UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS SANTANA DO LIVRAMENTO GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO THIAGO ZAMBERLAN ALVAREZ CONSUMO DE MÚSICA DIGITAL NA INTERNET: As estratégias de marketing de um serviço de música digital paga TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Sant’Ana do Livramento 2011 THIAGO ZAMBERLAN ALVAREZ CONSUMO DE MÚSICA DIGITAL NA INTERNET: AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING DE UM SERVIÇO DE MÚSICA DIGITAL PAGA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em administração pela Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA. Orientador: Prof(a). MSc. Kathiane Benedetti Corso Sant’Ana do Livramento 2011 THIAGO ZAMBERLAN ALVAREZ CONSUMO DE MÚSICA DIGITAL NA INTERNET: AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING DE UM SERVIÇO DE MÚSICA DIGITAL PAGA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em administração pela Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA. Área de Concentração: Marketing Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em: 05 de janeiro de 2012. Banca examinadora ________________________________________________________________ Prof. (Msc). (Kathiane Benedetti Corso) (Administração) – (Unipampa) ________________________________________________________________ Prof. (Msc). (Marta Oliveira) (Administração) – (Unipampa) ________________________________________________________________ Prof. (Msc). (Ariel Behr) (Administração) – (Unipampa) Dedico o meu trabalho de conclusão aos meus pais, Maria Jacqueline Brenner Zamberlan e Daniel Alvarez Giorello que me proporcionaram esta formação. Mãe! É graças a tua força e tua confiança que estou concluindo esta etapa, pois tu sempre ajudastes e apoiastes incondicionalmente todas as minhas escolhas. Pai, tu sempre serás um exemplo de coragem, perseverança e superação. És muito importante para mim, e me orgulho de cada momento difícil que superamos juntos, eles nos fizeram mais fortes. Dedico este trabalho ao meu avô Zino, que me ensinou bons valores e lições de vida. Dedico a Jansen Martins Pinto e Amélia Brenner Pinto, tão carinhosamente chamados de “Dado e Dada”, que estiveram presentes, em todos os momentos da minha vida, propiciando-me amor, educação e caráter. Dedico também aos meus irmãos, que através da nossa convivência e tolerância nos tornamos mais fortes juntos. E, por fim, aos meus amigos queridos, que há quatro anos atrás, apoiaram minha escolha de ser administrador e, ultimamente, mostraram-se tão interessados no tema desta pesquisa. Com a finalização dessa etapa, realizo um sonho: sonho que não foi só meu, mas dos meus pais, irmãos e avós, pessoas tão importantes na minha vida. Esta trabalho de conclusão é para vocês, amo-os demais! AGRADECIMENTOS Muitas pessoas fizeram parte deste meu processo de aprendizado, crescimento e de desafios. Em março de 2007 eu começava uma nova etapa na minha vida, cheio de dúvidas e incertezas sobre a profissão que estava escolhendo. Ao longo desses anos, conheci as pessoas que transformaram as minhas dúvidas em certeza de que escolhi a profissão certa. Então, meus agradecimentos: Aos meus colegas que conheci no primeiro dia de aula e hoje, posso chamá-los de amigos. Vocês foram muito importantes nesses anos de convivência e espero tê-los para sempre na minha vida, pois jamais esquecerei as nossas festas, trabalhos, aprendizagens e conquistas compartilhadas. À Kathiane Benedetti Corso, minha orientadora, a quem eu admiro por sua paciência, dedicação e pelo seu amplo conhecimento. Kathiane, muito obrigado pelas dicas e por tudo o que me ensinou ao longo deste processo de pesquisa. Sem você, eu não conseguiria! A todos os professores e funcionários com quem tive a oportunidade de conviver, vocês me ensinaram muito com os seus conhecimentos e durante os ótimos momentos de convivência na Unipampa. Tenho por todos um carinho enorme e admiração. Muito obrigado, por tudo! A certa altitude tudo é um: todos reunidos os pensamentos do filósofo, as obras do artista e as boas ações. Friedrich Nietzsche RESUMO Há muitos anos que a música não é somente um bem de entretenimento. O mercado fonográfico sempre movimentou enormes quantias através do consumo de músicas e com o advento da internet esse panorama mudou. A rápida inovação tecnológica faz com que as empresas não consigam manter suas vantagens competitivas por muito tempo, portanto, é o momento de redefinição de obtenção de lucros utilizando a internet. A partir deste contexto, será analisado o perfil do novo consumidor de música no ambiente digital, através do serviço pago de músicas Sonora, que tem grande abrangência no Brasil e América Latina. Na análise será verificado como o Sonora mantém seus usuários, visto que vivemos uma era onde a gratuidade da música é expressiva. Por meio de entrevistas estruturadas com gestores do serviço pretende-se identificar o motivo que faz com que o serviço continue angariando clientes dentro de um mercado onde a ilegalidade se faz bastante presente. O estudo pretende mostrar indícios sobre a relação do consumidor com a música no formato digital e das novas estratégias de empresas para o consumo neste mercado. Palavras-chave: Música, Internet, Consumo, Globalização, Sonora. ABSTRACT For many years, the music is not only a way of entertainment. The music industry has always moved huge amounts through music consumption and with the advent of the Internet this picture has changed. Rapid technological innovation make companies fail to keep their competitive edge for a long time, so the time is reset to revenue using the internet. From this context, it´s going to be analyzed the profile of new music consumers in the digital environment through the paid music service Sonora, which has wide coverage in Brazil and Latin America. In the analysis will be verified how Sonora keeps its users, since we live an era where music gratuity is expressive. Through structured interviews with managers of the service it is intended to identify the reason that makes the service continue to amass customers within a market where the illegality is made very much present. The study aims to show evidence about the relationship between consumers and music in digital format and new business strategies for the consumption in this market. Keywords: music, internet, consumption, globalization, Sonora SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10 1.1 PROBLEMÁTICA ............................................................................................................. 13 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 14 1.2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 14 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 14 1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 14 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 16 2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................... 17 2.1 GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................. 17 2.2 INTERNET........................................................................................................................ 19 2.2.1 INTERNET COMO FERRAMENTA DE NEGÓCIOS ................................................. 20 2.3 NEGÓCIOS VIRTUAIS .................................................................................................... 24 2.3.1 NEGÓCIOS DE MÚSICA DIGITAL NA INTERNET.................................................. 28 2.4 PIRATARIA NA INTERNET............................................................................................ 33 2.5 MARKETING ESTRATÉGICO ........................................................................................ 35 2.6 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DIGITAL .................................................... 38 2.7 CONSUMO DE MÚSICA DIGITAL ............................................................................... 40 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................... 44 3.1 MÉTODO DE PESQUISA.................................................................................................45 3.2 COLETA DE DADOS.......................................................................................................46 3.3 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................... 47 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................................................................48 5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 54 REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 56 ANEXOS..................................................................................................................................58 10 1 INTRODUÇÃO O mundo moderno contempla uma realidade tecnológica e desenvolvimentista que tomou forma a partir de conceitos que foram incorporados durante o progresso histórico. Um conceito que alterou fortemente a maneira como as coisas acontecem, a rapidez, a comunicação entre as pessoas, e o controle da ordem e financeiro que cada estado/nação possuía foi a globalização. Nas palavras de Bauman (2010), “há uma compressão de tempo/espaço, que faz a economia, mais precisamente o capital, mover-se mais rápido, eliminando restrições relacionadas ao território de onde partiu ou a qual se dirige”. O autor diz ainda que a ordem, equivalente a estar no controle, é o que mais se sente falta ainda que as causas do enfraquecimento das nações estado não possam ser plenamente conhecidas. Considerando que o mundo move-se mais rápido, seus recursos hoje se encontram no dinamismo dos mercados. Trabalhadores viajam em busca de melhores oportunidades, empresários negociam preços em fornecedores muitas vezes distantes geograficamente, porém com valores financeiros mais atrativos e, pessoas comunicam-se ao redor do globo em tempo real. Nesse cenário, a ferramenta que oportunizou esta melhora na comunicação mundial e nasceu com caráter de quebrar as barreiras territoriais antes estabelecidas foi a rede mundial de computadores, mais precisamente a internet. Segundo Castells: A história da criação e do desenvolvimento da internet é a história de uma aventura humana extraordinária. Ela põe em relevo a capacidade que têm as pessoas de transcender metas institucionais, superar barreiras burocráticas e subverter valores estabelecidos no processo de inaugurar um mundo novo. (CASTELLS, 2003, p.13) A internet, uma ferramenta que foi utilizada com natureza acadêmica e social a princípio, foi se tornando aos poucos uma fonte de exploração comercial pelas empresas, visto a rapidez e fluidez com que a informação trafegava pela rede. A partir do ano de 1993, a internet passou a ser utilizada para fins comerciais, e as empresas foram começando a adaptarse com este novo canal de comunicação com o mercado consumidor. Na visão de Mendonça (2011) a internet é uma grande aposta do varejo. Isso se deve ao fato das transações pela rede visarem o corte de gastos, além da redução de custos administrativos chegar a percentuais consideráveis, permitindo um melhor planejamento financeiro do empreendimento. Após fazer uso da internet como ferramenta de negócios, foram surgindo conceitos que designam modalidades de comercialização de seus produtos, bem como o 11 nível de integração das atividades internas e dos serviços com o meio eletrônico/digital. O E-Commerce pode ser entendido, para O’Brien (2009), como o marketing, a compra e venda, e a assistência a produtos, serviços e informações que se realizam em uma multiplicidade de redes de computadores. Wheterbe et. al (2010) define que as organizações físicas são organizações puramente físicas e são referidas como brick and mortar (“de tijolo e cimento”). As organizações em que todas as dimensões são digitais definem-se como de E-commerce Puro, ao passo que as organizações em que há mistura de dimensões físicas e digitais são consideradas E-commerce (mas não puro). O ECommerce parcial são as empresas que possuem pelo menos uma dimensão digital. Paralelo às empresas de E-Commerce, surge uma nova forma de distribuição na internet de um bem de consumo admirado por grande parte da humanidade: a música. Para Robinson e Kalakota (2001) há grande expectativa de ganho em dinheiro através da disponibilização de música na internet por uma gama de companhias, tais como antigos selos de gravadoras e novos concorrentes. O autor afirma que recentemente dentro da indústria de música digital elucida-se um padrão de distribuição o qual se caracteriza pela eliminação de intermediários no canal de mercado. Além das possibilidades comerciais para a música, os usuários da internet se beneficiaram da experiência de transmissão de arquivos musicais pela rede através do download1. Para De Oliveira (2005), a internet proporcionou a existência de espaços virtualmente infinitos para a música sendo que ao navegar na rede, o consumidor de música pode escolher e experimentar na hora que melhor lhe convier entre os mais variados gostos as canções que quer consumir, e dentro de alguns limites, dispensando a intermediação do mercado. Exemplo de sucesso comercial no quesito distribuição digital de música paga, se pode citar a empresa Apple, e no Brasil, a empresa iMúsica. Taurion (2009) diz que com o iPod e iTunes a Apple entrou no negócio da música digital, atuando no segmento de distribuição de música. Com a associação iTunes e iPod, grande parte do valor da indústria musical é captado pela Apple – aproximadamente 70% do total de músicas vendidas digitalmente – sendo que em seu catálogo encontra-se acessível mais de dez milhões de músicas para download. De acordo com Limeira (2007), em 2000 foi criada a empresa de distribuição e gerenciamento de música digital chamada iMusica, a qual é pioneira no serviço de download legalizado de músicas e vídeos na internet. A empresa possui 1 milhão de 1 É a transferência de dados de um computador remoto para um computador local. 12 usuários e segue a legislação sobre propriedade intelectual, preservando os direitos autorais dos artistas. Mesmo assim, no cenário de distribuição digital de música, muito se discute a respeito das estruturas firmadas antigamente quanto aos direitos autorais de músicas, ao passo que existe o que correntes de pensamento consideram como pirataria. Segundo Amadeu (2009), apenas aos interesses das indústrias de copyright se faz funcional a metáfora pirataria. Um jovem não dilapida uma gravadora, apenas copia. O autor afirma que no livro Free Culture do jurista Lawrence Lessig, a indústria fonográfica faz uma conta exagerada e equivocada de seus prejuízos, pois, nem todo mundo que “baixa” uma música iria comprá-la. Por outro lado, neste cenário de insucessos judiciais e dúvidas de como proceder para comercializar a música, há artistas que usam a internet como aliada, e já realizam ações de marketing para este público específico, visando atingir o consumidor de música digital. A notícia do site Digitalwks (2011) informa que o grupo Coldplay disponibilizou seu álbum gratuitamente para download. Além disso, para Digitalks (2011): “Render é a palavra correta, desde a invenção do Napster que o mundo da música nunca mais foi o mesmo. A palavra pirataria deixa de ter significado no online, uma vez que os conteúdos passam a ser gratuitos. Contudo o modelo de negócio até aqui praticado necessita todo ele de ser re-inventado. O sucesso até aqui era medido pelo número de cd\discos vendidos. E agora como será medido? - Nº de downloads feitos? - Nº de referências na web?” Na vertente deste novo consumidor, agora residente na internet, é que surgem os serviços de streaming2 pagos, ou seja, serviços de transmissão direta de música pela internet. Estes serviços caracterizam-se por possibilitar ao consumidor escutar as músicas diretamente do computador quando conectados na internet, sem a necessidade do download. De acordo com o site IDGNow! (2011), uma pesquisa apresentada pela Norstat informa que 54% das pessoas que usam este tipo de plataforma realizam uma quantidade menor de downloads ilegais. Nesta perspectiva, o presente trabalho irá realizar uma entrevista com gestores de um serviço de música digital paga através da internet, com a finalidade de conhecer como atua 2 Streaming (fluxo, ou fluxo de mídia (português brasileiro)) é uma forma de distribuir informação multimídia numa rede através de pacotes. Ela é freqüentemente utilizada para distribuir conteúdo multimídia através da Internet. Em streaming, as informações da mídia não são usualmente arquivadas pelo usuário que está recebendo a stream (a não ser a arquivação temporária no cache do sistema ou que o usuário ativamente faça a gravação dos dados) - a mídia geralmente é constantemente reproduzida à medida que chega ao usuário se a sua banda for suficiente para reproduzir a mídia em tempo real. 13 um serviço deste tipo e um pouco do perfil deste novo consumidor que paga para consumir música digital, visto que a rede permite o acesso a músicas de forma gratuita. A escolha desse tema de pesquisa se deu pelo fato do autor ter acompanhado toda a mudança no mercado fonográfico, ter sido usuário da ferramenta Napster, a qual desencadeou a formação de novos modelos de negócios para o bem de consumo música e o fim do monopólio cultural imposto pelas gravadoras há alguns anos atrás. 1.1 Problemática A internet vem sendo utilizada como a mais promissora ferramenta de realizar marketing, pois proporciona às empresas uma nova maneira de relacionar-se com seu cliente e com nichos de mercado específicos. Dentre os produtos possíveis de serem consumidos nesse espaço, insere-se a música digital que se tornou notória depois do surgimento da tecnologia mp33 de distribuição. Na visão de Taurion (2009), o fenômeno mp3 alastrou-se rapidamente através da internet com novos modelos de distribuição, como o Napster. A dinâmica do setor foi definitivamente alterada com o mp3 e a distribuição digital de música. O problema aumentou para as empresas que tentaram preservar seu espaço via processos contra seus próprios clientes. Sendo que a música digital alterou a dinâmica do setor da indústria musical, hoje se tornou comum para o usuário da internet procurar os artistas que deseja escutar através de mecanismos de busca como o Google. Isso faz com que na internet seja possível consumir música de forma gratuita. Por outro lado, na internet existem serviços pagos de música digital, tais como: a iTunes store da Apple, Sonora do Terra, UOL Megastore e Imúsica. Esses serviços atuam de forma legalizada na distribuição de música e estão fazendo com que os consumidores optem pagar pelo bem de consumo música. Nesse sentido, o presente trabalho visa responder a seguinte pergunta: Quais as estratégias de marketing de um serviço de música digital paga via internet? 3 O mp3 é uma extensão de arquivo, representando um dos primeiros tipos de compressão de áudio com perdas quase imperceptíveis ao ouvido humano. O seu bitrate (taxa de bits) é da ordem de kbps (quilobits por segundo), sendo 128 kbps a taxa padrão, na qual a redução do tamanho do arquivo é de cerca de 90%, ou seja, o tamanho do arquivo passa a ser 1/10 do tamanho original. 14 1.2 Objetivos A seguir serão descritos os objetivos da pesquisa para responder a questão de pesquisa. 1.2.1 Objetivo Geral Identificar quais as estratégias de marketing em um serviço de distribuição digital de música na internet. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Verificar através da visão dos gestores quais estratégias são praticadas para manter o serviço em funcionamento; b) Verificar a percepção dos gestores acerca das vantagens de um serviço de distribuição digital de música; c) Identificar fatores que levam o público consumidor a fidelizar um serviço de música digital. 1.3 Justificativa Em virtude da existência de inúmeros websites que disponibilizam a música digital de forma gratuita na internet, tanto para download quanto para transmissão direta através do próprio site (streaming), hoje vários são os consumidores desse tipo de informação, em sites como: Myspace, Youtube Music, Soundcloud, 4shared e em Blogs. Por outro lado, considerando o mercado consumidor de música digital paga do mundo, o relatório de música digital de 2011 da IFPI (2011) relata que os serviços de música licenciada cresceram de menos de 60 serviços existentes em 2004, para mais de 400 serviços em 2010. Quanto à disponibilidade do catálogo digital houve crescimento de 1 milhão de faixas em 2004, para 13 milhões de faixas em 2010, mostrando que para o consumidor há uma grande oferta de música legal através da internet. Quanto às receitas advindas de canais digitais, o mercado cresceu de 2% em 2004 (U$ 420 milhões), para 29% em 2010 (U$ 4.6 15 bilhões), indicando que este setor está em fase de crescimento e gerando receitas maiores ao passar dos anos. De acordo com dados da Virtualmusic (2011) sobre o consumo de música digital em serviços de download e/ou transmissão direta (streaming) nos Estados Unidos em dezembro de 2010, destacam-se os seguintes serviços nas primeiras colocações: - Youtube Music: 378,900,000 milhões de visitas por mês, sendo que em 2010 cresceu 94% em relação a 2009; - Pandora: 59,400,000 milhões de visitas por mês, sendo que em 2010 houve crescimento de 116% em relação à 2009; - Playlist: 17,800,000 milhões de visitas por mês, havendo crescido em 2010 apenas 27% em relação à 2009; - Grooveshark: o site aparece na 4ª posição com 10,600,000 milhões de visitas por mês, e apresentando crescimento em 2010 de 236% em relação à 2009. Outro serviço interessante que consta no relatório da Virtualmusic (2010) é o Soundcloud. O serviço está na 11ª colocação, apresentando 3,400,000 milhões de visitas por mês e um impressionante crescimento de 851% em relação à 2009. Na realidade da distribuição de música digital paga através da internet no Brasil, o relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Disco (2009/2010) informa que dos R$ 9.683.197 milhões de faturamento obtidos em 2008, foi constatado o aumento para R$ 25.121.472 milhões de reais em 2009, representando uma variação percentual de 159,4% em receita. Em relação ao tamanho do mercado digital de consumo pela internet, houve crescimento de 22% em 2008 para 58% em 2009. É importante ressaltar que tais dados não incluem o faturamento obtido pelos consumidores de música digital de telefonia móvel. O estudo do escopo de consumidores de música digital no Brasil se torna relevante pelo fato do número de consumidores de comércio eletrônico estar em constante crescimento no país. Conforme dados do E-commerce (2011), o total deste consumidor em 2009 era de 17,6 milhões, progredindo para 23 milhões em 2010, e totalizando 30 milhões de consumidores em 2011. Além disso, segundo o site Internet World Stats (2011), o Brasil representa 50.8% do total do número de usuários de internet nas Américas, estando a frente da Argentina com 16% dos usuários e da Colômbia com outros 13.7%. Desta forma, se mostra de suma importância o conhecimento das características da gestão estratégica de uma empresa de música digital do Brasil, bem como informações do perfil do consumidor de música digital brasileiro em um serviço da internet, visto que esse 16 mercado está em crescimento bem como o número de usuários de internet se torna cada vez mais expressivo. 1.4 Estrutura do Trabalho O presente trabalho está estruturado em cinco partes: Introdução, Revisão de Literatura, Procedimentos Metodológicos, Análise dos Resultados e Conclusão. Na introdução, serão relatadas as principais teorias dentro do contexto de estudo, bem como a descrição do problema de pesquisa, justificativa e estatísticas relevantes para a escolha do tema. Na revisão de literatura, serão explicados os conceitos que levam ao entendimento do foco de pesquisa. Na terceira parte, será explicado o método utilizado para obtenção dos dados. Após isso, apresenta-se a análise dos resultados, e por fim a conclusão do autor. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Globalização A globalização é um conceito que indica a perda de controle da administração dos territórios, com conseqüências como o capital e trabalhadores movendo-se rapidamente pelo planeta sem restrições existentes anteriormente. Segundo Bauman (2010) há uma compressão de tempo/espaço, que faz a economia, mais precisamente o capital, mover-se mais rápido, eliminando restrições relacionadas ao território de onde partiu ou a qual se dirige. Fatos como a redução de empregos na Europa ocidental e criação de empregos na Ásia mostram que administrar os governos nacionais está se tornando uma ficção contábil. O autor diz que a ordem, equivalente a estar no controle, é o que mais se sente falta ainda que as causas do enfraquecimento das nações estado não possam ser plenamente conhecidas. A percepção das “coisas fugindo ao controle” pode ser vinculada a um conceito da moda: o de globalização. O que pode justificar esse fenômeno é o uso sistematizado das técnicas existentes na atualidade somado aos interesses políticos em expandir o mundo capitalista. De acordo com Santos (2011), a globalização é o ápice do processo de internacionalização do mundo capitalista, e para compreender seu conceito é necessário considerar: o estado das técnicas e o estado da política. As técnicas fazem a história, e são sistemas criados através do trabalho e formas de escolha dos momentos e lugares de uso. Os efeitos produzidos pela globalização mostram que o Estado, antes auto-suficiente e soberano na gerência de seus negócios e manutenção da ordem estabelecida, hoje se encontra fora deste papel, funcionando sob leis ditadas pelos mercados financeiros do mundo. Conforme Bauman (2010), o estado apoiava-se no tripé das soberanias militar, econômica e cultural, digam-se focos difusos de poder social, a fim de manter administrada a ordem. Através de conflitos armados inter-estatais, o cenário foi definindo-se com dois blocos de poder que dividiam o mundo em estados soberanos. Essa mudança fez com que o papel do estado – sua autossustentação, autossuficiência militar, econômica e cultural – nessa nova realidade, fosse o de buscar alianças com um dos blocos e abrir mão de sua soberania. Sendo assim, os Estados abriram mão de várias de suas funções outrora consideradas sua razão de ser, como equilibrar o crescimento do consumo com a elevação da produtividade. Isso deu 18 espaço a uma nova permeabilidade instaurada em todas as economias estatais: operar sob leis e preceitos impostos ao planeta pelos mercados financeiros globais. Outro aspecto que faz com que, neste momento histórico, a soberania do Estado perca seu sentido em virtude da instauração de um mercado em todo globo é o uso da técnica da informação. Esta técnica invade a territorialidade antes estabelecida nos países, fracionando processos de produção ao passo que também permite que o tempo seja mais bem administrado, gerando afluência nos momentos vividos em todas as partes do mundo. Para Santos (2011) a globalização é uma ação responsável pelo crescimento de um mercado global. Ela também garante a eficácia dos processos políticos atuais que são norteados pelas técnicas da informação criadas a partir do fim do século XX. O autor afirma que o progresso da história anda em paralelo ao desenvolvimento das técnicas, sendo que a cada evolução técnica, uma nova etapa histórica se torna possível. Ainda para Santos (2011), nenhuma técnica existe isoladamente, sendo que um grupo de técnicas de uma época representa um sistema. Na época atual, o representativo é a chegada da técnica da informação, nascida através das técnicas da cibernética, eletrônica e informática. A técnica da informação acelera o processo histórico, permitindo em todos os lugares a convergência dos momentos e a simultaneidade das ações, exercendo papel determinante sobre o uso do tempo. Quando uma nova família de técnicas surge, estas são utilizadas pelos novos atores hegemônicos, ao passo que as técnicas menos atuais e menos poderosas continuam a ser utilizadas pelos atores de menor importância. Hoje ocorre um novo fenômeno no uso das técnicas, visto que antes seu uso dava-se baseado no princípio da hierarquia e os lugares deveriam se referir aos dotados de técnicas hegemônicas. Para Santos (2011) o conjunto de técnicas da informação envolve o planeta como um todo e alcança a totalidade de cada país, direta ou indiretamente. O atual sistema técnico dominante caracteriza-se por ser invasor, fragmentando os processos produtivos, e estando presente em lugares como Tunísia, Malásia ou ainda no Paraguai. Sendo assim, a globalização é um fenômeno baseado na predominância da técnica da informação tanto em países hegemônicos como nos países mais fracos, e ela causa efeitos como a perda de controle da ordem estabelecida pelos territórios, movimentação de capital e trabalhadores em todo globo, fracionamento de produção de bens e expansão do sistema capitalista em virtude dos interesses políticos do atual momento histórico. Por outro lado, a globalização também gera um melhor uso do tempo e o conhecimento de momentos e ações dos todos os lugares do planeta em todos os países. 19 Além do fenômeno globalização, algo que permite um melhor aproveitamento do tempo e noção dos momentos vividos em todas as partes do planeta, além de ter repercussão de uso nos mais diversos países do mundo é a Internet. 2.2 Internet A internet, instrumento de comunicação fundamental na vida das pessoas da atualidade, tem seu surgimento a partir de um programa de pesquisa militar. Sua criação está atrelada a uma série de desenvolvimentos das redes de computadores. A história da criação e do desenvolvimento da internet é a história de uma aventura humana extraordinária. Ela põe em relevo a capacidade que têm as pessoas de transcender metas institucionais, superar barreiras burocráticas e subverter valores estabelecidos no processo de inaugurar um mundo novo. (CASTELLS, 2003, p.13) Segundo Oliveira (2011), em 1958, através de um financiamento da Advanced Research Projects Agency (ARPA), que é uma agência militar de pesquisas ligada ao Departamento de Defesa (DoD) norte-americano, iniciou-se o desenvolvimento da ferramenta que idealizava a não centralização e arquivamento de informações entre computadores, e sim a permissão de troca de dados entre eles. O sociólogo Castells afirma que as origens da internet podem ser encontradas na Arpanet, uma espécie de rede de computadores desenvolvida pelos Estados Unidos em 1969. A ARPA (Advanced Research Projects Agency) tinha como objetivo alcançar superioridade tecnológica militar em relação à União Soviética, que havia realizado o lançamento do primeiro Sputnik4. Ainda citando Castells foi logo após um ataque nuclear que a Força Área americana requisitou um estudo sobre como ela poderia manter controle sobre mísseis e bombardeiros. Como resultado, se deu a criação de uma rede de computadores descentralizada, preparada para qualquer ataque, de modo que, se alguma localização nos EUA fosse atacada, o resto continuaria a operar. Recebendo o nome de ARPANET, essa rede foi fisicamente construída somente em 1969. Sua composição era de apenas quatro servidores, localizados na Universidade da Califórnia em Los Angeles, Stanford, Universidade da Califórnia, em Santa Barbara e Universidade de Utah. 4 Foi a primeira série de satélites artificiais Soviética, concebida para estudar as capacidades de lançamento para o espaço de cargas úteis e o estudo da ausência de peso e da radiação sobre os organismos vivos. 20 O TCP/IP, conjunto de protocolos que até hoje é a base da internet, foi resultado da década de 70, onde o mundo presenciou uma intensa atividade de pesquisa (BRASIL, 2000). Brasil ainda afirma que em 1985, a National Science Foundation (NSF) interligou os supercomputadores dos centros de pesquisa, resultando em uma rede conhecida como NSFNET que, no seguinte ano, se ligou a Arpanet. O conjunto de todos os computadores e redes ligados a esses dois backbones 5 (espinhas dorsais de uma rede) passou a ser conhecido oficialmente como internet. A natureza especificamente acadêmica da internet durou até meados de 1993 quando passa a ser explorada comercialmente, tanto para a construção de novos backbones, por empresas privadas, como para o fornecimento de serviços diversos, abertura essa em nível mundial. 2.2.1 A Internet Como Ferramenta de Negócios A internet hoje é a ferramenta mais promissora do varejo, devido à possibilidade de ganhos tanto na produtividade como no corte de gastos, mas para isso a empresa deve sempre manter-se atualizada em relação às inovações tecnológicas inerentes a este meio. Para Kotler (2008), o varejo inclui todas as atividades envolvidas na venda de bens e serviços diretamente aos consumidores finais para uso pessoal. Um varejo ou loja de varejo é qualquer empresa cujo volume de vendas decorre, principalmente, do fornecimento por unidade ou pequenos lotes. De acordo com Mendonça (2011) a internet é uma grande aposta do varejo. Isso se deve ao fato das transações pela rede visarem o corte de gastos, além da redução de custos administrativos chegar a percentuais consideráveis, permitindo um melhor planejamento financeiro do empreendimento. Novas tecnologias na empresa possibilitam ganhos em produtividade e qualidade e, para a empresa ser realmente competitiva é necessário estar em dia com as inovações tecnológicas de processos e produtos a fim de não ser antecipada pela concorrência que tem mais qualificação. 5 Designa o esquema de ligações centrais de um sistema mais amplo, tipicamente de elevado desempenho. 21 O comércio eletrônico através da internet destina-se ao mercado de venda de mercadorias entre empresas, envolvendo alto valor financeiro, e também ao alto volume de consumidores finais, onde há menos lucro, porém maior número de clientes atingidos. Na visão de Diniz (1999) há dois blocos principais de atividades relativas ao comércio eletrônico, sendo necessária esta divisão para a compreensão de suas vantagens e riscos. O primeiro bloco indica transações que ocorrem entre empresas que compram e vendem produtos entre si, e este grupo tem um número baixo de transações com alto valor financeiro. Por outro lado, há o segundo bloco que se caracteriza por transações entre empresas e consumidores finais, através de um alto volume de transações com baixo valor financeiro envolvido em cada uma delas. A internet encurtou as distâncias de comunicação entre os seres humanos e alterou as formas de fazer negócios das empresas, tendo um impacto econômico maior do que o telefone teve anteriormente. Segundo Mendonça (2011) com a invenção do telefone foi possível alcançar qualquer pessoa, comunicando-se de forma interativa e rápida; as dimensões do ser humano foram alargadas e, as distâncias de comunicação entre as pessoas tornaram-se mais curtas. A internet é considerada o meio de comunicação mais crescente no mundo, sendo o instrumento capaz de revolucionar a forma como as empresas: administram seus negócios, anunciam, negociam e tratam os seus clientes. Do ponto de vista econômico, a internet tem efeito maior do que o telefone teve no passado. A internet pode gerar vantagem competitiva aos negócios e possibilitar o acesso a novos mercados se bem utilizada. Na visão de Diniz (1999), em relação ao valor do comércio eletrônico, é necessário compreender suas possibilidades e limitações. Assim, é possível encontrar meios de melhorar a qualidade de um serviço ou desenvolver mercados de outra forma inacessíveis. Empresas antes consideradas distantes geograficamente podem hoje expandir -se livremente pela internet e serem encontradas a partir de locais que possuam a infra estrutura básica para acesso. Nas palavras de Mendonça (2011), uma empresa do interior da Finlândia que vende suéteres de lã a preços baixos pode ser conhecida, visto que a internet é uma verdadeira teia digital que não possui fronteiras, interliga todos os continentes e atinge dezenas de países. Através de requisitos como: funcionamen to 24 horas por dia, 07 dias por semana, e sites escritos em pelo menos duas línguas (a do país 22 local e o inglês), uma pequena vinícola de Bento Gonçalves (RS) e uma sapataria familiar de Franca (SP) podem vender para clientes de países que tenham infra -estrutura de comunicação para acesso à internet. Através do amplo conhecimento dos usos da internet para comércio eletrônico, aliados à mudanças organizacionais eficazes, a ferramenta permite ao cliente realizar as mesmas operações de uma loja convencional pelo meio eletrônico. De acordo com Diniz (1999) apesar da primeira forma de se pensar na obtenção de lucros pela web seja a venda direta numa relação consumidor-vendedor, a visão do comércio eletrônico engloba uma gama variada de formas de utilizar a web em prol do favorecimento e incentivo de transações comerciais. É possível o funcionamento de um instrumento de promoção (pré-venda), assim como um canal de atendimento ao cliente ou novo canal de vendas de fato (pós venda). Se faz indispensável a promoção d e um aprendizado organizacional e tecnológico ao implementar o comércio exterior para que haja a aplicação efetiva. Além disso, a internet amplifica as possibilidades de relacionamento entre cliente e empresa, e o seu uso para negócios está crescendo em e scala global. Segundo Mendonça (2011) utilizar um meio tão poderoso praticamente sempre disponível revolucionou a maneira de ter acesso à informação e de fazer negócios, sendo que a internet se tornou um recurso simples de comunicação entre clientes e empresa. O grande responsável pelo crescimento deste setor é a possibilidade de realizar compras, serviços de preço, bem como serviços de banco e burocráticos sem sair de casa. Assim, apesar dos Estados Unidos, Japão e Europa serem líderes neste processo, o comércio eletrônico é uma realidade presente, sendo de natureza essencialmente global e com um elevado número de bem-sucedidas histórias. Mesmo com tantas possibilidades de uso, a internet para comércio eletrônico deve possuir meios de operar o sistema de forma facilitada, visto a necessidade de interação humana para que as transações ocorram. Para Diniz (1999), a velocidade de adesão aos sistemas de comércio eletrônico deve andar em paralelo ao nível de complexidade dos mesmos, visto que esse é um aspecto crítico, considerando a multiplicidade de serviços possíveis de ser implementados para o atendimento online de consumidores e que demandam a necessidade de serem programados pelos próprios clientes. 23 O principal atrativo da internet para negócios é a possibilidade de realizar transações quando a empresa real está fechada, gerando comodidade ao cliente que acessa o serviço de sua casa. Mendonça (2011) afirma que, com o objetivo de tornar-se uma filial (ou sede virtual) da empresa, um web site na internet pode realizar serviços e conseguir clientes mesmo quando a empresa está fechada. O cliente, sem ter que sair de casa, digita o endereço eletrônico no computador e acessa a empresa, que disponibiliza informações fazendo com que a página funcione como uma loja real, desempenhando todos os papéis e funções naturais da empresa, mesmo sendo virtual. Apesar das inúmeras possibilidades promovidas pelo comércio eletrônico na internet, a questão de segurança ainda inviabiliza uma maior adesão da ferramenta. Conforme Diniz (1999), a confiabilidade dos sistemas de segurança adotados caracteriza a principal dificuldade para a adoção ampla de sistemas de comércio eletrônico no nível das interações empresa-empresa. A ideia de que a Internet não é segura é reforçada pelas constantes notícias de invasão de Departamentos de Governo e de sistemas de grandes empresas ainda que seja possível adotar na Internet sistemas que tenham nível de segurança equivalente aos de outros veículos de troca de informações disponíveis para empresas. O uso da internet favorece uma nova forma de interação com o cliente norteada pelo uso de ferramentas que o vendedor convencional não possui a sua disposição, justificando-se desta forma como uma nova alternativa para o marketing. Segundo Mendonça (2011), a internet vem sendo altamente utilizada como nova mídia de propaganda e marketing devido a sua globalização e capacidade de interatividade. Com o uso de gráficos, recursos visuais de áudio e vídeo, e diversas informações sobre o produto anunciado, grandes empresas de marketing e seus principais anunciantes estão criando uma forma de relacionamento mais interativa com o consumidor, alterando assim a maneira de se fazer marketing com o uso desta poderosa ferramenta de comunicação. Ainda que haja viabilidade técnica para uso da internet na venda de produtos eletrônicos equivalentes aos de forma física, é necessário que se trabalhe a forma de promoção destes produtos à clientes fiéis aos meios físicos de consumo. Na visão de Diniz (1999), o hábito de compra está profundamente associado à apreciação física do produto que se quer adquirir, tais como livros e discos. Apesar da viabilidade técnica e 24 da crença por muitos como uma das mais interessantes possibilidades de comércio eletrônico, isso depende de uma ampla aceitação da massa de consumidores que tem o desejo de possuir fisicamente o objeto de sua compra, mesmo tendo a possibilidade de selecionar estes produtos eletronicamente. Com a internet, a empresa pode explorar variadas maneiras de promover tanto seus produtos como a própria empresa, além de trabalhar melhor o seu cliente de acordo com seu perfil. Segundo Mendonça (2011), as formas de uso da internet para mostrar a empresa e alavancar os negócios são: - promoção de produtos e serviços que a empresa produz para o mundo; - distribuição de dados, palestras e cartas da empresa via e-mail instantâneo; - mostrar novidades sobre a empresa e seus lançamentos para seus clientes atuais; - responder a perguntas freqüentes feitas por clientes; - abrir novos mercados, impossíveis de serem atingidos sem grandes despesas com propaganda; - permitir aos clientes o preenchimento de formulários eletrônicos com ordens de compra de produtos que eles vejam no web site da empresa. 2.3 Negócios Virtuais O uso da tecnologia da informação altera o modo de trabalho nas empresas, ajudando na reestruturação dos negócios aliados ao uso da internet e promovendo também sistemas de e-commerce entre a empresa e seus clientes. Para O’Brien (2009) as empresas estão se tornando empreendimentos de e-business, considerando que seu modo de operação, a forma de apoio da tecnologia da informação nas operações e atividades de trabalho de usuários finais e o modo como as pessoas trabalham estão sendo revolucionados pelo crescimento explosivo da internet e das aplicações e tecnologias a ela relacionadas. Para o autor, os processos de negócios internos são revitalizados e reestruturados pelos empreendimentos de e-business dependentes de tais tecnologias. 25 Além disso, essas tecnologias auxiliam na implementação de sistemas de e-commerces entre a empresa e seus clientes e fornecedores bem como promove a colaboração entre grupos de trabalho da empresa. As empresas transformam suas atividades e contam com o auxílio da tecnologia digital para realizar o comércio eletrônico. Wheterbe et. al (2010) diz que dependendo do grau de digitalização envolvido, ou seja, a transformação do físico para o digital, o comércio eletrônico pode assumir várias formas. Relacionam-se com o grau de digitalização: o produto ou serviço vendido, o processo, ou o agente de entrega (ou intermediário). Para o autor, um produto pode ser físico ou digital, um processo pode ser físico ou digital, e o agente de entrega pode ser físico ou digital. Entretanto, as primeiras atividades que usaram a tecnologia eletrônica para fins comerciais também podem ser consideradas comércio eletrônico. Na visão de Cobra (2009), o começo do comércio eletrônico deu-se entre final dos anos de 1970 e início de 1980 com o desenvolvimento da transferência eletrônica de fundos (EFT – Eletronic Funds Transfer em inglês) e do intercâmbio eletrônico de dados (EDI – Eletronic Data Interchange). Outras formas de comércio eletrônico são: os cartões de crédito, caixas eletrônicos (ATMs – Automated Teller Machines), e atividades bancárias por telefone. Dessa forma, através da expansão da internet aliada à tais desenvolvimentos é que todos conectados à web tem a oportunidade de realizar transações comerciais bancárias. O uso do marketing das empresas aliado à meios eletrônicos é também uma forma do comércio eletrônico. Para Kurtz e Boone (2009), as atividades de marketing que ocorrem por meio de ferramentas eletrônicas, como smart phones e quiosques interativos, e através da internet são denominadas comércio eletrônico ou e-commerce. Essas atividades visam: conduzir transações de clientes, coletar e analisar informações de negócios, e manter relacionamentos on-line com clientes através de redes de telecomunicações. O E-Business utiliza a internet de forma colaborativa em uma empresa e melhora as relações externas da mesma, promovendo o E-Commerce. Sendo assim, para O’Brien (2009), e-business defini-se como o uso de tecnologias de Internet para interconectar e possibilitar processos de negócios, e-commerce, comunicação e colaboração dentro de uma empresa e com seus clientes, fornecedores e com outros stakeholders do negócio. 26 Se por um lado têm-se as organizações essencialmente físicas, por outro existem as que usam parcial ou totalmente meios digitais para realizar comércio . Na visão de Wheterbe et. al (2010), as organizações físicas são organizações puramente físicas e são referidas como brick and mortar (“de tijolo e cimento”). As organizações em que todas as dimensões são digitais definem-se como de E-commerce Puro, ao passo que as organizações em que há mistura de dimensões físicas e digitais são consideradas E commerce (mas não puro). O E-Commerce parcial são as empresas que possuem pelo menos uma dimensão digital. Como exemplo de E-Commerce parcial, Wheterbe et. al (2010) destaca a compra online de um livro na Amazon.com ou uma camisa no Wal -Mart, porque a entrega da mercadoria física é feita por uma transportadora. São exemplos de E Commerce Puro: a compra de sofware na Buy.com bem como a compra de um livro eletrônico na Amazon.com visto que o produto, a entrega, pagamento e agente de transferência são todos feitos online. O uso de meios digitais impacta inclusive nas formas de pagamento dos clientes através da internet. Segundo Cobra (2009) uma loja virtual, a fim de facilitar o pagamento dos produtos comprados, realiza acordos com instituições financeiras como bancos, para providenciar meios para impressão de boletos bancários ou débito em conta corrente. Os acordos também podem ser com cartões de crédito, possibilitando ao cliente o parcelamento das compras bem como promovendo a venda e utilização destes cartões na internet. O público consumidor de produtos da internet tem uma valorização específica pelas atividades do E-marketing (Marketing Eletrônico), que é imprescindível para a existência do E-Commerce. De acordo com Kurtz e Boone (2009), o marketing eletrônico (E-Marketing) é o meio pelo qual se alcança o E-Commerce. Dessa forma, o marketing eletrônico envolve o processo estratégico de criação, distribuição, promoçã o e precificação de produtos e serviços objetivando atingir o mercado alvo pela internet através de ferramentas digitais, tais como tablet PCs e tecnologia Bluetooth da Apple, que permitem conexões de curto alcance entre área de trabalho e notebooks. São exemplos de atividades de E-Marketing: - Comprar um laptop usado no site de leilão online eBay. - Baixar legalmente músicas do site iTunes da Apple Computer. 27 - Pesquisar novos modelos de carro no site Edmunds.com e fazer cotação de preço em várias revendedoras. O E-Commerce utiliza redes computacionais internas, externas e também a internet visando atingir uma nova forma de satisfazer o cliente e integrando serviços através de meios eletrônicos. Para O’Brien (2009), E-commerce defini-se como o marketing, a compra e venda, e a assistência a produtos, serviços e informações que se realizam em uma multiplicidade de redes de computadores. São exemplos de sistemas e commerce: acesso à bancos de dados de estoques via extranet por grandes clientes, websites da internet para vendas online, e uso de intranets por representantes de vendas para acessar cadastros de clientes visando a administração do relacionamento com o cliente. Além disso, o e-commerce pode abranger suporte ao cliente pela rede mundial de computadores, vendas, propaganda, segurança da internet e também mecanismos de pagamento que assegurem a conclusão de processos de entrega e pagamento. Dentre as formas diferentes de fazer comércio eletrônico, as transações envolvem agentes como: clientes da empresa, parceiros de negócio ou apenas indivíduos. De acordo com Wheterbe et. al (2010), os tipos de transações de comércio eletrônico podem ser feitas entre várias partes, e seus tipos mais comuns são: - B2C – Da empresa para consumidores – conhecido também como varejo eletrônico, neste tipo os vendedores são organizações e os compradores são indivíduos. - B2B – Da empresa para empresa – os vendedores e compradores são organizações de negócio, sendo este tipo responsável pelo maior volume de E Commerce. - C-Commerce – Comércio Colaborativo – neste tipo de comércio colaborativo, os parceiros de negócio colaboram eletronicamente (ao invés da venda e compra), sendo que esta transação ocorre freqüentemente entre parceiros de negócio ao longo da cadeia de suprimentos. - C2C – De Consumidor à Consumidor – nesta modalidade um indivíduo vende produtos ou serviços para outros indivíduos. A integração de atividades de Marketing eletrônico ao E-Commerce amplifica o relacionamento com o cliente, atingindo clientes em qualquer lugar do mundo, a 28 qualquer hora, favorecendo também um consumo personalizado de produtos através da internet. Para Kurtz e Boone (2009), o E-Commerce proporciona as seguintes possibilidades para o marketing: - Alcance Global – a habilidade de alcançar qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo conectada a um PC. Exemplo: O site de leilões online eBay, que liga compradores e vendedores de todo mundo. - Marketing Interativo – comunicações comprador-vendedor por meios de canais como a internet e os quiosques interativos. Exemplo: A “Estação de criação computacional” das lojas Best Buy, a qual permite aos clientes projetar e encomendar computadores personalizados. - Right-Time Marketing – a habilidade de oferecer um produto na mesma hora em que o cliente necessita. Exemplo: Os clientes da UPS podem fazer, online, pedidos de serviços e rastrear os envios 24 horas por dia, sete dias por semana. - Marketing One-to-one – é a personalização, ou seja, produtos criados para satisfazer as especificações do cliente. Exemplo: a Dell, cujo processo de produção inicia-se quando se recebe um pedido e termina um dia ou dois depois quando o PC é enviado ao cliente. 2.3.1 Negócios de Música Digital na Internet As empresas estão em fase de redefinição das formas de obtenção de lucros utilizando a internet, visto que o usuário está em maior contato com softwares e produtos digitais. Na visão de Robinson e Kalakota (2001), a mídia digital irá definir a forma como os negócios serão realizados, sendo que estamos entrando na década do puramente eletrônico. O uso de softwares e produtos digitais norteará o modo de encontrar e compartilhar informações, bem como a forma do usuário pensar sobre música, software, livros e fotografias. Para o autor, há três tipos de atividade empresarial caracterizando o mercado de bens digitais atual: 29 - Suporte à modelos de negócios sustentáveis e expandidos para a indústria de produtos digitais a partir de plataformas de hardware e software; - Serviços, tecnologias para usuário final e produtos de alta qualidade que provêm aos consumidores e as empresas as experiências interativas fundamentais; - A entrega rápida e fácil de produtos digitais a partir do uso de uma infra estrutura de distribuição de custo mais baixo com qualquer produto e em qualquer lugar. A rápida inovação tecnológica faz com que as empresas não consigam manter suas vantagens competitivas por muito tempo, e o que é buscado pelos clientes está em constante mudança também. De acordo com Taurion (2009), há um estado de competição constante entre alguns setores de negócio chamado hipercompetição, onde existe inovação tecnológica que desarticula o setor de maneira rápida. Assim, se torna difícil ou impossível manter vantagens competitivas por um longo período, e o sucesso empresarial é de quem se move mais rapidamente. O que é valorizado pelo cliente é redefinido continuamente, e a escalada competitiva é crescente. Dentro do ambiente da internet existem formas diferentes de realizar a distribuição da música digital ao passo que novos modelos de negócios para este bem estão em constante fase de formação. Para Robinson e Kalakota (2001) há grande expectativa de ganho em dinheiro através da disponibilização de música na internet por uma gama de companhias, tais como antigos selos de gravadoras e novos concorrentes. O autor afirma que recentemente dentro da indústria de música digital elucida -se um padrão de distribuição o qual se caracteriza pela eliminação de intermediários no canal de mercado, tendo surgido primeiramente na venda a varejo de serviços de computação e financeiros. Como exemplo de sucesso obtido por empresas que aliaram internet e música na atualidade pode-se citar a empresa Apple, que alterou seu único foco anterior, o mercado de computadores, para entrar fortemente no ramo da música digital. Taurion (2009) afirma que houve um impacto causado na indústria da música pela internet e pelo iPod. A Apple Computer, que era uma fabricante de computadores, foi mudada pelo iPod, hoje sinônimo de MP3 Player. Desta forma, a empresa adotou o nome de Apple Inc, para atuar como empresa de eletrônica de consumo e música digital. Os computadores se mantêm importantes para a empresa, mas não são mais seus negócios principais, de modo que os 30 negócios de música digital (como o iTunes) e o iPod ultrapassaram em receita os desktops e notebooks Mac. Considerando os consumidores de música da atualidade, a internet melhorou a distribuição de música, visto que anteriormente o produto de música era acrescido de muito valor até chegar a seu consumidor final. Segundo Robinson e Kalakota (2001), no modelo antigo de distribuição, o produto de música era conduzido por vários intermediários que, ao longo do caminho do artista ao cliente, acresciam ao produto suas margens, gerando assim um aumento de forma estável ao custo. Para o autor, agora os consumidores podem evitar os intermediários da rede de distribuição tradicional, visto que a internet alterou a maneira de distribuição da música. As redes de negócios que atuavam antigamente na distribuição de música obtinham uma margem de lucro muito alta, o que gerava um menor consumo deste bem. E, as empresas que buscaram reorganizar-se para oferecer maneiras diferenciadas de consumo no âmbito digital alcançaram vantagem e melhores resultados com seus clientes. Segundo Tapscott (2007): Recentemente a Apple fez um bom trabalho ao construir uma rede de negócios para a música - da qual eles estão capturando boa parte do valor. Ela pegou processadores (fabricados pela Motorola e outros produtores), colocou-os em um iPod (fabricado pela Foxxcon), contratou programadores para desenvolver o iTunes e proporcionou acesso à música digital (criada por editores e artistas). O resultado foi uma experiência musical bem-sucedida para os clientes. Mas a maior parte do dinheiro nessa b-web vai para as gravadoras, já que o seu iPod de U$300 pode conter até U$ 3 mil em canções. (TAPSCOTT, 2007, p.76) O novo campo de consumo musical na internet permite aos artistas ampliar o alcance de seu trabalho, estando desvinculados da antiga est ruturação de mercado da indústria fonográfica e oferecendo através do formato digital a música a esse novo nicho de consumo. De acordo com De Oliveira (2005): Na internet o papel de intermediário das gravadoras é posto em xeque, encurtando o caminho entre o artista e o público: cada vez mais artistas trabalham sem vínculos com a indústria fonográfica. Devido ao barateamento e descentralização da produção - estúdios, editoras, gráficas, e distribuidoras menores surgem em grandes quantidades para atender a demanda dos artistas independentes - os músicos e intérpretes começam a ganhar mais autonomia para a produção e distribuição de suas obras e descobrir nichos de mercado periféricos. (DE OLIVEIRA, 2005, p.49) Um fator que pode justificar as perdas que a indústria fonográfica teve foi o surgimento da tecnologia de mp3, a qual deu início a uma nova era na oferta de música. Na visão de Taurion (2009), as grandes corporações da indústria musical não deram a devida atenção ao surgimento do mp3, pois defendiam seus modelos de negócio altamente lucrativos. 31 Logo, o fenômeno mp3 alastrou-se rapidamente através da internet com novos modelos de distribuição, como o Napster. A dinâmica do setor foi definitivamente alterada com o mp3 e a distribuição digital de música. O problema aumentou para as empresas que tentaram preservar seu espaço via processos contra seus próprios clientes. A convergência entre internet e música beneficiou os artistas, bem como permitiu aos consumidores uma experiência nova de consumo, justificada pela popularização do uso de programas reprodutores de música obtidos na rede de forma gratuita. De Oliveira (2005) afirma que o download de canções e a troca de arquivos na internet se tornaram populares com o uso de programas reprodutores de mp3 distribuídos gratuitamente no computador do indivíduo conectado. Além disso, os ouvintes aficcionados ajudam os artistas, filtrando ou repassando as músicas para seus amigos. A internet proporcionou a existência de espaços virtualmente infinitos para a música sendo que ao navegar na rede, o consumidor de música pode escolher e experimentar na hora que melhor lhe convier entre os mais variados gostos as canções que quer consumir, e dentro de alguns limites, dispensando a intermediação do mercado. Na última década, o campo da música digital inovou e novos relacionamentos resultaram numa melhor forma de acesso a este bem através da internet. Para Robinson e Kalakota (2001), novas tecnologias de relacionamento surgem constantemente no ramo da música digital, que está em ebulição com atividades criativas. Estão proliferando-se na internet os programas que permitem formas inéditas de acesso, localização e distribuição de conteúdo. Como exemplos, o autor cita: o Gnutella, que permite aos usuários transferir e encontrar conteúdo dentro de uma variedade de arquivos dos tipos música, documentos e vídeos diretamente de outros usuários do software Gnutella. O Napster, por sua vez, permite encontrar arquivos de música em computadores de outros usuários e transferi-los, através da busca em um índice centralizado nos servidores da companhia. No que tange a distribuição digital de música aliada à obtenção de lucro, os produtos da empresa Apple podem ser considerados os de maior sucesso. Taurion (2009) diz que com o iPod e iTunes a Apple entrou no negócio da música digital, atuando no segmento de distribuição de música. Com a associação iTunes e iPod, grande parte do valor da indústria musical é captado pela Apple – aproximadamente 70% do total de músicas 32 vendidas digitalmente – sendo que em seu catálogo encontra-se acessível mais de dez milhões de músicas para download. Considerando novos modelos de negócios para a música na realidade do Brasil, o serviço de distribuição digital de música pioneiro é o iMusica, que proporciona ao consumidor uma alternativa inovadora e que respeita aos direitos autorais. De acordo com Limeira (2007), em 2000 foi criada a empresa de distribuição e gerenciamento de música digital chamada iMusica, a qual é pioneira no serviço de download legalizado de músicas e vídeos na internet. A empresa possui 1 milhão de usuários e segue a legislação sobre propriedade intelectual, preservando os direitos autorais dos artistas. Tendo em seu catálogo cerca de 300 mil músicas licenciadas, o iMusica inclui as de artistas populares tais como: Zeca Pagodinho, Ivete Sangalo, Chico Buarque, Marcelo D2 e Rolling Stones. Os agentes que integram a cadeia de distribuição de música digital no modelo do iMusica estão adaptados à realidade de distribuir e comercializar pela internet, tendo desenvolvido um sistema que permite alcançar o consumidor pelo site da empresa, bem como por pontos de venda online. Segundo Limeira (2007), a iMusica é responsável pelo gerenciamento dos pagamentos e pela segurança da operação, atuando como distribuidora e loja virtual. A loja distribui qualquer mídia digital (música e vídeos) até o consumidor final. Com o modelo de negócios Digital Service Provider (DSP) – provedor de serviço digital – a empresa utiliza um sistema de vendas compartilhado entre três participantes: a gravadora, dona dos fonogramas; distribuidor digital, no caso, a iMusica; e os portais responsáveis pela venda de canções ao consumidor final. Ainda para Limeira (2007) a empresa negocia a venda dos fonogramas com os portais, os quais compram a tecnologia de proteção de direitos autorais do site iMusica e vendem os arquivos para o público. MSN, Yahoo! Music, Saraiva.com e Americanas.com são portais os quais o iMusica fechou acordo. Para controlar a distribuição ilegal que poderia ser gerada a partir dos arquivos obtidos pelos consumidores do iMusica, a empresa utiliza mecanismos que garantem a proteção aos direitos do artista, e estão de acordo com o esperado pelas gravadoras. Conforme Limeira (2007), através do sistema de proteção aos direitos autorais Digital Rights Management (DRM), a empresa oferece serviços como digitalização de conteúdo audiovisual e o serviço de proteção de conteúdo digital. As grandes gravadoras, empresas e estúdios de cinema aprovam o uso do sistema DRM. O autor afirma que a qualidade de reprodução das músicas é garantida ao consumidor pelo formato Windows Media Audio (WMA) – Audio do Windows Media. 33 2.4 Pirataria na Internet Tratando de questões inerentes ao tópico pirataria 6 na internet, evidencia-se que a pirataria está presente no mercado de softwares, através de práticas como reprodução desautorizada e número de cópias que excedem o que foi comprado. Segundo Garcia (2005), usar indevidamente programas de computador legalmente protegidos ou reproduzir sem autorização estes, constitui uma prática ilícita chamada pirataria de software. Quando uma pessoa empresta a cópia de um programa para outra, ou também faz mais cópias de um programa do que o permitido ocorre também pirataria. A pirataria é presente em todo o mundo e, no mercado de CDs7, envolve ações ilícitas em países do hemisfério norte e das Américas. De acordo com Naím (2006), os serviços de alfândega dos Estados Unidos apreenderam 2,1 milhões de discos piratas, sendo isso um aumento de 66% em relação ao ano anterior, apenas na primeira metade de 2002. O número de fábricas de CDs na Rússia duplicou entre 2000 e 2003, sendo que agora o país exporta CDs piratas para aproximadamente 26 países. O volume de vendas legais é considerado superado pela capacidade produtiva de CDs em Taiwan bem como na Ucrânia e, a indústria da música legalmente constituída abandonou o negócio em mercados como o da África e América Latina. Mas há correntes de pensamento sobre pirataria musical que tratam esse novo momento como um aspecto em redefinição, visto que o digital é diferente do material. Para Amadeu (2009), chamar de pirataria uma real ou suposta violação de copyright é uma péssima metáfora, visto que um conjunto de rotinas integradas em um software, um algoritmo ou uma música não possuem existência material, física. Para o autor, uma música pode ser reproduzida infinitamente sem prejuízo para a sua existência, de modo que os bens intangíveis e imateriais não conhecem a escassez, nem o desgaste. O autor afirma que no cenário digital a proposta da originalidade perde força, pois, a quantidade de cópias não traz nenhuma implicação para sua fonte. No que tange o uso de softwares, certos consumidores podem agir de forma inconsciente e por ora, podem estar infringindo seus reais direitos frente ao produto adquirido. Na visão de Garcia (2005), os consumidores compram o direito de uso de 6 Utilização de obras (escritas, musicais ou audiovisuais) protegidas por direitos autorais, sem devida autorização. 7 Abreviatura de Compact Disc, "disco compacto" em inglês. É um dos mais populares meios de armazenamento de dados digitais. 34 determinado software ao adquirir um programa. Os direitos de reprodução e revenda deste software não são adquiridos ao aceitar o acordo de licenciamento que comumente acompanha toda instalação de software. O autor diz que não se encontra na embalagem, no CD-ROM ou na caixa o valor de cada peça de software, mas sim, no trabalho intelectual que foi desenvolvido para milhares de instruções que o computador deve fazer. Na vertente da reprodução digital de música, a mesma pode ser vista de forma nova, considerando que sua reprodução não gera custos adicionais nem fere outra pessoa da mesma forma que um roubo. De acordo com Amadeu (2009), um bem imaterial, seja música, vídeo ou software possui custo marginal ou adicional de reprodução igual a zero. O que custa é o suporte à reprodução e, dessa forma, o que se encontra na economia das ideias é completamente diferente do contexto dos bens materiais. Ainda para Amadeu, comparar a cópia de uma música ao roubo de um celular ou de um carro é absurdo, pois não existe download de carros. Ele diz que os economistas denominam rivalidade de uso algo relativo aos bens materiais, tangíveis. Entretanto, podemos ouvir a mesma música digital ao mesmo tempo em que milhões de pessoas, à medida que o bem imaterial não tem uso rival. Por outro lado os novos modelos de distribuição digital geraram perdas à tradicional indústria de música, e o CD pirata denota apenas mais um aspecto responsável. Na visão de Naím (2006), o aumento da circulação de músicas na internet contribuiu para que as vendas mundiais da indústria musical tenham caído ao longo de vários anos, sendo os CDs prégravados apenas parte do problema. O autor afirma que nos Estados Unidos ocorreram ações austeras para identificar e eliminar os principais responsáveis, já que foram estimadas pela indústria musical perdas anuais de 4,5 bilhões de dólares ao total. A internet, sendo considerada como canal de distribuição de software s, tornouse propulsora de um mercado de pirataria a partir da forte criação de sites de leilão que realizam esse comércio. Segundo Garcia (2005), na internet a pirataria ocorre quando a mesma é utilizada na distribuição e cópia de softwares falsificados ou sem autorização, de modo que se pode utilizar a internet para oferecer, promover, adquirir ou distribuir software pirata. Os sites de leilão multiplicaram-se durante os últimos anos, tendo se tornado um problema desafiador para negócios legítimos na rede, consumidores e toda a indústria do software. Segundo o autor há milhões de sites na internet vendendo software ilegal e passando-os como produtos genuínos. 35 A indústria fonográfica, uma das maiores instigadoras da jurisprudência perante consumidores de música na internet é a maior interessada em tentar deter a circulação de fonogramas digitais na rede. Mesmo assim, há artistas de pensamento “ avant-garde” que identificam a internet como um canal de marketing para suas criações. Segundo Amadeu (2009), apenas aos interesses das indústrias de copyright se faz funcional a metáfora pirataria. Um jovem não dilapida uma gravadora, apenas copia. O autor afirma que no livro Free Culture do jurista Lawrence Lessig, a indústria fonográfica faz uma conta exagerada e equivocada de seus prejuízos, pois, nem todo mundo que “baixa” uma música iria comprá-la. Artistas que são bons exemplos de como a cópia na rede pode beneficiá-los, sendo a melhor forma de conseguir fãs e divulgar o trabalho artístico são: Bnegão e Radiohead. 2.5 Marketing Estratégico Para entender de que forma uma empresa atua no mercado e se mantém viva satisfazendo seus clientes, o estudo da estratégia de marketing é de suma importância. Nesse prisma, conceber de que se trata o produto a ser vendido, bem como a que indivíduo ou grupo de indivíduos se destina esse bem são aspectos que determinarão o sucesso desse planejamento. Segundo Connor e Davidson (1993), a decisão estratégica fundamental é resolver de que maneiras e para quem prestar serviços, sendo que as medidas estratégicas dependem da natureza e da direção de uma prática profissional. Para os autores, as empresas que não sejam do tipo “faz tudo” dependem da definição de seu nicho ou nichos. Desenvolver e promover serviços centrados no cliente é o mais importante para Connor e Davidson (1993), de modo que estes atendam as necessidades insatisfeitas (ou mal satisfeitas) dos clientes atuais e potenciais do (s) nicho(s) visados. Através da área de marketing, a empresa deve buscar estabelecer no seu produto um tipo de ganho/vantagem constante para o cliente, visto que esse fator irá nortear o gosto do cliente pela empresa. De acordo com Silk (2006), o processo por meio do qual a empresa cria valor para os clientes que escolheu é o marketing. Dessa forma, o autor explica que uma empresa não deve definir a si própria pelo produto que vende, e sim pelo benefício que oferece aos seus clientes. Ainda para Silk (2006), após ter criado valor para seus clientes, a empresa pode captar uma porção desse valor por meio de precificação. Assim, para se manter 36 viável, o autor explica que o processo de criação e captação de valor através do tempo deve ser sustentado. Na realidade de várias empresas, ainda é incipiente a existência de profissionais voltados a definir a estratégia de marketing e gerenciá-la. Definir aonde se quer chegar com o produto ou serviço, visualizar momentos oportunos para ação frente ao mercado de atuação, e capacidade de crescimento a partir da redefinição de critérios são questionamentos que conduzem a uma gerência estratégica mais precisa nas empresas. Na visão de Connor e Davidson (1993), é um desafio para a maioria dos profissionais de serviços o desenvolvimento de um processo de pensamento estratégico bem como a gerência estratégica de marketing. Dessa forma, os autores definem um perfil do pensador estratégico, através de perguntas e outros fatores. Segundo os autores, o pensador estratégico: - Desenvolve uma orientação voltada para o que o cliente valoriza e espera, sendo que as suas necessidades são o ponto inicial em que a estratégia de marketing se baseia. - Coloca o status quo em questão e faz também perguntas como: “Onde estamos? Para onde estamos indo? Para onde gostaríamos de ir? Como estaremos quando chegarmos La?”. Poucos profissionais se questionam dessa forma, ainda que estas respostas sejam muito importantes para a prática da administração estratégica. - É capaz de identificar vantagens e compará-las com oportunidades atuais e potenciais de mercado. Assim, o gerente estratégico dá os passos necessários para aproveitar oportunidades que valem a pena e, áreas “sagradas” mas não lucrativas devem ser abandonadas sem piedade. - Tem a capacidade de se concentrar não necessariamente no volume, e sim na lucratividade, com a meta de trabalhar menos e ganhar cada vez mais por hora. Segundo os autores, essa pessoa está atenta às oportunidades de alavancagem, utilizando o pessoal mais jovem da equipe, mas não cometendo o erro de trocar “qualidade por quantidade”. Logo, uma base bem formada de bons clientes, que pagam em dia, é melhor que multidões. Ainda para uma gestão estratégica de marketing eficaz, a análise do ambiente interno e externo das empresas permitirá uma visão geral de tudo que pode influenciar na atuação da empresa frente ao seu foco de mercado, bem como na obtenção e manutenção de lucro. Por trás da tomada de decisões relacionadas a marketing, Silk (2006) destaca a análise dos cinco Cs, ou seja, clientes, companhia, concorrentes, colaboradores e contexto. Para isso, são consideradas as seguintes questões: 1. Necessidades dos clientes: quais necessidades a empresa busca satisfazer? 37 2. Habilidades da companhia: qual a competência especial que a empresa possui para atender a essas necessidades? 3. Concorrência: quem concorre com a empresa no atendimento dessas necessidades? 4. Colaboradores: que pessoas a empresa deveria recrutar para ajudá-la, e como pode motivá-las? 5. Contexto: quais fatores culturais, tecnológicos e jurídicos limitam as possibilidades? De acordo com Silk (2006), essas questões levam a especificar um posicionamento desejado e um mercado-alvo, e depois, a um mix de marketing. Para o autor, isso resulta em estratégias de aquisição e retenção de clientes, estimulando dessa forma a lucratividade da empresa. Anteriormente no marketing, os produtos eram destinados a atender o consumidor de massa, ou seja, sem considerar o cliente que busca produtos ou serviços personalizados. Isso tinha por conseqüência a perda de mercados específicos. Na visão de Silk (2006) especificar os mercados-alvo que a companhia irá atender é um pré-requisito ao desenvolvimento do resto da estratégia de marketing. Dessa forma, os profissionais de marketing têm sido redirecionados de amplos mercados de massa para atender pequenos segmentos com programas de marketing customizados. Silk (2006) afirma que hoje em dia há a expressão popular “mercados de um”, que sugere que as campanhas de marketing podem e devem ser elaboradas para indivíduos específicos. A não definição de clientes específicos ocorria devido a pouca informação existente sobre clientes, bem como a dificuldade em adquiri-las. Outro fator que não permitia uma melhor gestão estratégica de marketing é a falta de critérios para a diferenciação entre os clientes. Para Silk (2006) as capacidades limitadas de produção e informação funcionavam como restrições aos desejos variáveis dos consumidores. Na atualidade, os autores afirmam que novas tecnologias possibilitam que as empresas pratiquem marketing customizado de forma econômica, em muitas situações. Assim, duas perguntas fundamentais são: 1. Quais compradores potenciais a empresa pretende atender? Para isso, a empresa deve primeiramente determinar a forma mais adequada de descrever e diferenciar clientes. Esse é o processo de segmentação. 38 2. Quanta customização a empresa deveria oferecer em seus programas, ou seja, em que ponto do continuum mercado de massa-segmentos de mercado-nichos de mercadoindivíduos ela construirá planos? Dentre as mais variadas maneiras de segmentar mercados, as mais usadas são: - Demográfica – idade, renda, gênero, ocupação; - Geográfica – nação, região do país, urbana ou rural; - Estilo de vida – hedonista ou orientado por valores. Para Silk (2006), as três bases apresentadas são descritores gerais de consumidores, de modo que muitas vezes uma segmentação de mercado útil é deduzida usando-se bases de segmentação que descrevem o comportamento ou o relacionamento de um cliente em relação a um produto. 2.6 Comportamento do Consumidor Digital Em virtude de entender como se realiza o consumo digital, é de suma importância ter o conhecimento deste consumidor específico. As mudanças quanto à forma de tratar o cliente iniciaram pela busca de uma maior oferta de quantidade de bens pelas lojas. De acordo com Las Casas (2010), o modo das empresas se relacionarem com seu cliente sofreu diversas alterações ao longo do tempo: antes, o consumidor era tratado de forma especial em pequenas lojas do varejo; após isso, preços mais baixos e grande variedade de opções compensavam o pouco ou nenhum tratamento pessoal recebido pelos clientes nas grandes lojas varejistas. Após a introdução das grandes lojas varejistas, houveram outros acontecimentos que são responsáveis pela viabilidade de consumo digital. Segundo Las Casas (2010), quando houve o surgimento da venda por catálogo, a interação pessoal foi reduzida ainda mais. O autor afirma que o crescimento da internet e desenvolvimento tecnológico dos últimos anos geraram o fenômeno das lojas virtuais, nas quais o contato pessoal se tornou praticamente zero no momento da compra. O quadro tecnológico dos tempos atuais revolucionou a forma de consumir bens, e aliou forças aos consumidores, permitindo ao processo de compra tornar-se cada vez mais transparente. Segundo Bender (apud Saad, 2008), foi a partir de meios de aprimorar o acesso individual à informação que, há mais de vinte anos a mídia digital evoluiu para um 39 mecanismo de engajamento ativo imbuído de crítica e reflexão. Na visão deste autor, processos democráticos serão aprimorados por uma forte onda de expressividade em emergência, a qual desafiará os que não o são. Para o autor hoje o consumidor médio tem sua própria imprensa, de modo que possui ferramentas que jamais estiveram à sua disposição, como computadores conectados à internet. Estando no ambiente digital da internet, a interação entre os consumidores a respeito de suas vontades, gostos e escolhas de compra torna-se mais fácil e a eficácia dos meios utilizados anteriormente pelas empresas para fazer marketing perde um pouco de força. Conforme Las Casas (2010), os consumidores começaram a criar o seu próprio conteúdo na rede e compartilhar opiniões, desejos, interesses e informações sem a necessidade da participação das empresas nesse ambiente após o advento da Web 2.0. O autor afirma que, segundo dados de uma pesquisa realizada pela consultoria Nielsen, com 25 mil pessoas de 50 países, o consumidor digital considera mais as opiniões de amigos e sugestões dos internautas no momento de tomada de decisão de compra do que as propagandas de massa utilizadas de modo convencional pela maioria das empresas. Hoje, o consumidor digital tem a sua disposição voz frente às ações das empresas. Na visão de Bender (apud Saad, 2008), o relacionamento estabelecido entre consumidores e provedores de informação tradicionais é mudado pela capacidade dos consumidores de contar suas narrativas para um grande número de pessoas próximas e distantes através de seus meios. O autor diz que as expectativas dos consumidores mudaram e seu papel já não é somente o de consumir. Eles estão engajados no tipo de discurso que antes ocorria muito além da sua esfera de ação e, agora são parte do diálogo. O uso cada vez mais constante das redes sociais na internet como canal de troca de informações pelos consumidores é um aspecto relevante que as empresas devem considerar para suprir as demandas de seu público alvo. Las Casas (2010) afirma que as empresas estão sendo conduzidas a refletir sobre um dos fatores mais importantes a ser considerado para o sucesso dos negócios: a mudança de comportamento do consumidor, visto que o cenário é de crescimento da representatividade da internet na vida das pessoas. Nas palavras do autor, o consumidor está disposto a denegrir a imagem de uma empresa que não atender a suas expectativas, com o uso de redes sociais. Através da utilização de redes sociais da internet, as quais permitem o anonimato, os consumidores expõem a sua indignação com a empresa e, esta é difundida em tempo real na internet. 40 Através da internet, o consumidor digital está alterando a atuação convencional dos consumidores de simplesmente consumir produtos, e emergindo para práticas como compartilhamento de informações e criação de conteúdo. Tratando da mídia digital, Bender (apud Saad, 2008) afirma que um mundo fragmentado, povoado por interesses próprios e míopes está muito longe de se engendrado por ela. Ao invés disso, em cada um de nós está sendo libertado o desejo de compartilhar, às vezes traduzido em compartilhamento de ideias políticas e sociais, informação, ou de bens e serviços. Para o autor, é fato que há uma mudança de paradigma e, tal processo iniciou-se: o consumidor está se tornando criador. O desafio para a próxima década na visão de Bender (apud Saad, 2008) é como os negócios reagem a esse novo nível de engajamento e dele se apropria. 2.7 Consumo de Música Digital O consumo específico de música digital, foco de pesquisa deste trabalho, é tratado numa perspectiva administrativa, mais precisamente, de marketing. Porém, nesta área existem estudos que analisam este consumo com um enfoque judicial e comportamental. O estudo realizado por Da Costa et al. (2008) teve o objetivo de compreender como consumidores brasileiros percebem o chamado “consumo ilegal” de música por meio da “pirataria virtual”. Buscando investigar o discurso assumido pelo usuário típico de download de música, se deu ênfase à questão da resistência ao consumo. A resistência ao consumo evidencia-se no uso de ferramentas de compartilhamento de arquivos musicais pelos consumidores como forma de não consumir mais os produtos ofertados pela indústria fonográfica, como CDs. Segundo Da Costa et al. (2008), resistência do consumidor ocorre quando há rejeição do consumidor contra as atividades específicas de marketing ou contra o mercado, sendo que há várias formas de resistência do consumidor. O estudo define ainda que, o domínio do consumo é também o domínio da criação e recriação de significados e, portanto, da resistência. O autor cita atividades anti-marcas como uma ruptura clara na lógica de mercado. Dessa forma, a resistência do consumidor não trata da ausência de comportamento ou de mera passividade, mas sim de atos deliberados que recriam tradições estabelecidas no mercado. Os consumidores de música digital, ora considerados “piratas”, adequaram-se a usar a internet para obter músicas e deixaram em segundo plano a compra tradicional de CDs. A 41 pesquisa realizada por Da Costa et al. (2008) investigou primeiramente como se constroem as escolhas de compra de música para os consumidores. Evidenciou-se que nenhum participante havia comprado CD original nos últimos seis meses. Além disso, “baixar” música para os participantes não é o mesmo que comprar um CD pirata. Dessa forma, a percepção a respeito do comportamento de consumo adotado é afetada pela fonte do produto. Os participantes ainda apontam para os aspectos negativos da pirataria e sua ligação com o crime. Tratando da qualidade do produto, o que justifica um comportamento de resistência é a desconfiança em produtos piratas comprados no passado, como CDs de música. Na realidade da internet, o consumidor se adequou a obter arquivos de mp3 em detrimento de pagar o preço alto praticado nos pontos de vendas de CDs. Além disso, há maior capacidade de personalização de consumo na internet. Outro aspecto que a pesquisa de Da Costa et al. (2008) apresenta é que a justificativa para o download de arquivos de música associa-se ao elevado custo da aquisição do CD original. Além disso, para os participantes, ao fazer download de músicas, há liberdade de escolha de canções que o consumidor gosta e descarte das indesejadas. Com a praticidade de uso do formato mp3, o poder de escolha do consumidor é incrementado. No universo dos consumidores de música pela internet, evidencia-se certa cumplicidade com o fato de realizarem downloads de música, ao passo que a distância existente entre consumidor de música e gravadora fez com que a música baixada se traduzisse numa espécie de manifesto contra as práticas dominantes de mercado. O estudo de Da Costa et al. (2008) explica ainda que há também justificativas sociais para tais comportamentos de consumo: os jovens experimentam conforto moral para sua opção, visto que há aprovação de seus pares para seu comportamento. O fato das gravadoras não oferecerem “voz” aos consumidores, fez com que o consumidor passasse a “baixar” suas músicas, ao invés de aceitar as condições impostas pelas gravadoras. Sendo assim, a “saída” alcançada pelo consumidor justifica-se no download de arquivos de música. A divergência da prática dominante de mercado fez com que os consumidores estabelecessem uma nova forma de relação com a indústria – uma “nova moral” que rege o comportamento de consumo de música “baixada” e diverge da norma. Para relacionar-se de maneira mais conveniente com os clientes de música digital, é relevante o entendimento de aspectos que auxiliem na mudança da atitude de consumo ilegal para um consumo legal na internet. O estudo realizado por Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010) buscou explorar quais fatores levariam ao consumidor universitário a aumentar a 42 legalidade dos seus downloads de música, sendo que o foco do estudo foi entender os aspectos mercadológicos que as empresas gravadoras de músicas poderiam melhorar para transformar o cliente de pirata em cliente “legal”. Um ponto pouco trabalhado pelo mercado de venda de música do Brasil foi a venda de quantidades menores de música do que um CD completo, levando os clientes a buscar alternativas para obter apenas as faixas que os interessava nos CDs. Segundo Villardi e Toda (apud Alvim, Strehlau e Kirschbaum, 2010), desde 2002 havia uma demanda não atendida por personalização de músicas que compõem um CD, de modo que a repressão à pirataria e as estratégias vigentes de conscientização sobre direitos autorais teriam eficácia limitada. Nesse sentido, Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010) afirmam que a prática de emprestar discos de vinil e fazer cópias em fitas Cassete8 das faixas que agradavam o consumidor deu-se quando um disco era comprado somente por causa de uma música e o restante não o agradava. O modo de consumo de música convencionado por “pirataria” é uma prática eminente no ambiente da internet, ao ponto que há grupos de pessoas que não consideram a hipótese de migrar para uma forma de consumo legal. Na pesquisa de Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010) foi feita a seguinte questão: “Você acha que poderia aumentar seu consumo de downloads legais de música?” e o resultado alcançado foi que 39,86% da amostra, ou seja, 57 pessoas não admitem um aumento do consumo de downloads legais de música. Dessa forma, Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010) concluem que a pirataria de música digital construiu em mais de uma década uma conjuntura a qual um número alto de pessoas sequer admite aumentar seu consumo de downloads legais por qualquer razão possível. Na realidade de hoje, a era de vendas altas de música no formato CD está em segundo plano e a venda on-line de música é uma nova oportunidade de mercado. Segundo informações do estudo de Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010), quanto ao formato preferido de venda de música, 57,34% da amostra estudada, ou seja, 82 pessoas preferem o modelo online, ao passo que 61 pessoas preferem o modelo tradicional “físico” como CDs. Para realizar vendas de música na internet, se faz necessário entender quais peculiaridades podem conduzir o consumidor a aumentar esse hábito e não optar mais pela obtenção de música de forma ilegal. Tratando das características que levariam os respondentes a comprar mais músicas on-line em detrimento dos downloads ilegais, o estudo 8 A fita cassete ou compact cassette é um padrão de fita para gravação de áudio lançado oficialmente em 1963, invenção da empresa holandesa Philips. 43 de Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010) revelou que a maior média alcançada foi a da característica “Segurança nas transações”, indicando a importância forte da segurança na compra legal de downloads de música. As características que apresentam uma relação positiva, ou seja, que geram uma maior probabilidade do respondente dizer SIM quanto à possibilidade de aumentar downloads legais de música são as seguintes: - Distribuição Inclusiva: método simples e fácil para baixar músicas; - Legalidade; - Popularidade: nome do website freqüentemente mencionado por outros consumidores ou por publicidade. Entretanto, existem aspectos que são considerados importantes para quem dificilmente optará por uma forma de consumo legal e que são relevantes de destacar ainda assim. O estudo de Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010) também aponta para características que tem uma relação positiva com a resposta NÃO, ou seja, são características importantes levadas por quem se mantém na pirataria e não admite a possibilidade de aumentar seu consumo de downloads legais. São elas: - Singularidade da mercadoria: Venda de produtos musicais de mercados pequenos e especializados (música alternativa, ópera taiwanesa, etc.); - Estabilidade do Sistema Operacional: página da web constantemente atualizada e estável; - Comunicação e Transmissão de mensagens: usuários e website podem trocar informações. 44 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Para realizar este trabalho, foi feita uma investigação acerca do mercado fonográfico digital, em especial o consumo de música digital pela internet. Para isso, houve uma revisão da literatura sobre o tema e escolheu-se o produto Sonora, serviço do Portal Terra como objeto desta pesquisa. O Sonora foi escolhido por ser um serviço de destaque no cenário de música digital no Brasil, visto que a Fan Page do serviço tem enorme repercussão na rede social Facebook, possuindo em dezembro de 2011 o total de 58.121 fãs. Além disso, o Sonora é um serviço de música disponibilizado pelo Terra, maior portal de notícias da América Latina, que através de um canal interativo de música, disponibiliza material fonográfico para escutar via streaming e fazer download, de acordo com a modalidade do plano escolhido. O Sonora também oferece outros recursos que ajudam o usuário a personalizar a programação, descobrir novas músicas e compartilhá-las com seus amigos de forma interativa. FIGURA 1 – Layout do Site Fonte: Site do Terra Sonora, 2011. 45 Segundo o site9 do serviço musical, existem mais de 2 milhões de músicas nacionais e internacionais disponíveis em mais de 150 estilos musicais. As músicas oferecidas através do serviço estão na íntegra, sem cortes. O serviço proporciona o download e estimula que seus ouvintes utilizem o serviço em todas as plataformas disponíveis como iphone, androids, tablets, etc. O Sonora é aberto para todos os públicos, mas aqueles que efetuam o pagamento de uma parcela mensal, obtém mais benefícios e acesso livre a downloads a toda hora. 3.1 Método de Pesquisa A fim de responder a questão geral de pesquisa “Quais os motivos de decisão de consumo de música digital paga via internet?”, foi realizada uma pesquisa exploratória. Segundo Marconi e Lakatos (2009), uma pesquisa exploratória possui as seguintes finalidades: aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa, desenvolver hipóteses bem como modificar e clarificar conceitos. De acordo com o autor, tanto descrições quantitativas quanto qualitativas do objeto de estudo são obtidas, sendo que as inter-relações entre as propriedades do fenômeno, fato, ou ambiente observado devem ser conceituadas pelo investigador. Na visão de Cervo, Bervian e Da Silva (2007) a pesquisa exploratória requer flexibilidade no planejamento, para possibilitar a consideração dos mais diversos aspectos de um problema ou de uma situação. Os autores afirmam que este tipo de pesquisa é recomendado quando há pouco conhecimento sobre o problema a ser estudado. Logo, o tema deste estudo se caracteriza como exploratório pelo fato de que são encontrados poucos estudos sobre o consumo de música digital paga via internet em um serviço de distribuição digital de música. Quanto ao método a ser utilizado na pesquisa, foi escolhido o estudo de caso da empresa de música digital paga Terra Sonora. Conforme Yin (2001) a essência de um estudo de caso, ou seja, a tendência principal em todos os tipos de estudo de caso, é que ele tenta esclarecer um conjunto de decisões ou uma decisão, quais foram os resultados e como foram implementadas. Para Gil (2010) a utilização do estudo de caso no âmbito das ciências sociais tem diferentes propósitos, tais como: - preservar o caráter unitário do objeto estudado; 9 Disponível em: < http://sonora.terra.com.br/#/auto/Faq> 46 - explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; - formular hipóteses ou desenvolver teorias; - descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação. Dessa forma, o presente estudo busca esclarecer como se constroem as decisões gerenciais do objeto de pesquisa, bem como explorar características da gestão real de um serviço pago de música digital no que tange a estratégias de marketing e fidelização de clientes, na visão dos gestores da empresa Sonora Terra por meio dos objetivos específicos anteriormente apresentados. Para este estudo de caso, foram consultadas as seguintes fontes de dados: entrevista com gestores do serviço Terra Sonora, análise de documentos digitais no site da empresa, e análise da Fan Page do serviço na rede social Facebook. De acordo com Sonora (2011), o Sonora é um canal interativo de música do Terra para a América Latina, no qual milhares de músicas nacionais e internacionais podem ser ouvidas e baixadas pela internet. Além disso, no Sonora é possível descobrir novas músicas e compartilhá-las com amigos de uma forma interativa e fácil, através de recursos para ajudar a personalizar a programação. Através das informações coletadas com a pesquisa, será possível levantar hipóteses para auxiliar em estudos futuros sobre essa área. 3.2 Coleta de dados No primeiro momento da pesquisa o foco era estudar o perfil do consumidor de música digital do serviço Terra Sonora. Para isso, foi criada uma conta na rede social Facebook, objetivando contatar pessoas para uma entrevista sobre o serviço. À medida que o tempo avançava, e as pessoas não retornavam o contato, alterou-se o foco da pesquisa para um estudo do marketing estratégico da empresa. Nesse viés, para obter os dados para análise, foi feito um contato por e-mail com os gestores da empresa, onde foram enviadas perguntas elaboradas com base na teoria estudada e em artigos recentes sobre consumo de música na internet. Após alguns dias de espera, os gestores entregaram a entrevista respondida. A técnica de coleta de dados escolhida foi a entrevista estruturada. De acordo com Gressler (2003) a entrevista estruturada ou padronizada é quando uma padronização de questões tem seguimento, e seus parâmetros, pré-estabelecidos. O autor explica que esta 47 modalidade de entrevista segue uma estrutura bem definida, permitindo esclarecimentos, dentro de limites. Os entrevistados respondem às mesmas palavras. Ainda citando Gressler (2003), a entrevista padronizada tem por objetivo encontrar informações específicas e concisas. Neste caso seu uso se faz adequado, visto que a investigação visa obter informações completas e acuradas de todos os respondentes. Dessa forma, esta pesquisa busca coletar os dados de forma mais precisa possível, utilizando-se dos benefícios de uma entrevista estruturada como padronização das questões e, conseqüentemente, à grande facilidade em classificá-las. Para realizar a entrevista estruturada, foi utilizado um roteiro de entrevista com 11 questões, elaborado a partir de questões que buscassem esclarecer a estratégia de marketing da empresa, bem como aspectos destacados pelo estudo de Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010) e Da Costa et al. (2008). 3.3 Análise dos Dados Após realizar um estudo teórico sobre a mudança ocorrida no mercado fonográfico da música, pode-se entender mais a respeito desse tema e foi decidido realizar uma análise de um serviço de música digital relevante no Brasil e América Latina, o Terra Sonora. Logo foi iniciado o processo de análise de conteúdo do material coletado nas entrevistas, internet, onde relacionou-se a teoria estudada, bem como foram procuradas outras fontes que justificavam as respostas apresentadas pelos gestores. 48 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS Para oferecer um serviço de música diferenciado, o Portal Terra mantém o Serviço Sonora. Nele concentram-se mais de 2 milhões de músicas nacionais e internacionais de todos os gêneros. Para entender o comportamento do serviço, faz-se necessário uma investigação mais apurada do tema. Para traçar um perfil do usuário e da ferramenta foi realizada uma pesquisa, que através de uma entrevista estruturada, trouxe dados apurados de como o serviço funciona. Foram entrevistados o Gestor de Atendimento ao Cliente Terra Sonora, e o Gestor de Produto Terra Sonora. Ao analisar a entrevista concedida pelos gestores da empresa Terra Sonora, um gerente de produto e o outro gestor de atendimento ao cliente, pode-se perceber a posição da empresa frente ao mercado de consumo de música digital na internet e também conhecer mais sobre seus clientes. A primeira pergunta realizada procurou saber se os consumidores de música da atualidade compram Cds originais frequentemente. Na visão do Terra Sonora: O consumidor de música foi impactado com as mudanças ocorridas após a popularização da internet. Hoje já não se compram CDs como antigamente. Com a infinita possibilidade de acesso a músicas de todos os tipos, o CD já não é mais um bem estritamente necessário – uma vez que existem outras maneiras de obter músicas digitais. (Gestor de Atendimento ao cliente Terra Sonora, em entrevista concedida ao pesquisador em dezembro de 2011). O gestor destaca que o consumo de música sofreu mudanças depois que a internet passou a existir, e o hábito de compra de Cds não acontece como há algum tempo atrás, sendo que, dadas outras formas de se obter música digital, o Cd perdeu forças no mercado. De acordo com Robinson e Kalakota (2001), o uso de softwares e produtos digitais norteará o modo de encontrar e compartilhar informações, bem como a forma do usuário pensar sobre música, software, livros e fotografias. Somado a isso, estudos rece ntes indicam que a opção de consumir Cds não é foco do público consumidor de música. Na pesquisa realizada por Da Costa et al. (2008), que investigou as escolhas de compra de música para os consumidores, evidenciou-se que nenhum participante havia comprado CD original nos últimos seis meses. Este dado foi lembrado pelo gestor de produto Sonora que mesmo assinalando o desinteresse dos consumidores por Cds hoje em dia, ressaltou o caso de artistas de repercussão mundial da atualidade, onde há comportamento de consumo de Cds fora do habitual: Acredito que não se trate de uma suposição. A queda no número de vendas de Cds dos últimos anos é uma prova de que a música neste formato de mídia vem 49 significantemente perdendo preferência. Salvaguardo alguns países, onde há ainda há o hábito de aquisição desta mídia, e em casos de superhits, que geram um comportamento fora da curva do consumidor, como no caso do lançamento do segundo álbum da cantora britânica Adele, por exemplo. (Gestor de Produto Terra Sonora, em entrevista concedida ao pesquisador em dezembro de 2011). Quando questionado sobre “O que julga de mais importante no serviço Terra Sonora”, o gestor do produto explicou três fatores que qualquer plataforma de música sob demanda deve ter para se manter competitivo no mercado digital em transição que atuamos hoje: 1. Um modelo de negócio sustentável; 2. Um acervo com vários títulos, com grande percentual de relevância para o usuário (para atender o head e o long tail, servindo para uma maior gama de perfis de audiência); 3. Um produto (interface, tecnologia, etc,) que proporcione uma excelente experiência para o usuário (facilidade de uso, conveniência, descoberta, e outras características que agregam valor ao processo de apreciar música). Anderson (2006) explica que vários segmentos de entretenimento, como a televisão, por exemplo, estão se fragmentando em nichos, a única grande área em crescimento acelerado é a Internet, mas nesse caso ele a considera como um oceano sem categoria própria, com milhões de destinos que desafiam a lógica convencional da mídia e do marketing. A facilidade de uso destacada pelo gestor do produto é um fator importante no ambiente de internet, visto que dentro da ampla gama de serviços possíveis de implementar, estes necessitam da interação do usuário para funcionarem. Na visão de Diniz (1999), velocidade de adesão e complexidade de sistemas de comércio eletrônico andam em paralelo, pois demandam a necessidade de serem programados pelos próprios clientes. Na mesma ideia mais especificamente para o bem de consumo música, Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010) destacam que uma característica que gera maior possibilidade de aumentar downloads legais é a distribuição inclusiva, ou seja, um método simples e fácil para baixar músicas. O gestor do produto argumenta que o objetivo do Sonora é não ter características de nicho. Essa afirmação segue também a lógica apresentada por Anderson (2006) quando fala da internet: É importante ter um espectro aberto de opções, caso contrário a plataforma fica com características de nicho. E tendo players no mercado que tem um acervo variado, porque alguém preferiria uma plataforma com somente um gênero ou estilo de música? Nem o fato de que talvez plataformas poderiam se especializar em conteúdo long tail de um determinado gênero justificaria financeiramente tal empreendimento. O motivo é que hoje existem empresas agregadoras de conteúdo de nicho, que facilitam a aquisição deste conteúdo pelas plataformas de música “genérica” no 50 mercado. Em resumo, é fácil um iTunes ou Sonora ter de tudo, desde o mais mainstream, até o mais indie. (Gestor de produto Terra Sonora, 2011). É notável que a intenção do serviço de música Sonora é estar presente em todos os nichos. O gestor de atendimento ao cliente Sonora complementa essa afirmação, relatando que por estar próximo ao cliente, sabe da importância de satisfazer o público em todos os nichos possíveis: O nosso diferencial certamente é a variedade e a quantidade de conteúdo oferecido. São milhares de músicas das principais gravadoras do mundo. Obtemos vários gêneros musicais que agradam todos os públicos. (Gestor de atendimento ao cliente Sonora, 2011). Um dos temas tratados na entrevista foi o da competitividade. O gestor de produtos explica que a concorrência com a pirataria e ilegalidade é bastante forte, mas que a empresa procura oferecer outros benefícios para manter o seu público: Sem dúvida são fortes concorrentes do Sonora. Porém há um ponto de virada onde variáveis como baixo preço, conveniência e segurança acabam tendo um valor maior do que o risco, incerteza de qualidade e trabalho gerados pela pirataria. E é neste momento de percepção do consumidor em que convertemos usuários. (Gestor de produto Terra Sonora, 2011). É importante voltar a destacar Taurion (2009), que relata o espírito competitivo de empresas de internet, onde existe inovação tecnológica que desarticula o setor de maneira rápida. Assim, se torna difícil ou impossível manter vantagens competitivas por um longo período, e o sucesso empresarial é de quem se move mais rapidamente. O que é valorizado pelo cliente é redefinido continuamente, e a escalada competitiva é crescente. O quesito segurança foi outro aspecto destacado pelo gestor de produto no que tange a competitividade do serviço com outras fontes de obter música na internet. Isso vai de encontr com o estudo de Alvim, Strehlau e Kirschbaum (2010), o qual revelou que a maior média alcançada por uma característica que levasse a amostra de pesquisa a comprar mais músicas on-line em detrimento dos downloads ilegais foi a “Segurança nas transações”, indicando a importância forte da segurança na compra legal de downloads de música. Atrair o público alvo para o Sonora também foi um ponto fortemente apontado na entrevista. Os gestores explicaram suas estratégias para manter e captar novos usuários. Para o gestor de Produtos do Terra Sonora, o principal caminho para o sucesso é a evangelização dos usuários: Evangelização. No momento que o consumidor percebe os benefícios do Sonora comparados aos preço vantajosos dos planos, não resta dúvida de que é um ótimo negócio. É uma conta simples. Não vale o esforço de baixar torrents. (Gestor de produto Terra Sonora, 2011). 51 Robinson e Kalakota (2001, pg. 103), destacam que novas tecnologias de relacionamento surgem constantemente no ramo da música digital, que está em ebulição com atividades criativas. Estão proliferando-se na internet os programas que permitem formas inéditas de acesso, localização e distribuição de conteúdo. E é nesse ponto que os gestores tentam atingir os usuários. São as vantagens, os benefícios, a simplicidade do serviço, que irá fazer com que a evangelização se concretize. Aliado a isso, o gestor de atendimento ao cliente ressalta que é muito importante realizar o marketing do produto Sonora para cativar novos clientes e disponibilizar um acervo diversificado ao público que utiliza o serviço: O principal é manter a grande variedade de músicas e gêneros e disponibilizá-las para todos os usuários. Aliado à isso, para trazer o público ao nosso serviço, fazemos um trabalho forte de marketing. (Gestor de atendimento ao cliente Terra Sonora, 2011). Ao longo da entrevista, foi tratado também o tema da navegabilidade e experiência do usuário. Atualmente a maioria das empresas já trabalha no modelo de atender os requisitos para oferecer uma boa experiência de usuário. Empresas de internet já sabem que o conceito de arquitetura de informação e experiência do usuário são de enorme valia para que a navegação seja completa para que o usuário retorne ao site sempre que puder. Preece, Rogers e Sharp (2005) explicam que ao perceberem que as novas tecnologias oferecem maiores oportunidades para o usuário, as empresas foram obrigadas a dar foco na melhoria e eficiência de seus produtos. Os autores relatam que o design de interação deve estar cada vez mais preocupado em criar sistemas que sejam agradáveis, úteis, divertidos, interessantes, motivadores, esteticamente apreciáveis, incentivadores da criação, etc. Para o gestor do Terra Sonora, quando questionado a respeito das novidades para o Sonora, explica que o serviço evolui em vários aspectos, inclusive para oferecer de forma cada vez mais eficiente uma ótima experiência de usuário: Neste momento, estamos focando numa integração com as novas funcionalidades do Facebook, no upgrade e normalização dos app Sonora nos vários devices que se apresenta, e em uma reformulação da interface para melhoria do user experience. (Gestor de Produto Terra Sonora, 2011). A capacidade do serviço de realizar transações através de dispositivos móveis10 é outra característica do comércio eletrônico praticado pelo Terra Sonora. De acordo com gestor de atendimento ao cliente Sonora: 10 Um dispositivo móvel, designado popularmente em inglês por handheld é um computador de bolso. Ex: smartphone, tablets, iphone, ipad, ipod. 52 “O Sonora também é compatível com dispositivos mobile como iPods – e tocadores de música portáteis similares –, iPads, iPhones, celulares e tablets Android.”(Gestor de atendimento ao cliente Terra Sonora, 2011) Esta afirmação corrobora com Kurtz e Boone (2009), que definem: as atividades de marketing que ocorrem por meio de ferramentas eletrônicas, como smart phone s e quiosques interativos, e através da internet são denominadas comércio eletrônico ou e commerce. Essas atividades visam: conduzir transações de clientes, coletar e analisar informações de negócios, e manter relacionamentos on-line com clientes através de redes de telecomunicações. O uso de dispositivos mobile aliados à serviços como o Sonora é um reflexo expressivo da entrada e aceitação que estão tendo as tecnologias móveis na vida dos seres humanos hoje em dia. Segundo Gabriel (2010) a mobilidade relaciona-se ao acesso constante e disponível 24 horas 7 dias por semana, e é um paradigma totalmente novo, sendo que a migração do desktop para o mobile é um avanço de difusão computacional que permite ao ser humano usar o computador onde quer que vá, como uma extensão do próprio corpo do cérebro. Dessa forma, a autora afirma que há atividades mais adequadas para a web mobile. A questão da exclusividade proporcionada ao usuário do serviço Terra Sonora é notável, pois de acordo com o gerente de produtos Sonora, o serviço proporciona acesso a músicas de forma antecipada, integração com várias formas de acesso ao conteúdo, e destaca que o Sonora é o único serviço de streaming que permite ao usuário realizar o download de músicas: Exclusividades onde as músicas estão no Sonora antes de chegar nas lojas. Conteúdo diversificado e local. Acesso a partir de várias interfaces. E principalmente, o único no modelo de negócio de streaming que também permite downloads de músicas sem proteção. E neste caso, o usuário pode tocar o MP3 onde bem quiser. Estamos também presentes em várias telas: PC, iPhone, Android, Playpook, Blackberry (em Janeiro), Sonos, e em alguns modelos de Smart TVs. (Gestor de Produto Terra Sonora, 2011). Esta característica vai de acordo com o apresentado por Cobra (2009) sobre a adaptação dos produtos as necessidades dos clientes, onde o autor explica que as instituições financeiras devem apresentar uma carteira de produtos e serviços que atenda a cada cliente em especial, pois com um atendimento sob medida é possível encantar os clientes e com isso fidelizá-los. O autor ainda destaca que para obter exclusividade da fidelização é preciso oferecer sempre vantagens competitivas. 53 Com o intuito de traçar um perfil do usuário Sonora, a partir da entrevista realizada, buscou-se fazer algumas perguntas que descrevessem o usuário e seu comportamento. Foi descoberto que atualmente o Sonora é composto, em sua maioria, por mulheres jovens e o gênero mais ouvido é o Sertanejo Universitário, liderado pela cantora Paula Fernandes. Outro gênero bastante procurado é o Gospel. Esta curiosidade do gênero feminino ser expressiva pode ser comprovada pela pesquisa realizada pelo IBOPE Nielsen Online 11 em agosto de 2011 que destaca que em um mês no Brasil, 62 bilhões de páginas são abertas por mulheres. Os gestores destacam que o usuário Sonora é também um usuário que tem a música como um dos seus principais interesses e vê o compartilhamento como uma forma de se agregar valor dentro da internet: Pelo que percebemos o usuário do Sonora é um consumidor muito ligado a música, que gosta de variedades e uma boa qualidade do som. É um consumidor que gosta de compartilhar o que escuta e sente-se bem em trocar informações sobre o mundo musical. (Gestor de Atendimento ao cliente Sonora, 2011). Portanto, observa-se um usuário engajado, ativo e que valoriza relações em ambientes sociais. Para fomentar esse desejo social de seus usuários, os gestores apostam em planos de aumento de atividades em redes sociais como o Facebook: Temos comunidades ativas no Facebook e outras redes sociais. Este ano reestruturamos o departamento de Social Media, o que deve refletir numa maior propagação em 2012. Em janeiro reativaremos o Blog do Sonora também. (Gestor do Produto Sonora, 2011). Apostar em redes sociais é uma boa estratégia, visto que, ainda segundo a pesquisa do IBOPE Nielsen, são gastos 17 bilhões de minutos em sites sociais e atualmente existem hoje 1000 páginas por pessoa em sites de redes sociais. Portanto, a estratégia de investir em compartilhamento social para ir ao encontro das necessidades de seus usuários, segue as características de comportamento do internauta brasileiro. Essa afirmação vai de encontro com a ideia de Torres (2009) que destaca que as mídias sociais são pessoas falando com pessoas, e muitas vezes falando de negócios sem as empresas saberem. Por isso, as mídias sociais são muito importantes para qualquer estratégia ou ação de marketing, visto que no Brasil 80% dos internautas participam de alguma rede social, de modo que elas devem ser entendidas e consideradas em qualquer atividade empresarial. 11 Disponível em: www.ibope.com.br/maximidia2011/lupa_internauta_brasileiro.pdf 54 5 CONCLUSÃO Verificar de que forma o consumo de música mudou após o advento da internet, mais especificamente a distribuição paga da música digital em um serviço do Brasil, foi o fio condutor desta pesquisa. Como já se destacou, foi necessário estudar a globalização, surgimento da internet, a internet como ferramenta de negócios, negócios virtuais, negócios de musica digital na internet, pirataria, marketing estratégico além do comportamento do consumidor específico na internet. Logo em seguida, a pesquisa concentrou-se em verificar o marketing estratégico realizado por uma empresa de música digital paga bem como informações sobre o perfil do consumidor de musicas online, analisando seus critérios e avaliando a forma com que as pessoas escolhem a maneira de consumir música online. Os avanços tecnológicos a favor das novas práticas de consumo é um assunto bastante comentado no mercado, porém, quando iniciada a pesquisa teórica deste trabalho, percebeu-se que existem poucos dados e não há grandes informações a respeito deste novo consumidor de música na internet. Nesta perspectiva, pode se considerar que este trabalho oferece, mesmo de forma sucinta, uma oportunidade de entender as estratégias de marketing de uma empresa atuante neste segmento de mercado. Além disso, foi possível entender também sobre o perfil de usuários que pagam pela música digital, visto que a maioria dos usuários conhece apenas um mundo onde a música sempre esteve ao seu alcance, sem grandes esforços. Para estes usuários, a música não é de propriedade de ninguém e sim, um bem acessível e grátis. Através da entrevista realizada com o gerente do produto Sonora, e com o gestor de atendimento ao cliente Sonora do Portal Terra, se definiu que o consumidor que paga para obter o serviço é um consumidor que deseja obter mais do que música, e sim um serviço completo, com benefícios, para que ele se sinta numa relação de ganhos. Foi possível constatar que os usuários que pagam por um serviço fonográfico desejam obter privilégios como diversidade no acervo oferecido, um maior tempo para ouvir músicas, downloads ilimitados e facilidades para realizar downloads de outras plataformas e dispositivos móveis. Ao estudar a teoria sobre o consumo de música na internet e relacionar com informações de profissionais da indústria da música digital foi possível perceber que são 55 poucos os usuários que pagam ou pagariam para obter um serviço deste tipo. Os estudos recentes encontrados relatam que a maioria dos usuários prefere fazer o uso ilegal e consideram correta a troca indiscriminada de músicas que acontece na internet. O que se percebe, com base nas experiências que acompanham o mercado fonográfico em suas adaptações para a internet, é que, primeiramente houve uma transposição em um processo lento, em que os usuários acabaram por exportar o conteúdo de seus CDs para o on-line. O processo continuou até que houve a troca indiscriminada de músicas através de downloads ilegais. Nesse ínterim, empresas visionárias como a Apple, iMusica e o Terra Sonora estruturaram-se e começaram a ofertar músicas de forma legalizada sendo que, paralelo a isso, os artistas dos meios fonográficos acabaram rendendo-se a esse processo e liberando suas músicas dentro da rede de forma facilitada como uma forma de fazer marketing. É notável que estamos vivendo um processo de adaptação a uma nova maneira de consumir música, e pagar por benefícios e diferenciais na hora do consumo da música pode ser um novo caminho. Vivemos uma era de adaptações na indústria da música e novos modelos de consumo podem ser bem sucedidos ou não. Das inúmeras possibilidades para o consumo de música, dentro da internet, uma certeza: o mercado fonográfico caminha junto aos avanços tecnológicos. Portanto, dentre as opções possíveis, já se está estabelecendo novos modelos para garantir a sobrevivência do mercado fonográfico à era do tudo grátis na internet. As limitações apresentadas ao realizar este estudo foram: o não retorno dos possíveis usuários do serviço que acessam a Fan Page no Facebook, e a dificuldade de conseguir contatar o pessoal da indústria de música digital no Brasil. Como sugestões para estudos futuros, é relevante o estudo da estratégia de marketing de outros serviços de música digital no Brasil e no mundo, o perfil detalhado do usuário de música digital paga e, estudos que mostrem de que forma a internet beneficia artistas do ramo da música. 56 REFERÊNCIAS ALVIM, Bruno C. B.; STREHLAU, Suzane; KIRSCHBAUM, Charles. Downloads legais versus ilegais: como aumentar a legalidade no consume de música? IV Encontro de Marketing da ANPAD, 2010. ANDERSON, Chris. A Cauda Longa. A nova dinâmica de marketing e vendas: como lucrar com a fragmentação dos mercados. Elsevier Editora, Rio de Janeiro, 2006. Associação Brasileira dos Produtores de Discos. Publicação Anual da ABPD 2009/2010. 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Pesquisas apontam que a venda de CDs cai anualmente, mas eles ainda existem com força. Contudo, o mercado de músicas digitais cresce bastante. 2) O que você julga de mais importante no serviço Terra Sonora? Por quê? O nosso diferencial certamente é a variedade e a quantidade de conteúdo oferecido. São milhões de músicas das principais gravadoras do mundo. Obtemos vários gêneros musicais que agradam todos os públicos. Outra característica importante do nosso serviço é que disponibilizamos a música na íntegra. Vários serviços de música cortam elas pela metade. O Sonora também é compatível com dispositivos mobile como iPods – e tocadores de música portáteis similares –, iPads, iPhones, celulares e tablets Android. 3) Quais aspectos o serviço Terra Sonora está trabalhando para melhorar? Trabalhamos para oferecer uma maior variedade de músicas. Além disso, trabalhamos para que nossos clientes tenham acesso cada vez mais rápido e fácil ao conteúdo desejado. Fique de olho no Sonora para acompanhar novidades no serviço. 4) Quanto ao conteúdo do site, você acredita ser essencial ter músicas populares, ou músicas mais alternativas, diferenciadas, peculiares? Comente. O diferencial é ter todos os gêneros possíveis. Precisamos deixar plenamente satisfeitos tanto os clientes fãs de música mais mainstream quanto aqueles que gostam de artistas e gêneros musicais menos conhecidos no Brasil. 5) Como você percebe a concorrência do Terra Sonora com a pirataria? e com as musicas grátis na internet? É difícil encarar a pirataria como um concorrente. Encaro ela como uma característica macroambiental. Outros serviços de músicas grátis não podem ser levados a sério pois ou são ilegais ou não oferecem músicas com qualidade. 6) Como fazer para atrair o publico alvo para os serviços do Terra Sonora? 59 O principal é manter a grande variedade de músicas e gêneros e disponibilizá-las para todos os usuários. Aliado à isso, para trazer o público ao nosso serviço, fazemos um trabalho forte de marketing. 7) O Terra Sonora oferece algum diferencial para seu público alvo? Qual? Sim, oferecemos vários diferenciais. Como já comentado, o grande diferencial é a variedade de músicas com alta qualidade que estão no nosso acervo. Além disso, o Sonora é compatível com muitos dispositivos portáteis. Outro diferencial é que o Sonora pode ser considerado uma espécie de rede social de música, já que possibilitamos o compartilhamento e interação entre usuários. 8) Como o Terra Sonora percebe a questão do preço do serviço, sendo que hoje é possível baixar gratuitamente? O usuário do Sonora pode ouvir músicas gratuitamente no computador, desde que não faça downloads das mesmas. Planos que permitem downloads no computador e no celular e tablet não passam de R$24,90 e, dependendo do combo de serviços contratados com o Terra, o valor cobrado cai bastante. O serviço é barato e vale muito a pena para quem curte música. 9) Qual o tipo/estilo de música mais utilizado pelos usuários? Normalmente o mesmo que está popular no rádio e na televisão. 10) Fale um pouco sobre o perfil dos usuários do serviço. O usuário ativo do Sonora é muito ligado à música e tem o costume de se informar sobre isso, além de ter acesso às suas canções prediletas em todo lugar que vá. 11) Existe comunidades em redes sociais do Terra Sonora? Quais? e fóruns de discussão? O Sonora possui uma página oficial no Facebook e um perfil oficial no Twitter. 60 ANEXO 2 – ENTREVISTA COM O GERENTE DE PRODUTOS SONORA 1) Considerando os consumidores de música da atualidade, você acredita que hoje em dia eles ainda compram cds originais com frequência? Acredito que não se trate de uma suposição. A queda no número de vendas de Cds dos últimos anos é uma prova de que a música neste formato de mídia vem significantemente perdendo preferência. Salvaguardo alguns países, onde há ainda há o hábito de aquisição desta mídia, e em casos de superhits, que geram um comportamento fora da curva do consumidor, como no caso do lançamento do segundo álbum da cantora britânica Adele, por exemplo. 2) O que você julga de mais importante no serviço Terra Sonora? Por quê? Qualquer plataforma de música sob demanda necessita 3 carcaterísticas principais para se manter competitivo no mercado digital em transição em que atuamos hoje: 1. Um modelo de negócio sustentável (por motivos óbvios) 2. Um acervo com vários títulos, com grande percentual de relevância para o usuário (para atender o head e o long tail, servindo para uma maior gama de perfis de audiência) 3. Um produto (interface, tecnologia, etc,) que proporcione uma excelente experiência para o usuário (facilidade de uso, conveniência, descoberta, e outras características que agregam valor ao processo de apreciar música) 3) Quais aspectos o serviço Terra Sonora está trabalhando para melhorar? Neste momento, estamos focando numa integração com as novas funcionalidades do Facebook, no upgrade e normalização dos app Sonora nos vários devices que se apresenta, e em uma reformulação da interface para melhoria do user experience. 4) Quanto ao conteúdo do site, você acredita ser essencial ter músicas populares, ou músicas mais alternativas, diferenciadas, peculiares? Comente. Como comentei na pergunta 2, é importante ter um espectro aberto de opções, caso contrário a plataforma fica com características de nicho. E tendo players no mercado que tem um acervo variado, porque alguém preferiria uma plataforma com somente um gênero ou estilo de música? Nem o fato de que talvez plataformas poderiam se especilizar em conteúdo long tail de um determinado gênero justificaria financeiramente tal empreendimento. O motivo é que hoje existem empresas agregadoras de conteúdo de nicho, que facilitam a aquisição deste conteúdo pelas plataformas de música “genérica” no mercado. Em resumo, é fácil um iTunes ou Sonora ter de tudo, desde o mais mainstream, até o mais indie. 61 5) Como você percebe a concorrência do Terra Sonora com a pirataria? e com as musicas grátis na internet? Sem dúvida são fortes concorrentes do Sonora. Porém há um ponto de virada onde variáveis como baixo preço, conveniência e segurança acabam tendo um valor maior do que o risco, incerteza de qualidade e trabalho gerados pela pirataria. E é neste momento de percepção do consumidor em que convertemos usuários. 6) Como fazer para atrair o publico alvo para os serviços do Terra Sonora? Evangelização. No momento que o consumidor percebe os benefícios do Sonora comparados aos preço vantajosos dos planos, não resta dúvida de que é um ótimo negócio. É uma conta simples. Não vale o esforço de baixar torrents. 7) O Terra Sonora oferece algum diferencial para seu público alvo? Qual? Exclusividades onde as músicas estão no Sonora antes de chegar nas lojas. Conteúdo diversificado e local. Acesso a partir de várias interfaces. E principalmente, o único no modelo de negócio de streaming que também permite downloads de músicas sem proteção. E neste caso, o usuário pode toca ro MP3 onde bem quiser. Estamos também presentes em várias telas: PC, iPhone, Android, Playpook, Blackberry (em Janeiro), Sonos, e em alguns modelos de Smart TVs. 8) Como o Terra Sonora percebe a questão do preço do serviço, sendo que hoje é possível baixar gratuitamente? Acho que esta pergunta já foi respondida em outro item. 9) Qual o tipo/estilo de música mais utilizado pelos usuários? No caso do Sonora, no momento, é o Sertanejo Universitário, liderado de longe pela Paula Fernandes. Gospel também é um gênero bastante procurado. 10) Fale um pouco sobre o perfil dos usuários do serviço. Hoje nossa audiência em sua maioria é constituída de jovens adultas. 11) Existe comunidades em redes sociais do Terra Sonora? Quais? e fóruns de discussão? Sim, temos comunidades ativas no Facebook e outras redes sociais. Este ano restruturamos o dpto de Social Media, o que deve refletir numa maior propagação em 2012. Em janeiro reativaremos o Blog do Sonora também.