14-01-2016 Revista de Imprensa 14-01-2016 1. (PT) - Destak, 14/01/2016, Portugal não tem surto de gripe das aves, dizem autoridades 1 2. (PT) - Diário de Notícias, 14/01/2016, Gripe: remédio guardado há sete anos à espera de pandemia 2 3. (PT) - Jornal de Notícias, 14/01/2016, Misericórdias querem saber se serão ressarcidas da perda de hospitais para o Estado 4 4. (PT) - Diário de Notícias, 14/01/2016, Médicos incentivados a quebrar sigilo sobre violência doméstica 5 5. (PT) - Público, 14/01/2016, Saúde quer reduzir para metade quantidade de açúcar nas saquetas 8 6. (PT) - Correio da Manhã, 14/01/2016, Correio da Saúde - Jornalismo e Saúde 11 7. (PT) - Correio da Manhã, 14/01/2016, Família de idoso acusa hospital 12 8. (PT) - Diário do Minho, 14/01/2016, Cápsula endoscópica junta especialistas em Guimarães 13 9. (PT) - Diário do Minho, 14/01/2016, Aeródromo quer reduzir tempo de resposta em situações de emergência 14 10. (PT) - Jornal de Notícias, 14/01/2016, Linha SOS Droga só tem um funcionário para atender queixas 16 11. (PT) - i, 14/01/2016, Cancro deve ser público ou privado? 19 12. (PT) - Público, 14/01/2016, Para que uma morte não tenha sido em vão! 24 13. (PT) - Jornal de Notícias, 14/01/2016, INEM - Presidente avisado para não regressar hoje ao posto de trabalho 26 14. (PT) - Público, 14/01/2016, As facturas que hão-de vir 28 15. (PT) - Público, 14/01/2016, Governo ainda não sabe quanto custam as 35 horas no Estado 29 16. (PT) - Público, 14/01/2016, Misericórdias contestam decisão sobre hospitais 32 17. (PT) - Público, 14/01/2016, O (novo) vírus de Zica que chegou ao Brasil está a alastrar-se 34 18. (PT) - i, 14/01/2016, Putin anuncia medicamento contra ébola 36 A1 ID: 62668697 14-01-2016 Tiragem: 70083 Pág: 6 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,43 x 5,15 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 BRUNO SIMÃO Portugal não tem surto de gripe das aves, dizem autoridades Portugal não tem qualquer foco de gripe das aves e aproibição de comercialização destes animais em alguns mercadoséumamedidadeprevenção, disse o diretor geral de Alimentação e Veterinária, garantindo não existir riscoparaoshumanos.Nomesmodia, a subdiretora-geral da Saúde afirmou que o vírus da gripe A, diagnosticado noHospitaldaGuardaeemSantarém, não é pandémico e é menos perigoso do que o verificado há seis anos. Vírus da gripe A é menos perigoso Página 1 A2 ID: 62667719 14-01-2016 Tiragem: 26684 Pág: 14 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 17,79 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Medicamentos para a gripe em contentores à espera da pandemia Saúde. Milhares de doses guardadas no Laboratório Militar desde 2009. Infarmed tem de fazer análises regulares para certificar eficácia. Mas quando os hospitais precisam têm de comprar ratório Militar. "A reserva continua a existir e mantém-se válida. A validade é determinada pelo LnfarMilhares de doses do medicamen- med, que faz análises regulares em to contra a gripe estão guardados que verifica a condição da subsem contentores no Laboratório Mi- tância. Se mantém as característilitar há sete anos. Foram compradas cas de qualidade, eficácia e seguem 2009, quando a gripe A surgiu rança idênticas às de quando foi pela primeira vez, mas só serão usa- adquirida", explicou ao DN à subdas em caso de pandemia. O oselta- diretora-geral da Saúde. mivir (nome da substância ativa) é o Nos hospitais, este antiviral é antiviral recomendado para o trata- usado para tratar situações mais mento de situações mais graves de complicadas de gripe ou fazer pregripe ou para prevenção, mas quan- venção em casos particulares. Mas do os hospitais precisam. têm de o apesar de Portugal terumareserva comprar. A subdiretora-geral da nacional, ela não pode ser usada. Saúde, Graça Freitas, explica que o "Está fechada em contentores prómedicamento está guardado em prios e só pode ser usada num congrandes quantidades, por isso se os texto de pandemia. O que comprácasos a serem tratados forem pou- mos na altura foi apenas a substâncos, estariam a ser desperdiçadas cia ativa, que é um pó e que não centenas de doses. está separado em doses indiviQuando em 2009 o mundo en- duais. Quando necessário pode ser frentou a pandemia da gripeA, vá- transformado em xarope ou cáprios países compraram milhões de sulas. Se abríssemos um contentor doses de oseltamivir. Portugal ad- para t ratar poucos casos, estaríaquiriu então doses suficientes para mos a desperdiçar todas as outras tratar 25% da população portugue- doses, que já não poderiam ser sa. Uma parte desta reserva estra- usadas", referiu a especialista. tégica foi usada na altura A.restanNo site da DGS está publicada te mantém-se guardada no Labo- uma norma para os médicos, reANA MATA ferindo que o uso do antiviral é uma decisão clínica individualizada e que se insere numa estratégia de "prevenção/ minimização da evolução para doença grave e prevenção / minimização da transmissão da infeção a pessoas de risco". "Os médicos podem prescrever em casos graves, quando os sintomas são mais exuberantes, ou em outras situações que considerem ser a melhor solução", acrescentou. Gripe A é a dominante O vírus dominante este ano está a ser para já o A H1N1 , o mesmo que ficou conhecido por gripe A em 2009. Hoje é publicado um novo relatório do Instituto Ricardo Jorge (INSA), que faz um balanço semanal dos casos de gripe. O último dava conta de 18 casos que tiveram de ser internados nos cuidados intensivos. Ontem o Hospital de Santarém confirmou à Lusa que foram identificados casos de gripe A em alguns doentes e profissionais e no dia anterior a Unidade Local de Saúde da Guarda revelou ter diaposticado 13 casos. VACINAS BE questiona falhas nos centros de saúde > O Bloco de Esquerda (BE) questionou o Ministério da Saúde sobre a falta de vacinas do Plano Nacional de Vacinação nos centros de saúde. "Atualmente, na Guarda, há três vacinas do PNV que se encontram esgotadas há mais de três semanas: Haernophilus influenz,ae do tipo B (H1B), (VIP) e tétano, difteria e tosse convulsa (DTPa). Esta situação de ruturas sucessivas é insustentável e tem de ser definitivamente resolvida", denuncia o BE. Na pergunta, o deputado do BE Moisés Ferreira enumera falhas sucessivas da BCG (vacina para a tuberculose dada aos bebés) e de outras vacinas que originaram várias perguntas durante 2012 e 2013. Graça Freitas afirma que não há razões para alarme. "Gripe A foi o nome que se deu à doença quando o vírus apareceu pela primeira vez em 20091e por ser a primeira vez é que foi considerada pandémica]. Desde então o vírus tem estado em circulação, já não como pandémico, mas como sazonal. As pessoas, que são os hospedeiros, mudaram de perfil. Não estamos tão frágeis porque fomos adquirindo imunidade, quer por-contacto com ele quer através da vacinação. Desde 2009 que este vírus faz parte da vacina", explicou a especialista. Quando surgiu, este vírus atingiu pessoas mais novas, ao contrário de outros vírus da gripe, que normalmente têm efeitos mais graves erit idosos. Segundo Graça Freitas, ainda é cedo para se perceber se essa é uma tendência que se mantém, apesar de 70% dos 18 casos internados nos cuidados intensivos serem de pessoas entre os 15 e os 64 anos. "Os números ainda são pequenos e esta é uma faixa etária alargada. Também existem doentes mais velhos internados. Não se pode tirar uma conclusão", disse. Para casos muito graves, internados nos cuidados intensivos, há ainda um outro medicamento, o zanamivir, que também tem uma reserva estratégica nacional com um número pequeno de doses para estarem disponíveis de forma imediata para responder a situações "de reconhecida gravidade clínica em que o início da terapêutica é um fator prognóstico decisivo". Segundo a norma da DGS, esta reserva está armazenada na Farmácia do Hospital de Santa Maria. Página 2 ID: 62667719 14-01-2016 Tiragem: 26684 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,49 x 3,89 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 SOM Gripe: remédio guardado há sete anos à espera de pandemia PORTUGALPAG.14 Página 3 A4 ID: 62667892 14-01-2016 Tiragem: 75041 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,02 x 8,61 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Saúde Misericórdias querem saber se serio ressarcidas da perda de hospitais para o Estado • As misericórdias a quem tinha sido atribuída a gestão dos hospitais de Santo Urso e S. João da Madeira, pelo Governo PSD/CDS-PP. querem saber se vão ser compensadas pela decisão do Ministério da Saúde de anular o compromisso. Segundo Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas, foi feito um "investimento significativo", por exemplo na aquisição de equipamentos. "As duas misericórdias deram-me conta dos gastos que tinham tido e perguntaram-me como é que era", disse ao IN. Na segunda-feira, a tutela fez saber que anulou a transfe rència da gestão por "fundadas dúvidas sobre a efetiva defesa do interesse público" . Página 4 A5 ID: 62667829 14-01-2016 Tiragem: 26684 Pág: 18 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Médicos incentivados a denunciar violência doméstica Crime. Ordem permite que médicos protejam a vida das vítimas sem violar o segredo profissional e arriscar processos disciplinares OM explica que "este parecer vem clarificara atual situação e vem reforçar a confiança das pessoas Os médicas vão poder quebrar o se- quando vêm tomar estas decisões. gredo profissional e denunciar Os médicos podem fn7Pr alguma situações de violência doméstica coisa quando se depararem com espara protegera vida das vítimas. Até tes casos", explica ao DN. aqui, arriscavam processos discipliAté aqui, e como refere o parecer, nares e judiciais se apresentassem só existia violação do dever de sequeixas sem autorização. gredo se a revelação não fosse aceiUm parecer do departamento ju- te pela vítima O código deontológirídico da Ordem dos Médicos (OM) co apenas permitia a comunicação vem clarificar a situação atual, às autoridades policiais ou instânabrindo a possibilidade de os médi- cias sociais competentes das situacos quebrarem o segredo profissio- ções"de maus-tratos, sevícias ou asnal e efetuarem denúncias sempre sédio" que envolvessem pacientes que a integridade física da vítima menores, idosos, deficientes ou possa estar em risco. O documento pessoas incapacitadas. Estas situaem causa surgiu na sequência de ções seriam ás únicas exceções ao dúvidas levantadas por uma médi- segredo profissional e não se aplica de família, que foi confrontada cavam a vítimas maiores de idade com o caso de uma víou capazes. tima. A médica quesNeste caso, o paretionou a OM sobre a cer refere-se a agresParecer surgiu possibilidade de quesões físicas entre cônbrar o sigilo e sobre os na sequência de juges e companheiprocedimentos a seros, geralmente mudúvidas de uma guir de forma a apre- médica de família lheres. Só em rasos exsentara queixa. Por últremos os clínicos potimo, perguntou se era diam requerer ao baspossível conduzir a vítonário a escusa de sitirna em causa gilo e fazer a denúncia Agora a OM O documento, publicado na Re- 'refere que situações emergentes de1,Ésra Ordem dos Médicos e que foi vem ser "imediatamente comuniaprovado em Conselho Nacional uidas às entidades de investigação Executivo, é claro quanto às primei- criminal". Mas cada caso deve ser ras questões. "Em todas as situações põnderado, avaliando se podem em que a intensidade ou a reitera- acarretar o aumento do perigo para ção da conduta do agressor são evi- a saúde ou vida davftima. dentes e põem em causa, de forma O presidente daAssociação Porgrave, a saúde, a integridade física tuguesa de Apoio Witima (APAV), ou a própria vida da vítima, poderá João Lázaro, diz que em termos geo médico (...) desvincular-se do se- rais esta" é uma boa notícia, porque gredo e efetuara denúncia lá a con- admite que se pondere uma dedução para uma associação de núncia em nome da saúde e da vida apoio não pode ser feita sem o con- das vítimas. A exceção até aqui era sentimento expresso" da vítima. apenas em casos extremos e meMiguel Guimarães, presidente diante autorização do bastonário". do Conselho Regional do Norte da Estas regras vêm "clarificar, criar DIANA MENDES e RUTE COELHO Um crime público que deve ser denunciado CAMPANHAS No ano passado, 29 mulheres cncrniramem PortugalvItimas devidênela. Em =Moram 42. Todos os anos, organizações nacionais e Internacionais lançam campanhas can- um protocolo de atuação, mas apenas se admitem os casos de violência reiterada ou extrema, porque prevalece sempre o dever de confidencial idade". O próximo passo a dar será criar uma rede de sinalização. "Tem de haver um protocolo, já que não de- 13X rápido O Código Deontológico só permitia a comunicação de casos com menores, idosos ou pessoas incapacitadas. Ordem dos Médicos refere que situações emergentes entre cônjuges devem ser I o go comunicadas. Um padre também não pode violar o segredo da confissão para reportar um caso de violência doméstica. tra a violência doméstica, como aquela que se vê na foto, criada na Rússia, onde uma grande percentagem de mulheres sofrem algum tipo de violência. O grande objetivo á sensIbill- verá ser o médico a fazer a queixa ao Ministério Público. Tem de haver alguém a fazer esta denúncia nas unidades de saúde." Práticas diferentes Miguel Guimarães diz que "em determinadas circunstâncias passa a ser possível comunicar estes casos. Não havia consenso e as práticas eram diferentes. Sempre que nos deparamos com situações destas temos o dever de questionar os doentes, é a nossa obrigação ética". No decurso da prática clínica "deparamo-nos com sinais de violência na observação fisica, como as equimoses, mas também percebemos pela conversa com os doentes. Muitas vezes lançam sinais, como dizer que a vida está muito complicada ou que em casa não têm tempo para nada". Na sua opinião, "todos ou quase todos os médicos já se depararam com situações de violência, mas ficavam sempre numa situação complicada. Por um lado, têm o dever ético e moral de denunciar. Por outro, temos por vezes uma pessoa que nos pede por Deus para não divulgar". O médico do Porto já se de- zar as pessoas para um crime que é público e que deve ser denunciado. No final de 2015, o artista Italiano Alexsandro Palombo juntou-se a celebridades, como Angelina Jolie, parou com duas situações deste tipo. "Em ambas tive autorização para denunciar, mas fi-lo ao chefe de equipa, porque ainda era interno geral. Se não houvesse autorização era mais complicado." Falta agora "ter mais tempo na consulta. "Se houvesse, certamente teríamos mais casos." Médicos e padres são exceção Os médicos "não têm o dever de denúncia obrigatória" dos casos de violência doméstica que chegam aos centros de saúde, consultórios privados ou hospitais públicos ou privados, apesar de se tratar de um crime público. Fonte do Ministério Público (MP) explicou ao DN que os clínicos" incorrem em processos disciplinares se violarem o segredo profissional" para denunciar às autoridades que uma paciente foi vítima de agressões domésticas. O crime de violação do segredo profissional, previsto e punido no Código Penal, só pode ser justificado se o ato de violência que o médico denunciar for muito mais grave do que a quebra do sigilo, que representa o elo sagrado com os doentes. Segundo a mesma fonte, a única Página 5 ID: 62667829 14-01-2016 RETRATO 70 mortes > Mulheres que foram mortas pelos cônjuges nos últimos dois anos: 42 em 2014 e 28 em 2015, segundo os dados do Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR. 37 casas abrigo > O Estado Português tem uma rede nacional de 37 casas-abrigo para vítimas de violência doméstica. Estes refúgios são de localização secreta. 16 881 denuncias > Número de casos de violência doméstica registados pela Associação de Apoio à Vitima .(APAV) em 2014. Porser crime • público, pode ser denunciado por qualquer pessoa. Madorna e MIley anis. Pediam que »quebrasse oallincioErn20:12,1ana campanha chocante fana na Rússia resultou em mis de dezrra pedidos de ~mações de mulheres. forma de os médicos se precaverem e evitarem processos disciplinares é darem conhecimento do caso concreto ao Conselho de Deontologia da Ordem dos Médicos. Se for uma situação muito urgente, em que o clínico desconfie de que pode estar em risco avida da vítima, deve então comtinicarà0Mquevaiviolar o segredo para denunciar às autoridades um caso muito grave. O sigilo médico está pressuposto em todos os atos médicos, sejam praticados mim hospital público ou num privado. Os enfermeiros e outros profissionais de saúde também não estão obrigados a comunicar os casos de violência doméstica. Um padre também não pode violar o segredo da confissão para reportar um caso destes. Só o pode fazer com a autorização doVaticano (ver texto ao lado), esclareceu a fonte do lvIP Só os polícias e magistrados (juízes e procuradores) têm o dever de comunicar o crime de violência doméstica às autoridades. A violação do segredo profissional acarreta não só responsabilidade disdplinar, mas também responsabilidade civil, com pena de prisão até romano. 3279 participações por ameaça ►E um dos crimes com maior expressividade no universo da violência doméstica. Foram 3279 as participações em 2014, segundo a Associação de Apoio à Vítima. 7314 vítimas do sexo feminino As mulheres representam 82.3% dos casos, segundo o relatório anualda Associação de Apoio à Vítima de 2014.0 relatório de 2015 não está disponível. 1519 vítimas do sexo masculino Os cri mes de violência doméstica contra homens representam 17,1% do total de casos registados,segundo o mesmo relatório anual da Associação de Apoio à Vítima, datado de 2014. Tiragem: 26684 Pág: 19 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 Psicólogos e advogados admitem quebras excecionais, padres não para o outro, que podem justificar a quebra", explicou ao DN o bastonário da Ordem dos Psicólogos (OP), Teimo Mourinho Batista, ressalvando, no entanto, que é algo que "não se faz de ânimo leve". Nesse caso, não é necessária autorização da OP"Muitasve2P.s, não há tempo para consultar ninguém", justifica. PROFISSÕES Só em casos muito extremos pode ser quebrado o sigilo profissional de psiéólogos e advogados. Na Igreja não é possível Se um cliente convencer o advogado de que vai mata/ alguém, o profissional poderá quebrar o sigilo profissional. Mas caso decida fazê-lo, deverá pedir autorização ao presidente do conselho regional. Esta será uma das raras exceções para a violação do segredo profissional, considerado o pilar da advocacia. No caso dos psicólogos, o sigilo profissional também só deverá ser violado se em causa estiverem danos para o próprio utente ou para terceiros. Já os padres não podem nunca quebrar °segredo da confissão, mesmo que lhes revelem um crime. "O cidadão comum tem de ter a certeza absoluta de que o que conta ao advogado nunca irá ser revelado a quem quer que seja", diz Rui da Silva Leal, vice-presidente da Ordem dos Advogados (0A). Mesmo que o cliente peça ou exija ao advógado que revele as informações transmitidas, este "continua sujeito ao segredo profissional." De outra forma, o cidadão não poderia ter a certeza de que "pode contar todos os factos ao advogado, porque só assim é que ele consegue defender os seus interesses e direitos." Em 33 anos de advocacia, Rui da Silva Leal nunca esteve perante uma situação que o tivesse levado a violar o segredo profissional. Mas há casos em que os advogados pedem que seja levantado, nomeadamente quando querem passar a testemunhas. Nesse caso, solicitam ao presidente do conselho regional autorização prévia para o fazerem. "A OA é muito exigente nesta matéria. É raríssimo conceder dispensa ao sigilo profissional", adianta o vice-presidente da 0A. Só quando "não existe outra maneira de fazer prova" poderá ser concedida. Quando um cliente confessa ao advogado que matou alguém mas que não quer admitir o crime. o advogado não poderá quebrar o sigilo. No entanto, o cenário é diferente se o homicídio ainda não tiver ocorrido. "Se convencer o advogado de que vai matar, este deve agir de imediato", frisa. Isto porque "a vida é o bem jurídico mais importante de todos". Além de contactar as autoridades, o advogado terá de pedir autorização ao presidente do conselho regional. Caso não lhe seja concedida, poderá agir, arriscando-se a uma infração disciplinar. Quando está em causa avida humana, os psicólogos também po- Teimo Mourinho Batista diz que psicólogos podem violar sigilo em casos de perigo de vida dem violar o sigilo profissionaL Diz oCódigo Deontológico que á não manutenção daconfidencialidade se justifica quando "existir uma situação de perigo para o cliente ou para terceiros que possa ameaçar de uma forma grave a sua integridade ffsica ou psíquica". "É um requisito fundamental para a profissão, mas há situações de grande gravidade, que envolvem danos extensos para o próprio ou E uma questão que se põe, sobretudo, em situações de suicídio. Já no que diz respeito aos padres, o segredo da confissão não pode nunca serviolado."É sagrado. Não pode ser quebrado em nenhuma circunstância", disse ao DN o padre Carreira das Neves. No entanto, quando está perante um crime, "o padre dá conselhos e diz à pessoa para mudar de vida e se apresentai, às autoridades". Manuel Barbosa, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, confirma que "está no direito canónico", pelo que quebrá-lo significava "quebrar toda a dimensão sacramental". JOANA CAPUCHO Página 6 ID: 62667829 14-01-2016 Tiragem: 26684 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,39 x 7,89 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Médicos incentivados a quebrar sigilo sobre violência doméstica ~são.Médicos ficam livres do segredo profissional sempre que tenham suspeitas de violência doméstica sobre doentes. Até agora arriscavam processo disciplinar e judicial se denunciassem sem autorização. —.—.-GE PAGS le E19 Página 7 A8 ID: 62667478 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,44 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Açúcar no café? Saúde quer reduzir quantidade dos pacotes para metade Esta é a primeira proposta de um lote de medidas lançadas pela Direcção-Geral da Saúde para reduzir o consumo de açúcar. Embalagens individuais vão passar de oito para quatro gramas de açúcar Saúde Alexandra Campos Servirem-lhe um café sem o tradicional pacotinho de açúcar ou apresentarem-lhe uma embalagem com metade da quantidade habitual nos restaurantes pode tornar-se realidade num futuro bem próximo. A Direcção-Geral da Saúde (DGS) acaba de entregar esta proposta “revolucionária” no gabinete do ministro Adalberto Campos Fernandes: a ideia é reduzir para metade ou menos de metade (dos actuais oito gramas para apenas quatro ou três gramas) a quantidade de açúcar das embalagens individuais (saquetas) servidas na restauração e tornar obrigatório que estes pacotes apenas sejam disponibilizados aos clientes se o pedirem expressamente. “Apesar de já existirem embalagens com menos açúcar [no mercado], pretende-se que a redução para três ou quatro gramas passe a ter carácter vinculativo, obrigatório, e que estes pacotes não sejam distribuídos de forma passiva aos cidadãos, para evitar o desperdício, que se estima em cerca de 40%”, justifica ao PÚBLICO o director-geral da Saúde, Francisco George. Mas esta proposta é apenas a primeira de um lote de medidas que visam reduzir o consumo de açúcar e, consequentemente, diminuir a taxa de doenças crónicas, especialmente a diabetes tipo 2 e a obesidade, dois dos principais problemas de saúde pública em Portugal, afirma. Apesar de a medida ainda ter de ser discutida e passar pelo crivo dos responsáveis do Ministério da Economia, e de se seguir depois todo um processo legislativo, Francisco George acredita que tem todas as condições para se materializar num futuro próximo. O director-geral assume que não tem medo de polémicas: “A economia não pode estar contra a saúde dos cidadãos. Se há provas de que o açúcar está na origem de problemas graves, tem que haver uma aliança estratégica”. Uma aliança que envolva não só os sectores da saúde, da economia e da indústria, mas “to- Bebidas açucaradas Vendas por país em 2014, (kcal/pessoa/dia) 1.º Chile 2.º México 3.º EUA 4.º Argentina 5.º A. Saudita 6.º Alemanha 7.º Holanda 8.º Eslováquia 9.º Áustria 10.º Brasil (...) 24.º Portugal (...) 52.º Vietname 53.º Indonésia 54.º Índia 188 158 157 135 118 96 95 93 93 90 71 14 13 5 Fonte: Euromonitor Passport International PÚBLICO dos os cidadãos, pais, avós, filhos”, elenca. “Sabemos que há uma relação estreita entre o consumo de açúcar e a diabetes tipo 2 e sabemos que todos os anos há 60 mil novos casos de diabetes”, num país em que se estima que cerca de um milhão de pessoas sofra já desta doença crónica, enfatiza George. Este é um primeiro passo, idealiza, de “um processo educativo que visa a promoção de mais literacia e autocuidados que possam conduzir à redução da diabetes e da obesidade”. É até “um primeiro sinal” para chamar a atenção da população para o facto de” haver aqui um problema”, diz o médico, que acredita que o processo vai “avançar rapidamente”, idealmente “ao longo do primeiro trimestre” deste ano. Crianças e muito açúcar A proposta foi desenvolvida no quadro de um programa a que a DGS chama “Uma nova ambição para a saúde pública” e os trabalhos estão “na fase inicial”. Seguir-se-ão, depois, as outras medidas que Francisco George prefere, por enquanto, Director-geral da Saúde acredita que dentro de três meses os pacotes de açúcar terão metade da quantidade Intolerância à lactose “é moda”, diz especialista Consumo de Leite e Lacticínios — O que Pode Estar a Mudar foi o tema de um sem A endocrinologista Isabel do Carmo afirma que a suposta intolerância à lactose é uma moda, para a qual não existe qualquer fundamento científico. Este foi o tema que a especialista tratou ontem durante o seminário Consumo de Leite e Laticínios — O que Pode Estar a Mudar. Segundo explicou, há milhares de anos que os europeus possuem uma enzima chamada lactase, que desdobra a lactose, e permite ao organismo transformar este açúcar presente no leite, pelo que considera que “a história da intolerância ao leite está mal contada”. “A mutação tem sete mil anos. E não há nenhuma mutação actual ao contrário. A intolerância é uma moda, que suspeito seja influência da indústria norte-americana de produção de soja e leite de soja”, afirmou. Isabel do Carmo aconselha a que quem suspeitar de intolerância faça testes para confirmar, porque o leite tem um valor nutricional como nenhum outro, sendo um alimento completo para crianças e quase completo para o adulto. A mesma ideia defende Pedro Graça, da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, adiantando que o leite, que fornece “uma série de nutrientes de forma muito concentrada”. “O leite é também um produto Página 8 ID: 62667478 14-01-2016 RICARDO CAMPOS Tiragem: 32431 Pág: 13 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,62 x 26,67 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 não divulgar e que se inserem no tal programa de “educação para a saúde”. Estas medidas passam por um aumento das taxas dos produtos alimentares com excesso de açúcar, como tinha chegado a ponderar o anterior secretário de Estado e ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa (e que se estendiam ao sal em excesso)? Francisco George não responde. O mais importante, nesta fase, é chamar a atenção para “o risco” que o excesso de açúcar representa para a saúde, defende. O médico recorda que o açúcar é ingerido não só da forma mais evidente, como a dos pacotinhos e do açúcar refinado em geral, e que é preciso levar também em conta as quantidades consumidas através de produtos como os refrigerantes ou os alimentos sob a forma de sobremesas. “O consumo de açúcar conduz 6 Segundo a OMS, o total de açúcar adicionado aos alimentos não deve ultrapassar as seis colheres de chá por dia. Um refrigerante pode conter dez 25% O consumo de açúcar pelas crianças portuguesas aproxima-se dos 25% da energia ingerida diariamente, ou seja cinco vezes acima dos 5% ideais minário relativamente barato, o que é importante numa altura de grandes desigualdades sociais. O leite é democrático, acessível a todas as bolsas”, acrescentou o também director do Programa Nacional de Alimentação Saudável. Relativamente à intolerância à lactose, salienta que sempre houve, mas não tem certezas de que esteja a aumentar, embora, no seu conjunto, as alergias tenham vindo a aumentar. ao consumo de insulina do pâncreas e a insulina gasta-se. É como as minas de ouro”, compara, sublinhando que um simples refrigerante açucarado de tamanho convencional (350 ml) tem “três, quatro ou até cinco pacotes de açúcar”. Em Março de 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tomou uma posição e recomendou que o consumo de açúcares simples adicionados à alimentação se mantivesse abaixo de 10% das calorias ingeridas diariamente, aproximando-se idealmente de 5% do total de energia consumida. Isto significa que o total de açúcar adicionado aos alimentos (por exemplo em refrigerantes, sobremesas, cereais de pequeno-almoço) não deverá ultrapassar as seis colheres de chá de açúcar por dia. Uma lata de refrigerante tradicional pode conter dez colheres de chá de açúcar. Segundo a OMS (que se baseia nos últimos estudos disponíveis), o consumo de açúcar pelas crianças portuguesas aproxima-se dos 25% da energia ingerida diariamente, ou seja, cinco vezes acima dos 5% ideais. Estudos recentes, como o EPACI (Estudo do Padrão de Alimentação e de Crescimento na Infância), desenvolvido em parceria pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, a Faculdade de Medicina e o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, e o Geração 21 indicam que as crianças portuguesas começam a consumir doces muito cedo, logo a partir dos 12 meses. Aos quatro anos, mais de metade bebe já refrigerantes açucarados todos os dias e 65% comem doces diariamente. Já no que toca a vendas de refrigerantes calóricos, Portugal situava-se um pouco abaixo do meio da tabela numa lista de mais de meia centena de países estudados pela Euromonitor International em 2014 (ver gráfico). Os maiores consumidores eram os chilenos, os mexicanos e os norte-americanos e os menores, os indianos. Petição em 2011 Esta não é, porém, a primeira vez que a ideia de reduzir a quantidade de açúcar nas embalagens individuais é debatida em Portugal. Em 2011, um grupo de quatro alunos da licenciatura em Gestão e Concepção de Políticas Hospitalares do Instituto Politécnico de Tomar chegou mesmo a lançar uma petição pública, propondo que as embalagens individuais de açúcar fossem reduzidas por razões “de saúde pública”. Na sequência desta iniciativa, o Parlamento ainda ouviu várias entidades, mas a ideia não chegou a avançar porque se concluiu então que a indústria já estava a reduzir a quantidade de açúcar nos pacotes de forma voluntária. Na altura, o que se pretendia era que as embalagens passassem a conter um máximo de seis gramas de açúcar. O que os peticionantes propunham era que fosse alterado um decreto-lei de 2003, introduzindo um limite máximo de seis gramas para os pacotes de açúcar, como “forma de combater alguns problemas de saúde, nomeadamente, a diabetes, a obesidade, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, cujos tratamentos têm um peso significativo para a saúde”. Página 9 ID: 62667478 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 18,83 x 7,98 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Saúde quer reduzir para metade quantidade de açúcar nas saquetas A Direcção-Geral da Saúde entregou uma proposta ao ministro Adalberto Campos Fernandes para reduzir para metade a quantidade de açúcar das embalagens individuais servidas nos cafés e restaurantes Portugal, 12/13 Página 10 A11 ID: 62668196 14-01-2016 Tiragem: 142529 Pág: 17 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,22 x 28,54 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 CORREIO DA SAÚDE José Manuel Silva BASTONÁRIO DA ORDEM DOS MÉDICOS Jornalismo e Saúde c ertos comentários jornalísticos ao triste caso da morte por aneurisma no Hospital de S. José surpreenderam-me. Interrogo-me como é possível alguns jornalistas revelarem tanta falta de informação, mas ainda assim escreverem imediatamente sem cuidar em se informar com rigor, comentarem sem questionar as pessoas envolvidas, colocarem publicamente perguntas para as quais não se preocuparam em ouvir previamente as respostas, opinarem de cátedra altaneira sem sólidos alicerces, falhando a verdade. Algo está errado. O meu telefone está sempre OS CORTES NA SAÚDE LEVARAM, MAIS UMA VEZ, A PERDA DE VIDAS HUMANAS disponível para os jornalistas. Alguns comentadores, felizmente poucos, procuraram fazer dos profissio nais de saúde o bode expiatório das irresponsabilida des e incompetências políticas, administrativas e organizativas do anterior Ministério da Saúde, procurando alijar as óbvias culpas dos verdadeiros responsáveis políticos e justificar os cortes na Saúde, para cujo exagero a Ordem dos Médicos avisou repetidamente e que levaram, lamentavelmente e mais uma vez, à perda de vidas humanas. Quem quiser ler o longo e explicativo editorial que escrevi para a Revista da Ordem dos Médicos pode fa zê- lo em https: / /www.fa cebook . com noseManuel Silva0M . • Página 11 A12 ID: 62668049 14-01-2016 Tiragem: 142529 Pág: 48 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 7,43 x 5,05 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 GUIMARÃES FAMÍLIA DE IDOSO ACUSA HOSPITAL amiliares de um homem de 100 anos acusam o Hospital de Guimarães de não ter prestado os devidos cuidados ao idoso, que acabou por morrer naquela unidade de saúde. Segundo os queixosos, o homem terá fitado várias horas ao abandono na Urgência, o que é negado pelo hospital, que, através de fonte oficial, garantiu que foi prestada toda a assistência ao homem, que tinha vários problemas de saúde decorrentes da idade. F Página 12 A13 ID: 62669690 14-01-2016 Tiragem: 8500 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 13,40 x 30,80 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 ENCONTRO IBÉRICO Cápsula endoscópica junta especialistas em Guimarães A contro, bem como estabelecer uma ampla troca de experiências entre os especialistas nesta área, de forma a melhorar a qualidade assistencial. Serão ainda apresentados importantes resultados decorrentes de investigação clínica. Nas palavras de José Cotter, «espera-se uma Médicos portugueses e espanhóis trocam experiências. testino delgado era muito difícil, uma vez que se trata de um órgão de difícil acesso. Hoje, através da cápsula endoscópica, a visualização do seu interior é efetuada «em tempo real». Trata-se de uma técnica mais fácil, mais precisa, mais cómoda e mais rápida, permitindo ao especialista aceder a áreas do tubo digestivo que anteriormente estavam muito dificultadas. Uma boa notícia, dado que as doenças que acometem este órgão são muito debilitantes da qualidade de vida dos seus portadores ou podem mesmo pôr em DR XIV Reunião Ibérica de Cápsula Endoscópica vai realizar-se em Guimarães, sábado dia 16, e será dirigida por José Cotter, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia (SPG). O fórum irá centrar-se nos temas relativos à cápsula endoscópica, fundamentais para a prática clínica gastrenterológica. Aquela reunião destina-se a médicos gastrenterologistas portugueses e espanhóis e, devido ao prestígio alcançado pelo encontro, irão deslocar-se a Guimarães médicos gastren- Encontro promove e debate enormes desenvolvimentos científicos terologistas brasileiros, num fórum que permitirá juntar cerca de duzentos especialistas altamente qualificados. Fazer um "estado da arte" sobre os enormes desenvolvimentos decorridos nos últimos tempos referentes às doenças do intestino delgado e ao seu diagnóstico, nomeadamente a doença celíaca, doença de Crohn, hemorragias digestivas com origem no intestino delgado e tumores do intestino é um dos objetivos do en- reunião de excelente nível científico e um momento único de troca de experiências entre os gastrenterologistas ibéricos que têm afinidade com esta técnica endoscópica». A enteroscopia por cápsula é um meio de diagnóstico não invasivo, cómodo e muito informativo, sendo considerado o método auxiliar de primeira escolha para o estudo das doenças do intestino delgado. Antes do seu aparecimento, o diagnóstico das patologias do in- risco a própria vida. O exame de diagnóstico destina-se a doentes com suspeita de doença de Crohn ou doença confirmada, doença celíaca, anemia, hemorragia digestiva com origem no intestino delgado, pólipos e tumores do intestino delgado e encontra-se disponível na maior parte dos serviços modernos de gastrenterologia. A cápsula endoscópica constitui-se também como um método diagnóstico alternativo. Página 13 A14 ID: 62669523 14-01-2016 Braga Este simulacro vai-nos permitir completar o plano de emergência. Tiragem: 8500 Pág: 3 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 30,80 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 2 Foi um exercício que correu dentro da normalidade esperada. CÍCERO PEIXOTO HERCÍLIO CAMPOS rita cunha Aeródromo Municipal de Braga pretende diminuir o tempo de resposta a situações de emergência. A aquisição de um veículo para o transporte de equipamentos de primeira intervenção e melhorias ao nível das comunicações móveis poderão fazer parte da solução. A pretensão foi avançada ontem pelo diretor do equipamento municipal, Cícero Peixoto, após a realização de um simulacro que serviu para testar a capacidade de reação do aeródromo para fazer face a várias situações de emergência. Esta era a etapa que faltava para a conclusão do plano de emergência daquele espaço. O alerta para a aterragem mal sucedida de uma aeronave com seis tripulantes foi dado às 10h00 em ponto. Dando conta da ocorrência, que provocou um pequeno incêndio, o vigilante deslocou-se para o local do sinistro e, pelo caminho, informou o 112 e o CDOS. Depois de assistidos no local, os três feridos – um dos quais em estado grave – foram transportados para o Hospital. No final do teste, o diretor do aeródromo explicou que este serviu para definir o plano de emergência daquele equipamento. «Estamos certificados desde 2013, mas tínhamos esta lacuna e com este simulacro conseguimos ter um plano para responder às exigências de um aeródromo desta Avelino Lima Avelino Lima O Avelino Lima Avelino Lima Aeródromo quer reduzir tempo de resposta em situações de emergência Simulacro testou os meios de socorro após uma aterragem mal sucedida de uma aeronave com seis tripulantes, três dos quais feridos classe», explicou. Segundo Cícero Peixoto, as lacunas detetadas «não são muitas» e podem ser colmatadas «se melhorarmos o tempo de resposta, que foi o que correu menos bem», apesar de este «nunca ser o ideal». «Penso que no futuro podemos melhorar isso em termos de equipamentos e de formação dos vigilantes», disse o responsável, dando como possíveis soluções a aquisição de um veículo para chegar mais rapidamente ao portão, facilitando o acesso aos meios de que o aeródromo dispõe, e de «alguns meios de comunicação móveis» que permitam a realização de tarefas em simultâneo. Nesta operação, que serviu também para testar a coordenação entre os meios de socorro, estiveram envolvidos cerca de 40 elementos de 14 entidades, entre as quais os Bombeiros Voluntários e Sapadores de Braga, o Hospital de Braga, a GNR, a Polícia Municipal, a Autoridade Nacional de Proteção Civil, o CDOS, o INEM e a Cruz Vermelha Portuguesa. À margem do simulacro, o comandante operacional do distrito de Braga explicou que estes exercícios «são sempre positivos», quer corram bem ou mal, porque é através deles «que percebemos as lacunas que podem existir», podendo regularizar as situações «a curto prazo». «Foi um exercício que correu dentro da normalidade esperada, com os meios em excesso que foram introduzidos porque no momento atual o plano do aeródromo ainda não está concluído, o que quer dizer que no próximo já teremos atrás de nós o apoio de um plano de intervenção do próprio aeródromo», afirmou Hercílio Campos. A comandar as operações esteve João Felgueiras, comandante dos Bombeiros Sapadores de Braga, que lembrou a importância dos simulacros na correção de anomalias. Também a vereadora Sameiro Araújo assistiu ao exercício, tendo sublinha- do a eficiência dos meios envolvidos. «Isto é importante para que estejamos prontos a responder da melhor maneira», disse. Atualmente, o aeródromo de Palmeira é frequentado por cerca de 30 aeronaves, registando um aumento da afluência, que é superior aos fins de semana. Segundo o diretor, Cícero Peixoto, não têm sido frequentes os acidentes, sendo que o último com uma aeronave ocorreu em 2012, no exterior do recinto. Página 14 ID: 62669523 14-01-2016 Tiragem: 8500 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,91 x 3,79 cm² Âmbito: Regional Corte: 2 de 2 Aeródromo quer reduzir tempo de resposta em situações de emergência BRAGA P.03 Página 15 A16 ID: 62667783 14-01-2016 Tiragem: 75041 Pág: 4 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 flash: Há mais de dez anos que as linhas têm vindo a perder meios Primeiro Plano Luis Patricia Psiquiatra especialista em adições Saúde Linha de apoio a comportamentos aditivos e dependências continua a ter procura apesar do atendimento limitado. Diretor do SICAD diz que é preciso pensar na eficácia SOS Droga só com uma pessoa para atender telefones Dias Mamata [email protected] ►A Linha Vida SOS Droga está a funcionar a meio gás. Na prática, um só psicólogo está a assegurar o atendimento telefónico apesar da intensa procura. na ordem das 7500 chamadas/ano, ou seja, mais de 20 por dia. O apoio aos problemas de comportamentos aditivos e dependências tem vindo a ser reduzido desde 2009, quando ali trabalhavam cinco técnicos. A coordenadora justifica a redução de profissionais com os cortes na Administração Pública. Há meses que a linha da chancela do SICAD - Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependência. tem um técnico exclusivamente dedicado à receção de chamadas. Teoricamente estão duas pessoas neste serviço, mas a baixa do segundo elemento. com meses, não motivou a sua substituição. Somente quando o único técnico que está a trabalhar avisa da sua ausência se opta por desviar alguém de outro serviço, mas também nem isso é regra. Aconteceu recentemente a técnica faltar durante a manhã e a linha ficar a descoberto, deixando chamadas por atender. A linha 1414, que é gratuita. recebe chamadas de pais preocupados com os consumos dos filhos, sobretudo de meios desfavorecidos e das periferias; de avós desconfiadas com a mudança de comportamento dos netos; de jovens interessados em desfazer dúvidas sobre o efeito das drogas ou que querem saber como podem recorrer a uma ajuda presencial; e ultimamente auxilia utentes com problemas de jogo - isto desde que o número passou a estar inscrito nos boletins dos logos Santa Casa. Além do apoio psicológiko propriamente dito, o técnico encami- nha os utilizadores para as possíveis respostas dentro do universo do SNS. A Linha Vida SOS Droga - uma das mais antigas, que arrancou em Lisboa e Porto, em 1988, com a designação Linha Aberta - chegou a ter horário alargado até às 24 horas. Foi assim no início e em 2000. Hoje funciona apenas das 10 às 18 horas. O alerta para o desinvestimento na 11- •••nr - ••%•• • kaMma Almom Iffill.9.8~~11.11rfercori~~ %P. •••• • r.,-- 1 , ".• com tinhas desatualizadas RETRATO No Portal da Saúde, a consulta da página onde se encontram as linhas de apoio tem informações erradas. A linha "Medicamentos e Gravidez" nem sequer tem telefone atribuído: o espaço está em branco. O contacto da Linha SOS - Deixar de Fumar revela-se uma frustração, pois ninguém atende do outro lado, assim como outro telefone fixo associado a urna Unha Contra o Cancro. Ao lado desta, porém, a Unha Cancro (da Liga Contra o Cancro) funciona, entre outras. Contactado pelo 1N, o Ministério refere que "foi efetuado um levantamento de todas as linhas telefónicas e informada a SecretariaGeral para atualizar a informação". Pais e avos contactam o servico na busca de Informaçao profissional sobre a melhor forma de lidar com os consumos dos filhos e netos nha já tem anos. Em 2013, o relatório de atividades apontava 8155 chamadas/ano e referia uma ligeira diminuição no número de contactos face ao ano anterior (9148, em 2012). "Apesar desta ligeira diminuição", dizia, "a perceção dos técnicos é de um aumento na procura do serviço, considerando que, no final de março de 2013, se verificou uma redução da equipa de atendimento - passando de 5 para 3 elementos - e uma redução do horário de atendimento em 2 horas diárias". O relatório de 2014 apontava 7860 chamadas. Em 2015. segundo a coordenadora Patrícia Pissarra. terão sido 7500, "um valor semelhante ao do ano anterior" e 200 a 300 emitis, que terão diminuído. A redução de técnicos no serviço de atendimento é justificada pela conjuntura. "Toda a Administração Pública sofreu cortes nos últimos anos". A coordenadora diz que "trabalham dois técnicos a tempo inteiro no serviços, mas que são quatro os que estão ligados a este tipo de aconselhamento". A Sexualidade em Linha, outra linha no ativo desde 1998. possui uma equipa de quatro pessoas: atendeu 2896 chamadas em 2015 e deu resposta a 1300 emails. Tem havido "uma sangria nos recursos humanos". reconhece João Goulão, fruto das dificuldades dos últimos anos em contratar. Apesar de tudo, o diretor do SICAD assegura que tem havido capacidade de atendimento, tendo em conta que se 'trata de uma linha de aconselhamento e não de emergência. O atendimento direto continua a ser útil, mas não é uma coisa dramática no sentido em que não se trata de uma resposta de emergência. O que temos de fazer é também pensar na eficácia deste tipo de atendimento", diz, revelando que o SICAD está "a trabalhar na exploração de sinergias com outras linhas telefónicas". • Página 16 ID: 62667783 A Linha Vida SOS Droga tem só um técnico e há queixas de que muitas chamadas ficam por atender. Tem conhecimento de dificuldades no funcionamento? São muito poucas as referências à existência da linha. Ocasionalmente ouvi referências de pais que pediram ajuda. Quanto aos doentes em geral não falam dessa linha. Apenas uma exceção de alguém que terá pedido um esclarecimento e que não se sentiu esclarecido. 14-01-2016 Acha que tem havido desinvestimento? Nas realidades que conheço - nas áreas da prevenção/educação, tratamento, redução de riscos e recuperação, formação/atualização - tem havido manifestamente regressão e significativas perdas desde há mais de dez anos. Há grandes assimetrias na qualidade e enormes disparidades entre o que se diz que se faz e o que se faz. Qual é a importância que estas linhas têm Tiragem: 75041 Pág: 5 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 para a dissuasão e acompanhamento das pessoas com comportamentos de risco? A informação adequada às verdadeiras necessidades da população é um direito dos cidadãos e pode ser uma boa ajuda, nomeadamente para quem sofre de doença, de dúvidas ou de ignorância. Justifica-se a existência destas linhas? Dispondo de pessoas com competência, justificam-se. Se for apenas para dizer que exis- tem não fazem falta. O que faz a qualidade das respostas das organizações são as pessoas que lá trabalham, a sua qualidade, entrega e competência. Que aspetos deveriam ser melhorados? Responder permanecente às necessidades das pessoas e não para o agrado dos políticos que. por uns tempos, gerem os destinos das respostas preventivas, terapêuticas ou sociais de uma determinada população. ANA GASPAR linhas : 808 222 003 SEXUALIDADE EM LINHA • A população feminina foi a que mais recorreu ao atendimento telefonico deste serviço, correspondendo a 78,3% das chamadas e a faixa mais frequente e a dos 18 '25 anos, representando 48,2% dos contactos. As duvidas mais repetidas incidiram em metodos contracetivos, nomeadamente, pilula contracetiva e interação medicamentosa. Ao todo. recebeu 2896 chamadas telefónicas efetivas durante 2015 e um total de 1310 emails. Recorrendo ao email, as questões focaram-se mais na contraceção e gravidez. Na soma de chamadas e email a procura atingiu 4206 pedidos. 808 201 139 Linha de aconselhamento médico conta com 450 enfermeiros no atendimento Mais procura da Saúde 24 leva a suspensão da Linha Sénior SOS GRÁVIDA • Em 2015, a Linha 505 Gravida, assegurada por um técnico por turno, recebeu 1057 chamadas e respondeu a 287 emails. A maior parte das solicitações são pedidos de informações pontuais sobre gravidez, sexualidade e planeamento familiar e ainda sobre questões relacionadas com a parentalidade, nos vários âmbitos legal, saúde, etc. O serviço complementa-se com o novo projeto "Vamos dar de Mamar", de incentivo e apoio ao aleitamento. .300 505 700 UNHA RARA • A Linha Rara não fecha a sua atuação dentro de portas Ja recebeu mais de 9000 pedidos de informação e apoio proveniente', de mais de 20 países, tendo sido duas vezes distinguida como a linha de apoio com mais pedidos em função da população do país, de acordo com o estudo Caller Profile Analysis A Linha Rara é um serviço de informação e não uma plataforma de consulta medica IDOSOS A Linha Saúde 24 Sénior. assegurada pela Linha Saúde 24. está suspensa. Não são aceites mais inscrições e os cerca de 20 mil idosos registados deixaram de receber as chamadas telefónicas quinzenais de acompanhamento. Segundo Sérgio Gomes. responsável da Direção-Gerai da Saúde (DGS) pela linha, o "aumento da procura" da Saúde 24 fez disparar a pressão no atendimento telefónico da linha geral, obrigando à suspensão deste serviço especifico direcionado para os mais velhos. A linha sénior chegou a fazer 1300 contactos diários, sendo "um serviço que os utentes gostam" e que "os ajuda". prosseguiu Sérgio Gomes. adiantando que. "de mo mento" não há previsão sobre a data em que o funcionamento da linha do idoso será retomado. lá a Linha Saúde 24 atendeu. nos primeiros 12 dias do ano. 3.1 244 chamadas, mais 39% (13355) do que no mesmo periodo de 2015. que correspondem a uma média de 118 telefonemas por hora. Das mais de 34 mil chamadas. 27879 foram de triagem. aconselhamento e encaminhamento e. destas últimas. 3236 casos foram triados como sin dromc gripal. "Estes números são indicadores de que o surto gripal já se iniciou mas ainda não atingiu o pico esperado". revela a DGS. A este aumento da procura não será alheio o apelo que tem vindo a ser feito pelo Ministério da Saúde para que a população recorra primeiro à Saúde 24 antes de se dirigir às urgências hospitalares. Sérgio Gomes adiantou que os serviços da Saúde 24 estão a reorganizar-se para que os 'doentes que sejam encaminhados para as urgências pela linha fiquem isentos de pagar taxas moderadoras". Idosos recebiam telefonemas quinzenais da linha A Linha Saúde 24 dispõe amaimente de 450 enfermeiros operacionais no atendiMento. Para fazer face ao esperado acréscimo de contactos. por causa do pico da gripe, a Saúde 2-1 tem vindo a receber algumas medidas de reforço por parte da tutela. Entre elas está a instalação do novo Centro de Atendi mento. em Coimbra, a 9 de janeiro. onde estão a ser formados mais 60 enfermeiros. encontrando-se já parte destes a reforçar a capacidade de atendimento. A.G. Página 17 ID: 62667783 14-01-2016 Tiragem: 75041 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,90 x 3,16 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Saúde Linha SOS Droga só tem um funcionário para atender queixas Páginas A e 5 Página 18 A19 ID: 62667702 14-01-2016 Tiragem: 2091 Pág: 20 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 26,43 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 5 ~~ Página 19 ID: 62667702 14-01-2016 Tiragem: 2091 Pág: 21 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 29,51 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 5 CANCRO? DIGO OU NÃO:DIGO; EIS A QUESTÃO É uma moda com alguns anos. Figuras mediáticas revelarem que têm cancro. E bom ou màu? Faz bem ou mal? Ajuda ou nem por isso? Uma polémica para durar zorros Mariana Madrinha Página 20 ID: 62667702 14-01-2016 Tiragem: 2091 Pág: 22 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 31,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 5 Z o om // Saúde Polémica. Cancro deve ser público ou privado? Partilhar um processo oncológico pode trazer pressão adicional a uma figura pública doente, mas também ajuda quem nela se revê MARIANA MADRINHA [email protected] A semana passada, a atriz Sofia Ribeiro partilhou na sua página pessoal do Facebook um vídeo onde mostrava o momento em que rapou o cabelo, rodeada de amigos. Sofia revelou no fim dc novembro que sofria de cancro da mama através desta rede social. Desde então tem publicamente falado da sua doença e recebido mensagens de incentivo de milhares de pessoas anónimas e também de figuras públicas, entre elas António Sala (que também já foi doente oncológico). O vídeo tem quase nove minutos e só no final se ouve a voz da atriz. "Confia. Vai dar tudo certo", diz. As mensagens deixadas mostram que o apoio e o carinho demonstrado pelo público tem sido contínuo. Mais de 14 mil pessoas comentaram o vídeo: há muitos relatos de cancros curados, muitas mensagens de compreensão, muitas palavras de incentivo e muitas partilhas dc situações similares. Em resumo, há muito boa energia a circular naquele espaço. Como Sofia Ribeiro, muitas pessoas conhecidas pela sua profissão ou aparições públicas partilharam a sua experiência, maioritariamente após os tratamentos terem terminado. Ruy de Carvalho, por exemplo, já ultrapassou três cancros, tendo posteriormente falado sobre os processos. Simone de Oliveira já sobreviveu a dois cancros da mama (um em 1988 e outro em 2007), tendo até recebido em 2012 um prémio entregue pela Liga Portuguesa Contra o Cancro pela forma como encarou a doença. Manuel ForJaz, professor, empresário e apresentador do programa da TV! "28 minutos e 7 segundos", foi outra das figuras públicas que nunca escondeu que sofria de um cancro, neste caso no pulmão. Durante os cinco anos em que lutou contra a doença escreveu o livro "Nunca te distraias da vida", um testemunho ça, agradeceu ao cancro por a ter prode um doente oncológico que nunca porcionado. Sobre a partilha da sua vida desistiu da cura e uma espécie de manual, íntima, disse em entrevistas que "falar com as estratégias que encontrou para ajudava a combater o bicho". Em 2010, manter a normalidade da sua vida. António Feio percebeu que ia morrer. Manuel morreu em abril de 2014. Um Por isso, e pela onda de apoio que recemês antes, uma frase que deixou em beu, escreveu o livro "Aproveitem a entrevista à "Notícias Magazine" tornar- Vida", onde relatou que "a doença deise-ia uma súmula quer da forma como xou de ser apenas um problema que é viveu a doença, quer do modo como par- meu, de alguma forma deixou de me tiu: "Posso morrer de cancro, mas o can- pertencer. E isto sucedeu aos poucos, à cro nunca me matará". medida que a onda de apoio e solidaTambém o ator António Feio escolheu riedade à minha volta foi crescendo e contar que tinha um cancro no pân- ganhando forma". Faleceu no Hospital creas em abril de 2009. De forma des- da Luz, e foi acompanhado por milhacomplexada, afirmou que "ia combater res de portugueses nos seus últimos o bicho". A luta duraria 15 meses, até dias, através de mensagens deixadas 30 de julho de 2010, dia em que o seu nas redes sociais. corpo não resistiu mais. Na Gala dos Para a psicóloga oncologista Cláudia Globos de Ouro desse ano, chegou a Natacha Costa - que, além de trabalhar agradecer ao país a atenção e, da for- nesta área há 17 anos, é porta-voz da ma cómica que caracterizou todas as União Humanitária dos Doentes com suas intervenções a respeito da doen- - Cancro partilhar um processo de doen- Há figuras públicas que escolhem partilhar os processos dc doença que atravessam, o que lhes Nde trazer "Assumir um cancro está relacionado com crenças, personalidade e até superstições", diz especialista Página 21 ID: 62667702 14-01-2016 Tiragem: 2091 Pág: 23 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 22,60 x 31,50 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 4 de 5 Ribeiro no vídeo em que rapou o cabelo Casos 01 Sofia FIR 02 Fernanda Serrano ultrapassou um cancro da mama DR 03 António Sala teve cancro no rim PEDRO AZEVEDO 04 Simone de Oliveira já sobreviveu a dois cancros I.1911NP BANTOS 05 António Feio faleceu com um cancro no pâncreas HELENA GARCIA David Bowie O cantor David Bowie morreu este domingo vítima de cancro do fígado, doença contra a qual lutou 18 meses. Durante este tempo manteve a sua condição no segredo dos deuses: prova disso é o disco "Biackstar", editado apenas três dias antes da sua morte. Faleceu rodeado da famfiia e a noticia foi comunicada no Twitter pelo filho, que contou que "David Bowie morreu tranqullamente". 06 Manuel Forjaz faleceu com cancro no pulmão DR 07 Ruy de Carvalho já teve três tumores . ••_.Anastacia EDUARDO MASTINS A cantora norte-americana Anastacia já ultrapassou dois cancros da mama (2003 e 2013) que resultaram numa dupla mastectomia. Sempre falou do cancro em público "para alertar outras mulheres". "Percebam que se pode sobreviver ao cancro com a cabeça bem erguida e a feminilidade intacta", disse dirigindo-se a doentes com esta patologia em várias entrevistas. ça oncológica quando se está a passar por ele tem aspetos positivos e negativos associados. Em especial, quando essa partilha é feita por figuras públicas com grande alcance mediático. "Para os doentes anónimos ajuda bastante verem as pessoas que têm como ídolos a passar a mesma situação", considera a psico-oncologista. "As pessoas percebem que o cancro não é unicamente de pessoas que se sentem mais fragilizadas socialmente, é uma doença transversal que não escolhe estatutos", disse ao 1. . E, para a própria figura pública, pode funcionar como motivação. "Para um famoso, partilhar através dos media uma situação de cancro faz diminuir os níveis de ansiedade que sente em relação à doençlo:', explica Cláudia Natacha Costa. Por outro lado, "há figuras públicas que sentem a necessidade de alimentar uma relação com os fãs, e nesse senti- do, acham que é seu dever partilhar o que estão a passar". No entanto, essa situação traz algumas adversidades. 'Toda a gente tem medos, e os famosos não são exceção. O cancro é uma doença de emoções que provoca muito medo e debilita física e psicologicamente as pessoas". Quem escolhe, por isso, mostrar esses momentos, pode, por um lado. estar a automotivar-se, "mas está a abrir uma porta para que ao longo do seu processo de doença lhe seja exigido informações do que se plissn (junge como de uma novela se tratasse". A psico-oncologista considera que esta situação trará, eventualmente, desgaste energético, "pois no momento em que a figura pública quiser pôr um travão c convalescer na intimidade será muito mais difícil". Por melhor intencionado que seja o interesse do público e o motivo da figu- ra pública, "partilhar estes momentos pode implicar a retirada da paz necessária, porque se torna quase num dever que o público vai cobrar". "É uma escolha pessoal, mas traz muita pressão a estes doentes", adianta . "Partilhar ou não um cancro enquanto se passar por ele está relacionado com as crenças de cada pessoa, educação, personalidade e até superstições", conclui a especialista. No lado oposto da partilha, há o do segredo. David Bowie morreu este domingo sem que tivesse saído urna linha sobre a sua condição: um cancro no figado, diagnosticado há um ano e meio. O sigilo foi tal que "Blackstar", saído na semana passada, foi encarado com um álbum de celebração dos 69 anos do cantor e não de despedida, como agora se sabe. Morreu, mas continua a ser um herói: só por mais uni dia, um a seguir ao outro. "Wc can be heroes, just for one day". Rowie. E Forjaz. E Feio. Kylie Minogue A cantora australiana Kylie Minogue também já se debateu com um cancro da mama, diagnosticado em 2005. Disse no programa "60 Minutes" que "foi o egoísmo que a ajudou a vencer a doença", pois focou-se apenas nela própria e permitiu aos outros que a ajudassem. No mesmo testemunho referiu que quando o cabelo lhe começou a crescer "um milagre". novamente foi Página 22 ID: 62667702 14-01-2016 Tiragem: 2091 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,34 x 16,62 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 5 de 5 Cancro deve ser público ou privado? Partilhar um processo oncológico pode trazer pressão adicional a uma figura pública doente, mas também ajuda quem nela se revê // PÁGS. 20-23 Página 23 A24 ID: 62667597 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 46 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 7,30 x 31,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Para que uma não tenha sido O Debate Cuidados de saúde José Mário Martins desfecho trágico do caso de um doente com ruptura de aneurisma cerebral que não foi tratado convenientemente fez correr rios de tinta. Da imprensa escrita às redes sociais, gente anónima e gente conhecida (muitas vezes não conhecedora...) opinou sobre o assunto. Passados que estão alguns dias, agora é o tempo de a razão tomar o lugar da emoção. Tentemos colocar as questões fundamentais e, se possível, dar-lhes resposta, ou apontar caminhos para conseguir essa resposta. 1. A transferência do doente para um hospital de Lisboa era a única e a melhor solução? Não. Contudo, a equipa que o recebeu no hospital de origem tinha a obrigação de o enviar para Lisboa porque as normas de referenciação assim determinam. Em Portugal vigora um sistema de referenciação geográfica anacrónico que, caricaturando, referencia os doentes pelo “código postal”. Era do conhecimento da tutela que não existia, em Lisboa, resposta para este tipo de casos. Mas claro que há, em Portugal e nomeadamente em Coimbra e Porto, hospitais do SNS que poderiam ter recebido e tratado este doente. O Ministério da Saúde tinha a obrigação de disseminar essa informação por todos os hospitais que referenciam para Lisboa, dando instruções sobre qual o centro a contactar para receber estes casos. Uma vez chegado a Lisboa, a sua transferência para outro centro implicava enormes riscos para a vida, pelo que devia ser evitada. 2. Não foi possível assistir o doente em causa porque não havia, em Lisboa, equipa de neurocirurgia, já que os médicos deixaram de estar disponíveis para trabalhar ao fim-de-semana, porque sofreram cortes nos seus vencimentos? Não. De facto há, nos hospitais de Lisboa, equipas de neurocirurgia em serviço de urgência durante o fim-de-semana. Porém, a situação clínica deste doente exige o recurso a uma equipa muito diferenciada — que inclui médicos, enfermeiros, técnicos e pessoal auxiliar — altamente treinada para este tipo de patologia, cuja especificidade PEDRO CUNHA Página 24 ID: 62667597 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 47 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 7,24 x 30,43 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 a morte o em vão! vai desde os cuidados anestésicos, cirúrgicos e de enfermagem até ao material e seu manuseio. O que não havia disponível era uma equipa de neurocirurgia vascular. Gente muito habilitada e conhecedora, porque neste tipo de intervenção todos os segundos contam e as hesitações podem ser fatais. E foram precisamente os enfermeiros que, sentindo-se vilipendiados pelo valor que lhes foi proposto para pagamento de uma tarefa tão exigente, decidiram não continuar a trabalhar, inviabilizando a continuação das equipas. Sublinhe-se que a falta de condições de trabalho e os aviltantes vencimentos que são pagos aos profissionais de saúde (não apenas aos médicos) levam a que aqueles estejam a abandonar precocemente o SNS. 3. O doente não poderia ter sido enviado para um hospital privado de Lisboa e aí ter sido operado? Não respondo a esta questão, porque não conheço a capacidade de resposta para este tipo de situações em todos os hospitais privados de Lisboa. Permito-me, contudo, duvidar de que tenham capacidade instalada para atender estes casos, porque a manutenção de uma equipa deste tipo não será economicamente rentável. Sei que um hospital privado terá referido ter “três neurocirurgiões com competência para este tipo de intervenções”. Como atrás ficou demonstrado, o problema nunca foi o da falta de neurocirurgiões com competência, mas de uma equipa altamente diferenciada. Ficámos a saber que, apesar de o SNS dever ser, porque a Constituição assim o determina, igual para todos, a hora e o local onde se adoece tem uma marcada importância nas hipóteses de sucesso do tratamento. Com uma correcta referenciação entre instituições do SNS este doente poderia ter tido acesso ao melhor tratamento, de acordo com o estado da arte, ainda que o resultado final pudesse ter sido o mesmo. Para que esta morte não tenha sido em vão, há que apurar por que não funcionou o sistema em benefício do(s) doente(s). Não podem três demissões apaziguar as nossas consciências. Há que apurar por que não funcionou o sistema em benefício do(s) doente(s) Médico estomatologista, presidente da Direcção da APCMG — Associação de Medicina de Proximidade Página 25 A26 ID: 62667847 14-01-2016 Tiragem: 75041 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,87 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Saúde Presidente suspenso comunicou que regressava hoje. Inspeção-Geral notificou-o de que se o fizer poderá ser alvo de um novo processo disciplinar Paulo Campos avisado para não aparecer no INEM hás Scleradc e Padre Saias Dias [email protected] ► A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) avisou ontem Paulo Campos, suspenso preventivamente do cargo de presidente do INEM, que se aparecer no instituto hoje será alvo de um novo processo disciplinar. O IN apurou que Paulo Campos comunicou esta semana à tutela que se apresentaria hoje no instituto, considerando que o prazo da suspensão de 90 dias terminou ontem. A confusão, noticiada pelo IN no passado domingo, prende-se com a contagem dos prazos da suspensão preventiva aplicada a Paulo Campos pelo anterior ministro da Saúde, Paulo Macedo, por recomendação da IGAS. Esta entidade, que está a conduzir o processo dis- Paulo Campos discorda da tutela sobre a contagem do prazo da suspensão ciplinar aberto ao dirigente, diz que 90 dias, com a contagem do prazo o prazo da suspensão é contado em Legislação Arrisca a ser suspensa aos sábados, domindias úteis, pelo que só termina a 28 nova suspensão gos e feriados", disse o INEM, rede fevereiro. A defesa de Paulo metendo mais esclarecimentos Campos argumenta que são dias por desobediência para o Ministério e para a IGAS. seguidos (incluindo fins de semaO eventual regresso de Pauna e feriados) e terminou ontem. lo Campos ao INEM à revelia da Médico defende-se na televisão O IN sabe que o tema foi abordaadvertência da tutela poderá Apesar de várias vezes contactado do numa reunião que decorreu seresultar noutro processo discipelo IN, Paulo Campos não esteve gunda-feira entre o ministro da plinar. Nesse caso, arrisca-se ontem disponível. Surgiu, porém, Saúde e Paulo Campos. O dirigena ser sancionado com suspenem direto na TVI à noite, defendente terá sido informado sobre o ensão. Segundo a Lei Geral do do-se das acusações da IGAS. tendimento da tutela acerca dos' Trabalho em Funções Públicas, O médico, arguido no processo prazos, mas posteriormente fez saa medida é aplicável a trabadisciplinar por violação do interesber que tencionava apresentar-se lhadores que "desobedeçam se público no acionamento irreguao serviço hoje. escandalosamente, ou perante lar de um helicóptero do INEM para Contactado pelo IN. o Ministério o transporte de uma doente crónio público e em lugar aberto ao da Saúde referiu que o advogado de mesmo, às ordens superioca entre o Hospital de Cascais e o Paulo Campos foi ontem informares". Já a suspensão preventide Abrantes. acusou os responsádo formalmente pela IGAS de que a veis do primeiro hospital de terem va é uma medida cautelar para suspensão preventiva decorre até "ignorado olimpicamente" a doenproteger a averiguação dos ao dia 28 de fevereiro. O IN descote, para a qual "não existia vaga" 48 factos da interferência do arnhece se houve resposta a essa nohoras após a sua entrada. Defendeu guido. A divergência na contatificação. Segundo fonte oficial da gem dos prazos surge no âmque aquele foi "o meio próprio". tutela, o oficio acrescenta que, se o bito da referida lei, que não esque agiu após reclamação da famíarguido insistir em apresentar-se pecifica se os 90 dias de suslia da doente - "que não conhecia" no INEM, "poderá ser-lhe aberto pensão são úteis. Este será um - e deixou criticas ao ex-ministro. novo procedimento disciplinar". dos argumentos de Paulo "Podiam-me ter demitido justifiEm causa estará uma infração por Campos, baseado em decisões cando que queriam uma nova desobediência a ordens superiores. judiciais anteriores. Para a tuorientação estratégica para o INEM: O INEM confirma que a suspentela, à contagem aplica-se o assim ofendem-me. Aguardo até ao são de Paulo Campos se mantém e Código de Processo Adminisfinal do processo um pedido de acolhe o entendimento da tutela trativo, que prevê que os pradesculpas do ex-ministro da Saúde, quanto aos prazos. "De acordo com zos suspendem-se "nos sábaPaulo Macedo, e do ex-secretário de a legislação em vigor, a suspensão dos, domingos e feriados". Estado. Leal da Costa", disse. • preventiva tem o prazo máximo de Página 26 ID: 62667847 14-01-2016 Tiragem: 75041 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,76 x 3,08 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 INI:M Presidente avisado para não regressar hoje ao posto de trabalho Página 10 Página 27 A28 ID: 62667572 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 44 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,85 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 As facturas que hão-de vir P Debate Serviços de saúde Isabel do Carmo ara além das facturas imediatas e escandalosas, resultantes da ideologia e da prática da austeridade, tais como a falência do Banif e a morte de doentes em fins-de-semana por falta de intervenção especializada, há as facturas que este Governo vai ter de pagar e que a população empobrecida vai pagando e que se reflectem no médio e longo prazo. Sem escândalo. Se as contas forem feitas e o dinheiro rastreado, veremos, ou temos esperança de ver, quem ganhou com os buracos (afinal a banca estava mesmo “rota”) por onde escaparam os quantitativos que o Estado vai repor, subtraindo ao orçamento de todos nós. Como já foi dito, daria para pagar mil neurocirurgiões em fins-desemana sem fim. Porém, a população, que conta as moedas e as notas, se as tiver, será difícil perceber os caminhos ínvios do dinheiro virtual. Boa parte percebe sim a falsa imagem dos “cofres cheios”, criada por eficientes publicitários para uso político. Porque ainda são do tempo ou da imaginação dos grandes cofres e das notas lá dentro. No entanto, a batalha da informação terá que ser vencida. Quanto à morte de doentes devida a finsde-semana sem determinada especialidade, a responsabilidade também é rastreável. As escalas de urgência foram assinadas por directores de serviço e de urgência, foram sancionadas por directores clínicos, que por sua vez integram direcções do hospital com o conselho de administração, o qual reporta à Administração Regional de Saúde. Também se pode ver quem protestou, reclamou, denunciou, por vias internas ou externas. Porque há quem tenha muito “respeitinho” e há quem não tenha. Como escreveu Ana Arendt, a obediência também é uma responsabilidade. Durante estes quatro anos houve quem não aceitasse “o tem que ser”, houve quem desse a cara. Em Novembro de 2013 o presidente do conselho de administração e director clínico do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN, Hospital de Santa Maria e Hospital Pulido Valente), que ocupava este último lugar desde 2005, não teve medo de dar uma entrevista ao Expresso em que relatava a situação de quase ruptura financeira. E com isso pode ter sido “incomodado”. E durante o surto de gripe de 2014, muitos vieram a público dar a cara, houve directores de urgência que se demitiram. Um primeiro tempo deste novo Ministério da Saúde será para apagar fogos, obviar a situações urgentes imediatas, olhar para o panorama geral do país e antever possíveis descalabros. O ministro e a equipa que escolheu têm grande capacidade para isso, por conhecerem bem o tecido do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a localização dos cortes. Por serem defensores do serviço público. Em paralelo virão os planos globais, de ampliação das unidades de saúde familiar, de activação das estruturas das unidades primárias que devem penetrar na comunidade, de articulação formal e informal com as estruturas locais, pensadas, co-decididas e executadas por quem está na base da pirâmide. De articulação formal e informal dos cuidados primários com os hospitais. E finalmente pensar a rede hospitalar, os centros de tratamento e os centros de referência. Os serviços centrais funcionam bem na informação: sabem quantos enfermeiros e médicos tem o SNS, onde estão colocados, que idade têm, quanto ganham, quantos exames pedem e o que é receitado. Há matéria e massa crítica para ter um plano geral e um conceito para as estruturas e o seu funcionamento, mesmo sabendo que tem que se vencer inércias. Todavia, virão em breve as facturas de curto prazo: os equipamentos a chegarem ao fim, com manutenção inexistente ou já impossível. Vejamos um exemplo: o investimento em equipamento médico no CHLN foi em 2010 de 12.892.000 de euros e em 2013 de 1.371.620. Quanto ao informático, foi de 3.153.000 de euros em 2010 e de 77.530 em 2013. Por isso, quando se fala em falhas nas colonoscopias, nas ressonâncias magnéticas, nos aparelhos de cardiologia de intervenção, não estamos a falar de coisas abstractas. Às vezes a realidade está presa por arames e muito boa vontade. Os fornecedores vão reclamar. E há necessidade urgente de contratação de pessoal, para além de médicos e enfermeiros — administrativos, assistentes operacionais, técnicos de informática, tão necessários como os outros grupos profissionais. Os números falam por si. Em Maio de 2015 estavam sem No Ministério da Saúde, entre Dezembro de 2011 e 2015, o pessoal da Saúde foi reduzido em 11,2% em número. Em orçamento, muito mais. As mortes mais visíveis estão aí para pagar a factura NELSON GARRIDO médico de família atribuído 126.152 utentes na Região Norte, 150.757 no Centro, 799.006 em Lisboa e Vale do Tejo, 42.579 no Alentejo, 114.742 no Algarve. Total: 1.233.236. Se considerarmos que um médico de família deve ter entre 1500 e 1800 utentes, façam-se contas. E contratos. Percebe-se que vão ter que se hierarquizar prioridades e estabelecer fases, agrupamento a agrupamento. Mas têm que ser feitas. E o custo das urgências hospitalares irá compensar, diminuindo. De acordo com o Sindicato dos Enfermeiros, faltam 25 mil enfermeiros no nosso país. A presença de enfermeiros nos cuidados da comunidade diminui as vindas ao centro de saúde e melhora a condição das doenças crónicas; os enfermeiros suficientes e sem estarem exaustos na enfermaria diminuem as infecções hospitalares e há estudos que avançam uma diminuição em sete por cento da taxa de mortalidade. É necessário trazê-los de volta dos países para onde tiveram que emigrar. A conta dos contratos salda-se a curto prazo com os benefícios económicos para o SNS. Tal como é necessário não deixar fugir alguns dos melhores especialistas médicos para os serviços privados, por razões puramente financeiras. Tudo isto é consequência dos cortes feitos no SNS e que são objectivos. De 2005 para 2010 o orçamento para a Saúde subiu de 5834 milhões para 8698 milhões; de 2012 para 2015 desceu de 9694 milhões para 7402. Num país que é um dos países da Europa com menos custos per capita na Saúde e em que há mais comparticipação que “sai do bolso” dos cidadãos, onde é que foram cortar estes milhões? Antes de tudo, no pessoal, em número, em salários e em pagamento de horas extraordinárias. No Ministério da Saúde, entre Dezembro de 2011 e 2015, o pessoal da Saúde foi reduzido em 11,2% em número. Em orçamento, muito mais. As mortes mais visíveis estão aí para pagar a factura. Mas as doenças e as mortes invisíveis, as ocultas, essas não aparecerão nos jornais e estender-se-ão por médio e longo prazo. Com um quarto da população na zona da pobreza, não se morre de fome, mas adoece-se por carências. A falta de nutrientes marca as crianças e a sua aprendizagem. As infecções respiratórias dos adultos foram mais frequentes. Os tratamentos dentários e oftalmológicos não foram feitos. A falta de auto-estima, a depressão e os pensamentos suicidas são uma mancha de óleo. Esta quietude da população pode, aliás, explicar que 62% tenham votado à esquerda e possibilitado a solução alternativa mais surpreendente da Europa, sem ser precedida de movimento de massas. E que agora se fale de esperança, baixinho e com cuidado, não vão os deuses acordar. Médica, professora da Faculdade de Medicina de Lisboa Por impossibilidade do autor, a crónica de Francisco Assis só será publicada amanhã Página 28 A29 ID: 62667502 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 20 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,56 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 3 Governo ainda está a avaliar custo das 35 horas na função pública PS admite deixar cair Julho da proposta das 35 horas, que está no Parlamento. CGTP mantém greve até ter a garantia “por escrito” de que será assim Função Pública Raquel Martins O Governo ainda está a avaliar quanto custa reduzir o horário da função pública de 40 para 35 horas semanais, apesar de este ser um assunto que está já a ser debatido no Parlamento. No final de uma ronda de reuniões com os sindicatos para discutir o Orçamento do Estado para 2016, o ministro das Finanças, Mário Centeno, admitiu que “neste momento não há uma estimativa sector a sector” sobre os custos da redução do horário de trabalho no Estado. “A informação sobre esta matéria não existe na Administração [Pública] e não conhecemos nenhum estudo em que estas matérias tenham sido avaliadas também nas outras alterações legislativas que foram feitas. É esse o esforço que é preciso desenvolver neste momento”, disse o ministro. Sem poder adiantar quanto custará a medida, Mário Centeno lembrou que “no programa do Governo, a referência às 35 horas é muito clara” quando diz que “não deverá implicar um aumento global dos custos com pessoal”. O custo da redução do horário de trabalho, insistiu “terá de ser nulo no conjunto da Administração Pública”. Na prática, embora o PS, o BE, o PCP e o PEV tenham já projectos de lei para a reposição das 35 horas semanais no Estado - que foram discutidos na generalidade também nesta quarta-feira - o Governo desconhece qual o custo da medida. E também não adianta como é que os serviços a poderão por em prática sem aumentar as despesas globais com pessoal, deixando em aberto a sua aplicação. Confrontado com a ameaça de uma greve nos serviços da administração central - convocada por alguns sindicatos ligados à CGTP que se opõem à data de entrada em vigor das 35 horas prevista pelo PS - Mário Centeno remeteu a resposta para o Parlamento. “As 35 horas é uma matéria que está a ser tratada em sede parlamentar, as primeiras propostas entraram na Assembleia da República ainda este governo não tinha tomado posse”, lembrou. “O processo legislativo está a correr, não temos sequer ideia de quando é que ele terminará”, referiu, acrescentando que “o Governo vai estar atento” ao processo. No Parlamento, onde se discutiram na generalidade os projectos de Lei dos partidos da esquerda, o PS parece estar disposto a deixar cair a entrada em vigor do diploma a 1 de Julho, eliminando assim a principal razão para a marcação da greve. “Admitimos que na especialidade a data possa não constar, desde que sejam cumpridas as condições que consideramos razoáveis para a entrada em vigor da medida”, disse ao PÚBLICO a deputada e vice-presidente da bancada parlamentar socialista, Luísa Salgueiro. Essas condições são duas: evitar a ruptura de funcionamento dos serviços, sobretudo os que funcionam em permanência, e a redução do tempo de trabalho não pode implicar aumento de custos, nomeadamente com trabalho extraordinário. “É preciso haver negociação sector a sector. Se, por exemplo, na saúde, todos os enfermeiros passarem a trabalhar sete horas, tal poderá gerar dificuldades para a população. Vamos cumprir o nosso compromisso, mas sem perturbar o funcionamento da Administração Pública”, argumentou. O foco dos restantes partidos está na abrangência das 35 horas. Durante o debate de ontem PCP e BE defenderam que a redução da semana de trabalho tem de abranger todos os funcionários pagos pelo Estado, independentemente do tipo de vínculo. O PEV vai mais longe e propõe a redução do horário semanal também no sector privado. Todas as matérias que estão em aberto são remetidas para a discussão das propostas em sede de especialidade. Embora haja disponibilidade do PS para responder às reivindicações dos sindicatos, a ameaça de greve não está ainda afastada. Ana Avoila, dirigente da Federação de sindicatos da CGTP que convocou a paralisação para 29 de Janeiro, deixou claro que Ministro das Finanças, Mário Centeno, reuniu-se ontem com os sindicatos da Função Pública Governo mantém requalificação mas com alterações profundas O Ministério das Finanças quer manter um sistema que permita a requalificação dos funcionários públicos, mas diferente do modelo existente, que tem de ser “profundamente alterado”. À margem das reuniões com os sindicatos da função pública, que se realizou ontem em Lisboa, o gabinete de Mário Centeno veio dar algumas pistas sobre a execução de um dos pontos do programa de Governo. No documento, o PS promete a “revisão” da requalificação, afirmando que vai apostar na mobilidade voluntária dos trabalhadores e equaciona criar “incentivos especiais para este efeito”. Os acordos assinados com o PCP, o Bloco de Esquerda e PEV, que permitiram a formação do actual executivo, vão mais longe e prevêem “o fim do regime de requalificação/ mobilidade especial”. Agora, Mário Centeno reconhece que “é necessária a existência de um sistema de requalificação na administração pública”, mas que “o modelo que existe hoje tem que ser profundamente alterado”. Os sindicatos saíram do encontro com o ministro com visões diferentes quanto ao futuro. Ana Avoila, dirigente da Frente Comum, concluiu que o regime em vigor (em que os trabalhadores considerados excedentes são colocados em inactividade, com cortes nos salários e, em alguns casos, numa antecâmara do despedimento) será revogado. Mas já Nobre dos Santos, dirigente da Federação de Sindicatos da Página 29 ID: 62667502 14-01-2016 GUILHERME MARQUES Administração Pública (Fesap) diz que a palavra usada pelo ministro foi “revisão” e que a ideia é “manter um sistema de requalificação reformulado que permita uma efectiva requalificação dos trabalhadores”. Isso, acrescentou, não passará por manter os trabalhadores em casa. Os acordos assinados com o PCP, o Bloco de Esquerda e PEV vão mais longe e prevêem “o fim do regime de requalificação/mobilidade especial”. Tiragem: 32431 Pág: 21 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 11,11 x 27,04 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 3 “a bola está do lado da Assembleia da República”. “A greve só será desconvocada se, no quadro parlamentar, tivermos garantias escritas de que as duas condições - a entrada em vigor em Julho e a regulamentação da lei que remete a entrada em vigor [das 35 horas] para Outubro - serão retiradas”, desafiou. A Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap), ligada à UGT, não afasta a possibilidade de uma greve. Mas, para já, os sinais que chegam do Parlamento e a disponibilidade do Governo para negociar são positivos e deixam a organização optimista quanto ao desfecho do processo das 35 horas, disse ao PÚBLICO o dirigente José Abraão. Helena Rodrigues, presidente do Sindicatos dos Quadros Técnico do Estado (STE), entende que ainda é cedo para recorrer a uma greve, embora defenda a entrada em vigor das 35 horas “o mais breve possível.” “A greve é o último recurso. Neste momento estamos no início de um processo negocial”, disse no final da reunião com o ministro das Finanças. O ministro lembrou que as 35 horas não foram o tema central das reuniões que serviram, sobretudo, para discutir a metodologia a seguir nas próximas reuniões, com a separação entre as reivindicações e propostas dos sindicatos que têm incidência orçamental, e que serão discutidas no imediato, e as outras “que serão tratadas posteriormente”, como garantiu o ministro. A próxima reunião está marcada para 28 de Janeiro. A data, garantiu Mário Centeno já estava previamente agendada e o facto de ser na véspera da greve foi mera coincidência Os funcionários públicos passaram a trabalhar 40 horas por semana a partir de 28 de Setembro de 2013. Na altura o governo de Passos Coelho e Paulo Portas justificou a medida com a necessidade de conter as despesas com trabalho extraordinário e de responder à redução do número de trabalhadores que estava em curso. Na altura, o executivo de Passos Coelho/Paulo Portas esperava uma poupança entre 153 e 200 milhões de euros anuais. Numa carta que enviou em Maio de 2013 à Comissão Europeia, ainda antes da lei das 40 horas no Estado ser aprovada, a poupança estimada rondava os 200 milhões de euros anuais, mas no Orçamento do Estado para 2014 a estimativa foi revista em baixa e não ia além dos 153 milhões de euros anuais. Página 30 ID: 62667502 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,27 x 4,39 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 3 de 3 Governo ainda não sabe quanto custam as 35 horas no Estado PS admite antecipar as 35 horas para antes de Julho. CGTP mantém greve até ter a garantia “por escrito” p20/21 Página 31 A32 ID: 62667483 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 16 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,44 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Misericórdias admitem pedir indemnizações ao Ministério da Saúde Instituições estão a fazer contas ao investimento feito para a transferência, agora anulada, dos hospitais de Santo Tirso e de São João da Madeira. Comissão mista vai avaliar hospitais de Anadia, Serpa e Fafe NUNO FERREIRA SANTOS Saúde Andreia Sanches Depois de a passagem dos hospitais de Santo Tirso e de São João da Madeira para a alçada das santas casas das misericórdias locais, prevista para este ano, ter sido anulada esta semana pelo Governo, Manuel de Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), diz que as instituições que representa estão a fazer contas à despesa que todo o processo acarretou. E que podem vir a pedir indemnizações ao ministério. “As instituições gastaram muito dinheiro”, porque “fizeram um trabalho muito sério de preparação”, disse Manuel de Lemos ao PÚBLICO, lembrando que, se um acordo não é cumprido, “isso põe em causa a confiança mútua”. Sendo certo que “a relação com o Ministério da Saúde não está em causa”, há “um retomar de confiança” que precisa de ser trabalhado, notou ainda o presidente da UMP ontem, no final de uma reunião com o secretário de Estado da Saúde, Fernando Araújo. Uma reunião que aconteceu depois de conhecida a decisão do Governo de anular os processos de transferência dos hospitais de Santo Tirso e de São João da Madeira, por considerar que os acordos celebrados pelo anterior executivo não acautelavam o interesse público. Segundo Manuel de Lemos, ficou ainda decidido que os hospitais de Serpa, Anadia e Fafe, que, desde o ano passado, já são geridos pelas misericórdias locais — ao abrigo do plano de devolução às misericórdias de várias unidades hospitalares nacionalizadas no pós-25 de Abril iniciado pelo Governo de Passos Coelho —, serão avaliados. “Queremos, exigimos até, ser avaliados, aliás é isso que está nos acordos assinados, que deveria haver uma avaliação para saber se houve benefícios para o Estado e para as comunidades”, sublinhou. A comissão de acompanhamento que fará a avaliação deverá integrar elementos do Ministério da Saúde e das misericórdias. O presidente da UMP já tem, contudo, alguns indicadores que diz ter fornecido à tutela: “Em Anadia e Fafe fizemos em média mais 100% de consultas e mais 300% de cirurgias Manuel de Lemos, presidente da UMP, diz estar desiludido com a decisão do Ministério da Saúde Hospitais privados queixam-se à Comissão Europeia Em causa estão protocolos do Estado com oito misericórdias P orque considera que foi posto em causa o “princípio da livre e franca concorrência”, a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) entregou uma queixa na Comissão Europeia contra o Estado português. Em causa está a relação deste com as misericórdias. Desde logo, o facto de o anterior Governo ter contratualizado com estas instituições a realização de consultas e operações sem abrir concurso que permitisse ao sector privado candidatar-se a prestar esses serviços. Um dia depois de ter sido conhecido que o Governo recém-empossado anulou a transferência de dois hospitais estatais (Santo Tirso e São João da Madeira) para o terceiro sector, a associação presidida por Artur Osório, administrador do Grupo Trofa Saúde, tornou pública a queixa entregue na comissão. O texto refere que o protocolo de cooperação celebrado em Março de 2010 entre o Ministério da Saúde e a União das Misericórdias Portuguesas “representa uma forte restrição do princípio da livre e franca concorrência e, nessa medida, uma clara violação do princípio da liberdade de escolha”. Para a APHP, a partir do momento em que o Estado, face às insuficiências do SNS, decide encaminhar doentes que não consegue tratar para os prestadores de cuidados de saúde de natureza social, “sem fazer passar o critério decisório pelas regras do mercado mediante concurso”, não há “qualquer respeito pela iniciativa privada” nem pela “liberdade de escolha do cidadão esclarecido”. A gota de água, para a associação, foi o facto de “a dois meses das eleições” o Governo ter assinado “protocolos com oito misericórdias para a realização de consultas e operações no valor de 25 milhões, só em 2016”. Um protocolo que, diz o texto, deverá vigorar pelo prazo de cinco anos e envolverá no total 125 milhões de euros. A associação contesta por fim a transferência de hospitais para as misericórdias, que Artur Osório acusa de terem entrado “num negócio”, tendo o Estado “como principal financiador”. O presidente da APHP afirma ainda que o sector não só não se sujeita às mesmas regras de licenciamento dos privados como “não é alvo de auditorias”. e, só em Anadia, criámos 111 postos de trabalho.” Manuel de Lemos não esconde a “desilusão” que as misericórdias sentem. Diz que não foram elas que pediram para passar a gerir os hospitais que tinham sido nacionalizados. “Foi o Estado que foi lá desencaminhá-las, pedindo-lhes para ficarem a gerir os hospitais. Aceitámos porque temos a experiência da gestão dos nossos hospitais, que fomos abrindo depois de 1975, e sabemos que fazemos mais barato. E aceitámos também porque achámos que era o melhor para as comunidades, porque esses hospitais estavam a sofrer, nos últimos anos, uma desnatação, a perder serviços, a perder profissionais, a ver os seus equipamentos a deteriorarem-se.” Apesar de achar que foi aberta uma “ferida”, a UMP acredita que ela será sarada e que outros acordos entre o Ministério da Saúde e as misericórdias não estão em causa, nomeadamente ao nível da Rede Nacional de Cuidados Continuados — as santas casas detêm actualmente quase metade (3843) das camas desta rede para onde são encaminhados os doentes que, após alta hospitalar, necessitam de um período para convalescença e recuperação, e, para isso, receberam em 2015 um total de 61,7 milhões de euros. “O que foi dito foi que o Ministério da Saúde e as misericórdias continuarão a colaborar.” Para anular os despachos de homologação (assinados pelo anterior executivo em 12 de Novembro de 2015, já após a rejeição do Programa do Governo) dos Acordos de Cooperação entre a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e as santas casas de Santo Tirso e de São João da Madeira, o ministério de Adalberto Campos Fernandes teve em conta vários factores. Desde logo considerou que não estava demonstrada “a necessidade da devolução”. Depois, entendeu que “os dados apresentados não são suficientes para demonstrar que o objectivo proposto, de redução de pelo menos 25% dos encargos para o SNS, fosse atingido”, lê-se numa nota informativa. Os estudos feitos pela ARS Norte “apenas evidenciam que a diminuição directa dos encargos para o SNS, mantendo as condições de financiamento constantes, seria efectuada pela redução/alteração na oferta de cuidados”. Página 32 ID: 62667483 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,02 x 4,71 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Misericórdias contestam decisão sobre hospitais As misericórdias admitem pedir indemnizações ao Ministério da Saúde devido à anulação da transferência de hospitais p16 Página 33 A34 ID: 62667545 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 27 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 30,63 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 O (novo) vírus de Zica está a alastrar-se pelo continente americano O número de recém-nascidos com microcefalia aumentou muito no Brasil e pode estar associado ao vírus de Zica, que chegou ao país em Maio de 2015. Depois do ébola, esta é uma das novas ameaças mundiais Doenças emergentes Nicolau Ferreira Há um ano, o vírus de Zica ainda não tinha chegado ao Brasil. Nessa altura, o agente patogénico que se transmite pela picada de mosquitos do género Aedes já estava em franca expansão. Em 2007 tinha chegado à Micronésia, em 2013 à Polinésia Francesa, em 2014 à ilha da Páscoa, no Chile, e em Maio de 2015 aterrou no Brasil. Estima-se que, entretanto, já tenha infectado entre 440.000 e 1.300.000 pessoas no Brasil, segundo um comunicado do Instituto Pasteur, que anunciou nesta semana ter sequenciado o genoma deste vírus. Apesar de três quartos das pessoas infectadas serem assintomáticas e os sintomas, quando surgem, serem só febre e erupções cutâneas, alguns doentes já tiveram complicações neurológicas devido à infecção. No entanto, o que está a preocupar verdadeiramente as autoridades do Brasil é o aumento substancial de recém-nascidos com microcefalia, bebés que nascem com uma cabeça muito mais pequena do que a média, indicando problemas no desenvolvimento do cérebro durante a gestação. Segundo os dados do Ministério da Saúde brasileiro, há já 3530 casos suspeitos de microcefalia, citava anteontem o jornal brasileiro Folha de São Paulo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ajuda a contextualizar o número. Enquanto em 2010 nasciam no Brasil 5,7 crianças em cada 100.000 com microcefalia, a 30 de Novembro de 2015, o número já tinha saltado para as 99,7 crianças, lê-se num Alerta Epidemiológico da OMS de Dezembro. Em alguns daqueles casos, foram detectados vestígios do vírus de Zica. Num relatório de Novembro último, as autoridades de saúde da Polinésia Francesa assinalaram também uma subida anormal dos casos de malformações no sistema nervoso dos bebés nascidos no biénio 20142015, coincidente com o surto do vírus de Zica, explica a OMS. Apesar de ainda não se ter provado que o vírus causa a microcefalia, pensa-se que é no primeiro trimestre de gestação que os fetos estão mais vulneráveis ao vírus. E no Brasil, que em Dezembro declarou o estado de emergência e que em Agosto deste ano vai aco- lher os Jogos Olímpicos, aconselhouse às mulheres grávidas evitarem as picadas de mosquitos. Este vírus foi isolado pela primeira vez em 1947, num macaco rhesus oriundo da floresta de Zica, no Uganda. No ano seguinte, o vírus foi encontrado em mosquitos Aedes africanus. Em 1968, isolou-se o vírus numa pessoa na Nigéria e entre 1951 e 1981 detectaram-se anticorpos do Zica em pessoas de países africanos (como o Uganda, a Tanzânia e o Egipto) e também de países asiáticos (como a Índia, a Malásia e a Indonésia). Os anticorpos revelam que as pessoas estiveram em contacto com o vírus. O vírus foi isolado pela primeira vez em 1947. Desde 2007, expandiu-se pelo Pacífico até chegar ao Brasil O Aedes aegypti, responsável pela transmissão do vírus da febre dengue e do vírus da febre-amarela, é também vector do vírus de Zica. O mosquito é endémico em quase toda região tropical, e pode migrar para novas regiões, como aconteceu em 2012, na Madeira, onde infectou milhares de pessoas com a dengue. Em Novembro de 2015, o Zica já tinha sido identificado noutros países da América Latina, como El Salvador, o México e a Venezuela. A 21 de Outubro, as autoridades de saúde de Cabo Verde também informaram a OMS de um surto de Zica no arquipélago. Tanto o vírus da dengue como o da febre-amarela e o Zica pertencem ao género Flavivirus. Dos três, o Zica é o menos agressivo. Os casos mais graves poderão indicar que o vírus se terá tornado mais patogénico. Até agora nunca se tinha associado o vírus a casos de microcefalia. “Será que estas malformações são causadas só pelo Zica ou pela co-circulação de outras infecções ou ainda por outros factores?”, questiona Dominique Rousset, directora do Laboratório de Virologia do Instituto Pasteur na Guiana Francesa, no comunicado, explicando que a sequenciação do genoma do vírus é um ponto de partida para compreender como irá ele comportar-se no futuro. Segundo a cientista, está-se a desenvolver métodos para facilitar o diagnóstico do Zica, um utensílio essencial para ter um retrato mais real da infecção no terreno. Com a epidemia do vírus do ébola, que em 2014 e 2015 afectou alguns países do Oeste africano, as autoridades de saúde mundiais testemunharam o perigo de se deixar uma doença tão perigosa como o ébola ficar fora do controlo. Por isso, a vigilância do Zica tornou-se ainda mais prioritária. Bactéria que veio dos solos Outra infecção que está a preocupar as autoridades é a melioidose, causada pela bactéria Burkholderia pseudomallei, original de solos do Norte da Austrália e do Sudeste asiático, que pode estar a matar 89.000 pessoas por ano, de acordo com a estimativa num estudo publicado agora na revista Nature Microbiology. “A melioidose é um óptimo imitador de outras doenças e é necessário um bom laboratório de microbiologia”, disse à Reuters Direk Limmathurotsakul, microbiólogo da Universidade de Mahidol na Tailândia, um dos autores do estudo, em que se estimou a existência de cerca de 165.000 infecções por ano. “A doença afecta especialmente os pobres rurais nos trópicos, que muitas vezes não têm acesso a estes laboratórios.” Não existe nenhuma vacina para a melioidose, que causa febre, tosse, dores no peito e nas articulações e pode ter um período de incubação de anos. A bactéria pode ser exportada para outras regiões do globo, tornando-se endémica nos solos. As maiores zonas de risco são o Sul e Leste da Ásia, a África Subsariana e a América do Sul. NELSON ALMEIDA/AFP Mosquitos Aedes aegypti criados no Instituto Biomédico de São Paulo, no Brasil: estes mosquitos transmitem o vírus de Zica Página 34 ID: 62667545 14-01-2016 Tiragem: 32431 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,58 x 4,46 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 O (novo) vírus de Zica que chegou ao Brasil está a alastrar-se Número de recém-nascidos com microcefalia aumentou muito no Brasil e pode estar associado ao vírus p27 Página 35 A36 ID: 62667689 14-01-2016 Tiragem: 2091 Pág: 19 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,71 x 8,89 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Putin anuncia medicamento contra ébola RÚSSIA O presidente russo. Via- dimir Putin, anunciou ontem ter registado a patente do medicamento russo contra o virus ébola "que revelou nos testes correspondentes uma grande eficácia, superior aos compostos usados neste momento a nivel mundial", disçe. Contudo. a vacina ainda só pode ser usada em ensaios clínicos ou casos específicos. Página 36