SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE DE CURITIBA HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EVANGÉLICO DE CURITIBA FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS EDUARDO WENDLER ANÁLISE MORFOMÉTRICA E IMUNOISTOQUÍMICA DA MUCOSA DO JEJUNO EXCLUSO, ÍLEO TERMINAL E CÓLON ASCENDENTE APÓS DERIVAÇÃO JEJUNOJEJUNAL. ESTUDO EM RATOS Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Princípios em Cirurgia do Instituto de Pesquisas Médicas da Faculdade Evangélica do Paraná como requisito parcial à obtenção do grau acadêmico de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Paulo Afonso Nunes Nassif Coordenador: Prof.Dr.Osvaldo Malafaia CURITIBA 2012 Aos meus páis, Luiz Ernesto Wendler e Rosane Boutin Wendler, e à meu irmão, Guilherme Wendler, pelo amor e dedicação que sempre me transmitiram, pelos olhares atenciosos que continuam me acompanhando e me encorajando até os dias de hoje. AGRADECIMENTOS A DEUS pois até aqui me ajudou o senhor me dando vida, saúde, proteção, oportunidades e orientações. A Ele devo todos os momentos que já vivi. Ao Prof. Dr. Paulo Afonso Nunes Nassif, a quem posso chamar de tio e orientador, pela amizade, pelo incentivo, paciência e compreensão na confecção desta dissertação. Muito obrigado. A sua imensa dedicação profissional foi o que motivou esse estudo. E tenho certeza que iremos compartilhar novos desafios, sonhos e alegrias. Ao Prof. Dr. Osvaldo Malafaia, coordenador do Programa Pós-Graduação em Princípios da Cirurgia e grande incentivador no crescimento acadêmico e profissional. Muito obrigado pela confiança. À Prof. Dra. Denise Serpa Bopp Nassif, pela grande amizade, pela paciência, pelos aconselhamentos, pelas correções e pela maravilhosa hospitalidade durante vários dias até o término deste trabalho. Meu muito obrigado. Aos Profs. Drs. Nicolau Gregori Czeczko e Jurandir Marcondes Ribas Filho, integrantes do colegiado deste programa de Pós-graduação. Ao Dr. Antonio de Pádua Gomes da Silva, pelas análises histológicas, além da forma atenciosa, companheira e sincera com que participou desta dissertação. À Dra. Carmen Austrália Paredes Marcondes Ribas, pela sua cooperação e apoio ao longo do caminho. À Márcia Olandoski Erbano, pela ajuda imprescindível durante as análises estatísticas. À Franciele Viezzer Chicora, pelo apoio, compreensão, carinho e constante ajuda quando solicitada. Ao novo amigo Bruno Luiz Ariede, sempre disposto, dedicado e incansável. Suas inúmeras ajudas foram indispensáveis desde o início até a conclusão desta dissertação. Ao amigo João Brito de Freitas, disponível em todos os momentos em que precisei fazendo o possível para facilitar esta caminhada. À todos os professores que lecionaram neste período. Muito Obrigado. Ao Instituto de Pesquisas Médicas (IPEM), pela oportunidade de realização da etapa experimental desta dissertação. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Tecnológico (CNPq), pelo apoio desta. E a todos que direta ou indiretamente participaram desta tese. "Nunca se afaste de seus sonhos, pois se eles se forem, você continuara vivendo, mas terá deixado de existir". Charles Chaplin RESUMO As derivações intestinais revolucionaram o tratamento da obesidade mórbida, pela sua viabilidade e resposta sustentada. Porém, estudos experimentais, sugerem após estas derivações um aumento do risco de câncer de cólon devido ao aumento do tamanho e da proliferação das criptas intestinais. OBJETIVOS: O presente estudo tem como objetivo analisar após derivação jejunojejunal: a morfometria do jejuno e íleo, avaliando a espessura da mucosa, altura dos vilos e profundidade das criptas. A morfometria do cólon ascendente avaliando a espessura da mucosa. A expressão dos marcadores Ki-67 e p53 mediante técnica de imunoistoquímica no jejuno, íleo e cólon ascendente. MÉTODOS: Foram utilizados 24 ratos Wistar machos divididos em dois grupos, controle e experimento, de 12 animais, separados em grupos de quatro animais e acomodados em três gaiolas. Realizou-se derivação jejunojejunal através da anastomose latero-lateral entre o segmento a 10 cm do ângulo de Treitz com o segmento do jejuno localizado a 60 cm da válvula ileocecal. Os ratos do Grupo Controle não foram submetidos a procedimento operatório. A morte dos animais foi realizada 9 semanas após o procedimento, onde procedeu-se a ressecção segmentar do jejuno excluso, íleo terminal e cólon ascendente avaliando a morfometria desses segmentos pela espessura da mucosa, altura dos vilos, profundidade das criptas e a expressão do Ki-67 e p53 pela imunoistoquímica. Para a comparação entre os grupos experimento e controle, foi considerado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney RESULTADOS: Foram encontradas diferenças significativas entre os grupos experimento e controle em relação a espessura da mucosa no jejuno (p=0,011), no íleo (p<0,001) e no cólon (p=0,027). A média no grupo experimento é maior do que a média no grupo controle. Existe diferença significativa entre os grupos também em relação à altura dos vilos no íleo (p<0,001) e profundidade das criptas no jejuno (p<0,001). Em ambas as variáveis, a média no grupo experimento é maior do que a média no grupo controle. Os resultados indicaram que existe diferença significativa entre os grupos em relação à expressão do Ki-67 no cólon (p < 0,001). Houve uma expressão média maior do grupo controle do que no grupo experimento (médias 49,67 e 40,92, respectivamente). Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos em relação à expressão do Ki-67 no jejuno e no íleo. Na avaliação do P53, foi encontrada coloração nuclear negativa em todos os casos. CONCLUSÕES: No jejuno a espessura da mucosa e a profundidade das criptas, foi maior no grupo experimento do que no grupo controle, apresentando significância estatística. No íleo, a espessura da mucosa e a altura dos vilos, foi maior no grupo experimento do que no grupo controle, apresentando significância estatística. No cólon ascendente, a espessura da mucosa foi maior no grupo experimento do que no grupo controle, apresentando diferença estatística. A expressão do Ki-67 não apresentou diferenças significativas entre os grupos controle e experimento no jejuno e no íleo. No cólon ascendente a expressão do Ki-67 foi maior no grupo controle do que no grupo experimento, com significância estatística. A expressão do p53 foi negativa em todos os casos Descritores: Derivação Jejuno-Ileal. Proteína Supressora de Tumor p53. Antígeno Ki-67. Obesidade. Derivação Gástrica ABSTRACT Key-Words: Jejunoileal Bypass. Tumor Suppressor Protein p53. Ki-67 Antigen. Obesity. Gastric Bypass. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 -! A) TRICOTOMIA DO ANIMAL; B) CAMPO DELIMITANDO O ABDOMEN DO ANIMAL!.......................................................................32 FIGURA 2 -! INCISÃO ABDOMINAL MEDIANA (3 CM DE EXTENSÃO)!..................33 FIGURA 3 -! EXPOSIÇÃO DAS ALÇAS INTESTINAIS!............................................33 FIGURA 4 -! DERIVAÇÃO JEJUNOJEJUNAL ATRAVÉS DA ANASTOMOSE LATERO-LATERAL !..............................................................................34 FIGURA 5 - ! SÍNTESE DA PAREDE ABDOMINAL !...................................................34 FIGURA 6 -! RE-LAPAROTOMIA COM EXPOSIÇÃO DAS ALÇAS INTESTINAIS!..36 FIGURA 7 -! RESSECÇÃO SEGMENTAR DO INTESTINO!.....................................37 FIGURA 8 -! ANÁLISE MORFOMÉTRICA PELA COLORAÇÃO HEMATOXILINA E EOSINA!................................................................................................38 FIGURA 9 -! ANÁLISE IMUNOISTOQUIMICA PARA P53 DO ÍLEO TERMINAL!......39 FIGURA 10 -!A N Á L I S E I M U N O I S TO Q U I M I C A PA R A K I - 6 7 D O C Ó L O N ASCENDENTE!.....................................................................................39 FIGURA 11 -!COLORAÇÃO DE HEMATOXILINA E EOSINA !...................................42 FIGURA 12 -!COLORAÇÃO DE HEMATOXILINA E EOSINA !...................................44 FIGURA 13 -!COLORAÇÃO DE HEMATOXILINA E EOSINA !...................................45 FIGURA 14 -!IMUNOISTOQUÍMICA DE KI-67!...........................................................47 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DA MUCOSA DO JEJUNO, NO ÍLEO E NO CÓLON NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE .................42 GRÁFICO 2 - AVALIAÇÃO DA ALTURA DOS VILOS DO JEJUNO E DO ÍLEO NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE ...........................................43 GRÁFICO 3 - AVALIAÇÃO DA PROFUNDIDADE DAS CRÍPTAS DO JEJUNO E DO ÍLEO NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE ............................45 GRÁFICO 4 - EXPRESSÃO DO KI-67 DO JEJUNO, DO ÍLEO E DO CÓLON NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE ...........................................46 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DA MUCOSA DO JEJUNO, NO ÍLEO E NO CÓLON NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE ...................41 TABELA 2 - AVALIAÇÃO DA ALTURA DOS VILOS DO JEJUNO E DO ÍLEO NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE .............................................43 TABELA 3 - AVALIAÇÃO DA PROFUNDIDADE DAS CRIPTAS DO JEJUNO E DO ÍLEO NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE ..............................44 TABELA 4 - EXPRESSÃO DO KI-67 DO JEJUNO, DO ÍLEO E DO CÓLON NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE .............................................46 LISTA DE SÍMBOLOS / ABREVIATURAS SUS Sistema Único de Saúde DNA Ácido Desoxirribonucleico RNA Ácido Ribonucleico HE Hematoxilina e eosina HLA Antígeno Leucocitário humano PCNA Antígeno Nuclear de Proliferação Celular Ki-67 Marcador de Proliferação Celular p53 Proteína 53 GLP-1 Glucagon-like peptide-1 GLP-2 Glucagon-like peptide-2 PYY Polipeptídeo Y GIST Gastrointestinal stromal tumor MIB-1 Primeiro Anticorpo Monoclonal IMC Índice de Massa Corpóreal SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO !........................................................................................................14 1.1 OBJETIVO !...........................................................................................................16 2 REVISÃO DA LITERATURA !..................................................................................18 3 MATERIAL E MÉTODO !..........................................................................................31 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO!..........................................................................31 3.2 AMOSTRA E ANIMAIS DE EXPERIMENTAÇÃO!................................................31 3.3 PREPARO DOS ANIMAIS!...................................................................................31 3.4 PROCEDIMENTO ANESTÉSICO!........................................................................31 3.5 PROCEDIMENTO OPERATÓRIO!.......................................................................32 3.6 PÓS-OPERATÓRIO!.............................................................................................35 3.7 MORTE DOS ANIMAIS!........................................................................................35 3.8 ANÁLISE PÓS-OPERATÓRIA !.............................................................................35 3.8.1 Grupo Experimento!...........................................................................................35 3.8.2 Grupo Controle!..................................................................................................37 3.9 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA !...............................................................................37 3.10 METODOLOGIA ESTATÍSTICA!.........................................................................40 4 RESULTADOS !........................................................................................................41 4.1 VARIÁVEIS: ESPESSURA DA MUCOSA, ALTURA DOS VILOS E PROFUNDIDADE DE CRIPTAS!................................................................................41 4.1.1 Espessura da mucosa!.......................................................................................41 4.1.2 Altura dos vilos!..................................................................................................43 4.1.3 Profundidade das criptas!..................................................................................44 4.2 KI-67 - COMPARAÇÃO ENTRE EXPERIMENTO E CONTROLE!.......................45 5 DISCUSSÃO !..........................................................................................................48 5.1 PERSPECTIVAS FUTURAS!................................................................................52 6 CONCLUSÕES !......................................................................................................53 REFERÊNCIAS !.........................................................................................................54 ANEXO!......................................................................................................................59 APÊNDICES !..............................................................................................................60 14 1 INTRODUÇÃO Durante séculos, a obesidade foi vista como sinônimo de beleza, bem estar físico, riqueza e poder. Hoje ela é considerada um problema de saúde pública, devido ao seu impacto na expectativa média de vida (DÂMASO, 2003). Definida, segundo a Organização Mundial de Saúde (1998), como “Doença na qual o excesso de gordura corporal se acumulou a tal ponto que a saúde pode ser afetada”, a obesidade já é considerada a principal causa de morte evitável, ao lado do tabaco. No mundo há mais de um bilhão de adultos com sobrepeso, sendo que entre estes, pelo menos 300 milhões são obesos. A obesidade já é responsável por até 7% dos custos de assistência a saúde em alguns países desenvolvidos, mas estimase que estes valores sejam ainda maiores, já que geralmente nem todas as condições relacionadas a obesidade são abrangidas nestes cálculos (LANCHA, 2006). A cirurgia de obesidade proporciona perda do peso através de métodos restritivos (nos quais é realizada uma redução na capacidade gástrica), disabsortivos (nos quais se realiza uma redução na área absortiva do intestino delgado), ou através de uma associação de ambos. Levantamento do Ministério da Saúde mostra que aumentou em 542% a oferta de cirurgia bariátrica nos hospitais vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). O cálculo tomou por base o ano de 2001, data em que o procedimento começou a ser realizado na rede pública, e quando somente 497 cirurgias foram feitas em todo o país e em 2008 foram 3.195 procedimentos. No ano 2002-2003, 146.301 cirurgias para obesidade foram realizadas em 31 nações pertencentes à Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade, ou grupos nacionais, mais a Suécia. Destas cirurgias, 69,96% ofereceram algum componente disabsortivo aos pacientes (BUCHWALD e WILLIAMS, 2004). As derivações intestinais revolucionaram o tratamento da obesidade mórbida, pela sua viabilidade e resposta sustentada. Porém, estudos experimentais, sugerem após estas derivações um aumento do risco de câncer de cólon devido ao aumento do tamanho e da proliferação das criptas intestinais. A redução cirúrgica na área absortiva intestinal produz hiperplasia compensatória do intestino remanescente, a qual é proporcional à extensão do segmento removido. Os eventos subjacentes a esta resposta têm sido em sua maioria estudados no intestino de 15 ratos (nos quais a enterectomia parcial aumenta a carcinogênese colorretal), mas o fenômeno da adaptação intestinal por certo ocorre no homem (BRISTOL, WELLS e WILLIAMSON, 1984). Procedimentos disabsortivos permitem que uma quantidade maior de secreção biliopancreática, que normalmente seria reabsorvida pelo intestino delgado, atinja o intestino grosso (SYLVAN, SJOLUND, JANUNGER, RUTEGARD, STENLING e ROOS, 1992). O Ki-67 é um antígeno marcador do ciclo e crescimento celular, o qual pode ser detectado por meio imunoistoquímico, estando presente somente no núcleo e em regiões perinucleares (BACCHI; GOWN, 1993). Os primeiros a realizarem estudos foram GERDES et al. (1993), produzindo o primeiro anticorpo monoclonal (MIB-1), inicialmente testado em tecidos congelados ou centrifugados de células de HodgKin e Reed-Sternberg. NUSSRAT et al. (2011) avaliaram a importância da expressão p53 e Ki-67 como marcadores imunoistoquímicos na detecção precoce de alterações prémalignas em diferentes tipos de adenomas colorretais. SOUSA et al. (2012) avaliaram a expressão das proteínas p53 e Ki-67 em adenomas colorretais, suas relações com características clinicopatológicas e a relação entre as duas proteínas. A expressão de p53 foi maior nos adenomas com alto grau de displasia. A expressão de Ki-67 foi maior nos adenomas retais e com alto grau de displasia. Os efeitos dos ácidos biliares sobre a carcinogênese no intestino grosso incluem: perda do epitélio de superfície colônico, dano do DNA, aumento da atividade da ornitina decarboxilase, supressão da expressão dos genes HLA, ativação da proteíno-quinase C, aumento da permeabilidade da membrana celular, controle do gene de transcrição (gadd 153), indução da apoptose e inibição da polimerase ß do DNA. Outro efeito importante dos ácidos biliares é a indução da proliferação celular, a qual desempenha um papel crítico na carcinogênese dos cólons (KOZONI, TSIOULIAS, SHIFF e RIGAS, 2000). Dietas enriquecidas com sais biliares e gordura influenciam positivamente na taxa de expressão do antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA), refletindo efeito estimulatório direto destes elementos sobre os colonócitos (BARONE, BERLOCO, LADISA, IERARDI, CARUSO, VALENTINI, NOTARNICOLA e FRANCAVILLA, 2002). A taxa de proliferação de células crípticas colônicas 16 encontra-se aumentada em pacientes submetidos a derivação jejunoileal para o tratamento de obesidade (APPLETON, WHEELER, AL-MUFTI, CHALLACOMBE e WILLIAMSON , 1988). A despeito da clara demonstração de que um aumento na concentração fecal de sais biliares pode aumentar a proliferação dos colonócitos, é ainda controversa qual a magnitude da alteração metabólica destas células após cirurgias disabsortivas. Ratos Sprague-Dawley submetidos à derivação jejunoileal de 85% e a análise da profundidade das criptas demonstraram que no terço médio dos cólons a profundidade delas era de 33% maior após a derivação. No terço distal as criptas foram 25% mais profundas e após a derivação observaram que as células criptais no terço médio do intestino grosso dobraram e no terço distal triplicaram. Os dados demonstram aumento sustentável e substancial na taxa de proliferação celular e adaptação do intestino grosso após a derivação jejunoileal (BRISTOL et al. 1984). Estes achados podem influenciar diretamente a prática cirúrgica contemporânea. Tendo como dados a hiperplasia colônica decorrente deste conjunto de procedimentos, um grande número de pacientes jovens e de meia-idade pode estar em risco de desenvolvimento de câncer do intestino grosso. O adenocarcinoma colorretal é a segunda causa de morte por câncer nos países ocidentais (MCARDLE e HOLE, 2004) e uma das neoplasias malignas mais diagnosticadas nos Estados Unidos (CENTER OF DISEASES CONTROL, 2006). Epidemiologicamente o estudo em modelos animais sugerem após as derivações jejunoileais um aumento do risco de câncer de cólon, devido ao aumento da inibição da apoptose, hiperproliferação das células criptais resultando na hiperplasia das criptas (De VOGEL et al. 2008) 1.1 OBJETIVO O presente estudo tem como objetivo analisar após derivação jejunojejunal: 1 - A morfometria do jejuno avaliando a espessura da mucosa, altura dos vilos e profundidade das criptas. 2 - A morfometria do íleo avaliando a espessura da mucosa, altura dos vilos e profundidade das criptas. 17 3 - A morfometria do cólon ascendente avaliando a espessura da mucosa. 4 - A expressão dos marcadores Ki-67 mediante técnica de imunoistoquímica no jejuno, íleo e cólon ascendente 5 - A expressão do p53 mediante técnica de imunoistoquímica no jejuno, íleo e cólon ascendente. 18 2 REVISÃO DA LITERATURA KREMEN, LINNER e NELSON (1954) foram os primeiros autores a publicar os efeitos da utilização da derivação jejunoileal em cães como meio capaz de reduzir o peso corporal. Realizaram uma série de experimentos e avaliaram a perda de peso, quando se excluíram 50% do intestino delgado proximal ou distal do trato gastrointestinal, e o trânsito foi refeito mediante anastomoses jejunoileal ou jejunocolônica. Derivou-se para a pele o segmento excluído, evitando-se assim, ressecções. Os resultados demonstraram que os cães apresentaram significativa perda de peso, e que a manutenção da válvula ileocecal era associada a menor perda de peso corporal. Posteriormente, esse cirurgia ficou conhecido como bypass jejunoileal e, após modificações, começou a ser utilizado em seres humanos (PAYNE, DEWIND e COMMS, 1963). WILLIAMSON, et al. (1978) avaliaram o aumento de neoplasia intestinal pela hiperplasia mucosa compensatória causada por ressecção da metade proximal do intestino delgado de ratos, 10 dias após a última de 16 injeções semanais de uma substância indutora de câncer chamada azoximetano. A aplicação isolada deste carcinógeno foi capaz de aumentar os conteúdos intestinais tanto de RNA quanto de DNA em 26%, em 17 a 18 semanas, antes que houvesse evidência macroscópica de neoplasia. Três meses após a ressecção de intestino delgado proximal, a hiperplasia ileal foi caracterizada por aumentos na quantidade de RNA (42% para 76%) e de DNA (68% para 95%), vilosidades mais altas, criptas mais profundas, e dilatação luminal; contudo o cólon demonstrou somente hiperplasia irregular. Concluíram que a combinação dos efeitos do azoximetano com a ressecção da metade proximal do intestino delgado produzia um número aumentado de tumores colônicos por animal (2,9 versus 1,6 para controles). A despeito desta hiperplasia intensa produzida pela ressecção, a neoplasia ileal não ocorreu. No mesmo ano, para determinar as contribuições relativas da bile e do suco pancreático sobre hiperplasia intestinal adaptativa, WILLIAMSON, BAUER, ROSS e MALT, estudaram a proliferação celular da mucosa ileal de ratos após exposição direta de bile isolada ou de efluente biliopancreático combinado ao intestino delgado. A bile foi desviada através de canulação do colédoco acima do pâncreas. As 19 secreções biliopancreáticas foram derivadas através de um segmento duodenal transposto contendo a papila. A derivação de bile ao intestino delgado com e sem o suco pancreático causou aumentos similares nos conteúdos de RNA (16% para 50%) e DNA (22% para 41%) tanto 48horas quanto 1 semana após a cirurgia. A atividade específica do DNA após a injeção de timidina tritiada (um marcador de proliferação celular) foi maior após a derivação do efluente combinado. Após 1 mês os conteúdos de ácidos nucléicos no íleo proximal após derivação biliopancreática eram de 37% a 59% mais altos que após transecção ou derivação biliar (p<0,005). Da mesma forma, após derivação biliar a altura das vilosidades e a profundidade das criptas eram aumentadas somente na primeira semana, mas após a derivação de ambas as secreções os aumentos foram encontrados em 1 semana e 1 mês. Eles concluíram que altas concentrações luminais de bile causam proliferação celular transitória na mucosa ileal, mas que a presença adicional de suco pancreático prolonga a resposta adaptativa. WILLIAMSON, et al. (1979) estudaram os efeitos da derivação biliopancreática para o intestino delgado sobre o número e a distribuição de tumores em ratos induzidos por azoximetano. Sete meses após a derivação biliopancreática, hiperplasia ileal persistente foi manifestada tanto por altos níveis de RNA quanto de DNA mucoso comparado com controles (34% contra 102% : p<0,001). A derivação biliopancreática duplicou a incidência de tumores colônicos. Eles concluíram que a potencialização de neoplasias colônicas pela derivação biliopancreática provavelmente depende da estimulação da proliferação da mucosa colônica. SCOPINARO, et al. (1979) em um estudo em humanos, realizaram a ressecção de 50% do estômago, divisão do intestino delgado em sua metade, anastomose do segmento distal com o estômago através de gastrojejunoanastomose e anastomose do segmento proximal ao íleo terminal, a 50 cm da válvula ileocecal. Constituíram assim um segmento alimentar de 200 cm e um segmento comum de 50 cm, para trânsito do bolo alimentar e das secreções biliopancreáticas. Com esse procedimento induziu-se elevado grau de disabsorção, permitindo, entretanto, maior absorção de sais biliares, menor quantidade de distúrbios hidroeletrolíticos e sintomas associados à síndrome da alça cega relacionados à derivação jejunoileal. 20 TILSON e LIVSTONE (1980) avaliaram a cinética celular dos intestinos delgado e grosso no período pós-operatório imediato no rato, após ressecção de 50% da porção média do intestino delgado. Uma resposta proliferativa foi evidente no cólon com apenas 24 horas, indicando que a hiperplasia adaptativa se inicia em fases precoces no intestino remanescente após ressecção parcial. SCUDAMORE e FREEMAN (1983) estudaram os efeitos de várias cirurgias realizadas no intestino delgado (secção, ressecção, ou bypass) sobre a neoplasia intestinal de ratos induzidos com o carcinógeno 1,2-dimetilhidrazina (um precursor do azoximetano). Todos os ratos receberam injeções subcutâneas semanais de dihidroclorito de dimetilhidrazina durante 14 semanas. O grupo 1 não sofreu cirurgia alguma e serviu como controle. Realizaram transsecção do intestino delgado a 5 cm da junção duodenojejunal, seguida de anastomose simples (grupo 2), ressecção de intestino delgado com remoção do intestino proximal a um ponto localizado a 35% da junção ileocecal seguido de anastomose término-terminal primária (grupo 3), e bypass realizado com o jejuno proximal anastomosado ao íleo em um ponto 35 cm proximal à junção ileocecal, seguido da criação de uma alça cega de jejunoíleo (grupo 4). Seis semanas após a cirurgia, os animais foram sacrificados, e a distribuição, tamanho e incidência de tumores nos intestinos delgado e grosso foram registradas. Os cólons dos ratos dos grupos 3 (ressecção) e 4 (bypass) apresentaram mais tumores (82% de cada grupo), que os cólons dos ratos dos grupos 1 (controle) e 2 (transsecção) (60% e 53% respectivamente). BRISTOL, WELLS e WILLIAMSON (1984) submeteram ratos SpragueDawley a bypass jejunoileal de 85% após indução de carcinogênese através do uso de azoximetano. A produção de tumores nos cólons destes ratos foi comparada com a de um grupo controle no qual foi realizada uma ileotomia com rafia e uma secção no jejuno com anastomose primária. Todos os ratos que receberam azoximetano desenvolveram no mínimo um tumor colorretal. Após bypass jejuonoileal, a média da produção de tumores aumentou de 3 para 8 (p<0,01). Neste mesmo estudo, um grupo de ratos não recebeu azoximetano, sendo submetido a análise da taxa de produção de células crípticas (através da captura de metáfases com vincristina), e à análise da profundidade das criptas. No terço médio do colorreto a profundidade das criptas era de 33% maior após a derivação jejunoileal. No terço distal as criptas eram 25% mais profundas. A taxa de produção de células crípticas mais que 21 duplicou no terço médio do intestino grosso e triplicou no terço distal. Os autores concluíram que os dados demonstram um aumento sustentado e substancial na taxa de proliferação celular após a derivação jejunoileal. MAC FARLAND, et al. (1987) realizaram biópsias por colonoscopia em 38 pacientes, 10 a 13 anos após a realização de bypass jejunoileal. Nenhuma displasia significante ou alterações pré-malignas foram observadas em 371 biópsias. Em um paciente dois adenomas tubulovilosos foram encontrados em um cólon normal sob outros aspectos, o qual é provável ser um achado casual. Os autores, apesar de reconhecer que mais 10 a 20 anos seriam necessários para estabelecer definitivamente a relação entre o bypass jejunoileal e o risco aumentado de câncer do intestino grosso em humanos, desaconselharam a vigilância colonoscópica regular. HALL e LEVISON, (1990) identificaram que a atividade proliferativa celular no tipo eucarionte pode ser realizada por contagem microscópica das mitoses, pela medida do conteúdo de DNA nuclear e identificação imunoistoquímica de proteínas. As mais comumente utilizadas são o Ki-67 e PCNA (antígenos nuclear de proliferação celular). Este último representa proteínas ciclinas do ciclo celular, componentes da DNA-polimerase. HALL e LEVISON, (1990) verificaram que a proliferação celular é processo biológico normal e fundamental. Muitos tecidos normais são ativamente proliferativos, como por exemplo centros germinativos, epitélio colônico e epitélio das criptas do intestino delgado. A interpretação dos índices de proliferação celular deve ser avaliado no contexto do conhecimento da natureza do tecido normal. Vários métodos são utilizados para avaliar e quantificar a proliferação celular no material histopatológico. SEIGNEURIN e GUILLAUD, (1991) verificaram que no ciclo celular, ocorre variação de expressão segundo a fase. Tanto a quantidade quanto a distribuição do antígeno é característica para estabelecer o exato ponto do ciclo em cada grupo celular. Da fase G1 para a M, a quantidade de expressão aumenta progressivamente, sendo de localização nucleolar, durante a fase G1 e nucleolar e carioplasmática na fase G2. Ela é largamente utilizada para estimar fração de crescimento de população celular. Em muitos tecidos malignos a porcentagem de positividade celular do antígeno é correlacionada com parâmetros que refletem 22 agressividade ou progressão. Com todas estas características biológicas que possui, o antígeno Ki-67 é forte aliado, e com grande potencial futuro, para estudos da cinética proliferativa tumoral, apesar de sua estrutura bioquímica não ter função completamente elucidada até o momento. SYLVAN, et al. (1992) analisaram biopsias colonoscópicas múltiplas de 30 mulheres submetidas, de 11 a 17 anos antes, à derivação jejunoileal para obesidade mórbida. Utilizando-se de avaliação da histologia e da citometria de fluxo do DNA, em somente um paciente foi detectado displasia de baixo grau em uma lesão adenomatosa inicial, que não era visível macroscopicamente. Nenhuma aneuploidia de DNA foi observada. Dentro destes 17 anos de pós-operatório, não foi possivel verificar por estes métodos qualquer transformação maligna colorretal em pacientes submetidos à derivação jejunoileal. Os autores concluem que, sabendo-se que a carcinogênese é um processo de longa evolução, vigilância adicional seria necessária antes que o risco aumentado para o carcinoma colorretal pudesse ser excluído. BACCHI e GOWN (1993) verificaram a presença do antígeno Ki-67 em células tumorais de algumas neoplasias malignas selecionadas. Só posteriormente com a introdução do anticorpo MIB-1, passou a ser empregado em tecidos formolizados e incluídos em blocos de parafina. VIGUERAS et al. (1999) estudaram as características histológicas da mucosa intestinal de ratos durante o primeiro ano de vida. Foi realizado estudo em 69 ratos Wistar com idade variando de 1 dia a 1 ano de vida. As características do estudo incluem: altura e números dos vilos no duodeno, jejuno e íleo e a profundidade e números das criptas, no duodeno, jejuno, íleo, cólon e reto. Observações morfométricas foram expressadas em curva logarítmica matemática que mostrou padrão normal para crescimento intestinal para cada nível do intestino. O número de vilos no intestino delgado diminuiu do 1° ao 35° dia de idade onde todos os outros parâmetros intestinais aumentaram durante o mesmo período. Depois de 35 dias os ratos tiveram diminuição ou aumento menores. A quantificação das mudanças intestinais promoveram um novo padrão complementar como referência para pesquisas de indicações de normalidade de funcionamento de ratos. BARONE, et al. (2002), estudaram a proliferação de colonócitos de ratos alimentados com dietas enriquecidas com sais biliares ou gordura através da 23 imunorreatividade ao PCNA. Quando comparados à dieta padrão, as dietas enriquecidas com ácido quenodesoxicólico, ácido desoxicólico (ambos componentes da bile) e com gordura produziram um aumento significante tanto na concentração total de sais biliares na água fecal quanto na percentagem de núcleos PCNApositivos, ambos com significância estatística. Os animais que ingeriram os ácidos quenodesoxicólico e desoxicólico demonstraram histologia colônica e atividade citolítica das fezes similar aos controles, com um índice apoptótico significativamente reduzido. Concluíram que os resultados obtidos demonstram que os sais biliares agem como mitógenos diretos nas células epiteliais dos cólons. MILOVIC, et al. (2002), investigaram os efeitos dos sais biliares na proliferação e apoptose nas células de neoplasias colônicas, as quais foram expostas a concentrações crescentes do ácido desoxicólico. A proliferação foi avaliada pela contagem celular e a apoptose pela estimativa da percentagem de sobrevivência celular e investigação da morfologia nuclear. Como resultados, quando a concentração atingia até 20 micrômetros, o ácido desoxicólico estimulou o crescimento das células tumorais humanas. Em concentrações acima de 100 micrômetros, o ácido desoxicólico induziu apoptose nestas células. Como conclusão, afirmam os autores que baixas doses de ácido desoxicólico estimulam a proliferação das células cancerosas humanas, enquanto concentrações superiores a 100 micromol por litro deste ácido biliar secundário induz apoptose nestas células. Ressaltam ainda que o desoxicolato pode favorecer a possibilidade de transformação maligna através do aumento da renovação celular epitelial no colon. RIBEIRO et al. (2004) estudaram o efeito da administração de dieta com glutamina, em ratos submetidos à ressecção subtotal do intestino delgado, avaliando a perda de peso pós-operatória e a morfometria da mucosa intestinal. Foram constituídos três grupos de ratos Wistar machos recebendo as seguintes dietas: com glutamina (grupo EG), sem glutamina (grupo EsG), e a dieta padrão do laboratório (grupo ER). A ressecção intestinal foi realizada em todos os animais incluindo-se a válvula íleocecal, com remanescente jejunal de apenas 25cm a partir do piloro, anastomosado látero-lateralmente ao cólon ascendente. A perda de peso entre os três grupos não diferiu estatisticamente. A análise da morfometria da mucosa intestinal mostrou diferença significativa: 1) animais do grupo Enterectomia com Glutamina (EG) apresentaram vilosidade duodenal significativamente maior que o 24 grupo EsG (p< 0,05), mas não diferiram do grupo que recebeu dieta padrão do laboratório (ER); 2) nas medidas da vilosidade jejunal, cripta jejunal e mucosa jejunal, o grupo Enterectomia com Glutamina (EG) apresentou maior altura, profundidade e extensão, respectivamente, em relação ao grupo Enterectomia sem glutamina (EsG) (p<0,05), porém não diferiu estatisticamente do grupo dieta padrão do laboratório (ER). TRZEBICKY (1804), citado por RAMOS (2004), realizou o primeiro estudo experimental demonstrando a importância do intestino delgado para a absorção de nutrientes. Esse pesquisador demonstrou que procedimentos envolvendo ressecções jejunais são associados a maior perda de peso corporal e a alterações nutricionais que ressecções ileais. AZEVEDO et al. (2007) analisaram seis animais (Rattus norvegicus com 90 dias de idade) divididos em dois grupos: GC (grupo controle) e GE (grupo experimental). Os animais do GC receberam ração com teor protéico de 26% e os do GE ração com 4% de proteínas. Após 90 dias de experimento, os animais foram submetidos à eutanásia, à retirada do íleo e a processos histológicos corados por hematoxilina e eosina (HE), quando se avaliaram os efeitos da desnutrição protéica severa (4%) sobre ratos Wistar adultos (Rattus norvegicus) nos seguintes parâmetros: peso corporal; parede total do íleo; túnica mucosa; túnica muscular; altura do enterócito; diâmetro maior nuclear. A análise histomorfométrica da parede total do íleo dos ratos adultos desnutridos evidenciou que houve uma redução estatisticamente significante no grupo experimental em relação ao grupo controle. Ou seja: a parede intestinal alterou-se como um todo, especialmente na espessura da túnica mucosa, muscular, altura do enterócito e diâmetro maior de seu núcleo, permitindo-se concluir que a desnutrição protéica afeta tecidos de alta e baixa renovação celular presente no íleo. MARTINEZ et al. (2008) Estudaram 100 doentes (54 mulheres), com média de idade de 59,8 anos com adenocarcinoma colorretal. A expressão da proteína p53 foi analisada por imunoistoquímica, com anticorpo monoclonal anti-p53 pela técnica da estreptavidi na-biotina-peroxidase. A expressão tecidual da proteína p53 foi relacionada as variáveis: gênero, idade, grau histológico, tipo histológico, tamanho do tumor, estadiamento TNM, profundidade de invasão da parede intestinal, comprometimento linfonodal, invasão angiolinfática, localização do tumor no 25 intestino grosso em relação entre expressão da proteína p53 e as variáveis consideradas empregou-se o teste qui-quadrado, estabelecendo-se nível de significância de 5% (p<0,05). A proteína p53 foi positiva em 77% dos casos. Com relação as diferentes variáveis consideradas verificou-se maior tendência de expressão da proteína mutante quando se considerava a idade (p=0,001), grau histológico (p=0,001), estádio tardio da classificação TNM (p=0,001), maior profundidade de invasão na parede cólica (p=0,001), comprometimento (p=0,001), invasão angliolinfática (p=0,2), localização após flexura esplênica (p=0,001), não se encontrando relação com gênero (p=0,49), e tamanho do tumor (p=0,08). Os resultados do presente estudo permitem concluir que a expressão da proteína p53 mutante ocorre com maior frequência nos tumores localizados a partir da flexura esplênica. VERNILO et al. (2008) realizaram estudo imunoistoquímico para investigar a da expressão do p53 e Ki-67 em adenomas coloretais, afim de esclarecer o valor significativo de malignidade e desenvolvimento de novos pólipos intestinais. 78 pólipos foram removidos de 51 pacientes e examinados. 29 pacientes (56,9%) tinham adenomas com displasia de baixo grau (13 destes desenvolveram novos pólipos em 3 anos de segmento) e 22 (43,1%) tinham adenoma de alto grau de displasia (6 destes desenvolveram novos pólipos em 3 anos de segmento). Foi testada a associação entre o p53 e a expressão do Ki-67 em várias variáveis clinicopatológico e a regressão analisada foi fundamental para identificar os fatores de risco de malignidade e desenvolvimento de novos adenomas. Uma relação significativa entre o grau de displasia e a imunoreação do p53 foi observada. A expressão do Ki-67 não foi relatada para displasia. A expressão dos marcadores biológicos pode ser, no futuro próximo, utilizado como uma corrente examinadora de pólipos, contudo mais estudos são necessários para melhor deferir seus valores preditivos. SAINSBURY et al. (2008) compararam mucosas biomarcadas em indivíduos de peso normal (IMC de 18,5 a 24,9 kg/m2) com indivíduos obesos mórbidos (IMC > 40) por 6 meses após serem submetidos ao bypass gástrico em Y de Roux. Células mitóticas epiteliais do reto, área das criptas e ramificação das criptas foram mensuradas e acompanhadas. A apoptose foi mensurada pela imunoistoquímica através da Neocitoqueratina 18 a qual foi fixada nas secções teciduais. 26 pacientes 26 obesos mórbidos tiveram aumento significativo de mitoses, área das criptas e ramificação das criptas, todos com p<0,01 comparadas com 21 pacientes com peso normal. Surpreendentemente isto foi associado com grande aumento das mitoses e diminuição das apoptoses das células epiteliais. Aceita-se as mucosas biomarcadas como indicadores futuro de câncer coloretal. Estão aumentadas em pacientes com obesidade mórbida comparado com pacientes de peso normal. A hiperproliferação que existe depois da bypass gástrico em Y de Roux pode ser um importante indicador a longo prazo para risco de câncer coloretal em pacientes submetidos a cirurgia bariátrica. NEVES et al. (2009) avaliaram a imunoexpressão de Ki-67 e p53 em GIST. Foram estudados a expressão de Ki-67 e p53 por imunoistoquímica em tumores de 40 pacientes com GIST. Os tumores foram divididos segundo o risco de recorrência em 2 grupos: I com risco alto ou intermediário e II com risco baixo ou muito baixo. Entre os 40 pacientes, 21 eram do sexo masculino, a idade média foi de 56 anos, 16 ocorreram no intestino delgado, 13 no estômago, 5 no retroperitônio, 4 no cólon e reto, e 2 no mesentério. Trinta e dois tumores foram classificados no grupo I e 8 no grupo II. Metade dos pacientes desenvolveu recorrência, sendo 90% de cólon (P = 0,114). O índice de proliferação tumoral Ki-67 variou entre 0,02 e 0,35 (média = 0,12). Este índice foi marginalmente superior nos tumores do grupo I com recorrência (P = 0,09), quando comparado aos do mesmo grupo sem recorrência. A expressão do p53 foi observada em 65% dos GISTs. Nos tumores do grupo I foi observada com maior frequência, expressão de p53 e Ki-67 (P = 0,022; OR = 8.00 IC 95%: 1,32-48,65). Concluíram que a localização mais comum foi no intestino delgado, 80% tinham potencial maligno, justificando a alta recorrência encontrada. Não se observou correlação significante entre p53 e evolução dos pacientes. Nos pacientes do grupo I, a avaliação do Ki-67 pode ser um marcador de prognóstico. A positividade dos dois marcadores é maior entre os pacientes de pior prognóstico. NONOSE et al. (2009) quantificaram os níveis teciduais de mucinas neutras e ácidas (sulfomucinas e sialomucinas) na mucosa colônica comparando segmentos com e sem trânsito intestinal e relacionando-os ao tempo de exclusão do trânsito intestinal. Quarenta e cinco ratos Wistar machos foram divididos em três grupos experimentais compostos por 15 animais sendo a morte realizada em 6, 12 e 18 semanas após o procedimento cirúrgico. De cada grupo experimental 10 animais 27 foram submetidos à derivação do cólon esquerdo por meio de colostomia proximal e fístula mucosa distal (subgrupo experimento) e cinco a laparotomia isolada (subgrupo controle). A avaliação da expressão de mucinas neutras foi realizada pela técnica histoquímica do Periódico Ácido de Schiff e as mucinas ácidas pela técnica do Alcian Blue. Houve redução na quantidade de mucinas neutras e ácidas no cólon desprovido de trânsito quando comparado ao provido de trânsito, independente do tempo de exclusão. A derivação do trânsito fecal diminui os níveis teciduais de mucinas neutras e ácidas na mucosa cólica quando comparado aos segmentos com trânsito preservado. Com o progredir do tempo de exclusão intestinal nos segmentos sem trânsito fecal ocorreu aumento dos níveis teciduais de mucinas neutras e mucinas ácidas sulfatadas e redução significante dos níveis de sialomucinas. RESCK et al. (2010) analisaram as alterações histopatológicas caracterizadas pelo índice de mitoses produzidas no intestino grosso de ratos Wistar submetidos à derivação jejunoileal após administração continua de vitamina C e nitrito de sódio, em diferentes grupos. Oitenta ratos machos Wistar pesando entre 450-550g foram divididos em doze grupos, com vinte animais controles não operados (5 animais ingeriram somente água, 5 animais ingeriram somente vitamina C, 5 animais ingeriram somente nitrito de sódio e 5 animais ingeriram vitamina C +nitrito de sódio). Em vinte animais apenas manipulação intestinal foi realizada, estes servindo como grupo experimento. Nos restantes (grupo denominado operado), o intestino foi seccionado a 3cm da junção duodenojejunal, e a derivação jejunoileal foi realizada através da anastomose látero-lateral no íleo terminal a 2cm da válvula íleocecal. Após 180 dias de observação, os animais eram pesados semanalmente, e para análise foram divididos em segmentos (S1, S2, S3, S4 e S5) correspondentes ao ceco, cólon ascendente, transverso, descendente e reto. Concluem que, comparando todos os segmentos colônicos avaliados dos vários grupos estudados, foi observado que os animais que receberam nitrito de sódio associado à vitamina C apresentaram menor índice de mitoses. Além disso, foi verificado que a vitamina C não apresentou um efeito inibidor, estatisticamente significativo, na preservação da mucosa e no índice de mitoses. MARTINEZ et al. (2010) verificaram a relação entre dano oxidativo do DNA e mutações na proteína p53 em modelo experimental de colite de exclusão. Quarenta e cinco ratos Wistar foram divididos em três grupos com 15 animais sendo a morte 28 realizada 6, 12 e 18 semanas após o procedimento cirúrgico. Para cada grupo, 10 animais foram submetidos à derivação do trânsito intestinal por meio de colostomia proximal no cólon esquerdo e fístula mucosa distal (grupo experimento) e cinco exclusivamente a laparotomia sem derivação do trânsito intestinal (grupo controle). Avaliou-se histologicamente a presença de colite com escala de graduação inflamatória. A pesquisa de mutações na proteína p53 foi avaliada por imunoistoquímica com anticorpo primário específico para ratos. Nos segmentos desprovidos de trânsito fecal existe maior grau de inflamação quando comparado aos tecidos com trânsito fecal preservado (p=0,001). Os níveis de estresse oxidativo foram significativamente maiores nos segmentos desprovidos de trânsito (p<0,0001) quando comparados aos segmentos providos de trânsito e aumentavam com o progredir do tempo de exclusão (p=0,007). Os níveis de estresse oxidativo encontram-se diretamente relacionados ao maior grau de inflamação tecidual. Não houve mutações na proteína p53 nos segmentos exclusos de trânsito fecal, independente do tempo de exclusão considerado. LE ROUX et al. (2010) Determinaram as mudanças na proliferação das células das criptas e do peptídeo GLP-2 em roedores e humanos depois do bypass gástrico em Y de Roux (RYGB). Ratos Wistar com Y de Roux, sem Y de Roux, GLP-2, GLP-1 e PYY foram mensurados 23 dias após. Biópsias no íleo terminal foram realizadas usando o anticorpo Ki-67, o qual é um detector cíclico e portanto demonstra as células na fase S do ciclo celular. O número total de células, o número de mitoses e o número de células rotuladas por criptas foram contadas. Níveis de de GLP-2 nos ratos depois do Y de Roux foram elevados para 91% acima dos animais que não foram submetidos a Y de Roux (p=0,02). Nas necropsias, as taxas de mitoses (p<0,001) e células positivas para o anticorpo Ki-67 (p<0,001) foram aumentadas, iniciando proliferação das criptas celulares. A taxa de GLP-2 em humanos depois do Y de Roux alcançou um pico no sexto mês de 168% (p<0,001), total PYY (P<0,01), e PYY3-36 (p<0,05) responsáveis pelo aumento progressivo acima de 24 meses. Concluíram que o Y de Roux leva a um aumento do GLP-2 e a proliferação celular das criptas da mucosa. Outros hormônios das células intestinais permanecem elevados por pelo menos dois anos em humanos. Esses achados podem contribuir para a restauração da superfície da área absortiva do intestino 29 onde há alterações de má absorção e contribuem para o controle da perda de peso depois do Y de Roux. NUSSRAT et al. (2011) avaliaram a importância da expressão p53 e Ki-67 como marcadores imunoistoquímicos na detecção precoce de alterações prémalignas em diferentes tipos de adenomas colorretais. Além disso, correlacionaram a expressão imunoistoquímica dos dois marcadores com diferentes parâmetros clinicopatológicos, incluindo: idade e sexo do paciente, tipo, local, tamanho e grau de displasia de adenomas colorretal. Quarenta e sete espécimes de polipectomia de adenomas colorretais foram recuperados a partir dos materiais de arquivo das Doenças Gastrointestinais e Hepáticos do Hospital em Bagdá de 2009-2010. Fragmentos de 4µm foram corados pela técnica imunoistoquímica com os marcadores tumorais com Ki-67 e p53. Os valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos. Expressões imunoistoquímica de Ki-67 e p53 apresentaram significativa correlação com o tamanho e grau de displasia em adenomas colorretais. No entanto, não houve correlação significativa entre a expressão imunoistoquímica de Ki-67 e p53 com a idade e sexo do paciente, e do tipo e local de adenomas colorretais. Não houve relação entre as duas proteínas na amostra. Adenomas vilosos do cólon apresentaram correlação significativa com o grau de displasia, enquanto não houve correlação significativa entre o tamanho e local de adenoma colorretal com o grau de displasia. Displasia de alto grau com marcadores imunoistoquimicos de Ki-67 e p53 positivos, podem ser parâmetros importantes para a seleção da população total de adenoma colorretal, sendo merecedores de estreita vigilância para acompanhamento de programas de prevenção ao câncer. Ela está intimamente ligada com o aumento da idade, particularmente em doentes com adenoma de grande porte do componente viloso em sua histologia. SOUSA et al. (2012) avaliaram a expressão das proteínas p53 e Ki-67 em adenomas colorretais, suas relações com características clinicopatológicas e a relação entre as duas proteínas. As amostras consistituiram-se de 50 pólipos adenomatosos encontrados em pacientes submetidos a exames colonoscópicos. Após a realização de polipectomia, os pólipos eram conservados em solução tamponada de formalina a 10% e submetidos a rotina de preparo de cortes e lâminas e coloração pela hematoxilina e eosina para confirmação da natureza 30 adenomatosa. Realizou-se imunoistoquímica específica para as proteínas p53 e Ki-67 pelo método imunoenzimático da streptoavidina-biotina-peroxidase para cada adenoma. A proteína p53 foi positiva em 18% dos adenomas e a proteína Ki-67, expresso como índice (Ki-67), obteve média de 0,49. Houve diferença estatisticamente significante na expressão de p53 (p=0,0003) e Ki-67 (p=0,02) entre os adenomas com alto e baixo grau de displasia, sendo maior no primeiro grupo. Encontrou-se, ainda maior expressão da proteína Ki-67 nos adenomas retais em relação aos de localização cólica . Não houve relação entre a expressão das duas proteínas, na amostra. A proteína p53 é expressa em parte dos adenomas enquanto Ki-67 é expressa na sua totalidade. A expressão de p53 foi maior nos adenomas com alto grau de displasia. A expressão de Ki-67 foi maior nos adenomas retais e com alto grau de displasia. 31 3 MATERIAL E MÉTODO 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO O presente estudo, foi realizado no Programa de Pós-Graduação em Princípios da Cirurgia do Instituto de Pesquisas Médicas do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba. O trabalho recebeu aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Evangélica do Paraná (Anexo 1). Foram utilizadas as Normas para apresentação de Documentos Científicos da Universidade Federal do Paraná (2007). Utilizou-se a Nômina Anatômica Veterinária (1997) e os princípios éticos em experimentação animal preconizados na Lei Federal 11794 de 08/10/2008. 3.2 AMOSTRA E ANIMAIS DE EXPERIMENTAÇÃO Foram utilizados 24 ratos Wistar (Rattus Novergicus albinus, rodentia mamalia) machos, com peso médio de 347 gramas (Apêndice 1). 3.3 PREPARO DOS ANIMAIS Os ratos do Grupo Experimento, composto por 12 animais, foram separados em grupos de quatro animais e acomodados em três gaiolas de polipropileno com cobertura vazada e etiquetas de identificação. Os animais do Grupo Controle, composto por 12 animais, foram distribuídos e alojados de maneira semelhante ao experimento. O ciclo claro-escuro foi mantido artificialmente com períodos de 12 horas claro e 12 horas escuro. Foram mantidos a temperatura ambiente controlada entre 18 e 23ºC. A umidade relativa do ar será a própria do ambiente. Os animais receberam água e ração (Nuvilab CR1® Nuvital, Colombo, PR) ad libitum. 3.4 PROCEDIMENTO ANESTÉSICO A anestesia foi realizada em todos os animais com o uso de cloridrato de quetamina (50 a 75mg/Kg) e xilazina (5 a 10mg/Kg) pela via subcutânea. 32 3.5 PROCEDIMENTO OPERATÓRIO Procedeu-se a tricotomia do animal delimitando-se o abdome (Figura 1). FIGURA 1 - A) TRICOTOMIA DO ANIMAL; B) CAMPO DELIMITANDO O ABDOMEN DO ANIMAL Foi realizada incisão abdominal mediana, com aproximadamente 3 cm de extensão, com bisturi de lâmina número 15. Os planos envolvidos foram: pele, tecido celular subcutâneo, aponeurose da parede ventral do abdome na linha alba e peritônio (Figura 2). 33 FIGURA 2 - INCISÃO ABDOMINAL MEDIANA (3 CM DE EXTENSÃO) Foi realizado inventário da cavidade peritoneal, com exposição das alças intestinais. O intestino delgado foi exposto, medido na sua totalidade (Figura 3). FIGURA 3 - EXPOSIÇÃO DAS ALÇAS INTESTINAIS Realizou-se derivação jejunojejunal através da anastomose latero-lateral entre o segmento a 10 cm do ângulo de Treitz com o segmento do jejuno localizado a 60 cm da válvula ileocecal (Figura 4). 34 FIGURA 4 - DERIVAÇÃO JEJUNOJEJUNAL ATRAVÉS DA ANASTOMOSE LATERO-LATERAL NOTA: 10 cm = Distância do ângulo de Treitz até a anastomose latero-lateral; 60 cm = distância da anastomose latero-lateral até a válvula íleocecal As suturas intestinais foram realizadas com fios cirúrgicos de Polipropileno número 5 – 0 (Prolene 5-0 ® Ethicon) em plano único. Após as alças intestinais foram introduzidas a cavidade peritoneal e a síntese da parede abdominal foi realizada por planos com utilização de fio de polipropileno 3-0 (Prolene 3-0 ®Ethicon) para o plano mioaponeurótico e fio de mononylon 3-0 (® Ethicon) na pele (Figura 5). FIGURA 5 - SÍNTESE DA PAREDE ABDOMINAL LEGENDA: A) plano mioaponeurótico e B) pele Os ratos do Grupo Controle não foram submetidos a procedimento operatório. 35 3.6 PÓS-OPERATÓRIO A analgesia pós-operatória foi realizada com uma aplicação de buprenorfina na dose 0,01 a 0,05mg/kg, por via intramuscular. 3.7 MORTE DOS ANIMAIS A morte dos animais foi realizada 9 semanas do pós-operatório com inalação de dióxido de carbono. Os animais foram colocados sob campânula, onde inalaram 70% de CO2 no ar para a rápida perda de consciência, sem hipóxia. Isto resultou em rápida anestesia, seguida por morte (PAIVA; MAFFILI e SANTOS, 2005). 3.8 ANÁLISE PÓS-OPERATÓRIA 3.8.1 Grupo Experimento Após a morte, o animal foi colocado em decúbito dorsal com fixação das patas por meio de elástico, procedendo-se a re-laparotomia mediana com exposição das alças intestinais (Figura 6). 36 FIGURA 6 – RE-LAPAROTOMIA COM EXPOSIÇÃO DAS ALÇAS INTESTINAIS O jejuno excluso, o íleo terminal e o cólon ascendente foram preparados através de irrigação de sua luz com solução fisiológica (Cloreto de Sódio a 0,9%) para remoção dos resíduos fecais, seguido de instilação de solução fixadora de formalina a 10%, utilizando um cateter flexível de Abbocath 16 ® Abbott. Após este preparo procedeu-se a ressecção segmentar do jejuno excluso, íleo terminal e cólon ascendente (Figura 7). 37 FIGURA 7 – RESSECÇÃO SEGMENTAR DE JEJUNO EXCLUSO, ÍLEO TERMINAL E CÓLON ASCENDENTE 3.8.2 Grupo Controle Realizou-se laparotomia com identificação dos segmentos intestinais, com preparação por irrigação de sua luz com solução fisiológica (Cloreto de Sódio a 0,9%) para remoção dos resíduos fecais, seguido de instilação de solução fixadora de formalina a 10%, utilizando um cateter flexível de Abbocath 16 ® Abbott. Procedeu-se ressecção segmentar do jejuno proximal, íleo terminal e cólon ascendente. 3.9 AVALIAÇÃO HISTOLÓGICA O material obtido das cirurgias foi fixado em formalina neutra tamponada a 10%. Após a fixação, o material foi clivado e submetido a procedimento histológico padrão, emblocado em parafina e cortes de 5 micrômetros foram obtidos. Os cortes para análise morfométrica foram corados pela coloração de hematoxilina e eosina, analisando a espessura da mucosa, altura dos vilos e profundidade das críptas (Figura 8) em microscópio óptico Nikon Eclipse E-200 trinocular acoplado a câmera digital Dino-Eye 4023 e a medição foi realizada através 38 do software Dino-Capture 2.0 previamente calibrado. De cada caso, três áreas representativas foram medidas. FIGURA 8 - ANÁLISE MORFOMÉTRICA PELA COLORAÇÃO HEMATOXILINA E EOSINA LEGENDA: A) Espessura da mucosa; B) Altura dos vilos; C) Profundidade das criptas Cortes para imunoistoquímica foram submetidos a desparafinização, bloqueio de peroxidase e recuperação antigênica por banho-maria em tampão citrato pH 6.0 por 40 minutos. Os seguintes anticorpos foram incubados : - p53 - Clone SP-5 (Cell Marque, Rocklin, EUA), pré-diluído, incubado por 1 hora (Figura 9). 39 FIGURA 9 – ANÁLISE IMUNOISTOQUIMICA PARA P53 DO ÍLEO TERMINAL. Nota: A) Células Caliciais; B) Núcleo celulares não corados pelo p53 - Ki-67 - clone SP-6 (BioSB, Santa Barbara, EUA), diluição 1:500, incubado por 1 hora (Figura 10). FIGURA 10 – ANÁLISE IMUNOISTOQUIMICA PARA KI-67 DO CÓLON ASCENDENTE. Nota: A) Núcleo celulares corados pelo Ki-67. B) Núcleo celulares não corados pelo Ki-67 40 Detecção realizada com sistema MACH4 (Biocare, Concord, EUA) com cromógeno DAB e contracoloração com hematoxilina. Controles externos positivos e negativos foram realizados em conjunto. Para análise das reações imunoistoquímicas para proteína p53, foi considerada positiva coloração nuclear. As lâminas foram escaneadas em objetiva panorâmina (40x) e em caso de negatividade, 10 campos de 400x foram escaneados. Para as reações do Ki-67, foram contadas 200 células epiteliais da mucosa por toda a sua espessura, e o percentual de células positivas foi registrado. 3.10 METODOLOGIA ESTATÍSTICA Os resultados obtidos no estudo foram descritos por médias, medianas, valores mínimos, valores máximos e desvios padrões. Para a comparação entre os grupos experimento e controle, foi considerado o teste não-paramétrico de MannWhitney. Valores de p<0,05 indicaram significância estatística. Os dados foram analisados com o programa Statistica v.8.0. 41 4 RESULTADOS Para a análise estatística dos dados obtidos no estudo, foram consideradas as médias das três medidas efetuadas em cada unidade de observação. Na avaliação do p53 (Apêndice 2), foi encontrada coloração nuclear negativa em todos os casos. Sendo assim, não foi efetuada análise estatística para esta variável. 4.1 VARIÁVEIS: ESPESSURA DA MUCOSA, ALTURA DOS VILOS E PROFUNDIDADE DAS CRIPTAS Para cada uma das variáveis da morfometria, testou-se a hipótese nula de que a média no grupo experimento é igual à média no grupo controle, versus a hipótese alternativa de médias diferentes. 4.1.1 Espessura da mucosa Com relação a variável espessura da mucosa (Apêndice 3), verificou-se diferenças significativas com relação a espessura da mucosa do jejuno p=0,011, no íleo p=0,001 e no cólon p=0,027. Observa-se que na tabela abaixo nos três locais, a média do grupo experimento é maior que a média do grupo controle (Tabela 1, Gráfico 1 e Figura 11). Variável Grupo n Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Valor padrão de p Jejuno - espessura da Controle mucosa Experimento 12 477,9 470,3 424,0 588,7 43,0 12 590,4 606,3 436,0 777,0 126,2 Íleo - espessura da mucosa Controle 12 417,5 398,8 378,0 515,7 42,3 Experimento 12 528,1 522,7 420,0 639,0 52,0 Controle 12 212,5 205,7 182,7 274,7 26,7 Cólon - espessura da mucosa 0,011 <0,001 Experimento 12 240,9 241,0 168,7 279,7 31,8 0,027 TABELA 1 - AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DA MUCOSA DO JEJUNO, NO ÍLEO E NO CÓLON NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE 42 GRÁFICO 1 - AVALIAÇÃO DA ESPESSURA DA MUCOSA DO JEJUNO, NO ÍLEO E NO CÓLON NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE FIGURA 11 – COLORAÇÃO DE HEMATOXILINA E EOSINA NOTA: Espessura da mucosa no grupo experimento. LEGENDA: A) Jejuno excluso. B) Íleo Termina. C) Cólon Ascendente 43 4.1.2 Altura dos vilos Com relação a variável altura dos vilos (Apêndice 4), verificou-se diferença significativa quando comparados o íleo ao grupo controle (p<0,001) sendo a média do grupo experimento maior que a do grupo controle (Tabela 2, Gráfico 2 e Figura 12). Variável Jejuno - altura dos vilos Íleo - altura dos vilos Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Valor padrão de p Grupo n Controle 12 316,8 303,7 275,7 372,3 35,2 Experimento 12 351,3 356,8 256,0 444,7 69,9 Controle 185,0 278,0 32,8 12 221,1 219,0 0,145 Experimento 12 314,8 309,7 240,3 372,3 37,8 <0,001 TABELA 2 - AVALIAÇÃO DA ALTURA DOS VILOS DO JEJUNO E DO ÍLEO NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE GRÁFICO 2 - AVALIAÇÃO DA ALTURA DOS VILOS DO JEJUNO E DO ÍLEO NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE 44 FIGURA 12 – COLORAÇÃO DE HEMATOXILINA E EOSINA NOTA: Comparação da altura dos vilos no grupo experimento (A e B) versus grupo controle (C e D). LEGENDA: A e C) Íleo Terminal. B e D) Jejuno excluso. 4.1.3 Profundidade das críptas Com relação a variável profundidade das críptas (Apêndice 5), verificou-se diferença significativa quando comparados o jejuno ao grupo controle (p<0,001) sendo a média do grupo experimento maior que a do grupo controle (Tabela 3, Gráfico 3 e Figura 13). Média Mediana Mínimo Máximo Desvio Valor padrão de p Variável Grupo n Jejuno - profundidade de criptas Controle 12 134,4 126,0 96,3 216,3 30,8 Experimento 12 239,1 232,7 162,3 347,3 59,8 Íleo - profundidade de Controle 12 196,6 198,0 criptas Experimento 12 213,2 219,8 117,7 261,7 39,1 150,0 266,7 34,0 <0,001 0,280 TABELA 3 - AVALIAÇÃO DA PROFUNDIDADE DAS CRÍPTAS DO JEJUNO E DO ÍLEO NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE 45 GRÁFICO 3 - AVALIAÇÃO DA PROFUNDIDADE DAS CRÍPTAS DO JEJUNO E DO ÍLEO NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE FIGURA 13 – COLORAÇÃO DE HEMATOXILINA E EOSINA NOTA: Comparação da profundidade de criptas no grupo experimento (A e B) versus grupo controle (C e D). LEGENDA: A e C) Íleo Terminal. B e D) Jejuno excluso. 4.2 KI-67 - COMPARAÇÃO ENTRE EXPERIMENTO E CONTROLE Considerando-se a expressão do Ki-67 (Apêndice 6) em cada local de avaliação e as diferenças entre os locais, testou-se a hipótese nula de que as médias são iguais para os dois grupos, versus a hipótese alternativa de médias diferentes (Tabela 4, Gráfico 4 e Figura 14). 46 Avaliação CÓLON ÍLEO JEJUNO Média Mediana Mínimo Máximo Desvio padrão Experimento 12 40,92 39,50 35,00 52,00 4,93 Controle 12 49,67 49,50 47,00 52,00 1,72 Experimento 12 83,50 84,50 75,00 89,00 4,64 Controle 12 85,00 85,00 82,00 87,00 1,54 Experimento 12 87,00 86,00 78,00 94,00 4,31 Grupo n Valor de p <0,001 0,307 Controle 12 84,92 85,00 83,00 89,00 1,73 0,142 TABELA 4 - EXPRESSÃO DO KI-67 DO JEJUNO, DO ÍLEO E DO CÓLON NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE GRÁFICO 4 - EXPRESSÃO DO KI-67 DO JEJUNO, DO ÍLEO E DO CÓLON NO GRUPO EXPERIMENTO E CONTROLE 47 FIGURA 14 – IMUNOISTOQUIMICA DE KI-67 NOTA: Comparação entre grupo experimento (A, B e C) com grupo controle (D, E e F). LEGENDA: A e D) Jejuno excluso. B e E) Íleo Terminal. C e F) Cólon Ascendente. Os resultados indicaram que existe diferença significativa entre os grupos em relação à expressão do Ki-67 no cólon (p < 0,001). Houve uma expressão média maior do grupo controle do que no grupo experimento (médias 49,67 e 40,92, respectivamente). Não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos em relação à expressão de Ki-67 no jejuno e no íleo. 48 5 DISCUSSÃO O rato é considerado como espécie convencional de laboratório dentre os conceitos de bioterismo. Assim, apresenta algumas características favoráveis como a capacidade de viver em ambiente totalmente artificial e consumir dieta padronizada. Entre as vantagens de utilizá-lo em experimentos, encontram-se a sua fácil manutenção e observação. Além disso, existe a possibilidade de trabalhar com um número maior de animais que possuem ciclos vitais curtos e a possibilidade de contar com padronização genética. Outra vantagem é o fato de existir sobre ele uma grande quantidade de informações sobre sua anatomia e fisiologia na literatura (YAGUSHITA, 2006). À semelhança deste estudo, o rato foi o modelo animal selecionado para avaliação da adaptação intestinal após derivação jejunoileal por TILSON e LIVSTONE (1980); SCUDAMORE e FREEMANN (1983); HERMANEK e NARISAWA (1984); BRISTOL, WELLS e WILLIAMSON (1984) e por WILLIAMSON e RAINEY (1984). A exemplo de outras pesquisas também utilizamos o rato como animal de experimentação pelas condições adequadas e específicas de ambiente, alojamento e fácil manuseio tanto para o procedimento anestésico como para o cirúrgico. A derivação jejunoileal é a uma modalidade de cirurgia disabsortiva que apresenta baixa complexidade em sua realização em ratos. O modelo apresenta muitas variações. SCUDAMORE e FREEMANN (1983) realizaram a anastomose da derivação jejunoileal em 35 ratos Wistar a 35 cm da válvula ileocecal, entretanto, o local da secção do jejuno foi a 5 cm do ângulo de Treitz para resultar em uma disabsorção de 50%. Na presente pesquisa a anastomose jejunojejunal foi realizada no jejuno a 10 cm do ângulo de Treitz com segmento jejunal a 60cm da valvula ileocecal. A diferença provável no local da secção jejunal entre os trabalhos provavelmente foi devida à diferença de faixa de peso dos animais selecionados para estudo: os ratos utilizados por SCUDAMORE e FREEMANN pesavam entre 140 e 160 g, contra media de 347 g dos animais utilizados no presente estudo. BRISTOL, WELLS e WILLIAMSON (1984) se utilizaram de ratos SpragueDawley (pesando em média 380g), nos quais foi realizada uma disabsorção de 85% da área do intestino delgado. Como a maioria das cirurgias com algum componente 49 disabsortivo atualmente realizadas para o tratamento de pacientes com obesidade mórbida possui índices de derivação menores que 85% (BUCHWALD e WILLIAMS, 2004), o modelo com exclusão da metade do intestino delgado foi o escolhido diferente do presente estudo que tem como finalidade avaliar as alterações histológicas após realização de anastomose jejunojejunal que também é utilizada na derivação gastrojejunal em Y de Roux em seres humanos. XU, et al. (2002) descreveram um modelo experimental de derivação gástrica em ratos. Ambos os princípios fisiológicos que fundamentam as operações bariátricas foram utilizados: restrição e disabsorção. Este modelo é uma reprodução mais fiel do mais freqüente procedimento usado para o tratamento da obesidade em humanos, entretanto, devido à sua complexidade e à indisponibilidade em nosso meio de materiais de grampeamento mecânico para anastomoses, este procedimento operatório restritivo não foi utilizado no presente experimento. Dentre os marcadores utilizados no estudo das alterações morfológicas da mucosa colônica relacionados ao aumento da sua exposição aos sais biliares encontram-se: análise histológica simples (MCFARLAND, et al., 1987), contagem da produção de tumores em animais submetidos a indução com carcinógeno (SCUDAMORE e FREEMAN, 1983; HERMANEK e NARISAWA, 1984; BRISTOL WELLS E WILLIAMSON, 1984), e a morfometria das criptas (BRISTOL, WELLS e WILLIAMSON, 1984; WILLIAMSON e RAINEY, 1984). Para avaliação da proliferação celular os pesquisadores revisados se utilizaram da taxa de produção de células crípticas através de estudo de captura de metáfases (a segunda fase da divisão celular) de cultura celular com vincristina (APPLETON, et al., 1988); do Ki-67 (AKEDO, et al., 2001; FRACCHIA, et al., 2005; NEVES et al. 2009); timidina tritiada (OTTAVIANI, et al., 1999) em nosso estudo utilizamos o Ki-67 para a avaliação da proliferação celular e observamos que não houve diferenças significativas entre os grupos em relação à expressão deste marcador no jejuno e no íleo. No cólon houve diferença significativa entre os grupos em relação à expressão do Ki-67. SYLVAN, et al. (1992) avaliaram o risco de câncer colorretal após derivação jejunoileal em 30 mulheres operadas de 11 a 17 anos antes. As biópsias foram retiradas do ceco, cólon ascendente, transverso, descendente, sigmóide e reto. Estas amostras foram submetidas à avaliação histológica e a análise de 50 anormalidades no DNA por citometria de fluxo. Contrariamente ao estudo de Teixeira (2006), por este método, seus resultados não demonstram aumento da atividade proliferativa da mucosa colônica do grupo submetido à cirurgia. No presente estudo o p53 foi negativo em todos os casos e no cólon ascendente observamos proliferação celular pela impregnação do Ki-67 após anastomose jejunojejunal. Deve-se ressaltar a relação evidente entre o metabolismo dos sais biliares e a alteração da dinâmica do epitélio colônico. Conforme os estudos de TILSON e LIVSTONE (1980); SCUDAMORE e FREEMANN (1983); BRISTOL, WELLS e WILLIAMSON (1984); WILLIAMSON e RAINEY (1984); APPLETON, et al. (1988); KOZONI, et al. (2000) fica estabelecido que as cirurgias disabsortivas exercem efeitos proliferativos sobre a mucosa colônica, ainda que exista quem discorde (HERMANEK e NARISAWA, 1984; SYLVAN, et al., 1992). Ao contrario dos autores acima não observamos aumento significativo da proliferação celular no cólon ascendente do grupo experimento após derivação jejunojejunal. A importância da relação entre a proliferação celular e a carcinogênese enfatizada pelos trabalhos de WILLIAMSON et al. (1983, 1984) é corroborada por publicação de AKEDO et al. (2001), onde foi avaliada a taxa de proliferação celular da mucosa colônica normal de pacientes com história médica prévia de um ou mais tumores colônicos (cânceres precoces, os quais são definidos como tumores com profundidade de invasão que está limitada à camada muscular ou submucosa, adenomas ou ambos). Cento e seis espécimes do cólon sigmóide e 130 do cólon ascendente de 246 pacientes foram submetidos a análise do índice de marcação pelo Ki-67 (a exemplo do PCNA, um método imunoistoquímico para avaliação de proliferação). Os autores relataram que os pacientes com os índices de marcação mais altos no terço superior em mucosa aparentemente normal do sigmóide, mas não no cólon ascendente, tiveram significativamente mais tumores na colonoscopia de controle realizada dois anos após. Eles concluíram que os altos índices de marcação do Ki-67 no terço médio de mucosa de aparência normal do sigmóide indicam um alto risco para o câncer colorretal. Assim, no estudo de TEIXEIRA (2006) ,os ratos submetidos à derivação jejunoileal, teoricamente, teriam uma maior chance de desenvolverem neoplasias colorretais. Segundo o modelo proposto por FEARON e VOLGESTEIN (1990), a carcinogênese colorretal se inicia a partir de alterações proliferativas, e 51 subsequentemente surgem alterações estruturais da mucosa. O papel desempenhado pela proliferação celular na transformação maligna e no subseqüente crescimento dos tumores colorretais é complexa (GILLIAND, et al., 1996).No presente estudo não podemos afirmar indícios de carcinogenese pois a p53 utilizado como marcador tumoral foi negativo em todos os casos, e a proliferação celular no cólon ascendente foi menor no grupo experimento do que no controle. Nos trabalhos realizados com o objetivo de analisar as alterações mucosas do intestino grosso relacionadas à derivação jejunoileal, os períodos entre o procedimento cirúrgico e o sacrifício dos animais variaram amplamente. HERMANEK e NARISAWA (1984) realizaram indução de câncer com instilações intra-retais de nitrosamina. Eles sacrificaram os animais 32 semanas após a cirurgia, e não foram capazes de constatar diferenças na produção de tumores do intestino grosso entre os grupos controle e experimento. Um período similar de seguimento, (30 semanas) foi adotado por BRISTOL, WELLS e WILLIAMSON (1984) ao analisarem a da taxa de produção de células crípticas e a profundidade das criptas (morfometria) dos terços médio e distal do colorreto após derivação jejunoileal de 85% em ratos. Os autores observaram que as criptas dos animais submetidos à cirurgia eram de 25% (terço distal) a 33% (terço médio) mais profundas que as do grupo controle. A taxa de produção de células crípticas aumentou mais que o dobro no terço médio e triplicou no terço distal: corroborando os resultados do estudo de TEIXEIRA (2006). Entretanto, SCUDAMORE e FREEMANN (1984), com apenas 6 semanas conseguiram constatar diferenças entre a produção de tumores em cólons dos ratos (induzidos com 1,2-dimetilhidrazina: um precursor do azoximetano) dos grupos submetidos ou não à cirurgia. KOZONI, et al. (2000) consideram 4 semanas como o período correspondente aos estágios iniciais da carcinogênese. Diferentemente do estudo de TEIXEIRA (2006), os autores avaliaram a proliferação e apoptose das células epiteliais colônicas após instilação retal (duas vezes ao dia) de ácido litocólico (ALC). O ALC causou aumento do comprimento das criptas comparadas com as do grupo controle. 52 Neste estudo o período de 9 semanas entre o procedimento cirúrgico e a morte dos animais foi escolhido por ter sido demonstrado através dos estudos citados acima ser ele suficiente para avaliar a presença de alterações histológicas relacionadas ao procedimento. O lado direito dos cólons (ceco e cólon ascendente) é o mais suscetível aos efeitos proliferativos da bile, pois, de todos os segmentos, é ele o mais exposto aos sais biliares (THOMAS et al., 2001). WILLIAMSON e RAINEY (1984) com base na resistência do ceco à indução de câncer, quando comparado aos outros segmentos colônicos, levantaram a suposição da analogia dele com o apêndice humano. Por estes motivos, no estudo de Teixeira, o segmento escolhido para a análise da atividade proliferativa foi o cólon ascendente, corroborando com o presente estudo que devido a anastomose jejunojejunal, o cólon ascendente fica mais exposto a presença dos sais biliares. 5.1 PERSPECTIVAS FUTURAS Em nossa opinião após os resultados do presente estudo a anastomose jejunojejunal que é realizada na derivação gastrojejunal em Y de Roux mantendo alça comum mais longa, sofre menor agressão dos efeitos proliferativos da bile e menor exposição aos sais biliares do que as derivações que apresentam alça comum mais curtas, como as jejunoileais. É necessário a realização de novos estudos com outros marcadores do ciclo e crescimento celular e da carcinogênese em diferentes tempos pós-operatórios. 53 6 CONCLUSÕES 1) No jejuno, a espessura da mucosa, altura dos vilos e profundidade das criptas foi maior no grupo experimento do que no grupo controle, porém somente a espessura da mucosa e a profundidade das críptas apresentaram significância estatística 2) No íleo, a espessura da mucosa, altura dos vilos e profundidade das criptas foi maior no grupo experimento do que no grupo controle, porém somente a espessura da mucosa e a altura dos vilos apresentaram significância estatística. 3) No cólon ascendente houve diferença estatística na espessura da mucosa. 4) A expressão do Ki-67 não apresentou diferenças significativas entre os grupos controle e experimento no jejuno e no íleo. No cólon ascendente a expressão do Ki-67 foi maior no grupo controle do que no grupo experimento, com significância estatística. 5) A expressão do p53 foi negativa em todos os casos 54 REFERÊNCIAS AKEDO, I.; et al. Evaluation of epithelial cell proliferation rate in normalappearing colonic mucosa as a high-risk marker for colorectal câncer. Cancer Epidemiol. Biomark. Prev. v.10, p.925-930, 2001 APPLETON, G.V.N.; et al. Rectal hyperplasia after jejunoileal bypass for morbid obesity. Gut, v.29, p.1544-1548, 1988. AZEVEDO, J. F.; et al. Análise morfométrica da parede intestinal do íleo de ratos submetidos a intensa carência de proteínas. Arq. Ciênc. Vet. Zool. v. 10, n. 2, p. 85-89, 2007. BACCHI, C. E.; GOWN, A. M. Detection of cell proliferation in tissue sections. Braz J Med Biol Res. v. 26, p. 677-87, 1993. BARONE, M.; et al. Demonstration of a direct stimulatory effect of bile salts on rat colonic epitelial cell proliferation. Scand. J. Gastroenterol. v.37, n.1, p.88-94, 2002. BRISTOL, J.B.; WELLS, M,; WILLIAMSON, R.C.N. Adaptation to jejunoileal bypass promotes experimental colorectal carcinogenesis. Br. J. Surg. v.71, n.2, p.123-126, 1984. BUCHWALD, H.; WILLIAMS, S. E. Bariatric surgery wolrldwide 2003. Obes. Surg. v. 14, p.1157-1164, 2004. BUCHWALD, H.; WILLIAMS, S.E. Bariatric surgery wolrldwide 2003. Obes. Surg. v. 14, p.1157-1164, 2004. CENTER OF DISEASES CONTROL AND PREVENTION. Disponível em:http:// www.cdc.gov/cancer/colorectal/pdf/CRC-FS2003.pdf Acesso em 19 set. 2011. DÂMASO, A. Obesidade. Exercício e metabolismo Energético. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2003. DE VOGEL, J.; et al. Dietary heme injures surface epithelium resulting in hyperproliferation, inhibition of apoptosis and crypt hyperplasia in rat colon. Carcinogenesis. v. 29, n. 2, p. 398-403, 2008. 55 FEARON E. R.; VOLGESTEIN, B. A genetic model of colorectal câncer tumorigenesis. Cell, n. 61, p. 759-767, 1990. FRACCIA, M.; et al. Serum bile acids, programmed cell death and cell proliferation in the mucosa of patients with colorectal adenomas. Dig. Liver Dis. n. 37, v. 7, p. 509-514, 2005. GERDES, J. Ki-67 and other proliferation markers useful for immunohistological diagnostic and prognostic evaluations in human malignancies. Semin Cancer Biol. v. 1, n. 3, p. 199–206, 1990. GILLIAND, R.; et al. Colorectal cell kinetics. Br. J. Surg. v.83, n.6, p.739-749, 1996. HALL, P. A.; LEVISON, D. A. Assessment of cell proliferation in histological material. J Clin Pathol. v.43, n.3, p.184-92, 1990. HERMANEK, P. J.; NARISAWA, T. Nitrosamine-induced colonic carcinogenesis in rats after jejuno-ileal bypass. Hepatogastroenterology. v. 31, n. 3, p. 133-134, 1984. KOZONI, V.;et al. The effect of litocholic acid on proliferation and apoptosis during the early stages of colon carcinogenesis: diferential effect on apoptosis in the presence of a colon carcinogen. Carcinogenesis, v.21, n5. p.999-1005, 2000. KREMEN, A.J.;LINNER, J.H.; NELSON, C.H.; An experimental evaluation of the nutritional importance of proximal and distal small intestine. Ann. Surg. v.140, n.3, p. 439-448, 1954. LANCHA, J. R. Obesidade – Uma Abordagem Multidisciplinar. Rio de Janeiro: Ganabara Koogan, 2006. LE ROUX, C. W.; et al. Gut Hypertrophy After Gastric Bypass Is Associated With Increased Glucagon-Like Peptide 2 and Intestinal Crypt Cell Proliferation. Ann Surg. v. 252, n. 1, p. 50-56, 2010. MARTINEZ, C. A. R.; et al. Influência da localização do tumor na expressão tecidual da proteína p53 em doentes com câncer colorretal: estudo de 100 casos. Rev. Col. Bras. Cir. v. 35, n. 4, p. 235-243, 2008. 56 MARTINEZ, C. A. R.; et al. The effects of oxidative DNA damage and mutations in the p53 protein on cells of the colonic mucosa with and without the fecal stream: an experimental study in rats. Scand J Gastroenterol, v. 45, n. 6, p. 714-724, 2010 MCARDLE, C.S.; HOLE, D.J. Influence of volume and specialization on survival following surgery for colorectal cancer. Br. J. Surg. v.91, p.610-617, 1994 MCFARLAND, R.J.; et al. Dysplasia of the colon after jejunoileal bypass. Br. J. Surg. v.74, n.1, p.21-22, 1987 MILOVIC, V.; et al. Effects os deoxycholate on human colon cancer cells: apoptosis or proliferation. Eur. J. Clin. Invest. v.32, n.1, p.29-34, 2002. NEVES, L. R. O.; et al. Ki-67 and p53 in gastrointestinal stromal tumors--GIST. Arq Gastroenterol. v. 46, n. 2:116-20, 2009. NONOSE, R. Avaliação do padrão de expressão e do conteudo de mucinas na mucosa cólica em modelo experimental de colite de exclusao: estudo em ratos. [Dissertação] Universidade São Francisco, Bragança Paulista, SP. 2009. NUSSRAT F. L.; et al. Immunohistochemical Expression of Ki-67 and p53 in Colorectal Adenomas: A Clinicopathological Study. Oman Med J. v. 26, n. 4, p. 229-34, 2011. OTTAVIANI, G.; et al. The prognostic value of cell proliferation in colorectal adenomas assessed with tritiated thymidine and anti-proliferating cell nuclear antigen. Cancer Detect. Prev. v.23, p.57-63, 1999. PAIVA, F. P.; MAFFILI, V. V.; SANTOS, A. C. S. Curso de manipulação de animais de laboratorio. FIOCRUZ, Ministerio da Saude. 2005. PAYNE, J.H.; DEWIND, L.T.; COMMS, R.R. Metabolic observations in patients with jejunocolic shunts. Am. J. Surg. v.106, p.273-289, 1963 RAMOS, E.J.B. Alterações bioquímicas, neuro-hormonais e gênicas após bypass gástrico em ratos obesos. Dissertação (Doutorado) – setor de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2004. 57 RESCK, M. C. C.; et al. Estudo experimental das alterações morfologicas do intestino grosso em ratos submetidos à operação de derivação jejunoileal. [Tese]. UNICAMP, São Paulo, SP. 2010. RIBEIRO, S. R.; et al. Perda de peso e estudo morfométrico da mucosa intestinal de ratos submetidos à ressecção subtotal de intestino delgado: influência do uso de dieta com glutamina. Rev. Hosp. Clin. v. 59, n. 6, p. 349-356, 2004. SAINSBURY, A.; et al. Increased colorectal epithelial cell proliferation and crypt fission associated with obesity and roux-en-Y gastric bypass. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. v. 17, n. 6, p. 1401-1410, 2008. SCOPINARO, N.; et al. Biliopancreatic bypass for obesity: II. Initial experience in man. Br. J. Surg. v.66, n.9, p.618-620, 1979. SCUDAMORE, C.H.; FREEMAN, H.J. Effects of small bowel transection, resection, or bypass in 1,2-dimetilhidrazine-induced rat intestinal neoplasia. Gastroenterology, v.84, n.4, p.725-731, 1983. SEIGNEURIN, D.; GUILLAUD, P. Ki-67 antigen, a cell cycle and tumor growth marker. Pathol Biol. v. 39, n. 10, p. 1020-1028, 1991. SOUSA, W. A. Immunohistochemical evaluation of p53 and Ki-67 proteins in colorectal adenomas. Arq Gastroenterol. v. 49, n. 1, p. 35-40, 2012. SYLVAN, A.; et al. Colorectal cancer risk after jejunoileal bypass: dysplasia and DNA content in longtime follow-up of patients operated on for morbid obesity. Dis. Colon Rectum. v.35, n.3, p.245-248, 1992. TEIXEIRA, H. M. Alterações da mucosa do intestino grosso após derivação jejunoileal. [Dissertação] Instituto de Pesquisas Méicas da Universidade Evangélica do Paraná, Curitiba. 2006. THOMAS, L.A.; et al. Bile acid metabolism by frsch human colonic contents: a comparison of caecal versus faecal sample. Gut., v. 49, p. 835-42, 2001. TILSON, M. D.; LIVSTONE, E. M. Early prolliferative activity: its occurrence in the crypts of small bowel and colon after partial small-bowell resection. Arch. Surg. v. 115, n.12, p.1481-1485, 1980. 58 VERNILLO, R.; et al. Immunohistochemical expression of p53 and Ki67 in colorectal adenomas and prediction of malignancy and development of new polyps. Int J Biol Markers. v. 23, n. 2, p. 89-95, 2008. VIGUERAS, R. M.; et al. The histological effect of the human chorionic gonadotropin and luteinizing hormone-releasing hormone on experimental cryptorchidism in rats. Proc West Pharmacol Soc. v. 42, p. 71-73, 1999. WILLIAMSON, R. C.; RAINEY, J. B. The relationship between intestinal hyperplasia and carcinogenesis. Scand J Gastroenterol. v. 104 (Suppl.), p. 57-76, 1984. WILLIAMSON, R.C.; et al. Contributions of bile and pancreatic juice to cell proliferation in ileal mucosa. Surgery, v.83, n.5, p.570-576, 1978b WILLIAMSON, R.C.; et al. Enhanced colonic carcinogenesis with azoxymethane in rats after pancreaticobiliary diversion to mid small bowel. Gastroenterology, v.76, n. 6, p.1386-1392, 1979. WILLIAMSON, R.C.; et al. Promotion of azoxymethane-induced colonic neoplasia by resection of the proximal small bowel. Cancer Res. v.38, n.10, p.3212-3217, 1978a WORLD HEALTH ORGANIZATION. Report of a WHO Consultation on Obesity. Preventing and managing the global epidemic. WHO, Geneve, 1998. XU, Y.; et al. Gastric bypass model in obese rats to study metabolic mechanisms of weight loss. J. Surg. Res. v.107, n.1, p.56-63, 2002. YAGUSHITA, N. Cicatrização induzida pela membrane de cellulose porosa (Membracel®) em dorso de ratos. Dissertação (Mestrado em Princípios de Cirurgia) – Instituto de Pesquisas Médicas da Universidade Evangélica do Paraná. Curitiba, 2006. 59 ANEXO 1 - CARTA DE ACEITE DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 60 APÊNDICES APÊNDICE 1 - MEDIDAS DO PESO (EM GRAMAS) DOS RATOS DOS GRUPOS EXPERIMENTO E CONTROLE Dias 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 Experimento 1 350 277 280 288 308 318 321 323 331 330 Experimento 2 351 338 342 353 360 361 367 374 381 384 Experimento 3 361 341 345 349 356 361 366 373 380 382 Experimento 4 311 295 301 305 308 305 309 313 317 322 Experimento 5 352 324 333 341 347 354 363 365 371 373 Experimento 6 313 327 331 334 329 331 335 341 351 350 Experimento 7 360 355 352 360 363 371 374 385 387 389 Experimento 8 415 400 403 415 418 421 424 432 441 449 Experimento 9 321 312 311 315 323 331 337 343 351 356 Experimento 10 322 315 315 319 320 325 327 335 339 349 Experimento 11 438 423 426 411 409 415 417 425 431 443 Experimento 12 412 401 395 394 399 407 409 412 418 423 331 317 319 323 328 333 338 344 350 355 Média Controle 1 389 391 398 405 406 410 412 409 415 420 Controle 2 362 368 371 376 379 383 387 390 392 395 Controle 3 332 341 344 349 351 354 358 342 343 345 Controle 4 324 326 329 335 339 341 343 347 351 353 Controle 5 345 348 352 355 359 363 366 370 371 374 Controle 6 321 326 329 332 336 340 344 345 348 350 Controle 7 401 408 410 412 416 419 423 427 430 432 Controle 8 374 379 383 386 389 392 394 399 401 403 Controle 9 389 392 397 399 402 407 410 412 415 418 Controle 10 367 370 374 379 381 385 389 392 395 398 Controle 11 345 348 352 355 359 361 364 367 370 372 Controle 12 402 406 409 411 414 420 425 427 430 430 363 367 371 375 378 381 385 386 388 391 Média 61 APÊNDICE 2 - EXPRESSÃO DO P53 P53 COLON ILEO JEJUNO Experimento 1 N N N Experimento 2 N N N Experimento 3 N N N Experimento 4 N N N Experimento 5 N N N Experimento 6 N N N Experimento 7 N N N Experimento 8 N N N Experimento 9 N N N Experimento 10 N N N Experimento 11 N N N Experimento 12 N N N Controle 1 N N N Controle 2 N N N Controle 3 N N N Controle 4 N N N Controle 5 N N N Controle 6 N N N Controle 7 N N N Controle 8 N N N Controle 9 N N N Controle 10 N N N Controle 11 N N N Controle 12 N N N N = Coloração nuclear NEGATIVA. Foi observada apenas coloração citoplasmática, inespecífica, para p53. Não foi observada coloração nuclear. 62 APÊNDICE 3 - ESPESSURA DA MUCOSA JEJUNO ILEO CÓLON Experimento 1 457 395 456 500 544 521 244 253 233 Experimento 2 490 322 518 414 420 426 163 191 152 Experimento 3 588 567 512 350 720 467 204 220 210 Experimento 4 683 631 636 617 611 689 271 257 214 Experimento 5 817 819 681 544 486 541 278 303 258 Experimento 6 683 675 591 567 591 531 282 293 249 Experimento 7 886 804 641 441 501 501 227 232 208 Experimento 8 633 702 737 545 482 536 252 272 260 Experimento 9 747 612 575 592 564 477 215 241 256 Experimento 10 395 515 419 473 501 599 257 180 245 Experimento 11 461 604 639 572 572 559 234 324 277 Experimento 12 403 478 484 533 528 495 302 199 215 Controle 1 540 671 555 531 473 454 249 278 297 Controle 2 470 537 516 401 433 419 232 162 234 Controle 3 477 511 488 500 522 525 218 248 283 Controle 4 468 514 473 405 410 383 201 225 216 Controle 5 471 499 329 380 387 401 198 202 186 Controle 6 470 516 376 397 385 406 178 187 183 Controle 7 465 493 529 401 420 378 209 199 201 Controle 8 510 380 454 428 399 368 213 209 203 Controle 9 521 427 449 470 445 404 231 217 236 Controle 10 482 433 501 428 375 388 195 204 210 Controle 11 493 376 403 377 365 392 184 209 195 Controle 12 498 487 421 391 381 407 189 178 191 Foram realizadas medidas em 3 diferentes áreas das amostras. Em cada uma delas foi medida a espessura total da mucosa (em micrômetros). 63 APÊNDICE 4 - ALTURA DOS VILOS JEJUNO ILEO Experimento 1 285 251 232 310 321 341 Experimento 2 303 185 355 236 219 266 Experimento 3 351 360 307 405 416 266 Experimento 4 436 383 392 367 331 419 Experimento 5 407 494 374 316 262 282 Experimento 6 334 440 346 331 365 331 Experimento 7 497 432 405 281 323 301 Experimento 8 353 419 473 307 277 277 Experimento 9 491 377 353 393 336 326 Experimento 10 224 306 241 244 307 365 Experimento 11 297 350 374 307 336 299 Experimento 12 229 295 297 265 282 324 Controle 1 318 424 375 293 244 289 Controle 2 357 362 338 191 266 258 Controle 3 353 351 353 261 265 308 Controle 4 322 305 301 134 227 194 Controle 5 298 286 243 175 213 182 Controle 6 355 298 224 204 254 213 Controle 7 327 277 248 216 279 241 Controle 8 302 308 284 198 233 222 Controle 9 299 274 265 176 200 184 Controle 10 346 338 361 180 197 193 Controle 11 341 291 415 210 202 196 Controle 12 318 287 260 235 199 227 Foram realizadas medidas em 3 diferentes áreas das amostras. Em cada uma delas foi medida a altura dos vilos (em micrômetros). 64 APÊNDICE 5 - PROFUNDIDADE DAS CRÍPTAS JEJUNO ILEO Experimento 1 172 144 224 190 223 180 Experimento 2 187 137 163 178 201 160 Experimento 3 237 207 205 -55 304 201 Experimento 4 247 248 244 250 280 270 Experimento 5 410 325 307 228 224 259 Experimento 6 349 235 245 236 226 200 Experimento 7 389 372 236 160 178 200 Experimento 8 280 283 264 238 205 259 Experimento 9 256 235 222 199 228 151 Experimento 10 171 209 178 229 194 234 Experimento 11 164 254 265 265 236 260 Experimento 12 174 183 187 268 246 171 Controle 1 222 247 180 238 229 165 Controle 2 113 175 178 210 167 161 Controle 3 124 160 135 239 257 217 Controle 4 101 121 152 255 214 219 Controle 5 117 103 125 275 263 247 Controle 6 113 141 128 177 201 187 Controle 7 137 109 104 203 187 198 Controle 8 96 105 88 209 215 176 Controle 9 191 99 175 188 154 142 Controle 10 161 89 114 190 135 156 Controle 11 134 132 123 239 211 202 Controle 12 127 119 102 105 132 116 Foram realizadas medidas em 3 diferentes áreas das amostras. Em cada uma delas foi medida a profundidade das críptas (em micrômetros). 65 APÊNDICE 6 - EXPRESSÃO DO KI-67 KI-67 COLON ILEO JEJUNO Experimento 1 42% 89% 88% Experimento 2 48% 89% 84% Experimento 3 43% 75% 91% Experimento 4 52% 82% 94% Experimento 5 35% 84% 86% Experimento 6 37% 85% 84% Experimento 7 38% 81% 85% Experimento 8 38% 77% 86% Experimento 9 37% 85% 86% Experimento 10 42% 80% 91% Experimento 11 39% 89% 78% Experimento 12 40% 86% 91% Controle 1 47% 82% 86% Controle 2 48% 87% 83% Controle 3 52% 85% 89% Controle 4 5.1% 8.6% 8.3% Controle 5 4.9% 8.5% 8.5% Controle 6 4.8% 8.3% 8.6% Controle 7 4.8% 8.7% 8.5% Controle 8 5.1% 8.4% 8.3% Controle 9 5.2% 8.6% 8.4% Controle 10 5.0% 8.5% 8.6% Controle 11 4.9% 8.6% 8.4% Controle 12 5.1% 8.4% 8.5% Resultado expresso em % de núcleos corados para Ki-67. Foram contadas 200 células em toda a espessura da mucosa, por experimento