SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PEDAGOGIA VOLUME 06 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 1 ISSN 1676-6814 Anais PEDAGOGIA- VOLUME 06 GARÇA/SP - 2016 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Exemplares desta publicação podem ser solicitados à: SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO INTEGRAL - FAEF Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] Telefone: (14) 3407-8000 EDIÇÃO, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA e ARTE FINAL Aroldo José Abreu Pinto Ficha Catalográfica elaborada pela biblioteca da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF 630 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. S621 XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF. Anais... – Garça: Editora FAEF, 2016. 476 p. vol 06 - (14 vols.) 15x22cm. ISSN 1676-6814 1. Ciências Agrárias 2.Ciências Contábeis 3. Administração 4. Agronomia 5. Engenharia Florestal 6. Medicina Veterinária 7. Pedagogia 8. Psicologia 9. Direito. 10 Enfermagem. Os autores são responsáveis pelo conteúdo dos trabalhos científicos. Reprodução permitida desde que citada a fonte. Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1. CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] (14) 3407-8000 4 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SUMÁRIO Apresentação ..................................................... 13 Comissão Organizadora ......................................... 15 Agradecimentos .................................................. 19 TRABALHOS APRESENTADOS (RE)VISÕES SOBRE OS CONCEITOS DE CRIANÇA E DE EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES A PARTIR DE ATIVIDADES LITERÁRIAS NA INFÂNCIA Andrade, Lizbeth Oliveira de ................................... 25 AS GRANDES REVOLUÇÕES DO SÉCULO XVIII E O ILUMINISMO SILVA, Odair Vieira ............................................... 35 AS TEORIAS CONTRATUAIS DE NICOLAU MAQUIAVEL E THOMAS HOBBES E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A JUSTIFICAÇÃO DO ESTADO MODERNO SILVA, Odair Vieira; VIEIRA, Cláudia Konstansky ............ 45 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 5 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA EDUCAÇÃO E POLÍTICA: A INFLUÊNCIA NORTE AMERICANA NA INSTALAÇÃO DO PROCESSO DEMOCRÁTICO NA AMÉRICA LATINA, UM RECORTE NOS PAÍSES DA VENEZUELA E PARAGUAI CAMARGO, Leandro Santos; JOHNSON, Guillermo Alfredo ............................................................. 55 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL LIMA, Kathleen Franciele; BATISTUTI, Caroline Gentil; DIAS, Sabrina Alves ...................................................... 63 INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR: PERCEPÇÃO DE DOCENTES DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNESP/MARÍLIA POKER, Rosimar Bortolini; VALENTIM, Fernanda Oscar Dourado; GARLA, Isadora Almeida ............................. 71 O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO À ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: CRIANÇAS DE ZERO A DOIS ANOS BRAZILINO, Flavia da Silva Pedroso; AZEVEDO, Antulio José de ............................................................. 81 A BRINCADEIRA E A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL MOREIRA, Danielle Aparecida Cardoso; PEREIRA, Marcela Vasco; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de .......................... 91 A DESCRIÇÃO DE ALGUNS DADOS HISTÓRICOS A RESPEITO DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL Reginaldo José BARBOZA; Thamara Reis Picolott de OLIVEIRA .......................................................... 99 A FORMAÇÃO DOCENTE E O ATENDIMENTO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS (NEE) SANTOS, Patrícia Fernanda; VALENTIM, Fernanda Oscar Dourado ........................................................... 107 6 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS NO PERÍODO DE ADAPTAÇÃO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL MESQUITA, Lilia Santana; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de .. 115 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA ESCOLA CANUTO, Talita Miguel; TORRES, Tatiane; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ........................................................ 125 A IMPORTÂNCIA DO LÙDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÂO INFANTIL Reginaldo José BARBOZA; Simara Regina da Silva RAYMUNDO ....................................................... 133 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA INFANTIL Reginaldo José BARBOZA; Elisandra Leite ANDRÉ2; Luciana CORRÊA ............................................................ 141 A PRÁXIS DO ENSINO DE HISTÓRIA: PEDAGOGIA TRADICIONAL VERSUS AS NOVAS PERSPECTIVAS HISTORIOGRÁFICAS Reginaldo José BARBOZA; Taisa Justo Cabral ROMÃO; Jaqueline Alves JACOM ......................................... 149 ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: A CONSTRUÇÃO DA PALAVRA E A TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE PLÁCIDO, Lara Ribeiro de; GONÇALVES, Jaqueline; SOUZA, Tiago Bittencourt de ............................................ 157 APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ALMEIDA, Thaís Sanches de; CARDOSO, Daniela Uzai; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ................................. 165 ARTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO REALIZADO NA EMEI PROFESSORA MARIA ZULMIRA CAÇÃO PEREIRA NA CIDADE DE LUPÉRCIO- SP RODRIGUES, Claudia Noemi; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ...................................................... 173 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 7 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA AS DIFERENÇAS ENTRE JOGAR, BRINCAR, UMA FORMA DE EDUCAR COMO ESTIMULO DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL BERTOLINI, Araise; PEREIRA, Edinalva Telma; SOUZA,Tiago B. de ............................................. 181 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: APROVA COMO INSTRUMENTO AVALIATIVO ANDRADE, Lucila Cristina Paladin; BARROS, Mariana Spadoto ........................................................... 189 AVALIAÇÃO DOS ALUNOS EGRESSOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNESP/MARÍLIA SOBRE FORMAÇÃO NA PERSPECTIVA INCLUSIVA POKER, Rosimar Bortolini; VALENTIM, Fernanda Oscar Dourado; GARLA, Isadora Almeida ............................ 199 BREVE HISTÓRICO DA INSERÇÃO DAS BRINCADEIRAS E DOS JOGOS LÚDICOS NAS ESCOLAS Reginaldo José BARBOZA; Laene Iara Eugênio CORREIA; Franciele SOUZA ................................................. 211 CONSTRUTIVISMO, INTERACIONISMO LINGUÍSTICO E LETRAMENTO: MODELOS TEÓRICOS ADOTADOS PARA A EXPLICAÇÃO DOS PROBLEMAS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL A PARTIR DA DÉCADA DE 1980 SILVA, Odair Vieira .............................................. 221 CONTEXTOS DA AQUISIÇÃO DA LEITURA: DIFERENÇAS ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ROMANINI, Carla Afonso; AFONSO, Isabela Romanini; BARROS, Mariana Spadoto ...................................... 233 CONTEXTOS DA LINGUAGEM E DO LÚDICO FERNANDES, Maria Dolores Leal de Carvalho; SANCHEZ, Angela Maria; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ................ 243 8 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SOB A PERSPECTIVA PSICOPEDAGÓGICA GODOY, Ana Maria Oliveira Batista de; DOURADO,Fernanda Valentim ........................................................... 253 ENSINO DA MATEMÁTICA COM JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ALMEIDA, Thaís Sanches de; CARDOSO, Daniela Uzai; VALENTIM, Fernanda Oscar Dourado .......................... 261 EQUIPES DE DIREÇÃO ESCOLAR EM FORMAÇÃO CONTINUADA: UMA ANÁLISE DA ATUAÇÃO DA UNIVERSIDADE SOUZA, Tiago B. de .............................................. 267 GESTÃO DEMOCRÁTICA E PROTAGONISMO JUVENIL: DESENVOLVENDO UM NOVO OLHAR SOBRE A ESCOLA A PARTIR DE AÇÕES DE CIDADANIA COELHO, Sandra Elisa Q. Barbosa ............................. 277 JOGO DE FAZ DE CONTA – REAL E IMAGINÁRIO LISSER, Naiane Aparecida; ROCHA, Bárbara Heloísa Franco Rocha; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ........................ 285 JOGOS SIMBÓLICOS PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN MIRA, Josiane da Silva; SILVA, Natalia Tavares de; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de .............................................. 293 LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA BARBOZA, Reginaldo José; FRANCISCO, Camila Lima; SANTOS, Maria Fernanda ....................................... 301 MUSICALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A APLICAÇÃO DA PRÁTICA DE MUSICALIZAÇÃO NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL KOLLE, Klaus Degliomine ....................................... 309 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 9 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA NOÇÕES HISTÓRICAS E SOCIOLÓGICAS A RESPEITO DOS CONCEITOS DE “CRIANÇA” E DE “INFÂNCIA” Reginaldo José BARBOZA; Eda Carolina Borborema CAMILO; Valéria Bianchi RIBEIRO ......................................... 319 O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA REIS, Juliana Cristina Lopes dos; SANTOS, Larissa Alves Dias dos; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ........................... 327 O CONCEITO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ZEFERINO Deise França Santos; PEREIRA, Letícia Inácio; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ................................. 335 O DIREITO À EDUCAÇÂO: A LEIS DE DIRETRIZES E BASES E O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Reginaldo José BARBOZA; Bruna Martins SANTOS; Dirce MARTINS ........................................................... 347 O PAPEL DO GESTOR NA GESTÃO DEMOCRÁTICA RODRIGUES, Mayara de Souza; BARROS, Mariana Spadoto ........................................................... 355 O PAPEL DO PROFESSOR EM UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA PEDROLLI, Andressa Casadei; ZAMAIO, Gabriela; NASCIMENTO, Mirella Maria. Silva; SILVA, Odair Vieira ..... 363 O PAPEL DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL DIAS, Sabrina Alves; CARDAMONE, Adriana Quintino; MARTINS, Vanessa Cristina da Silva ........................... 371 O PENSAMENTO DE LUCKESI E ARANHA SOBRE DA TENDÊNCIA PEDAGÓGICA TECNICISTA NO BRASIL BARBOZA, Reginaldo José; PELEGRINI, Caroline Silva; SILVA, Ana Stela Scarpinelo Ramos da ........................ 379 10 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PROCESSO DE APRENDIZAGEM: ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E A AFETIVIDADE DOCENTE Reginaldo José BARBOZA ....................................... 389 OS BENEFÍCIOS DO BRINCAR: A BRINCADEIRA COMO PROPULSORA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SANTOS, Vanessa dos; TAVARES, Gabrieli Aparecida; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ................................. 399 OS CONCEITOS DE “CRIANÇA” E DE “INFÂNCIA” E A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E DA LITERATURA NO BRASIL Reginaldo José BARBOZA; Débora NUCCI .................... 407 PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (1997): MATEMÁTICA PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Aline de Novaes CONCEIÇÃO ................................... 417 PEDAGOGIA WALDORF: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS SOBRE O SEU MÉTODO E A SUA GESTÃO ADMINISTRATIVA Larissa Mayumi Kikuti BAIA; Reginaldo José BARBOZA ..... 433 PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E SEUS SIGNIFICADOS NO CONTEXTO ESCOLAR RODRIGUES, Andressa dos Santos; LIMA, Natalia Cardoso; DIAS, Sabrina Alves .............................................. 445 PSICOMOTRICIDADE E SUAS FUNÇÕES NA EDUCAÇÃO SOUZA, Flávia Alves de; OLIVEIRA, Francine Ribeiro de; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ................................. 451 RECICLANDO E BRINCANDO LIMA, Dayane Cristina de; OLIVEIRA, Aparecida Batista de; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ................................ 457 RELAÇÃO ENTRE O LÚDICO E A EDUCAÇÃO: A BUSCA POR UM ENSINO DESENVOLVENTE GALVÃO, Ana Carolina; CARDOSO, Jênifer da Silva; ANDRADE, Lizbeth Oliveira de .............................................. 465 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 11 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Normas para elaboração de artigo científico do Simpósio da FAEF .......................................................... 475 12 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF APRESENTAÇÃO A FAEF de Garça/SP vem se consolidando como Instituição de Ensino Superior capaz de contribuir para o desenvolvimento da região, do Estado e também do País colocando profissionais competentes no mercado de trabalho. Sua história inicia em 1989 e, de lá para cá, a respeitabilidade e o compromisso da Instituição é constatável, especialmente quanto à percepção de seu esforço para enveredar pelo caminho próprio das escolas sérias de nível superior, com eixo na tríade: Ensino, Pesquisa e Extensão. Em sua 19a edição, o evento vem enriquecido o desenvolvimento de virtudes, tendo como principais objetivos: - Estimular a criação cultural e o desenvolvimento humanístico; - Formar recursos humanos nas áreas de conhecimento que atua, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira; - Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência, da tecnologia e a difusão da cultura; - Promover a divulgação de conhecimentos cultural, científico e técnico que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação junto à sociedade. No evento, alunos e professores da FAEF, bem como alunos e profissionais de outras Instituições e demais interessados, puderam aprimorar seus conhecimentos, publicar suas pesquisas, apresentar Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 13 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA trabalhos científicos, além de terem mantido contatos com palestrantes renomados nas diversas áreas do saber e desenvolver suas virtudes. Todas estas atividades e produção científica deram origem a mais uma edição dos Anais do Simpósio da FAEF que, com imensa satisfação, oferecemos aos leitores. Acima de tudo, os Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas são resultantes de um esforço conjunto dos nossos alunos, professores, coordenadores, diretores e mantenedora e concretizam o estímulo e a valorização à pesquisa científica promovidos por esta Faculdade. COMISSÃO ORGANIZADORA 14 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF COMISSÃO ORGANIZADORA - Presidente de Honra: Profª. Drª. Dayse Maria Alonso Shimizu - Presidente Excecutivo: Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo - Vice-presidente: Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto COMISSÃO CIENTÍFICA Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Prof. MSc. Martinho Otto Gerlack Neto Profª. Drª. Vanessa Zappa Profª MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa Profª Msc. Kelly Karine Paschoal Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça Prof. Msc. Odair Vieira da Silva Prof. Msc. Rangel Antônio Gazzola Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Prof. MSc. Osni Álamo Pinheiro Júnior Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 15 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA COMISSÃO DE SECRETÁRIA, TESOURARIA E EXPEDIÇÃO DE CERTIFICADOS Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Sra. Daniela de Almeida Funakawa Cirillo Sr. Leandro Matta Profª Drª Vanessa Zappa Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça Prof. Martinho Otto Gerlack Neto Prof. Rangel Antônio Gazzola Profª MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa Profª Msc. Kelly Karine Paschoal COMISSÃO DE CAPTAÇÃO DE PARCEIROS Prof Msc. Augusto Gabriel Claro de Melo Prof. Martinho Otto Gerlack Neto Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Profª Esp. Deise Aparecida Estanislau Dereça Profª. Júlia Kawazaki Hori Prof. Esp. Paulo Jacobino Prof. Daniel Aparecido Marzola Profª Drª Saara Scolari Profª Drª Suzana Más Rosa Sr. Leandro Matta Sr. Sidney Marques Roberto Sr. Thiago Ramirez Cavalheiro Sr. Adriano Pereira da Silva 16 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF COMISSÃO DE INFRAESTRUTURA Prof. MSc. Osni Álamo Pinheiro Júnior Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Prof. Daniel Aparecido Marzola Sra. Maria Aparecida da Silva Prof. Esp. Paulo Jacobino Profª MSc. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão Prof. Dr. Renan Botelho Sr. Denis Dias V. Barbosa Sr. Sidney Marques Roberto COMISSÃO DE CULTURA E ENTRETENIMENTO Prof MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Profª. Júlia Kawazaki Hori Prof. Osni Alamo Pinheiro Junior Profª MSc. Fernanda Tamara Neme Mobaid Agudo Romão Profª. Esp. Deise Estanislau Dereça Prof. Esp. Lucas Tombi Scaramuzza Maria Aparecida da Silva COMISSÃO DE MARKETING, COMUNICAÇÃO E MÍDIAS SOCIAIS Prof. MSc. Augusto Gabriel Claro de Melo Profª. Drª. Vanessa Zappa Sra. Suellen Nogueira Martins Alves Sra. Érika Alves de Souza Santos da Costa Sra. Euceny Caroline Pedroso Saccá Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 17 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Sr. Denis Dias V. Barbosa Prof. Paulo César Jacobino COMISSÃO DE APOIO AO ENSINO Prof. MSc. Odair Vieira da Silva Profª. MSc. Deise Aparecida Estanislau Dereça Profª. MSc. Renata Shimizu Locatelli da Rosa Profª. MSc. Kelly Karine Paschoal Profª MSc. Karla Borelli 18 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF AGRADECIMENTOS A Comissão Organizadora da XIX Edição do Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF é grata aos patrocinadores e parceiros que colaboraram com a nossa Instituição. Contribuindo para o desenvolvimento da pesquisa científica do Brasil: Caixa Econômica Federal, CREA-SP, AEAAG – Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Garça, 3s Comércio de Embalagens, Agrofort, Amanda Moretti: Podologia e Estética, Benemara, Bom Gás & Água, Burger King, Cartório 1º Ofício Três Lagoas, Casa de Carnes Panorama, Celeiro Vestuário, Cimento Marília, Comauto Auto Peças Marília, Composição Confecções, Construgar transportes de materiais para construção, Cooperativa Sul Brasil, Damásio Educacional, Dismagril, Eletro Center, Escritório Fiscontábil, Flora Mix, Gamag, Sacca’s Acessórios e Bijuterias, Ivo Madeiras, Javep – Veículos, Peças e Serviços Ltda, Leila Tecidos, Life Sucos, Studio Lu Sestito, Luís Fernando Bautz Gomes, Mafer Marília, Maria Morena Modas, Moreira’s Buffet e Eventos, Ogata Veículos e Peças Ltda Marília, Ortiz Minichiello (Advogacia e Consultoria), Auto Posto Rotatória de Garça – Ltda, Reipel, Santa Maria Park Hotel, Semag, Sicoob Credicitrus, Sindicato Rural de Garça, Status Formaturas, Tintas e Tintas, Top Cell – venda e assistência técnica especializada, Total Utilidades, Vestigiu’s Uniformes, VideoSystem – Filmagens Locações e vendas, Wizard Garça e Academia Work Body Fitness e Khorus. São raras as empresas que têm este grau de consciência da responsabilidade social que deve permear sua atividade comercial. Avante Brasil! Com Educação e Pesquisa Científica! O Grupo FAEF valoriza seus parceiros. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 19 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 20 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 21 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 22 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF XIX TRABALHOS APRESENTADOS Pedagogia Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 23 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 24 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF (RE)VISÕES SOBRE OS CONCEITOS DE CRIANÇA E DE EDUCAÇÃO INFANTIL: REFLEXÕES A PARTIR DE ATIVIDADES LITERÁRIAS NA INFÂNCIA ANDRADE, Lizbeth Oliveira de1 RESUMO Neste artigo busco discutir a formação literária na Educação Infantil que compreende as crianças dos primeiros meses de vida até cinco anos, no entanto, apresento propostas de atividades literárias, fazendo uso das estratégias de leitura, para crianças de quatro e cinco anos de idade, pensando nas possibilidades da constituição de autoria na criança. O objetivo do trabalho é fazer alguns apontamentos sobre os conceitos de humanização, Educação Infantil, infância e suas relações com atividades literárias em especial, o trabalho com as estratégias de leitura, como possibilidades para o desenvolvimento de capacidades humanas que possam auxiliar na constituição da criança autora. Palavras-chave: Atividade literária; Educação; Educação Infantil; Estratégias de leitura; Literatura infantil. 1 Professora mestre no curso de Pedagogia, nas disciplinas: Recreação, jogos e movimento; Natureza e Sociedade na Educação Infantil. Pela Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEFGarça/SP) [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 25 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT In this seek article discussing the literary education in kindergarten comprising children of the first months of life up to five years, however, present proposals for literary activities, making use of reading strategies for children of four and five years old, thinking in the child authoring constitution of possibilities. The objective is to make some notes about the humanization of concepts, Early Childhood Education, childhood and their relationship with literary activities in particular, work with reading strategies, as possibilities for the development of human capacities that can assist in the child’s constitution author. Keywords: literary activity; Education; Child education; reading strategies; Children’s literature. 1.INTRODUÇÃO A Educação Infantil vem ganhando seu espaço nas pesquisas atuais, porém, segundo Angotti (2008), o termo ainda é utilizado em discursos políticos vazios e dificilmente ganha seu devido reconhecimento como um espaço educacional. A autora defende que esse momento da escolaridade básica seja reconhecido como espaço que assegure à criança possibilidades de aprendizagens que impulsionem seu desenvolvimento integral, por meio de atendimento educacional de qualidade. As Instituições de Educação Infantil (IEIs) devem priorizar o trabalho pedagógico [...] que promova o desenvolvimento integral da criança em suas diferentes e complementares perspectivas. Porém, não se poderá prescindir de uma ação integrada entre diferentes perspectivas advindas de políticas outras, tais como de ação social, de saúde, de cultura... de tal forma a atender o cidadão em sua vida organizada em sociedade. (ANGOTTI, 2008, p. 19) Este texto traz uma discussão sobre atividades literárias possíveis de serem desenvolvidas na Educação Infantil como oportunidades para huma-nização de crianças e de adultos, contribuindo, também, para a inserção da criança na cultura escrita. 26 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Segundo Girotto e Souza (2010), aprofundando os estudos dos pesquisadores norte americanos Harvey e Goudivs (2008), as estratégias de leitura, são estratégias que auxiliam o leitor na compreensão do texto. No capítulo apresentado pelas autoras, elas (re)afirmam o papel do(a) professor(a) no ensino dessas estratégias cujo objetivo é formar crianças leitoras. Dentre essas estratégias temos as conexões texto-texto, textoleitor e texto-mundo; a visualização e a inferência, além dos momentos, após a leitura, de sumarização e síntese. Assim, o livro escolhido para a atividade de inferência foi: Quando isto vira aquilo, de Guto Lins, da editora Rocco. Trata-se de um livro de imagens, que em cada página apresenta um animal e, por meio da ilustração, na passagem de uma página para outra, são apresentadas algumas pistas do próximo animal, como se uma ilustração se transformasse na outra, auxiliando nas possibilidades de inferência. No bojo das reflexões, são discutidos os conceitos como humanização, Educação Infantil, infância, literatura, texto imagético e estratégias de leitura. 2.LITERATURA E EDUCAÇÃO INFANTIL Falar sobre literatura na Educação Infantil requer o esclarecimento da compreensão que se tem sobre os dois conceitos e sobre o conceito de criança. Para essa compreensão, o aporte teórico escolhido tem base nos pressupostos da Teoria HistóricoCultural, também conhecida como Escola de Vygotsky. A criança, segundo essa teoria, precisa se apropriar dos bens produzidos historicamente para se humanizar e se desenvolver, no entanto, “[...] o processo de aprendizagem é sempre colaborativo, sendo resultado da ação conjunta entre o mediador e a criança, um processo ativo do ponto de vista daquele que aprende” (ANDRADE, 2012, p.16). Ler e escrever são criações humanas que foram historicamente desenvolvidas é necessário não fragmentar esse objeto (escrita), reduzindo-o a sílabas ou palavras isoladas, como se isso fosse facilitar a compreensão das crianças. Na verdade, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 27 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA [...] no processo de conhecer a cultura escrita, por meio das experiências que vão vivendo, as crianças vão criando para si esse sentido do que seja a escrita. Dependendo da forma como apresentamos a escrita para as crianças, obstaculizamos a formação de um sentido que seja adequado à escrita. (MELLO, 2007, p.77-78) A leitura literária, na Educação Infantil, não deve ser interpretada como uma antecipação de práticas escolarizadas, mas, como uma apresentação dessa capacidade humana. Nesta parte do artigo tratei sobre concepções de literatura e de criança, respaldadas nos pressupostos da Teoria Histórico-Cultural. Passo agora a comentar sobre as atividades literárias e o desenvolvimento das capacidades humanas. 2.1 ATIVIDADES LITERÁRIAS E O DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES HUMANAS Na primeira parte deste artigo apontei o texto literário e as capacidades de ler e escrever como instrumentos humanizadores e culturais, relevantes, portanto, no trabalho com crianças pequenas. Mencionei também a preocupação em não utilizar tais atividades como forma de antecipar as práticas escolares na Educação Infantil, mas, como fazer isso, ou melhor, como não fazer isso? Pensar nos modos de se promover vivências literárias para crianças pequenas não é tão simples quanto possa parecer, essa inserção deve ocorrer de maneira adequada. Assim, a escolha dos livros de literatura infantil constitui-se em uma tarefa extremamente importante, tanto quanto a posterior organização de trabalho pedagógico a partir desta seleção. Além da seleção do livro, o espaço em que as atividades serão desenvolvidas também deve ganhar destaque, cada ação deve ser intencionalmente planejada e este espaço deve auxiliar o educador a atingir seu objetivo com as crianças. Outros recursos podem ser utilizados, como fantoches, dedoches, fantasias, aventais, brinquedos, objetos, etc. Bajard (2002) também nos fornece algumas ideias como o baú dos tesouros, a estante móvel, uma estante que pode ser feita de tecido com grandes bolsos de plástico transparente para colocar os livros – esta pode ser pendurada na sala ou ficar no 28 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF chão para as crianças escolherem os livros que querem ver, manusear, folhear e ler. Toda organização do trabalho, intencionalmente planejado, com atividades literárias, poderá possibilitar o desenvolvimento de capacidades humanas nas crianças, como a memória, a atenção, a imaginação e a atividade criadora. Passamos agora à análise e descrição do livro escolhido. 2.2 ANÁLISE DO LIVRO Livro: “Quando isto vira aquilo” de Guto Lins. Editora: Rocco. O livro “Quando isto vira aquilo” apresenta cores fortes e vibrantes, os traços remetem ao uso de tinta e giz de cera. O papel que compõe a capa é mais grosso em relação às demais páginas do livro. No entanto, essa característica não facilita o acesso de crianças muito pequenas, pensando nas possibilidades de ações nos primeiros meses de vida até os três anos de idades, a gramatura do livro não impede que seja facilmente danificado, se manuseado bruscamente ou levado à boca. A capa, normalmente é a abertura para a história. Neste caso, Guto Lins, autor do livro, apresenta um grande círculo alaranjado, que corresponde a um rosto, sobre a capa azul. Neste círculo está escrito o título de forma que, as palavras quando e isto, terminadas em o, compõe um dos olhos, a palavra vira, está virada de ponta cabeça, sendo que o pingo da letra i corresponde ao nariz e a palavra aquilo, também terminada em o, compõe o outro olho. Na quarta capa há uma espécie de trava língua, elaborada pelo autor, para remeter ao livro “Quando isto vira aquilo. Quando aquilo vira isto. Quando texto vira imagem. Quando imagem vira texto”. (LINS, 2008) A ilustração é parte fundamental da história. Ela corresponde a toda narrativa. Trata-se, portanto, de um livro de imagens, em que cada imagem ocupa duas páginas do livro aberto e a página a ser virada traz indicações da próxima ilustração. Outro aspecto que justifica a escolha deste livro é que todas as ilustrações são de animais, o que auxilia a criança na categoria de possibilidades de inferência. Ao passo que, após duas ou três páginas viradas, as crianças de quatro ou cinco anos, provavelmente, não Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 29 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA irão apostar suas hipóteses em algo que não seja da categoria animal, facilitando assim a compreensão do texto. A primeira página do livro está na cor vermelha, como se fosse pintada com tinta e traz apenas os olhos e boca do personagem indicado na capa, sendo que a posição da boca nos remete a ideia de que o personagem está feliz. Na próxima página há uma repetição da capa, a única diferença é que a página está na cor branca e não azul, atrás da mesma, na cor alaranjada, estão as informações editoriais do livro, em seguida uma página branca com a frase “Quando isto vira” e ao virar encontramos a palavra “aquilo”, sendo que, propositalmente a última palavra termina com a letra a e a palavra da página seguinte inicia com a mesma letra. Já são as primeiras pistas de como este livro deverá ser observado para ser compreendido. Ao lado, na página seguinte, aparece o desenho de uma cobra, apenas parte do seu corpo e a sua cabeça, daí em diante começam a surgir os outros animais, ao final, na penúltima página do livro, a cobra aparece novamente, o que nos da a ideia da possibilidade do livro ser lido de traz para frente, ou de que a história volta ao início. Há uma página em branco e ao virá-la, temos novamente uma página pintada na cor vermelha com a mesma ilustração dos olhos e boca, mas, desta vez a boca nos remete a ideia de que o personagem está triste, provavelmente porque a história chegou ao fim. O livro também apresenta orelhas na capa e quarta capa. Na capa há a foto de um garotinho, apenas metade do rosto, provavelmente o próprio autor Guto Lins, quando criança, com a seguinte descrição “Quando isto vira aquilo? Quando o ilustrador vira autor? Quando o autor vira ilustrador?” Já na orelha da quarta capa aparece uma foto do Guto Lins, já adulto, mostrando a outra metade do rosto, em relação a sua foto de criança e algumas informações sobre o autor e o livro. Após a descrição do livro, passamos para a sugestão de atividade com as crianças, com base nas estratégias de leitura. 2.3 ATIVIDADE DE INFERÊNCIA A inferência é uma das estratégias de leitura citadas por Girotto e Souza (2010), que retomam estudos de pesquisadores 30 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF estadunidenses e organizam algumas propostas de atividades relacionadas com a realidade das escolas brasileiras. As estratégias de leitura ou as estratégias de compreensão leitora foram pensadas primeiramente por Harvey e Goudvis (2008) e Presley (2002). Ao conhecer a abordagem metodológica do ensino das estratégias para o ato de ler, o desafio é propor uma atividade literária que não escolarize as práticas na Educação Infantil; a ideia não é alfabetizar as crianças, mas inserí-las no contexto literário e nas práticas de leitura socialmente estabelecidas. Desde a Educação Infantil é possível e necessário criar estas possibilidades de conhecimento e inserção. Sendo assim, as crianças podem aprender a organizar suas experiências de modo que auxilie na compreensão da leitura e, neste caso, a leitura pode ser feita pelo outro. Girotto e Souza (2010) apresentam o primeiro momento como Oficinas de Leitura, em que o(a) professor(a) organiza a aula para o ensino de uma estratégia. Neste caso, nossa proposta não é de uma aula, até mesmo por se tratar de criança com quatro e cinco anos, mas sim de uma atividade literária. No entanto, algumas etapas descritas pelas autoras são importantes nesta organização. A primeira é em relação à ambientação, organizar e preparar o ambiente em que a leitura será feita é muito importante, até mesmo para auxiliar as crianças a tornar essa prática como parte da rotina do dia; já a segunda diz respeito à escolha do livro literário e do gênero que o compõe. Dissemos anteriormente sobre a importância da escolha de livros que possam facilitar a manipulação das crianças pequenas; além deste cuidado, outros devem compor o momento da escolha, por exemplo: Qual é a narrativa? Quais são os elementos linguísticos presentes neste livro? Há ilustrações? Como estão dispostas as ilustrações? Há outros elementos que auxiliam na composição do livro, como: orelhas; descrição na quarta capa; diferentes texturas nas ilustrações? Cabe ainda ao(a) professor(a) pesquisar e contextualizar autor(a) e ilustrador(a) no momento da sua escolha. Após a ambientação e a escolha do livro, a sugestão é de que o(a) professor(a) comece a leitura dando o primeiro exemplo, que ele(a) mostre o que quer que as crianças façam, no caso do livro Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 31 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Quando isto vira aquilo, o(a) professor(a) pode falar qual é o animal que ele(a) acha que virá na próxima página e assim pedir para que as crianças façam o mesmo nas páginas seguintes. Neste caso, o(a) professor(a) pode mostrar qual foi a pista da página anterior que o(a) ajudou a fazer esta inferência, assim as crianças terão mais possibilidades de inferir com coerência e não apostarem em um objeto qualquer. Caso o(a) professor(a) queira verificar se as próprias crianças conseguem perceber as pistas, ele(a) poderá perguntar por que as crianças acham que será determinada coisa; poderá também, ao final, voltar a história desde o início e ir mostrando as pistas nas páginas, no caso das crianças não terem percebido, incluindo os detalhes da própria capa. Passamos agora as considerações finais deste artigo. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Fazer apontamentos sobre os conceitos de humanização, Educação Infantil, infância e suas relações com atividades literárias nos permite colocar algumas questões como: É possível e/ou necessário trabalhar atividades literárias com crianças da Educação Infantil? Como desenvolver o trabalho literário na Educação Infantil, sem escolarizar as crianças? Na tentativa de apresentar uma discussão sobre o desenvolvimento das crianças pequenas e como atividades literárias trabalhadas nas instituições de Educação Infantil, podem auxiliar neste desenvolvimento, busco repensar os conceitos de humanização, infância e Educação Infantil, além do processo mediador entre crianças e educadores. O intuito foi, com a ajuda de outros estudiosos, pensar em possibilidades do trabalho com atividades literárias na Educação Infantil, em especial com as estratégias de leitura, de forma que não antecipe o processo de escolarização e todo o preparo que o educador deve ter, em seu trabalho pedagógico, para atender as necessidades dessas crianças. Para além da formação do leitor, atividades que levem em consideração o ser biológico, social, histórico e cultural têm maiores 32 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF possibilidades de promover o pleno desenvolvimento das capacidades humanas. 4.REFERÊNCIAS ANDRADE, L. O. de. Literatura infantil e as narrativas dos contos: ferramentas para a formação da atividade criadora e imaginação na infância. Trabalho de conclusão de curso- Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista. Marilia, 2012. ANGOTTI, M. Educação infantil: para que, para quem e por quê. In: ANGOTTI, M. (Org.). Educação infantil: para que, para quem e por quê. 2ªed. Campinas, SP: Alínea, 2008. BAJARD. E. Caminhos da escrita: espaços de aprendizagem. 2. ed. São Paulo, SP: Cortez, 2002. GIROTTO, C. G. G. S.; SOUZA, R. J. de. Estratégias de leitura: para ensinar alunos a compreender o que leem. In: SOUZA, Renata Junqueira de (Org.) [et al]. Ler e compreender: estratégias de leitura. Campinas, SP: Mercado das letras, 2010. HARVEY, S.; GOUDVIS, A. Strategies that work: teaching comprehension for understanding and engagement. 2. ed. Portland, Maine: Stenhouse Publisher, 2008. LINS, G. Quando isto vira aquilo. Rio de Janeiro, RJ: Rocco, 2008. MELLO, S. A. Infância e humanização: algumas considerações na perspectiva histórico-cultural. 2007. Disponível em: <http:// www.perspectiva.ufsc.br> Acesso em: 16 jan. 2015. PRESLEY, M. Reading instruction that works: the case for balanced teaching. 2. ed. Nova York: Guilford, 2002. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 33 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 34 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF AS GRANDES REVOLUÇÕES DO SÉCULO XVIII E O ILUMINISMO SILVA, Odair Vieira1 RESUMO O presente artigo tem como escopo proporcionar uma análise histórica das três revoluções que marcaram o século XVIII: a Independência Americana, a Revolução Francesa e a Revolução Industrial e suas relações com ideais de liberdade e emancipação apregoados pelo Iluminismo. Nessa perspectiva, objetiva-se ainda refletir sobre como os processos de laicização e explicação racional e científica do mundo contribuíram para a constituição de um novo conceito de homem-indivíduo e um novo conceito do Estado e de economia. Palavras-chave: Iluminismo. Independência Americana. Revolução Francesa. Revolução Industrial ABSTRACT This article has the objective to provide a historical analysis of the three revolutions that marked the eighteenth century: the American Independence, the French Revolution and the Industrial 1 Doutorando em Educação e Mestre em História e Filosofia da Educação – UNESP – FFC – Marília/SP. Coordenador e Docente do Curso de Pedagogia – FAEF/ACEG – Garça/SP, e-mail: [email protected]. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 35 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Revolution and its ideals relations of freedom and emancipation proclaimed by the Iluminism. In this perspective, the purpose is to further reflect on how the secularization process and rational and scientific explanation of the world contributed to the creation of a new concept of man-individual and a new concept of the State and economy. Keywords: Illuminism. American Independence. French Revolution. Industrial Revolution 1.INTRODUÇÃO O século XVIII finaliza os processos de profundas mudanças no campo econômico, político, social e científico iniciados desde o século XVI. Essas mudanças foram demarcadas pelos processos de laicização e pela explicação racional e científica do mundo. Nesse período, as estruturas do pensamento humano passaram a ser alvo de intensas averiguações pelos principais expoentes da filosofia dos séculos XVI a XVIII. Dentre os principais filósofos desse período podemos destacar René Descartes (1596-1650), Blaise Pascal (1623-1662), Baruch Spinoza (1632-1677), Francis Bacon (1561-1626), Thomas Hobbes (1588-1679), John Locke (1632-1704), David Hume (1711-1776), Charles-Louis de Secondat, de Montesquieu, conhecido como barão de Montesquieu (1689-1755), Marie Jean Antoine Nicolas de Caritat, marquês de Condorcet (1743-1794), François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire (16941778), Denis Diderot (1713-1784), Jean-Jacques Rousseau (17121778), Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716), Immanuel Kant (1724-1804) e Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) (STRENGER, 1998). Nesse artigo, pretende-se refletir sobre como os escritos desses filósofos contribuíram para as mudanças nas concepções de mundo, de sujeito e suas relações com o Estado, fundamentados dos ideais de autonomia e liberdade. Desse modo, a ênfase recairá sobre como esses ideias contribuíram para a consecução das três grandes revoluções do século XVIII, a independência americana, a burguesa e jacobina na França, a econômico-industrial na Inglaterra. 36 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.O ILUMINISMO, A INDEPENDÊNCIA AMERICANA E AS REVOLUÇÕES FRANCESA E INDUSTRIAL De acordo com Cambi (1999), o século XVIII encerra os processos de Laicização do mundo moderno, possibilitando assim a emancipação das condições de vida, de produção e de concepção de mundo, agora possibilitado pelo viés racional e científico. Segundo o autor, o século XVIII foi marcado por “três revoluções a da independência americana, a burguesa e jacobina na França, a econômico-industrial na Inglaterra” (p. 324). Nessa perspectiva, Odalia (2006) assegura que no século XVIII, muitos dos processos históricos, [...] cujas origens remontam ao final da Idade Média e início da Idade Moderna (séculos XV e XVI), atingem sua culminância – como a Reforma e a ContraReforma religiosa ou a destruição do Estado manarquista absoluto. Ao lado desses, outros originam e, talvez, o mais importante seja o que dá início ao processo de construção do homem comum como sujeito de direitos civis. (p. 159) Simultaneamente, se inicia a propagação de ideias em larga escala por meio da imprensa periódica, de livros e panfletos. Emerge um novo conceito de homem-indivíduo e um novo conceito do Estado e de economia. Surge uma sociedade moderna “burguesa, dinâmica, estruturada em torno de muitos centros (econômicos, políticos, culturais, etc.) cada vez mais participativa e inspirada no princípiovalor da liberdade” (CAMBI, 1999, p. 324). De acordo com Hobsbawm (1977), no final do século XVIII, os velhos regimes europeus passaram por uma série de crises que se manifestavam em contestação contra seus sistemas econômicos e políticos. Essas crises geraram movimentos e revoltas em algumas colônias em busca de maior autonomia, como a secessão americana de 1776. Para Karnal (2006), a revolução americana e a consequente Independência dos Estados Unidos da América tiveram importantes contribuições para novas concepções sobre política e alterações nos conceitos cidadania e liberdade. Os conceitos que influenciaram a Independência Americana de 1776 estavam fundamentados nos ideias de autonomia e liberdade. Os separatistas em sua Declaração de Independência denunciavam que o rei da Grã-Bretanha violava os direitos mais gerais de liberdade Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 37 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA da colônia americana. Desse modo, os Estados Unidos, privilegiaram a invenção de uma memória histórica para a construção de seu Estado Nacional com base na supremacia dos dogmas puritanos e a liberdade, que “[...] passou a ser constituída como fator de integração nacional e de invenção de um novo Estado” (KARNAL, 2006, p. 140). A diversidade religiosa sempre foi a marca da colonização da América anglo-saxã. Ao contrário da colonização ibérica da América Latina, que detinha a aliança entre a Igreja e o Estado que de certa forma fortalecia o poder absoluto dos monarcas e domínio colonial. Nos Estados Unidos de acordo com Clark (1994 apud Karnal, 2006) tínhamos o “anglican nightmare2”, elemento religioso ocorrido a partir da primeira metade do século XVIII, que fez com que houvesse uma explosão de pluralismo na colônia anglo-saxã. A diversidade interna acentuava a dificuldade de controle e marcava uma ruptura maior com a Inglaterra A “explosão sectária” do século XVIII e os constantes “reavivamentos espirituais” estabeleceram um liame sólido entre a busca de liberdade política de 1776 e a busca de expressão autônoma religiosa. (Idem, ibid, 2006, p. 141) Para Karnal (2006) a Independência Americana de 1776, tinha como princípios dois pressupostos fundamentais, a primeira era leitura da memória histórica colonial e a tradição religiosa puritana de liberdade. A segunda tinha como fundamento os escritos do filósofo inglês John Locke. As obras de Locke foram lidas por norte-americanos nas universidades inglesas e serviram de pano de fundo intelectual para o movimento. Na declaração de independência dos Estados Unidos era possível vislumbrar os princípios básicos da obra de Locke, “Segundo Tratado Sobre de Governo: direitos naturais, governo instituído para preservar os direitos naturais, e direito a rebelião” (p. 141). Afora as contribuições de Locke, a Declaração americana também se fundamenta na Bill of Rights3 da Revolução Gloriosa Inglesa. Os colonos americanos resistiram à coação inglesa por meio de protestos e oposição intelectual, que culminou com a guerra aberta e a Independência dos Estados Unidos. A declaração de independência americana afirmava que “[...] todos os homens foram criados iguais e dotados pelo Criador de direitos inalienáveis, como a vida, liberdade, busca da felicidade” (Idem, ibid, p. 142). 38 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O século XVIII foi um século marcado pelos ideais de liberdade e emancipação, além de uma constante desconfiança em relação ao poder despótico. Desse modo, o sucesso da guerra da Independência dos Estados Unidos e sua repercussão no combate a tirania do Estado e na liberdade individual tiveram uma grande repercussão. A influência e o alcance desse êxito eram surpreendentes. A liberdade norteamericana atingia as outras colônias e inspirava novos movimentos. A própria França, que tanto ajudara na guerra contra a Inglaterra, começava a viver um movimento revolucionário, que teve a influência da guerra na América. (KARNAL, 2006, p. 143). Desse modo para Hobsbawm(1977), a Guerra da Independência norte-americana pode proclamar-se como “[...] a causa direta da Revolução Francesa” (p.76). Nessa perspectiva, Odalia (2006) ainda assegura que a Independência americana teve influencia repercutida no cenário mundial não apenas pela secessão com a Inglaterra. O episódio mais importante foi o fato de vir acompanhada de uma Declaração de Independência que expressava os “[...] ideais do século XVIII: o direito à vida, à liberdade, à felicidade e a igualdade entre os homens” (p. 164). Na França do século XVIII, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, foram às palavras de ordem dos que se rebelaram contra as opressões do Estado absolutista, este século também fora conhecido como século da Ilustração ou do Iluminismo (ODALIA, 2006). Para Rouanet (1987), a Ilustração foi, [...] a proposta mais generosa de emancipação jamais oferecida ao gênero humano. Ela acenou ao homem com a possibilidade de construir racionalmente o seu destino, livre da tirania e da superstição. Propôs ideais de paz e tolerância, que até hoje não se realizaram. Mostrou o caminho para que nos libertássemos do reino da necessidade, através do desenvolvimento das forças produtivas. (p. 27) Esse mesmo autor ainda realiza uma distinção entre os termos Ilustração e Iluminismo, para o ele o termo Ilustração se refere a corrente de ideias que floresceu no século no século XVIII. Já o termo Iluminismo se refere a, [...] uma tendência intelectual, não limitada a qualquer época específica, que combate o mito e o poder a partir da razão. Nesse sentido, o Iluminismo Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 39 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA é uma tendência trans-epocal, que cruza transversalmente a história e que se atualizou na Ilustração, mas não começou com ela, nem se extinguiu no século XVIII. A Ilustração aparece assim como uma importantíssima realização histórica do Iluminismo, certamente a mais prestigiosa, mas não a primeira, nem a última. Antes da Ilustração, houve autores iluministas , como Luciano, Lucrécio e Erasmo; depois dela, autores igualmente iluministas, como Marx, Freud e Adorno. (Idem, ibid, p. 28) Para Silva e Silva (2013), o conceito de Iluminismo foi criado por Kant em 1784, essa conceituação buscava definir a filosofia dominante na Europa do século XVIII. A palavra Iluminismo é derivada Esclarecimento, em alemão Aufklärung. Para Kant, o esclarecimento era a condição para que o homem e a humanidade adquirissem autonomia. Desse modo, o iluminismo foi um movimento de revalorização da atividade intelectual por meio da razão e da difusão do conhecimento científico. Sob esse aspecto, os filósofos iluministas acreditavam que a humanidade estava emergindo de uma era de obscurantismo e de ignorância para um novo tempo iluminado pela razão, pela ciência e pelo respeito à humanidade (STRENGER, 1998). Segundo Strenger (1998), o Iluminismo exaltava as faculdades da razão e representava o fim da especulação metafísica do século XVII. Cambi (1999) assevera que o iluminismo se caracterizava como um novo arquétipo de “[...] mentalidade e cultura, com sua fé no sapere aude4 e na raizon como critique; com sua oposição à metafísica e seu vínculo estreitíssimo com a ciência e o seu iter lógico e experimental” (p. 198). Para Silva e Silva (2013), o iluminismo não ficou apenas restrito a filosofia, mas abarcou também outras áreas do saber humano e atingiu o continente Americano, O Iluminismo abarcou a tanto a Filosofia quanto as ciências sociais e naturais, a educação e a tecnologia, desde a França até a Itália, a Escócia e mesmo a Polônia e a América do Norte. Os pensadores e escritores de diversas áreas que aderiram a esse movimento de crítica às ideais estabelecidas pelo Antigo Regime eram chamados comumente de philosophes, filósofos em francês, mas entre eles havia também economistas, como Adam Smith, e historiadores como Vico e Gibbons. (p. 210) Os autores ainda prosseguem ressaltando que os teóricos do Iluminismo não tinham uma corrente de pensamento única e nenhum 40 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF programa de ideias. Contudo, grande parte “[...] desses pensadores compartilhava algumas ideias em comum: a defesa do pensamento racional, a crítica à autoridade religiosa e ao autoritarismo de qualquer tipo e a oposição ao fanatismo” (p. 210). De acordo Abrão (1999), na França os ideais Iluministas tinham como lema a liberdade, a igualdade e a fraternidade, dentre seus mais importantes formuladores podemos destacar Voltaire, Montesquieu, Diderot e Rousseau. Para a autora, a burguesia francesa se nutriu e se apropriou dos ideais do pensamento Iluminista para realizar a Revolução Francesa de 1789, pois os revolucionários se utilizavam do pensamento iluminista para legitimar suas práticas. Desse modo, a Revolução Francesa, pode ser analisada como uma revolução burguesa, pois O movimento teria levado a burguesia ao poder político, a fim de se desembaraçar da monarquia absolutista e do Antigo Regime – que, após ter favorecido a consolidação da posição econômica burguesa, transformou-se em obstáculos a seu livre desenvolvimento. Para isso, a burguesia teria contado com o apoio de outras camadas do “terceiro estado” – camponeses e setores pobres das cidades (os chamados sans-culottes) -, além parcelas do clero e da nobreza. (ABRÃO, p. 289-290) Assim, podemos dizer que a Revolução Francesa foi uma revolução política da burguesia, que no século XVIII, tinha detinha poder econômico, porém estava politicamente excluída no Antigo Regime. Nesse aspecto, a Revolução Francesa eliminou as estruturas do Feudalismo e do Absolutismo estabelecendo uma nova ordem capitalista baseada na ideologia liberal (SILVA, SILVA, 2013). Para Bobbio (1992), a Revolução Francesa de 1789, representou uma virada na história do gênero humano, pois garantia a liberdade, a igualdade e a soberania popular, derrotando definitivamente o Antigo Regime. O autor ainda descreve o entusiasmo de Kant perante a Revolução Francesa e seu caráter positivo para humanidade, ligado ao [...] direito de um povo decidir sobre seu próprio destino. Esse direito, segundo Kant, revelara-se pela primeira vez na Revolução Francesa. E esse era o direito de liberdade num dos dois sentidos principais do termo, ou seja, como autodeterminação, como autonomia, como capacidade de legislar para si mesmo, como antítese de toda a forma de poder paterno ou patriarcal, que caracterizara os governos despóticos tradicionais. (p. 86) Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 41 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Todavia, de acordo com Abrão (1999), a coroação da Revolução Francesa se deu com a consolidação da sociedade burguesa e o desenvolvimento da economia capitalista. Para Libâneo, Oliveira e Toschi (2009), o Iluminismo e a Revolução Francesa, foram responsáveis pela gênese e constituição dos paradigmas de liberdade econômica, de eficiência e igualdade, presentes no liberalismo clássico com John Locke e Adam Smith. Para Hobsbawm (1977) no século XVIII, floresceu uma forte ideologia de progresso ligada ao clássico liberalismo burguês. Essa ideologia fora alimentada desde os primórdios do século XVII, com a revolução científica e encontrou seus principais expoentes na França e na Inglaterra. Essa ideologia era rigorosamente racionalista e secular, fundamentada principalmente no uso da razão, do conhecimento científico e do controle técnico do homem sobre a natureza. Com relação à filosofia essas tendências se inclinavam, [...] ao materialismo ou ao empiricismo, que condiziam com uma ideologia que devia suas forças e métodos à ciência, neste caso principalmente a matemática e à física da revolução científica do século XVII. Suas hipóteses gerais sobre o mundo e o homem estavam marcadas por um penetrante individualismo. (p. 256) No que tange ao cenário econômico, de acordo com Abrão (1999), na segunda metade do século XVIII, o sistema econômico mundial passa por uma transformação sem precedentes na história da humanidade. Essas transformações iniciaram-se a partir do ano de 1780 na Inglaterra e ficaram conhecidas como Revolução Industrial. No cerne desse processo encontra-se a “[...] introdução de máquinas nas indústrias que acaba simbolizado pela máquina à vapor, inventada pelo escocês James Watt, em 1769” (p. 363). Para Hobsbawm (1977), [...] pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços. Este fato é hoje tecnicamente conhecido pelos economistas como a “partida para o crescimento auto-sustentável”. Nenhuma sociedade anterior tinha sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-industrial, uma tecnologia e uma ciência deficientes, e consequentemente o colapso, a fome e a morte periódicas, impunham a produção. (p. 44) 42 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Os segmentos econômicos que mais se destacaram na Revolução Industrial inglesa foram o setor têxtil e a indústria de base. As importações de tecidos ingleses a base de algodão aumentaram em dez vezes sua produção entre 1750 e 1769. Na Inglaterra, [...] a extração de carvão, empregando máquinas a vapor, representa, em 1800, cerca de 90% da produção mundial. A siderurgia e a metalurgia do ferro – essenciais nessa era da maquinaria – desenvolvem-se desde o início do século XVIII, incorporando novas soluções técnicas, como a fundição á base de coque, extraído do carvão mineral, associando intimamente esta indústria ao setor carbonífero. A ferrovia – que teve sua primeira linha regular, entre Liverpool e Manchester, instalada em 1830 – é como a síntese dessas indústrias: não apenas transporta carvão e ferro (além de outras mercadorias e passageiros), como também suas locomotivas, movidas à maquina a vapor, alimentam-se de carvão e são construídas de ferro. (ABRÃO, 1999, p. 364) Todavia, de acordo com Russell (2004) do ponto de vista humano os primórdios do industrialismo se configuraram em um período de grandes perdas. Na Inglaterra do século XVIII, o processo econômico de social de enclosure, que vinha ocorrendo desde a Idade Média, atingiu seu apogeu. Esse processo consistia no fechamento dos campos comunais com o objetivo de ampliar a produção e gerar excedente comercializável. Desse modo, esse processo fez com que um “[...] grande número de camponeses desenraizados se vissem empurrados para as cidades, em busca de novo meio de vida. Essas pessoas foram absorvidas pelas novas fabricas” (p. 420). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pela análise empreendida neste artigo, podemos salientar que o século XVIII operou uma grande transformação econômica, social e política nas sociedades humanas. Neste período, além das grandes revoluções apresentadas se consolidaram as bases do pensamento liberal e da sociedade industrial, criando e reelaborando as bases teóricas e filosóficas do liberalismo, podendo ser citados: [...] a doutrina da tolerância, com Voltaire, ou das garantias contra o Estado, com Montesquieu (em sua leitura um tanto idealizada do sistema constitucional inglês), ou a idéia de progresso, com Condorcet, ou o papel da ciência no aperfeiçoamento material e moral dos homens com Diderot, ou, em geral, a teoria dos direitos humanos, presente em maior ou menor grau dos principais autores. (ROUNET, 1987, p. 200) Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 43 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Além desses fatores econômicos, sociais e políticos, podemos dizer que as formulações teóricas desse período provocaram uma intensa revolução cultural devido ao legado dos filósofos iluministas e ao espírito da Revolução Francesa e da Revolução Industrial. 4. REFERENCIAS ABRÃO, B. S. Os pensadores: história da filosofia. São Paulo: São Paulo: Nova Cultural, 1999. BOBBIO, N. A era dos direitos. 15. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1992. CAMBI, F. História da pedagogia. São Paulo: Unesp. 1999. HOBSBAWM, E. J. A era das revoluções: Europa 1789-1848. 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. KARNAL, L. Estados Unidos, liberdade e cidadania. In: PINSKY, J.; PINSKY, C. B. (orgs.). História da Cidadania. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2006. LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 7. ed. 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Nessa perspectiva, procura-se refletir sobre as fundações do pensamento político da Idade Moderna, entre os séculos XV e XVIII sob as contribuições de dois filófosos contratualistas Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes. As reflexões apresentadas terão como objetivo analisar as principais teorias contratuais e suas contribuições para a constituição de um conceito moderno de Estado. Assim, ao longo do texto procurar-se-á demonstrar como as teorias contratuais buscavam fundamentos para justificar as instituições políticas desse período histórico e arquitetar uma nova explicação para as razões da existência do Estado, sua natureza e poder político. Palavras chave: Estado. Política. Nicolau Maquiavel.Teorias Contratuais.Thomas Hobbes. 1 Doutorando em Educação e Mestre em História e Filosofia da Educação – UNESP – FFC – Marília/SP. Coordenador e Docente do Curso de Pedagogia – FAEF/ACEG – Garça/SP, e-mail: [email protected]. 2 Discente do Curso de Enfermagem da Faculdade de Medicina de Marília – FAMEMA – Marília/SP, email: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 45 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This article searches to analyze the transition from medieval political theory to modern theory. From this perspective, we try to think over on the foundations of the political thought of the modern age, between the fifteenth and eighteenth centuries if the contributions of two contractualist philosophers Niccolo Machiavelli and Thomas Hobbes. The reflections presented will have as aim to analyze the main contractual theories and their contributions to the establishment of a modern concept of state. Thus, along the text will be demonstrate how the contractual theories searched reasons to justify the political institutions of that historical period and create a new explanation for the reasons for the State’s existence, nature and political power. Keywords: State. Policy. Niccolo Machiavelli. Contractual Theories.Thomas Hobbes. 1.INTRODUÇÃO O presente artigo pretende refletir sobre o contexto histórico e filosófico do surgimento das principais teorias contratuais e suas contribuições para a constituição de um conceito moderno de Estado. Nessa perspectiva, delimitamos como limites cronológicos o período compreendido entre o século XV ao século XVII. A escolha dessa periodização se deve ao fato de que nessa época as teorias políticas sobre o Estado estavam vivendo um momento de transição de uma concepção medieval para uma concepção moderna. Inicialmente, vamos analisar os escritos políticos do historiador e filósofo político italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) e sua obra mais famosa, O Príncipe. Na sequência, vamos analisar os escritos do filósofo e teórico político inglês Thomas Hobbes (1588-1679) e sua obra prima, O Leviatã. Esses filósofos desenvolveram teorias contratuais em que defendiam a tese de que a organização econômica, política e social, dependiam de um acordo ou de um contrato para serem justificadas. Nesse sentido, Nicolau Maquiavel foi o pioneiro dessas teorias e escreveu duas grandes obras O Príncipe e Discursos. Em suas obras, 46 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Maquiavel defendia o Estado como uma instituição nascida do contrato entre o povo e o príncipe. Na sua principal obra O Príncipe, Maquiavel reflete sobre os meios para a conquista e manutenção do poder pelo soberano. Essa obra se transforma numa espécie de manual sobre a arte de governar e busca o romper com as tradições políticas da era medieval. No século XVII, o esforço para justificar e fundamentar o Estado contratual ficou a cargo do filósofo inglês Thomas Hobbes, que publica em 1651 sua obra prima O leviatã. O contratualismo de Hobbes busca uma legitimação filosófica para o poder e defesa Estado Moderno. 2.AS TEORIAS CONTRATUAIS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A FORMAÇÃO E JUSTIFICAÇÃO DO ESTADO MODERNO De acordo com Cambi (1999), a modernidade além de operar uma revolução no pensamento científico, também opera uma revolução na política e nas esferas de poder. Essa revolução esteve pautada em torno do nascimento e fortalecimento do Estado Moderno absolutista. Para Silva e Silva (2013), esse sistema de governo estava centrado na figura do monarca, e o poder era transmitido de forma hereditária. Desse modo, o surgimento do Absolutismo se deu no início da Idade Moderna com a unificação dos Estados nacionais europeus. Destarte, o Estado Moderno passou a ser “[...] controlado pelo soberano em todas as suas funções, atento à própria prosperidade econômica, organizado segundo critérios racionais de eficiência; um Estado-nação e um Estado-patrimônio nas mãos do soberano” (CAMBI, 1999, p.197). Esse mesmo autor, ainda relata que a consolidação do absolutismo foi acompanhada, pela ascensão de uma nova classe social, a burguesia. Assim, a nobreza perde seus espaços habituais, e a burguesia se tornou a grande beneficiária das transformações ocorridas durante a Idade Moderna. [...] a burguesia, que nasce nas cidades e promove o novo processo econômico (capitalista), assim como delineia uma nova concepção do mundo (laica e racionalista) e novas relações de poder (opondo-se à aristocracia feudal e aliando-se à coroa, depois entrando em conflito aberto também com esta e com seu modelo de Estado-patrimonial e de exercício absoluto do poder). (CAMBI, 1999, p. 197). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 47 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O absolutismo foi um sistema político que dava poderes irrestritos a um indivíduo ou a um grupo de pessoas, com tendência a conceder poderes sagrados ao monarca. Esse sistema de governo teve início com o surgimento dos estados nacionais europeus, no século XV e se prolongou até o século XVIII. Os principais pensadores do sistema político e do Estado moderno foram Nicolau Maquiavel no século XVI e Thomas Hobbes no século XVII (RUSSELL, 2004). Esses filósofos desenvolveram teorias contratuais. Essas teorias defendiam a tese de que a organização econômica, política e social, dependiam para serem justificadas de um acordo ou um contrato. Assim, as teorias contratuais buscavam fundamentos para justificar as instituições políticas e arquitetar uma nova explicação para as razões da existência do Estado, sua natureza e poder político (LEISTER, CHIAPPIM, 2010). Nicolau Maquiavel foi o pioneiro das teorias contratuais, em suas obras defendia o Estado como uma instituição nascida do contrato entre o povo e o príncipe. De acordo com Silva e Silva (2013), outro defensor do Estado contratual foi Thomas Hobbes, “[...] que em sua obra O Leviatã afirmou que todo Estado nasce do contrato mútuo entre homens. Estes, quando em estado de natureza, viveriam em constante conflito e situação de guerra” (p. 12). Maquiavel foi um escritor dedicado à filosofia política e assuntos correlatos, suas duas obras de maior repercussão foram O príncipe e Discursos (SKINNER, 1996). De acordo com Russell (2004) “[...] a primeira estuda os meios e modos de conquistar e manter o poder autocrático, enquanto a outra fornece um estudo geral do poder e do seu exercício sob vários tipos de governo” (p. 280). O príncipe de Maquiavel se tornou o primeiro clássico da modernidade política, era uma espécie de manual sobre a arte de governar, que rompia com as tradições políticas medievais (SKINNER, 1996). Em seus escritos Maquiavel desvenda uma política terrena e um ser humano profano, apresentando um desencanto com a natureza humana e com o mundo externo. De acordo Sadek (2008), em O Príncipe, Maquiavel classificava os homens como, [...] ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante aos perigos, ávidos de lucro. [...] Estes atributos negativos compõem a natureza humana e mostram que o conflito e anarquia são desdobramentos necessários dessas paixões e instintos malévolos. (p. 19) 48 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Para Maquiavel o poder político é originado da malignidade da natureza humana tendo, portanto, uma origem mundana. Desse modo, a única forma para se enfrentar o conflito e anarquia se daria por meio do poder. Maquiavel ainda acrescenta duas forças opostas de gerariam instabilidade sociais, a resistência do povo a dominação e opressão pelos grandes e a outra, por parte dos grandes de quererem dominar e oprimir. Nessa perspectiva, estão lançadas então as bases do problema político, que deveria ter a incumbência de “[...] encontrar mecanismos que imponham a estabilidade das relações, que sustentem uma determinada correlação de forças” (SADEK, 2008, p. 20). Skinner (1996) assevera que na obra O Príncipe, Maquiavel “[...] seguidas vezes, afirma que o principal dever de um governante deve ser o de cuidar de sua própria ‘segurança e força’, ao mesmo tempo em que garante que seus súditos vivam ‘estavelmente e em segurança’” (p. 144). O príncipe em Maquiavel não assume papeis ditatoriais, seria uma espécie de fundador do Estado, que deveria agir utilizando-se do poder político para garantir a integridade da nação. Para Maquiavel, o príncipe deveria ser um homem livre do controle religioso e sujeito da história, para tanto era necessário dois fatores a virtú e o domínio da fortuna. Para pensar a virtú e a fortuna mais uma vez Maquiavel recorre aos ensinamentos dos historiadores clássicos, buscando contrapô-los aos preceitos dominantes na Itália seiscentista . Para os antigos, a Fortuna não era uma força maligna inexorável. Ao contrário, sua imagem era de uma deusa boa, uma aliada potencial, cuja simpatia era importante atrair. Esta deusa possuía os bens que todos os homens desejavam: a honra, a riqueza, a glória, o poder. Mas como fazer para que a deusa Fortuna nos favorecesse e não a outros, perguntavam-se os homens da antiguidade clássica? Era imprescindível seduzila, respondiam. Como se tratava de uma deusa que era também mulher, para atrair suas graças era necessário mostrar-se vir, um homem que possuísse virtú no mais alto grau seria beneficiado com os presentes da cornucópia da Fortuna. (SADEK, 2008, p. 21) Todavia, com o advento do cristianismo esta visão foi superada. A visão da boa deusa foi substituída por um poder alucinado, imutável e fechado. A Fortuna perde a simbologia da cornucópia e os bens valorizados durante a antiguidade clássica o poder, a honra, a riqueza e a gloria não são sinônimos de felicidade e não devem ser concretizados na esfera terrena. Ocorre uma intensa valorização da Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 49 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA predestinação divina e sua consequente sujeição humana (Idem, ibid). Maquiavel discorda da teoria da predestinação e das ideias da virtude cristã, afirmando que o poder, a honra e a glória apesar de serem bens terrenos e mundanos devem ser perseguidos e conquistados pelo homem de virtú. Dessa forma, o poder tem seu fundamento na força. Para Maquiavel essa força não deveria se dar por meio da brutalidade e da violência, mas com uma utilização virtuosa, por meio da sabedoria. Assim, o governante não seria o mais forte, [...] já que este tem condições de conquistar, mas não de se manter no poder -, mas, sobretudo o que demonstra possuir virtú, sendo capaz de manter o domínio adquirido e se não pelo amor, pelo menos o respeito dos governados. (SADEK, 2008, p. 22) Em decorrência disso, as teorias de Maquiavel aniquilam dois dogmas normativos que tutelavam o mundo político até então, a religião e a moral, provocando assim o abandono da ética cristã e a secularização da política. Maquiavel declara a religião como instrumentum regni – como instrumento de domínio – e coloca-a a serviço da política. A religião serve como cimento da comunidade política e como uma unidade de resgate nos casos em que a virtù do indivíduo está prestes a sucumbir. O mesmo ocorre com a moral – também ela tem que desaparecer da política – ou se subordinar a essa ordem. A moral da política transforma-se em política da moral. (HERB, 2013, 270) Em seus escritos, Maquiavel instaura um novo modo de se pensar a política na modernidade. O novo pensamento político de Maquiavel se desvincula do tradicionalismo religioso, designando uma nova lógica e ética para a política, com o objetivo de justificar o governo e o poder no Estado Moderno (SADEK, 2008). No que tange ao plano econômico, a doutrina que dava amparo ao absolutismo era denominada de mercantilismo. Segundo Fausto (1998), essa doutrina não era criada a priori, porém, se aproximava de “[...] um receituário de normas de política econômica” (p. 55). Para Silva e Silva (2013), o mercantilismo foi um conjunto de ideias e práticas econômicas presentes nos Estado europeus dos séculos XV ao XVIII, essas práticas estavam voltadas ao comércio e 50 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ao pleno controle da economia pelo Estado. Para esses autores, “[...] as teorias e práticas mercantilistas estão inseridas no contexto de transição do Feudalismo para o Capitalismo, possuindo ainda características marcantes das estruturas econômicas feudais” (p. 283). Fausto (1998) ressalta que o mercantilismo tinha como princípios a obtenção de vantagem econômica de um Estado em detrimento de outro e, para alcançar essa vantagem era preciso que os Estados acumulassem e detivessem a maior quantidade possível de metais preciosos, essa tarefa seria alcançada por meio de políticas protecionistas, adotando-se as seguintes medidas, [...] reduzir pela tributação elevada, ou proibir a entrada de bens manufaturados estrangeiros e facilitar o ingresso de matérias primas; inversamente, proibir a saída de matérias-primas produzidas no país e estimular a exportação de manufaturados quando estes concorressem vantajosamente no mercado internacional. (FAUSTO, 1998, p. 55) A política mercantilista necessitava de uma ampla e irrestrita intervenção estatal. A obsessão pelos metais precisos “[...] era coerente com as possibilidades de ação dos Estados nacionais em via de criação e crescimento, em um período no qual a moeda metálica tinha grande importância para consolidar o Estado” (Idem, ibid, p. 55). Para Silva e Silva (2013), no campo político, o mercantilismo se correlacionava com o Estado absolutista e, no campo social apresentava profunda relação com a estrutura social estamental da Idade Média. Essa estrutura social também conhecida como sociedade do Antigo Regime estava “[...] baseada na sociedade de ordens do medievo, porém com novos elementos, dos quais a burguesia é o principal fator de diferenciação” (p. 283). Todavia, no século XVII o sistema mercantil moderno entra em colapso devido à redução das atividades produtivas e comerciais. Ainda nesse século, inicia-se um movimento ligado a racionalidade moderna que começaram a se contrapor as teorias que embasavam e legitimavam o absolutismo monárquico (Idem, ibid). Essa nova visão de mundo exigia o questionamento constante dos princípios do sistema estamental de privilégios e a predestinação. Desse modo, questionava-se “[...] a percepção da desigualdade entre os homens Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 51 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA como fato natural e/ou instituído pela vontade divina e, por isso mesmo, fadado à eternidade” (MONDAINI, 2006, p. 116). Dito de outra maneira, a concentração de poderes nas mãos de um soberano, ungido pelo poder divido e perpetuado pela hereditariedade, passam a ser questionados. Assim, as “[...] teorias defensoras da ideia do Direito Divino dos Reis, como as apresentadas pelos pensadores franceses Jean Bodin e Jacques Boussuet, não tinham mais fôlego necessário para sustentar o cerco imposto pela razão” (Idem, ibid, p. 128). Desde então, o esforço para justificar e fundamentar o Estado contratual no século XVII, ficou a cargo do filosofo inglês Thomas Hobbes. Essa fundamentação teórica passou a exigir uma conduta crítica em relação à Igreja e seus preceitos. Seguindo esses princípios, Hobbes publica em 1651, sua obra prima O Leviatã (Idem, ibid). Nesse ínterim, no que concerne as doutrinas da soberania do Estado, no século XVII, Hobbes, se torna seu principal expoente. Para Hobbes, “[...] no estado natural todos os homens são iguais e procuram se preservar de diversas maneiras, à custa dos demais, de modo que existe um estado de guerra de todos contra todos” (RUSSELL, 2004, p. 313). No entender de Hobbes, essa igualdade proporcionada à humanidade desde o início da modernidade, faz com que todos os homens tenham as mesmas aspirações e; quando não as concretizam, advém a inimizade e o ódio. Hobbes desenvolve uma concepção pessimista sobre a natureza humana que se expressa na máxima “[...] homo hominis lupus est. O homem é o lobo do homem – pelo menos enquanto ele ainda não vive sob o domínio do Leviatã”. (HERB, 2013, p. 272). Hobbes argumenta que para escapar dessa mazela, os homens se agrupam e transmitem poderes a uma autoridade central. Os homens, sendo racionais e competitivos, tendem a chegar a um acordo ou convênio artificial, segundo o qual concordam em se submeter a alguma autoridade por eles eleita. Uma vez em curso semelhante sistema, não existe, pois, o direito de se rebelar, uma vez que são os governados que estão obrigados pelo acordo, e não o governante. [...] Uma sociedade baseada neste tipo de contrato é uma comunidade. É como um gigante constituído de homens comuns, um Leviathan. É maior e mais poderoso do que o homem e, por conseguinte, é como um deus, embora compartilhe com os homens comuns a mortalidade. A autoridade central é chamada de soberano e tem poder absoluto em todas as esferas da vida. (RUSSELL, 2004, p. 314) 52 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Em suas obras, Hobbes buscava uma legitimação filosófica para o poder, traduzindo-o para domínio do contratualismo, que se torna o arquétipo para a defesa do Estado Moderno. O contratualismo de Hobbes descreve o caminho legal para o poder. Todos concordam contratualmente em abdicar, em favor do soberano, de seu precário direito a tudo. A partir de agora, ele pode dispor, sem concorrência, sobre seu poder natural: o soberano recebe o monopólio do exercício legítimo de coerção. O contrato realiza ainda mais: ele autoriza o soberano a agir em nome da parte contratante. Por meio desse ato, o soberano torna-se o representante do cidadão. Hobbes investe tudo a fim de revestir o soberano com a plenitude máxima do poder. (HERB, 2013, p. 273) O Estado absoluto em Hobbes é resultado desse contrato social, firmado entre indivíduos que viviam em estado de natureza e que decidiram abandoná-lo em prol de uma coligação social e política. Desse modo, “[...] os homens abrem mão da sua individualidade, colocando-a plenamente nas mãos de um terceiro – o Estado-Leviatã -, que passa a ter a única obrigação de protegê-los” (MONDAINI, 2006, p. 129). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste artigo buscou-se analisar os princípios históricos e filosóficos inerentes à teoria política e o surgimento do Estado Moderno. Como enfoque teórico, analisamos as obras de dois grandes filósofos contratualistas Nicolau Maquiavel e Thomas Hobbes, e os princípios contidos em suas teorias no sentido reforçar os meios necessários para a manutenção e a soberania do Estado. Nesse sentido, buscou-se apresentar um quadro panorâmico da teoria ou ciência política da transição da era medieval para a moderna. Inicialmente na análise dos escritos de Maquiavel e de sua principal obra O Príncipe, buscou-se analisar o contexto histórico político da formação dos Estados Nacionais europeus, tendo como característica fundamental a soberania com base em fundamentos laicos. Nessa perspectiva, analisou-se também os escritos de Thomas Hobbes e sua principal obra O Leviatã. Em sua obra Hobbes apresentou “[...] uma percepção moderna da relação Estado/ Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 53 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA indivíduos, pois situa o primeiro como fruto da vontade racional dos segundos” (MONDAINI, 2006, p. 129). As teses desenvolvidas por esses dois filósofos serviram de escopo para a justificação e organização dos Estados nacionais europeus entre os séculos XV e XVII. 4.REFERÊNCIAS CAMBI, F. História da pedagogia. São Paulo: Unesp. 1999. FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998. HERB, K. Além do bem e do mal: o poder em Maquiavel, Hobbes, Arendt e Foucault. Revista Brasileira de Ciência Política, nº10. Brasília, janeiro - abril de 2013, pp. 267-284. Disponível em: <http:/ /www.scielo.br/pdf/rbcpol/n10/08.pdf> . Acesso em 10 set. 2016. LEISTER, C; CHIAPPIN, J.R.N. O contratualismo como método: política, direito e neocontratualismo. Revista Sociologia Política: Curitiba, v. 18, n. 35, p. 9-26, fev. 2010. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rsocp/v18n35/v18n35a02.pdf> . Acesso em 10 set. 2016. MONDAINI, M. O respeito aos direitos dos indivíduos. In: PINSKY, J. ; PINSKY, C. B. (orgs.). História da Cidadania. 4. ed. São Paulo: Contexto, 2006. RUSSELL. B. 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Com o aprofundamento de leituras críticas em relação à interferência norte americana no processo democrático, observamos tanto na América Latina quanto no restante do mundo assim como a perseguição a religiões islâmicas e a guerra ao terrorismo/comunismo. O objetivo geral deste trabalho é decifrar estas relações políticas que são extremamente ligadas ao quesito econômico e a notória exploração de uma nação sobre as demais, construindo assim a hegemonia norte americana (e européia) chamada de imperialismo. Partindo de leituras sócio históricas e autores como Florestan Fernandes, Mészáros, Pablo Casanova, Feres Jr e ensaios dedicados a Ruy Mauro Marini. PALAVRAS-CHAVE: América Latina, imperialismo e democracia. 1 Graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Grande Dourados e professor na FAEFSP. ² Doutor em Ciência Política e professor titular na Universidade Federal da Grande Dourados-MS. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 55 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This work starts from the perspective of a debate aimed at reflection next to a sharp reading of reality. With the deepening of critical readings relative to North American interference in the democratic process, we observed both in Latin America and the rest of the world as well as the persecution of Islamic religion and the war on terrorism / communism. The aim of this work is to decipher these political relationships that are extremely related to economic Question and notorious exploitation of one nation over the other, thus building the North American hegemony (and European) called “imperialism.” Starting from the Marxist readings as Florestan Fernandes, Mészáros, Pablo Casanova, Feres Jr and essays dedicated to Marini. 1- INTRODUÇÃO Partiremos da perspectiva de influência e atuação norte americana na América Latina tendo como recorte os países da Venezuela e do Paraguai, tanto em acordos político-econômicos como em sua freqüente “ajuda” a países em guerra. No entanto ainda existe uma parte obscura ou omitida nestes processos ou “acordos”. Cabe a esta pesquisa aprofundar a leitura na tentativa de decifrar de que modo e quais os interesses desta suposta interferência norteamericana2 nos países da América Latina tanto nos processos de pacificação, quanto em suas frequentes investidas na tentativa de instauração da democracia, na guerra contra o terrorismo e contra a ameaça “demoníaca” do comunismo. 2- DESENVOLVIMENTO É visível que estes tratados e acordos têm como objetivo lógico o enriquecimento e apropriação de riquezas naturais como o petróleo, gás, recursos hídricos e outros, o que acarreta também a exploração de mão-de-obra barata. Observa-se também ferramentas muito úteis nestes acordos (ALCA, MERCOSUL, Banco Mundial, OMC) a coerção de forças armadas. 56 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF “Para compreendermos essa realidade no sistema mundial, é necessário considerarmos que o “consenso” é entendido pela vigência dos imperativos de mercado – que, também freqüentemente, expressam-se em modalidades político-jurídicas – e a coerção se configura explicitamente no recurso aos meios extraeconômicos de dominação, isto é, a utilização explícita do braço armado com vistas a impor, a manter ou a restabelecer uma ordem hierárquica no campo internacional.” (JOHNSON p,31) Mesmo o debate caminhando para a influência imperialista, não se pode negar a luta entre as classes de uma ordem vigente que domina, explora e aliena a classe trabalhadora assim como os povos tradicionais incluindo indígenas e quilombolas, com o único objetivo de acumular e exportar essa riqueza. A dominação vai além da exploração econômica e política, atinge a subjetividade, atacando de forma ideológica estes povos, que se vêm cada vez mais reféns de um sistema de exploração, onde são privados da terra para plantar, saúde e escolas onde possam matricular seus filhos. “Latin America é ao mesmo tempo, próspera e pobre. Desde a conquista, a região tem sido descrita como um tesouro fabuloso de riquezas naturais. Primeiro veio à cobiça européia pelo ouro e prata. Hoje, a procura é por petróleo, gás, cobre, minério de ferro, café, açúcar ou soja, mas a imagem da riqueza infinita persiste. Contrastando fortemente com essa imagem, há também a pobreza; agricultores sem ferramentas, trabalhadores sem trabalho, crianças sem comida, mães sem esperança. Um aforismo continuamente repetido em Latin America resume a cena;’A Latin America é um mendigo sentado sobre uma montanha de ouro.” (SKIDMORO; SMITH, 2001, P.5) As afirmações grosseiras, que se transvestem de “imparciais” continuam quando se referem à América Latina em algumas matérias ministradas nos Estados Unidos por exemplo; “significa atraso econômico (Latin America); arbitrariedade, corrupção e nepotismo político; uma ordem social hierárquica e atitudes de condescendência e desprezo por parte das elites em relação às massas.” (KEEN; WASSERMAN, 1998, P.8) Não por um acaso constatamos as ocorridas crises no cenário mundial que geraram um afunilamento dos direitos trabalhistas assim como a legitimação da violência usada pelo Estado e elites locais, na contenção de manifestações e da classe trabalhadora, assim como intimidação de dirigentes sindicais e de movimentos sociais. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 57 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA É a partir destas manifestações populares e destes “atritos” com o poder público (na prática representam grandes interesses de uma pequena parcela privilegiada), que visualizamos o quanto a ideologia neoliberal esta presente, transferindo a responsabilidade do Estado para entidades e empresas privadas, o caso das privatizações da saúde e educação, precarização do trabalho, responsabilizando o indivíduo por “seu fracasso social”. “O porquê da desigualdade, o para quê do poder e o desenvolvimento para quem, são explicados pela relação entre os proprietários e não proprietários. Mas então, a desigualdade não parece como um fenômeno natural, ou individual, ou metafísico, mas sim como um fenômeno ligado a exploração e concretamente ligado a relação social determinada entre os proprietários dos meios de produção e os não proprietários. As relações de força e de poder – a liberdade e a falta de liberdade - tampouco aparecem como fenômenos naturais ou individuais, ou metafísicos, mas aparecem como fenômenos históricos ligados a relação social de exploração entre proprietários e desapropriados; o progresso também não aparece como fenômeno natural ou individual, ou metafísico, mas como um fenômeno vinculado á relação de exploração, ás classes que ao longo da história se beneficiam dele.” (CASANOVA; Exploração, colonialismo e luta pela democracia na América Latina, p. 131) Avançamos na pesquisa recortando as regiões a serem estudadas, as quais são o Paraguai e Venezuela, considerando a noção de imperialismo, exploração e dominação. 2.1- MATERIAL E MÉTODO A análise parte da revisão de literatura referente a alguns autores sul-americanos assim como a demonstração dos dados, coletados de maneira sistematizada. 2.2- VENEZUELA A questão do governo Hugo Chavez é apresentada como um momento histórico que merece atenção, tanto em relação ao suposto governo socialista (o tema levanta discussões tanto de militantes, cientistas e opositores do governo) assim também como fatos marcantes de seu governo, como seus constantes discursos investidos 58 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF contra o governo norte-americano, como também suas chamadas para uma unificação da América Latina. Levando em consideração toda a “hostilidade” do governo Chaves, lembremos que não há uma ruptura com as políticas neoliberais. Quando nos referimos ao Estado venezuelano erguem-se as polêmicas, alguns estudiosos(as) o classificam enquanto um “socialismo de Estado”, que tem como atuação grande parte dos lucros das empresas estatais de petróleo. E por isso se caracteriza a margem de um processo “revolucionário socialista”. Já outros setores apontam um governo coerente com seus compromissos e de grande avanço no quesito de mais participação popular; “Assim quando se fala de chavismo como neopopulista (Boeckh, 2003. Ellner, 2004; Vilas, 2003) a diferença das experiências assim identificadas (Fujimori, Menem), o presidente Chaves não só ganhou as eleições com um discurso anti-neoliberal e populista, assim suas ações de seu governo tem sido coerente com seu discurso, e se permite – poderia afirmar que seguirá permitindo nos próximos anos – contar com o apoio do povo.” (p. 339) Neoliberalismo y sectores dominante, tendencias globales y Experiências nacionales. (Editora Clacso) Socialista ou não estas políticas implantadas no governo Chaves não podem passar despercebidas se quisermos realmente intendermos a importância destas. Existem apontamentos que destacam as implantações das Missões como um avanço na participação popular e na autonomia dos conselhos formados pela própria população que residem nestas regiões, onde as decisões relacionadas à saúde e educação são decididas pelos próprios. O governo Chaves então faz uma reforma na constituição, afunilando direitos políticos aos partidos opositores e de certa forma os sufoca, assim também faz com as emissoras ligadas a interesses norte-americanos, alternativa esta que lhe coube até o título de antidemocrático e autoritário. 2.3- PARAGUAI Já no caso paraguaio encontramos um processo de expansão do agronegócio, que em certos momentos se assemelha com o caso brasileiro. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 59 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Parece-nos que quanto mais aprofundamos as análises sociopolíticas e principalmente históricas no processo de mudança e construção da América Latina, ficam evidentes as mudanças decorrentes a partir da década 70, derivadas de um avanço do neoliberalismo. Certamente a América Latina não ficaria de fora deste ciclo, chamado também de globalização. Infelizmente os impactos são mais catastróficos que positivos. O Paraguai se situa neste contexto, como uma região propicia ao agronegócio, tanto do favorecimento climático-geográfico, a facilidade dos investimentos de capital estrangeiro, assim como grandes “colaboradores” representados pelos poderes executivo e judiciário, se tornando uma verdadeira rede atuando com a finalidade de garantir a destruição ambiental, barganhas, corrupção e muita violência aos que se atrevem a denunciar estes abusos. Esta rede composta em grande parte pelas burguesias locais são financiadas e alimentadas pelo capital estrangeiro, apoiados pela “mão amiga” de um Estado que se mostra muito eficiente quando os interesses da ordem são colocados em questão, então observamos uma repressão trajada de muita violência; “En el processo político nuevo que vivimos, no se ha podido avanzar em la transformación de la justicia paraguaya, los mienbros de la corte suprema de justicia son los mismos, (...) la policia, no há habido um avance em el seneamiento institucional de la fuerza pública, tampoco em la justicia y mucho menos en la fiscalía, y esos operan em función a los interesses de los grandes sojeros, ganadores, latifundistas que existem em el país (...) la criminalización de las luchas sociales no há bajado de nível, y es uma gran tarea que nos toca, impulsar este processo de cambio.” Entrevista a Jorge Galeano, dirigente del movimento Agraruio y Popular p.240. O processo da aquisição destas terras com finalidade ao agronegócio e exploração dos recursos naturais não são colocadas de forma objetiva, o que encontramos é um processo obscuro rodeado de benefícios aos grandes proprietários de terra o que decorre um violento processo de expulsão de povos tradicionais, obrigados a se retirarem de suas terras de origem. Os interesses destes grandes proprietários e grupos não se restringem apenas a aquisição de terras, mas sim a outros interesses, que incluem um conglomerado empresarial, banqueiros, 60 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF multinacionais ligadas à indústria alimentícia, insumos agrícolas e tecnologia destinada a isso, junto a setores do próprio poder público que facilitam e fraudam através de suborno e troca de favores licitações que visam apenas interesses destes grupos. Tais grupos são citados também em atividades ilícitas, como contrabando e narcotráfico. O que observamos é um processo de capitalização com incentivos financeiros ao cultivo de grãos, principalmente a soja, com finalidade ao mercado estrangeiro, grande parte desta produção tem como destino a exportação. Algumas multinacionais de insumos agrícolas e sementes já detêm o monopólio na região. Estas elites que são fruto de décadas de um contexto de exploração, violência e privilégios, formando então uma elite representante do agronegócio, sem nenhum compromisso ambiental e social, estes grupos contam com um incentivo direto de representantes ligados ao poder público. Estes grupos também são apontados por estarem ligados diretamente ao monopólio dos meios de comunicação, empresas alimentícias além do processo de privatização dos portos que escoam os grãos. Logo observamos que estas famílias-grupos detêm um poder significativo no âmbito político e econômico, o que os torna parte da elite paraguaia. 3- CONCLUSÃO A questão venezuelana nos mostra que apenas a estatização das empresas petroleiras não se mostrou suficiente. Em meio às críticas, as Missões são apontadas enquanto políticas de avanço no quesito participação popular. Resta-nos saber como estas políticas se apresentam na prática, pois ainda não foi extinto a participação de setores que só têm como finalidade a desarticulação destes espaços, assim também como estas organizações devem partir da iniciativa popular, de baixo para cima, e não de cima para baixo, imposto através da coerção Estatal. No caso paraguaio observamos uma aliança de setores conservadores, da classe média e forças armadas que juntos compõem o monopólio do poder econômico no quesito exploração. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 61 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Não se trata de uma “caça as bruxas”, muito menos perseguições e supostos “sufocamentos” de elementos norte-americanos. Precisamos pensar a autonomia e liberdade destes povos que nestes territórios vivem, quais consequências sofrem devido a estas intervenções. Assim também como não nos cabe a ingenuidade de colocarmos como protagonistas do caos mundial os problemas relacionados com a corte norte-americana e europeia, mas devemos partir de uma perspectiva crítica, de pensarmos quais os interesses por trás destes acordos, quem lucra. Mais que nos prendermos ao quesito econômico, devemos propor uma nova construção de sociedade, com autonomia dos povos regionais, levando em consideração a pluralidade e exercendo efetivamente uma atuação democrática, que garanta bemestar, segurança e qualidade de vida a estes povos. Estas relações parecem ficar ainda mais contraditórias quando observamos que em meio aos conflitos ainda se estabelecem relações com estas nações, mesmo levando em consideração as críticas do próprio Chaves a dominação imperialista, o governo venezuelano continua a manter relações de comércio em relação à venda de petróleo aos Estados Unidos. 4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AYERBE, Luiz Fernando (Org). Novas lideranças políticas e alternativas de governo na América do Sul. Editora Unesp, 2008. CASANOVA, Pablo González. Exploração, colonialismo e luta pela democracia na América Latina. Editora Vozes 2002 .(Cap. II e III) FERES JR, João. A história do conceito democrático “Latin America” nos Estados Unidos. Editora EDUSC 2004. (Cap I e VII) JOHNSON, Guillermo Alfredo. A Quimera democrática na América Latina: O Brasil sob Império. Editora UFGD 2013. NOTA 2 A questão de imperialismo e dominação não cabe apenas ao poder norte americano e União Europeia, ver também o conjunto de artigos Empresas transnacionais brasileiras na América Latina um debate necessário. (Editora Expressão Popular 2009) 62 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL LIMA, Kathleen Franciele ¹ BATISTUTI, Caroline Gentil² DIAS, Sabrina Alves RESUMO Desde 1991 com a publicação do Referencial Curricular Nacional para a Educação infantil, eclodiram discussões sobre a importância desta fase escolar, dando destaque pra o papel das atividades lúdicas no desenvolvimento das crianças. Este trabalho busca reconhecer o brincar como um momento que proporciona o desenvolvimento integral, a socialização, linguagem, cognição e demais aspectos. Para alcançar tal objetivo foi realizado um levantamento bibliográfico de caráter exploratório em materiais indexados em diferentes bases de dados, pesquisa em livros, dissertações, teses e documentações oficiais do Ministério da Educação. Palavras chaves: Brincar, Desenvolvimento Humano, Educação Infantil. ABSTRACT Since 1991 with the publication of the National Referential Curriculum for Early Childhood Education, erupted discussions on the importance of this school phase, highlighting to the role of play Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 63 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA activities in the development of children. This work seeks to recognize play as a moment that provides integral development, socialization, language, cognition and other aspects. To achieve this goal we conducted a literature exploratory materials indexed in different databases, research in books, dissertations, theses and official documentation of the Ministry of Education. Key words: playing, human developing, childish education. 1. INTRODUÇÃO O ato de brincar caracteriza-se como uma oportunidade de desenvolvimento para a criança, que por meio desta atividade poderá aprender, experimentar o mundo, explorar possibilidades, estabelecer relações sociais, elaborar sua autonomia e até organizar emoções. Muitas vezes o brincar é visto como um entretenimento, um passar de tempo sem outras utilidades importantes. Por meio dos jogos a criança manifesta o desejo e o prazer do brincar proporcionando a ela o ato de pensar, agir e possibilita a construção de uma base de regras em diversas formas do jogo para seu desenvolvimento. (MACEDO,1995,) De acordo com colocar Rodrigues (2009), o brincar só acontecia como objetivo de mero passa tempo nos finais de aula, e as crianças brincavam livres e sozinhas, por esse motivo as brincadeiras eram sempre as mesmas e nos mesmo lugares como parque, tanque de areia, com pecinhas. O brincar é um meio no qual as crianças aprendem a socializar, conviver com outras crianças, respeitar regras, desenvolver as capacidades de expressar suas emoções, afeto, pensamento e que são fundamentais para o desenvolvimento físico, motor, social, intelectual e psicológico da criança, foi então que percebi que os problemas que enfrentava em sala de aula, pudessem estar relacionados com a falta do brincar planejado e com a mediação e com minha participação junto as crianças. (FRIEDMANN,1996) Nesta perspectiva que o presente trabalho tem como objetivo discutir as contribuições que os jogos e as atividades lúdicas proporcionam para o processo de aprendizagem de todas as crianças. Utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica realizada em 64 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF diferentes bases de dados, pesquisa em livros, dissertações, teses e documentações oficiais do Ministério da Educação. Especificamente estre trabalho apresentará as concepções sobre jogos, brinquedos e brincadeiras tendo como base o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), e nas idéias de autores que discorressem sobre o tema. São eles: Tizuco Morchida Kishimoto (1992, 1993, 1994, 2000, 2002, 2003), Sandra Baron (2002), Gilles Brougere (1997, 1995), Vigotsky (1991, 2007), Ministério da Educação. Professor da pré escola (1991) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996). 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Revisão de literatura A inserção da criança na escola de Educação Infantil representa uma das oportunidades dela ampliar os seus conhecimentos na sua nova fase de vida, ela vivência aprendizagens inéditas que passam a compor seu universo, que envolve uma diversidade de relações e de atitudes; maneiras alternativas de comunicação entre as pessoas; o estabelecimento de regras e de limites e um conjunto de valores culturais e morais que são transmitidos a elas. (KISHIMOTO, 1993) Definir cada um desses termos não é fácil. Segundo o Dicionário Silveira Bueno, (2000, p. 129) a palavra Brinquedo é: divertimento, folguedo, objeta com que se entretêm as crianças; Brincadeira é, divertimento gracejo; e Jogo, Brinquedo, folguedo, divertimento partida esportiva. Os jogos, brinquedos e brincadeiras são termos que empregados com significados diferentes, terminam se tornando imprecisos, pois existe uma variedade de jogos conhecidos que podem ser considerados como brincadeiras e, muitas vezes um brinquedo também é utilizado com objeto de um jogo, de uma brincadeira. (MACEDO,1995) Os termos: jogo, brinquedo e brincadeira, mas todos eles são descritos por Kishimoto (2003) ‘como elementos da cultura, excluindo o jogo dos animais’. Dentro da variedade de significados, são as semelhanças que permitem classificar jogos de faz-de-conta, de construção, de regras, de palavras, políticos, e outros, na sua grande família. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 65 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O brincar é, portanto, uma atividade natural, espontânea e necessária para criança, constituindo-se em uma peça importantíssima a sua formação seu papel transcende o mero controle de habilidades. É muito mais abrangente. Sua importância é notável, já que, por meio dessas atividades, a criança constrói o seu próprio mundo. (SANTOS, 1995, p.4). Em sua visão é pela brincadeira que a criança aprende sobre a natureza, os eventos sociais, a dinâmica interna e a estrutura de seu corpo. A criança que brinca livremente, no seu nível, à sua maneira, não está apenas explorando o mundo ao seu redor, mas também comunicando sentimentos, ideias, fantasias, intercambiando o real e o imaginário. O brincar está relacionado ao prazer. Uma brincadeira criativa ou não deve sempre proporcionar prazer à criança. Além disso, enquanto estimula o desenvolvimento intelectual da criança, também ensina, sem que ela perceba, os hábitos mais necessários ao seu crescimento, como persistência, perseverança, raciocínio, companheirismo, entre outros. (VYGOTSKY, 1998) O jogo como estratégia de ensino e de aprendizagem em sala de aula deve favorecer a criança a construção do conhecimento científico, proporcionando a vivência de situações reais ou imaginárias, propondo à criança desafios e instigando-a a buscar soluções para as situações que se apresentam durante o jogo, levando-a a raciocinar, trocar ideias e tomar decisões. (MACEDO,1995,) Os jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais aplicadas aos alunos de Educação Infantil são fundamentais, pois podem constituir uma perspectiva como espaço do exercício da cidadania infantil. Nesta perspectiva há um objetivo específico e muito significativo, pois essa prática acontece sob mediação do educados e das normas institucionais tornando-se um grande recurso para o desenvolvimento da criança e necessariamente fazer parte do planejamento, assim como as outras atividades. e (KISHIMOTO, 1993) A escola deve ser vista como uma instituição, onde os alunos adquirem conhecimentos e desenvolvimento do pensamento, assim como relacionar-se com o próprio conhecimento, e não como um local qualquer. O brincar na escola apresenta características e significados diferentes do brincar em outras situações, pois as instruções são regidas por normas que regulam as ações dos alunos e 66 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF as interações entre eles. (VYGOTSKI,1982) A aceitação e a utilização de jogos e brincadeiras como uma estratégia no processo de ensinar e do aprender têm ganhado força entre os educadores e pesquisadores nesses últimos anos, por considerarem, em sua grande maioria uma forma de trabalho pedagógico que estimula o raciocínio e favorece a vivência de conteúdos e a relação com situações do cotidiano. (FRIEDMANN,1996 Dessa forma, o brincar e o jogar, na Educação Infantil, devem ser visto como uma estratégia utilizada pelo educador e deve privilegiar o ensino dos conteúdos da realidade, tendo o brincar um lugar de destaque no planejamento pedagógico. Vygotski (1982) afirma que a criança não se limita a reproduzir as experiências alheias. Ela as reelabora, reinventa, somando o que observa no contexto social com o que lhe é interno, sendo assim é fundamental oferecer à crianças múltiplas experiências que desenvolvam sua imaginação. É por meio das brincadeiras e com a intervenção direta do professor-mediador que a criança pode exercer sua capacidade de criar, imaginar e ter domínio de sua linguagem simbólica. No ato do brincar a criança tem oportunidade de vivenciar, imaginar e criar situações que podem ajudá-la em seus pensamentos na resolução de problemas muito significativos que recriam e repensam acontecimentos de sua origem, mesmo sabendo que estão apenas brincando. Percebe-se isso através dos gestos, sinais e objetos que elas utilizam. (SANTOS, 2002) O professor é responsável pela orientação, seja teórica, metodológica e técnica, pode-se considerar que, nesse sentido, ele é um agente transformador, tendo em vista que contribui para a transformação dos seus alunos. Tal realidade exige, portanto consciência crítica de todos os que trabalham com a educação. O importante é saber que ainda hoje não se pode esquecer essa consciência crítica, de questionar diante das políticas educacionais existentes. o profissional da educação precisa ter uma posição muito clara, isto é, primar pela mudança. (RUIZ, 2003). A mesma autora afirma que os profissionais da educação necessitam ser repensado, não podem mais agir de forma neutra nessa sociedade de conflito, não pode ser ausente apoiando-se apenas nos conteúdos, métodos e técnicas, não pode mais ser omisso, pois Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 67 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA os alunos pedem uma posição desses profissionais sobre os problemas sociais, mas como alguém que tem opinião formada sobre os assuntos mais emergentes e que está disposto ao diálogo, ao conflito, à problematização do seu saber. 2.2 Sugestões de Jogos e brincadeiras Partindo do princípio da importância da utilização dos jogos e brincadeiras no contexto Educacional, sugerimos aqui algumas práticas divertidas sobre esta temática. Amarelinha: Essa brincadeira tão tradicional entre as crianças brasileiras também é chamada de maré, sapata, avião, academia, macaca etc. A amarelinha tradicional é desenhada no chão com giz e tem o formato de uma cruz, com um semicírculo em uma das pontas, onde está a palavra céu, lua ou cabeça. Depois vem a casa do inferno (ou pescoço) e a área de descanso, chamada de braços (ou asas), onde é permitido equilibrar-se sobre os dois pés. Por último, a área do corpo. Bambá: Jogo próprio de campo, executado com quatro metades de caroços de pêssegos, (ou algumas rodelas de casca de laranja). Sabugos inteiros e cortados servem de parelheiros . Traçam na terra riscos em forma de escada com os primeiros elementos jogados sobre os riscos. Tiram os pontos conforme estes avançam os parelheiros. O parelheiro de quem fizer mais pontos é ganhador. Bate figurinha: Os meninos reúnem as figurinhas dos álbuns que são repetidas, fazem um montinho e batem a mão sobre elas, as que virarem ao contrário é ganha por quem bateu a mão. O jogo é feito de comum acordo entre todos, e só vale bater figurinhas repetidas para que ninguém saia no prejuízo. Queimada São traçadas três linhas paralelas, distantes mais ou menos 10 metros uma da outra. A linha do meio representa a fronteira entre os grupos. Dois grupos de igual número de crianças colocam-se de frente para linha central, ligeiramente à frente das linhas do fundo. Por um critério estabelecido pelos participantes, é definido o grupo que inicia o jogo. Este grupo seleciona um de seus componentes, o qual deve, de posse da bola, correr até a linha central e arremessá-la contra inimigo. Violentamente, procurando atingir seus componentes e ao queimar seus adversários. Se algum elemento do grupo inimigo pegar a bola no ar ou após ter tocado no chão, deve correr até a linha central e arremessá-la com o mesmo objetivo. Quando algum elemento é queimado, deve passar imediatamente para trás da terceira linha no campo inimigo, entregando a bola ao grupo contrário, e só retorna ao seu campo de origem se conseguir queimar um de seus adversários. Vencerá o jogo o grupo que conseguir trazer o maior número de jogadores para o fundo de seu próprio campo. Observações: Os jogadores não devem pisar nas linhas enquanto a bola estiver em jogo. Se isto acontecer, perdem o direito à posse de bola, caso tenham. (Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/ 68 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF search?q=cache:FCcoKndIp6IJ:https://brasileirinhos.wordpress.com/ brincadeiras/+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br ) 3. CONCLUSÃO Podemos concluir que os jogos, brinquedos e brincadeiras são atividades fundamentais no desenvolvimento psicológico, intelectual, coletivo e motor, favorecendo significativamente a atenção e criatividade. Procurou-se evidenciar que os jogos, brinquedos e brincadeiras são fontes enriquecedoras no desenvolvimento da aprendizagem, ficando evidente a importância de se valorizar seu uso no cotidiano, oportunizando as crianças, o tempo, o espaço que elas necessitam para brincar. Neste contexto, é fundamental a mediação do professor no momento lúdico da criança, uma vez que o brincar é aprendido, portanto, deve ser ensinado. Assim, o brincar deve ser visto como um conteúdo programático nas instituições de educação infantil não apenas um momento para passar o tempo. Cabe aqui ressaltar que esta temática não se esgota neste artigo, fazendo necessário outras pesquisas que aprofundem a temática e contribuam significativamente para esta área. 4. REFERÊNCIAS BARON, S.C. Brincar: espaço de potência entre o viver, o dizer e o aprender. IN: BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC., Lei nº 9394/1996. BROUGERE, G., Brinquedo e Cultura, São Paulo, Cortez, 1994. FRIEDMANN, A. Brincar, crescer e aprender. O resgate do jogo infantil. São Paulo, Moderna, 1996. HUIZINGA, J. O jogo como elemento da cultura. 2a. ed. São Paulo: Perspectiva., 1990 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 69 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA KISCHIMOTO, T. M. B. O brincar e suas teorias. São Paulo, 2002. cap.7, p. 139-153. SANTOS, Antonio Raimundo. Metodologia cientifica: a construção do conhecimento. ed. 5. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991. ________100 brincadeiras para ensinar/ aprender brincando, Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/ searchq=cache:FCcoKndIp6IJ:https://brasileirinhos.wordpress.com/ brincadeiras/+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br : Acesso em: 28/09/ 2016. 70 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR: PERCEPÇÃO DE DOCENTES DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNESP/MARÍLIA POKER, Rosimar Bortolini1 VALENTIM, Fernanda Oscar Dourado2 GARLA, Isadora Almeida3 RESUMO A inclusão escolar foi se configurando no Brasil a partir dos anos de 1990 e no ensino superior os alunos com deficiência também tem garantias legais de acesso e permanência. Assim, esta pesquisa pretendeu investigar e analisar a percepção/concepção dos professores universitários acerca da inclusão da pessoa com deficiência na instituição de ensino superior. Participaram da pesquisa professores do curso de Pedagogia da UNESP de Marília/SP. O estudo é de natureza descritiva, via questionário online. Os resultados indicam que os docentes universitários pesquisados, sentem-se inseguros e despreparados para assumir o desafio de ensinar alunos com necessidades educacionais especiais. Palavras-chave: concepção de professores, ensino superior, inclusão educacional. 1 Docente do curso de Pedagogia da FFC – Unesp – campus de Marília/SP, email: [email protected] 2 Docente do curso de Pedagogia da faculdade FAEF – Garça/SP, email: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia da FFC – Unesp – campus de Marília/SP, email: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 71 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT School inclusion was shaping up in Brazil from the 1990s and higher education students with disabilities also have legal guarantees of access and permanence. Thus, this research sought to investigate and analyze the perception / conception of university professors about the inclusion of people with disabilities in higher education institution. The participants were teachers from the Faculty of Education of UNESP Marilia / SP. The study is descriptive, via an online questionnaire. The results indicate that the university teachers surveyed feel insecure and unprepared to take on the challenge of teaching students with special educational needs. Keywords: conception teachers, higher education, educational inclusion. 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos no Brasil, a discussão acerca da inclusão se intensificou. Decretos, resoluções, recomendações, diretrizes apontam para uma escola que deve atender as necessidades educacionais de todos os alunos, respeitando as suas diferenças, por meio da transformação do seu fazer pedagógico. E da mesma forma que a educação básica deve, em conjunto com a educação especial, atender os princípios da escola inclusiva, assegurando apoios, recursos físicos, humanos e materiais aos alunos com NEEs, o ensino superior necessita das mesmas condições (MOREIRA; BOLSANELLO; SEGER, 2011). O número de alunos com deficiência no ensino superior tem aumentado, assim como a preocupação em garantir os seus direitos, além de acesso, mas também de permanência e alcance do sucesso acadêmico nesse nível de ensino (GUERREIRO, ALMEIDA, SILVA FILHO, 2014). Assim, o desafio que se impõe hoje à universidade brasileira é a articulação entre a democratização do acesso e a garantia da qualidade do ensino superior a todos os alunos, inclusive os que apresentam condições sensoriais, físicas, intelectuais, comportamentais, motoras, diferenciadas de aprendizagem. 72 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008) já propunha a transversalidade da educação especial também no ensino superior para que esta oriente e promova respostas às necessidades educacionais especiais dos alunos matriculados nesse nível de ensino (BRASIL, 2008). O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) por meio dos dados divulgados no resumo técnico do Censo da Educação Superior (BRASIL, 2015), indica que 7.305.977 estudantes brasileiros efetuaram matrículas em Instituições de Ensino Superior, em 2013. Dessa amostra total, 29.034 declararam apresentar alguma necessidade especial constitutiva do público-alvo da educação especial. Entretanto, Valdés (2006) apontou em pesquisas que ainda é necessário a discussão na academia em torno do tema inclusão, além do investimento na formação de professores e adequações arquitetônicas para atender com qualidade a pessoa com deficiência (VALDÉS, 2006 apud SOUZA, 2008). O que assistimos portanto, é a necessidade da universidade ampliar seu olhar e sua ação para além da agência formadora daqueles que atuarão com a inclusão na educação básica, mas, [...] “precisa mostrar-se acolhedora, para aqueles que superaram barreiras nas etapas anteriores e conseguiram chegar ao Ensino Superior” (SOUZA, 2008, p.12). Neste contexto, o presente estudo teve os seguintes objetivos: Investigar a percepção/concepção dos professores universitários acerca da inclusão da pessoa com deficiência na instituição de Ensino Superior na Faculdade de Filosofia e Ciências (FFC) - Unesp/Marília; e perceber aspectos de sua formação que podem interferir em suas concepções, e consequentemente, na prática com o aluno com deficiência. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Material e Método Esta pesquisa se caracterizou como de natureza descritiva, com base na análise quantitativa e qualitativa dos dados, coletados via questionário online, contendo perguntas abertas e fechadas. O lócus de estudo foi curso de Pedagogia da Faculdade de Filosofia e Ciências – Unesp/Marília. Os sujeitos participantes do estudo foram Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 73 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA os professores que ministraram aulas no referido curso no ano de 2015. Foram enviados e-mails para todos os 41 docentes e, destes, quatorze responderam o questionário, o que caracteriza 34% dos sujeitos. Para construção e envio do questionário foi utilizado a Plataforma Google Forms. Sobre a identificação dos participantes, dos quatorze professores respondentes, 10 são do sexo feminino e 4 do sexo masculino e todos são efetivos na FFC - Unesp/Marília. Estão vinculados aos seguintes departamentos: 6 no departamento de Educação Especial, 4 no departamento de Didática, 2 no departamento de Psicologia da Educação e 2 em Administração e Supervisão Escolar. Além do curso de Pedagogia, 5 dos 14 docentes ministram aula em outros cursos da mesma faculdade (Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Ciências Sociais). A faixa etária é a seguinte: 7 docentes estão entre 41 e 50 anos, 6 com 51 anos ou mais e apenas 1 na faixa entre 31 e 40 anos. Quase a totalidade dos docentes possui tempo de trabalho em IES acima de dezesseis anos. 2.2 Resultados e discussão 2.2.1 Formação e qualificação docente Sobre a formação dos 14 docentes que participaram da pesquisa, podemos mencionar que 3 possuem graduação em Pedagogia; 4 em Psicologia, 2 em Fonoaudiologia, 2 em Letras, 2 em Educação Física e 1 em Matemática e 1 em Terapia Ocupacional, sendo que um docente mencionou duas graduações, em Pedagogia e Educação Física. A graduação foi finalizada por 4 docentes até 1980; 6 docentes se graduaram entre os anos 1981 até 1990; e 5 entre 1991 e 2001. Oito professores mencionaram ter feito cursos de Especialização, que se concentraram em diversas áreas da educação como: Metodologia da Pesquisa, Psicopedagogia, Linguística e; na área da saúde, como: Fonoaudiologia Educacional, Psicologia e Psiquiatra Hospitalar. Todos os professores possuem Mestrado que se concentrou principalmente na área da Educação (10 docentes); na área da 74 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Educação Especial (2 docentes); em Pesquisa Educacional (1 docente) e em Filosofia da Educação (1 docente). A época em que finalizaram o mestrado ficou entre os anos de 1980 a 1990 (2 docentes); entre os anos de 1991 a 2001 (12 docentes). Todos também possuem doutorado, 12 deles na área da Educação, 1 em Ciências Biológicas e 1 em Educação Especial. A época do término do doutorado ficou entre 1990 a 2000 (5 docentes), e de 2001 a 2010 (9 docentes). Dos quatorze docentes do curso de Pedagogia, 10 tiveram acesso à conteúdos relacionados à Educação Especial/Inclusiva e 7 tiveram formação complementar na área da Educação Especial/Inclusiva, realizada por meio de palestras, cursos, oficinas e eventos. 2.2.2 Experiência docente com alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEEs) Treze dos quatorze professores responderam que já tiveram experiência em sala de aula, com alunos que apresentavam alguma deficiência na FFC-Unesp/Marília. Sobre as áreas da deficiência em que estes professores tiveram experiência, 50% apontaram que esta experiência foi na área da deficiência visual; 35% na área da deficiência auditiva e; 15% na área da deficiência física: Quando questionados se sentiam-se preparados e seguros nesta situação, 6 docentes disseram “em parte”; 4 responderam “não”; 3 responderam “sim”, sendo que 1 docente mencionou que não passou por tal experiência. Referente ao oferecimento de apoios e recursos para o atendimento das NEEs dos alunos na universidade, 6 docentes afirmaram que a FFC – Unesp/Marília ofereceu-os; 3 disseram que o oferecimento foi “em parte”; 2 disseram que “não” e 1 mencionou que não foi necessário; 2 professores não responderam. Observou-se em estudos de Moreira, Bolsanello e Seger (2011) pelos relatos de alunos com deficiência que estão no ensino superior, que um dos fatores que tem colaborado positiva-mente com o percurso acadêmico dos mesmos, sobretudo daqueles que possuem necessidades mais específicas, tem sido as adaptações e recursos utilizados pelos professores na sala de aula. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 75 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.2.3 Conhecimento/concepção sobre Educação Especial/Inclusiva Todos os 14 respondentes manifestaram posição favorável à inclusão de alunos com deficiência no Ensino Superior. Sobre a concepção de inclusão, 7 docentes manifestaram em suas respostas que tem a visão de que a inclusão é um direito e que é necessário abranger tanto o acesso, quanto a permanência da pessoa com NEEs no sistema de ensino. Outro ponto revelado é a qualidade de ensino para o desenvolvimento pleno do aluno, apontado em outras 7 respostas. Três respostas apontaram para um conceito mais amplo da inclusão, considerando que abrange todo tipo de diferença. Destaca-se 1 resposta que acrescenta que para a inclusão ocorrer é fundamental pensar na formação do professor. Quando questionados sobre o conhecimento que possuem sobre aspectos legais relacionados à Educação Especial/Inclusiva, 7 docentes, metade deles, mencionaram que “Sim”, possuem conhecimentos. Sobre aspectos teóricos, 7 deles disseram conhecer “Em parte” e sobre aspectos metodológicos, foram obtidos os seguintes dados, 8 dos docentes mencionaram conhecer “Em parte”. Os dados aqui apresentados coincidem com o que Souza (2008) constatou em sua pesquisa: a maioria dos professores relataram que conhecem ou possuem informações difusas acerca dos fundamentos da inclusão, notadamente no tocante às bases conceituais. Interessante notar que os professores tem maior conhecimento a respeito dos aspectos teóricos sobre educação especial/inclusiva, enquanto que no aspecto prático, que envolve as metodologias e recursos, predomina mais claramente a resposta “em parte”. Sobre qual a forma em que o docente teve acesso às informações relativas às deficiências/necessidades educacionais especiais e à inclusão educacional, quase na sua totalidade mencionaram que foi com o contato com pessoas com deficiências; leituras de livros e revistas da área; reportagens e publicidade na mídia; palestras; oficinas; cursos. Baptaglin e Souza (2012) destacam que a maioria dos docentes quando se deparam com a realidade de um estudante incluído em sua classe, tem se alicerçado nos conhecimentos advindos das experiências, porque contam com uma formação especifica mínima 76 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ou quase inexistente e, neste sentido, destaca a necessidade da construção de alternativas que viabilizem uma melhor formação destes profissionais. Quando questionados se a FFC – Unesp/Marília oferece apoios no atendimento das necessidades educacionais especiais das pessoas com deficiência, 9 docentes disseram “em parte”, 3 “sim e 2 “não”. Além disso, 9 professores consideram que a FFC só está “em parte” preparada para garantir o acesso e permanência dos alunos com deficiência, 3 acham que não está preparada e só 2, afirmaram que está preparada. Souza (2008) aponta em sua pesquisa com docentes de ensino superior da Universidade Federal do Piauí que estes, em sua maioria, não conhece a existência de apoios e ações voltadas para suprir as necessidades dos alunos com deficiência na instituição. Sobre como os professores se sentem para atender o aluno com deficiência na sala de aula, apenas 1 docente disse que se sente apto. Onze responderam que se sentem “em parte” aptos e 2 disseram que não se sentem aptos para tal função. Sobre os docentes considerarem sua formação suficiente e satisfatória para atender as necessidades educacionais especiais da pessoa com deficiência na sala de aula, 7 deles apontaram ser “em parte” suficiente, 5 responderam que a formação “não” é suficiente e 2 “sim”, consideram a formação suficiente. Sobre o tipo de barreira existente na FFC para atender os alunos com NEEs, foi constado o seguinte: 39% mencionou barreiras arquitetônicas (físicas); 38% citou barreiras atitudinais e 23% apontou a formação insuficiente do professor. Em pesquisa de Castro e Almeida (2014) em treze universidades públicas brasileiras sobre ingresso e permanência, quando os alunos foram questionados sobre quais seriam as maiores barreiras, destacaram-se a falta de acessibilidade física, barreiras comunicacionais; barreiras pedagógicas, estas caracterizadas como referentes à didática em sala de aula, a utilização de métodos inadequados, a falta de preparo dos professores para identificar as necessidades dos alunos com deficiência e a falta de materiais adaptados, e barreiras atitudinais. Todos os docentes manifestaram preocupação com as condições de aprendizagem do aluno com deficiência matriculado em sua(s) disciplina(s) e que sentem-se responsáveis pela aprendizagem desse Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 77 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA aluno. Afirmaram ainda que sabem que devem se preparar para atender às suas NEEs. Sobre este aspecto podemos mencionar os achados de Moreira, Bolsanello e Seger (2011) que em entrevista com alunos com deficiência no ensino superior, estes mencionaram que os professores não estavam alheios à inclusão deles na universidade e que os professores demostravam preocupação e cuidados referentes às especificidades educacionais deste alunado. Apesar disto Anjos (2012) aponta que “as universidades se dedicam à questão da deficiência como algo que ocorre fora delas, na educação básica” (p. 368) ou que a universidade tem um papel que se concentra mais no âmbito de assessoria e formação de profissionais que vão atuar com a pessoa com deficiência fora dela. Baptaglin, Souza (2012); Ferrari; Sekkel (2007); Regiani, Mól (2013) tem verificado a falta de formação continuada, no âmbito da educação inclusiva, com limitados programas de formação de professores e de organização pedagógica. Sobre estes aspectos Rodrigues (2004) apresenta um leque de possibilidades que a Universidade pode aproveitar para a sua melhoria pedagógica através da inclusão de estudantes com NEEs. Estas, se baseiam em 3 áreas, a primeira, se constitui na construção de um leque alargado de perfis profissionais na qual a universidade pode pensar, ou seja, refletir sobre os diferentes perfis de profissionais que a universidade deseja formar e assim, nestes diferentes campos poder incluir a pessoa com deficiência. A segunda área diz respeito à rede de solidariedade que o aluno com deficiência pode trazer para dentro da instituição e, a terceira, o quanto a presença de um aluno com deficiência a estimula a reflexão sobre os conteúdos, as metodologias, o sucesso do ensino e da aprendizagem feitas na universidade, e esta reflexão beneficiaria a todos envolvidos com novos olhares e formas de trabalho educativo. 3. CONCLUSÕES A partir dos anos de 1990, o discurso da educação inclusiva, as ideias de igualdade e diversidade se fortaleceram, porém, isso não garante que as práticas pedagógicas inclusivas estejam efetivamente implementadas, havendo um descompasso entre a legislação e a realidade vigentes. Tal fenômeno, presente na educação básica, 78 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF começa nos últimos anos, a atingir também o ensino superior. As pessoas com deficiência, mesmo que de forma tímida, estão gradualmente ingressando no ensino superior, por isso mesmo, os Institutos Superiores de Ensino e seus docentes, precisam conhecer mais a respeito das especificidades desse alunado de forma que seus direitos sejam efetivados, não ficando restrito apenas ao acesso à educação, mas também, à sua permanência e alcance do sucesso acadêmico. Tal fato demanda, necessariamente, nova postura administrativa dos gestores e, também, dos professores, funcionários, entre outros agentes presentes no ensino superior. Nesta pesquisa, mesmo reconhecendo que há falhas em sua formação e nas condições propiciadas pela FFC – Unesp/Marília para atender às necessidades educacionais especiais dos alunos, os docentes, em sua totalidade, são favoráveis à inclusão, preocupamse e sentem-se responsáveis pela aprendizagem dos alunos com deficiência. Mais do que falar sobre como fazer a inclusão, na atual conjuntura, os IES precisam agir, precisam transformar as práticas vigentes tendo como base a formação continuada, o trabalho colaborativo, a cooperação e a reestruturação administrativa. Ao transformar-se, ao acolher e garantir condições de acesso e permanência para todos, a universidade estará cumprindo seu papel na sociedade pois poderá aplicar, na prática, o conhecimento produzido. E assim, gradativamente, por meio da garantia do direito à educação, melhorará as condições de vida da população. 4. REFERÊNCIAS ANJOS, H. P. Inclusão da pessoa com deficiência no ensino superior: primeiras aproximações. In: O professor e a educação inclusiva: Formação, prática e lugares. Org. MIRANDA, T. G.; GALVÃO FILHO, T. A., EDUFBA, Salvador, 2012. p. 367 – 384. BAPTAGLIN, L. A.; SOUZA K. M. Inclusão na educação superior: uma revisão das produções atuais. In: Simpósio de Ensino Pesquisa e Extensão, 2012, Santa Maria. [trabalhos apresentados]. Santa Maria: Unifra, 2012. Disponível em: http://www.unifra.br/eventos/ sepe2012/Trabalhos/5325.pdf. Acesso em: 04 jul. 2016. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 79 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA BRASIL. Censo da Educação Superior 2013: resumo técnico. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2015. 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Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO À ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL: CRIANÇAS DE ZERO A DOIS ANOS BRAZILINO, Flavia da Silva Pedroso1 AZEVEDO, Antulio José de2 RESUMO Este artigo trata do processo de adaptação à creche de crianças na faixa etária de zero a dezoito meses de idade. Ao ingressar na creche há uma ruptura traumática entre a criança e a família, principalmente em relação à mãe. O ambiente novo e as pessoas estranhas chocam a criança. Mas sua ida para a creche é necessária, pois a mãe precisa retornar ao trabalho após sua licença maternidade. Cabem à creche e à família preparem-se bem para que esta adaptação seja tranquila. Palavra-chave: Creche, adaptação infantil, Educação Infantil. ABSTRACT This article deals with the process of adaptation to day care of children aged zero to eighteen months old. On joining the nursery there is a traumatic rupture between the child and the family, especially in relation to the mother. The new environment 1 2 Acadêmica do Curso de Pedagogia da FAEF, [email protected] Professor Doutor do Curso de Pedagogia da FAEF, [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 81 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA and strangers shock the child. But its going to day care is necessary because the mother must return to work after their maternity leave. Fit to daycare and family prepare well for this adaptation is quiet. Keyword: Child care, children’s adaptation, Early Childhood Education 1. INTRODUÇÃO Um momento traumático na vida das famílias se dá com a ruptura dos laços que unem a mãe ao bebê quando este é encaminhado para a creche, geralmente motivado pela necessidade de sua genitora retornar ao trabalho, após o enceramento da licença maternidade. A dificuldade da separação é sentida pela mãe que deseja permanecer ao lado de seu pupilo, e do próprio bebê, que vai enfrentar pela primeira vez um ambiente estranho e hostil, sendo cuidado por pessoas que não fazem parte de seu convívio, e por isso os bebês choram muito nos primeiros dias de adaptação à creche. Repercutir este episódio que ocorre na vida da mãe e do bebê, bem como, o papel da creche desempenha nesse momento, é o objetivo principal desse artigo, que na realidade representa as primeiras ilações do trabalho de conclusão de curso da acadêmica do Curso de Pedagogia, tendo como coautor o professor orientador da mesma. A razão de sua elaboração foi a percepção que a acadêmica teve no decorrer da realização de seu estágio curricular supervisionado em ambiente de creche que a motivou a realizar um estudo sobre este tema. A educação infantil é a primeira etapa da educação básica, atende crianças na faixa etária dos zero aos cinco anos idade e se divide em creche e pré-escola. A creche por sua vez é composta pelo berçário, que cuida e educa bebês dos zero aos dezoito meses, e o maternal, para crianças de dois e três anos idade. A pré-escola se destina às crianças de quatro e cinco anos de idade (BRASIL, 2010). Desta forma, o ambiente destinado aos bebês na creche é o berçário. 82 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Características do berçário O tempo do bebê na creche é dividido entre dormir, comer, brincar e passar pelos cuidados de higiene, como banho, troca de fraldas e roupas. Em todos estes momentos ele se desenvolve e aprende, ou seja, se educa. Então o berçário é um espaço no qual o bebê deve ter garantido seu direito do cuidar, do brincar e do educar (KISHIMOTO, 2008). Em geral o berçário é composto pela sala de repouso, sala para atividades, fraldário, lactário e o solário. A sala de repouso é o espaço destinado ao repouso dos bebês, e deve conter berços ou similares para que possam dormir com conforto e segurança. A sala de atividades destina-se à realização de atividades diversas, deve ser organizado de forma estimulante, confortável, aconchegante, segura, adequada à proposta pedagógica da creche e que permita o desenvolvimento dos bebês, possibilitando-lhe condições para a realização de explorações e brincadeiras. No fraldário são realizadas a higienização dos bebês, banho, troca e guarda de fraldas e de roupas. O lactário é o local destinado à higienização, ao preparo e à distribuição das mamadeiras, prevendo técnicas de higiene alimentar, de forma que se ofereça às crianças uma dieta saudável, sem risco de contaminação. O espaço reservado para o “banho” de sol é o solário. Nele deve ter gramado, brinquedos grandes como balanços, triciclos, casa de boneca, entre outros são ideais para esse ambiente (BRASIL, 2006). 2.2 A criança de zero a dois anos Em geral, os meninos ao nascerem apresentam maior dimensão corporal que as meninas e ambos triplicam o peso do corpo no primeiro ano de vida, crescendo em média de 30 a 38 centímetros até completarem dois anos de idade. Com isso verifica-se que a criança apresenta um rápido ritmo de crescimento e aos dois anos de idade tem a metade da altura que terá ao completar seu desenvolvimento físico, sendo somente superado na fase da adolescência, na qual haverá um processo tão rápido de desenvolvimento (PAPALIA et alli, 2006). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 83 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Segundo Bee (1997), o desenvolvimento motor das crianças nos primeiros dois anos de vida pode ser dividido em três grupos: habilidades locomotoras (andar, correr, saltar e pular); habilidades não locomotoras (empurrar, puxar e inclinar); e habilidades manipulativas (agarrar, arremessar, pegar chutar). De acordo com seu processo evolutivo, são identificados os seguintes aspectos em relação ao desenvolvimento motor da criança nessa fase: com um mês ela é capaz de segurar um objeto ao ser colocado em sua mão. Entre os dois e três meses ela inicia a tocar com as mãos, e às vezes com os pês, em objetos ao seu alcance. Na fase dos quatro aos seis meses consegue rolar, alcançar e segurar objetos próximos a ela. Ao atingir a idade dos sete aos nove meses, senta sem ajuda, engatinha e transfere objetos de uma mão à outra. No período dos dez aos doze meses já fica em pé segurando em apoio, anda sem ajuda, agacha, inclina-se e segura uma colher. Na fase dos treze aos dezoito meses caminha para trás e para os lados, corre, rola uma bola, empilha blocos e coloca objetos em recipientes (BEE, 1997). Contudo, alguns fatores podem alterar este desenvolvimento sensório-motor padrão da criança, tais como, hereditariedade, nutrição e saúde, equilíbrios hormonais, estados emocionais. Piaget (1971) dividiu o desenvolvimento da criança em estádios. O primeiro estádio, da inteligência sensório-motora, foi dividido nos seguintes sob-estadios: Primeiro, do exercício dos reflexos, (até 1 mês); segundo, das primeiras adaptações adquiridas a reação circular primária, (1 mês a 4 meses e meio); terceiro, das adaptações sensóriomotoras intencionais e das reações circulares secundárias (4 meses e meio a 8-9 meses); quarto, da coordenação dos esquemas secundários e sua aplicação às situações novas (8-9 meses a 11-12 meses); quinto, da reação circular terciária e da descoberta dos meios novos por experimentação ativa (11-12 meses a 18 meses); sexto, da invenção dos meios novos por combinação mental e da representação (1 a 2 anos) (CAVICCHIA, 2012). No inicio de seu desenvolvimento a criança se encontra em grande dependência do outro para se alimentar ou ate mesmo se locomover, em que seus familiares têm papel fundamental para sua formação. Com o tempo ele ira conseguindo explorar seu próprio corpo agindo voluntariamente sobre ele sem que haja total ajuda por parte de 84 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF seus familiares passando a ter certa “independência” como gatinhar e segurar objetos. (TEODORO, 2013). De acordo com De Marco (2012) nos seis meses de vida a criança já consegue sentar-se, o que de fato interfere com o seu ambiente, pois a partir daí elas conseguem alcançar objetos e levá-los até a boca. Brincando elas experimentam e elaboram o desaparecer e o parecer dos objetos ajudando em termos de separação. Mesmo adquirindo certa “independência” em determinados aspectos como a questão de se locomover a criança ainda encontrase em uma forte ligação com seus pais que são os responsáveis por todo o cuidado materno e qualquer forma de distanciamento por parte deles é motivo indesejável no comportamento da criança, onde está passa a chorar e até mesmo ficar irritada e não aceitar alimentação. (TEODORO, 2013) Ao final do primeiro ano de vida da criança por volta de 11 meses grande parte delas já conseguem andar sem ajuda de seus familiares onde primeiramente conta com a ajuda dos objetos a sua volta para um apoio para poder ficarem de pé, seja em moveis ou paredes que lhe dão sustentação para se levantarem e andarem sozinhas em seguida (TEODORO, 2013) Entre doze e dezoito meses de vida a criança é bastante curiosa e gosta de experimentação, se interessam por tudo que encontram e querem desvendar este objeto encontrado ou oferecido por seus familiares e até as pessoas que estão por perto despertam curiosidade nos pequenos. De Marco (2012, p. 191) ressalta que [...] a mãe é muito mais do que alimento, e o bebe reclama a ausência dos pais chorando de raiva se não é atendido. Ele precisa saber que, para além do leite, a voz, o contato e o aconchego da mãe não desaparecerão. O temor da separação é a angustia mais intensa dessa idade. A criança passa a querer sempre seus pais por perto cada vez mais e quando um deles não esta é de fato que a criança apresentara alguma reação seja ela chorando ou demonstrando algum gesto de inquietude, principalmente por parte da falta da mãe que lhe oferece o leite e o acalma. Assim a criança vai se acostumando com seus familiares e se adaptando as rotinas de casa seja com os ambientes Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 85 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que dela fazem parte e até o reconhecimento daqueles que estão sempre por perto. (DE MARCO, 2012) Por volta dos dezoito meses de vida até os vinte quatro meses a criança já caminha por si sem ajuda de outros, surge o faz de conta. É o ponto final de um período caracterizado como sensório motor, pois agora a criança já tem noção do próprio corpo através do corpo do outro ela vai se reconhecendo e inicia o pensamento simbólico para realizar suas ações. (TEODORO, 2013) 2.3 Adaptação das crianças à creche Estar diante de algo novo se torna um tanto assustador não só para as crianças como para qualquer adulto. Ainda mais se tratando de um primeiro dia na escola, pessoas diferentes e ambiente novo levam de fato a criança ao processo de adaptação tanto para ela como para os funcionários que terão que se atenderem as necessidades das novas crianças e de seus colegas de trabalho, pois é um momento novo para todos. (TEODORO, 2013) Teodoro (2013) ressalta que o período de adaptação é sempre uma experiência difícil para qualquer pessoa. Isso se agrava quando se trata de uma criança. Estar diante de algo novo, desconhecido, pode ser um tanto ameaçador para alguém que ainda está se estruturando emocionalmente. (p. 80). A adaptação à creche é um momento de mudança para todos os envolvidos neste processo, pois ao ingressar na instituição a criança se confronta com o novo ambiente e com as novas pessoas das quais ela nunca teve contato e de fato ela percebe a separação daqueles que estavam sempre por perto como seu pai e sua mãe. É um momento de estranheza, medo e insegurança na criança ela sente muito a falta de seus familiares, mas terá que se adaptar a este novo meio e seus pais a essa nova rotina e novo comportamento que a criança apresentara com a mudança de vida. (CRAIDY, 2001) Durante o período de adaptação à creche ocorrem algumas reações comuns nas crianças devido a essa nova mudança de ambiente casa-escola família e funcionários da instituição. Teodoro (2013, p. 86 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 80) ressalta “o choro, a irritação, não brincar, não comer, não falar, chupar dedo, reações agressivas e as somáticas, ou seja, o desenvolvimento de problemas orgânicos que podem ter fundo emocional: febre, vômito, diarreia, alergia”. Assim é preciso maior observação por parte dos funcionários em relação à criança neste momento, afim de amenizar o máximo possível o trauma causado pela ruptura em relação à família e ao seu ambiente de segurança. É necessária toda uma programação e um preparo por parte da creche e de seus servidores, pois a criança precisa de tempo para se acostumar com o novo ambiente, com a educadora, com os coleguinhas (TEODORO, 2013). Teodoro (2013) reforça que seja necessária uma distribuição dos papeis neste processo de adaptação que acontecera desde a escola até os pais. Para o autor os pais precisam conhecer a instituição, a professora, ver seu trabalho, despedir-se de seus filhos antes de sair e não fugir escondido delas como também despedir-se rapidamente para que não cause ansiedade e medo nas crianças. É necessária uma comunicação entre escola e a família e um bom relacionamento entre eles. [...] algumas creches e pré-escolas procuram manter esse dialogo através de agendas ou cadernetas onde são anotadas as informações referentes aquele dia na instituição (se a criança comeu ou dormiu bem, se caiu ou foi mordida por algum colega, etc.). Tudo o que acontece com a criança no espaço da escola infantil deve ser comunicado aos responsáveis. (CRAIDY, 2001, p. 33) No que se refere à creche, esta deve manter os funcionários bem informados quanto às crianças e estabelecer vinculo com os pais dos alunos lhes informados sobre aos acontecimentos ocorridos na escola. “Cabe a escola infantil conquistar a confiança e o respeito dos pais, através de um trabalho competente e bem fundamentado pedagogicamente” (CRAIDY, 2001, p. 34). 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos estudos realizados quanto ao processo de adaptação a escola de educação infantil com crianças de zero a dois anos de idade, foi possível identificar a importância de haver um Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 87 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA planejamento por parte de toda equipe escolar para o primeiro contato com a criança. È preciso que a criança se sinta segura durante este período e que os funcionários lhe passem segurança e que estes estejam preparados para este processo, pois é um momento novo para todos e qualquer acontecimento inesperado pode acarretar negativamente na adaptação da criança a escola. Por fim acredito que este estudo pode colaborar para um período de adaptação de crianças a escola de educação infantil bem sucedido. A escola deve ser um ambiente que ofereça oportunidades onde as crianças se sintam livres e seguras para crescerem e se desenvolverem, pois sabe-se que cada uma tem seu tempo e que é preciso ser respeitado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEE, Helen. O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artmed, 1997. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros básicos de infraestrutura para instituições de educação infantil: Encarte 1. Brasília: MEC, SEB, 2006, ______. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010. CAVICCHIA, Durlei de Carvalho. O desenvolvimento da criança nos primeiros anos de vida. Araraquara: UNESP/Departamento de Psicologia da Educação, 2012. In http://www.acervodigital.unesp.br/ bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf, acessado em 15/07/ 2016. CRAIDY, Carmem (org). Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: Artmed, 2001. DE MARCO, M. A. ET AL. Psicologia médica: abordagem integral do processo saúde-doença. Porto Alegre: Artmed. 2012. KISHIMOTO, T. M. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 13 e. São Paulo: Cortez, 2008. 88 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PAPALIA, Daiane E et alli. Desenvolvimento humano. Trad. Daniel Bueno. 8 e. Porto Alegre: Artmed, 2006. PIAGET, Jean. A Construção do real na criança. Rio de Janeiro, Zahar, 1971. TEODORO, Wagner Luiz Garcia. O Desenvolvimento infantil de 0 a 6 anos: e a vida pré-escolar. Uberlândia: UFU, 2013. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 89 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 90 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A BRINCADEIRA E A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL MOREIRA, Danielle Aparecida Cardoso PEREIRA, Marcela Vasco 1 2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de 3 RESUMO Este artigo é fruto de uma pesquisa bibliográfica dos textos da disciplina Recreação, jogos e movimento, ministrada no curso de Pedagogia na Instituição de Ensino Superior FAEF, na cidade de Garça- SP. Ao decorrer deste artigo buscaremos entender a importância dos jogos e brincadeiras no desenvolvimento da criança com deficiência intelectual (DI). Sendo assim o lúdico será apresentado como suporte para o desenvolvimento integral da criança com DI, mas também como forma de integra-la a aprendizagem e ajudando na socialização no ambiente escolar. Palavras chaves: Aprendizagem, Brincar, Desenvolvimento, Jogos, Lúdico. 1 Graduanda do curso de pedagogia na Faculdade de ensino superior e formação integral – FAEF na cidade de Garça – SP. E-mail: [email protected] 2 Graduanda do curso de pedagogia na Faculdade de ensino superior e formação integral – FAEF na cidade de Garça – SP. E-mail: [email protected] 3 Professora Mestre no curso de Pedagogia, na Faculdade de ensino superior e formação integral – FAEF na cidade de Garça – SP. E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 91 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This article is the result of a literature search of texts of discpline of Recreation, games and movement, taught on course of pedagogy at the Institute of Higher Education FAEF in the city of Garça SP. In elapse of this article we will seek to understand the importance of games and jokes in the development of children with intellectual disability (ID). Therefore the playful will be presented as support for the development of children with ID, but also as a way to integrate it learning and helping in socialization in the school environment. Keywords: Learning, jokes, development, games, playful. 1.INTRODUÇÃO Neste artigo apresentamos a importância do lúdico na aprendizagem de crianças com deficiência intelectual, realizando um levantamento bibliográfico dos textos da disciplina Recreação, jogos e movimento, ministrada no curso de Pedagogia na Instituição de Ensino Superior FAEF, na cidade de Garça- SP. Abordaremos questões que nos ajudará a compreender de forma simplificada a aprendizagem e a contribuição do lúdico neste desenvolvimento. É pelo lúdico que a criança se desenvolve tanto em seus aspectos cognitivos, afetivos e sociais. Sendo eles uma fonte de prazer e descontração, tendo como objetivo a construção do conhecimento. Desta forma é primordial que na educação haja espaço para a brincadeira e o jogo, visando o brincar como ferramenta para estimular a curiosidade, fazendo com que ela explore o mundo que a cerca. Para que se concretize uma aprendizagem eficaz além de combinar o lúdico, é preciso que a escola adapte o currículo escolar atendendo a necessidade do aluno com deficiência intelectual, desta forma é necessário que os professores estejam sempre abertos a novos desafios e que busque o conhecimento sobre a deficiência de seu aluno. O Decreto nº5.296 onde estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência, nos mostra um conceito de DI ou como chamada 92 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF nesta mesma lei de deficiência mental “[...] Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas [...]” Sendo a educação especial um direito garantido pala Lei nº 9.394/ 96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – que nos afirma no capítulo V Artigo 58 que entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. (BRASIL, 1996, p.24) Sabendo que a educação é um direito do aluno deficiente temos que adaptar nossas atividades, usando como suporte o lúdico para o trabalho pedagógico, auxiliando no desenvolvimento cognitivo, nas habilidades motoras e na interação social. Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica sobre livros e artigos de professores, e estudiosos deste assunto como Kishimoto (2001) e Machado (1995) entre outros pesquisadores sobre o respectivo tema. No primeiro momento ressaltaremos a importância do lúdico no desenvolvimento da criança desde sua infância utilizando – se de referências bibliográficas como apoio as ideias ali descritas. Logo após será discorrido sobre a aprendizagem da criança com deficiência intelectual e o lúdico como ferramenta deste processo. Em seguida as considerações finais e as referências bibliográficas. 2.O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA Segundo Kishimoto (2001), o jogo está presente na vida da criança desde seus primeiros anos de vida, pois é através do brincar que ela descobrirá o mundo, manipulando objetos e o mundo que está em Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 93 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA sua volta. Sendo assim é através de seu contato com o meio que ela desenvolverá sua linguagem, intelecto e o físico. Os jogos ajudam a enriquecer o desenvolvimento mental, psicomotor entre outras potencialidades da criança. Conforme seu crescimento ela se adaptará as regras de acordo com idade e seu desenvolvimento cognitivo assim ela já aprenderá se socializando por meio do lúdico. E é dever da escola e da família garantir um ambiente para o brincar como fonte de descoberta e aprendizagem, onde permita que a criança realize descobertas usando seus sentidos, corpo e movimento assim aprendendo pelo prazer de brincar. Machado (1995) afirma que: Brincar é raciocinar, descobrir, persistir e perseverar. É aprender a perder, percebendo que haverá novas oportunidades para ganhar. É esforça-se e ter paciência, não desistindo facilmente. É viver criativamente no mundo. Brincar é ter prazer em viver (MACHADO, 1995 p. 44) Sendo que o brincar é prazer, a criança deve ser estimulada ao brincar desde a educação infantil sendo ela deficiente ou não. De acordo com Machado (1995, p 36) a criança deve ser estimulada a utilizar brinquedos, tirando da ordem e o transformando, assim ela terá mais oportunidades, crescerá com uma maior flexibilidade e caminhando com autoconfiança e criatividade. Desta forma é preciso voltar o nosso olhar para as atividades e brincadeiras das crianças para conhecer e usar estes conhecimentos para intervir com eficácia no processo de aprendizagem 2.1 O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DO ALUNO COM DEFICIENCIA INTELECTUAL Segundo Pilar (2013, apud Kishimoto, 1996, p.135), “[...] o ponto de partida é o entendimento de que o indivíduo é o centro na busca de seu próprio conhecimento e a aprendizagem é o produto da atividade do sujeito e depende do desenvolvimento de suas estruturas cognitivas[...]” Desta forma as crianças com ou sem deficiência necessitam ser instigadas a saírem de sua zona real e partir para a zona de potencialidade, ou seja, fazer ela sair de sua zona de conforto 94 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF (daquilo que ela já sabe) para adquirir novas habilidades e conhecimento, sendo sempre desafiada a superar seus desafios. Para Kishimoto (2002) o conhecimento do aluno com DI se constrói de maneira mais complexa, sendo assim é necessário que os profissionais valorizem a prática lúdica, entendendo o jogo como um instrumento na educação, pois desde o nascimento o jogo se faz como mediador na interação do indivíduo e o mundo. Pensando desta maneira podemos usar com eficiência a aplicação de jogos e brincadeiras para facilitar o aluno com deficiência a assimilar este processo, pois de acordo Kishimoto (2001) o educador em seu trabalho pedagógico poderá utilizar-se dos jogos como recursos educativos, desta forma além de promover um momento prazeroso para a criança, será um momento de descoberta e aprendizagem, tomando cuidado para que não se torne uma sequência de atividades sem sentido, tendo como foco desenvolver as habilidades físicas e cognitiva das crianças. Sendo assim o trabalho pedagógico deve dar oportunidades para que os estudantes se integrem tanto no setor educacional como em outros da sociedade. Mas para que isso aconteça é necessário romper com o medo de muitos professores, o de ensinar por meio do lúdico, apesar de muitos estudos comprovarem a eficácia, existem vários paradigmas que relatam a educação lúdica como algo sem importância como afirma Almeida (1994): A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar diversão superficial. A educação lúdica é uma ação inerente na criança, adolescente, jovem, adulto e aparece sempre como uma forma tradicional em direção a algum conhecimento, que se define na elaboração constante do pensamento individual em permutações constantes com o pensamento coletivo. (ALMEIDA, 1994, p. 10) O contato com o lúdico na educação faz com que o aluno desenvolva com maior eficiência suas habilidades cognitivas e motoras, assim ele aprende de maneira prazerosa e harmônica. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos concluir que no dia a dia do trabalho escolar, com uma proposta inclusiva é preciso que o trabalho pedagógico seja eficaz Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 95 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA garantindo avanços no desenvolvimento do aluno especial e não apenas deixa-lo disperso ou separado do grupo, em desarmonia com as atividades. Por isso justificamos a importância do brincar como atividade integradora e socializadora, em que as crianças podem interagir ao mesmo tempo, desfrutando da mesma atividade sob os mesmos desafios e descobertas. A partir do momento em que o professor encara o desafio e se proporciona a esta nova experiência aplicando e adaptando atividades lúdicas ao currículo escolar, nota-se um progresso, mesmo que seja demorado o educador nunca pode desistir desta pratica na educação. Mas para que este trabalho se concretize com sucesso, é necessário que haja um trabalho coletivo entre os profissionais especializados, os educadores e a família, realizando troca de experiências para o tratamento do aluno, levando em consideração não penas informações sobre sua deficiência, mas também suas características como pessoa (gostos, costumes e rotina). É possível ensinar por meio da educação lúdica, com o apoio em pesquisas de novos métodos de ensino, mas para que isso aconteça é importante que o professor tenha as devidas oportunidades de aproximação com o aluno deficiente intelectual e assim ter a possibilidades de mediações adequadas para melhor ensina-lo. 4.REFERÊNCIAS ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1994. BRASIL, Decreto nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004, dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2004/decreto/d5296.htmcess. Acesso em 20 set. de 2016 BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e 96 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L9394.htm. Acesso em 20. set.de 2016 KISHIMOTO, M. T. O jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2001 KISHIMOTO, M.T. Jogos infantis: O jogo, a criança e a educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002 MACHADO, Mariana Marcondes. O brinquedo sucata e a criança: A importância do brincar, atividades e materiais. 2 ed. São Paulo: Loyola, 1995 PILAR, Thais Fernanda. A importância do lúdico no processo de aprendizagem e inclusão da criança com deficiência intelectual no Ensino Fundamental. (2013). Disponível em: http:// www.isapg.com.br/2013/ciepg/down.php?id=15&q=1. Acesso em 25 de Set. de 2016 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 97 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 98 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A DESCRIÇÃO DE ALGUNS DADOS HISTÓRICOS A RESPEITO DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL Reginaldo José BARBOZA1 Thamara Reis Picolott de OLIVEIRA2 RESUMO O presente artigo tem como objetivo principal relatar o surgimento da psicopedagogia no Brasil e a sua evolução pelo mundo. Iniciamos o presente trabalho relatando sobre o surgimento da Psicopedagogia em território europeu, ainda na década de 1970, destacando algumas contribuições teóricas da França e o percurso efetivado na Argentina, país de participação intensa no avanço da Psicopedagogia e o desenvolvimento da prática psicopedagógica no Brasil, que se desenvolveu por seus vários Estados brasileiros. Este artigo trás uma breve apresentação de como se dá a formação profissional do psicopedagogo nos dias atuais e a sua atuação dentro das escolas de ensino fundamental dos anos iniciais, com intuito principal de trabalhar de forma conjunta e integrada com os docentes de forma preventiva e auxiliadora das dificuldades em aprender por parte dos alunos com algum tipo de dificuldade de aprendizagem, trabalhando de forma que o educando venha a fazer o reconhecimento das práticas pedagógicas de forma ampla, objetiva 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 99 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA e diversificada preparando o mesmo para a convivência em sociedade. Palavras-chave: Aprendizagem, Brasil, História, Psicopedagogia ABSTRACT This article aims to report the emergence of psychopedagogy in Brazil and its evolution throughout the world. We started this work reporting on the emergence of Educational Psychology in Europe, even in the 1970s, highlighting some theoretical contributions of France and the journey effected in Argentina, a country of effective participation in the advancement of Educational Psychology and the development of psychopedagogic practice in Brazil, which was developed by its various Brazilian states. This article brings a brief presentation of how is the training of educational psychologist today, and its role within the primary schools of the early years, primarily to work together and integrated with the teaching of preventive and helpmate difficulties in learning by the students with some kind of learning difficulties, working so that the student will make the recognition of pedagogical practices of comprehensive, objective and diversified preparing the same for living in society. Keywords: Learning, Brazil, History, Psychology 1.INTRODUÇÃO A psicopedagogia no Brasil teve início no século XIX com o surgimento dos primeiros centros psicopedagógicos direcionados ao atendimento clínico e pedagógico que contava com uma equipe de vários profissionais da área da saúde como psicólogos, fonoaudiólogos, psicanalistas entre outros. (BOSSA, 2000). Antigamente, a partir de um método tradicional de ensino, pais e professores se preocupavam apenas com o conteúdo aplicado na escola mediante a transmissão de conhecimentos de forma direta de um indivíduo para outro. Atualmente, sabemos que devem ser utilizados outros métodos de competências e habilidades por parte dos adultos e educadores nas escolas. Entre uma dessas habilidades seria a de identificar o motivo ou o problema correspondente no processo de aprendizagem e o que dificulta as relações pessoais e 100 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF interpessoais. O fato é que muitas vezes tendemos a considerar que quando um aluno demonstra dificuldades de aprendizagem na escola, elas têm algum retardo mental ou uma deficiência intelectual e assim por diante. Nesse caso seria necessário um diagnóstico mais preciso realizado por um profissional da área, seja um psicólogo ou um psicopedagogo. A psicopedagogia não é uma área nova, e vem ganhando um espaço significativo no âmbito escolar principalmente em dias atuais, nos anos iniciais pelo seu trabalho multidisciplinar devido à complexidade dos problemas de aprendizagem. Assim sendo, a escolha desse tema ocorreu a partir de pesquisas bibliográficas relacionadas às inúmeras dificuldades de aprendizagens apresentadas por alunos. Ou ainda, procuramos compreender o que é caracterizado como a dificuldade do aluno em aprender e consequentemente a necessidade de uma complementação, um suporte pedagógico de auxílio no trabalho conjunto dos professores e o aprimoramento em relação à formação do pedagogo. Pois, o trabalho desenvolvido por este profissional é de suma importância tanto para a sua vida escolar quanto para a sociedade. O psicopedagogo é um profissional que mesmo diante de inúmeros avanços em relação ao preparo profissional, as inúmeras adequações para melhor atender o educando, ainda não tem sua profissão regulamentada por lei. 2- BREVE ANÁLISE SOBRE A IMPORTÂNCIA DA PSICOPEDAGOGIA NO MUNDO E NO BRASIL A psicopedagogia nasceu devido à necessidade de uma melhor compreensão sobre os problemas educacionais envolvendo a aprendizagem. No Brasil, há muitos anos esses problemas têm sido objeto de pesquisa por muitos estudiosos. Os primeiros indícios do surgimento da psicopedagogia surgiram na França na década de 1940. Nesta época a Europa buscava estudar a origem do sucesso escolar, e em busca do mesmo objetivo, médicos e educadores passaram a desenvolver em conjunto um trabalho de pesquisa que buscasse diagnosticar os possíveis problemas de aprendizagem, com objetivo de encontrarem uma forma clara e objetiva de intervenção pedagógica. (GONÇALVES, 2007). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 101 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Em 1898 são introduzidas as “classes especiais” nas escolas públicas pelo professor de psicologia Edouard Claparède juntamente com o neurologista François Neville que era destinada as crianças com retardo mental. Nos anos de 1904 á 1908 são realizadas as primeiras consultas médicas-pedagógicas com objetivo de encaminhar as crianças com algum tipo de problema mental para as classes especiais (GONÇALVES, 2007). De acordo com Bossa (2000), a partir daí surge então em 1946 em Paris o “Primeiro Centro Psicopedagógico”, fundado por J. Boutonier e George Maucoque que tinha como objetivo desenvolver um trabalho em conjunto entre médicos e professores. Isso representava um trabalho de cooperação entre os mesmos com objetivo de auxiliar crianças com problemas escolares ou comportamentais. O nome “Centro Psicopedagógico” foi elaborado pela própria equipe de trabalho formada por profissionais da saúde como fonoaudiólogo e psicólogos que notaram que os pais encaminhariam seus filhos com algum tipo de problema de comportamento ou pedagógico com mais facilidade para o tratamento, pois os mesmos entendiam a consulta pedagógica como um apoio e não como uma consulta médica tendo em vista as crianças que não conseguiam aprender eram vistas como “anormais”, devido a alguma anomalia anatomofisiológica, doença essa que era usada para justificar o fracasso escolar. (BOSSA, 2000). Com essa “quebra de preconceito” surgiram outros novos centros psicopedagógicos que foram se estabelecendo na França até os anos 1960 este aumento se deu ao trabalho bem sucessivo de profissionais diversos como o de médicos, pedagogos, psicólogos, psicanalistas e reeducadores de psicomotricidade e da escrita que trabalhavam de forma concreta para que transmitisse segurança aos pais. As crianças eram acolhidas nesses centros normalmente após reclamações dos professores ou dos próprios pais sobre o comportamento da criança. Partia-se do principio social da criança e sua estrutura familiar, os métodos de ensino aprendizagem que eram abordados na escola levando sempre em conta que o ato de aprender e ensinar inclui as realidades internas e externas do aluno. (MASINI, 1999). O primeiro país a oferecer a primeira faculdade de psicopedagogia foi à Argentina, na cidade de Buenos Aires, ocupando um significativo 102 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF espaço tanto no âmbito da saúde como da educação. O fato da criação da faculdade especialmente voltada para a psicopedagogia fez com que houvesse mudanças significativas na atuação de psicopedagogos em relação às clínicas de saúde mental da década de 1970. (BOSSA, 2000). A partir dos anos 1960 também, a psicopedagogia passa a ser mais reconhecida e socializada no Brasil com o surgimento da primeira experiência psicopedagógica no ano de 1958. Já em 1967 a psicopedagogia segue novos rumos, aonde pedagogos, psicólogos, professores e alunos deveriam trabalhar de forma integrada para que não houvesse comprometimento na formação do aluno. Na prática do psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no consultório crianças que já foram examinadas por um médico, por indicação da escola ou mesmo por iniciativa da família, devido aos problemas que esta apresentando na escola. É importante termos em mente que é dentro dessa concepção de problemas de aprendizagem na escola que, ainda no final da década de 70, surgiram os primeiros cursos de especialização em Psicopedagogia no Brasil, idealizados para complementar a formação dos psicólogos e de educadores que buscavam soluções para esses problemas. Esses cursos foram estruturados, e dentro desse contexto histórico, amparados num conceito cientifico, fruto de uma dinâmica sociocultural que não a nossa. (BOSSA, 2000, p. 50,51). Como afirma Gonçalves (2007), o curso de psicopedagogia passou por três momentos de alterações em seu plano de estudo durante os anos de 1956, 1958 e 1961 dando ênfase à formação filosófica e psicológica juntamente aos fundamentos de biologia. Em um segundo momento em 1963, 1964 e 1969, o plano de estudo teve maior influência da psicologia experimental na formação do psicopedagogo com objetivo de capacitá-lo para a formação instrumental. Em seu terceiro momento em 1978 o currículo passa por reformulação com objetivo de valorizar o psicopedagogo enquanto terapeuta. Como podemos notar a psicopedagogia é uma área relativamente nova no Brasil que teve inicio em 1970, apenas com cursos profissionalizantes de especialização em psicopedagogia em Porto Alegre, com objetivo de complementar a formação de psicólogos e educadores que buscavam solucionar ou ao menos amenizar os problemas de aprendizagem. Porém só tiveram grandes avanços e reconhecimentos a partir de 1980 com a criação da Associação de psicopedagogos de São Paulo que alguns anos depois passou há se Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 103 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA chamar Associação Brasileira de Psicopedagogia. Ao longo de sua existência a associação promoveu e promove muitos encontros e congressos visando refletir a formação e a atuação do psicopedagogo com objetivo de promover a melhoria da qualidade de ensino nas escolas com enfoque psicopedagógico multidisciplinar. (GONÇALVES, 2007). Um marco decisivo na história da psicopedagogia aconteceu em 1984 com o primeiro encontro de psicopedagogos em São Paulo promovido por Clarissa Golbet e Sônia Maria Kiguelque que relataram e apresentaram as experiências dos psicopedagogos de Porto Alegre. A partir daí até o final de 1985 passaram a se reunir mensalmente para relatarem as experiências vividas desde o primeiro encontro de psicopedagogia fazendo com que em 1986, no seu segundo encontro, tivesse um aumento significativo de participantes que em 1984 eram apenas quatro participantes, em 1986 passou para quarenta participantes. (GONÇALVES, 2007). O curso de psicopedagogia esta crescendo nas faculdades de Porto Alegre desde 1973 com um amplo currículo de disciplinas como: Psicopedagogia Terapêutica, Distúrbios de Aprendizagem, Bases Psicopedagógicas da Aprendizagem e Técnicas de Expressão Corporal, Vocal e Musical. Os cursos visam preparar pedagogos e psicólogos para trabalhar juntamente as crianças que não tinham um desenvolvimento adequado em sala de aula. Ainda conforme Gonçalves (2007), no ano de 1979 foi criado o primeiro curso regular de psicopedagogia em São Paulo no Instituto Sede Sapientiae por iniciativa de Maria Alice Vassion e Madre Cristina Sodré Dória que até então era ocupado por psicólogos e psicanalistas, juntas elas buscaram um espaço que valorizasse a ação do educador. O curso passou por quatro momentos distintos com Enfoque em Reeducação em Psicopedagogia que posteriormente assumiu um Caráter Terapêutico abre- se um espaço para a reflexão psicopedagógica em instituição escolar que até hoje o instituto Sedes vive um momento aonde as diferenciações do psicopedagogo são privilegiadas. (BOSSA, 2000). Não podemos deixar de destacar São Paulo e Rio Grande do Sul como os lugares pioneiros na formação de profissionais em psicopedagogia no Brasil, com a criação de cursos voltados para a área em diferentes níveis, inclusive mestrado em educação na PUC104 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SP e na UFRGS, que desenvolve desde 1984 o curso de especialização em aconselhamento psicopedagógico no programa de pós-graduação na FACED. Somente a partir da década de 1990 que os cursos voltados para a área de psicopedagogia começaram a surgir em outros estados brasileiros, multiplicando-se cada vez mais até os dias atuais. (BOSSA, 2000, p.53). 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Como vimos, o objetivo fundamental desse artigo foi fazer um estudo de documentos existentes sobre a história e o surgimento da Psicopedagogia tanto no âmbito brasileiro como em outros países, os quais destacam pontos comuns a nossa história,. Procuramos traçar cronologicamente os dados neste artigo. Pudemos constatar mediante esses dados apresentados que a Psicopedagogia teve um percurso histórico com muitos avanços. Houve muitas conquistas, porém há muito que fazer para que a mesma obtenha o reconhecimento. Destacamos neste levantamento histórico, o papel fundamental da ABP na “instalação” da Psicopedagogia nos estados brasileiros. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2º ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. GONÇALES, L, DOS S. Psicopedagogia: Formação Identidade e formação Profissional. Monografia (Especialização em Educação e Psicopedagogia) Pontífice Universidade católica de Campinas. Campinas, São Paulo, 2007. MASINI, E. F. S. Psicopedagogia na escola: buscando condições para aprendizagem significativa. São Paulo: Loyola, 1999. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 105 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 106 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A FORMAÇÃO DOCENTE E O ATENDIMENTO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS (NEE) SANTOS, Patrícia Fernanda.1 VALENTIM, Fernanda Oscar Dourado.2 RESUMO Este artigo fará uma breve abordagem teórica acerca das proposições para formação docente no que se refere ao atendimento da pessoa com NEEs ressaltando a importância da formação do professor para que realmente se efetive a inclusão escolar. Os professores, além de sua formação inicial, devem sempre estar em busca de novos conhecimentos e capacitação, para que desta forma desenvolva condições para favorecer a aprendizagem significativa aos alunos com NEEs. Palavras-chave: formação docente; inclusão escolar; diversidade. ABSTRACT Summary this article will make a brief theoretical approach about the proposals for teacher training with regard to the person’s care with NEEs stressing the importance of teacher training so that really becomes effective school inclusion. Teachers, in addition to their 1 2 Discente do curso de Pedagogia da faculdade FAEF, email: patrí[email protected] Docente do curso de Pedagogia da faculdade FAEF, email: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 107 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA initial training, should always be in search of new knowledge and training, so this way develop conditions to promote meaningful learning for students with NEEs. Keywords: teacher training; school inclusion; diversity. 1. INTRODUÇÃO Neste trabalho será abordado aspectos sobre a formação de professores para o atendimento de alunos com NEEs, na rede regular de ensino, lugar este onde se deve valorizar o desenvolvimento das potencialidades e a socialização deste aluno. Assim, a formação de professores se faz essencial já que é necessário abordar novas concepções do ensinar e do aprender num contexto educacional inclusivo. Este artigo foi realizado com base em estudos de pesquisa bibliográfica e como resultados foi observado que o professor deve refletir sobre sua própria prática pedagógica, aprimorar o seu ensino derrubando as barreiras para o atendimento das necessidades educacionais especiais. O interesse por este assunto começou com uma experiência de estágio, realizado na escola de ensino fundamental I no município de Alvinlândia/SP, que teve duração de dois anos. Lá foi observado como ocorreu a inclusão de um aluno com NEE e como o professor da sala regular lidou com estes aspectos, conforme sua formação docente. Observou-se com frequência uma inclusão escolar que está apenas nos documentos, ou seja na teoria e, que na prática são poucas as alternativas desenvolvidas para a aprendizagem significativa do aluno de acordo com suas necessidades e/ou particularidades. Para a realização deste trabalho foram utilizadas, principalmente, as referências de Bueno (1999), Mantoan (2010), Martins (2012) e Sant’ana (2005). 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Revisão de literatura Entende-se que a educação tem o dever de atender e proporcionar um desenvolvimento significativo para todos os educandos 108 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF independente de sua condição física, mental ou mesmo social. Deste modo, o papel do professor é de suma importância para consolidação deste processo, sendo que sua formação e prática pedagógica são essenciais para que se atinja resultados positivos num contexto educacional inclusivo. Diante deste desafio, além da formação inicial, a formação continuada em processo tem se configurado como uma possibilidade para refletir acerca das demandas escolares e os processos de escolarização dos sujeitos com NEEs. A educação básica deve ser inclusiva, no sentido de atender a uma política de integração dos alunos com necessidades educacionais especiais nas classes comuns dos sistemas de ensino. Isso exige que a formação dos professores [...] inclua conhecimentos relativos à educação desses alunos (BRASIL, 2001, p. 25-26). Na concepção de Bueno (1999) a educação inclusiva traz novas exigências para a escola regular e entre seus princípios requer destemor e ao mesmo tempo cautela nas ações pedagógicas por parte do professor. Destaca Martins (2012) que a legislação não assegura o oferecimento de uma formação consistente de professores por parte das instituições de ensino superior. Para aprimorar a qualidade do ensino deve ser atribuída uma atenção especial também à sua formação continuada, conforme os princípios de atenção à diversidade, visto que a formação dos profissionais de ensino, de um modo geral, não se finda na etapa inicial de formação, por melhor que essa tenha acontecido (MARTINS, 2012). Para Bueno (1999) de nada adianta termos os alunos com deficiência incluídos na instituição escolar regular se na prática não houver a efetivação de sua inclusão com qualidade. Bueno (1999) faz uma dura critica a política de formação do professor para atuar no ensino regular, mas especificamente, ao que atua na educação infantil e nas series iniciais do ensino fundamental. Para o mesmo há uma discrepância e um descaso do poder público, neste sentido. Segundo o autor há uma diferença nas exigências mínimas para o professor polivalente ou generalista, responsável pelo ensino nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano) e o professor Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 109 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA especialista, responsável pelo ensino de uma ou duas disciplinas nas series finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) quando legalmente o professor generalista pode ter uma formação inferior ao professor especialista, permitindo sua habilitação em nível médio, na categoria normal, enquanto a exigência para atuação nas quatro últimas series do fundamental seja exclusivamente na educação superior (BUENO, 1999). Para Bueno (1999) a legislação acaba desvalorizando a formação do professor nos primeiros anos do ensino fundamental. Se por um lado temos uma política inclusiva que registra a inserção de todos os alunos no ensino regular, por outro lado, há um desprestígio do professor. Há um descrédito para sua formação e abertura para a prática do improviso, ao colocar formação superior como uma meta a ser alcançada futuramente. Para o mesmo, a política de formação docente limita o alcance de padrões mínimos de qualidade para o estabelecimento da educação inclusiva, por desinteresse político, governamental e institucionais (BUENO, 1999). Na perspectiva de uma educação inclusiva é necessário atentarse para a formação docente com princípios para a diversidade, com o olhar voltado para o outro e no respeito às diferenças em sala de aula, de modo que os alunos com necessidades educacionais especiais tenham um desenvolvimento significativo. O estímulo das potencialidades de cada aluno no cotidiano escolar deve ser trabalhado com práticas pedagógicas heterogêneas, que considerem a singularidade e a complexidade dos sujeitos. Assim, a formação de professores é primordial, pois são eles atores e autores para viabilizar novas concepções do ensinar e do aprender em um contexto inclusivo (FREITAS, 2007). Na visão de Pimentel (2012, p. 140): A inclusão educacional requer professores preparados para atuar na diversidade, compreendendo as diferenças e valorizando as potencialidades de cada estudante de modo que o ensino favoreça a aprendizagem de todos. A inexistência desta formação gera o fenômeno da pseudoinclusão, ou seja, apenas da figuração do estudante com deficiência na escola regular, sem que o mesmo esteja devidamente incluído no processo de aprender. Estar matriculado e frequentando a classe regular não significa estar envolvido no processo de aprendizagem daquele grupo. 110 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A formação deficitária traz custos e rearranjos posteriores que poderiam ser poupados, ou seja, traz graves consequências à realização do princípio inclusivo (PIMENTEL, 2012). Salienta Sant’Ana (2005) ser necessário que o professor reflita sobre a sua prática para entender suas concepções sobre o processo e se transformar em um pesquisador de sua ação, buscando aprimorar o ensino oferecido em sala de aula. No entanto, sua formação docente não pode se limitar à participação em cursos casuais, pois precisa abranger principalmente programas de capacitação, supervisão e avaliação que sejam colocados em prática de forma integrada e permanente, visto que a formação requer um processo contínuo e de mudanças em sua ação no processo ensinoaprendizagem. O processo de inclusão é complexo e esta complexidade deve ser respeitada, atendida e não minimizada. Para que isto aconteça, a formação permanente é um dos fatores insubstituíveis para que os profissionais da educação possam atuar frente aos alunos no espaço escolar e que estão sob sua responsabilidade na sala de aula, por mais diversificado que esse grupo se apresente, não apenas, realizando a mera inserção física desses educandos no ambiente escolar, mas dando-lhes condições de atendimento educacional que sejam adequadas às suas condições e necessidades (MARTINS, 2012). Com foco na formação docente Sant’Ana (2005) compreende que, independente do nível de ensino, os educadores devem estar habilitados para atuar de forma competente junto aos alunos incluídos, na medida em que a orientação inclusiva resulta de um ensino adaptado às diferenças e às necessidades individuais de cada aluno. Martins (2012 p. 33-34) acredita que: Se almejamos, pois, uma escola que possa garantir a efetiva participação e aprendizagem dos alunos, em geral, necessário se faz a sua reestruturação, implicando na busca pela remoção de barreiras visíveis (de acessibilidade física, pedagógicas) e invisíveis, que são as mais sérias de serem removidas, pois envolvem atitudes, preconceitos, estigmas e mecanismos de defesa ainda existentes frente ao aluno tido como “diferente.’’ A autora evidencia que o processo de inclusão escolar depende das adequações realizadas nos aspectos físicos e pedagógicos, sendo Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 111 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que no último, o principal agente na sala de aula regular é o professor (MARTINS, 2012). Explica Mantoan (2010) que a inclusão é uma oportunidade para o aperfeiçoamento da educação escolar, sendo benéfica para os alunos com ou sem deficiência. No entanto, o declínio das barreiras atitudinais e organizacionais depende da disponibilidade intrapessoal para enfrentar as inovações e está é uma condição incomum aos professores em sua maioria. Conforme Mantoan (2010) o processo inclusivo tem seu propósito além da simples matrícula e permanência do aluno com necessidades educacionais especiais em uma instituição escolar comum. Implica em mudanças e adequações significativas em prol da aprendizagem e desenvolvimento de todos os educandos. Assim, o enigma do aprender e a aventura do conhecimento engrandece a profissão do ensinar, porque traz a humildade em relação ao desconhecido; a criança que chega a cada turma, a criança com dificuldade ou mesmo a que apresenta uma deficiência ou uma inteligência além. Tudo isso, mostra o desafio de ensinar, os limites e faz com que o professor possa ir além de seus limites (MANTOAN, 2010). Mantoan (2007) registra ainda que a primeira condição para que suceda a inclusão é, o professor abandonar práticas pedagógicas que apenas tolerem as crianças com deficiência em turmas comuns, realizando arranjos para manter as aparências. Considerando este quadro, Martins (2012) indica que é preciso proporcionar um ensino que seja de qualidade para todos, que responda às reais necessidades dos alunos. Mantoan (2010, p. 82) discorre que: O apoio aos professores é muito importante nesses momentos, para que o problema seja encarado na sua devida dimensão e para que se desmistifique a crença de que são os conhecimentos referentes à conceituação, tipologia das deficiências e outros temas correlatados que lhes trarão alívio e competência para ensinar a todos os alunos de uma mesma turma (MANTOAN, 2010, p. 8,). Para Mantoan (2010) uma proposta inclusiva se identifica com princípios educacionais humanistas e com professores com um perfil compatível com tais princípios, cuja formação não se esgota na 112 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF graduação ou mesmo em cursos de pós – graduação. Portanto os professores devem se atualizar constantemente, a fim de conhecer as singularidade de desenvolvimento de seus alunos (MANTOAN, 2010). Martins (2012, p. 36) cita que: É importante que se entenda a escola como um lugar privilegiado de formação, como um espaço para discussão de questões que têm profunda correlação com a prática ali vivenciada e de busca de caminhos no tocante à tomada de decisões relativas às condições de trabalho, à aprendizagem vivenciada pelos alunos sob sua responsabilidade. A inclusão deve ser pensada, também, de maneira a extrapolar a dimensão da sala de aula, envolvendo toda a comunidade escolar. Uma escola inclusiva tem sua perspectiva de ser aberta às diferenças apoiada por meio de diferentes possibilidades, procedimentos e estratégias de trabalho, a partir de uma postura reflexiva sobre sua realidade pelos professores, gestores, educadores e os diversos outros profissionais que ali atuam. 3. CONCLUSÃO Conclui-se que no processo de inclusão escolar se faz necessário atentar-se à formação docente buscando a melhoria da qualidade do ensino para o atendimento de todos os alunos, com o olhar voltado para a diversidade de modo que os alunos com NEEs tenham desenvolvimento e aprendizagem significativos. É necessário que o professor esteja em constante formação, desde sua formação inicial, para que assim possa conhecer os aspectos relacionados às necessidades e particularidades do aluno com NEEs, no contexto educacional inclusivo. Cabe ao docente refletir sobre sua própria prática pedagógica em sala de aula e procurar sempre se profissionalizar, em um processo contínuo de formação. 4. REFERÊNCIAS BUENO, José Geraldo Silveira. Crianças com necessidades educacionais especiais, política educacional e a formação de Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 113 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA professores: generalistas ou especialistas? Revista Brasileira de Educação Especial, Piracicaba, Editora UNIMEP, v.3, n. 5, p. 7 – 26, set. 1999. FREITAS, Soraia N. Educação e Formação de Professores: experiências inclusivas implementadas em Santa Maria/RS. In: Ensaios pedagógicos. Brasília: Ministério da educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. MANTOAN, Maria T. É. Inclusão escolar – caminhos e descaminhos, desafios, perspectivas. In: BRASIL. Ensaios pedagógicos. Brasília: Ministério da educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. ______. Caminhos pedagógicos da Educação Inclusiva. In: GAIO, Roberta. MENEGHETTI, Rosa G. Krob. Caminhos pedagógicos da Educação Especial. 6 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos. Reflexões sobre a formação de professores com vistas à educação inclusiva. In: GUIMARÃES, T. FILHO, T. A. G. (Org.). O professor e a educação inclusiva formação, práticas e lugares. Salvador: EDUFBA, 2012. PIMENTEL, Susana C. Formação de professores para a inclusão Saberes necessários e percursos formativos. In: GUIMARÃES, T. FILHO, T. A. G. (Org.). O professor e a educação inclusiva formação, práticas e lugares. Salvador: EDUFBA, 2012. SANT’ANA, Izabella Mendes. Educação inclusiva: concepções de professores e diretores. Psicologia em Estudo. Psicol. estud. vol.10 n. 2, Maringá, Mai/Ago. 2005. 114 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DAS FAMÍLIAS NO PERÍODO DE ADAPTAÇÃO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL MESQUITA, Lilia Santana ¹ ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ² RESUMO Neste artigo buscamos realizar uma breve abordagem da relevância entre a união família/escola no período de adaptação da criança na educação infantil. As crianças precisam sentir-se seguras no ambiente escolar, assim como no meio familiar, para tanto é necessário que a escola esteja preparada para dialogar e receber as famílias, podendo realizar um trabalho educativo de forma mais acolhedora e significativa. Este artigo foi realizado com base nos nossos estudos em uma pesquisa de conclusão do curso de Pedagogia. Como resultado observamos que a escola e a família devem complementar-se para que ocorra uma boa adaptação à vida escolar. Palavras – chave: adaptação; educação infantil; família/ escola; parceria. ¹Discente do curso de Pedagogia da faculdade FAEF, e-mail: [email protected] ²Docente do curso de Pedagogia da faculdade FAEF e orientadora do trabalho de conclusão de curso. E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 115 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT In this article we made a brief overview of the relevance between the union family / school in the child’s adjustment period in early childhood education. Children need to feel safe in the school environment, as well as in the family, therefore it is necessary that the school is prepared to talk and receive the families and can perform an educational work more welcoming and meaningful way. This article was based on our studies in a conclusion of research Faculty of Education. As a result we note that the school and the family should complement to occur a good adjustment to school life. Key - words: adaptation; child education; family/school; partnership. 1 INTRODUÇÃO O artigo apresentado a seguir é parte dos nossos estudos para a organização de um trabalho de conclusão do curso de Pedagogia, que tem o seguinte tema: A adaptação das crianças de maternal na educação infantil. Como objetivo geral buscamos levantar um estudo sobre a importância entre a participação da família na escola no ingresso das crianças pequenas á sua primeira experiência escolar e, como objetivos específicos buscamos a relevância de proporcionar um ambiente organizado e agradável como forma de conquistar a criança e consequente sua confiança. Neste artigo, vamos nos ater justamente sobre a importância entre a relação família/escola no processo de adaptação das crianças na educação infantil em especial no seu primeiro ano escolar. O interesse por este assunto começou em minha primeira oportunidade de estágio, realizado na sala de maternal I na escola de educação infantil- creche, no município de Lupércio interior de São Paulo, Brasil, tendo duração de três anos. Neste espaço tive a oportunidade de observar como é importante o processo de adaptação das crianças, pois este processo pode transformar de forma positiva o inicio da vida escolar, estendendo-se para os futuros anos escolares. Observei também a relevância entre a parceria família/escola, já 116 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que ambas se complementam e tem o poder de favorecer o trabalho pedagógico em favor da criança. Em relação a este assunto nos aportamos das ideias de Sartori (2001, em que ressalta este papel de participação colaborativa das famílias de forma a contribuir no processo de adaptação das crianças pequenas na escola. Também foram utilizados documentos como o, Estatuto da criança e do adolescente, ECA (1990) e os, Referenciais Curriculares Nacionais Para a Educação Infantil, RCNEI (1998), reafirmando a ideia de que as instituições de ensino devem estar preparadas para receberem as famílias das crianças, garantindo seus direitos e visando seu pleno desenvolvimento em sociedade. Para tanto, é indispensável que neste processo de adaptação a família esteja unida a escola e participe ativamente, tendo o direito de acompanhar o processo de aprendizagem das crianças, estando imersa em seus avanços e conquistas. Família/escola, a união como ponto positivo no processo de adaptação na educação infantil A relação entre família e escola na Educação Infantil sempre foi e continua sendo muito importante, pois a família é o primeiro grupo social do qual a criança faz parte e a escola é o primeiro passo para a socialização e preparação das crianças para viverem em sociedade. Sendo assim, a família é considerada como conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem, e Sartori (2001) aponta que é através dessas relações de afeto, que os seres humanos tendem a tornarem-se mais afetivos e receptivos, eles aprendem a viver o jogo da afetividade de maneira adequada. Porém, nos dias atuais, torna-se árdua a tarefa que se propõe a conceituar família, visto que, por ser uma entidade dinâmica está sempre se alterando e apresentando muitas características e especificidades. Em Brasil (1998, p. 76) destaca-se a importância de se rejeitar a ideia de que existe somente um tipo de família, uma vez que os enfoques mais recentes compreendem a família como mutável, sujeita a determinações culturais e históricas, que se constitui tanto Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 117 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA em espaço de solidariedade, afeto e segurança, como em campos de conflito, lutas e disputa. A escola, portanto, teve seu papel ressignificado, considerando as mudanças da sociedade e reafirmando essas modificações, Brasil (1998) destaca que também o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), reafirma em seus termos que as crianças têm direito de ser criadas e educadas no seio de suas famílias. [...] “a família é a primeira instituição social responsável pela efetivação dos direitos básicos das crianças. Cabe, portanto, às instituições estabelecerem um diálogo aberto com as famílias, considerando-as como parceiras e interlocutoras no processo educativo infantil. (BRASIL, 1998, p. 76) Partindo dessa ideia, de que a família é a base para qualquer ser humano, Sartori (2001) afirma que a relação entre as crianças e seus familiares é construída através de laços afetivos sendo a família de suma importância para o desenvolvimento da personalidade e do caráter dos indivíduos, assim, pode-se dizer que as crianças precisam sentir que fazem parte de uma família. A entrada da criança na escola traz sempre alguns embaraços para aqueles que participam desse processo, ou seja, a família, as crianças e seus professores. Para os pais a entrada dos filhos na escola também é um momento significativo, pois nessa separação está envolvido o fato de que os pais possam ver seus filhos crescendo, ou seja, incluindo na sua experiência esse estranho que de agora em diante não deixará de se colocar também como referência para seus filhos. (SARTORI, 2001, p. 27). Ainda Sartori (2001) entende que nos dias atuais a adaptação escolar deve ser compreendida como um processo que envolve uma rede de relações que implica diferentemente a escola, os professores e os pais das crianças, fazendo-se necessário que se definam suas funções nessa passagem. Esse processo é regido pela seguinte lógica: “os pais, a criança e a escola”, sendo que aos pais cabe introduzir e dar sustentação para o filho nesse momento, a criança cabe um tempo para compreender o que está em jogo nessa passagem, até poder estabelecer novos laços e a escola cabe acolher a criança mediante uma proposta pedagógica, materiais e recursos humanos 118 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF bem preparados, assim como orientar os pais em suas necessidades de esclarecimentos. (SARTORI, 2001). Por esse fato, Sartori (2001) reafirma que a escola não pode viver sem a família e a família não pode viver sem a escola, pois, é através da interação e participação desse trabalho em conjunto, que tem como objetivo o desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem dos alunos para contribuir na formação integral do mesmo. Ainda Sartori (2001) enfatiza que para essa adequação ocorrer é preciso que haja referências muito positivas encarregadas de mostrar os limites necessários proporcionando um equilíbrio emocional e afetivo. Essas referências são as pessoas, palavras e gestos que irão proporcionar aos alunos a harmonia nos momentos de decepções, assim com carinho, atenção e compreensão conseguirão suportar essa mudança de ambiente social. Sobre essa a participação da família no processo escolar dos alunos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu artigo lV, discorre que É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à liberdade e a convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 1990, p. 11) Sobre a importância do trabalho de parceria escola/família a Constituição Federal em seu o artigo 205 afirma que [...] a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1998). Convém ressaltar que a presença das famílias como elementos integrados ao trabalho pedagógico da escola, constitui-se em outro recurso interessante, portanto, uma boa relação entre a família e a escola deve estar presente em qualquer trabalho educativo para que o principal alvo, a criança possa se sentir segura neste período tão importante se sua vida social. (BRASIL, 1998, p.42) Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 119 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Essas crianças, chegam as instituições de Educação Infantil com aproximadamente quatro meses de vida, ainda assim, não estão e não são desprovidas de conhecimentos e experiências com o mundo e o meio em que vivem, as primeiras relações delas são com a família ou com aqueles que exercem cuidados sobre ela. Na idade de dois anos, fase em que as crianças costumam estar no maternal, é provável que elas já tenham experimentando muitas coisas e feito diversas descobertas. Uma descoberta considerável é a aquisição da fala, muitas crianças com essa idade já conseguem pronunciar muitas palavras corretamente e quanto mais lhes forem ofertadas possibilidades de contato com a língua materna, melhor e mais enriquecedor se torna esta aprendizagem. Vemos, contudo, o papel importante das famílias nas primeiras interações da criança com o mundo e as escolas de educação infantil não devem desconsiderar essas especificidades culturais, religiosas, artísticas, dentre outras, que chegam juntamente com a criança no momento da sua chegada na escola. Ainda segundo Brasil (1998, p. 61) os pais têm o direito de acompanhar o processo de aprendizagem de suas crianças, se inteirando dos avanços e conquistas, compreendendo os objetivos e as ações desenvolvidas pela instituição. A ação dos pais e responsáveis pelas crianças deve ocorrer em conjunto com as ações planejadas pelo professor de educação infantil, pois esta continuidade do trabalho e das atividades, também, imersas nas rotinas das famílias, só aumenta as chances e possibilidades de um ensino desenvolvente na criança. Sendo assim, Sartori (2001) ressalta que esse papel de participação colaborativa das famílias só se enriquece e contribuem no processo de adaptação das crianças pequenas na escola. O processo de adaptação refere-se a um momento de separação, onde o ponto central é que a criança possa compreender que não é o objeto de desejo materno em sua completude, tal como, até então, podia se perceber. A adaptação é, portanto, um momento marcado por angústias. Angústia da mãe e angústia do filho. (SARTORI, 2001, p. 20). Neste sentido é importante frisar que o dialogo deverá ser constante entre família e criança, para que ambas compreendam a 120 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF importância da entrada da criança em um ambiente novo, e principalmente que o processo de adaptação se transforme em algo favorável. A relação mãe e criança é reconhecida como o núcleo central do conflito da criança nessa paisagem e é necessário admitir que para os pais também há conflito. (SARTORI, 2001, p. 27) Desta forma Sartori (2001, p. 27) salienta que existem variáveis observadas na relação mãe-criança: a mãe que deseja que a criança se adapte a escola e a criança se adapta; a mãe que não deseja a entrada da criança para a escola e a criança não se adapta; a mãe não deseja que a criança vá para a escola e a criança se adapta; a mãe que deseja a entrada para a escola e a criança não se adapta. Sartori (2001, p. 28) afirma que quando a mãe deseja a entrada da criança na escola o processo flui e a criança aceita a presença da professora buscando reconhecer o novo espaço solicitando menos a presença da mãe, sente vontade de retornar no dia seguinte e colocase com interesse no interior do grupo. Quando mãe não deseja essa entrada, mesmo que inconscientemente, a criança manifesta-se resistente ao se afastar da mãe solicita sua presença constantemente, provocando um desconforto causando um tipo de embaraço podendo até levar a retirada da criança da escola. Quando a criança se adapta a escola, faz questão de se envolver com a professora e com os outros coleguinhas, despede-se da mãe com facilidade e isso traz para a mãe um grande incômodo em ver-se separado do filho. Volta para a casa e lá sente-se só, sente falta do filho e deseja sua volta. Neste caso ela costuma trazer dificuldades para a permanência dele na escola, não o levando para escola, por motivos inconsistentes ou vacilando no momento de despedir-se, enfim, provoca situações nas quais uma interrupção desse processo pode ser alcançado. (SARTORI, 2001, p. 28). A última variável, segundo Sartori (2001, P. 28), é quando a mãe deseja e a criança não aceitar a separação, apresentando comportamentos que provoquem indecisão na mãe. A mãe encoraja o filho, colabora com a professora, incentiva seu filho a estar com os outros colegas, tranquilizando-o para compreender que a separação momentânea não significa que está perdendo o seu amor da mãe. Sartori (2001, p.46) ainda ressalta que é importante que os pais tenham ciência de que a entrada de seu filho na escola é um momento Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 121 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA que proporcionará mudanças significativas para a relação familiar. Por esse motivo, a participação os pilares imprescindíveis no desempenho escolar, família/escola/alunos, são necessários durante toda a vida escolar para que ocorra o pleno desenvolvimento da criança. Nesse sentido, é importantíssima a conscientização de que a relação entre educação, escola, família e sociedade deve ser alvo de uma transformação contínua. E quando se fala em vida escolar e sociedade, Freire (1999), coloca a educação como aliada de outras situações sociais para conseguir a efetiva transformação nas pessoas que dela se servem. [...] Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho se não viver plenamente a nossa opção. Encará-la, diminuindo assim a distância entre o que dizemos e o que fazemos. (FREIRE, 1999, p. 18). Brasil (1990, p. 21) aponta que: “é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”. Por esse motivo, ainda segundo Brasil, (1990), trazer as famílias para o convívio escolar é significativo, pois a família e escola são pontos de apoio, são sinais de referência significativos na formação dos educandos e filhos. A participação dos pais na educação escolar deve ser constante e consciente porque a vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. Nesse sentido, é importante que pais, professores e alunos dividam experiências, e desse modo, cabe a toda sociedade, não apenas aos setores relacionados à educação, transformar o cotidiano da escola e da família, através de pequenas ações modificadoras, para que a família compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, assim como o seu lugar de co-responsável nesse processo. CONCLUSÃO Concluímos que no processo de adaptação na educação infantil, a escola deve estar preparada para receber as famílias das crianças, ambas devem complementa-se, desenvolvendo um dialogo que vise 122 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF o bem estar e a socialização da criança. Que a entrada da família no convívio escolar possa, de alguma forma, proporcionar grandes contribuições tanto para a autonomia e desenvolvimento da criança, quanto para o preparo de diversificadas praticas educativas positivas e assertivas, possibilitando que os pequeninos sintam-se confortáveis, seguros e principalmente, que permaneçam na vida escolar. Tais ações e condutas podem ser possibilidades para uma educação efetivamente desenvolvente em que cada ambiente social que a criança mantenha seu convívio, seja familiar ou escolar, possam caminhar na mesma direção em busca da aprendizagem, crescimento e desenvolvimento dos pequenos. A garantia da continuidade dos estudos, não está somente nessas ações iniciais, mas em uma continua participação conjunta família/escola, em que o jovem possa ter as oportunidades de sentir-se integrado ao seu processo de aprendizagem de forma a compreender a importância desse processo em seu desenvolvimento social, humano e cultural. REFERÊNCIAS BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal 8069 de 13/07/1990. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. BRASIL, Ministério da Educação. Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/ SEF, 1998, v.1, 2, 3. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários a prática educativa 11 ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1999. SARTORI, Cristina Helena G. Entrada da criança na escola e período de adaptação. Campinas, SP: Alínea, 2001. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 123 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 124 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA ESCOLA CANUTO, Talita Miguel1 TORRES, Tatiane2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de3 RESUMO Neste artigo tratamos sobre o brincar e suas características na infância, por meio dos estudos e discussões na disciplina Recreação, jogos e movimento, no quarto termo do curso de Pedagogia da FAEF. Abordamos a compreensão sobre os jogos e brincadeiras, pois há controversas em relação a eles, se existe diferença ou não e quais são as possibilidades do trabalho realizado pelos educadores. Também, algumas considerações sobre a importância do brincar na educação infantil e no âmbito escolar, seus benefícios sobre a criança, principalmente mediada por alguém que assimila os inúmeros desenvolvimentos que o brincar propícia para as crianças. Palavras-chave: Brincar, criança, educação, infância, jogos. ABSTRACT In this article we treat about play and their characteristics in childhood, through the studies and discussions in Recreation 1 Discente no curso de Pedagogia na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. E-mail: [email protected] 2 Discente no curso de Pedagogia na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. E-mail: [email protected] 3 Docente no curso de Pedagogia nas disciplinas de Recreação, jogos e movimento e Natureza e Sociedade n Educação Infantil, na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral. E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 125 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA discipline, games and movement, in the fourth term of the Faculty of Education of FAEF. Approach to understanding the games and play as there are controversial about them, if there is a difference or not and what are the possibilities of the work done by educators. Also, some considerations on the importance of play in early childhood education and the school environment, its benefits on the child, mainly mediated by someone who assimilates the numerous developments that playing conducive for children. WORDS KEYS: Playing, child, education, childhood games 1.INTRODUÇÃO O presente artigo foi elaborado baseado nos textos da disciplina: Recreação, jogos e movimentos, no curso de Pedagogia, no quarto termo, na instituição de ensino superior Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF), na cidade de Garça, interior de São Paulo. O brincar está presente principalmente durante a infância dos seres humanos. Atualmente há uma preocupação maior em relação a ele, pois se descobriu a importância que se tem com o desenvolvimento infantil por meio do brincar, “[...] a criança aprende de si mesma e sobre as pessoas que a cerca.” (ALMEIDA; MATOS; SANTOS, 2009), Um instrumento natural que as crianças tem, é um artificio para usarem e explorarem suas criatividades e imaginações, estimulando ao mesmo tempo a ampliação do desenvolvimento dessas capacidades. O brincar torna-se, portanto, um dos meios que as crianças possuem para a comunicação interna e com o mundo. Ao brincar as crianças não tem roteiros a serem seguidos, porém, são autônomas para criarem suas próprias regras, podem usar da sua imaginação para criarem o que deseja, também há aquelas que, por meio das brincadeiras, expressam seus sentimentos, sendo fácil a percepção para o educador, que se tem a importância do brincar e suas cargas. As crianças podem atribuir a si próprias outras características, fantasiandose e representando papéis como se fossem um adulto, outra criança, um boneco, um animal, etc. Podem, também, manipular objetos ou bonecos para 126 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF os quais são atribuídas características singulares [...] Toda brincadeira possui regras que são definidas e respeitadas por aqueles que brincam. (WAJSKOP, 1994) Almeida, Matos e Santos (2009) indagam: se a criança aprende brincando, porque então não ensinar da forma em que elas aprendem melhor? Ao decorrer deste artigo, buscaremos responder a questão. 2.JOGOS E BRINCADEIRAS As crianças no primeiro estágio de suas vidas, não nascem sabendo brincar, aprendem com o passar do tempo, com suas relações sociais e o meio em que estão inseridas. Movimentos quando bebês são confundidos, como por exemplo: mexer no seu próprio pé, isso é natural, já o brincar não. Ele necessita de um ensinamento antes, como brincar em determinada brincadeira e como manusear aquele tipo de brinquedo, porém, há uma controversa entre jogos e brincadeiras. Adultos, principalmente educadores precisam entender essa mudança entre as duas teorias e suas práticas. (KISHIMOTO, 2010). O jogo é uma atividade em que se estabelece tempo e espaço determinado, quantidade de participantes, regras estabelecidas e há objetivos a serem cumpridos para uma possível vitória. Por meio de um trabalho organizado e planejado as crianças se apropriam dessa configuração e já reconhecem uma situação de jogo, logo nas primeiras intervenções. O jogo por sua vez, normalmente se baseia em competições, é proporcionado aos participantes cooperações entre os mesmos, porém sua ludicidade não é deixada de lado. Almeida; Matos; Santos (2009) afirmam que o jogo é um instrumento que todos os professores deveriam utilizar, pois são inúmeras suas aprendizagens. Visto que, oferece um ambiente prazeroso, motivador que criam e movem habilidades internas e físicas das crianças. A brincadeira é o lúdico. Nem tudo é decretado, pois pode haver mudanças com determinadas decisões dos participantes do grupo. Uma das mais conhecidas é a brincadeira de faz de conta, que seguindo um acontecimento real, precisam seguir padrões e modelos Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 127 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA para o momento rico em imitação. A brincadeira abrange bem mais do que um simples ato, pois é por meio dela em que a criança pode expressar aspectos emocionais. As regras na brincadeira não são necessariamente impostas, como acontece no jogo, no entanto, nem por isso são inexistentes. São as próprias crianças que vão configurando as regras e a ordem em que vão brincar, quais serão os papéis de cada participante e quais serão os materiais utilizados para as representações. Isso tudo, no caso do faz de conta. De acordo com Almeida, Matos e Santos (2009), a brincadeira envolve pontos primordiais como o desenvolvimento, a socialização e a aprendizagem, pois, a criança irá amplificar suas capacidades sejam físicas intelectuais ou verbais, pode ocorrer individualmente ou coletivamente e irá aprender sempre por meio das brincadeiras. [...] Notamos a diferença entre brincadeiras e jogos. [...] Nas brincadeiras podemos ver que ela simplesmente acontece e segue se desenvolvendo enquanto houver interesse por ela. Também não tem um fim determinado, a brincadeira acaba quando todo mundo cansa, e as crianças são livres podendo colocar ou não regras nela. [...] Diferenciando-se, o jogo busca sempre um vencedor, tendo já em mente o final da atividade. O jogo também tem regras já estabelecidas e raramente são mudadas. (ALMEIDA; MATOS; SANTOS, 2009, p. 214). Compreendemos, então, que jogos e brincadeiras possuem definições desiguais, porém não deixam o lúdico de lado e se complementam no que diz respeito ao desenvolvimento de competências nas crianças, pois elas entram em contato com novas experiências. 2.2 O BRINCAR NA ESCOLA O ato de brincar para as crianças possibilita inúmeras vantagens, pois primeiramente trará para a brincadeira o seu conhecimento prévio, e após se darem conta que a brincadeira abre um leque de oportunidades para a imaginação, os desenvolvimentos se desencadeiam. De acordo com Kishimoto (2010), o brincar é uma ação livre não precisa de demandas, pois acontece em qualquer hora e local, os condutores são as crianças. Com o término da brincadeira não será exigido um produto final. 128 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Todo o período da educação infantil é importante para a introdução das brincadeiras. [...] o brincar é a atividade principal do dia a dia. É importe porque dá a ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar. (KISHIMOTO, 2010). Na educação infantil é necessário apresentar e ensinar a criança o brincar e como brincar. Não apenas considerar que são situações que somente ocorrem fora da escola e que não trazem benefício. A relação com a brincadeira nas instituições são extremamentes importantes para o desenvolvimento das crianças, e observações pelos educadores. É por meio da brincadeira que, as crianças têm a oportunidade de se expressarem, colocarem em prática os conhecimentos já adquiridos e as vivências novas. Também há o faz de conta, que usam o imaginário muitas vezes para demonstrar situações reais, ou apenas manifestam aquilo que estão sentindo. As crianças ao chegarem à pré-escola carregam conhecimentos obtidos com suas relações sociais, no meio familiar e cultural. Portando, é notável que nas brincadeiras desenvolvem-se e começam a se constituir como indivíduos, pois aprendem, adquirem noções espontâneas, envolve se cognitivamente e afetivamente. (ALMEIDA; MATOS; SANTOS, 2009). O objetivo do professor é formar educandos participativos, críticos, autônomos, capazes e com o uso da brincadeira, pode-se tornar real. Porém, o mediador precisa compreender a importância de tal, para as crianças. Como vimos o brincar é a principal atividade do cotidiano das crianças, de modo que o professor deve tornar prazeroso e instigar a criatividade com ambientes propícios para as atividades lúdicas. Os educadores gastam muitos anos com um só método de ensino, e por isso, hoje a maior preocupação está em descobrir qual o método de ensino mais eficaz para o desenvolvimento da criança. As variadas metodologias podem ser ineficazes se não forem adequadas ao medo de aprendizagem de cada criança. Entretanto, uma forma de abordarmos um grande número de criança no momento da aprendizagem é usar o que elas nunca deixaram de fazer: o brincar. (ALMEIDA; MATOS; SANTOS, p. 215, 2009). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 129 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Dessa forma percebemos a relevância do brincar, visto que não precisa de muito para oferecer e estimular a brincadeira no âmbito escolar, pois são diversas vantagens que os professores verão desenvolvendo-se em seus alunos, por meio de um simples ato de brincar. 3.CONCLUSÃO O principal objetivo desse artigo foi apresentar que jogos e brincadeiras, mesmo com sentidos diversificados andam juntos, pois ambos possibilitam para a criança um progresso. Na instituição escolar, o brincar não pode ser deixado de fora, pois, além de ser um direito da criança se torna uma necessidade. Tendo em vista, que as crianças não nascem sabendo brincar, precisa ser ensinado e cabe ao educador organizar e planejar situações para que as brincadeiras possam ocorrer de maneira vasta. Permitir um ambiente em que as crianças se identifiquem que sejam organizados, com diferentes espaços para a exploração, diversos brinquedos e objetos para manusearem. A participação do mediador também é importante caso haja algum confronto e sua presença é importante para que a criança aprenda como lidar com determinadas situações “[...] um empurra o outro, quer tomar-lhe o brinquedo, o que obriga a professora intervir para que a criança aprenda a partilhar a brincadeira com o amiguinho e a controlar sentimentos de raiva quando não consegue o brinquedo” (KISHIMOTO, 2010). Ao preparar e oferecer brincadeiras para as crianças criadas pelo professor necessita ter um objetivo no qual ele atingirá após a brincadeira. Por exemplo, brincadeiras individuais ou em grupos, que precisam ser partilhadas entre elas, ou atingir uma determinada autonomia e confiança para fazer sozinhas. [...] A criança não nasce sabendo brincar, ela precisa aprender, por meio das interações com outras crianças e com os adultos. [...] Observando outras crianças e as intervenções da professora, ela aprende novas brincadeiras e suas regras. (KISHIMOTO, 2010). Deste modo que certos desenvolvimentos fornecidos pelo brincar, precisam de ações intencionais, ou seja, a participação do educador 130 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ou de um adulto. A autonomia é uma delas, pois durante a brincadeira, a mediação é de mera importância, pois é essencial para a sua autoorganização. Atividades intencionalmente planejadas e organizadas podem refletir em um desenvolvimento significativo. Voltamos na indagação feita por Almeida, Matos e Santos (2009), relatada na introdução deste artigo e ao longo do estudo realizado, se a criança aprende brincando, porque então não ensinar de forma em que elas aprendam melhor? Consideramos, por meio dos estudos realizados sobre a temática, que se deve ensinar por meio do brincar, além de seus desenvolvimentos com as interações com a brincadeira, o educador é capaz de reconhecer ao certo uma dificuldade de aprendizagem ou melhoria, tudo em uma única motivação: o brincar e o desenvolvimento. Mesmo sem intenções diagnósticas no decorrer da brincadeira, ou seja, brincar por brincar, o educando apresentará resultados em seus desenvolvimentos como: fala, motricidade e afetividade, por exemplo, além de diversos aprendizados: autonomia, valores, regras, partilhas, entre múltiplos ganhos vinculados ao brincar. 4.REFERÊNCIAS ALMEIDA, Viviane Cristina de; MATOS, Felipe Aliende de; SANTOS, Eliziane Pereira dos. O resgate das brincadeiras tradicionais para o ambiente escolar. Movimento & Percepção. Espírito Santo do Pinhal, SP, v. 10, n. 14, 2009. BARBOSA, Maria Carmen Silveira. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. Educação & Sociedade, ano XVIII, n°59, agosto/97. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em movimento – Perspectivas atuais. Belo Horizonte, novembro de 2010. OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2013. WAJSKOP, Gisela. O brincar na educação infantil. São Paulo, 1994. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 131 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 132 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A IMPORTÂNCIA DO LÙDICO NO ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÂO INFANTIL Reginaldo José BARBOZA1 Simara Regina da Silva RAYMUNDO2 RESUMO O objetivo principal desse trabalho foi de explorar e conhecer como ocorre o ensino da matemática na educação infantil. Estudos mostram a importância dessa ciência na vida da humanidade desde os seus primórdios. O presente artigo aborda o desenvolvimento cognitivo, físico, psicológico e afetivo da criança do ensino infantil, colocando o ensino da matemática como requisito primordial para esse desenvolvimento. Com base nas revisões bibliográficas posteriormente descritas, podese dizer que a matemática é um processo dinâmico entre a criança, o objeto e seu mediador, sendo o professor ou outra pessoa do seu convívio. Palavras Chave: Educação Infantil. O lúdico na Matemática. Professor Mediador. ABSTRACT The main objective of this study was to explore and know how is the teaching of mathematics in kindergarten. Described by several 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail:[email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 133 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA authors who relaram the importance of science in the life of humanity since its inception. The research addresses the cognitive, physical, psychological and emotional child of kindergarten, putting the teaching of mathematics as a key requirement for this development, Mathematics must be known to appreciate its importance in human history. Based on the cited theorists can say that mathematics is a dynamic process between the child, the object and its mediator, with the teacher or other person of their friendship Keywords: Child Study. Of Mathematics Teacher. Mediator Education. 1-INTRODUÇÃO Este artigo aborda o estudo da matemática na educação infantil dando relevância ao desenvolvimento da criança. Sabendo-se que matemática está presente no cotidiano da humanidade, em todos os ambientes, desde muito pequeno temos que lidar com ela. A criança que está inserida no mundo dos adultos aprende desde cedo a enumerar as coisas e as pessoas. O professor de matemática na educação infantil deve trazer a criança mais perto de sua realidade, tendo o devido respeito ao seu desenvolvimento, tornando o ensino mais prazeroso. Esse artigo tem por objetivo entender a matemática na educação infantil, verificar as estratégias do ensino da matemática neste período, buscando alternativas para que os professores possam orientar e auxiliar sua participação como mediador na formação dos alunos. Conhecendo as suas estratégias e o ponto de partida para o melhor desenvolvimento da criança na leitura de vários autores. 2 - O PAPEL DO PROFESSOR MEDIADOR NO ENSINO DA MATEMÁTICA SEGUNDO O RCNI Se a aprendizagem é considerada como algo proposital, uma atividade com objetivos pedagógicos, então cabe analisar como os objetivos pessoais podem ser medidos pelo conhecimento que se compartilha na sociedade. 134 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Vygotsky (Apud, GOLBERT, 1997) lembra que para entendermos a relação entre desenvolvimento e aprendizagem é preciso descobrir o nível de desenvolvimento ao que a criança pode alcançar com a ajuda de um mediador ou dos amigos. Em sua concepção, o processo de desenvolvimento pode ser acelerado pela aprendizagem, sob a perspectiva de que a aprendizagem atue sobre desenvolvimentos proximais. Segundo Golbert (1997), o professor mediador deve interagir com o aluno compartilhando as suas percepções num processo de reciprocidade, ou seja, isso depende do desenvolvimento de ambos: o aluno muda o seu modo de pensar e agir através da observação que faz ao mediador. Quando o aluno relaciona experiências passadas com as futuras temos então uma transcendência onde o professor oferece ao aluno vários recursos que podem ajudá-lo a resolver a atividade do presente, percebendo que esse conhecimento lhe servirá para outras situações. Golbert (1997) enfatiza que uma aprendizagem significativa precisa revelar ao aluno a sua potencialidade, a ponto de se comprometer na tarefa e entender que quando aprende algo que estava fora de seu alcance, pode passar para outra fase. As experiências do aluno vão nortear a organização das atividades pelo educador conduzindo-o ao sucesso, pois quando lhe falta competência a sua autoestima é prejudicada, fazendo com que ele se sinta incapaz; neste caso o aluno precisa se sentir motivado e dessa maneira despertar para a realização da tarefa. Na aprendizagem mediada, o educador colabora com o aluno para desenvolver padrões de reflexão e para que isso aconteça o educador deve ajudar o aluno a estabelecer um período de latência entre estímulo e resposta. (GOLBERT, 1997). O educador mediador compartilha as experiências de aprendizagem com o aluno, coloca-se no seu lugar, pensa junto com ele, porém encaminha a discussão sem que se tenha a solução imediata. Enfatiza ainda que a regulação é entendida como o momento em que o aluno recebe a informação e a elabora de forma correta, expressando assim o seu entendimento, não sem antes refletir, nesse momento o educador mediador entra em cena ajudando o aluno no período de latência. Golbert (1997) afirma que o aluno deve ser visto como um ser Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 135 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA único, que pensa e debate suas ideias, sendo assim, o educador deve olhar os diferentes níveis cognitivos, levando o aluno a valorizar suas aptidões e de seus amigos, na busca pelos seus objetivos, orientado pelo educador. A partir de cada fase ultrapassada o professor mediador estimula os alunos a ambicionarem novos objetivos, cultivando a curiosidade intelectual, a originalidade, a criatividade, e o pensamento diferente. 3- O PROFESSOR FACILITADOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL. A função da escola infantil tem sido alvo de muitas discussões, por diferentes motivos: o ingresso cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, a mudança na estrutura das famílias, as transformações na sociedade, os avanços tecnológicos e as descobertas sobre o desenvolvimento infantil. Segundo Lorenzato (2011) a criança age sobre o meio onde vive, sobre os objetos. A aprendizagem significativa depende dessa ação. Os elementos, os nomes, os conceitos devem ser apresentados para a criança um de cada vez para que ela assimile cada informação de diferentes maneiras, adquirindo assim conceitos e generalização, inspirados em suas vivências. O autor relata que o educador deve sempre voltar ao conteúdo anterior mesmo que já tenha sido aprendido pela criança com um ensino adaptado para a capacidade do aluno, para que isso ocorra, é necessário observar os seguintes aspectos: Verificar constantemente o nível de compreensão do aluno; Partir sempre de conhecimentos já adquiridos pelo aluno; Quando um conceito ou propriedade for pré-requisito à aprendizagem de outro, só se deve abordar este depois de se estar seguro de que o aluno compreendeu o primeiro; A duração do estudo de cada noção dependerá do tempo que os alunos necessitarão para compreendê-la e não do programa a ser cumprido. Todas as respostas dos alunos devem ser consideradas importantes, pois elas sempre revelam percepções, concepções, estadas ou raciocínios. Por isso toda resposta é preciosa ao educador. (LORENZATO, 2011, p.12). O papel do professor mediador é ajudar a criança a transformar em abstrações suas ações sobre o concreto. Embora exista uma crença de que o trabalho do professor de educação infantil seja o mais 136 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF fácil, porém ele será um dos primeiros adultos a conduzir seres iniciantes, com vocabulário restrito, com pouco desenvolvimento cognitivo, que ainda apresentam dificuldades para dominar as relações espaciais, que não se atentam ou fixam em alguns detalhes e desprezam outros. (LORENZATO, 2011). 4 - ESTRATÉGIAS PARA UM ENSINO SIGNIFICATIVO SEGUNDO O RCNEI As crianças convivem de modo espontâneo com as noções matemáticas, citando sequência numérica, medidas de peso, altura, volume e tempo, mas poucas vezes tem noções de lógico- matemática dessas noções. À escola cabe promover um contato mais sistemático com essas noções, propiciando-lhe a elaboração de significados matemáticos, as atividades em sala de aula devem ser orientadas no objetivo de conduzir as crianças a trabalhar sobre as situações problemas, fazendo com que elas desenvolvam significados próprios. (LORENZATO, 2011). De acordo com Lorenzato (2011), quando a criança se depara com diversos materiais concretos ela necessita da mediação de pessoas mais experientes, articulado a um planejamento para que os conceitos matemáticos se tornem mais significativos. Segundo Brasil (2002), a extensão dos estudos sobre o desenvolvimento infantil na educação da matemática questiona a concepção de aprendizagem da matemática por memorização, repetição e associação. É ressaltado ainda que, quando a criança manipula os objetos concretos, já consegue desenvolver um raciocínio abstrato, e que a única função do professor seria a de ajudar na organização de situações de aprendizagem onde os materiais pedagógicos cumprem um papel de autoinstrução, onde a criança organiza as ideias no concreto, e elabora o abstrato. Para Brasil (2002) existem outras interpretações das pesquisas psicogenéticas que deram conta de que o ensino da matemática necessita de um trabalho que reflete no desenvolvimento de estruturas do pensamento lógico-matemático. Sendo assim, as noções de número, de classificação, ordenação/seriação e comparação são essenciais para o processo do desenvolvimento da criança. Muito se Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 137 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA tem discutido sobre a influência de jogos e de brincadeiras no ensino da matemática na educação infantil, porém o jogo por si só não leva o aluno a uma aprendizagem; é preciso um ambiente em que haja organização com objetivos próprios, disciplina e silêncio, assim como a mediação do professor. Para esta fase, o objetivo da matemática é aprofundar e ampliar o trabalho para a faixa etária de zero a três, garantindo, ainda, oportunidades para que sejam capazes de: Reconhecer e valorizar os números, as operações numéricas, as contagens orais e as noções espaciais como ferramentas necessárias no seu cotidiano; Comunicar ideias matemáticas, hipóteses, processos utilizados e resultados encontrados em situações-problema relativas a quantidades, espaço físico e medida, utilizando a linguagem oral e linguagem matemática; ter confiança em suas próprias estratégias e na sua capacidade para lidar com situações matemáticas novas, utilizando seus conhecimentos prévios. (BRASI, 2002 p.215). A seleção e organização dos conteúdos matemáticos levam a criança a dar um passo importante no planejamento da atividade, considerando os conhecimentos prévios e seu potencial cognitivo para mais tarde amplia-los. Segundo Brasil (2002), o estudo da matemática para crianças de quatro a seis anos, deve ser aplicada no sentido de dar maior importância à construção de conceitos e procedimentos essencialmente matemáticos, organizando os conteúdos em três blocos; “Números e sistema de numeração”, “Grandezas e medidas” e “Espaço e forma”. Essa organização favorece visibilidade as especificidades dos conhecimentos matemáticos pra serem trabalhados, mesmo que as crianças vivenciem esses conteúdos de maneira agregada. Quanto ao tempo de organização, Brasil (2002) enfatiza que se podem organizar as situações de aprendizagem de três maneiras: as atividades previamente, os projetos e as sequencias de atividades. As atividades que são permanentes deverão ser organizadas de forma sistemática e com regularidade, isso não quer dizer que elas devem ser diárias. Neste caso, exemplos de atividades permanentes podem ser descritas como: trabalhar com números na manipulação do 138 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF calendário, na distribuição do material, no controle de quantidades de peças de jogos ou de brincadeiras. 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final desse trabalho podemos concluir que a matemática está presente na vida da humanidade, pois ela é importante no nosso cotidiano, já que podemos contar coisas e pessoas. O nosso objetivo foi demonstrar a importância do ensino da matemática na educação infantil. Percebemos que a criança entra na escola com um conhecimento prévio a respeito da matemática e isso deve ser respeitado. As estratégias do ensino da matemática na educação infantil devem proporcionar à criança um aprendizado com prazer, através de jogos e brincadeiras, e materiais concretos. O professor deve ser o mediador no processo de aprendizagem, considerando todas as respostas importantes para que o aluno tenha a oportunidade de avançar no seu aprendizado. A educação infantil deve assegurar um aprendizado que desenvolva a criança de maneira completa e ofereça atividades que ela não tenha em casa, caracterizando a escola como uma instituição, com o objetivo de socializar os saberes produzidos e sistematizados culturalmente. A criança faz uso da matemática para quantificar brinquedos, comparar quantidades, e fazer compras com os adultos, portanto a matemática é uma ferramenta que usamos para satisfazer nossas necessidades. O educador deve ser qualificado, gostar do que faz, e manter-se atualizado para enfrentar seus desafios, trabalhando com materiais diversificados e mantendo um ambiente favorável à aprendizagem da criança. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. LDB. Lei de Diretrizes e Bases Nacional. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em 20 ago. 2016. BRASIL. RCNEI. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, mec.\sef Conhecimento do Mundo, 2002. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 139 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA GOLBERT, Clarissa, Jogos Matemáticos 1:a turma quantifica e classifica.São Paulo.1997. LORENZATO, Sérgio. Educação Infantil e Percepção Matemática: 3ª ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2011. 140 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS NA APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA INFANTIL Reginaldo José BARBOZA1 Elisandra Leite ANDRÉ2 Luciana CORRÊA3 RESUMO A realização do presente artigo teve como objetivo, apresentar a importância do ensino e da aprendizagem no componente curricular de Matemática, bem como seus conceitos lógico-matemáticos. Os conteúdos matemáticos, tem sido de difícil entendimento tanto para os alunos quanto para os docentes, quanto ao uso dos recursos didáticos, buscou-se abordar métodos e práticas que facilitam a assimilação e aprendizagem da Matemática pelos alunos. Os recursos didáticos como quebra-cabeça, tangram e quadros mágicos e os jogos e brincadeiras são essenciais para proveito na alfabetização matemática, pois auxilia no desenvolvimento cognitivo das crianças facilitando o aprendizagem. Palavras - Chave: Alfabetização Matemática. Aprendizagem da Matemática. Jogos Didáticos. Recursos Didáticos. 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 141 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The realization of this article aims to present the importance of teaching and learning in the curriculum component of mathematics, and its logical- mathematical concepts. The has been difficult to understand for both the students and teachers, on the use of educational resources, sought to address methods and practices that facilitate the assimilation and learning of mathematics by students. The teaching resources like puzzle, Tangram and magical pictures and games and play are essential for good in mathematics literacy , because it helps in the cognitive development of children by facilitating learning. Keywords: Mathematical Literacy. Mathematics Learning. Educational Games. Learning Resources. 1.INTRODUÇÂO Atualmente, ao observarmos as principais questões relacionadas aos processos de ensino e de aprendizagem escolar, temos nos deparado com uma realidade gritante. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (RCNEI), as crianças, desde o nascimento, estão imersas em um universo do qual os conhecimentos na área de matemática fazem parte de seu cotidiano. As crianças participam de uma série de situações envolvendo números, relações entre quantidades, noções sobre espaço. (BRASIL, 1998). Vemos que aprender os conteúdos matemáticos nas séries iniciais tem sido de difícil compreensão pelas crianças, pelo fato de que existem diversas barreiras impedindo que este ensino ocorra. Fazer matemática é expor ideias próprias, escutar as dos outros, formular e comunicar procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros, buscar dados que faltam para resolver problemas, entre outras coisas. Assim, a educação por meio de atividades lúdicas vem estimulando as relações cognitivas, afetivas, sociais, além de propiciar também atitudes de crítica e criação nos alunos que se envolvem nesse processo. 142 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A importância do professor dentro da classe, é de estimulador, não esperando apenas que a escola forneça condições propícias, mas, sim que construa, propicie em sala momentos da ação pedagógica, sem perder de vista os conteúdos, vendo o sujeito histórico, inserido no mundo, visando sempre ao seu conhecimento. Sendo assim, o jogo auxilia na fixação de conceitos, trabalha a solidariedade entre os alunos, motiva o trabalho em grupo em sala de aula, desenvolve o pensamento crítico e criativo, incentivando assim, autonomia da criança e o raciocínio lógico. Nossa pretensão é possibilitar um ensino prazeroso, que tenha e faça sentido tanto para o educador como para o educando, com a utilização de ideias acessíveis e simples, mas que estão carregadas de sentido e aplicabilidade na realidade a qual o aluno está inserido, de modo que o ensino da Matemática seja eficiente e a aprendizagem por parte do aluno seja eficaz. Sendo assim, buscamos através dessa revisão literária discutir aspectos que envolvem o desenvolvimento cognitivo de crianças que estão em fase inicial de aprendizado, a fim de refletirmos sobre as abordagens didáticas utilizadas pelo professor ao ensinar matemática. 2 - O JOGO E A EDUCAÇÃO INFANTIL O jogo não é fácil de ser definido, ele é englobado por vários contextos e especificidades, a dificuldade é aumentada quando se percebe que um mesmo comportamento pode ser visto como jogo ou não jogo. (KISHIMOTO, 2009). Segundo Kishimoto (2009) a sociedade lhe atribui um sentido, que dependendo do lugar e da época, os jogos assumem significações da própria cultura, de diferentes tempos históricos, com valores e modo de vida que expressam suas linguagens. Kishimoto (1993, p. 15) afirma: Os jogos têm diversas origens e culturas que são transmitidas pelos diferentes jogos e formas de jogar. Este tem função de construir e desenvolver uma convivência entre as crianças estabelecendo regras, critérios e sentidos, possibilitando assim, um convívio mais social e democracia, porque “enquanto manifestação espontânea da cultura popular, os jogos tradicionais têm a função de perpetuar a cultura infantil e desenvolver formas de convivência social”. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 143 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Vygotsky (1988) é um dos que afirmam que nem sempre o jogo possui essa característica, porque, em certos casos, há esforço e desprezar na busca do objetivo da brincadeira. Kishimoto (2009), o brinquedo tem uma relação íntima com a criança, quanto a ausência de um sistema de regras é que as crianças organizam sua utilização, a capacidade de memorizar e imaginar são dois aspectos importantes na infância, o brinquedo faz parte desse sistema. Assim sendo, o ato de brincar cria uma distância da vida cotidiana, que entra no mundo imaginário, idealizado por uma ação voluntária da criança quando ela brinca se desliga do real. Ao permitir que a criança entre no mundo dos jogos e brincadeiras são criados novos significados, que se desenvolvem a ação intencional, a cognição e o desempenho sensório-motor, as trocas nas interações, facilitando a aprendizagem significativas. Segundo Velasco (1996, p. 78): Brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais ou intelectuais. Quando a criança não brinca, ela deixa de estimular, e até mesmo de desenvolver as capacidades inatas podendo vir a ser um adulto inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca a vontade tem maiores possibilidades de se tornar um adulto equilibrado, consciente e afetuoso. Ao brincar, portanto, a criança adquire hábitos e atitudes importantes para seu crescimento intelectual e aprende a ser persistente, pois percebe que não precisa desanimar ou desistir diante da primeira dificuldade. 3 – A INSERÇÃO DA MATEMÁTICA E SEUS DIVERSOS RECURSOS DE APRENDIZAGEM No Brasil de acordo com o RCNEI (BRASIL,1998) para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas às brincadeiras ou às aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta. Se a brincadeira é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver consciência da diferença 144 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF existente entre a brincadeira e a realidade imediata que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. O uso do jogo ao ensinar matemática, pode ser explorado por várias possibilidades, de formas lúdicas como quebra-cabeça, os quadros mágicos, tangram, sempre respeitando a natureza do lúdico. Ao permitir a manifestação do imaginário infantil, por meio de objetos simbólicos dispostos intencionalmente, a função pedagógica subsidia o desenvolvimento integral da criança. Neste sentido, qualquer jogo empregado na escola, desde que respeite a natureza do ato lúdico, apresenta caráter educativo e pode receber também a denominação geral de jogo educativo (KISHIMOTO, 1994, p.22). O jogo vem se concretizando nas instituições, pois as crianças possuem uma grande capacidade de raciocinar e colocar em prática sua capacidade de resolver problemas. O jogo em sala de aula é muito importante para o desenvolvimento social, porém a livre manipulação de peças e regras não garante aprendizagem. Segundo Moura (1991), o jogo na educação matemática, passa a ter caráter de material de ensino quando considerado promotor de aprendizagem. A criança, colocada diante de situações lúdicas, aprende a estrutura lógica da brincadeira e deste modo, aprende também a estrutura matemática presente. De acordo com RCNEI (BRASIL,1998), o jogo tornou-se objeto de interesse dos psicólogos, educadores e pesquisadores como decorrência da sua importância para a criança e da ideia de que é uma prática que auxilia o desenvolvimento infantil, a construção ou potencialização de conhecimentos. Os jogos podem ser vistos como desencadeadores de desafios, por meio do jogo a criança pode formular estratégias para resolver problemas, além disso, ao utilizar jogos, o professor trabalha o conceito de ganhar e perder e trabalho em grupo, que deve ser estimulado na Educação Infantil. Os jogos não devem ser vistos somente como divertimento ou uma forma de “passatempo”, pois, eles possuem grande importância na educação escolar, ao fazer com que a criança aprenda de forma mais dinâmica e libere sua criatividade. É importante que o professor reconheça a importância do jogo Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 145 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA em sala, elaborando assim, diversas atividades para serem realizadas com os alunos. Cabe ao professor o papel de mediador do conhecimento, sendo assim, ao elaborar os conteúdos, deve levar em conta jogos que desenvolvam o raciocínio lógico matemático, que estimulem a autonomia, o pensamento independente, capacidade de resolver problemas e estimular a investigação por parte dos alunos. Segundo RCNEI: O jogo pode tronar-se uma estratégia didática quando as situações são planejadas e orientadas pelo adulto visando a uma finalidade de aprendizagem, isto é, proporcionar à criança algum tipo de conhecimento, alguma relação ou atitude. Para que isso ocorra, é necessário haver uma intencionalidade educativa, o que implica planejamento e previsão de etapas pelo professor, para alcançar objetivos predeterminados e extrair do jogo atividades que lhe serão decorrentes. (BRASIL, 1998, p.212) O professor deve ter em mente que o lúdico é de grande importância na aprendizagem, por isso os jogos e brincadeiras devem ser bem elaborados e aplicados com finalidades pedagógicas. 4- CONSIDERAÇÕES FINAIS Constatamos que o ensino da matemática está defasado pela falta de uso dos recursos didáticos, recursos esses auxiliam no desenvolvimento progressivo do aprendizado das crianças se levando a mesma a um aprendizado significativo. A escolha por jogos como tema deste artigo é por acreditar que dentre as metodologias para o ensino de matemática, está é a mais acessível para o trabalho do professor. Consideramos que lecionar matemática não deve continuar sendo feito apenas com seu método tradicional, pois os alunos não conseguem aplicar na realidade os conhecimentos ensinados na escola. Como vimos, a educação escolar pode formar cidadãos conscientes que possam aplicar os conhecimentos adquiridos na escola em sua vida em sociedade, assim, acreditamos que o uso de jogos matemáticos pode nos auxiliar nesse processo de transformação. 146 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Referencial Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, vol. 1-3. KISHIMOTO, T. M. Jogo, brinquedo, brincadeiras e a educação, 12. Ed. São Paulo: Cortez, 2009. MOURA, M. O. de. O jogo na educação matemática. In: Ideias. O jogo e a construção do conhecimento na pré-escola. São Paulo, FDE, n. 10, p.45-53, 1991. SMOLE, K. S. DINIZ, M. I. DE S. CÂNDIDO, P. T. Coleção Matemática de 0 a 6. Brincadeiras infantis nas aulas de matemática; vol.1 Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. VELASCO, C. G. Brincar: O despertar psicomotor, Rio de Janeiro: Sprit, 1996. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 147 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 148 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A PRÁXIS DO ENSINO DE HISTÓRIA: PEDAGOGIA TRADICIONAL VERSUS AS NOVAS PERSPECTIVAS HISTORIOGRÁFICAS. Reginaldo José BARBOZA1 Taisa Justo Cabral ROMÃO2 Jaqueline Alves JACOM3 RESUMO Nos últimos anos, o conhecimento acerca da história tem sido desenvolvido por pesquisas que têm evidenciado novas possibilidades para o seu domínio de trabalho. Surgiram, por parte de historiadores e professores, importantes e significativos debates assim como questionamentos relativos aos sujeitos condutores da história. Pensando em contribuir com essas discussões e oferecer elementos para uma possível reflexão e reavaliação da prática pedagógica durante as aulas de História é que apresentamos o presente artigo. Como sabemos, após todas as reconfigurações vivenciadas pela História no século XX observamos que no século XXI tais transformações devem chegar até a sala de aula, pois é preciso mostrar que é possível desenvolver umas práxis de ensino de História adequada aos novos tempos e que acompanhe as novas perspectivas historiográficas. 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 149 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Palavras-chave: História. Paradigmas científicos. Perspectivas historiográficas. ABSTRACT In recent years, the knowledge of history has been developed by research that has shown and new possibilities for your working area. They arose by historians and teachers, important and significant discussions and questions relating to subject drivers in history. So, thinking to contribute to these discussions and provide elements for a possible reflection and re-evaluation of teaching practice during history classes is to present this article. As we know, after all reconfigurations experienced by history in the twentieth century observed that in the XXI century such changes must reach the classroom, it is necessary to show that it is possible to develop a teaching practice proper history to the times and to monitor the new historiographical perspectives. Keywords: History. Scientific paradigms.Hhistoriographical perspective. 1-INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o pensamento histórico tem sido desenvolvido por investigações que têm alterado e evidenciado novas possibilidades para seu meio de atuação. Segundo os PCNs: Houve questionamentos significativos, por parte dos historiadores, relativos aos agentes condutores da história — indivíduos e classes sociais —, sobre os povos nos quais os estudos históricos devem se concentrar, sobre as fontes documentais que devem ou podem ser usadas nas pesquisas e quais as ordenações temporais que devem ou podem prevalecer. (BRASIL, 1997, p. 25). Assim, o presente trabalho se insere nos debates historiográficos travados no último século, mais especificamente na segunda metade do século XX, vislumbrando evidenciar o cenário de mudanças, transformações e revisões de premissas e paradigmas vivenciados 150 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF pela historiografia contemporânea. (BRASIL, 1997). Ainda de acordo com os PCNs: A valorização de diferentes tipos de registros humanos como documentos levou à sociedade de modo geral a preocupação por armazená-los e preserválos como patrimônio histórico e cultural. Contudo, para o historiador, os dados extraídos dos documentos sobre o passado são descontínuos e apenas potencialmente existentes. Para ganhar relevância histórica, a fonte deve ser trabalhada pelo estudioso e as informações nela encontradas devem ser articuladas na trama da narrativa histórica das vivências humanas no tempo. (BRASIL, 1998, p. 85) Frente às adversidades que a educação tem enfrentado com o passar do tempo, a formação de um conhecimento histórico dinâmico, que motive e estimule os alunos no processo ensino-aprendizagem, torna-se um desafio cada vez maior. A participação do educador enquanto um sujeito crítico nesse processo é de fundamental importância. É ele quem deve propiciar as condições favoráveis para mediar o conhecimento e assim fazer com que o aluno se reconheça como um sujeito histórico. Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou professora ensaiam a experiência profunda de assumirse. Assumir-se como ser social e histórico como ser pensante, comunicante transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar (FREIRE 1996, p.41). Deste modo, podemos dizer que a formação da identidade e da autonomia do aluno passa também por um ensino de História que esteja fundamentado em uma pedagogia crítica e, portanto, não tradicional. 2 – ALGUMAS CRÍTICAS A RESPEITO DO ENSINO DE HISTÓRIA SOB O PONTO DE VISTA TRADICIONAL Os últimos anos foram marcados por discussões acaloradas acerca da metodologia de História. Isso ocorre tanto em relação ao ensinoaprendizagem como ao conteúdo curricular aplicado em aula. O que não podemos admitir é uma pedagogia tradicional que, em se Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 151 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA tratando do ensino de História especificamente, privilegia apenas uma determinada classe social (ricos) em detrimento de outra (pobres). Para tanto, observamos que: Tem sido criticada, simultaneamente, uma produção histórica que legitima determinados setores da sociedade, vistos como únicos condutores da política da nação e de seus avanços econômicos. Tem sido considerada, por sua vez, a atuação dos diversos grupos e classes sociais e suas diferentes formas de participação na configuração das realidades presentes, passadas e futuras. (BRASIL, 1997, p. 25). Neste contexto, vislumbrando contribuir com essas discussões e oferecer elementos para reflexão e reavaliação acerca da prática pedagógica durante as aulas de História, é que apresentamos o presente intento objetivando problematizar as principais alterações nas perspectivas historiográficas, visto que as transformações no arcabouço teórico e nas concepções das ciências causam mudanças na prática pedagógica da sala de aula. De acordo com os PCNs (BRASIL, 1997, p. 26): “O conhecimento histórico, como área científica, tem influenciado o ensino, afetando os conteúdos e os métodos tradicionais de aprendizagem.” Percebemos que no decorrer do século XIX a conotação científica adotada pela civilização Ocidental, como um dos marcos conceitual, foi baseada na noção de progresso linear e cronológico. Já nas últimas décadas do século passado, isto é, o século XX, inspiradas mediante certas mudanças conjunturais, observamos que os paradigmas científicos concernentes a cada campo do saber passaram a ser indagados e em muitos casos, refutados como sendo os mais adequados para se construir um saber que prestasse conta da pluralidade cultural, das múltiplas temporalidades e dos conflitos inseridos em nossa realidade social, permitindo assim o repensar das bases teóricometodológicas das Ciências Humanas (BRASIL, 1997). Considerados tais aspectos, as revisões paradigmáticas da História possibilitaram a inserção de novos olhares sobre a realidade social através de métodos de análises inovadores, tendo como pretensão estabelecer as mediações entre os micros componentes sociais com a macro história. Frente a uma cultura historiográfica (DIEHL, 2002), observamos que o pressuposto da cientificidade e do progresso foram fatores 152 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF presentes e muito marcantes nas bases conceituais das Ciências a partir do século XIX. Segundo Diehl (2002) o “desencantamento do progresso” no século XX acabou demonstrando a precariedade e a crueldade com os sujeitos ao criar os mitos da evolução e das melhorias das condições de vida. A realidade apontava para a marginalização e a exclusão social de um grande contingente de sujeitos deixados na pobreza e na miséria. Nesse sentido, os paradigmas historiográficos tradicionais passaram a não mais prestar conta da realidade complexa, sendo questionados veementemente por uma ampla parcela dos historiadores contemporâneos. Partindo do questionamento dessas categorias históricas tradicionais fundamentadas, em grande medida, nos pressupostos positivistas e marxistas, percebemos o surgimento de uma nova vertente historiográfica conhecida como “Nova História”. Essa emergiu como um movimento de mudanças a partir da percepção difundida no meio acadêmico da inadequação dos paradigmas explicativos tradicionais que se alicerçavam na premissa: “a história é objetiva” (DIEHL, 2002). É o saber da História como possibilidade e não como determinação. O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade curiosa, inteligente, interferida na objetividade com que dialeticamente me relaciono meu papel no mundo não é só o de quem constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como sujeito de ocorrências. Não sou apenas objeto da História, mas seu sujeito igualmente. No mundo da História, da cultura, da política, constato não para me adaptar, mas para mudar (FREIRE, 1996, p.85-86). Chartier (1994) procura construir uma “radiografia crítica” a respeito da História nos dias atuais. Este autor afirma que os diagnósticos, geralmente inquietos, dos estudos acerca da História nos últimos anos, apontam para o desencadeamento de um processo em curso que caminha para o tempo das incertezas. Hoje parece ter chegado o “tempo das incertezas”, pois a reclassificação das disciplinas transforma a paisagem científica, questiona as primazias estabelecidas e afeta as vias tradicionais pelas quais circulavam a inovação. Assim, os paradigmas dominantes querem marxistas ou estruturalistas, perdem sua capacidade estruturadora, não dando conta de captar a realidade concreta em Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 153 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA suas múltiplas facetas particulares. Neste processo dinâmico do conhecimento, a História não é poupada por essa “crise” geral das Ciências Sociais (CHARTIER,1994). Essas certezas, longas e amplamente partilhadas pelos adeptos da “nova história”, também foram fortemente abaladas nos últimos dez anos. Com isso, sensíveis às abordagens antropológicas ou sociológicas, os historiadores quiseram restaurar o papel dos indivíduos na construção dos laços sociais, resultando em vários deslocamentos fundamentais: das estruturas de redes, dos sistemas de posições para as situações vividas, das normas coletivas para as estratégias singulares. Segundo Chartier (1994) os objetos da História não são mais as estruturas e os mecanismos que regulam fora de qualquer controle subjetivo as relações sociais, e sim as racionalidades e as estratégias acionadas pelas comunidades, as parentelas, as famílias, os indivíduos. Com isso, observamos que os debates historiográficos, travados sobretudo nas décadas finais do século XX, foram concernentes aos conceitos de “sujeito”, “indivíduo”, “ideologia”, “cultura”, “identidade” e “realidade” que sofreram profundas modificações e retraduções. Assim, mitos, símbolos, utopias, práticas e representações são reconhecidos e passam a ser trabalhados, contribuindo para uma melhor compreensão do processo, já que, em paralelo aos bens materiais, a vida social também produz da mesma maneira os bens simbólicos que informam os indivíduos e contribuem para as suas ações e suas decisões (SOIHET, 2003). 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS As principais concepções relacionadas ao ensino de História foram constituídas após os pressupostos analíticos fundamentados no Positivismo, no Marxismo, no Movimento dos Annales e mais recentemente, na Nova História. No decorrer da construção do pensamento científico, tais vertentes foram criticadas de maneira que resultaram hoje no que se denomina “História Cultural” combinando as abordagens da 154 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Antropologia e da História para olhar as tradições da cultura popular e interpretações culturais, sendo estas também parte das experiências humanas e históricas e no qual ocupam-se com a pesquisa e a representação de determinada cultura em dado período e lugar. Ela não se dedica diretamente à História política ou à História oficial de países ou regiões. Na história cultural a cronologia não é tão relevante quanto na historiografia política. Portanto, se os paradigmas, as teorias, as categorias e os conceitos elaborados pela História se alteraram, nada mais propício que a prática pedagógica acerca da História também sofra uma transformação. Após todas as reconfigurações vivenciadas pela História, concluímos que tais transformações devem fazer parte do cotidiano escolar, ou seja, é preciso que elas corram de fato nas salas de aula, é necessário, pois, repensarmos o ensino de história adequando-o a nossa nova realidade sócio político, econômica e cultural assim como também sob os avanços tecnológicos existentes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História, Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História/ Secretaria de educação fundamental Brasília: MEC/SEF, 1998. CHARTIER, Roger. A história Hoje: dúvidas, desafios, propostas. In: Estudos Históricos: CPDOC 20 anos, Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, vol.7, n.13, 1994, p.97-113. DIEHL, Astor Antônio. Cultura Historiográfica: memória, identidade e representação. Bauru, EDUSC, 2002. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. SOIHET, Raquel. Introdução. In: ABREU, Martha; SOIHET, Raquel. Ensino de História, conceitos, temáticas e metodologia. Rio de Janeiro: Casa da palavra/Faperj, 2003. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 155 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 156 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: A CONSTRUÇÃO DA PALAVRA E A TRANSFORMAÇÃO DA REALIDADE PLÁCIDO, Lara Ribeiro de1 GONÇALVES, Jaqueline2 SOUZA, Tiago Bittencourt de3 RESUMO Paulo Freire revolucionou ao introduzir a prática didática em que o sujeito é fenômeno e existência, ou seja, ele é e está na realidade de seu aprendizado “in loco” e a tomada de consciência através do aprendizado fará as transformações. A incidência da dialética enquanto facilitadora neste processo em que o sujeito participa ativamente sendo corresponsável na aquisição do conhecimento e do saber. Ao trabalhar a questão de compreensão dos conceitos envolvidos e transformar a transmissão conhecimento enquanto parte integrante da realidade do indivíduo. Palavras-chave: Alfabetização de adultos; Ensino e aprendizagem; Paulo Freire 1 2 3 Discente do Curso de Pedagogia – FAEF. E- mail: [email protected] Discente do Curso de Pedagogia – FAEF. E- mail: gonç[email protected] Docente do Curso de Pedagogia – FAEF. E- mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 157 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Paulo Freire revolutionized by introducing the teaching practice in which the subject is phenomenon and existence, that is, it is and it is the reality of their learning “in loco” and the awareness through learning will make the changes. The incidence of dialectics as a facilitator in this process in which the subject participates actively being co-responsible in the acquisition of knowledge and learning. When working the issue of understanding of the concepts involved and transform knowledge transmission as part of the individual reality. Keywords: Adult literacy; Paulo Freire, Teaching and learning, 1.INTRODUÇÃO Este artigo objetiva explanar sobre o Método Paulo Freire para educação de Jovens e Adultos e os ganhos qualitativos e representativos que tal prática exerce sobre a vida dos indivíduos a medida que a transmissão de conhecimento produz tomada de consciência. Partindo de palavras geradoras para facilitar tal compreensão o método Freireano vai além, pois insere o indivíduo e o grupo em um novo campo de atuação que é o da autonomia (enquanto alfabetizado e consciente de sua forma de atuação fora da zona de opressão). Descrever de forma sistemática a trajetória deste ser humano extraordinário que fez da pedagogia um modo de comunicar, informar e formar sempre tendo o alfabetizando enquanto pertencente a um grupo ou comunidade especifica, ou seja, há a pratica da “leitura” de uma vasta gama de codificações que são na realidade representações da realidade concreta do alfabetizando e por extensão a sua própria cultura (FREIRE, 2001). Partindo da realidade do ensinando ele praticava o ato de ensinar voltado a transformar a vida do indivíduo e do grupo em que o mesmo estava inserido. Através deste método ele reinventa o modo de ensinar. O ensinar toma por base o indivíduo em sua totalidade (inclusive utiliza-se do “in loco” – realidade local da inserção do indivíduo), para dinamizar esta forma de alfabetizar. Alfabetizar para Freire significa ser e estar com o 158 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF alfabetizando e partindo de sua realidade, contribuir significativamente na edificação do ser humano crítico e senhor de sua existência. Partindo do pressuposto: Quem sabe pode e deve contribuir com o crescimento de outrem, Freire se destaca e faz do ato de transmitir conhecimento um verdadeiro amor e valorização do indivíduo. Não e tão somente um método dialético para facilitar o aprendizado, mas sim um método de inclusão e suporte ao resgate da dignidade. Dignidade esta que faz do cidadão de um pais democrático sujeito agora alfabetizado e consciente que tem em suas mãos as ferramentas básicas necessárias para lutar por melhorias significativas. Freire não trata o alfabetizando como um mero receptor do conhecimento, porém um agente transformador. O poder da dialética em consonância com a área de atuação e inserção do alfabetizando se tornará o campo favorável para a grande guinada do indivíduo. O resultado será um agente que deixa a redoma do analfabetismo e toma parte nas atividades destacando - se enquanto construtor de seu próprio caminho. Para tal é de suma importância que a pessoa que alfabetiza seja de acordo com o que preconiza Freire (1987, 2014) uma pessoa comprometida com o ato de ensinar fugindo sempre de métodos cristalizados no ensino baseado em falso comprometimento com as situações de mudança. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Caminhada de Paulo Freire O educador Paulo Freire nascido em 1921, no Recife, contribuiu significativamente na formação do homem crítico. Dentre seus objetivos destacamos o da inserção do alfabetizando no campo das práxis, tornando-os aptos de transformações relevantes às práticas docentes. Desta forma as ideias freireanas permitem que atualmente o docente faça uma reflexão crítica da prática pedagógica, no saber dialogar, reconhecendo a identidade cultural do outro. Partindo da realidade de promoção, emancipação e autonomia do indivíduo destacando o papel primordial de cada qual neste Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 159 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA processo de aquisição do saber. Saber este que transforma a realidade do oprimido em agente protagonista de sua história. Para Freire transmitir conhecimento exige estar preparado para situar o receptor na situação sócio cultural da qual este é parte integrante. Nesta perspectiva Freireana há a incidência da transformação oriunda da palavra. Seu método parte da concretude, ou seja, o local de inserção do indivíduo vai corroborar e facilitar a sua aprendizagem. Freire retrata ainda, que a vocação do homem é ser agente de sua história, ou seja, um sujeito atuante e seu contrário será sempre a coisificação do homem. Neste ponto ele especifica que tanto educador quanto educando corroboram neste processo de transformação. Paulo Freire evidenciou que o poder questionador deve imperar e que as amarras da falta de conhecimento e ainda da opressão devem ser rompidas e que tal tarefa compete ao educador e educando ambos desempenhando o papel de transformar a realidade na qual o indivíduo ocupe seu lugar no campo do ser sujeito participativo. Eis o caminho que Freire destaca e pede aos alfabetizadores que se atentem sempre em prol de serem agentes capazes de juntamente com os alfabetizandos destacarem que a função da educação é fazer o indivíduo entender a realidade de que ele é humano e não coisa. 2.2 O método Paulo Freire Freire desenvolveu um Método em que a Dialética é fortemente empregada no processo educacional de alfabetização de jovens e adultos. Em seu Método há ainda, a aplicação da comunicação como fator de grande relevância. Freire lança mão da comunicação enquanto diálogo de construção do saber e do conhecimento e declara que este é o encontro de sujeitos interlocutores que procuram a significação do significado. Freire (2001) retrata que o método compreende ainda, o repensar o pensado e diante de tal a atitude ética, humilde e de se colocar a serviço da educação faz do ato de ensinar e aprender uma arte de humanizar. Freire (2001) evidencia que este método de ensino e aprendizagem destitui o burocrata da mente e reconstrói caminhos. 160 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A utilização das palavras de forma a colaborar neste processo de ensino e aprendizagem foi amplamente difundido por Paulo Freire em localidades em que a realidade daquela comunidade passava a ser o fator de alavancagem desta maneira de alfabetização de jovens e adultos. Nesta modalidade de ensino Brandão (sine data) destaca: É o trabalho de construir o repertorio dos símbolos da alfabetização já é o começo do trabalho de aprender. O Método Paulo Freire é a aplicabilidade de ensino que tem por base a instrução enquanto um processo de dupla via, ou seja, educador e educando são responsáveis por tal cada qual desempenhando o que lhe é inerente. O educador despido de modelos arcaicos que em nada colaboram e ao contrário tendem a manter a hegemonia de poucos e o educando que deve estar disposto a sorver o conhecimento que lhe é transmitido – conhecimento este que agrega reflexão e traz consigo o ato de pensar acerca da realidade fazendo com que o educando repense sua situação e saia da zona de oprimido. O Método Freireano se difere por completo do Modelo Bancário. Neste segundo o educando é pura e simplesmente depositário de algo que lhe é despejado e se submete ao controle do educador. Segue-se que no Método Bancário o educando não pratica o ato de pensar e refletir e a sua situação será sempre a de aceitação e submissão ao poder opressor. Freire desenvolveu um Método em que ação cultural tem papel significativo no sentido de ampliar o conhecimento e partindo de tal fazer do alfabetizando um ser comprometido com as transformações que geram a liberdade. Por se tratar de uma metodologia voltada ás questões do ensino e aprendizagem, Freire vai além e destaca que o comprometimento do educador é fundamental para que o alfabetizando perceba a realidade a qual este se insere e partindo de tal faz uso da consciência de forma crítica para mudar esta realidade. 2.3 Palavras transformadas em atos Como descrito no subitem anterior Freire o educador incorpora em si a responsabilidade de fazer da aplicação e utilização das palavras algo que transcende a simples prática da alfabetização, as mesmas devem proporcionar situações favoráveis ao despertar de Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 161 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA mudanças e transformações. De acordo com Freire o homem é um ser que busca, é um ser de práxis é um ser que almeja algo mais e a aplicabilidade das palavras deve alavancar tal realidade que se apresenta – fenômeno. No momento que educador e educando percebem o poder da palavra, a realidade toma novas cores, ou seja, os matizes agora compõem novas práticas humanizando ainda mais o indivíduo e tornando-o crítico e autônomo no sentido estrito. Ao longo do tempo pensadores estiveram atentos a realidade da linguagem como forma de expressão do ser humano e enquanto objeto de transformação (ABRAAO, 1999) e temos em Freire (1977, 1982, 2014) a construção do saber e do pensamento crítico baseado em palavras que transformam. O homo sapiens sorve aquilo que lhe é de direito enquanto pessoa, ou seja, o saber torna seu companheiro e as palavras que antes não pertenciam a sua concretude enquanto motivadoras de mudanças significativas agora tomam forma e simples decodificações tem o poder de transformar a realidade. O homo sapiens dotado de cérebro desenvolvido, da capacidade de raciocínio abstrato, da introspecção, da linguagem como forma de comunicação e por fim da resolução de problemas tem agora o poder de fazer uso das palavras para gerar ganhos qualitativos a sua vida. As palavras se tornam para o ser motivado e consciente tal e qual chaves que abrem as portas do conhecimento. O humano agora sabe que as palavras antes eram simples letras nem pronunciáveis e agora são palavras que abrem as portas não somente do conhecimento, porém vai além e converte o homo sapiens em senhor de sua história. 2.4 Paulo Freire para uma educação libertadora De acordo com Freire (1977, 1982) a educação se apropria de materiais que são necessários para que as atividades despertem no alfabetizando algo que possa levá-lo a compreender que mais que a simples sobreposição de letras e palavras, há técnicas que implicam em transcender o processo de ensino e aprendizagem. Neste processo de acordo com Freire (1977, 1982, 1997, 2014) e Rubio (1997), o indivíduo adquire conhecimento e partindo de sua realidade de oprimido rompe com tais mecanismos e consciente de seu ser e estar no mundo tornase um sujeito livre e rompe com os grilhões da opressão. 162 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A educação em Freire tem por finalidade a libertação do educando. Libertação que está atrelada ao modo de agir do educador e do educando (FREIRE, 1982, 2014). Há a responsabilidade está envolvida na prática da transmissão de conhecimento. Uma educação libertadora consiste numa troca de saberes (FREIRE, 2014) e não simplesmente se prender a métodos arcaicos que transformam o ato de ensinar em um depositar no educando saberes (FREIRE, 1997). Libertar no sentido Freireano significa humanizar o indivíduo (FREIRE, 1982, 1997) e segue- se que a educação se apresenta em nova roupagem, ou seja desprovida de modelos depositários do saber (FREIRE, 1997) e surge a nova concepção de educação voltada aos interesses do indivíduo que se torna senhor de sua história e que tem a autonomia de decidir sobre seus atos. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos estudos realizados, podemos afirmar que Paulo Freire contribuiu de maneira relevante na educação, através da formação humana queria conscientizar a sociedade e tirá-las da situação de oprimidos. Nesta perspectiva, Freire se utilizou do diálogo para assim ampliar os conhecimentos prévios de seus respectivos alunos. O trabalho realizado por Freire, deixou um grande legado na área da educação, compreendemos a partir do estudo realizado que podemos como educadores buscar novas maneiras de transmitir o conhecimento de forma que seja significativa para a aprendizagem do educando. Contudo a maneira em que Freire se coloca diante de um problema social que é a Educação, fazendo do ato de aprender, algo além do já pensado, faz com que reflitamos e com isso possamos sair dessa zona de conforto, fazendo com que o educando entenda seu papel na sociedade, e o utilize de forma consciente. 4. REFERÊNCIAS ABRAÃO, B.S. Coleção os Pensadores, História da Filosofia. São Paulo: ed. Nova Cultural, 1999. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 163 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA BRANDAO, C.R. O que é método Paulo Freire http:// www.sitiodarosadosventos.com.br/livro/images/stories/anexos/ oque_metodo_paulo_freire.pdf acesso em : 14 de maio de 2015. PAULO, F. Carta de Paulo Freire aos professores. Estud. av. [online]. 2001, vol.15, n.42, pp. 259-268. ISSN 1806-9592. http://dx.doi.org/ 10.1590/S0103-40142001000200013. Acesso em : 14 de maio de 2015. FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 4 edição. 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Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF APRENDIZAGEM DA LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ALMEIDA, Thaís Sanches de1 CARDOSO, Daniela Uzai 2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de3 RESUMO Este artigo tratará do ensino e o uso da linguagem oral e escrita, mostrando de uma forma clara e específica sobre as armadilhas e utopias, a importância e responsabilidade do docente em relação a uma sala de aula, a contribuição dos estudos de Vigotski e Bakhthin para o processo de escolarização e a formação do leitor, dando também a importância do ato de ler na escola. O objetivo é abordar o desenvolvimento da linguagem oral e escrita, propondo sugestões e atividades para que facilitem o aprendizado da criança nas séries iniciais. Palavras-chave: Educação, Oralidade, Linguagem, Leitura. ABSTRACT This article will address the teaching and use of oral and written language, showing a clear and specific way about the pitfalls and 1 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça, SP. E-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça, SP. E-mail: [email protected] 3 Professora mestre do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça, SP. E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 165 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA utopias, the importance and responsibility of the teacher in relation to a classroom, the contribution of studies of Vygotsky and Bakhthin for of education and training of the reader process, also giving importance to the act of reading in school. The goal is to address the development of oral and written language, and propose suggestions for activities that facilitate a child’s learning in the early grades. Keywords: Education, Orality, Language, Reading. 1. INTRODUÇÃO No presente trabalho destacam-se as armadilhas que foram expostas, sendo muitas vezes erros cometidos por pedagogos que atuam a mais tempo nesta área, devido à formção que tiveram, não obtinha uma estrutura de ensino na grade curricular adequada, igual nos dias atuais. É de grande importância o teatro na educação infantil, pois traz consigo a estimulação da memorização da criança, segundo Mello (2007) desta maneira a linguagem oral infantil quebra uma das maiores armadilhas, a criança pequena não está pronta para aprender, tudo depende como o docente coloca em prática na sala de aula, pois cabe a ele esta responsabilidade de transmitir conhecimento ao aluno. Mello (2007) refere-se que deixar a criança ir sem perdê-la de vista, devemos ter um cuidado maior ao passar perguntas referentes às respostas objetivas de sim ou não, pois estas não são boas, dentro disso, todo docente deve ter em si a afetividade e o respeito com o aluno de forma equilibrada, o ponto de conversar com a criança da Educação Infantil também é de grande importância. O tempo da infância para cada um é diferente, pois a criança precisa aprender qualidades humanas como o pensamento, as linguagens, o controle da conduta, os valores, os sentimentos, os costumes, assim diferenciando-se dos animais, pois a função psíquica da aprendizagem da criança entra em ação e levar atividades mais incrementadas e elaboradas, estimula este lado da criança. 166 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2. O CONCEITO DE LINGUAGEM Vigotski (2001) discute o papel do processo de escolarização para a formação do indivíduo, focando a questão da formação do leitor. Para ele a linguagem é uma prática cultural e social, não sendo somente um código, mas sim tendo situações verdadeiras que envolvem a linguagem, defendendo a teoria histórico-cultural, portanto, a sociedade forma a natureza humana. Cruvinel (2010) nos aponta que o homem não nasce humano, mas se torna humano, ou seja, é por meio da relação com outras pessoas que o homem aprende a ser humano, quanto mais a criança é estimulada, mais ela aprende e então o processo de apropriação passa a ser um processo de educação. Para Vigotski (2001) o desenvolvimento é o resultado da aprendizagem, partindo daí o papel do processo de escolarização do individuo. Vale ressaltar que mostrar o significado da palavra à criança, mostrando o sentido, facilita a aprendizagem, é importante passar à criança o signo da palavra, pois ela precisa aprender o sentindo das palavras que estão sendo passado. A leitura é um processo que não pode vir de fora para dentro o aluno, mas parte de dentro para fora, primeiro vê o que o aluno já tem de conhecimento, ou seja, não pode vir das mãos do professor como se fosse uma técnica, pois seu ensino precisa ter situações concretas que mostra a real necessidade que o aluno tem de aprender. Partindo da teoria de Bakthin (1995), a formação do leitor na escola, de certa forma, entra em concordância com a teoria de Vigotksi (2001), utilizando a teoria histórico-cultural aplicada nos indivíduos. Para Bakthin (1995), a linguagem prática é discursivo, dialético, ideológica por então natureza, não podendo ser considerada individual, pois é social, integrando-se de interação, interlocução, tendo um sistema de signos e sinais, sendo assim, recomenda-se que o professor ensine a linguagem como signo e não como sinal e deve ser praticado a parti dos gêneros textuais. Este ensino de linguagem tem que ser realizado a partir de uma língua viva, resultante de sua prática nas relações sociais. Segundo Cruvivel (2010), a maior parte das crianças continua aprendendo uma leitura que só serve à escola, ou seja, elas não têm uma boa leitura para sua relação no meio social. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 167 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.1 O TRABALHO COM A LINGUAGEM ESCRITA NA ESCOLA Quando uma criança aprende somente um sinal da linguagem, ela então só aprende a diferenciar um sinal técnico, sendo assim, ela é capaz de oralizar o escrito, porém essa criança não é capaz de ler o que tem sido apresentado e mostrado a ela. Bakthin (1995) contribuiu para o processo de alfabetização, pois mostra que os enunciados estão todos organizados em forma de gêneros do discurso, cada um destes gêneros tem seu conteúdo temático, construção composicional de estilo, e a partir destes gêneros e enunciados, a criança passa a aprender a ler. Também representa um instrumento pedagógico, ensinando a linguagem escrita ao aluno, partindo daí, a criança inicia seu processo de alfabetização letrada. Aprofundando mais o estudo sobre a prática da linguagem oral e escrita desenvolvida pela criança, tem-se a percepção de como elas se comportam no processo de alfabetização, não sendo uma situação tranquila, pois ocorrem inúmeros problemas nessa fase da escolarização. Em geral, os professores iniciam o processo de ensino e aprendizagem dos alunos a partir da hipótese da linguagem présilábica, um estágio em que elas já descobriram que a escrita representa a fala, contudo, usam letras sem relação do som, conhecido como fonema, na silábica. A criança já descobre o que é a escrita, e ele passa a ter relação com a fala e escreve uma letra para cada sílaba. No estádio silábico- alfabético, o aluno descobre que as sílabas são formadas por mais de uma letra, mas ele ainda não coloca todas. Também existe o estádio em que aluno é alfabético, pois escreve com todas as letras, embora ainda não seja uma escrita ortograficamente correta (FERREIRO; TEBEROSKY, 1986). Há vários exemplos de atividades para trabalhar com a escrita com os alunos. Segundo Mello (2008), escrever cartas é uma delas, pois nestas aprendem a colocar data, o cumprimento, a mensagem, a despedida, assinatura e ainda o endereço para o qual será enviado. Outros exemplos interessantes são a confecção de convites, usando várias formas e tipos de papel; fazer relatórios de passeios, em que cada aluno expõe o que viu em seu passeio, dentre outras maneiras para trabalhar com as crianças. 168 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Para trabalhar com a linguagem escrita com a criança estas devem ser estimuladas a ler não somente na escola, mas no meio social também, ou seja, até na rua a criança pode trabalhar com a leitura, assim desenvolverá as letras que está lendo, para poder assimilar com palavras que ela quer escrever. É recomendável que o professor para trabalhar com a escrita, utilize também imagens com o nome, fazendo um quebra-cabeça, para a criança montar sílaba por sílaba a palavra correta, sempre estimulando a criança a soletrar sílaba por sílaba para facilitar sua compreensão. 2.2 O TRABALHO COM A LINGUAGEM ORAL NA ESCOLA Por volta dos dois anos de idade a criança aprende a linguagem oral. A fala é aprendida desde crianças, sendo assim, elas aprendem a falar através da conversa que temos com ela (MLLO, 2008). Por isso, há uma grande necessidade de falar com os pequenos, para que tenham um grande desenvolvimento cultural e psíquico. Através dessa linguagem a criança amplia seu contato entre pessoas e objetos, fazendo com que cada vez se desenvolva sua fala, o pensamento e o raciocínio. A partir deste, ela começa o desenvolver condutas, trabalhando também com a memória, atenção e imaginação. É por esses fatos, que é importante comunicar com a criança desde pequena, para que tenha um bom desenvolvimento na linguagem oral. Na Educação Infantil, é necessário trabalhar com atividades que estimulem o processo da linguagem oral. Mello (2008) propõe várias atividades interessantes para ser trabalhadas com as crianças, temos como exemplo a roda de conversa, que é o momento em que o professor e os alunos sentam para conversar sobre assuntos que chamem a atenção das crianças e que elas tenham vontade de falar. Outra atividade legal é ouvir e contar histórias, estimulando e aprendendo vocabulários novos. É importante que o professor escute o que o aluno tem a falar, é um meio que também estimula a linguagem oral, mostrando para a criança o seu interesse pelo assunto. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 169 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com o resultado da pesquisa bibliográfica realizada, observou-se que o uso da linguagem oral e escrita é de grande importância para o desenvolvimento pessoal e social do ser humano. Mas, muitas vezes esse aprendizado é baseado somente em pequenos conteúdos, em que a escola, não desenvolve grandes potencialidades para as crianças se desenvolverem no meio social. Por outro lado, há escolas que buscam o desenvolvimento da linguagem oral e escrita para que seus alunos tenham um grande desempenho durante o aprendizado escolar e perante a sociedade. O professor tem um papel muito importante para que o processo da linguagem oral e da escrita aconteça. Neste caso, devem planejar aulas que possibilitem o aprendizado de ambas, uma vez que agir ser planejar acaba não tendo objetivo nenhum. A literatura infantil é uma maneira que pode despertar o interesse da criança pela leitura e ao planejar sua aula, o professor poderá escolher uma leitura para estimulá-los. É necessário despertar o hábito de ler, mesmo se a criança não a pratique no meio em que vive. Na família em que não há o hábito da leitura, a escola pode incentivá-la através de uma programação que envolva todos seus membros de forma a torna-los grandes leitores e produtores de textos, sendo esta uma proposta desafiadora ao trabalho do pedagogo. Para a linguagem oral, o importante é a criança perceber as variedades linguísticas que existem, respeitando e compreendendo as culturas, mas para trabalhar com a linguagem oral, o professor pode planejar aulas mais orais, permitindo a participação das crianças, estimulando a ampliação de seu vocabulário, organizando verbos e se socializando. O desenvolvimento da linguagem é muito interessante, pois ela acontece desde que somos pequenos, e deve ser trabalhado desde criança, o presente artigo apresentou a linguagem oral e escrita, e as duas linguagens possuem importância, para que isso ocorra da maneira correta, os pedagogos, devem ser dedicados e atenciosos no processo de aprendizado da linguagem, pois cada criança aprende em seu ritmo e o professor deve saber respeitar os limites da criança, 170 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF porém devem estimular tanto a linguagem oral como a linguagem escrita. 4. REFERÊNCIAS BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec: 1995. CRUVINEL, F. C. Ensinar a ler na escola: a leitura como prática cultural. Ensino em Revista, UFU, 2010. FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da linguagem escrita. PortoAlegre: Artes Médicas, 1986. MELLO, S. A. As lin guagens, as armadilhas e a utopias. Anais do V COLE UNICAMP. Campinas: UNICAMP, 2007. MELLO, S. A; MILLER, S. O desenvolvimento da linguagem oral e escrita em crianças de 0 a 5 anos. Curitiba: Pro-Infantil, 2008. VYGOTSKI, L.S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 171 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 172 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ARTE E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO REALIZADO NA EMEI PROFESSORA MARIA ZULMIRA CAÇÃO PEREIRA NA CIDADE DE LUPÉRCIO- SP RODRIGUES, Claudia Noemi1 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de2 RESUMO Este artigo é fruto de um trabalho de conclusão do curso de Pedagogia, em andamento. Buscamos destacar o instrumento metodológico utilizado para coleta de dados, o ambiente onde ela ocorreu e os sujeitos participantes. Nessa pesquisa buscamos comtemplar, após a realização uma abordagem bibliográfica sobre o assunto, um trabalho de campo baseado em um estudo de caso envolvendo uma oficina de pinturas com matérias primas extraídas da natureza trabalhando a arte e a educação ambiental com crianças do pré II. Palavras-chave: Arte, Artes Visuais, Criança, Educação Ambiental, Educação Infantil. ABSTRACT This article is the result of a working end of the Pedagogy course, ongoing. We seek to highlight the methodological tool used for data 1 Discente no curso Pedagogia da FAEF. [email protected] Professora mestre e orientadora da pesquisa, no curso de Pedagogia na FAEF. [email protected] 2 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 173 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA collection, the environment in which it occurred and the participating subjects. In this research we seek to contemplate, after conducting a bibliographic approach on the subject, field work based on a case study involving a workshop of paintings with raw materials extracted from nature working art and environmental education with childrenof pre II. Keywords: Art, Visual Arts, Child, Environmental Education, Early Childhood Education. 1.INTRODUÇÃO O trabalho com arte nas Instituições de Educação Infantil, contribui para que o educando descubra o seu mundo de invenções, chegando a novos conhecimentos, planejando e realizando. Planejar e realizar são ações essenciais em nossas vidas, e não percebemos o quanto a arte pode ajudar a nos estruturarmos com criatividade e invenção (BARBIERI, 2013). Atualmente estamos vivendo um momento bastante propicio para se trabalhar as questões ambientais, atuando nas mudanças de valores nocivos ao meio ambiente, contribuindo para a preservação dos bens da humanidade. O conhecimento em si é a melhor forma de orientar os cidadãos a respeito dos problemas, e mostrar a importância de sua participação na definição de medidas favoráveis para a amenizar efeitos nocivos ao meio ambiente causado pelo próprio homem. A escola é o lugar para promover essa educação, transformando e conscientizando seus alunos (Vamos Cuidar do Brasil, BRASIL,2007). O presente trabalho apresentará um breve estudo sobre a Arte como elemento facilitador das questões ambientais na Educação Infantil, favorecendo a compreensão da Educação Ambiental, sendo fruto de uma pesquisa mais ampla, com objetivo de conclusão do curso de Pedagogia, que se encontra em andamento. Destacamos neste artigo a importância da Arte na Educação Infantil interligada à Educação Ambiental e contribuir para o sucesso na aprendizagem através da Arte em crianças da pré escola. Portanto utilizaremos a realidade de uma escola para relatar a pesquisa realizada com alunos do Pré II, tendo como objetivo 174 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF comparar a realidade com a teoria apresentada na pesquisa bibliográfica. Este artigo destina-se aos professores e estudantes interessados em como desenvolver o trabalho em questões ambientais e disciplina de Arte na Educação Infantil, a todas as pessoas que desejam aprofundar seus conhecimentos e contribuir para o sucesso na aprendizagem. 2.MÉTODO DE PESQUISA E O RELATO DA OFICINA DE PINTURA COM TINTAS EXTRAÍDAS DA NATUREZA REALIZADA COM OS ALUNOS DO PRÉ II B, NA EMEI PROFESSORA MARIA ZULMIRA CAÇÃO PEREIRA LUPÉRCIO- SP O desenvolvimento deste trabalho partiu de uma pesquisa bibliográfica a fim de que fosse discutido os principais conceitos que envolvem a disciplina de arte interligada as questões ambientais na Educação Infantil. Nessa pesquisa buscamos contemplar, após a realização uma abordagem bibliográfica sobre o assunto, um trabalho de campo baseado em um estudo de caso envolvendo uma oficina de pinturas com matérias primas extraídas da natureza. Segundo Marconi e Lakatos (2007) este estudo de caso ficou caracterizado em um primeiro momento na fase exploratória. Em seguida, a técnica de pesquisa foi a observação, uma técnica de coleta de dados para buscar informações e usar os sentidos na obtenção de aspectos da realidade. Ainda na linha de estudo de Marconi e Lakatos (2007) a observação é participante e no ambiente real, ou seja, que consiste na participação real do pesquisador com o grupo, participando das atividades e as observações são feitas no ambiente real registrando a experiência à medida que vão acontecendo naturalmente sem a devida preparação. Diante dessa perspectiva, pretendemos realizar uma interpretação dos dados coletados, através da descrição sobre a experiência que foi realizada e assim buscar uma conclusão do objetivo de estudo aqui apresentado. O local escolhido para a pesquisa foi a Escola de Educação Infantil Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 175 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Maria Zulmira Cação Pereira localizada em Lupércio, interior de São Paulo. A escola tem seu prédio próprio e recebe crianças de 4 a 6 anos. Para tanto tudo foi devidamente autorizado pela diretora Solange Ribeiro Barbosa. Para delimitar o universo da pesquisa, optamos por trabalhar com as crianças do Pré II B. No primeiro momento foi realizada uma visita agendada na escola juntamente com a Diretora Solange Barbosa Ribeiro, nesta visita foi apresentada a proposta de pesquisa de conclusão de curso e solicitamos a autorização para realiza-la. Depois de tratar dos documentos de autorização foi dado o início a pesquisa mencionada. Segundo Zaporozhets (1987) a aprendizagem significativa acontece quando os métodos de educação estão interligados com as particularidades psicofisiológicas. O autor relata que na pré escola o ensino não acontece sob a forma tradicional, mas sob a forma de jogos e brincadeiras, da observação direta, prática e plástica. Neste sentido as artes plásticas trazem às crianças experiências com diferentes tipos de materiais, indicam aos pequenos as possibilidades de transformação e reutilização e de construção de novos elementos, formas e texturas. Brasil (1998). Seguindo este pensamento foi planejada e realizada a pesquisa de campo com as atividades práticas envolvendo arte e natureza. No segundo dia aconteceu o primeiro contato com as crianças, a pesquisa foi apresentada pela diretora e em seguida foi explicado o que iriamos realizar e o objetivo do trabalho. Neste dia iniciamos a conversa falando sobre arte e perguntando o que eles faziam durante as aulas de arte? As respostas foram diversas como: desenhamos, pintamos, foi nessa linha de diálogos que aproveitamos para dizer que da natureza podemos extrair muitas coisas inclusive tintas para os trabalhos em arte e destacamos a importância de usarmos produto natural, sustentável e reutilizar matéria prima que geralmente jogamos no lixo. A receita realizada com as crianças foi da casca de beterraba, 100 ml de água, 100 ml de cola, batidos no liquidificador, depois de pronta todas as crianças puderam ter o contato com a tinta, pintando em papel sulfite. As crianças ficaram muito surpresas com o resultado da cor e textura da tinta. O contato com o novo conceito fez com 176 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que as crianças reagissem de uma forma muita significativa. A escolha em trabalhar com tintas naturais, se deu porque são sustentáveis e educativas. Para Barbieri (2012) é importante a presença de um professor atento e sensível nos grupos de Educação Infantil, capaz de promover a aproximação das crianças com a arte, de modo a valorizar o potencial e expressivo dos pequenos e ampliar suas habilidades artísticas. No segundo dia da pesquisa a professora de arte da turma acompanhou a atividade e ela dividiu a sala em grupos. Apresentamos as crianças mais tintas, já prontas nas cores, amarelo, extraída da cenoura, verde extraído do espinafre, vermelha extraída da beterraba, laranja extraído do urucum, azul extraído da uva preta, rosa extraído do morango e marrom extraído do pó de café. Foi acrescentado o corante alimentício para dar uma cor mais viva. Depois da sala organizada colocamos os aventais nas crianças e distribuímos as telas com as tintas. A professora orientou as crianças a usarem a técnica de pintura a dedo, então deram o início a atividade. Durante o processo notei que as crianças estavam muito concentradas na criação de suas pintura foi notável a participação de todas e o prazer de estarem realizando aquela atividade. Para Barbieri (2012) temos que procurar diferentes possibilidades para trabalhar com a arte e a natureza nos traz estas possibilidades. Podemos trabalhar com frutas, vegetais, terra, folhas de árvores. A materialidades está sempre por ser inventada, retomada e investigada, ela depende de conseguirmos olhar em volta e perceber como podemos usar materiais, substância e objetos inusitados. Em todo momento a reação de cada criança foi acompanhada durante a atividade e suas produções. Foi realmente maravilhoso ver o contado das crianças com as tintas, percebemos que foi um exercício artístico que desenvolveu nas crianças a criatividade. Toda criança fica feliz quando é inserida no mundo das cores, dos experimentos e das descobertas. O nível de imaginação criadora das crianças era evidente, elas se expressavam com palavras e, ao observar sua pintura, percebese que realmente esta é uma forma de expressão, pois estava Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 177 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA diretamente relacionada, com o que a criança dizia. Era comum também notar a questão da escolha das cores na qual a criança reflita sobre qual cor utilizar. O suporte utilizado, a tela, trouxe um certo encantamento nas crianças pois nunca tinham realizado a pintura em telas. Durante a experiência observamos também uma atividade prazerosa, desenvolvendo nas crianças a habilidades de serem leitoras e produtoras de trabalhos artísticos. Terminando a pintura das telas a atividade foi tão proveitosa que as crianças queriam continuar a pintar, então a professora distribuiu o papel sulfite e as crianças continuaram suas produções. Para Barbieri (2012, p.18): A imaginação e a criatividade das crianças não têm limites, o que favorece o desenvolvimento de sua potência e a exploração e apropriação de suas múltiplas linguagens, ampliando suas formas de expressão. O trabalho com arte na educação infantil é um dos passos para cultivar essa vitalidade natural. Portanto, a experiência realizada com as crianças foi muito significativa para esta pesquisa, pois foi possível observar na prática a importância da arte no desenvolvimento da criança, seu ensino deve estar conectado ao seu tempo, ser professor é estar atento de como as crianças são singulares, cada uma com sua maneira de se expressar. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho foi apresentar alguns dos resultados obtidos, por meio de uma pesquisa de conclusão do curso de Pedagogia, cujo objetivo é de investigar o ensino da Arte interligada com a Educação Ambiental dentro da Escola de Educação Infantil. Esta pesquisa trouxe um grande conhecimento e podemos perceber o quanto é importante o papel do professor no ensino de arte, um professor atento e sensível com as crianças, capaz de promover o contato com a arte, de modo a valorizar o potencial e expressivo dos pequenos e ampliar suas habilidades artísticas, temos que procurar diferentes possibilidades para trabalhar com a arte, e a natureza nos traz estas possibilidades. 178 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Portanto, este artigo trouxe contribuições para a reflexão crítica quanto à prática pedagógica na Educação Infantil, por meio deste estudo pode-se comprovar que a arte-educação contribui para o desenvolvimento global da criança, justificando sua atuação nos currículos de Educação Infantil. REFERÊNCIAS BARBIERI. S. Interações: onde está a arte da infância? São Paulo: Blucher, 2012. BRASIL. Ministério da Educação, Coordenação Geral de Educação Ambiental: Vamos Cuidar do Brasil: conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Brasília: 2007.248 p. BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil. Brasília: Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica: MEC, SEB, DICEI, 2013. Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, Brasília: MEC/SEF, 1998. 3v.: Il. BRUGGER, P. MARCONI, M, A.; LAKATOS, E, M.; Técnicas de pesquisa. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 24 ago. 2016. MELLO, S, A. Infância e Humanização: algumas considerações na perspectiva histórico-cultural. Disponível em <http:// www.scielo.br>. Acesso em: 24 ago. 2016. SANTOS, H, C. a Arte como Elemento no Ensino da Educação Ambiental no Brasil: educação infantil e ensino fundamental. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acesso em: 15 jun. 2016. Nova Escola, Receitas naturais de tintas. Disponivel em: http://acervo.novaescola.org.br/fundamental-2/album-receitasnaturais-tintas-742093.shtml#ad-image-0. Acesso em 13 ago. 2016. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 179 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 180 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF AS DIFERENÇAS ENTRE JOGAR, BRINCAR, UMA FORMA DE EDUCAR COMO ESTIMULO DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL BERTOLINI, Araise1 PEREIRA, Edinalva Telma2 SOUZA3,Tiago B. de RESUMO Através deste artigo cientifico de caráter bibliográfico será mostrada a importância do lúdico no processo de socialização das crianças como também sua importância no processo ensino e aprendizagem, através dos jogos, dos brinquedos, das brincadeiras. Tendo como tema central “As diferenças entre jogar, brincar, uma forma de educar como estimulo do lúdico na educação infantil” é de grande estima, sendo este tema um fator primordial a ser trabalhado por todos os pedagogos, professores, comunidade, escola e familiares que tenham a intenção de educar, sabendo que isto não se limita a repassar informações ou mostrar apenas um caminho, mas sim ajudar a criança a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. Palavras-chave: Lúdico. Jogos. Brincadeira. 1 2 3 Discente do curso de Pedagogia Faef – Email: [email protected] Discente do curso de Pedagogia Faef – Email: [email protected] Docente do curso de Pedagogia Faef – Email: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 181 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Through this bibliographical scientific paper will show the importance of the play in the children’s socialization process as well as its importance in the teaching and learning through games , toys, the games. With the central theme “The differences between playing, play, a form of educating as playful stimulation in early childhood education “ is of great esteem, and this issue a primary factor to be worked by all pedagogues, teachers, community, school and family that they intend to educate, knowing that it is not limited to relay information or show only one way, but help the child to become aware of themselves, others and society. Keywords: Playful. Games. Play. INTRODUÇÃO Pretende-se com este artigo mostrar, sob o ponto de vista pedagógico, algumas analogias existentes entre a atuação lúdica e a criança. Abordaremos como problema de pesquisa: estimulo do lúdico pelo professor na educação infantil e como Hipótese: o que as crianças conseguem aprender através da influência do lúdico no educar durante o jogar e o brincar. Trata-se de um trabalho de revisão de literatura onde foram pesquisados, periódicos, revistas e livros. Os questionamentos mais corriqueiros que se escuta entre os educadores são: é admissível à criança brincar e instruir-se ao mesmo tempo? Em que conjuntura a criança instrui-se? Quais brincadeiras ou jogos auxiliam a criança aprender? Diante desses diferentes questionamentos, adotou-se como sustento à ideia de alguns autores, os quais estudam o assunto, e seus estudos indicam que o brincar é uma ação divertida e natural para a criança, sendo assim, precisa fazer parte de suas atividades diárias. É importante que o educador da infância, reconheça bem às informações características da área, tais quanto: as etapas do desenvolvimento infantil, as distintas linguagens, as informações escolares características de cada faixa etária e acrescente o lúdico 182 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF nos programas educacionais a fim de tornar a sua prática pedagógica em momentos de prazer e significação. 2. AS DIFERENÇAS ENTRE JOGAR E BRINCAR, UMA FORMA DE EDUCAR COM ESTÍMULO DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Aspecto Geral O referencial curricular nacional para a educação infantil RCNEI (BRASIL, 1998, p. 58) lança a importância de se dar valor a atividades lúdicas na Educação Infantil, salvo-conduto que “as crianças podem incorporar em suas brincadeiras conhecimentos que foram construindo”. Também se ressalta no RCNEI a valorização do brinquedo, percebidos como: “...componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição. Constituem-se em poderosos auxiliares da aprendizagem. Sua presença desponta como um dos indicadores importantes para a definição de práticas educativas de qualidade em instituição de educação infantil”. (BRASIL, 1998, p.67) À medida que a criança vai se desenvolvendo fisicamente, as brincadeiras vão adotando tamanho mais socializador, os participantes estão, numa atividade comum e ao mesmo aprendem a convivência, apesar disso lhes permite aprender, como compartilhar brinquedos, repartir tarefas e tudo aquilo que sugere uma tarefa coletiva no seu cotidiano. O jogo, o brinquedo, a brincadeira e a Educação Infantil Atualmente, as crianças não carecem mais de criatividade para brincar e confeccionar seus brinquedos como era feito antigamente, a maioria dos brinquedos tudo já se acham criados e industrializado para a venda. O brincar para a criança é satisfazer aos impulsos conscientes e inconscientes que induzem às atividades corporais e intelectuais de amplo significado e, por ser o brincar de importância da criança, requer cuidado e concentração, levando-a a criar, refletir, e distinguir Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 183 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA novas expressões, circunstâncias e capacidades. Segundo Velasco (1996, p. 78): brincando a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais ou intelectuais. Quando a criança não brinca, ela deixa de estimular, e até mesmo de desenvolver as capacidades inatas podendo vir a ser um adulto inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca a vontade tem maiores possibilidades de se tornar um adulto equilibrado, consciente e afetuoso. Para a autora acima citada, as brincadeiras mostram o desenvolvimento, bem como a socialização e a aprendizagem. É nesse período que a criança tem encanto em realizá-las, pois é nesse período que ela tem o desenvolvimento sem esforço. Independente do período e da cultura, as crianças sempre brincaram e brincam, ou seja, elas vão brincar e instruir-se da forma que mais gostam, brincando. De acordo com o RCNEI (1998), a tendência contemporânea da educação é não perder o aspecto lúdico de vista. A criança comunicase pelo brincar e por meio dele torna-se operativa. Assim quando uma criança brinca, ela reorganiza pensamentos e sentimentos, associação e o ambiente, linguagem e sentidos. Atividades de prazer precisam fazer parte do cotidiano da criança. Dentro de um ponto de vista educacional, o brincar pode expor distintos modos e abordagens. É plausível compreender que ele está presente em todas as extensões da vida do ser humano e, sobretudo na vida das crianças. Pode-se garantir que “brincar é viver”, pois a criança aprende a brincar brincando e brinca aprendendo (SANTOS, 2011, p.111). Para Santos (2011), “brincar é viver” é uma afirmação bastante empregada e aceita, pois a oportuna história da humanidade nos exibiu que as crianças sempre brincaram, brincam até agora e, seguramente, permanecerão brincando. A apresentação das brincadeiras na Educação Infantil, de acordo com o RCNEI (1998), tem por desígnio servir de suporte para várias finalidades, como a concepção de hábitos, maneiras e conduta. Objetiva também operar na memorização de conteúdos concernentes a números, letras do alfabeto, cores, dentre outros, traduzidos em 184 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF canção. Estas canções costumam ser seguidas de sinais corporais, copiados pelas crianças de formato físico e estereotipada. O jogo A palavra jogo apresenta muitas facetas, destacamos a brincadeira, a diversão e a competição, pois são partes de interesse no que se refere à educação infantil. A definição de jogo segundo o dicionário Houaiss,: 1 – agitação: movimento, oscilação; 2 – aposta: lance, mão, parada, partida; 3 – ardil: astúcia, 4 – balanço: oscilação; 5 – brincadeira: folguedo, folia, reinação; 6 – coleção: conjunto; 7 – combate: certame, luta, peleja, pugna; 8 – diversão: divertimento; 9 – escárnio: grocejo, motejo, troça, zombaria; 10 – funcionamento: movimento; 11 – inconstância: capricho, instabilidade, irregularidade, variabilidade, volubilidade, constância, evariabilidade, regularidade; 12 – joguete: ludibrio; 13 – manejo: manobra, manuseio; 14 – movimento: destreza, habilidade, mobilidade; 15 – partida: certame, competição, espetáculo, peleja, jogo de cartas: carteado. (HOUAISS, 2003, p.400) Para o autor a criança define os seus conhecimentos de acordo com o período, ela não percebe o que é jogo por si próprio. É imprescindível que ela entenda o que é jogar, e essa concepção se dá por meio de um intermediário que estará conduzindo as configurações de como realizar as atividades de combinação com as normas instituídas pelo jogo. No entanto involuntariamente as regras e as suas particularidades a palavra jogo não perde a sua qualificação, quando proferida a palavra sua identificação trata-se do jogo em si e não nas suas peculiaridades. Já para (ARAÚJO 1992, p.13): O jogo toma um aspecto muito significativo no momento em que ele se desvincula de ser meio para atingir a um fim qualquer. Revendo a história do jogo, certificamo-nos de que sua importância foi percebida em todos os tempos, principalmente quando se apresentava com fator essencial na construção da personalidade da criança. Para o autor os jogos educativos são aqueles que oferecidos para o desenvolvimento das crianças e na maioria das vezes são Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 185 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA direcionados para a educação infantil. São repartidos em dois grupos: os de enredo e os de regulamentos. Os primeiros são chamados de jogo imaginativo como, por exemplo, as fábulas; essa modalidade incita o desenvolvimento cognitivo e afetivo-social da criança, pois elas vivenciam o desempenho do adulto. Quanto o segundo pode-se mencionar o jogo de dominó; neste a fantasia esta restringida, pois são as leis que orientam o jogo, estabelecendo prudência para o seu desenvolvimento. Quando o professor recorre aos jogos, ele está instituindo na sala de aula um ambiente de motivação que deixa livre os alunos para compartilharem ativamente do método de ensino, assimilando conhecimentos e subsídios, incorporando costumes e importâncias. Para que a aprendizagem incida de forma natural é imprescindível respeitar e desempenhar o movimento humano, respeitando a bagagem espontânea de conhecimento da criança. Seu mundo cultural, movimentos, atitudes lúdicas, criações e fantasias. O brinquedo e as brincadeiras Para a criança, o brincar é a atividade principal do cotidiano. É imprescindível porque dá a criança a capacidade de assumir resoluções, mostrar os sentimentos e apegos, reconhecer a si, aos outros e o mundo, de reproduzir atos prazerosos, de dividir, expressar sua personalidade e identidade por meio de diversas linguagens, de utilizar o corpo, os sentidos, os movimentos, de resolver problemas e inventar (KISHIMOTO, 2010). Ao brincar, Kishimoto (2010) cita em seu artigo que a criança saboreia o domínio de descobrir o mundo dos elementos, dos indivíduos, da natureza e da cultura, para compreendê-lo e expressálo por meio de diversas linguagens. Mas é no plano da fantasia que o brincar se realça pela mobilização dos significados. Por fim, sua estima se pauta com a tradição da infância, que põe a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, aprender e se desenvolver. A educação infantil pode estar incluída como o brincar livre e o conduzido. É necessário desconstruir essa visão equivocada para pensar na criança completamente, que, em sua subjetividade, aproveita a liberdade que tem para escolher um brinquedo para brincar e a mediação do adulto ou de outra criança, para aprender 186 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF novas brincadeiras. A criança não nasce sabendo brincar, ela precisa aprender, por meio das interações com outras crianças e com os adultos. Ela descobre, em contato com objetos e brinquedos, certas formas de uso desses materiais. Observando outras crianças e as intervenções da professora, ela aprende novas brincadeiras e suas regras (KISHIMOTO, 2010). Segundo Vygotsky (1998), o brinquedo tem inseparável afinidade com o desenvolvimento infantil, principalmente na idade pré-escolar. Apesar de os autores não o apreciem como o único aspecto dominante na infância, é o brinquedo que adéqua o maior progresso na habilidade cognitiva da criança. É por meio do brinquedo que a criança se molda ao mundo real, doma os conhecimentos, se inclui e se unifica culturalmente. Ao brincar e inventar uma situação fantasiosa, a criança pode adotar distintos papéis: ela pode se tornar um adulto, outra criança, um animal, ou um herói televisivo; ela pode modificar o seu comportamento e agir e se comportar como se ela fosse mais velha do que verdadeiramente é, pois ao simular o papel de “mãe”, ela irá adotar as regras de conduta maternal, porquanto agora ela pode ser a “mãe”, e ela procura agir como uma mãe age. É no brinquedo que a criança consegue ir além do seu comportamento habitual, atuando num nível superior ao que ela realmente se encontra. É indispensável que a criança sinta-se atraída pelo brinquedo e cabe-nos mostrar a ela as possibilidades de exploração que ele oferece, permitindo tempo para observar e motivar-se. A criança deve explorar livremente o brinquedo, mesmo que a exploração não seja a que esperávamos. Não nos cabe interromper o pensamento da criança ou atrapalhar a simbolização que está fazendo. Devemos nos limitar a sugerir, a estimular, a explicar, sem impor nossa forma de agir, para que a criança aprenda descobrindo e compreendendo, e não por simples imitação. A participação do adulto é para ouvir, motivá-la a falar, pensar e inventar. Brincando, a criança desenvolve seu senso de companheirismo. Jogando com amigos, aprende a conviver, ganhando ou perdendo, procurando aprender regras e conseguir uma participação satisfatória (PEDROSO et al., 2016. p.11). Devemos perceber que quando se fala em brincar deve-se compreender a importância de um tempo no dia-a-dia das crianças designado a um brincar de qualidade, em um espaço apropriado, com materiais importantes para as crianças e que instiguem a criatividade. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 187 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3. CONCLUSÃO Assim sendo, tais atividades necessitam ser levadas a sério pelos profissionais que trabalham especialmente na educação infantil, pois se faz importante reconhecer o emprego do lúdico no desenvolvimento infantil, uma vez que não se tem aí apenas meras brincadeiras que educam e formam o sujeito, seguindo a evolução física e mental deste e colaborando para a sua maturação, mas sim, o uso, de maneira mais apropriada, de tudo aquilo que torna o lúdico. O brincar torna-se a atividade principal da educação infantil. 4. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Vânia Carvalho de. O jogo no contexto da educação psicomotora. São Paulo: Cortez, 1992. BIBIANO, Bianca. Jogos e brincadeiras. Disponivel em: http:// acervo.novaescola.org.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/jogocomparacao-quantidades-613014.shtml Acesso em 02 set 2016. BRASIL. Referencial Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, vol. 1-3. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos E Brincadeiras Na Educação Infantil. ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais Belo Horizonte, novembro de 2010. Disponível em http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7155-2-3brinquedos-brincadeiras-tizuko-morchida/file Acesso em 31 ago 2016. PEDROSO, Crislaine de Andrade et al. Papel do brinquedo no desenvolvimento infantil. Disponivel em: http://scelisul.com.br/ cursos/graduacao/PD/artigo2.pdf Acesso em 31 ago 2016. SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. VELASCO, Calcida Gonsalves. Brincar: o despertar psicomotor, Rio de Janeiro: Sprit, 1996. VYGOTSKY, L.S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998 188 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR: APROVA COMO INSTRUMENTO AVALIATIVO ANDRADE, Lucila Cristina Paladin1 BARROS, Mariana Spadoto2 RESUMO Este artigo aborda a avaliação da aprendizagem escolar no ensino fundamental 1, ou seja do primeiro ao quinto ano, discutindo a prova como um instrumento avaliativo de forma a corroborar com o trabalho docente. Para tanto, fundamentado em Luckesi (2008; 2.014), apresenta uma reflexão teórica sobre o tema e algumas implicações pedagógicas dela decorrentes. Procura contribuir com métodos que podem ser empregados para realizar um processo de avaliação que contemplem todos os educandos na sala de aula, desse modo, traz algumas indicações para o momento de preparar uma avaliação e a prova como um instrumento de diagnóstico. Palavras-Chave: EDUCAÇÃO. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR. PROVA ABSTRACT This article discusses the assessment of school learning in elementary school 1, ie the first to the fifth year, arguing the 1 2 Discente do curso de Pedagogia da FAEF: [email protected]. Docente do curso de Pedagogia da FAEF: [email protected]. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 189 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA evidence as an evaluative tool in order to corroborate the teaching. Therefore, based on Luckesi (2008; 2014), presents a theoretical reflection on the subject and some pedagogical implications arising from it. Seeks to contribute to methods that can be employed to carry out an evaluation process that include all students in the classroom, thereby brings some indications for the time to prepare an evaluation and the test as a diagnostic tool. Key Words: EDUCATION.SCHOOL LEARNING ASSESSMENT. TEST. 1 INTRODUÇÃO Este artigo visa refletir sobre a importância da avaliação no cotidiano escolar; como a avaliação pode contribuir de forma significativa para a aprendizagem dos educandos e seu desenvolvimento global. Além disso, como a avaliação pode orientar o trabalho docente na melhoria da qualidade de ensino. O interesse pelo tema partiu da experiência nos estágios obrigatórios propostos pela faculdade na formação do curso de Pedagogia. Durante os últimos anos na faculdade, vemos muita teoria acerca do tema, disciplinas que abrangem o conhecimento, porém, como estudantes e pesquisadores, ficam as questões: de fato, como o professor avalia os educandos? Qual a importância da prova neste contexto? São questões que nos fazem refletir, e despertar um enorme interesse de saber como funciona na prática, confrontar teoria e prática pedagógica. Outro fator que intensificou nosso desejo de entender este objeto de estudo decorre da preocupação com a nossa formação. Sendo agora pedagogas, quais metodologias avaliativas iremos adotar como docentes. Pensamos que ao aprofundar os estudos dentro do tema, teremos condições satisfatórias para como futuras pedagogas trabalhar em sala de aula. Desmistificar o pavor com relação às provas, enxergá-la como um instrumento que agrega e corrobora com o trabalho docente. Sendo assim, diante dos estudos atuais em educação, a prova pode ainda ser considerada como instrumento avaliativo eficiente. Dentre os diversos processos avaliativos, a prova pode configurar190 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF se como instrumento avaliativo, mas não dá conta sozinha da avaliação formativa. Para realização do trabalho faremos uma pesquisa bibliográfica teórica pesquisando autores como: Hoffmann, Perrenoud, Luckesi entre outros que abordam as perspectivas atuais acerca do tema. O presente artigo está dividido em três partes: na primeira parte, abordamos a prova como instrumento avaliativo, na segunda parte, o que é a prova escolar e para finalizar, a prova como instrumento avaliativo diagnóstico: ressignificando seu uso. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 A Prova como Instrumento Avaliativo Neste artigo, pretendemos discutir a prova como um instrumento avaliativo que pode ser eficiente, desde que ligada aos objetivos coerentes e utilizada de maneira à acrescentar ao diagnóstico do professor pistas para novas propostas metodológicas em sala de aula, sempre buscando uma melhor aprendizagem. 2.1.2 O que é prova escolar? As escolas brasileiras exploram as provas da seguinte maneira: de acordo com o conteúdo estudado em sala de aula e demais atividades complementares, além de tarefas de casa, os professores, mesmo os que trabalham com sistemas apostilados, em escolas particulares, têm a liberdade de elaborar a sua prova, com a aprovação do coordenador pedagógico da escola. Assim, as provas trazem um resultado, gerando uma nota ou conceito. Geralmente, há uma prova com dez questões valendo 10 pontos, assim, cada questão vale um ponto. Se o aluno acertar oito questões, vai obter a nota oito na prova. As escolas seguem uma média de corte. Por exemplo: média sete. Se o aluno tirar uma nota superior a sete, no final do ano letivo, está aprovado, se inferior, está reprovado. Algumas escolas, principalmente no primeiro ano, adotam um conceito mais abrangente. Por exemplo: Excelente, Muito Bom, Bom, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 191 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Regular e Insatisfatório. Assim sendo, em uma prova com 10 questões, quem acertou entre nove ou 10 obterá o conceito Excelente; sete e oito, Muito Bom; cinco e seis, Bom; três e quatro, Regular; um e dois, insatisfatório. Essa forma de utilizar as provas classifica os alunos entre aprovados e reprovados, em um sistema em que as provas verificam se o aluno “aprendeu” ou não determinado conteúdo. Os pais dos bons alunos, os que obtêm as melhores notas, no geral, dão privilégios aos filhos, como presentes. Neste contexto, tais alunos passam a se esforçar para obter a nota. Assim que alcançam os resultados almejados, “viram a página”, e passam para a meta subsequente. Houve aprendizado ou seria um processo mnemônico dos exercícios realizados em sala anteriormente? Afinal, a prova nada mais é do que a cópia fiel do conteúdo trabalhado em sala, o que muda são os meios de apresentação, porém, o resultado final é o mesmo conteúdo. No caso do aluno que não atinge a média exigida, em muitas instituições ele é encaminhado para uma recuperação, para que estude mais para melhorar a nota. Refletindo: melhorar a nota garante aprendizagem? O que importa é obter nota para passar para aos anos subsequentes e não, de fato aprender, compreender, dar sentido, significado. A avaliação envolve um ato que ultrapassa a verificação. Para Luckesi (2008), a efetiva aprendizagem dos conhecimentos mínimos necessários envolve o desenvolvimento de habilidades, hábitos e convicções, não mensuráveis por uma prova escrita. Já ouvimos durante nossa vida de estudantes várias frases como: “Nossa! Já fechei a nota nessa matéria, não preciso mais estudar”. Pais frequentemente dizem para seus filhos: “Precisa melhor a nota!”. A nota pouco diz sobre o desenvolvimento do aluno. Vejamos: em uma prova de Matemática , em que o conteúdo é adição e subtração, o aluno tira 10. Na prova seguinte, em que o conteúdo é multiplicação e divisão, ele tira dois. A média, neste caso, seis, é satisfatória para ele seguir nos estudos para a etapa seguinte, porém, esse aluno não aprendeu multiplicação e divisão, ele aprendeu adição e subtração. Ele não aprendeu o que era necessário, mas é considerado apto a continuar. 192 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O professor, com o olhar avaliativo, deve estabelecer o mínimo necessário de aprendizagem do aluno, isso não significa que deve trabalhar com o mínimo, porém, deve estabelecer que todos os alunos da sala adquiram o mínimo para seguir com os conteúdos, ou seja, deverá utilizar várias metodologias de ensino para que os alunos construam conhecimento pleno e tenham desenvolvimento global, em seus aspectos físico, cognitivo e intelectual. 2. 1. 3 A Prova como instrumento avaliativo diagnóstico: ressignificando seu uso A prova pode ser ressignificada em um instrumento avaliativo valoroso, desde que explorada de forma a auxiliar o trabalho docente. Em sua obra mais recente denominada Sobre Notas Escolares, Luckesi (2014) aborda a prova como um instrumento de coleta de dados para avaliação da aprendizagem de determinados conteúdos. E como tal, precisa seguir rígida sistematização: Um instrumento de coleta de dados sobre o desempenho do educando em sua aprendizagem que não tenha sido elaborado com um mínimo de rigor, metodológico – com as características de sistematicidade, linguagem compreensível, compatibilidade entre o ensinado e o aprendido, precisão – não terá condições de demonstrar a aprendizagem do educando. (LUCKESI, 2014, p. 79). Para o mesmo autor, “[...] A Avaliação, como um ato de investigar a qualidade da realidade, à semelhança de toda e qualquer investigação, necessita de dados que sustentem a compreensão que ela revela da realidade, que, no caso, se expressa como “leitura da qualidade da realidade” (LUCKESI, 2014 p. 70). Luckesi (2014) coloca alguns importantes aspectos a serem considerados na elaboração da prova. Por sistematicidade, Luckesi (2014) entende que o que o professor vai pedir na prova não pode ser escolhido aleatoriamente, um conteúdo aqui, outro ali, mas deve seguir uma ordem, de acordo com o conteúdo estudado em sala, nos livros didáticos. Do contrário, o aluno poderá se perder ao realizar a prova, não fará sentido a ele, podendo errar e sair prejudicado. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 193 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Deve haver uma Linguagem compreensível, isto é, muitas vezes o professor ensina de uma forma, usa uma linguagem simples, coloquial, de fácil entendimento dos alunos, e na prova, adota uma linguagem mais culta e elaborada, diferente da usada em classe. Assim, os alunos poderão errar simplesmente porque não entenderam o que o professor pediu no enunciado do exercício. Compatibilidade entre o ensinado e o aprendido: pode ocorrer inúmeras incompatibilidades na realização de uma prova. Por exemplo, ensina-se simples e pede complexo, ensina com uma metodologia e pede outra. Precisão: quando a professora coloca na prova perguntas vagas, que o aluno não tem certeza de qual assunto está sendo solicitado, ou seja, pergunta imprecisa, cada um poderá responder a partir do seu entendimento. Essas distorções no momento das provas avaliativas poderão trazer resultados enganosos, e prejudicar as notas escolares, o bom andamento da sala e principalmente o trabalho pedagógico do professor, sem a possibilidade de reflexão sobre as metodologias adotadas. Em sua obra Conversas com um Jovem Professor, Karnal (2012) traz algumas indicações para o momento de preparar uma avaliação. Variar a forma, ou seja não devemos seguir um modelo de avaliação, pois isso, poderá favorecer apenas um grupo de alunos, então devemos variar a forma de avaliar, assim, se dermos uma prova objetiva, na próxima faremos uma prova mais dissertativa, entre tantas outras formas de avaliação, prova oral, seminários em grupo. Colocar instruções essenciais na prova: Não polua a prova com muitas instruções desnecessárias, isso pode confundir os alunos. Faça uma prova clara e objetiva. Começar a prova com uma questão fácil ou lúdica, isso pode acalmar o aluno, que vai seguir nas próximas questões com mais confiança. Calcular bem a quantidade de questões adequada ao tempo da prova, cuidado com provas muito longas e cansativas, sempre haverá o aluno que vai entregar a prova em dez minutos e o aluno que o 194 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF professor irá arrancar a prova no final da aula. Utilizar exemplos dados em aula para construir um diálogo com o aluno que está fazendo a prova. Seja claro no que você quer do aluno, não utilize verbos como “comente”, afinal qualquer comentário do aluno, descrito na prova, vai valer como resposta. Terminando de elaborar a prova, leia várias vezes, observe erros de português, pois qualquer erro na prova causará tumulto na sala de aula. Avaliar é observar o aluno, e a sala de aula como um todo, acompanhar a qualidade de um processo. Se necessário, mudar as ações para que haja aprendizado. Diante desta inovação pedagógica, muitos professores se sentem ameaçados e incapazes de avaliar os alunos em um ambiente fora da prova, como, por exemplo, em atividades em grupo, na construção de maquetes, ou medição do pátio escola. Torna-se, para este professor, difícil atribuir uma nota individual e avaliar o aluno sem um documento formal e fiel aos conteúdos estudados. Mesmo os alunos, culturalmente habituados à prova, diante dessas atividades, se sentem em um momento de lazer, não dando a devida importância à atividade, afinal, para ele, o que tem peso são as notas dadas nas provas. De acordo com as perspectivas inovadoras da Pedagogia, já apresentadas, a prova escolar deve assumir uma função de colaborar com o trabalho docente pedagógico, indo além de verificação, proporcionando uma reflexão ampla sobre metodologias de ensino e problematização dos conteúdos. O erro é construtivo, sendo uma oportunidade de aprendizagem, pois o aluno aprende com seu erro. Se ao realizar uma conta matemática o aluno erra o resultado porque se atrapalhou no meio do cálculo, esta é uma excelente oportunidade de aprendizado e reflexão por parte do aluno, que terá a oportunidade de ver onde errou, e assim, aprender. Quanto ao professor, pode explorar outras formas de ensinar, novas metodologias. Muitas vezes o aluno não aprendeu não só porque ele não estudou, a causa pode estar nas atividades propostas. Neste sentido, o professor poderá adotar diferentes estratégias, com atividades mais práticas, contextualizadas à realidade do aluno. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 195 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Como já dissemos, a preocupação de alunos, pais, e muitos professores, ainda são as notas escolares. Mas fica evidente que a aprendizagem não está relacionada às notas escolares. “Elaborar e utilizar instrumentos de coleta de dados, elaborados com rigor metodológico, pode nos revelar, com precisão onde os educandos estão com dificuldades. Não necessitarão de ajuda em todos os conteúdos ensinados, mas somente naqueles que ainda não foram aprendidos.” (LUCKESI, 2014, p. 115). O trabalho do professor é principalmente ter um olhar avaliativo sempre, durante a aula, ao ensinar um exercício, um aluno que aprendeu pode auxiliar um outro aluno que não aprendeu o conteúdo. O professor só pode dar continuidade ao assunto quando seus alunos adquiriram aprendizagem plena, e não deixar para outra oportunidade. As notas são registros para documento da escola, porém, não são o principal, são consequências dos processos trabalhados durante o ano letivo. O principal é a aprendizagem do aluno, e as formas de avaliar para obter as notas são inúmeras e podem favorecer a todos os alunos. Pode-se criar um tipo de registro diário dos alunos, com anotações relevantes para compor a avaliação, pois avaliar é acompanhar o estudante dentro da sala de aula, criando condições e situações de aprendizagem. A prova surpresa ou atividade para nota pode ser uma forma de avaliar positivamente, quando a professora aplica como um reforço do que acabaram de estudar, facilitando que os alunos possam assimilar melhor o conteúdo. Os novos profissionais da Pedagogia têm, assim, um desafio: como fazer esses registros? Os professores tem que ficar atentos para não se perderem com tantos relatórios, não generalizar a sala, ter um olhar criterioso para cada aluno. Segundo Hoffmann (2.001), as tarefas avaliativas são elaboradas tendo como objetivo principal sua finalidade, a clareza e intenções do professor, e onde o professor pretende chegar com determinada atividade. Segue exemplo de atividade avaliativa: 196 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF FIGURA 1 - Exemplo de prova realizada por alunos de quinto ano do Ensino Fundamental MATEMÁTICA 5º ANO João participou de um campeonato de judô na categoria juvenil, pesando 45,350kg. Cinco meses depois estava 3,150kg mais pesado e precisou mudar de categoria. Quanto ele estava pesando nesse período? (A) 14,250kg (B) 40,850kg (C) 48,500kg (D) 76,450kg ________________________________________ Para uma temporada curta, chegou à cidade o circo Fantasia, com palhaços, mágicos e acrobatas. O circo abrirá suas portas ao público às 9 horas e ficará aberto durante 9 horas e meia. A que horas o circo fechará? (A) 16h30 (B) 17h30 (C) 17h45 (D) 18h30 ________________________________________ Um dia tem 24 horas, 1 hora tem 60 minutos e 1 minuto tem 60 segundos. Que fração da hora corresponde a 35 minutos? (A) 7/4 (B) 7/12 (C) 35/24 (D) 60/35 FONTE: http://portal.mec.gov.br CONSIDERAÇÕES FINAIS Do estudo realizado, concluímos que há uma preocupação em novas metodologias de avaliação escolar que possam colaborar com o trabalho docente e principalmente ser justo ao desempenho escolar dos alunos. Fazendo da prova um importante instrumento avaliativo, porém não o único. Para desenvolver este artigo foram usados livros, conteúdos que a professora disponibilizou em sala de aula, conteúdos explicados por ela e material da internet. Não encontramos grandes dificuldades Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 197 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA para realizar tal pesquisa, pois é disciplina da grade curricular do curso de Pedagogia e existe um extenso material de autores renomados sobre o tema. Em síntese, a avaliação é um processo contínuo dentro das salas de aulas nas escolas; o professor tem condições, pela vivencia no cotidiano, de conhecer cada educando e, dessa forma, explorar o seu potencial e trabalhar diferentes metodologias diante das dificuldades dos educandos. A prova se torna um instrumento avaliativo, porém não o único, e principalmente deve ser um instrumento norteador do trabalho docente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HOFFMANN, JUSSARA. Avaliar para promover: as setas do caminho / Porto Alegre: Mediação, 2001. LUCKESI, CIPRIANO CARLOS. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições / 19 ed. – São Paulo: Cortez, 2008. LUCKESI, CIPRIANO CARLOS. Sobre Notas Escolares: distorções e possibilidades / São Paulo: Cortez, 2014. PERRENOUD, PHILIPPE. Avaliação da Excelência à regulação das aprendizagens – entre duas lógicas / Porto Alegre: Artmed, 1999. . 198 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF AVALIAÇÃO DOS ALUNOS EGRESSOS DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UNESP/MARÍLIA SOBRE FORMAÇÃO NA PERSPECTIVA INCLUSIVA POKER, Rosimar Bortolini1 VALENTIM, Fernanda Oscar Dourado2 GARLA, Isadora Almeida3 RESUMO O debate sobre a implementação de um sistema escolar inclusivo no Brasil vem se consolidando desde a década de 90. Nesse contexto a pesquisa pretendeu avaliar os aspectos positivos e negativos da formação de professores, os quais têm papel fundamental para a efetivação da política educacional inclusiva. O estudo analisou a qualidade do curso de Pedagogia da FFC-UNESP/Marília, sendo participantes alunos egressos, da nova grade curricular, formados entre 2011 a 2013. A boa fundamentação teórica foi o principal ponto positivo do curso e, a falta de relação entre a teoria e a prática foi apontado como o principal ponto negativo. Palavras-chave: Avaliação de egressos; curso de Pedagogia; inclusão escolar. 1 Docente do curso de Pedagogia da FFC – Unesp – campus de Marília/SP, email: [email protected] 2 Docente do curso de Pedagogia da faculdade FAEF – Garça/SP, email: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia da FFC – Unesp – campus de Marília/SP, email: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 199 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT The debate on the implementation of an inclusive school system in Brazil has been consolidating since the 90s this context the research aimed to evaluate the positive and negative aspects of teacher training, which play a fundamental role for the realization of inclusive education policy. The study examined the quality of the Faculty of Education of FFC-UNESP/Marilia, with participating students graduating, the new curriculum, formed between 2011 and 2013. The good theoretical foundation was the main plus point of the course, and the lack of relationship between theory and practice was appointed as the main negative point. Keywords: Evaluation of graduates; Faculty of Education; school inclusion. 1. INTRODUÇÃO Desde a década de 90 a política educacional brasileira, influenciada por documentos internacionais que defendem os direitos humanos fundamentais, assume e passa a implementar a inclusão escolar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, em 2001 e a Resolução CNE/CP nº 1/2002 que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura indicam que a escola e a formação dos professores devem seguir uma orientação baseada no paradigma inclusivo, assim como as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação de Pedagogia (CNE/ CP nº1/2006). Em 2008, foi promulgada a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008 e, ainda, a nova Lei nº 13.146 de 2015, que Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Apesar desse movimento de inclusão educacional no Brasil estar amparado nas normativas legais, é notório o despreparo dos professores e dos gestores dos diferentes níveis de ensino para garantir a acessibilidade física, atitudinal e curricular dos alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas. Pesquisas de 200 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Naujorks (2002), Vitaliano (2010); Rodrigues (2008); Ferreira (2006); Santos (2007) demonstraram isso. A formação do professor constitui-se no elemento chave capaz de viabilizar a implementação de uma escola que se pauta na equidade, no trabalho colaborativo, na solidariedade, na interdisciplinaridade, na criatividade, no uso de recursos, estratégias e metodologias diversificadas. Segundo Tricoli (2002, p. 98) “[…] para que um professor possa oferecer uma boa formação para seus alunos, ele precisa também estar bem formado” (apud BARBOSAVIOTO; VITALIANO, 2013, p. 355). Entretanto, ainda há uma falta de instrumentalização para que o professor possa fundamentar e estruturar sua prática, no intuito de atender às todas as necessidades educacionais especiais dos alunos. Considerando as exigências engendradas pelo ensino, é urgente o redirecionamento do modelo de formação de professores no sentido de amenizar o descompasso existente entre os princípios teóricos propostos da pedagogia inclusiva, e sua materialização nas escolas e nas salas de aula. A atuação docente deve ser mais diversificada, criativa e complexa, tendo que abranger diferentes níveis de alunos com condições também diversificadas de aprendizagem. Cabe então aos cursos de formação de professores uma proposta pedagógica direcionada à diversidade “a universidade é um lugar onde os valores e práticas de educação inclusiva precisam ser vivenciadas” (CASTANHO; FREITAS, 2005, p. 85). Diante da complexidade do problema, nesta pesquisa, pretendeuse avaliar a qualidade da formação recebida pelos egressos da nova grade curricular do curso de Pedagogia da FFC – Unesp/Marília, para atender exigências e atuar em um modelo educacional inclusivo, por meio da identificação de pontos positivos e pontos negativos da formação, bem como sugestões para a melhoria do referido curso. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. Material e métodos A pesquisa constituiu-se em um estudo de caso, que analisou um curso de Pedagogia podendo sua análise permitir a generalização de ideias. O estudo foi realizado com todos os 272 alunos egressos Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 201 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA das turmas de 2011, 2012 e 2013 do Curso de Pedagogia da FFC Unesp/Marília, submetidos à nova grade curricular instituída em 2007. Dos 272 emails enviados, 15 apresentaram problemas, 255 acusaram recebimento e 46 professores aceitaram responder ao questionário, totalizando uma amostra de 17%. Todos respondentes eram do sexo feminino e encontravam-se na faixa etária entre os 20 e 30 anos de idade. A pesquisa teve aprovação do Comitê de Ética, da FFC – Unesp/ Marília sob o nº CAAE 42779115.7.0000.5406. A coleta se deu por meio da aplicação de um questionário com três perguntas abertas, via plataforma Google Forms, que trataram da percepção e avaliação dos professores (pontos positivos e negativos do curso de Pedagogia), e sugestões de conteúdos que poderiam ser incorporados ao mesmo. Cada professor poderia apontar a quantidade desejada de pontos positivos, de pontos negativos e de sugestões. Neste trabalho, considerou-se o aluno com NEEs, o público alvo da Educação Especial, ou seja, alunos com deficiência, com transtornos globais de desenvolvimento e alunos com altas habilidades/superdotação. 2.2. Resultados e discussão Acerca dos pontos positivos na formação do professor, apontados pelos 46 respondentes, houve a incidência de 72 respostas. Dentre estas, a maior incidência (14 respostas), tratou da presença do tema “adequações curriculares” no curso. Os egressos revelaram que consideram muito importante o desenvolvimento desse tema focando a construção do Projeto Político Pedagógico na perspectiva inclusiva, a adaptação de currículos e materiais e, ainda, a adequação frente a alunos com grandes dificuldades de aprendizagem. De fato, neste Curso de Pedagogia, há na grade curricular uma disciplina intitulada “Currículos e as NEEs” de 75 horas/aula, em que constam conteúdos relacionados com tipos e níveis de adequações curriculares, Projeto Político Pedagogico inclusivo e conceituação e elaborção do documento de Adequação Curricular Individual. Interessante notar que os egressos identificaram que tais conteudos são imprescindíveis para uma prática pedagógica inclusiva. Parece que há uma consciência da necessidade de adequar a escola ao aluno respeitando suas condições e valorizando suas competências, 202 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF o que está de acordo com a política educacional inclusiva vigente no país. O segundo aspecto positivo mais apontado pelos professores (12 respostas) refere-se a fundamentação teórica que o curso proporciona aos alunos. Os egressos reconhecem a importância do conhecimento a respeito dos aspectos legais, políticos, filosóficos e históricos para a efetivação de uma prática pedagógica inclusiva. Em relação ao terceiro ponto positivo mais apontado constatase que aparecem quatro categorias diferentes com seis respostas em cada uma delas: 1- professores que apontaram que o curso ensina quais são os caminhos e atitudes a serem tomados frente ao aluno com NEE; 2- professores que apontaram que o curso ofereceu conhecimento sobre as especificidades das deficiências e sobre a caracterização dos alunos com NEE; 3- professores que demonstraram que o curso fomenta a atividade de pesquisa vinculada à temática da educação especial, valorizando a busca pelo conhecimento e o aprofundamento do mesmo com indicação de referências bibliográficas e sites da área da educação especial; 4- professores que indicaram que o curso tratou do uso de recursos e da oferta de oportunidades diferenciadas respeitando-se a necessidade educacional do aluno. Outro bloco de respostas, considerado o quarto ponto positivo do curso refere-se a uma variedade de aspectos. Respostas que apontaram que o curso ajudou a desmistificar o conceito de deficiência permitindo um olhar mais humano de forma a combater o preconceito e a discriminação; respostas que destacaram que o curso proporcionou a vinculação entre teoria e prática e, por fim, respostas que apontaram que o curso tratou da questão da acessibilidade física e atitudinal e como acolher o aluno com NEEs. A questão da presença do conhecimento de Libras – Língua Brasileira de Sinais, foi apontada como ponto positivo do curso em três respostas. Verifica-se que os professores reconhecem que é necessário ter contato com uma nova linguagem, como a Libras, para poder interagir com o aluno com surdez. Outro ponto positivo revelado em duas respostas indicaram que o curso promove uma formação em que o futuro professor aprende como obter auxílio de outros profissionais da educação e da saúde. Por fim, com o menor índice de incidência, no caso, com uma resposta cada, foram Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 203 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA apontados como pontos positivos: o conhecimento a respeito da diferença entre inclusão e integração; o feedback dos professores da faculdade mesmo depois do término do curso; o conhecimento sobre comunicação alternativa e sobre ética e resiliência. Em relação aos pontos negativos houve grande concentração de respostas (36) em um único aspecto: a falha que o curso apresenta na vinculação entre a teoria e a prática. As respostas manifestadas pelos professores enfatizaram que o curso não contempla adequadamente a prática pedagógica junto com os alunos com deficiência; que há pouca observação prática de alunos com NEEs; que não existem oportunidades de visitas às Salas de Recursos Multifuncionais em que os alunos com deficiência são atendidos pelos professores especializados; que faltaram mais aulas práticas de Libras; que não há estágio na área da educação especial; que o estágio obrigatório existente não favorece experiências com alunos com deficiência; que muitas vezes, não se demonstra como os conteúdos teóricos desenvolvidos poderiam ser aplicados na prática da sala de aula. Em síntese, constatou-se que a grande maioria das respostas aponta para um sério problema do curso: a aplicação prática dos conteúdos desenvolvidos havendo grande distanciamento entre teoria e prática. Um segundo ponto negativo refere-se a questão do escasso tempo existente na grade curricular do curso para desenvolver de forma mais aprofundada, os conteúdos relacionados com a educação especial e educação inclusiva. Dos 74 pontos negativos apontados, 26 referiram que faltou tempo dentro das disciplinas para um aprofundamento dos temas trabalhados considerando as especificidades das deficiências; que o curso não aprofundou o trabalho de parceria com as famílias dos alunos com NEEs e nem com a equipe interdisciplinar; que faltou desenvolver melhor aspectos relacionados com a inclusão de alunos com deficiência na educação infantil e, ainda, que faltou tempo para se trabalhar com a criação e elaboração de materiais didáticos adaptados. A questão do término da habilitação em educação especial vinculada ao Curso de Pedagogia, também foi apontado como ponto negativo do curso, por três egressos. Tal é estranha pois desde 2006, de acordo com a legislação vigente, as habilitações nos cursos de licenciaturas tiveram que ser extintas. Outros pontos negativos 204 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF apontados pelos professores em número bem mais reduzido (2 respostas cada) foram: que o curso mostra o recurso mas não o uso pedagógico que deve ser feito dele; que alguns professores usam modos obsoletos de ensino e que as disciplinas são pouco proveitosas; que falta parceria com os cursos de Terapia Ocupacional, Fonoaudilogia e Fisioterapia. E, com uma única resposta, foram manifestados os seguintes pontos negativos: que falta integrar o curso de Pedagogia da FFC – Unesp/Marília com os outros cursos de Pedagogia da Unesp; que o curso de Pedagogia poderia desenvolver atividades no Centro de Convivência Infantil da Unidade; que há demora na contratação de professores; que os alunos não se interessam pela educação inclusiva. Em relação às sugestões de conteúdos que poderiam ser incorporados ao Curso de Pedagogia, importantes para a atuação com os alunos com NEEs em sala de aula regular, os 46 professores respondentes apontaram 50 respostas, ou seja, alguns professores manifestaram mais de uma sugestão. A principal sugestão, apontada em 18 respostas, trata da necessidade do curso focar mais a questão prática, com o desenvolvimento de atividades de elaboração e criação de recursos adaptados, de acordo com as diferentes NEEs apresentadas pelos alunos. Outro aspecto sugerido em 12 respostas é o oferecimento do estágio supervisionado obrigatório em salas de Atendimento Educacional Especializado. Apontaram que, com tais experiências, poderiam aprender a avaliar e identificar os alunos com NEEs, a usar materiais adaptados e conhecer o trabalho colaborativo ente professor do AEE e professor da classe comum. Outro elemento sugerido pelos professores, identificado em 4 respostas, trata da questão da readequação curricular e da gestão escolar inclusiva. Sugerem que tais temas sejam melhor desenvolvidos considerando a perspectiva do gestor bem como que o curso deve enfatizar mais o trabalho com as relações interpessoais e o trabalho colaborativo. Três respostas apontaram uma sugestão muito interessante: que as disciplinas de Metodologias (de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História, Geografia), tivessem como preocupação o ensino do aluno com deficiência, transtornos globais de desenvolvimetno e altas habilidades/superdotação. Que os professores pudessem pensar em planos de ensino para desenvolver os conteúdos considerando as Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 205 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA especificidades, também, desse alunado que tem condições diferenciadas de aprendizagem. Estranhamente, apesar do curso enfatizar a parte teórica, dois professores sugeriram um aprofundamento nesse quesito. Outras sugestões pontuais, com uma resposta cada, referem-se a questões diversas. Das dez respostas restantes, nove trataram de inclusão de conteúdos que foram trabalhados de forma superficial ou não foram trabalhados durante o curso comno: acessibilidade em sala de aula; atendimento às famílias; atendimento ao aluno com transtorno de aprendizagem; inclusão na educação infantil; ensino do Braille; trabalho multiprofissional; uso de medicamentos e, trabalho com as Diretrizes Curriculares do Estado de São Paulo. Um professor ainda sugeriu o retorno das habilitações. 3. CONCLUSÃO O estudo permitiu constatar que a nova grade curricular do Curso de Pedagogia da Unesp de Marília tem, de alguma forma, atendido às exigências para a implementação do modelo educacional inclusivo. Isso pode ser constatado pela avaliação dos professores participantes ter apontado vários pontos positivos do curso. Verifica-se que os professores reconhecem a importância dos ajustes no currículo para a efetivação da equidade na sala de aula, bem como a importância do conhecimento a respeito dos princípios filosóficos, legais e políticos da inclusão, ou seja, parece que reconhecem que a mudança da prática pedagógica em sala de aula precisa, necessariamente, estar subsidiada pela mudança de concepção, pela mudança de paradigma que propõe o ensino para a diversidade tendo como base a questão do direito inalienável de todos os alunos, à educação. Entretanto, vale ressaltar que assim como foram destacados os pontos positivos, os professores também apontaram, de forma muito evidente, os pontos nevrálgicos do curso. Dentre os pontos negativos descritos ficam evidentes dois elementos principais que, de alguma forma, se relacionam: a questão da falta de vinculação entre os aspectos teóricos e práticos dos conteúdos desenvolvidos durante o curso e, a total ausência de estágio supervisionado na área da educação especial e/ou inclusiva. Afinal, apesar do curso de Pedagogia da Unesp de Marília ter cinco disciplinas teóricas 206 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF obrigatórias na sua grade curricular que tratam diretamente de temas ligados à educação especial/inclusiva, não proporciona situações de experiências práticas, ou seja, não existe espaço para o desenvolvimento do estágio supervisionado. Nesta direção, é preciso ressaltar que a formação inicial deve ter como objetivo oferecer ao professor a oportunidade de compreender o significado da escola inclusiva e, qual é o seu papel nesse processo com base em uma concepção inovadora de escola, de ensino, de aprendizagem, de currículo e mesmo, de aluno. Todavia, conforme se constatou na pesquisa, há de se considerar e priorizar a vinculação entre os aspectos teóricos e práticos do curso bem como a aplicabilidades dos conteúdos desenvolvidos, fatores considerados primordiais pelos professores. Só assim será possível aproximar a universidade com a realidade educacional vigente. Afinal, o sentido do curso de Pedagogia está justamente aí, em poder viabilizar uma formação capaz de atender aos anseios da atual sociedade que caminha em direção a inclusão. 4. REFERÊNCIAS BARBOSA-VIOTO, J.; VITALIANO, C. R.. Educação inclusiva e formação docente: percepções de formandos em pedagogia. 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Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília: 1996. BRASIL. Resolução CNE/CP nº 01, de 18 de fevereiro de 2002: Institui as diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da educação básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília, DF, 2002. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf Acesso em: 20 julho 2015. CASTANHO, D. M.; FREITAS, S. N. Inclusão e prática docente no ensino superior. Revista Educação Especial, 27 p.85-92, 2005. Disponível em: http://coralx.ufsm.br/revce/ceesp/2006/01/a6.htm. Acesso em: 04 junho 2015. FERREIRA, W. B. Inclusão x exclusão no Brasil: reflexões sobre a formação docente dez anos após Salamanca. In: Inclusão e Educação: doze olhares sobre a educação inclusiva, São Paulo: Summus, p.212236, 2006. 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Formação de professores para inclusão de alunos com Necessidades Educacionais Especiais. Londrina: Editora da Universidade Estadual de Londrina, Eduel. 2010. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 209 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 210 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF BREVE HISTÓRICO DA INSERÇÃO DAS BRINCADEIRAS E DOS JOGOS LÚDICOS NAS ESCOLAS Reginaldo José BARBOZA1 Laene Iara Eugênio CORREIA2 Franciele SOUZA3 RESUMO Nesse artigo abordaremos a importância dos jogos e das brincadeiras lúdicas no auxílio da aprendizagem escolar. Como se sabe, é mediante essas ferramentas didático-pedagógicas que nós, educadores, conseguiremos estimular o processo do aprender, de uma forma que a criança interaja e desenvolva as capacidades afetivas e comunicativas. Assim sendo, para os propósitos desse artigo com base em uma pesquisa bibliográfica, temos como objetivos primeiramente, analisar os métodos pedagógicos que usam as brincadeiras e os jogos lúdicos no ambiente de aprendizagem e, em segundo lugar, conhecer algumas estratégias usadas pelos docentes para integrar esse processo de interação e participação da criança. Palvras-chave: Brincadeira. Crianças. Jogos lúdicos. Pedagogo. 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 211 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT In this article we will cover the importance of games and playful banter in aid of school learning. As is known, it is by these didactic and pedagogical tools that we educators, we can stimulate the process of learning, in a way that children interact and develop the emotional and communication skills. Therefore, for the purposes of this article based on a literature review, we aim to first analyze the pedagogical methods that use games and fun games in the learning environment and, secondly, to know some strategies used by teachers to integrate this process of interaction and child participation. Keywords: Play. Children. Fun games. Pedagogue. 1-INTRODUÇÃO O presente artigo aborda a importância dos jogos e das brincadeiras lúdicas no auxílio da aprendizagem escolar.É mediante essas ferramentas didático-pedagógicas citadas no parágrafo acima que conseguimos estimular o processo do aprender, de uma forma que a criança interage e desenvolve capacidades, como a capacidade psicológica, efetiva e comunicativa. Seguindo essa premissa, procurou se analisar os métodos pedagógicos que usam as brincadeiras e os jogos lúdicos no ambiente de aprendizagem. Buscou-se conhecer as estratégias usadas pelos docentes para integrar esse processo de interação e a participação da criança.Realizando a modalidade de pesquisa bibliográfica tem se como objetivos específicos de conhecer os principais jogos e brincadeiras usados no ambiente escolar, caracterizar o desenvolvimento educacional possibilitado pelos jogos e brincadeiras e ainda apontar como os mesmos contribuem para a preparação da vida adulta.O estudo se pautou nos seguintes problemas de pesquisa: que contribuição os jogos e brincadeiras trazem para a aprendizagem da educação infantil? E a partir dessa indagação, explorar o método.As hipóteses de pesquisa encontraram as seguintes questões: Através dos jogos e brincadeiras a criança aprende de forma prazerosa? Assim também analisamos de que modo os jogos e brincadeiras podem auxiliar o desenvolvimento da aprendizagem das crianças. Conduzimos também essa pesquisa sob a hipótese de considerar se os jogos e as brincadeiras desenvolvem 212 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF a autonomia das crianças e até que ponto isso contribui na descoberta de novos conhecimentos. 2-Histórico das brincadeiras e dos jogos lúdicos na construção do conhecimento Desde os tempos mais remotos, as brincadeiras e os jogos, como forma de recreação, já estavam presentes nos povos como forma de “passatempo”, e isso passado de geração a geração. Friedmann (1996) relata que no final do século XIX, começo do século XX, percebeu-se a importância dos “costumes” infantis. O jogo era considerado uma característica universal de vários povos e conservadorismo das crianças e que nesta época ocorreram inúmeras inovações metodológicas para o estudo do jogo infantil, analisandoo em diversos contextos culturais. Então foi no início dos anos 70 que começou a ser introduzido como ferramenta de trabalho, estimulando nos processos escolares, usando as canções populares e brincadeiras tradicionais para que criassem um vínculo mais facilmente. (...) Se em tempos passados, o jogo era visto como inútil como coisa não séria, depois do romantismo, a partir do século XVIII, o jogo aparece como algo sério e destinado a educar a criança. Outros aspectos relacionados ao trabalho, à inutilidade ou à educação da criança emergem nas várias sociedades em diferentes tempos históricos. Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e modo de vida, que se expressa por meio da linguagem. (KISHIMOTO, 2011, p. 108). Desde então, o assunto vem ganhando uma grande importância no processo de aprendizagem, e também tomando mais espaço entre educadores sendo um assunto de muita relevância á ser estudado. Em diversas áreas os jogos e as brincadeiras lúdicas conquistaram mais espaço não somente na educação como também entre os psicólogos. Ou seja, em vários contextos se estuda o conceito de brincar. 2.1 – Cuidar, Brincar e Educar As propostas didático-pedagógicas no ensino infantil abrangem Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 213 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA muitos aspectos. É na educação infantil que se encontra a etapa básica de formação e estímulo para o conhecimento. Nessa etapa o pedagogo consegue uma aproximação maior com a criança estabelecendo assim um vínculo de cuidado. As brincadeiras “abrem a mente” da criança, passando a ser um método indireto de passar a aprendizagem, se tornando mais eficaz e fácil. Assim, o educador consegue com êxito alcançar seu objetivo que é cuidar, brincar e educar. Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998, p. 23). É com o educador que a criança passa uma grande parte do seu tempo. É um primeiro contato com adultos, por isso há a preocupação em se ter uma relação agradável, entre a criança, o educador e a escola. Deste modo, faz se necessário a construção de um ambiente escolar prazeroso. A criança desenvolverá toda a forma de interagir a partir do que se é estimulada no ambiente escolar. Deste modo, a brincadeira, como já vimos na passagem histórica, desde os tempos mais remotos, é utilizada para desenvolver habilidades das crianças e facilitar a interação com os povos, culturas, além do respeito nas relações interpessoais. (...) Assim, cuidar da criança é, sobretudo dar atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo ás suas necessidades. Isto inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa o que ela sabe sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste conhecimento e de suas habilidades, que aos poucos a tonarão mais independentes e mais autônomas. (BRASIL, 1998, p. 25). O acolhimento das crianças em uma instituição escolar não se baseia apenas no seu bem estar, é preciso entender os valores e as crenças trazidos de suas famílias. 214 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Com a diversidade de famílias que temos hoje passa a ser um desafio para que a criança não de sinta deslocada em meio de tantas outras com tradições diferentes. Neste caso é fundamental que haja uma comunicação da família com a instituição, para que o educador possa desenvolver seu trabalho de maneira mais atenciosa com cada um. (...) Assumir um trabalho de acolhimento ás diferentes expressões e manifestações das crianças e suas famílias significa valorizar e respeitar a diversidade, não implicando a adesão incondicional aos valores dos outros. (...) Nesse sentido, as instituições de educação infantil, por intermédio de seus profissionais, devem desenvolver a capacidade de ouvir, observar e aprender com as famílias. (BRASIL, 1998, p. 77). O vínculo afetivo e o cuidado que se estabelece com a criança, faz com que o educar consiga identificar problemas ou as ausências das necessidades. Há uma preocupação com o desenvolvimento emocional, onde tem a percepção até no modo de chorar, rir e falar. O ato de cuidar é um procedimento e comprometimento de ajuda na construção social da criança. Cabe ao professor organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada para propiciar às crianças a possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de construção, e assim elaborarem de forma pessoal e independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e regras sociais. (BRASIL, 1998, p. 29). Assim, as brincadeiras se tornaram um método de grande importância e eficaz no ensino, sendo implantado nas escolas como um procedimento com resultados realmente positivos. O Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil (RCN) (BRASIL, 1998) afirma que na instituição infantil, é o adulto, na figura do professor que auxilia a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente é o mesmo que organiza sua base estrutural, por meio de oferecimento de determinados objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo de brincar. Desde o planejamento até a prática desse processo de educação mediante o auxílio dos jogos e brincadeiras lúdicas, o objetivo é Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 215 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA conseguir construir um vínculo com a criança, no qual possibilita resultados na aprendizagem. O cuidado que o educador proporciona à criança faz com que se identifiquem os problemas internos na escola e externos na vida social, essa atenção com que a criança é recebida, e os estímulos usados no método apresentado faz com que seja possível resolver eventuais problemas identificados, tornando assim eficaz, e proporcionando uma vida digna e feliz para a criança. 2.2– Condições internas e externas do ambiente educacional Os espaços disponibilizados para a utilização dos recursos que são os jogos e brincadeiras lúdicas são de grande relevância para que todo o processo de aprendizagem seja feito de modo eficaz. Internamente, jogos onde permita desenvolver o intelectual da criança, espaços para interação, onde possa mover objetos e ficar a vontade para se expressar e se sentir confortável. No ambiente externo com brinquedos, espaço para correr, subir, ter um contato com a natureza, sentir certa liberdade para poder ser criativos e usar todos os sentidos que possuem. A estruturação do espaço, a forma como os materiais estão organizados, a qualidade e adequação dos mesmos são elementos essenciais de um projeto educativo. Espaço físico, materiais, brinquedos, instrumentos sonoros e mobiliários não devem ser vistos como elementos passivos, mas como componentes ativos do processo educacional que refletem a concepção de educação assumida pela instituição. (BRASIL, 1998, p. 68). O espaço da escola deve ser pensado e versátil para poder atender todas as faixas etárias, podendo ser rearranjado sempre que o educador achar necessário. As condições disponibilizadas pela escola, tanto interna quanto externa, influência de forma direta o resultado da atividade, sendo primordiais boas condições. A organização do espaço e dos objetos a serem usados, torna a criança mais responsável trazendo muitos benefícios individuais, com o objetivo de dar uma noção maior de independência. A rotina é de extrema importância para a criança dar valor ao tempo disponibilizado para suas ações, levando isso do ambiente 216 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF escolar para sua vida social, como um preparo, ordenando os ritmos de cada um e percebendo as dificuldades individuais de cada um (BRASIL, 1998, p.69). Considerada como um instrumento de dinamização da aprendizagem, facilitador das percepções infantis sobre o tempo e o espaço, uma rotina clara e compreensível para as crianças é fator de segurança. A rotina pode orientar as ações das crianças, assim como dos professores, possibilitando a antecipação das situações que irão acontecer. Os recursos de materiais no qual fazem parte nos espaços internos do ambiente educacional são de grande relevância para o conhecimento e aprendizagem esperada da criança. Esses materiais irão estimular os sentidos da criança, podendo ser um jogo para o raciocínio ou um jogo onde se estimule a condição física, como correr, pular. Irá estimular também o respeito e o cuidado, para devolver como encontrou, sabendo zelar pelo objeto para sempre tê-lo disponível e o respeito para com o tempo do outro, em dividir e saber regras. O ganhar e perder de forma amigável, se divertindo, é de grande importância, um ensinamento a ser levado e aplicado o resto de sua vida. Os materiais constituem um instrumento importante para o desenvolvimento da tarefa educativa, uma vez que é um meio que auxilia a ação das crianças (...). As crianças exploram objetos, conhecem suas propriedades e funções e, além disso, transformam-nos nas suas brincadeiras, atribuindo-lhes novos significados. (BRASIL, 1998, p. 71). Todo esse processo, para a implantação do método na instituição, necessita de um amplo planejamento para que consiga atender todos os alunos, cada um com suas necessidades e faixa etárias. O Referencial Curricular Nacional de Educação (RCN) (BRASIL, 1998) diz que com todas as ferramentas necessárias, sabendo da importância do método, através até mesmo da história da sua inserção na escola, obtendo os recursos necessários que são profissionais capacitados e empenhados no projeto da importância dos jogos e brincadeiras lúdicas e todas as condições internas, externas e materiais, não há o que se dizer que não seja um método eficaz. Toda forma de estímulo e interação é essencial no aprendizado da criança. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 217 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 3-CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da análise realizada nesse artigo, constatamos que as brincadeiras e os jogos, como forma de recreação, já estavam presentes nos povos como forma de “passatempo”, e isso foi passado de geração a geração. Atualmente, como pedagogos, devemos considerar que as propostas didático-pedagógicas no ensino infantil abrangem muitos aspectos, entre eles o ato de brincar, o cuidar e o educar. E é na educação infantil que encontramos a etapa básica de formação e estímulo para o desenvolvimento do conhecimento. O pedagogo exerce um papel fundamental nesse processo educacional, já que é ele quem deve conseguir estabelecer uma aproximação maior com a criança estabelecendo assim um vínculo de cuidado. As brincadeiras “abrem a mente” da criança, passando a ser um método indireto de passar a aprendizagem. A criança desenvolverá toda a forma de interagir a partir do que se é estimulada no ambiente escolar. Deste modo, como já vimos, a brincadeira deve ser utilizada para desenvolver as habilidades das crianças e assim facilitar a interação com os povos, culturas, além do respeito nas relações interpessoais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, Preferencial Curricular nacional para a educação infantil/ Ministério da educação e do Desporto, Secretaria de educação Fundamental. V.1 Brasília: MECSEF, 1998. CHAZÍN, S. M.: QUERO, M. Jogos, Contos e Poesias. Como educar brincando. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1998. FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. FRIEDMANN, A. Brincar: crescer e aprender o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Cortez, 2011. 218 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF MORATORI, P. B. Por que utilizar jogos educativos no processo de ensino aprendizagem? Rio de Janeiro/RJ – 2003. Disponível em: <http://www.nce.ufrj.br/GINAPE/publicacoes/trabalhos/t_2003/ t_2003_patrick_barbosa_moratori.pdf> Acesso em 30 de Março de 2016. SILVA, J. A. A importância dos jogos e brincadeiras como estratégias pedagógicas para melhoria dos processos de ensino e aprendizagem na educação infantil: estudo de caso na EMEI DINALVA PERON SARAIVA no Município de Garça/SP. Trabalho de Conclusão de Curso . Garça/ SP: FAEF/ACEG, 2015. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 219 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 220 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CONSTRUTIVISMO, INTERACIONISMO LINGUÍSTICO E LETRAMENTO: MODELOS TEÓRICOS ADOTADOS PARA A EXPLICAÇÃO DOS PROBLEMAS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL A PARTIR DA DÉCADA DE 1980 SILVA, Odair Vieira1 RESUMO O presente artigo tem por objetivo refletir sobre os três modelos teóricos adotados a partir da década de 1980 para a explicação dos problemas de alfabetização brasileiros: o construtivismo, o interacionismo linguístico e o letramento. Tendo em vista esse objetivo, procura-se realizar uma análise histórica sobre as exigências teóricas e metodológicas do ensino e da aprendizagem inicial da leitura e escrita. Nessa perspectiva, procura-se entender a complexa relação entre permanências e rupturas dos modelos teóricos, das concepções e das práticas de alfabetização no Brasil. Palavras-chave: Alfabetização. Constutivismo. Interacionismo Linguístico. Letramento. 1 Doutorando em Educação e Mestre em História e Filosofia da Educação – UNESP – FFC – Marília/SP. Coordenador e Docente do Curso de Pedagogia – FAEF/ACEG – Garça/SP, e-mail: [email protected]. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 221 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This article aims to reflect on the three theoretical models adopted from the 1980s to the explanation of Brazilian literacy problems: constructivism, interactionism and linguistic literacy. In view of this goal, we seek to carry out a historical analysis of the theoretical and methodological requirements of teaching and learning initial reading and writing. From this perspective, we try to understand the complex relationship between continuities and ruptures of theoretical models of ideas and literacy practices in Brazil. Keywords: Literacy. Constructivism. Interacionism Language. Literacy. 1.INTRODUÇÃO De acordo com Mortatti (2010), no Brasil o ensino e aprendizagem inicial da leitura e escrita adquiriram status de práticas sociais escolarizadas a partir da primeira década da República, no segundo quartel do século XIX, quando as mesmas passaram a ser “[...] ensinadas e aprendidas em espaço público, e submetidas à organização metódica, sistemática e intencional” (p. 330). A autora ressalta que essas iniciativas se deram em decorrência das reformas da instrução pública brasileira, principalmente a paulista e eram “[...] consideradas estratégicas para a formação do cidadão e para o desenvolvimento político e social do país, de acordo com os ideais do regime republicano” (Idem, ibid, p. 330). Nessa perspectiva, Mortatti (2000) salienta que a importância estratégica que os modelos e concepções de leitura e escrita adquiriram no Brasil se deram de maneira paulatina por meio de “[...] dois processos históricos correlatos: organização de um sistema público de ensino e constituição de um modelo específico de escolarização das práticas culturais de leitura e escrita” (p. 17). Em suas pesquisas sobre a alfabetização brasileira, no início da década de 1990, a autora delimitou cronológica e espacialmente a história do ensino da leitura e escrita da escolarização inicial de crianças. Assim, cronologicamente elegeu “[...] o período compreendido entre 1876, ano de publicação da Cartilha Maternal, do poeta português, 222 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF João de Deus, e 1994” (MORTATTI, 2000, p. 18). Muito embora, segundo a autora, a delimitação do ano de 1994, indicava apenas o encerramento de sua pesquisa documental de livre-docência, pois o quarto momento ainda continua em curso. No âmbito espacial, inicialmente a ênfase, [...] recaiu sobre a situação paulista, em razão do papel desempenhado por esta província/Estado na organização do sistema público de ensino no Brasil, em decorrência da concentração, desde meados do século XIX, de intelectuais, administradores públicos e legisladores empenhados na consecução de um projeto de modernização social fundamentado na cultura e na educação. E, à medida que foi se consolidando um modelo de ensino público em São Paulo, particularmente no tocante à articulação entre ensino normal e ensino elementar, foi-se também expandido a experiência paulista, tomada como modelar para outras províncias/estados brasileiros. (Idem, ibid, 2000, p. 18) Desde então, a autora tem se aprofundado em pesquisas científicas sobre os problemas dos métodos do ensino de leitura e escrita na fase inicial de escolarização de crianças, bem como nos problemas decorrentes da alfabetização, “[...] explorando os sentidos que lhe foram sendo atribuídos em decorrência das tematizações, normatizações e concretizações” (Idem, ibid, p. 18). No que tange a delimitação cronológica sobre a história da alfabetização no Brasil, Mortatti (2000) elegeu quatro momentos históricos que considera cruciais, “[...] cada um deles marcado por disputas pela hegemonia de um (novo) sentido para esse ensino” (MORTATTI, 2008, p. 470). Desse modo, a autora relata sobre a existência de uma disputa entre os métodos de alfabetização2 que de certa maneira envolvem “[...] uma relação complexa entre permanências e rupturas e das quais decorre a fundação, em cada momento, de uma (nova) tradição a respeito da alfabetização” (MORTATTI, 2000a, 2000b, 2004 apud MORTATTI, 2008, p. 470). Em decorrência disso, Mortatti (2000) apresenta a cronologia dos quatro momentos que considera cruciais para a história da alfabetização no Brasil, sendo o primeiro momento de 1876 a início de 1890; o segundo momento início de 1890 a meados de 1920; o terceiro momento meados de 1920 ao final de 1970 e o quarto momento início da década de 1980 aos dias atuais. Nesse artigo daremos enfase ao quarto momento da história da alfabetização e ao questionamento sobre o fracasso do ensino e aprendizagem iniciais Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 223 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA da leitura e escrita. Nesta mesma senda, iremos refletir sobre os três modelos teóricos adotados para a explicação dos problemas de alfabetização no Brasil: o construtivismo 3 , o interacionismo linguístico4 e o letramento5. 2. OS MODELOS TEÓRICOS PARA A EXPLICAÇÃO DOS PROBLEMAS DE ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL A PARTIR DA DÉCADA DE 1980 De acordo com Mortatti (2000), no Brasil a partir do final da década de 1970 ocorre uma forte pressão dos setores organizados da sociedade civil “[...] pela ‘abertura política’ e pela reorganização democrática das instituições e relações sociais” (p. 257). Assim, no que tange a educação e os problemas que a mesma apresentava as discussões e as análises passam, [...] a abranger programaticamente largo conjunto de aspectos – políticos, econômicos, sociais e pedagógicos – e a se orientar explícita e predominantemente por uma teoria sociológica dialético-marxista, divulgada e/ou formulada por intelectuais acadêmicos brasileiros de diferentes áreas de conhecimento – sociologia, filosofia, história e educação, especialmente. (Idem, ibid, p. 258) Dentre essas análises, se tornaram inevitáveis os questionamentos que buscavam superar as concepções de “escola redentora” e de “escola reprodutora”, buscando-se destacar “[...] as finalidades sociais e políticas da escola não como auto-explicáveis, mas como produzidas historicamente e sujeitas a revisões ideológicas” (Idem, ibid, p. 258). Nesse ínterim, ocorre um duplo questionamento sobre as finalidades sociais e políticas da escola, bem como sobre seus objetivos e meios, que passam a ser questionados como, [...] como um conjunto de normas e procedimentos técnicos e neutros a orientarem a ação, num posicionamento crítico explícito contra o tecnicismo herdado do ideário escolanovista, sistematizado o oficializado na Lei n. 5.692/ 71 e identificado com o autoritarismo ditatorial do regime político imposto no país com o golpe militar de 1964. (MORTATTI, 2000, p. 258) Nesse período, ocorrem várias denúncias sobre os problemas educacionais advindos da “[...] constatação do fracasso escolar das 224 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF camadas populares, especialmente verificado na passagem da 1ª para a 2ª série do então 1º grau e resultantes de uma política educacional engendrada durante o regime ditatorial pós-64” (Idem, ibid, p. 259). Para a autora os altos índices de evasão e repetência nessa fase inicial da escolarização faz com que o ensino e aprendizagem iniciais da leitura e escrita comecem a ser questionados. A partir desse momento, inicia-se um processos de busca de respostas a esses questionamentos e necessidades por parte dos pesquisadores brasileiros que adotaram “[...] pelo menos três modelos teóricos principais de explicação para os problemas de alfabetização no Brasil, os quais podem ser denominados, sinteticamente, construtivismo, interacionismo linguístico e letramento” (MORTATTI, 2010, 332, grifos da autora). Em vista dessa situação, no início da década de 1980, devido à inexistência de propostas de solução para os problemas de repetência e evasão escolar, a perspectiva epistemológica construtivista em alfabetização começou a se apresentar com características hegemônicas no âmbito das políticas públicas brasileiras para a alfabetização. O construtivismo se apresentou como um novo modelo teórico e tinha como foco o questionamento das concepções e práticas até então defendidas na alfabetização brasileira, sobretudo, as que se embasavam, [...] na centralidade do ensino e, em decorrência dos métodos e cartilhas de alfabetização quanto nos resultados do teste de maturidade para o aprendizado da leitura e escrita. Essa mudança de paradigma gerou um sério impasse entre o questionamento da possibilidade do ensino da leitura e escrita (e sua metodização) e a ênfase na maneira como a criança aprende a ler e a escrever, ou seja, como a criança se alfabetiza. (MORTATTI, 2010, p. 332, grifos da autora) Em seus escritos Mortatti (2013) salienta que a conquista da hegemonia do construtivismo de deveu ao fato de que o mesmo se apresentava como modelo explicativo dos problemas educacionais brasileiros, sendo apresentado por seus idealizadores como uma “revolução conceitual” em alfabetização. A autora ressalta, ainda, que esse modelo conceitual estava centrado teoria da psicogênese da língua escrita, formulada por Emília Ferreiro, e “[...] foi acolhido entusiasticamente como o correlato didático-metodológico (!) das Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 225 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA mudanças de ‘fundo’ que se desejavam implementar, visando superar os altos índices de evasão e repetência escolares na passagem da 1ª para a 2ª série do ensino de 1º grau” (MORTATTI, 2013, p. 26). Por essa razão, ocorre a disseminação do construtivismo no meio acadêmico e escolar, bem como a sua institucionalização na rede pública de ensino. No entanto, de acordo com Mortatti (2013) “[...] o construtivismo é uma teoria da aprendizagem que por coerência com sua matriz teórico-epistemológica, não comporta uma teoria do ensino” (p. 26). A autora segue dizendo que: Mesmo assim, desde a década de 1980, suas explicações foram aceitas como verdades científicas definitivas e inquestionáveis e objeto de apropriações específicas, com as quais se buscou silenciar e apagar aquele paradoxo de base, por meio da elaboração de uma “didática (construtivista) de alfabetização”! Paradoxos à parte, provavelmente o construtivismo tenha-se tornado hegemônico, porque foi acolhido e disseminado por “intelectuais orgânicos” (também de esquerda) da educação brasileira justamente porque estava e está em consonância com políticas neoliberais as quais também se articula o movimento global de centralidade da aprendizagem. Esse movimento sintetizado no lema “aprender a aprender” se tornou o objetivo de processos educativos escolares, como se constata, por exemplo, nos documentos elaborados por organismos multilaterais [...]. (Idem, ibid, p. 26-27) É interessante ressaltar que, por meio da adoção do lema “aprender a aprender” percebemos o nítido alinhamento das políticas públicas brasileiras para a educação com a visão educacional difundida pelo Banco Mundial, por meio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – (UNESCO). A implantação dos princípios educacionais do Banco Mundial é manifestada através da adesão ao “[...] relatório da comissão internacional da UNESCO, conhecido como Relatório Jacques Delors” (DUARTE, 2001, p. 36). Em vista dos fatos apresentados, Duarte (2012) classificou o princípio do “aprender a aprender” como uma estratégia ideológica de cunho neoliberal que visa à adaptação da educação às normas estabelecidas pelo mercado mundializado, com o objetivo de manter a estabilidade política e econômica necessária à reprodução do capital. O autor prossegue caracterizando o lema do “aprender a aprender” como um princípio contrário à formação plena dos indivíduos, pois atua como instrumento ideológico da classe dominante para alienar e esvaziar educação escolar destinada as 226 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF grandes massas. Avalia ainda que o ponto fulcral do “aprender a aprender” reside, [...] na desvalorização da transmissão do saber objetivo, na diluição do papel da escola em transmitir esse saber, na descaracterização do papel do professor como alguém que detém um saber a ser transmitido aos seus alunos, na própria negação do ato de ensinar. (DUARTE, 2012, p. 9) Além do construtivismo, em meados dos anos de 1980 ganharam destaque outros estudos e pesquisas fundamentadas no interacionismo linguístico e na psicologia soviética “com as propostas dos pesquisadores brasileiros João Wanderley Geraldi e Ana Luiza Smolka [...]” (MORTATTI, 2010 p. 332). Para Mortatti (2000) as tematizações sobre o interacionismo linguístico, sobretudo as de Ana Luiza Smolka apresentavam, [...] um discurso “mais novo” e, em certos aspectos destoante da teoria construtivista. Fundamentando-se na relação entre pensamento e linguagem de acordo com as teorias de L. S. Vygotsky, M. Bakhtin e M. Pêcheux, e propondo um “confronto” pedagógico-epistemológico com os resultados das pesquisas de Ferreiro, Smolka aborda a alfabetização como um processo discursivo, enfocando as relações de ensino como fundamentais nesse processo e deslocando a discussão de como para por quê e para quê ensinar e aprender a língua escrita na fase inicial de escolarização de crianças. (p. 275, grifos da autora) A autora prossegue dizendo que as propostas do interacionismo linguístico, a partir do final da década de 1980 contribuíram para o surgimento de uma nova tendência em alfabetização em decorrência do desgaste do “discurso construtivista”. Explica ainda que esse desgaste provocou o deslocamento para o “discurso interacionista”, contudo sem o abandono da abordagem psicolinguística, resultando em “[...] outro tipo de ecletismo, sintetizado nas expressões ‘socioconstrutivismo’ ou ‘construtivismo-interacionista’” (Idem, ibid, p. 276). O terceiro modelo teórico, expresso por Mortatti (2000) no quarto momento crucial da historia da alfabetização no Brasil, busca explicar os problemas de alfabetização no Brasil fundamentando-se no conceito de letramento. Para Soares (2006), o termo letramento que faz parte do vocabulário da educação e das ciências linguísticas, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 227 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA surgiu com ênfase na história da alfabetização de crianças que iniciam os primeiros anos do ensino fundamental. Nessa perspectiva, segundo Mortatti (2010), a utilização desse termo se deu a partir, [...] dos estudos e propostas de Magda Soares, sabe-se que os primeiros registros de uso do termo letramento, no Brasil, são creditados a Mary Kato e a Leda Tfouni. Mas o termo passou a ser usado mais sistematicamente e extensivamente na década de 1990, a partir de publicações de Tfouni, Kleiman e Soares. Inicialmente restrita ao âmbito dos estudos e pesquisas acadêmicos, a palavra teve seu uso disseminado a partir de meados dos anos 1990, sendo já de uso comum entre educadores. (p. 332, grifos da autora) O letramento teve sua origem pela necessidade de uma nova palavra para explicar uma nova teoria (SOARES, 2006). De acordo com a análise do verbete, o termo letrado quer dizer “versado em letras” e iletrado é aquele que não tem conhecimento literário, sendo assim analfabeto. Também se articula que a condição para alfabetizar seria ensinar alguém a ler e a escrever (FERREIRA, 2009). O termo letramento trata-se de uma versão para o português da palavra da língua inglesa literacy que explica a sua importância para a educação, “Literacy é o estado ou a condição que assume aquele que aprende a ler e escrever” (SOARES, 2006, p.17). A esse respeito, a autora ainda salienta que aprender a ler e a escrever traz consequências importantes para a vida do indivíduo, alterando sua condição social nos aspectos culturais, políticos e econômicos. Para ela o indivíduo pode interagir no meio social, mesmo não tendo habilidades de leitura e de escrita. Ressaltando que antes de possuirmos o conhecimento do ler e do escrever já agimos e interagimos no meio em que vivemos, apenas deixamos de nos expressar de forma letrada. Sendo assim, qualquer forma de integração social como um simples fato de participação mesmo de forma indireta pode-se considerar uma forma de letramento. O termo letramento está relacionado aos processos de ensino e de aprendizagem, como o indivíduo se apropriou da escrita, a forma de interpretar e compreender a leitura, entretanto, o ato de alfabetizar é designado somente àquele que aprendeu a ler e a escrever, como uma forma mecânica de leitura e de escrita, sendo que a condição ou a forma de 228 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF apropriação da leitura e da escrita faz com que possamos entender a diferença dos termos alfabetismo e letramento (SOARES, 2006). Nesse aspecto, é notório que a condição de analfabetismo impede o indivíduo de exercer alguns direitos de cidadão, sendo marginalizado pela sociedade por não ter acesso aos bens culturais historicamente produzidos. Os alfabetizados se diferem somente pelo fato de corresponder às habilidades de leitura e de escrita exigidos pela sociedade para poderem exercer, ainda que minimamente seu papel e sua função social enquanto cidadãos (Idem, ibid). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesse artigo buscou-se analisar as finalidades sociais e políticas da educação a partir do último quartel do século XX. Desse modo, procurou-se analisar os movimentos de questionamento dos antigos métodos e testes de alfabetização e do fracasso escolar advindo do período militar pós-1964 que geraram altos índices de reprovação e abandono escolar na fase inicial de alfabetização. Nesse período, por falta de opção tivemos inserção e a hegemonia da perspectiva teórica construtivista de alfabetização, baseada nas produções científicas da pesquisadora argentina Emília Ferreiro e seus colaboradores, que iniciaram uma crítica contundente aos antigos métodos e testes de alfabetização e provocaram a desmetodização da alfabetização. Além do construtivismo nesse período tivemos, também, a inserção do interacionismo linguístico que se apresentou como uma “[...] perspectiva de análise centrada em uma concepção de linguagem como forma de interação humana, de que decorrem concepções específicas de leitura e escrita” (MORTATTI, 2004, p. 122). No que concerne ao letramento de acordo com Soares (2002), ainda persiste certa oscilação e fluidez quanto a sua conceitualização, pois tem sido uma palavra que ora designa as práticas sociais de leitura, “[...] ora os eventos relacionados com o uso da escrita, ora os efeitos da escrita sobre uma sociedade ou sobre grupos sociais, ora o estado ou condição em que vivem indivíduos ou grupos sociais capazes de exercer as práticas de leitura e de escrita...” (p. 15-16). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 229 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 4. REFERENCIAS DUARTE, N. As pedagogias do “aprender a aprender” e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento. Revista Brasileira de Educação. 2001 n.º 18, pp. 35-40. Disponível em: <http:// www.scielo.br/pdf/rbedu/n18/n18a04.pdf>. Acesso em 25 Set. 2016. __________. Vygotsky e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria vigotskiana. 5. ed. Campinas: Autores Associados, 2012. FERREIRA, A. B. Dicionário da Língua Portuguesa. 7. ed. Curitiba: Positivo, 2009. MORTATTI, M. R. L. Os sentidos da Alfabetização: São Paulo – 1876/ 1994. São Paulo: Ed. UNESP, 2000. ___________. Educação e letramento. São Paulo: Ed. UNESP, 2004. ___________. Notas para uma história da formação do alfabetizador no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v. 89, n. 223, p. 467-476, set/dez. 2008. Disponível em < http:// rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/882/1152 >. Acesso em 24 set. 2016. ____________. 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Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF NOTAS 2 Mortatti (2010) entende que os métodos de alfabetização podem ser classificados em dois tipos básicos: método sintético (da parte para o todo, de marcha sintética) alfabético, fônico, silábico e o método analítico (do todo para a parte, de marcha analítica) da palavração, da sentenciação, da historieta, do conto. 3 A Perspectiva construtivista resulta das pesquisas da psicóloga e educadora argentina Emília Beatriz María Ferreiro Schavi (Emília Ferreiro) e seus e colaboradores. Essa teoria de aprendizagem enfatiza a lectoescrita (habilidade adquirida de poder ler e escrever), respeitando os conhecimentos da psicogênese da língua escrita por parte do sujeito cognoscente. Nessa teoria, “[...] o foco do processo de alfabetização está no como à criança aprende a língua escrita; trata-se, assim, de um processo de desmetodização da alfabetização, uma vez que não cabem, nesse processo, os tradicionais métodos ensino da leitura e escrita” (MORTATTI, 2008, p. 473). 4 Para o conceito de interacionismo linguístico a “[...] alfabetização designa o processo de ensinoaprendizagem da leitura e escrita entendidas como atividade discursiva, que depende diretamente das relações de ensino que ocorrem na escola, especialmente entre professor e alunos” (MORTATTI, 2010, p. 332). 5 De acordo com Kleiman (1995, p. 19 apud MORTATTI, 2004, p. 90) podemos definir o letramento “[...] como um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 231 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 232 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF CONTEXTOS DA AQUISIÇÃO DA LEITURA: DIFERENÇAS ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ROMANINI, Carla Afonso1 AFONSO, Isabela Romanini2 BARROS, Mariana Spadoto3 RESUMO O presente estudo é uma revisão bibliográfica que tem como objetivo abordar os contextos de aquisição da leitura, diferenciando a alfabetização e o letramento. Os dados necessários à pesquisa foram retirados de artigos publicados em revistas especializadas, livros e pesquisas na internet, referentes ao período de 1994 a 2016. Palavras-chave: ALFABETIZAÇÃO. LEITURA. LETRAMENTO. ABSTRACT This study is a literature review that aims to address the contexts of reading acquisition, differing literacy and literacy. The data needed for research were taken from articles published in journals, books and research on the internet, for the period 1994-2016. Keywords: LITERACY. READING. LITERACY. 1 2 3 Formanda em Pedagogia pela FAEF: [email protected]. Formanda em Pedagogia pela FAEF: [email protected]. Coautora, docente da FAEF: [email protected]. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 233 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 1 INTRODUÇÃO O presente artigo apresenta um estudo sobre a importância da leitura na Educação Infantil, constatando sua contribuição no desenvolvimento emocional, cognitivo e social da criança. Fundamentados na pesquisa bibliográfica, o presente trabalho expõe as origens da leitura para a Educação Infantil, sua repercussão na literatura infantil e todo o valor que desempenha no despertar do desejo pela leitura deste tipo de texto. São fundamentais para aquisição de informação, diversão, notícia e influências imprescindíveis ao ato de ler. O que se compreende é que a literatura, bem como toda a cultura instituidora e questionadora não está sendo ensinada plenamente nas escolas. A constituição acadêmica, infelizmente não dá proeminência à leitura e esta é uma circunstância contraditória, pois de acordo com Machado (2001, p.45) “não se contrata um instrutor de natação que não sabe nadar, no entanto, as salas de aula brasileira estão repletas de pessoas que apesar de não ler, tentam ensinar”. Como docentes, sabemos que as histórias conduzidas às crianças, como os contos, podem adequar uma infância apontada pelo encantamento. Encantamento esse que incita os sentimentos. Portanto existe também, com a opinião de que por meio das histórias as crianças têm a chance de aumentar, modificar e enriquecer sua adequada experiência de vida, escutar e interpretar história adentrando num mundo curioso, carregado de maravilhas e sempre fascinante, que diverte e educa. A relação com histórias, individualmente com os contos, permite a criança estudar brincando em um mundo de fantasia, ilusão e fábulas. Portanto, mostrar-se-á que além de seduzir as crianças, a leitura para as crianças através da literatura infantil é historicamente empregada e de grande importância no incremento das crianças na Educação Infantil. 2 CONTEXTOS DA AQUISIÇÃO DA LEITURA: DIFERENÇAS ENTRE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO 234 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2.1 Revisão de literatura 2.1.1 Contexto Geral As crianças adquirem a linguagem falada ouvindo e interagindo com outros na linguagem da família ou comunidade, brincando de faz de conta em casa ou na escola. A aprendizagem da linguagem escrita pode ocorrer em casa ou na escola, por meio de escrita e leitura de cartas e cartões, internet, catálogos, cartas, receitas, guias de TV, lista de supermercado, jornais, jogos eletrônicos, de tabuleiro, livros, revistas, jornais ou até fazendo um trabalho doméstico. Segundo Kishimoto et al (2010), o letramento/ literacia visual vai emergindo nos primeiros anos de vida, quando a criança cria e compreende os textos visuais e multimodais. Desenhando, pintando ou modelando, as crianças criam elaboradas representações multimodais com diversos materiais, como paus, areia, brinquedos e objetos de uso doméstico, que são usados para representar outras coisas. Nos cenários do jogo dramático, desenham formas significativas visuais ou gestuais, com materiais, como papel, tesoura e cola para fazer colagem, cortar ou moldar. (KISHIMOTO et al, 2010). No Brasil, as dificuldades referentes ao exercício da leitura consecutivamente foram fatores de inquietação, especialmente quando analisamos que ainda são poucos os brasileiros introduzidos no mundo da língua escrita e que o campo dessa ferramenta é componente constitucional para que o homem desempenhe sua cidadania e possa desfrutar de bens culturais causados pela sociedade, vivenciando métodos sociais expressivos possibilitados a partir da leitura e da escrita (TEZZARI, 2005). Para Belintane (2006) desde o final século XIX, o ensino da leitura vem sendo submetido a uma polaridade discursiva que opõe, de um lado, as linhas teóricas que acentuam a importância do código no processo da aprendizagem da leitura (métodos alfabético, silábico, fônico e outros), cuja entrada no ensino se dá a partir de uma rígida sistematização das fases iniciais da aprendizagem e cuja premissa básica assume que a leitura fluente resulta de um domínio seguro da correlação entre as unidades mínimas da fala e as da escrita. De outro, posicionam-se as linhas que dão relevo aos sentidos prévios construídos pelo leitor e a suas habilidades em utilizar-se de Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 235 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA conhecimentos já assimilados para monitorar o processo de leitura, cuja entrada no ensino valoriza, entre outros, a cultura, a construção do conhecimento e a interatividade (métodos globais; ideográficos; construtivismo; sociointeracionismo e outros). Com base em Benjamin (1987a, 1987b), Bakhtin (1988a, 1988b) e Vigotski (1972, 2009), apud Kramer; Nunes; Corsino (2011) imaginase as crianças como elaboradoras de cultura, instituídas a partir de sua classe social, etnia, espécie e com mudanças físicas, psicológicas e culturais. Elas brincam, estudam, inventam, têm preferência, desenvolvem e se transformam ao longo do processo histórico que dá associação à vida humana, oferecem sentido ao mundo, determinam história e excedem sua condição natural por meio da linguagem. Sua ampliação cultural sugere estabelecer a história pessoal no campo da história social. Quando interagem, aprendem, constituem e alteram; como sujeitos ativos, tomam parte e interferem na realidade; suas atuações são atitudes de reelaborar e recriar o mundo. Segundo Kramer; Nunes; Corsino (2011) aos professores compete o desempenho de intervenção, introdução, auxílio. O papel do professor é essencial na composição do eu e no desenvolvimento e nas aprendizagens que praticam ao longo da vida. Esses procedimentos erguem realidades particulares e históricas. Desde bem pequenas, instituem e idealizam, propagam gostos e sentimentos. Crianças da mesma faixa etária sofrem atos da construção social em que são introduzidas e, nas interações com seus pares e com os adultos, recriam as culturas em que estão imersas. Soares (2006), define os dois conceitos: Letramento é, pois, o resultado da ação de ensinar e aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como consequência de ter-se apropriado da escrita. [...] Já alfabetizado nomeia aquele que apenas aprendeu a ler e escrever, não aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da escrita, incorporando as práticas sociais que as demanda (SOARES, 2006, p. 18). Em outras palavras, o que a autora pontua é que alfabetizado é aquele indivíduo que se apropriou da capacidade de ler, escrever e compreender textos; e letrado, trata-se daquele que além dessa 236 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF capacidade, consegue utilizá-la em situações reais do seu dia-a-dia. Assim, abaixo estaremos distinguindo alfabetização e letramento, que parecem ter por objetivo chamar a atenção dos pesquisadores e profissionais da educação para o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem. Sabe-se que ainda hoje, uma parcela de professores, o ensinar a leitura e a escrita, enfoca a (de)codificação de letras, sons, sílabas, palavras e textos de forma mecanizada e dissociada da realidade dos educandos. 2.1.2 Alfabetização Com constância o termo alfabetização é pertinente ao domínio dos processos de leitura e escrita. Neste sentido, pode-se determinar alfabetização como um processo pelo qual as pessoas aprendem a ler e escrever. Já o letramento faz referência ao uso da leitura e da escrita nas práticas sociais cotidianas (SOARES, 2006). A preocupação com alfabetização na Educação Infantil inicia-se no final do século XIX, enfatizando uma atividade centrada nos sons e símbolos. Já no século XX, psicólogos começam a explorar a ‘prontidão” para a leitura e a escrita em torno da idade de 6 anos e meio, em razão, talvez, da proximidade do início da escolarização (KISHIMOTO et al, 2010). No Brasil, a Educação Infantil, etapa anterior ao Ensino Fundamental, assume-se o eixo da “prontidão para a alfabetização”, entendida como exercícios motores para a aprendizagem da escrita. Dessa percepção surge a indústria das cartilhas preparatórias que perpetuam a noção de aprendizagem da leitura e escrita como uma atividade associativa, de orientação behaviorista (KISHIMOTO et al, 2010). Soares (1985, p. 20), cita que o conceito de alfabetização pode desenvolver-se em torno de dois pontos de vista: num primeiro enfoque, ler e escrever pode significar o “domínio da mecânica” da língua escrita, ou seja, a “codificação da língua oral em língua escrita (escrever) e decodificação da língua escrita em oral (ler)”. Neste sentido, a alfabetização seria um processo simples, mecânico e linear de conversor de fonemas em grafemas (escrever) e de grafemas em fonemas (ler). Seria uma representação mecânica Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 237 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA como da escrita comum para o braile, do código de Morse para linguagem comum; seria um ato de percepção, ou seja, um domínio do mecanismo de codificação e decodificação. Segundo Kramer; Abramovay (1985, p. 104-106) a alfabetização não é um momento que se inicia repentinamente, mas é um processo em construção. Processo que, ao contrário do que hegemonicamente se acredita, não se inicia na escola. Para Perez (1992, p. 66): A alfabetização é um processo que, ainda que se inicie formalmente na escola, começa, de fato, antes de a criança chegar à escola, através das diversas leituras que vai fazendo do mundo que a cerca, desde o momento em que nasce e, apesar de se consolidar nas quatro primeiras séries, continua pela vida a fora. Este processo continua apesar da escola, fora da escola, paralelamente à escola. A criança vai construindo conhecimentos sobre o mundo em que vive. Nesse processo de construção está inserida a escrita, como um objeto cultural socialmente construído. De acordo com Ferreiro; Teberosky (1999, p. v) a alfabetização inicia-se muito antes do que a escola imagina, transcorrendo por insuspeitados caminhos. Nos últimos 30 anos, houve um gigantesco progresso nos conhecimentos científicos sobre o processo de aprendizagem da leitura e da escrita bem como sobre os métodos de alfabetização. Os estudos sobre alfabetização saíram do campo da intuição, amadorismo e empirismo e da especulação teórica para adquirir foros de ciência experimental. (BRASIL, 2003. p. 8) A alfabetização desenvolve-se por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização (SOARES, 2004, p. 13). 2.1.3 Letramento No Brasil, o letramento vem sendo pesquisado e sendo foco nas discussões acadêmicas desde meados dos anos 1980, e, embora os trabalhos brasileiros atribuam ao letramento conceitos como: 238 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF “(...) letramento significados nem sempre concordantes, um ponto têm em comum: são significados fortemente contextualizados no campo do ensino da língua escrita” (SOARES, 2010, p. 60). O conceito apareceu no Brasil em apertada relação com o conhecimento de alfabetização e isso se cultiva na maior parte dos trabalhos contemporâneos, pois o empregamos para garantir a semelhança entre alfabetização e letramento. A visão antropológica que embasa os novos esboços do letramento não é a que veio ao Brasil, e são elementares os trabalhos aqui conseguidos a partir dessa perspectiva (SOARES; MARINHO, 2010). Ponderando nossa realidade de investigações sobre letramento, consecutivamente permanecemos recuados nos métodos escolares de escrita. No Brasil, os estudos sobre o tema letramento apareceram nos campos da linguística aplicada e da educação, em meio aos anos de 1980, em obras de Mary Kato, Ângela Kleiman, Leda Verdiani Tfouni e Magda Soares. Essas pesquisadoras (TFOUNI, 2000; SOARES, 2004) percebem que, apesar de escolarizadas, as crianças e adultos não praticam uso de seu conhecimento de leitura e escrita de modo funcional. Perante isso, por volta dos anos 1990, existiu uma retomada da discussão a respeito da função da oralidade, adotando assim a interdependência entre oralidade e escrita. Letramento é um conceito que vem sendo amplamente abordado em estudos relacionados à leitura e à escrita. A necessidade de o letramento escolar propiciar aos sujeitos um domínio da língua materna que se estenda para além da própria escola é uma das principais questões presentes nas discussões realizadas em torno do tema no Brasil (SOARES, 2004, 2010; TERZI, 1995; KLEIMAN, 1995; CERUTTI-RIZZATTI, 2009, 2012). Kleiman (1995 apud Soares, 2002, p. 144) revela entender letramento como práticas e eventos relacionados com uso, função e impacto social da escrita. Tfouni (2000 apud Soares, 2002, p.144) enquanto a alfabetização ocupa-se da aquisição da escrita por um indivíduo, ou grupo de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição de um sistema escrito por uma sociedade. A criança torna-se letrada na atividade situada, por meio de diferentes instrumentos sociais de comunicação, como Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 239 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA computadores, internet, telecomunicações, fax, fotocópias, televisão, dramas, filmes, teatro e arte . Os textos da vida cotidiana, como os mapas, sinais de trânsito, horários de transporte coletivo, são fundamentais para a inserção no mundo (JONES DIAZ, MAKIN, 2005) Freire (1984, p. 11) cita que “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” e a aprendizagem inicia-se antes da escola formal. Para saber o que as crianças trazem para a escola, as professoras precisam ser boas observadoras e ouvintes. Para comunicar-se, a criança precisa aprender como funciona a linguagem e fazer uso dela em diferentes contextos: casa e escola. CONCLUSÃO Conclui-se que são muitas as práticas de alfabetização e letramento que os professores de Educação Infantil podem inserir em seu trabalho. Elas podem ser realizadas em inúmeras oportunidades de acordo com a sensibilidade e o conhecimento do educador, que pode utilizar esses temas como processos de ensino às crianças. REFERÊNCIAS BELINTANE, Claudenmir. Oralidade, alfabetização e leitura: enfrentando diferenças e complexidades na escola pública. São Paulo, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/ pdf/ep/v36n3/v36n3a03.pdf> Acesso em 20set.2016 CERUTTI-RIZZATTI, Mary Elizabeth. Ensino de língua portuguesa e inquietações teórico-metodológicas: os gêneros discursivos na aula de português e a aula (de português) como gênero discursivo. Alfa: São Paulo, v. 56, n. 1, p. 249-269, 2012. __________________. Letramento: um conceito em (dês)construção e suas implicações/repercussões na ação docente em língua materna. Fórum Linguístico, Florianópolis, v. 6, n. 2, p. 1-15, jul./dez. 2009. FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 240 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se complementam. 10. ed. São Paulo: Cortez, 1984. JONES DIAZ, C.; MAKIN, L. Literacy as social practice. 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A partir dessas ideias houve um entrosamento de que as brincadeiras com finalidade pedagógica beneficiam o processo de ensino-aprendizagem e tornam o sujeito mais consciencioso de seu papel na sociedade. Palavras-Chave: Lúdico. Educação Infantil. Ensino-aprendizagem. ABSTRACT The playful in early childhood education has been one of the instruments that promote quality learning for the child from practices 1 Discente do curso de Pedagogia pela FAEF (2016) [email protected] Discente do curso de Pedagogia pela FAEF (2016) [email protected] 3 Docente do curso de Pedagogia nas disciplinas Recreação, jogos e movimento; Natureza e Sociedade na Educação Infantil, pela Instituição de Ensino Superior Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF- Garça/ SP) [email protected] 2 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 243 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA that generate the increase of the basic provisions in this procedure. In this meaning, this article aims to understand the inclusion of children and recreational activities throughout the early childhood education and the representations of this technique in its full development. Therefore, we used a literature search. From these ideas there was a meshing of the games with pedagogical purpose benefit the process of teaching and learning and make the most conscientious subject of their role in society. Keywords: Playfulness. Child education. Teaching and learning. 1-INTRODUÇÃO Avaliando a Educação Infantil como a primeira etapa para Educação Fundamental, esse artigo tem como objetivo geral demonstrar a importância do conto na educação infantil e, especificamente procurar atingir na formação do leitor que a criança consiga divertir-se, chorar, admirar-se, mostrar através do conto a criança que diante de uma história envolvente que ouve ou realiza a leitura e o estimulo a leitura O objetivo aqui exposto serve de base para que o trabalho seja desenvolvido sem submergir o viés da criança como cidadã de direito e, desta maneira, constituímos afinidades entre a linguagem oral e a linguagem lúdica. O método de trabalho a ser utilizado é o da pesquisa bibliográfica, na qual recorreu-se a sites, revistas, artigos e livros. 2-CONTEXTOS DA LINGUAGEM E DO LÚDICO Segundo Oliveira (2009, p.47) as construções teóricas e práticas em torno da educação da criança que se difundiram na Europa dos séculos XIX e XX não tardaram em se expandir a vários países inclusive o Brasil. A partir de 1980, a valorização da educação da criança pequena no Brasil tem ocupado um nível na pauta de discussões e das políticas educacionais: de um lado, a discussão em torno da Educação Infantil como espaço de educação da criança e não apenas de cuidados 244 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF (assistencialismo) e, de outro, o reconhecimento de que a educação da criança deve ser garantida pelo Estado sob o ponto de vista legal e pela qualidade do ensino sob o ponto de vista pedagógico (OLIVEIRA, 2009). Para Vygotsky (2007) a linguagem incide do igualitário para o subjetivo, está em fiel aprendizagem, realizando e restaurando a todo o momento. A experiência com o outro acerca a criança do mundo com o ato. Assim sendo, o trabalho na educação infantil é essencial para a aproximação do pensamento intelectual com o verdadeiro, ao mostrar o elemento falando o nome à criança assim a mesma aprenderá com mais facilidade. A função generalizada da linguagem que a torna um instrumento do pensamento. Ao se utilizar da linguagem o ser humano é capaz de pensar de uma forma que não seria possível se ela não existisse: a generalização e a abstração só se dão pela linguagem. (OLIVEIRA, 1997, p. 51) O trabalho com a linguagem se constitui uma das linhas fundamentais na educação infantil, oferecido pelo seu valor para a concepção do sujeito, para a influência mútua com as outras pessoas, na direção dos atos das crianças, na constituição de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento. (CRUVINEL; ALVES, 2013) A educação infantil, ao gerar conhecimentos expressivos de aprendizagem da língua, por meio de um método com a linguagem oral e escrita, se compõe em um dos ambientes de ampliação das competências de comunicação e esclarecimento e de ascensão ao mundo letrado pelas crianças. 3-Contextos do lúdico na educação infantil De acordo com Meneses (2009, p.20) a etimologia da palavra lúdico origina-se de “ludus” que tem como significado jogo. Desta forma se torna possível crer que existe uma referência apenas ao ato jogar, ao divertimento com o caráter “não sério”, entretanto mediante estudos, o lúdico deixou de possuir apenas essa conotação de algo não construtivo e passou a ser reconhecido como traço essencial do comportamento humano que traz juntamente com o Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 245 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA seu universo, além do divertimento, a possibilidade de aprendizagem em diversos âmbitos. O brincar ajuda na aprendizagem criando, entre as crianças, opiniões, conceitos, em que se possam elevar, descobrir e inovar os saberes. Conjecturam sobre sua realidade e a cultura em que habitam, no entanto, brincar é uma atividade humana aprendida e desenvolvida que exige adequadas condições para se efetivar. Na infância está atividade constitui-se como principal em seu desenvolvimento cognitivo, é por meio da brincadeira que os professores podem aproximar as crianças de educação infantil nas máximas elaborações da cultura humana, dentre elas a linguagem escrita. Brincando a criança pode desenvolver-se fisicamente, cognitivamente e psicologicamente. Freud (1976) inclui o brincar como um organismo psicológico que comporta à criança a instituir um mundo que receba seus desejos e obrigações, no qual poderá reproduzir suas experiências, assim como realizar episódios que não estão ao seu alcance. É claro que em suas brincadeiras as crianças repetem tudo que lhes causou uma grande impressão na vida real, e assim procedendo, ab-reagem à intensidade da impressão, tornando-se, por assim dizer, senhoras da situação. Por outro lado, porém, é óbvio que todas as suas brincadeiras são influenciadas por um desejo que as domina o tempo todo: o desejo de crescer e poder fazer o que as pessoas crescidas fazem. (FREUD, 1976, p. 27). É imprescindível para algumas brincadeiras o uso de brinquedos, porém, a oferta desses objetos deve atender a alguns critérios. Os critérios de seleção dos brinquedos, principalmente para a primeira infância, devem seguir rigorosamente as indicações de faixa etária, devem, também, atender as necessidades de desenvolvimento de cada etapa da criança, pois em cada nível de seu desenvolvimento suas necessidades são diferentes e estes objetos podem ampliar essas possibilidades. Um exemplo é o desenvolvimento da coordenação motora fina por meio da montagem de peças de encaixe. Os jogos também farão parte deste cenário, no entanto, algumas capacidades precisam já estar desenvolvidas para se ofertar determinados jogos, como os que envolvem as regra por exemplo, é preciso ter a atenção e memória minimamente desenvolvidas para se iniciar com jogos de regras. 246 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Em todas essas possibilidades de brincadeira percebemos a interação, a descoberta, a cooperação, a socialização, a criação, a imaginação, a imitação e a representação. As atividades lúdicas tem uma ligação direta com o desenvolvimento das capacidades e condutas de uma vida humana e em sociedade. O lúdico representado pelo ato de brincar, possibilita à criança compreender as relações humanas e vivencia-las nos momentos de brincadeira. Observar situações de faz-de-conta, pode ampliar essa afirmativa, pois, segundo Oliveira (2009, p. 45-46), o lúdico é uma forma de disfarce ou ao menos habilita a criança a disfarçar-se que envolve alguma proposta de mudança de identidade, um fingimento que se concretiza, por exemplo, no uso da roupa emprestada dos pais, na estrela do xerife, na roupa de super-herói, enfim, no enredo da brincadeira/jogo. Disfarçar-se é uma das grandes paixões humanas e que possui grande valia para o convívio social, civilizado. Conforme Brasil (1998), as crianças possuem uma natureza singular, que as caracteriza como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhes são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas e seus anseios e desejos. No processo de construção do conhecimento, as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem ideias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação. (BRASIL, 1998, p.21-22) Este estilo ressaltado no Referêncial Curricular Nacional da Educação Infantil, concebe uma compreensão de infância que surge ao longo da narrativa da humanidade, que distingue no lúdico uma atividade adequada para a criança. 4-Presença da linguagem oral e escrita na educação infantil No que diz respeito à educação infantil à aprendizagem da linguagem oral nesta fase da escolaridade o contar de historias se Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 247 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA faz muito importante nesta fase de desenvolvimento. Assim são muito comuns neste ciclo, as atividades com diversos objetivos que se assemelham ao exemplo do ensino oral integrado a outras disciplinas, como, por exemplo, improvisar uma salada de frutas para saber o nome das frutas, trabalhar conceitos e contagens, diversos paladares, etc. São usuais as rodas de conversa, nas quais os alunos respondem em coro a perguntas feitas pela professora que se responsabiliza, assim pela gestão da interação e do texto. Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, (RCNEI), Brasil, (1998, p.21), a criança é um ser social que nasce com capacidades afetivas, emocionais e cognitivas. Tem desejo de estar próxima às pessoas e é capaz de interagir e aprender com elas de forma que possa compreender e influenciar seu ambiente. Ampliando suas relações sociais, interações e formas de comunicação, as crianças sentem-se cada vez mais seguras para se expressar. Esse aumento está pertinente ao aumento gradativo das habilidades unificadas às quatro jurisdições linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever. A linguagem oral permite informar opiniões, pensamentos e finalidades de diferentes classes, entusiasmar o outro e constituir afinidades interpessoais (OLIVEIRA, 2009). Seu exercício advém dentro de uma totalidade, onde as expressões só têm significado em enunciados e textos que constituem e são constituídos por ocorrências. Quanto mais as crianças puderem raciocinar em ocasiões distintas, como expor o que lhes sucedeu em casa, contar histórias, dar um recado, esclarecer um jogo ou solicitar uma informação, assim sendo, poderão ampliar suas competências comunicativas de modo expressivo (CRUVINEL; ALVES, 2013). As crianças desde muito pequenas, estão em contato com a linguagem escrita, pois convivem com parceiros mais experientes que fazem uso desse material. A escrita está no livro que se lê para o bebê, nas roupinhas com frases que usam, no rótulos dos alimentos que consomem, nos quadros colocados em seu quarto, etc. Há um ambiente organizado com elementos da linguagem escrita. A partir dessa relação, as crianças principiam a organizar proposições a propósito de a escrita. Dependendo do valor que tem a escrita no ambiente em que as crianças convivem e da constância 248 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e propriedade da sua influência mútua com esse componente de informação, suas proposições em consideração de como se escreve ou se lê podem evoluir mais vagarosamente ou mais ligeiramente (CRUVINEL; ALVES, 2013). O ambiente em que não se tem muitos materiais escritos, ou que pouco se utiliza a escrita como ferramenta de estudo, trabalho, diversão ou comunicação, pode intervir no desenvolvimento das crianças em relação as concepções da escrita e na sua aprendizagem. Partindo de situações assim, podemos depreender a importância das Esse escolas de educação infantil, pois muitas crianças só encontraram esse tipo de mediação nesse ambiente. Para aprender a ler e a escrever, a criança deve estabelecer uma informação de natureza conceitual: necessita abranger não só o que a escrita representa, mas também de que modo ela concebe a linguagem. Isso constitui que a alfabetização não é o acréscimo de competências pautadas à inteligência, memorização e exercício de um conjunto de capacidades sensório-motoras (CRUVINEL; ALVES, 2013). Alfabetização é, ao mesmo tempo, um processo no qual as crianças necessitam de intervenções adequadas, seja em ambiente escolar ou familiar, no entanto, somente o primeiro é responsável pelo efetivo contato com o material escrito, fazendo com que as crianças se apropriem desta elaboração humana de forma lúdica, permitindo o manuseio, as trocas, as descobertas, os questionamentos, as hipóteses, etc., até que, por meio da atividade de ensino, a criança consiga se apropriar dos processos de leitura e escrita. 5-CONCLUSÃO Todos os profissionais que trabalham com educação fazem esforços para proporcionar condições que favoreçam a integração psicológica. Se os contos se apresentam como possibilidades de favorecer essa integração, não há como desconsiderá-los. Se a criança pode aprender, por meio deles, a identificar e a reconhecer, nos outros e em si mesma, pensamentos e sentimentos que ajudam ou atrapalham sua relação consigo mesmo e com os outros, se aprende Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 249 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA a conviver com naturalidade com fortes elementos do inconsciente da humanidade e do seu próprio inconsciente, estaremos lhe oferecendo melhores condições para crescer e amadurecer por meio da narrativa e da reflexão dos contos. Essa proposta poderia e deveria ser um trabalho sistematizado e permanente, e as pessoas incumbidas de realizá-lo (professores, pedagogos, psicólogos e artistas) precisariam ter, elas mesmas, um desenvolvimento pessoal e uma intimidade com seus próprios inconscientes, para poderem favorecer o encontro das crianças com seu mundo interno. Nesse sentido, espera-se que esse artigo tenha apresentado uma sequência de idéias de forma clara para fazer com que se entenda a importância do profissional de educação buscar alternativas para melhorar o desempenho de seu trabalho, assim como, os resultados a serem obtidos junto às crianças que estão tendo a responsabilidade de educar nas escolas. 6-REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998 CRUVINEL, Fabiana Rodrigues; ALVES, Gabrielle Marques. Como desenvolver a linguagem oral e escrita na educação infantil. São Paulo, 2013. Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/ imagens_arquivos/arquivos_destaque/UhW5zSfhKBavvsJ_2013-7-1017-39-27.pdf> Acesso em 20ago.2016 FREUD, Sigmund. Além do princípio de prazer. Rio de Janeiro: Imago, 1976 MENESES, Michele Santos. O lúdico no cotidiano escolar da educação infantil: uma experiência nas turmas de grupo 5 do CEI Juracy Magalhães. Salvador, 2009. Disponível em: <http://www.uneb.br/ salvador/dedc/files/2011/05/Monografia-MICHELE-SANTOS-DEMENESES.pdf> Acesso em 19ago.2016 OLIVEIRA, Maria Lúcia. (Im)pertinências da educação: o trabalho educativo em pesquisa. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009. OLIVEIRA, Marta Kohl. Vygotsky. Aprendizado e Desenvolvimento. 250 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 1997 TEIXEIRA, Hélita Carla; VOLPINI, Maria Neli. A importância do brincar no contexto da educação infantil: creche e pré-escola. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 7ª. Ed., São Paulo: Martins Fontes, 2007. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 251 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 252 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SOB A PERSPECTIVA PSICOPEDAGÓGICA GODOY, Ana Maria Oliveira Batista de 1 DOURADO,Fernanda Valentim 2 RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo analisar o processo de aprendizagem da criança com D.A., realizando um trabalho em equipe à partir da avaliação psicoeducacional, métodos de diagnóstico multidisciplinar e intervenção. As expectativas de pais e de professores para que a crianças aprendam em determinado tempo e ritmo. Para fundamentar teoricamente a pesquisa procurou-se ancorar nas contribuições de alguns pesquisadores que se dedicam ao estudo dessa temática. Palavra chaves: dificuldade de aprendizagem; criança; professor ABSTRACT This research aims to analyze the learning process of children with D.A., performing a teamwork from the psychoeducational evaluation, multidisciplinary diagnosis and intervention methods. The expectations of parents and teachers so that children learn in a 1 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de ensino superior e formação integral FAEF – Garça/SP E-mail: [email protected] 2 Docente do curso de Pedagogia da Faculdade de ensino superior e formação integral FAEF – Garça/ SP E-mail:[email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 253 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA given time and pace. To justify theoretically the research we tried to anchor the contributions of some researchers who are dedicated to the study of this theme. Word chaves: learning disability; child; teacher INTRODUÇÃO Nos dias de hoje o que mais se escuta falar nas instituições de ensino fundamental I é sobre a dificuldade de aprendizagem e suas consequências. Esse diagnóstico de dificuldade de aprendizagem é muito complexo pois envolve a família e uma equipe de profissionais como: professor, psicólogo, psicopedagogos entre outros. A avaliação psicoeducacional é levar esses profissionais em parceria com a família a criar métodos e estratégias para realizar um diagnóstico e intervenções de forma séria, possibilitando apresentar resultados positivos. Aprender a ler e escrever são o que os pais e professores querem que aconteça o mais rápido possível e quando não acontece acreditam que a criança apresenta algum problema. Mas sem saberem exatamente acabam realizado prévios diagnósticos ao contrário do que realmente a criança apresenta e em muitos casos diagnosticado com D.I. hiperatividade ,dislexia entre outras. 1- DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SOB A PERSPECTIVA PSICOPEDAGÓGICA: CONCEITO DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM O processo de aprendizagem demada um completo sistema de natureza psicológica e neurológica, que determinam o perfil intraindividual do educando, justificando os trabalhos de pesquisa nessa área das dificuldades de aprendizagem, da patologia e da linguagem, da psicologia clínica, da neuropsicologia e da neurolinguística e outros conteúdos agregados (FONSECA, 1995). Segundo Fonseca (1995) a área das dificuldades de aprendizagem (DA) terá resultados positivos a partir do trabalho de investigação, ao longo do tempo tem caminhado lentamente e dado poucos frutos, 254 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF com poucas teorias que inter-relacionavam o tema. Porém, estudos mais recentes indicam que alguns avanços têm sido feitos na perspectiva de amenizar o problema. De acordo com Fonseca (1995), a história das DA, caminha paralelamente com a história da humanidade. Nos séculos XIII e XIV os alunos iam para as escolas somente aos 13 anos de idade, somente no século XVI, os jesuítas definiram que as crianças deveriam ir para a escola aos 7 anos de idade, criando assim as “Classes de nível” que receberiam as crianças de 8 anos e adultos de 24 anos. No século XVII, o rei Luiz XIII e Luiz XIV determinam que a entrada na escola fosse aos nove e cinco anos, nos altos do século XVIII, a filosofia de Rousseau e de Diderot, encaminham ao ensino a perspectiva de “ensino para todos e respeito às diversidades”, somente no século XIX e XX as ideias de Montessori, Decroly, Froebel, Dewey, Makarenko, Mendel, Freinet e outros que enfatizam a necessidade da escola ampliar-se para a vida, contudo sendo obrigatória para todos, não somente para os filhos dos mais abastados (FONSECA, 1995). Fonseca (1995) relata que o interesse em transmitir conhecimentos ideológicos das classes dominantes, ofusca a dimensão sublime e grandiosa da educação que é um direito de todas as crianças de ter sua cultura, personalidade e sua origem sociocultural. O autor argumenta que a informação psicométrica centrada no QI, é ainda a base principal da grande maioria dos encaminhamentos educacionais e isso pode causar grandes problemas para o sistema escolar, pois não explica como jovens com QI superior a 130 podem mostrar sinais claros de dislexia, disortografia ou discalculia. Portanto diante das DA, a escola enquanto instituição revela as dificuldades da criança e não de suas qualidades e competências, onde ao se afastar da família para ir à escola a criança vive um trauma na ruptura, onde a escola é um lugar estranho e inseguro, onde instituição e professores não podem concretizar as diferenças socioeconômicas dos diferentes meios sociais. (FONSECA, 1995). Segundo Fonseca, (1995) duas visões específicas tentam explicar o fracasso escolar, de um lado, a visão dogmática que tenta explicar as DA como um problema social, do outro a visão que não aceita contestar o processo diagnóstica-intervenção. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 255 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Fonseca (1995) enfatiza que é necessário orientar-se nos fundamentos teóricos para obter dados mais significativos para entender as funções especiais das crianças com DA, para evitar confusões entre o insucesso escolar e resultados de testes que possam identificar o padrão comportamental próprio das crianças com DA. A base das DA, tem sido vista pelas metodologias reeducativas, processos de informação e processos escolares de metodologias sofisticadas e de processos neuropsicológicos, teorias essas que são questionáveis. (FONSECA, 1995). Segundo Fonseca (1995), os fatores psicobiológicos internos, estão ligados aos fatores extremos como a escola, o professor, por isso a evidência de tais dificuldades como a dislexia. Primeiro se verificava uma possível dislexia, se o QI fosse normal, verificava-se problemas emocionais, de famílias, sem se importar com problemas neurológicos ou com professores cuja intervenção era inadequada (FONSECA, 1995). O primeiro na investigação aos aspectos neuropsiquiátricos da dislexia foi Rabinovitch em 1960, afirmando que o perfil da criança disléxica pode ser provocado por: -aspecto emocional: a capacidade está intacta, mas afetada por influência exógena negativa; -lesão cerebral: a capacidade de aprendizagem está afetada, devido a uma lesão cerebral manifestada por deficiências neurológicas evidentes (clearent neurological déficits); -verdadeira dificuldade de leitura: a capacidade de aprendizagem da leitura está afetada, sem qualquer lesão cerebral detectada na anamnese ou no exame neurológico. (RABINOVITCH 1960, apud FONSECA 1995, p.12.) O autor Rabinovitch (1960), apud Fonseca 1995, relata que a dificuldade do disléxico está em trabalhar com letras e palavras como símbolos, tendo um padrão de organização neurológico diferenciado. 1.1- ANÁLISE DO CONTEXTO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM As crianças e jovens com DA excluídas das políticas da educação de maneira quase imperceptível, não tendo por enquanto uma 256 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF categoria educacional própria, sendo vistas como um entrave para os recursos financeiros limitados da área da educação (FONSECA, 1995). Aqueles que compõem o rol do sistema educacional como: diretores escolares, legisladores, professores e outros da política da educação, necessitam de dados concretos para julgarem o problema das DA, e tomar as devidas providências, ainda se tem um conceito subjetivo sobre o que é uma criança ou jovem com DA, até o momento, as políticas educativas tem levado em conta as questões econômicas ou administrativas, deixando de lado as pesquisas .(FONSECA,1989 apud FONSECA, 1995) Ainda nos Estados Unidos O “Individuais With Disabilities Education ACT” (Lei de Educação das Pessoas Portadoras de Deficiência) definiram uma dificuldade de aprendizagem da seguinte forma: (...) um transtorno em um ou mais processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou na utilização de linguagem falada ou escrita, que pode manifestar-se em uma habilidade imperfeita para ouvir, pensar e falar, ler, escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos (...) dificuldades de aprendizagem incluem condições como deficiências perceptivas, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia do desenvolvimento. (CORREIA, 2007). O autor enfatiza que o termo DA, é uma identificação clínica, sendo um assunto contraditório de uma investigação ainda imprópria e insuficiente, em resumo as DA são caracterizadas por problemas que afetam uma população heterogênea que englobam várias idades, em diversas dificuldades. Segundo Fonseca (1995), existe uma disparidade entre os que se dedicam a investigar as Da, invalidando a descrição das mesmas e tornando pobre a relevância educacional. 1.2- AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOEDUCACIONAL De acordo com Fonseca (1995), a avaliação psicoeducacional (avaliação do potencial de aprendizagem), não atende as necessidades no campo das DA, existem muitos estudantes que não alcançam o sucesso escolar por não atingirem o que definem as Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 257 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA correntes da literatura internacional, deixando claro que nem sempre o insucesso escolar está relacionado com as DA, exatamente porque são noções exclusivas. Segundo o autor, a avaliação psicoeducacional está longe de alcançar seus objetivos, visto que diante da captação de dados sobre as dificuldades de aprendizagem de muitos alunos e seguir uma estratégia individual os próprios pesquisadores não conseguem chegar a um consenso. Um dos maiores objetivos da avaliação psicoeducacional é levar os profissionais envolvidos na educação a criar métodos pedagógicos que reabilitem o aluno a estreitar os laços entre o diagnóstico e a intervenção. (FONSECA, 1995). Quanto á formação dos professores, Fonseca (1995) enfatiza que os professores especializados falham na competência de diagnóstico, porém as terapeutas da fala na área da fonoaudiologia são responsáveis pela avaliação e intervenção de crianças com problemas na linguagem falada. De acordo com Fonseca (1995), em termos universais, os processos de avaliação e identificação das crianças e jovens com Da, são feitos de maneira oficial por pediatras, neurologistas, psiquiatras, psicólogos e orientadores pedagógicos, que levam em conta, somente os seus dados clínicos, deixando de lado os dados dos professores. A Inteligência é definida como a habilidade para aprender, e a maneira como tem sido medida não atende as necessidades do campo das DA, tornando-se um grande desafio para as ciências humanas, composto por psicólogos e pedagogos especializados (FONSECA 1995). Portanto, medir a inteligência exige conhecimentos específicos e demanda maior atenção na avaliação no potencial de aprendizagem do aluno, (FONSECA 1989 apud FONSECA 1995), avaliando as experiências já vividas, visto que os déficits cognitivos são intrínsecos a um contexto cultural do indivíduo. (FONSECA 1991,1992 e SANTOS 1991) apud Fonseca 1995. Os métodos pedagógico-reeducativos de leitura, escrita e matemáticos, são insuficientes e evasivos, e de modo experimental, e não oferecem qualquer teoria que o encaixe, são sem objetivos, e sem estratégias de mediatização e interação, não oferecem 258 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF conteúdos (fonológicos, semânticos, sintáxicos).(FONSECA, 1995). Portanto, a quem se designe a investigar as DA, há de ter um pesado trabalho e reflexão, entre eles, os envolvidos no sistema escolar como: investigadores, professores, administradores e gestores de educação. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com os estudos realizados são apresentadas muitas dificuldades de aprendizagens pelas crianças, seja ela no seu desenvolvimento cognitivo quanto biológico, pois ao ingressar em um âmbito escolar o mesmo muitas vezes não consegue acompanhar o professor e nem desenvolver suas aprendizagens dentro da sala de aula pelo simples fato de muitas vezes elaborar respostas, falas e escritas erradas. No entanto as crianças são rotuladas e expostas pelo professores, no ambiente escolar em muitos casos a crianças com DA acabam sendo esquecidas ou confundidas com o desinteresse nas atividades escolares. Esperamos que com esta pesquisa possamos contribuir com um novo olhar para a dificuldade de aprendizagem desmistificando este conceito de que o aluno não tem interesse em aprender ou mesmo apresente algum tipo de deficiência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CORREIA, Luís de Miranda. Para uma Definição Portuguesa de Dificuldades de Aprendizagem. Rev.bras.educ.espec.vol.13 nº2 Marília. May/aug.2007. FONSECA, Vitor: Introdução às dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. SAMPAIO, Simaia; Freitas, Ivana Braga. Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem. Entendendo melhor os alunos com necessidades Educativas Especiais. ed.Wak.2ª edição.Rio de Janeiro.2014. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 259 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 260 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ENSINO DA MATEMÁTICA COM JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ALMEIDA, Thaís Sanches de 1 CARDOSO, Daniela Uzai 2 VALENTIM, Fernanda Oscar Dourado 3 RESUMO Este artigo tratará do ensino de matemática na educação infantil. Seu objetivo é analisar o ensino de matemática e o uso de tecnologias na educação infantil, o método pedagógico de ensino unido com os jogos e brincadeiras e a matemática trazem um grande avanço na aprendizagem do aluno. Para isso, foi realizada uma revisão bibliográfica e uma entrevista com uma professora da educação infantil. Este trabalho é de extrema importância para a formação dos profissionais dessa respectiva área. Palavras-chave: Educação Infantil. Ensino de Matemática. Prática Pedagógica. ABSTRACT This article will address the teaching of mathematics in early 1 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça, SP. E-mail: [email protected]. 2 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça, SP. E-mail: [email protected]. 3 Professora mestre do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça, SP. E-mail: [email protected]. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 261 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA childhood education. Its goal is to analyze the teaching of mathematics and the use of technology in early childhood education, the kingdom with fun and games pedagogical method of teaching math and bring a breakthrough in student learning. For this, a literature review and an interview with a professor of early childhood education was performed. This work is of utmost importance to the training of professionals in this respective area. Keywords: Early Childhood Education. Teaching of Mathematics. Pedagogical Practice. 1. INTRODUÇÃO O presente trabalho faz referência ao ensino da matemática que pode ser atrelado aos jogos e brincadeiras, e desta forma passa a ser uma estratégia de ensino aos alunos da Educação Infantil. Essa estratégia pode contribuir com avanços na aprendizagem, até mesmo melhora na autoestima. Através dos jogos e brincadeiras, a criança desenvolve e desperta o interesse pelo aprender. O objetivo deste trabalho é apresentar referências sobre o ensino de matemática na Educação Infantil, relacionando a teoria com a prática pedagógica. A Educação Infantil é o primeiro nível de aprendizado da criança, é nesta etapa em que o aluno começa a se socializar e ampliar experiências com o mundo. A Matemática é de grande importância no aprendizado, pois é uma ciência que estuda as quantidades, o espaço, as relações abstratas e lógicas aplicadas aos símbolos, ou seja, a matemática está sempre em nosso cotidiano, mesmo sem perceber trabalhamos com ela em todo tempo. As brincadeiras constituem ao incentivo de novas habilidades, e a busca de novas explicações, pois para a criança é mais fácil trabalhar com as situações imaginárias e hipotéticas seguindo determinadas regras. Este artigo é composto por dois tópicos, no primeiro é apresentado uma revisão bibliográfica sobre o ensino de matemática na Educação Infantil e no segundo, apresenta uma experiência prática de uma professora da Educação Infantil no ensino da matemática. A leitura deste texto destina-se a estudantes de pedagogia, professores e outros profissionais que atuam na Educação Infantil. 262 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Revisão de literatura É necessário que o professor saiba os valores e a importância que as atividades lúdicas têm para o desenvolvimento infantil. Portanto, o jogo tem a finalidade de desenvolver habilidades de resolução de problemas, possibilitando ao aluno a oportunidade de estabelecer planos de ação para atingir determinados objetivos (KISHIMOTO, 2000). Por essa razão, os professores devem trabalham com os jogos e brincadeiras na sala de aula. O brincar e as situações que envolvem jogos se configuram ferramentas eficazes para o desenvolvimento dos conceitos matemáticos. Onde o raciocínio lógico, a resolução de problemas são potencializados no processo de aprendizagem. Negrine (1994) aponta que o profissional que irá trabalhar na educação infantil deve ter uma boa formação didático-pedagógica, pois quanto menor a criança, mais qualificado o professor terá de ser. Afirma ainda ser necessário preparo profissional e planejamento consistente para atuar como pedagogo. Para as crianças, principalmente na educação infantil, o professor é considerado um exemplo, por esse motivo, deve-se despertar a curiosidade dos alunos e juntos compartilharem os jogos e brincadeiras, assim pode ocasionar novas descobertas e potencialidades. A brincadeira é a primeira atividade na infância, e essa ação gera descobertas, experiências, e com isso, proporciona algum aprendizado. Segundo Kishimoto (2002) o brincar, garante à criança vivenciar em um mundo imaginário, mesmo sendo um mundo que não lhe pertence e a realidade sendo outra, é preciso essa ação, para que a criança se desenvolva e aprenda. As brincadeiras de roda, cantigas, chamada cantada, brincadeiras com o calendário, proporcionam à criança o desejo de aprender, pois desperta a curiosidade e novas descobertas são feitas. Segundo Vygotsky (1994, p. 54), Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 263 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A brincadeira tem um papel muito fundamental no desenvolvimento do próprio pensamento da criança. É por meio dela que a criança aprende a operar com o significado das coisas e dá um passo importante em direção ao pensamento conceitual que se baseia nos significados das coisas e não dos objetos. A criança não realiza a transformação de significados de uma hora pra outra. Muitos professores na educação infantil acabam não usando o lúdico em suas aulas, achando que gera bagunça, indisciplina, mas isso não pode ocorrer, a criança precisa sim dessas atividades no seu processo de aprendizagem. É nessas brincadeiras que a criança se doa, da mesma forma com que aprende a andar, a falar e comer. Através desse motivo que aparece às atividades lúdicas, os jogos e brincadeiras deveriam ser reconhecidos com a sua real importância para o desenvolvimento da criança, sendo instrumento essencial para as atividades na rotina da educação infantil. Segundo o Referencial Curricular Nacional (RCN) fazer matemática é expor ideias próprias, escutar as dos outros, formular e comunicar procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros, resolver problemas, entre outras coisas (BRASIL, 1998). O trabalho com noções matemáticas na educação infantil atende, por um lado, às necessidades das próprias crianças de construírem conhecimentos que nos incidam mais variados domínios do pensamento, por outro, corresponde a uma necessidade social de instrumentalizá-las melhor para viver, participar e compreender um mundo que exige diferentes conhecimentos e habilidades (BRASIL, 1998, p. 209). Segundo Mattos (2009) o jogo está presente desde cedo na vida das crianças e [...] faz parte do cotidiano do aluno, por isso, ele se torna um instrumento motivador no processo de ensino e aprendizagem, além de possibilitar o desenvolvimento de competências e habilidades. Em síntese a educação lúdica, entendida como o aprender brincando, integra na sua essência uma concepção teórica profunda e uma concepção pratica atuante e concreta. Seus objetivos são as estimulações das relações cognitivas, afetivas, verbais, psicomotoras, sociais, a mediação socializadora do conhecimento e a provocação para uma reação crítica e criativa dos alunos (MATTOS, 2009, p. 56). 264 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Os jogos e brincadeiras de matemática despertam na criança um bom nível de conhecimento, sendo este de grande favorecimento para uma educação de qualidade. 2.2. Relato de experiência Foi feita uma entrevista com uma professora que trabalha na Educação Infantil, a fim de apreender suas concepções acerca da importância da matemática, do lúdico nesta etapa de ensino. Os dados são os seguintes: sua formação é em Magistério, Ciências Sociais e Pedagogia, tem 44 anos de idade e 23 anos que exerce como pedagoga. Na escola em que atua é ensinada a matemática desde o três anos de idade às crianças, e a mesma ressalta que as crianças precisam aprender brincando, pois é através desse meio que despertam a curiosidade. São usados como método para o ensino da matemática para seus alunos os números, as formas geométricas, com atividades tais como: contar quantos alunos tem na sala, quantos alunos faltaram, a idade e altura de cada um, uso do calendário, jogos de dados, boliche, argolas entre outros. A entrevistada relatou que, nos dias de hoje, há muitos cursos para os professores terem uma boa formação na sua área, e que é necessário uma boa coordenação na escola, para incentivar os professores a participarem desses eventos e melhorarem sua capacitação. É de mera importância o ensino da matemática na educação infantil, disse a entrevistada, pois é nesse estágio em que a criança está desenvolvendo seu primeiros processos de aprendizado mais sistematizados, diferentes do que aprendem em casa. Finalizando a entrevista foi comentado pela entrevistada a importância do uso da tecnologia na sala de aula, como uma ferramenta a mais para auxiliar a criança no novos conhecimentos. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com as devidas informações pesquisadas, o ensino da matemática na educação infantil é de grande importância para a Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 265 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA criança e um dos meios para ocorrer a aprendizagem significativa. Através do lúdico, há o desenvolvimento do pensamento lógico argumentativo, autonomia, criatividade, senso de regras entre outros aspectos. Vale lembrar que para esse aprendizado ser devidamente organizado é preciso que o professor seja mediador das atividades propostas e para isso necessita ter uma boa qualificação. Kishimoto (2000) ressalta como o educador deve organizar os jogos e brincadeiras e diz que para desenvolver um bom ensino matemático na educação infantil o mediador deve voltar a metodologia aplicada para a classificação, sequência, seriação, espaço, tempo e medidas, desenvolvendo o raciocínio e que as crianças tenham interesse em aprender. 5. REFERÊNCIAS BRASIL. Referencial Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. KISHIMOTO, T.M. (Org). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2000. MATTOS, Roberto Aldrin Lima. Jogos e matemática: Uma relação possível. Salvador: R.A.L,2009. NEGRINE, A. Aprendizagem e desenvolvimento infantil1: simbolismo e jogo. Porto Alegre: PRODIL, 1994. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 266 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF EQUIPES DE DIREÇÃO ESCOLAR EM FORMAÇÃO CONTINUADA: UMA ANÁLISE DA ATUAÇÃO DA UNIVERSIDADE SOUZA, Tiago B. de1 RESUMO Este artigo tem por objetivo analisar a percepção das equipes de direção sobre um Programa de formação continuada de dirigentes das escolas municipais. O Programa realizou-se em uma perspectiva dialógico- problematizadora (FREIRE, 1983; 2006). Para alcançar o objetivo proposto acompanhei, descrevi e analisei os encontros e realizei entrevistas semiestruturadas com os diretoras participantes do programa. Concluo que se não foi possível mudar a “cara” da escola, ao menos, diagnostico que o Programa, na perspectiva dos diretores, gerou um pensar sobre a prática e um espaço de formação diferente das perspectivas postas pelo governo do estado de São Paulo. Palavras chaves: Diálogo e problematização; Formação continuada de diretores de escola; Gestão democrática; Projeto político-pedagógico. ABSTRACT This paper aims to analyze the perception of management teams on a continuing education program for directors of municipal schools. 1 Docente do curso de Pedagogia Faef – Email: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 267 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA The program was held in a dialógico- problematical perspective (FREIRE, 1983; 2006). To achieve the proposed goal followed, described and analyzed the meetings and performed semi-structured interviews with the participants of the program directors. Conclude that it was not possible to change the “ face “of the school, at least, that the diagnostic program from the perspective of directors, created a think about the practice and a different training area prospects posed by the state government of São Paulo. Key words: Dialogue and questioning; Continued education of school principals; Democratic management; Political-pedagogical project. INTRODUÇÃO Inicialmente, serão abordados alguns aspectos sobre as atuais discussões relacionadas à gestão da educação e à escola e, em seguida, será realizada a delimitação mais precisa das questões sobre a formação dos diretores. Dois movimentos concomitantes marcam a emergência da escola como “foco” das atenções atuais na educação: o da política educacional e o dos estudos acadêmicos. O cenário atual de hegemonia capitalista, respaldado na doutrina neoliberal e na globalização dos mercados, determinou em nosso país uma ampla reforma do Estado concretizada via reformas setoriais, dentre elas, a da educação. Identifica-se, mediante abordagem realizada por diversos autores nacionais e internacionais (BARROSO, 2005; OLIVEIRA, 2005), que a reforma educacional brasileira da década de 1990 privilegiou (talvez ainda venha privilegiando) questões relacionadas aos aspectos financeiros e à adequação do sistema educacional à lógica do capitalismo, mediante, entre outros aspectos, redefinição do sistema de financiamento e regulação da política com a concretização de rígido e centralizado sistema de avaliação nacional. No contexto das reformas, a gestão da educação ganhou atenção maior na medida em que se tornou uma das responsáveis direta pela melhoria da produtividade do setor educacional público diante das novas demandas dos setores produtivos e das orientações das agências internacionais de financiamento. 268 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Com a intenção de melhorar a qualidade de ensino, a eficácia e a eficiência do sistema educacional, o governo brasileiro incentiva, na política educacional a partir da década de 1990 influenciada pelas determinações internacionais, a descentralização do ensino (via municipalização), revisão do processo de financiamento dos níveis de ensino, enfoque centrado na educação básica e preocupação com a autonomia da escola. Dentre outras estratégias, segundo Oliveira (2002), três medidas marcaram a reforma do Estado no campo educacional brasileiro: 1)A Lei 9.131/95 que cria o Conselho Nacional de Educação, definindo suas competências e atribuições, menores se comparados com os do CFE que o antecedeu; 2)A entrada no Congresso Nacional do Projeto de Emenda Constitucional que disciplina o financiamento do ensino. Posteriormente convertido em EC 14/96, criou o FUNDEF (Fundo de Manutenção de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). Sua regulamentação pela Lei 9.424/96. 3)A aprovação da Lei 9.394/96, estabelecendo as diretrizes e bases da educação nacional. Do exposto, alguns desdobramentos podem ser identificados, principalmente a ideia de que os processos que incentivam a autonomia e a descentralização têm a gestão democrática como centro. Sendo que esta, para tornar-se concretizável, necessita da existência de reais espaços de participação nas organizações escolares, entendendo por participação “uma força de atuação consistente pela qual os membros da escola reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na dinâmica dessa unidade social, de sua cultura e dos seus resultados”. (LÜCK, 2000, p.27). No campo teórico da Administração escolar, é preciso destacar que a década de 1980 é marcada por uma mudança paradigmática influenciada, sobremaneira, pela publicação do livro de Paro (1986). No trabalho, o autor defende a especificidade da Administração escolar que para ele é diferente da Administração empresarial, considerando três aspectos principais: a natureza do saber, o educando e o produto da educação. Em educação, o produto não pode ser separado do ato da produção, sendo assim, o aluno é objeto e sujeito da produção e “[...] não apenas está presente, mas também participa das atividades que aí se desenvolvem [...]”, em outras palavras, é próprio da atividade educativa o fato de ela não poder Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 269 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA realizar-se, senão com a participação do educando (PARO 1986, p.141). Com base na especificidade do processo de produção pedagógico, Paro (1986) defende a construção teórica própria para a Administração escolar, que considere, sobretudo, os objetivos que se buscam alcançar com a escola e a natureza do processo que envolve essa busca. O autor evidencia que a Administração escolar que se preocupa com a superação da ordem social injusta precisa propor como horizonte a organização da escola em bases democráticas e participativas. Segundo o autor, também, para que uma prática administrativa seja realmente democrática todos devem participar das decisões que estão ligadas ao funcionamento e organização da escola. Paro (1986) enfatiza que nesse processo de democratização, é importante que todos conheçam e compartilhem os princípios e métodos de uma nova Administração, voltada para os interesses da classe trabalhadora. O compromisso da Administração escolar, neste sentido, deve ser a transformação social e a restituição da racionalidade perdida no interior da escola, para isto Paro nos diz que “a Administração escolar precisa saber buscar na natureza própria da escola e dos objetivos que ela persegue os princípios, métodos e técnicas adequadas ao incremento da sua racionalidade”. (PARO, 1986, p.136)2. Há outros textos, até mesmo do próprio autor, que trabalham e aprofundam esta perspectiva na área da Administração escolar (PARO, 2001; 2003; 2005; LUCE; MEDEIROS, 2006). Independentemente das críticas realizadas por pesquisadores brasileiros com relação aos desdobramentos da política educacional da década de 19903, o importante, diante do breve quadro descrito, é o deslocamento, para a ponta do sistema (a escola), da responsabilidade de construção do projeto político pedagógico, gestão do dinheiro, implantação de medidas/reformas das políticas de governo, como por exemplo, a progressão continuada, o ensino de nove anos e a escola de tempo integral. Paralelamente ao movimento da política educacional, presenciamos no âmbito dos estudos acadêmicos a emergência de novo objeto de estudos da Ciência da Educação – a organização escolar -, marcada pela forte influência da produção portuguesa 270 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF (NÓVOA, 1995; LIMA, 1998). Estes estudos privilegiam um nível meso de abordagem no qual “a escola-organização assume-se como uma espécie de entre-dois onde se exprime o debate educativo e se realiza a acção pedagógica” e identificam que “[...] apesar de conterem visões parcelares da realidade, é evidente que tanto as teorias macroscópicas como os estudos microscópicos produziram um conhecimento útil e pertinente do ponto de vista do pensamento e da acção pedagógica”. (NÓVOA, 1995, p.20). O enfoque dos estudos privilegia a análise dos modelos simbólicos e políticos presentes nas organizações em detrimento dos modelos racionais, estruturais e sistêmicos, ou seja, a importância maior é atribuída ao como as ações são realizadas e ao significado que as pessoas atribuem aos acontecimentos escolares. Segundo Canário (1996), duas vertentes principais são desenvolvidas com esta perspectiva: os estudos sobre a identidade e os estudos sobre a eficácia da escola. A gestão escolar é destacada como fator importante uma vez que pode diretamente influenciar a construção de determinado clima e cultura escolares (BRUNET, 1995) e também pode ser (ou não), mediante exercício da liderança, elemento constituinte da eficácia da escola (NÓVOA, 1995). Nóvoa (1995, p.24) indica que [...] um dos aspectos mais interessantes (e mais críticos) deste movimento é a possibilidade de cruzar a reflexão científica com a inovação educacional, apelando a que os diferentes actores mobilizem criticamente as suas energias, em vez de se refugiarem em teorias defensivas e de justificação. Do exposto, destaca-se que a escola emerge como centro das preocupações da educação e que, com este movimento, a formação e competência (técnica e política) dos gestores escolares passam a ser preocupação de grande parte dos envolvidos com as questões da qualidade de ensino. 2- A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS GESTORES O movimento que incentiva a participação e a democratização nas escolas, mediante processos que aumentam suas responsabilidades, exige, consequentemente, maior competência de Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 271 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA sua gestão e, desta maneira, a formação dos gestores escolares adquire um grande significado e um enorme desafio aos sistemas de ensino. Segundo Lück (2000), este desafio torna-se ainda maior diante da oferta insuficiente de oportunidades para a formação inicial de gestores escolares, que reforça a responsabilidade dos sistemas de ensino na promoção e realização de cursos de capacitação para a preparação de diretores escolares. Para a autora, entretanto, a maioria desses cursos organizados por órgãos centrais tem seus programas pautados por generalizações, apresenta um distanciamento entre teoria e prática ao focalizar conteúdos formais em detrimento do desenvolvimento de habilidades (o saber fazer) e enfoca o indivíduo, desconsiderando a necessidade de desenvolvimento do trabalho em equipe. Com este diagnóstico, Lück (2000) destaca a necessidade de os sistemas de ensino “adotarem uma política de formação continuada de gestores, de modo a estabelecer unidade e direcionamento aos seus programas e cursos.” (LÜCK, 2000, p.32) Neste contexto, o Estado de São Paulo desenvolveu, o Programa “ProGestão” que é um curso de formação continuada para gestores escolares que atuam nas redes públicas de ensino, tendo como objetivo geral a formação de lideranças comprometidas com a construção de um projeto de Gestão democrática, focada no sucesso escolar dos alunos das escolas públicas de ensino fundamental e médio. As propostas foram adotadas pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação - CONSED, em parceria com um grupo de Secretarias de Educação, que se consorciaram para assegurar o financiamento da produção dos materiais instrucionais do Programa para posterior uso descentralizado. Calixto (2007) desenvolveu uma pesquisa que realizou um diagnóstico da percepção dos diretores envolvidos com o referido programa na cidade de Marília SP. Tomando como ponto de partida os resultados, foi construída uma proposta de formação continuada para os dirigentes municipais de Marília, não sendo o possível trabalhar no município de Marília, o programa foi apresentado e acolhido pela Secretaria de Educação do município de Garça SP e os encontros de formação ocorrem quinzenalmente por dois ano. Os objetivos desta pesquisa foram: realizar um diagnóstico da percepção dos diretores das escolas municipais de Garça/SP sobre o 272 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Programa de formação continuada desenvolvido por docentes do Curso de Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual Paulista/Marília; acompanhar, descrever e analisar os encontros quinzenais realizados entre os diretores e Secretária de educação do município de Garça e a equipe da Unesp, constituída pelas docentes e alunos da graduação; identificar os possíveis desdobramentos do desenvolvimento do Projeto para a formação e a prática dos diretores de escola. 2.1 Os procedimentos metodológicos Para a investigação do problema foram coletados dois tipos de material. O primeiro obtido com a participação e descrição dos encontros realizados e o segundo com a transcrição das entrevistas realizadas com a Secretária Municipal de educação de Garça e com os diretores envolvidos com o processo de formação continuada. As entrevistas foram do tipo semiestruturadas, desenvolvendose a partir de um esquema básico, porém flexível. Ressalta-se que durante as entrevistas foram garantidos o anonimato e o sigilo ao informante e à unidade escolar, como também respeito às opiniões e às ideias. (LÜDKE e ANDRÉ, 1986). Foram entrevistados 8 diretores, a coordenadora pedagógica e a Secretária de educação do município. Da análise das entrevistas emergiram três categorias analíticas, sendo elas: O diretor e a organização do trabalho na escola; O projeto político-pedagógico e a qualidade de ensino; A percepção dos dirigentes sobre a formação continuada. 2.2 Resultados de discussão A primeira categoria “O diretor e a organização do trabalho na escola na perspectiva dos entrevistados”, analiso por meio de três autores clássicos da Administração escolar e detecto que as falas das diretoras muito se aproximam das perspectivas desses autores, sendo eles Paro (1986), Alonso (1976) e Ribeiro (1968) que apresentam perspectivas diferentes sobre a temática, portanto, há uma contradição nas falas das diretoras. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 273 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A segunda categoria “Projeto Político-Pedagógico e a qualidade de ensino”, analisei a possível relação entre o Projeto Político Pedagógico (PPP) e a qualidade de ensino. Buscando em Vasconcellos (2002) e Veiga (2000) um embasamento do que se constituiria o PPP, e analisado as entrevistas, concluo que existe uma relação entre o PPP e a qualidade de ensino, porque, se a escola o constrói por vontade própria, consciência de seus integrante, há uma melhora de ensino significativa, entendo o processo pedagógico enquanto ato político e não somente pedagógico. Na terceira categoria “A percepção dos dirigentes sobre o Programa de formação continuada”, faço algumas considerações teóricas sobre a Administração escolar na perspectiva de Paulo Freire, já que a proposta foi subsidiada teórico-metodologicamente pela dialogicidade problematizadora de Paulo Freire. A partir da análise teórica e das entrevistas, considero que a percepção dos dirigentes sobre o programa foi positiva, pois como as diretoras destacaram, o programa teve uma boa orientação, provocou a reflexão sobre a prática da escola e do trabalho coletivo, propiciou momento de reflexão. Como ponto negativo, foi unânime a crítica sobre a interrupção do programa após a mudança de governo. Sendo assim, as entrevistadas ressaltam como potencialidade da formação continuada a sua essência, ou seja, o diálogo e a problematização. 3. CONCLUSÃO Para finalizar, reitero um aspecto evidenciado na Introdução, de que é possível perceber, atualmente, um movimento de focalização da gestão escolar como um dos elementos centrais da melhoria da qualidade de ensino, nas diferentes pesquisas e políticas educacionais. Em continuidade a esta pesquisa, estou construindo projeto que procurará levantar os Programas e Propostas de formação continuada de diretores (“gestores”) escolares dos estados brasileiros; sistematizar e analisar quatro deles, sendo escolhidos a partir de diferentes partidos políescolares dos estados brasileiros; sistematizar e analisar quatro deles, sendo escolhidos a partir dos partidos polticos. A intenção será compreender como as diferentes propostas concebem a função do diretor de escola e da gestão da escola e sua possível relação com a qualidade de ensino. A construção 274 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF da ideia deveu-se ao desenvolvimento do presente estudo que procurou diagnosticar a percepção dos diretores que participaram de uma formação continuada que apresentava uma natureza teórico e metodológica diferentes das apresentadas pelo governo do estado de São Paulo, nas últimas décadas. REFERÊNCIAS BARROSO, J. O Estado, a educação e a regulação das políticas públicas. Educação e Sociedade. Revista de Ciência de Educação. Campinas, CEDES, vol. 26. n. 92, out. 2005. BRUNET, L. Clima de trabalho e eficácia da escola. In: In: NÓVOA, Antonio (org). As organizações escolares em análises. Lisboa, Portugal: Publicações Dom Quixote (1995). CANÁRIO, Rui. O estudo sobre a escola: problemas e perspectivas. In: BARROSO, João (Org.). O estudo da escola. Portugal: Porto Editora, 1996. FREIRE, P. A educação na cidade. 7. ed. SP: Cortez, 2006. LÜCK, Heloísa. 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As organizações escolares em análises. Lisboa, Portugal: Publicações Dom Quixote (1995). OLIVEIRA, Cleiton de. Gestão da educação: União, Estado/Distrito Federal, município e escola. In: MACHADO, L. M; FERREIRA, N. S. C. (orgs). Política e Gestão da educação: dois olhares. RJ: DP&A, 2002. OLIVEIRA, D. A. Regulação das políticas educacionais na América Latina e suas conseqüências para os trabalhadores docentes. Educação e Sociedade. Revista de Ciência de Educação. Campinas CEDES, vol.26. n.92, outubro de 2005. PARO.V.H. Administração escolar: introdução crítica. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1986. PARO, V.H. Escritos sobre educação. São Paulo: Xamã, 2001. PARO, V.H. Eleição de diretores: a escola experimenta da democracia. 2ª ed. SP: Xamã, 2003. PARO, V.H. Gestão democrática da escola pública. 3ª ed. SP: Editora Ática, 2005. SILVA JÚNIOR, João dos Reis, FERRETTI, Celso. O Institucional, a organização e a cultura da escola. São Paulo: Xamã, 2004. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. 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Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF GESTÃO DEMOCRÁTICA E PROTAGONISMO JUVENIL: DESENVOLVENDO UM NOVO OLHAR SOBRE A ESCOLA A PARTIR DE AÇÕES DE CIDADANIA COELHO, Sandra Elisa Q. Barbosa1 RESUMO Esta investigação é resultado de reflexões críticas realizadas no cotidiano da E. E. Professora Nadir Lessa Tognini no Município de Santo André/SP, cujo objetivo principal foi o de identificar os problemas e expectativas da comunidade escolar. As investigações tinham como foco organizar projetos de intervenções em prol da melhoria qualitativa da escola resultando na aprendizagem efetiva e significativa dos educandos. Visou o redimensionamento da gestão escolar na perspectiva democrática e participativa por meio da organização de ações envolvendo toda a comunidade escolar em projetos de protagonismo juvenil. Esses projetos promoveram maior comprometimento dos educandos com a aprendizagem em ações de cidadania na escola preservando e transformando o espaço escolar e elevando a auto-estima dos alunos. Palavras chave: Educação. Gestão democrática. Protagonismo Juvenil. 1 Mestre em Educação UNESP/FFC – Marília/SP. Diretora da E.E. Professor Benito Martinelli em Marília/SP. e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 277 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This research is the result of criticisms made in everyday E. E. Teacher Nadir Lessa Tognini reflections in Santo André City / SP, whose main objective was to identify the problems and expectations of the school community. The investigations were focused on organizing intervention projects in favor of qualitative improvement of school resulting in effective and meaningful learning of students. Aimed at resizing the school management in the democratic and participatory approach through the organization of actions involving the whole school community in youth participation projects. These projects promoted greater involvement of students with learning in citizenship actions in school preserving and transforming the school environment and raising the self-esteem of students. Keywords: Education. Democratic Management. Youth Participation. 1- INTRODUÇÃO O trabalho de investigação foi realizado pela gestora na escola pública Escola Estadual Professora Nadir Lessa Tognini, localizada no Município de Santo André no Estado de São Paulo. No período da investigação a escola possuía os níveis de ensino: Fundamental Ciclo II – Escola de Tempo Integral (ETI), nos período diurno e vespertino Ensino Médio, diurno e noturno, e Educação de Jovens e Adultos – (EJA), no Ensino Médio. Atendia quinhentos e sessenta e quatro alunos nos três períodos de funcionamento. Ao iniciar sua função de gestora nesta instituição escolar encontrei uma realidade muito difícil e desafiadora em diferentes aspectos. Os principais problemas identificados foram relativos aos aspectos administrativos, indisciplinares, pedagógicos e financeiros. Em relação aos administrativos, contatamos falta de documentos (Livro de Ata da APM, Plano Político Pedagógico, Proposta Pedagógica e Regimento Escolar) devido a excessiva rotatividade dos diretores. Os problemas indisciplinares compreenderam: atitudes de vandalismo (depredação do patrimônio escolar) desrespeito aos professores, funcionários e bullying. Nos aspectos pedagógicos identificamos alguns professores com formação inadequada, falta de comprometimento profissional, 278 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF descrença na possibilidade de mudança e falta de participação dos pais ou responsáveis. Após diagnosticar essa realidade, a gestora iniciou uma Pesquisa-ação e reflexão crítica sobre a prática, a partir do levantamento dos principais problemas detectados tendo como base a Teoria da Representação Social na perspectiva da Psicologia Social, nos estudos teóricos de Moscovici. Como o objetivo inicial da investigação foi compreender as concepções e Representações Sociais de toda a comunidade escolar, optamos pela abordagem qualitativa, por proporcionar a obtenção dos dados descritivos a partir do contato direto do pesquisador com seu cotidiano. A metodologia de Pesquisa-Ação também foram condizentes com a natureza da investigação e visou compreender a práxis do grupo em estudo para posteriormente desenvolver ações no cotidiano escolar em prol da transformação da escola. As técnicas utilizadas na coleta de dados foram: anotações do pesquisador, questionários respondidos por funcionários, professores, alunos e análise das temáticas das afirmações dos sujeitos baseada nas Dimensões da Representação Social. O principal objetivo do estudo foi analisar as proposições dos professores, funcionários, pais e alunos a respeito dos problemas apontados, propostas de melhoria, expectativas e representações sociais a referentes a escola e redimensionamento da gestão escolar na perspectiva da gestão democrática e participativa. 2. A CONSTRUÇÃO DA GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA Um novo paradigma de gestão escolar vem sendo construído no contexto das organizações e dos sistemas de ensino na sociedade contemporânea. Essa perspectiva gerou a mudança do enfoque de administração para o de gestão educacional democrática, pautada na participação efetiva da comunidade escolar nas ações e decisões juntamente com o gestor escolar por meio de adoções de práticas interativas e parcerias na busca de superação de problemas presentes na instituição escolar. A implementação desse modelo de gestão na escola pública não foi uma tarefa fácil e sabemos que as experiências democráticas devem ser vivenciadas no cotidiano escolar por toda a equipe, visto que a maioria dos integrantes da escola receberam influências na sua formação, de práticas autoritárias e tradicionais. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 279 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Envolver a comunidade escolar em prol da melhoria qualitativa da escola, partilhando responsabilidades tanto de práticas bem sucedidas como dos resultados negativos, necessita romper com as representações sociais anteriores baseadas no papel centralizador do diretor de escola. Nesse processo de reestruturação do modelo de gestão, temos consciência da importância do tipo de liderança exercido pelo gestor. Nesse aspecto Fullan (2009) afirma que “o gestor está no meio da relação entre educadores, as idéias e as pessoas externas a escola e os conflitos são inevitáveis quando se propõe mudanças”. O papel do gestor é organizar estratégias que proporcionem a mobilização de todos os membros da instituição escolar visando estabelecer uma cultura de mudança que envolverá gradativamente toda a equipe escolar. A concretização da gestão democrática, pressupõe estudos teóricos e análise dos principais problemas, elaboração de projetos de intervenções que favoreçam o desenvolvimento profissional de toda a equipe escolar. Esse trabalho de formação continuada foi realizado nas reuniões de Atividades de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC) com professores juntamente com a equipe gestora e coordenadores em todos os períodos da investigação. A implementação do Projeto de Protagonismo Juvenil O Projeto de Protagonismo Juvenil foi de suma importância na construção do novo paradigma de gestão participativa no interior da instituição escolar, pois propiciou maior participação das crianças e jovens na organização de projetos e ações em prol da construção de uma escola mais democrática. Essas ações de cidadania foram elaboradas progressivamente e proporcionaram o desenvolvimento da autonomia e responsabilidade de seus participantes. Inicialmente a gestora realizou observações e diálogos com os alunos a fim de identificar a visão que possuíam a respeito da escola, bem como suas propostas de mudanças. Percebeu que os alunos tinham visão negativa da escola. Como os alunos não se identificavam com a instituição escolar tinham atitudes de vandalismos como pichações, depredação do patrimônio, colocação de fogo em painéis e latões de lixo. Além dessas atitudes, os professores relataram que em sala de aula havia um grande número de alunos não tinham 280 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF interesse pelos estudos, desrespeitavam os próprios colegas, professores e funcionários. As primeiras ações de cidadania e protagonismo foram realizadas, inicialmente pela diretora com um pequeno grupo de alunos que durante as aulas vagas iniciaram ações de melhoria dos espaços escolares, como por exemplo, atividades de jardinagem, organização de pinturas artísticas, grafites nos banheiros e muros ao redor da escola, na sala de leitura e atividades musicais (fanfarra). Quando os professores viram os primeiros resultados do projeto foram se envolvendo e organizaram juntamente com a diretora outros projetos (Jornal Escolar; Plantando sementes do futuro) que foram encaminhamos para um órgão da Secretaria da Educação(Projetos descentralizados)PRODESC, que destinou verbas para a compra de materiais específicos para a execução dos mesmos. Os participantes dos projetos foram os alunos do 7º, 8º e 9º ano do Ensino Fundamental (Ciclo II) e alunos das 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio (diurno e noturno). As ações e projetos de protagonismo juvenil favoreceram a participação dos educandos em atividades que extrapolaram o âmbito de seus próprios interesses individuais e ampliaram para os interesses coletivos referentes a escola e proporcionaram o desenvolvimento pessoal, a sociabilidade e integração dos alunos dos diferentes níveis. Essa integração estimulou a criação do Grêmio Escolar e proporcionou maior envolvimento de todos os alunos na elaboração de propostas de melhoria da escola. Costa (2006) afirma que é de suma importância o papel desempenhado pelo grupo nessa fase de vida dos estudantes, pois representa o espaço de conquista e afirmação da identidade pessoal e social, além de representar espaço de experimentação para o exercício da autonomia. Representação Social da escola na visão dos funcionários e docentes A partir da análise das respostas dos educadores identificamos atitude positiva em relação à escola, principalmente no que diz respeito aos aspectos pedagógicos envolvendo recursos de ensino e apoio da equipe gestora. Os aspectos positivos compreenderam: sala de multimídia equipada com data-show, Acessa escola, sala de Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 281 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA leitura, proposta pedagógica, apoio da direção e coordenação, acesso aos recursos pedagógicos, interação positiva com os alunos, espaço físico e organização. Os aspectos negativos que dificultaram o trabalho dos professores foram: falta de interesse e indisciplina dos alunos, pais ausentes, falta de funcionários, excesso de aulas vagas, dificuldade em controlar a indisciplina e despertar nos alunos o interesse pelos estudos, saída dos alunos na troca de aulas e uso de celulares em aula. As propostas de melhoria da escola compreenderam: maior participação da família, promover um trabalho conjunto da equipe gestora com a comunidade escolar, orientar o uso consciente dos equipamentos escolares. Representação social da escola na visão dos educandos No início do seu trabalho de gestora em 2009 identificou visão negativa da escola por parte dos estudantes que a consideravam feia e não acreditavam na sua transformação. Após a implementação do projeto de Protagonismo Juvenil os questionários foram aplicados novamente e as concepções sobre a escola haviam mudado, já que a maioria demonstrou visão positiva e a escola passou a representar a possibilidade de ter um futuro melhor. Afirmaram ainda, que tinham bons professores e boa administração e direção. Os aspectos que os estudantes do Ensino Fundamental mais gostavam na escola foram: 1º merenda, 2º recreio e 3º colegas. Quanto aos aspectos negativos apontaram a 1º”bagunça”, 2º horário integral e 3º conservação da limpeza nas salas de aulas. Os jovens do Ensino Médio apontaram em 1º lugar os professores, 2º a merenda e quanto aos aspectos negativos apontaram as salas superlotadas. Representação dos professores na visão dos educandos Identificamos nas afirmações da maioria dos educandos atitude valorativa em relação à forma como os professores interagem com eles em classe e gostam muito dos professores. Na dimensão Campo de Representação encontramos a imagem do professor amigo, legal, 282 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF simpático e competente, paciente e extrovertido. Apontaram também aspectos negativos referentes a características das aulas de alguns professores que não sabem explicar os conteúdos. 3- CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização de todas as ações protagonistas na escola nos permitiu concluir que a abordagem administrativa pautada na Gestão Democrática e Participativa foi essencial para alcançarmos a melhoria qualitativa da escola a partir do comprometimento de todos e desenvolvimento da autonomia dos alunos na construção da escola democrática. Após três anos e meio de trabalho efetivo na implementação desse novo paradigma identificamos algumas transformações significativas nas relações entre educadores, educandos e maior participação da comunidade escolar nos eventos escolares, Conselho de Escola, APM (Associação de Pais e Mestres) e melhoria dos níveis de aprendizagem confirmados pelos resultados do SARESP e IDESP Outra mudança perceptível diz respeito a elevação da auto-estima dos alunos e maior participação nas atividades de projetos interdisciplinares. O vandalismo e depredação do patrimônio escolar foram substituídos por projetos de melhoria dos espaços escolares. O projeto Fanfarra foi um exemplo vivo de protagonismo, pois o número de participantes aumentou consideravelmente realizando a inclusão dos alunos especiais e após a saída da professora um aluno participante da fanfarra, assumiu a liderança sendo o regente e líder de todos os alunos. 4- REFERÊNCIAS ALARCÃO, I. Escola Reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora, 2011. COSTA, A.C.G. Protagonismo Juvenil: adolescência, educação e participação democrática. 2ªed.. São Paulo: FDE. Salvador Bahia: Fundação Odebrecht, 2006. FULLAN, M. e HARGREAVES, A. Por que é que vale a pena lutar? O trabalho da equipa da escola. Porto/Pt: Porto Editora, 2001. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 283 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA LUCK, H. Concepções e processos democráticos de gestão educacional. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2010. .________ . Gestão Educacional: uma questão de paradigmática. Petrópolis, Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2010. MOSCOVICI, S. A Representação Social da psicanálise. Zahar editores, Rio de Janeiro, 1978. 284 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF JOGO DE FAZ DE CONTA – REAL E IMAGINÁRIO LISSER, Naiane Aparecida. 1 ROCHA, Bárbara Heloísa Franco Rocha. ANDRADE, Lizbeth Oliveira de. 2 3 RESUMO Esse presente artigo parte das leituras e discussões dos textos na disciplina Recreação, jogos e movimento, do curso de Pedagogia. Nele vamos abordar o jogo de faz de conta em virtude do seu papel no desenvolvimento cognitivo, afetivo, motor e de das capacidades tipicamente humanas nas crianças. Ao brincar as crianças expressam desejos, fantasias, afetividade, alegria, angustia, capacidade, medo entre outros sentimentos. É um maravilhoso mundo por trás de um simples jogo de faz de conta, para as crianças da educação infantil esse pode ser o primeiro contato com o jogo simbólico. Palavras Chave: Brincar, desenvolvimento, educação, importância, infantil. ABSTRACT This article of the present readings and discussions of texts in Recreation discipline, games and movement, the Faculty of 1 Discente no quarto termo do curso de Pedagogia da FAEF. E-mail Discente no quarto termo do curso de Pedagogia da FAEF. E-mail [email protected] Docente no curso de Pedagogia da FAEF na disciplina Recreação, jogos e movimento. E-mail: [email protected] 2 3 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 285 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Education. We will approach the game of make-believe by virtue of its role in cognitive, emotional, motor and the typically human capacity in children. To play children express desires, fantasies, affection, joy, anguish, capacity, fear and other feelings. It’s a wonderful world behind a simple game of make-believe for children of early childhood education that may be the first contact with the symbolic play. Palavras Chave: Development, education, importance, infant, play. 1.INTRODUÇÃO O presente artigo trata-se da discussão das leituras dos textos trabalhados na disciplina: Recreação, jogos e movimentos, do curso de Pedagogia, na instituição Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF). O brincar para as crianças é de grande importância, pois estabelece relações indispensáveis desde o nascimento das crianças, com um simples explorar de um objeto. A partir de um determinado momento as brincadeiras possibilitam relações sociais, vivenciam situações únicas, criam-se autonomia, compreendem-se regras, desenvolve várias capacidades e habilidades. Quando uma brincadeira surge não exige muitos esforços, pois para as crianças pode-se ocorrer a qualquer momento, com qualquer objeto e muitas vezes por meio do brincar serão demonstrados os sentimentos das crianças. De acordo com Oliveira (2013), o brincar envolve diversos fragmentos afetividade, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão interligadas. A brincadeira propicia o equilibro afetivo da criança e colabora para o processo de apropriação de signos sociais. Cria conduções para uma transformação significativa da consciência infantil, por exigir das crianças formas mais complexa de relacionamento com o mundo. As vantagens das crianças nas brincadeiras acontecem de diversas formas, pois favorece nos exercícios físicos, adquirisse experiências, envolve atenção, colaboração, autocontrole, motricidade, 286 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF criatividade, imaginação, há determinadas regras e limites para ser seguidos, e tudo isso acontece por meio do trabalho pesado e organizado, fazendo uso de brincadeiras e jogos. Vygotsky fala que o brinquedo ajudará a desenvolver uma diferenciação entre a ação e o significado. A criança, com seu evoluir, passa a estabelecer relação entre o seu brincar e a ideia que se tem dele, deixando de ser dependente dos estímulos físicos, ou seja, do ambiente concreto que a rodeia. O brincar relaciona-se ainda com a aprendizagem. Brincar é aprender; na brincadeira, reside à base daquilo que, mais tarde, permitirá à criança aprendizagens mais elaboradas. O lúdico torna-se, assim, uma proposta educacional para o enfrentamento das dificuldades no processo ensino aprendizagem. (ROLIM; GUERRA; TASSIGNY, 2008). Há indagações que serão respondidas ao decorrer deste artigo, levando em conta o brincar: o faz de conta é uma brincadeira imaginária ou uma brincadeira real? Elas criam esse mundo ou apenas reproduzem? 2.A DIMENSÃO DO FAZ DE CONTA Em meios tantos brincar, existe o faz de conta, há uma mescla entre o real e imaginário. Ao mesmo tempo em que as crianças baseiam em fatos reais, e devem seguir determinadas regras ou combinados, usam do lúdico para fantasiar objetos, tempo, espaço, pessoas, entre outros. Elas são intérpretes das suas próprias imaginações, ao mesmo período em que cumprem determinadas normas, podem modificar a brincadeira como quiserem. Segundo Oliveira e Rubio (2013) [...] por meio da brincadeira a criança consegue comunicar-se com o mundo do adulto, no qual adquire controle interior, autoestima e confiança em si mesma, levando-a a agir de maneira mais ativa para que vivencie experiências de tomada de decisões, como por exemplo, comer sozinhos, vestir-se, fazer amigos, entre outros. O social em que as crianças estão inclusas são fundamentais para o jogo de faz de conta, pois é por meio dele em que expressam o que sente, o que ouve e o que se observa. Porém podem reproduzir da forma que desejarem, com os personagens que lhe mais agradam e de diversas maneiras. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 287 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA De acordo com Oliveira e Rubio (2013), nas brincadeiras de faz de conta as crianças criam a capacidade de imitar, imaginar, representar sem medo da exigência do adulto. A partir do mundo que ela cria, ela conseguirá entender e internalizar regras no mundo em que está inserida. As crianças ao brincarem de faz de conta produzem vários contextos, assim vai denominando funções a cada participante, cenário, objetos da brincadeira, e com isso a diversão está planejada. Essas ações são fundamentais para seus desenvolvimentos, pois as crianças tornam-se autores das suas próprias ideias, e colocam em prática. Para Couto (2007) “[...] a fantasia não antecede o jogo, ela é produto do mesmo. [...] Portanto a fantasia surge porque as crianças atribuem um sentido diferente aos objetos neles utilizados”. Estabelecem também, habilidades em relação há construção dos brinquedos utilizados para as brincadeiras, ou seja, podem ser oferecidos as crianças materiais para que criem o desejado, porém, com suas criatividades, qualquer adereço serve para referenciar o que pretende-se. Em um de seus artigos, Couto (2007), expõe sua experiência. Cita casos observados e refere-se há um faz de conta, no tema casamento. [...] As flores artificiais representam o buquê, as folhas pequenas substituem o arroz, a toalha é usada como tapete da igreja, o uniforme da fábrica é usado como vestido para noiva, o gesto de colocar a aliança no dedo substitui a própria aliança. Podemos observar que o tema casamento foi apenas um artificio que as crianças usaram para simular um casamento, havia regras a serem seguidas, pois não poderiam fazer o que queriam a qualquer hora. Mas, os recursos utilizados foram totalmente imaginatórios e criativos. 2.1 IMPORTÂNCIA E CARACTERÍSTICAS A infância tem uma característica muito forte que é marcada pelo brincar e é pelo brincar e, em especial, a brincadeira do faz de conta, que a criança pode estar em contato situações que lhe causam 288 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF algum desequilíbrio emocional, possibilitando a compreensão da situação em que está vivendo e a reorganização de suas estruturas mentais. Portando, o brincar auxilia a criança de muitas maneiras, passando a ser um fator importante para seu desenvolvimento. (OLIVEIRA; RUBIO; s/p 2013). O faz de conta tem uma característica importante, que é marcada pelo brincar, em que as crianças criam possibilidades, realizando suas vontades e os objetos são usados como substitutos de outros. Ela brinca de ser a mamãe, o papai, o cachorro e representando esses papéis em situações variadas, fluindo da sua liberdade de criação. (BARBOZA; VOLPINI; s/p, 2015) Mostram-se duas questões importantes na vida das crianças, porém tem o mesmo foco, ou seja, a infância e o faz de conta, andam juntos, pois estabilizam no brincar. O brincar é um mero caminho a ser percorrido e nele há vários mistérios e surpresas, pois um simples ato, que pode falar por mil palavras. O fato das crianças atribuírem adjetivos a um objeto, lugar, pessoas, podem ser reflexos da sua imaginação, ou até mesmo do que se vivencia. Uma das características do jogo de faz de conta é a autonomia que se exerce em relação às crianças, pois, mesmo criando algo baseado nas suas experiências sociais, as crianças não tem o adulto como dirigente das suas ideias e inciativas e sim, elas simplesmente dão o sentido que almejam. Segundo Oliveira (2003) O jogo simbólico ou de faz de conta, particularmente, é ferramenta para a criação da fantasia, necessária a leituras não convencionais do mundo. Abre caminho para a autonomia, criatividade, a exploração de significados e sentidos. Atua também sobre a capacidade da criança de imaginar e de representar, articulada com outras formas de expressão. A brincadeira do faz de conta transmite para as crianças estímulos do meio social em que está vivendo, fazendo com que elas imitem as pessoas que estão ao seu redor e transformem objetos em outros, ou seja, utilizam o que têm para referenciar, porque nas brincadeiras as crianças são responsáveis por si mesmo, realizam suas vontades e desejos (BARBOZA; VOLPINI; s/p, 2015). O educador ou adulto tem uma participação fundamental para o Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 289 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA jogo de faz de conta, proporcionando brinquedos, brincadeiras, temas, espaços adequados, ou somente, observar e verificar a hora adequada de intervir, quem sabe, em casos de atritos entre as crianças, ou até mesmo em duvidas que as rodeiam. Durante o faz de conta é importante que haja algum adulto por perto realizando observações desse tipo de brincadeira, porque ao olharmos uma criança brincando pode-se supor que seja uma simples ação sem reflexão e sentido, mas ao contrário, através do brincar a criança expressa suas emoções e modos de ver o mundo que as cerca. Nessa perspectiva, o jogo simbólico é representado e imaginado por cada criança de uma maneira, por isso os educadores necessitam observar seus alunos em todos os momentos na escola, principalmente junto aos brinquedos e nas brincadeiras, nas atitudes e no desenvolvimento da experiência a partir do que a criança traz de novo. (BARBOZA; VOLPINI, s/p, 2015). A importância de saber constatar o que as crianças expressam através do faz de conta, pode ser algo surpreendente, pois como estudamos, elas manifestam sentimentos e reproduzem imitações através das brincadeiras. Porventura, seja constatado, por exemplo, algum receio ou angustia, entre outros, em um simples ato de brincar. 3.CONCLUSÃO Este artigo é resultado de estudos realizados na disciplina “Recreação, jogos e movimento” tratou-se, portanto, de um estudo bibliográfico dos textos abordados na disciplina e em outros pesquisados em sites científicos, livros e artigos de autores com pesquisas relacionadas ao tema. O principal objetivo foi apresentar a importância do brincar desde o nascimento das crianças, percorrendo a educação infantil, em entrando em um mundo mágico do jogo de faz de conta. O que pode parecer um simples ato de brincar é na verdade uma complexa relação da criança com o mundo em que está imersa, as crianças sentem-se a vontade para expressar sentimentos, desejos, vontades, onde podem ter a oportunidade de criar e fantasiar os objetos que serão utilizados na hora da brincadeira. Retomando as questões que fizemos na introdução deste artigo, consideramos que a brincadeira pode ser imaginária e real, pois, as 290 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF crianças tem essa possibilidade de escolher o que querem brincar e muitas vezes, reproduzem por meio do jogo de faz de conta situações vivenciadas, na qual reproduzem o que observam no meio social, mas pode-se somente utilizar recursos para fantasiar objetos reais. Portanto, o que se refece nas duas perguntas, são oferecidas para as crianças que, com a autonomia e tendo sua imaginação em desenvolvimento, poderão criar partindo das experiências vividas e observadas. O jogo de faz de conta, criado por meio da imitação, há entre as crianças fundamentos importantes para que criem laços sociais e autonomia, pois, existem regras e limites a serem seguidos, e até mesmo objetos relacionados aos verdadeiros, precisam realmente parecer que é uma reprodução perfeita, e entre as crianças, uma comunicação e respeito com o grupo. Com o olhar diferenciado ao faz de conta, deixa de ser algo comum, e torna-se um mundo repleto de desenvolvimento da imaginação por meio da realidade, em um único foco: o brincar. Portanto, finalizamos com as ideias expostas por Barboza e Volpini (2015) em que consideram que esse jogo simbólico do faz de conta, é essencial para o processo de evolução do próprio intelecto da própria criança, que ajudará a enfrentar com mais facilidade o mundo real e as dificuldades em sua vida. REFERÊNCIAS BARBOZA, Letícia; VOLPINI, Neli Maria. O faz de conta: simbólico, representativo ou imaginário. Bebedouro-SP, 2015. Disponível em: <http://unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/ cadernodeeducacao/sumario/35/06042015200208.pdf>. Acesso em 15 set. 2016. COUTO, Nara Soares. Jogo de faz de conta e apropriação da cultura humana. Dissertação (mestrado) - UNESP, 2007. OLIVEIRA, Elisangela Modesto Rodrigues; RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira. O faz de conta e o desenvolvimento infantil. Revista eletrônica saberes da educação, 2013. Disponível em: <http:// www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdf/v4-n1-2013/ Elisangela.pdf>. Acesso em 15 set. 2013. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 291 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2013. ROLIM, Amanda Alencar Machado; GUERRA, Siena Salas Freitas; TASSIGNY, Mônica Mota. Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Rev. Humanidades, Fortaleza, 2008. Disponível em: <http:// brincarbrincando.pbworks.com/f/brincar+_vygotsky.pdf >. Acesso em 16 set. 2016. 292 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF JOGOS SIMBÓLICOS PARA CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN MIRA, Josiane da Silva1 SILVA, Natalia Tavares de 2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de3 RESUMO Os jogos simbólicos são base para este artigo, no qual, abordaremos as perspectivas e práticas do faz-de-conta no desenvolvimento da criança com Síndrome de Down a partir de leituras e discussões realizadas na disciplina Recreação, jogos e movimento, no quarto termo do curso de Pedagogia na FAEF. O texto terá como objetivo sintetizar as vantagens do brincar na vida social, psicológica e motora da criança. Assim, abordamos alguns estímulos dos educadores com brincadeiras introduzidas no dia-a-dia das crianças. Palavras chaves: Educação especial; Imaginação infantil; Jogos simbólicos. 1 Discente do curso de Pedagogia do 4º Termo pela faculdade FAEF na cidade de Garça- SP, [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia do 4º Termo pela faculdade FAEF na cidade de Garça- SP, [email protected] 3 Docente do curso de Pedagogia do 4º Termo pela faculdade FAEF na cidade de Garça- SP, [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 293 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Symbolic games are the basis for this article, in which we will discuss the perspectives and practices of make-believe in the development of children with Down syndrome from readings and discussions at the Recreation discipline, games and movement, in the fourth term Faculty of Education in FAEF. The text will aim to synthesise the advantages of playing in social, psychological and child motor. Thus, we address some stimuli educators with games introduced on day-to-day children. Keywords:Education special; Imagination infant; games symbolic. INTRODUÇÃO Os Jogos Simbólicos ou, mais conhecidos como a brincadeira de Faz de Conta, tem uma importância significativa na formação das crianças, é por meio da imitação que podem perceber a realidade de um mundo externo pelo brincar, que por sua vez acabam enriquecendo e estimulando o pensamento imaginativo e expressando pelo lúdico, sendo representado corporalmente por seus idealizadores. A criança tem a liberdade da sua autonomia, ela explora possibilidades e cria situações quando esta brincando com suas habilidades imaginativas, faz um mundo onde ela é capaz de ser ou ter apenas pelo pensar, sendo todos reproduzidos pelos conhecimentos sociais. O jogo de faz-de-conta é desenvolvido a partir dos desejos e ações dos seus “jogadores”, que utilizam objetos para representação de situações e lugares, ou, até mesmo regras. Com o desenvolvimento e uma maior experiência das criações das situações imaginadas as crianças passam a ter mais controle sobre a história que esta sendo criada, tendo maior facilidade para distribuir papéis, construir cenários onde eles irão brincar. A brincadeira de faz-de-conta possibilita a criança expressar suas capacidades e estabelecer relações sobre o modo de relacionar com pessoas, consigo mesma e com o mundo, sendo um aliado essencial para a formação cognitiva, social e emocional do indivíduo 294 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Diante dessas afirmações iremos ressaltar qual a importância do jogo faz-de-conta para crianças especiais com Síndrome de Down e quais as práticas utilizadas nesse contexto para ser inseridas em um ambiente escolar? 2. DESENVOLVIMENTO Ao analisar os desenvolvimentos dos métodos de ensino para a educação infantil, a ludicidade e os jogos simbólicos foram alguns pontos para o crescimento psicomotor e social da criança especial. Uma capacidade de construção e evolução na criança faz com que a mesma seja mais sociável. Assim afirma: [...]por meio da brincadeira a criança consegue comunicar-se com o mundo do adulto, no qual adquire controle interior, auto estima e confiança em si mesma, levando-a a agir de maneira mais ativa para que vivencie experiências de tomada de decisões, como por exemplo, comer sozinhos, vestir-se, fazer amigos, entre outros. (OLIVEIRA; RUBIO, 2013) A criança em processo de inclusão vivencia ações que vêem no dia a dia de seus pais ou familiares, assim despertando o imaginário da criança. O docente da área infantil que programa tal prática, gera situações e mudanças no cotidiano da criança com necessidades especiais, facilitando o aprendizado e a suas habilidades motoras e psíquicas com o uso do empirismo em que a criança está inserida. Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de as crianças, desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação.Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação. (BRASIL,1998, p.22) O uso dos jogos simbólicos com brinquedos torna a capacitação da criança com Síndrome de Down mais dinâmica e menos repressora, pois brincando, tanto a criança normal quanto a especial, aprendem Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 295 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA mais com o que já sabem do seu cotidiano. A inserção de uma didática recreativa em algumas aulas transforma o dia da criança que somente vê interesse em brincar. Dessa forma, o professor pode trabalhar com o uso da imaginação da criança, e assim abordar as reais necessidades que ela tem, tanto no psicomotor quanto no cognitivo. Crianças especiais são capazes de aprender mesmo que de forma lenta em relação às outras crianças. Segundo Couto (2007), a utilização de objetos e brinquedos estimula tal aprendizado. Percorrer toda a capacidade da criança estimulando sua criatividade é fazer com que ela veja em outros objetos aquilo que é usado no real pelos adultos. O faz de conta possibilita ao professor uma gama de projetos de ensino para a criação da autonomia da criança. Um exemplo disso é o brincar de “casinha”, meninas e até meninos criam um jogo brincando e idealizando ações como cozinhar, limpar, passar, cuidar do filho, trabalhar, etc. Os objetos usados são utilizados de forma que a necessidade exige, ou seja, atribuir sentidos diferentes aos objetos do real. Dessa maneira, o aluno especial parte do real em que vive e começa a ter o uso da criatividade com os objetos que são disponibilizados a ele. Outro exemplo é o uso da lama como forma de fazer o bolo de chocolate da mãe. Qualquer coisa sendo vinculada ao real pode ser utensílio de divertimento para a criança. Além do mais, os jogos simbólicos ou o faz-de-conta, também estimula ações da cultura de vida que aquela criança tem e assim faz com que a mesma crie seus valores por meio de situações vistas por elas sendo feitas pelos adultos. Os jogos de faz-de-conta quando o tema é relações sociais, a criança com síndrome de Down interage tal como um adulto e de forma diferenciada a qual é visto no dia a dia pelo professor e com diferenças na comunicação, pode se afirmar que elas tentam agir mesmo sem ter a noção do por que daquela situação, praticando ações iguais aos seus modelos, ou seja, os adultos. [...] temas lúdicos que destacavam as relações de trabalho que mostraram a representação de papéis de variados profissionais, como cabeleireira, artista de circo (apresentador, mágico, palhaço, etc.), médico, dentista, jogador de futebol, fotógrafa e pião de rodeio. Estes papéis foram mediados pela manipulação de objetos como bola de futebol, máquina fotográfica de 296 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF brinquedo, peças de brinquedos de encaixe, cavalo de pau, chapéu, etc., mas também por ações e/ou falas protagonizadas relativas ao personagem social que estava sendo representado. Por exemplo, na representação do papel da cabeleireira a criança alisou os cabelos de outra colega, que estava sentada de costas para ela com as pernas enfiadas entre o assento do banco e o encosto, como se estivesse penteando-os. (VICTOR, 2002) O resultado dessas práticas com as crianças especiais é uma autonomia e um conhecimento do aluno sobre si mesmo. Contudo, uma visão de como é o convívio dessa criança com seus familiares e pais, como é sua estrutura psicológica e cognitiva com brincadeiras relacionadas ao seu cotidiano, como são conduzidas fora da escola e se são estimuladas tanto dentro quanto fora do ambiente escolar. Pode se afirmar que essas representações destacam previamente o processo sociocultural da criança, pois não há um termino ou continuidade de contexto nas brincadeiras, não concluídas, essas crianças de dispersam facilmente por não saberem a finalidade daquela realidade, por não verem uma motivação para dar continuidade. (VICTOR, 2002) Pode ser considerado que o estimulo, a didática, os jogos e brincadeira, o lúdico em si, usado pelo professor pode ser uma forma de conhecer seu aluno com necessidades educacionais especiais e sua inserção na sala de aula com outros colegas considerados normais. Também pode se afirmar, um processo de inclusão nesse estimulo lúdico. Portanto, uma formação de um aluno da inclusão é um prêmio para o fim do pré-conceito em relação às capacidades de uma criança com Síndrome de Down, que com esse processo de ensino pode ser portadora de uma autonomia, criatividade e se tornar um ser pronto para um convívio em uma sociedade. CONSIDERAÇÕES FINAIS O brincar de faz-de-conta é uma ponte de acesso que faz com que a criança interaja com seus próprios conflitos e o meio sociável onde ela convive, dessa forma, voltamos a questão da introdução onde ressaltamos qual a importância do jogo faz de conta para crianças especiais com Síndrome de Down e quais as práticas utilizadas nesse contexto para ser inseridas em um ambiente escolar, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 297 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA assim, pode se afirmar que a junção do lúdico com o aprendizado faz com que a didática com crianças especiais, no caso, a Síndrome de Down se torne mais benéfica em relação ao aprendizado e o desenvolvimento da criança. Assim, criando laços de convívio, despertando a imaginação, a criatividade, conceitos essenciais para a construção de valores futuros, a formação de autonomia na sociedade, além de haver uma pratica de inclusão com outras crianças ditas normais. A brincadeira é importante para seu desenvolvimento e amadurecimento, é através da brincadeira que a criança enfrenta seus medos, aflora sua criatividade, dão novos sentidos para uma realidade dura e forma a sua personalidade, é pelo brincar que a criança manifesta seus sentimentos. Toda criança necessita de brincar, o faz de conta é o caminho que conduz as realizações de sonhos, é um mundo onde posso realizar minhas fantasias, eu posso ser grande, como também posso ser pequeno basta querer chegar a um universo onde o protagonista sou eu, sem limitações ou implicações que a realidade e um sistema universal insistem em dizer que sou diferente, lá no mundo que posso criar eu tenho a liberdade de viver, viver como quero, viver como desejo, simplesmente viver por viver. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil: formação pessoal e social. Brasília: MEC/SEF, v. 02. 1998. COUTO,Nara Soares. Jogos de faz-de-conta e Apropriação da cultura humana.UNESP Marília, 2007. OLIVEIRA, Elisangela Modesto Rodrigues de; RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira O Faz de Conta e o Desenvolvimento Infantil REVISTA ELETRÔNICA, SABERES DA EDUCAÇÃO FAC SÃO ROQUE Pósgraduanda em Psicopedagogia pela Universidade Nove de Julho – UNINOVE. Disponível em: << 2http://www.facsaoroque.br/novo/ publicacoes/pdf/v4-n1-2013/Elisangela.pdf. >>. Acesso em: 14.set.2016. 298 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF VICTOR,Sonia Lopes. ASPECTOS PRESENTES NA BRINCADEIRA DE FAZDE-CONTA DA CRIANÇA COM SÍNDROME DE DOWN.UFES 2002. Disponível em:<<http://www.educacaoonline.pro.br/index.php/ index.php?option=com_content&view=article&id=42:aspectospresentes-na-brincadeira-de-faz-de-conta-da-crianca-com-sindromede-down&catid=5:educacao-especial&Itemid=16 >>. Acesso em: 14.set.2016. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 299 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 300 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF LINGUAGEM ORAL E ESCRITA NA ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DA LEITURA PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA BARBOZA, Reginaldo José1 FRANCISCO, Camila Lima 2 SANTOS, Maria Fernanda 3 RESUMO O presente artigo tratará da linguagem, em dois aspectos oral e escrita na escola, mostrando a importância da leitura para o desenvolvimento da criança. Ao ser colocado no seu âmbito escolar é necessário que a mesma seja estimulada para que assim aumente seu repertório de palavras e possa se expressar mais facilmente. A aprendizagem da linguagem deve ocorrer de modo que sejam valorizados os dois aspectos já mencionados a oralidade e a escrita, pois esses são os elementos mais importantes para aumentar suas possibilidades de participação nas diversas práticas sociais e no convívio familiar. Palavras-chave: Aprendizagem. Linguagem Escrita. Linguagem Oral. 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 301 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This article will deal with the language, in two oral and written aspects in school, showing the importance of reading to the child’s development. To be placed in their school environment is necessary that it be stimulated so that increase your repertoire of words and can express more easily. The language learning should take place so that they are valued the two aspects already mentioned orality and writing, as these are the most important elements to increase your chances of participation in various social practices and family life. Keyword: Oral language. Written language. Learning. 1 - INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é mostrar a importância que a leitura e a oralidade possuem para a aquisição de conhecimentos na criança. Pois através da escrita e da oralidade, a criança começa a se desenvolver cada vez mais, não só no seu âmbito escolar, mas também na sociedade em que vive. O trabalho com a linguagem na escola mostra que nem todos os alunos apresentam necessidades idênticas, e por esse motivo não podem ser olhadas como um todo. Segundo Mello (2007), as armadilhas presentes na educação infantil devem ser desarmadas, ou seja, não podemos considerar situações como: respostas padronizadas, desenhos mimeografados, crianças imóveis e assim por diante. Nesse sentido, cabe ao professor planejar aulas a partir da realidade das crianças, onde as mesmas se desenvolvem melhor e aprendem cada vez mais, e cada vez mais buscam novos conhecimentos em que o professor é um facilitador na sua aprendizagem. Pois para ser compreendido todo esse processo é importante conhecer um pouco mais sobre como essa criança aprendeu a falar e se comunicar. A unidade que se cria entre professora e criança, o que permite, redimensionar o sentido das atividades dirigidas na educação infantil, quando a professora concentra a gestão a atividade. Se pudermos assumir que a atividade dirigida pela professora será um tempo para perder-se no tempo, esquecer-se do 302 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF tempo, ampliar o tempo vivido, estaremos dando um passo importante e um salto de qualidade em nossa relação com as crianças. E talvez, quebrando a maior de todas as armadilhas armadas na relação entre professoras e crianças na educação infantil: aquela que nos separa da infância. (MELLO e MILER, 2008). Diante disso, escola e professores tem que buscar desenvolver e conhecer as habilidades da criança através da leitura e da escrita. Pois, é através disso que a criança começa a se desenvolver. Portanto, esse artigo discutirá temas como: as linguagens, as armadilhas e a utopia, Ensinar a Ler na Escola: A leitura como prática cultural, e o Desenvolvimento da linguagem oral e escrita em crianças de 0 a 5 anos. 2 - O CONCEITO DE LINGUAGEM PARA VYGOTSKY E BAKHTIN Para Vygotsky o conhecimento é adquirido através do meio social, a criança vai se desenvolvendo através da sua relação em sociedade, ela não nasce com aptidões, na verdade ela precisa conquistar estas aptidões no decorrer de sua vida. (CRUVINEL, 2010). Ou seja, podemos afirmar assim que o ser humano não nasce totalmente preparado para o convívio em sociedade. No decorrer deste processo de humanização ele precisa conhecer os padrões de desenvolvimento e dos conhecimentos que o meio pode ensinar. É por este motivo que podemos afirmar que a educação está diretamente ligada ao processo de humanização. Podemos analisar desta maneira que não é possível adquirir o conhecimento sem estar em contato com as outras pessoas. Segundo Vygotsky o desenvolvimento é uma consequência da aprendizagem: A aprendizagem não é em si mesma, desenvolvimento, mas uma correta organização da aprendizagem da criança...conduz ao desenvolvimento mental, ativa todo um grupo de processos de desenvolvimento, e esta ativação não poderia produzir-se sem aprendizagem. Por isso, a aprendizagem é um momento intrinsecamente necessário e universal para que se desenvolvam na criança essas características humanas não naturais, mas formadas historicamente. (VYGOSTSKY, 2002, p.115). A linguagem é o sistema de signos mais importante para homem. É fundamental lembrar que a linguagem como sistema simbólico é Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 303 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA um signo compartilhado por todas as pessoas de um grupo social, possibilitando assim a comunicação entre eles, e aperfeiçoando assim a sua interação com o meio social. E preciso não só aprender a desenhar letras, e fundamental atribuir sentido as palavras, saber o que significa cada uma delas, só assim a criança aprenderá a oralizar, discursar e se comunicar com as outras pessoas expressando de forma correta suas opiniões, com a certeza de que aquilo que está sendo falado terá sentido para os ouvintes. De acordo com Bakhtin (1995), a linguagem não pode ser considerada como ferramenta, ela não é exterior ao sujeito, a linguagem é a única possibilidade de socialização. Para Bakhtin o que importa no estudo da linguagem não é o aspecto formal da língua, mais sim o seu sentido discursivo, que a linguagem e o falar esta sempre a disposição de um locutor, que há usa em uma determinada situação para se expressar perante fatos que ocorrem em sociedade, ou até mesmo em seu dia-a-dia no meio social. Assim sendo, devemos ensinar a linguagem como signo e não como sinal. Segundo o autor, Enquanto uma forma linguística for apenas um sinal e for percebida pelo receptor somente como tal, ela não terá para ele nenhum valor linguístico. A pura sinalidade não existe, mesmo nas primeiras fases da aquisição da linguagem. Até mesmo ali, a forma é orientada pelo contexto, já constitui o signo [...] (BAKHTIN, 1995, p.94). É muito importante que o professor, saiba utilizar o sistema de signo corretamente para que uma boa aprendizagem aconteça, pois como diz Vygotsky (1985) uma palavra sem significado é um som vazio, portanto o significado é um critério da palavra, seu componente indispensável. E é por este motivo que a leitura e a pratica cultural são tão importantes, ler é o processo de conhecimento do sentido das palavras. 3 - O TRABALHO COM A LINGUAGEM ESCRITA NA ESCOLA A alfabetização ainda assusta muitos educadores, pelo fato de que traz consigo muitas responsabilidades, afinal a partir do momento que o ser humano conhece a escrita tudo começa a fazer mais sentido. Porém até agora segundo Vygotsky, 304 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A escrita ocupou um lugar muito estreito na prática escolar, em relação ao papel fundamental que ela desempenha no desenvolvimento cultural da criança. Ensinam-se as crianças a desenhar letras e construir palavras com elas, mais não se ensina a linguagem escrita. Enfatiza-se de tal modo à mecânica de ler o que está escrito, que se acaba obscurecendo a linguagem escrita como tal. (VYGOTSKY, 2002, p.139). Existem diversos sistemas de escrita, e também varias maneiras de usa-la. Infelizmente muitos professores ainda não entenderam que ensinar a escrever não é apenas fazer o uso das letras e das silabas, é preciso mostrar ao aluno que muitas vezes o nome do objeto, não tem nada a ver com a aparência deste objeto, é apenas um nome que o ser humano criou para identificar aquilo. Assim podemos dizer então que não existe uma relação direta entre o objeto e a escrita, mais sim uma relação mediada pela fala. Devemos ensinar a criança que a escrita não é apenas um sistema de traços ou sinais. Como afirma Vygotsky (1985), a escrita é uma representação de segunda ordem. Ela é construída por um sistema de signos, ou seja, palavras escritas que vão representar sons e palavras, e por meio disto o nome dos objetos e a relação deles com o mundo real. Para que o professor consiga ensinar de maneira adequada a escrita para a criança, é muito importante que ele introduza a escrita no dia-a-dia do aluno, com situações reais, para que ele possa sentir a necessidade de fazer o uso da escrita. É preciso fazer com que a criança adquira novas palavras para o seu vocabulário, pois como diz Freinet, Ao aprender a escrever uma palavra à criança, dai em diante, serve- se dela como de um utensílio necessário à expressão do pensamento, tal como serve da palavra oral para a mesma expressão espontânea do interesse que a domina num dado momento. A palavra utensílio transforma-se, naturalmente, em elemento de expressão escrita e é sem dificuldade que na escola infantil a criança aprende a redigir textos livres, verdadeiramente livres, dado que são pessoais. (FREINET, 1977, p. 101). Para a construção de um bom vocabulário é importante que diversas atividades sejam realizadas como os alunos, algumas destas atividades são: escrever cartas, elaborar regras de um bom convívio em sala de aula, escrever pequenas historias, até mesmo a ideia do diário é uma ótima opção para que a crianças desenvolvam o gosto Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 305 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pela escrita, pois no diário elas podem expressar seus pensamentos, desejos, e anotar tudo o que acontece no seu dia-a-dia em sala de aula e no seu ambiente familiar, fazer convites para as datas comemorativas na escola, como o dia das mães, dia dos pais, festa junina e muitos outros eventos que ocorrem na escola durante todo o ano letivo. Por fim o professor poderia no final de cada ano, pedir que os alunos criem um relatório de acontecimentos, todas as atividades realizadas em sala de aula, todos os eventos importantes realizados pela escola, todos os fatos que ocorreram na sua casa com a sua família, é que eles possam se expressar livremente sem a ajuda do professor, assim ele poderá avaliar aquilo que cada aluno aprendeu com relação à escrita, e tudo aquilo que eles ainda têm dificuldade de fazer. 4 - O TRABALHO COM A LINGUAGEM ORAL NA ESCOLA A fala é um dos principais instrumentos de comunicação da criança, todos nós temos que nos expressar e nos comunicar em várias situações do nosso dia a dia. O processo da linguagem oral se começa desde cedo no ambiente em que a criança se vive por volta dos dois anos de idade. No memento em que a criança aprende a falar, ocorre um salto, tanto no seu desenvolvimento cultural quanto no psíquico, em que a fala facilita o desenvolvimento da sua memória, atenção, imaginação. Não se esquecendo de que a fala é aprendida pelas crianças quando nos comunicamos com elas também. (MELLO e MILLER, 2008) A linguagem oral é essencial na escola, pois toda a produção do conhecimento se parte dessa linguagem. Em sala de aula o professor usa a expressão oral a todo o momento, seja para se comunicar com o aluno, ler uma história, fazer chamada. É a partir dessa oralidade que a criança começa a desenvolver a escrita. Então como pode se observar, a oralidade é o ponto inicial para todo o desenvolvimento da criança. A linguagem oral tem uma função essencial no desenvolvimento da criança, pois ela é um dos elementos mais importantes do aprendizado cultural da criança; ela é o principal meio de comunicação das crianças. É por meio dela 306 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que a criança amplia seu contato com o mundo de pessoas e objetos que a rodeiam. Também é por meio da linguagem oral que a criança aprende o conhecimento que não é acessível à sua experiência direta, ou seja, é por meio da linguagem oral que a criança vislumbra a experiência humana acumulada ao longo da história. (MELLO e MILLER, 2008, p. 37). Na idade pré- escolar é que a linguagem oral tem seu maior desenvolvimento, pois é nesse momento que a criança começa a se aperfeiçoar e aumentar seu vocabulário, e sua relação com o outro se torna importante, e a escola começa a se tornar indispensável em sua vida. Dessa maneira, ressaltamos que a criança faça atividades que estimulem o uso da linguagem oral, como brincadeiras, teatro, fantoches, peças improvisadas pelas crianças e professor. No início deste processo a criança pode-se se sentir envergonhada por causa dos demais, mais é nesse momento que o professor entra, fazendo sua comunicação com a classe e estimulando a participação de todos. Ao organizar outras atividades como contar histórias, são ações que ajudam na expressão da criança, pois acabam estimulando seu vocabulário, e o conhecimento com as demais coisas que o rodeiam. Portanto, a criança começa a formar a necessidade da leitura e escrita, quando ela começa a conviver com ambas na escola infantil. Em que, não há aprendizagem sem a expressão da criança naquilo que aprende, pois ao estimular a expressão da criança, estamos ao mesmo tempo estimulando a expressão do que foi aprendido, assimilando e criando novas condições e oportunidades para seu processo de humanização. (MELLO e MILLER, 2008). 5 - COSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho foi investigar a linguagem oral e escrita na escola, através da importância da leitura para o desenvolvimento da criança. A linguagem oral e escrita como pode se ver é primordial para o ensino das series iniciais, pois se sabe que ler e escrever são atos fundamentais para vida do ser humano. Pois tanto a leitura como a oralidade é o início para obtenção de novos conhecimentos, para que assim comecem a desenvolver suas habilidades. Portanto, a criança deve ser motivada para despertar esses interesses, não somente na escola mais também no seu convívio Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 307 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA familiar. Dessa forma conclui-se que é por meio da linguagem oral e da escrita que o aluno tem a oportunidade de se desenvolver e interpretar o mundo da sua maneira. Pois, todo contato que a criança estabelece com o mundo é sempre mediado pela linguagem (VYGOTSKY, 1985, 2002). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRUVINEL. F.C. Ensinar a ler na escola: a leitura como pratica cultural. Ensino em revista, UFU, 2010 p.249-276. BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1995. FREINET, C. Método natural I: a aprendizagem da língua. Tradução Franco de Souza e Maria Antonieta Guerreiro. Lisboa, Portugal: Editorial Estampa, 1977. MELLO, S.A. MILLER, S. O desenvolvimento da linguagem oral e escrita em crianças de 0 a 5 anos. Curitiba: Pro infantil, 2008. MELLO, S.A. As linguagens, as armadilhas e a utopia. ANAIS do VCOLE UNICAMP, 2007. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1985. VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes 2002. 308 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF MUSICALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO: ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE A APLICAÇÃO DA PRÁTICA DE MUSICALIZAÇÃO NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL KOLLE, Klaus Degliomine1 RESUMO O objetivo deste artigo é discutir os efeitos de transferência cognitiva entre a música e outros contextos interdisciplinares. Especificamente, o artigo procura tratar das concepções pedagógicas que envolvem o ensino da música, sua práxis e sua forma estrutural. Nessa perspectiva, no que concerne a relação entre música e educação, procura-se responder ao seguinte questionamento: qual a relação entre a música e formação integral dos estudantes do Ensino Fundamental? Para a consecução dessa tarefa, foi realizada uma pesquisa exploratória envolvendo as abordagem qualitativa e ampla revisão bibliográfica. Palavras-chave: Aprendizagem. Educação. Música. ABSTRACT The purpose of this article is to discuss the effects of cognitive transfer between music and other interdisciplinary contexts. 1 Acadêmico do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça/SP, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 309 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Specifically, the article seeks to address the pedagogical concepts that involve the teaching of music, its practice and its structural form. In this perspective, regarding the relationship between music and education, looking to answer the following question: what is the relationship between music and integral formation of the students of elementary school? To achieve this task, an exploratory survey of the qualitative approach and extensive literature review was conducted. Keywords: Learning. Education. Music. 1.INTRODUÇÃO O presente artigo trata de uma análise sobre a educação e sua relação com o ensino da musicalização no Ensino Fundamental. Nessa perspectiva, procurou-se analisar as concepções pedagógicas relacionadas a esse nível educacional e sua relação com as estratégias didático-pedagógicas que utilizam-se da musicalização . Nesse sentido, empreendemos uma ampla revisão bibliográfica e um estudo de natureza qualitativa com o objetivo de se responder ao seguinte questionamento: qual a relação entre a música e formação integral dos estudantes do Ensino Fundamental? Além desses fatores, procurou-se realizar uma análise histórica da música e a prática da musicalização infantil a partir do século XX, destacando a música como estratégia facilitadora, com uma pequena abordagem da historia deste eixo curricular e a apreciação crítica de alguns autores. 2.BREVE HISTÓRIA DA MÚSICA A palavra música vem do grego mousike e junto com a poesia e a dança a arte das musas fundia-se numa só. O músico era considerado pelos helenos, como o guardião de uma ciência e as preocupações naquele país era com a pedagogia da música, que se tornou uma disciplina escolar (LOUREIRO, 2003). Nesse período, os pensadores gregos desenvolveram o raciocínio matemático, fato atribuído ao filósofo Pitágoras de Samos (570 a. C), que ampliou suas descobertas para a dimensão da acústica sonora 310 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF (JAEGER, 1986 apud LOUREIRO, 2003). Nesse contexto, Platão (427 a.C.-347 a.C.) interveio elencando o tipo de música que os jovens gregos poderiam ouvir e que neste aspecto deveria ser mais suave e atraente ao ensino, sua seleção deveria ser adequada a idade dos discípulos berceuses, passando depois para os hinos guerreiros e religiosos (LOUREIRO, 2003). Para os gregos, a educação deveria ser dirigida com uma relação harmoniosa entre mente e corpo no qual se preparava o cidadão para a sociedade, mas com função mais espiritual do que material (LOUREIRO, 2003). Contudo, a invasão do Império Romano no mundo grego fez com houvessem modificações, já que o guerreiro Romano não se adequava as características culturais da Grécia Antiga. Os soldados romanos eram doutrinados para serem duros, austeros e disciplinados. Mas com o tempo a cultura grega vai ganhando espaço entre os romanos passando a ser estudada como ciência e não como saber prático (LOUREIRO, 2003). Durante a idade média a Igreja Católica inclui a música nos cultos Cristãos, pois acreditava que ela exercia forte influencia sobre os homens desenvolvendo o ensino de música como disciplina teórica interagindo com outras ciências tais como o dá matemática, aritmética, geometria e astronomia (LOUREIRO, 2003). Com o passar dos tempos os representantes da igreja católica fundam capelas, colégios, academias, bibliotecas, conjuntos polifônicos e instrumentais estimulando a formação de compositores cantores concertistas e musicólogos, dirigida por Gregório Magno (540 – 604) no aspecto a exaltação religiosa (LOUREIRO, 2003). A música foi um dos principais recursos utilizado pelos jesuítas no processo de escolarização da juventude europeia, com vistas a formar o bom cristão. No Brasil, esse processo ocorre com o inicio da colonização com a vinda dos jesuítas, que elegeram a educação como uma das armas contra a heresia (LOUREIRO, 2003). Outra forma de utilização da música foi no processo de escolarização da juventude europeia que além de constituir uma disciplina estava presente no currículo das escolas sobre a influência dos jesuítas e dos protestantes (LOUREIRO, 2003). Desse modo, Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) e Friedrich Wilhelm August Froebel (1782-1852), pautados nos escritos de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), defendem uma educação musical fundamentada no Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 311 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA respeito à natureza humana, as necessidades e interesses que se articulavam sob a ênfase da sensibilidade com uma formação musical mais voltada para a prática do que para teoria produzindo materiais didáticos para esta finalidade (LOUREIRO, 2003). Inicia-se um movimento de oposição ao tradicional no ensino da música que se fundamenta no século XX, com os trabalhos de Carl Orff (1895-1982), Émile Jaques Dalcroze (1865-1950), Zoltan Kódally (1882-1977), Edgar Willems (1890-1978), Violeta Hemsy de Gainza, Maurice Martenot (1898-1980) e Murray Schafer (LOUREIRO, 2003). Todos estes autores citados propõem uma nova metodologia relacionada ao fazer musical, a exploração sonora, a expressão corporal, o escutar, o ato de improvisar e criar, a troca de sentimento, á vivencia pessoal aliada á experiência social proporcionam a experiência concreta antes da formação dos conceitos abstratos (LOUREIRO, 2003). 3. BREVE HISTÓRICO SOBRE Á PRATICA DE MUSICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO ESCOLAR BRASILEIRA A PARTIR DO COMEÇO DO SÉCULO XX Antes de iniciarmos a abordagem do tema, convém traçar um breve contexto histórico da trajetória do ensino de musica no Brasil, para facilitar o acesso a questão. Apesar do reconhecimento que sempre se deu a música no campo das artes somente nos últimos anos vem se destacando a sua contribuição para a formação e o desenvolvimento humano. Em 1922 na semana da arte moderna que influenciada pelo conservadorismo europeu entre em regimes opostos a música do presente e passado cujo qual foi marco na vida artística e cultural brasileira (LOUREIRO, 2003). Nessa perspectiva, convém relatarmos as experiências musicais do maestro e compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Villa-Lobos se preocupava com o patriotismo instituído por pelo então presidente da República Getulio Vargas, quanto à execução dos hinos sendo que teriam que ser entoadas mais perfeitas possíveis e os alunos dos conservatórios (DER PERRE, 1973 apud LOUREIRO, 2003). Outro capitulo da historia da música ocorreu em 1950, com a publicação da “Carta aberta aos músicos e críticos do Brasil”. Neste mesmo ano Camargo Guarnieri (1907-1993) publicou sua critica quanto á nova geração musical, pois existia uma ansiedade na 312 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF renovação dos métodos do folclore pátrio (MARIZ, 1981). Outros musicistas que se destacaram foram Claudio Santoro (1919-1989) e César Guerra-Peixe (1914-1993) que se destacaram pela simpatia e posição de combate que assumiram (MARIZ, 1981). A contribuição de Guerra-Peixe foi importantíssima para a renovação da corrente nacionalista já tão exausta por reprisar os mesmos conteúdos e pesquisas feitas há anos atrás e sua autenticidade por vezes duvidosa (MARIZ, 1981). O movimento artístico da década de 1960 representou um renascer de uma nova estética e, recusa o convencional rompendo com o tradicional modificando o processo de fazer arte. O artista engajando numa nova proposta didática leva a arte para as ruas numa aproximação com as massas. Na década de 1970 o ensino de música sofre um novo abalo com golpe militar de 1964 (LOUREIRO, 2003). Como antecede em todos os regimes autoritários a escola é o alvo de atenção especial com seu importante papel de visão de controle. Dessa forma em 1971 o governo militar promulga uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação a Lei n.º 5.692/71, impondo uma nova organização educacional ao nível primário e médio no país (LOUREIRO, 2003). Dessa forma o conservatório volta em seu modelo de escola elitista o acesso é restrito e privilegia o ensino tradicional formando o individuo técnico para o padrão da musica erudita com músicos para salas de concerto (PENNA 1995 apud LOUREIRO, 2003). O fim do regime autoritário no início dos anos 1980 e a redemocratização trazem a tona novamente a questão educacional, que abordada com caráter democrática na Constituição Federal de 1988. Nessa Constituição estava prevista a elaboração de uma nova LDB, fato que ocorreu apenas oito depois, em meio às acirradas polêmicas (LOUREIRO, 2003). 4.A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA COMO ESTRATÉGIA FACILITADORA DA APRENDIZAGEM ESCOLAR. No ano de 2008, ocorre um novo marco histórico para o ensino da musica em ambientes escolares com a aprovação da lei n° 11.769. A referida lei dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino da música Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 313 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA na educação básica. A análise desse documento nos leva a reflexão quanto às práticas docentes devem nortear a busca de respostas pedagógicas para as necessidades em sala de aula e conhecer diferentes métodos de educação musical para aprender com experiências já realizadas. Quanto aos métodos não se resume em escolher um propriamente dito e utilizado e sim se são compatíveis com a concepção musical que se defende ou que agregue valores (MATEIRO, 2011). Além destas radicais, desenvolverem um trabalho musical pedagógico quanto a vivencia sonora do aluno e não a descartar, deve-se, porém sintonizá-la com o mundo contemporâneo acolhendo a multiplicidade de manifestações, sua diversidade e através de vários métodos, em que se possa redimensioná-los para atingir um objetivo proposto. Sob esta perspectiva, é indispensável à formação inicial e continuada do docente músico conhecendo e articulando diversos métodos de educação musical, em um processo de pratica concreta em sala de aula, questionamento, reflexão e busca (MATEIRO, 2011). Quanto aos métodos, os mesmos apresentam inúmeras ideias permitindo varias respostas didáticas ao problema pedagógico em questão. Pode-se assim apropriar-se dos vários métodos compreendendo os princípios que darão suporte as propostas elaborando diversos exercícios que explorem vários estilos musicais. Pautada nas novas teorias do desenvolvimento e psicologia infantil, Gertrud Meyer-Denkmann (1918-2014) articula sua concepção pedagógica musical para ampliar a capacidade de percepção e sensibilidade artística proporcionando uma realização no aspecto social (MATEIRO, 2011). A autora enfatiza que a aula de música possui a tarefa de tirar a criança de uma determinada realidade social e conduzi-la ao brincar, cantar e exige, portanto uma proposta didática mais ampla no qual não haja limitações. Desde cedo à criança deve ser confrontada com músicas complexas no que significa não subestimá-las em relação na sua capacidade de aprendizagem, pois, a atividade musical, que possibilita o desenvolvimento da capacidade individual é na concepção Meyer-Denkmann uma atitude experimental diante da realidade sonora (MATEIRO, 2011). Outro autor citado é Shinichi Suzuki (1918-2014) que define o desenvolvimento musical através da educação do talento 314 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF elencando-os em dez passos, dentre estes passos estão: mãe ensina o filho, a criança repete o aprendido sempre que tem oportunidade, o educando ouve o infante vê a mãe tocando o instrumento, em tempo a criança copia a mãe a criança desenvolve habilidades físicas e motoras para imitar a mãe, a criança plagia a mãe usando sua argúcia, a criança memoriza o que aprendeu, a criança compreende o significado da aprendizagem e finalmente a criança vivencia o significado emocional da peça musical (MATEIRO, 2011). Outra perspectiva quanto ao tema sobre a importância da música como estratégia facilitadora da aprendizagem escolar, temos as contribuições de Raymond Murray Schafer que afirma que seu trabalho musical concentra-se em três aspectos importantes: procurar descobrir o potencial criativo das crianças para que elas mesmas possam produzir música; aos alunos de todas as idades deve-se assim expor sons do ambiente tratando-se assim da paisagem sonora mundial, em que o homem é seu autor objetivando julgamentos criativos que levem a sua melhora; procurar um ponto de união no qual todas as artes se fundam numa só culminando num ponto de harmonia (MATEIRO, 2011). No contraponto desta tendência propondo uma pedagogia musical ativa o sistema ORFF/WUYTACK é uma tendência desenvolvida pelo educador musical belga Jos Wuytack. Esse sistema é utilizado desde 1963 em diversos países do mundo tais como Bélgica, França, Canadá, Estados Unidos, Portugal e Espanha no qual se imputa em um sistema de ensino coletivo de música. Ao que se tange dicotomicamente entre o sistema Wuytack das idéias de Carl Orff as propostas de Wuytack define uma séries de processos metodológicos enquanto Carl Orff enfoca á prática musical (MATEIRO, 2011). Wuytack toma como ponto de partida que não importa o estágio de desenvolvimento musical que a criança se encontra, ela pode ser inserida ativamente no aprender música, fazendo música. Nesta consideração a criança deve ser instigada a experimentar a experiência musical desde seu primeiro contato com o som que a acessibilidade deve ser a todas as crianças. Respeitar o universo infantil, valores humanos de maneira ativa criativa e em comunidade desenvolvendo o sentido estético da criança. Desta maneira, amparado pelo conceito de uma música elementar proposto por Carl Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 315 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Orff em que se funde a música e o movimento, dança e palavra. (MATEIRO, 2011). O professor não pode ser um mero transmissor de conhecimento, mas orientar os alunos quanto ao prazer e a alegria que a musica ocasiona no fazer principalmente música em grupo sempre de maneira humorada. Sua proposta é composta de três formas de expressão, verbal, musical e corporal, em que se baseia no conceito de musikae tendo referencia a Grécia antiga no qual a palavra, o som e o movimento eram um só. A representação artística do educando deve estar baseada na inter-relação entre a expressão verbal (poesia, folclore infantil) expressão musical em níveis instrumental e vocal, e expressão corporal em que se ressalta o movimento, gesto e dança (MATEIRO, 2011). Partido de uma série de princípios pedagógicos esta metodologia se embasa e se destaca a comunidade, criatividade, atividade, a totalidade e adaptação. No que se refere ao conceito atividade o autor explica que este é a chave para a experiência musical e o principio determinante para o sistema. Por meio desta o educando participa e se envolve no fazer musical desenvolvendo a capacidade de observação e atenção (MATEIRO, 2011). 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS A música tem sua função e é muito importante na vida de todo ser humano desde a infância, pois podemos nos utilizar desta atividade como estratégia facilitadora, e relacionar com tudo que está ao nosso redor. Assim, a música e a educação têm uma grande relação, e seus aspectos sinestésicos podem e tem influência no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança. Com base nas pesquisas que foram desenvolvidas para esse artigo ainda ocorrem certas restrições quanto ao novo na escola de Ensino fundamental, sendo que existem inúmeras possibilidades no qual podem ser adequadas no processo de ensino do individuo a partir de novas propostas multidisciplinares. Neste aspecto á possibilidade de mudanças e atribuição de novas concepções, desde que estejamos abertos a agregar novos valores a partir do déficit que ainda enseja a educação no nosso país. 316 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF REFERÊNCIAS LOREIRO, A. M. A. O ensino de música na escola fundamental. Coleção Papirus, 7a edição, Campinas: Papirus, 2003. MARIZ, V. .Três musicólogos brasileiros: Mario de Andrade, Renato Almeida, Luiz Heitor Correa de Azevedo/Vasco Mariz.Rio de janeiro:Civilização Brasileira; Brasilia: INL,1983. MATEIRO, Tereza, Beatriz Ilari. Pedagogias em Educação Musical. (Org.).Curitiba: Ibpex, 2011 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 317 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 318 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF NOÇÕES HISTÓRICAS E SOCIOLÓGICAS A RESPEITO DOS CONCEITOS DE “CRIANÇA” E DE “INFÂNCIA” Reginaldo José BARBOZA1 Eda Carolina Borborema CAMILO2 Valéria Bianchi RIBEIRO3 RESUMO O presente artigo aborda, conforme o pensamento de Ariés, uma breve concepção dos conceitos de “criança” e de “infância” ao longo da história da humanidade. Pois, como sabemos, a criança até século XV era tratada como um adulto em miniatura, ou seja, vivia no mundo adulto participando das mesmas realidades. Contudo, atualmente devemos considerar a criança como sendo um sujeito histórico-social e sobre isso a educação desempenha um papel fundamental, já que ela, assim como o educador, é um agente transformador e que nos conduz a um processo de socialização. Assim sendo, o nosso objetivo é justamente fazer um paralelo teórico entre os dados históricos desses conceitos mencionados acima e as atuais concepções sociológicas, incluindo aqui alguns dos aspectos importantes descritos no ECA. 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 319 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Palavras-chave: Criança. Educação. Infância. Sociologia da Infância. ABSTRACT This article discusses, as the thought of Ariès a design brief of the concepts of “child” and “childhood” throughout the history of mankind. For, as we know, the child up to the fifteenth century was treated like a miniature adult, that is, living in the adult world participating in the same realities. However, we must now consider the child as a social-historical subject and on that education plays a key role, since she, as well as the educator, is a transforming agent and that leads to a process of socialization. Therefore, our goal is to do just a theoretical parallel between the historical data of these concepts mentioned above and the current sociological concepts, including here some of the important aspects described in ECA. Keywords: Child. Education. Childhood. Sociology of childhood. 1-INTRODUÇÃO O presente artigo apresenta a concepção de infância e de criança no decorrer dos tempos. Hoje, quando vemos a maioria das crianças estudando, brincando, sendo cuidadas etc., não conseguimos imaginá-las como eram tratadas em outro momento da história. Deste modo, conforme Ariés (1973), as crianças, até meados do século XV, após romperem com a dependência materna aos sete anos, eram inseridas na vida adulta. Além do fato de não haver vínculos amorosos entre elas e os adultos, era comum essas crianças morrerem muito cedo devido à falta de vacinas, falta de cuidados com a higiene e assim por diante. Antigamente era comum a criança ter que exercer a mesma profissão dos seus pais. A vida sexual também se iniciava cedo, pois havia o estímulo para que houvesse o casamento entre elas ou entre elas e os adultos. Os maus ratos também eram encarados por essa sociedade como uma forma de se educar. No entanto, conforme as mudanças de uma época para outra, iniciou-se um olhar diferente em relação a essas crianças: começou 320 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF a existir mais amorosidade e assim um protecionismo e um cuidado maior; elas passaram a ser retratadas nos quadros da família, algo que até então não acontecia nos lares. Mas, em termos educacionais ainda prevaleciam os castigos severos, pois os educadores consideravam que desta maneira essas crianças seriam bons cidadãos. (ARIÉS, 1973). Mediante os avanços educacionais foram se elaborando várias teorias pedagógicas e psicológicas sobre a criança, ou seja, psicólogos e educadores passaram a se preocupar com a fase infantil e com uma escola que atendesse a todos, já que antes essa escola era somente para os ricos. A partir daí começa a se pensar mais afundo sobre a criança, a infância e os seus direitos. Com a inserção da mulher no mercado de trabalho muda-se mais ainda essa visão, pois, foram criadas várias leis e documentos específicos estabelecendo faixas etárias e seriações nas escolas diferenciando assim as crianças dos adultos. 2-ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA HISTÓRIA DA INFÂNCIA Há séculos atrás a criança não era “vista” como é no mundo de hoje. As ciências sociais e humanas demoraram em chegar ao conceito de “infância” e estabelecer a relação entre criança e escola. Pois, segundo Ariés (1973), a criança até o século XV nada mais era do que um “adulto em miniatura”. Vestiam-se como adultos, eram tratados como tal, não levavam em consideração seu tamanho e suas limitações ou incapacidades para certas coisas. Após a relação de dependência da mãe, esse pequeno ser aos sete anos já ingressava na vida adulta, isto é, já trabalhava ou fazia as atividades adultas e também cometia relações sexuais, casandose muito cedo. Isso se perpetuou por muitos anos, mas devido às transformações ocorridas nas sociedades as crianças começaram a ter um olhar mais fraternal, porém não tanto como nos dias de hoje. As crianças consideradas ricas, de famílias nobres, eram educadas: aprendiam boas maneiras e o que era de essencial para época. Elas passaram até fazer parte das pinturas nos quadros familiares, onde até então nunca tinham sido retratadas. (ARIÉS, 1973). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 321 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Em outras palavras, a sociedade começou então observa-las de outra maneira: um ser indefeso, frágil, merecedor de mimos. Mas continha doutrina rígida, com castigos graves para serem educados, pois se acreditava que essa maneira era a mais adequada para aprenderem e serem bons cidadãos. O pensamento predominante era: “quem não usa vara, odeia seu filho com mais amor e temos castiga o pai o filho mais amado. Assim como a espora aguçada faz o cavalo correr, também faz a vara faz criança aprender” (LEVIN, 1997, Apud, OLIVEIRA, 2008, p. 6). Para Ariés (1973), a ideia de inocência que até então as crianças não possuíam foi formada na época do iluminismo, século VXIII. Dessa maneira, elas sofriam os mais desprezíveis castigos assim como abusos sexuais, fatos esses tratados como “normais” para essa época. Existia também muita mortalidade infantil devido às precárias condições de saúde, falta de higiene e por esse motivo também as pessoas não criavam vínculos amorosos, já que as crianças morriam precocemente ou porque já eram encaminhas para a vida do trabalho. Devido às ocorrências das revoluções, sejam elas a francesa e a industrial, esses castigos foram motivos de crítica por alguns autores como, por exemplo, Rousseau (1995, Apud, OLIVEIRA, 2008) que foi considerado o primeiro pedagogo. Ele defendia uma educação infantil em que a criança fosse livre para aprender ou conhecer o mundo. Por meio da Revolução francesa, o Estado passou a possuir outras funções (entre elas a educação), e com isso aumentou-se também a responsabilidade em relação às crianças. Conforme Oliveira (2008) Durkheim foi um dos primeiros teóricos a fazer um elo entre a infância e a educação, propondo elementos teóricos para tal desenvolvimento com o objetivo de educar, disciplinar e moralizar as crianças. A entrada da mulher no mercado de trabalho, também foi um dos principais fatores para entrada de crianças em creches e préescola. Elas precisavam trabalhar e onde ficariam seus filhos pequenos? É ai que entra a abertura de creches e o direito das crianças a usufruírem. Nesse primeiro momento da história dos pequenos frequentarem as creches, nada mais era do que puro assistencialismo. Nesse período, até as mães poderiam ajudar a cuidar das crianças, ajudando no seu bem estar. Não possuíam uma visão de que a criança precisava de algo a mais para se desenvolver, isto é, de educação. 322 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Contudo, no Brasil, a partir das reformas na educação trazidas pela LDBN (BRASIL, 1997) e pelos PCNs (BRASIL, 1996), foram elaborados documentos específicos para a infância. Assim, a escola foi deixando de ser assistencialista para ser capaz de desenvolver as mais altas habilidades da criança pequena. Passou a existirem professores para essa faixa etária, respeitando deste modo as etapas de desenvolvimento infantil. A partir da década de 1990, por exemplo, mudou-se a ideia de infância, desmistificando essa cultura considerada débil, que impunham só regras e moralidade, se remodelando e aos poucos vão absorvendo novos ideais, até chegar à pedagogia que conhecemos hoje. (BRASIL, 1997). Hoje, como se sabe, a criança desde o nascimento já é um ser que é produtor de cultura, deixa sua marca e aprende conforme vai crescendo e se socializando, interagindo tanto com a cultura, quanto os demais indivíduos. Hoje ela aprende, passa a ter direitos, inclusive o de brincar, coisa que antes era negado. Até as mídias hoje em dia tem um foco sobre os pequenos, criando produtos e propagandas, induzindo a compra, conduzindo-os ao capitalismo extremo. Podemos ver que com o passar dos anos a concepção de criança e infância vai sendo transformada. 3-SOCIOLOGIA DA INFÂNCIA: A CRIANÇA COMO SUJEITO HISTÓRICO- SOCIAL Dos anos de 1990 em diante, como vimos acima, a concepção sobre a infância mudou muito, pois, a criança era vista como um adulto em miniatura. Dessa forma a infância era apenas um estágio intermediário. Ela não era valorizada enquanto estágio próprio de desenvolvimento. Não se pensava em características próprias da criança e nem em uma instituição escolar capaz de educa-las. Nesse sentido, conforme Oliveira (2008) foi Durkheim o primeiro autor a abordar uma Sociologia da infância e assim considerar a escola como uma instituição evidentemente educadora e fundamental para vida em sociedade. A criança, por ser um sujeito histórico, já participa de um processo de socialização; ela é um “vir a ser”, isto é, um ser que se transforma constantemente e quando Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 323 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA se tornar adulta irá participar da sociedade formada por outras crianças. Assim, a partir dos anos de 1990 as instituições vão se remodelando e aos poucos vão absorvendo novos ideais até chegarmos a uma “pedagogia da infância” coerente com a que vivemos hoje. Portanto, a educação infantil é desenvolvida com base em uma nova concepção de infância e de criança. A sociologia da infância, aos longos dos anos, tem a responsabilidade de investigar cada vez mais os conceitos de criança e de infância. Ela analisa também alguns conceitos como: linguagem, interpretação, socialização e o modo como a educação está posta na realidade. (OLIVEIRA, 2008). A criança é um sujeito histórico-social desde o momento em que nasce. Pois, de certa maneira ela já se comunica, se relaciona com a sociedade e interpreta (ao seu modo) àquilo que ocorre ao seu redor. Portanto, não podemos considerar a infância apenas como uma ponte ou um período que se transformará em adulto, mas sim como um período peculiar de socialização, com características próprias. É necessário entender a cultura da criança como algo compatível com a sua fase. A criança, a partir dos seus próprios interesses, não simplesmente absorve o que o mundo impõe para ela, mas também cria e recria situações. (OLIVEIRA, 2008). Conforme Oliveira (2016), a Sociologia da infância busca compreender a criança a partir alteridade, ou seja, tenta se compreender o modo como ela “enxerga” o mundo ou como ela se relaciona com a linguagem simbólica e os outros indivíduos. A criança passa a ser um agente e um produto da vida social, pois ela contribui com a dinâmica social e desde pequena vai sofrendo processos de socialização. Hoje reconhecemos que existem muitos aspectos que diferenciam as crianças dos adultos; são notórias as diferenças entre as roupas, a comunicação, o comportamento etc. A participação da criança na escola a conduz num processo intenso de socialização e por meio de estímulos, de brincadeiras vai se formando uma “cultura infantil”. Assim ver e ouvir a criança são fundamentais em qualquer estudo que realmente deseja estudar a infância. Esse olhar e esse ouvir ficam ainda mais 324 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF pertinentes quando leva em consideração o princípio de toda e qualquer infância: o princípio de transposição imaginária do real, comum a todas as gerações, constituindo-se em capacidade estritamente humana. É preciso levar em consideração uma concepção modificada da mente infantil, uma mente criando sentido, buscando sentido, preservando sentido e usando sentido; numa palavra- construtora do mundo. (GEERTZ, 2001, Apud, OLIVEIRA, 2008, p.14). Entretanto, apesar de muitas mudanças por parte das leis, as crianças ainda sofrem inúmeras violências. E foi pensando nisso que no Brasil se instaurou, em 13 de julho 1990, com a lei nº 8.069, o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). (BRASIL, 1990). Documento contendo 267 Artigos e que visa o cuidado, a segurança, a proteção à criança e ao adolescente. Para tanto, vemos que no Art. 4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar com absoluta prioridade, q efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 1990). 4-CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pudemos observar nesse artigo, os conceitos de “infância” e de “criança” foram sendo construídos ao longo dos tempos, mas isso não significa que eles estão prontos e acabados, são constantemente alterados. Há pesquisadores, teóricos que cada vez mais buscam essa concepção, trazendo para nós diferentes conceitos, todos voltados para melhor entender e trabalhar com os pequenos. A criança, antes considerada pela educação tradicional como uma “tábua rasa” ou uma “folha em branco”, na qual o adulto achava que teria que ser preenchida, passou seguir outros caminhos: passouse a valorizar a criança como uma produtora de cultura, agente transformadora. No mundo contemporâneo, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, foi preciso que as crianças frequentassem, desde muito cedo, a escolas e com isso elas foram se socializando e também possuindo competências e habilidades próprias das suas idades. Mas é preciso reconhecer que nem tudo mudou para melhor, ou Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 325 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA seja, apesar de termos leis que garantam a escolarização, a proteção, a saúde e assim por diante, muitas crianças, principalmente as das classe menos favorecidas, são desprovidas de tais cuidados. Há muito que mudar, a infância não pode ser tratada como algo pronto e acabado, pelo contrário, ela é um ser inacabado, pois sofre mudanças a alterações à todo momento, e isso não se encerra na vida adulta. REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara: 1973. BRASIL. ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm. Acesso em 25 set. 2016. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília: D.O.U de 20 dez.1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ L9394.htm. Acesso em 25 set. 2016. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: História, Geografia. Brasília: MEC/SEF, 1997. OLIVEIRA, Valeska Fortes de. (et al). A construção social do conceito de infância: algumas interlocuções históricas e sociológicas. Revista Contexto & Educação. v. 23, n. 79, 2008. 326 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANÇA REIS, Juliana Cristina Lopes dos ¹ SANTOS, Larissa Alves Dias dos ² ANDRADE, Lizbeth Oliveira de ³ RESUMO Este trabalho é parte dos estudos na disciplina Recreação, jogos e movimentos. Tratará da importância das brincadeiras no desenvolvimento cognitivo da criança. Considerando as discussões levantadas na disciplina ministrada no quarto termo do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF). Os objetivos do trabalho são definir o que pensa a criança em relação as brincadeiras e se as brincadeiras são importantes para o desenvolvimento da criança. Essas definições apontam para a necessidade da criança de estabelecer suas próprias relações, criar suas hipóteses e construir de maneira gradativa seus próprios conceitos através do brincar. Palavras-chave: Brincadeira.Criança.Educação. ¹ Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF – Garça/SP). E-mail: [email protected] ² Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF – Garça/SP). E-mail: [email protected] ³ Docente no curso de Pedagogia nas disciplinas Recreação, jogos e movimento e Natureza e Sociedade na Educação Infantil, na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF- Garça/SP) email: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 327 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This work is part of studies in Recreation discipline, games and movement. It deals with the importance of play in children’s cognitive development. Considering the discussions raised in the subject studied in the fourth term of the Faculty of Education, Faculty of Higher Education and Comprehensive Training (FAEF). The objectives of what the child thinks and the importance of play for her. These definitions point to the child’s need in establish their own relationships, create your chances and build gradually its own concepts through jest. Keywords: Play. Child. Education. 1.INTRODUÇÃO O presente artigo é fruto da disciplina Recreação, jogos e movimentos, ministrada no quarto termo do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF) e tratará do tema: Brincadeiras na Educação Infantil, baseado no texto Brinquedos e Brincadeiras na Educação Infantil de Tizuko Morchida Kishimoto, com os objetivos de definir o que pensa a criança em relação às brincadeiras e se estas brincadeiras são importantes para o desenvolvimento da criança em todos os aspectos.1 A partir daí compreendemos que a criança aprende desde seus primeiros anos, sendo assim, por meio de um ambiente adequado e de suas vivências a brincadeira torna-se aliada a esse processo de desenvolvimento, ela permite com que a criança aprenda a fazer escolhas, expressar suas emoções e valores, se conhecer e conhecer o mundo ao seu redor. No entanto, temos a clareza de que a opção pelo brincar desde o inicio da educação infantil é o que garante a cidadania da criança e ações pedagógicas de maior qualidade. (KISHIMOTO, 2010). Partindo desta afirmação da autora, podemos considerar que a criança ao frequentar o ensino educacional infantil, nas creches, pré-escolas ou instituições similares, tem por direito brincar, considerando que ao brincar a criança pode ter diversas experiências, que a permite se desenvolver, se expressar e se apropriar de conhecimentos necessários para uma vida histórica, cultural e social prazerosa e produtiva. 328 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O brincar proporciona questionamentos à criança sem agredir seu desenvolvimento, onde a mesma permite se envolver na brincadeira e em consequência disso, se apropria da cultura, dos valores e das regras nela inseridas, saindo da sua zona de conforto, se propondo a pensar sobre aquelas ações em que se permitiu fazer, em consequência disso, sofrem crises, rupturas, conflitos, retrocessos como um movimento que tende ao crescimento. (BASSO, 2000). Porém, a criança mesmo gostando de brincar, não nasce sabendo brincar, este saber se dá pelas relações com as crianças mais experientes e com os adultos que apoiam esta prática e a incentiva de maneira construtiva e lúdica. Desta forma o presente artigo está organizado da seguinte maneira: A criança e suas brincadeiras, em que será tratado desde o nascimento das crianças o contato com o brinquedo e o percurso do aprender a brincar. A importância do brincar para a criança, em que será abordada sua relevância para o desenvolvimento e o uso das brincadeiras, intencionalmente proporcionadas ou não, sejam elas individuais ou em grupos. 2.A CRIANÇA E AS BRINCADEIRAS Nos primeiros anos de vida, a criança utiliza-se dos seus sentidos sensorias olfato, tato, paladar, visão e audição para explorar o meio em que está como tentativa de compreender o que está em sua volta. Portanto, as aquisições de conhecimentos feitas pela criança nesta fase, só é de grande valia quando a mesma tem a oportunidade de escolher, de experimentar suas ideias em cima de um determinado objeto construindo de forma gradativa por si própria os significados dos objetos em sua volta, se relacionarem com o mundo e com as pessoas com quem convive. “O primeiro brinquedo do bebe é o adulto, que conversa e interage com ele e o faz ver e descobrir o mundo [...]” (KISHIMOTO, 2010), o adulto se torna nesta fase uma espécie de mediador onde traz em seus momentos de conversa e interação com a criança conceitos da cultura lúdica carregada pela sociedade há vários anos. Por meio destas interações o adulto permite que a criança o explore Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 329 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ao máximo, para dar significados em suas ações de forma a compreender as normas e as linguagens que o cerca. A partir dai, conforme a criança vai crescendo, a interação com determinadas brincadeiras como a de se esconder e descobrir o rosto usando uma fralda e dizendo “cucu”, “escondeu” “achou” (KISHIMOTO. 2010) não lhe é mais suficiente, a mesma percebe que pode usar o seu próprio corpo para explorar e conhecer mais sobre o seu mundo. “Bebês em torno dos seis meses, utilizam as mãos para manipular objetos, ver o que se pode fazer com eles e encaixá-los. A criança, nesta fase, “pensa com as mãos”. Pinos de encaixe coloridos, no formato de carrinho ou trem, chamam sua atenção, e os bebes querem saber o que se pode fazer com tais objetos. Usar o corpo como instrumento de conhecimento é característico de bebes e crianças pequenas.” (KISHIMOTO, 2010, p.4). Deste modo, a criança descobre diferentes brincadeiras no seu processo de desenvolvimento. Nesta fase, de descobertas, até os três anos aproximadamente já se são importante analisar os brinquedos que estão em volta desta criança, visto que há brincadeiras que proporcionam conhecimentos muito ricos. Um exemplo é o que Kishimoto (2010), chama de rola ou não rola, tratase de uma brincadeira em que diversos objetos são questionados com as crianças se rolam ou não, como a bola, o cubo, a boneca, etc. As diferentes texturas também podem ser exploradas entre outros conceitos que através da experimentação da própria criança, pois está possibilitada de aprender. Porém como afirma a autora, os bebes utilizam-se do corpo como instrumento de conhecimentos, sendo assim é importante uma variedade de brinquedos razoável, que proporcione a criança diversas atividades que induzam a mesma estabelecer relações com seu meio e consequentemente a faça aprender mais com suas experiências. Considerando que por meio dos movimentos da criança que ela nos mostra o que já aprendeu, é possível afirmar que os gestos antecedem as primeiras palavras da criança. Vejamos porem, que a aquisição da linguagem se dá por meio das brincadeiras, em que a criança começa a transmitir em meio aos gestos e condução dos objetos tudo que observa como tentativa de imitar o que vê e assim gradativamente a linguagem se desenvolve. 330 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Posteriormente, a imitação vai ganhando outra dimensão, e as crianças passam a imaginar coisas pouco mais abstratas em relação aos objetos, o kit médico, a boneca, o carro policial passam a ter outro significado e a criança desenvolve ainda mais o pensamento simbólico. Antes do surgimento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e constituem-se como sujeitos com significado, através da ação e interpretação do meio entre humanos, construindo suas próprias emoções, que é seu primeiro sistema de comunicação expressiva. [...] Imitando, a criança desdobra, lentamente, a nova capacidade que está a construir (pela participação do outro ela se diferenciará dos outros) formando sua subjetividade. Pela imitação, a criança expressa seus desejos de participar e se diferenciar dos outros constituindo-se em sujeito próprio. (BASSO, p.3, 2000) Desta forma a criança estabelece um enredo a ser seguido para que a brincadeira se torne mais atrativa. Vejamos o exemplo do kit médico, quando em conjunto com outras crianças, cada uma deve cumprir uma função para que o atendimento aconteça, ou seja, é necessário que se tenha um médico, uma enfermeira, pacientes, uma recepcionista para encaminhar o paciente e assim por diante, todas as funções dependerão do tanto de crianças dispostas a brincar e também o objetivo da brincadeira, muitas vezes apenas querem reproduzir um atendimento, cirurgia. É certo que para estabelecer estas funções é necessário que uma ou mais crianças possuam algum conhecimento prévio sobre o tema da brincadeira ou, já tenham observado como funciona um posto de saúde, um hospital para conduzir e direcionar as outras crianças como brincar. A linguagem verbal se amplia nas brincadeiras imaginárias, na companhia de outras crianças e, principalmente, com a participação da professora (KISHIMOTO, 2010). A participação da professora pode auxiliar na luta pelo direito da infância da criança, onde pode buscar maneiras adequadas de se trabalhar para garantir o desenvolvimento máximo da personalidade da criança, reconhecendo por sua vez a importância de respeitas as particularidades das crianças, que em sua fase sentem a necessidade de estabelecer relações com o meio, sendo sua atividade principal o brincar. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 331 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA 2.1. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA A CRIANÇA. “Brincar, para a criança nada mais é que uma ação livre, que surge a qualquer hora, iniciada e conduzida pela criança [...]” (KISHIMOTO, 2010) Sendo assim, esta ação relaxa a criança, a envolve de maneira construtiva e não obrigatória, levando a criança a aprender regras, habilidades, e capacidades de maneira lúdica, onde a mesma sentirá ao longo do tempo em que brinca tem prazer em aprender. Claramente, podemos apontar vários aspectos que mostram o quão importante é a brincadeira para o desenvolvimento da criança, que serão apresentados a seguir. Com auxílio das brincadeiras, os conhecimentos adquiridos pelas crianças possibilitam a construção dos conceitos necessários para entender a si mesma, como um ser distinto dos outros com suas particularidades, como também entender o mundo a sua volta. As brincadeiras individuais e coletivas também tem sua importância ao proporcionar experiências que estimulam a confiança da criança. É necessário que se entenda que as crianças da mesma faixa etária podem ter interesses diversos e ao se relacionar com crianças de outras idades, podem se reprimir e não se sentir bem em determinadas situações é necessário que se respeite as particularidades de cada uma, buscando estratégias para que estas brincadeiras proporcionem o estimulo a confiança da criança, e não que sirva de apoio para conduzir a criança num caminho de inseguranças e medos de se expressar em grupo. É certo que se o mediador em relação às crianças souber utilizarse de todas as diversas brincadeiras já existentes para o beneficio do seu trabalho, o mesmo poderá obter resultados satisfatórios, como fazer de maneira lúdica que a criança se aproprie de conceitos diversos, de relações quantitativas, formas, medidas. Porém para isso, o professor terá que ter clareza do que a brincadeira propõe. Por exemplo: [...] aumentar ou diminuir o tom de voz, jogar bolas coloridas, cada cor em uma cesta, brincar de pescar e anotar com marcas ou números is peixes pescados, fazer compra em supermercado, pagando com “dinheiro” feito pelas crianças, são exemplos de brincadeiras que introduzem a criança – que já 332 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF começa a fazer hipóteses de como medir e quantificar-, no mundo da matemática. (KISHIMOTO, 2010, p.8). Logo, as brincadeiras quando usadas intencionalmente para o ensino de algo mais profundo que simplesmente suas regras e ações podem ensinar muito as crianças. A autonomia, pode ser um destes ensinos, seja em tomar decisões como também pegar um objeto de seu gosto, inseri-lo em alguma brincadeira já pré-definida, como também a auto-organização da criança que mesmo sem os instrumentos necessários pode brincar de médico, de casinha sem todos os objetos para representar o ambiente das brincadeiras: Na iminência de inviabilizar o faz-de-conta por causa da impossibilidade de realizar um gesto ou expressar uma atitude, a criança os imagina e, temporariamente, resolve esse conflito, dando continuidade ao jogo. Portanto, a fantasia, surge porque as crianças atribuem um sentido diferente aos objetos nele utilizados. (COUTO, 2007, p.5) Nesse sentido, podemos entender que a brincadeira tem amplas possibilidades visto que, sua importância está em proporcionar através de suas ações a exploração da criança com seu meio, o encantamento ao desenvolver de suas ações que promovem a criança um envolvimento em estar e permanecer ali, descobrindo e criando ainda mais em torno daquela brincadeira, questionamentos onde a mesma pode se indagar de o porquê das regras, o porquê de certas normas para se brincar e dentro das possibilidades fazer suas próprias adaptações, a indagação e conhecimento relacionado às respostas encontradas pelas crianças neste processo a permitiram usarem estes instrumentos para fazer amizades e brincar ainda mais, aprendendo em suas relações novas maneiras brincar. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos estudos apresentados neste artigo, podemos concluir que a brincadeira em seus diversos aspectos e formas é de suma importância para o desenvolvimento cognitivo da criança, visto que mesmo pequena, ela pode tomar decisões, ampliar suas habilidades, aprender regras e desenvolver sua linguagem de forma lúdica e prazerosa. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 333 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Sendo assim, os conhecimentos adquiridos nesta fase só tem êxito quando a criança pode estabelecer suas próprias relações, criar suas hipóteses e construir de maneira gradativa seus próprios conceitos, com o auxilio de mediadores experientes que auxiliam este processo. Portanto, o mediador pode ser o professor, o familiar ou até mesmo uma criança mais experiente. Na educação infantil, onde o professor se torna o principal encarregado de fornecer ajuda para a criança no seu processo de desenvolvimento, é necessário que o mesmo ensine as crianças a colaborar entre si e com os adultos em sua volta, a considerar não apenas seus interesses e vontades, mas também as necessidades do outro com quem vive. (MELLO, 2007). Considerando os diversos apontamentos levantados em sala de aula e as discussões estabelecidas, verifica-se que a importância do brincar no desenvolvimento cognitivo da criança para um real aproveitamento e sucesso nos aprendizados depende em parte da criança e em parte do seu processo de mediação. 4.REFERÊNCIAS BASSO, Cíntia Maria. Algumas reflexões sobre o ensino mediado por computadores. Rev. Linguagem e Cidadania, p.1-8, dezembro 2000. Disponivel em: <http://coral.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm.>. Acesso em: 23 set. 2016. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brincadeiras e brincadeiras na educação infantil, Belo Horizonte, 1-20, Perspectiva Atuais, 2010. MELLO, Suely Amaral. Infância e humanização: algumas considerações na perspectiva histórico-cultural. Florianópolis, v.25, n°1. Perspectiva, 2007. COUTO, Nara Soares. Jogo de faz-de-conta e apropriação da cultura humana. 2007.192 f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Estadual Paulista, UNESP, Marília. 2007. 334 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O CONCEITO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL ZEFERINO Deise França Santos1 PEREIRA, Letícia Inácio2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de 3 RESUMO Este artigo traz considerações acerca da educação da primeira infância na Europa, entendida como um direito da criança. Temos por objetivo discutir as questões relacionadas ao surgimento da educação infantil e as concepções de criança e infância ao longo da história da humanidade. A regulamentação da educação infantil como modalidade de ensino e direito da criança ocorre somente no século XX, por meio da estruturação de políticas públicas. Nesse sentido, constata que a educação infantil teve que reelaborar as concepções de criança, de educação e de serviços prestados. Palavras chaves: Educação Infantil, História da Educação, Infância. ABSTRACT This article presents considerations about early childhood education in Europe, understood as a right of the child. We aim to 1 2 3 Discente do Curso de Pedagogia da FAEF – Garça [email protected] Discente do Curso de Pedagogia da FAEF – Garça [email protected] Docente do Curso de Pedagogia da FAEF – Garça [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 335 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA discuss issues related to the emergence of early childhood education and child conceptions of childhood and throughout the history of mankind. The regulation of early childhood education as a form of education and child rights occurs only in the twentieth century, through the structuring of public policies. In this regard, we note that the kindergarten had to redraw the child’s views, education and services. Keywords: Early Childhood Education, History of Education, Childhood. 1 – INTRODUÇÃO A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança até os seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. Também recebe o nome de educação da primeira infância, jardim da infância ou educação pré-escolar. Existem critérios a considerar para estabelecer os limites entre o atendimento infantil em creche e a educação pré-escolar, ou entre a educação pré-escolar e a primária, caráter educacional do programa, baseado ou não numa escola ou centro especificamente equipado, qualificação dos professores e faixa etária da criança. No entanto, nem sempre foi assim, as preocupações com o desenvolvimento das crianças em suas especificidades é bastante recente na nossa história. Neste artigo, buscamos discutir as questões relacionadas as concepções de criança e infância ao longo da história da humanidade e a relação dessas concepções com as questões educacionais. Vamos tratar, também, de forma breve, sobre educadores que influenciaram a educação escolar e a nova concepção de criança e infância que atendem hoje os critérios de ensino nas escolas de educação infantil. Por fim, deixamos nossa conclusão apontando a possibilidade de continuidade de estudo da temática. 2 – DESENVOLVIMENTO A educação infantil institucionalizada teve seu processo na Europa, principalmente na França e na Inglaterra em meados do 336 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF século XVIII. “Na França, crianças de 3 a 6 anos começaram a ser acolhidas por instituições religiosas oferecendo cuidados e alimentação enquanto suas mães cuidavam das atividades domésticas” (TEODORO, 2013). O atendimento de crianças de 0 a 6 anos ocorreu nesta mesma época na Inglaterra, escolas preparatórias que visavam a educação religiosa e formação de bons hábitos. Os Ingleses buscavam a socialização com propósito de criação de mão de obra. A autora e pesquisadora Mello (2007), nos ajuda a rememorar que nem sempre, na história da humanidade, a criança teve suas especificidades reconhecidas, Segundo a autora, somente nos últimos dois séculos que a infância ganhou as características como a reconhecemos hoje. “Antes disso, ia-se para a guerra, casava-se e trabalhava-se assim que tivesse condições físicas para tanto.” (MELLO, 2007, p.84) Por volta de oito anos de idade as crianças já eram separadas de suas famílias ou já começavam a trabalhar. Séculos mais tarde, o conceito de infância ganha outro perfil e a criança já não é mais a sombra de um adulto, mas um ser em si, com especificidades particulares para seu desenvolvimento. Essas mudanças fizeram com que as sociedades também se modificassem para atenderem as necessidades das crianças, assim, na Europa surgem os primeiros sinais de creches chamados de refúgios, destinadas a crianças filhas de operárias essas funcionavam em casas de mulheres que não precisavam trabalhar oferecendo cuidados e alimentação (TEODORO, 2013). No entanto, eram ainda cuidados ligados ao desenvolvimento físico das crianças, como a alimentação, o banho e o sono. Ainda não tinham as preocupações educacionais, vinculadas a estes cuidados. Com o crescimento das cidades ocorre o desenvolvimento da burguesia, ocasionando duas concepções distintas sobre a criança, aqui já considerada ingênua e inocente, pelos adultos, imperfeita e incompleta, pela necessidade de o adulto moralizar a criança (OLIVEIRA, 2011). Por volta de 1840 emergem mudanças neste cenário, surgem as primeiras instituições assistencialistas historicamente vistas como Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 337 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA refúgio de crianças dos primeiros meses de vida até os 5 anos de idade, chamadas de Creches no francês, que significa berço. As creches passaram, então, a se expandir por toda Europa com a função de alimentar e cuidar de crianças pequenas. A partir da segunda guerra mundial amentaram o número de creches, pois, muitas mulheres tiveram que deixar os cuidados de seus lares, para trabalharem em fábricas, substituindo os homens que se alistaram. As crianças de 3 a 6 anos eram abrigadas por órgãos religiosos, pois seus familiares trabalhavam fora. Uma educação religiosa e outras a socialização e a queda da exploração do menor que trabalhavam quatorze horas por dia. Também creches chamadas refúgios em casa de pessoas que não precisam trabalhar priorizando alimentação e higiene. Em outros lugares eram escolas preparatórias que após a guerra, com o aumento de mulheres para trabalhar, surgem às creches particulares favorecendo o desenvolvimento integral da criança (TEODORO, 2013). Com a preocupação do fracasso e evasão escolar de crianças de baixa renda, surgem nos Estados Unidos em 1950 ampliações de creches com objetivo da preparação para vida escolar, surgindo a pré-escola (TEODORO,2013). Somente neste período temos as primeiras manifestações de preocupações educacionais das crianças e passaram, então, a buscar referências em estudiosos e filósofos que já levantavam essa necessidade de atender as crianças em suas necessidades educacionais e científicas. Nos séculos XV e XVI novos modelos educacionais foram criados respondendo aos desafios estabelecidos pela sociedade europeia. “Com desenvolvimento científico, expansão comercial e atividades artísticas decorrentes desde período de renascimento, surge uma nova visão sobre criança e como deveria ser educada.” (OLIVEIRA, 2011) O percurso histórico na escolarização possui particularidades ligadas a fatores sociais, possuindo aspectos investigativos da população e suas inter-relações com seu meio. Com a divisão dos indivíduos nos territórios e o aumento da população ocorreram muitas transformações no decorrer do histórico. (KUHLMANN, 1998) 338 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Kuhlmann (1998 p.31) mostra que é preciso considerar a infância como uma condição da criança. O conjunto das experiências vividas por elas em diferentes lugares históricos os, geográficos e sociais é muito mais do que uma representação dos adultos sobre esta fase da vida. É preciso conhecer as representações de infância e considerar as crianças concretas, localiza-las nas relações sociais, etc., reconhece-las como produtoras da história. O autor da importância à história para a formação do profissional de educação destacando a dinâmica dessa ciência, avaliando que é a solida formação teórica que permitirá ao profissional trazer o conhecimento para prática cotidiana com base na reflexão e no pensamento crítico. Havia a concepção de alguns educadores da educação infantil de que as crianças nasciam sob pecado e cabia a família e, na falta dela, a sociedade corrigi-la desde pequena, entretanto a criança passa a ser o centro de interesse educativo. Vista como sujeito de necessidade, objeto de expectativas e cuidados, situados em um período de preparação para o ingresso no mundo dos adultos um instrumento fundamental (OLIVEIRA 2011). A criança é um ser humano que necessita de cuidados e interação com seu meio. Esses cuidados devem estar associados com a educação. Vimos nesta parte do artigo que as concepções sobre infância foram se alterando ao longo da história e que se antes a criança era entendida como um adulto em miniatura, agora tem suas etapas de desenvolvimento reconhecidas o que exige um efetivo trabalho nas práticas pedagógicas para possibilitar esse desenvolvimento. 2.1 Educadores que influenciaram a Educação Pré-Escolar Surgem nos séculos XV e XVI, pioneiros da educação infantil que contribuíram com suas novas ideias sobre a educação, defendendo um rigoroso planejamento, voltado para a criança que passa ser o centro de interesse educativo dos adultos. A criança começa a ser vista como sujeito de necessidade e objeto de expectativas e cuidados, situados em um período de preparação Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 339 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA para o ingresso no mundo dos adultos. Educadores como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Froebel, Decroly e Montessori influenciaram a educação escolar oferecendo uma prática pedagógica (OLIVEIRA, 2011). O filósofo Jean Jacques Rousseau, por exemplo, teve uma enorme influência na educação, priorizando o aprendizado de livros, ressaltava que a criança deveria aprender por meio da atividade prática, observação, experiência, liberdade e curiosidade (OLIVEIRA, 2011). Criou uma proposta educacional que combatia preconceitos e autoritarismo valorizando a infância, defendia uma educação, não orientado por adultos, mas sim, resultados das capacidades infantis. Rousseau revolucionou a educação ao afirmar que a infância não era apenas uma via de acesso, um período de preparação para a vida adulta mais tinha um valor em si mesma (OLIVEIRA, 2011). Combateu as ideias que prevaleciam há tempos, entre elas a de teoria e prática educacional junto com a criança que não poderia ser entendida como um adulto em miniatura, chamando a atenção para as necessidades da criança e as condições do seu desenvolvimento. No contexto de época, Rousseau formulou um princípio educacional em que a criança aprende a usar os instrumentos de outros ofícios, por meio desta atividade a criança estaria medindo, contando, pensando e comparando, essas tarefas seriam desenvolvidas como atividades relacionadas com a vida. (NICOLAU, 1989) O autor defendia a autoeducação, com ideias de concepções sobre a educação como um processo pelo qual a criança adquire conhecimentos, hábitos e atitudes armazenadas e sem modificação, respeitando a fase de cada sujeito. Os estudos de Rousseau retiraram as crianças da posição de mini adulto, defendida na Idade Média, e trouxeram à tona a ideia de que elas tinham características próprias e que necessitavam de uma educação que respeitasse suas fases de desenvolvimento, com professores capacitados para tal atendimento. (VALLE, 2010 p. 19) Propunha o desenvolvimento das crianças por meio do uso de brinquedos, esportes, canto, linguagem, agricultura e instrumentos 340 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF variados o qual poderia desenvolver a memória e a rígida disciplina nas crianças. Para Rousseau, a educação vem do interior e de espontaneidade da criança em contato com seu meio. (NICOLAU, 1989) Outro nome relevante para pensarmos as primeiras concepções educacionais da infância é o suíço Pestalozzi que nasceu em Zurique, em 1746 e faleceu em 1827. Ele teve em Rousseau o aporte teórico para suas concepções educacionais, assim, influenciou reis e governantes na educação do povo, foi adepto da educação infantil pública. Pestalozzi destaca que a educação estaria na bondade e no amor como a família, que o desenvolvimento da afetividade da criança deveria ocorrer desde o nascimento. Suas práticas estavam voltadas para o ideal do educador. Era somente a educação que poderia contribuir para que as pessoas conservassem os direitos conquistados, princípios e fé (NICOLAU, 1989) Segundo este pensador a educação era um recurso para os indivíduos conseguirem progredir e serrem tratados como verdadeiros cidadãos com crenças e culturas variadas. Ele influenciou muitos professores fornecendo treinamento mostrando a educação pelos sentidos e suas diversificadas como arte, música, soletração, aritmética e o contato com a natureza. Entretanto, Pestalozzi revolucionou a disciplina da educação, reforçando a ideia de cooperação entre alunos e professor, mantendo a concepção tradicional da família como responsável pela educação dos filhos no desenvolvimento natural do ser humano através do amor. (NICOLAU, 1989) O autor acredita que a reciprocidade entre educando e professores conseguiriam manter a tradição da família como sendo responsáveis pelo avanço dos filhos em sua vida cotidiana. De acordo com Nicolau (1989), Pestalozzi criou muitos recursos metodológicos favorecendo o manuseio de letras do alfabeto. Ele revolucionou área educacional com adequações e novos materiais que ainda não tinha sido usado. Frobel, teve em Peztalozzi sua grande influência. Viveu na Prússia de 1782 a 1852. Ficou bastante reconhecido no meio educacional Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 341 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF pela criação dos jardins de infância, denominado na Alemanha. kindergarten como é Sua principal ideia para esta denominação é de que, as crianças pequenas, assim como as “ [...]sementes que, adubadas e expostas a condições favoráveis em seu meio ambiente, desabrochariam sua divindade interior em um clima de amor, simpatia e encorajamento – estariam livres para aprender sobre si mesmos e sobre o mundo.” (OLIVEIRA, 2011 p. 67) Contagiava a educação como meio de aperfeiçoamento individual e social, levou adiante a ideia de prontidão presente em Rousseau e de organização graduada do conhecimento, simples e complexo espelhado em Comênio. (OLIVEIRA, 2011, p.67). Já Comênio, nascido em 1592, em Niwnitz, na Moravia, foi o educador que em 1657 usou a imagem de jardim de infância (onde arvorezinhas plantadas seriam regadas) como lugar da educação de crianças pequenas uma conjunção de ideias religiosas e realistas. (OLIVEIRA 2011). Os jardins de infância da época dividiam-se em casas assistencialistas ou em escolas com preocupação do desenvolvimento em atividades lúdicas, percepção sensorial, linguagem oral contribuindo para formação intelectual e moral da criança. Diante de uma história marcada por mudanças no século XX na Europa no período da primeira guerra mundial surge um estudo científico da criança com objetivo de testes e avaliações psicológicas as quais iriam exercer grande influência nas futuras gerações de educadores. (OLIVEIRA, 2011). Nesta época de guerra o aumento de órfãos destaca os programas de atendimento a crianças pequenas para diminuir a mortalidade, médicos interessados pela educação, como Declory e Maria Montessori contribuíram para esse desenvolvimento educacional. O educador e médico belga Declory, que nasceu em 1871 e morreu 1932, interessou-se por crianças chamadas de retardadas e anormais, destacou que a criança deve ser criança e não um adulto em potencial (NICOLAU, 1989). O método Declory é conhecido pelos “centros de interesse” que propunha atividades didáticas, trabalhando o interesse da criança na observação, associação e expressão. 342 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Declory defendia um ensino voltado para intelecto. Propunha que a criança fosse posta diante de um objeto concreto em toda a sua complexidade e a partir daí o analisasse e fizesse uma síntese, que deveria expressar por meio de uma obra pessoal. Preocupava-se com o domínio de conteúdos pela criança, mas via possibilidade de encadeá-los em rede, organizados ao redor de centros de interesses em vez de serem voltados para disciplinas tradicionais. (OLIVEIRA 2011, p.71) Vejamos agora a contribuição da educadora Montessori, que nasceu em 1870 morreu em 1952, sendo contemporânea de Declory. Doutorou-se em medicina pela universidade de Roma, aos 25 anos dedicou-se as crianças especiais destacaram-se pela criação de instituições de educação no século XX. (NICOLAU, 1989) Produziu uma metodologia com atividades motoras, sensoriais e intelectuais que se ocupasse com o desenvolvimento da espiritualidade da criança, não aceitava a natureza como o ambiente apropriado para o desenvolvimento infantil. O objetivo da educadora foi criar instrumentos elaborados para educação motora, por exemplo: letras móveis e recortadas, material dourado contadores como ábaco e material dourado contribuindo para aprendizagem de operações numéricas e terapêuticas. Ela acreditava que as crianças aprendiam melhor e assimilavam os conteúdos partindo do concreto estimulando com os recursos que ela os criou. Como a teoria de educação com base em três princípios: individualidade, atividade e liberdade possibilitando que cada aluno em seu processo de desenvolvimento recebesse um atendimento especializado, seus estudos foram fundamentais para crianças de 0 a 6 anos o qual obteve grande sucesso e foram aceitos por todos até os dias de hoje muitas escolas do mundo seguem suas orientações trabalhando o seu método material dourado de fácil manipulação para utilização na educação de crianças (VALLE, 2010). As influências desses filósofos Comênio Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori contribuíram para a valorização da criança, sendo assim os movimentos para educação foram marcados por transformações e contribuições que encaminharam a concepção de infância com história marcada de direitos e reconhecimento. Foi um longo processo para desenvolvimento das teorias realizadas por esses autores que tiveram como objetivo atender Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 343 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA população desfavorecida, muitos desses autores contribuíram com elaboração de materiais modificando princípios da educação. Ao longo do tempo admitiram a importância da observação e da pesquisa cientifica como fundamentais para o desenvolvimento das crianças (OLIVEIRA, 2011). 3 – CONCLUSÃO Por meio da escrita deste artigo e das ideias que as leituras do referencial escolhido nos possibilitaram, concluímos que a pré-escola é o segmento em que as crianças devem desenvolver seus potenciais, mas para que isso ocorra será necessária uma prática pedagógica por parte dos profissionais que atuam nas escolas de educação infantil, que atendam as necessidades das crianças nos aspectos do cuidar vinculado ao educar. Vimos que essa concepção de infância e criança, que temos hoje, é bastante recente na história da humanidade e que estudiosos como Comênio, Rousseau, Pestalozzi, Decroly, Froebel e Montessori contribuíram para essa valorização e serviram de influências nas práticas educativas. O contexto do processo de escolarização teve seus avanços e retrocessos, refletindo na construção de nossa educação, criada e imposta pelas classes dominantes de cada época, afinal a história tem um fator enorme cultural e social nesse desenvolvimento educacional. O aproveitamento deste artigo foi amplo, as fontes bibliográficas pesquisadas poderão servir de base para um novo olhar sobre a educação infantil. Temáticas que considerem o respeito ao desenvolvimento das crianças, sobre a educação infantil ou a préescola, poderão fazer avançar ainda mais os pequenos apontamentos que fizemos aqui. Mesmo porque estes são temas de discussões amplas e que merecem ser estudados e pesquisados para que consigamos fazer com nossas crianças tenham suas efetivas necessidades atendidas e que em seus processos de aprendizagem possam exercer papel ativo e desenvolvente. 4 - REFERÊNCIAS KUHLMANN J, M. Infância e Educação infantil: Uma abordagem histórica. Porto Alegre. Mediação, 1998. 344 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF NARADOWSKI, M. Comenius & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2001. NICOLAU, M. L.M. A Educação Pré-Escolar: Fundamentos e Didática. São Paulo: Ática, 5, ed.1989. OLIVEIRA, Z. de M. R. de. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 7, ed. 2011. TEODORO, W. L. G. O Desenvolvimento Infantil de 0 a 6 anos e a Vida Pré-Escolar. Uberlândia: 2.ed. 2013. VALLE; L. R. de L. D. Fundamentos da educação Infantil. Curitiba: Fael,1 ed;2010. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 345 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 346 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O DIREITO À EDUCAÇÂO: A LEIS DE DIRETRIZES E BASES E O ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE Reginaldo José BARBOZA1 Bruna Martins SANTOS2 Dirce MARTINS3 RESUMO A partir deste artigo observamos que a educação é o principal caminho para o papel social. Deste modo, o embasamento para os fins educacionais está garantido em primeiro lugar na Constituição Federal como direitos e deveres da cidadania, englobando as Leis de Diretrizes Básicas e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Assim sendo, temos como objetivo principal descrever o modo como devem ser tratados os direitos da criança, as obrigações dos pais e o dever do Estado e para isso nos basearemos nesses documentos referidos acima. A presente pesquisa de cunho bibliográfico nos permitiu verificar quais os devidos caminhos legislativos e educacionais devem ser seguidos em função de nos tornarmos pessoas críticas na razão dos nossos direitos. 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Direito, do Centro Universitário Eurípides de Marília - UNIVEM. Marília – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 347 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Palavras-chave: Educação. ECA. Criança e adolescente. Direito. ABSTRACT From this article we noted that education is the main way for the social role. Thus, the basis for the educational purposes are guaranteed first place in the Federal Constitution as rights and duties of citizenship, encompassing the Laws of Basic Guidelines and the Statute of Children and Adolescents. Therefore, our main objective to describe how the rights of children should be treated, the duties of parents, and the duty of the state and we will base in these documents referred to above. This bibliographic nature of research has allowed us to verify that the appropriate legislative and educational paths should be followed according to become critical people in reason of our rights. Keywords: Education. Childand is adolescente. Law . 1. INTRODUÇÃO O direito a vida assim como o direito a educação são processos que faz parte da dignidade da pessoa humana, são cláusulas pétreas previstos na Constituição Federal de 1988, de forma que ninguém pode dispor de nenhuma delas, assim encontramos no Art. 5: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e estrangeiros residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade. (BRASIL, 1988). Outro documento importante foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) criada para organizar tudo referente à interação entre o estado, escola, professores, pais e alunos, fazendo constar tanto os direitos quanto as obrigações das partes. Da primeira LDBN em 1961 até a última em 1996, passaram hoje mais de 35 anos que foram marcados por grandes transformações, motivo pelo qual várias emendas foram sancionadas. Uma dessas emendas pode ser observada, por exemplo, em 2013 o qual obriga 348 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF os pais a matricularem seus filhos a partir dos 4 anos de idade, já que antes isso ocorria a partir dos 6 anos de idade: “Art. 6o É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)”. Ou ainda sobre o ensino médio, em que se afirma no Art. 10. Que: “Os Estados incumbir-se-ão de (...) VI assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o ensino médio a todos que o demandarem (...)”. (BRASIL, 1996). O objetivo é proporcionar uma educação de qualidade, que atenda desde as crianças nas creches, educação infantil, ensino fundamental e até o ensino médio, podendo se estender a universidade, com auxílio de programas como prouni e a escola da família. Para uma sociedade igualitária, que é uma das principais preocupações da nossa nação, é necessário oportunidades que começam a serem traçadas ainda na infância. A LDBN (1996) surge justamente para garantir o direito da criança e do adolescente como está explícito no ECA (1990). 2. OS DIREITOS DA CRIANÇA DE ACORDO COM O ECA A infância e adolescência é uma fase primordial para a vida de qualquer pessoa, é o período mais frágil, pois é quando elas começam a desvendar o mundo, e formar sua personalidade. Nesse período é importante que a Criança frequente a Escola, pois essa fornecerá as bases necessárias para o seu desenvolvimento, além disso passará a interagir com outras crianças da mesma idade. Assim sendo, é um direito da criança e do adolescente e um dever do Estado conforme o Art. 54. assegurar: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade. (BRASIL, 1990). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 349 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O Estatuto da criança e do adolescente (BRASIL, 1990) surgiu para proteger os direitos fundamentais da criança e do adolescente, não permitindo que abusos ocorram, nem por parte dos pais, nem da escola. Tem como objetivo consolidar o que já havia na constituição federal. Foi criado em 13 de julho de 1990, sendo a forma encontrada pelo governo para intervir na vida da criança e do jovem regulando principalmente questões relativas à educação e o trabalho infantil, que era praticado há muito tempo, e se intensificou no século XVlll com a revolução industrial. Como a maioria das famílias dos operários passavam necessidades, a solução encontrada era utilizar a mão de obra infantil que, para o dono da fabrica era vantagem, já que era mão de obra barata. Até aquele momento a educação não era valorizada, e as camadas pobres não tinham acesso, pois a maioria eram trabalhadores rurais. Com o surgimento das máquinas, tornou-se necessária a mão de qualificadas, iniciou-se então o processo de expansão da educação para as pessoas mais pobres, para auxiliar essa camada surgiram com o passar dos anos os Direitos Sociais, ou seja, ações públicas que fornecesse estrutura para que essas pessoas conseguissem melhor a condições de vida, igualdade de bens materiais. O principal destaque dessas políticas está relacionado ao acesso à educação, uma vez que serve de base para a aquisição dos demais direitos como direito ao trabalho. Nesta perspectiva, Libâneo (2005, p. 12), ressalta sobre democratizar o ensino. Democratizar o ensino é ajudar os alunos a se expressarem bem, a se comunicares de diversas formas, a desenvolverem o gosto pelo estudo, a dominarem o saber escolar; é ajuda-los na formação de sua personalidade social, na sua organização enquanto coletividade. Trata-se, enfim, de proporcionar-lhe o saber e o saber- fazer críticos como pré-condição para sua participação em outras instâncias da vida social, inclusive para melhoria de suas condições de vida. Com as novas políticas a sociedade cada vez mais preocupada com o bem estar das crianças e jovens, o trabalho infantil foi perdendo força, e cada vez mais surgiu ações publicas que protegessem esse indivíduo, observou-se que era importante a criança frequentar a escola, mas também ter tempo para brincar e ser 350 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF criança, desenvolver outras atividades que favoreça o seu desenvolvimento. Como vimos acima, a LDB (1996) e o ECA (1990) surgiram para regularizar todos os assuntos relacionados a eles, tornando ilegal o seu uso no desempenho de tarefas. Segundo o ECA (1990), considera-se criança todo individuo com até 12 anos de idade, e Adolescentes os que possuem entre 12 até completarem 18 anos de idade, sendo os que estão dentro dessas faixas-etárias regulados por lei especial. 2.1. OBRIGAÇÃO DOS PAIS SOBRE A EDUCAÇÃO DE SEUS FILHOS O modo de pensar e a agir dos indivíduos não é algo fixo, engessado, ele se transforma conforme o meio e a época em que se vive assunto que antes não eram nem pensados, hoje geram inúmeros debates. A interação entre pais, filhos e a escola é de extrema importância, uma vez que, se cada um cumprir com seu papel para a formação da criança, o resultado sempre será positivo. O Estado cria leis para regular a vida das crianças e jovens, e isso constamos no Art. 55 do ECA (1990) quando ele afirma: “Os pais ou responsáveis tem obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino” sendo eles responsável direto pelo bem-estar do menor, cabe a eles transferir valores, passar os primeiros ensinamentos, sustentar e fornecer os pilares necessários para o desenvolvimento dessa criança, desde o momento quando ela iniciar sua vida escolar. O professor aprimora, transferi conhecimentos e experiências, valorizando sempre a bagagem que a criança já possui, pois o ser humano tem capacidade que desconhece tanto intelectual quanto físico. O pouco que aprende com a vivência junto aos adultos e a sociedade ele traz consigo conhecimentos prévios e assim consegue transformar, adquire habilidades, cria oportunidades, aprende fazer mudanças, construir, ensinar, acertar, errar, perdoar e até magoar. Todas essas características faz parte da natureza humana, para a sua sobrevivência social adquirida ao longo de sua história ampliando o conhecimento e, favorecendo o lado afetivo direcionando para construir sua personalidade ativa e participativa dentro da sociedade, e a escola tem como foco provocar essas mudanças em seu aluno, trabalhar conceito e conteúdos importantes inserir a criança ao mundo da cultural e social . Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 351 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O problema é que cada vez mais cresce entre alguns pais o pensamento de transferir obrigações, colocando nas mãos dos professores a responsabilidade de educar que deveria ser dos pais e não da escola. Como a maioria dos pais trabalham durante todo o dia, eles acabam não se interessando pela vida escolar dos filhos, porém esse não é o melhor caminho, pois a educação das crianças é dever tanto do estado como da família, sendo necessário o estimulo dos pais para que a criança desenvolva com um pensamento crítico. 2.1. OS DEVERES DO ESTADO A RESPEITO DO ENSINO A República Federativa do Brasil é um estado democrático de direito, de forma que para os cidadãos, exercerem a democracia de forma igualitária e tenham o pleno poder de voz dentro da nação, é necessário que seja fornecido pelo governo meios para que, alcance os direitos. O que a sociedade espera do governo além do ensino público, que esse seja de qualidade para todos. Assim como está previsto no Artigo 206 (BRASIL, 1988): O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: l- igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; ll- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; lll- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privada de ensino; lV- gratuidade do ensino público em estabelecimento oficiais; V- valorização dos profissionais da educação escolar, garantindo. Na forma da lei, planos de carreira com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes publicas; Vl- gestão democrática do ensino público, na forma da lei; Vll- garantia de padrão de qualidade; Vlll- piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação pública nos termos de lei federal. Para que se efetive os direitos previstos nesse artigo, é necessário que o governo forneça alguns auxílios: como a distribuição de alimentos e materiais didático para crianças e jovens, transporte público gratuito, atendimento médico de qualidade assim como fornecer remédios quando necessário, e tratamento especializado 352 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF para atender as pessoas portadoras de necessidades especiais, além de cursos gratuitos que favoreça o desenvolvimento como cursos de línguas, tecnologia, e verbas para as universidades públicas visando à qualificação de seus alunos. 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Contudo podemos perceber que as leis existem para garantir todos os direitos do indivíduo, para que, sejam alcançados é necessária à colaboração de todas as partes envolvidas, não basta que o estado crie leis se não forem efetivas e seguidas, assim como o interesse dos pais em colaborar com a escola é de extrema importância, nessa percepção a educação é um processo de formação do indivíduo em conjunto, entre governo, escola e sociedade, não dá para escolher uma ou outra, pois são indissociáveis, e, nessa relação todos devem trabalhar juntos para garantir a qualificação do aluno e o seu desenvolvimento tanto cognitivo, humanismo e comportamentalismo, ocorrendo assim a democracia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em 28 set. 2016. BRASIL. LDBN. Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm. Acesso em 28 set. 2016. BRASIL. ECA. Estatuto da Criança e do Adolescente. LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/L8069Compilado.htm. Acesso em 28 set. 2016. LIBANEO, José, Carlos. Democratização da Escola Pública. 20 ed. São Paulo: Loyola, 2005. VADE MECUM. Acadêmico de Direito/Anne Joyce Angher, organização. 18 ed: São Paulo: Rideel, 2014. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 353 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 354 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PAPEL DO GESTOR NA GESTÃO DEMOCRÁTICA RODRIGUES, Mayara de Souza¹ BARROS, Mariana Spadoto² RESUMO Este trabalho apresenta a importância do gestor para o bom funcionamento da gestão democrática na escola. Portanto, este artigo tem como objetivo compreender o papel do gestor e suas funções dentro da concepção de gestão democrática, facilitando-a e dirigindoa. O gestor é a peça principal da gestão democrática. Um bom gestor é aquele que media as relações no espaço de ensino, proporcionando aos funcionários um trabalho em equipe com um objetivo comum. O gestor deve garantir a participação de todos os envolvidos dentro da escola e da comunidade em que se insere nas tomadas de decisões. Palavras-chave: GESTÃO DEMOCRÁTICA. GESTÃO. PARTICIPAÇÃO. ABSTRACT This article presents the importance of the manager for a good functioning of the democratical management on academic ¹ Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça, SP. E-mail: [email protected]. ² Orientadora, docente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF, Garça, SP. Especialista em Psicopedagogia Clínica, Mestranda em Educação. E-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 355 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA institutions. Therefore, the objective of this article is to understand the manager’s role and its functions inside a democratical management concept, aiding and guiding it. The manager is the democratical management’s main key. A good manager is the one that mediates the relationships on the teaching environment, providing to the employee a teamwork with a mutual purpose. The manager must guarantee an effective participation from the academic team and the community that it’s part of on the decision making acts.. Keywords: DEMOCRATIC MANAGEMENT. MANAGER. PARTICIPATION. 1 INTRODUÇÃO Após o Brasil passar por uma reorganização política, a gestão democrática passa a ser obrigatória dentro das escolas, garantida pela Lei nº 9394 de 1996, a chamada LDB ( Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira), o papel do diretor de escola também muda perante esse contexto. O diretor de escola passa a ser chamado de gestor, onde delega das funções gerenciais e administrativas, relacionam-se com as secretárias de educação, com as delegacias de ensino, com o conselho tutelar, juízes e todos os tipos de leis e determinações cabíveis. A escola desde suas primeiras manifestações necessita de uma organização, precisa ser organizada para atingir um objetivo. Para isso, a escola precisa de um gestor, um líder, que oriente as atividades dentro da escola. Problematizaremos a função do gestor na gestão democrática a fim de ser o indivíduo que irá propagar as ideias para que ocorra a gestão participativa na escola. Pois é a função do gestor fazer com que aconteça de fato a gestão democrática dentro das escolas. O papel do gestor na gestão democrática é fundamental, pois ele é o principal componente dessa concepção, porem, seu papel principal é como de orientador, ou seja, orientar as funções, as capacidades e elencar atividades que cada componente comprometido com a realidade escolar deve realizar, sendo eles pais, alunos, funcionários, corpo docente e a própria equipe gestora (ANDRADE, 2004). Consideramos que o processo de gestão democrática não é uma 356 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF função exclusiva do gestor escolar, mas da realização de um trabalho participativo que envolve todos O objetivo desta pesquisa é compreender e analisar o papel do gestor escolar dentro de uma gestão democrática, facilitando-a e dirigindo-a. Realizando uma pesquisa bibliográfica sobre a gestão democrática e as funções do gestor nesta concepção. Portanto esta pesquisa destina-se aos gestores de escola, e a todos os interessados nesta concepção de gestão democrática escolar. Para realização desta pesquisa, baseamos nossos estudos em livros de Vitor Paro, Heloísa Luck, Rosamaria Calaes de Andrade e a legislação da educação brasileira, dentre outros. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Revisão de Literatura O diretor é o modelo central para a preservação do funcionamento da gestão da instituição educacional. O diretor deve estar sempre presente, ser capaz de ouvir as pessoas, tanto os funcionários, alunos, pais, professores e a comunidade. Garantir acima de tudo a qualidade de ensino, e ser atuante. Um bom diretor é aquele que sabe mediar o espaço de ensino para proporcionar aos funcionários entusiasmo naquilo que estão fazendo, assim, o trabalho flui melhor e ambos são facilitadores para a aprendizagem dos alunos. O papel do diretor na gestão democrática é fundamental, pois ele é o principal componente dessa concepção, porém, seu papel principal é de orientador, ou seja, orientar as funções, as capacidades e elencar atividades que cada componente comprometido com a realidade escolar deve realizar, sendo eles pais, alunos, funcionários, corpo docente e a própria equipe gestora. Cabe ao diretor não ser autoritário, pois é assim que se tem sua imagem, como o feche da escola, é assim que a comunidade escolar deve vê-lo. O diretor autoritário dá a carta final, o que ele fala é lei e todos têm que obedecer. O diretor não deve ser visto assim, ele deve estar aberto ao diálogo e ouvir todas as partes relacionadas, para depois, com o consenso de todos, tomar uma decisão final. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 357 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Portanto, é imprescindível a boa relação entre o diretor e todos envolvidos na escola. E ao falar em gestão democrática e democracia, o diretor não deve levar a palavra democracia ao pé da letra, como deixar todos agirem da forma que quiserem, sem leis a seguir. O diretor bonzinho se omite de suas responsabilidades. O trabalho em equipe deve ser sempre levado em consideração e ter sua possível compreensão em tudo que se faz dentro da escola, nos afirma Vitor Paro (2003). O principal aspecto da gestão democrática é o ouvir. O diretor tem que estar aberto para ouvir, assim como todos os envolvidos. O diretor pode até não estar de acordo com o que está ouvindo, mas, mesmo assim, ouve, para então entrar em um acordo. Neste sentido, Luck afirma: Aos responsáveis pela gestão escolar, compete, portanto, promover a criação e a sustentação de um ambiente próprio à participação plena no processo social escolar, dos seus profissionais, de alunos e de seus pais, uma vez que se entende que é por essa participação que os mesmos desenvolvem consciência social critica e sentido de cidadania (2012, p.20). Depois da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira), com toda a mudança da sociedade brasileira, se exige também uma nova escola, garantida assim na lei nº 9394/96, portanto, para essa nova escola, é preciso que haja um novo gestor, diferenciado, que atinja os novos objetivos que a nova escola e sociedade pedem. A partir daí o uso do termo gestor acaba sendo mais propício para o cargo, um gestor que seja sonhador, idealista, com visão no futuro, contudo, sempre com um ideal em mente, com ações e metas a cumprir para se chegar ao ponto principal. O gestor deve idealizar transformações democráticas na sociedade, além de ter conhecimentos específicos para exercer o cargo de diretor escolar. Na gestão democrática, o gestor deve trabalhar com o objetivo da construção da cidadania com autonomia, participação num clima favorável de trabalho e a democracia. Além de uma gestão para uma função critica voltada para a evolução do individuo e da humanidade (PARO, 2003). Assim, o gestor passa a ser um facilitador e um estimulador da participação de todos, promovendo a comunicação aberta, 358 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF construindo equipes participantes, incentivando, orientando, e criando um clima de confiança e receptividade na escola e na comunidade (LUCK, 2012). Cabe ao gestor zelar pelo trabalho pedagógico e administrativo da escola, envolvendo ambos nas duas questões para contribuir tanto nas questões de um como de outro, vendo assim com outros olhos os pontos apresentados. Andrade (2004) cita algumas características que a direção deve ter para exercer com mais qualidade seu trabalho, como estar aberta às necessidades da comunidade. Mais uma vez, o ouvir em abundância é de suma importância para bem gerenciar uma escola. Outra característica é estar atenta à atualização dos professores e de sua prática pedagógica, promovendo sempre capacitações para melhor atualizar seus profissionais e participar da vida acadêmica de ambos. Estar conectada aos avanços científicos e tecnológicos é outra qualidade. A sociedade muda, a escola necessariamente muda com ela, é preciso tomar cuidado para que a escola não fique para trás perante a sociedade e propicie os avanços para seus alunos para não tornar o ambiente escolar monótono para eles. A gestão deve estar comprometida com a formação integral e o sucesso dos alunos, para formar um indivíduo completo, que seja transformador da sociedade em que se insere e ser um ser histórico - social. A direção da escola deve estar empenhada em planejar, coordenar e avaliar a dinâmica da escola diante da realidade atual e pronta para resolver os desafios da gestão escolar, para atender as contínuas exigências e as novas demandas da sociedade. Um lado ruim de ser diretor é o fato de sempre ser o primeiro culpado por tudo que acontece na maioria das vezes, de ruim dentro da escola. Isso é uma queixa que muitos diretores fazem, dentre outras, como cita Luck (2012); que tem que fazer tudo sozinho, que não possui apoio de ninguém e etc. Mas, do mesmo jeito que os diretores se sentem sozinhos na sua posição, assim também podem se sentir os professores. Por isso a importância de uma gestão participativa, em que diretor e professores não se encontram mais sozinhos em suas tarefas e decisões. Quando o diretor busca a Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 359 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA participação da comunidade escolar ele está tentando sair dessa situação negativa. Por fim, o gestor não deve se prender ao título e ao cargo. Como líder, deve exercer papéis como: administrador, professor e planejador, além de ser organizado, saber distinguir as necessidades e delegar suas tarefas para que tudo corra bem. Podemos concluir que o diretor é a peça principal para o bom andamento da gestão democrática e participativa dentro das escolas. Sabe-se das dificuldades, mas focando em metas claras, tudo prospera para o bem da escola, da aprendizagem e dos alunos. O caminho é este e está aí: a contribuição de todos na tomadas das decisões, sem tomar somente para si as responsabilidades, mas saber mediar às relações e os planos de trabalho. 3. CONCLUSÃO De acordo com o objetivo traçado, o de compreender e analisar o papel do gestor escolar dentro de uma gestão democrática, facilitando-a e dirigindo-a, pressupomos que foi atingido com sucesso, ao ponto de garantir informações necessárias para bem orientar um gestor com esse tipo de dúvida. Dessa forma, reconhecemos essa pesquisa como sendo de suma importância para um gestor de escola, que realiza dentro do seu ambiente de trabalho, um ambiente democrático e participativo. Em virtude do que foi mencionado, concluímos que a o gestor é a peça principal para que aconteça a gestão democrática na escola, é ele que orienta sua equipe para o bem desempenho dos objetivos coletivos e para as tomadas de decisões, além de ser o orientador da participação, onde nesta concepção é indispensável. Cabe, portanto ao gestor certificar-se que realmente a participação esta ocorrendo, de acordo como a gestão democrática propicia. Apesar de nos dias de hoje ainda ser pouco usado nas escolas a gestão democrática, vale lembrar que essa gestão é garantida por lei, e deve ser cumprida em todas as escolas públicas do pais. O gestor deve ser o primeiro a defender que a gestão democrática aconteça na escola, por isso ressaltamos um lado ruim de ser gestor, o de ser sempre o culpado de tudo que acontece na escola. Onde há 360 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF uma gestão democrática, com efetiva participação isso não ocorre, pois todos sabem das suas atribuições e responsabilidades para que a instituição caminhe bem, ou seja, o trabalho em equipe orientado por um líder é fundamental. Comprovamos principalmente com Heloísa Luck e Vitor Paro, que o caminho para ser um bom gestor escola dentro de uma concepção democrática, esta apenas começando, e pesquisas como essas devem enriquecer ainda mais esse campo de estudo e de trabalho. Portanto, esta pesquisa não acaba por aqui, é apenas um inicio para grandes descobertas, esta aberta para melhor aprimora-la e consequentemente obter melhores resultados. 4. REFERÊNCIAS ANDRADE, Rosamaria Calaes. A gestão da escola. 4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. ANDRADE, Rosamaria Calaes. Introdução: Gestão da escola. In: ANDRADE, Rosamaria Calaes. A gestão da escola. 4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. BRASIL. Ministério da Educação. Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96. Brasília, 1996. LUCK, H. A escola participativa: O trabalho do gestor escolar. 10 Ed. Petrópolis, RJ. Vozes, 2012. PARO, V.H. Gestão democrática da escola pública. 3 Ed. São Paulo: Ática, 2003. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 361 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 362 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PAPEL DO PROFESSOR EM UMA APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA PEDROLLI, Andressa Casadei 1 ZAMAIO, Gabriela 2 NASCIMENTO, Mirella Maria. Silva3 SILVA, Odair Vieira4 RESUMO No presente artigo pretende-se refletir sobre o papel do professor como facilitador dos processos de ensino e de aprendizagem. Nesta perspectiva, serão abordados alguns conceitos relacionados ao construtivismo, aprendizagem significativa e zona de desenvolvimento proximal. O foco das reflexões incidirá sobre a importância do papel do professor no domínio das teorias pedagógicas como embasamento para uma prática educacional bem-sucedida. Desse modo, procurarse apresentar características de modelos teóricos que privilegiam a formação e a instrução de crianças em idade escolar. Palavras-chave: Aprendizagem. Aprendizagem Significativa. Educação. Formação. 1 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF; email: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF; email: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF; email: [email protected] 4 Doutorando em Educação e Mestre em História e Filosofia da Educação – UNESP – FFC – Marília/SP. Coordenador e Docente do Curso de Pedagogia – FAEF/ACEG – Garça/SP, e-mail: [email protected]. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 363 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT In this article we intend to reflect on the teacher’s role as facilitator of the teaching and learning processes. In this perspective, we will discuss some concepts related to constructivism, meaningful learning and zone of proximal development. The focus of the reflections will focus on the importance of the teacher’s role in the field of pedagogical theories as basis for a successful educational practice. Thus, sought to present theoretical models of features that focus on training and education of school children. Keywords: Learning. Meaningful Learning. Education. Formation. 1.INTRODUÇÃO Nos processos de desenvolvimento de uma aprendizagem significativa, não podemos obliterar o procedimento, os métodos e técnicas de intervenção, pois esses são os principais papeis da escola. Todavia, na maioria das vezes na teoria essas práticas apresentamse muito sublimes, como sendo uma tarefa fácil, cabendo ao professor ensinar, ao aluno aprender ou, até mesmo reproduzir exatamente o que ele aprendeu, mas na prática, se configura como um período cheio de incertezas, com mudanças intensas e cada vez mais inconstantes. Nesta perspectiva, o presente artigo pretende refletir sobre o papel do professor diante dos desafios impostos pela atualidade no que tange as exigências constantes de garantias de uma aprendizagem significativa e contextualizada com as demandas da sociedade globalizada. Desse modo, pretendemos tratar sobre a importância da aplicação dos modelos e práticas teóricas relacionadas a teoria da aprendizagem significativa, proposta pelo psicólogo e educador estadunidense David Ausubel (1918-2008). A aprendizagem é muito mais significativa à medida que o novo conteúdo é incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para ele a partir da relação com seu conhecimento prévio. Ao contrário, ela se torna mecânica ou repetitiva, uma vez que se produziu menos essa incorporação e atribuição de significado, e o novo conteúdo passa a ser 364 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF armazenado isoladamente ou por meio de associações arbitrárias na estrutura cognitiva. (PELIZZARI, et al, 2002, p. 37) Nessa teoria, ao docente cabe a tarefa de aguçar a curiosidade e o interesse de seus alunos gerando situações problemas que lhes permitam sair de sua zona de conforto e abstrair características desconhecidas. Outra tarefa atribuída ao docente é a de sempre considerar o pensamento do aluno e seus conhecimentos prévios. Assim, o aluno não será mais considerado como uma tabula rasa e nem mesmos um receptáculo de informações, mas sim um participante fundamental e ativo na aprendizagem escolar. Segundo Nogueira e Pilão (1998) a aprendizagem significativa não está só a cargo do professor, pois, o aluno é visto como aquele quem tem o objetivo de apreender o mundo, a sua interação e reciprocidade em relação ao professor é de extrema importância para que ocorra tal aprendizagem, o aluno deve participar ativamente, questionando, refletindo e interrogando para ocorrer à construção do conhecimento. 2.EDUCAÇÃO ESCOLAR E APRENDIZEGEM SIGNIFICATIVA No processo de ensino e aprendizagem, quando utilizamos o termo “ministrar aula” nos traz uma imagem de um “mundo pronto”, porém não é essa a imagem que devemos ter diante de uma sociedade que muda constantemente. Nessa perspectiva, sem desmerecer a importância do planejamento de uma aula é importante termos clareza de que o foco das atividades pedagógicas em sala de aula deve ser a construção do conhecimento por parte de nossos alunos a partir daquilo que eles já sabem ou dominam. Hodiernamente, os alunos chegam ao ambiente escolar com uma gama muito grande de informações e conhecimentos adquiridos por meio de suas vivências cotidianas. Essa realidade é muito diversa dos contextos educacionais anteriores baseados na educação tradicional sob a perspectiva educacional behaviorista5. Nesse contexto, cabia ao aluno a tarefa passiva de somente assimilar ou decorar aquilo que seu professor transmitia e posteriormente realizar a devolução nas provas. Contudo, a partir do início década de 1980, com a introdução da perspectiva Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 365 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA construtivista de educação, tem-se o pressuposto de o aluno deve fazer parte da construção do conhecimento, buscando e construindo junto com seu professor conhecimentos para se obter uma aprendizagem significativa. Desse modo, o aluno se vê como parte integrante do seu processo de aprendizagem. Assim, ao professor não cabe apenas a tarefa de dar aulas, mas sim construir juntamente com seus alunos o conhecimento. O papel do professor é o de questionar sempre seus alunos, pois permite aos mesmos ir em busca de respostas e não dar respostas prontas a eles, para que eles não se acomodem durante o processo de aprendizagem, se esforçando ao máximo para aprender, pois o mundo em que vivemos está em constante construção, sendo muito dinâmico em que todos devem estar constantemente conectados ao processo global de crescimento e desenvolvimento, tendo destaque no desejo de buscar, aprender e sempre ter curiosidade para encontrar respostas novas para perguntas complexas. Para que ocorra uma aprendizagem significativa os educandos precisam estar predispostos a essa mudança. Para isso nós devemos despertar nos alunos uma curiosidade, nos assuntos abordados durante as aulas. É de extrema importância trabalhar a autonomia dos alunos, pois desse modo eles se sentirão importantes durante o processo de aprendizagem, por isso devemos valorizar os educandos trabalhando sempre sua autoestima e capacidade de aprendizagem. Professor é o profissional que trabalha com uma ciência, arte ou técnica, estabelecendo uma situação recíproca e dinâmica com o aluno na qual ambos se interagem com o objeto de conhecimento. O conhecimento é adquirido, por sua vez, por meio da aprendizagem, entendida, no construtivismo, como um processo de interação entre o sujeito e o objeto [...]. (NOGUEIRA, PILÃO, 1998, p.92). Proporcionando uma aprendizagem significativa, os conhecimentos prévios dos alunos não devem ser desprezados, e sim facilitar a construção de estruturas mentais por intermédio da utilização de mapas conceituais que abrem caminhos para descobertas e redescobertas, proporcionando prazer a quem ensina e a quem aprende, tendo também uma maior eficácia no aprendizado do aluno. 366 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O professor tem como papel principal promover uma aprendizagem significativa, desafiando seus alunos sobre conceitos já compreendidos anteriormente, fazendo com que os mesmos ampliem seus conhecimentos, obtendo resultados consistentes. O docente deve aperfeiçoar sua pratica constantemente, visando sempre “desequilibrar” as redes neurais dos educandos, isso nos traz desafios sobre o planejamento de nossas aulas, buscando diferentes formas de aguçar a curiosidade de nossos alunos, visando sempre o trabalho em equipe dos indivíduos onde cada um aprende com o outro a influência do seu mundo social. Para Vygotsky (1999, p. 117), o desenvolvimento da inteligência é necessário a convivência com outros seres humanos. Algumas proposições de Vygotsky podem ser resumidas, tais como: “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem” (OLIVEIRA, 1992, p. 68). Por intermédio da aprendizagem que adquirimos com o próximo, construímos conhecimento no qual nos permite um melhor desenvolvimento mental. Essa relação deve ser estimulada constantemente em sala de aula pelos professores, fazendo com que os alunos compartilhem ideias e opiniões, lembrando que essas trocas de experiências devem ocorrer em pequenos grupos de alunos para não fugir do foco principal. Assim, cabe ao professor a tarefa de fazer com quês seus alunos não se dispersem quando proporcionamos esses momentos, pois ele é oportuno para que um aluno possa ouvir o outro e refletir sobre o que ele diz, podemos ratificar ou retificar sua ideia sobre o assunto em questão. Dito de outra maneira, o papel que do professor desempenha dentro da sala de aula é muito importante, além da atenção é o professor quem vai despertar ideias e habilidades em seus alunos. De acordo com Rosa (1996 apud ABRAHÃO, 2008) o professor agindo como mediador do conhecimento, não é algo novo, o filósofo ateniense Sócrates (399 a. C), na antiguidade clássica já utilizava a mediação na Maiêutica6. Quando refletimos sobre esses conceitos, percebemos que o modelo de educação tradicional precisa ser repensado e reconfigurado. Em decorrência disso, cabe ao professor conhecer seus alunos para facilitar suas estratégias de ensino, para saber qual o momento certo de avançar ou retroceder na sua metodologia, em sua didática, Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 367 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA o diálogo deve ser uma via de mão dupla, no sentido de garantir um conhecimento dialógico e democrático. Nessa perspectiva, Nogueira e Pilão asseveram que, A escola, numa perspectiva construtivista, deve considerar que o aluno traz consigo um enorme arsenal de conhecimento, elaborações, valores inteligências adquiridas antes da fase escolar. Compreender esse mundo individualizado dará ao professor subsídios para o seu trabalho em sala de aula, uma vez que esse mundo irá influenciar sobremaneira o modo como os alunos construirão os conteúdos escolar. (p. 18-19). 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Com nas reflexões abordadas, podemos aventar que para que haja uma aprendizagem significativa, o educador deve estar bem preparado, pois é imprescindível sua atuação na construção do conhecimento. O Professor deve procurara criar uma dinâmica significativa para contribuir na mediação dos alunos, tendo clareza sobre a concepção da educação e consequentemente do seu próprio papel social. Um fator determinante de extrema importância é a relação do professor com seus alunos, que deve visar à busca constante de interação para que ocorra uma parceria na busca do conhecimento, relacionando os conhecimentos prévios dos alunos com os conhecimentos adquiridos, tanto com relação às pesquisas e também com as trocas de experiências com os outros alunos. 4.REFERÊNCIAS ABRAHÃO, M. H. M. B. Aprendizagens significativas em comunidades de práticas educativas. Porto Alegre: EDPUCRS, 2008. ANTUNES, C. A. Avaliação da aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes, 2002 ___________. A aprendizagem significativa: a teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982. ___________. et al. Psicologia educativa: um ponto de vista 368 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF cognoscitivo. México, Trillas, 1988. BORBA, F. S. Dicionário UNESP de português contemporâneo. Curitiba: Piá, 2011. DUARTE, N. Vygotsky e o aprender a aprender. São Paulo: Autores Associados: 1999. NOGUEIRA, E. J.; PILÃO, J. M. Construtivismo. Sorocaba: Loyola, 1998. OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky e o processo de formação de conceitos. In: Piaget, Vygotsky, Wallon - Teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1992. PELIZZARI, A. et al. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Revista PEC, Curitiba, v.2, n.1, p.37-42, jul. 2001-jul. 2002. Disponível em: < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/ materiais/0000012381.pdf>. Acesso em 30 set. 2016. PRIMO, A. Avaliação em processos de educação problematizadora online. In: SILVA, M.; SANTOS, E. (Org.). Avaliação da aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola, 2006, v., p. 38-49. Disponível em: < http://www.ufrgs.br/limc/PDFs/EAD5.pdf >. Acesso em 30 set. 2016. RONCA, P. C. A prova operatória. São Paulo: Finep, 1996. VIGOTSKI, L. S. Pensamento e Linguagem. Trad. Jefferson Luiz Camargo. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 369 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 370 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PAPEL DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL DIAS, Sabrina Alves1 CARDAMONE, Adriana Quintino2 MARTINS, Vanessa Cristina da Silva 3 RESUMO O presente artigo tem por objetivo apresentar a importância dos jogos e das brincadeiras no processo do desenvolvimento da criança, visando uma aprendizagem prazerosa. O brincar não deve ser visto somente como recursos pedagógicos facilitadores para o aprendizado, mas sim como instrumentos que estimulam as potencialidades, corporal, cognitiva e social dos alunos. Para tanto, a fundamentação teórica busca demonstrar as especificidades dos jogos e das brincadeiras, como material pedagógico educativo, e não como entretenimento, mas como material instrucional lúdico, que proporciona uma aprendizagem significativa. Palavras-chave: Jogos, brincadeiras, crianças. 1 Prof.ª Ma. Sabrina Alves Dias docente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Humanas de Garça. E-mail: [email protected] 2 Discente do 6º termo do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Humanas de Garça. Email:[email protected] 3 Discente do 6º termo do curso de Pedagogia da Faculdade de Ciências Humanas de Garça. E-mail: [email protected]. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 371 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This article aims to present the importance of games and play in the process of child development for a pleasurable learning. The play should not be seen only as facilitators teaching resources for learning, but they are tools that stimulate the potential, body, cognitive and social development of students. Therefore, the theoretical foundation seeks to demonstrate the specifics of games and play as educational teaching materials, and not as entertainment but as playful instructional material that provides a meaningful learning. Keywords: Games, games, children. INTRODUÇÃO Este artigo tem por objetivo discutir sobre a importância de jogos e brincadeiras na educação infantil, sendo a primeira etapa da Educação Básica, visando a inserção dos jogos e brincadeiras no processo de ensino e aprendizagem dos alunos. A relevância social deste trabalho encontra-se na necessidade de contextualizar maior reflexão sobre a importância dos jogos e brincadeiras, como recursos pedagógicos e instrumentos facilitadores na aquisição e na construção dos conhecimentos para que por meio destas reflexões possamos oferecer situações de mediação mais enriquecedora e que realmente contribua para o desenvolvimento dos alunos. O referencial teórico para elaborar este artigo fundamentou-se nos seguintes autores: Kishimoto (2011) que destaca que o jogo não pode ser visto, apenas, como divertimento ou brincadeira para distrair as crianças, mas que proporcionam desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e social; Dhome (2003) explana que as atividades lúdicas possibilitam as crianças a ter novas experiências e desenvolver suas potencialidades; Cunha (1995) destaca que os brinquedos levam as crianças à novos desafios e descobertas; Violada (2011) destaca sobre o brincar no âmbito escolar na atualidade. Além dos autores acima citados, buscou-se também as contribuições do Manual de Orientações Pedagógicas – Brinquedos e Brincadeiras de creches (MEC) (2012) e da LDB – Lei nº 9.394/96 Diretrizes e bases da Educação. 372 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2. REVISÃO DA LITERATURA Os jogos e brincadeiras estão presente no ambiente escolar, seja como recursos pedagógicos utilizados pelos educadores, visando uma aprendizagem prazerosa, ou até mesmo por diversão entre os alunos. Kishimoto (2011) destaca que o jogo não pode ser visto, apenas, como divertimento ou brincadeira para gastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, moral e social. Entretanto, o jogo nos propicia a experiência da autodescoberta, assimilação e a integração com o mundo por meio de relações e vivências. No entanto, existem algumas teorias educacionais que confrontam as atividades lúdicas, ou seja, partem de princípios onde a aprendizagem só se constrói por meio de um processo educacional, no qual o educador é um mero transmissor dos conhecimentos, e o aluno o receptador dos conteúdos. Na contrapartida desta visão tradicional Dohme (003, p. 113) explana que no âmbito escolar: As atividades lúdicas podem colocar o aluno em diversas situações, onde ele pesquisa e experimenta, fazendo com que ele conheça suas habilidades e limitações, que exercite o diálogo, a liderança seja solicitada ao exercício de valores éticos e muitos outros desafios que permitirão vivencias capazes de construir conhecimentos e atitudes. Quais, como e quando usar estes instrumentos lúdicos é tarefa do professor, que determinará os objetivos e o planejamento de como irá alcançá-los. Neste contexto, o educador precisa conhecer o seu aluno e valorizar as habilidades que ele possui criando oportunidades para que ele possa desenvolvê-las, potencializá-las e harmonizá-las ao seu projeto de vida. E isto irá influenciar muito no que e como o aluno irá aprender. A importância dos jogos e brincadeiras no processo de ensino e aprendizagem A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e tem como finalidade o desenvolvimento integral das crianças de zero a Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 373 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA cinco anos de idade, nos seus aspectos físico, afetivo, intelectual, linguístico e social (LDB, 1996). Os educadores precisam proporcionar atividades lúdicas para as crianças da primeira infância visando uma aprendizagem significativa e prazerosa. Para tanto, por meio dos jogos e das brincadeiras, as crianças começam a desenvolver suas habilidades, suas criatividades, seu desenvolvimento físico e intelectual e sua relação no convívio social. O jogo é maneira natural de as crianças interagirem entre si, vivenciando situações, manifestando indagações, formulando estratégias e verificando seus acertos e erros, e poderem, através deles, reformularem, sem qualquer punição, seu planejamento e as novas ações. (DOHME, 2003). Neste contexto, os brinquedos propõem as crianças um mundo imaginário e criador do objeto lúdico. No caso da criança, o imaginário varia conforme a idade: para o pré-escolar de 3 anos, está carregado de animismo 4 , de 5 a 6 anos, integra predominantemente elementos da realidade. Para tanto, a infância é, também a idade do possível. Pode-se se projetar sobre ela a esperança de mudança, de transformação social e renovação moral. (KISHIMOTO, 2011). Salienta-se que o jogo é um grande campo onde as crianças vivenciam de forma livre e autônoma o seu relacionamento social. Deve-se ainda ressaltar que os jogos e as brincadeiras devem ser utilizados de modo que contribuam no aprendizado dos alunos, e que eles possam brincar livremente, mas sempre com a supervisão dos educadores, com a finalidade de promover o pleno desenvolvimento integral das crianças. No entanto, as brincadeiras e vivências éticas e estéticas podem favorecer o desenvolvimento da identidade e a diversidade cultural dos alunos abaixo descritos. Vivências estéticas incluem, ações como respeitar o espaço de brincar do outro, guardar e emprestar brinquedos e esperar sua vez de usá-los. Vivências ética incluem, uso dos objetos ao modo individual de cada criança. Assim, respeitar as vivências estéticas de grupos culturais significa utilizar práticas cotidianas das famílias na organização do seu espaço de vida cotidiana. As vivências éticas podem aparecer nos jogos em que se ganha e ou se perde, em que se discutem regras e as implicações quando forem burladas (BRASIL, p. 42, 2012). 374 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Assim sendo, os jogos e as brincadeiras são elementos que contribuem no desenvolvimento da autonomia, nos seus aspectos físicos e cognitivos e também na vida social das crianças. Nesta perspectiva, Cunha (1995) explana que os brinquedos estimulam a inteligência e concentração da atenção: O brinquedo estimula a inteligência porque faz com que a criança solte sua imaginação e desenvolva a criatividade. Mas ao mesmo tempo, possibilita exercício de concentração, de atenção e de engajamento, porque leva a criança absorve-se na atividade. Distrai, porque oferece uma saída para atenção provocada pela pressão do contexto adulto. Pode-se aumentar gradativamente a capacidade para a criança permanecer em uma mesma atividade fornecendo-se, inicialmente, brinquedos que exijam menos tempo para que as atividades sejam realizadas, e, à medida que a criança já consegue executá-las, oferecer jogos que solicitem maior tempo de utilização. Consequência da realização de uma atividade agradável e provocou concentração, a concentração, a criança fica mais calma e relaxada (CUNHA, p. 9, 1995). Assim a ludicidade torna-se fundamental para o desenvolvimento da criança. Para tanto, os jogos e as brincadeiras são classificadas como recursos pedagógicos, que auxiliam os educadores em sua prática educativa. Como vimos, anteriormente os jogos e as brincadeiras pertencem à infância das crianças. Sendo que por meio dessas ferramentas o brinquedo proporciona o aprender-fazendo e para ser melhor aproveitado é conveniente que proporcione atividades dinâmicas e desafiadoras, que exijam a participação ativa da criança (CUNHA, 1995). Vale ressaltar, que o brincar desvela uma dimensão do educar e do brincar, no âmbito escolar, pois ambos têm uma consonância que favorece o desenvolvimento intelectual dos alunos e contribuem no processo de ensino e aprendizagem dos mesmos. Nos dias atuais é muito importante que os jogos e as brincadeiras façam parte da cultura escolar de todos os educandos, cabendo ao professor analisar e avaliar as potencialidades educativas das variadas atividades lúdicas, bem como as suas estruturas curriculares que esteja inserida no processo da aprendizagem (VIOLADA, 2011). Nesta perspectiva, os educadores devem valorizar os jogos e brincadeiras, no processo de ensino e aprendizagem, pois o ato de Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 375 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA brincar é um movimento espontâneo das crianças, e essencial para o pleno desenvolvimento das mesmas. 3 Considerações Finais O objetivo deste artigo foi apresentar uma revisão bibliográfica sobre a importância dos jogos e das brincadeiras na Educação Infantil. No entanto, por meio deste artigo, foi possível compreender melhor sobre a importância da inclusão dos jogos e das brincadeiras no processo de ensino e aprendizagem das crianças. Também nos possibilitou ampliar nossos conhecimentos sobre as atividades lúdicas. É importante ressaltar que esta temática não se esgota aqui. É preciso novas pesquisas sobre o tema apresentado, ainda que para melhor entendimento do mesmo. Este trabalho apresentou elementos significativos sobre a importância dos jogos e das brincadeiras no desenvolvimento infantil, aprofundando desta, uma reflexão sobre os jogos e as brincadeiras que vêm ganhando mais espaço na Educação Infantil por ser um recurso pedagógico que auxiliam os educadores no desenvolvimento das atividades lúdicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Brinquedos e brincadeiras de creches: manual de orientações pedagógicas. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2012. CUNHA, Nylse Helena da Silva. Brinquedo, desafio e descoberta: subsídios para utilização e confecção de brinquedo. 1ª ed. Brasília: FAE, 1995. DOHME, Vania. Atividades lúdicas na educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado-Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. (org.) Jogo, Brinquedos, Brincadeira e a Educação. 14ªed. São Paulo: Cortez, 2011. LEI nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Disponível: http:// 376 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm > Acesso em 10 set. 2016. VIOLADA, Rosiane. Brincadeira e Jogos na Educação Infantil. Jornal da Educação, 2011. Disponível: http://www.jornaldaeducacao.i nf.br/index.php?option=com _content &task=view&id=1520 > Acesso em 24 set. 2016. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 377 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 378 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PENSAMENTO DE LUCKESI E ARANHA SOBRE DA TENDÊNCIA PEDAGÓGICA TECNICISTA NO BRASIL BARBOZA, Reginaldo José1 PELEGRINI, Caroline Silva2 SILVA, Ana Stela Scarpinelo Ramos da3 RESUMO Fundamentando-se na Tendência Pedagógica Tecnicista, a nossa pretensão neste artigo é fazer uma breve análise histórica, social e cultural e verificar atualmente a repercussão do tecnicismo no Brasil. Por meio de uma abordagem teórica, realizada a partir de estudos com embasamento cientifico, propõe-se uma reflexão crítica acerca deste segmento. Para isto, inicialmente apresentaremos o conceito histórico, contextualizando-o dentro da perspectiva do behaviorismo, do taylorismo e do positivismo. Posteriormente mencionaremos como se deu sua implantação no Brasil, além dos acordos MEC-USAID. Por fim, traçaremos um paralelo com os efeitos que a implantação da Tendência Tecnicista provocou na educação brasileira. Palavras-chave: Educação. Tendência Tecnicista. Pedagogia Liberal. 1 Docente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 3 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 379 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT Basing on Educational Trend Technicist, our intention in this article is to make a brief historical, social and cultural analysis and currently verify the impact of technicality in Brazil. Through a theoretical approach, held from studies with scientific basis, we propose a critical reflection on this segment. For this, first we will present the historical concept, contextualizing it within the behaviorist perspective, of Taylorism and positivism. Later we mention how was its implementation in Brazil, in addition to the MEC-USAID agreements. Finally, we will draw a parallel with the effects that the implementation of Technicist trend caused in Brazilian education. Keywords: Education. Technicist trend. Liberal Education. 1.INTRODUÇÃO A Tendência Pedagógica Tecnicista constitui se como o nosso tema principal no presente artigo. De acordo com Luckesi (2003), esta Tendência está inserida no contexto da Pedagogia Liberal. Libâneo (1990), afirma que as tendências pedagógicas no Brasil se classificam em dois grupos distintos: Tendências Pedagógicas Liberais e Tendências Pedagógicas Progressistas. Luckesi (2003) classifica a tendência tecnicista como pedagogia liberal, pois, nesta perspectiva, a escola possui a função de educar os alunos para exercer papéis sociais, assimilando as normas e os valores vigentes na sociedade. Uma vez que não considera as desigualdades sociais e não promove crítica ao sistema capitalista, a função da escola concentra-se apenas em reproduzir e difundir a ideologia dominante. A tendência tecnicista tem sua origem nos Estados Unidos da América (EUA) e chega ao Brasil após o golpe de 1964, que instaurou a ditadura militar. Tinha como princípio estruturar a educação a partir do modelo empresarial. (ARANHA, 1996). Assim, podemos afirmar que o tecnicismo no Brasil trouxe graves conseqüências para a educação, o que gerou severas críticas por parte de estudiosos e defensores da pedagogia progressista. 380 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Atualmente existem diversos cursos e escolas que seguem esse propósito de capacitar para o mercado de trabalho. Partindo desses princípios, o principal objetivo deste artigo é fazer uma análise crítica sobre o que representou o tecnicismo para a educação brasileira, além de propor uma reflexão sobre o quais foram as mudanças ocorridas ao longo dos anos e o que ainda permanece na atualidade dentro do contexto escolar brasileiro. 2.OS FUNDAMENTOS DO TECNICISMO Para entendermos a pedagogia tecnicista é necessário fazermos uma breve explanação sobre seus fundamentos teóricos. Ao que sabemos, ela surgiu nos Estados Unidos e tem como base de sustentação teórica à psicologia behaviorista, a filosofia positivista e o taylorismo. (ARANHA, 1996). O behaviorismo, ou teoria comportamentalista, busca explicar o comportamento como influência dos estímulos do meio, colocando, desta forma, o meio ambiente como responsável pelo comportamento humano. Esta corrente acredita que o ser humano se resume às contingências observáveis. Um de seus principais representantes foi Burrhus Frederic Skinner. Até então nenhum outro estudioso do século XX levou tão longe a crença na possibilidade de controlar e moldar o comportamento humano como ele. (DAVIS e OLIVEIRA, 1994). Conforme Bock (1999), Skinner considerava fundamental compreender os motivos que levam os sujeitos a terem um determinado comportamento para que seja possível não apenas prever futuros comportamentos como também controlá-los. Desse modo, Skinner não considerava os aspectos cognitivos do ser humano, bem como era contrário a utilização de elementos não observáveis para explicar a conduta humana. No campo da educação, o behaviorismo remete para uma alteração do comportamento de alunos e professores como forma de melhorar a aprendizagem. O positivismo foi uma corrente filosófica que surgiu durante o século XIX e teve como principal representante Augusto Comte. Compreende-se por conhecimento positivo àquele que pode ser Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 381 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA submetido ao método de observação, experimentação e exatidão, analisando os fatos de forma objetiva, levando às descobertas de suas leis. (ARANHA, 1996). Quanto ao ato do conhecimento, o positivismo evidencia o objeto conhecido e não o sujeito que o reconheceu, ou seja, o conhecimento não seria nesse caso resultado de uma construção, e sim algo que ocorre fora do sujeito. Essas teorias acima citadas valorizam a objetividade na ciência, isto é, a verificação rigorosa por meio da experimentação e da observação. Já o taylorismo, consiste em um modelo de produção proposto por Federick Winslow Taylor que estabeleceu os parâmetros do método cientifico de racionalização da produção (ARANHA, 1996, p.24), no final do século XIX e início do século XX. Tal teoria se baseia na especialização de funções, e tem como objetivo principal o planejamento e o controle do processo produtivo. Sua implantação tem como principal conseqüência a separação entre o setor de planejamento e o de execução do trabalho dentro da indústria, com o propósito de aperfeiçoar a produção e evitar o desperdício de matéria-prima. 3. A PEDAGOGIA TECNICISTA Como mencionamos acima, a pedagogia tecnicista encontra-se no contexto da pedagogia liberal, pois ela não faz crítica à sociedade capitalista. A pedagogia Liberal considera a educação como um instrumento de superação da marginalidade e a função da escola nesse caso seria tão somente a de instruir ou ainda preparar o indivíduo (aluno) para o cumprimento dos seus devidos papéis sociais, fazendo com que ele assimile as normas e os valores regentes na sociedade. Neste sentido, a pedagogia tecnicista intencionalmente adota métodos pedagógicos semelhantes àqueles que são próprios das indústrias capitalistas, esperando dos seus alunos (“empregados”) o máximo de eficiência na produtividade do conhecimento. Saviani (1999), em seu livro “Escola e Democracia”, faz a seguinte afirmação a respeito da pedagogia tecnicista: 382 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF A partir do pressuposto da neutralidade científica e inspirada nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade, essa pedagogia advoga a reordenação do processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e operacional. De modo semelhante ao que ocorreu no trabalho fabril, pretendese a objetivação do trabalho pedagógico. (SAVIANI, 1999, p. 23). Um dos principais objetivos da pedagogia tecnicista é produzir com eficiência indivíduos competentes para desempenhar as funções exigidas pelo mercado de trabalho, ou seja, produzir mão-de-obra qualificada para a indústria. Nesse sentido Luckesi (2003) faz a seguinte afirmação: A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse imediato é de produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas, objetivas e rápidas. (LUCKESI, 2003, p. 61). Resultante da tentativa de trazer para escola o modelo empresarial, a pedagogia tecnicista se baseia na racionalização e tende adequar a educação às exigências da sociedade industrial e tecnológica. Economia de tempo, esforços e custos são características predominantes do tecnicismo na educação. Se o professor na pedagogia tradicional era o centro de todo o processo de aprendizagem, sendo o elemento decisivo e decisório, como afirma Saviani (1999), na pedagogia nova o foco se deslocou para o aluno. Já na pedagogia tecnicista, o elemento principal passou a ser a “organização racional dos meios”, colocando, desta forma, o professor e o aluno em uma posição secundária. Cabe ao professor à transmissão dos conteúdos pré-definidos, “conforme um sistema instrucional eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o aluno recebe, aprende e fixa as informações”. (LUCKESI, 2003, p.62). Segundo Saviani (1999), a concepção, a elaboração, o planejamento, a coordenação e o controle dos conteúdos ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados. Desta forma, cabe ao professor somente a execução das ordens vindas do setor de planejamento. A relação do aluno com o professor torna-se estritamente técnica, a fim de garantir a transmissão do conhecimento com eficácia. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 383 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Sob essa perspectiva, o professor é um técnico que, assessorado por outros técnicos e intermediado por recursos técnicos, transmite um conhecimento técnico e objetivo. Como é de se esperar, a relação entre professor e aluno exige distanciamento afetivo e não está voltada para a abertura de discussões e debates. (ARANHA, 1996, p.176). Coerente com os princípios positivistas e behavioristas ou empiristas, o ensino, por meio da pedagogia tecnicista busca a mudança de comportamento do estudante mediante o “treinamento”, no sentido de desenvolver as suas habilidades. Saviani (1999) afirma ainda, que a teoria da pedagogia tecnicista corresponde uma reorganização das escolas que, por sua vez, passam por um processo de burocratização, através da ação planejada e planificada. O controle será feito basicamente através do preenchimento de formulários, planilhas e registros. Desta maneira, compreende-se que a relação ensinoaprendizagem, dentro de uma perspectiva tecnicista, se dá de forma mecânica, planejada e sistematizada. 4. A TENDÊNCIA TECNICISTA NO BRASIL A tendência tecnicista surge no Brasil durante o período do militarismo, em meados da década de 1960. Segundo Aranha (1996), no final da década de 1950, o Brasil sofreu uma acelerada na industrialização devido à implantação da indústria de base. O sistema educacional até então existente, não possuía as condições necessárias para oferecer os recursos humanos exigidos pela expansão econômica, arrastando essa crise por toda a década de 1960. Com o golpe militar de 1964, o congresso elegeu o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco como presidente, que recebeu apoio o dos Estados Unidos para a implantação das reformas. Motivadas por segundas intenções por parte desse país, que visava a adequação do sistema de ensino aos desígnios da economia internacional, tais implantações se deram por meio dos acordos MECUSAID (firmados entre o Ministério da Educação e Cultura do Brasil e a United States Agency for International Development). Impulsionada pela necessidade da qualificação da mão-de-obra 384 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF para o mercado de trabalho, devido à industrialização fruto de investimento do capital estrangeiro, ocorreu no Brasil à implantação do sistema de ensino tecnicista. (ARANHA, 1996). 4.1 Acordos MEC-USAID Os acordos MEC-USAID firmados após o golpe de 1964, só se tornaram públicos em 1966. A partir de então, o Brasil passou a receber assistência técnica e a cooperação financeira dos EUA para a implantação da reforma educacional. Para a implantação do projeto de educação, o governo militar não revoga a LBD/61 realiza, por sua vez, alterações e atualizações. (LUCKESI, 2003). As reformas ocorreram oficialmente através da promulgação das leis 5.540/68 e 5.692/71 (LUCKESI, 2003), que consistiam em reformular a educação superior e instituir o primeiro e segundo graus. Tais reformas consistiam, entre outras coisas, na inclusão de disciplinas técnicas no currículo e, ocasionando conseqüentemente, a exclusão de outras disciplinas, como, por exemplo, a Filosofia e a Sociologia, e a diminuição da carga horária de outras disciplinas, como por exemplo, História e Geografia. Estas se unificaram e passaram a constituir os Estudos Sociais, no primeiro grau. Além disso, foram incluídas como matéria obrigatória, as disciplinas sobre Civismo (Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política do Brasil e Estudos de Problemas Brasileiros). A partir de então, ocorre uma reforma autoritária e vertical, objetivando unir o sistema educacional ao modelo econômico à que dependiam. Essa prática foi uma imposição norte-americana para a America Latina. Aranha (1996) descreve essas alterações da seguinte forma: Nesse período, a educação elementar esteve bastante abandonada e a pretendida reforma do 2° grau, com a implantação do ensino profissionalizante, redundou em absoluto fracasso. [...]. A queda do nível de ensino repercutiu de forma mais drástica na escola publica, obrigada a atender a atender a lei ao pé da letra, enquanto as escolas particulares de certa forma “contornavam” as exigências oficiais, assumindo apenas a nomenclatura dos cursos e oferecendo os conteúdos tradicionais. Isso aumentou a seletividade de nossa educação, fazendo com que o ensino Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 385 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA superior se destinasse cada vez mais aos filhos da elite. (ARANHA, 1996, p. 177). E ainda: Quanto à escola pública, o que se conseguiu, de fato, foi a formação de mãode-obra barata, não-qualificada, pronta para engrossar o “exercito de reserva” – trabalhadores disponíveis para empregos de baixa remuneração. [...] Na graduação, o sistema de créditos destruiu as antigas “classes” estáveis. A própria estrutura universitária foi fragmentada em departamentos, visando maior produtividade. (ARANHA, 1996, p. 177, 178). 5. A TENDÊNCIA TECNICISTA NOS DIAS ATUAIS A respeito da implantação da reforma tecnicista, Aranha afirma que: É bom lembrar que nunca houve, de fato, plena implantação da reforma porque os professores continuaram, de certa maneira, imbuídos da tendência tradicional ou das ideias escolanovistas. Tiveram, porém, de adotar muitas das imposições decorrentes de decretos-leis, e os alunos sofreram as conseqüências funestas das mutilações a que submeteram o currículo, na fracassada tentativa de reformulação das disciplinas. (ARANHA, 1996, p. 177). Apesar da implantação da pedagogia tecnicista não ter ocorrido de fato na sua totalidade, é relevante afirmar a presença de resquícios do tecnicismo no cotidiano escolar. Tais fragmentos ocorrem mediante as diversas formas de burocracia que ainda são exigidos do professor. Como exemplo podemos citar o planejamento de aula, a obediência à hierarquia dentro da escola, em que o professor recebe e acata às ordens vindas de superiores como coordenadores e diretores, e a exigência de registrar e controlar todas as atividades. Na atualidade (SÃO PAULO, 2014), os cursos oferecidos pelas Escolas Técnicas estaduais (ETECs) e também pela Faculdade de Tecnologia (FATECs), são exemplos de segmentos da pedagogia tecnicista, por serem cursos que visam à formação para o mercado de trabalho. Isso tem crescido muito em nosso estado, pois: As Etecs atendem mais de 221 mil estudantes, nos Ensinos Médio, Técnico integrado ao Médio e no Ensino Técnico, para os setores Industrial, 386 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Agropecuário e de Serviços. Nas Fatecs, o número de alunos matriculados nos cursos de graduação tecnológica ultrapassa 67 mil. (SÃO PAULO, 2014). Outros exemplos de segmentos da tendência pedagógica tecnicista são os cursos oferecidos pelas escolas SESI (Serviço Social da Indústria) e SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), além dos tele cursos, cursos tecnológicos superiores, que tem menor duração e visa à formação imediata para o mercado de trabalho, além de diversos cursos à distância. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nas pesquisas bibliográficas realizadas, podemos afirmar que a implantação da pedagogia tecnicista no Brasil ocorreu em decorrência do regime militar, com o objetivo de atender às necessidades da época. Vimos que segundo Luckesi (2003) e Aranha (1996), é possível constatar ainda hoje os efeitos dessa pedagogia, sobretudo nas tarefas burocráticas que são exigidas do professor como o planejamento, o controle e o registro das atividades. É evidente que essa implantação pedagógica gerou uma grande rejeição nos estudiosos e defensores da pedagogia progressista. Diversos autores afirmam que os reflexos desses “anos de chumbo” foram desastrosos para a nossa educação e consequentemente para a sociedade. Em decorrência disso, o que ocorreu foi à decadência da escola pública e, por sua vez, o fortalecimento das escolas particulares. Descontextualizando o tecnicismo dos seus efeitos devastadores e, ressaltando apenas sua ideologia de “formar para o mercado de trabalho”, é possível afirmar que, na atualidade, existem vários cursos que correspondem a esse segmento. As ETECs e as FATECs são, a posteriori, exemplos de cursos conceituados que têm o propósito de atender a demanda para o mercado de trabalho com eficiência e qualidade; entretanto, sobre esse fator quantitativo e qualitativo seria necessário posteriormente realizarmos uma melhor análise. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 387 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1996. BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologias.13 ed. São Paulo: Saraiva, 1999. DAVIS, Claudia. OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na Educação. 2ed. São Paulo: Cortez, 1994. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia histórico-crítico-social dos conteúdos. São Paulo: Loyola,1990. LUKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 2003. SÃO PAULO. Centro Paula Souza. Disponível em: http:// www.centropaulasouza.sp.gov.br/quem-somos/perfil-historico/. Acesso em 11 maio 2014. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 32ª Ed. São Paulo: Autores Associados, 1999. 388 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O PROCESSO DE APRENDIZAGEM: ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E A AFETIVIDADE DOCENTE Reginaldo José BARBOZA1 RESUMO O tema abordado no presente artigo diz respeito à alfabetização e ao letramento. Como veremos no desenrolar desse trabalho, a alfabetização é um processo fundamental na vida do ser humano, mas não basta ser alfabetizado é preciso que ocorra o letramento, pois é a partir disso que o cidadão irá se tornar um sujeito mais crítico. Diante disso, o nosso objetivo principal será analisar, além da importância do processo de alfabetização e do letramento, o modo como a afetividade por parte do docente contribui para o desenvolvimento desse processo. Para tanto, realizamos uma pesquisa bibliográfica utilizando os pensamentos, sobretudo, de Emília Ferreiro, Ana Teberosky e Magda Soares. Palavras-chave: Alfabetização. Letramento. Afetividade. ABSTRACT The subject of this article concerns basic literacy and literacy. As we will see in the course of this work , basic literacy is a 1 Docente do curso de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 389 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA fundamental process in human life, but not enough to be basic literate is necessary to occur literacy, it is from this that the citizen will become a more critical subject . Therefore, our main goal will be to analyze and the importance of literacy and the basic literacy process, how affectivity by the teacher contributes to the development of this process. Thus, we performed a literature search using the thoughts, above all, Emilia Ferreiro, Ana Teberosky and Magda Soares. Keywords: Basic Literacy. Literacy. Affectivity. 1. INTRODUÇÃO Podemos dizer que o termo alfabetização parece ser um método utilizado, que aos olhos de muitos é como se fosse normal, qualquer pessoa que tenha um nível de instrução básico pode ensinar alguém a ler e escrever, pois é um conceito familiar, mas o que significa ler e escrever? Para alguns é uma prática comum que se aprende no dia a dia, e para outros, é a oportunidade de se incluir na sociedade, o mundo faz seus julgamentos de acordo com que se vê e ouve, uma pessoa alfabetizada saberá agir de acordo com as regras e definir um parâmetro para sua vida, pois ler e escrever são uma arte onde não há fronteiras nem limites. O letramento por sua vez é responsável por auxiliar a criança ao caminho da aprendizagem. É sabido que uma criança letrada adquiri o hábito da leitura e de escrita mediante uma variedade de textos; “letrar” é mostrar a direção, fazer com que a criança desenvolva e passa inserir a leitura como uma prática diária. Para muitas pessoas o ato de ensinar, de alfabetizar ainda não é visto como algo benéfico para a vida de cada indivíduo, pois assim estará criando seres humanos críticos que conseguem pensar por si mesmo e lutar para conseguir conquistar seus direitos. 2. ETAPAS DA ALFABETIZAÇÃO, SEGUNDO FERREIRO E TEBEROSKY Indubitavelmente, a alfabetização é um processo fundamental na vida do ser humano. Trata se, pois, conforme Ferreiro e Teberosky 390 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF (1986), de etapas que percorrem desde a escrita Pré-silábica, passando pela Silábica, Silábico-alfabética e a Alfabética. A seguir destacaremos resumidamente quais são as hipóteses na construção da escrita: a) Pré-silábica nível I e II: o que ocorre nesse período é que, devido aos estímulos visuais ou ainda gráficos recebidos pelas crianças, há nelas uma vontade ou uma intenção de desenvolver a escrita, porém elas ainda não compreendem exatamente o caráter fonético (os sons) e fonológico (o modo como são organizados os sons) 2 do sistema ortográfico. A elaboração dessas hipóteses está relacionada ao tipo e a quantidade de grafismo, portanto a criança: não diferencia a grafia de uma palavra em relação à outra; escreve a palavra conforme o tamanho daquilo que esta sendo representado; produz traços parecidos uns com os outros; não consegue diferenciar os traços entre si sobre que tentou produzir como escrita; costuma alternar desenho com traços pois ainda não compreendeu a função da escrita. Já no nível II a criança não possui ainda o domínio necessário para produzir à escrita, mas de certa maneira percebe que existe uma quantidade de caracteres que fazem parte do desenvolvimento da escrita; desse modo a criança: tenta diferenciar o desenho e a escrita ou faz variação dos caracteres para produzir palavras diferentes; utiliza, às vezes, de duas ou três letras para escrever palavras; copia os traços da escrita levando em consideração as formas gráficas, sejam estas impressas ou cursivas, usando para isso àquilo lhe é mais familiar. b) Silábica: começa a ocorrer nesse período a fonetização da escrita, ou seja, a criança percebe a junção dos sons com as letras; ela compreende que a escrita é uma representação da fala, daí a necessidade em se usar a uma forma de grafia para cada som percebido. c) Silábica-alfabética: na transição do período anterior para esse se destaca o quanto a criança já consegue aqui fazer, de certo modo, a devida correspondência entre os sons e às formas silábicas ou a junção entre as letras (ortografia) e a fonética. d) Alfabética: encontra-se aqui a sistematização ou a coerência convencional da ortografia da língua vernácula com a intenção almejada pela criança em escrever àquilo que esta sendo Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 391 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA representado. Nesse sentido, a criança compreende que: há uma diferença entre a sílaba e as letras e que uma palavra é composta por sílabas; o som de uma letra pode ser diferença da mesma e que isso dificulta em certa medida a sua ortografia; na produção da escrita é preciso ouvir com atenção as letras, as sílabas ou as palavras; há socialmente um uso da escrita. A partir dessa breve verificação sobre as etapas da alfabetização podemos observar que há um constante desafio para o educador em ensinar a criança a ler e a escrever. No entanto, precisamos reconhecer que cada criança assimila o conhecimento ou a aprendizagem de maneira diferente; algumas crianças chegam à escola com uma escrita alfabética, no entanto outras estão em processo pré-silábico, tornando assim esse desafio mais intenso e atentando aos professores os diferentes momentos de aprendizagem de cada aluno. A educação, por ser um processo que pode conduzir não somente os alunos mas também os professores a uma aprendizagem significativa, é melhor aproveitada quando ocorre mediante à afetividade. 3. ASPECTOS IMPORTANTES DA AFETIVIDADE NA ALFABETIZAÇÃO. De certa maneira, podemos afirmar que a afetividade no meio escolar é algo muito importante. O aluno quando se sente amado, querido pelo seu professor tem mais capacidade de entender àquilo que o professor ensina, e à partir disso tem o prazer de aprender. Devemos considerar que, assim como existem casos de crianças que não se interessam em aprender, e consequentemente não conseguem acompanhar seus colegas, isso pode ser causado por um professor que não tem uma afetividade na relação que envolve o ensino e a aprendizagem. O fato é que por muito tempo, houve a tendência em achar que todas as crianças que não “aprendiam corretamente” eram consideradas “anormais”. Sobre isso Scoz afirma que: Posteriormente, o conceito de “anormalidade’’ começou a ser transferido dos hospitais para as escolas: as crianças que não acompanhavam seus colegas 392 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF na aprendizagem passaram a ser designadas como “anormais escolares”, já que seu fracasso era atribuído a alguma anormalidade orgânica”. (SCOZ, 1994, p.19). E esse fracasso pode estar ligado à falta de afetividade do professor que não consegue entender as dificuldades apresentadas por cada aluno e assim sendo não consegue arrumar meios diferentes para que essa criança que apresentem dificuldades cheguem a uma alfabetização proveitosa. O educador deve compreender que cada indivíduo tem o seu tempo para aprender e que com seus próprios “erros” pode até se tornar algo construtivo. Para que isso ocorra, o professor deve incluir em suas aulas os métodos que façam com que as crianças fiquem “encantadas” ou surpresas. Nesse caso, aprender se divertindo talvez fosse o melhor caminho. As Brincadeiras em sala de aula são fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem. O professor neste caso desvia o foco da aula centrada em si e transmiti ao aluno demonstrando assim que este também faz parte do processo. Segundo Scoz (1994), em relação à aprendizagem da escrita, quanto mais os professores desenvolverem seus trabalhos levando em consideração as diversas estratégias de ensino e relacionando às à vida cotidiana (real) do aluno, mais ele estará despertando nesse aluno a sua compreensão do valor social. Ou seja, na identificação e desenvolvimento da escrita, a criança precisa ser valorizada a partir da sua vivência, caso contrário sua aprendizagem não fará sentido. Contudo, constata-se que uma das principais dificuldades de aprendizagem dos alunos é ainda a leitura e a escrita. É fundamental que o professor incentive o aluno à leitura e à escrita e o modo como ele poderá realizar isso é através da leitura ou da contagem de histórias para a sua turma. Em outras palavras, o professor deve trazer histórias para dentro da sala para que os seus alunos não sintam medo da leitura e sim prazer em ler. Já sobre a escrita, o educador deve se dedicar pacientemente à observação de cada detalhe produzido, pois o início do processo da escrita não é algo simples como possa parecer. Deste modo, se não houver amor e compreensão possivelmente o aluno conseguirá chegar aos seus objetivos, isto é, muitos não concluirão todas as etapas escolares Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 393 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA por não se sentirem capacitados nem motivados a aprender. Devemos reconhecer que, em certa medida e com exceções às deficiências, todos temos capacidade de aprender a ler e a escrever e isso torna se mais confortável quando temos um professor que nos auxilia com carinho e respeito. A alfabetização, portanto, pode vir a ser realizada também a partir dos métodos ou maneiras encontradas pelo professor levando em consideração a análise diagnóstica sobre as dificuldades encontradas em cada aluno. 4. ALGUMAS NOÇÕES SOBRE LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO Sabemos que o letramento acontece em diferentes situações e em diferentes períodos na vida do aluno. Assim, a conscientização que os docentes da escola têm em relação ao letramento e à alfabetização é de fundamental importância para o desenvolvimento desse aluno que está em pleno crescimento intelectual. Para Soares (2003), o letramento é mais que alfabetizar. A presente autora afirma ainda que ler e escrever implica em uma prática que deve fazer sentido ou parte da vida do aluno. O letramento implica em ensinar o aluno a ler e a escrever levando se em consideração a contextualização onde ele está inserido. Um aluno alfabetizado é aquele que apenas sabe ler e escrever, já um aluno letrado é aquele que sabe ler e escrever possuindo habilidades para produzir textos sobre a vida: pessoas, objetos e também sobre si enquanto sujeito histórico e que portanto vive em um mundo social, político, econômico, cultural e assim por diante. Assim sendo, podemos afirmar que ser alfabetizado é condição necessária mas não suficiente em nossa conjuntura social. Adquirir apenas o código escrito não basta. Saber ler e escrever apenas o seu nome ou o de outra pessoa, ou ainda, os nomes dos objetos não são suficientes; é preciso que a criança aprenda ler e escrever textos significativos ou complexos. Como é possível observar nas palavras de Soares (2013, p 1) “Se uma criança sabe ler, mas não é capaz de ler um livro, uma revista, um jornal, se sabe escrever palavras e frases, mas não é capaz de escrever uma carta, é alfabetizada, mas não é letrada”. Chega se um momento em que para muitas crianças que o “aprender a ler e escrever” já não basta, para isso é preciso ir além da alfabetização. 394 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Neste sentido, concordamos com Soares quando afirma que: Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada (tomando este adjetivo no campo semântico de letramento e de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na língua, este dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias. (2013, 3). Muitos professores ainda encontram dificuldades quando se referem à proposta de letramento. Não conseguem muitas vezes diferenciar as didáticas, têm dificuldades em conceber um determinado método, consideram que alfabetização e letramento são métodos iguais, ou até mesmo que o letramento veio como forma de substituição da alfabetização. Isso nos demonstra que existem dúvidas que não foram esclarecidas justamente por não terem tido uma clara noção teórica sobre a temática. Contudo, precisamos reconhecer que metodologicamente o uso de certas ferramentas tecnológicas, como o computador, têm auxiliado muito o educador no processo de alfabetização e letramento; em nossa atualidade isso tornou se algo imprescindível. A partir da internet podemos obter um vasto acesso a jogos lúdicos interativos, brincadeiras e livros literários, como por exemplo, “contos de fadas que vão fazer com que os alunos tomem gosto pela leitura e escrita de formas mais prazerosas para eles e assim consequentemente irão atingir os objetivos pedagógicos” (BETTELHEIM, 2002, p.12). Assim, compreende se que por meio dos jogos interativos e livros literários podemos desenvolver simultaneamente a alfabetização e o letramento, pois, apesar de diferentes, trata se de um erro considerar que ambos não possam ou devam caminhar juntos. Isso possibilitará que o educador faça o seu trabalho, transmita o seu conhecimento e atinja o seu o seu objetivo usando meios de comunicação mais recentes, atualizados com os seus alunos para poder incentivá-los a ler e escrever com mais frequência e fazer com que tomem gosto por isso. Essas maneiras didático-pedagógicas refletem em uma sistemática educacional mais fácil de a criança Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 395 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA assimilar o som das letras, os seus formatos e sucessivamente aprenderem a ler, escrever e compreender os possíveis textos produzidos. [...] alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrario: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado. (SOARES 1999, p.47). É necessário que desde o início do processo haja um incentivo para ler e escrever, e cada vez mais ir se aprimorando, não somente “ler por ler” ou “escrever por escrever”, e sim ler e compreender, escrever e dar sentido aquilo que se produz. Precisamos entender que a inserção ao mundo da escrita é realizada pela eficácia da construção da alfabetização. Mas, como já foi observado anteriormente, alfabetizar não é o suficiente, é preciso compreender, apreciar a leitura e a escrita, e para entrar nesse universo deve haver um estímulo. Assim sendo, fazer o uso da leitura e da escrita e desenvolver isso nas crianças implica em hábitos que a escola (educadores) deve cultuar com muita responsabilidade. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O analfabetismo no Brasil ainda existe, mas de certa maneira podemos dizer que está diminuindo (no entanto, isso mereceria outra análise futura). O fato é que, para efeitos conclusivos dessa nossa discussão apresentada acima, podemos indagar sobre o seguinte: até que ponto desejamos viver em uma sociedade onde o seu povo seja apenas alfabetizado e não letrado? Os indivíduos não devem apenas saber ler e escrever. Eles devem ser competentes ou habilidosos sobre o que leem e também sobre que escrevem e esse processo didático-pedagógico precisa começar desde a infância. A contribuição de Emília Ferreiro e Ana Teberosky no que diz respeito ao processo de aquisição do conhecimento percorre as etapas: pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética e isso nos faz pensar o quanto já caminhou ou evolui a Educação (Escola) em nossa sociedade. Se antes os educadores não sabiam muito bem o “que fazer” ou “como fazer”, pois não conheciam e não 396 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF respeitavam os períodos de aprendizagem na infância e por isso aplicavam cartilhas ultrapassadas, agora temos um “norte” ou um rumo que a partir daí podemos elaborar métodos mais eficazes em se tratando de alfabetização e letramento. Ainda que não seja algo determinante, podemos afirmar que um indivíduo que desde a infância se torna letrada terá muito mais oportunidades em sua vida sobre aquela que é apenas alfabetizada. Ela será beneficiada de conhecimentos ou noções mais críticas sobre o mundo que o cerca. Exigirá mais respeito e será menos alienado. A partir do momento que fazemos parte de uma sociedade onde a sua educação (escola) privilegia não somente a alfabetização, mas também o letramento seremos pessoas mais capacitadas, questionadoras, compreensivas, solucionadoras de problemas, pesquisadoras. A afetividade nesse processo de ensino e aprendizagem é fundamental. Palavras como “carinho”, “amor”, “dedicação”, “paciência” não estão fora de moda; precisam ser praticadas. O professor precisa também, acima de tudo, ser criativo, aprender a ensinar utilizando os jogos lúdicos interativos, os contos de fadas, as brincadeiras, o diálogo e entender que cada aluno é um aluno e que aprende em seu determinado tempo. O professor precisa valorizar o conhecimento prévio e textual de cada criança, pois da mesma forma que ensina, também pode aprender. Portanto, nesse contexto não é demais afirmar que a educação é uma maneira diferente de “salvar vidas”, criar seres humanos capazes e perseverantes, com atitudes e determinação, e que apesar de enfrentar as dificuldades de um país como o nosso que ainda existem pessoas analfabetas, estas, juntamente com os educadores conscientes e responsáveis sobre o seu papel, não perdem a esperança de construir um futuro melhor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APOIO PEDAGÓGICO. Disponível em: http:// www.apoiopedagogico.psc.br/hipoteses-na-construcao-da-escrita/. Acesso em: 10 Set. de 2015. BETTLHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 16º ed. São Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 397 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Paulo: Paz e Terra, 2002. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o ba-be-bi-bo-bu. São Paulo: Scipione, 1998. CÓCCO, Maria Fernandes e HAILER, Marco Antônio. Didática da alfabetização: decifrar o mundo. São Paulo: Ed. FTD, 1996. FERREIRO, Emília. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, 1993. ___________. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 1991. FERREIRO, Emília. TEBEROSKY Ana. Psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. FREIRE, Paulo. A importância do Ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados, 1989. MOLL, Jaqueline. Alfabetização possível: reinventando o ensinar e o aprender. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1996. ROJO, Roxane. Alfabetização e letramento: Perspectivas Linguísticas. São Paulo: Mercado das letras, 1990. SCOZ, Beatriz. Psicopedagoga e realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem. 11º ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1994. SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. 1º ed. São Paulo: Contexto, 2003. SOARES, Magda. Letrar é mais que alfabetizar. In: Nossa língua – nossa pátria. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 26/11/2000. Entrevista. Disponível em http://intervox.nce.ufrj.br/~edpaes/magda.htm. Acesso em: 10 Jul. 2013. SOARES, Magda. Português: uma proposta para o letramento - ensino fundamental. São Paulo: Moderna, 1999. 398 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF OS BENEFÍCIOS DO BRINCAR: A BRINCADEIRA COMO PROPULSORA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SANTOS, Vanessa dos1 TAVARES, Gabrieli Aparecida 2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de 3 RESUMO Este trabalho é fruto das discussões e leituras da disciplina Recreação, jogos e movimento, no quarto termo do curso de Pedagogia, na FAEF e tem como objetivo analisar os benefícios múltiplos que os jogos e as brincadeiras trazem consigo, enfatizando o papel do professor, de como ele deve trabalhar introduzindo o lúdico na vida da criança com o propósito de formar indivíduos ativos que saibam conviver em sociedade respeitando e sendo respeitados pelos demais cidadãos. Palavras chaves: desenvolvimento. b r i n c a r, criança, educação, 1 Discente no curso de Pedagogia, na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF). Email: [email protected] 2 Discente no curso de Pedagogia, na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF). Email: [email protected] 3 Docente no curso de Pedagogia, das disciplinas Recreação, jogos e movimento e Natureza e sociedade na educação infantil, na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF). Email: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 399 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This work and the result of discipline discussions and readings Recreation, games and movement, in fourth course term Pedagogy in FAEF and aims to analyze OS Multiple Benefits What OS games and how games bring I can, emphasizing how the IT teacher’s role Work should playful introduction into the child’s life with active Purpose Form people know what it is to live in respect to society and be respected by other citizens. Keywords: play, children, education, development 1.INTRODUÇÃO Este artigo é referente à disciplina Recreação, jogos e movimento, sob orientação, da Professora Mestra Lizbeth Oliveira de Andrade, na Instituição de Ensino Superior de Garça, interior de São Paulo, Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF), do 4° Termo do curso de Pedagogia. A finalidade deste artigo é mostrar qual a importância de tal ato que é o brincar e quais são os benefícios que o mesmo trará para a vida dos nossos pequenos, que na verdade não é algo tão simples e singelo como muitos pensam, vai muito além, visando qual é a função do professor em meio a tantas dificuldades que as instituições de Ensino Infantil tem para implementar as brincadeiras e os jogos na vida das crianças. Nos dias atuais vemos que o lúdico está cada vez menos presente na vida das crianças, até mesmo nas escolas, pois a maior preocupação e exigências são as habilidades desenvolvidas para cursarem o Ensino Fundamental, dentre elas a leitura, escrita e contagem. Por meio dos nossos estudos compreendemos a importância dessas habilidades, no entanto, na educação infantil não podemos desconsiderar a principal necessidade das crianças, que é o brincar e por meio dele, outras tantas habilidades e competências vão se desenvolvendo gradativamente, até que ela chegue a próxima etapa de ensino, que é o fundamental. 400 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O papel do brincar na vida da criança é de grande valia para seu possível desenvolvimento como futuros adultos, além da melhora da convivência dos pequenos em trabalhar em grupo, compartilhar, dividir, ou seja saber respeitar o seu próximo, reconhecer limites, aprender a conviver com conflitos e diferentes hábitos e habilidades. Analisamos também que não é só papel da escola trazer o lúdico para a vida da criança, é importante que pais, professores, coordenadores, diretores trabalhem juntos neste processo de desenvolvimento dos alunos, lembrando que a infância é um processo importante se não o mais importante na vida de um futuro cidadão e que possamos, enquanto adultos, pedagogos e pais, possibilitar à infância desfrutar do prazer do brincar. 2.DESENVOLVIMENTO Vemos que nas escolas de Educação Infantil, atualmente as crianças estão cada vez mais sendo privadas de brincar, o que para nós estudantes de Pedagogia discordamos que seja o correto, acreditamos que para que o aluno desenvolva- se como individuo perante a sociedade a sua base é a brincadeira. Nos dias atuais, os pais estão cada vez mais ocupados e por isso seus filhos acabam ficando quase que o dia todo nas escolas, até mesmo as crianças da educação infantil, onde estão sendo preparados para o ensino fundamental, ou seja, não estão fazendo “atividades” (que seria o correto), estão na verdade tendo “aulas” o que é totalmente inaceitável, já estão trabalhando com conteúdos prontos, apostiladas que servem nada mais nada menos para a preparação da fase seguinte (Ensino Fundamental), estão sendo privados do momento de ludicidade. Segundo Kishimoto, (2010, p.1) “ [...] temos clareza de que a opção pelo brincar desde o início da educação infantil é o que garante a cidadania da criança e ações pedagógicas de maior qualidade”. Ou seja, nós enquanto educadores, temos que ter consciência de que o melhor para nossos alunos é proporcionar momentos de brincadeira, momentos onde possam se expressar que, segundo Couto (2007, p.2) Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 401 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA [...] o brincar é a forma como a criança é capaz de, nessa idade, melhor se relacionar com o mundo físico e social que o rodeia”, já que a criança não tem como se expressar se não for pela brincadeira através do seu corpo, movimento, e na imitação ao qual vê no seu dia a dia. O suporte dos alunos são os professores, então temos que ter em mente de qual o nosso papel enquanto formadores de indivíduos e coloca- ló em pratica, propiciar esses momentos que farão toda diferença na vida deles quando forem adultos, pois é preciso brincar para se desenvolver nas suas máximas qualidades humanas. Muitos pais opilam seus filhos de atividades como, dança, música, natação, aulas particulares, sem ter consciência do que seja o brincar e a importância do ócio para o desenvolvimento e crescimento dos pequenos. Brincar não é uma simples diversão, passa tempo ou o quer que pensem, brincar vai muito, além disso, melhora a motricidade, a convivência em grupo, melhora a cooperatividade, a qualidade corporal, dentre outros benefícios. O brincar deve ser algo totalmente presente na vida da criança. Kishimoto ( 2010, p.1) afirma que [...] a criança não nasce sabendo brincar, ela precisa aprender por meio das interações com outras crianças e com os adultos. Ela descobre, em contato com objetos e brinquedos, certo formas de uso desses materiais. Observando outras crianças as intervenções da professora, ela aprende novas brincadeiras e suas regras. Depois que aprende, pode reproduzir ou recriar novas brincadeiras. Assim, ela vai garantindo a circulação e preservação da cultura lúdica. Entendemos então que a criança não nasce com a brincadeira já em si, ela precisa aprender até mesmo a brincar, só aprendemos algo quando internalizamos e tomamos para nós. O papel do adulto é guiar os primeiros passos, mostrar o caminho do brincar, fazer o seu papel de mediador. Não estamos dizendo aqui que temos que deixar as crianças “livres”, “soltas”, não é isso, na verdade o que estamos tentando mostrar é o outro lado da educação, a criança só vai consegui ler, escrever, somar, contar, entre outros, se ela se apropriar de suas experiências anteriores. É necessário que toda criança passe pela 402 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF fase do brincar, para que mais adiante consiga desenvolver outras habilidades. É na infância, no brincar, no jogar no lúdico que a criança vai poder se expressar, expor as vivências do dia-dia, compartilhar o que sente, o que está presente no meio em que vive. É através da brincadeira que a criança apropria-se do mundo. Para que isso ocorra a escola tem que estar preparada para garantir a brincadeira e jogos dentro e fora das salas de aula, tendo em mente que o brincar não é algo qualquer como parece aos nossos olhos, os jogos e as brincadeiras quando preparadas e feitas com determinado propósito pelo professor geram aprendizagens magníficas. Por meio da brincadeira a criança aprende a dividir, compartilhar, trabalhar em grupo, se expressar, respeitar o outro, a imaginar, e o mais importante é o prazer que sente, seria maravilhoso se ao menos as escolas se importassem em desenvolver atividades lúdicas que são essências para o desenvolvimento da criança, mas não é o que vemos, a escola insiste em imobilizar a criança numa carteira limitando seus movimentos e emoções necessários para o desenvolvimento completo delas. O ideal seria que a escolas e os pais trabalhassem juntos no desenvolvimento das crianças, não necessariamente só a escola ser responsável por desenvolver brincadeiras e jogos, mas os pais também brincarem e desenvolverem em suas casas brincadeiras com seus filhos, garantimos que o desenvolvimento seria maior, “[...] além da família o ambiente escolar é fundamental para o desenvolvimento, pois é diversificado, rico e oferece novas oportunidades de convivência para criança que ainda nesse estágio, tem como referencia principal a família.” (ALMEIDA; MAHONEY, 2005) O ambiente escolar deve ser desafiador, capaz de estimular, proporcionar escolhas e fazer com que a criança tenha comunicação, percepção e interação como os seus colegas e simultaneamente com seus familiares que é um fator essencial para o seu desenvolvimento. As vezes os pais acham que a responsabilidade de educar e ensinar é somente da escola, o que é um equívoco, é importantíssimo a participação dos pais na atividades escolares, e não privar seus filhos de brincar, como é o caso atual da sociedade, privando os filhos não deixando-os se expressarem, reprimindo-os. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 403 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Nos dias de hoje querendo ou não nossas crianças ainda tem uma atenção especial, não digo da maneira realmente correta mais tem, visto que na Idade Média as crianças não tinham valor, e não eram tratadas como crianças e sim como adultos e miniaturas, eram obrigadas a fazerem tudo quanto um adulto fizesse exatamente por não ter sua infância reconhecida. Será isso o que queremos para nossas crianças, a falta de reconhecimento de sua infância? E o que os futuros pedagogos (a) podem fazer para mudar ao menos um pouco a falta de atenção que vemos hoje para com o desenvolvimento das crianças? Lembrando que a infância é um direito dito como inquestionável para a criança e a antecipação de certo “conteúdos” podem frustralas, tudo tem seu tempo para ser aprendido. Creio que devemos proporcionar momentos divertidos e prazerosos envolvendo atividades que tenham fundamentos, lembrando que as brincadeiras de uma forma ou de outra tem que fazer parte do dia a dia da criança, sempre inovando, buscando novos jogos para que não se torne algo enjoativo, e que possa motivar a criança a querer explorar, movimentar-se, a ter curiosidade, a ter desafios que possam solucionar, isso sim faz com que as crianças obtenham aprendizagens significativas através da ludicidade, sem dar a elas coisas prontas que nem façam com que se disponha a descobrir, tornando crianças sem criatividade sem autonomia e preguiçosas. E o principal, pesquisar sempre, crianças amam novidades, sabendo que nem tudo pode dar certo mas o importante é ter disposição e coragem para de alguma forma trazer atividades lúdicas prazerosas, e sem querer automaticamente aprendem algo com o brincar, sem ser forçado como esta sendo o ensino dos dias atuais, “ em primeiro lugar é necessário considerar a dialética do desenvolvimento psíquico da criança”( MELLO, p 91, 2007) considerando sempre que a criança é um ser humano e também tem necessidade a serem atendidas, uma criança que não brinca, não se movimenta, não imagina é uma criança vazia, e essas necessidades é essenciais que sejam atendidas. 3.CONSIDERAÇÕES FINAIS Será que é o que queremos para nossas crianças, que sua infância não seja reconhecida? E o que os futuros pedagogos(as) podem fazer 404 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF para melhorar a falta de atenção que vemos hoje para com o desenvolvimento das nossas crianças? Nós, enquanto futuros pedagogos(as), temos que ser criativos, formadores de opiniões e mediadores de conhecimento, sabendo que o desenvolvimento mínimo que seja de um aluno advém de um professor comprometido e interessado em promover o aprendizado do mesmo, peguemos como exemplo um professor acomodado, ele não fará nenhum esforço para que seu aluno avance, se não sabe, se não entendeu , ao menos tem a paciência de explicar novamente com amor, e não por mera obrigação, já um professor dedicado busca novos horizontes, novas propostas, sabendo que o desenvolvimento da criança também irá depender do seu esforço e da sua dedicação. No entanto, vemos que o brincar e os jogos são primordiais na vida e no desenvolvimento da criança, na qual busca expressar-se, movimentar-se, imaginar, criar, não importa a hora nem o momento, toda hora é hora, e busca ter relações com o outro que é uma necessidade de qualquer ser humano dito como inquestionável para seu futuro desenvolvimento. Lembrando que a criança deve ter o brincar livre, mas não sempre, e o brincar mediado pelo professor que é sempre com alguma proposta em determinada atividade, porque não adiante só deixar a criança brincar por brincar sem ter um porque, é através das brincadeiras mediadas pelo professor que os alunos vão se adaptando ao seu ambiente, aprendendo que não se ganha apenas, que irão perder algumas vezes também, e é aqui que o professor deve mediar, mostrando para ela que o ganhar e perder são coisas naturais, que mesmo fora de uma brincadeira durante toda nossa vida iremos nos deparar com situações de ganhos e perdas. Contudo, enfatizamos que o brincar é mais que essencial na vida de uma criança, o brincar é o inicio, a base para que no futuro, a criança se torne um ser humanizado, em suas máximas elaborações e capacidades humanas. 4.REFERÊNCIAS ALMEIDA, L. R. de; MAHONEY, A. A. Psicologia e Educação. 6. Ed. São Paulo: Layola, 2005. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 405 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA COUTO, N.S. Jogos de faz-de-conta e apropriação da cultura humana. COLE, 2007. KISHIMOTO, T.M. Brinquedos e brincadeiras na educação infantil. In Anais do I Semanário Nacional. Currículo em movimento, Perspectivas atuais, Belo Horizonte, novembro 2010. MELLO. S. A. Infância e humanização: algumas considerações na perspectiva histórico-cultural. Florianópolis, v25, n.1. Perspectiva, 2007. 406 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF OS CONCEITOS DE “CRIANÇA” E DE “INFÂNCIA” E A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E DA LITERATURA NO BRASIL Reginaldo José BARBOZA1 Débora NUCCI2 RESUMO Como se sabe, as crianças por muito tempo, isto é, até o século XVII, não foram percebidas socialmente como “crianças”. Elas eram praticamente consideradas e tratadas como seres humanos iguais aos adultos. Ou seja, elas compartilhavam o mesmo tipo de roupa, frequentam os mesmos ambientes caseiros e sociais e desenvolviam atividades trabalhistas. Entretanto, essa situação mudou muito nos dias de hoje, mas quais foram essas transformações e que importância a literatura para a educação infantil? Baseando se em uma pesquisa bibliográfica, temos como objetivo principal nesse artigo justamente descrever a importância da leitura, da literatura infantil e o modo como os conceitos de “criança e de infância” foram se transformando ao longo dos tempos. Palavras-chave: Criança. Infância. Leitura. Literatura infantil. 1 Docente dos cursos de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: Dé[email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 407 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT As you know, the kids for a long time, that is, until the seventeenth century, were not perceived socially as “children.” They were practically considered and treated as human beings equal to adults. That is, they shared the same kind of clothes, attend the same home and social environments and developed labor activities. However, this situation has changed a lot these days, but what were these changes and how important literature for early childhood education? Based on a literature review, our main objective in this article precisely describe the importance of reading, children’s literature and how the concepts of “child and childhood” were becoming over time. Keywords: Child. Childhood. Reading. Children’s literature. 1-INTRODUÇÃO De acordo com Zilberman (1985), as crianças por muito tempo, isto é, até o século XVII, não foram percebidas socialmente como “crianças”. Elas eram praticamente consideradas e tratadas como seres humanos iguais aos adultos. Ou seja, elas compartilhavam o mesmo tipo de roupa, frequentam os mesmos ambientes caseiros e sociais e desenvolviam atividades trabalhistas. Elas não recebiam cuidados médicos ou educacionais apropriados para a sua faixa etária. Não havia um conceito de “infância” assim como temos atualmente; eram tradas como “adultos em miniatura”. Não havia também ainda nesse período uma literatura específica para o público infantil. Contudo, essa situação mudou muito nos dias de hoje, pois existem documentos como os PCNs (BRASIL, 1997) que inserem a “criança” e “infância” em um contexto educacional rigoroso. Mas, enfim, quais foram essas transformações e qual é importância da literatura para a educação infantil? 2-BREVE HISTÓRICO SOBRE O CONCEITO DE CRIANÇA. Somente a partir do século XVIII a criança começou a ter um tratamento diferenciado do adulto. Passou a ser reconhecida como 408 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF um ser que tem suas próprias características e necessidades. A partir daí houve também o princípio de uma educação diferenciada que abarcasse a sua idade específica (ZIBERMAN, 1985). Com o passar do tempo a criança portanto passou a merecer um respeito maior em função do que ela representava na sociedade. O adulto começou cada vez mais a formar uma representação própria do que seria de fato ser “criança”: necessidade de brincar, de se educar, de receber carinho e cuidados com a sua higiene, não ser explorada no trabalho e assim por diante. Com efeito, a representação da criança assim elaborada transforma-se, pouco a pouco, em realidade da criança. Esta dirige certas exigências ao adulto e à sociedade, em função de suas necessidades essenciais. (ZILBERMAN, 1985, p. 18). 3 - CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCEITO DE LEITURA Há tempos que ser tem atribuído diferentes significados conceituais para a “leitura”; assim como também tem ocorrido com o conceito de “escrita”. Dentre os posicionamentos teóricos educacionais encontrados para os nossos propósitos, destacamos os PCNs (1997) e o pensamento de Freire (2008). No entanto, antes de comentarmos sobre eles vamos verificar quais são algumas definições encontradas em alguns dicionários da língua portuguesa a respeito do que é leitura e o posicionamento dos PCNS. No dicionário eletrônico intitulado “DICIO” é possível constatar que “leitura” significa: “Ação de ler; ato de decifrar o conteúdo escrito de algo. Ação de compreender um texto escrito. Ato de falar um texto em voz alta.” (DICIO, 2016). Já no dicionário Michaelis (2016) “leitura” implica em: Ato ou efeito de ler. Processo de construção de sentido por meio da interação dinâmica entre o conhecimento do leitor, a informação sugerida pelo texto e o contexto em que se dá a leitura. Material escrito que se destina a ser lido (MICHAELIS, 2016). E de acordo com o dicionário Aurélio, “leitura” pode ser compreendida como: Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 409 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O que se lê. Arte ou ato de ler. Conjunto de conhecimentos adquiridos com a leitura. Maneira de interpretar um conjunto de informações. Registro da medição feita por um instrumento. Decodificação de dados a partir de determinado suporte. A partir dessas definições podemos observar que o conceito de “leitura” tem por objetivo como vimos em Dicio (2016) o ato de decifrar um texto escrito. Ou, como observamos em Michaelis (2016) “leitura” seria a construção de sentido para àquilo que esta sendo lido e isso seria fornecido pelo conhecimento do leitor. Já em Aurélio (2016) podemos entender a leitura como decodificar um texto escrito. De um modo geral, a leitura no sentido comum da palavra se resume em decifrar ou decodificar letras ou palavras. Mas o ato de apenas decifrar ou decodificar letras sem torna-las significativas ou compreensivas não é algo producente para tornar um leitor crítico. Nesse sentido, de acordo com os PCNs: O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que não se deve ensinar a ler por meio de práticas centradas na decodificação. Ao contrário, é preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler (...). É preciso que antecipem, que façam inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem, que verifiquem suas suposições — tanto em relação à escrita, propriamente, quanto ao significado. (BRASIL, 1997). Além dos aspectos relacionados ao conteúdo curricular ministrado em sala de aula, é necessário que haja na escola a disponibilidade de uma biblioteca e de materiais extras (livros, revistas, jornais, contos etc.) para que o aluno possa realizar uma leitura satisfatória, autônoma e prazerosa. Assim percebemos que logo no início do ensino fundamental deve existir um esforço a e um incentivo muito grande por parte das instituições escolares e dos educadores: Para tornar os alunos bons leitores — para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura —, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente. (BRASIL, 1997). 410 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF O leitor, na concepção dos PCNs (1997), deve ser levado a compreender que a leitura não se restringe apenas a uma disciplina específica. A leitura deve ser algo para vida social, ou seja, independente dos muros da escola ela faz parte do nosso cotidiano, seja entre os amigos, a família, na igreja enfim para o “mundo”. É preciso que o aluno saiba ler e compreender o significado daquilo se lê. É dessa maneira que tornaremos leitores críticos e autônomos sobre a realidade onde vivemos. No que diz respeito à leitura, enquanto algo que prepara o aluno para viver de modo crítico no mundo, temos a concepção de Paulo Freire que afirma “a leitura do mundo precede a leitura da palavra” (2008, p. 11). Ou seja, ler somente a palavra ou uma frase sem compreender de fato o seu significado implicaria apenas em decodificar. A leitura de mundo antecede a leitura da palavra nos sentido também de que é preciso considerar a “bagagem” de conhecimentos ou experiências vividas e assim trazidas pelos alunos antes de chegar à escola. A respeito da própria experiência de vida na infância de Freire, quando este brincava e ainda não tinha ido para a escola, destacamos que: “Primeiro, a ‘leitura’ do mundo, do pequeno mundo em que se movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da palavramundo” (FREIRE, 2008, p. 12). A leitura da palavra deve corresponder a leitura de mundo. O papel da escola e do educador não é portanto romper com a leitura de mundo, pelo contrário, o educador deve entender que se a criança ler apenas a palavra sem ter a compreensão ou o sentido do mundo isso implicaria em decodificação. Dar significado ou sentido ao mundo é a condição crítica e politizada que o leitor dever ter. 4 - BREVES ASPECTOS HISTÓRICOS SOBRE A LITERATURA INFANTIL Conforme Cademartori (2010) o conceito de literatura infantil está associado a um tipo ou gênero literário próprio às crianças e, nesse sentido, se diferencia dos demais tipos de livros. Há na literatura infantil uma competência linguística adequada à criança, buscando para isso desenvolver obras que contenham poucas páginas, letras grandes, várias ilustrações etc. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 411 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Historicamente foi na França, por volta do século XVII, que surgiu uma literatura voltada propriamente para crianças e jovens. A intenção implícita nesse tipo de gênero literário, tais como os contos de fadas e as fábulas, era o de justamente educar moralmente as crianças sobre o bem e o mal culturalmente estabelecido na sociedade dessa época. Para tanto, autores como Charles Perrault (1628-1703) François Fenélon (1651-1715) são os primeiros a desenvolver contos ou histórias que acabam, mais tarde, despertando o interesse pedagógico de educadores e mestres. Contos de Mão Gansa, A Bela Adormecida no bosque, Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, As Fadas, A Gata Borralheira, Henrique do Topete e O Pequeno Polegar são alguns exemplos de contos interessantes. (COELHO,1991). 4.1 - A literatura infantil no Brasil As histórias de aventuras, de um mundo maravilhoso, encantador, de fantasias que agradassem os pequenos leitores surge no Brasil por volta do século XIX e XX. Antes desse período os livros voltados para as crianças eram raros os que existiam eram algumas apenas edições portuguesas podendo ser adquiridas pela classe média dessa época. Havia o fato também de não haver interesse por parte das editoras nacionais nesse tipo de público (infantil) (ZILBERMAN e LAJOLO, 1986). Segundo Zilberman e Lajolo (1986), somente a partir dos anos de 1920 e 1930 que as editoras começaram a se interessar por esse tipo de produção literária, pois houve também certo incentivo por parte do Estado que pretendia estabelecer um novo projeto de alfabetização em massa. Monteiro Lobato se destaca como um autor inovador nesse tipo de literatura (infantil). Em 1921, por exemplo, ele escreveu o livro fictício “Narizinho arrebitado” dando ênfase ao discurso oral sem que houvesse um rebuscamento na escrita; houve por parte desse autor a preocupação em utilizar expressões da linguagem popular. Os aspectos políticos-ideológicos podem ser apreciados por Lobato a partir do momento em que ele destaca em sua obra situações problemáticas que conduzem o leitor (criança) a pensar criticamente os aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais do nosso país. Nesse sentido, pode se dizer que Lobato é um “marco histórico” 412 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF porque rompe com a tradição pedagógica estabelecida. (ZILBERMAN e LAJOLO, 1986) Ainda de acordo com Zilberman e Lajolo (1986), a partir dos anos de 1940 a 1960 houve uma maior especialização das editoras e a profissionalização dos autores de literatura infantil no Brasil. O mercado editorial se expandiu e as produções literárias em massa aumentaram. No entanto, ao contrário do período de Monteiro Lobato, ocorreu uma invasão da cultura estrangeira, sobretudo a norte-americana, no país e com isso foi importado também a concepção ideológica progressista atendendo mais ao público jovem e diminuindo assim a expressão popular nos livros infantis. Entre os anos de 1960 a 1980 o que se constata é a concretização tanto em termos de produção como de cosumo da literatura infantil no Brasil. O que caracteriza esse período, conforme o pensamento de Zilberman e Lajolo (1986), é o modo como se compõem os personagens, o enredo e a temática urbana. A presença do Estado nesse momento, diga se de passagem ditatorial, faz a mediação intervencionista entre o que estava sendo produzido e o público que estava consumindo. Nesse sentido, a escola ou as práticas pedagógicas precisavam ser mais “fiscalizadas”, já que não se queria a implantação de ideologias subversivas à população quanto ao modo de agir do Estado nacional. 4.2 - A literatura infantil e os seus aspectos pedagógicos na escola É fundamental que as crianças tenham a oportunidade de ouvir histórias ou contos infantis diversificados, pois deste modo é possível que elas se tornem leitoras mais interessadas e quem até escritoras. Ou seja, o prazer da leitura ou do hábito de ler inicia-se na aprendizagem infantil. Neste sentido observamos que: (...) é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias (...) Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo (...). (ABRAMOVICH, 1991, p. 16). O papel do professor é primordial no processo de aquisição da leitura e para isso ele precisa constantemente se aperfeiçoar no ato Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 413 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA de contar histórias, já que se trata de uma habilidade. É importante também que o professor saiba conduzir esse processo verificando quais são os interesses dos seus alunos, podendo nesse caso por exemplo demonstrar para eles os títulos e o acervo na qual a escola dispõe. No entanto, ler não significa apenas decodificar frase, palavras ou letras é necessário ter um entendimento ou uma compreensão sobre o que se está lendo. Para tanto, Jolibert a respeito do ato de ler afirma que: “Ler é atribuir diretamente um sentido a algo escrito” (1994, p. 15). Deste modo, podemos dizer que o professor precisa, quando for praticar a literatura infantil, além de contextualizar a situação, tomar cuidado com o ambiente onde esta leitura será oferecida e fazer com que haja nesse ato algo prazeroso, significativo gerando assim uma satisfação para os seus ouvintes (as crianças). De acordo com Jolibert (1994) somente nos tornaremos leitores de fato a partir do momento em que praticarmos a leitura, isto é, não podemos considerar que em primeiro lugar temos que “aprender a ler” para depois de fato “ler”: É lendo que nos tornamos leitores e não aprendendo primeiro para poder ler depois: não é legítimo instaurar uma defasagem, nem no tempo, nem na natureza da atividade, entre “aprender a ler” e “ler”. (...) Não se ensina uma criança a ler: ela é quem se ensina a ler com a nossa ajuda.(JOLIBERT, 1994, p. 14). É fundamental a participação do professor como mediador no processo de aquisição da leitura. Ele deve ser o sujeito que promoverá as condições necessárias para isso, facilitando assim o desenvolvimento da competência leitora da criança tornando-a uma leitora interessada em aprender ou como afirma Jolibert “Não se ensina uma criança a ler: ela é quem se ensina a ler com a nossa ajuda”. (1994, p. 14). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do presente artigo foi possível verificar que as crianças eram praticamente consideradas e tratadas como seres humanos 414 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF iguais aos adultos. Ou seja, elas compartilhavam o mesmo tipo de roupa, frequentam os mesmos ambientes caseiros e sociais e desenvolviam atividades trabalhistas. Elas não recebiam cuidados médicos ou educacionais apropriados para a sua faixa etária. Sobre a “leitura” vimos que há tempos são atribuídos diferentes significados conceituais; assim como também tem ocorrido com o conceito de “escrita”. Tanto nos PCNs (1997) como no pensamento de Paulo Freire (2008) encontramos algumas definições importantes como, por exemplo, a ideia que “a leitura da palavra deve corresponder a leitura de mundo”. Assim sendo, o papel da escola e do educador não é portanto romper com a leitura de mundo, pelo contrário, o educador deve entender que se a criança ler apenas a palavra sem ter a compreensão ou o sentido do mundo isso implicaria em decodificação. Dar significado ou sentido ao mundo é a condição crítica e politizada que todo leitor dever ter. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AURÉLIO. Dicionário do Aurélio Online. Disponível em: https:// dicionariodoaurelio.com/leitura. Acesso em 24 abr. 2016. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília, 1997. CADEMARTORI, Lígia. O que é literatura infantil. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2010. COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil. São Paulo: Ed. Moderna, 2000. ______. Panorama histórico da literatura infantil/juvenil: das origens indo européias ao Brasil contemporâneo. 4 ed. Ática, 1991. literatura infantil no mundo DICIO. Dicionário online de Português. Disponível em: https:// www.dicio.com.br/leitura/. Acesso em 23 abr. 2016. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 49ª ed. São Paulo: Cortez, 2008. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 415 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA MICHAELIS. Dicionário brasileiro da língua portuguesa. Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0 &palavra=leitura. Acesso em 24 abr. 2016. ZILBERMAN, Regina e LAJOLO, Marisa. Um Brasil para crianças: para conhecer a literatura infantil brasileira: histórias, autores e textos. 2. ed. São Paulo: Global, 1986. 416 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (1997): MATEMÁTICA PARA OS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Aline de Novaes CONCEIÇÃO1 RESUMO O objetivo geral da elaboração deste texto consiste em analisar a 1ª edição dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de matemática destinado para o ensino fundamental, para isso, foi realizada pesquisa bibliográfica sobre o tema. Por meio dessa análise foi possível verificar que no documento há a defesa da formação do cidadão; o trabalho com projetos utilizando a interdisciplinaridade; uma matemática construída socialmente; o diálogo no ensino; a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos relacionando os conteúdos com o cotidiano; a aprendizagem como resolução de problemas e a utilização de jogos e recursos tecnológicos. Palavras-chave: Educação. PCN. Matemática. ABSTRACT The general purpose of this writing is to examine the 1st edition of the National Curriculum Parameters (PCN) for math to elementary school for this, literature on the subject was held. Through this 1 Mestranda em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Marília-SP- Brasil -. e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 417 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA analysis it was observed that in the document there is the defense training of citizens; work with projects using interdisciplinarity; a mathematical socially constructed; dialogue in education; the valuation of students’ prior knowledge relating the content with everyday life; learning as problem solving and the use of games and technological resources. Keywords: Education. PCN. Mathematics. 1. INTRODUÇÃO Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são documentos norteadores das práticas dos professores e estão presentes nas escolas brasileiras. A elaboração desses parâmetros iniciou-se em 1995, pela secretaria da Educação do Ensino Fundamental e pelo Ministério da Educação e do Desporto (PIRES, 2000). Esses documentos estão divididos em 10 volumes, o primeiro volume se intitula “Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais”, o segundo é sobre “Língua Portuguesa”, o terceiro é sobre “matemática”, o quarto se intitula “Ciências Naturais”, o quinto “História e Geografia”, o sexto “Arte”, o sétimo “Educação Física”, o oitavo “Apresentação dos Temas Transversais e Ética”, o nono “Meio Ambiente e Saúde” e o décimo “Pluralidade Cultural e Orientação Sexual.” Neste texto, será analisada a 1ª edição do terceiro volume (“Matemática”), destinado para a 1ª até a 4ª2 série do ensino fundamental, a partir de pesquisa bibliográfica sobre o tema O 3ª volume do PCN do ensino fundamental, foi elaborado em 1997, com o objetivo de analisar esse documento que contém 92 páginas, e ao final dele na ficha técnica, há os nomes dos elaboradores que são: Aloma Fernandes Carvalho, Ana Amélia Inoue, Ana Rosa Abreu, Antonia Terra, Célia M. Carolino Pires, Circe Bittencourt, Cláudia R. Aratangy, Flávia I. Schilling, Karen Muller, Kátia L. Bräkling, Marcelo Barros da Silva, Maria Amábile Mansutti, Maria Cecília Condeixa, Maria Cristina Ribeiro Pereira, Maria F. R. Fusari, Maria Heloisa C.T. Ferraz, Maria Isabel I. Soncini, Maria Tereza Perez Soares, Marina Valadão, Neide Nogueira, Paulo Eduardo Dias de Melo, Regina Machado, Ricardo Breim, Rosaura A. Soligo, Rosa 418 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Iavelberg, Rosely Fischmann, Silvia M. Pompéia, Sueli A. Furlan, Telma Weisz, Thereza C. H. Cury, Yara Sayão, Yves de La Taille. 2. DESENVOLVIMENTO Os parâmetros curriculares nacionais não são documentos obrigatórios, mas são bases norteadoras para o trabalho docente. Esse documento inicia-se com uma carta ao professor, escrita por Paulo Renato Souza e nela está escrito que o objetivo do PCN é auxiliar o professor na formação do cidadão reflexivo e crítico. Essas palavras parecem clichês na educação, pois desde a educação infantil até a universidade os professores almejam formar tal aluno, porém na maioria das vezes ao longo de quinze anos de escolaridade esse objetivo não é cumprido, seria difícil essa formação? Ou a maioria dos professores ainda não são críticos e reflexivos e assim não conseguem formar alunos com essas características? No documento, é mencionado que os PCNs foram elaborados como referencial para o trabalho do professor “[...] respeitando a sua concepção pedagógica própria e a pluralidade cultural brasileira. [...] podendo ser adaptados à realidade de cada região.” (BRASIL, 1997, p. 5), apesar disso, em realidade eles foram elaborados para todo o Brasil que inclui muitas diferenças econômicas e sociais, dessa forma, os PCNs não deveriam ser nacionais e sim regionais, pois muitos professores poderão não se identificar com o documento e consequentemente não realizarão a adaptação. Segundo informações do documento o objetivo da criação diz respeito à formação continuada dos professores: “[...] esperamos, por meio deles, estar contribuindo para a sua atualização profissional — um direito seu e, afinal, um dever do Estado”. (BRASIL, 1997, p. 6). Destaca-se que uma “atualização profissional” não depende apenas da criação de um documento, mas de cursos, leituras, reflexões que são possíveis quando são disponibilizados horários e um salário justo para o professor. Após o exposto acima, no documento tem-se a estrutura dos PCNs e o sumário do volume 3 que está subdividido em: “Caracterização da área de Matemática”, “Aprender e ensinar Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 419 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Matemática no ensino fundamental”, “Objetivos gerais de Matemática para o ensino fundamental”, “Os conteúdos de Matemática para o ensino fundamental”, “Primeiro ciclo”, “Segundo ciclo” e “Bibliografia”. Há uma conscientização em relação à “[...] reverter um ‘ensino centrado em procedimentos mecânicos, desprovidos de significados para o aluno.” (BRASIL, 1997, p.6). É importante essa consideração, pois o ensino mecânico quando resultar em aprendizado também será o mecânico e aprender algo que não tenha sentido decorre em esquecimento. No documento, é evidenciado que a matemática deve ser utilizada para formar o sujeito cidadã, e ela deve contemplar a todos, ou seja, é uma democratização inclusiva do ensino. Ao se falar de todos remete a inclusão e para que ela ocorra o professor deve garantir que a criança tenha acesso ao aprendizado e para isso algumas crianças terão que ter o seu currículo adaptado para que participem integralmente, efetivamente e bem-sucedidamente na escola. Para que ocorra a adaptação curricular não é necessária à criação de um ‘novo currículo’, mas ela poderá ser realizada utilizando os recursos de tecnologia assistiva que como escreve Manzini (2005) são equipamentos e aparatos que auxiliam o desempenho de algumas atividades, tais recursos dão suportes a pessoas com deficiência e para realizar a adaptação curricular deve considerar as características das crianças. Desse modo, o professor deve considerar as peculiaridades e as necessidades especiais de cada aluno ao trabalhar determinado conteúdo. O documento analisado permite uma flexibilização curricular considerando a diversidade dos alunos, que permite que o educador adote propostas curriculares diversificadas e abertas em vez de adotar concepções rígidas e homogeneizadoras do currículo. Apesar de ter focado nos deficientes vale ressaltar que todos também inclui aqueles alunos que são tidos como os que aprendem melhor, ou seja, o professor deve trabalhar matemática lembrando que todos devem aprender. Embora haja uma concordância com o exposto, sabe-se que ainda temos que percorrer um longo caminho para que a inclusão ocorra de fato, pois temos mais ideias do que concretizações vale lembrar que fazer uma matemática para todos 420 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF inclui também pensar desde o rico até aquele que não tem o que comer e se alimenta apenas na escola. Embora seja um conceito importante até esse momento do documento, a inclusão foi citada brevemente nas entrelinhas o que poderia ter sido mais elaborado ao dizer que a matemática deve contemplar a todos. Em seguida, no PCN em questão, há sobre a atividade matemática que “[...] não é ‘olhar para coisas prontas e definitivas’, mas a construção e a apropriação de um conhecimento pelo aluno, que se servirá dele para compreender e transformar sua realidade.” (BRASIL, 1997, p.19), pois matemática é um saber cultural construído historicamente, assim, nunca está pronto. Trabalhar com esse ponto de vista com o aluno é permitir que ele tenha uma aprendizagem com significado, para os elaboradores do documento aprender matemática é compreender o significado e os conteúdos não devem ser trabalhados de forma linear, mas fazer com que ele estabeleça conexões com o seu cotidiano (BRASIL, 1997, p.19). Fazer conexões é uma estratégia que auxilia na compreensão Girotto e Souza (2010), escreveram sobre estratégias de leitura relacionada a livros de literatura infantil, porém tais estratégias podem ser pensadas na matemática. As autoras dizem que existem duas maneiras de entender o que se lê: decodificando e utilizando dos conhecimentos prévios. O uso das estratégias de leitura cria condições favoráveis para que ocorra a atribuição de sentido e a compreensão desta forma, as estratégias de leitura objetivam melhorar a compreensão de um texto durante a leitura. Dentre as estratégias de leitura destacam-se: as conexões, a inferência, a visualização, a sumarização e a síntese. Na matemática poderia ser utilizado a conexão (relacionar com outros conhecimentos), inferência (deduzir, nesse caso seria trabalhar com estimativa) e síntese (produzir textos sobre o que ocorreu nas aulas de matemática, como forma de registro). Quanto aos recursos o documento diz que poderá ser utilizado diferentes recursos, até mesmo a calculadora, mas eles precisam estar integrados a situações que levem ao “exercício da análise e da reflexão, em última instância a base da atividade matemática” (BRASIL, 1997, p.19), então a calculadora deve ser utilizada quando as crianças estiverem com os conceitos formados, pois não é a calculadora que pensa, mas quem a manuseia, assim, primeiro a Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 421 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA criança deve entender como se faz para depois utilizar a calculadora. Após, fala-se sobre o baixo desempenho dos alunos e principalmente em relação “à aplicação de conceitos e à resolução de problemas” (BRASIL, 1997, p.21), ou seja, os alunos não conseguem transferir para a vida o que aprendem na escola. Segundo os elaboradores do documento, parte disso é decorrente da formação inadequada dos professores, que muitas vezes desconhecem os documentos e as suas reformas, pois elas “[...] não chegam até a formação docente e a sala de aula o que faz com que [...] reproduza os modelos que vivenciou como estudante” (NACARATO; MENGALI; PASSOS; 2009, p.32) dessa forma, além de criar documentos o governo deveria investir na formação inicial, pois “[...] dificilmente conseguiremos mudar a situação da escola básica, em especial, da forma como a matemática ainda é ensinada. [...] é necessário que as práticas das professoras sejam objetos de discussão”. (NACARATO; MENGALI; PASSOS, 2009, p.38). Por falta de uma formação sólida, muitos professores utilizam o livro didático como muleta, quanto a esses o documento também afirma que não se pode confiar no livro didático, pois, muitas vezes são de qualidade insatisfatória, “a implantação de propostas inovadoras, por sua vez, esbarra na falta de uma formação profissional qualificada, na existência de concepções pedagógicas inadequadas e, ainda, nas restrições ligadas às condições de trabalho.” (BRASIL, 1997, p.22). O autor Bizzo (2000) reflete sobre os erros dos livros didáticos no Brasil, apesar dele enfocar o conteúdo de ciências, a reflexão do autor é pertinente para pensar que devemos evitar a utilização do livro didático, principalmente porque ele não foi elaborado pensando no aluno que estamos ministrando aula. Em seguida, no PCN ressalta-se que se deve considerar: [...] o ‘conhecimento prévio’ dos alunos na construção de significados geralmente é desconsiderada. Na maioria das vezes, subestimam-se os conceitos desenvolvidos no decorrer da atividade prática da criança, de suas interações sociais imediatas, e parte-se para o tratamento escolar, de forma esquemática, privando os alunos da riqueza de conteúdo proveniente da experiência pessoal. (BRASIL, 1997, p.22). Concordo com tal afirmação, pois os alunos tem conhecimento prévio que devem ser considerados para saber como os conteúdos 422 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF deverão ser trabalhados, deve-se partir dos conhecimentos dos alunos e ir além deles, assim o professor deve saber a zona de desenvolvimento real da criança, ou seja, aquilo que ela consegue fazer sem ajuda, para atuar na zona de desenvolvimento potencial que é a capacidade de desempenhar tarefa com auxilio, nesse caso do professor e/ou dos colegas, assim, faz junto com a criança para que ela consiga fazer sozinha amanhã, o professor interfere na zona de desenvolvimento potencial dos alunos para provocar mudanças que não ocorreriam espontaneamente (OLIVEIRA, 2003). Com isso, o professor não deve apenas permanecer no cotidiano do aluno, pois isso é “Outra distorção perceptível refere-se a uma interpretação equivocada da idéia de ‘cotidiano’, ou seja, trabalhase apenas com o que se supõe fazer parte do dia-a-dia do aluno” (BRASIL, 1997, p.23), como defende o autor Bizzo (1998), deve-se partir do conhecimento cotidiano a fim de alcançar o científico, nesse caso a matemática transformada para que os alunos possam compreendê-la. No decorre do documento fica claro que os elaboradores também objetivam a formação do sujeito transformador da sua realidade, que para ser cidadão também é preciso ser alfabetizado matematicamente. O conceito de alfabetização utilizado se parece com o dos autores Lorenzetti; Delizoicov (2005): [...] envolve questões cognitivas, lingüísticas, afetivas e sócio-culturais, cujo desenvolvimento se pretende instrumentalizar o sujeito a fazer uma leitura mais objetiva do mundo reescrevendo-o sob ótica e ampliando sua condição de agente transformador. (BRASIL, 1997, p.8). Assim, concordo com o documento ao dizer que as crianças devem ser alfabetizadas matematicamente, pois, a alfabetização está além da reprodução de matemática, mas envolve compreensão permitindo a aplicação no dia-a-dia. Alfabetização matemática em suma é a compreensão e expressão de significados Lorenzetti; Delizoicov (2005). Estar se alfabetizando cientificamente envolve negociação de significado e produção de sentidos de aprendizagem, o que deve ser um dos objetivos do professor compromissado. Há um apoio com o trabalho de projetos, especialmente para trabalhar os temas transversais como “ética”, que seria confiar em Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 423 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA si e nos outros para construir conceitos matemáticos, “Orientação Sexual”, que seria fornecer os mesmos instrumentos de aprendizagem e de “desenvolvimento de aptidões3 a todos, valorizando a igualdade de oportunidades sociais para homens e mulheres”, “Meio Ambiente”, “Saúde” e “pluralidade cultural.” O documento não diz, mas os projetos serão mais significativos se trabalhados abrangendo o interdisciplinar, o intradisciplinar e o transdisciplinar. No decorrer do documento há o “que o professor deve saber para ensinar matemática”: -identificar as principais características dessa ciência, de seus métodos, de suas ramificações e aplicações; - conhecer a história de vida dos alunos, sua vivência de aprendizagens fundamentais, seus conhecimentos informais sobre um dado assunto, suas condições sociológicas, psicológicas e culturais; - ter clareza de suas próprias concepções sobre a Matemática, uma vez que a prática em sala de aula, as escolhas pedagógicas, a definição de objetivos e conteúdos de ensino e as formas de avaliação estão intimamente ligadas a essas concepções. (BRASIL, 1997, p.29) Verifica-se uma preocupação com o conhecimento do professor em relação ao conteúdo aos alunos e a sua concepção sobre matemática, assim, as concepções não são impostas, mas o professor deverá ter clareza sobre a sua opção. Em vários momentos do documento fica evidente que a concepção de aprendizagem é a construtivista onde o aluno constrói o conhecimento, como na seguinte parte: “É relativamente recente, na história da Didática, a atenção ao fato de que o aluno é agente da construção do seu conhecimento, pelas conexões que estabelece com seu conhecimento prévio num contexto de resolução de problemas.” (BRASIL, 1997, p.30), essa visão construtivista pode fazer com que alguns professores tirem de si a responsabilidade de ensino, e (caso não ocorra o aprendizado), transfiram a culpa no aluno, porém fica claro que não é essa a visão do documento, ou seja, o documento também coloca a responsabilidade do aprendizado no aluno e no professor. Percebe que há uma critica ao ensino tradicional, e o professor não é visto como o quem ensina, mas o que organiza para o aluno aprender, pois no centro está o aluno que irá construir o seu 424 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF conhecimento. No documento, tem-se que a outra função do professor é de ser “mediador”, que pergunta, argumenta e também “decide se é necessário prosseguir o trabalho de pesquisa de um dado tema ou se é o momento de elaborar uma síntese, em função das expectativas de aprendizagem previamente estabelecidas em seu planejamento” (BRASIL, 1997, p.31), o documento só esquecese de mencionar que além do professor existe a coordenadora pedagógica que muitas vezes decide pelo professor. Entretanto, além de organizador e mediador, o PNC em questão também aponta que o professor é organizador, mediador, controlador e incentivador da aprendizagem, e essa aprendizagem é pautada na interação com o professor e colegas. O documento não é uma receita sobre como trabalhar matemática na sala de aula, mas o apontamento de vários caminhos para que o professor escolha o seu. Segundo o documento, a matemática foi construída socialmente como resolução de problemas, porém na sala de aula muitas vezes é trabalhada ensinando “um conceito, procedimento ou técnica” e depois apresentando “um problema para avaliar se os alunos são capazes de empregar o que lhes foi ensinado.” (BRASIL, 1997, p.32), o documento critica esse ultimo trabalho que me remete ao que criticava Paulo Freire (2005), quando escreve sobre a educação bancária que é aquela em que o professor apenas deposita o conhecimento, como em um banco serve em que o aluno apenas memoriza e não conhece e nem aprende. Aqui os professores são narradores e os ouvintes são os alunos, como uma vasilha em que se vai enchendo, seria um “povoamento de memória”, e “Em lugar de comunicar o educador faz comunicados e depósitos e os educandos [...] recebem pacientemente memorizam e repetem eis ai a concepção bancária de educação”. (FREIRE, 2005, p.66). O contrário dessa educação é a dialógica, em que o aluno realmente aprende e o professor não está preocupado em ‘tirar o extrato’ de sua aprendizagem, mas saber o que ele está aprendendo para auxiliá-lo de uma forma melhor. O documento propõe uma abordagem que utilize os problemas, pois com eles os alunos construirão seu conhecimento refletindo sobre as soluções. Assim com os problemas o aluno será “estimulado a questionar sua própria resposta, a questionar o problema, a transformar um Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 425 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA dado problema numa fonte de novos problemas” e isso “evidencia uma concepção de ensino e aprendizagem não pela mera reprodução de conhecimentos, mas pela via da ação refletida que constrói conhecimentos” (BRASIL, 1997, p.33). Realmente os problemas poderão trazer uma aprendizagem mais significativa para as crianças, porém o documento nesse momento não explicita algo importante, ou seja, que muitos problemas dos livros didáticos não são problemas, pois fazem com que as crianças apenas repitam, o professor deve pensar problemas principalmente relacionados ao cotidiano das crianças, assim o professor deve estar atento e trabalhar com problemas que realmente levem a reflexão. Em seguida, o documento se mostra favorável a utilização de jogos para que ocorra o ensino de matemática, o lúdico propicia um melhor aprendizado, ou seja, um melhor desenvolvimento cognitivo, pois desperta a curiosidade e desenvolve o raciocínio lógico, a invenção e a imaginação, pois: [...] o jogo é mais que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassa os limites das atividades puramente física ou biológica. É uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa em jogo que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido de ação (HUIZINGA, 1996, 3-4) No decorrer do documento, fala-se sobre a avaliação e a concepção utilizada enxerga o erro como possibilidade de acerto, assim o professor deve avaliar para identificar como intervirá na aprendizagem do aluno, e também explicará quantas vezes forem necessárias. Assim, para é necessário primeiramente saber o que a criança sabe para partir daquilo e ir além como afirma Bizzo (2009) que a escola poderá partir do conhecimento cotidiano para alcançar o conhecimento científico transformado. O documento elaborado também defende que os alunos escrevam textos sobre conclusões e comuniquem os resultados, a atividade de escrever textos poderia ser utilizada para a alfabetização dos alunos. Em seguida, o documento relata alguns conceitos para serem trabalhados no primeiro ciclo de ensino, assim é mencionado que nesse ciclo deverão ser “explorados alguns dos significados das operações, colocando-se em destaque a adição e a subtração, em 426 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF função das características da situação” (BRASIL, 1997, p.49), percebem que utilizam a palavra “explorados”, ou seja, é algo inicial. É importante trabalhar tais significados, pois serão necessários para atividades diárias. Além disso, sugere-se que trabalhe formas geométricas, dessa forma, o primeiro ciclo é uma base para conceitos de medidas, operações e formas geométricas que deverão ser estabelecidos com os conhecimentos prévios, isso fará com que o aluno tenha uma maior oportunidade de construir o seu conhecimento. Com isso, o objetivo é que os alunos: resolvam situações problemas, leia e escrevam números e comparem quantidades utilizando medidas, esses objetivos são possíveis ao longo de um ano letivo, além de serem extremamente necessários. Para o segundo ciclo, eles consideram que os alunos sofrem avanços na cognição, pois eles fazem relação de causalidade e finalidades e tem a noção de reversibilidade do pensamento, esses conceitos estão relacionados com os estágio de Piaget, como relata Peterson e Collins (2002) são compostos de quatro assim, de 0 a 2 anos as crianças estão no estágio sensório motor, de 2 a 7 ano no estágio pré operacional, de 7 a 11 anos no operacional concreto e de 11 anos em diante em operações formais. Segundo as autoras supracitadas, no operacional concreto as crianças começam a entender a reversibilidade e explicam relações de causa e efeito o que se relaciona com o dito no documento. Dessa forma, a criança é vista como alguém que se desenvolve para aprender e o professor também deverá considerar esse desenvolvimento, outras teorias ao contrário dessa acreditará que os alunos aprendem para se desenvolverem. E os professores que não acreditam nos princípios formulados por Piaget, o que acharão desse documento? Como um documento que se mostra flexível, sugerindo que os professores escolham sua concepção trazem na sua essência uma concepção pré estabelecida? Partindo da concepção utilizada por eles, o segundo ciclo serve para ampliar os conceitos utilizados no primeiro ciclo e estabelecer relações com novos conceitos como cálculos e proporcionalidade. Considero que é a forma sugerida por eles para trabalhar os números é positiva, pois sugerem que se trabalhem a altura e outras medidas do seu corpo e do seu cotidiano. Algumas situações sugeridas Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 427 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA referem-se a levar às crianças a necessidade da utilização dos números, fazer listagem ordenadas de situações que necessitem, e levá-los “as características do sistema decimal- agrupamentos de 10 em 10 valor posicional”, Porém, vale ressaltar que os números (principalmente) deveriam ser trabalhados como reconstrução histórica, explicando que em outros países se representa os números de forma diferente e a que utilizamos é hindu-arábica, assim, o professor não deverá pedir que os alunos escrevam numerais de 1 a 20, de 20 a 30 e sucessivamente, pois isso não trará aprendizados significativos. Uma forma de trabalhar com os números é com jogos como “nunca 2” (depois “nunca 3”, e etc) em que o aluno vai trocando as fichas a fim de compreender que contar é agrupar e trocar. O PCN, elaborado também diz que se deve trabalhar a história da numeração, os ábacos e a calculadora, concordo plenamente, pois com o aprendizado da história dos números ficará mais evidente que seu conceito é construído socialmente. Para eles os números racionais devem ser trabalhados após os naturais, pois os alunos devem perceber que os que conhecem são impossíveis para “resolver determinados problemas”, é como uma construção da humanidade, trabalhar dessa forma fará com o que o aluno compreenda melhor. Para eles a multiplicação não deve ser trabalhada apenas como uma adição, mas também com problemas que explorem a multiplicação e a divisão, pois há relações entre essas operações, ou seja, defendem o trabalho com problemas para explorar a divisão e a multiplicação concomitantemente. Percebe que é algo vago, e caberá ao professor refletir sobre metodologias adequadas. Para o desenvolvimento dos cálculos é mencionado que os alunos devem ter o domínio de contagem, combinações aritméticas (como tabuadas e etc), e essa aprendizagem não se dá pela simples memorização, mas, “pela realização de um trabalho que envolve a construção, a organização e, como conseqüência, a memorização compreensiva desses fatos” (BRASIL, 1997, p.74). Realmente o professor deve objetivar que seus alunos sejam capazes de compreender os fatos, pois matemática que se faz sem saber que está fazendo não é crítico e nem erudito. 428 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Quanto ao calculo com números racionais, no documento é defendindo para partir da compressão do significado de “dez por cento”. Em seguida, no documento há a conclusão de que o estudo de adição e de subtração deve “ser proposto ao longo dos dois ciclos, juntamente com o estudo dos números e com o desenvolvimento dos procedimentos de cálculo, em função das dificuldades lógicas, específicas a cada tipo de problema, e dos procedimentos de solução de que os alunos dispõem” (BRASIL, 1997, p. 69). Ao serem tratados dessa forma, parece que se divide o trabalho de problemas de acordo com cada operação, mas ao longo desses anos os alunos tem que refletirem sobre problemas que serão realizados de diversas maneiras. Em seguida, é mencionado sobre como trabalhar espaço e forma e diz respeito à inicialmente apresentar para a criança espaço, forma, ou seja, uma atividade prática para construir “suas primeiras noções espaciais por meio dos sentidos e dos movimentos”. (BRASIL, 1997, p.81), isso é positivo como afirmam Peterson e Collins (2002, p. 15): As crianças [...] aprendem melhor através de experiências concretas ou ‘fazendo’ do que ‘ouvindo algo sobre’ [...]. É responsabilidade do professor oferecer um conjunto de experiências significativas com estruturas essenciais, para assegurar o progresso e a ordem na visão de realidade da criança. Assim, no primeiro ciclo se trabalha com relações com o entorno e no segundo ciclo eles defendem o trabalho com atividades para utilizar “diagramas, tabelas e mapas. O estudo do espaço na escola pode ser feito a partir de atividades que tenham a ver com outras áreas, como a Geografia, a Astronomia, a Educação Física e a Arte”. (BRASIL, 1997, p.82). Percebe novamente um trabalho com a interdisciplinaridade. Para o desenvolvimento do pensamento geométrico é mencionado que inicialmente as crianças devem observarem os espaços, e as figuras geométricas são reconhecidas por suas formas, por sua aparência física, em sua totalidade, e não por suas partes ou propriedades (BRASIL, 1997, p.82). Segundo o documento essas atividades também contribuem para o desenvolvimento de estimativa: Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 429 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA [...] seja de comprimentos, ângulos ou outras propriedades métricas das figuras, sem usar instrumentos de desenho ou de medida. Isso pode ser feito, por exemplo, por meio de trabalhos com dobraduras, recortes, espelhos, empilhamentos, ou pela modelagem de formas em argila ou massa. (BRASIL, 1997, p.83). Ao fim do documento não há referências, mas há bibliografia e nela contém três textos de Piaget: La ensenãnza de las matemáticas. (1965.); La ensenãnza de las matemáticas modernas. (1978) e O estruturalismo. (1981). Os títulos apresentados na bibliografia totalizam 70, e dentre esses 20 estão em espanhol, além de também ter títulos em francês e inglês. Os temas das referências são sobre educação, matemática, jogos, didática e aprendizagens significativas. Após a bibliografia há a ficha técnica, com o nome dos coordenadores, elaboradores, consultores, assessores e responsáveis pelo projeto gráfico, revisão e copydesk. Em seguida, têm-se os agradecimentos em que são citados e também a Câmara do Ensino Básico do CNE, CNTE, CONSED e UNDIME. O documento finaliza com a menção aos apoiadores que são: “Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, Projeto BRA 95/014, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura UNESCO Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação FNDE” (BRASIL, 1997, p.92). 3. CONCLUSÕES Neste texto apresentei a análise do 3º volume do Parâmetro Curricular Nacional, que possibilitou a compreensão de aspectos relacionados ao ensino de matemática na escola. Por meio dessa análise foi possível verificar que aqueles que o elaborou defendem: a formação do cidadão; o trabalho com projetos utilizando a interdisciplinaridade; uma matemática construída socialmente; diálogo no ensino; defendem partir do conhecimento prévio dos alunos relacionando os conteúdos com o cotidiano e defendem a aprendizagem como a resolução de problemas utilizando jogos e recursos tecnológicos. Esses aspectos defendidos são positivos e alguns dos aspectos estão de acordo com os currículos de matemática criados a partir de 430 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 80, pois “[...] trazem aspectos em comum, que se podem dizer inéditos quanto ao ensino dessa disciplina: alfabetização matemática; não linearidade, aprendizagem com significado, valorização da resolução de problemas; linguagem matemática, dentre outros” (NACARATO; MENGALI; PASSOS, 2009, p.16). No decorrer deste texto deixei claro que não concordo com todos os aspectos do documento, como a concepção construtivista de aprendizagem adotada, pois alguns professores tem uma concepção diferente e isso poderia ser um pretexto para não utilizar o documento. Porém, aqueles que têm uma concepção diferente da citada, conseguiriam trabalhar com o PCN, adaptando-o em alguns momentos. De acordo com a análise que realizei, o PCN deveria ter sido elaborado em conjunto com professores com concepções de ensino e aprendizagem diferentes, para que o documento tivesse maior aceitação, utilização e compreensão no meio docente. Outra sugestão seria a elaboração de PCNs regionais, pois em cada região há um cotidiano diferente, e se é tão importante levá-lo em consideração então ele teria que ser considerado no documento, ressalto que o documento foi elaborado pensando em séries do ensino fundamental e não no ensino de nove anos. Em suma, é possível trabalhar com o PCN, mas em algumas coisas ele deverá ser adaptado, o que é algo possível visto que é um documento flexível que norteia a prática do professor e podendo ser adaptado para cada realidade escolar. No geral o PCN é um documento positivo que precisaria de uma boa formação dos professores para que pudessem realizar uma leitura de forma crítica selecionando o que trabalhariam e o que não trabalhariam, assim, grande parte do problema não está no documento, mas na formação dos professores, pois muitas “reformas curriculares não chegam até a formação docente e a sala de aula, o que faz com que a professoraprincipalmente nos primeiros anos de docência – reproduza os modelos que vivenciou como estudante”. (NACARATO; MENGALI; PASSOS; 2009, p.32). A análise realizada contribuiu para que eu pudesse refletir sobre um documento tão importante e que está presente nas escolas, de forma que eu compreenda alguns aspectos, considerando que esse documento é importante para os professores, mas não é suficiente sendo essencial a formação continuada dos professores. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 431 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA REFERÊNCIAS FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra 2005 GIROTTO, C. G. G. S.; SOUZA, R. J. Estratégias de leitura: para ensinar alunos a compreender o que leem. In: MENIN, A. M. C. S. et al. Ler e compreender: estratégias de leitura .Campinas: Mercado das letras, 2010. HUIZINGA, J. Homo Ludens. 4. ed. São Paulo: Pepectiva, 1996. 243 p. LORENZETTI, L. ; DELIZOICOV, D. Alfabetização Científica no contexto das séries iniciais. 2005. MANZINI, E. J. Tecnologia Assistiva para educação: recursos pedagógicos adaptados. Ensaios Pedagógicos. Brasília, MEC, SEESP, p. 82-86, 2005 NACARATO, A.M; MENGALI, B.L.S.; PASSOS, C.L.B. Formação matemática da professora polivalente: desafios de ensinar o que nem sempre aprendeu. In: ______. A matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. Belo Horizonte : Autêntica, 2009. p. 15-38. NÉLIO, B. 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Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PEDAGOGIA WALDORF: ALGUMAS CARACTERÍSTICAS SOBRE O SEU MÉTODO E A SUA GESTÃO ADMINISTRATIVA Larissa Mayumi Kikuti BAIA 1 Reginaldo José BARBOZA2 RESUMO A discussão abordada no presente artigo diz respeito à Pedagogia Waldorf no Brasil. O nosso objetivo é apresentar algumas das características dessa pedagogia sobre o seu fundador Rudolf Steiner, à sua Gestão administrativa e ao seu método didático-pedagógico. Além disso, realizaremos uma breve descrição sobre o surgimento histórico dessa pedagogia e os seus participantes tais como professores, alunos e pais. Palavras chave: Autoadminstração. Gestão escolar. Gestão Democrática. Pedagogia Waldorf. ABSTRACT The discussion in this article concerns the Waldorf Education in Brazil. Our goal is to present some of this pedagogy characteristics of its founder Rudolf Steiner, the administrative management and 1 Discente do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] 2 Docente do curso de Pedagogia e Psicologia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF/ACEG – Garça – São Paulo – Brasil, e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 433 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA its didactic and pedagogical method. In addition, we will have a brief description of the historical emergence of this pedagogy and its participants such as teachers, students and parents. Keywords: Self Management. School Management. Democratic Management. Waldorf Pedagogy. 1. INTRODUÇÃO Antes de comentarmos a respeito da Pedagogia Waldorf, é importante ressaltar que em meados de 1980 o nosso país se libertava da Ditadura Militar e passava por um processo de redemocratização política. Neste contexto, a noção de cidadania passava a ser entendida como um direito de todo brasileiro de participar das decisões políticas e econômicas do país. Como tudo que muda no sistema nacional demanda mudança na educação, este período de mudanças políticas resultou na modificação no modo de conduzir a organização da Educação, surgindo então a Gestão Democrática. De acordo com a FEWB (Federação de Escolas Waldorf no Brasil) a Pedagogia Waldorf foi criada em 1919 na Alemanha, por Rudolf Steiner. As Escolas Waldorf existem em muitos países inclusive no Brasil. Ela está fundamenta sob um método de ensino que utiliza ensinamentos baseados numa ciência espiritual chamada de Antroposofia, que considera o “ser criança” e as condições imprescindíveis para o desenvolvimento infantil. Ao logo do presente artigo iremos desenvolver melhor essa noção. Contudo, indagamos o seguinte, qual é a concepção de aluno adotada pela pedagogia Waldorf? E ainda, como funciona a Gestão administrativa escolar sob o crivo dessa pedagogia e qual deve ser o papel do professor na escola? Deste modo, o objetivo deste artigo, de cunho bibliográfico, é analisar a teoria da Gestão praticada por esse tipo de escola e identificar o seu método didático-pedagógico relacionado aos professores e aos alunos. 2. BREVE BIOGRAFIA DE RUDOLF STEINER No presente artigo abordaremos questões referentes à Pedagogia Waldorf no que diz respeito a sua forma de organização escolar e o 434 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF papel do professor. Para tanto, serão utilizados, entre outras importantes referências, principalmente o livro “Pedagogia Waldorf, caminho para um ensino mais humano”, 1979, do autor Rudolf Lanz e o site da confederação Nacional de Escolas Waldorf no Brasil. De acordo com a SAB (2015), (Sociedade Antroposófica Brasileira), no dia 27 de fevereiro no ano de 1861, na cidade de Donjin na Croácia, nascia Rudolf Steiner. Seus pais vieram da Áustria e por isso sua infância e juventude se passaram lá. Com 14 (quatorze) anos apenas, no ano de 1975, Steiner já exercia a atividade de professor particular principalmente nas aulas de ciências e matemática. (SAB, 2015). A partir de 1882, Steiner passou a organizar obras científicas e se aprofundar nos conhecimentos sobre Johann Wolfgang Von Goethe3 tornando-se um grande conhecedor das obras deste filósofo alemão. Paralelamente escrevia sobre assuntos filosóficos e de acordo com a SAB, em 1886, Steiner elaborou um livro completo com os pensamentos de Goethe. (SAB, 2015). Steiner passou uma temporada em Berlim no ano de 1899 e nesta fase lecionou em uma escola alemã para trabalhadores. No ano seguinte, em 1900, foi convidado pela “Sociedade Teosófica” 4 em Berlim, para exercer a atividade de conferencista em relação a temas antroposóficos, por meio da Sociedade era palestrante também, nestas palestras transmitia apenas os resultados de suas pesquisas. Já em 1902 assumiu a secretaria Geral da Sociedade Teosófica. (SAB, 2015). No período de dez anos, de 1913 a 1923, houve uma separação entre a sociedade teosófica e a fundação da Sociedade Antroposófica, o que resultou na construção do primeiro Goetheanum5 na Suíça. Em 1923, de acordo com a publicação da SAB, Steiner iniciou um projeto de construção do 2º Goetheanum. E semanalmente escrevia sua biografia do livro “minha vida”, mas tal obra foi concluída, pois sua morte ocorreu em 30/03/1925 em Dornach. (SAB, 2015). 3. A PEDAGOGIA WALDORF: MÉTODOS E PRÁTICAS EDUCACIONAIS De acordo com Lanz (1979), mesmo as escolas Waldorf tendo como base a Antroposofia6, ela não é ensinada ou praticada nas Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 435 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA instituições. Ou seja, os conceitos antroposóficos somente são usados para o desenvolvimento da criança nas atividades realizadas no período das aulas. O pedagogo se depara diariamente com incríveis miniaturas de gênios, artistas de várias áreas, mas o que fazer com essas crianças? Lanz explica que não podemos “podar” essas habilidades, mas sim usá-las como caminho de desenvolvimento das questões menos desenvolvidas para estes educandos, desta forma estaremos deixando por igual suas habilidades, de maneira que o aluno não seja forçado a se desenvolver naquilo que ele não possui certa habilidade. (LANZ,1979, p. 63). A federação de escolas Waldorf, afirma que os conteúdos teóricos desta filosofia de educação, sempre são acompanhados pelas atividades prática, com ênfase em atividades artísticas e artesanais. O ensino teórico é sempre acompanhado pelo prático, com grande enfoque nas atividades corpóreas (ação), artísticas e artesanais, de acordo com a idade dos estudantes; o cultivo das atividades do pensar, inicia-se com o exercício da imaginação, do conhecimento dos contos, lendas e mitos, até gradativamente atingir-se o desenvolvimento do pensamento mais abstrato, teórico e rigorosamente formal, mais ou menos na época de ensino médio. (FEWB, 2014). Este método de ensino visa à prática, dando ênfase no desenvolvimento do educando e não os saberes abstratos “conteúdistas” logo no início de seus estudos, este é um de seus diferenciais. Neste pensamento, predomina o aprimoramento das habilidades práticas e não o simples acúmulo de informações. De acordo com a federação de escolas Waldorf (FEWB, 2014), a mesma aborda todos os aspectos previstos na LDB (BRASIL, 2015) de forma única e ampla. O currículo é planejado de maneira a atender várias etapas do desenvolvimento da criança. Os educandos menores aprendem por meio da imitação e imaginação. O objetivo do jardim é estimular a criança a admirar os elementos da natureza e as relações humanas. Segundo a FEWB (2014), dentre as atividades do jardim de infância estão previstas as seguintes atividades: 436 · Contar histórias, marionetes, brincar criativo; · Canto, euritmia7; Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF · Jogos e brincadeiras de dedos; · Pintura, desenho e modelagem em cera de abelha; · Assar e cozinhar, passeios na natureza; · Língua estrangeira nas rodas rítmicas e nas celebrações das festas e estações do ano. Lecionando diversas atividades, Lanz (1979) diz que o professor consegue “tocar” todas as crianças de alguma forma, desvendando suas habilidades e suas fraquezas e ainda possibilita contemplar em uma atividade o que faltou na outra atividade, desenvolvendo todas as habilidades por completo, sem deixar nenhuma em defasagem. (LANZ, 1979, p.75). 4. O PAPEL DO PROFESSOR NA PEDAGOGIA WALDORF Toda a Pedagogia Waldorf está centrada na relação entre os homens, inicialmente pela relação aluno-professor. “Uma situação toda especial é aquela do professor de classe: no caso ideal se tudo correr normalmente, ele acompanha a mesma classe do primeiro ao oitavo ano.” (LANZ, 1979, p.74). Desta forma, ele organiza o trabalho a ser realizado no período de oito anos, neste período considera o que aconteceu, acontece ou irá acontecer, no passado, no presente e no futuro, ao longo do período de oito anos. Seu objetivo não é cumprir com todas as disciplinas por completas, mas sim formar por completo seus alunos em oito anos. Durante esses oito anos, o professor, terá que se renovar e se desenvolver, sempre apresentar ações novas para que a sala não canse dele. (LANZ, 1979, p.76) Steiner (2003) afirma que o professor, deve atingir os alunos por inteiro, desta forma, ao contar uma história, deve fazer com todo seu corpo de sentimento, para que aluno sinta em todo seu corpo a história que esta sendo contada, se interesse pelo assunto e sinta prazer ao aprender com ela. Mas Steiner (2003) também explica que para realizar esse trabalho com uma sala toda, basta o fazer com a cabeça e o coração, se entregar por inteiro. Portanto, na concepção de Lanz (1979) o “professor Waldorf” reconhece plenamente a relação professor-aluno, em que o professor participa ativamente da vida pessoal do aluno e se sente responsável Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 437 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA por um dever em especial perante cada educando, principalmente quando a criança apresenta um problema como um conflito familiar, preocupando-se até mesmo com a alimentação do educando. Diante desta responsabilidade, Lanz relata a ação do professor em conhecer a relação familiar de cada um de seus educandos nos detalhes mais particulares, incluindo até mesmo visitas domiciliares diante do convite dos pais. Sobre isso devemos relatar que: A partir desse conhecimento, sua atuação pedagógica terá um cunho mais pessoal. Ele poderá corrigir, amenizar, reforçar, compensar, sublinhar mais facilmente, pois não estará sentimentalmente tão engajado com os pais e, além disso, possuirá critérios e recursos mais objetivos, pois terá o mesmo trabalhado com trinta ou trinta e cinco crianças. (LANZ, 1979, p.75). Sendo possível conhecer, mediante o contato com os pais da criança, o seu convívio familiar, as raízes e causas dos problemas apresentados, o professor saberá onde iniciar seu trabalho em particular com cada um de seus alunos, com o objetivo de ajuda-los a solucionar o que lhes incomoda, Lanz (1979) também diz que essa atenção em individual será realizada com cada aluno e isso independe do número de alunos que o professor tenha. Além de desenvolver seu trabalho como pedagogo, o professor terá que desenvolver suas atividades não relacionadas com o ensino, como colaborar com a administração da escola, ajudar colegas de trabalho, participar de reuniões, tomadas de decisões em relações a alunos e seus comportamentos e ações a serem desenvolvidas na escola. (LANZ, 1979, p.76). Na concepção de Steiner, descrita por Lanz (1979), o “professor Waldorf” ideal deve desenvolver as seguintes qualidades: Conhecer bem cada aluno, envolvendo análise específica sobre ele, para não cometer uma generalização e continuar seus estudando o ser humano. Também deve ter amor como base na relação com seus alunos e no seu comportamento social. E por fim este pedagogo deve ter habilidades artísticas como ser criativo e cultivar a fantasia, a imaginação. 5. GESTÃO ADMINISTRATIVA DA ESCOLA WALDORF As escolas Waldorf não são públicas ou mantidas de maneira governamental Elas são criadas por pessoas determinadas que seguem 438 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF seus próprios métodos sem almejar algum desempenho por imitação de algo já feito. Desta forma, Lanz (1979) explica o fato de não existirem duas escolas iguais, cada uma é única possuindo suas próprias características especiais. Lanz (1979) levanta pontos sobre a gestão de uma escola Waldorf, mostrando que a mesma não possui um diretor, pois utiliza um sistema de autoadministração, que recusa esta função. Steiner defende o regime em que todos podem opinar em pé de igualdade; a forma republicana, embora também democrática, prevê a formação de representativos dentro do todo, aos quais são confiadas funções e atribuições específicas. (LANZ, 1979, p.172). A autoadministração, segundo Lanz (1979), é formada por três componentes que são o corpo docente, a Associação mantenedora e os pais dos alunos, cada componente possuí suas próprias funções. O corpo docente na pedagogia Waldorf é composto pelos professores, que a eles é confiada à formação humana do educando, este grupo se reúne semanalmente, para discutirem sobre problemas das classes ou de aluno individual, neste momento o professor tem espaço para expor acontecimentos em que precisa de ajuda, também realizam preenchimento de formulários, tomada de decisões, problemas internos do dia a dia, entre outros. (LANZ, 1979, p.173). Lanz (1979) argumenta que este momento também é utilizado para promover a integração maior do pedagogo com o grupo, fazendo com que ele se sinta cada vez mais parte da escola, além disse, são realizados momentos de estudos e atividades artísticas relacionados a pedagogia. Dentro deste grupo há a Conferência Internas que é composta pelos professores que estão pelo menos dois anos na escola, pois estes conhecem melhor a instituição, sabendo de necessidades e conhecendo melhor os alunos. Este grupo tem a função de decidir sobre contratação e demissão de professores e outros membros da instituição. (LANZ, 1979, p.173). Reunidos em Conferência Técnica, os professores debatem problemas de administração escolar interna. É o dia-a-dia da vida escolar, exigências burocráticas, preenchimento de formulários, feriados, problemas corriqueiros de condução, de festas, vigilância nos recreios, e mil outros assuntos de interesse geral. (LANZ, 1979, p. 173). Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 439 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA A Associação Mantenedora é composta por quem fundou a entidade e possuí responsabilidade jurídica, na maioria das vezes é o proprietário do prédio onde se funcionam a escola e seus bens móveis. A este membro comete a responsabilidade de contratar e demitir funcionários em geral, secretaria, administração financeira e funções burocráticas e jurídicas. (LANZ, 1979). E por fim, os pais dos alunos. O Conselho de pais é organizado de acordo com a decisão da escola, o contato dos pais com a escola pode dar-se diariamente ou nas reuniões semestrais, também pode ser organizado um grupo de pais, eleitos por todos os pais para a representação dos mesmos, enfim, de um modo geral, o Conselho de pais vem com a função de defender os interesses incomuns do grupo como: taxas, transporte coletivo, entre outros. (LANZ, 1979). Na Escola Waldorf, na concepção de Lanz (1979) a autoadministração é dividida em três grupos, como já foi relatada a cima, todos podem sugerir mudanças para o funcionamento da escola, podem também defender seus interesses. Não podemos negar que apesar de não nomear como Gestão democrática, as escolas Waldorf possuem sim uma Gestão democrática, porém ao seu modo. A autoadministração conta com a participação de todos os integrantes da instituição, na tomada de decisões, em que cada um deles possui vez e espaço para defender seus interesses. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo foi realizado com o objetivo de apresentar alguns aspectos presentes na Gestão Democrática da Pedagogia Waldorf, bem como o modo como professores e alunos aqui estão representados. De acordo com a revisão bibliográfica realizada foi possível concluir que o não exercício da Gestão Democrática, a não divisão de tarefas e responsabilidades referentes às atividades da unidade escolar, resulta na sobrecarga do Gestor. Como consequência disso existe muito cansaço e grande saturação em aspectos físicos e intelectuais dos profissionais envolvidos na instituição. Assim, podemos dizer que para o bom funcionamento da escola e bem440 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF estar de todos seus colaboradores é preciso que cada um se incumba da responsabilidade que lhe é cabível. É preciso compreender que os professores, a equipe técnicopedagógica, os funcionários, os alunos, os pais, a comunidade, enfim todos fazem parte do ambiente cultural e que os resultados da escola dependem dessa interação. Ou seja, é necessária a participação de todos para compor as características da escola, por meio de sua cultura, costumes e modo de vida e não apenas para fazer parte dela. Outro fato que devemos observar é que a essência da Gestão Democrática está na relação direta entre a direção, comunidade e equipe escolar. Esse contato próximo entre escola e comunidade acaba por resultar na escola, com características culturais construídas e trazidas à instituição pelas famílias e principalmente pelos alunos. Quanto à Pedagogia Waldorf, constatamos que se trata uma filosofia educacional focada no desenvolvimento humano e saudável da criança. Além disso, foi possível verificar, por meios das ideias de Lanz que a gestão de uma escola Waldorf não deve ser centralizada apenas na figura de um diretor e sim em um sistema de autoadministração. A autoadministração nesse caso deve ser formada por três componentes que são o corpo docente, a Associação mantenedora e os pais dos alunos, cada componente possuí suas próprias funções. O corpo docente na pedagogia Waldorf é composto pelos professores e que a eles é confiada à formação humana do educando, este grupo deve se reunir semanalmente para discutirem sobre problemas das classes ou individualmente com os alunos. Neste momento o professor tem espaço para expor acontecimentos em que precisa de ajuda, também realizam preenchimento de formulários, tomada de decisões, problemas internos do dia a dia, entre outros. Esse momento também é utilizado para promover a integração maior do pedagogo com o grupo, fazendo com que ele se sinta cada vez mais parte da escola. Sendo assim, concluímos que a Gestão só pode ser considerada Democrática caso haja uma participação, nas tomadas de decisões, ativa de vários agentes, como comunidade, equipe escolar e professores e não apenas do Gestor. Isto, pois, garante uma divisão Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 441 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA melhor de trabalho e de responsabilidades, tornando a atividade de organizar a escola algo menos exaustivo e com mais resultados positivos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. LDB - Lei nº 9394/ 96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educação Nacional. Brasília: MEC, 1996. Disponível em: https:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em 06 set. 2015. CURY, Carlos Roberto Jamil. Gestão Democrática da Educação: exigências e desafios. In: Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. 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Perspectiva da Gestão Escolar e Implicações quanto à Formação de seus Gestores. Em Aberto, Brasília, v. 17, n. 72, p. 442 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 11-33, fev./jun. 2000. MENDONÇA, Erasto Fortes. Estado Patrimonial e Gestão Democrática do Ensino Público no Brasil. In: Revista Educação e Sociedade, ano XXII, nº 75, p. 84-108, 2001. PARO, Vitor Henrique. Gestão Escolar, Democracia e Qualidade do Ensino. São Paulo: Ática, 2007. SAB. Sociedade Antroposófica do Brasil. Disponível em: http:// www.sab.org.br/portal/antroposofia2/no-brasil. Acesso 24 mar. 2015. SOCIEDADE TEOSÓFICA. Disponível em: http:// www.sociedadeteosofica.org.br/teosofia.asp?chamada=teosofia. Acesso em: 31 ago. 2015. STEINER, Rudolf. A arte da educação II: Metodologia e didática. Trad. Rudolf Lanz. São Paulo: Ed. Antroposófica, 2003. NOTAS 3 Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832), além de ter sido um dos maiores poetas da língua alemã publicou também várias pesquisas sobre temas científicos. (KESTLER, 2015). 4 A Sociedade Teosófica (S.T.) foi fundada em Nova Iorque, EUA, em 17 de novembro de 1875. Formada por um pequeno grupo de pessoas que pregava a fraternidade humana, a busca pela verdade e liberdade de pensamento. (SOCIEDADE TEOSÓFICA, 2015). 5 O Goetheanum recebe essa denominação em homenagem a Johann Wolfgang von Goethe. Esse espaço ficou conhecido como sendo a sede mundial do movimento antroposófico. É um centro que além de teatros possui também ambientes para exposições e palestras, biblioteca, livraria e os escritórios da Sociedade Antroposófica. 6 Trata se de um método de conhecimento da natureza, do ser humano e do universo que amplia o conhecimento obtido pelo método científico convencional, bem como trata da aplicação desse conhecimento em praticamente todas as áreas da vida humana. (IPPB, 20015). 7 Movimento. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 443 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 444 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E SEUS SIGNIFICADOS NO CONTEXTO ESCOLAR RODRIGUES, Andressa dos Santos1, LIMA, Natalia Cardoso2 DIAS, Sabrina Alves3 RESUMO Este artigo visa a relevância da interação de todos na elaboração do Projeto Político Pedagógico, sendo o dialogo uma poderosa ferramenta neste contexto. Por meio da construção coletiva o PPP deve ser elaborado a partir da realidade escolar, utilizando da autonomia prevista na lei, fortalecendo a identidade da instituição. Tendo em vista que a escola é constituída de diferentes segmentos, este cumprirá com o seu papel de melhorar a pratica educativa e auxiliar a escola a definir suas prioridades, converte-las em metas educacionais e decidir o que fazer para alcançar a aprendizagem, proporcionando inclusive um justo processo avaliativo. Palavras chave: planejamento, Projeto Político Pedagógico, escola 1 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF; Email: [email protected] 2 Discente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF; Email: [email protected] 3 Docente do curso de Pedagogia da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral – FAEF; Email:[email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 445 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This article aims to relevance of the interaction of all the preparation of the Pedagogic Political Project, and the dialogue a powerful tool in this context. Through the collective construction PPP should be drawn from the school reality, using autonomy under the law, strengthening the identity of the institution. Given that the school is made up of different segments, this will fulfill its role of improving educational practices and assist the school to set their priorities, converts them into educational goals and decide what to do to achieve learning, providing even a fair evaluation process. Keywords: planning, Political Pedagogical Project, school 1. INTRODUÇÃO É de conhecimento geral que o Projeto Político Pedagógico busca melhoria para o funcionamento da escola e gerenciamento do mesmo, assim a unidade escolar procede em observar e analisar a função e colocação de cada um, o fato de professores, gestores, coordenação, funcionários e comunidade conscientizar em planejar estratégias para a unidade escolar. Elaborar o Projeto Político Pedagógico mobiliza toda a equipe pedagógica. Por ser um projeto de gestão participativa, traduzido em diretrizes pedagógicas comuns para nortear a ação educacional, exigiu participação e dinamismo de planejamento para se tornar um instrumento de referência educacional da Escola e da realidade local. A construção deste documento é um grande passo na implementação de um trabalho que contemple a aquisição de competências para os tempos atuais. O aluno é o centro da vida e da organização escolar, portanto, além de construir conhecimentos e desenvolver competências, é prioridade, na ação educativa, o cultivo de valores através da descoberta do mundo, dos outros, de si mesmo e de Deus. Por meio da consulta bibliográfica este artigo busca ressaltar a importância do Projeto Político Pedagógico no contexto escolar, como um documento vivo que colabora de forma significativa no processo de aprendizagem. 446 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Revisão da literatura O Projeto Político-Pedagógico (ou Projeto Educativo) caracterizase como um plano global da instituição, podendo ser entendido como a sistematização, não definitiva, do Planejamento Participativo, que encontra-se num constante processo de aperfeiçoamento, definindo de forma objetiva a ação educativa que se quer realizar. Neste aspecto é um instrumento teórico-metodológico com o objetivo de intervir e transformar a realidade, ganhando características como um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição neste processo. (Vasconcelos, 2008) Veiga (1998) afirma que o Planejamento é o foco central do trabalho e reorientação curricular, se realiza em processos que tem como centro de interesse a situação de objeto de intervenção, é um processo continuo e dinâmico de tendência natural que leva a elaboração de planos, programas ou projetos ocasionais. Nessa fase a unidade escolar reuni-se para definir novas diretrizes e fazer um balanço do ano que passou. O diretor estuda e compartilha as informações legais e faz a relação da comunidade com a escola. Dessa forma as intenções ficam mais definidas e organizadas, quando se tem organização os alunos têm sinais de melhoras. Segundo Feijão (2010) a organização de um novo ano começa no fim do ano anterior onde se faz a retrospectiva de um balanço mostrando quais métodos realizaram e quais não, o ideal do planejamento é a auto-avaliação. As discussões do grupo escolar podem acontecer no HTPC (Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo), onde todos possam participar, direção, coordenação pedagógica, professores e funcionários para deliberações periódicas com discussão esquematização e certa formalidade perante a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB), assim visto em conjuntos os registros elaborados desde o início do período se possível aula á aula que podem revelar acontecimento despercebidos. Para que a construção do projeto político-pedagógico seja possível não é necessário convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários a trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma espontânea, mas propiciar situações que lhes permitam aprender a Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 447 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pensar e a realizar o fazer pedagógico de forma coerente. (VEIGA,1998) Assim já é organizado o que é fundamental para o ano inteiro como organização de calendário, mapeamento das classes, reuniões de pais, convocatória da comunidade, acolhimento e preparos dos primeiros projetos de avaliações, sem esquecer o ponto de partida do planejamentos são as Diretrizes Educacionais do Governo e as políticas públicas viventes. (FEIJÃO 2010) Corroborando com a temática, Vasconcelos (2008) aponta que o Projeto Político Pedagógico é composto, basicamente, de três grandes partes, articuladas entre si: 1. Marco Referencial: 2. Diagnóstico: 3. Programação. Por ter tantas informações relevantes, este documento se configura como uma ferramenta de planejamento e avaliação que deve ser consultada por todos no momentos de tomada de decisão, buscando resultados frente aos objetivos traçados pelos integrantes da organização. Exige-se, assim, além do envolvimento de todos os setores, o comprometimento pessoal de cada um na busca desse futuro novo e promissor. (DELORS, 2000). O Projeto Politico Pedagógico de ser: Construído participativamente, é uma tentativa, no âmbito da educação, de resgatar o sentido humano, científico e libertador do planejamento. (...) Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento teórico-metodológico para a transformação da realidade. É um elemento de organização e integração da atividade prática da instituição nesse processo de transformação. (VASCONCELLOS ,1995:143) Por meio do PPP a escola define, para si mesma e para sua comunidade escolar, sua identidade e seus princípios que direcionam a ação pedagógica cotidiana. Nesta perspectiva o Projeto político pedagógico vê a escola como um todo em sua perspectiva estratégica, não apenas em sua dimensão pedagógica, tomando forma de uma 448 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF ferramenta gerencial contribuindo para que a escola defina suas prioridades estratégicas, metas educacionais. (CARDOSO, 2001) 3. CONCLUSÃO Por meio da pesquisa bibliográfica conclui-se que a importância de um projeto político pedagógico está na segurança que este documento busca oferecer à escola, norteando toda a Unidade escolar na tomada de decisões. Possibilita a escolha das melhores estratégias e da priorização das metas. O PPP deve ser um instrumento vivo no cotidiano da escola e uma ferramenta disponível a todos e consultada com frequência ganhando e fortalecendo seu significado na prática. Uma escola que orientação para a construção coletiva e participativa deste PPP, tem grandes chances de colher bons frutos e garantir um processo de aprendizagem com qualidade a toda sua comunidade escolar. Vale ressaltar que esta temática não se finda neste artigo. Fazse necessário novos estudos e um aprofundamento do tema no sentido de contribui cada vez mais de forma significativa a nossa sociedade. 4. REFERÊNCIAS BATISTA, Miriam Veras.Planejamento: Introdução á metodologia do planejamento social. São Paulo:Cortez e Moraes, 1979. CARDOSO, Clarecí da Silva; VIEIRA, Rita de Cássia. Liberdade e limite no processo educativo. Revista Presença Pedagógica . Belo Horizonte: Dimensão, v. 7, n.37, jan./fev. 2001. DELORS, Jacques. 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Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF PSICOMOTRICIDADE E SUAS FUNÇÕES NA EDUCAÇÃO SOUZA, Flávia Alves de1 OLIVEIRA, Francine Ribeiro de2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de3 RESUMO Neste trabalho abordamos o tema psicomotricidade e suas funções, mostrando o que é, quem é, e o que faz e onde atua o profissional da psicomotricidade e também abortamos o espaço educativo que necessita um psicomotricista. O tema é resultados das leituras e discussões na disciplina Recreação, jogos e movimento, no curso de Pedagogia da FAEF. Buscamos enfatizar sobre as partes necessárias como a concepção, comportamento, compromisso, matérias e espaço, especificando cada abordagem para entendermos o campo de atuação do professor psicomotricista. PALAVRAS CHAVES: Ambiente, educação, professor, psicomotricidade 1 Graduanda do curso de Pedagogia do 4º Termo pela faculdade FAEF na cidade de Garça-sp, [email protected], 2 Graduanda do curso de Pedagogia do 4º termo, pela faculdade FAEF na cidade de Garça-sp, [email protected] 3 Docente no curso de Pedagogia pela faculdade FAEF na cidade de Garça-sp, na disciplina Recreação, jogos e movimento. [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 451 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT In this paper we address the issue psychomotor and its functions, showing what it is, who he is, and what it does and where it operates the professional psychomotor and also abort the educational space that needs a psychomotor. The theme is the results of readings and discussions in Recreation discipline, games and movement, in the course of Pedagogy of FAEF. We seek to emphasize on the necessary parts as the design, behavior, commitment, materials and space, specifying each approach to understand the teacher psychomotor playing field KEYWORDS: Environment, education, teacher, psychomotor 1 INTRODUÇÃO O presente artigo foi desenvolvido na disciplina de Recreação, Jogos e Movimentos ministrada pela professora Mestre Lizbeth Oliveira de Andrade, na Faculdade de Ensino Superior e FormaçãoFAEF na cidade de Garça, interior de São Paulo. Buscamos desenvolver o tema psicomotricidade e suas funções. Temos como objetivo geral apresentar o conceito de psicomotricidade e analisar sua importância para a educação. Analisaremos a atuação do profissional psicomotricista e sua importância para o processo de desenvolvimento das crianças na organização de atividades e ambientes planejados para isso. Abordando o profissional junto a formação necessária e suas áreas de atuação e também não poderíamos deixar de enfatizar a importância de um ambiente educativo para aplicação da psicomotricidade tanto no espaço formal e o espaço informal. Para isso é importante conhecer alguns aspectos desse ambiente tais como; é necessária a concepção, ou seja: O planejamento do professor perante o trabalho que está prestes a desenvolver. Após o planejamento, é necessário que o professor se atente em seu comportamento; tendo em vista que este deve ser um perfil de profissional observador, que visa construir nas ações do dia-a-dia com seu aluno, praticas diárias para alcançar seus objetivos. Gerando um compromisso que seria o próximo ponto; onde o professor geraria 452 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF uma identidade para operacionaliza o trabalho efetuado, deixando de seguir tendências estrangeiras, e partindo de um ponto de vista social e critico que vivenciamos na realidade do nosso pais. Os matérias também é parte importante do desenvolvimento desse processo, todos os recursos necessários são de grande valia, mas como o texto aborda, ele sozinho não trazem um resultado satisfatório. Ele precisa ser trabalhado juntamente com a afetividade, fazendo parte da vida das pessoas para melhor assimilação. E por último o autor nos menciona sobre a necessidade do espaço, (estruturas físicas: mesas, carteiras, livros... etc.), independente do ambiente, formal ou informal. Os espaços devem estar recheados de recursos para que trabalhos sejam executados e assim se formar um verdadeiro ambiente educativos. Diante dessa construção poderemos analisar e ressaltar o que faz um profissional de psicomotricidade, onde ele atua e quais formais ele trabalha, tanto dentro como fora do ambiente escolar e quais meios ele desenvolve esse trabalho? 2. O QUE É PCICOMOTRICIDADE E PSICOMOTRICISTA Psicomotricidade é um campo da ciência estuda os movimentos produzidos pelo corpo humano, que tem ligação diretamente com o mundo, e com suas atuações (de si e do mundo). Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização. (ALMEIDA. Geraldo Peçanha,2009, p. 17) O profissional que trabalha na área da psicomotricidade é chamado psicomotricista, que busca por meio dessa ciência, uma definição mais especifica para o papel que exerce. Esse profissional da área da saúde e da educação, trabalha juntamente com diversos profissionais, para tratar e evitar que a pessoa tenha mais que um distúrbio (cognitivo, ou de aprendizagem). Suas áreas de atuação são em clínicas (terapia, reeducação...), mas também pode dar consultorias e fazer supervisões. Sua clientela Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 453 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA pode ser resumida em: crianças e bebês em fase de desenvolvimento que tenham algum tipo de atraso ou dificuldade no desenvolvimento; pessoas que tenham algum tipo de necessidades especiais (motora, sensoriais, motoras ou que tenham relações a alguma lesão neurológica, e também pessoas da terceira idade), além de poder atender em escolas, creches, escolas para pessoas especiais, clinicas multidisciplinares, clínica para terceira idade, consultórios especializados entre outros. 2.2 FORMAÇÃO DE AMBIENTES EDUCATIVOS EM DIVERSOS ESPAÇOS Os profissionais da educação devem se atentar para a importância e na diferença entre os ambientes formais (escola) e ambientes educativos informais (igrejas, ONGS.). Para ALMEIDA (2009) “um trabalho de Psicomotricidade na escola básica precisa de uma junção de fatores: concepção, comportamento, compromisso, materiais e espaços”. 2.2.1 O QUE SERIA CONCEPÇÃO A primeira etapa de qualquer trabalho precisa de um planejamento, para que haja a concepção do ambiente proposto. O profissional deve ter consigo a vertente dos seus objetivos claros; pois na falta desses planejamento o executor poderá perder a direção e delimitação do seu trabalho, ou seja a concepção é nada mais nada menos que o planejamento do que se deseja realizar como profissional da área. 2.2.2 O QUE SERIA COMPORTAMENTO O comportamento do profissional da área requer um misto de atenção, afetividade e intervenção e com essa junção podemos qualificar um bom profissional da área da psicomotricidade. Este professor deve sempre levar em conta as vivencias (conhecimentos prévios; conhecimento de mundo), adquiridas pelos alunos. Segundo ALMEIDA (2009), o comportamento é o combustível que 454 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF move as relações diárias de um professor que quer construir coletividade da multiplicidade dos seres com diferenças de cada um. 2.2.3 O QUE SERIA COMPROMISSO O compromisso deve acontecer pois sem ele o professor se desmotiva e sua criatividade se paralisa em um sistema cotidiano, pois quando se tem o compromisso e a motivação para honra-lo as possibilidades de melhoria são muito maiores, por isso as escolas deverão fornecem tudo de forma que se entenda para que não haja nenhum equívoco. Quando se racionaliza, planeja e operacionaliza, as ações se tornam mais claras fazendo com que o compromisso do professor se torne também mais limpo e mais consciente. Do contrário, ficamos todos perdidos sem rumo. É desta confusão que poderá surgir o descompromisso. (ALMEIDA. Geraldo Peçanha,2009, p. 22 2.2.4 O QUE SERIA MATÉRIAIS É o recurso disponibilizado para a execução do trabalho a ser realizado caso o aluno tenha dificuldade de abstrair, o material possibilidade a compreensão para o aluno, exemplo, a criança com dificuldades em multiplicação, utiliza-se o material dourado como um apoio para que a criança consiga entender a construção da tabuada mais também manipular os resultado de forma concreta, porém não só o material faz a diferença ele precisa ser utilizado juntamente com a orientação devida. Material sozinho não funciona, ele precisa ser humanizado. ALMEIDA (2009). 2.2.5 O QUE SERIA ESPAÇO É estrutura física que compõem o ambiente: mesas, cadeiras, armários, livros, etc. Esses espaços podem ser formais e informais, é neles que se obtém os recursos físicos e podem existir em qualquer lugar. Para a psicomotricidade esses espaços necessitam de espaços que se relacionem para desenvolverem uma estimulação, estes ambientes proporcionam que as crianças explorem e desenvolvam habilidades e conhecimentos. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 455 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Ambiente educativo é um espaço humanizado. Espaço humanizado é um ambiente educativo. ALMEIDA (2009). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS No desenvolvimento deste artigo podemos notar que existem vários fatores para entender, aplicar e construir a psicomotricidade, podemos observar também a necessidades de ambientes que propiciam que esta profissão exista e seja eficaz na sua aplicação, uma área de pouco conhecimento para as pessoas mais de extrema importância para aqueles que necessitam deste serviço prestado. Através da psicomotricidade a estruturação corporal do indivíduo é desenvolvida, e contribui grandemente para a evolução da criança pois a uma interação da pessoa com o meio através de ações direcionadas, ações essas que se utilizam tanto de técnicas práticas como afetivas fazendo assim que a pessoal tenha um equilíbrio completo nesta relação tanto como sociedade, pessoa e capacidades físicas. A psicomotricidade é uma aliada para educação ela ajuda e proporciona facilidades para as pessoas tanto nas execuções de atividades como também em compreensões. 4. REFERENCIA ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Teoria e prática em Psicomotricidade: jogos, atividades lúdicas, expressão corporal e brincadeiras infantis. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: Wak editora, 2009. 456 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF RECICLANDO E BRINCANDO LIMA, Dayane Cristina de 1 OLIVEIRA, Aparecida Batista de 2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de 3 RESUMO Este artigo parte dos estudos realizados na disciplina Recreação, jogos e movimento, no quarto termo do curso de Pedagogia da FAEF. Nele vamos tratar sobre da importância do brincar na educação infantil e da utilização de materiais recicláveis nessas atividades. A brincadeira é responsável pelo desenvolvimento das crianças em suas interações sociais, ampliação de seus conhecimentos prévios, a experimentação do material reciclável como parte do brincar e a criação de brinquedos por meio desses materiais e seus benefícios para as crianças, possibilitando o crescimento como indivíduos em relação ao nosso lixo reciclável e possibilitando seu desenvolvimento social. Palavras-Chave: Brincar, desenvolvimento, educação infantil, reciclável. 1 Graduanda no quarto termo do curso de Pedagogia na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF- Garça/SP) e-mail: [email protected] 2 Graduanda no quarto termo do curso de Pedagogia na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF- Garça/SP) e-mail: [email protected] 3 Docente no curso de Pedagogia nas disciplinas Recreação, jogos e movimento e Natureza e Sociedade na Educação Infantil, na Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF- Garça/ SP) e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 457 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA ABSTRACT This article of the studies in Recreation discipline, games and movement, in the fourth term of the Pedagogy course of FAEF. In it we will deal about the importance of play in early childhood education and use of recyclable materials in these activities. Play is responsible for the development of children in their social interactions, expand their previous knowledge, experimentation of recyclable material as part of playing and creating toys through these materials and their benefits for children, allowing growth as individuals relation to our recyclable waste and enabling social development. Words- Keys: Play, development, education infant, recyclable. 1.INTRODUÇÃO O presente artigo é consequência de estudos dos textos da disciplina: Recreação, jogos e movimentos, turma do quarto termo do curso de Pedagogia, da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF), na cidade do interior paulista, Garça. Por meio dos nossos estudos percebemos o brincar como atividade significativa para as crianças, pois a conduzem para experiências únicas, e possibilitam inúmeros recursos a si mesmos, podendo desenvolver suas capacidades de criatividade, imaginação e principalmente a possibilidade de criar a autonomia de poderem brincar e decidirem como, com quais objetos, quais serão os participantes e como finalizará a brincadeira. Para a criança, o brincar é a atividade principal do dia a dia. É importante porque dá a ela o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si, aos outros e o mundo, de repetir ações prazerosas, de partilhar, expressar sua individualidade e identidade por meio de diferentes linguagens, de usar o corpo, os sentidos, os movimentos, de solucionar problemas e criar. (KISHIMOTO, 2010). Portanto, a brincadeira para as crianças só lhe presenteiam com proveitos, pois com um simples atos, proporciona vários desenvolvimentos, sejam eles: cognitivos e/ou físicos. O ato de brincar aumenta a identidade da criança, pois se tem a oportunidade 458 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF de pensar, realizar, concretizar, fornecer regras, representar o real, imitar, entre outros. Um recurso prestigiado para ampliação dos desenvolvimentos das crianças é a educação ambiental, ou seja, trabalhar com reciclados ou atividades em que a própria criança possa fazer uso de materiais reutilizáveis para confecção de brinquedos. O papel do professor nesse trabalho é indispensável, pois irá viabilizar brinquedos a partir de sucatas, explorar as potencialidades de seus alunos, o que exige muita criatividade, além do conhecimento técnico que se adquire sobre a atividade social do hábito de reciclar. 2.A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL A necessidade do brincar para as crianças durante a fase de desenvolvimento é de extrema importância, pois, é direito delas que a pré-escola ofereça diversas formas de atividade para que haja, o seu desenvolvimento interação social. O brincar na escola não é exatamente igual a brincar em outras ocasiões, por que a vida escolar é regida por algumas normas que regulam as ações das pessoas e a internações entre elas e, naturalmente, estas normas estão presentes, também na atividade da criança. Assim as brincadeiras e os jogos têm uma especificidade quando ocorrem na escola, pois são mediadas pelas normas institucionais. (KISHIMOTO, 2000, p.98) Segundo Kishimoto (2010) crianças com 1 ano a 3 anos e 11 meses, são sugeridas que seja proposto atividades educativas como a exploração de túneis, brinquedos de empurrar, fantoches, teatro, massinha, entre outros, assim acabam realizando suas próprias reflexões empíricas e reflexivas. As experiências físicas das crianças com os objetos fornecidos executam seus próprios testes, por exemplo: bater em fundo de baldes, abrirem portas de armário, empilhar blocos, assim as crianças encontram-se abstraindo informações do objeto e do meio que são possibilitadas a explorar. A autora Kishimoto (1998), ao citar o estudioso russo Vygotsky, dizia que há dois elementos importantes na brincadeira infantil: a situação imaginária e as regras. As crianças imitam o adulto em uma Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 459 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA atividade do dia a dia, dirigindo um trator, por exemplo, mudando suas regras de uma forma implícita. No jogo de futebol as regras são explicitas claras, mas a situação pode variar dependendo das estratégias usadas pelo grupo. Por meio da brincadeira, a criança pequena exercita capacidades nascentes, como as de representar o mundo e de distinguirem entre pessoas, possibilitadas especialmente pelos jogos de faz de conta e os de alternância, respectivamente. Ao brincar, a criança passa a compreender as características dos objetos, seu funcionamento, os elementos da natureza e os acontecimentos sociais. (OLIVEIRA, 2013). Segundo Kishimoto (2010) “[...] brincar é uma ação livre que surge a qualquer hora, iniciada e conduzida pela criança; do prazer, e não exige como condição um produto final; relaxa envolve, ensina regras linguagens envolve habilidades e induz a criança em um mundo imaginário”. Nesse período que a brincadeira é introduzida no dia a dia das crianças, como nos desenvolvimentos, habilidades e autonomias. Com o brincar as crianças exercitam seus convívios sociais, e surge a fase das explorações manipulatória, fazendo com que elas realizem seus experimentos, mediada e orientada pelo professor, que nesta etapa age como seu parceiro mais experiente. É direito da criança que a instituição de ensino ofereça diversas experiência, envolvendo a pratica pedagógica. O professor deve sempre propor brincadeiras novas paras crianças, mês que isso traga um pouco de tensão para elas. O desconforto e o medo farão com que alguns alunos se afastem do grupo, portanto o mediador deve iniciar as atividades com brincadeiras já conhecidas pelo grupo, e assim que estiver familiarizados, coloca-las a nova brincadeira em prática. O papel do professor em mediar à brincadeira é de mera importância, pois para que haja o desenvolvimento da autonomia da criança, o seu parceiro mais experiente irá fazer com ela a autoorganização, para que em um momento só ela possa alcançar um objeto, e guardá-lo em seu lugar correto, devidamente etiquetado. No decorrer da brincadeira podem surgir conflitos entre as crianças, pois eles podem querer o mesmo objeto e o professor pode 460 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF intervir, para que a criança aprenda que elas devem dividir os brinquedos e aprender a controlar o sentimento de raiva ao serem contrariadas. A independência é um principio ético que se aprende quando a educadora deixa a criança escolher objetos e brinquedos. Ao respeitar o espaço de brincar do outro, ao guardar os brinquedos que não esta usando, ao emprestar o brinquedo e esperar sua vez de usá-lo, ela aprende a ter noções de responsabilidade democrática. (KISHIMOTO, 2010). A criança não nasce sabendo brincar, e sim, aprende com a convivência no meio social em que está, aprendendo a criar brincadeiras, e recria-las. 2.1 BRINCAR COM MATERIAL RECICLÁVEL O brincar com material reciclável é muito importante para o desenvolvimento das crianças, a reutilização é um ponto que deve ser tratado em sala de aula. A escola deve oferecer aos seus alunos brinquedos e materiais feitos de material reciclável ou até mesmo, possibilitar momentos em que as próprias crianças possam confeccionar estes objetos, assim terão a possibilidade de compreender a necessidade de que o planeta precisa reciclar o lixo que descartamos todos os dias e que podem ser reutilizados. Os pais podem colaborar com as atividades escolares das crianças, para que se desenvolva a percepção da criança para a importância da reciclagem. Desenvolver o senso estético implica usar objetos a seu modo e da forma que aprendeu em casa. Brincar com sucata e blocos desenvolve o senso estético e a criatividade porque a criança lhes dá o formato que quer, expressando sua forma de ver o mundo, como fez uma criança lhes dá o formato que quer, expressando sua forma de ver o mundo, como fez uma criança que observou o pai reformar o jardim de sua casa e, na creche, usou blocos de construção para fazer um jardim similar ao construído por seu pai. (KISHIMOTO, 2010). Quando as crianças entram em contato com objetos recicláveis, são capazes de perceberem os diversos trabalhos realizados manualmente com variedades de lixos reaproveitáveis que muitas Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 461 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA vezes descartamos. A ideia de confeccionar esses brinquedos pode vir do educador e oferecendo uma oportunidade para os alunos realizarem essa atividade com muita criatividade, cuidado, conscientização, e focando, que está formando cidadãos conscientes da nossa realidade ambiental. O trabalho com a reciclagem possui uma dimensão física rica em objetos que proporcionam inúmeras explorações e construções conjuntas, tornando assim um ambiente pedagógico educativo e significativo para as crianças se desenvolverem. De modo que o interesse que as crianças têm acerca do mundo é a mola que impulsiona a elaboração de suas ideias, comparações e significações de forma que eles possam consolidar aprendizagens com parceiros. (GONTIJO; MELO; SOUZA; VIANA, 2015). Os ambientes pedagógicos juntamente com o trabalho de reciclar são bem importantes, pois em nosso país raramente somos formados para separar lixos e cuidar da nossa flora e fauna, bastante se comenta, porém, pouco se executa. Precisamos colocar em prática esses atos para as crianças envolvendo o que ela mais gosta o brincar. Brinquedos confeccionados com material reciclável, podem ganhar novas organizações, regras de uso, cores, formatos, texturas e ampliam as possibilidades das crianças conhecerem esses conceitos e ampliarem sua atividade criadora em desenvolvimento. Ao brincar com algo feito por elas mesmas, pode-se trabalhar a organização, o cuidado e a partilha, pois diferente do brinquedo comercializado, este material é, muitas vezes mais frágil e delicado, o que amplia as possibilidades de outras formas de interação e brincadeiras nas crianças. 3. CONCLUSÃO O brincar é uma importante função na vida das crianças, desde muito cedo. As tornam capazes de se desenvolverem por meio de atividades em envolvem o lúdico e com reproduções do nosso cotidiano. A criança aprende com o brincar, primeiramente traz consigo o conhecimento prévio, de suas vivências anteriores aquele momento na escolar e após surgem ideias construídas, compreende-se pontos de vistas diferentes, aprendem a lidar com regras e conflitos que podem aparecer no meio da brincadeira. 462 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Brincar nos proporciona diversos caminhos, um deles, é o conhecimento do conceito de reciclar, ou seja, abordar o conhecimento da reciclagem envolvendo a brincadeira, pois envolve algo que as crianças gostam muito, além de aprendem um conhecimento novo. Criar brinquedos recicláveis ajuda na construção do crescimento intelectual das crianças como indivíduos responsáveis e conscientizados dos escassos hábitos envolvendo o meio ambiente. Ensinar as crianças a construírem seus próprios brinquedos, utilizando materiais que são descartados pela sociedade, como: papelão, jornal, garrafas PET, etc. Além de mostrar para as mesmas, que através do “lixo”, podemos fazer vários brinquedos. Brinquedos estes, que devido à modernização acabaram ficando de lado, mais que continuam fazendo parte da infância. (OLISKOVICZ, 2009). Portando, concluímos que a organização de atividades que envolvam brinquedos recicláveis, além de estimular ainda mais a criatividade das crianças, proporciona também, as atitudes em relação ao tema abordado, pois perceberão que o nosso país não tem a prática habitual da reciclagem. Consequentemente, darão os primeiros passos para reciclar por meio da produção de brinquedos, o que desenvolve na criança sua personalidade social e cultural. 4.REFERÊNCIAS GONTIJO, Amanda Amorim; MELO, Silvana Custódio Pinheiro; SOUZA, Mayara Borges de; VIANA, Rúbia, Raycia Matins. Educação ambiental: reciclar, recriar, brincar e transformar na educação infantil. Anais do XI ENFOPLE. Inhumas UEG, 2015. Disponível em: < http:// www.anais.ueg.br/index.php/enfople/article/view/5385>. Acesso: 22 set. 2016. KISHIMOTO, Tizuko Morchida (Org.). Brincar e suas teorias. Pioneira, 1998. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Brinquedos e brincadeiras na Educação Infantil. Anais do I Seminário Nacional: Currículo em Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 463 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA movimento – Perspectivas atuais. Belo Horizonte, novembro de 2010. OLISKOVICZ, Katipucia. Conscientização ambiental a partir da construção de brinquedos utilizando-se de materiais recicláveis. Revista Educação, 2009. OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2013. 464 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF RELAÇÃO ENTRE O LÚDICO E A EDUCAÇÃO: A BUSCA POR UM ENSINO DESENVOLVENTE GALVÃO, Ana Carolina 1 CARDOSO, Jênifer da Silva2 ANDRADE, Lizbeth Oliveira de3 RESUMO O presente artigo visa ressaltar a importância da ludicidade na educação, devido aspectos relevantes que ela promove ao desenvolvimento humano. Pensando em uma aprendizagem que respeite as necessidades da criança e que desperte a vontade de aprender. O lúdico vem como um fator essencial para que a criança aprenda de uma maneira prazerosa e significativa Palavras chaves: Brincar. Educação. Jogos. Lúdico ABSTRACT This article aims to highlight the importance of playfulness in education due respects it promotes human development. Thinking of learning that respects the child’s needs and to awaken the desire 1 Discente do curso de Pedagogia na Instituição de ensino superior Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF- Garça/SP). 2 Discente do curso de Pedagogia na Instituição de ensino superior Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF- Garça/SP). 3 Docente do curso de Pedagogia na Instituição de ensino superior Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral (FAEF- Garça/SP) nas disciplinas Recreação, jogos e movimento e Natureza e Sociedade na Educação Infantil. e-mail: [email protected] Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 465 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA to learn. The playful comes as a key factor for the child to learn in a pleasant and meaningful way Key words: Play. Education. Games. Playful 1.INTRODUÇÃO É inegável a importância do lúdico na educação, pois ele é um ferramenta de aprendizagem que deve ser trabalhada para que a criança se desenvolva da melhor maneira possível. Com base nessa questão o presente artigo,aponta os benefícios da ludicidade para a formação social e escolar da criança. Primeiramente o significado da palavra lúdico é apresentado “brincar” com uma breve apresentação de suas características relevantes, apontados por referênciais teóricos. Considerando o significado da palavra citada a cima, o próximo item é apresentado: O jogo como recurso pedagógico, pois o jogo também relaciona-se ao brincar, não deixando de lado o seu caráter educativo, uma vez que ao trabalhar com jogos o professor deve ter seriedade para alcançar os resultados propostos, pois o jogo pedagógico não é algo para ser trabalhado sem nenhum propósito, mas sim para desenvolver e obter habilidades referentes ao conteúdo estudado, assim como a contribuição do desenvolvimento interacional, devido ao contato com o outro e as regras estabelecidas que estão presentes no jogo. Levando em conta a importâncoa do brincar para a criança da educação infantil, devido ao fator do desenvolvimento da socialização, da criatividade, da autonomia e auto estima, é apresentado o 3º tópico: O brincar na educação infantil. Fazendo uma análise destye, fica claro que o brincar é da natureza humana, sendo assim uma necessidade para a criança pequena, por esse motivo a escola deve oferecer condições para supri-las, fazendo o uso do brinquedo, da brincadeira e dos jogos com a finalidade de promover o desenvolvimento global da criança. 2. DESENVOLVIMENTO Santos, (2000, p.57) considera que “ a palavra lúdico significa 466 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF brincar e nesse brincar estão incluídos, os jogos,brinquedos e brincadeiras”. Segundo a mesma autora o lúdico por muito tempo, foi considerado algo sem importância, pois não se acreditava que o desenvolvimento humano estava relacionado a ele . Somente na década de 50 que o lúdico é visto como fator fundamental, devido ao avanço do estudo da psicologia sobre a criança. Para a autora essa visão errônea do lúdico como um aspecto sem importância é devido a um fator cultural que não considera o brincar como algo sério, Santos também aponta expressões que separa o que é considerado sério do brincar: Basta lembrarmos quantas vezes em nossas vidas já ouvimos frases como estas: “Chega de brincar, agora é hora de estudar”; “Brincadeira tem hora”; “Fale a verdade, não brinque”; “ A vida não é uma brincadeira”. Assim fomos construindo nossa ideia sobre o lúdico.[...] (SANTOS, 2000, p.57) Hoje, é inegável a importância do lúdico, e por esse motivo é imprescindível que ele atue como agente fundamental no aprendizado escolar. Para (KISHIMOTO 2011, p.40) “Quando as situações lúdicas são intencionalmente criadas pelo adulto, com vistas a estimular certos tipos de aprendizagens surge a dimensão educativa”. Além de contribuir com o aprendizado do conteúdo escolar, o lúdico também desenvolve valores socias, tais como: interação e espírito cooperativo. Os jogos lúdicos permitem uma situação educativa cooperativa e interacional, ou seja, quando alguém está jogando está executando regras do jogo e ao mesmo tempo, desenvolvendo ações de cooperação e interação que estimula a convivência em grupo. (FRIEDMAN, 1996, p. 41) Outros benefícios da ludicidade, também são apontados por outros autores: (PEREIRA 2016) diz, que deve-se romper com o ensino das fórmulas prontas, considerando assim, outros fatores que contribuem para a formação do saber, e que o lúdico é fundamental para repensar e transformar a pratica pedagógica. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 467 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA O mesmo autor diz que a ludicidade pode ser trabalhada em todos os conteúdos, por ser um elemento interdisciplinar. Segundo Negrine (2000) as atividades lúdicas desempenham um papel primordial referente a construção do vocabulário linguistico e psicomotor, além de contribuir com a criatividade e espontaneidade. Para Aldamuz (2000) quando a criança está desenvolvendo uma atividade lúdica, ela lida com vários sentimentos de sua realidade interna, conhecendo a si e o outro, ocasionando o relacionamento social. 2.1. O JOGO COMO RECURSO PEDAGÓGICO Para Antunes (2000), por muito tempo o ensino “ correto” relacionava- se a transmissão do conhecimento em que o professor era o centro e passava o conteúdo para o aluno, esse por sua vez não tinha voz ativa e o seu interesse pela aprendizagem não era considerado, mas sim o que ele aprendeu por meio da repetição e da memorização. Atualmente o interesse do aluno é um aspecto fundamental para a aprendizagem e o seu uso deve ser planejado pelo professor. O mesmo autor também afirma que o professor, ao conduzir o seu trabalho por meio dos jogos, atua como estimulador e avaliador da aprendizagem, mas o seu trabalho deve ser planejado. Pois nada adianta o professor aplicar um jogo pedagógico sem nenhuma programação e mesmo que tenha uma programação definida, esta deve ser rigorosamente estudada e selecionada, apresentando assim, um objetivo de aprendizagem na qual o professor espera do aluno. [...] Jamais pense em usar jogos pedagógicos sem rigoroso e cuidadoso planejamento, marcado como etapas muito nítidas e que efetivamente acompanhem o progresso dos alunos, e jamais avalie sua qualidade de professor pela quantidade de jogos que emprega, mas sim pela qualidade dos jogos que se preocupa em pesquisar e selecionar (ANTUNES,2000, p.39) Com as considerações de Antunes, observa-se que o jogo como recurso pedagógico é uma ferramenta séria que que não deve ser trabalhada para passar o tempo, uma vez que o objetivo principal é 468 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF que a criança aprenda o conteúdo necessário, porém de maneira prazerosa. Antunes também aponta 4 condições para o professor trabalhar com jogos nas suas atividades com as crianças, são essas: 1- Capacidade de se construir em fator de autoestima do alunoos jogos não podem ser muito fáceis e nem muito difíceis, pois essas características causam desinteresse, quando o aluno não consegue solucionar um jogo, ele sente-se incapaz, causando a baixa estima. O professor deve selecionar os jogos que estimulem os alunos, mas que possam ser concretizados. 2- Condições psicológicas favoráveis- O professor deve estar entusiasmado e saber o papel do aluno perante o jogo e saber introduzir com cautela o momento para a sua aplicação 3- Condições ambientais- O espaço para o uso dos jogos, exige um planejamento, pois deve-se permitir a boa manipulação das peças, que devem ser bem higienizadas, assim como a mesa e o chão que o educando utiliza para a realização da atividade 4- Fundamentos técnicos- A criança ao jogar, não deve ser interrompida, pois é necessário que o jogo tenha começo, meio e fim, por esse motivo o professor deve planejar a sua aula, contando com a execução completa do jogo proposto. Com as considerações de Antunes, observa-se que o jogo como recurso pedagógico é uma ferramenta que apresenta seriedade, pois ela não deve ser trabalhada para passar o tempo, uma vez que o objetivo principal é que a criança aprenda o conteúdo necessário, porém de maneira prazerosa. 2.2. O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL O brincar é da natureza humana, pois está presente desde muito cedo em nossas vidas. É em torno de 4 meses de idade que a atividade lúdica é iniciada, pois os abjetos passam a ser símbolos para a criança. Nessa fase a criança já consegue ter o controle de seus movimentos e com a sua vista consegue coordena-los (ABERASTURY 1992). Para a autora a primeira atividade lúdica que a criança realiza é o brincar de se esconder. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 469 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Aos quatro meses a criança brinca com seu corpo e com os objetos; desaparece atrás do lençol e torna a aparecer; dessa maneira, o mundo momentaneamente se oculta e ela volta a recuperá-lo quando os seus olhos se libertam do objeto atrás do qual estava escondida. Brinca também com os olhos: fechá-los e abri-los (ABERASTURY, 2000 p. 27) Segundo Pickard (1976) uma criança de quatro anos se distrai com objetos comuns do cotidiano, ela observa atenta tudo que acontece com cada objeto que brinca. Para ela é uma fascinação quando uma bacia cai e imiti um som, é uma grande descoberta. Quando a criança brinca ela está aprendendo e se desenvolvendo, Andamuz (2000), ao tratar sobre esse desenvolvimento assevera que o entorno é de fundamental importância para um ensino desenvolvente e colaborativo e assim o educador deve promover situações de interação entre a criança e o meio planejado para o ensino. A autora diz que o brinquedo é para a criança um fator essencial para o seu desenvolvimento, por ele completar suas necessidades e, assim, deve estar inserido nas atividades da criança pequena, com as devidas intervenções e provocações, para que de fato, se tenha êxito na elaboração dos conceitos e habilidades que se tem por objetivo trabalhar e desenvolver nas crianças. Kishimoto (2011), também afirma essa ideia e aponta a representatividade do brinquedo, admite-se que o brinquedo represente certas realidades.Uma representação é algo presente no lugar de algo.Representar é corresponder alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua ausência.O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no cotidiano, a natureza e as construções.Pode-se dizer que um dos objetivos do brinquedo é dar a criança um substituto dos objetos reais, para que possa manipulá- los. (KISHIMOTO, 2011, p.20) Ainda sobre o brinquedo, a autora diz que esse, desenvolve na criança a cooperação, a imaginação, a confiança e a autoestima, aspectos essências para o desenvolvimento humano. As diversas brincadeiras na educação infantil desenvolvem nas crianças o aprendizado de forma prazerosa e significativa, pode-se utiliza-las como instrumento no ensino-aprendizagem. 470 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Os jogos e brincadeiras utilizados em situações lúdicas pelo professor, melhora a afetividade, cognição, o físico e a socialização das crianças e potencializa a construção e exploração do conhecimento. As crianças passam por três nítidos estágios em suas brincadeiras: 1) É a atividade física, denominado como sensório motor por Piaget, 2) A fantasia, que se acrescenta a atividade física, 3) O convívio com outras crianças, socialização. Considerando o brincar na Educação Infantil, é relevante a sua importância para o desenvolvimento da criança. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (2010) apontam que, as práticas pedagógicas que compõe a propostas curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e brincadeira e garantir experiências que promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança. ( BRASIL, 2010, p.25) Já que o brincar é uma necessidade da criança, (ADAMUZ et al 2000) diz que a escola tem que apresentar condições para atender as necessidades da mesma, propiciando assim o seu desenvolvimento integral. Para as autoras “Um dos objetivos da pré escola é introduzir e oportunizar as brincadeiras, brinquedos e/ou jogos para o desenvolvimento das habilidades, assim como promover autonômia e independência”.( ADAMUZ et al,2000, p.159) 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pela observação do assunto, entende-se que o papel do professor é motivar e estimular o lúdico no trabalho pedagógico, com conceitos estruturados que não sejam somente por jogos. Todo o processo de aprendizagem da criança se passa primeiramente pelo brincar, é na brincadeira que ela se desenvolve de todas as maneiras físicas e psicológicas, passando por todas suas fases de transformação da imaginação e fantasia para o pensamento significativo. Os jogos Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 471 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA possibilitam o desenvolvimento de socialização, autoconfiança, pensamento independente, senso cooperativo e a criatividade. Procuramos analisar a importância dos jogos no desenvolvimento da criança, pois as brincadeiras mudam radicalmente de uma fase para a outra, independentemente da idade, existe uma dinâmica e irresistível atração pelo jogo que traz interesse e prazer. Para que isso ocorra, devemos enxergar o mundo pelo olhar da criança, quebrando tabus e pensamentos tradicionais que temos pelos jogos e brincadeiras como uma simples distração para a crianças, ao invés de vermos que eles utilizados corretamente é de grande importância para o ensino e aprendizado das crianças em seu desenvolvimento. 4. REFERÊNCIAS ABERASTURY, Arminda. A criança e seus jogos 2.ed.Porto Alegre:Artmed,1992. ADAMUZ, Regina Célia, et al. Você gosta de brincar? Do quê? Com quem? In: Santos, Santa Marli dos.(Org.)Brinquedoteca: a criança o adulto e o lúdico.2.ed. Petropólis: Editora Vozes, 2000. ANTUNES, Celso. O jogo e o brinquedo na escola.In: Santos, Santa Marli Pires dos. (Org.) Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico.2.ed.Petropólis: Editora Vozes, 2000. ADAMUZ, Regina Célia, et al. Você gosta de brincar? Do quê? Com quem? In: Santos, Santa Marli dos.(Org.)Brinquedoteca: a criança o adulto e o lúdico.2.ed. Petropólis: Editora Vozes, 2000. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010. FRIEDMANN, Adriana. Brincar crescer e aprender: o resgate do jogo infantil. São Paulo: Moderna, 1996. NEGRINE, Airton. O lúdico no contexto da vida humana: da primeira infância à terceira idade. 2.ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. PEREIRA, Lucia Helena. Ludicidade e Arte-Educação: tecendo fios 472 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF e cores. In: PORTES, Écio Antônio (Org.). Diálogos sobre ensino, educação e cultura. Rio de Janeiro: Epapers, 2006. P. 129. PICKARD, Phyllis Marguerite. A criança aprende brincando. 1. ed. São Paulo: Ibrasa, 1976. SANTOS, Santa Marli Pires dos. Espaços lúdicos: brinquedoteca. In: ____Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico.2.ed.Petropólis: Editora Vozes, 2000. KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 14.ed.São Paulo: Cortez.2011. Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 473 Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF 474 Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 SOCIEDADE CU LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA SOCIEDADE C U LTURAL E EDUCACIONAL DE G ARÇA Anais do XIX Simpósio de Ciências Aplicadas da FAEF Normas para elaboração de artigo científico do Simpósio da FAEF Garça/SP: Editora FAEF, 2016. Vol 06 (14 vols.) - ISSN 1676-6814 475 SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE GARÇA FACULDADE DE ENSINO SUPERIOR E FORMAÇÃO INTEGRAL - FAEF Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros km 420, via de acesso a Garça, km 1, CEP 17400-000, Garça/SP www.grupofaef.edu.br / [email protected] Telefone: (14) 3407-8000