87 Série Estudos e Documentos Potencial de Aproveitamento Missão Institucional de Fontes Secundárias para paraTerras-Raras: ímãs é desenvolver tecnologia o uso sustentável dos recursos minerais brasileiros. permanentes A missão do Centro de Tecnologia Mineral - CETEM O CETEM O Centro de Tecnologia Mineral - CETEM é um instituto de pesquisas, vinculado ao Ministério da Ciência,Tecnologia e Inovação - MCTI, dedicado ao desenvolvimento, à adaptação e à difusão de tecnologias nas áreas mínero-metalúrgica, de materiais e de meio ambiente. Criado em 1978, o Centro está localizado no campus da Universidade FederalRafael do Rio dede Janeiro - UFRJ, na Cidade Universitária, no Carvalho Gomes Rio de Janeiro e ocupa 20.000m² de área construída, que inclui 22 laboratórios, 3 usinas-piloto, biblioteca especializada e outras facilidades. Durante seus 37 anos de atividade, o CETEM desenvolveu mais de 720 projetos tecnológicos e prestou centenas de serviços para empresas atuantes nos setores mínero-metalúrgico, químico e de materiais. S ÉRIE E STUDOS E D OCUMENTOS Potencial de Aproveitamento de Fontes Secundárias para Terras-Raras: Ímãs permanentes PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Dilma Vana Rousseff Presidente Michel Miguel Elias Temer Lulia Vice-Presidente MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO Celso Pansera Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação Emília Maria Silva Ribeiro Curi Secretária-Executiva Adalberto Fazzio Subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa CETEM – CENTRO DE TECNOLOGIA MINERAL Fernando Antonio Freitas Lins Diretor Arnaldo Alcover Neto Coordenador de Análises Minerais Claudio Luiz Schneider Coordenador de Processos Minerais Durval Costa Reis Coordenador de Administração Cosme Antonio de Moraes Regly Coordenador de Planejamento, Gestão e Inovação Francisco Wilson Hollanda Vidal Coordenador de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas Ronaldo Luiz Corrêa dos Santos Coordenador de Processos Metalúrgicos e Ambientais S ÉRIE E STUDOS E D OCUMENTOS ISSN 0103-6319 ISBN – 978-85-8261-034-3 SED - 87 Potencial de Aproveitamento de Fontes Secundárias para Terras-raras: Ímãs permanentes Rafael de Carvalho Gomes Eng. Químico, M.Sc. em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos pelo TPQB/UFRJ. Bolsista PCI do CETEM/MCTI. CETEM/MCTI 2015 S ÉRIE E STUDOS E D OCUMENTOS Carlos Cesar Peiter Editor Ana Maria Botelho M. da Cunha Subeditora CONSELHO EDITORIAL Francisco R. C. Fernandes (CETEM), Gilson Ezequiel Ferreira (CETEM), Alfredo Ruy Barbosa (consultor), Gilberto Dias Calaes (ConDet), José Mário Coelho (CPRM), Rupen Adamian (UFRJ). A Série Estudos e Documentos publica trabalhos que busquem divulgar estudos econômicos, sociais, jurídicos e de gestão e planejamento em C&T, envolvendo aspectos tecnológicos e/ou científicos relacionados à área minerometalúrgica. O conteúdo desse trabalho é de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es). Valéria Cristina de Souza Coordenação Editorial João Henrique de Castro Rocha Programação Visual Valéria Cristina de Souza Editoração Eletrônica Andrezza Milheiro da Silva Revisão Gomes, Rafael de Carvalho Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes / Rafael de Carvalho Gomes. __Rio de Janeiro: CETEM/MCTI, 2015. 50p.: il. (Série Estudos e Documentos, 87) 1. Terras-raras. 2. Ímãs permanentes. 3. Fontes secundárias. I. Centro de Tecnologia Mineral. II. Gomes, Rafael de Carvalho. III Título. IV. Série. CDD – 553.4 SUMÁRIO RESUMO _________________________________________ 7 ABSTRACT _______________________________________ 8 1 | INTRODUÇÃO __________________________________ 9 1.1 | Terras-Raras _______________________________ 9 1.2 | Os Ímãs Permanentes _______________________ 11 1.3 | O Mercado de Ímãs Permanentes _____________ 15 2 | OBTENÇÃO DE TERRAS-RARAS A PARTIR DE ÍMÃS PERMANENTES __________________________________ 20 2.1 | Processo de Reciclagem dos Ímãs Permanentes __________________________________ 20 2.2 | Possibilidades de Obtenção das Terras-Raras a partir dos Ímãs _______________________________ 26 3 | CONSIDERAÇÕES FINAIS _______________________ 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ___________________ 43 RESUMO Devido à diminuição da oferta de certos produtos de terras-raras, ocasionada pelo monopólio chinês em conjunto com restrições de exportação, faz-se necessária a busca por novas fontes dos elementos de terras-raras (TR). Além da busca por novos depósitos de terras-raras e a reabertura de antigas minas, vários países começaram a alocar recursos em pesquisas para a obtenção desses produtos, a partir de fontes secundárias, como, por exemplo, com a reciclagem pós-consumo de materiais no final de vida útil. Nesse trabalho, pretende-se abordar a obtenção de terras-raras por meio da reciclagem de ímãs permanentes, sendo uma alternativa aos processos de mineração atualmente empregados. Atualmente, apesar de os ímãs permanentes serem o principal produto comercializado no mercado de terras-raras, no Brasil não há empresas que tratem da reciclagem desses materiais magnéticos. A tecnologia de separação desses elementos dos outros metais apresenta grandes desafios econômicos, sendo a simples reutilização dos ímãs em sua forma de descarte, a abordagem mais viável. No mercado atual, o principal produto passível de recuperação são os discos rígidos de computadores que apresentam alta rotatividade no mercado e possuem teores consideráveis de neodímio na sua composição. Uma avaliação preliminar mostra que o potencial brasileiro para reciclagem de TR provenientes dessas fontes secundárias poderia alavancar a produção nacional. Palavras-chave Terras-raras, ímãs reciclagem. permanentes, fontes secundárias, ABSTRACT Due to decreasing supply, caused by the Chinese monopoly and the export restrictions, it is necessary to search for new sources of rare earth elements (RE). Besides the exploration for new rare earth mineral deposits and reopeninig of old mines, many countries have begun to allocate resources in surveys for obtaining rare earths from secondary sources such as the post-consumer recycled materials in the end of useful life. In this work we intend to address about the production of rare earth elements by recycling of permanent magnets, being this process an alternative to mining processes currently used. Nowadays, despite the permanent magnets are the main product sold in the rare earth market, in Brazil there is no company that deal with the recycling of these magnetic materials. The separation technology of these elements of other metals presents great economic challenges and the simple reuse of magnets is the most viable approach. In the current market, the main product subject to recovery are the hard drives of computers (HDD) that have high turnover in the market and have considerable amounts of neodymium in its composition. A preliminary evaluation shows that the Brazilian potential for recycling RE from these secondary sources could boost the domestic production. Keywords Rare earths, permanent magnets, secondary sources, recycling Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 9 1 | INTRODUÇÃO 1.1 | Terras-Raras As terras-raras (TR) compõem um conjunto de elementos químicos formado pelos lantanídeos (número atômico entre 57 e 71), iniciando a série pelo lantânio (mais leve) e terminando no lutécio (mais pesado), acrescidos de ítrio e escândio, conforme demonstrado na Figura 1. A nomenclatura se deve às descobertas dos compostos que foram inicialmente isolados na forma de óxidos, sendo chamados de “terras”. O adjetivo “raras” foi acrescido ao nome pelo fato de acreditarem na época da descoberta desses elementos que esses apresentavam uma ordem de grandeza muito menor do que a realidade. Hoje em dia, sabe-se que as terras-raras ocorrem em maior abundância na crosta terrestre do que uma série de outros elementos como, por exemplo, a prata e o mercúrio. Esses elementos são encontrados, principalmente, nos minerais dos grupos da bastnaesita (Ce,La)CO3F), monazita (Ce,La,Nd,Th)PO4 e xenotímio (YPO4). O ítrio e o escândio são classificados com os elementos da série dos lantanídeos, como terras-raras, por apresentarem características mineralógicas e propriedades químicas similares e o promécio não é encontrado na natureza, por não apresentar isótopos estáveis. Devido a essas semelhanças físicas e químicas, há um grande desafio na separação desse grupo e a recuperação em elementos individuais, a fim de que esses possam exercer melhor cada função. 10 Gomes, R. C. A aplicação das terras-raras na indústria, de uma forma geral, vem crescendo nas últimas décadas, com uma variedade de utilização cada vez maior na indústria moderna, pois essas são vitais para alguns dos mercados que mais crescem no mundo, visando à produção de alta tecnologia com maior eficiência. Fonte: http://dioquimica.blogspot.com.br/2011/09/blog-post.html, acesso em 05 de fevereiro de 2014. Adaptado. Figura 1. Tabela periódica IUPAC, com terras-raras destacadas, versão de 21 de janeiro de 2011. O elemento de TR que se destaca na composição dos ímãs permanentes é o neodímio. Sendo que, a maior motivação brasileira pela busca da recuperação desse elemento e das outras TR, a partir de fontes secundárias como alternativa para os processos de produção primária, é resultante do aumento do preço de importação das terras-raras chinesas, no início dessa década. Neste estudo, pretende-se abordar a obtenção desses elementos terras-raras, por meio de fontes secundárias, mais Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 11 precisamente a partir dos ímãs permanentes, discutindo a questão da viabilidade da reciclagem, no Brasil, para esse fim. Os ímãs permanentes apresentam um grande potencial nesse tema, pela grande quantidade de sucatas geradas contendo TR e por ser o maior destino desses elementos dentre as principais aplicações, com previsão de demanda de aproximadamente 25% do mercado de TR mundial sendo utilizado para esse fim (HUMPHRIES, 2012). Atualmente, o estudo da recuperação de TR, oriundas desses materiais magnéticos, é mais relevante nos ímãs pequenos presentes nos dispositivos eletrônicos como celulares e discos rígidos de computador. Este fato deve-se à curta vida útil e à grande quantidade de descarte, ao longo dos anos, desses equipamentos. Os ímãs mais complexos utilizados na geração de energia eólica, por exemplo, apresentam uma aplicação tecnológica recente e não estão presentes, em quantidades consideráveis, nas sucatas brasileiras, no atual momento (TANAKA & COLABORADORES, 2013). 1.2 | Os Ímãs Permanentes Os ímãs são objetos fabricados a partir de materiais magnetizados, e assim, capazes de criar campos magnéticos. Estes podem ser divididos em duas categorias: não permanentes e permanentes. Os não permanentes podem ser formados por uma passagem de corrente elétrica, contato ou atrito que são necessários para ativar o magnetismo. Um exemplo da aplicação desses ímãs temporários são eletroímãs usados para remover sucata em ferro velho. Já os ímãs permanentes mantêm seu magnetismo indefinidamente 12 Gomes, R. C. ou até que fatores externos os desmagnetizem, como vibrações, sujeira ou corrosão. A capacidade de um ímã reter seu magnetismo sob diversas condições chama-se “permanência magnética” e alguns desses têm maior permanência do que outros. Ímãs permanentes são geralmente fabricados com base em elementos como o alnico (alumínio, níquel, cobalto), cerâmicas (estrôncio e ferrite de bário) e ligas de elementos de terras-raras, como imãs de SmCo (samário-cobalto) e NdFeB (neodímio-ferro-boro) (SILVA, 2012). Alguns parâmetros são importantes para a caracterização dos ímãs permanentes. A saturação da densidade de fluxo magnético, por exemplo, corresponde ao ponto em que o alinhamento de todos os momentos magnéticos dos domínios estão na mesma direção do campo magnético externo. A remanência de um ímã representa o valor da densidade de fluxo magnético na qual a intensidade magnética é zero, sendo que um alto valor de remanência resulta em um ímã mais forte. A força coerciva ou coercitividade corresponde à resistência de determinado material a campos desmagnetizantes. Uma característica básica dos ímãs permanentes é que o movimento mecânico pode ser criado a partir dos campos magnéticos fabricados pelos próprios ímãs. Os elementos de terras-raras, dos quais se destacam neodímio e o samário, formam ímãs que possuem uma força magnética muito forte (e maior permanência magnética do que outros ímãs permanentes), podendo assim ser empregados em pequenas quantidades, em operações de amplificação sonora e processamento de dados, formando compostos magnéticos com maior eficiência. Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 13 Os ímãs de neodímio auxiliam os discos rígidos de computadores a ler e armazenar mais informações, por exemplo (SCHÜLER & COLABORADORES, 2011). No final dos anos 50, compostos de Gd-Co foram estudados motivados pelo fato do gadolínio ser o elemento de terras-raras com maior temperatura de Curie (Tc) e o cobalto também apresentar a maior Tc dentre os metais de transição. Essa temperatura representa o ponto no qual um material ferromagnético perde a sua propriedade de magnetizar-se com a aplicação de um campo magnético. Devido à baixa magnetização de saturação do GdCo5, os resultados não se mostraram muito eficazes (SCHÜLER & COLABORADORES, 2011). Ainda assim, os elementos terras-raras foram considerados promissores para a produção de ímãs permanentes devido às camadas eletrônicas 4f de seus elementos serem altamente anisotrópicas. As propriedades magnéticas da maioria dos materiais ferromagnéticos são dependentes da direção e essa alta anisotropia magnetocristalina é observada na maioria dos compostos TRCo5, dos quais se destacam o samário, neodímio, gadolínio, disprósio e itérbio (CAMPOS & LANDGRAF, 2000). No início da década de 60 foi descoberto que entre todos as ligas de terras-raras com cobalto, o SmCo5 era a que apresentava resultados mais eficazes na época e esses compostos foram denominados como a primeira geração de ímãs permanentes de terras-raras (COEY, 1996). Essa liga composta por samário e cobalto possui alta resistência a campos desmagnetizantes, resistência razoável à corrosão e 14 Gomes, R. C. não requer revestimento particular com exceção das aplicações extremas. Além disso, esses elementos possuem altos valores de fluxo magnético permanente representado pela densidade de fluxo magnético residual após a aplicação de um estímulo magnético externo e força coerciva consideravelmente elevada, representada pelo campo magnético necessário para desmagnetizar o ímã (CAMPOS, 1998). A segunda geração dos ímãs de elementos de terras-raras foi baseada em ligas compostas de neodímio-ferro-boro e começou a ser produzida em 1983. O neodímio apresenta uma vantagem, pois é um elemento de terras-raras existente em maior abundância que o samário, na crosta terrestre. Além disso, os ímãs NdFeB possuem maior produto energético, que corresponde ao volume mínimo de material magnético que produz uma determinada energia magnética na sua proximidade, maior força coerciva e maior indução remanente que os ímãs compostos pela liga samário-cobalto. Como desvantagem, os ímãs de neodímio apresentam alta vulnerabilidade à corrosão e limitação à temperatura de utilização (150°C) e temperatura de Curie de 350°C. A Tabela 1 mostra algumas das diferenças das propriedades dos ímãs de samário pros ímãs de neodímio. (SCHÜLER & COLABORADORES, 2011). Tabela 1. Comparação entre as propriedades dos ímãs SmCo5 e NdFeB. Propriedades Ímãs SmCo5 Ímãs NdFeB Produto Energético (KJ/m³) 110-240 210-420 Remanência (T) 0,8-1,2 1,1-1,5 Força Coercitiva (kA/m) 620-835 800-1140 Fonte: http://www.magnaworkstechnology.com/, acesso em 13 de outubro de 2014. Adaptado. Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 15 A fabricação dos ímãs pode ser realizada por diversos métodos. Em situações nas quais o ímã fabricado não necessita possuir excelentes propriedades magnéticas, pode ser usada uma resina para consolidar o pó metalúrgico em um corpo rígido. Esse método apresenta um custo baixo, pois não é realizada a etapa de sinterização realizada em outros sistemas, com custo bem mais elevado. O fato das ligas com elementos terras-raras serem muito reativas ocasionou uma mudança importante no procedimento de fabricação desses ímãs em relação ao processo de produção dos ímãs de ferrite de bário (BaFe12O19): a moagem excessiva do pó é prejudicial, sendo recomendado atingir o tamanho de no mínimo 3 µm (FARIA & LIMA, 2005). Um método eficiente e bastante utilizado para produção de pó magnético, a partir de material reciclado visando à produção de ímãs permanentes de terras-raras, é o processo de hidrogenação, desproporção, dessorção e recombinação (HDDR). Após essas quatro etapas, é realizada a pulverização do material, o alinhamento magnético e a prensagem, o acabamento superficial e magnetização e, por último, a caracterização magnética microestrutural (FARIA & LIMA, 2005). 1.3 | O Mercado de Ímãs Permanentes O mercado de ímãs permanentes no Brasil e no mundo está diretamente relacionado ao mercado de terras-raras. Esses elementos revolucionaram a indústria de ímãs devido às suas características e propriedades magnéticas. Na Figura 2 é destacado um estudo realizado pelo IMCOA (Industrials 16 Gomes, R. C. Minerals Company of Australia Pty) sobre a previsão da demanda para o ano de 2015 de elementos terras-raras separados por aplicação. Nota-se que os ímãs permanentes serão responsáveis pela maioria (25%) do consumo de terras-raras. Segundo outra pesquisa realizada pelo USGS (U.S. Geological Survey) em 2010, a demanda mundial de ímãs permanentes deve crescer de 10% a 16% por ano, na próxima década. O aumento da demanda por esses produtos é decorrente do crescimento de setores como os de geração de energia eólica e os de produção de veículos elétricos e híbridos visando à redução do impacto ambiental nos processos e da consolidação de outras aplicações, como em discos rígidos de computadores, por exemplo (LIMA, 2012). Fonte: IMCOA (Industrial Minerals Company of Australia Pty Ltd). Figura 2. Previsão da demanda mundial em 2015 de terras-raras dividida por aplicação. A China domina o mercado de terras-raras possuindo mais da metade das reservas mundiais desses elementos. Com uma política de subsídios e incentivos à pesquisa, foi responsável, Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 17 em 2012, por cerca de 86% da produção mundial de terras-raras. Como consequência, a China também controla o mercado de ímãs permanentes provenientes desses elementos. Segundo dados da USGS, 75% da produção total dos ímãs NdFeB em 2010 e 60% dos ímãs SmCo nesse mesmo ano foram produzidos na China (HUMPHRIES, 2012). Nos outros países, incluindo o Brasil, a atividade produtiva está em processo de recuperação, depois da estagnação na produção que ocorreu entre o final dos anos 90 até o ano de 2011, causada pelo monopólio chinês e a exportação das suas terras-raras para o resto do mundo (ANDRADE, 2011). A cadeia produtiva dos ímãs permanentes oriundos desses elementos pode ser composta, de forma resumida, por quatro etapas: lavra e concentração; separação dos elementos terras-raras; redução e obtenção das ligas e fabricação dos ímãs (LIMA, 2012). A maturação e o desenvolvimento da produção nacional está diretamente relacionada com as competências técnicas e científicas em cada etapa dessa cadeia que, atualmente, ainda está em fase inicial de evolução. De acordo com dados do IMCOA, foram consumidos cerca de 32 mil toneladas de óxidos de terras-raras no ano de 2012 para a produção de ímãs no mundo, com o destaque para o elemento Nd. Sabe-se que cerca de 30% da composição em massa de um ímã de NdFeB é de neodímio. Por falta de dados das empresas fabricantes, é difícil mensurar a produção total de ímãs produzidos, mas pode-se estimar uma produção mundial de ímãs de terras-raras de cerca de 90 mil toneladas, no ano de 2012 (KINGSNORTH, 2010). 18 Gomes, R. C. Segundo Hollins (2010), estima-se uma produção de 147 mil toneladas de ímãs de neodimio em 2020 e 280 mil toneladas em 2030. Segundo esse estudo, os setores de maior crescimento nessa projeção são de geração eólica responsável por 22 mil toneladas da demanda em 2020 e 42 mil em 2030 e o da indústria automotiva, que apresenta aspectos em fase inicial de densenvolvimento, como os motores de veículos elétricos e aspectos já consolidados, como os freios ABS que necessitam de motores com ímãs permanentes para o seu funcionamento. A demanda desse setor automotivo chegaria a 74 mil toneladas em 2020 e 130 mil toneladas em 2030. Atualmente, diversas empresas multinacionais, como a SAMSUNG e a GE estão presentes no território brasileiro e apresentam grande demanda por esse ímãs. O Brasil possui indústrias consumidoras de ímãs, nas seguintes categorias: (a) consolidadas ou em maturação, como exemplo tem-se a produção de discos rígidos para computadores e motores elétricos ou (b) em crescimento, como a indústria aeroespacial ou (c) novas como a de geradores eólicos. A Tabela 2 destaca as etapas de ciclo de vida de cada indústria representada pelas principais aplicações de ímãs de terras-raras no mundo. Em relação às aplicações consolidadas, algumas são produzidas no Brasil, como as unidades de produção e montagem de discos rígidos fabricados pelas empresas Western Digital e SAMSUNG. Empresas como a WEG, EMBRACO e BOSCH consomem uma quantidade grande de ímãs para aplicações em motores elétricos industriais, motores para sistemas de ventilação, motores para eletrodomésticos, entre outros (LIMA, 2012). Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 19 Tabela 2. Etapas do ciclo de vida atual na indústria de ímãs de TR no mundo. Usos Industriais Introdução Energia Eólica X Refrigeração Magnética X Crescimento Indústria Aerospacial X Operação de Satélites X Maturidade Energia Nuclear X Armazenamento Digital X Indústria Automotiva X Uso Cotidiano X Declínio Fonte: Uso e aplicações de Terras-raras no Brasil: 2012-2030. Ano: 2013. Adaptado. Para as aplicações mais recentes, o plano decenal de expansão de energia 2022, realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), no ano de 2012, prevê um crescimento da geração eólica, na matriz energética brasileira, de 1 GW por ano até 2022. As máquinas com ímãs representam 5% do mercado e são usados cerca de 600 toneladas de NdFeB por GW produzido (PANAYOTOV, 2012). Sendo assim, pode-se fazer uma projeção do aumento da demanda por ímãs de Nd em geradores eólicos instalados no Brasil, de cerca de 30 toneladas por ano, na próxima década. 20 Gomes, R. C. 2 | OBTENÇÃO DE TERRAS-RARAS A PARTIR DE ÍMÃS PERMANENTES 2.1 | Processo de Reciclagem dos Ímãs Permanentes Segundo o documento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) sobre logística reversa do ano de 2012, equipamentos eletroeletrônicos são produtos cujo funcionamento depende de corrente elétrica ou de campos eletromagnéticos. Ao fim de sua vida útil, estes produtos passam a ser considerados resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE). Alguns desses, especificamente os equipamentos de telecomunicações, têm um ciclo de vida mais curto, sendo descartados mais rapidamente quando ocorre a introdução de novas tecnologias, gerando um grande depósito de descarte que se não for tratado adequadamente, gera um grande prejuízo ao meio ambiente. Além disso, esses equipamentos possuem um potencial de exploração importante, considerando, por exemplo, as terras-raras presentes nos ímãs permanentes que fazem parte desses produtos e que apresentam grande quantidade de neodímio e pequenas quantidades de praseodímio, gadolínio, térbio e disprósio, dentre outros elementos. É importante considerar também a reciclagem pré-consumo, pois durante o processo de produção dos ímãs muitos resíduos contendo terras-raras são gerados. A obtenção de matéria-prima secundária oriunda de sucatas de equipamentos eletrônicos depende de um bom planejamento e conhecimento das estratégias de mercado desse setor. A falta de dados reais sobre produção de lixo eletrônico dificulta bastante o entendimento do processo de reciclagem e a Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 21 produção por fontes secundárias. O Brasil desenvolve atividades de pesquisa mais aprofundadas, como na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e em centros de pesquisa, como no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), onde no ano de 2011 foi gerado um pedido de depósito patente sobre o processo de recuperação de compostos magnéticos. Como já mencionado no item 1.2, as ligas de terras-raras mais utilizadas para a produção de ímãs permanentes são: SmCo e NdFeB. Atualmente, a mais comum é a liga de neodímio, ferro e boro, na qual os ímãs permanentes apresentam elevadíssimo produto energético e são compostos por uma matriz de fórmula Nd2Fe14B com pequenos acréscimos de outros elementos terras-raras, com destaque para o disprósio. Outras TR também podem ser adicionadas como, por exemplo, praseodímio, gadolínio e térbio, além de outros elementos como cobalto, vanádio, titânio, zircônio, molibdênio ou nióbio. (GUTFLEISCH & COLABORADORES, 2011). O disprósio (Dy) é adicionado aos ímãs com o objetivo de aumentar a estabilidade da temperatura contra desmagnetização. A quantidade de Dy adicionada depende da aplicação na qual vai ser utilizada o ímã. Materiais magnéticos mais simples, como discos rígidos, brinquedos e CDs apresentam normalmente pequenas quantidades desses elementos em sua composição. Em ímãs mais complexos, como os utilizados em carros elétricos e híbridos, o disprósio pode estar presente em até 9% da composição em massa da liga (LOPES, 2008). 22 Gomes, R. C. A outra combinação contendo terras-raras que é aplicada para fabricação de ímãs é a liga de samário com cobalto. Atualmente, esse tipo de ímã é muito menos utilizado que a liga NdFeB, mas esta apresenta boa resistência contra a desmagnetização e a corrosão. Há duas matrizes diferentes utilizadas na fabricação desses ímãs: SmCo5 e Sm2Co17. Juntamente com esses dois elementos, os ímãs de SmCo podem conter metais de transição, como ferro e cobre como aditivos das ligas. Devido ao menor valor de produto energético dessa liga e ao maior custo comparado com o ímã NdFeB, o mercado dos ímãs de samário e cobalto é bem pequeno, representando cerca de 2% do mercado de ímãs permanentes (TANAKA & COLABORADORES, 2013). As etapas de pré-processamento para reciclagem de ímãs são fundamentais para a viabilização e eficiência de todo o processo. É importante identificar e caracterizar os ímãs nas sucatas, antes da sua fragmentação e fundição com o objetivo de remover, de forma eficiente, os ímãs de terras-raras dos produtos que já chegaram ao fim de suas vidas úteis. Comercialmente, não existem processos consagrados de recuperação de terras-raras oriundas de ímãs permanentes sendo realizados de forma contínua. Esse fato se deve principalmente à complexa estrutura física dos ímãs passíveis de recuperação e ao seu complexo processo de desmantelamento visando à recuperação dos elementos terras-raras. O preço baixo de importação desses metais proveninentes da China, até o ano de 2011, também foi um fator que contribuiu para o não desenvolvimento desse tipo de reciclagem (WALTON & WILLIAMS, 2011). Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 23 Os ímãs mais fortes, produzidos pelo processo de sinterização, são difíceis de separar dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos devido ao forte campo magnéticos que esses geram. Uma maneira já estudada é a desmagnetização com aquecimento, conduzindo os ímãs às temperaturas acima de 300°C. O problema é que esse procedimento resulta na fusão de ligantes orgânicos que cercam os ímãs liberando, por exemplo, hidrocarbonetos que contêm vapores muitas vezes prejudiciais. Por isso, a desmagnetização é recomendada, através da aplicação de um campo magnético forte oposto à direção original de magnetização (BINNEMANS & COLABORADORES, 2013). Com a meta de tentar facilitar a separação das peças, tecnologias de desmantelamento com o objetivo de reciclar os ímãs de terras-raras oriundos de disco rígidos e de compressores de ar condicionado, através do desenvolvimento de diferentes tipos de máquinas, foram estudados por Akahori & Saeki (2014). No caso dos discos rígidos foram usadas placas de agitação e coleta, em que essas unidades sofriam impacto e vibração de forma contínua, de modo que os parafusos que seguram os componentes soltassem e a peça se dividisse em vários componentes estruturais, entre esses os ímãs NdFeB. Esse tipo de equipamento desenvolvido por Hitachi tem a capacidade de desmantelar 100 discos rígidos por hora, enquanto que uma pessoa consegue manualmente, em uma hora, desmantelar somente 12 discos rígidos, em média. 24 Gomes, R. C. Para os compressores, a recuperação é realizado em três etapas. Primeiro, é utilizado uma máquina de corte para separação dos rotores que contêm os ímãs de NdFeB. Em seguida, outra máquina desmonta esses rotores para, por último, os ímãs serem desmagnetizados e coletados por um sistema de vibração (AKAHORI & SAEKI, 2014). Técnicas utilizando hidrogênio à pressão atmosférica para separar os ímãs de terras-raras de discos rígidos, produzindo um pó da liga hidratada de NdFeB, também já foram estudadas. Inicialmente, o NdFeB absorve hidrogênio provocando uma reação exotérmica com uma expansão de volume rompendo a superfície e formando os pós da liga. Esse processo foi mais eficiente em pequena escala, não apresentando resultados satisfatórios em escala comercial (WALTON & WILLIAMS, 2011). Esse pó de NdFeB pode ser diretamente reprocessado para a fabricação de novos ímãs sinterizados, em que as propriedades magnéticas vão depender da composição dos ímãs nas sucatas eletroeletrônicas (HARRIS & COLABORADORES, 2012). No fluxograma da Figura 3 está exemplificado um esquema geral do processo de reciclagem dos ímãs permanentes fabricados a partir de elementos terras-raras. No caso dos ímãs permanentes grandes, utilizados em veículos híbridos e elétricos e na geração de energia eólica e que já estejam no final de sua vida útil é mais viável a reciclagem direta desses materiais magnéticos para serem reutilizados. No entanto, esse ímãs geralmente podem ser utilizados durante longo período de tempo e, portanto, não estão disponíveis em grandes quantidades nas sucatas industriais, atualmente. Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 25 O reprocessamento dos materiais magnéticos para reciclagem e recuperação dos elementos terras-raras é mais relevante e viável nos ímãs menores presentes nos equipamentos eletrônicos, como celulares, fones de ouvido, tablets e nos discos rígidos. Além disso, os resíduos originados da fabricação dos ímãs permanentes muitas vezes apresentam uma grande quantidade de terras-raras podendo também ser tratados (BINNEMANS & COLABORADORES, 2013; TANAKA & COLABORADORES, 2013). Fonte: Binnemans & Colaboradores, 2013. Adaptado. Figura 3. Fluxograma simplificado do processo de reciclagem dos ímãs de terras-raras. Dentre as aplicações mencionadas acima, a que mais se destaca em quantidade total de sucata com elementos terras-raras são os discos rígidos de computadores pessoais. Além de apresentarem uma rápida rotatividade, esses equipamentos são produzidos em larga escala. No ano de 26 Gomes, R. C. 2011, foram produzidos cerca de 600 milhões de discos rígidos no mundo. Considerando que cada disco tem entre 10 e 20 gramas de NdFeB, são utilizados aproximadamente entre 6000 e 12000 toneladas dessa liga de neodímio por ano, somente para a produção dos discos rígidos (WALTON & WILLIAMS, 2011). Depois do processo de reciclagem, envolvendo também a separação das terras-raras dos outros metais de transição, a mistura de neodímio com as outras TR é separada em elementos individuais que podem ser transformados novamente em ligas para a geração de novos ímãs permanentes, como mostra o fluxograma da Figura 3 ou podem ser aproveitados em outras aplicações que envolvam esses elementos, como em materiais fosforescentes e em catalisadores de craqueamento catalítico. 2.2 | Possibilidades de Obtenção das Terras-raras a partir dos Ímãs Os ímãs de terras-raras são frágeis e sofrem fratura com facilidade. Estima-se que entre 20-30% da produção de ímãs é perdida durante a fabricação, devido a quebras (AKAI, 2008). Os primeiros estudos realizados visando à recuperação de terras-raras a partir da reciclagem focaram na liga SmCo, pois o uso da liga NdFeB ainda não tinha sido difundido. Tanto a reciclagem do samário como do cobalto foram analisadas na década de 90 e se mostraram eficazes (ELLIS & COLABORADORES, 1994; BOUNDS, 1994). A reciclagem desse tipo de material tem algumas vantagens como, por exemplo, o fato desses ímãs, em geral, só apresentarem um elemento das terras-raras, o samário, facilitando a sua Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 27 separação. Além disso, os ímãs de SmCo não possuem material de revestimento protetor que contém outros metais, como cobre e níquel, o que facilita o processo. O problema é que, como mencionado no item 2.1, esses ímãs correspondem, atualmente, a cerca de somente 2% do mercado de ímãs permanentes no mundo. A liga de NdFeB, no entanto, apresenta outras terras-raras na sua composição além do neodímio e isso dificulta, consideravelmente, o processo de separação. Seus ímãs contêm, também, um revestimento de outros metais que tornam a reciclagem mais complexa. Ademais, essa liga contém, em média, entre 65 e 70% em peso de ferro que não pode ser reciclado como um produto comercial. Com isso, diversos estudos encontrados na literatura, na década de 80 e 90, chegaram à conclusão da não viabilidade econômica da recuperação de neodímio através desses ímãs permanentes (ELLIS & COLABORADORES, 1994; LYMAN & PALMER, 1992). No entanto, com o aumento desproporcional do preço das terras-raras, incluindo do neodímio, a partir do final de 2011, a recuperação desses elementos, a partir de fontes secundárias, voltou a ser estudada (BINNEMANS & COLABORADORES, 2013). Segundo Panayotova (2012), existem três categorias de resíduos derivados da produção de ímãs de terras-raras: ímãs que terminaram sua vida útil e foram rejeitados; resíduos da operação de moagem e trituração que foi realizada para fabricar os ímãs e resíduos deixados no forno após os processos de fusão a vácuo, atomização ou resfriamento rápido. 28 Gomes, R. C. Essas duas últimas categorias fazem parte da reciclagem pré-consumo. Esta recuperação dos resíduos dos materiais antes do uso é uma tarefa geralmente mais fácil, comparada com a reciclagem pós-consumo. A sucata contendo os resíduos que nunca foram processados apresentam, normalmente, uma maior quantidade relativa de material com maiores concentrações dos metais que podem ser recuperados. Em relação à reciclagem dos ímãs no fim da vida útil (pós-consumo), algumas dificuldades são apresentadas. O metal de interesse, muitas vezes, está presente em uma composição mínima comparada à complexa matriz do objeto. Além disso, a falta de tecnologia, infraestrutura adequada e incentivo à reciclagem também são problemas críticos. Os elementos terras-raras apresentam aspectos que dificultam mais ainda essa operação, como por exemplo: a complexidade dos processos de recuperação dos elementos de forma individual (se a reciclagem direta não puder ser utilizada) e a quantidade excessiva de energia necessária para o processo (PANAYOTOVA, 2012). Sobre esse tipo de recuperação, Schüler & Colaboradores (2011) dividiram a reciclagem de sucatas geradas no processo de produção de ímãs permanentes pós consumo, em quatro processos: − Recuperação das terras-raras, no estado não oxidado, por meio de fusão, apresentando geralmente baixo rendimento de recuperação (KARA & COLABORADORES, 2010); − recuperação das terras-raras no estado oxidado; Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 29 − recuperação do material pronto e recombinação para formação de novos ímãs; − extração direta seletiva de neodímio e disprósio (SHIRAYAMA & OKABE, 2009). Os métodos de separação incluem o uso de processos hidrometalúrgicos e pirometalúrgicos de extração, extração com metais líquidos, moagem e ressinterização, dentre outras. 2.2.1 | Processos Hidrometalúrgicos É o método mais estudado para recuperação de terras-raras a partir de ímãs permanentes. Os primeiros estudos focaram no processamento dos produtos dos resíduos pré-consumo resultantes da fabricação dos ímãs (ELLIS & COLABORADORES, 1994). Os processos hidrometalúrgicos funcionam da mesma forma que na mineração primária de terras-raras. O procedimento ocorre com a lixiviação seletiva dos ímãs permanentes, com ácidos minerais. As soluções resultantes, são então, separadas e precipitadas com a adição de ácido oxálico ou ácido fluorídrico, para formar o oxalato ou fluoreto. Os óxidos que têm maior valor comercial podem ser obtidos através da calcinação dos oxalatos (CAMPOS, 2000). Os compostos formados podem ainda passar por uma lavagem para remoção de outras espécies dissolvidas que podem contaminar os materiais como o níquel e cobre, por exemplo, presentes no revestimento protetor dos ímãs. Posteriormente, 30 Gomes, R. C. dependendo da viabilidade econômica podem também sofrer uma redução térmica, visando à obtenção do elemento na sua forma metálica, com maior valor agregado (HOLLINS, 2010). Lyman & Palmer (1994) desenvolveram um processo hidrometalúrgico para separação das terras-raras de uma sucata de ímãs de NdFeB. O primeiro passo foi a lixiviação do material em uma solução aquosa de ácido sulfúrico, mantendo pH fortemente ácido, para evitar a precipitação do hidróxido de ferro (ocorre em pHs superiores a 3). O pH final da solução encontrado por eles foi de 0,2 e com auxílio de soluções aquosas de hidróxido de sódio ou potássio ou amônio, o pH foi aumentado para 1,5 formando o sal duplo de sulfato de sódio ou potássio ou amônio e neodímio. Esse sal duplo foi tratado com HF e foi formado o trifluoreto de neodímio que pode sofrer um processo de redução calciotérmica para obtenção do metal do neodímio. A utilização de ultrassom durante o período de lixiviação pode reduzir o tempo de reação requerido. À temperatura ambiente, o uso de ultrassom a 20 kHz e 600 W durante a lixiviação ácida com HCl, diminuindo o tempo de lixiviação completa do térbio quase pela metade, sendo 60 minutos com ultrassom e 115 minutos sem (TANAKA & COLABORADORES, 2002). Ellis & Colaboradores estudaram a reciclagem para a recuperação de uma liga forte de neodímio-ferro que possa ser reutilizada diretamente para a produção de novos ímãs NdFeB. Os resíduos contendo os ímãs são atacados com HNO3 e a adição de HF resulta na formação de sal duplo de fluoreto de neodímio-ferro. Este sal duplo passa por um procedimento de secagem e redução calciotérmica para a produção da liga metálica Nd-Fe. Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 31 Os métodos hidrometalúrgicos apresentam vantagens, como uma maior gama de aplicabilidade independentemente da composição do material magnético, podendo ser usado tanto em ligas de metais não oxidados como nos oxidados. O fato desse método apresentar a mesma metodologia e as mesmas etapas básicas da mineração primária das terras-raras também é um benefício comparado com outros tipos de processos. Fatores como o consumo de grande quantidade de produtos químicos, uso excessivo de água no processo e necessidade de muitas etapas para a obtenção dos novos ímãs são algumas das desvantagens da reciclagem por hidrometalurgia. 2.2.2 | Extração com Metais Líquidos O processo de extração com metais líquidos pode ser comparado com a extração líquido-líquido convencional (extração por solventes). A diferença é que, ao invés de solventes orgânicos, os ímãs são separados por ligas líquidas. Assim, ocorre a dissolução seletiva da liga de terras-raras, que se distribuem entre duas fases de metais líquidos imiscíveis. A vantagem de usar essa técnica para reciclagem desse tipo de material é que ela permite o processamento de diversas variedades de tamanhos e tipos de resíduos, desde limalhas de ferro até lingotes específicos. O objetivo é produzir um material mais puro possível, com uma pequena quantidade de oxigênio, nitrogênio, oxigênio e compostos intermetálicos. 32 Gomes, R. C. As desvantagens deste processo envolvem a necessidade de altas temperaturas e os altos custos de processos de destilação para separação das terras-raras dos metais usados como extratante, por exemplo, o magnésio (ELLIS & COLABORADORES, 1994). A Figura 4 mostra um processo simplificado de extração com metal líquido utilizando magnésio como extratante. O objetivo é separar primeiro as terras-raras do ferro e do boro, para posteriormente as isolar do magnésio. Fonte: Akahori & Saeki, 2014. Adaptado. Figura 4. Esquema simplificado do processo de recuperação de terras-raras através da extração com magnésio fundido. Okabe (2003) e Takeda & Colaboradores (2006) descreveram métodos contínuos usando magnésio líquido para extração seletiva do neodímio a partir de sucatas contendo os ímãs de NdFeB. O magnésio depois é destilado da massa fundida contendo o elemento de interesse. Takeda & Colaboradores (2004) descreveram também um método de extração com Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 33 metal líquido utilizando prata fundida, seguido de um processo de oxidação para remoção da prata e formação do óxido de neodímio. Xu & Colaboradores (2000) demonstraram um processo desenvolvido na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, baseado em uma reação sólido-líquido para reciclar terras-raras, a partir de uma liga de Nd2Fe14B usando magnésio fundido como extratante. A primeira parte do processo foi uma lavagem das partículas de NdFeB em um solvente para remoção dos resíduos, seguido de uma diminuição no tamanho dos ímãs e imersão em magnésio líquido a 800°C. O neodímio é solúvel em magnésio líquido a essa temperatura, enquanto que o ferro é insolúvel (OKAMOTO, 1991). Recupera-se assim o Nd em forma da liga magnésio-neodímio, separando-o do ferro e do boro. Essa liga pode ser usada na alimentação das indústrias de fundição do magnésio. Para obtenção do neodímio puro, sem magnésio, é realizada uma destilação a vácuo. 2.2.3 | Extração em Fase Gasosa Adachi & Colaboradores (1991) desenvolveram um processo para recuperação de terras-raras, a partir de ímãs permanentes similares aos processos de recuperação de metais como vanádio, níquel e cobre oriundos de fontes secundárias, através da cloração (com Cl2) e carbocloração (com Cl2 e CO), em que esses metais são transformados em cloretos voláteis e separados baseado nas diferenças de volatilidade. 34 Gomes, R. C. Esse processo aplicado para obtenção das terras-raras é mais complexo que a recuperação dos metais de transição. Os cloretos de terras-raras são menos voláteis dificultando, assim, a separação desses dos outros elementos. Sendo necessário, portanto, altas temperaturas e longos tempos de reação. A formação de complexos com cloretos de metais alcalinos como, por exemplo, o KTRCl4 e com cloretos de alumínio do tipo TRAlCl6 aumentam, consideravelmente, a pressão de vapor e consequentemente aumentam a volatilidade dos cloretos formados (JIANG & COLABORADORES, 1997). O maior problema desse método, segundo Murase & Colaboradores (1995) e Ozaki & Colaboradores (1999) é a alta corrossividade do cloreto de alumínio que hidrolisa com a formação de cloreto de hidrogênio na forma gasosa. 2.2.4 | Moagem e Ressinterização A moagem e a ressinterização de ímãs permanentes é aplicada, principalmente, para sucata de discos rígidos. O processo normalmente requer a adição de pequenas quantidades de elementos de terras-raras novos, para a confecção das ligas mais novas e mais mordernas (ALONSO & COLABORADORES, 2012). Zakotnik & Colaboradores (2009) reciclaram ímãs de neodímio oriundos de discos rígidos através dessa técnica utilizando 1% de Nd novo. Kawasaki & Colaboradores (2003) também utilizaram essa técnica adicionando uma maior quantidade de neodímio novo aos resíduos, antes da ressinterização. Ambos Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 35 apresentaram resultados satisfatórios, indicando que a adição do elemento novo compensou a perda de neodímio devido à evaporação e à oxidação. 2.2.5 | Extração Eletrolítica Esta metodologia consiste na cloração e dissolução dos metais de terras-raras em cloreto de sódio e cloreto de potássio. Segundo Yamamura (2003), a extração eletrolítica de neodímio e disprósio apresentou uma baixa eficiência devido à solubilidade desses metais no material fundido. Uda & Hirasawa (2003) apresentaram um método com boa seletividade, separando uma mistura binária de cloreto de terras-raras por redução e destilação a vácuo. Os ímãs foram clorados por FeCl2 para remover disprósio e neodímio na forma de seus cloretos (DyCl3 e NdCl3). Esse cloretos recuperados foram reagidos em solução aquosa e convertidos em óxidos, sendo que esses óxidos podem ser utilizados no processo de eletrólise. A operação de extração eletrolítica funciona de forma mais efetiva somente em fragmentos de ímãs relativamente livres de impurezas, por exemplo em ímãs que foram quebrados durante o processo de fabricação. Em limalhas de ferro, essa metodologia não funciona efetivamente, devido às partículas serem extremamente finas e o grau de contaminação muito elevado. Não é um método adequado também para separação dos elementos terras-raras dos metais de transição. Entretanto para uma reciclagem em um circuito fechado de grandes volumes de 36 Gomes, R. C. material limpo de alta qualidade, essa operação unitária mostra-se promissora (BINNEMANS & COLABORADORES, 2012). 2.2.6 | Outros Processos Também foram estudados métodos utilizando a escória de certos metais, em que as ligas de terras-raras são colocados em contato com um fluxo desses metais fundidos que são capazes de dissolver seletivamente os elementos de interesse (neodímio, por exemplo) e têm a capacidade de arrefecer em forma de vidro. Saito & Colaboradores (2003) estudaram a extração de neodímio de uma liga de NdFeB reagindo-a com trióxido de boro fundido e separando o ferro e o boro (na forma de • -Fe e Fe2B) com uma quantidade insignificante de Nd (menor que 0,01% em peso) (SAITO & MOTEGI, 2004). As terras-raras podem ser recuperadas dissolvendo o sólido formado em ácido sulfúrico seguido de precipitação seletiva na forma de sulfato duplo ou hidróxido de TR. A desvantagem desse método é a formação excessiva de resíduos inorgânicos (SAITO & COLABORADORES, 2006). Ácido bórico também já foi estudado como reagente para extração de elementos terras-raras de ligas formadas por aço e lantanídeos fabricando um complexo na forma [TR-BO3]. Os resultados de recuperação não foram muito eficazes (SCHÜLER & COLABORADORES, 2011). O estudo da fusão direta de sucatas relativamente novas e limpas de ímãs para a produção de novos ímãs permanentes também é encontrado na literatura. Esse método não é eficiente devido à alta quantidade de oxigênio e carbono Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 37 presentes na sucata. O oxigênio resulta numa formação grande de óxidos de resíduos e, consequentemente, em uma perda significativa de terras-raras que se associam facilmente a esses óxidos. A alta quantidade de carbono também é desfavorável para o processo, pois a fusão direta não consegue removê-lo e isso prejudica as propriedades magnéticas do ímã formado (ALONSO & COLABORADORES, 2012). Para remover o carbono e o oxigênio, a sucata tem que ser primeiro descarbonizada por aquecimento em atmosfera de hidrogênio, para reduzir Fe2O3 seguido de redução dos óxidos de terras-raras, utilizando cálcio na forma metálica (SAGUCHI & COLABORADORES, 2006). Em Itoh & Colaboradores (2004) foi descrito um processo de reciclagem direta do pó magnético isotrópico de NdFeB através de um procedimento de solidificação em rotação. Os ímãs permanentes formados apresentaram boas propriedades magnéticas. 38 Gomes, R. C. 3 | CONSIDERAÇÕES FINAIS A reciclagem de metais de terras-raras no mundo provenientes de produtos no final da vida útil ainda é irrelevante em comparação com a reciclagem de metais base, como o ferro e o alumínio e metais preciosos, como o ouro e a prata. Apesar de a situação brasileira não ser diferente, houve uma pequena intensificação no desenvolvimento de pesquisas para produção de terras-raras, com a retomada do interesse na produção nacional desses metais, a partir do ano de 2011 e, consequentemente, se desenvolveu o interesse por estudos envolvendo a reciclagem desses elementos a partir de fontes secundárias. Sendo os ímãs permanentes o principal produto formado a partir desses elementos, é importante analisar a recuperação de terras-raras a partir desses materiais magnéticos. No entanto, a tecnologia de separação desses elementos dos outros metais e do resto da sucata apresenta desafios substanciais para a viabilização econômica. A abordagem mais viável de reciclagem de ímãs permanentes seria a simples reutilização dos ímãs em sua mesma forma de descarte. Esta opção, no entanto, é mais possível para os grandes ímãs de turbinas eólicas e motores elétricos, como os presentes nos veículos híbridos. Porém, devido a essas tecnologias serem relativamente novas, e aos ímãs utilizados apresentarem longos tempos de serviço, esse fluxo material ainda não é relevante para a geração de um processo de reciclagem economicamente viável (BINNEMANS & COLABORADORES, 2013). Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 39 Atualmente, o estoque de materiais com ímãs de NdFeB que poderiam ser reciclados é proveniente de produtos eletrônicos de uso doméstico, em que se destacam as unidades de discos rígidos de computadores. Essas unidades possuem consideráveis teores do ímã de NdFeB e têm alta rotatividade no mercado, com vida útil de cerca de três anos. No ano de 2011, segundo Walton & Willians (2011), foram produzidos cerca de 600 milhões de unidades de discos rígidos no mundo. A partir deste dado, pode-se fazer uma estimativa de que no ano de 2014 estas peças estariam no final da vida útil sendo, portanto, descartadas. A Tabela 3 apresenta a composição típica de um ímã de NdFeB usado na fabricação de discos rígidos. Considerando os valores médios dessa tabela (30% de Nd e 1% de Dy) e que cada disco rígido possui cerca de 10 gramas de ímãs permanentes, é possível verificar que cada disco rígido tem em média 3 gramas de neodímio e 0,1 gramas de disprósio. Tabela 3. Composição típica de um ímã permanente usado em discos rígidos. Principais Elementos da Liga NdFeB Porcentagem na Composição (%) Neodímio (Nd) 29 – 32 % Ferro (Fe) 65 – 70 % Boro (B) 1 – 1,2 % Disprósio (Dy) Outros Fonte: Lenz, 2013. 0,8 – 1,2 % 0,5 – 4 % 40 Gomes, R. C. A partir destes dados, pode-se realizar uma estimativa simplista sobre o potencial teórico de recuperação de terras-raras provenientes de ímãs permanentes. Para isso, multiplicam-se essas massas de Nd e Dy que compõem cada unidade de disco rígido pelo número total de discos rígidos potencialmente descartados, em 2014, no mundo (600 milhões). Com isso, chega-se ao valor de 1800 toneladas de neodímio e de 60 toneladas de disprósio passíveis de recuperação a partir dessas peças. A Tabela 4 demonstra essas projeções em valores de venda, tanto para os metais como para os óxidos desses dois elementos. Nota-se um potencial grande de valor bruto de venda, tanto do neodímio como do disprósio, resultante da elevada massa anual passível de recuperação provenientes dos discos rígidos descartados ao redor do mundo em 2014. Tabela 4. Projeção do valor de venda para Nd e Dy obtidos por meio de reciclagem de ímãs permanentes oriundos de discos rígidos no mundo. Elementos Terras-raras Neodímio (Nd) Disprósio (Dy) Massa anual passível de recuperação (ton) 1800 60 Preço do metal (US$/Kg) (ano base: 2014) 98 750 Preço do óxido (US$/Kg) (ano base: 2014) 72 525 106) 176,40 45,00 Valor de venda do óxido (US$ x 106) 129,60 31,50 Valor de venda do metal (US$ x Fonte dos preços dos metais e dos óxidos de Nd e Dy: http://www. mineralprices.com/default.aspx. Acesso em 25 de novembro de 2014. Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 41 É importante, também, fazer essa análise em relação ao potencial brasileiro. Não foram encontrados dados sobre a produção de discos rígidos no Brasil, no ano de 2011. No entanto, nesse mesmo ano, segundo a empresa de pesquisa IDC, foram comercializados, no Brasil, cerca de 16 milhões de computadores pessoais (incluindo os portáteis e os desktops). Considerando que cada computador possui um disco rígido e que esses dispositivos têm vida útil de três anos, em média, no ano de 2014 essas peças já estariam sendo descartadas. Com isso, é possível repetir a análise realizada na Tabela 4, com os dados brasileiros estimados. No caso em discussão, a Tabela 5 demonstra essa projeção preliminar para o potencial brasileiro de aproveitamento de neodímio e disprósio, a partir de ímãs permanentes oriundos somente dos discos rígidos. Nota-se que o mercado de produção dos óxidos somando o Nd com o Dy está entre 4 e 5 milhões de dólares anuais. Se a produção avançar até a geração dos metais, o lucro na venda desses dois elementos aumenta alcançando quase 6 milhões de dólares por ano. Tabela 5. Projeção do valor de venda para Nd e Dy obtidos por meio de reciclagem de ímãs permanentes oriundos de discos rígidos no Brasil. Elementos Terras-raras Neodímio (Nd) Disprósio (Dy) Massa anual passível de recuperação (ton) 48 1,6 Preço do metal (US$/Kg) (ano base: 2014) 98 750 Preço do óxido (US$/Kg) (ano base: 2014) 72 525 Valor de venda do metal (US$ x 103) 4704 1200 Valor de venda do óxido (US$ x 103) 3456 840 Fonte dos preços: http://www.mineralprices.com/default. Acesso em 25/11/14. 42 Gomes, R. C. Um aspecto que tem que ser citado é o fato de que os discos rígidos produzidos três anos antes são gerados por especificações muitas vezes ultrapassadas. Estes ímãs podem possuir tecnologia obsoleta e desempenho abaixo do esperado, necessitando, provavelmente, de uma adição extra de disprósio. Para fazer isso, seria necessário fundir novamente a liga para produzir um novo ímã, aumentando o custo de produção e reciclagem e diminuindo a eficiência. Ainda assim, considerando que o cálculo da Tabela 5 reflete apenas uma projeção de reciclagem dos discos rígidos e que diversos outros dispositivos utilizam o ímã de NdFeB em suas composições, é possível notar um mercado promissor para a recuperação de neodímio e disprósio, a partir dessa fonte secundária. O Brasil, atualmente,não possui plantas de reciclagem de ímãs permanentes e que atendam a essa tecnologia de forma eficiente. Para essa potencialidade do mercado ser alcançada na realidade, a pesquisa nessa área de fontes secundárias para geração de elementos terras-raras tem que ser mais amplamente desenvolvida no Brasil, com incentivos aos avanços tecnológicos. Potencial de aproveitamento de fontes secundárias para terras-raras: ímãs permanentes 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRÃO A. Química e Tecnologia das Terras-Raras, Série Tecnologia Mineral n° 66, 1994. ADACHI G., SHINOZAKI K., HIRASHIMA Y., MACHIDA K. 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Últimos números da Série Estudos e Documentos SED-86 – Potencial de Aproveitamento de Fontes Secundárias para Terras-Raras: Resíduos industriais. Bruno Marques Machado Bardano e Rafael de Carvalho, 2015. SED-85 – Cério: Fontes, propriedades, processos de separação, e mercado atual – Revisão. Thiago de Moraes Moutinho e Ysrael Marrero Vera, 2014. SED-84 – Breve Revisão Bibliográfica dos Processos de Lixiviação de Minérios e Concentrados de Terras Raras. Vanessa Monteiro Ribeiro, Ronaldo Luiz Corrêa dos Santos, 2014. INFORMAÇÕES GERAIS CETEM – Centro de Tecnologia Mineral Avenida Pedro Calmon, 900 – Cidade Universitária 21941-908 – Rio de Janeiro – RJ Geral: (21) 3865-7222 Biblioteca: (21) 3865-7218 ou 3865-7233 Telefax: (21) 2260-2837 E-mail: [email protected] Homepage: http://www.cetem.gov.br N OVAS P UBLICAÇÕES Se você se interessar por um número maior de exemplares ou outro título de uma das nossas publicações, entre em contato com a nossa biblioteca no endereço acima. Solicita-se permuta. We ask for interchange. Missão Institucional A missão do Centro de Tecnologia Mineral - CETEM é desenvolver tecnologia para o uso sustentável dos recursos minerais brasileiros. O CETEM O Centro de Tecnologia Mineral - CETEM é um instituto de pesquisas, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI, dedicado ao desenvolvimento, à adaptação e à difusão de tecnologias nas áreas minerometalúrgica, de materiais e de meio ambiente. Criado em 1978, o Centro está localizado no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, na Cidade Universitária, no Rio de Janeiro e ocupa 20.000m² de área construída, que inclui 22 laboratórios, 3 usinas-piloto, biblioteca especializada e outras facilidades. Durante seus 37 anos de atividade, o CETEM desenvolveu mais de 720 projetos tecnológicos e prestou centenas de serviços para empresas atuantes nos setores minerometalúrgico, químico e de materiais.