O Cego de Jericó “Quando se aproximavam de Jericó, estava um cego sentado, a esmolar, à beira da estrada. Ouvindo a multidão que passava, perguntou o que era aquilo. Disseram-lhe que era Jesus de Nazaré que ia a passar. Então bradou: «Jesus, Filho de David, tem misericórdia de mim!» Os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David tem misericórdia de mim!» Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Quando o cego se aproximou, perguntou-lhe: «Que queres que te faça?» Respondeu: «Senhor, que eu veja!» Jesus disse-lhe: «Vê. Salvou-te a tua fé». Naquele mesmo instante, recobrou a vista, e pôs-se a segui-Lo, glorificando a Deus. E todo o povo, ao ver isto, deu louvores a Deus.” Lc 18, 35-43 Agradecimentos Desejo agradecer ao meu orientador João Luiz Afonso pela disponibilidade, compreensão, cooperação, incentivo, e por ter permitido que usufruísse de um espaço no laboratório de Electrónica de Potência, possibilitando a execução prática deste trabalho. A todos os meus colegas de laboratório, em especial aos investigadores Domingos Gonçalves, Gabriel Pinto, Pedro Neves e Renato Alves pela amizade, pelas óptimas sugestões e pelo excelente ambiente proporcionado. A todos os técnicos do Departamento de Electrónica Industrial pela sua simpatia e disponibilidade. Aos meus pais João e Anabela pelo esforço e apoio dado ao longo de todo o meu percurso académico. Agradeço-lhes também pelo amor que me deram e por permitirem que eu lutasse por este sonho. À minha noiva Carla agradeço-lhe pela paciência, pela confiança e por me dedicar todo o tempo da sua vida. A todas as pessoas não mencionadas. A Deus por tudo. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias iii Resumo A crescente aposta em veículos híbridos e eléctricos recorrendo a baterias, como fonte primária ou secundária de energia, representa uma mais-valia para a independência dos custos do petróleo e contribui para a redução da emissão de gases com efeito de estufa, como o CO2. Todavia, com esta aposta pretende-se que o método de carregamento das baterias seja benéfico, não só para prolongar ao máximo a vida útil das baterias, mas também para o Sistema Eléctrico Nacional, de modo a preservar a Qualidade da Energia Eléctrica. Assim, esta Dissertação descreve a implementação de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias que visa carregar as baterias dos veículos híbridos e eléctricos com o melhor algoritmo, de acordo com as informações do fabricante, e ao mesmo tempo consumir corrente sinusoidal e em fase com a tensão. Para além do carregamento, o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias permite descarregar as baterias directamente para uma carga, ou então, devolver a energia armazenada nas mesmas para o Sistema Eléctrico Nacional, ou seja, o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias apresentado funciona de forma bidireccional. Ao longo desta Dissertação, numa fase inicial é apresentado o estado da arte sobre tecnologias de baterias e sobre carregadores de baterias. Depois são descritos os algoritmos utilizados no sistema de controlo, são apresentados os resultados de simulação e os resultados experimentais obtidos, com os quais se pretende validar os algoritmos de controlo proposto nesta Dissertação. Tais algoritmos permitem que o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias possa aplicar diferentes estágios de carregamento às baterias e ao mesmo tempo manter sinusoidal a corrente no lado CA e unitário o factor de potência. Palavras-Chave: Carregamento Controlado de Baterias, Conversor Bidireccional, Consumo Sinusoidal e Factor de Potência Unitário. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias v Abstract The recent increase in hybrid and electric vehicles using batteries, as primary or secondary source of energy, represent a gain for independence of the cost of the oil and contributes to reducing the emission of greenhouse gases like CO2. However, with this purpose it is also intended that the methods for charging batteries are beneficial, not only to the lifespan of the batteries, but also to preserve the Power Quality of the Electrical System. In order to that, this dissertation describes the implementation of an intelligent battery charging equipment designed to charge the batteries of hybrids and electrical vehicles with the best algorithm according to information of the manufacturer, while consuming a current waveform in phase with the voltage. In addition, the developed equipment allows to discharge the batteries directly to a load, or to return the energy stored in batteries to the Electric System, i.e., the Intelligent System for Charging Batteries works in bidirectional mode. First, this Dissertation describes the stat-of-art about batteries technologies and their charging systems. Then, the algorithm used in the control system is described and presented the simulations results and the experimental results, obtained to validate the developed control algorithm, which determines the reference current and regulates the voltage in the DC capacitor or the current in the AC inductance, of the Intelligent Batteries Charging System developed in this Dissertation work. Keywords: Control Charging Batteries, Bidirectional Converter, Sinusoidal Current and Unity Power Factor. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias vii Índice Resumo ........................................................................................................................................................ v Abstract .....................................................................................................................................................vii Lista de Figuras .......................................................................................................................................xiii Lista de Tabelas ....................................................................................................................................... xxi Lista de Abreviaturas ............................................................................................................................xxiii CAPÍTULO 1 Introdução .................................................................................................................... 1 1.1. O Problema Energético nos Transportes ........................................................................................ 1 1.2. Enquadramento ............................................................................................................................... 2 1.3. Motivações ..................................................................................................................................... 2 1.4. Objectivos....................................................................................................................................... 2 1.5. Organização da Dissertação ........................................................................................................... 3 CAPÍTULO 2 Baterias Eléctricas ....................................................................................................... 5 2.1. Introdução....................................................................................................................................... 5 2.2. Baterias ........................................................................................................................................... 5 2.2.1. Baterias vs. Células de Combustível ................................................................................... 6 2.2.2. Baterias vs. Flywheel’s ........................................................................................................ 8 2.3. Cronologia das baterias ................................................................................................................ 10 2.4. “Efeito Memória” das Baterias ..................................................................................................... 10 2.5. Tecnologia das Baterias................................................................................................................ 11 2.5.1. Baterias de Chumbo .......................................................................................................... 12 2.5.2. Baterias de Lítio ................................................................................................................ 16 2.5.3. Baterias de Níquel-Cádmio ............................................................................................... 19 2.5.4. Baterias de Níquel-Hidreto-Metálico ................................................................................ 22 2.6. Baterias Inovadoras ...................................................................................................................... 24 2.6.1. C.S.I.R.O. – UltraBateria ................................................................................................. 24 2.6.2. Bateria NanoSafe............................................................................................................... 24 2.6.3. Toshiba – S.C.i.B. ............................................................................................................. 25 2.6.4. UltraCondensador ............................................................................................................. 26 2.7. Sistemas de Gestão das Baterias ................................................................................................... 29 2.7.1. BMS para baterias TS-LFP90AHA da Thundersky ........................................................... 30 2.7.2. Lithium Balance BMS 23 Cell ........................................................................................... 30 2.7.3. Victron Energy .................................................................................................................. 31 2.7.4. PCM para Baterias de Lítio ............................................................................................... 32 2.7.5. Exemplo de Banco de Baterias com BMS para veículo Eléctrico ..................................... 33 2.8. Veículos Híbridos e Eléctricos ..................................................................................................... 34 2.9. Mobilidade dos Veículos Híbridos e Eléctricos ........................................................................... 40 2.10. Módulos de Baterias para Veículos Híbridos e Eléctricos ........................................................... 41 2.10.1. Saft Batteries ..................................................................................................................... 41 2.10.2. Valence ............................................................................................................................. 43 2.10.3. EnerDel ............................................................................................................................. 46 2.10.4. Thunder Sky ...................................................................................................................... 49 2.11. Características de Diferentes Tecnologias de Células de Baterias ............................................... 51 2.12. Características de Diferentes Tecnologias de Baterias ................................................................. 52 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias ix Índice 2.13. Exemplos de Preços de Baterias ................................................................................................... 53 2.14. Conclusão ..................................................................................................................................... 54 CAPÍTULO 3 Carregadores de Baterias .......................................................................................... 55 3.1. Introdução..................................................................................................................................... 55 3.2. Processo de Carregamento de Baterias ......................................................................................... 56 3.3. Algoritmos de Carregamento de Baterias ..................................................................................... 56 3.3.1. Corrente Constante ............................................................................................................ 56 3.3.2. Tensão Constante .............................................................................................................. 57 3.3.3. Potência Constante ............................................................................................................ 57 3.3.4. Temperatura Máxima e Constante .................................................................................... 58 3.3.5. Corrente Constante Seguida de Tensão Constante (I) ....................................................... 58 3.3.6. Corrente Constante Seguida de Tensão Constante (II)...................................................... 59 3.3.7. Corrente Constante Seguida de Tensão Constante (III) .................................................... 59 3.3.8. Corrente Constante Seguida de Tensão Constante (IV) .................................................... 60 3.3.9. “Negative Delta V” – Variação da Negativa da Tensão.................................................... 60 3.3.10. Corrente Constante e Pulsada ............................................................................................ 61 3.3.11. Variação da Tensão ........................................................................................................... 61 3.4. Conversores Electrónicos para Carregadores de Baterias ............................................................ 62 3.5. Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias ........................................................................ 68 3.5.1. Conversor Bidireccional como Conversor CA-CC ........................................................... 69 3.5.2. Conversor Bidireccional como Conversor CC-CA ........................................................... 72 3.6. Exemplos de Carregadores de Baterias ........................................................................................ 74 3.6.1. Werkraft WK-AFN9 ........................................................................................................... 74 3.6.2. Excel CF............................................................................................................................ 74 3.6.3. Smart Charger Li-Ion Battery Pack .................................................................................. 75 3.6.4. Smart Charger LiFePO Battery Pack ............................................................................... 76 3.6.5. Smart Charger NiCd / NiMH Battery Pack....................................................................... 77 3.6.6. Smart Fast Charger Lead Acid Battery ............................................................................. 77 3.7. Conclusão ..................................................................................................................................... 78 CAPÍTULO 4 Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias ............................................ 81 4.1. Introdução..................................................................................................................................... 81 4.2. Circuito de Potência ..................................................................................................................... 82 4.3. Circuito de Comando.................................................................................................................... 82 4.4. Modelo de Bateria ........................................................................................................................ 84 4.5. Resultados das Simulações ........................................................................................................... 86 4.5.1. Simulação de Carregamento com Algoritmo de Tensão Constante de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido de 48 V e 44 Ah .................................................................................... 87 4.5.2. Simulação de Carregamento com Algoritmo de Corrente Constante de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido de 48 V e 44 Ah .................................................................................... 92 4.5.3. Simulação de Carregamento com Algoritmo de Corrente Constante Seguido de Tensão Constante de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido de 48 V e 44 Ah ............................ 98 4.5.4. Simulação de Descarregamento para a Rede Eléctrica com Algoritmo de Corrente Sinusoidal no lado CA de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido de 48 V e 44 Ah .................. 104 4.6. Conclusão ................................................................................................................................... 106 CAPÍTULO 5 Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias ................................... 109 5.1. Introdução................................................................................................................................... 109 5.2. Circuito de Potência ................................................................................................................... 109 5.2.1. Conversor Bidireccional.................................................................................................. 110 5.2.2. Indutância do Lado CA ................................................................................................... 111 x Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Índice 5.2.3. Condensador do Lado CC ............................................................................................... 111 5.2.4. Circuito de Pré-Carga do Condensador do Lado CC ...................................................... 112 5.2.5. Banco de Baterias............................................................................................................ 112 5.3. Circuito de Comando.................................................................................................................. 113 5.3.1. Sensores de Tensão de Efeito Hall .................................................................................. 113 5.3.2. Sensores de Corrente de Efeito de Hall........................................................................... 115 5.3.3. Condicionamento de Sinais ............................................................................................. 117 5.3.4. Microcontrolador PIC ..................................................................................................... 118 5.3.5. Circuito de Comando dos Sinais para os IGBT's ............................................................ 121 5.3.6. Circuito de Drivers.......................................................................................................... 122 5.3.7. Circuito de Detecção de Erros......................................................................................... 123 5.3.8. Circuito do Conversor Digital Analógico ....................................................................... 124 5.3.9. LCD ................................................................................................................................ 124 5.4. Conclusão ................................................................................................................................... 125 CAPÍTULO 6 Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias ................. 127 6.1. Introdução................................................................................................................................... 127 6.2. Princípio de Funcionamento e Validação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 127 6.3. Carregamento de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido com 48 V e 44 Ah ........................ 131 6.3.1. Carregamento do Banco de Baterias com Algoritmo de Tensão Constante .................... 131 6.3.2. Carregamento do Banco de Baterias com Algoritmo de Corrente Constante ................. 133 6.3.3. Carregamento do Banco de Baterias com Algoritmo de Corrente Constante Seguido de Tensão Constante ....................................................................................................................... 135 6.4. Descarregamento de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido com 48 V e 44 Ah ................... 138 6.4.1. Descarregamento do Banco de Baterias Directamente para uma Carga CC com Algoritmo de Controlo da Tensão das Baterias .............................................................................. 138 6.4.2. Descarregamento do Banco de Baterias com Algoritmo de Corrente Sinusoidal no Lado CA 138 6.5. Conclusão ................................................................................................................................... 140 CAPÍTULO 7 Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro ......................................................... 143 7.1. Conclusões ................................................................................................................................. 143 7.2. Trabalho Futuro .......................................................................................................................... 144 Referências .............................................................................................................................................. 147 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias xi Lista de Figuras Figura 2.1 – Célula de combustível ElectraGen [3]. .................................................................................... 8 Figura 2.2 – Aspecto externo do flywheel e sua constituição interna [7]...................................................... 9 Figura 2.3 – Portátil Macintosh Portable equipado com baterias de chumbo [12]. ................................... 13 Figura 2.4 – Bateria de Deep Cycle YellowTop da Optima [13]. ................................................................ 13 Figura 2.5 – Exemplo de baterias Trojan Deep-Cycle [16]. ....................................................................... 15 Figura 2.6 – Curvas de carregamento das baterias Torjan Deep-Cycle [16]. ............................................. 15 Figura 2.7 – Principal risco associado às baterias de lítio: explosões [18]. ................................................ 17 Figura 2.8 – Exemplo de célula de bateria A123Systems [19]. ................................................................... 18 Figura 2.9 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com a capacidade de carga absoluta, a diferentes taxas de descarregamento, com temperatura de 25 ºC, das células ANR26650m1 da A123Systems [19]. .......................................................................................................... 18 Figura 2.10 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com a capacidade de carga percentual a diferentes taxas de descarregamento e temperatura, das células ANR26650m1 da A123Systems [19]. ...................................................................................................................................... 19 Figura 2.11 – Evolução do estado da capacidade de carga percentual ao longo do número de ciclos a diferentes temperaturas e taxas de carregamento e descarregamento das células ANR26650m1 da A123Systems [19]. ...................................................................................................................................... 19 Figura 2.12 – Célula de bateria de NiCd Cadnica da Sanyo [21]. .............................................................. 21 Figura 2.13 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com o tempo total de descarregamento para duas taxas de descarregamento distintas da célula de bateria de NiCd Cadnica da Sanyo [21]. ............................................................................................................................................. 21 Figura 2.14 – Curvas de carregamento que relacionam a tensão com tempo total de carregamento para diferentes temperaturas com uma corrente de carregamento de 0,7 A, da célula de NiCd Cadnica da Sanyo [21]. .............................................................................................................................. 21 Figura 2.15 – Células de baterias de NiMH eneloop da Sanyo [22]. .......................................................... 23 Figura 2.16 – Curvas de carregamento que relacionam a tensão e o tempo total de carregamento, a diferentes temperaturas, para uma corrente de carregamento de 2 A das células eneloop da Sanyo [22]. ............................................................................................................................................................ 23 Figura 2.17 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com a DOD a diferentes taxas de descarregamento das células eneloop da Sanyo [22]. ................................................................................. 23 Figura 2.18 – UltraBateria da C.S.I.R.O. [23]. .......................................................................................... 24 Figura 2.19 – Bateria NanoSafe da Altairnano [24]. .................................................................................. 25 Figura 2.20 – Célula e módulo S.C.i.B. [26]. ............................................................................................. 26 Figura 2.21 – Constituição interna de um UltraCondensador [27]. ............................................................ 27 Figura 2.22 – UltraCondensador da NESSCAP UltraCapacitors de 5000 F e 2,7 V [28]. ......................... 27 Figura 2.23 – UltraCondensador da Batscap de 2600 F e de 2,7 V [29]. ................................................... 28 Figura 2.24 – Módulo de UltraCondensadores BMOD Power [30]. .......................................................... 28 Figura 2.25 – BMS para baterias TS-LFP90AHA da Thundersky [31]. ...................................................... 30 Figura 2.26 – Lithium Balance BMS 23 Cell [32]. ..................................................................................... 30 Figura 2.27 – Esquema de ligações do Lithium Balance BMS 23 Cell [32]. .............................................. 31 Figura 2.28 – Aspecto externo do Victron Energy [34]. ............................................................................. 31 Figura 2.29 – Gráfico obtido com o Victron Energy, modelo BMV 602 e o software VEBat software, durante o carregamento de uma bateria [33]. ............................................................................................. 32 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias xiii Lista de Figuras Figura 2.30 – PCM para baterias de lítio [35]. ........................................................................................... 32 Figura 2.31 – Diagrama de blocos de um banco de baterias com BMS para veículo eléctrico [36]. ......... 33 Figura 2.32 – BMS’s e módulo de bateria do banco de baterias de veículo eléctrico [36]. ........................ 33 Figura 2.33 – Banco de baterias do Tesla Roadster [41]. ........................................................................... 37 Figura 2.34 – Relação entre a aceleração e a eficiência energética para diferentes veículos visando enaltecer o Tesla Roadster [42]. ................................................................................................................. 38 Figura 2.35 – Módulo de baterias NHE Module da Saft [56]. .................................................................... 41 Figura 2.36 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com a DOD percentual, para diferentes correntes de descarregamento, nos módulos NHE 10-100 Module da Saft [56]. ....................... 42 Figura 2.37 – Evolução do estado da carga percentual ao longo dos dias, às temperaturas de +23ºC e +40ºC, nos módulos NHE 10-100 Module da Saft [56]. ............................................................................. 43 Figura 2.38 – Evolução do estado da capacidade de carga percentual ao longo do número de ciclos de carregamento e descarregamento nos módulos NHE 10-100 Module da Saft [56]. ............................... 43 Figura 2.39. – Relação entre os picos de potência e a DOD percentual nos módulos NHE 10-100 Module da Saft [56]. ................................................................................................................................... 43 Figura 2.40 – Baterias XP Battery Module da Valence [57]. ...................................................................... 44 Figura 2.41 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão da bateria com a DOD percentual, para diferentes taxas de descarregamento à temperatura de funcionamento de +23 ºC [57]. ..................... 45 Figura 2.42 – Evolução do estado da capacidade de carga percentual ao longo do número de ciclos de carregamento e descarregamento à taxa de C / 2 e à temperatura de +23 ºC [57]. ................................ 45 Figura 2.43 – Curvas de carregamento que relacionam a capacidade de carga percentual com a tensão da bateria e com o tempo total de carregamento [57]. ..................................................................... 46 Figura 2.44 – Células de bateria da EnerDel [59]. ..................................................................................... 46 Figura 2.45 – Bateria da EnerDel [59]. ...................................................................................................... 46 Figura 2.46 – Curva de descarregamento que relaciona a tensão da célula com capacidade de carga absoluta nas células LiTiO [59]. ................................................................................................................. 47 Figura 2.47 – Curva de descarregamento que relaciona a tensão da célula com a DOD percentual para uma taxa de descarregamento de 1 C à temperatura de 30 ºC [59]. .................................................... 48 Figura 2.48 – Comparação de baterias da EnerDel com as tradicionais de NiMH [58]. ............................ 48 Figura 2.49 – Evolução da capacidade de carga absoluta da bateria ao longo do número de ciclos para as condições de carregamento e descarregamento especificadas [59]. ............................................... 48 Figura 2.50 – Bateria TS-LPF90AHA da Thunder Sky [60]........................................................................ 49 Figura 2.51 – Curvas de carregamento que relacionam a tensão da célula com a corrente e com a capacidade de carga percentual ao longo do tempo [60]. ........................................................................... 50 Figura 2.52 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão da célula com a DOD percentual para diferentes taxas de descarregamento [60]. .......................................................................................... 50 Figura 2.53 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão da célula com a DOD percentual para diferentes temperaturas a uma taxa de descarregamento de 0,5 C [60]. ............................................. 50 Figura 3.1 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante. .................................................................................................................................................... 57 Figura 3.2 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: tensão constante. ... 57 Figura 3.3 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: potência constante. .................................................................................................................................................... 58 Figura 3.4 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: temperatura máxima e constante. ................................................................................................................................... 58 Figura 3.5 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante seguida de tensão constante (I). .................................................................................................. 59 Figura 3.6 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente xiv Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Lista de Figuras constante seguida de tensão constante (II).................................................................................................. 59 Figura 3.7 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante seguida de tensão constante (III). ............................................................................................... 60 Figura 3.8 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante seguida de tensão constante (IV). ............................................................................................... 60 Figura 3.9 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: “Negative Delta V”. .............................................................................................................................................................. 61 Figura 3.10 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante e pulsada. .................................................................................................................................... 61 Figura 3.11 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: variação da tensão. ......................................................................................................................................................... 62 Figura 3.12 – Conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo na saída. ................................................. 62 Figura 3.13 – Tensões e correntes no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is), do conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC. ................................................................................................ 63 Figura 3.14 – Utilização de um filtro indutivo série antes do conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC. ............................................................................................................................... 64 Figura 3.15 – Tensões e correntes no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is) do conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC, e com filtro indutivo série no lado CA. .......................................... 65 Figura 3.16 – Filtro LC antes do conversor CA-CC a diodos. ................................................................... 65 Figura 3.17 – Tensões e correntes à entrada (ve, ie) e à saída (vs, is) do conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC e filtro indutivo série e capacitivo paralelo no lado CA. ................. 66 Figura 3.18 – Conversor CA-CC a diodos seguido do conversor CC-CC Step-Up. ................................... 66 Figura 3.19 – Tensões e correntes no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is) do conversor CA-CC com diodos seguido do conversor CC-CC Step-Up. .......................................................................................... 67 Figura 3.20 – Algoritmo de controlo do PWM a aplicar ao conversor CC-CC Step-Up. ........................... 67 Figura 3.21 – Conversor bidireccional CC-CC Step-Up e Step-Down. ...................................................... 68 Figura 3.22 – Conversor bidireccional, com consumo sinusoidal de corrente e factor de potência unitário. ...................................................................................................................................................... 69 Figura 3.23 – Circuito completo do conversor bidireccional. .................................................................... 69 Figura 3.24 – Diagrama de blocos de controlo dos IGBT's do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. ................................................................................................................................................. 70 Figura 3.25 – Algoritmo de controlo de carregamento das baterias com tensão constante, com corrente constante ou com corrente constante seguida de tensão constante. .............................................. 71 Figura 3.26 – Diagrama de blocos de controlo dos IGBT's do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. ................................................................................................................................................. 72 Figura 3.27 – Algoritmo de controlo do descarregamento das baterias como conversor CC-CA ou directamente sobre uma carga. ................................................................................................................... 73 Figura 3.28 – Carregador de baterias Werkraft WK-AFN9 [69]. ................................................................ 74 Figura 3.29 – Carregador Excel CF [70]. ................................................................................................... 75 Figura 3.30 – Carregador Smart Charger Li-Ion Battery Pack [71]........................................................... 75 Figura 3.31 – Smart Charger LiFePO Battery Pack [72]........................................................................... 76 Figura 3.32 – Smart Charger NiCd / NiMH Battery Pack [73]. ................................................................. 77 Figura 3.33 – Smart Fast Charger Lead Acid Battery [74]. ....................................................................... 78 Figura 4.1 – Ambiente de trabalho do software PSCAD. ........................................................................... 81 Figura 4.2 – Circuito de potência implementado no PSCAD para simular o funcionamento do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. ..................................................................................... 82 Figura 4.3 – Simulação dos sensores de tensão e de corrente e respectivo condicionamento de sinais. .... 83 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias xv Lista de Figuras Figura 4.4 – Simulação do circuito de ADC's. ........................................................................................... 83 Figura 4.5 – Modelo do microcontrolador desenvolvido e circuito de enable. .......................................... 84 Figura 4.6 – Definição, através do modelo do microcontrolador, do valor da tensão e da corrente, dos ganhos e dos tempos de integração do controlador PI e dos tempos associados ao controlo do Sistema de Carregamento. .......................................................................................................................... 84 Figura 4.7 – Modelo de bateria desenvolvido. ........................................................................................... 85 Figura 4.8 – Circuito interno do modelo de bateria, que permite o carregamento com tensão ou corrente constante. ...................................................................................................................................... 85 Figura 4.9 – Circuitos de controlo do modelo de bateria para os casos em que é carregada com tensão ou corrente constante. ................................................................................................................................. 86 Figura 4.10 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e corrente de referência (iref) para o lado CA, em regime permanente. .............................................................................................................................. 87 Figura 4.11 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC em regime permanente. ........................................... 88 Figura 4.12 – Parâmetros do modelo do banco de baterias para o carregamento com o algoritmo de tensão constante. ......................................................................................................................................... 88 Figura 4.13 – Parâmetros correspondentes ao microprocessador para o algoritmo de carregamento com tensão constante. ................................................................................................................................. 89 Figura 4.14 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, e corrente de referência (iref) para o lado CA, no transitório de ligação do Siema de Carregamento. ......... 89 Figura 4.15 – Potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga), em regime permanente. .............. 90 Figura 4.16 – Valores RMS para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS). ............................................................................................................. 90 Figura 4.17 – Gráficos dos harmónicos da tensão (ve) e da corrente (ie) no lado CA quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar (dois gráficos da esquerda) e quando está a funcionar (dois gráficos da direita) ............................................................................................................................. 91 Figura 4.18 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. ............................................................................................................................................ 91 Figura 4.19 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, no transitório de ligação do Sistema de Carregamento.................................................................................... 92 Figura 4.20 – Tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência para o lado CA (iref) em regime permanente. ..................................................................................................................... 93 Figura 4.21 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC em regime permanente. ........................................... 93 Figura 4.22 – Parâmetros do modelo do banco de baterias para o carregamento com o algoritmo de corrente constante. ...................................................................................................................................... 94 Figura 4.23 – Parâmetros correspondentes ao microprocessador para o método de carregamento com corrente constante. ...................................................................................................................................... 94 Figura 4.24 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, assim como corrente de referência (iref) para o lado CA. .................................................................................... 95 Figura 4.25 – Potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga) em regime permanente. ............... 95 Figura 4.26 – Valores de RMS, para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS). ............................................................................................................. 96 Figura 4.27 – Gráficos dos harmónicos da tensão e da corrente no lado CA com o Sistema de Carregamento sem comutar (dois gráficos da esquerda) e a comutar (dois gráficos da direita). ................ 96 Figura 4.28 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. ............................................................................................................................................ 97 Figura 4.29 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, no transitório de ligação do Sistema de Carregamento.................................................................................... 97 Figura 4.30 – Tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência para o lado CA (iref) em regime permanente com corrente constante no banco de baterias. .............................................. 98 Figura 4.31 – Tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência (iref) para o lado xvi Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Lista de Figuras CA em regime permanente com tensão constante no banco de baterias. ................................................... 98 Figura 4.32 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC no transitório entre estágios de carregamento. ........ 99 Figura 4.33 – Parâmetros do modelo do banco de baterias para o carregamento com o algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. ......................................................................................... 99 Figura 4.34 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, no transitório entre estágios de carregamento. .............................................................................................. 100 Figura 4.35 – Parâmetros correspondentes ao microprocessador para este algoritmo de carregamento. . 100 Figura 4.36 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, assim como corrente de referência (iref) para o lado CA, no estágio de corrente constante. ............................. 101 Figura 4.37 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, assim como corrente de referência (iref) para o lado CA, no estágio de corrente constante. ............................. 101 Figura 4.38 – Potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga), em regime permanente. ............ 102 Figura 4.39 – Valores RMS para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS), com o Sistema de Carregamento a funcionar, no estágio de corrente constante e no estágio de tensão constante, respectivamente. .................................................... 102 Figura 4.40 – Gráficos dos harmónicos da tensão e da corrente no lado CA quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar (dois gráficos da esquerda) e quando está a funcionar (dois gráficos da direita), durante o estágio de corrente constante. ................................................................... 103 Figura 4.41 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. .......................................................................................................................................... 103 Figura 4.42 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, no transitório de ligação do Sistema de Carregamento, e antes do estágio de corrente constante. ................ 104 Figura 4.43 – Tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, e a corrente de referência (iref) para o lado CA, em regime permanente. ..................................................................................................................... 105 Figura 4.44 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC em regime permanente. ......................................... 105 Figura 4.45 – Potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga), em regime permanente. ............ 105 Figura 4.46 – Valores RMS para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS). ........................................................................................................... 106 Figura 4.47 – Gráficos dos harmónicos da tensão (ve) e da corrente (ie) no lado CA.............................. 106 Figura 5.1 – Circuito de potência com todos os seus elementos. ............................................................. 109 Figura 5.2 – Conversor bidireccional. ...................................................................................................... 110 Figura 5.3 – IGBT FGA25N120ANTD da Fairchild Semiconductor [75]. ............................................... 110 Figura 5.4 – Indutância utilizada no lado CA. .......................................................................................... 111 Figura 5.5 – Condensador utilizado no lado CC. ...................................................................................... 111 Figura 5.6 – Circuito de pré-carga do condensador do lado CC. .............................................................. 112 Figura 5.7 – Banco de baterias de chumbo-ácido com tensão nominal 48 V e capacidade nominal de armazenamento 44 Ah. ............................................................................................................................. 112 Figura 5.8 – Circuito de comando potência com todos os seus elementos. .............................................. 113 Figura 5.9 – Sensor de tensão de efeito Hall LV 25-P da LEM [76]. ....................................................... 114 Figura 5.10 – Esquemático de ligações do sensor LV 25-P da LEM [77]................................................. 114 Figura 5.11 – Sensor de corrente LA 55-P da LEM [78]. ......................................................................... 116 Figura 5.12 – Esquemático de ligações do sensor LA 55-P da LEM [79]................................................. 116 Figura 5.13 – Esquemático do circuito que permite adicionar valor médio e ajustar o ganho aos sinais com valor médio nulo. .............................................................................................................................. 117 Figura 5.14 – Esquemático do circuito de protecção e filtro RC. ............................................................. 118 Figura 5.15 – Placa de condicionamento de sinais desenvolvida. ............................................................ 118 Figura 5.16 – Constituição interna do microcontrolador PIC32MX360F512L [80]. ................................ 119 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias xvii Lista de Figuras Figura 5.17 – Placa de desenvolvimento para o microcontrolador PIC32MX360F512L inserido no PIC32MX Starter Kit. ............................................................................................................................... 120 Figura 5.18 – Ambiente de trabalho do MPLAB. ..................................................................................... 120 Figura 5.19 – Esquemático do circuito de comando dos sinais para os IGBT's. ...................................... 121 Figura 5.20 – Placa de circuito de comando dos sinais para os IGBT's desenvolvida. ............................ 121 Figura 5.21 – Esquemático do circuito de drivers para um IGBT. ........................................................... 122 Figura 5.22 – Placa de circuito de drivers desenvolvida. ......................................................................... 122 Figura 5.23 – Esquemático do circuito de detecção de excessos de corrente. .......................................... 123 Figura 5.24 – Esquemático do circuito de detecção de excessos de tensão no lado CC e detecção de falha de dead-time. ................................................................................................................................... 123 Figura 5.25 – Placa de circuito de detecção de erros desenvolvida. ......................................................... 124 Figura 5.26 – Circuito externo do DAC712P. .......................................................................................... 124 Figura 5.27 – LCD utilizado para visualizar o estado de carregamento das baterias. .............................. 125 Figura 5.28 – Versão final do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias desenvolvido. ............. 125 Figura 6.1 – Variac utilizado nos testes do Sistema de Carregamento. .................................................... 127 Figura 6.2 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA quando os IGBT’s do Sistema de Carregamento não estão a comutar. ................................................................................................................................. 128 Figura 6.3 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA quando os IGBT’s do Sistema de Carregamento estão a comutar. ........................................................................................................................................ 128 Figura 6.4 – Gráfico com os principais harmónicos da corrente no lado CA e o valor da THD total dessa corrente, quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar. ............................................... 129 Figura 6.5 – Gráfico com os principais harmónicos da corrente no lado CA e o valor da THD total dessa corrente, quando os IGBT’s do Sistema de Carregamento estão a comutar. .................................. 129 Figura 6.6 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) no lado CC, no transitório em que os IGBT’s do Sistema de Carregamento começam a comutar. ................................................................ 130 Figura 6.7 – Tensão e corrente no lado CA, e tensão no lado CC, no mesmo transitório, numa escala de tempo maior. ........................................................................................................................................ 130 Figura 6.8 – Tensão e corrente no lado CA, tensão no lado CC e corrente de referência (iref) para o lado CA, no mesmo transitório. ................................................................................................................ 131 Figura 6.9 – Tensão no banco de baterias, ao longo de todo o tempo de carregamento, com tensão constante de valor 55 V. ........................................................................................................................... 132 Figura 6.10 – Corrente de carregamento do banco de baterias, ao longo de todo o tempo de carregamento, com tensão constante de valor 55 V.................................................................................. 132 Figura 6.11 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão do lado CC (vs) na fase inicial do carregamento. ......................................................... 133 Figura 6.12 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão do lado CC (vs) na fase final do carregamento. ............................................................ 133 Figura 6.13 – Tensão no banco de baterias, ao longo de todo o tempo de carregamento, com corrente constante de valor 1,2 A. .......................................................................................................................... 134 Figura 6.14 – Corrente de carregamento do banco de baterias, ao longo de todo o tempo de carregamento, com corrente constante de valor 1,2 A. ............................................................................. 134 Figura 6.15 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão (vs) do lado CC na fase inicial do carregamento. ......................................................... 135 Figura 6.16 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão do lado CC (vs) na fase final do carregamento. ............................................................ 135 Figura 6.17 – Tensão no banco de baterias ao longo de todo o tempo de carregamento, com um primeiro estágio de corrente constante de valor 1,2 A, seguido de um estágio de tensão constante de valor 55 V. ................................................................................................................................................ 136 xviii Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Lista de Figuras Figura 6.18 – Corrente de carregamento do banco de baterias ao longo de todo o tempo de carregamento, com um primeiro estágio de corrente constante de valor 1,2 A, seguido de um estágio de tensão constante de valor 55 V. ........................................................................................................... 136 Figura 6.19 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão (vs) do lado CC na fase inicial do carregamento, ou seja, no estágio de corrente constante. .................................................................................................................................................. 137 Figura 6.20 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão (vs) do lado CC na fase final do carregamento, ou seja, no estágio de tensão constante. .................................................................................................................................................. 137 Figura 6.21 – Resistência de potência utilizada para o descarregamento do banco de baterias. .............. 138 Figura 6.22 – Corrente do lado CA quando o banco de baterias está a devolver a energia armazenada à rede eléctrica. ......................................................................................................................................... 139 Figura 6.23 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão (vs) do lado CC, quando o banco de baterias está a devolver a energia armazenada à rede eléctrica. ......................................................................................................................................... 139 Figura 6.24 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, e tensão (vs) do lado CC, quando o banco de baterias está a devolver a energia armazenada à rede eléctrica. ................................................ 140 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias xix Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Principais características nominais da célula de combustível ElectraGen [3]. ........................ 8 Tabela 2.2 – Principais características nominais do flywheel VDC-XE [7]. ................................................. 9 Tabela 2.3 – Estado percentual das baterias Torjan Deep-Cycle de 6 V e 12 V em função da tensão em circuito aberto [16]. .............................................................................................................................. 16 Tabela 2.4 – Valores nominais da célula e do módulo S.C.i.B. [26]. ......................................................... 25 Tabela 2.5 – Características do UltraCondensador da Batscap [29]........................................................... 28 Tabela 2.6 – Valores nominais do módulo de Ultracondensadores BMOD Power [30]. ........................... 29 Tabela 2.7 – Características relevantes do PCM para baterias de lítio [35]. .............................................. 33 Tabela 2.8 – Comparação entre o Tesla Roadster e veículos não eléctricos [42]. ...................................... 37 Tabela 2.9 – Características nominais do NHE 10-100 Module da Saft [56]. ............................................ 42 Tabela 2.10 – Valores nominais da bateria U24-12XP da Valance [57]. ................................................... 44 Tabela 2.11 – Valores nominais da célula LiTiO da EnerDel [58][59]. ..................................................... 47 Tabela 2.12 – Valores nominais da bateria TS-LPF90AHA da Thunder Sky [60]. ..................................... 49 Tabela 2.13 – Características das diferentes tecnologias de células de baterias. ........................................ 51 Tabela 2.14 – Características das diferentes tecnologias de baterias. ......................................................... 52 Tabela 2.15 – Exemplos de fornecedores de baterias de diferentes tecnologias e valores nominais. ......... 53 Tabela 3.1 – Principais características do carregador Werkraft WK-AFN9 [69]. ....................................... 74 Tabela 3.2 – Principais características de um carregador Excel CF trifásico de 6600 W [70]. .................. 75 Tabela 3.3 – Principais características do carregador Smart Charger Li-Ion Battery Pack [71]. ............... 76 Tabela 3.4 – Principais características do carregador Smart Charger LiFePO Battery Pack [72]. ............ 76 Tabela 3.5 – Principais características do carregador Smart Charger NiCd / NiMH Battery Pack [73]. ... 77 Tabela 3.6 – Principais características do carregador Smart Fast Charger Lead Acid Battery [74]. ......... 78 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias xxi Lista de Abreviaturas ADC Analog to Digital Converter AGM Absorption Glass Mat BMS Battery Management System CA Corrente Alternada CC Corrente Contínua DAC Digital to Analog Converter DOD Depth of Discharge IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor LCD Liquid Crystal Display LiFeMgPO Lithium Iron Magnesium Phosphate LiFePO Lithium Iron Phosphate LiMnO Lithium Manganese Oxygen LiPol Lithium Polymer LiTi Lithium Titanium NiCd Nickel Cadmium NiMH Nickel Metal Hydride PCM Protection Circuit Module PI Proporcional Integral PIC Programmable Interface Controller PSCAD Power System Computer Assisted Design PWM Pulse Width Modulation QEE Qualidade da Energia Eléctrica RMS Root Mean Square SLA Sealed Lead Acid THD Total Harmonic Distortion UPS Uninterruptible Power Supply VRLA Valve Regulated Lead Acid Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias xxiii CAPÍTULO 1 Introdução 1.1. O Problema Energético nos Transportes Ao longo das últimas décadas, a energia eléctrica tem-se revelado uma tal utilidade que, actualmente, muito dificilmente alguém passaria sem ela, principalmente para usufruir dos bens essenciais, tais como electrodomésticos e luz eléctrica. Esta relação de dependência é cada vez maior, uma vez que os avanços tecnológicos são constantes, no entanto, as soluções actuais para a produção da energia eléctrica necessária, nem sempre são as mais benéficas, do ponto de vista ambiental, para o planeta em que vivemos. A nível mundial, o actual consumo energético, principalmente no sector dos transportes, é bastante elevado e, infelizmente, grande parte dessa energia é proveniente de fontes de energia não renováveis, como o petróleo ou o gás natural. Nas próximas décadas, com a escassez destes bens para satisfazer as necessidades do consumo, é necessário dirigir esforços para outras fontes de energia, que permitam colmatar esta escassez. Assim, neste sector, a escolha óbvia para mitigar este problema, assenta na aposta nos veículos híbridos e eléctricos, sendo que o desenvolvimento tecnológico deste tipo de veículos tem sido alvo de forte aposta nos últimos anos, existindo já vários modelos comercialmente disponíveis. É no contexto dos veículos híbridos e eléctricos que surge o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, visando atender às necessidades de carregamento das mesmas, respeitando as suas características construtivas e intrínsecas, assim como os algoritmos de optimização do carregamento de modo a permitir prolongar a vida útil das mesmas. Tais algoritmos consistem no fornecimento de energia eléctrica respeitando os diferentes estágios de carregamento, quer a nível de tensão quer a nível de corrente. Com a promissora mudança no paradigma dos transportes, o uso dos veículos híbridos e eléctricos representa uma alternativa vantajosa do ponto de vista ambiental, principalmente, porque reduz às emissões de gases com efeito de estufa. No entanto, também é necessário garantir que a energia eléctrica fornecida às baterias não seja produzida a partir de fontes de energia não renováveis. Outro aspecto de grande importância prende-se com o facto do Sistema Eléctrico Nacional poder ser afectado do ponto de vista da Qualidade da Energia Eléctrica (QEE) se o sistema de carregamento das baterias não consumir corrente sinusoidal e não apresentar factor de potência unitário. Por esta razão, o colmatar dos factores enunciados são as mais-valias do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias proposto nesta Dissertação. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 1 Capítulo 1 – Introdução 1.2. Enquadramento Fruto dos acordos políticos do governo português, na próxima década, Portugal estará no caminho dos veículos híbridos e eléctricos como principal alternativa aos veículos que utilizam combustíveis fósseis, sendo por isso de extrema importância dotar o país de uma rede de carregamento das baterias destes veículos. Com esta aposta, reduzem-se os problemas ambientais originários dos actuais veículos e a dependência externa de combustíveis fosseis, que devido à crescente procura, apresentam reservas que tendem a esgotar nas próximas décadas. Por esta razão, os construtores de veículos estão convencidos do sucesso dos veículos híbridos e eléctricos e da rentabilidade que os mesmos podem representar, sendo que actualmente, a aposta nestes veículos tem sido elevada. Um destes exemplos provém da cooperação Renault-Nissan que prevê, para curto prazo, o lançamento a nível mundial de modelos de veículos eléctricos. Neste cenário, empresas de sectores como o tecnológico e o energético terão um papel importante na colaboração com os fabricantes dos veículos, nomeadamente, para dotar Portugal de infra-estruturas que permitam a circulação destes veículos sem inconvenientes, principalmente, na criação de uma rede de carregamento das baterias. Implicitamente, essas empresas também contribuirão para a expansão da inovação tecnológica em Portugal, colocando-nos, a nível mundial, na vanguarda desta tecnologia. 1.3. Motivações A motivação primordial para o desenvolvimento do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias é a crescente aposta em veículos híbridos e eléctricos por parte dos grandes construtores de veículos, e não menos importante, os problemas ambientais actuais e a escassez de alguns dos recursos utilizados na produção de energia eléctrica. Com o desenvolvimento dos veículos híbridos e eléctricos, surge então a necessidade de recorrer à electrónica de potência para satisfazer as suas principais necessidades. Dentro da electrónica de potência a principal motivação foi a construção de um conversor bidireccional. Relativamente ao software, a principal motivação foi a elaboração de um sistema de controlo capaz de manter tensão ou corrente constante no lado CC, conforme o algoritmo de carregamento das baterias, que ao mesmo tempo consome corrente sinusoidal e mantém unitário o factor de potência. 1.4. Objectivos Tendo em conta as necessidades dos veículos híbridos e eléctricos e do Sistema Eléctrico Nacional, com o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias proposto, pretende-se carregar as diferentes tecnologias de baterias recorrendo a diferentes algoritmos de carregamento, visando principalmente, prolongar a vida útil das mesmas e preservar a QEE. Para este pressuposto, pretende-se que o Sistema de Carregamento se possa adaptar a baterias com diferentes características nominais e a todas as suas 2 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 1 – Introdução tecnologias. Com o Sistema de Carregamento apresentado pretende-se carregar as baterias dos veículos híbridos e eléctricos através de um método de carregamento lento, indicado para quando os veículos estiverem ligados à rede eléctrica por longos períodos de tempo, como parques de estacionamento ou residências. Por outro lado, como Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias pode funcionar de forma bidireccional é possível que a energia armazenada nas baterias seja devolvida ao Sistema Eléctrico Nacional, ajudando assim as centrais hidroeléctricas reversíveis a colmatar a crescente aposta na energia eólica e solar, uma vez que a energia produzida a partir dos ventos e radiação solar directa revela-se inconstante. Deste modo, o sistema apresentado nesta dissertação poderá vir a ser, num futuro próximo, uma excelente solução para o problema de carregamento de um elevado número de veículos híbridos e eléctricos através do Sistema Eléctrico Nacional, sem que para o efeito prejudiquem a QEE. Para a construção do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias foi imprescindível a pesquisa sobre os sistemas de carregamento de baterias existentes e suas tecnologias, e com base nesta, é proposto a construção de um conversor bidireccional que permite consumo sinusoidal de corrente e factor de potência unitário, e ao mesmo tempo, mantém constante a tensão ou a corrente no lado CC. Por fim, os objectivos a alcançar para que o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias possa funcionar correctamente, resumem-se a: • Permitir manter constante a tensão ou a corrente do lado CC, conforme o algoritmo de carregamento das baterias. • Em qualquer método de carregamento das baterias, o consumo de corrente por parte do conversor CA-CC, deve ser sinusoidal e com factor de potência unitário. • Permitir que o sistema possa ser bidireccional, ou seja, possa funcionar com conversor CA-CC ou como conversor CC-CA. 1.5. Organização da Dissertação De acordo com os objectivos anteriormente mencionados, esta Dissertação está organizada em vários capítulos, descritos e enumerados de seguida. No Capítulo 1, denominado Introdução, está descrito O Problema Energético nos Transportes, o Enquadramento, as Motivações, os Objectivos e a Organização da Dissertação. No Capítulo 2, referente às Baterias Eléctricas, estão abordadas as principais tecnologias de baterias de uso comum, e também baterias específicas para veículos híbridos e eléctricos, assim como os respectivos algoritmos de carregamento. No Capítulo 3, denominado Carregadores de Baterias, são abordados diferentes algoritmos de carregamento das mesmas que podem ser implementados para as diferentes tecnologias destas. Ainda neste capítulo são apresentados diferentes carregadores de baterias comercialmente disponíveis, com indicação das suas Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 3 Capítulo 1 – Introdução características, e em comparação com o carregador proposto no âmbito desta Dissertação, referindo os seus algoritmos de controlo. No Capítulo 4, denominado Simulações do Sistema de Carregamento, estão apresentados e comentados os resultados computacionais obtidos no software PSCAD relativos ao Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias proposto. Estes resultados adquiridos para diferentes algoritmos de carregamento e descarregamento, ou seja, com o conversor a funcionar de forma bidireccional. No Capítulo 5, referente à Implementação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, estão expostas todas as partes constituintes que conduziram à sua implementação, nomeadamente, o circuito de potência e o circuito de comando. No Capítulo 6, relativo aos Resultados Experimentais do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, estão apresentados os resultados obtidos aquando do carregamento de um banco de baterias específico com diferentes algoritmos. Neste capítulo são também apresentados os resultados obtidos quando a energia armazenada nas baterias está a ser devolvida ao Sistema Eléctrico Nacional, isto é, quando o conversor está a funcionar no modo CC-CA. No Capítulo 7, por ser o último, refere-se às Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro que se podem reter após a análise do funcionamento do Sistema de Carregamento. Também estão apresentadas as sugestões de trabalho futuro, que visam optimizar todo o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. 4 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias CAPÍTULO 2 Baterias Eléctricas 2.1. Introdução O armazenamento de energia é uma necessidade intrínseca ao ser humano, sendo que, o facto de ter que se alimentar constantemente para realizar as tarefas básicas inerentes à sua sobrevivência é a primordial. Todavia, quando se faz referência ao armazenamento de energia, associam-se várias formas desta, como por exemplo: Energia Electroquímica: que consiste no armazenamento através de baterias eléctricas. Energia Eléctrica: através de bobinas supercondutoras ou supercondensadores. Energia Potencial: através da água contida nas albufeiras das barragens hidroeléctricas. Energia Mecânica: através de volantes de inércia (flywheel's), sistemas de ar comprimido ou molas. Apesar destes diferentes métodos de armazenamento de energia serem todos relevantes, somente o armazenamento de energia através de baterias é abordado nesta Dissertação. 2.2. Baterias As baterias são dispositivos que armazenam a energia eléctrica que lhes é fornecida através das reacções electroquímicas que se processam no seu interior. De forma simplista, as baterias podem ser vistas como dispositivos que armazenam energia por tempo teoricamente ilimitado e que fornecem essa mesma energia quando necessário. Deste ponto de vista, considera-se que as baterias apenas trocam energia entre sistemas, ou seja, recebem energia eléctrica, armazenam-na de forma química e posteriormente devolvem essa mesma energia como energia eléctrica. No entanto, neste processo de transformação de formas de energia existem sempre perdas inerentes, principalmente de energia térmica [1]. Dependendo da finalidade a que se destinam as baterias, estas são classificadas como primárias ou secundárias, sendo que o primeiro conceito diz respeito ao tipo de baterias fabricadas com o intuito de fornecer energia eléctrica uma única vez. Por outro lado, as baterias secundárias são aquelas que podem ser recarregadas um número finito de vezes. Do ponto de vista ambiental, as secundárias são preferíveis às primárias, porque podem ser reutilizadas, todavia, nos respectivos fins de vida, ambas podem ser recicladas em locais próprios, evitando assim a poluição do meio ambiente, através dos elementos químicos destas, como o cádmio, chumbo ou mercúrio. Deste modo, a recolha e posterior reciclagem das baterias é de extrema importância em qualquer circunstância e ainda mais com a previsível expansão, para as próximas décadas, dos Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 5 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas veículos híbridos e eléctricos. Como referido anteriormente, a vida útil das baterias é finita, mas não depende apenas do processo de construção, porque um dos pressupostos mais importante para a longa durabilidade das baterias é o respeito pelos correctos procedimentos de carregamento e descarregamento, sendo que cada tipo de bateria tem as suas próprias especificações. Respeitando estes processos, consegue-se atingir a imprescindível fiabilidade que se deseja obter com as baterias. No que concerne à distinção entre baterias, basicamente, estas são distinguíveis pelos elementos químicos que as constituem e pelo objectivo final a que se propõem. Um exemplo típico, que evidencia a diferença de aplicabilidade, mas com a mesma tecnologia, é o das baterias de chumbo utilizadas para o arranque de automóveis, que fornecem corrente elevada por um período de tempo curto, ao passo que outras baterias, também de chumbo, podem ser utilizadas para alimentar UPS's, de forma a fornecer corrente constante durante um período de tempo relativamente longo. Relativamente às características eléctricas das baterias, a capacidade de corrente eléctrica que a mesma pode fornecer durante um período de tempo, expressa em Ah, e a tensão que a mesma dispensa aos seus terminais, medida em V, são as mais relevantes. No entanto, a par destas, a temperatura a que a bateria está sujeita durante o carregamento, durante o descarregamento, e quando estão sem uso, também são características muito relevantes, visto influenciar bastante o rendimento e a vida útil das mesmas, sendo por isso difícil fazer estimativas exactas quanto ao rendimento das baterias. Por exemplo, teoricamente, uma bateria de 12 V e 7 Ah é capaz de alimentar um sistema com 12 V e fornecer uma corrente de 7 A durante uma hora, ou uma corrente de 3,5 A durante duas horas, no entanto, o rendimento para ambas as situações não é igual, nem é de 100 %, já que vão existir as perdas mencionadas anteriormente. A lei de Peukert expressa a capacidade de carga de uma bateria de chumbo-ácido em relação à taxa de descarregamento, permitindo efectuar estimativas da capacidade de carga que a bateria possui quando descarregada com uma determinada corrente durante um intervalo de tempo. Normalmente, a escolha das baterias baseia-se nas características apresentadas, mas existem outros factores de relevada importância que devem ser considerados, tal como a relação de energia por unidade de volume, a relação de energia por unidade de kg, os custos de aquisição e o impacto ambiental. 2.2.1. Baterias vs. Células de Combustível Analisando o que se obtém destes dois sistemas, as baterias e as células de combustível são idênticas, pois em ambas, o resultado final dos processos químicos é a energia eléctrica. Contudo, abordando estes processos mais pormenorizadamente, facilmente se conclui que existem diferenças tecnológicas e físicas que limitam o uso das células de combustível a casos específicos, como os veículos eléctricos. Por um lado, as baterias estão limitadas à capacidade nominal, à relação de energia por unidade 6 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas de volume, à relação de energia por unidade de kg, e ao facto do processo de carregamento ser moroso. Por outro lado, as células de combustível, enquanto tiverem combustível para consumir estão sempre em funcionamento, dependendo apenas da capacidade do reservatório de combustível, que em última instância, até pode ser um gasoduto de hidrogénio. Todavia, se a questão for abordada em relação a sistemas portáteis, existem questões pertinentes que favorecem as baterias, apesar de alguns cépticos destas usarem como argumento o facto das células de combustível apenas necessitarem de ser abastecidas, ou seja, o reservatório pode ser reposto com rapidez e em qualquer lugar que tenha essas condições, assim como um veículo tradicional pode ser abastecido do mesmo modo. Este factor parece revelar-se uma vantagem das células de combustível em relação às baterias, mas apesar de as baterias requererem carregamentos que podem ser longos, estas podem ser substituídas por outras que estejam previamente carregadas. Por exemplo, nos veículos eléctricos, durante uma viagem em que se pretende apenas paragens curtas, quando as baterias estiverem parcial ou quase totalmente descarregadas, podem facilmente ser substituídas por outras num local específico, tal como o carregamento do reservatório das células de combustível. Quanto às células de combustível, além do hidrogénio, até ao momento mais nenhum elemento químico, como o monóxido de carbono, butano, propano ou metano, consegue obter resultados satisfatórios para as células de combustível, e mesmo que os resultados na produção de energia eléctrica fossem mais aceitáveis, existem problemas relacionados com a segurança de transporte, os níveis de toxidade, a facilidade de combustão e o facto de alguns destes elementos químicos serem incolores e inodoros, o que deve ser tomado em conta, caso contrário, pode-se estar perante uma situação iminente de perigo por intoxicação sem que se dê pela existência de substâncias tóxicas. Ainda assim, recentemente foram obtidos desenvolvimentos promissores com o metanol, no entanto, para além de ser um gás que se pretende reduzir às emissões, conforme disposto no Protocolo de Quioto, é também um gás inodoro e incolor, e que quando misturado com o ar transforma-se numa mistura de alto teor explosivo. A par destes inconvenientes, o metanol pode penetrar no corpo humano através da pele ou das vias respiratórias, podendo provocar lesões irreversíveis como a cegueira ou, em caso extremo, a morte. Por esta razão, o seu uso requer cuidados muito específicos, sendo inclusive proibido o seu transporte em aviões [1]. Desta forma, o hidrogénio é o elemento químico que melhores resultados apresenta para as células de combustível, no entanto, com inconvenientes inquestionáveis, tais como custos, problemas com temperaturas inferiores a 0ºC e dificuldade na sua produção, transporte e armazenamento. Relativamente ao peso, devido às altas temperaturas de funcionamento das células de combustível a hidrogénio, é necessário o uso de volumosos sistemas de isolamento térmico, contrariamente às baterias. Apesar destas considerações, dependendo do sistema em causa, as baterias e as células de combustível podem cooperar, seja como uma solução híbrida, ou com as Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 7 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas células de combustível a fornecerem energia eléctrica para o carregamento das baterias. Comercialmente, várias empresas japonesas, como a NEC e a Toshiba, já apresentaram os seus protótipos de utilização de células de combustível, no entanto, todos eles são modelos externos que se conectam aos equipamentos, nomeadamente computadores portáteis, através de cabos de alimentação ou conexões, inviabilizando assim a substituição das baterias. Com a evolução tecnológica, estes sistemas podem reduzir de tamanho a ponto de serem embutidos em equipamentos portáteis, porém, fruto também da evolução tecnológica, as baterias poderão da mesma forma ter características bastante superiores às actuais, limitando assim o uso das células de combustível [2]. Um exemplo de célula de combustível disponível comercialmente é a ElectraGen da empresa Chloride, apresentada na Figura 2.1. Na Tabela 2.1 estão apresentadas as principais características nominais desta célula de combustível. Figura 2.1 – Célula de combustível ElectraGen [3]. Tabela 2.1 – Principais características nominais da célula de combustível ElectraGen [3]. Potência Máxima (kW) 3 Tensão Nominal Saída (V) 48 e 24 Consumo H2 (standard liters per minute 1– slpm / kWh) 15 Temperatura de Funcionamento (ºC) -40 a +50 Dimensões (mm) 648 x 997 x 1345 Peso (kg) 220 2.2.2. Baterias vs. Flywheel’s Os flywheel's são sistemas cuja funcionalidade consiste em conservar energia cinética por intermédio de um rotor que gira no vácuo. Para tal, normalmente, é induzida velocidade ao rotor através de um motor e posteriormente com um gerador converte-se a energia armazenada neste sistema em energia eléctrica. Estes sistemas 1 slmp – Standard litres per minute significa, neste caso, o número de litros por minuto standard de consumo de hidrogénio. 8 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas estão a progredir no mundo das tecnologias, devido às vantagens que apresentam, nomeadamente, baixa manutenção, longa vida útil e não utilização de elementos químicos susceptíveis de poluírem a Natureza [4]. Apesar de parecerem simples e vantajosos para determinados sistemas, os flywheel's apresentam desvantagens que os tornam menos competitivos que as baterias quando aplicados a veículos híbridos e eléctricos. Por exemplo, mecanicamente os flywheel's devem ser concebidos para resistir a uma possível desintegração do rotor, não devem possuir problemas de atrito, o efeito giroscópio não deve interferir com o movimento do veículo e devem ser resistentes a choques mecânicos [5][6]. Um exemplo de flywheel disponível comercialmente é o VDC-XE da empresa Chloride. Na Figura 2.2 está apresentado o aspecto externo desse flywheel e a sua constituição interna. Na Tabela 2.2 estão apresentadas as principais características nominais deste flywheel. Figura 2.2 – Aspecto externo do flywheel e sua constituição interna [7]. Tabela 2.2 – Principais características nominais do flywheel VDC-XE [7]. Potência Máxima (kW) em 5,4 s 300 Rotações (krpm) 18,5 a 36 Tensão Nominal Entrada (V) 400 a 600 Eficiência (%) 99,4 Tensão Nominal Saída (V) 400 a 520 Temperatura de Funcionamento (ºC) -20 a +40 Dimensões (mm) 762 x 762 x 1,872 Peso (kg) 826 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 9 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.3. Cronologia das baterias O inicio do armazenamento de energia, através do método electroquímico, remonta aos finais do século XVIII. Durante as décadas seguintes e em especial na segunda metade do século XX, os cientistas desta área, têm-se redobrado em esforços para desenvolver modelos de baterias o mais eficiente possível. É neste pressuposto que hoje em dia, num mercado cada vez mais necessitado de baterias eficientes, qualquer avanço, por mais pequeno que seja, é digno de especial destaque. De seguida apresentase uma pequena cronologia respeitante à evolução da tecnologia de baterias [8]. 1789 – Galvani deduziu que metais produziam electricidade apenas em contacto com tecido animal, nomeadamente músculos e células nervosas. 1800 – Alessandro Volta construiu a primeira pilha não recarregável, sem recorrer às deduções de Galvani. 1854 – Sinstede utiliza pela primeira vez placas de chumbo mergulhadas em ácido sulfúrico para armazenar electricidade. 1859 – Planté melhora a capacidade das baterias ácidas com uma técnica ainda actualmente utilizada. 1881 – Faure faz avanços em termos de capacidade, usando pela primeira vez uma liga de chumbo-antimónio. 1882 – Gladstone e Tribe desenvolvem as operações básicas das baterias ácidas. Tudor abre no Luxemburgo uma fábrica de baterias ácidas. 1904 – Neste ano é utilizada madeira de cedro nos separadores das baterias. 1907 – É patenteada a liga de chumbo-cálcio. 1910 – O ferro folheado é introduzido na construção das baterias. 1915 – Willard introduz os separadores de borracha nas baterias. 1951 – Ligas de chumbo-cálcio são utilizadas nas baterias dos telefones por troca com as baterias estacionárias de chumbo-ácido. 1958 – Jache descreve as baterias de gel VRLA (Valve Regulated Lead Acid). 1965 – Baterias de polipropileno SLI (Starting Lighting Ignition) começam a ser utilizadas. 1968 – Bateria de SLI sem manutenção é desenvolvida. 1980 – Baterias VRLA estacionárias baseadas na tecnologia AGM (Absorption Glass Mat) começam a ser desenvolvidas. 2.4. “Efeito Memória” das Baterias O termo “efeito memória”, originário das baterias à base de níquel-cádmio, significa que estas se podem “lembrar” da quantidade de energia descarregada anteriormente, sendo por isso recomendável efectuar descarregamentos completos para este tipo de baterias. Por esta razão, ainda hoje, o termo “efeito memória” é utilizado para indicar a perda de capacidade nas baterias à base de níquel, porém, com as melhorias tecnológicas este efeito tende a ser reduzido. Por exemplo, testes realizados 10 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas em laboratórios da Black&Decker, mostraram que o “efeito memória” na moderna bateria de níquel-cádmio eram tão pequenos, que só podiam ser detectados com equipamentos sensíveis [9]. Quimicamente, o “efeito memória” consiste na formação cristalina que ocorre quando a bateria não é totalmente descarregada. Quando as baterias de níquel-cádmio estão em perfeito estado, o material activo de cádmio está presente em cristais finamente divididos, mas quando o volume destes cristais aumenta, devido a utilização incorrecta, ocorre o “efeito memória”. Quando este efeito está em fase avançada, os cantos afiados dos cristais podem crescer através do separador, dando origem a elevado auto-descarregamento ou até curto-circuito da bateria, tendo como resultado a perda da capacidade de armazenamento da energia. Outro processo que ocorre, e que também é denominado “efeito memória”, é a formação de um composto inter-metálico de níquel e cádmio, criando resistência interna extra na bateria [9]. Opostamente, as baterias à base de chumbo, ou as que são constituídas à base de lítio, não são afectadas por este efeito, mas podem sofrer de corrosão (nas baterias à base de chumbo) e de oxidação da placa (nas baterias à base de lítio). O “efeito memória” nas baterias à base de níquel é irreversível, assim como a oxidação da placa nas baterias à base de lítio, no entanto, os efeitos nas baterias de chumbo podem ser parcialmente reversíveis [9]. 2.5. Tecnologia das Baterias Dependendo das características e da aplicação a que se destinam, existem diferentes tecnologias de baterias [10][11]. Neste contexto, a seguir serão abordadas algumas características das principais tecnologias de baterias utilizadas em veículos híbridos e eléctricos, no entanto, não será feita uma descrição exaustiva dos detalhes de construção, nem das fórmulas químicas envolvidas em cada tecnologia. Independentemente da aplicação, todas as baterias apresentam vantagens e desvantagens, todavia, todas visam obter a maior densidade energética possível, o maior número de carregamentos e descarregamentos, baixo custo e o menor peso e volume possíveis. Assim, as principais características das baterias são: Tensão - Expressa em V indica qual a tensão nominal que a mesma disponibiliza aos seus terminais. Capacidade - Expressa em Ah determina a capacidade que a mesma tem em fornecer corrente eléctrica durante um intervalo de tempo. Por exemplo, uma bateria de 10 Ah pode fornecer uma corrente de 10 A durante uma hora. Neste caso concreto, se o carregamento ou descarregamento for efectuado com uma corrente de 10 A, a bateria apenas recebe ou fornece essa corrente durante uma hora, significando que esse carregamento ou descarregamento foi efectuado a uma taxa de 1 C. Densidade de energia - Expressa em Wh / l estabelece a relação entre a energia nominal e o volume em litros. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 11 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Densidade de potência - Expressa em W / l estabelece a relação entre a potência nominal e o volume em litros. Energia específica - Expressa em Wh / kg indica a energia nominal da bateria por kg. Potência específica - Expressa em W / kg indica a potência da bateria por kg. Resistência interna - Expressa em mΩ determina a resistência interna da bateria devido às características das células e/ou devido aos circuitos de protecção internos. Ciclos - Expressos em unidades (por exemplo 1000 ciclos) informa o número de ciclos de carregamentos e descarregamentos que podem ser efectuados sem deterioração significativa das características nominais. O número de ciclos é estabelecido para condições de carregamento e descarregamento nominais, caso contrário, este número é seriamente afectado. Estas características, intrínsecas a cada tecnologia de bateria, têm sido alvo de constantes desenvolvimentos tecnológicos, porque cada vez mais, os equipamentos requerem mais recursos energéticos por longos períodos de tempo e longa durabilidade. Além destas, existem outras características também relevantes, como o preço, as dimensões, taxas de carregamento e descarregamento, garantia de segurança, e a operação em diferentes níveis de temperatura, quer durante o funcionamento quer durante o armazenamento. Actualmente, os elementos químicos primordiais para a constituição das baterias são o chumbo, o níquel e o lítio, sendo que com estes elementos se podem desenvolver outras tecnologias. Por exemplo, assente na tecnologia do lítio é possível construir, entre outras, baterias de lítio-polímero (LiPol) ou de lítio-fosfato-ferro (LiFePO). Com base nestes três elementos químicos de seguida são apresentados alguns exemplos de baterias e/ou de células de baterias. 2.5.1. Baterias de Chumbo Aplicação Normalmente, as baterias de chumbo (Pb) são a principal opção para aplicações de grande potência onde são primordiais o custo e a robustez, e em segundo plano o peso. Entre outras aplicações, estas baterias são utilizadas no arranque dos veículos tradicionais, em aplicações pouco exigentes em termos de eficiência, em UPS's, em pequenos veículos eléctricos ou em sistemas de iluminação de emergência. No que concerne aos veículos eléctricos estas foram as primeiras a ser utilizadas, e possivelmente, com o avanço tecnológico podem representar uma óptima alternativa para novos veículos híbridos e eléctricos. Noutra vertente é de referir que as baterias de chumbo também já equiparam o portátil Macintosh Portable, lançado no ano de 1989 e apresentado na Figura 2.3. 12 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.3 – Portátil Macintosh Portable equipado com baterias de chumbo [12]. Tecnologia de Construção As baterias de chumbo são projectadas para poderem ter taxas de descarregamento relativamente altas, mas com a limitação destas afectarem a vida útil das mesmas. Por exemplo, as baterias de arranque dos veículos fornecem uma corrente elevada num curto intervalo de tempo e não devem ser muito descarregadas. Por outro lado, as baterias de uma UPS, normalmente, estão projectadas para fornecer pouca corrente durante longos períodos de tempo e, tipicamente, permitirem descarregamentos mais profundos. Apesar das baterias de chumbo comuns serem limitadas quanto à profundidade da descarregamento, existem as denominadas Deep-Cycle, que permitem descarregamentos mais profundos que as tradicionais. Entre outros, os fabricantes destas baterias são a Trojan, Optima, Exide Technologies, Varta, VHB e DMS Technologies. Os processos químicos utilizados nestas baterias são os mesmos que os utilizados nas baterias de chumbo comuns, diferindo apenas na optimização da utilização, ou seja, as baterias de Deep-Cycle são projectadas para fornecer uma quantidade constante de corrente por um longo período de tempo, podendo ter ciclos de descarregamento profundos sem o risco de ficarem danificadas. Um exemplo de bateria de Deep-Cycle é a YellowTop da Optima, que está apresentada na Figura 2.4. Esta bateria possui grande reserva de energia, estando especialmente vocacionada para aplicações onde é necessário o fornecimento de corrente eléctrica constante. Esta bateria incorpora a tecnologia Spiralcell e possuiu a particularidade do ácido estar impregnado na fibra de vidro, que enrolada à volta de finas placas de chumbo, formando um elemento em forma de espiral, comparável a um rolo de papel com muitas camadas [14]. Figura 2.4 – Bateria de Deep Cycle YellowTop da Optima [13]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 13 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas A bateria Yellow Top YT S 2,7 tem tensão nominal 12 V, capacidade nominal 38 Ah, e permite ser carregada de forma rápida, com tensão constante de 15,6 V sem limite de corrente (desde que a temperatura da bateria permaneça abaixo dos 51,7 ºC), até que esta seja inferior a 1 A, e permite um carregamento flutuante com tensão entre 13,2 V e 13,8 V e corrente de 1 A durante tempo indefinido. Esta bateria tem dimensões de 237 mm x 129 mm x 227 mm e peso de 11,6 kg. As baterias da série Yellow Top permitem 3500 ciclos para descarregamentos de 30 %, 700 ciclos para descarregamentos de 60 %, e 350 ciclos para descarregamentos de 100 %, dispondo de tensão constante e estável ao longo de todo o processo de descarregamento [13][14]. Relativamente à tecnologia de construção das baterias de chumbo, no que concerne aos elementos químicos utilizados, principalmente o chumbo é de custos relativamente baixos, permitindo a fácil comercialização. Neste tipo de baterias existem três tipos de tecnologias distintas: as líquidas, as de AGM e as de gel. Nas primeiras, o electrólito move-se livremente nos compartimentos das células, permitindo o acesso para medições e adição de água destilada. Também existem baterias com electrólito líquido construídas para baixa manutenção, não permitindo aceder ao electrólito, sendo chamadas baterias SLA (Sealed Lead Acid). As baterias de AGM, baseiam-se na tecnologia VRLA (Valve Regulated Lead Acid), que são as mais recentes no que concerne a baterias de chumbo e utilizam fibra de vidro a envolver o electrólito, contribuindo assim para uma melhor resistência a impactos. Por último, as baterias de gel, em que o electrólito é envolvido pelo gel, também se baseiam na tecnologia VRLA, e como são seladas, possuem um mecanismo de válvula para o escape dos gases. Nestas baterias, que contêm um aditivo de sílica para envolver o electrólito, formam-se micro fendas no gel para permitir as reacções e recombinações entre a placa positiva e a placa negativa. Tipicamente, este tipo de baterias são mais pequenas que outros tipos de baterias ventiladas e requerem menos manutenção [15]. Vida Útil Relativamente à vida útil, as baterias de chumbo são influenciadas pela temperatura de funcionamento, pela profundidade de descarregamento (Depth of Discharge - DOD) e pelo número de ciclos de carregamento e descarregamento. Para preservar ao máximo as características destas baterias o controlo dos processos de carregamento e descarregamento é muito importante. Carregamento Dependendo das características das baterias à base de chumbo, existem diversos métodos de carregamento das mesmas, sendo inclusive, a tecnologia de baterias que permite ser carregada com os mais diversos métodos, uma vez que devido às suas características intrínsecas, podem suportar diversos estágios de tensão e/ou corrente constante, sem o risco das mesmas ficarem instáveis, no entanto os limites da bateria têm que ser respeitados. Todavia, existem métodos de carregamento bastante populares que permitem carregar de forma eficaz estas baterias. Um destes exemplos, consiste em 14 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas fornecer, num primeiro estágio corrente constante, e num segundo estágio aplicar tensão constante. Depois destes estágios, ainda pode ser aplicado um terceiro, denominado de carga flutuante, que consiste em aplicar um nível de tensão constante na bateria por tempo indeterminado. O elevado tempo de carregamento destas baterias, pode representar uma desvantagem para as mesmas. Exemplo Na Figura 2.5 está apresentada a bateria de gel 31-Gel 12V Deep-Cycle Gel Battery do fabricante Trojan. Esta bateria tem tensão nominal de 12 V, capacidade nominal de 102 Ah e pode ser associada em série ou paralelo. As dimensões desta bateria são 329 mm x 171 mm x 245 mm e o peso de 31 kg. Através das curvas da Figura 2.6, fornecida pelo fabricante, pode-se confirmar o método de carregamento mais eficaz para esta bateria, que consiste em dois estágios de carregamento distintos, sendo que inicialmente é fornecida corrente constante à bateria e a tensão aumenta até perfazer 80 % do carregamento de carga total, depois é aplicada tensão constante até que a corrente decaia até próximo de zero. Na Tabela 2.3 está ilustrado o estado percentual da capacidade de carga destas baterias em função da tensão em circuito aberto. Nesta tabela também estão apresentados os valores para modelos de 6 V destas baterias. Figura 2.5 – Exemplo de baterias Trojan Deep-Cycle [16]. Figura 2.6 – Curvas de carregamento das baterias Torjan Deep-Cycle [16]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 15 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Tabela 2.3 – Estado percentual das baterias Torjan Deep-Cycle de 6 V e 12 V em função da tensão em circuito aberto [16]. 2.5.2. Baterias de Lítio Aplicação As baterias de lítio são sem dúvida as mais utilizadas em equipamentos portáteis, tais como computadores e telemóveis, pois apresentam maior densidade de energia, são mais leves e possibilitam longas horas de uso quando correctamente utilizadas. Contrariamente às baterias à base de níquel, estas baterias não necessitam de serem descarregadas totalmente antes de voltarem a ser carregadas, isto é, não sofrem do “efeito memória”. Tipicamente, o processo de descarregamento destas baterias não deve ser excessivamente rápido para não provocar sobreaquecimentos indevidos, rupturas e, em último caso, explosões, no entanto, algumas baterias comerciais, já têm incorporadas protecções contra estes efeitos. Quando armazenadas devem estar parcialmente carregadas, sendo que, tipicamente, os fabricantes recomendam guardar a bateria com 40 % da capacidade de armazenamento total. Tecnologia de Construção Este tipo de baterias é o mais recente, sendo bastante diferente das outras tecnologias. O lítio é o mais leve de todos os elementos químicos usados em baterias, tem o maior potencial electroquímico e apresenta a melhor relação energia / peso. Basicamente, o processo químico intrínseco a estas baterias consiste na passagem de iões de lítio de um eléctrodo para o outro através de um electrólito. Esta tecnologia tem sido alvo de grande investigação tecnológica com o intuito de aumentar a sua capacidade e rapidez de carregamento, visando especialmente os veículos híbridos e eléctricos. Neste sentido, investigadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) construíram um protótipo que pode ser carregado entre 10 a 20 segundos em vez de vários minutos [17]. Assente na tecnologia de lítio e procurando obter o melhor desempenho, têm surgido novas tecnologias tais como: 16 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Lítio-polímero (LiPol). Lítio-fosfato-ferro (LiFePO). Lítio-ferro-magnésio-fosfato (LiFeMgPO). Lítio-manganésio-oxigénio (LiMnO). Lítio-titânio (LiTi). Dependendo da aplicação, um inconveniente destas baterias é o alto custo de aquisição, sendo por isso mais utilizadas quando o custo é secundário. Na Figura 2.7 está apresentado o principal risco associado às baterias de lítio, que está na possibilidade de ocorrência de explosões. Figura 2.7 – Principal risco associado às baterias de lítio: explosões [18]. Vida Útil Relativamente à vida útil, as baterias de lítio são bastante influenciadas pelos processos de carregamento e descarregamento, devendo ser inteiramente respeitadas as características especificadas pelos fabricantes, principalmente níveis de tensão, de corrente e de temperatura. Carregamento O processo de carregamento das baterias de lítio consiste, tipicamente, num estágio de corrente constante seguido de um estágio de tensão constante. Como apresentado anteriormente, este algoritmo de carregamento também pode ser aplicado a baterias à base de chumbo, todavia, estas baterias requerem cuidados muito mais específicos, principalmente, porque existem várias tecnologias de baterias associadas ao lítio, e cada qual com valores nominais específicos, que caso não sejam inteiramente respeitados, a bateria pode ficar instável e ocorrerem danos irreversíveis. Os principais valores nominais a ter em conta aquando do carregamento destas baterias são a tensão, a corrente e a temperatura. Quando estas baterias estão associadas em série e/ou paralelo, o carregamento Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 17 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas destas deve ser acompanhado por um circuito externo que permita níveis de tensão e corrente semelhantes em todas as baterias, caso contrário, pode ocorrer que algumas ainda estejam a receber carregamento e outras já estejam plenamente carregadas e em sobrecarga. A corrente de carregamento destas baterias, normalmente, cifra-se entre 1 C e 2 C. Exemplo A célula de bateria ANR26650m1 da A123Systems, apresentada na Figura 2.8, é um exemplo recente de célula de lítio. De acordo com o fabricante, esta célula pode fornecer altas correntes de descarregamento e permite excelente tolerância a abusos de utilização. A tensão nominal é de 3,3 V e a capacidade é de 2,3 Ah. O descarregamento pode atingir 120 A durante 10 segundos, e no máximo pode ser descarregada continuamente com uma corrente de 70 A. O peso desta célula é de 0,07 kg, a resistência interna é de 10 mΩ e as dimensões são 65,15 mm x 26,62 mm [19]. As curvas que relacionam a tensão da célula e a capacidade de carga, para diferentes taxas de descarregamento, à temperatura de 25 ºC, estão apresentadas na Figura 2.9. Na Figura 2.10, está ilustrada a relação entre a tensão da célula e a capacidade de carga percentual, para diferentes taxas de descarregamento a baixa temperatura. Por fim, na Figura 2.11, está apresentada a relação entre o descarregamento percentual e o número de ciclos para diferentes temperaturas e taxas de carregamento e descarregamento. Figura 2.8 – Exemplo de célula de bateria A123Systems [19]. Figura 2.9 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com a capacidade de carga absoluta, a diferentes taxas de descarregamento, com temperatura de 25 ºC, das células ANR26650m1 da A123Systems [19]. 18 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.10 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com a capacidade de carga percentual a diferentes taxas de descarregamento e temperatura, das células ANR26650m1 da A123Systems [19]. Figura 2.11 – Evolução do estado da capacidade de carga percentual ao longo do número de ciclos a diferentes temperaturas e taxas de carregamento e descarregamento das células ANR26650m1 da A123Systems [19]. 2.5.3. Baterias de Níquel-Cádmio Aplicação As baterias de níquel-cádmio (NiCd), a par das baterias de lítio, também são bastante utilizadas em equipamentos portáteis, no entanto, cada vez com menos popularidade devido à grande expansão que as baterias de lítio apresentam. Nestas baterias, o descarregamento completo é importante, porque quando omitido, causa o “efeito memória”, passando a bateria a perder gradualmente a capacidade de reter energia [9]. Tecnologia de construção Fisicamente, estas baterias apresentam longa durabilidade, fruto dos materiais resistentes usados na construção das placas. O mesmo não acontece, por exemplo, com as baterias de chumbo, onde o chumbo que constitui as placas é corroído pelas reacções químicas que ocorrem na bateria. É por esta razão que este tipo de baterias pode atingir Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 19 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas um elevado número de anos de uso mantendo as mesmas características físicas. Nestas baterias, o pólo positivo e o pólo negativo encontram-se no mesmo compartimento, com o pólo positivo coberto de hidróxido de níquel, e o pólo negativo coberto de material sensível ao cádmio. Os pólos estão imersos numa substância electrolítica (geralmente uma solução de hidróxido de potássio), que permite a condução dos iões [20]. Vida útil As baterias de níquel têm longa vida útil em aplicações estacionárias2 e, normalmente, são bastante resistentes a carregamentos e descarregamentos rápidos, desde que os métodos correctos sejam aplicados. Devido ao “efeito memória” os processos de carregamento e descarregamento devem ser inteiramente cumpridos de modo a preservar ao máximo a vida útil destas baterias. Carregamento Relativamente ao método de carregamento, estas baterias permitem correntes de carregamento mais elevadas que as restantes tecnologias de baterias mencionadas anteriormente. Tipicamente, quando a taxa de carregamento é de 1 C a eficiência de carregamento é de 91 %, e quando é de 0,1 C a eficiência é de 71 %, comprovando que se obtêm melhores resultados com taxas de carregamento mais elevadas. Obviamente, para além da maior eficiência do carregamento, o tempo do mesmo também é mais reduzido. Durante o processo de carregamento, nos primeiros 70 % do carregamento, a eficiência é perto de 100 %, ou seja, quase toda a energia é absorvida e a bateria permanece fria. Nos restantes 30 % a bateria gradualmente perde a capacidade de aceitar o carregamento, diminuindo ainda mais quando a bateria alcança os 80 a 90 % [9]. Normalmente, e ao contrário das restantes tecnologias, estas baterias são carregadas com um único estágio de corrente constante. Durante este estágio de corrente constante a tensão aumenta progressivamente até um ponto em que começa a estabilizar e ao fim de um certo tempo, diminui um pouco, produzindo uma variação negativa da tensão, dando por terminado o carregamento. Esta situação, conhecida como “Negative Delta V”, traduz-se no método de detecção de fim de carregamento destas baterias. Por exemplo, se a uma bateria com carregamento completo lhe for imposto novo carregamento, o efeito “Negative Delta V” é bastante acentuado, ou seja, o término do carregamento é praticamente instantâneo. Para se obter uma variação de tensão negativa significativa, a taxa de carregamento deve ser de pelo menos 0,5 C, caso contrário, torna-se mais difícil de detectar [9]. Exemplo Na Figura 2.12 está apresentada a célula de bateria de NiCd Cadnica, da Sanyo. A tensão nominal desta célula é de 1,2 V e a capacidade nominal de carga é de 7 Ah. As 2 As aplicações estacionárias referem-se a sistemas de baixa manutenção. 20 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas dimensões desta célula são 32,3 mm x 90 mm e o peso de 0,224 kg. As curvas que relacionam a tensão da célula em função do tempo, para duas taxas de descarregamento distintas, estão representadas na Figura 2.13. Na Figura 2.14 está apresentada a evolução da tensão da célula ao longo do tempo para diferentes temperaturas, com uma corrente de carregamento de 0,7 A [21]. Figura 2.12 – Célula de bateria de NiCd Cadnica da Sanyo [21]. Figura 2.13 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com o tempo total de descarregamento para duas taxas de descarregamento distintas da célula de bateria de NiCd Cadnica da Sanyo [21]. Figura 2.14 – Curvas de carregamento que relacionam a tensão com tempo total de carregamento para diferentes temperaturas com uma corrente de carregamento de 0,7 A, da célula de NiCd Cadnica da Sanyo [21]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 21 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.5.4. Baterias de Níquel-Hidreto-Metálico Aplicação As baterias de níquel-hidreto-metálico (NiMH) são a mais recente tecnologia de baterias à base níquel, e apresentam-se como uma nova alternativa para aplicações portáteis. Essencialmente, estas baterias visam substituir as de NiCd e fazer concorrência às baterias de lítio, sendo que neste sentido, grandes investimentos têm sido feitos para apoiar a expansão desta tecnologia a veículos híbridos e eléctricos. Como estas baterias assentam na tecnologia de níquel, também são afectadas pelo “efeito memória”, no entanto, o efeito nestas não é tão pronunciado, ou seja, quando correctamente manuseadas esse efeito pode ser imperceptível. Existem fabricantes destas baterias que garantem que o “efeito memória” não existe mesmas. Tecnologia de construção Do ponto de vista químico e eléctrico as características desta tecnologia são muito semelhantes às baterias de NiCd, sendo que a principal diferença consiste no uso de hidreto-metálico, como material activo no eletrodo negativo ao invés do cádmio, utilizado nas baterias de NiCd. O eletrodo de hidreto-metálico apresenta maior densidade de energia que o eletrodo de cádmio. Normalmente, as baterias de NiMH possuem maior capacidade de armazenamento que as de NiCd. Vida útil Este tipo de baterias tem um ciclo de vida ainda menor que as baterias de NiCd, mas em contrapartida, normalmente, permitem descarregamentos mais profundos. Tal como as baterias de NiCd, as de NiMH também são bastante resistentes a elevadas taxas de carregamento e descarregamento, desde que os métodos correctos sejam aplicados. Carregamento O processo de carregamento destas baterias é semelhante às de NiCd, podendo em muitos casos partilharem o mesmo carregador. Contudo, o método “Negative Delta V” para detectar o fim do carregamento tem que ser mais preciso porque a queda de tensão produzida nestas baterias é mais pequena. Tal como as baterias de NiCd, estas também devem ser carregadas de modo rápido, ao invés de lento. Uma corrente de carregamento mais elevada permite melhor detecção de fim de carregamento [9]. Exemplo Na Figura 2.15 está apresenta a célula de bateria NiMH eneloop da Sanyo. Esta célula tem tensão nominal 1,2 V e capacidade de carga 2 Ah. As dimensões desta célula são 14,35 mm x 50,4 mm e o peso é de 0,027 kg. Na Figura 2.16 está representada a relação entre a tensão da célula e o tempo de carregamento, a diferentes temperaturas, para uma corrente de carregamento de 2 A. A relação entre a tensão da célula e a capacidade de armazenamento para diferentes taxas de descarregamento está representada na Figura 2.17 [22]. 22 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.15 – Células de baterias de NiMH eneloop da Sanyo [22]. Figura 2.16 – Curvas de carregamento que relacionam a tensão e o tempo total de carregamento, a diferentes temperaturas, para uma corrente de carregamento de 2 A das células eneloop da Sanyo [22]. Figura 2.17 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com a DOD a diferentes taxas de descarregamento das células eneloop da Sanyo [22]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 23 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.6. Baterias Inovadoras As baterias inovadoras que têm sido desenvolvidas apontam para carregamentos extremamente rápidos e elevados números de ciclos sem perda significativa das características nominais. Neste contexto, de seguida são apresentados alguns destes exemplos. 2.6.1. C.S.I.R.O. – UltraBateria Com a tecnologia em constante evolução para permitir obter os melhores resultados possíveis, o instituto australiano C.S.I.R.O. desenvolveu e construiu a denominada, por eles, UltraBateria. Basicamente, esta UltraBateria consiste na combinação de um UltraCondensador com uma bateria de chumbo comum, e de acordo com David Lamb, da C.S.I.R.O.: “Os testes mostraram que a UltraBateria tem um ciclo de vida que é pelo menos quatro vezes superior e produz 50% mais potência do que os sistemas de baterias convencionais. Esta bateria é também 70% mais barata do que as baterias actualmente utilizadas nos automóveis híbridos eléctricos”. O baixo custo das mesmas, permite que possam ser usadas para outros fins, como o armazenamento de energia eléctrica proveniente de parques solares ou eólicos. Na Figura 2.18, está representado o protótipo da UltraBateria [23]. Figura 2.18 – UltraBateria da C.S.I.R.O. [23]. 2.6.2. Bateria NanoSafe No que concerne a baterias de lítio, a recente investigação da empresa Altairnano resultou nas baterias NanoSafe de lítio-titânio, como a ilustrada na Figura 2.19. Estas baterias podem ser carregadas em poucos minutos, sendo que para carregar até 80% é necessário apenas cerca de um minuto. A vida útil é de mais de 20 anos, permitem mais de 15 mil ciclos, e podem funcionar a temperaturas que variam entre -60 ºC e 75 ºC. Em situações críticas estas baterias não explodem e podem funcionar em ambientes hostis. A bateria apresentada na Figura 2.19 tem tensão nominal de 13,8 V, capacidade de carga nominal de 88 Ah e é composta por 48 células individuais (8 em paralelo e 6 em série) de lítio. As dimensões desta bateria são 382 mm x 159 mm x 233 mm e o peso é de 17 kg [24]. 24 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.19 – Bateria NanoSafe da Altairnano [24]. 2.6.3. Toshiba – S.C.i.B. A Toshiba, com o intuito de dotar as baterias de maior capacidade e maior rapidez de carregamento, desenvolveu a Super Charge ion Battery (S.C.i.B.), que chega a carregar 90% da capacidade de armazenamento total em apenas 5 minutos [25][26]. Esta bateria foi desenvolvida com base na tecnologia de lítio. Apesar da rapidez dos carregamentos, esta tecnologia garante a inviolabilidade das características da bateria, num número de ciclos de carregamento que chega aos 3 mil, evitando assim substituições indesejadas. A perda da capacidade de armazenamento depois de 3 mil ciclos é inferior a 10%, podendo-se prolongar além de 6 mil ciclos. Esta bateria, por funcionar com maior estabilidade térmica, é mais segura, podendo resistir a curto-circuitos internos e a possibilidade de ruptura ou de combustão é muito baixa. As óptimas características de segurança da S.C.i.B. possibilitam o carregamento com uma corrente de 50 A, permitindo efectuar carregamentos extremamente rápidos. Esta bateria é adequada para aplicações de alta potência e opera bem sob temperaturas extremas, com descarregamentos com temperaturas até -30 ºC, podendo ter ampla aplicação em climas frios [25][26]. Recentemente, esta bateria foi escolhida pela Cannondale Sports Group, empresa líder global em bicicletas, para fornecer o módulo de energia da nova bicicleta eléctrica Tailwind. Segundo Shoshi Kawatsu, gerente da Transmission Distribution & Industrial Systems Company: “A S.C.i.B. é uma inovação importante. É segura, tem alta potência e recarregamento excepcionalmente rápido. Em termos de impacto ambiental, oferece longa vida, o que ajuda a reduzir o desperdício”. Na Tabela 2.8 estão apresentadas as principais características nominais das células individuais e do módulo S.C.i.B. [26]. Tabela 2.4 – Valores nominais da célula e do módulo S.C.i.B. [26]. Célula Módulo Tensão Nominal (V) 2,4 24 Capacidade nominal (Ah) 4,2 4,2 Dimensões (mm) 62 x 95 x 13 100 x 300 x 45 Peso (kg) 0,150 2 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 25 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Para além das bicicletas eléctricas, estes módulos podem ser aplicados em motocicletas, Automatic Guided vehicle (AGV’s - Veículos Guiados Automaticamente), e empilhadores eléctricos. Entre outras aplicações, a S.C.i.B. também pode ser utilizada em sistemas de estabilização da energia eléctrica, em fontes de energia eléctrica de emergência e em parques de energia solar e eólica. De futuro, quando se obtiverem resultados satisfatórios, no desenvolvimento de uma célula S.C.i.B. de alto desempenho, também está prometida, por parte da Toshiba, a sua aplicação em veículos híbridos e eléctricos. Na Figura 2.20 está representada uma célula e um módulo S.C.i.B. [26]. Figura 2.20 – Célula e módulo S.C.i.B. [26]. 2.6.4. UltraCondensador Os UltraCondensadores, ou SuperCondensadores, teoricamente são baterias, pois tal como as baterias electroquímicas tradicionais, têm a função de armazenar energia com o intuito de a fornecer a um sistema assim que seja necessário. Apesar de a essência ser a mesma, os processos envolventes são bastante diferentes. Contrariamente às baterias, em que existem transformações electroquímicas, nos UltraCondensadores o carregamento e o descarregamento são dependentes do campo eléctrico entre as armaduras do condensador. Pelo facto do carregamento destes, basicamente depender da capacidade3 dos mesmo e da resistência do circuito de carregamento, estes podem ser carregados e descarregados em muito pouco tempo. Na Figura 2.21 está representada a constituição interna de um UltraCondensador [27]. As principais vantagens dos UltraCondensadores em relação às baterias, são o facto destes terem um número de ciclos de carregamento e descarregamento teoricamente infinito e as perdas serem mais reduzidas. Actualmente, com UltraCondensadores é possível obter capacidades de milhares de Farad em volumes extremamente reduzidos, perdas praticamente nulas, e elevadas densidades de energia. Quanto à aplicabilidade, os UltraCondensadores visam praticamente as mesmas aplicações das baterias tradicionais, que podem ser os veículos híbridos e eléctricos, especialmente úteis na travagem regenerativa, e combinação com fontes de energia renovável. 3 A capacidade do condensador corresponde à quantidade de carga eléctrica armazenada para uma dada diferença de potencial entre os terminais do condensador. A unidade de medida da capacidade é o Farad. 26 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.21 – Constituição interna de um UltraCondensador [27]. Na Figura 2.22 está representado um exemplo de um UltraCondensador, do fabricante NESSCAP UltraCapacitors, de 5000 F e 2,7 V [28]. Outro exemplo de UltraCondensador está apresentado na Figura 2.23. As características deste UltraCondensador da Batscap estão apresentadas na Tabela 2.5 [29]. Figura 2.22 – UltraCondensador da NESSCAP UltraCapacitors de 5000 F e 2,7 V [28]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 27 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.23 – UltraCondensador da Batscap de 2600 F e de 2,7 V [29]. Tabela 2.5 – Características do UltraCondensador da Batscap [29]. Tensão (V) 2,7 Capacidade a 100 A, 25 ºC (F) 2600 Energia Específica a 2,7 V, 25 ºC (Wh / kg) 5,3 Potência Específica a 2,7 V, 25 ºC (kW / kg) 18 Temperatura de Funcionamento (ºC) -30 a 60 Temperatura de Armazenamento (ºC) -30 a 70 Resistência Série CC (mΩ) 0,35 Resistência Série CA (mΩ) 0,2 Corrente Máxima Pico (A) 600 Peso (kg) 0,500 Para além dos UltraCondensadores individuais, existem módulos compactos constituídos por UltraCondensadores individuais. Um exemplo destes módulos é o BMOD Power, da Maxwel Techonologies, representado na Figura 2.24. Estes módulos podem ser utilizados para os mesmos fins que os UltraCondensadores individuais. Figura 2.24 – Módulo de UltraCondensadores BMOD Power [30]. 28 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Tabela 2.6 – Valores nominais do módulo de Ultracondensadores BMOD Power [30]. Tensão (V) 15 Capacidade (F) 52 Temperatura de Funcionamento (ºC) -40 a 70 Tolerância da Capacidade (%) ± 20 ESR4 (mΩ) 14,5 ERS, a 1 MHz (mΩ) 8 Máximo de Associações em Série 3 Dimensões (mm) 44 x 218 x 85 Peso (kg) 0,680 2.7. Sistemas de Gestão das Baterias Estes sistemas dividem-se em dois tipos, os que permitem obter informações relativas ao estado das baterias, nomeadamente, tensão, capacidade de carga e temperatura, e os que permitem estabelecer padrões de segurança durante o carregamento e o descarregamento, nomeadamente, protecções contra excessos de correntes, tensões e temperaturas, e ao mesmo tempo igualar o estado de carregamento de cada célula individual da bateria. Apesar de diferentes, ambos os sistemas são importantes porque, por um lado, permitem acompanhar o estado de carregamento e descarregamento das baterias e por outro, com a associação das células individuais em série e/ou paralelo, evitam que umas carreguem ou descarreguem mais rápido que outras. Apesar de equipamentos distintos, estes podem estar combinados num único sistema capaz de gerir todas as funcionalidades. O princípio básico de funcionamento destes equipamentos no processo de carregamento consiste em abrir o circuito que alimenta a bateria quando esta atingir o limite máximo de tensão e/ou corrente. Por outro lado, durante o processo de descarregamento, quando a tensão atingir o limite mínimo aceitável o circuito fica aberto. Em ambos os processos, estes equipamentos podem medir a tensão de cada bateria e a corrente eléctrica de carregamento ou descarregamento ao longo do tempo e a partir dessas informações determinar a capacidade restante da bateria em cada instante. Muitos módulos de baterias, principalmente os destinados aos veículos híbridos e eléctricos, já possuem sistemas de gestão incorporados, no entanto, no mercado existem muitos destes equipamentos de acordo com as características de cada bateria e/ou célula, como por exemplo: o modelo BMS Battery Monitor System- CXC Smart Periphera da Argus, o modelo Thunder Power RC 210V Lithium Battery Balancer da 4 Equivalent Series Resistance (ESR – Resistência Equivalente Série) é um parâmetro importante nos condensadores pois representa a resistência resultante da combinação das conexões internas do condensador. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 29 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Thunder Power, o modelo PakTrakr - Intelligent Battery Monitoring Systems da PakTrakr, o modelo Precision Battery Monitoring da Victron Energy, o modelo GAIA Advanced Lithium Battery Systems da GAIA ou o modelo Battery Equalizer da PowerCheq. 2.7.1. BMS para baterias TS-LFP90AHA da Thundersky Na Figura 2.25, está apresentado, numa bateria Thundersky, um Sistema de Gestão das Baterias (Battery Management System – BMS), especialmente concebido para as baterias TS-LFP90AHA da Thundersky. Este equipamento tem como finalidade permitir o equilíbrio, em termos de tensão, em todas as células que compõem a bateria. Figura 2.25 – BMS para baterias TS-LFP90AHA da Thundersky [31]. 2.7.2. Lithium Balance BMS 23 Cell Um exemplo de BMS para baterias de lítio está ilustrado na Figura 2.26. Este Lithium Balance BMS 23 Cell permite controlar o carregamento e descarregamento de 23 células de lítio com tensão variável de 2,6 V a 4,2 V. A corrente máxima de carregamento e descarregamento é de 30 A e 250 A, respectivamente. A corrente máxima de bypass é de 1 A, a detecção de tensão mínima demora menos de um segundo e a temperatura de funcionamento varia entre -20º C e +70º C. Este BMS também permite estimar a capacidade de carga restante da bateria através do cálculo do integral da corrente ao longo do tempo e posterior informação através de saída analógica. O valor máximo desta saída é 10 VDC a que corresponde 100% da capacidade de carga e 0 VDC para 0%, com variação linear. Na Figura 2.27 está ilustrado o esquema de ligações deste BMS [32]. Figura 2.26 – Lithium Balance BMS 23 Cell [32]. 30 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.27 – Esquema de ligações do Lithium Balance BMS 23 Cell [32]. 2.7.3. Victron Energy Essencialmente, o Victron Energy tem como função monitorizar o estado da capacidade de carga da bateria, sendo que para esse efeito calcula o integral da corrente de descarregamento ao longo do tempo. No caso de uma corrente constante, a integração consiste simplesmente na multiplicação dessa corrente pelo tempo. A monitorização é feita recorrendo a microprocessadores programados com os algoritmos necessários para a melhor precisão. Na Figura 2.28 está representado o aspecto externo do Victron Energy [33]. Figura 2.28 – Aspecto externo do Victron Energy [34]. Dependendo do modelo, o Victron Energy pode estar equipado com comunicação RS232, podendo, através de software apropriado, apresentar todas as informações sobre o carregamento e descarregamento em ficheiro. Na Figura 2.29 está representado um exemplo de informação obtida com o Victron Energy, modelo BMV 602 e o software VEBat software, durante o carregamento de uma bateria [33]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 31 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.29 – Gráfico obtido com o Victron Energy, modelo BMV 602 e o software VEBat software, durante o carregamento de uma bateria [33]. 2.7.4. PCM para Baterias de Lítio O Protection Circuit Module (PCM – Circuito de Protecção de Módulos) apresentado na Figura 2.30 funciona com módulos de baterias de 24 células de lítio. Este circuito de protecção é especialmente concebido para células de lítio com tensão nominal 3,7 V, ou seja, para módulos com tensão nominal de 3,7 x 24 = 88,8 V, e corrente eléctrica de descarregamento de 60 A. Figura 2.30 – PCM para baterias de lítio [35]. Para além das características normais para protecção, este PCM também estabelece o equilíbrio entre células depois de o módulo ter sido carregado, para tal, o PCM faz a leitura da tensão de cada célula e distribui das maiores tensões para as menores, até que fiquem todas em equilíbrio. Em termos de protecções previne excessos de carregamento, estabelece o equilíbrio entre células com um máximo de 4,325 V por célula, protege o módulo contra excessos de descarregamento com limite de 2,5 V por célula e limita o descarregamento a correntes inferiores a 60 A contínuos. Na Tabela 2.7 estão apresentadas outras características relevantes deste PCM [35]. 32 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Tabela 2.7 – Características relevantes do PCM para baterias de lítio [35]. Tensão de Máxima (V) 100,8 Tensão Balanceamento por Célula (V) 4,2±0,03% Corrente Balanceamento por Célula (A) 0,170±0,01% Máxima Corrente de Descarregamento (A) 60 Tempo Máximo de Detecção de Excesso de Carregamento (s) 0,5 a 1,5 Tempo Máximo de Detecção de Excesso de Descarregamento (s) 0,5 a 1,5 Temperatura de Funcionamento (ºC) -40 a 85 Temperatura de Armazenamento (ºC) -40 a 125 Peso (kg) 1,315 Dimensões (mm) 265 x 142 x 51 Preço (€) 148,48 2.7.5. Exemplo de Banco de Baterias com BMS para veículo Eléctrico Na Figura 2.31 está apresentado um diagrama de blocos que permite construir um banco de baterias de LiPol com 144 V e 200 Ah para ser aplicado num veículo eléctrico. O conjunto é composto por um BMS “Master Module”, 2 x 20 BMS “Slave Module”, 40 módulos de baterias de LiPol com 3,7 V e 210 Ah com PCM, e 2 fontes de alimentação de 84 V cada uma. Na Figura 2.32 estão representados, respectivamente, os BMS’s e o módulo de bateria [36]. Figura 2.31 – Diagrama de blocos de um banco de baterias com BMS para veículo eléctrico [36]. Figura 2.32 – BMS’s e módulo de bateria do banco de baterias de veículo eléctrico [36]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 33 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.8. Veículos Híbridos e Eléctricos Com o uso massivo dos veículos movidos a combustíveis fósseis a qualidade de vida nas grandes cidades, fruto dos elevados níveis de poluição, tende a diminuir. Para além da referida poluição, as reservas destes combustíveis tendem a esgotar-se nas próximas décadas, pelo menos o suficiente para não satisfazer as necessidades actuais, principalmente para os veículos. Não menos importante, é a opinião pública que incentiva a alternativas aos actuais veículos, sobretudo com a escalada dos preços dos combustíveis predominante nos últimos tempos. Neste contexto, os veículos híbridos e eléctricos representam uma mais-valia para colmatar estes factores, pois contribuem para uma política sustentável de transportes “limpos”, eficientes e com menores custos por deslocação. A par destes factores, valorizam-se os recursos energéticos “limpos”, e a consequente redução de poluição, contribuindo, globalmente, para uma melhor qualidade de vida. Assim sendo, na conjuntura actual, a aposta passa pelos veículos híbridos e eléctricos tendo como fonte, primária ou secundária de energia as baterias electroquímicas, que podem ser carregadas directamente a partir da rede eléctrica e/ou através de fontes de energia renováveis. Aquando da circulação dos veículos eléctricos a emissão de gases poluentes é nula, no entanto, globalmente todo o processo depende do modo como a energia eléctrica necessária ao carregamento das baterias é obtida, ou seja, não é vantajoso que a energia necessária para carregar as baterias seja proveniente de fontes de energia não renováveis. Por isso, prevê-se que com o avanço tecnológico inerente às energias renováveis, surja uma óptima solução para fornecer a energia eléctrica necessária ao carregamento de um elevado número de veículos híbridos e eléctricos. Com a aposta em energias renováveis, a rede eléctrica fica dotada de maior capacidade de resposta para fornecer essa energia ao banco de baterias dos veículos, mas apresenta como desvantagem o facto de essa produção não ser constante, sendo necessário recorrer a outras soluções que ajudem a colmatar este problema. É no contexto do carregamento das baterias de um elevado número de veículos através da rede eléctrica que surge o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. Com o sistema proposto, além do carregamento das baterias com diferentes estágios de carga, com consumo sinusoidal de corrente e factor de potência unitário, é possível descarregar as baterias de forma controlada para a rede eléctrica, com corrente sinusoidal e em oposição de fase com a tensão. Este conceito bidireccional de fluxo de energia eléctrica entre o banco de baterias dos veículos e a rede eléctrica, é denominado “Vehicle to Grid” [37]. Com este paradigma pretende-se que o banco de baterias dos veículos híbridos e eléctricos funcionem como uma fonte de energia eléctrica, não só para a locomoção dos veículos, que é a principal função dos mesmos, mas também para a rede eléctrica. Actualmente, com a produção inconstante de energia eléctrica por parte dos parques eólicos e solares, são as barragens que mantêm o equilíbrio entre a produção e o consumo de energia eléctrica, por isso, com o conceito dos veículos 34 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas ligados à rede eléctrica por longos períodos de tempo, será possível que os mesmos ajudem as barragens a manter esse equilíbrio, uma vez que os veículos possuem essa capacidade de devolução de energia, e podendo-se efectuar essa transferência de forma rápida. Este conceito faz ainda mais sentido tendo em conta que os veículos híbridos e eléctricos estarão parados a maior parte das horas do dia, e se durante esses períodos de paragem os veículos estiverem ligados à rede eléctrica, é possível que a energia eléctrica armazenada no banco de baterias seja devolvida à rede eléctrica sempre que se justifique, e noutros instantes dessa paragem, o banco de baterias esteja a ser carregado sem prejudicar a vida útil das baterias, nem a qualidade da energia eléctrica, tal como é proposto, nesta dissertação, com o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. Neste sentido, para que este modelo de gestão de energia eléctrica funcione em pleno é necessária uma empresa de gestão que permita o controlo bidireccional do fluxo de energia eléctrica entre os veículos e a rede eléctrica, de modo a que não aconteçam situações em que estejam muitos veículos a carregar e a rede eléctrica com pouca capacidade de fornecer energia eléctrica a esses veículos. É por esta razão que é tão importante que os veículos estejam ligados à rede eléctrica, mesmo que estejam parados, como acontece na maioria das horas do dia. Neste contexto, podem-se estabelecer distintos padrões de conexão entre os veículos e a rede eléctrica, sendo que para este propósito já foram realizados alguns estudos, que visam analisar o impacto do consumo e fornecimento de energia eléctrica por parte dos veículos eléctricos, ou seja, o impacto energético do carregamento e descarregamento na rede eléctrica [38][39]. Com o Sistema de Carregamento apresentado é possível carregar as baterias com diferentes algoritmos, com consumo sinusoidal de corrente e factor de potência unitário, de forma a perseverar ao máximo a qualidade da energia eléctrica. Deste modo, com o devido controlo, é possível carregar total ou parcialmente as baterias a qualquer hora do dia, no entanto, enquadrando este Sistema de Carregamento numa “Vehicle to Grid” é possível controlar automaticamente o carregamento com o intuito de estabilizar a rede eléctrica. Com o sistema proposto, também é possível que as baterias devolvam, controladamente, energia à rede eléctrica, com corrente sinusoidal e em oposição de fase com a tensão, preservando também a qualidade da energia eléctrica. Deste modo, as baterias podem deixar de ser carregadas continuamente, porque, mediante as necessidades da rede eléctrica e de acordo com a gestão do controlo, as baterias podem começar a actuar como uma fonte de energia para a rede eléctrica, passando o sistema proposto a funcionar como conversor CC-CA com controlo da energia fornecida à rede eléctrica. Com os veículos híbridos e eléctricos ligados à rede eléctrica também se podem estabelecer soluções para possíveis falhas de energia, ou seja, o banco de baterias dos veículos podem funcionar como “back-up” de energia, funcionando em conjunto com a rede eléctrica. Este tipo de configuração é especialmente útil para redes eléctricas isoladas, como por exemplo ilhas [40]. Para que este modelo de interface entre a rede eléctrica e os veículos híbridos e Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 35 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas eléctricos funcione em pleno é necessário que a vida útil do banco de baterias não seja descurada, por isso é necessário respeitar os processos de carregamento e descarregamento, como faz o Sistema de Carregamento proposto, e também o número de ciclos que o banco de baterias permite efectuar, caso contrário, com ciclos de carregamento e descarregamento muito elevados ao longo do dia, corre-se o risco de se atingir em curto prazo o número de ciclos nominais do banco de baterias. Assim, através desta interface entre a rede eléctrica e os veículos híbridos e eléctricos, o preço de aquisição destes veículos, ou do banco de baterias, pode ser atenuado devido ao fornecimento de energia à rede eléctrica, tal como acontece, actualmente, com as energias renováveis. Apesar da aposta nos veículos híbridos e eléctricos parecer recente, já existem bastantes modelos de veículos eléctricos em comercialização ou em vias de comercialização, como por exemplo: Chevrolet Volt, Fiat Palio Eléctrico, Nissan LEAF, Citroen AX Electrique, Citroen SAXO, Citroen Berlingo, Subaru R1e, Eliica, Tesla Whitestar, Tesla Roadster, Honda Civic IMA, GM EV1, Toyota Prius 1.5 VVT-i e REVAi. Destes exemplos, destaca-se o Tesla Roadster cuja produção começou em Março de 2008 e é um dos veículos da sua categoria mais satisfatório. Em termos de características, este veículo acelera de 0 a 100 km/h em menos de 4 segundos e chega à velocidade máxima de 200 km/h, constituindo assim um avanço tecnológico de referência no que concerne aos veículos eléctricos. De acordo com o sistema proposto pela Tesla, denominado “AC Propulsion Reductive Charging” é possível que as baterias sejam completamente carregadas em apenas 3 horas e 30 minutos. O banco de baterias utilizado é de lítio e quando está completamente carregado a autonomia destes veículos é de 350 km, o que também constitui um grande avanço tecnológico, dado que, tipicamente, os veículos eléctricos têm autonomia que varia entre 150 e 200 km [49]. Este banco de baterias é leve, reciclável e não é afectado pelo “efeito memória”, logo, não é necessário efectuar um descarregamento completo, antes de voltar a carregar. De acordo com a Tesla, este banco de baterias, só perde a sua qualidade máxima após 160000 km, no entanto, não tem que ser logo trocado. Este banco de baterias, representado na Figura 2.33, é composto por 6831 células individuais de lítio, associadas em série e paralelo, de forma a obter tensão nominal de 375 V e capacidade nominal de 141,3 Ah, com um peso de 450 kg. O consumo energético deste veículo cifra-se nos 0,11 kWh/km. A travagem regenerativa também é utilizada como forma de recuperar alguma energia utilizada durante a travagem [41]. Na Tabela 2.8, está apresentada uma comparação entre o Tesla Roadster e veículos que utilizam como combustíveis: gasolina, diesel, gás natural, gás natural/eléctrico (híbrido) e hidrogénio. 36 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.33 – Banco de baterias do Tesla Roadster [41]. Tabela 2.8 – Comparação entre o Tesla Roadster e veículos não eléctricos [42]. Tecnologia Eléctrico Exemplo Consumo de Combustível Eficiência Emissões CO2 (well-towheel5) (well-towheel) [km / MJ] [g / km] Tempo para Aceleração 0 – 60 mph (0 – 96,6 km/h) [s] Tesla Roadster 110 Wh/km 1,15 46,1 3,9 Porche Turbo 0,107 l/km 0,22 328,2 4,2 Ferrari 550 Maranello 0,201 l/km 0,12 617,1 4,7 Chevrolet Corvette 0,094 l/km 0,25 288,8 4,8 Honda Civic VX 0,046 l/km 0,52 141,6 9,4 VW Jetta Diesel 0,043 l/km 0,48 152,1 11 Gás Natural Honda CNG 0,067 l/km 0,32 165 12 Híbrido (3 cilindros Gás/Eléctrico) Toyota Prius 0,043 l/km 0,56 131,3 10,3 Hidrogénio Honda FCX 0,0097 kg/km 0,35 151,7 15,8 Gasolina (Turbo 6 cilindros) Gasolina (V12) Gasolina (V8) Gasolina (VTEC 4 cilindros) Gasóleo (4 cilindros) Na Figura 2.34, está apresentada a relação entre a aceleração e a eficiência energética para diferentes veículos que utilizam combustíveis fósseis como combustível, visando mostrar as vantagens dos veículos eléctricos, em especial o Tesla Roadster [42]. 5 “well-to-wheel” é processo que vai desde a produção dos combustíveis na sua matéria-prima até ao seu consumo para fazer girara as rodas do veículo. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 37 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.34 – Relação entre a aceleração e a eficiência energética para diferentes veículos visando enaltecer o Tesla Roadster [42]. Como já referido anteriormente, para além da Tesla, outros grandes fabricantes já construíram os seus modelos de veículos eléctricos. Assim, como exemplo, de seguida são evidenciadas as principais características do Honda Civic IMA (Segunda Geração), Toyota Prius 1.5 VVT-i, GM EV1 (1999) e REVAi. Posteriormente, são apresentadas as principais características dos veículos eléctricos de média ou elevada performance e desportivos [49]. Honda Civic IMA (Segunda Geração) [43] Banco de baterias do tipo NiMH. Tensão nominal de 158 V. Capacidade de 5,5 Ah. Velocidade máxima de 185 Km/h. Toyota Prius 1.5 VVT-i [44] Banco de baterias do tipo NiMH. Número de módulos de baterias 28. Tensão nominal de 201,6 V. Capacidade de 19,5 Ah. Peso das baterias 39Kg. Velocidade máxima de 170 km/h. 38 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas GM EV1 (1999) [45] Banco de baterias do tipo NiMH. Número de módulos de baterias 26. Tensão nominal de 343 V. Capacidade de 77 Ah. Peso das baterias 39 kg. Velocidade máxima de 129 km/h. Consumo de 0,164 kWh/km. REVAi [46][47] Banco de baterias do tipo Pb-A. Número de módulos de baterias 8. Tensão nominal de 48 V. Capacidade de 200 Ah. Peso das baterias 280 kg. Velocidade máxima de 80 km/h. Consumo médio de 0,12 kWh/km. Veículos Eléctricos de Média Performance [49] Carroçaria de um citadino tradicional, como por exemplo, Renault Clio ou Opel Corsa. Sistema propulsor de 15 kW a 25 kW. Autonomia na ordem dos 100 km. Velocidade de ponta 80 km/h. Recarregável em qualquer tomada de 230 V. Veículos Eléctricos de Elevada Performance [49] Carroçaria de um veículo tradicional, como por exemplo, Honda Civic, Volvo 440 ou Lancia Delta. Sistema propulsor de 40 kW a 60 kW. Autonomia na ordem dos 140 km. Velocidade de ponta 120 km/h. Recarregável em qualquer tomada de 230 V. Com possibilidade de integrar um Sistema de Extensão de Autonomia com motor de combustão interna acoplado a um gerador. Veículos Eléctricos Desportivos [49] Carroçaria de um veículo do tipo Jeep Grand Cherokee, Pick-up isuzu D-Max ou Lancia Kappa. Sistema propulsor de 100 kW. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 39 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Autonomia na ordem dos 200 km. Velocidade de ponta 180 km/h. Recarregável em qualquer tomada de 230 V. Com possibilidade de integrar um Sistema de Extensão de Autonomia com motor de combustão interna acoplado a um gerador. 2.9. Mobilidade dos Veículos Híbridos e Eléctricos Com a necessidade de energia eléctrica para alimentar sistemas portáteis [48], a tecnologia inerente às baterias desenvolveu-se até ao ponto desses avanços já serem incorporados na produção de baterias para veículos híbridos e eléctricos, sendo que estas baterias são recarregáveis e quando associadas em série e/ou paralelo podem confiadamente fornecer energia eléctrica para a mobilidade de um veículo. As baterias específicas para veículos híbridos e eléctricos estão a ser produzidas a nível mundial por diversas empresas de forma a satisfazer crescente procura, com custos cada vez mais reduzidos e com melhorias técnicas significativas. Deste modo, com a crescente aposta nos veículos híbridos e eléctricos é necessária a criação de infra-estruturas capazes de responder de forma eficaz ao carregamento de um elevado número de veículos através do Sistema Eléctrico Nacional. Neste contexto, nasceu a empresa BetterPlace, sediada em Palo Alto – Califórnia, que visa reduzir a dependência mundial do petróleo através da criação de infra-estruturas de suporte a veículos eléctricos oferecendo uma alternativa barata, limpa e sustentável. Esta rede de suporte aos veículos eléctricos tem como finalidade permitir que as baterias destes veículos possam ser trocadas ao invés de carregadas, possibilitando percorrer longas distâncias sem perda de tempo para carregar as baterias. Esta solução, denominada Battery Exchange Stations permite a troca das baterias sem demasiada perda de tempo, sendo ainda mais eficientes e convenientes do que postos de combustíveis convencionais [50][51]. Apesar da troca das baterias representar uma solução, as baterias também devem poder ser carregadas em locais estratégicos, como residências particulares, estradas nacionais, auto-estradas e parques de estacionamento. Para este efeito, as baterias podem ser carregadas através do Sistema Eléctrico Nacional e/ou recorrendo a fontes de energia renováveis. Se este processo for efectuado em residências particulares recorrendo a fontes de energia renováveis, a produção e o consumo pode ser independente de empresas concessionárias de energia eléctrica, porém, o processo de carregamento das baterias tem que ter em conta a capacidade do carregador em fornecer energia eléctrica e o tempo de carregamento. Por exemplo, assumindo um sistema de baterias recarregáveis com capacidade nominal de 20 kWh e um sistema eficiente de carregamento, para que se possa efectuar um carregamento de apenas 50 % da capacidade nominal das baterias em uma 1 hora, com tensão de 230 V, é necessário fornecer uma corrente de 43,478 A. Se o carregador permitir fornecer elevadas 40 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas correntes, o tempo de carregamento pode ser reduzido, por outro lado, se o carregador não permitir fornecer correntes elevadas é necessário aumentar ao tempo de carregamento, no entanto, em ambos os casos, é preciso que o carregador não descure a vida útil das baterias. Em Portugal, foi criada a entidade Mobi.E, que assenta em vários pontos de carregamento das baterias dos veículos eléctricos e que estarão distribuídos pelo território nacional. O processo de carregamento das baterias consistirá em dois métodos distintos, um rápido entre vinte e trinta minutos e um lento entre seis e oito horas. O método de pagamento da energia consumida e da taxa de serviço será realizado através do cartão pré-pago CHARG.E da rede Mobi.E [52]. Com esta aposta, cria-se um grande desafio para Universidades, Centros de Investigação e Empresas que visam o desenvolvimento de soluções tecnológicas relacionadas com os veículos eléctricos e com as energias renováveis. No contexto dos veículos eléctricos, Portugal receberá veículos eléctricos da Nissan, com possibilidade de alugar as baterias para reduzir o preço inicial do veículo [53]. Este veículo terá autonomia de 160 quilómetros e baterias de lítio [54]. Portugal vai receber uma fábrica de produção de baterias de lítio específicas para equipar veículos eléctricos [55]. 2.10.Módulos de Baterias para Veículos Híbridos e Eléctricos Tanto os veículos híbridos como os eléctricos utilizam baterias para fornecer energia aos motores eléctricos, todavia os veículos eléctricos requerem mais energia armazenada nas baterias que os veículos híbridos. Estas baterias podem ser associadas em série e/ou paralelo de forma a se adaptarem às necessidades especificas de cada veículo. Como estes veículos requerem baterias com características específicas, de seguida são apresentados alguns exemplos de baterias destinadas a veículos híbridos e eléctricos. 2.10.1. Saft Batteries A empresa Saft desenvolveu vários módulos de baterias específicos para veículos híbridos e eléctricos assente na tecnologia NiMH. Um exemplo concreto para veículos eléctricos é o módulo NHE 10-100 Module apresentado na Figura 2.35. De referir que a Saft também disponibiliza módulos com tecnologias diferentes de NiMH. Figura 2.35 – Módulo de baterias NHE Module da Saft [56]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 41 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Estes módulos têm como vantagens o facto de serem livres de manutenção, possuírem excelente segurança, excelente resistência a abusos, serem totalmente recicláveis, serem totalmente selados e possuírem um sistema de refrigeração líquido disponível dependendo da aplicação. Na Tabela 2.9 estão apresentadas as características nominais destes módulos. Tabela 2.9 – Características nominais do NHE 10-100 Module da Saft [56]. Tensão Nominal (V) 12 Capacidade de Carga Nominal (Ah) 100 Energia Especifica (Wh / kg) 66 Densidade Energética (Wh / l) 137 Potência Especifica (W / kg) 150 Densidade de Potência (W / l) 310 Dimensões (mm) 195 x 390 x 120 Peso (kg) 18,6 Temperatura de Funcionamento (ºC) -20 a +40 Temperatura de Armazenamento (ºC) 0 a +30 Na Figura 2.36, está apresentado o gráfico que relaciona a tensão do módulo com a profundidade de descarregamento percentual, à temperatura de 23 ºC, quando a taxa de descarregamento é 1/3 C, 1,5 C e 1 C. Na Figura 2.37, está representado o gráfico que relaciona a retenção do carregamento percentual ao longo dos dias, às temperaturas de +23 ºC e +40 ºC. Na Figura 2.38, está representado o gráfico que relaciona a capacidade de retenção do módulo com o número de ciclos (ciclos com uma profundidade de descarregamento de 80%), a uma taxa de descarregamento de 1/3 C. Por último, na Figura 2.39, está representado o gráfico que relaciona o pico de potência típico com a profundidade de descarregamento às taxas de 500 A/10 s e 300 A/30 s à temperatura de 23 ºC [56]. Figura 2.36 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão com a DOD percentual, para diferentes correntes de descarregamento, nos módulos NHE 10-100 Module da Saft [56]. 42 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.37 – Evolução do estado da carga percentual ao longo dos dias, às temperaturas de +23ºC e +40ºC, nos módulos NHE 10-100 Module da Saft [56]. Figura 2.38 – Evolução do estado da capacidade de carga percentual ao longo do número de ciclos de carregamento e descarregamento nos módulos NHE 10-100 Module da Saft [56]. Figura 2.39. – Relação entre os picos de potência e a DOD percentual nos módulos NHE 10-100 Module da Saft [56]. 2.10.2. Valence Na Figura 2.40 estão ilustradas as baterias XP Battery Module da Valence. Estes módulos foram desenvolvidos com a tecnologia de lítio, mais concretamente com LiFeMgPO, proporcionam algumas mais-valias em relação às tradicionais baterias de lítio, podendo ser utilizadas em diversas aplicações, sendo que também estão no caminho dos veículos eléctricos [57]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 43 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.40 – Baterias XP Battery Module da Valence [57]. As principais mais-valias destas baterias são o facto de terem incorporado internamente um sistema de BMS, possuírem sistema interno de balanceamento das células da bateria e serem livres de manutenção. Apesar de o datasheet não especificar o número de ciclos de carregamento e descarregamento, prometem milhares de ciclos, com uma profundidade de descarregamento de 100% sob condições normais de funcionamento. Não menos importante para algumas aplicações é o facto de terem dimensões semelhantes às tradicionais baterias de chumbo. Um caso específico destas baterias é a U24-12XP, cujos valores nominais estão apresentados na Tabela 2.10 [57]. Tabela 2.10 – Valores nominais da bateria U24-12XP da Valance [57]. 44 Tensão Nominal (V) 12,8 Capacidade de Carga Nominal (Ah) 110 Energia Especifica (Wh / kg) 89 Densidade Energética (Wh / l) 139 Resistência Interna (mΩ) 6 Tensão Máxima de Carregamento (V) 14,6 Corrente Nominal de Carregamento (A) 55 Tempo de Carregamento (h) 2,5 Corrente Nominal de Descarregamento (A) 150 Corrente Nominal de Descarregamento, em 30s (A) 300 Tensão Mínima de Descarregamento (V) 10 Dimensões (mm) 225 x 260 x 172 Peso (kg) 15,8 Temperatura de Funcionamento (ºC) -10 a +50 Temperatura de Armazenamento (ºC) -40 a +50 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Na Figura 2.41, está apresentada a relação da tensão da bateria com a capacidade de carga percentual para diferentes taxas de descarregamento quando a temperatura de funcionamento é de +23 ºC. A Figura 2.42 apresenta a relação da capacidade de carga da bateria com o número de ciclos de carregamento e descarregamento à taxa de C / 2 e à temperatura de +23 ºC. Por fim, na Figura 2.43 a relação entre a capacidade de carga percentual, a tensão de carregamento e o tempo de carregamento. Figura 2.41 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão da bateria com a DOD percentual, para diferentes taxas de descarregamento à temperatura de funcionamento de +23 ºC [57]. Figura 2.42 – Evolução do estado da capacidade de carga percentual ao longo do número de ciclos de carregamento e descarregamento à taxa de C / 2 e à temperatura de +23 ºC [57]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 45 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.43 – Curvas de carregamento que relacionam a capacidade de carga percentual com a tensão da bateria e com o tempo total de carregamento [57]. 2.10.3. EnerDel A célula de bateria da EnerDel [58], apresentada na Figura 2.44, foi especificamente concebida para veículos híbridos e eléctricos, como por exemplo, do fabricante Th!nk Global. Esta célula individual, assentes na tecnologia de lítio, mais concretamente em LiTiO podem ser associadas em série e/ou paralelo para formar baterias, como a apresentada na Figura 2.45, permitindo uma melhor integração nos veículos híbridos e eléctricos [58][59]. Figura 2.44 – Células de bateria da EnerDel [59]. Figura 2.45 – Bateria da EnerDel [59]. 46 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Apesar de estas baterias serem especificas para veículos híbridos e eléctricos, a EnerDel também tem baterias para necessidades específicas, como por exemplo, aplicações industriais (12 Volt Battery Pack), UPS’s ou telecomunicações (24 Volt Battery Pack), e para as mais diversas aplicações (80 Volt Battery Pack). A bateria apresentada na Figura 2.45 é composta por células LiTiO cujos valores nominais estão apresentados na Tabela 2.11. Na Figura 2.46, está representada a relação entre a tensão e a capacidade de carga destas células. Na Figura 2.47, está representada a relação entre a tensão e a capacidade de carga percentual, para uma taxa de descarregamento de 1 C a uma temperatura de 30 ºC. De acordo com a EnerDel, com estas baterias, específicas para os veículos híbridos e eléctricos é possível reduzir ao volume e ao peso em relação às tradicionais baterias de NiMH, conforme ilustrado na Figura 2.48 [58][59]. Relativamente ao número de ciclos, na Figura 2.49 está representada a sua relação com a capacidade de carga da célula, para as condições especificadas na mesma figura [58][59]. Tabela 2.11 – Valores nominais da célula LiTiO da EnerDel [58][59]. LiTiO Type Cell Tensão Nominal (V) 2,5 Capacidade de Carga Nominal (Ah) 1,8 Dimensões (mm) 145 x 130 x 5 Figura 2.46 – Curva de descarregamento que relaciona a tensão da célula com capacidade de carga absoluta nas células LiTiO [59]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 47 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.47 – Curva de descarregamento que relaciona a tensão da célula com a DOD percentual para uma taxa de descarregamento de 1 C à temperatura de 30 ºC [59]. Figura 2.48 – Comparação de baterias da EnerDel com as tradicionais de NiMH [58]. Figura 2.49 – Evolução da capacidade de carga absoluta da bateria ao longo do número de ciclos para as condições de carregamento e descarregamento especificadas [59]. 48 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.10.4. Thunder Sky A bateria TS-LPF90AHA da Thunder Sky representada na Figura 2.50 assenta na tecnologia de lítio, mais concretamente em LiFePo, e foi especialmente concebida para veículos eléctricos. De referir que a Thunder Sky também disponibiliza baterias com características diferentes destas, tanto no que concerne às características nominais como à aplicabilidade. Na Tabela 2.12 estão apresentados os valores nominais desta bateria. Na Figura 2.51 está representada a relação entre a tensão, a corrente, a capacidade de carga percentual e o tempo, durante o processo de carregamento. A relação entre a tensão e a capacidade de carga percentual da bateria para diferentes taxas de descarregamento está representada na Figura 2.52. A relação entre a tensão e a capacidade de carga percentual da bateria para diferentes temperaturas a uma taxa de descarregamento de 0,5 C está apresentada na Figura 2.53 [60]. Figura 2.50 – Bateria TS-LPF90AHA da Thunder Sky [60]. Tabela 2.12 – Valores nominais da bateria TS-LPF90AHA da Thunder Sky [60]. Tensão Nominal (V) 3,2 Capacidade de Carga Nominal (Ah) 90 Tensão Máxima de Carregamento (V) 4,25 Máxima Corrente de Descarregamento (A) 3 Máxima Corrente de Carregamento (A) < 270 Máxima Corrente de Descarregamento (A) < 270 Corrente de Carregamento e Descarregamento Standard (A) 30 Ciclos (80 % DOD) > 2000 Ciclos (70 % DOD) > 3000 Auto Descarregamento (mês) < 3% Dimensões (mm) 220 x 145 x 68 Peso (kg) 3,2 Temperatura de Funcionamento Carregamento (ºC) -25 a +75 Temperatura de Funcionamento Descarregamento (ºC) -25 a +75 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 49 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas Figura 2.51 – Curvas de carregamento que relacionam a tensão da célula com a corrente e com a capacidade de carga percentual ao longo do tempo [60]. Figura 2.52 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão da célula com a DOD percentual para diferentes taxas de descarregamento [60]. Figura 2.53 – Curvas de descarregamento que relacionam a tensão da célula com a DOD percentual para diferentes temperaturas a uma taxa de descarregamento de 0,5 C [60]. 50 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.11.Características de Diferentes Tecnologias de Células de Baterias Na Tabela 2.13 estão apresentadas as principais tecnologias de células de baterias, com um exemplo de fabricante e as características mais relevantes, no entanto, não estão todas apresentadas devido à escassez de informação dos datasheet’s. Tabela 2.13 – Características das diferentes tecnologias de células de baterias. Pb NiCd NiMH LiFePO LiPO LiPol LiFeMg LiMnO2 Exemplo Cyclon Sanyo Varta Gaia A123 AAPPC6 Valence Saft V 2 1,2 1,2 3,2 3,3 3,7 3,2 3 Ah 25 0,7 4,5 18 2,3 10,1 1,4 12 W / kg - - - 2120 - - - - W/l - - - 5380 - - - - Wh / kg - - 87 62 - - - - Wh / l - - 315 157 - - - - mΩ 1,5 3,4 20 1 10 < 15 - - Kg 1,67 0,23 0,062 0,930 0,07 0,210 0,04 0,120 BMS Não Não Não Não Não Não Não Não Ciclos > 300 - - > 1000 > 1000 - > 2000 - Dimensões Altura (mm) 158,8 91 67,5 159 65,15 157 65 61,4 Largura (mm) - - - - - 59,5 - - - - - - - 9,8 - - 65,3 3,2 18 60 25,85 - 18,2 34,2 Comprimento (mm) Diametro (mm) Carregamento Vmáx (V) 2,5 - - 3,8 3,8 4,2 3,65 - Imax (A) - - 2,25 18 3 10,1 - - tmáx (ºC) 80 45 45 40 - 45 45 70 tmin (ºC) -40 0 0 0 - 0 0 -40 Descarregamento 6 Vmax (V) 1,67 - - 2,1 1,6 2,75 2,5 - Imax (A) - - - 396 70 101 2,7 4 tmax (ºC) 80 60 50 - 60 60 - 70 tmin (ºC) -65 -20 0 - -30 0 - -40 AAPPC - AA Portable Power Corp Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 51 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.12.Características de Diferentes Tecnologias de Baterias Na Tabela 2.14 estão apresentadas as principais tecnologias de baterias, com um exemplo de fabricante e as características mais relevantes, no entanto, não estão todas apresentadas devido à escassez de informação dos datasheet’s. Tabela 2.14 – Características das diferentes tecnologias de baterias. Pb NiCd NiMH LiPol LiFePO LiTi LiFeMg Exemplo Optima Saft Saft GBP Battery Thunder Sky NanoSafe Valence V 12 12 12 48 3,2 13,8 12,8 Ah 38 97 100 45 90 88 110 W / kg - 150 - - - - W/l - 310 - - - - Wh / kg - 66 - - 74 89 Wh / l - >95 137 - - 5000 139 mΩ - - - <90 - - 6 kg 11,6 57,4 18,6 26 3,2 17 15,8 BMS Não - Não Sim Não - Sim Ciclos 3500 - > 2000 500 > 2000 15000 > 1000 Dimensões Altura (mm) 237 494 195 155 220 382 260 Largura (mm) 129 105 390 285 145 159 172 Comprimento (mm) 227 254 120 480 68 233 225 Carregamento Vmáx (V) 15,6 - - 55,25 4,25 - 14,6 Imax (A) - - - 20 270 50 C 55 tmáx (ºC) 51,7 - - 45 75 75 50 tmin (ºC) - - - 0 -25 -50 -10 Descarregamento 52 Vmax (V) - - - 39 2,5 - 10 Imax (A) - - - 50 270 100 C 150 tmax (ºC) - - - 55 75 75 - tmin (ºC) - - - -20 -25 -60 - Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.13.Exemplos de Preços de Baterias Para facilitar o enquadramento das tecnologias de baterias apresentadas, com os preços praticados, com as características nominais e com um exemplo de possível fornecedor, na Tabela 2.15 estão expostos alguns exemplos. Tabela 2.15 – Exemplos de fornecedores de baterias de diferentes tecnologias e valores nominais. Fornecedor Alfa Elektor Alfa Elektor Leiritrónica Leiritrónica Leiritrónica R.S. R.S. R.S. Farnnel Farnnel Farnnel OnlyBatteries OnlyBatteries OnlyBatteries OnlyBatteries BatterySpace BatterySpace BatterySpace BatterySpace BatterySpace BatterySpace AutomatedMedia DiyTrade EV Power EV Power EverSpring ElectricMotorSport FlightPower ElitPowerSolutions Sismelv EV Power BlackSheep BlackSheep Tecnologia Gel Gel Gel Li PbA Li Li LiPol Li Li PbA Li PbA NiMH NiMH NiMH NiMH Li Li NiCd LiPol Li LiFePO LiFePO LiFePO LiFePO LiFePO LiPol LiFePO LiFePO LiPol LiFePO LiFePO V 12 12 6 3,7 12 14,4 15 3,7 3,7 15 12 3,7 7,2 24 36 48 24 37 37 14,4 37 7,5 24 12 36 3,2 3,2 11,1 12,8 3,2 3,2 3,6 3,2 Ah 26 7 3,2 0,72 65 6 6,6 2,5 1,1 2,2 30 6,6 0,7 13 10 10 13 10 21 4 10 8 20 12 15 90 90 64 20 12 12 10 90 Preço (€) 71,88 20,34 10,02 18,80 190,72 438,48 220,89 44,58 27,27 69,26 148,94 30,00 11,00 279,00 294,00 352,00 260,11 306,87 584,55 44,65 294,51 50,00 252,15 206,08 39,66 139,97 139,97 81,78 124,42 199,810 41,2111 20,99 26,44 Nota 17 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 28 2 39 3 3 3 3 3 3 3 3 7 Preços na internet, nos sites dos fornecedores ou dos fabricantes, entre os dias 14 e 17 de Outubro de 2008. 8 Preços na internet, nos sites dos fornecedores ou dos fabricantes, no dia 17 de Fevereiro de 2009. 9 Preços na internet, nos sites dos fornecedores ou dos fabricantes, no dia 11 de Março de 2009. 10 Preço para mais de 50 unidades. 11 Preço para mais de 16 unidades. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 53 Capítulo 2 – Baterias Eléctricas 2.14.Conclusão Actualmente, apesar de as baterias ainda apresentarem inconvenientes, como a energia por unidade de volume, a energia por unidade de peso, o número de ciclos ou a vida útil, a Humanidade está cada vez mais depende das baterias, tanto para pequenos como para grandes equipamentos, com especial destaque para a crescente aposta nos veículos híbridos e eléctricos. Durante bastantes décadas, as tecnologias associadas às baterias evoluíram lentamente, contudo, nas mais recentes, essa evolução tem aumentado de forma a satisfazer as novas necessidades do mercado, prevendo-se que a tecnologia inerente às baterias atinja o auge nas próximas décadas. Actualmente, existe uma grande variedade de tecnologias de baterias, quer à base de chumbo, de níquel ou de lítio. Estas baterias diferem entre si pelos valores nominais que apresentam, pelas aplicações a que se destinam, pela tecnologia de construção, pela vida útil que apresentam e pelos algoritmos de carregamento e descarregamento. Deste modo, quando se pretende obter uma bateria para uma determinada aplicação, é necessário conhecer todos os parâmetros envolvidos nessa aplicação, porque só assim se consegue escolher uma bateria que corresponda ao esperado. Se a escolha não for a adequada podem acontecer situações desagradáveis, como por exemplo, muito tempo de carregamento da bateria, pouca vida útil, funcionamento numa gama limitada de temperaturas e diminutas taxas de descarregamento. Associados às tecnologias de baterias também estão os sistemas de gestão das mesmas, tanto para os processos de carregamento como de descarregamento, assim como os circuitos de protecção externos. Relativamente à mobilidade dos veículos híbridos e eléctricos já existe uma grande variedade de baterias que permite colmatar as necessidades actuais destes veículos. No entanto, com o previsível aumento destes para as próximas décadas, é de esperar que as tecnologias de baterias também progridam de forma a responder com eficácia a esse desafio. Neste sentido, requer-se que as diferentes tecnologias de baterias apresentem melhores valores de densidade de energia, densidade de potência, energia específica, potência específica, resistência interna, peso e número de ciclos. 54 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias CAPÍTULO 3 Carregadores de Baterias 3.1. Introdução O processo eficaz do carregamento das baterias, implica que o mesmo seja realizado respeitando as suas características nominais e a sua tecnologia. Tendo este pressuposto como base, determinar qual o melhor algoritmo de carregamento a utilizar é sem dúvida, o factor primordial para que vida útil das baterias seja cumprida na íntegra. Desta forma, tradicionalmente, os carregadores de baterias são implementados com conversores estáticos de electrónica de potência, de modo a fornecer energia eléctrica, sob a forma de tensão e corrente contínua às baterias. Para este efeito, várias topologias de carregadores podem ser utilizadas, sendo que a mais clássica é utilizar um conversor CA-CC com diodos e um filtro capacitivo no lado CC. Apesar de simples, esta solução apresenta várias desvantagens, em que a mais inconveniente é a elevada Distorção Harmónica Total (Total Harmonic Distortion - THD) da corrente no lado CA. Além desta desvantagem, este conversor não permite o controlo eficaz do carregamento, visando preservar a vida útil das baterias. Com base neste conversor muitos outros podem ser implementados, porém, nenhum é completo, pois o objectivo é que o carregador permita carregar as baterias com diferentes algoritmos de controlo e de acordo com a tecnologia das mesmas, sendo que ao mesmo tempo, a corrente no lado CA deve ser sinusoidal e o factor de potência unitário. Neste contexto, o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias proposto nesta Dissertação, permite que sejam implementados vários algoritmos de carregamento, quer a nível de tensão ou de corrente no lado CC, e ao mesmo tempo, permitir que a corrente no lado CA seja sinusoidal e o factor de potência unitário. Independentemente do método de carregamento das baterias, a energia eléctrica necessária a esse carregamento, pode ser fornecida através do método plug-in1, ou então, através dos denominados carregadores indutivos, que permitem a transferência de energia eléctrica do carregador paras as baterias sem contacto entre as partes, ou seja, o carregamento é efectuado através da criação de um campo magnético. O veículo eléctrico GM EV1 foi um dos primeiros a utilizar o método de carregamento indutivo, mas actualmente, existem mais veículos a utilizar este método de carregamento, como o Nissan Hypermini EV e o Toyota RAV4 [61]. O Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias proposto nesta Dissertação visa o carregamento através do método plug-in. 1 Plug-In significa que existe uma conexão física, através de encaixe, entre o sistema de carregamento e o sistema a carregar. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 55 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias 3.2. Processo de Carregamento de Baterias Respeitante ao processo de carregamento das baterias, este pode ser realizado de diversas formas, e pode depender do sistema onde as mesmas estão inseridas. Se as baterias forem de uma UPS's, de automóveis tradicionais ou de sistemas de energias renováveis, o carregamento destas baterias é automático, necessitando apenas de manutenção. Por outro lado, as baterias de uso comum, como de brinquedos ou de máquinas eléctricas, precisam de ser carregadas pelo utilizador com recurso a um carregador próprio para o efeito e às tomadas tradicionais, sendo que a disponibilidade para o efeito é bastante abrangente. Actualmente, existem carregadores específicos para cada tecnologia de bateria, e carregadores universais que alegam puder carregar todas as tecnologias de baterias. Se estes carregadores forem capazes de aplicar diferentes algoritmos de carregamento, de acordo com a tecnologia e valores nominais das baterias, considera-se que o carregador é inteligente, e que de facto, permite carregar as diferentes tecnologias de baterias, pois consegue identificar a tecnologia da bateria em questão e, de forma automática, define qual o melhor algoritmo de carregamento a aplicar. O Sistema de Carregamento apresentado nesta Dissertação permite carregar baterias de diferentes tecnologias, sendo por isso vocacionado para carregar baterias de diferentes aplicações, entre as quais as dos diversos veículos híbridos e eléctricos. No entanto, actualmente, ainda não permite identificar as diferentes tecnologias de baterias e aplicar o melhor algoritmo de carregamento. Para que tal possa ser implementado, é necessário que os veículos e/ou o banco de baterias estejam equipados com sistemas de identificação da tecnologia e do estado da carga actual. 3.3. Algoritmos de Carregamento de Baterias Os algoritmos de carregamento das baterias consistem nos diferentes estágios que podem ser impostos a nível de tensão ou de corrente, visando o tempo de carregamento, a tecnologia das baterias e a vida útil das mesmas [62]. Antes de aplicar qualquer algoritmo de carregamento às baterias, é necessário consultar o datasheet das mesmas para analisar se existem exigências, por parte do fabricante, que sejam mais vantajosas para garantir a maior durabilidade destas. Apesar de existirem bastantes algoritmos de carregamento das diferentes tecnologias de baterias, seguidamente são apresentados os mais relevantes [62]. 3.3.1. Corrente Constante Este algoritmo, com um único estágio de carregamento, consiste em fornecer corrente constante à bateria até que esta atinja a tensão nominal. O tempo de carregamento da bateria depende do valor da corrente aplicada, e esta corrente, normalmente, está relacionada com a capacidade de carga da bateria. No entanto, uma regra comum consiste em aplicar uma corrente não superior a 1 C. Este algoritmo pode 56 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias ser aplicado a baterias à base de chumbo, mas é mais comum ao carregamento de baterias de NiCd e de NiMH. Na Figura 3.1, está ilustrada a evolução da tensão e da corrente durante o processo de carregamento da bateria. Figura 3.1 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante. 3.3.2. Tensão Constante Este algoritmo, com um único estágio de carregamento, consiste em aplicar tensão constante à bateria, de valor igual à nominal, ou 20 % superior, e deixar que a corrente de carregamento seja determinada pelas características electroquímicas da bateria. O inconveniente deste algoritmo é o elevado tempo de carregamento da bateria, uma vez que, quanto maior a energia armazenada, menor é a corrente de carregamento. Com este algoritmo, o fim do carregamento acontece quando a corrente é próxima de zero, no entanto, existem muitos carregadores que terminam o carregamento quando a corrente é inferior a 1 A, correndo-se o risco da bateria ainda não estar totalmente carregada. Este algoritmo de carregamento só é aplicado a baterias à base de chumbo. Na Figura 3.2 está representada a evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo com este algoritmo de carregamento. Figura 3.2 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: tensão constante. 3.3.3. Potência Constante Este algoritmo, também com um único estágio de carregamento, consiste em manter constante a potência de carregamento da bateria. Inicialmente, a corrente é elevada e a tensão reduzida, e ao longo do tempo, a tensão aumenta e a corrente diminui, mantendo sempre a potência constante. Tal como no algoritmo anterior, o fim do carregamento acontece quando a corrente é próxima de zero ou inferior a 1 A. O grande inconveniente deste algoritmo é o excessivo aquecimento que pode ocorrer, em Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 57 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias especial na fase inicial, quando a tensão é reduzida e a corrente é elevada. Tal como o algoritmo anterior, este também é mais indicado para baterias à base de chumbo. A evolução da tensão e da corrente com este algoritmo está representada na Figura 3.3. Figura 3.3 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: potência constante. 3.3.4. Temperatura Máxima e Constante Com este algoritmo, mais um vez de um único estágio de carregamento, o tempo de carregamento da bateria é bastante reduzido, pois consiste em aplicar um elevado valor de corrente constante, apenas limitado pela temperatura da bateria. Com este algoritmo, o fim do carregamento acontece quando a tensão atinge o seu valor nominal ou 20 % superior a esse valor. No primeiro caso, corre-se o risco da bateria não ficar totalmente carregada, e no segundo caso, a bateria é carregada na totalidade. Apesar de ser um algoritmo de carregamento muito rápido é pouco eficaz quanto à vida útil da bateria, porque pode estar a ser carregada com corrente excessiva. O inconveniente deste algoritmo é o facto de ter que se manter constante e no seu limite máximo a temperatura, sendo necessário conhecer a temperatura máxima admissível da bateria e usar um bom sistema de controlo de temperatura. Este algoritmo é pouco eficaz, mas pode ser aplicado a baterias à base de chumbo ou à base de níquel. A evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com este algoritmo de carregamento, está representada na Figura 3.4. Figura 3.4 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: temperatura máxima e constante. 3.3.5. Corrente Constante Seguida de Tensão Constante (I) Com este algoritmo de carregamento, no primeiro estágio é imposta corrente constante à bateria até que a tensão seja aproximadamente 10 % superior à tensão 58 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias nominal. No segundo estágio, é imposta tensão nominal constante até que a corrente diminua até próximo de zero ou que seja inferior a 1 A. Este algoritmo é indicado para baterias à base de chumbo ou de lítio. A evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com este algoritmo de carregamento, está representada na Figura 3.5. Figura 3.5 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante seguida de tensão constante (I). 3.3.6. Corrente Constante Seguida de Tensão Constante (II) Este algoritmo de carregamento, no primeiro estágio, consiste em aplicar corrente constante até que a tensão seja 10 % superior ao valor nominal. No segundo estágio, consiste em aplicar tensão constante 10 % superior ao valor nominal, até finalizar o carregamento, ou seja, até a corrente ser próxima de zero ou inferior a 1 A. Este algoritmo de carregamento, cuja evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo está representada na Figura 3.6, é mais eficaz que o precedente, e pode ser aplicado a baterias à base de chumbo ou de lítio. Figura 3.6 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante seguida de tensão constante (II). 3.3.7. Corrente Constante Seguida de Tensão Constante (III) Este algoritmo de carregamento é semelhante aos anteriores, com a diferença, que no primeiro estágio a corrente é mantida constante até a bateria atingir uma tensão 20 % superior à nominal. Posteriormente, no segundo estágio, é imposta uma tensão 10 % superior à nominal até à finalização do carregamento, ou seja, até que a corrente seja próxima de zero ou inferior a 1 A. Este algoritmo é indicado para carregar baterias à base de chumbo ou de lítio. Na Figura 3.7.está representada a evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com este algoritmo de carregamento. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 59 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Figura 3.7 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante seguida de tensão constante (III). 3.3.8. Corrente Constante Seguida de Tensão Constante (IV) Este algoritmo de carregamento é muito semelhante ao anterior, uma vez que quando a tensão atinge o valor de 20 % superior à nominal no primeiro estágio, o carregador mantém constante essa tensão e aguarda que a corrente diminua cerca de 90 % da corrente consumida inicialmente, para então impor uma tensão constante 10 % superior à tensão nominal e espera que a corrente diminua até aproximadamente zero ou que seja inferior a 1 A. Com este algoritmo a bateria pode ser carregada até 100 %, o carregamento é mais eficiente e não há risco de sobreaquecimento. Este método é mais indicado para baterias de à base de chumbo ou lítio. A evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com este algoritmo de carregamento está representada na Figura 3.8. Figura 3.8 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante seguida de tensão constante (IV). 3.3.9. “Negative Delta V” – Variação da Negativa da Tensão Este algoritmo de carregamento consiste em aplicar corrente constante à bateria e analisar a evolução da tensão, de modo a detectar uma variação negativa da mesma. Nas baterias à base de níquel, durante o processo de carregamento, existe um momento em que a tensão começa a estabilizar e, posteriormente, decai um pouco. Nesta altura, como o carregador está a analisar a evolução da tensão, detecta uma variação negativa da mesma e termina o carregamento da bateria. Quando a corrente de carregamento é suficientemente elevada, o carregamento torna-se mais eficiente. Este método é mais eficaz em baterias de NiCd, mas também pode ser aplicado em baterias de NiMH. A evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com este algoritmo de carregamento está representada na Figura 3.9. 60 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Figura 3.9 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: “Negative Delta V”. 3.3.10. Corrente Constante e Pulsada Neste algoritmo, o carregamento da bateria é controlado através da tensão aos terminais da mesma, recorrendo a um controlador do tipo on-off2, sendo inicialmente imposta corrente constante até que a tensão seja 20 % superior à nominal. Quando tal acontece, o fornecimento de corrente é interrompido e a tensão decai até cerca de 10 % da tensão nominal, onde é aplicada novamente corrente constante até que a tensão seja outra vez 20 % superior à nominal. O fim do carregamento acontece quando a tensão demora muito tempo a decair, no entanto, pode ser ajustado com o controlador on-off. Este algoritmo de carregamento depende, unicamente, da tensão final da bateria. Desta forma, pode acontecer que a bateria ainda não tenha alcançado o carregamento completo e já esteja a ser danificada por excesso de carregamento. No entanto, o controlador on-off pode ser temporizado com razão cíclica fixa, evitando assim a dependência do valor final da tensão. Este algoritmo é indicado para baterias à base de chumbo. A evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com este algoritmo de carregamento está representada na Figura 3.10. Figura 3.10 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: corrente constante e pulsada. 3.3.11. Variação da Tensão Neste algoritmo de carregamento, inicialmente, aplica-se tensão constante igual ao seu valor inicial, e aguarda-se que a corrente diminua até próximo de zero ou que seja inferior a 1 A. Quando tal acontece, aumenta-se a tensão para um nível superior, e espera-se que a corrente diminua outra vez para os níveis referidos. Este processo 2 Um controlador do tipo on-off abre ou fecha um determinado ponto do sistema onde está a actuar, de acordo com o variação da variável a controlar. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 61 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias repete-se até que a tensão seja 20 % superior à tensão nominal. Este algoritmo é bastante lento e quando a tensão atinge o valor de 20 % superior à nominal, a bateria pode estar com temperaturas elevadas, mas ainda não estar totalmente carregada. Os níveis de tensão constante a aplicar podem ser ajustados através do software do sistema de carregamento. Este algoritmo é aplicado a baterias à base de chumbo. A evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com este algoritmo de carregamento, está representada na Figura 3.11. Figura 3.11 – Evolução da tensão e da corrente ao longo do tempo, com o algoritmo: variação da tensão. 3.4. Conversores Electrónicos para Carregadores de Baterias A função primordial dos conversores electrónicos é adequar os níveis de tensão e de corrente, disponíveis num determinado ponto de um sistema, para outros níveis de tensão e de corrente, para outro ponto do sistema. No caso concreto dos carregadores de baterias, com alimentação da rede eléctrica, é necessário o uso de um conversor CA-CC, que transforme a tensão e a corrente da rede eléctrica, em tensão e corrente adequadas para serem fornecidas às baterias. C Baterias Para este pressuposto, o conversor mais simples que se pode desenvolver está apresentado na Figura 3.12. Este conversor utiliza quatro diodos e um filtro capacitivo no lado CC, é simples de construir e pode fornecer a tensão e a corrente necessárias ao carregamento das baterias. No entanto, apresenta como inconveniente, a corrente não sinusoidal no lado CA, e o facto de não poder ajustar a tensão no lado CC, independentemente da tensão no lado CA. Figura 3.12 – Conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo na saída. 62 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Os sinais da tensão e da corrente no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is) que este conversor apresenta, estão representados na Figura 3.13. Estes resultados foram obtidos através de um programa de simulação (ver Capítulo 4), e servem somente para mostrar as formas de onda típicas deste tipo de conversor. Obviamente, as amplitudes dos sinais são dependentes dos valores dos componentes utilizados, e da alimentação do conversor. (ve) (ie) (vs) (is) Figura 3.13 – Tensões e correntes no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is), do conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC. Existem muitas outras metodologias para obter CC a partir de CA, no entanto, basicamente, todas elas assentam no princípio básico do conversor CA-CC a diodos com filtro capacitivo no lado CC. Esta metodologia tornou-se tão popular, que quase todos os equipamentos, que funcionam com CC a utilizam, tal como televisões, vídeos, DVD's, rádios ou computadores. Apesar de bastante utilizados, estes conversores, são prejudiciais para a rede eléctrica, porque, como referido, não consomem corrente sinusoidal, o que provoca elevada THD dessa corrente. Estas cargas, que consomem corrente com THD, são chamadas cargas não lineares3. No que diz respeito à rede eléctrica, com o consumo de corrente com elevada THD, por parte das cargas não lineares, a forma de onda da tensão passa também a ser 3 Cargas não lineares consomem corrente eléctrica, cuja forma de onda, é diferente da tensão que lhes é aplicada, ou seja, se uma carga está sujeita a tensão sinusoidal e consome corrente não sinusoidal diz-se que é uma carga não linear. Por outro lado, se uma carga está sujeita a tensão sinusoidal e consome corrente sinusoidal diz-se que é uma carga linear. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 63 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias afectada. Neste contexto, para limitar a deterioração da tensão eléctrica, existe um enquadramento legal, através das normas: CÉNÉLEC NE/EN 50160 (1994), CEI/IEC 61000 (1990/94/98), e ANSI/IEEE 519-1992 (1992), que limitam os níveis de THD da tensão, não só dos consumidores de energia eléctrica, mas também da empresa de distribuição da mesma. Relativamente às cargas não lineares, que utilizam o conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC, para diminuir a THD da corrente de entrada, podem-se utilizar filtros passivos em série (filtros indutivos), filtros passivos em paralelo (filtros capacitivos), filtros passivos em série/paralelo (filtros indutivos e capacitivos), filtros activos em paralelo (compensação dinâmica da THD da corrente através da produção de correntes de compensação), filtros activos em série (compensação dinâmica da THD da tensão através da produção de tensões de compensação), filtros activos em série/paralelo (compensação dinâmica da THD da tensão e da corrente através da produção de tensões e correntes de compensação), circuitos electrónicos auxiliares (conversores CC-CC logo após o conversor CA-CC), ou então topologias de conversores CA-CC recorrendo a semicondutores de potência totalmente controlados [63]. Neste contexto, para limitar a THD da corrente no lado CA do conversor de CACC a diodos com filtro capacitivo no lado CC, de seguida são apresentados alguns dos exemplos mencionados anteriormente. Por ser simples, um método bastante utilizado, para reduzir a THD da corrente no lado CA, consiste em utilizar um filtro passivo série (filtro indutivo), antes do conversor CA-CC, tal como representado na Figura 3.14. As formas de onda típicas da tensão e da corrente no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is) para este tipo de configuração estão representadas na Figura 3.15. Apesar de simples, e de melhorar a forma de onda da corrente consumida, o factor de potência não é unitário, ou seja, com esta topologia existe consumo de potência reactiva. Os resultados obtidos servem somente para mostrar as formas de onda típicas deste tipo de conversor. C Baterias L Figura 3.14 – Utilização de um filtro indutivo série antes do conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC. 64 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias (ve) (ie) (vs) (is) Figura 3.15 – Tensões e correntes no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is) do conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC, e com filtro indutivo série no lado CA. Dependendo do valor do filtro indutivo série, este tipo de conversor ainda apresenta desvantagens na THD da corrente, no factor de potência que não é unitário, e no peso e volume do filtro. Neste seguimento, outra solução bastante popular, consiste em utilizar a seguir ao filtro indutivo série um filtro capacitivo paralelo, tal como representado na Figura 3.16. Na Figura 3.17 estão representados os sinais da tensão e da corrente no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is) deste conversor. C C Baterias L Figura 3.16 – Filtro LC antes do conversor CA-CC a diodos. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 65 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias (ve) (ve) (vs) (is) Figura 3.17 – Tensões e correntes à entrada (ve, ie) e à saída (vs, is) do conversor CA-CC com diodos e filtro capacitivo no lado CC e filtro indutivo série e capacitivo paralelo no lado CA. Outra solução, muitas vezes adoptada, e que permite obter resultados muito mais satisfatórios, consiste em utilizar um conversor CC-CC à saída do conversor CA-CC com diodos e sem filtro capacitivo no lado CC. De todas as configurações de conversores CC-CC existentes, o conversor Step-Up, representado na Figura 3.18, é o mais largamente aplicado e que permite obter os melhores resultados [64][65]. Na Figura 3.19 estão representados os sinais da tensão e da corrente no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is) deste conversor. C Baterias L Figura 3.18 – Conversor CA-CC a diodos seguido do conversor CC-CC Step-Up. 66 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias (ve) (ie) (vs) (is) Figura 3.19 – Tensões e correntes no lado CA (ve, ie) e no lado CC (vs, is) do conversor CA-CC com diodos seguido do conversor CC-CC Step-Up. Com esta configuração de conversor, através do PWM (Pulse Width Modulation) aplicado ao semicondutor de potência, neste caso IGTB (Insulated Gate Bipolar Transistor), é possível controlar a tensão e a corrente no lado CC do conversor CC-CC e a corrente na indutância, e por conseguinte, a corrente na entrada do conversor CA-CC a diodos. O controlo do PWM pode ser efectuado de diversas formas, sendo que actualmente, existem diversos circuitos integrados específicos para efectuar este controlo, como é o caso do UC3854 (Unitrode), FAN7527B (Fairchild), LM6561 (ST), LM6563 (ST), L4981A (ST), TDA4863-2 (Infineon), e IR1150 (International Rectifier). Noutra perspectiva, o controlo do PWM também pode ser efectuado, através de um microcontrolador, recorrendo a algoritmos de controlo específicos [66][67], como o apresentado na Figura 3.20. Figura 3.20 – Algoritmo de controlo do PWM a aplicar ao conversor CC-CC Step-Up. Este tipo de configuração permite ajustar a tensão ou a corrente no lado CC do conversor CC-CC, manter sinusoidal a corrente no lado CA e o factor de potência unitário [68]. Todavia, este tipo de conversor não é bidireccional, isto é, não permite Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 67 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias que a energia armazenada nas baterias seja devolvida a uma carga, ou à rede eléctrica, através do conversor. No entanto, existem topologias de conversores CC-CC que são bidireccionais e ajustam valores de CC em ambos os lados, como é o caso dos conversores Forward, Flyback, Push-Pull, Full-Bridge, Ćuk e SEPIC, porém, caso fossem aplicados seguidamente ao conversor CA-CC a diodos, não conseguiam manter sinusoidal a corrente no lado CA. Uma das formas de se obter um conversor CC-CC bidireccional é juntar os conversores Step-Up e Step-Down num único, como apresentado na Figura 3.21. Com esta topologia, durante o processo de carregamento das baterias, a corrente flui do barramento CC para o banco de baterias, isto é, o conversor actua como Step-Down, e quando é necessário retirar a energia das baterias para o barramento CC, o conversor passa a actuar como Step-Up. Com esta solução, seguidamente ao conversor a diodos, é possível carregar as baterias com tensão ou corrente constante, manter sinusoidal a corrente no lado CA e o factor de potência unitário. No entanto, como visto anteriormente, esta não é a melhor solução porque, durante o carregamento das baterias, o conversor que está em L C C Baterias Barramento CC funcionamento é o CC-CC Step-Down. A grande desvantagem desta configuração, com os três conversores, reside no facto de não ser possível descarregar as baterias através do conversor CA-CC a diodos, uma vez que este não é bidireccional. Esta configuração pode ser útil se o pretendido for descarregar as baterias, somente através do conversor CC-CC Step-Up, ou seja, descarregar as baterias para uma carga com controlo da tensão e da corrente. Figura 3.21 – Conversor bidireccional CC-CC Step-Up e Step-Down. 3.5. Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias A topologia de conversor bidireccional proposta nesta Dissertação está apresentada na Figura 3.22. Conforme representado na figura, este conversor é composto por um indutância no lado CA, quatro IGBT's e um condensador no lado CC. A representação das baterias na figura corresponde à associação de várias baterias, da mesma tecnologia e valores nominais iguais, de modo a formar um banco de baterias. 68 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias G1 T G2 T C G1 B Baterias L G2 B Figura 3.22 – Conversor bidireccional, com consumo sinusoidal de corrente e factor de potência unitário. Esta topologia é a base do conversor bidireccional proposto nesta Dissertação, no entanto, devido a problemas de carregamento do condensador do lado CC, foi inserida uma resistência em série com o conversor no lado CA. A resistência têm ligado aos seus terminais um contactor que permite que possa ficar em curto-circuito sempre que desejado. A par da resistência, foram inseridos dois novos condensadores aos terminais de cada braço do conversor. Na Figura 3.23 esta apresentada esta nova configuração, onde estão destacados os IGBT's, os condensadores e a resistência de pré-carga. G1 T G2 T R C G1 B C C Baterias L G2 B Figura 3.23 – Circuito completo do conversor bidireccional. 3.5.1. Conversor Bidireccional como Conversor CA-CC Quando o conversor bidireccional funciona como conversor CA-CC, é possível manter constante a tensão ou a corrente no lado CC, e ao mesmo tempo manter sinusoidal a corrente no lado CA e o factor de potência unitário. Para tal, é necessário seguir o processo de controlo dos IGBT's apresentado no diagrama de blocos da Figura 3.24. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 69 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Figura 3.24 – Diagrama de blocos de controlo dos IGBT's do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. Conforme representado na Figura 3.24, o primeiro passo consiste em calcular a diferença entre a referência pretendida e o valor real medido, ou seja, o erro. Para o caso concreto do Sistema de Carregamento, a referência pretendida é a tensão ou a corrente no lado CC. Depois de calculado o erro, é-lhe imposto um limite superior e um limite inferior para evitar variações bruscas. Posteriormente, o erro passa por um controlador proporcional integral (PI), e é multiplicado por uma referência sinusoidal, denominada seno fictício. Este seno fictício está em fase com a tensão do lado CA, devido ao controlo de software implementado, que consiste em efectuar uma média deslizante da tensão do lado CA, e sincronizar o seno fictício com essa tensão. Até este ponto, o sinal obtido é sinusoidal com a frequência do seno fictício, e a amplitude é dependente do erro e dos ganhos do controlador PI. Este sinal, que é a corrente de referência para o lado CA, é comparado com a corrente real do lado CA, e são obtidos os sinais de disparo dos IGBT's. Como se pode verificar na Figura 3.24, se a referência for superior à corrente do lado CA, actua-se somente na gate do IGBT inferior esquerdo (gate 1 bottom - G1 B) e na gate do IGBT superior direito (gate 2 top - G2 T). Quando a corrente de referência é inferior à corrente do lado CA, actua-se somente na gate do IGBT superior esquerdo (gate 1 top - G1 T) e na gate do IGBT inferior direito (gate 2 top - G2 B). Com o processo de controlo descrito e de acordo com a referência do lado CC pretendida, consegue-se obter tensão ou corrente constante no lado CC, e ao mesmo tempo manter sinusoidal a corrente no lado CA e com factor de potência unitário. Assim, é possível carregar as baterias com tensão constante, com corrente constante ou com corrente constante seguida de tensão constante. Para esse propósito, é necessário seguir o algoritmo de controlo do Sistema de Carregamento apresentado na Figura 3.25. 70 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Início Definição de Variáveis Tipo de Carregamento? Tensão Constante Corrente Constante Referência Vcc Referência Icc Erro = Referência Vcc - Vcc Erro = Referência Icc - Icc Corrente Constante / Tensão Constante Vcc < Vcc Máximo Não Sim Referência Icc Referência Vcc Erro = Referência Icc - Icc Erro = Referência Vcc - Vcc Limitar o Erro Ajustar Ganhos do Controlador Proporcional Integral Gerar Corrente de Referência Comparar Corrente de Referência com Corrente de Entrada Gerar Sinais de Disparo dos IGBT’s Não Carregamento Completo? Sim Fim Figura 3.25 – Algoritmo de controlo de carregamento das baterias com tensão constante, com corrente constante ou com corrente constante seguida de tensão constante. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 71 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias 3.5.2. Conversor Bidireccional como Conversor CC-CA Com a mesma topologia de conversor bidireccional apresentada, e com o devido controlo dos IGBT's, é possível que este também funcione como conversor CC-CA. Deste modo, podem-se definir várias formas de descarregamento das baterias, ou seja, através devido controlo dos IGBT's, a energia armazenada nas baterias pode ser devolvida à rede eléctrica ou a uma carga CA, ou então, ser aplicada directamente sobre uma carga CC. Para ambas as situações, a corrente de descarregamento pode ser fixa ou variável, tendo em contas as baterias e o sistema de controlo. Com o processo de controlo dos IGBT's apresentado no diagrama de blocos da Figura 3.26, que é semelhante ao da Figura 3.24, é possível que o conversor funcione como conversor CC-CA a descarregar as baterias directamente para a rede eléctrica, desde que o seno fictício esteja em oposição de fase em relação à tensão do lado CA. Deste modo, a referência para a corrente do lado CA passa também a estar em oposição de fase em relação à tensão do lado CA, conseguindo-se que a corrente no lado CA fique também em oposição de fase com a tensão do lado CA. Com o conversor a funcionar no modo CC-CA também se podem descarregar as baterias para uma carga CA independentemente da rede eléctrica. Quando o conversor está a funcionar neste modo, podem-se estabelecer diferentes critérios, quer para a tensão, quer para a corrente. A tensão nas baterias deve ser monitorizada para detectar o fim do descarregamento e a corrente de descarregamento deve ser constante e controlada no lado CA ou no lado CC. Figura 3.26 – Diagrama de blocos de controlo dos IGBT's do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. O descarregamento das baterias também pode ser efectuado directamente para uma carga CC, ou então, no caso de um veículo híbrido ou eléctrico, pode ser efectuado para um motor, directamente ou através de outro conversor CC-CC ou CC-CA. O algoritmo de controlo do descarregamento, tanto para o conversor CC-CA como directamente sobre uma carga CC, está apresentado na Figura 3.27. 72 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Início Definição de Variáveis Carga CC Tipo de Descarregamento? CC – CA Tipo de Controlo Corrente Constante no lado CC Corrente Constante no lado CA Referência Icc Referência Sinusoidal Erro = Referência Icc - Icc Gerar Corrente de Referência Limitar o Erro Comparar Corrente de Referência com Corrente de Entrada Ajustar Ganhos do Controlador Proporcional Integral Gerar Sinais de Disparo dos IGBT’s Gerar Corrente de Referência Comparar Corrente de Referência com Corrente de Entrada Gerar Sinais de Disparo dos IGBT’s Descarregamento Completo? Não Não Sim Fim Figura 3.27 – Algoritmo de controlo do descarregamento das baterias como conversor CC-CA ou directamente sobre uma carga. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 73 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias 3.6. Exemplos de Carregadores de Baterias Actualmente, existem diversos carregadores que diferem, somente quanto às características nominais, e quanto à tecnologia de bateria a carregar, uma vez que, cada tecnologia de bateria tem o seu algoritmo de carregamento específico. Entre os carregadores de baterias que existem actualmente no mercado, alguns apenas carregam as baterias sem nenhum tipo de controlo, e outros, são carregadores específicos para determinadas baterias, pois visam perseverar ao máximo as características das baterias. Assim, de seguida, estão apresentados alguns exemplos de carregadores de baterias para as diversas tecnologias de baterias. 3.6.1. Werkraft WK-AFN9 O carregador de baterias Werkraft WK-AFN9 apresentado na Figura 3.28 é adequado para carregar baterias de chumbo com corrente máxima de 30 A. As principais características deste carregador estão apresentadas na Tabela 3.1. Figura 3.28 – Carregador de baterias Werkraft WK-AFN9 [69]. Tabela 3.1 – Principais características do carregador Werkraft WK-AFN9 [69]. 3.6.2. Tensão de Entrada (V) 230 Tensão de Carregamento (V) 12 ou 24 Corrente de Carregamento (A) 30 Peso (kg) 15 Excel CF O Excel CF é um conversor CA-CC que permite carregar baterias à base de chumbo ou de níquel. Este carregador tem versões monofásicas de 1200 W a 3000 W, e trifásicas de 1200 W a 6600 W. Na Figura 3.29 está representado um exemplo destes carregadores, e na Tabela 3.2 estão apresentadas as principais características de um carregador Excel CF trifásico de 6600 W. 74 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Figura 3.29 – Carregador Excel CF [70]. Tabela 3.2 – Principais características de um carregador Excel CF trifásico de 6600 W [70]. 3.6.3. Tensão de Entrada (V) 400 Tensão DC (V) 110 Corrente (A) 40, 60 Eficiência Conversão (%) > 92 Temperatura de Funcionamento (ºC) 0 a 40 Temperatura de Armazenamento (ºC) -20 a 70 Dimensões (mm) 890 x 530 x 390 Smart Charger Li-Ion Battery Pack O carregador de baterias de lítio Smart Charger Li-Ion Battery Pack apresentado na Figura 3.30, permite carregar 14 células de lítio, ou seja, permite carregar módulos de 51,8 V (3,7 Vx14), com capacidade de carga variável de 6 Ah a 40 Ah. Com este carregador, é possível carregar as baterias com tensão constante, corrente constante ou através de carregamento pulsado. Na Tabela 3.3 estão apresentadas as principais características deste carregador. Figura 3.30 – Carregador Smart Charger Li-Ion Battery Pack [71]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 75 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Tabela 3.3 – Principais características do carregador Smart Charger Li-Ion Battery Pack [71]. Tensão de Entrada (V) 90 a 130 Tensão CC (V) 58,2 Corrente CC (A) 6 Eficiência Conversão (%) (com 115 V CA, 60 Hz) 72 Temperatura de Funcionamento (ºC) -10 a 50 Temperatura de Armazenamento (ºC) -10 a 60 Peso (kg) 2,222 Dimensões (mm) 210 x 174 x 76 Preço (€) 65,01 3.6.4. Smart Charger LiFePO Battery Pack Na Figura 3.31 está apresentado o carregador de baterias Smart Charger LiFePO Battery Pack. Este carregador permite carregar 24 células de LiFePO, ou seja, permite carregar módulos de 76,8 V (3,2 Vx24), com capacidade de carga superior a 20 Ah. Com este carregador é possível carregar as baterias com tensão constante, corrente constante ou com carregamento pulsado. Na Tabela 3.4 estão apresentadas as principais características deste carregador. Figura 3.31 – Smart Charger LiFePO Battery Pack [72]. Tabela 3.4 – Principais características do carregador Smart Charger LiFePO Battery Pack [72]. 76 Tensão de Entrada (V) 99 a 121 Tensão CC (V) 87 Corrente CC (A) 20 Baterias Recomendadas 24 x 60 Ah Temperatura de Funcionamento (ºC) -10 a 50 Temperatura de Armazenamento (ºC) -10 a 60 Peso (kg) 7,077 Dimensões (mm) 320 x 215 x 160 Preço (€) 404,23 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias 3.6.5. Smart Charger NiCd / NiMH Battery Pack O carregador de baterias à base de níquel, Smart Charger NiCd / NiMH Battery Pack, apresentado na Figura 3.32 permite carregar de 16 a 22 células de níquel, ou seja, permite carregar módulos de 19,2 V a 26,4 V (1,2 Vx16 ou 1,2 Vx22), com capacidade de carga superior a 4 Ah. Este carregador permite carregar com corrente constante de valor igual a 4 A. Na Tabela 3.5 estão apresentadas as principais características deste carregador. Figura 3.32 – Smart Charger NiCd / NiMH Battery Pack [73]. Tabela 3.5 – Principais características do carregador Smart Charger NiCd / NiMH Battery Pack [73]. 3.6.6. Tensão de Entrada (V) 100 a 240 Tensão CC (V) 19,2 a 26,4 Corrente CC (A) 4 Eficiência (%) (com 115 V CA) 75 Temperatura de Funcionamento (ºC) 0 a 40 Temperatura de Armazenamento (ºC) -40 a 70 Peso (kg) 0,48 Dimensões (mm) 154,5 x 85,2 x 50,3 Preço (€) 54,24 Smart Fast Charger Lead Acid Battery Na Figura 3.33 está apresentado o carregador de baterias à base de chumbo Smart Fast Charger Lead Acid Battery. Este carregador permite carregar 4 baterias de chumbo de 12 V (12 Vx4), com capacidade de carga variável de 6 Ah a 60 Ah. O método de carregamento consiste em dois estágios: um de corrente constante seguido de um de tensão constante. Na Tabela 3.4 estão apresentadas as principais características deste carregador. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 77 Capítulo 3 – Carregadores de Baterias Figura 3.33 – Smart Fast Charger Lead Acid Battery [74]. Tabela 3.6 – Principais características do carregador Smart Fast Charger Lead Acid Battery [74]. Tensão de Entrada (V) 90 a 130 Tensão CC (V) 58.2 Corrente CC (A) 6 Eficiência (%) (com 115 V CA) 72 Temperatura de Funcionamento (ºC) -10 a 50 Temperatura de Armazenamento (ºC) -10 a 60 Peso (kg) 2,222 Dimensões (mm) 210 x 174 x 76 Preço (€) 64,41 3.7. Conclusão Neste capítulo foi apresentado um estudo sobre os diferentes algoritmos de carregamento que podem ser aplicados às diversas tecnologias de baterias, nomeadamente no que concerne aos diferentes estágios de carregamento. Devido às diferentes tecnologias de baterias, existem no mercado carregadores específicos para cada uma, que carregam as baterias com algoritmos próprios, de modo a preservar as características das mesmas. Neste contexto, com o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias proposto nesta Dissertação, pretende-se que seja possível carregar as diferentes tecnologias de baterias, aplicando os algoritmos para tal necessários. Assim, para o funcionamento do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias como conversor CA-CC, foram apresentados os algoritmos que permitem processar os sinais de comando necessários às comutações dos IGBT's, de modo a que seja possível aplicar tensão ou corrente constante às baterias, e ao mesmo tempo manter sinusoidal a corrente no lado CA e o factor de potência unitário. Por outro lado, também foram 78 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 3 – Carregadores de Baterias apresentados os algoritmos necessários ao descarregamento controlado das baterias, quer seja directamente sobre uma carga CC, ou com o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias a funcionar como conversor CC-CA, devolvendo a energia armazenada nas baterias à rede eléctrica ou então alimentando um carga CA. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 79 CAPÍTULO 4 Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias 4.1. Introdução O uso de ferramentas de simulação constitui uma mais-valia no estudo de sistemas eléctricos, uma vez que permite aprofundar ao máximo a realidade destes, principalmente, no que concerne ao seu comportamento. Deste modo, com o uso de um bom modelo de simulação é possível contornar erros que possam invalidar a teoria do sistema eléctrico em questão. Também relevante, é o facto de permitir evitar riscos para os seres humanos e/ou para os equipamentos envolvidos. Desta forma, é possível reduzir o tempo de projecto dos sistemas eléctricos e muito possivelmente os custos inerentes ao processo de desenvolvimento. A escolha da ferramenta de simulação foi o software PSCAD (Power System Computer Assisted Design), devido ao ambiente gráfico amigável, à vasta livraria de componentes e ao facto de permitir interface com linguagem de programação C, podendo-se implementar algoritmos de controlo muito similares aos utilizados no microcontrolador do Sistema de Carregamento. Ao longo deste capítulo é apresentado e descrito o modelo do circuito de potência e o modelo do circuito de comando. Com a elaboração destes circuitos foi possível obter um modelo de simulação para o Sistema de Carregamento muito próximo da realidade, visto todos eles visarem qualquer tipo de pormenor. O ambiente de trabalho do PSCAD está representado na Figura 4.1. Figura 4.1 – Ambiente de trabalho do software PSCAD. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 81 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias 4.2. Circuito de Potência Na Figura 4.2 está apresentado o circuito de potência implementado no PSCAD para simular o funcionamento do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, tanto para o funcionamento como conversor CA-CC como conversor CC-CA. Este circuito é composto pela fonte de tensão de entrada, pela resistência de pré-carga do condensador do lado CC, pela indutância no lado CA de valor 5 mH, pelo conversor com quatro IGBT's, pelo condensador do lado CC de valor 4,7 mF e pelo modelo de bateria implementado. Neste circuito são utilizados três interruptores denominados C1, C2 e C3, que correspondem, respectivamente, à ligação de todo o circuito, ao curto-circuito da resistência de pré-carga e à ligação do modelo de bateria ao conversor. No bloco da Figura 4.2 que contém os quatro IGBT's pode-se constatar que a cada braço do conversor está associado um condensador de 1 µF. No lado CA e no lado CC está presente um sensor de tensão e um de corrente, para permitir efectuar as medições da respectiva tensão e corrente. As labels G1T, G1B, G2T e G2B são as entradas das gates dos IGBT's do braço 1 (top e bottom) e do braço 2 (top e bottom), respectivamente. Figura 4.2 – Circuito de potência implementado no PSCAD para simular o funcionamento do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. 4.3. Circuito de Comando O circuito de comando implementado no PSCAD foi construído visando aproximar ao máximo a simulação da realidade. Com este intuito, na Figura 4.3 está representado o circuito constituído pelos sensores1 e pelo respectivo condicionamento de sinais, e na Figura 4.4 está representado o circuito dos ADC's (Analog to Digital Converters). Na Figura 4.5 está representado o modelo do microcontrolador desenvolvido e o circuito de enable que permite controlar as comutações dos IGBT's. Ao modelo do microcontrolador está associado o ficheiro PIC32.c que contém o programa escrito em linguagem de programação C para permitir o controlo de todo o 1 Quando se faz referência aos sensores, tanto de tensão como de corrente, significa que no PSCAD estão simuladas as suas características nominais, assim como as respectivas resistências de medida, de modo a que a simulação seja o mais próximo possível da realidade. 82 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Sistema de Carregamento. Este modelo é constituído por quatro entradas, duas de tensão e duas de corrente, quatro saídas para as comutações dos IGBT's, três saídas para actuar nos interruptores (C1, C2 e C3), duas saídas DAC (Digital to Analog Converter), uma saída para a corrente de referência do lado CA, uma entrada de selecção para escolha manual de tensão ou corrente constante no lado CC e uma entrada com a frequência de comutação. Figura 4.3 – Simulação dos sensores de tensão e de corrente e respectivo condicionamento de sinais. Figura 4.4 – Simulação do circuito de ADC's. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 83 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 4.5 – Modelo do microcontrolador desenvolvido e circuito de enable. O programa, escrito em linguagem de programação C, implementado no modelo de simulação foi desenvolvido tendo em conta os algoritmos de carregamento e descarregamento apresentados no Capítulo 3. Conforme apresentado na Figura 4.6, com este modelo de simulação é possível definir o valor da tensão e da corrente para a referência no lado CC, os ganhos e tempos de integração do controlador PI e também os tempos de arranque do programa, de pré-carga do condensador do lado CC, de comutação dos IGBT's, de ligação das baterias ao Sistema de Carregamento e o tempo de espera para a comutação do estágio de corrente constante para o estágio de tensão constante no lado CC, ou vice-versa. Figura 4.6 – Definição, através do modelo do microcontrolador, do valor da tensão e da corrente, dos ganhos e dos tempos de integração do controlador PI e dos tempos associados ao controlo do Sistema de Carregamento. 4.4. Modelo de Bateria O modelo de bateria desenvolvido no PSCAD permite simular, de forma geral, o comportamento de uma bateria, ou de um banco de baterias, de diferentes tecnologias. Através deste modelo, é possível definir os valores de tensão ou corrente de 84 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias carregamento, assim como os respectivos tempos. Para o estágio de tensão constante é possível definir a corrente inicial e final da bateria, e para o estágio de corrente constante é possível definir a tensão inicial e final da bateria. Na Figura 4.7 está apresentado o modelo de bateria desenvolvido. Tendo em conta a sua constituição interna, este modelo de bateria é composto por um circuito, representado na Figura 4.8, que o carregamento com tensão ou corrente constante. Na Figura 4.9 estão representados os circuitos de controlo do circuito da Figura 4.8. Figura 4.7 – Modelo de bateria desenvolvido. Figura 4.8 – Circuito interno do modelo de bateria, que permite o carregamento com tensão ou corrente constante. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 85 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 4.9 – Circuitos de controlo do modelo de bateria para os casos em que é carregada com tensão ou corrente constante. 4.5. Resultados das Simulações Depois de apresentados todos os circuitos de simulação que constituem o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, implementados no PSCAD, neste item é analisado o comportamento de todo o sistema recorrendo aos algoritmos de carregamento e descarregamento de baterias apresentados no Capítulo 3. As simulações foram realizadas recorrendo a esses algoritmos de controlo e tendo como carga um banco de baterias de chumbo-ácido com tensão nominal 48 V, correspondente a 4 baterias de 12 V, e capacidade de carga nominal 44 Ah. Na escolha deste, foi tido em conta o facto de ser um caso concreto, passível de ser implementado, uma vez que as baterias necessárias já existiam no Laboratório de Electrónica de Potência da Universidade do Minho. Para o carregamento deste banco de baterias foram efectuadas três simulações com três algoritmos de carregamento distintos. A primeira simulação foi efectuada com o algoritmo de carregamento de tensão constante, a segunda com o algoritmo de carregamento de corrente constante e a terceira simulação com o algoritmo de carregamento de corrente constante seguida de tensão constante. Para o descarregamento do banco de baterias foi utilizado um algoritmo de controlo que permite transferir a energia armazenada nas mesmas directamente para a rede eléctrica, 86 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias mediante condições específicas, nomeadamente corrente de descarregamento máxima. Assim, de seguida são apresentados e comentados os resultados obtidos para estas simulações. 4.5.1. Simulação de Carregamento com Algoritmo de Tensão Constante de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido de 48 V e 44 Ah Nesta primeira simulação o algoritmo de carregamento imposto foi o de tensão constante com valor igual a 56 V. Como explicado no Capítulo 3, neste algoritmo de carregamento a tensão permanece constante enquanto a corrente decai progressivamente até o término do carregamento. Obviamente, o término do carregamento não é igual para todas as baterias, e neste caso concreto, como na simulação está a ser utilizado um modelo de banco de baterias, o término do carregamento foi definido ocorrer quando a corrente no banco de baterias atingir 0,5 A. Na Figura 4.10 está apresentada, em regime permanente, a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência para o lado CA (iref). Como se pode constatar a corrente no lado CA é sinusoidal e em fase com a tensão do lado CA. Como pretendido a corrente (ie) segue a corrente de referência (iref). (ve) (ie) (iref) Figura 4.10 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e corrente de referência (iref) para o lado CA, em regime permanente. A tensão e a corrente no banco de baterias ao longo de toda a simulação, em regime permanente, estão representadas na Figura 4.11. O tempo total da simulação corresponde ao tempo total de carregamento do banco de baterias. De acordo com a Figura 4.11 pode-se confirmar que a tensão no banco de baterias (vs) permanece constante de valor 56 V ao longo de toda a simulação e a corrente (is) de carregamento diminui de 1,2 A para 0,5 A, dando por terminado o carregamento do banco de baterias, conforme pretendido. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 87 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias (vs) (is) Figura 4.11 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC em regime permanente. Os resultados obtidos para este algoritmo de carregamento comprovam a escolha dos parâmetros inseridos no modelo do banco de baterias e que estão apresentados na Figura 4.12. A escolha dos parâmetros para o algoritmo de corrente constante não é relevante porque, neste caso específico, o banco de baterias só é carregado com tensão constante. A escolha para o tempo de decaimento da corrente é de 10 s, correspondente ao tempo total da simulação. O valor da tensão constante é de 56 V, a corrente inicial de carregamento tem valor de 1,2 A e a corrente final de carregamento tem valor de 0,5 A. Figura 4.12 – Parâmetros do modelo do banco de baterias para o carregamento com o algoritmo de tensão constante. Na Figura 4.13 estão apresentados os parâmetros correspondentes ao microprocessador para este algoritmo de carregamento. Como se pode verificar é especificado o valor da tensão de referência para o lado CC, o ganho proporcional e o tempo de integração para o controlador PI. 88 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 4.13 – Parâmetros correspondentes ao microprocessador para o algoritmo de carregamento com tensão constante. Na Figura 4.14 está apresentada, em regime permanente, a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC, e corrente de referência (iref) para o lado CA. Na Figura 4.15 estão apresentadas, em regime permanente, as potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga). (ve) (iref) (ie) (vs) (is) Figura 4.14 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, e corrente de referência (iref) para o lado CA, no transitório de ligação do Siema de Carregamento. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 89 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias p_rede p_carga Figura 4.15 – Potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga), em regime permanente. Na Figura 4.16 estão apresentados os valores RMS (Root Mean Square) para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS), com o Sistema de Carregamento em regime permanente. Figura 4.16 – Valores RMS para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS). Na Figura 4.17 estão apresentados os gráficos dos harmónicos da tensão (ve) e da corrente (ie) no lado CA, quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar (dois gráficos da esquerda) e quando está a funcionar (dois gráficos da direita). Como se pode verificar, quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar existem harmónicos de terceira, quinta e sétima ordem na corrente (ie). Quando o Sistema de Carregamento entra em funcionamento a corrente (ie) passa a ter apenas um harmónico de terceira ordem, mas de valor reduzido muito mais reduzido. 90 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias (ve) (ve) (ie) (ie) Harmónico Figura 4.17 – Gráficos dos harmónicos da tensão (ve) e da corrente (ie) no lado CA quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar (dois gráficos da esquerda) e quando está a funcionar (dois gráficos da direita) Na Figura 4.18 está apresentada a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC antes e depois do Sistema de Carregamento entrar em funcionamento, ou seja, em regime transitório. Como se pode verificar, quando o Sistema de Carregamento entra em funcionamento a tensão aumenta até ao valor de referência e a corrente de carregamento é determinada pelas características do banco de baterias. Na Figura 4.19 está apresentada a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, e a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC, antes e depois do Sistema de Carregamento entrar em funcionamento. Transitório de ligação do Sistema de Carregamento (vs) (is) Figura 4.18 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 91 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Transitório de ligação do Sistema de Carregamento (ve) (ie) (vs) (is) Figura 4.19 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. 4.5.2. Simulação de Carregamento com Algoritmo de Corrente Constante de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido de 48 V e 44 Ah Este algoritmo de carregamento consiste em manter constante a corrente, enquanto a tensão aumenta progressivamente até o término do carregamento. Obviamente, o término do carregamento não é igual para todas as baterias, e neste caso concreto, como na simulação está a ser utilizado um modelo de banco de baterias, o término do carregamento foi definido ocorrer quando a tensão do banco de baterias atingir 60 V. Para esta simulação supõem-se que o banco de baterias tem uma tensão inicial de 50 V. Na Figura 4.20 está apresentada, em regime permanente, a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência para o lado CA (iref). Como se pode constatar a corrente no lado CA é sinusoidal e em fase com a tensão do lado CA. Como pretendido a corrente (ie) segue a corrente de referência (iref). 92 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias (ve) (ie) (iref) Figura 4.20 – Tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência para o lado CA (iref) em regime permanente. A tensão e a corrente no banco de baterias ao longo de toda a simulação, em regime permanente, estão representadas na Figura 4.21. A corrente no banco de baterias (is) permanece constante de valor 2 A ao longo de toda a simulação e a tensão (vs) aumenta de 50 V para 60 V, dando por terminado o carregamento do banco de baterias. (vs) (is) Figura 4.21 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC em regime permanente. Os resultados obtidos para este algoritmo de carregamento comprovam a escolha dos parâmetros inseridos no modelo do banco de baterias e que estão apresentados na Figura 4.22. A escolha dos parâmetros para o algoritmo de tensão constante não é relevante porque, neste caso específico, o banco de baterias só é carregado com corrente constante. A escolha para o tempo de decaimento da corrente é de 10 s correspondente ao tempo total da simulação. O valor da corrente de carregamento é de 2 A, a tensão inicial do banco de baterias é de 50 V e a tensão final de carregamento tem valor de 60 V. A escolha destes valores não foi baseada num banco de baterias de chumbo-ácido específico, mas sim num banco de baterias genérico, isto é, que permita que a tensão durante o carregamento atinja 60 V. Com este algoritmo de carregamento, a evolução da tensão ao longo do tempo é determinada pelas características do banco de baterias, e no caso desta simulação foi determinado que a tensão atinja a tensão final de carregamento em 10 s. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 93 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 4.22 – Parâmetros do modelo do banco de baterias para o carregamento com o algoritmo de corrente constante. Na Figura 4.23 estão representados os parâmetros correspondentes ao microprocessador para este algoritmo de carregamento. Como se pode verificar é especificado o valor da corrente de referência para o lado CC, o ganho proporcional e o tempo de integração para o controlador PI. Figura 4.23 – Parâmetros correspondentes ao microprocessador para o método de carregamento com corrente constante. Na Figura 4.24 está apresentada, em regime permanente, a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC, e a corrente de referência (iref) para o lado CA. Na Figura 4.25 estão representadas, em regime permanente, as potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga). 94 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias (ve) (iref) (ie) (vs) (is) Figura 4.24 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, assim como corrente de referência (iref) para o lado CA. p_rede p_carga Figura 4.25 – Potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga) em regime permanente. Na Figura 4.26 estão apresentados os valores RMS, para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS), com o Sistema de Carregamento em funcionamento. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 95 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 4.26 – Valores de RMS, para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS). Na Figura 4.27 estão apresentados os gráficos dos harmónicos da tensão (ve) e da corrente (ie) no lado CA, quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar (dois gráficos da esquerda) e quando está a funcionar (dois gráficos da direita). Como se pode verificar, quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar existem harmónicos de terceira, quinta e sétima ordem na corrente (ie). Quando o Sistema de Carregamento entra em funcionamento a corrente (ie) passa a ter apenas um harmónico de terceira ordem, mas de valor reduzido muito mais reduzido. (ve) (ie) (ve) (ie) Figura 4.27 – Gráficos dos harmónicos da tensão e da corrente no lado CA com o Sistema de Carregamento sem comutar (dois gráficos da esquerda) e a comutar (dois gráficos da direita). Na Figura 4.28 está apresentada a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC antes e depois do Sistema de Carregamento entrar em funcionamento, ou seja, em regime transitório. Como se pode verificar, quando o Sistema de Carregamento entra em funcionamento, a corrente aumenta até ao valor de referência e a tensão, que era determinada pela tensão no lado CC só com o conversor a diodos com o filtro capacitivo, passa a ser a tensão inicial no banco de baterias, ou seja, 50 V. Na Figura 4.29 está apresentada a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, e a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC, antes e depois do Sistema de Carregamento entrar em funcionamento. 96 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Transitório de ligação do Sistema de Carregamento (vs) (is) Figura 4.28 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. Transitório de ligação do Sistema de Carregamento (ve) (ie) (vs) (is) Figura 4.29 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 97 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias 4.5.3. Simulação de Carregamento com Algoritmo de Corrente Constante Seguido de Tensão Constante de um Banco de Baterias de ChumboÁcido de 48 V e 44 Ah Neste item são analisadas as simulações computacionais relativas ao Sistema de Carregamento com o algoritmo de carregamento de corrente constante com valor igual a 2 A, seguido de tensão constante com valor igual a 57 V. Neste algoritmo de carregamento, no primeiro estágio a corrente permanece constante enquanto a tensão aumenta progressivamente até atingir, neste caso especifico, 57 V. Posteriormente, é imposta tensão constante de valor igual a 57 V até a corrente decair até 0,7 A. Mais uma vez, como na simulação está a ser utilizado um modelo de banco de baterias, o término do carregamento foi definido ocorrer no segundo estágio e quando a corrente do banco de baterias atingir 0,7 A. Para esta simulação supõem-se que o banco de baterias apresenta uma tensão inicial de 50 V. Na Figura 4.30 e na Figura 4.31 está apresentada, em regime permanente, a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, e a corrente de referência (iref) para o lado CA, quando é imposta, respectivamente, corrente constante seguida de tensão constante. Como se pode constatar, para ambos os estágios, a corrente no lado CA é sinusoidal e em fase com a tensão do lado CA. Como pretendido a corrente (ie) segue a corrente de referência (iref). (ve) (ie) (iref) Figura 4.30 – Tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência para o lado CA (iref) em regime permanente com corrente constante no banco de baterias. (ve) (ie) (iref) Figura 4.31 – Tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência (iref) para o lado CA em regime permanente com tensão constante no banco de baterias. 98 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias A tensão e a corrente no banco de baterias ao longo de toda a simulação, em regime permanente, estão representadas na Figura 4.32. No primeiro estágio, a corrente no banco de baterias (is) permanece constante de valor 2 A até que a tensão do banco de baterias (vs) atinja 57 V. Posteriormente, no segundo estágio, a tensão permanece constante de valor igual a 57 V e a corrente decai até 0,7 A, dando por terminado o carregamento do banco de baterias. Transitório entre estágios de carregamento (vs) (is) Figura 4.32 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC no transitório entre estágios de carregamento. Os resultados obtidos para este algoritmo de carregamento comprovam a escolha dos parâmetros inserido no modelo do banco de baterias e que estão apresentados na Figura 4.33. Neste caso específico, o tempo de simulação é de 20 s, e no modelo de bateria definiu-se que cada estágio de carregamento demoraria 10 s. Figura 4.33 – Parâmetros do modelo do banco de baterias para o carregamento com o algoritmo de corrente constante seguido de tensão constante. Na Figura 4.34 está apresentada a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, e a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC, no transitório de comutação entre estágios. Como se pode verificar, no momento de transição, a tensão do lado CC (vs) decai um pouco, recuperando de seguida o valor de referência que é de 57 V. A partir da Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 99 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias transição, como é o estágio de tensão constante que está em funcionamento, a corrente (is) no lado CC começa a decair. Relativamente ao lado CA, a tensão (ve) não sofre alterações, no entanto, a corrente (ie) sofre uma ligeira distorção relativa à troca de referência, porém, como é de esperar, rapidamente recupera e mantém-se sinusoidal e em fase com a tensão do lado CA. (ve) Transitório de ligação do Sistema de Carregamento (ie) (vs) (is) Figura 4.34 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, no transitório entre estágios de carregamento. Na Figura 4.35 estão representados os parâmetros correspondentes ao microprocessador para este algoritmo de carregamento. Como se pode verificar, é especificado o valor da tensão e da corrente de referência para o lado CC, o ganho proporcional e o tempo de integração para o controlador PI, tanto para o estágio de corrente constante como para o estágio de tensão constante. Figura 4.35 – Parâmetros correspondentes ao microprocessador para este algoritmo de carregamento. 100 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Na Figura 4.36 e na Figura 4.37 está apresentada, em regime permanente, a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC, e a corrente de referência (iref) para o lado CA, para o estágio de corrente constante e para o estágio de tensão constante, respectivamente. (ve) (ie) (iref) (vs) (is) Figura 4.36 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, assim como corrente de referência (iref) para o lado CA, no estágio de corrente constante. (ve) (ie) (iref) (vs) (is) Figura 4.37 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, assim como corrente de referência (iref) para o lado CA, no estágio de corrente constante. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 101 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Na Figura 4.38 estão representadas, respectivamente, as potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga), em regime permanente, para o estágio de corrente constante e para o estágio de tensão constante. p_rede p_carga p_rede p_carga Figura 4.38 – Potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga), em regime permanente. Na Figura 4.39 estão apresentados os valores RMS para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS), com o Sistema de Carregamento a funcionar no estágio de corrente constante e no estágio de tensão constante, respectivamente. Figura 4.39 – Valores RMS para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS), com o Sistema de Carregamento a funcionar, no estágio de corrente constante e no estágio de tensão constante, respectivamente. Na Figura 4.40 estão apresentados os gráficos dos harmónicos da tensão (ve) e da corrente (ie) no lado CA, quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar (dois gráficos da esquerda) e quando está a funcionar (dois gráficos da direita), durante o estágio de corrente constante. Como se pode verificar, quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar existem harmónicos de terceira, quinta e sétima ordem na corrente (ie). Quando o Sistema de Carregamento entra em funcionamento a corrente (ie) passa a ter apenas um harmónico de terceira ordem, mas de valor reduzido muito mais reduzido. 102 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias (ve) (ie) (ve) (ie) Figura 4.40 – Gráficos dos harmónicos da tensão e da corrente no lado CA quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar (dois gráficos da esquerda) e quando está a funcionar (dois gráficos da direita), durante o estágio de corrente constante. Na Figura 4.41 está apresentada a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC antes e depois do Sistema de Carregamento entrar em funcionamento, ou seja, em regime transitório. Como se pode verificar, quando o Sistema de Carregamento entra em funcionamento, a corrente aumenta até ao valor de referência e a tensão passa a ser a tensão inicial do banco de baterias. (vs) Transitório de ligação do Sistema de Carregamento (is) Figura 4.41 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. Na Figura 4.42 está representada a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, e a tensão (vs) e a corrente (is) no lado CC, no transitório de ligação do Sistema de Carregamento. Como se pode verificar, depois do transitório, é imposto o estágio de corrente constante, em que a corrente (is) no lado CC aumenta até ao valor de referência e a corrente (ie) no lado CA passa a ser sinusoidal e o factor de potência unitário. Na simulação, quando o Sistema de Carregamento entra em funcionamento, a corrente no Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 103 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias lado CA (ie) sofre uma variação brusca devido ao carregamento parcial do condensador do lado CC. Nesse transitório, a tensão no condensador passa de 35 V para 50 V. Na realidade este caso pode não acontecer se o condensador for previamente carregado pelo banco de baterias. (ve) Transitório de ligação do Sistema de Carregamento (ie) (vs) (is) Figura 4.42 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) e corrente (is) no lado CC, no transitório de ligação do Sistema de Carregamento, e antes do estágio de corrente constante. 4.5.4. Simulação de Descarregamento para a Rede Eléctrica com Algoritmo de Corrente Sinusoidal no lado CA de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido de 48 V e 44 Ah Com esta simulação pretende-se efectuar o descarregamento do banco de baterias directamente para a rede eléctrica através do algoritmo de corrente sinusoidal no lado CA. A corrente de descarregamento é imposta pelo algoritmo, e neste caso concreto, tem valor 8 A. O término do descarregamento pode acontecer devido às baterias estarem descarregadas ou por não ser necessário devolver mais energia à rede eléctrica. Para esta simulação a tensão do banco de baterias foi sempre de 52 V e o descarregamento foi efectuado ao longo de todo o tempo da simulação. Na Figura 4.43 está apresentada a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA e a corrente de referência para o lado CA (iref), em regime permanente. Como se pode constatar a corrente no lado CA é sinusoidal e em oposição de fase com a tensão do lado CA, ou seja, as baterias estão a devolver a energia armazenada à rede eléctrica. 104 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias (ve) (ie) (iref) Figura 4.43 – Tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA, e a corrente de referência (iref) para o lado CA, em regime permanente. A tensão (vs) e a corrente (is) no banco de baterias, em regime permanente, estão apresentadas na Figura 4.44. A tensão no banco de baterias permanece constante de valor 52 V e a corrente apresenta uma forma de onda semelhante ao módulo de um sinal sinusoidal. Na Figura 4.45 estão representadas, respectivamente, as potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga) em regime permanente. (vs) (is) Figura 4.44 – Tensão (vs) e corrente (is) no lado CC em regime permanente. p_rede p_carga Figura 4.45 – Potências no lado CA (p_rede) e no lado CC (p_carga), em regime permanente. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 105 Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias Na Figura 4.46 estão apresentados os valores RMS para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS), com o Sistema de Carregamento a funcionar. Na Figura 4.47 estão apresentados os gráficos dos harmónicos da tensão (ve) e da corrente (ie), no lado CA. Figura 4.46 – Valores RMS para o lado CA, da tensão (Ve_RMS), da corrente (Ie_RMS) e da corrente de referência (Iref_RMS). (ve) (ie) Figura 4.47 – Gráficos dos harmónicos da tensão (ve) e da corrente (ie) no lado CA. 4.6. Conclusão Na parte inicial deste capítulo foi apresentado todo o modelo de simulação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias implementado no PSCAD. Este modelo foi utilizado para determinar, através de simulações, os parâmetros envolvidos na implementação do equipamento desenvolvido. No que concerne às simulações, foram expostos e descritos os resultados das simulações referentes a três algoritmos de carregamento, e tendo em conta um caso concreto de um banco de baterias de chumbo-ácido de 48 V e 44 Ah. Com estes algoritmos de carregamento, que consistem em diferentes estágios de tensão ou corrente constante ao longo do carregamento, pretendeu-se analisar a evolução das variáveis envolvidas, nomeadamente tensões e correntes no lado CA e no lado CC. Deste modo, 106 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 4 – Simulações do Sistema de Carregamento de Baterias foi possível prever o comportamento real do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. Por outro lado, também foi analisado o comportamento do mesmo equipamento quando está a funcionar como conversor CC-CA, isto é, quando a energia armazenada nas baterias é devolvida à rede eléctrica. Tanto para o carregamento como para o descarregamento do banco de baterias, o modelo de simulação foi elaborado de forma a corresponder à realidade do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias. Neste sentido, foram desenvolvidos modelos de todos os circuitos, inclusive do microcontrolador programado em linguagem C, com o intuito de poder actuar nas variáveis de controlo no modelo de simulação, e estas corresponderem às variáveis reais do Sistema de Carregamento, podendo, deste modo, prever o comportamento deste. Com os resultados das simulações obtidos, comprova-se que é possível aplicar tensão ou corrente constante ao banco de baterias, de valor igual à referência desejada, e ao mesmo tempo manter a corrente no lado CA sinusoidal e o factor de potência unitário. Também se pôde comprovar que através de um algoritmo de controlo de descarregamento do banco de baterias é possível transferir a energia armazenada neste para rede eléctrica. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 107 CAPÍTULO 5 Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias 5.1. Introdução Neste capítulo estão descritos os passos que conduziram à implementação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, nomeadamente, o circuito de potência e o circuito de comando. Basicamente, o circuito de potência consiste no conversor com quatro IGBT's, no condensador no lado CC e na indutância no lado CA. Por outro lado, o circuito de comando consiste, basicamente nos sensores de tensão e de corrente de efeito Hall1, no condicionamento de sinal, nos drivers dos IGBT's, no microcontrolador e nas protecções. Tanto para o circuito de potência como para o circuito de comando, todos os circuitos que os compõem foram previamente montados e testados em breadboard com o Sistema de Carregamento em funcionamento. Posteriormente, foram projectados os esquemáticos de todos os circuitos que conduziram ao desenvolvimento das placas de circuito impresso. A placa do circuito de comando dos sinais para os IGBT's já estava construída, mas sem componentes soldados, tendo sido desenvolvido o esquemático e soldados os componentes necessários, de acordo com o esquemático elaborado. 5.2. Circuito de Potência Neste item é apresentado e descrito o circuito de potência, nomeadamente, o conversor com quatro IGBT's, o condensador e a indutância. Na Figura 5.1 está apresentado o circuito de potência com todos os elementos que o constituem. Circuito de pré-carga do condensador do lado CC Conversor Bidireccional Condensador do lado CC Indutância do lado CA Figura 5.1 – Circuito de potência com todos os seus elementos. 1 O efeito Hall, descoberto no século XIX, baseia-se no princípio de interacção entre campos magnéticos e eléctricos. Basicamente, caracteriza-se pelo aparecimento de uma tensão num condutor submetido a um campo magnético perpendicular à direcção da corrente que nele flui. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 109 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias 5.2.1. Conversor Bidireccional Na Figura 5.2 está apresentado o conversor bidireccional desenvolvido e que é composto por quatro IGBT's FGA25N120ANTD, da Fairchild Semiconductor, associados com dois condensadores de snubber2 de 1 µF, 400 V cada um. Os IGBT's estão montados num dissipador e presos por duas barras metálicas de modo a obter uma melhor dissipação térmica. Na Figura 5.2 podem-se visualizar os terminais de entrada e de saída do conversor, e as fichas de entrada dos sinais para os IGBT's. Fichas de Entrada Terminais de Entrada Condensador de snubber IGBT's Condensador de snubber Terminais de Saída Figura 5.2 – Conversor bidireccional. Estes IGBT's têm valores nominais de corrente e de tensão 25 A e 1200 V, respectivamente [75]. Conforme ilustrado na Figura 5.3 cada IGBT tem associado internamente um diodo entre o terminal colector e o emissor. Para o funcionamento do conversor, tanto no modo CA-CC como no CC-CA, é necessário fornecer sinais de comando aos IGBT's de modo a que estes possam funcionar como interruptores controlados. Para tal, é necessário recorrer a um circuito de driver para efectuar a interface entre o microcontrolador e os IGBT's. Os sinais gerados pelo microcontrolador passam pelo circuito de driver e posteriormente actuam nas gates dos IGBT's. Figura 5.3 – IGBT FGA25N120ANTD da Fairchild Semiconductor [75]. 2 Os snubber’s são circuitos auxiliares de comutação que têm como finalidade proteger os semicondutores, neste caso IGBT's, de elevadas taxas de variação da tensão (dv/dt) e da corrente (di/dt) durante as suas comutações. Normalmente, são constituídos por um diodo rápido, um condensador e uma resistência. 110 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias 5.2.2. Indutância do Lado CA Para que o conversor possa funcionar de forma bidireccional, e conforme pretendido, é necessário utilizar uma indutância no lado CA. Esta indutância, aquando do funcionamento do conversor como CA-CC, permite filtrar as componentes de alta frequência existentes na corrente de entrada, de modo a que essa corrente seja o mais sinusoidal possível. Quando o conversor está a funcionar como CC-CA, esta indutância tem a função de fazer o acoplamento entre o conversor e a carga do lado CA, ou seja, filtrar as componentes de alta frequência existentes na corrente. A indutância utilizada é de núcleo de ferro, e tem valores nominais 10 A e 5 mH, a 50 Hz. Na Figura 5.4 está apresentada a indutância utilizada. Figura 5.4 – Indutância utilizada no lado CA. 5.2.3. Condensador do Lado CC No lado CC do conversor é utilizado um condensador electrolítico, de modo a suportar a tensão de referência requerida para carregar as baterias, e a manter baixo o ripple da tensão do lado CC. O condensador utilizado é do fabricante Aerovox e tem tensão nominal 450 V CC e capacidade nominal 4700 μF ± 20 %. Na Figura 5.5 está apresentado o condensador utilizado. Figura 5.5 – Condensador utilizado no lado CC. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 111 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias 5.2.4. Circuito de Pré-Carga do Condensador do Lado CC Na Figura 5.6 está apresentado o circuito de pré-carga do condensador do lado CC. Este circuito é composto por duas resistências de 100 Ω, 50 W ligadas em paralelo, pelo contactor e pelo seu circuito de comando3. As resistências estão protegidas por uma caixa de alumínio. Contactor Circuito de comando do contactor Resistências de pré-carga protegidas por caixa de alumínio Figura 5.6 – Circuito de pré-carga do condensador do lado CC. 5.2.5. Banco de Baterias O banco de baterias, apresentado na Figura 5.7, é composto por quatro baterias de chumbo-ácido de 12 V e 44 Ah cada uma. As baterias estão associadas em série para que o banco de baterias tenha uma tensão nominal de 48 V e capacidade nominal de armazenamento 44 Ah. Foram utilizadas estas baterias porque já existiam no Laboratório de Electrónica de Potência da Universidade do Minho. Figura 5.7 – Banco de baterias de chumbo-ácido com tensão nominal 48 V e capacidade nominal de armazenamento 44 Ah. 3 O sinal de comando, proveniente do microcontrolador, actua num transístor e este num relé, que por sua vez actua no contactor. 112 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias 5.3. Circuito de Comando O circuito de comando, composto por diferentes circuitos individuais, é o responsável pela aquisição das tensões e correntes, e pelo controlo dos IGBT's, de modo a que o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias funcione como pretendido. Assim, o circuito de comando é composto pelos sensores de tensão e de corrente com o respectivo condicionamento de sinal, pelo microcontrolador, pelo circuito de drivers dos IGBT's, pelo circuito de comando dos sinais para os IGBT's, pelo circuito de detecção de erros, pelo circuito de DAC e pelo LCD. Na Figura 5.8 está apresentado o circuito de comando com todas as placas de circuito impresso correspondentes aos circuitos enunciados. Sensores de tensão e condicionamento de sinais Microcontrolador DAC Circuito de Drivers Circuito de detecção de erros Circuito de comando para os IGBT's Figura 5.8 – Circuito de comando potência com todos os seus elementos. 5.3.1. Sensores de Tensão de Efeito Hall Para o correcto funcionamento do sistema de controlo é necessário saber os valores instantâneos das tensões de entrada e de saída do conversor, porque, com base nestas e outras informações, é que o algoritmo de controlo é constantemente actualizado de forma a processar os sinais de comando para os IGBT's. A medição destas tensões é feita recorrendo a sensores de efeito Hall. Uma das mais-valias destes sensores é o facto de permitirem medir sinais CA e CC. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 113 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias O sensor de tensão de efeito Hall utilizado foi o LV 25-P da LEM, cuja representação está na Figura 5.9. Na Figura 5.10. está representado o esquemático das ligações externas deste sensor. A tensão e a corrente nominais são, respectivamente, 500 V e 10 mA. A alimentação pode ser: -15 V, GND e +15 V ou -12 V, GND e +12 V. A resistência R1 tem que ser dimensionada de modo a que a corrente que nela flui não exceda o valor nominal dessa corrente, que é 10 mA. A resistência RM deve ser calculada de modo a que a tensão nessa resistência esteja dentro dos valores especificados no datasheet [76]. Figura 5.9 – Sensor de tensão de efeito Hall LV 25-P da LEM [76]. Figura 5.10 – Esquemático de ligações do sensor LV 25-P da LEM [77]. Para o sensor de tensão do lado CA, as resistências R1 e RM são calculadas através das equações fornecidas pelo fabricante no datasheet. De seguida são apresentadas essas equações, com os respectivos valores obtidos, e que foram utilizados na implementação do circuito de condicionamento deste sinal. Os cálculos foram efectuados de modo a que o sensor possa efectuar medições de tensão até 250 V. I RMS entrada I RMS saída Vmedida I RMS entrada I RMS saída 114 VRMS entrada (5.1) Rentrada 2,5 . I RMS entrada (5.2) I RMS saída . Rmedida (5.3) VRMS entrada Rentrada 2,5 . I RMS entrada 250 25 k 10 mA 2,5 .10 m 25 mA Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias VRMS medida I RMS saída . Rmedida VRMS R 43 . 2, 625 1,1 V 43 62 Vpico 43 25 . (43 62) 2, 6 V 2 . 2 .1,075 3,0 V pico R 43 Do mesmo modo, para o sensor de tensão do lado CC, as resistências R1 e RM são calculadas através das equações fornecidas pelo fabricante no datasheet. De seguida são apresentadas essas equações, com os respectivos valores obtidos, e que foram utilizados na implementação do circuito de condicionamento deste sinal. Os cálculos foram efectuados de modo a que o sensor possa efectuar medições de tensão até 400 V. I entrada I saída Vmedida Ventrada Rentrada (5.4) 2,5 . Ientrada (5.5) I saída . Rmedida I entrada Ventrada Rentrada I saída 2,5 . I entrada Vmedida 400 50 k I saída . Rmedida 5.3.2. (5.6) 8 mA 2,5 . 8 m 20 mA 20m .150 3 V Sensores de Corrente de Efeito de Hall Para o correcto funcionamento do sistema de controlo, também é necessário saber os valores instantâneos das correntes de entrada e de saída do conversor, porque, com base nestas e outras informações, é que o algoritmo de controlo é constantemente actualizado de forma a processar os sinais de comando para os IGBT's. Tal como para a medição das tensões, os sensores utilizados foram de efeito Hall, e tal como esses, também permitem efectuar medições CA e CC. O sensor de corrente de efeito Hall utilizado foi o LA 55-P da LEM, cuja representação está na Figura 5.11. Na Figura 5.12 está representado o esquemático das ligações externas deste sensor. A corrente nominal é 50 A e a alimentação, tal como para os sensores de tensão, pode ser: -15 V, GND e +15 V ou -12 V, GND e +12 V. A resistência RM deve ser calculada de modo a que a tensão nessa resistência esteja dentro dos valores especificados no datasheet. Contrariamente aos sensores de tensão, neste sensor não existe resistência R1, porque o condutor, no qual se pretende efectuar a medição da corrente, está envolvido pelo sensor [78]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 115 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 5.11 – Sensor de corrente LA 55-P da LEM [78]. Figura 5.12 – Esquemático de ligações do sensor LA 55-P da LEM [79]. Para o sensor de corrente do lado CA, a resistência RM é calculada através das equações fornecidas pelo fabricante no datasheet. De seguida são apresentadas essas equações, com os respectivos valores obtidos, e que foram utilizados na implementação do circuito de condicionamento deste sinal. Os cálculos foram efectuados de modo a que o sensor possa fazer medições de corrente até 50 A. I RMS entrada I RMS saída VRMS medida I RMS saída I RMS saída . Rmedida 50 1000 I RMS medida . Rmedida VRMS R 6, 2 . 24 pico R 24 (5.8) 50 mA VRMS medida Vpico (5.7) 1000 50m . (24 100) 6, 2 V 24 1, 2 V 100 24 2 . 2 .1, 2 3, 4 V Do mesmo modo, para o sensor de corrente do lado CC, a resistência RM é calculada através das equações fornecidas pelo fabricante no datasheet. De seguida são apresentadas essas equações, com os respectivos valores obtidos, e que foram utilizados na implementação do circuito de condicionamento deste sinal. Os cálculos foram efectuados de modo a que o sensor possa fazer medições de corrente até 50 A. I saída 116 I entrada 1000 (5.9) Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias Vmedida I saída * Rmedida 50 1000 I saída Vmedida 50 mA I medida * Rmedida 5.3.3. (5.10) 50m *62 3,1V Condicionamento de Sinais O circuito de condicionamento de sinais é o responsável por ajustar os valores instantâneos das tensões e das correntes medidas, de modo a que possam ser adquiridos pelos ADC's do microcontrolador. É neste circuito que estão inseridas as resistências associadas aos sensores calculadas anteriormente. No caso de sinais sinusoidais com valor médio nulo, é necessário adicionar um valor médio igual a metade do limite máximo de tensão das entradas dos ADC's do microcontrolador. Como os limites de tensão das entradas dos ADC's são 0 V e 3,3 V, o valor médio a adicionar tem que ser de 1,65 V. O esquemático do circuito que permite adicionar este valor médio, e que também permite ajustar o ganho do sinal obtido, está representado na Figura 5.13. Este esquemático diz respeito apenas ao circuito de condicionamento de um sinal e não ao esquemático do circuito completo. Figura 5.13 – Esquemático do circuito que permite adicionar valor médio e ajustar o ganho aos sinais com valor médio nulo. Como a alimentação dos sensores pode ser -15 V, GND e +15 V ou -12 V, GND e +12 V, a placa de circuito impresso desenvolvida permite optar pelo tipo de alimentação desejada, bastando efectuar a selecção através dos pinos existentes na placa deste circuito. A placa desenvolvida permite fazer o condicionamento de sinal, de uma tensão e uma corrente CA, e de uma tensão e uma corrente CC. À saída do condicionamento, existe para cada sinal, um circuito de protecção composto por uma resistência (R = 120 Ω) e um diodo zenner (V = 3,3 V), e um filtro passa-baixo RC (R = 750 Ω, C = 4,7 nF). O esquemático deste circuito, para o caso específico da corrente no lado CC, está apresentado na Figura 5.14. A placa desenvolvida está apresentada na Figura 5.15. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 117 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 5.14 – Esquemático do circuito de protecção e filtro RC. Circuito somador de offset e de ganho Sensores de tensão Resistências dos sensores de tensão Entradas dos sensores de tensão Saídas com circuito de protecção e filtro RC Entradas dos sensores de corrente Entradas de alimentação Figura 5.15 – Placa de condicionamento de sinais desenvolvida. 5.3.4. Microcontrolador PIC Para a implementação do sistema de controlo foi utilizado o microcontrolador PIC PIC32MX360F512L de 32 bits da Microchip, inserido no PIC32MX Starter Kit. Este microcontrolador permite funcionar com frequência máxima de 80 MHz, possui 16 entradas de ADC de 10 bits de 500 ksps, possui 5 timers de 16 bits (podem-se associar os timers 2 e 3 e/ou os timers 4 e 5 para formar timers de 32 bits) [80]. A arquitectura interna deste microcontrolador, mais concretamente os módulos individuais e os barramentos de ligação, está apresentada na Figura 5.16. Para aceder aos diversos pinos do microcontrolador PIC foi construída a placa de circuito impresso representada na Figura 5.17. Com esta placa é possível aceder a 122 pinos, distribuídos por postas de I/O, entradas ADC, saídas PWM e alimentação 118 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 5.16 – Constituição interna do microcontrolador PIC32MX360F512L [80]. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 119 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias PIC32MX360F512L PIC32MX Starter Kit Figura 5.17 – Placa de desenvolvimento para o microcontrolador PIC32MX360F512L inserido no PIC32MX Starter Kit. O programa de controlo inserido no microcontrolador foi construído utilizando o programa MPLAB da Microchip. Este programa, específico para programar microcontroladores PIC, permite criar novos projectos, escrever programas em linguagem de programação C, compilar o programa e em seguida executá-lo, sendo possível observar a evolução de variáveis através de janelas próprias. Na Figura 5.18 está representado o ambiente de trabalho do MPLAB. Figura 5.18 – Ambiente de trabalho do MPLAB. 120 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias 5.3.5. Circuito de Comando dos Sinais para os IGBT's O circuito de comando tem como função permitir que os sinais de comando gerados pelo microcontrolador PIC possam ser aplicados aos IGBT's. Para tal, esses sinais com níveis de tensão de 0 V e +3,3 V entram neste circuito e são adaptados aos níveis de tensão de 0 V e +15 V. Este circuito também tem como função receber quatro sinais de erro, provenientes do circuito de detecção de erros, e parar as comutações dos IGBT's caso se justifique. Este circuito tem um botão de pressão que permite fazer reset aos erros e um interruptor de posição que permite efectuar o enable das comutações. Na Figura 5.19 está apresentado o esquemático deste circuito, e na Figura 5.20 está representada a placa de circuito impresso desenvolvida. Figura 5.19 – Esquemático do circuito de comando dos sinais para os IGBT's. Saídas para os IGBT's Entradas Entradas de erros Entradas de enable e de reset Figura 5.20 – Placa de circuito de comando dos sinais para os IGBT's desenvolvida. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 121 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias 5.3.6. Circuito de Drivers O objectivo primordial do circuito de drivers é permitir fazer a interface entre o circuito de comando e o circuito de potência, sendo para esse efeito, composto por quatro optoacopladores HCPL-3120 da Agilent Technologies e por quatro fontes de alimentação CC-CC NME1215S da International Power Sources, podendo-se também adaptar a fontes CC-CC NMV1212SA da Technologies. Este circuito recebe os sinais de comando para os IGBT's, provenientes da placa de comando, e adapta esses sinais de modo a puderem ser aplicados nas gates dos IGBT's. Na Figura 5.21 está apresentado o esquemático do circuito de drivers para o comando de um IGBT, e na Figura 5.22 está apresentada a placa de circuito impresso desenvolvida. Figura 5.21 – Esquemático do circuito de drivers para um IGBT. Alimentação Entrada de sinais Fontes CC-CC Saídas para os IGBT's Optoacopladores Figura 5.22 – Placa de circuito de drivers desenvolvida. 122 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias 5.3.7. Circuito de Detecção de Erros O circuito de detecção de erros permite detectar erros que ocorram devido a excessos de correntes no lado CA, excessos de tensão no lado CC e erros de disparo nos IGBT's, ou seja, caso não se verifique o dead-time4 nos braços do conversor. Os erros são detectados por comparação com uma referência específica para cada caso. Os esquemáticos individuais destes circuitos de detecção de erros, estão apresentados, respectivamente, na Figura 5.23 e na Figura 5.24. A placa de circuito impresso desenvolvida está representada na Figura 5.25. Figura 5.23 – Esquemático do circuito de detecção de excessos de corrente. Figura 5.24 – Esquemático do circuito de detecção de excessos de tensão no lado CC e detecção de falha de dead-time. 4 O dead-time corresponde ao tempo de espera para que se possa enviar o sinal de fecho a um IGBT de um braço, após o outro IGBT do mesmo braço ter recebido o sinal de abertura. Este tempo de espera, em que ambos os IGBT's do mesmo braço estão abertos, é necessário respeitar, porque o fecho e a abertura dos IGBT's não é instantânea. Caso contrário não se respeite este tempo, pode acontecer de estarem os dois IGBT's fechados ao mesmo tempo. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 123 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias Entradas Enable Saídas Reset Figura 5.25 – Placa de circuito de detecção de erros desenvolvida. 5.3.8. Circuito do Conversor Digital Analógico Como o microcontrolador PIC escolhido não possui nenhum DAC, foi construído um circuito externo com um DAC712P, que possui uma saída analógica com limites de -10 V e +10 V, e uma entrada digital de 16 bits, para permitir visualizar o comportamento das variáveis internas do microcontrolador PIC. A esta placa também foi adicionado um botão de pressão para a inicialização do Sistema de Carregamento e led's para indicar o estado do mesmo. Na Figura 5.26 está representada a placa de circuito impresso desenvolvida para este circuito. Saída e alimentação Led's e botão DAC712P Entradas Figura 5.26 – Circuito externo do DAC712P. 5.3.9. LCD Para permitir visualizar as principais variáveis associadas ao Sistema de Carregamento foi associado, externamente ao microcontrolador, um LCD. Assim, através do software específico para controlar o LCD é possível acompanhar o estado do Sistema de Carregamento, nomeadamente, valores de tensão e de corrente à entrada do conversor, e no banco de baterias. O LCD utilizado está apresentado na Figura 5.27. 124 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 5.27 – LCD utilizado para visualizar o estado de carregamento das baterias. 5.4. Conclusão Ao longo deste capítulo foi descrita a implementação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, nomeadamente, o circuito de potência e o circuito de comando. Para ambos, foram apresentados e descritos todos os circuitos a eles associados. Na Figura 5.28 é apresentada uma fotografia com a versão final do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias desenvolvido. Como se pode verificar é constituído por dois andares, correspondentes ao circuito de potência e ao circuito de comando. Circuito de comando Circuito de potência Figura 5.28 – Versão final do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias desenvolvido. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 125 Capítulo 5 – Implementação do Sistema de Carregamento de Baterias Após o término da descrição da implementação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, pode-se concluir, que para a execução deste é necessário ter conhecimento em várias áreas da electrónica como por exemplo, Electrónica de Potência, desenvolvimento de placas de circuito impresso, Instrumentação e Programação de Microcontroladores, de modo a que se possa desenvolver com sucesso um Sistema de Carregamento com as características do apresentado. 126 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias CAPÍTULO 6 Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias 6.1. Introdução Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais obtidos durante o funcionamento do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias implementado no âmbito desta Dissertação. Numa primeira fase são apresentados os resultados obtidos com o Sistema de Carregamento a fornecer energia para uma resistência de potência, com um único estágio de tensão constante. Com este teste pretendeu-se provar que o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias funciona como previsto, e ao mesmo tempo, poder verificar as suas vantagens. Numa segunda fase, procedeu-se à implementação prática das simulações efectuadas no Capítulo 4 com o hardware descrito no Capítulo 5. Estes testes foram efectuados com um banco de baterias de chumbo-ácido com 48 V e 44 A. Para todas as implementações, a alimentação do Sistema de Carregamento foi feita com 30 V, recorrendo ao Variac apresentado na Figura 6.1. Figura 6.1 – Variac utilizado nos testes do Sistema de Carregamento. 6.2. Princípio de Funcionamento e Validação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Com este teste, levado a cabo numa primeira fase do desenvolvimento do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, pretendeu-se comprovar a sua funcionalidade, e ao mesmo tempo, poder analisar as vantagens que se obtêm com a teoria de controlo proposta no Capítulo 3. Assim, através do Variac foi imposto no lado CA uma tensão de 30 V, e para o lado CC foi imposta uma referência de tensão de 50 V. Em vez do banco de baterias foi utilizada uma resistência de potência de 50 Ω. Os sinais apresentados Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 127 Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias foram obtidos utilizando os equipamentos Fluke 124 Industrial Scoopmeter e Yokogawa DL 708E. Na Figura 6.2 está representada a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA quando os IGBT’s do Sistema de Carregamento não estão a comutar, ou seja, são os sinais típicos de um conversor CA-CC a diodos com filtro capacitivo no lado CC, e como se pode verificar a tensão é sinusoidal, mas a corrente não. Por outro lado, na Figura 6.3 está representada a tensão (ve) e a corrente (ie) no lado CA quando os IGBT’s do Sistema de Carregamento estão a comutar. Devido ao algoritmo de controlo, a corrente passa a ser sinusoidal e em fase com a tensão. Estes sinais foram obtidos através da placa de condicionamento de sinais e por isso estão afectados da amplitude. (ve) (ie) Figura 6.2 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA quando os IGBT’s do Sistema de Carregamento não estão a comutar. (ve) (ie) Figura 6.3 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA quando os IGBT’s do Sistema de Carregamento estão a comutar. 128 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias Na Figura 6.4 está apresentado o gráfico com a representação dos principais harmónicos da corrente no lado CA e o valor da THD total dessa corrente (65,4 %) quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar, ou seja, referente à corrente representada na Figura 6.2. Por outro lado, no gráfico da Figura 6.5 estão apresentados os principais harmónicos da corrente no lado CA e o valor da THD total (6.9 %), quando o Sistema de Carregamento está a funcionar, ou seja, referente à corrente representada na Figura 6.3. Através da análise da THD da corrente no lado CA, para ambas as situações, verifica-se que existe uma melhoria quase 60 %, contribuindo assim para a Qualidade da Energia Eléctrica de forma bem significativa. Figura 6.4 – Gráfico com os principais harmónicos da corrente no lado CA e o valor da THD total dessa corrente, quando o Sistema de Carregamento não está a funcionar. Figura 6.5 – Gráfico com os principais harmónicos da corrente no lado CA e o valor da THD total dessa corrente, quando os IGBT’s do Sistema de Carregamento estão a comutar. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 129 Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias Na Figura 6.6 está apresentado o instante em que o Sistema de Carregamento entra em funcionamento. Como se pode verificar, assim que ocorre a transição, a corrente (ie) no lado CA fica logo sinusoidal e em fase com a tensão (ve) do lado CA. Após o transitório, a corrente (ie) eleva-se um pouco de modo a poder carregar o condensador do lado CC com o valor da tensão de referência. Quando essa tensão (vs) fica estabilizada, a corrente no lado CA também fica estabilizada. Na Figura 6.7 estão apresentados os mesmos sinais, mas numa escala de tempo maior, e na Figura 6.8 estão representados estes sinais, mas com a corrente de referência para o lado CA (iref) também apresentada. Tensão vs antes das comutações Tensão ve Corrente ie antes das comutações Transitório de ligação do Sistema de Carregamento Tensão vs depois das comutações Corrente ie depois das comutações Figura 6.6 – Tensão (ve) e corrente (ie) no lado CA, e tensão (vs) no lado CC, no transitório em que os IGBT’s do Sistema de Carregamento começam a comutar. Figura 6.7 – Tensão e corrente no lado CA, e tensão no lado CC, no mesmo transitório, numa escala de tempo maior. 130 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias (iref) Figura 6.8 – Tensão e corrente no lado CA, tensão no lado CC e corrente de referência (iref) para o lado CA, no mesmo transitório. 6.3. Carregamento de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido com 48 V e 44 Ah Para o carregamento do banco de baterias apresentado no Capítulo 5, foram implementados os algoritmos de carregamento com tensão constante, carregamento com corrente constante e carregamento com corrente constante seguida de tensão constante. De seguida, para cada algoritmo de carregamento são apresentados e comentados os resultados obtidos. Os sinais apresentados foram obtidos utilizando o osciloscópio Yokogawa DL 708E. 6.3.1. Carregamento do Banco de Baterias com Algoritmo de Tensão Constante Este algoritmo de carregamento consiste em aplicar ao banco de baterias tensão constante de valor igual a 55 V e deixar que a corrente de carregamento seja imposta pelas características das baterias. Os 55 V correspondem a uma tensão de 13,75 V em cada bateria, que diz respeito a uma tensão de cerca de 15 % superior à tensão nominal de cada bateria. Na Figura 6.9 está representado o gráfico com a evolução da tensão do banco de baterias ao longo do tempo. Como se pode verificar a tensão não atinge de imediato os 55 V, porém, com o passar do tempo essa referência é atingida. O gráfico com a evolução da corrente de carregamento ao longo do tempo está apresentado na Figura 6.10. A corrente inicial de carregamento é de 1,6 A e na parte final do carregamento é de cerca de 0,6 A. O tempo total de carregamento das baterias foi de nove horas. Estes gráficos foram obtidos, registando a cada 5 minutos, os valores da tensão e da corrente no software Excel. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 131 Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 6.9 – Tensão no banco de baterias, ao longo de todo o tempo de carregamento, com tensão constante de valor 55 V. Figura 6.10 – Corrente de carregamento do banco de baterias, ao longo de todo o tempo de carregamento, com tensão constante de valor 55 V. Na Figura 6.11 estão apresentados os sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) no lado CA, a corrente de referência (iref) para o lado CA e a tensão (vs) do lado CC. Os sinais foram obtidos através da placa de condicionamento de sinais e por isso estão afectados da amplitude. Os sinais apresentados na Figura 6.11 foram obtidos na fase inicial do carregamento e os sinais apresentados na Figura 6.12 foram obtidos na fase final do carregamento. 132 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias (vs) (ie) (ve) (iref) Figura 6.11 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão do lado CC (vs) na fase inicial do carregamento. (vs) (ie) (ve) (iref) Figura 6.12 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão do lado CC (vs) na fase final do carregamento. 6.3.2. Carregamento do Banco de Baterias com Algoritmo de Corrente Constante Este algoritmo de carregamento consiste em aplicar ao banco de baterias corrente constante e deixar que a tensão no banco de baterias aumente até ao limite imposto por software. A corrente de carregamento foi de 1,2 A e a tensão inicial do banco de baterias era de 47 V. Na Figura 6.13 está representado o gráfico com a evolução da tensão do banco de baterias ao longo do tempo. Como se pode verificar a tensão aumenta sempre ao longo de todo o processo de carregamento, conforme pretendido. O gráfico com a evolução da Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 133 Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias corrente de carregamento ao longo do tempo está apresentado na Figura 6.14. A corrente de carregamento é de 1,2 A e permanece praticamente constante ao longo de todo o processo de carregamento. O tempo total de carregamento das baterias foi de dez horas. Estes gráficos foram obtidos, registando a cada 5 minutos, os valores da tensão e da corrente no software Excel. Figura 6.13 – Tensão no banco de baterias, ao longo de todo o tempo de carregamento, com corrente constante de valor 1,2 A. Figura 6.14 – Corrente de carregamento do banco de baterias, ao longo de todo o tempo de carregamento, com corrente constante de valor 1,2 A. Na Figura 6.15 estão apresentados os sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, a corrente de referência (iref) para o lado CA e a tensão (vs) do lado CC. Os sinais foram obtidos através da placa de condicionamento de sinais e por isso estão afectados da amplitude. Os sinais apresentados na Figura 6.15 foram obtidos na fase inicial do carregamento e os sinais apresentados na Figura 6.16 foram obtidos na fase final do carregamento. 134 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias (vs) (ie) (ve) (iref) Figura 6.15 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão (vs) do lado CC na fase inicial do carregamento. (vs) (ve) (ie) (iref) Figura 6.16 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão do lado CC (vs) na fase final do carregamento. 6.3.3. Carregamento do Banco de Baterias com Algoritmo de Corrente Constante Seguido de Tensão Constante Este algoritmo de carregamento consiste em aplicar ao banco de baterias, um primeiro estágio de corrente constante, de valor igual a 1,2 A, e deixar que a tensão aumente até ao limite imposto por software, que neste caso específico é de 55 V. Quando este limite de tensão é detectado pelo algoritmo de controlo, o primeiro estágio é cancelado e passa a ser imposto o segundo estágio. Neste segundo estágio é mantida tensão constante, de valor igual a 55 V, e a corrente de carregamento passa a ser determinada pelas características do banco de baterias. Neste estágio, a corrente decai progressivamente até atingir o fim do carregamento. Com este algoritmo de carregamento pretende-se carregar as baterias de forma mais eficiente. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 135 Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias Na Figura 6.17 está representado o gráfico com a evolução da tensão do banco de baterias ao longo de todo o tempo de carregamento. Como se pode verificar, no primeiro estágio a tensão aumenta até atingir os 55 V, e depois, com a imposição do segundo estágio, essa tensão permanece constante até ao final do carregamento. O gráfico com a evolução da corrente de carregamento, ao longo de todo o tempo de carregamento, está apresentado na Figura 6.18. Como se pode analisar neste gráfico, a corrente de carregamento no primeiro estágio é de 1,2 A, e no segundo estágio, fruto da imposição do estágio de tensão constante, decai de 1,2 A para cerca de 0,6 A. O tempo total de carregamento das baterias foi de dez horas. Estes gráficos foram obtidos, registando a cada 5 minutos, os valores da tensão e da corrente no software Excel. Figura 6.17 – Tensão no banco de baterias ao longo de todo o tempo de carregamento, com um primeiro estágio de corrente constante de valor 1,2 A, seguido de um estágio de tensão constante de valor 55 V. Figura 6.18 – Corrente de carregamento do banco de baterias ao longo de todo o tempo de carregamento, com um primeiro estágio de corrente constante de valor 1,2 A, seguido de um estágio de tensão constante de valor 55 V. 136 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias Na Figura 6.19 estão apresentados os sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, a corrente de referência (iref) para o lado CA e a tensão (vs) do lado CC. Os sinais foram obtidos através da placa de condicionamento de sinais e por isso estão afectados da amplitude. A tensão no lado CC e a corrente de referência para o lado CA correspondem aos valores reais. Os sinais apresentados na Figura 6.19 foram obtidos na fase inicial do carregamento e os sinais apresentados na Figura 6.20 foram obtidos na fase final do carregamento. O processo de transição entre estágios não foi possível detectar através do osciloscópio, sendo apenas perceptível nos valores de tensão e de corrente medidos e na indicação através um diodo LED. (vs) (ie) (ve) (iref) Figura 6.19 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão (vs) do lado CC na fase inicial do carregamento, ou seja, no estágio de corrente constante. (vs) (ie) (ve) (iref) Figura 6.20 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão (vs) do lado CC na fase final do carregamento, ou seja, no estágio de tensão constante. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 137 Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias 6.4. Descarregamento de um Banco de Baterias de Chumbo-Ácido com 48 V e 44 Ah Para o descarregamento do banco de baterias apresentado no Capítulo 5 foi utilizado o algoritmo que controla o descarregamento directamente para uma carga CC através da tensão do banco de baterias e o algoritmo de corrente sinusoidal no lado CA. De seguida, para cada algoritmo de carregamento são apresentados e comentados os resultados obtidos. Os sinais apresentados foram obtidos utilizando o osciloscópio Yokogawa DL 708E. 6.4.1. Descarregamento do Banco de Baterias Directamente para uma Carga CC com Algoritmo de Controlo da Tensão das Baterias Para descarregar este banco de baterias directamente para uma carga CC foi utilizada a resistência de potência apresentada na Figura 6.21. O descarregamento do banco de baterias foi efectuado através do algoritmo de controlo da tensão no mesmo, sendo que o limite mínimo de tensão foi 44 V, correspondente a cerca de 11 V em cada bateria. Figura 6.21 – Resistência de potência utilizada para o descarregamento do banco de baterias. 6.4.2. Descarregamento do Banco de Baterias com Algoritmo de Corrente Sinusoidal no Lado CA O descarregamento do banco de baterias através deste algoritmo consiste em devolver a energia armazenada nas baterias para a rede eléctrica. Neste sentido é necessário que a corrente no lado CA seja sinusoidal e em oposição com a tensão do lado CA. Para este caso específico, a corrente no lado CA foi de 2 A. Também neste algoritmo a tensão no banco de baterias é controlada, de modo a que não seja inferior a 44 V, correspondente a cerca de 11 V em cada bateria. Na Figura 6.22 está apresentada a corrente (ie) do lado CA. Como se pode verificar esta corrente é sinusoidal, comprovando que o conversor funciona bem como CC-CA. Na Figura 6.23 estão apresentados os sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, a corrente de referência (iref) para o lado CA e a tensão (vs) do lado CC. Os mesmos sinais estão apresentados na Figura 6.24, no entanto, neste caso, sem a corrente de referência para o lado CA. Os sinais da tensão e da corrente no lado CA foram obtidos através da placa de condicionamento de sinais, por isso estão afectados da 138 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias amplitude. A tensão no lado CC e a corrente de referência para o lado CA correspondem aos valores reais. Com se pode constatar pela Figura 6.23 e pela Figura 6.24 a corrente e a tensão no lado CA estão em oposição de fase, significando que a energia armazenada no banco de baterias está a ser devolvida à rede eléctrica. Corrente (ie) no lado CA Figura 6.22 – Corrente do lado CA quando o banco de baterias está a devolver a energia armazenada à rede eléctrica. (ve) (vs) (ie) (iref) Figura 6.23 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, corrente de referência (iref) para o lado CA e tensão (vs) do lado CC, quando o banco de baterias está a devolver a energia armazenada à rede eléctrica. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 139 Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias Figura 6.24 – Sinais da tensão (ve) e da corrente (ie) do lado CA, e tensão (vs) do lado CC, quando o banco de baterias está a devolver a energia armazenada à rede eléctrica. 6.5. Conclusão Numa primeira fase deste capítulo, foram apresentados os resultados experimentais obtidos para o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias desenvolvido no âmbito desta Dissertação, durante o carregamento de um banco de baterias de chumbo-ácido com 48 V e 44 Ah, com três algoritmos de carregamento distintos, nomeadamente, algoritmo de tensão constante, algoritmo de corrente constante e algoritmo de corrente constante seguida de tensão constante. Estes algoritmos permitem estágios de tensão ou corrente constante, e também mantêm a corrente no lado CA sinusoidal e com factor de potência unitário. Assim consegue-se obter a imprescindível preservação da vida útil das baterias. De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que o Sistema de Carregamento consegue impor os diferentes estágios necessários ao carregamento do banco de baterias, quer seja de tensão ou de corrente constante. Conforme previsto, os resultados práticos obtidos estão em concordância com os resultados das simulações computacionais apresentadas no Capítulo 4. Com estes algoritmos de carregamento ficou provado que se conseguem obter melhorias, bastante significativas quanto ao método correcto do carregamento do banco de baterias, e quanto à da Qualidade da Energia Eléctrica, devido ao consumo de corrente sinusoidal e em fase com a tensão do lado CA. Numa segunda fase foram apresentados os resultados experimentais obtidos durante o descarregamento do mesmo banco de baterias com dois algoritmos de descarregamento distintos, nomeadamente, algoritmo de controlo da tensão do banco de baterias e algoritmo de corrente sinusoidal no lado CA. O primeiro algoritmo consistiu em descarregar o banco de baterias directamente para uma resistência de potência 140 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 6 – Resultados Experimentais do Sistema de Carregamento de Baterias controlando a tensão do banco de baterias até que o mesmo ficasse totalmente descarregado. Com o segundo algoritmo ficou provado que é possível devolver a energia armazenada no banco de baterias à rede eléctrica mediante condições específicas. Para este algoritmo é necessário que o conversor actue como CC-CA e que a corrente de descarregamento seja controlada, assim como a tensão no banco de baterias, de forma a determinar o término do descarregamento. O fim deste também pode ser determinado pelo tempo de utilização, ou seja, o banco de baterias pode ser descarregado somente por um período de tempo, mas sempre controlando a tensão no mesmo. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 141 CAPÍTULO 7 Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro 7.1. Conclusões Nesta Dissertação foi apresentado e descrito um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias que visa atender às necessidades actuais e futuras dos veículos híbridos e eléctricos, sem descurar o Sistema Eléctrico Nacional, principalmente no que diz respeito à Qualidade da Energia Eléctrica. Com o Sistema de Carregamento proposto, provou-se, através de resultados experimentais, que o mesmo consegue impor diferentes algoritmos de carregamento, visando principalmente, prolongar ao máximo a vida útil das baterias. Assim, para a elaboração do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias foi imprescindível a pesquisa sobre as diferentes tecnologias de baterias. Após esta pesquisa, apresentada no Capítulo 2, conclui-se que apesar dos inconvenientes que as baterias ainda apresentam, como a energia por unidade de volume, a energia por unidade de peso, o número de ciclos ou a vida útil, a Humanidade está cada vez mais depende destas, tanto para pequenos como para grandes equipamentos, com especial destaque para a crescente aposta nos veículos híbridos e eléctricos. Nesta vertente, actualmente, já existem bastantes modelos de baterias específicas para veículos híbridos e eléctricos. Inerente à pesquisa das diferentes tecnologias de baterias, no Capitulo 3 foi realizado um estudo sobre os diferentes algoritmos de carregamento que podem ser implementados de acordo com as diferentes tecnologias de baterias. Deste estudo conclui-se que existem tecnologias de baterias que necessitam de algoritmos de carregamento específicos, como por exemplo baterias à base de lítio, e tecnologias que permitem uma larga variedade de algoritmos de carregamento, como por exemplo, baterias à base de chumbo. Também neste capítulo foi efectuado um estudo sobre diferentes conversores electrónicos capazes de efectuar o carregamento de baterias, no entanto, nem todos são vantajosos para as baterias e para a Qualidade da Energia Eléctrica, ou porque não permitem o controlo da tensão e da corrente de carregamento, ou porque a corrente no lado CA não é sinusoidal ou o factor de potência não é unitário. Assim, foi apresentado o Sistema de Carregamento Inteligente de Baterias que através de algoritmos específicos, permite o carregamento das baterias com diferentes estágios de tensão ou corrente constante, e ao mesmo tempo, possibilita que a corrente no lado CA seja sinusoidal e o factor de potência unitário. Por outro lado, mediante os algoritmos de descarregamento apresentados, o mesmo Sistema permite o funcionamento no modo CC-CA, ou seja, que a energia armazenada nas baterias possa ser devolvida à rede eléctrica. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 143 Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro Após a apresentação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, no Capítulo 4 foi ilustrado o princípio de funcionamento do mesmo no programa de simulações PSCAD. Com este modelo de simulação, que visou todos os pormenores inerentes ao Sistema de Carregamento, ficou comprovado, através dos resultados obtidos, que o funcionamento deste correspondia ao esperado e proposto no Capítulo 3. Deste modo, observou-se que o Sistema de Carregamento pode fornecer tensão ou corrente constante às baterias, manter sinusoidal a corrente no lado CA e manter unitário o factor de potência. Também neste modelo de simulação comprovou-se o funcionamento do conversor no modo CC-CA, ou seja, quando a energia armazenada nas baterias é devolvida à rede eléctrica. No Capítulo 5 foi feita a descrição da implementação de todo o do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias, em que foram abordadas as características e funções de todo o circuito de potência, assim como de todo o circuito de comando. Por fim, após o estudo recorrendo ao modelo de simulação apresentado no Capítulo 4 e à implementação do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias descrita no Capítulo 5, no Capítulo 6 foram efectuados diferentes testes com um banco de baterias de chumbo-ácido com 48 V e 44 Ah. Estes testes consistiram em implementar três algoritmos de carregamento distintos, nomeadamente, carregamento com algoritmo de tensão constante, carregamento com algoritmo de corrente constante e carregamento com algoritmo de corrente constante seguida de tensão constante. Também neste capítulo foram efectuados dois testes de descarregamento das baterias, que consistiram em descarregar directamente para uma resistência de potência e devolvendo a energia armazenada nas baterias à rede eléctrica, comprovando assim, que o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias pode funcionar de forma bidireccional. Com os resultados experimentais obtidos durante o funcionamento do Sistema de Carregamento comprovou-se que o mesmo funciona de forma eficaz e eficiente, permitindo carregar as baterias com tensão ou corrente constante, e manter sinusoidal a corrente no lado CA e o factor de potência unitário. Para o modo de CCCA, o Sistema desenvolvido permite devolver à rede eléctrica a energia armazenada nas baterias, isto é, a corrente no lado CA está em oposição de fase com a tensão do mesmo lado. 7.2. Trabalho Futuro Com os resultados obtidos nesta Dissertação, pode-se concluir que o Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias funciona de forma adequada. Todavia, com este mesmo equipamento, de futuro, outros testes devem ser levados a cabo, como por exemplo, analisar o comportamento deste a carregar um banco de baterias de um veículo híbrido ou eléctrico, ou a carregar um banco de baterias de outra tecnologia, tal como de lítio, uma vez que o mesmo só foi testado a carregar um banco de baterias de chumbo-ácido com 48 V e 44 Ah. Deste modo, poder-se-á analisar de forma mais 144 Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias Capítulo 7 – Conclusões e Sugestões de Trabalho Futuro pormenorizada as características do Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias e provavelmente fazer ajustes e melhoramentos. No que concerne ao Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias visando uma solução industrial de futuro, será importante reduzir ao volume total deste equipamento, e para tal, o circuito de comando poderá ser implementado numa única placa de circuito impresso, e caso se justifique, o microcontrolador PIC poderá ser substituído por um DSP. O circuito de pré-carga do condensador do lado CC pode ser eliminado se o condensador passar a ser carregado através das baterias, ou então, o circuito de pré-carga pode ser substituído por outro com dimensões mais reduzidas. Dependendo dos valores de temperatura obtidos aquando dos testes a implementar, poderá ser necessário substituir o dissipador actual por outro com maior capacidade. Neste sentido, será útil fazer um estudo para a redução dos custos inerentes ao Sistema de Carregamento desenvolvido. Noutra perspectiva, seria interessante implementar um sistema de detecção do tipo de baterias através de algum meio de comunicação, como por exemplo bluetooth, que permitisse a análise das mesmas, quer da tecnologia, quer dos níveis de tensão e de capacidade de armazenamento, e tendo em conta o tempo total ou parcial de carregamento disponível pelo utilizador, procederia da forma mais adequada, impondo o melhor algoritmo de carregamento, visando preservar a vida útil das baterias. Desenvolvimento de um Sistema Inteligente de Carregamento de Baterias 145 Referências [1] R. J. Parise, “Quick charge battery with internal thermal management”, 35th Intersociety Energy Conversion Engineering Conference and Exhibit, 2000. Vol. 1, pp. 120-127, 2000. [2] Mário Magno “Encha o tanque do seu PC", disponível online, no dia 30 de Setembro de 2008, em <http://infobase.2it.com.br/?sec_cod=3&news_cod=26>. 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