Memória de infância Tinha eu cerca de 4 anos… A minha tia chamava-me «pipoca branca», pois eu era muito gordo e extremamente branco, tal como uma pipoca. Vivíamos a época natalícia, e a minha alma estava cheia do espírito da época. O meu pai já tinha tudo preparado e estava prestes a começar a enfeitar a árvore de natal. Foi então que a vi: o objeto mais brilhante que já vira na minha vida. Era uma bola de cristal verde mais brilhante do que uma constelação de estrelas. Tentei logo alcançá-la e admirar a sua beleza, mas os meus pais não permitiram, pois era um enfeite para ser colocado na árvore. Mas eu não fiquei convencido… No dia seguinte, tive a derradeira oportunidade: o meu pai estava fora de casa e a minha mãe, na cozinha. Fui logo em direção à árvore, pensando na felicidade de poder brincar com aquela bola. Mas a bola estava fora do meu alcance, num ponto muito elevado para a minha reduzida estatura. Portanto, tive de pegar numa cadeira e colocar-me em cima dela para poder chegar ao enfeite. Todavia, o objeto estava preso na árvore e tive de fazer mais força para o libertar. A força exercida e o facto de a árvore não estar bem segura fizeram com que a árvore caísse, e eu tive de saltar da cadeira e correr pela minha vida, para evitar ficar debaixo da árvore. A minha mãe, ao ouvir os meus gritos, acorreu, pensando que algo de muito mau tinha acontecido. Viu-me a correr com cara de desespero e de culpa em direção aos seus braços. Então, abraçou-me e disse que lhe devia ter dado ouvidos. Hoje em dia, sempre que vejo uma fotografia minha daquele tempo, um sorriso nasce no meu rosto, pois recordo-me sempre desse momento e imagino um rapaz gordinho e pequeno a correr com tudo o que tem para evitar ser esmagado por uma gigantesca árvore de natal. André Medina, 10.º K