Fascículo8FéReforma2016

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Fascículo 8
Pilares da Reforma: Fé
Justificados mediante a
fé!
Martim Lutero aponta para o Cristo crucificado, pois é
somente Cristo quem salva. Nós não somos salvos por nossos
próprios méritos ou esforços, mas somente pela GRAÇA
presenteada por Deus; somente pela FÉ como dádiva e
promessa de Deus; somente pela ESCRITURA SAGRADA
que contém a Sua Palavra libertadora; e somente por CRISTO,
como o caminho, a verdade e a vida.
Como nos diz o Apóstolo Paulo em Efésios 2.8-9: “Pois
pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não
vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação
não é o resultado dos esforços de vocês; portanto, ninguém
pode orgulhar-se de tê-la”.
E também Romanos 1.17: “Visto que a justiça de Deus
se revela no Evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo
viverá fé”.
A fé é fundamental para a justificação de todo ser
humano, pois sem fé não pode haver justificação.
“Somente a fé
justifica, mas ela
jamais está só,
vem sempre
acompanhada
do amor. Assim
a fé é o agente;
o amor, a ação.
Consequentemente é
impossível
separar da fé as
obras; é tão
impossível
como separar
do fogo a chama
e a luz.” Martim
Lutero
A sua fé é maior que um grão de mostarda?
“Jesus respondeu: Eu afirmo a vocês que isto é
verdade: se vocês tivessem fé, mesmo que fosse do tamanho
de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este monte:
‘Saia daqui e vá para lá’, e ele iria. E vocês teriam poder para
fazer qualquer coisa”. (Lucas 17.20)
É a fé que move montanhas e nos faz sair da escuridão
para ver a maravilhosa luz de Deus. É a fé que nos mantém
firmes e de pé na caminhada da vida. Contudo, a fé é dom
grandioso e gracioso que recebemos do nosso Criador e
Mantenedor da vida. Nesse espírito, o reformador Martim
Lutero, baseado em Tiago 2, afirma: “fé sem obras é morta, é
como a vela sem a chama da luz”.
Essas palavras nos fazem perceber que a fé nos tira da
condição de meros expectadores para agentes da obra de
Deus nesse mundo e, de fato, nós a realizamos, não como
donos do mundo, mas sim, na condição de filhos do dono do
mundo.
Podemos dizer que é através da fé que somos movidos
a agir e olhar para além do nosso próprio umbigo, tal qual fez
Jesus, pois, foi na cruz, que a fé se fez viva e constante
através da graça e do amor de Deus.
Citações de
Lutero sobre fé e
amor:
“As obras
exteriores são
apenas sinais da fé
interior. As obras
não fazem a
pessoa crente,
porém revelam
que ela é crente e
testemunham que
a fé dentro dela é
certa”.
“Fé e amor
constituem todo o
ser de um cristão.
A fé recebe, o
amor dá. A fé leva
a pessoa a Deus, o
amor aproxima do
semelhante.
Através da fé, a
pessoa recebe os
benefícios de Deus,
através do amor,
ela beneficia o
próximo".
“Deus não tem
necessidade de
nosso serviço, mas
coloca ao nosso
lado o próximo
para que a estes
sirvamos em seu
lugar”.
Indo um pouco adiante em nossa reflexão, quero
novamente me referir a Lutero que, quando ainda estava
atribulado, buscou nas Sagradas Escrituras a resposta para
suas dúvidas. Foi ali que redescobriu as palavras de Romanos
1.17: “Visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho, de
fé em fé, como está escrito: O justo viverá fé”.
Portanto, o justo viverá por fé! Através dela, da fé, toda
pessoa é aceita por Deus. Por isso, se a fé é graça divina, que
vem a nós pelo Evangelho, somos vitoriosos por meio daquele
que nos amou primeiro, Jesus Cristo, e somos chamados ao
discipulado, como colaboradores da multiforme graça de Deus,
por meio da fé. Pela fé, somos capazes de vencer barreiras e
obstáculos que o mundo nos impõe.
Podemos dizer que, assim como uma flor floresce,
murcha e morre, a fé também tem seus altos e baixos, pois a fé
é irmã gêmea da dúvida. Essa dúvida não permanece por
muito tempo, pois, através do Evangelho, Deus vem regar a
planta e zelar para que tenha um bom crescimento.
Conforme lemos em 1Coríntios 3.6: “Eu plantei, Apolo
regou; mas o crescimento veio de Deus”. E Deus faz crescer a
fé até mesmo dentro de um coração onde só há pedregulhos; é
Deus quem faz surgir a mais bela flor em meio ao solo rochoso
e sem vida; é Deus quem faz florescer um jardim em meio aos
mais dolorosos espinhos da vida, simplesmente porque a
pessoa cristã recebe de Deus a graça de ser justa e a pessoa
justa vive pela fé.
Certa noite um homem dormia tranquilamente na sua
casa quando, de repente, a casa toda se encheu de luz e o
Senhor apareceu e disse ao homem que Ele tinha um trabalho
e lhe mostrou uma rocha enorme perto da sua casa. O Senhor
explicou que o homem deveria empurrar a rocha com toda sua
força.
No dia seguinte, logo pela manhã, o homem começou a
fazer isso. Ele continuou dia após dia. Por meses o homem se
esforçou do amanhecer até o por do sol. Com seus ombros
empurrava a superfície da rocha enorme e fria. Mas a rocha
não saia do seu lugar. Cada noite o homem retornava a sua
casa, cansado, músculos doendo e se sentindo derrotado por
não ter conseguido mover a grande rocha.
Vendo que o homem estava mostrando sinais de
desistir, Satanás começou a colocar pensamentos negativos
na cabeça dele e o homem pensou: Você está tentando há
muitos meses mover essa rocha e nunca conseguiu nada. Para
que você está se desgastando? Isso aí não dará resultado
nenhum. E logo o homem começou a duvidar: Será que Deus
queria que eu continuasse esse tempo todo? Ele só disse para
eu empurrar a rocha, ele não disse por quanto tempo. Já faz
vários meses que estou empurrando, talvez eu possa desistir
Fé do tamanho de
um grão de
mostarda
Certa oportunidade
uma senhora
humilde, mas com
uma devoção firme
leu em sua Bíblia
(Mt 17.20) que, se a
sua fé fosse do
tamanho de um
grão de mostarda
poderia dizer ao
monte: Saia daqui e
vá para lá e ele iria.
Como diante de sua
casa havia um alto
monte que, todo dia,
ela precisava subir
e descer a fim de
levar a marmita para
o marido que
trabalhava em uma
fábrica do outro
lado do morro.
Certa noite parou
diante da janela,
orou a Deus e disse
ao monte: Saia
daqui e vá para lá!
Na manhã seguinte
levantou-se
eufórica, olhou pela
janela e viu que o
morro continuava
lá. Decepcionada,
preparou o almoço
e levou-o para o
marido.
Este, por sua vez,
entristecido,
sentado no pátio da
fábrica, chorando
disse a mulher:
Perdi o emprego...
Ela, com sua
humildade e
confiança, o
consolou e ambos
voltaram para casa
subindo e descendo
o morro.
agora. Ao menos eu não preciso mais empurrar o dia todo e
com tanta força. Eu posso me dedicar uma parte do dia a este
trabalho e passar o resto do dia fazendo outras coisas. Então
ele decidiu fazer isso mesmo, mas depois ele chegou a
pensar que seria bom orar ao Senhor sobre o caso.
Senhor, ele orou, eu trabalhei duro e por muito tempo no
serviço que o Senhor me deu. Eu dei toda minha força para
conseguir o que o Senhor queria. Mas, depois desse tempo
todo, ainda não consegui mover aquela rocha nenhum
centímetro. O que está errado? Por que eu estou sendo
derrotado?
Para a surpresa dele, o Senhor respondeu com
compaixão. Meu amigo, quando eu lhe pedi para me servir e
você aceitou, eu lhe disse que sua tarefa era de empurrar
aquela rocha com toda sua força, o que você fez até agora.
Em nenhum momento eu disse que esperava que você
movesse a rocha. Sua tarefa era de empurrar. E agora você
chega para mim pensando que fracassou. Mas, será que foi
assim mesmo? Olhe para você mesmo. Seus braços estão
fortes e musculosos. Suas costas agora estão bem
desenvolvidas e vigorosas. Suas pernas estão duras e
robustas; suas mãos firmes. Enfrentando a resistência você
cresceu muito e agora suas habilidades ultrapassam em muito
o que você era antes. Mas, você ainda não moveu a rocha.
Porém, essa não era a sua tarefa e, sim, ser obediente e
empurrar com toda a sua força. Isso você fez, e fez bem. Ao
contrário de ser um fracasso você foi bem sucedido e venceu.
Eu apenas queria que você exercitasse sua fé e confiasse na
minha sabedoria. Isso você fez. Eu, meu filho, agora vou
mover a rocha!
Muitas vezes, quando ouvimos a Palavra de Deus
queremos usar nosso próprio raciocínio para decidir o que Ele
quer, quando, o que Deus realmente quer é apenas uma
simples obediência e fé nEle. Nossa preocupação não deve
ser tanto mover as rochas, mas manter firme como uma rocha
a nossa confiança em Deus. Com certeza, devemos ter a fé
que pode mover montanhas, mas lembrar ainda que quem, de
fato, move as montanhas em nossa vida é Deus. A fé deve
comover nossos corações para nossos pés se mover em
direção ao próximo.
Em certa oportunidade quatro velas estavam queimando
calmamente. O ambiente estava tão silencioso que se podia
ouvir o diálogo entre elas.
A primeira disse: Eu sou a Paz! Apesar da minha luz
as pessoas não conseguem manter-me acesa. E foi assim
diminuindo sua chama e, devagarzinho, se apagou
totalmente.
Quando estavam
chegando, distante
apenas uma
quadra da casa,
diante de uma
fábrica estava uma
placa que
solicitava um
trabalhador nas
funções do marido
despedido.
Imediatamente ele
se apresentou e no
dia seguinte
começou ali o seu
trabalho.
O morro continuou
no mesmo lugar,
mas, para esta
senhora, ele foi
para lá. Não
precisou mais
transpô-lo a fim de
levar o almoço
para o seu marido.
Lembremo-nos:
Fé confiante move
montanhas não
como nós
queremos, mas
como Deus o
quer!
A segunda disse: Eu me chamo Esperança!
Infelizmente o trabalho e os problemas tem me sufocado.
As pessoas nem se lembram de mim, por isso não faz
sentido continuar queimando. Ao terminar sua fala, um
vento bateu levemente sobre ela e esta se apagou também.
Baixinho e triste a terceira vela se manifestou: Eu sou
o Amor! Não tenho mais forças para queimar. As pessoas
me deixam de lado, por que só conseguem enxergar elas
mesmas, esquecem até daqueles que estão à sua volta. E
também se apagou.
De repente entrou no ambiente onde estavam as velas
uma criança e viu as três velas apagadas e disse: Que é
isto? Vocês devem ficar acesas e queimar até o fim.
Então a quarta vela falou: Não tenha medo criança,
enquanto eu estiver acessa podemos acender as outras
velas.
Então a criança pegou a vela da Fé e acendeu
novamente as que estavam apagadas. Portanto, que a vela
da Fé nunca se apague dentro de você!
Por fim, lembro que não há outro caminho para chegar
a Deus senão por Cristo. Que Ele seja o fundamento e a
justificativa de nossa fé, pois, para Martim Lutero, o que
estava em primeiro lugar, foi o que Deus fez pelo ser humano
em Jesus Cristo. Sendo assim, como bons luteranos
devemos, como nos diz Colossenses 3.12-17, ser pessoas
misericordiosas, bondosas, humildes, dedicadas e pacientes.
Fé e boas obras – Rumo aos 500 anos
É importante que luteranos e católicos tenham uma
visão comum a respeito de como a coerência da fé e das
obras é vista: "na fé justificadora o ser humano confia na
promessa misericordiosa de Deus; nessa fé estão
compreendidos a esperança em Deus e o amor a Ele. Essa fé
atua pelo amor; por isso o cristão não pode e não deve ficar
sem obras" (DCDJ, n. 25). Por isso, os luteranos confessam
também o poder criativo da graça de Deus que "afeta todas
as dimensões da pessoa e conduz a uma vida em esperança
e amor" (DCDJ, n. 26). "Justificação somente pela fé" e
"renovação" devem ser distintas, mas não separadas.
(Fonte: Do conflito à Comunhão – Comemoração
Conjunta Católico-Luterana da Reforma em 2017, pág. 53)
P. Nestor Schul – Paróquia de Tenente Portela
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