alves Maia Mônica Velloso, Maria Alice Jacques e Claudio Vaz Torres TÍTULO DA PESQUISA Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos Estudo sobre as atitudes dos jovens motoristas de Campo GrandeMS Segmentação e modelagem comportamental de usuários dos serviços de transporte urbano brasileiro A influência dos temporizadores no comportamento dos pedestres: um estudo de caso Análise do comportamento de risco ao volante de jovens condutores com base na Teoria do Comportamento Planeado de Ajzen. Influência de medidas de segurança de trânsito no comportamento dos motoristas Motivos de uso e não-uso de bicicletas em Porto Alegra: um estudo descritivo com estudantes da UFRGS Leis e atitudes para o trânsito mais seguro ANO 2005 2005 A influência do estilo de vida nas escolhas de transporte: uma análise de classes latentes O hábito de usar automóvel tem relação com o transporte coletivo ruim? Comportamento e uso da bicicleta 2013 Estudo do comportamento do condutor em relação ao respeito à velocidade limite 2014 2006 2007 2009 2011 2012 2013 2013 2013 Nos tópicos a seguir, será apresentada uma breve síntese acerca do conteúdo, metodologia e instrumento de coleta de dados de cada uma das pesquisas consideradas na presente análise bibliométrica. 4.1. Pesquisa 1 Maria Helena Hoffmann é autora de artigo pela revista Psicologia: Pesquisa & Trânsito, denominado Comportamento do condutor e fenômenos psicológicos (2005). O objetivo do trabalho foi analisar a convergência de estudos em Psicologia Social e Experimental, para explicação de fenômenos e processos psicológicos que afetam o comportamento do condutor e a segurança viária. A pesquisa teve como um de seus principais resultados a constatação da necessidade de se considerar, além dos aspectos psicológicos, também o enfoque psicossocial na condução de veículos, de modo que se possa compreender de forma mais completa a complexidade do fenômeno da circulação humana. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem quantitativa e procedimento documental. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a pesquisa de observação. 4.2. Pesquisa 2 India Fleischfresser é autora de dissertação de mestrado pela Universidade Católica Dom Bosco, de Campo Grande, denominada Estudo sobre as atitudes dos jovens motoristas de Campo Grande-MS (2005). A pesquisa teve como objetivo investigar as atitudes de risco dos jovens motoristas de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na sua participação no trânsito, conhecer suas crenças e opiniões e segmentar as atitudes de riscos destes por gênero e ocupação. Os resultados indicaram que os jovens, mesmo sabendo dos riscos de trafegar com motoristas perigosos ou embriagados, arriscam-se a fazê-lo quando este motorista é conhecido e de confiança e, muitas vezes, apresentam resistência em pedir que o motorista em questão dirija mais devagar ou com mais prudência. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem quantitativa e de levantamento. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a aplicação de questionários. 4.3. Pesquisa 3 Humberto de Paiva Junior é autor de tese de doutorado pela Escola Politécnica do Departamento de Engenharia e Transportes da Universidade de São Paulo, denominado Segmentação e modelagem comportamental de usuários dos serviços de transporte urbano brasileiro (2006). A pesquisa teve como objetivo explicar como as relações entre os atributos do sistema de transporte, de um lado, e as características socioeconômicas e atitudes dos usuários, de outro lado, influenciam nas decisões dos usuários de transportes urbanos e no seu comportamento de deslocamento. Constatou-se a necessidade de aprofundamento do estudo do banco de dados SEDU (2002) através de reformulação dos indicadores de frequência de utilização dos modos de transporte coletivo. Nesse sentido, propõe-se a formulação de um novo modelo comportamental considerando as experiências já realizadas, concebendo-se um questionário específico correspondente. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem qualitativa e quantitativa, de levantamento. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi exploratório. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a análise multivariada Structural Equation Modeling – SEM. 4.4. Pesquisa 4 Jonicy de Barros Ramos é autora de dissertação de mestrado pelo Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, denominado A influência dos temporizadores no comportamento dos pedestres: um estudo de caso (2007). A pesquisa teve como objetivo realizar uma análise comparativa da alteração do comportamento quanto a percepção do pedestre ante a implantação de dois tipos de contadores regressivos de tempo (temporizadores). Constatou-se a necessidade de se realizar pesquisas de observação em período de maior duração e proceder a estudos de percepção do pedestre, com plano de pesquisa do tipo “antes-e-depois” da realização de campanha educativa. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem qualitativa e procedimento de estudo de caso. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a pesquisa de observação. 4.5. Pesquisa 5 Cristina Pimentão é autora de artigo pela Revista da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, denominado Análise do comportamento de risco ao volante de jovens condutores com base na Teoria do Comportamento Planeado de Ajzen (2009). A pesquisa teve como objetivo analisar o comportamento do condutor de jovens entre 18 e 24 anos sob o prisma da Teoria da Conduta Planejada de Ajzen. Constatou-se que, no âmbito da TCP, quanto mais favorável a atitude e a norma subjetiva em relação a um comportamento e quanto maior o controle comportamental percebido, mais forte deverá ser a intenção do indivíduo em realizar o comportamento em análise. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem qualitativa e procedimento documental. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a aplicação de questionários. 4.6. Pesquisa 6 Giovani Bottesini e Christine Tessele Nodari são autores de artigo pela Revista Transportes, denominado Influência de medidas de segurança de trânsito no comportamento dos motoristas (2011). A pesquisa teve como objetivo apresentar os resultados de outro estudo cujo objetivo era identificar e classificar medidas de segurança de trânsito conforme sua influência em inibir o cometimento de infrações de trânsito no meio urbano. Constatou-se que as medidas de segurança que mais influenciam os motoristas a não cometerem infrações de trânsito são aquelas relacionadas à restrição de direitos como forma de punição e à probabilidade de ser flagrado cometendo infrações (o que conduziria às punições). Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem qualitativa e quantitativa, de levantamento. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a aplicação de questionários. 4.7. Pesquisa 7 Luiz Augusto Silveira Ritta é autor de trabalho de conclusão de curso pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, denominado Motivos de uso e não-uso de bicicletas em Porto Alegra: um estudo descritivo com estudantes da UFRGS (2012). A pesquisa teve como objetivo colher percepções gerais sobre o uso da bicicleta em Porto Alegre, identificando os motivos do seu uso ou não e descrevendo os perfis dos potenciais usuários. Constatou-se que o motivo de uso consiste em ver na bicicleta uma opção sustentável e moderna em mobilidade frente a outros modos de transporte. Com relação ao não uso, deve-se à percepção de que a bicicleta nem sempre atende as necessidades de segurança, visto que os participantes não se sentem protegidos para trafegar nas vias devido a carência de infraestrutura. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem qualitativa e de levantamento. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a aplicação de questionários. 4.8. Pesquisa 8 Priscila Oliveira de Almeida Santos é autora de trabalho de conclusão de curso pela Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, denominado Leis e atitudes para o trânsito mais seguro (2013). A pesquisa teve como objetivo identificar se o aumento do número de ações punitivas na cidade do Salvador tem contribuído de forma assertiva ou não na diminuição dos acidentes de trânsito. O estudo concluiu que o aumento do número de ações punitivas não tem contribuído de forma assertiva na diminuição dos acidentes de trânsito. Ações educativas, de consciência no trânsito deveriam ser implantadas de forma a reforçar positivamente a população. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem quantitativa e procedimento documental. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a pesquisa documental. 4.9. Pesquisa 9 Alexandre Henrique Silva é autor de tese de doutorado pela Faculdade de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, da Universidade de Brasília, denominado A influência do estilo de vida nas escolhas de transporte: uma análise de classes latentes (2013). A pesquisa teve como objetivo identificar e compreender de que forma os diferentes estilos de vida da população brasileira influenciam a escolha do modal de transporte. Constatou-se que os estudos acerca do estilo de vida e comportamento para viagens constituem importante campo para pesquisas, propiciando a exploração de novas formas para coleta de dados e desenvolvimento de novos instrumentos que capturem aspectos ligados às atitudes e motivações do indivíduo, que pretende realizar a viagem. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem quantitativa e de levantamento. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi exploratória. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a base de dados do Sistema de Indicadores de Percepção Social de Mobilidade Urbana do Instituto de Pesquisa Aplicada. 4.10. Pesquisa 10 Fábio de Cristo é autor de tese de doutorado pelo Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, denominado O hábito de usar automóvel tem relação com o transporte coletivo ruim? (2013). A pesquisa teve como objetivo desenvolver e validar medidas psicológicas de hábito e de percepção da qualidade do transporte coletivo por ônibus, para verificar se o uso do automóvel possui relação com os problemas do transporte coletivo. Constatou-se que a prática de se utilizar o automóvel é um fenômeno explicado em grande medida pelo hábito, e não tanto pelas más condições do transporte coletivo. Verificou-se, ainda, a necessidade de melhorar a infraestrutura de transporte e de se aplicar outras medidas de gerenciamento, tais como: rodízio de veículos, cobrança de taxas para circular em determinados locais e aumento das taxas de estacionamento. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem quantitativa e de levantamento. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a aplicação de questionários (pesquisa tipo survey online). 4.11. Pesquisa 11 Mariana Oliveira da Silveira e Maria Leonor Alves Maia são autoras de artigo pela Associação de Pesquisa e Ensino em Transportes, denominado Comportamento e uso da bicicleta (2013). A pesquisa teve como objetivo apresentar um panorama de estudos que tratam de comportamento de viagem e o uso da bicicleta a partir da base SCOPUS, entre os anos 2000 a 2012. Constatou-se que a Teoria do Comportamento Planejado foi adequada em todas as pesquisas, respondendo e identificando, mesmo que de forma expandida, as intenções comportamentais que precedem e condicionam os comportamentos relacionados ao uso da bicicleta. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem quantitativa e de levantamento. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a base de dados SCOPUS. 4.12. Pesquisa 12 Mônica Soares Velloso, Maria Alice Prudêncio Jacques e Claudio Vaz Torres são autores de artigo pela Associação de Pesquisa e Ensino em Transportes, denominado Estudo do comportamento do condutor em relação ao respeito à velocidade limite (2014). A pesquisa teve como objetivo analisar o comportamento dos condutores em relação à velocidade praticada ao longo de um percurso viário urbano. Visto tratar-se de um relatório de tese, a pesquisa encontra-se em fase de revisão bibliográfica, portanto, a análise do comportamento dos condutores terá início tão logo seja concluída a etapa de análise dos dados. Quanto à metodologia, a pesquisa utilizou a abordagem qualitativa e documental. Quanto aos objetivos, a pesquisa foi descritiva. A ferramenta de coleta de dados utilizada foi a aplicação de questionários. 4.13. Resultados da análise bibliométrica Na presente análise bibliométrica, foram analisadas pesquisas de autores vinculados às seguintes instituições: Tabela 2: Vinculação dos autores a instituições de ensino Instituição Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade de Brasília Universidade Fernando Pessoa Universidade Dom Bosco Universidade Federal de Pernambuco Universidade Paulista Universidade de São Paulo Universidade Federal do Rio de Janeiro Universidade do Vale do Itajaí Sigla UFRGS UnB UFP UCDB UFPE UNIP USP UFRJ UNIVALI Quantidade 2 3 1 1 1 1 1 1 1 Os temas abordados nas pesquisas selecionadas estão descritos conforme a Tabela 3: Tabela 3: Temas trabalhados nas pesquisas Tema Comportamento do condutor; atitudes dos jovens no trânsito Comportamento do usuário do transporte urbano Temporizadores e o comportamento dos pedestres Ano 2005 2006 2007 Risco ao volante com base na TCP Segurança no trânsito Motivos para o não-uso da bicicleta Leis e atitudes para o trânsito mais seguro; escolhas de transportes; o hábito de usar automóvel; comportamento e uso da bicicleta Comportamento do condutor e limites de velocidade 2009 2011 2012 2013 2014 Quanto à metodologia utilizada, foi levantado o total de pesquisas quanto a abordagem do problema, aos procedimentos, e aos objetivos, conforme as Figuras 2, 3 e 4, apresentadas a seguir: Abordagem do Problema Quantitativa 53% Qualitativa 47% Figura 2: Tipos de pesquisas quanto a abordagem do problema Figura 3: Tipos de pesquisas quanto aos procedimentos Figura 4: Tipo de pesquisa quanto aos objetivos A Figura 5, a seguir, apresenta os tipos de ferramentas para coleta de dados utilizadas nas pesquisas analisadas nesta análise bibliométrica, descriminadas por porcentagem de incidência: FERRAMENTA DE COLETA DE DADOS Questionário Base de dados Pesquisa documental Análise Multivariada SEM Pesquisa de observação 17% 8% 50% 8% 17% Figura 5: Ferramenta de coleta de dados 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo dos transportes há muito já não é mais entendido como restrito apenas a profissionais da ergonomia e engenheiros, como se pensava no passado. Cada vez mais tem-se reconhecido a contribuição que outras áreas do conhecimento são capazes de oferecer às pesquisas sobre transportes. Particularmente, estudos sobre comportamento relacionados à psicologia tem se destacado bastante nesse aspecto. A Teoria do Comportamento Planejado é um exemplo disso, pois muitos autores da área dos transportes têm recorrido aos seus pressupostos para pensar diversos problemas, sobretudo referentes ao comportamento dos motoristas no trânsito. No intuito de apresentar um panorama a respeito de como têm sido elaborados os estudos científicos referentes a essa temática no Brasil, este artigo apresentou uma pesquisa bibliométrica indicando doze pesquisas que relacionam transportes com comportamento, produzidas no país nos últimos dez anos. O presente estudo buscou apresentar, em relação a cada pesquisa levantada, uma breve síntese do seu assunto e a metodologia utilizada quanto a abordagem do problema, procedimentos e objetivos. Por fim, foi levantada a ferramenta de coleta de dados utilizada em cada pesquisa. Os resultados encontrados no estudo bibliométrico revelam a predominância de pesquisas quantitativas, de levantamento e descritivas. Constatou-se, ainda, que a maioria das pesquisas selecionadas utilizou a aplicação de questionários como instrumento de coleta de dados. Com base nos resultados encontrados, é possível constatar, primeiramente, que embora as pesquisas que relacionam aspectos comportamentais com transportes estejam tornando-se mais frequentes, sua incidência ainda é relativamente baixa em comparação com estudos que abordam problemas dos transportes sobre outras perspectivas, como da engenharia e segurança viária. Isso pôde ser constatado devido à dificuldade em encontrar pesquisas que relacionam aspectos comportamentais com transportes. Registra-se, também, que houve maior facilidade de encontrar pesquisas sobre essa temática em trabalhos acadêmicos do que em publicações. Pode-se interpretar essa fato como um reflexo de que os estudos na área ainda são relativamente novos, e estão sendo estudados predominantemente na academia, precisando ainda ser desenvolvidos para posterior publicação. Quanto aos instrumentos de coleta de dados, foi possível constatar que o questionário tem sido a ferramenta mais utilizada. Isso pode ser atribuído ao fato de que talvez esse seja realmente um instrumento adequado para auferir aspectos psicológicos, uma vez que ele é realizados por meio de dados subjetivos informados pelas pessoas entrevistadas. De todo o modo, independentemente das ferramentas utilizadas, é possível afirmar que os estudos relacionando comportamento humano e transportes têm se mostrado bastante frutíferos no que diz respeito ao desenvolvimento e o aprimoramento das pesquisas em transportes no Brasil. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ajzen, I. (1991) The theory of planned behavior. organizational behavior and human. Decision Processes, v. 50, p. 179-211. Bottesini, G.; Nodan, C. T. (2011) Influência de medidas de segurança de trânsito no comportamento dos motoristas. Revista Transportes, v.19 n.1, p. 77–86. Castanier, C.; Deroche, T.; Woodman, T. (2013) Theory of planned behaviour and road violations: The moderating influence of perceived behavioural control. Transportation Research. Elsevier, Part F 18, p. 148-158. Cristo, F. (2013) O hábito de usar automóvel tem relação com o transporte coletivo ruim? [tese de doutorado]. 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(2013) A influência do estilo de vida nas escolhas de transporte: uma análise de classes latentes [tese de doutorado]. Brasília: Universidade de Brasília, Facultade de Tecnologia, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental. Silveira, M. O.; Maia, M. L. A. (2013) Comportamento e uso da bicicleta. Associação de Pesquisa e Ensino em Transportes. Velloso, M. S.; Jacques, M. A. P.; Torres, C. V. (2013) Estudo do comportamento do condutor em relação ao respeito à velocidade limite. Associação de Pesquisa e Ensino em Transportes.i Conrado Frezza ([email protected]) Fabiana de Oliveira Barbosa ([email protected]) Welinton Evangelista ([email protected]) Marcus Nylander Souza Oliveira ([email protected]) Weudes de Souza Evangelista ([email protected]) Programa de Pós Graduação em Transportes, Universidade de Brasília Campus Darcy Ribeiro, Brasília/DF.