Pronunciamento Recife: O polemico Projeto Novo Recife e o Movimento #Ocupe Estelita Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados Quero registrar novamente nesta Tribuna, as minhas preocupações com os procedimentos políticos e administrativos efetivados pela Prefeitura do Recife, em relação a um grande e polemico empreendimento Imobiliário denominado ironicamente de “Projeto Novo Recife”, que é contestado por uma parte representativa da população do Recife, Por conta das criticas sociais a este questionável Empreendimento Imobiliário, capitaneado por grandes empreiteiras pernambucanas, grande embates populares e conflitos sociais violentos, ocorreram durante todo o ano de 2014. Esta região do Recife, que é uma importante área histórica do centro da cidade, conhecida como Cais Jose Estelita, foi por longos anos uma área pública, aonde funcionou por décadas, o mais importante terminal ferroviário da cidade do Recife, que pertencia a antiga RFFSA. Os movimentos sociais, tendo a frente o “Movimento Ocupe Estelita”, questionam à meses sobre possíveis irregularidades no processo de leilão publico, efetivado pela Caixa Econômica Federal- CEF, que possibilitou a aquisição desta área pública por um Consorcio Empresarial, denominado de “Novo Recife”, que teria adquirido esta área de 101 mil metros quadrados, por cerca de R$ 55 milhões de reais. Devemos ressaltar que tanto a negociação, quanto o processo de licenciamento do empreendimento estão ainda sendo contestados pela sociedade civil e fazem parte de 5 processos judiciais em curso na Justiça de Pernambuco, encaminhados pelos Ministérios Públicos, tanto federal como estadual. Este conflito se acirrou desde o inicio do ano, pois mesmo diante destes passivos judiciais, a Prefeitura do Recife chegou a autorizar a demolição de construções históricas existentes na área, obrigando diversos militantes sociais, a ocuparem esta grande área histórica, dos quais acabaram expulsos violentamente a poucos meses atrás. Diante deste impasse, a Prefeitura do Recife sinalizou a sociedade pernambucana, que poderia rever o projeto que fora aprovado, abrindo um processo de dialogo aparente com as entidades e as empresas envolvidas, mas mesmo assim, de forma pouco democrática e injustificável, manteve afastado deste processo de consulta, justamente o Movimento Ocupe Estelita, que sempre se manteve a frente das mobilizações sociais. Para completar este quadro caótico, a Prefeitura do PSB no Recife, expondo tristes práticas da velha política, voltou a atropelar mais uma vez o caminho do dialogo, ao convocar na semana passada, uma nova Audiência Publica, para que fosse apresentada a proposta de redesenho do projeto para o Cais Jose Estelita, sem que previamente a sociedade civil tomasse conhecimento da nova proposta, o que claramente prejudicaria a participação social e desrespeitava a legislação afim. Portanto, a inesperada e acintosa convocação desta Audiência Pública, foi feita sem que fossem respeitados quaisquer dos requisitos legais para a realização desta atividade, desobedecendo inclusive a própria Legislação Municipal, o que obrigou os movimentos sociais a recorrerem imediatamente a Justiça, resultando numa ação popular que obteve judicialmente, a suspensão desta fatídica Audiência Publica. O mais absurdo e contraditório, é que as construtoras por intermédio do Consorcio Novo Recife, convocaram para a véspera da Audiência Pública, uma coletiva para imprensa, na qual inclusive proibiram a participação de qualquer representante do Movimento Ocupe Estelita. Surpreendentemente, o Consorcio Empresarial apresentou nesta coletiva, um “novo desenho” de Projeto para o Cais Jose Estelita, onde ironicamente se constatou que foram mínimas as novas alterações propostas. Chegaram até mesmo a propor o aumento do numero de edifícios para a área, de 12 para 13, assim como alteraram “enormemente” a altura máxima dos edifícios-torres previstos para a área, que passariam 40 para 38 pavimentos. Destaco que o formato desta nova proposta denotou frustrações consideráveis naqueles que acreditavam que poderia surgir uma nova proposta, verdadeiramente mais próxima dos anseios socioambientais de uma parte considerável da população, que deseja um Recife mais sustentável. Diante deste cenário, quero ressaltar que já é hora da Prefeitura do Recife, compreender que diante das mobilizações e anseios sociais, por uma cidade mais democrática e ecologicamente sustentável, nenhum grande projeto urbanístico, poderá ser decidido entre quatro paredes e sem participação social, conforme inclusive já é previsto na nossa legislação. Já é hora destes requistos legais e constitucionais serem devidamente respeitados em Pernambuco. Por compreender a importância para o futuro do Recife, das mobilizações sociais que questionam o Projeto Novo Recife e pela importância política que representa o Movimento #Ocupe Estelita, na democratização das ações decisórias para o desenvolvimento urbano e ambiental do Recife, venho reafirmar novamente o meu apoio à estes movimentos sociais, assim como venho parabenizar à todos que estão na luta por um Recife mais democrático, participativo e transparente. Finalizo, solicitando ainda a Presidência desta Casa Legislativa, a divulgação deste pronunciamento na Voz do Brasil. Sala das Sessões, 12 de novembro de 2014 Deputado Fernando Ferro PT/PE