O Império Árabe O povo árabe se desenvolveu na península Arábica, uma vasta região localizada na junção dos continentes africano e asiático. Até meados do século VII, esse povo não se organizava em um Estado centralizado, mas se dividia em dezenas de tribos independentes. Cada uma delas era composta por clãs (grandes famílias) unidos em torno de um líder (o sheik), escolhido por seus membros. Cada tribo tinha o seu próprio deus e o sua própria organização social. A maior parte da população árabe era formada pelos beduínos, pastores e comerciantes nômades que viviam no deserto. Essas tribos em especial, devido à grande dificuldade de sobrevivência, se enfrentavam constantemente, travando lutas pelo controle dos oásis e praticando as razias, ou seja, os saques às outras tribos. Já os grupos tribais que se estabeleceram na região fértil do sudoeste puderam desenvolver a agricultura, tornaram-se sedentários e fundaram cidades. No final do século VI, a cidade de Meca (na atual Arábia Saudita) se tornou a mais importante delas. Era controlada pela tribo dos coraixitas, que desenvolveram um rico comércio. Além disso, Meca era também um centro de peregrinação religiosa, pois ali se encontrava a Caaba, o mais importante dos templos árabes. Esse templo, em formato de cubo, na época, abrigava os ídolos das várias tribos. Tanto os beduínos do deserto quanto os que viviam nas cidades desenvolveram um intenso comércio com as regiões vizinhas: os povos do litoral africano, os persas, os bizantinos e os judeus. Maomé e o Islã Maomé (Muhammad ibn Abdallah) nasceu em Meca, em torno de 570 d.C.. Tornou-se comerciante e, desde pequeno, conviveu com pessoas de diversas culturas. A partir de seus questionamentos sobre as diversas culturas e religiões, Maomé cria uma nova religião que se chamou Islã (ou islamismo), que em português significa “submissão”. O seguidor do Islã se chama muslin (ou muçulmano), “fiel, crente” as palavras de Allah (“O Deus”) e aos ensinamentos do profeta Maomé. A partir do momento em que Maomé enfatizou o caráter monoteísta de sua religião, os coraixitas (grupo dominante de Meca) passaram a perseguir Maomé e seus fiéis, pois não viam com bons olhos a crença no Deus único do islamismo, pois já tinham seus deuses. E também temiam a diminuição das peregrinações religiosas a Meca, assim como a redução dos lucros comerciais que elas proporcionavam. Em 622 d.C., Maomé vai para a cidade de Yatrib, onde organizou a primeira grande comunidade islâmica, que passou a se chamar Madinat al Nabî (ou Medina “cidade do profeta”). Esse episódio é conhecido como Hégira (“emigração”, “fuga”), e marca o início do calendário muçulmano. Desse momento em diante, os muçulmanos de Medina tiveram que enfrentar os ataques de diversas tribos politeístas. Uma série de batalhas se sucedeu e várias tribos foram conquistadas e convertidas ao Islã, embora muitas outras tribos tenham se convertido por vontade própria à nova religião. Em 630, Maomé, a frente de um poderoso contingente militar, conseguiu tomar Meca, pondo fim às guerras intertribais e instaurando o Estado Teocrático Árabe. A expansão do Império Árabe Maomé unificou as tribos árabes sob um único Estado baseado na religião islâmica e se tornou o primeiro chefe político e líder religioso da comunidade muçulmana (aummah). Desde então, para os árabes, a política e a religião estão interligadas. Quando Maomé faleceu, em 632, a ummah escolheu um dos sogros de Maomé, Abu Bakr, como califa (o sucessor), já que ele tinha sido um dos primeiros a se converter ao Islã. Seu governo durou entre 632-634, e foi responsável pela invasão de dois grandes impérios que cercavam a península Arábica: o Persa e o Bizantino, iniciando a conversão dos árabes que viviam dentro das fronteiras desses impérios. Outros califas que sucederam Abu Bakr continuaram a expandir os territórios árabemuçulmanos: entre 634 e 644 foi conquistando a Síria, a Palestina, o Egito e parte da Pérsia. Entre 644-656 o texto oficial do Corão foi confeccionado e as conquistas árabes ampliadas pelo norte da África e pela Ásia Menor, além de a Pérsia ter sido definitivamente dominada. Com as guerras de conquista, os califas puderam unificar ainda mais os árabes, pois canalizaram a sua cultura bélica e as razias (saques) para fora do Estado Árabe. O ideal que norteou essas conquistas é chamado de jihad, ou seja, o “esforço”, a “perseverança” dos muçulmanos na palavra de Maomé, e a necessidade de espalhála pelo mundo, mesmo que através da guerra. Apesar da resistência em aceitar a conversão, isso acabou ocorrendo, tanto pela força da guerra, quanto pela força da palavra sagrada do profeta, ou até mesmo porque o novo convertido tinha interesse em se livrar dos inúmeros impostos cobrados, pois para os povos muçulmanos, membros da aummah, o imposto era reduzido. Em 661 iniciou-se o período dinástico, chamado de Dinastia Omíadas, do império árabe-muçulmano, ou seja, os califas não seriam mais escolhidos pela ummah, pois a sucessão passaria a ser hereditária. Vários grupos muçulmanos não aceitaram o governo dinástico e se rebelaram. Estourando uma guerra civil entre os muçulmanos. Os omíadas retomaram as guerras de conquista, anexando o norte da África e a península Ibérica. Os muçulmanos tentaram penetrar na Europa, mas foram derrotados pelos francos na Batalha de Poitiers (na França, em 732). Enquanto isso, no oriente, o Paquistão e o norte da Índia caíram sob domínio muçulmano. Esse vasto império exigiu que a elite árabe dominante se reorganizasse. O mais importante órgão do governo, depois do califa, era o Shura, o conselho dos sheiks. Para o governo de cada província do império o califa nomeava um emir, como forma de centralizar o governo. Os omíadas foram derrubados e em 750 inicia-se a dinastia dos abássidas. Nessa ocasião, os árabes já eram uma minoria entre todos os muçulmanos, então o califa Abbas se cercou de uma elite composta por várias etnias e a ummah se tornou legalmente multiétnica. O período abássida é considerado como a época de maior esplendor do império árabe-muçulmano, de todas as partes do império chegavam tributos e riquezas. Entretanto, aos poucos o imenso território do império, acabou se fragmentando, e o califa não conseguiu mais manter o governo centralizado em suas mãos. Em cada província, os emires (governadores), apoiados em seus exércitos, se proclamavam independentes. A primeira província a desmembrar-se foi o Egito que, em 909, formou o Califado Fatimida. Assim, a partir de meados do século X, com o enfraquecimento do poder central, em várias regiões, as elites locais passaram a governar, de fato, as províncias que ainda compunham o império. Apesar dessas rachaduras, a queda desse poderoso império não significou o enfraquecimento da religião islâmica. Outros impérios foram criados a partir da palavra de Maomé, e até os dias de hoje ainda existem estados cuja lei se baseia no islã. Texto adaptado de TURCI, Érica. “Islamismo: O Império Árabe” e “Islamismo: O monoteísmo entre os árabes”. In: Uol Educação. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/islamismo-1-omonoteismo-entre-os-arabes.htm>. Acesso: 13 maio de 2016.