Os “Quatro Ps” da Campanha A resposta às necessidades das crianças e dos jovens afectados pelo VIH/SIDA exige que se actue em quatro áreas fundamentais: Prevenção da transmissão mãe/filho A grande maioria dos cerca de meio milhão de crianças menores de 15 anos que morrem anualmente de doenças relacionadas com a SIDA foram contaminadas através da passagem do vírus de mãe para filho. Contudo, menos de 10 por cento das mulheres grávidas têm acesso a tratamento para prevenir a transmissão. Se não forem tomadas medidas preventivas, 35 por cento das crianças que nascem de mães seropositivas contraiem o vírus. A América do Norte e a Europa reduziram as infecções pelo VIH nas crianças mais pequenas para um nível próximo do zero. Na década de 90, pequenos programas piloto postos em prática em 11 países da África subsariana revelaram que, com uma terapêutica simples com base em medicamentos antiretrovirais cujo custo tem vindo a tornar-se mais acessível, se conseguem reduções da transmissão mãe/filho da ordem 50 por cento. Objectivo da campanha: proporcionar serviços para prevenir a transmissão do VIH de mãe para filho a 80 por cento das mulheres que precisam até 2010. Tratamento pediátrico Apesar dos progressos conseguidos na melhoria do acesso à terapia antiretroviral para adultos, menos de 5 por cento das crianças pequenas que são seropositivas e que precisam de tratamento pediátrico para a SIDA estão a recebê-lo. As crianças que vivem com o VIH/SIDA correm o perigo de morrer devido a infecções se não tiverem acesso a tratamento para prevenir essas infecções e à terapia antiretorviral (ARV). Se a cobertura do tratamento pediátrico não aumentar, metade dos recém-nascidos infectados vão continuar a morrer antes dos cinco anos. A terapia com o cotrimoxazole combate infecções mortais como a malária e a pneumonia. Por um custo tão insignificante como três cêntimos do dólar por dia, o cotrimoxazole é uma intervenção exequível, de baixo custo que pode fazer uma enorme diferença para as crianças expostas ao VIH. Mas, apenas 1 por cento das crianças que poderiam beneficiar do cotrimoxazole estão a ter acesso a esse antibiótico. A campanha visa promover e criar um melhor acompanhamento, identificação e cuidados das crianças que precisam quer de cotrimoxazole quer de tratamento ARV. Objectivo da campanha: proporcionar tratamento antiretroviral e/ou cotrimoxazole a 80 por cento das crianças que precisam de tratamento ou de profilaxia até 2010. Prevenção da infecção nos adolescentes e jovens A única forma segura de inverter o curso da pandemia da SIDA é através da prevenção primária. O aspecto fulcral da prevenção é o sexo seguro. Porém, passadas mais de duas décadas desde o aparecimento da epidemia, os estudos realizados a nível mundial demonstram que a grande maioria dos jovens ainda não fazem ideia de como se transmite o VIH ou como podem proteger-se do vírus. Os jovens precisam de ajuda em termos práticos, sob a forma de serviços de saúde adaptados às suas necessidades, onde possam obter preservativos, tratamento para infecções sexualmente transmissíveis e aconselhamento. Objectivo da campanha: reduzir a percentagem de jovens que vivem com o VIH em 25 por cento a nível mundial até 2010. Protecção e apoio a crianças afectadas pelo VIH/SIDA As crianças ficam marcadas para o resto da vida por terem que assistir ao sofrimento e morte dos seus pais e das pessoas de quem mais gostam. Mas, muito antes dos pais morrerem, as crianças – especialmente as raparigas – têm que assumir difícieis tarefas de adulto como cuidar dos doentes, olhar pelos irmãos mais novos, ganhar dinheiro para os gastos de saúde ou produzir os alimentos. As crianças que vivem em famílias com adultos doentes ou moribundos são quase sempre mais vulneráveis, carenciadas, mal nutridas, e com menos possibilidade de frequentar a escola do que as que “de facto” perderam os seus pais Na ausência de apoio vindo do exterior, as famílias e as comunidades dos países mais duramente atingidos reagiram de uma forma extraordinária às necessidades das crianças afectadas pelo VIH/SIDA. As comunidades têm prestado muitíssimo mais apoio directo a essas crianças do que os governos, os doadores, ou as ONGs internacionais em conjunto. Mas as famílias alargadas e as comunidades estão no limite das suas capacidades. A campanha global deve proporcionar um suporte que garanta às comunidades e famílias que, até agora, têm suportado um fardo tão pesado que serão os primeiros beneficiários de uma resposta global reforçada. A campanha irá apoiar programas para reforçar a capacidade das famílias; mobilizar respostas comunitárias, garantir o acesso de crianças órfãs e vulneráveis a serviços essenciais, nomeadamente à educação e cuidados de saúde; garantir que os governos protegem as crianças mais vulneráveis através de melhores políticas e legislação; e advogar a causa das crianças a todos os níveis a fim de criar um ambiente propício para as crianças e famílias afectadas pelo VIH/SIDA. Objectivo da campanha: abranger 80 por cento das crianças mais necessitadas até 2010.