Informativo nº 7 • 2011 CUIDAR DA VIDA... Atitudes que fazem a diferença Nós acreditamos no Deus da Vida! Deus, o Criador e Pai. Na sua imensa obra da criação o ser humano foi dotado de inteligência e sabedoria, tornando-se a mais perfeita de todas as suas criaturas. Deus assim o quis “Quando contemplo o céu, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste... O que é o homem para dele te lembrares? O ser humano, para que o visites? Tu o fizeste pouco menos do que um deus, e o coroaste de glória e esplendor. Tu o fizeste reinar sobre as obras de tuas mãos, e sob os pés dele tudo colocaste” (Sl 8, 4-7). O Salmista louva a grandeza de Deus que coloca o ser humano como senhor da criação. Ele foi chamado a ser imagem e semelhança de Deus. A nossa fé cristã nos faz optar pela vida! É por isto que somos comprometidas com o cuidado da vida, em todas as suas dimensões. Lá onde ela é ameaçada, nós, Irmãs Pastorinhas somos chamadas a ter atitudes que ajudem a fazer a diferença, por mais simples que sejam... cuidando da vida em Cristo! Um cuidado que exige uma série de novas atitudes solidárias e comprometedoras, um verdadeiro caminho de conversão, de mudança de direção, em busca de um mundo mais justo e fraterno, onde possamos dizer que verdadeiramente reina a Comunhão. 2 | vivendo&anunciando Podemos dizer que esta é uma verdadeira mística, que parte da experiência pessoal que cada um faz deste Deus da Vida e o leva a se relacionar com o próprio Deus, com o outro, com a natureza e consigo mesmo de maneira saudável e harmoniosa. Trata-se de um movimento constante e crescente, uma espiritualidade profundamente encarnada, capaz de nos preencher e transbordar pelas nossas mãos e pés, em atitudes que realmente fazem a diferença na humanidade. Daí o tema desta nossa Revista: Cuidar da Vida! E nos vários artigos e testemunhos que a compõem, você é convidado a percorrer conosco o “caminho do cuidado”, refletindo também sobre as imensas ameaças sofridas pela mãe terra e suas terríveis consequências para toda a humanidade. Preservar o planeta é uma tarefa profundamente cristã. Neste lindo planeta vivem todos os seres criados por Deus, principalmente suas criaturas amadas, ou seja, cada um de nós. Assim, o cuidado do planeta, sobretudo da vida das pessoas e de toda a natureza é um compromisso também da espiritualidade, pois estamos valorizando e preservando a obra divina da ação do Criador que desde o início “viu que tudo era bom”! Sejamos todos “cuidadores” e “cuidadoras” da vida em Cristo! Irmã Inácia Josefa dos Santos Superiora Provincial “Cuidar da Vida em Cristo: um caminho de compaixão e de conversão em comunhão” E ste foi o tema do 8° Capítulo Geral que nós, Irmãs Pastorinhas, celebramos em julho deste ano e, propositalmente, desejamos partilhá-lo nesta revista. A realização de um Capítulo Geral, em uma congregação religiosa é um momento de profunda escuta do Espírito, para avaliar a caminhada e lançar novas perspectivas, procurando sempre harmonizar os desafios da atualidade com a fidelidade ao próprio carisma. É um evento eclesial importante, que conta com a representatividade de todas as Irmãs e resulta de um processo de oração e reflexão coletiva, tanto pessoal quanto comunitária. Por isso, o tema se torna algo realmente significativo. Em tempos em que tanto se fala do cuidado da natureza, da ecologia, da preservação ambiental, em que a Campanha da Fraternidade no Brasil apela para mudanças radicais de atitude, no intuito de remediarmos a iminente destruição do planeta, poderia parecer até modismo, ou oportunismo, falar de “Cuidar da Vida”. No entanto, a raiz carismática dessa expressão, proveniente desde os tempos da fundação, não nos deixa dúvidas da atualidade e urgência da nossa missão hoje. A mãe terra cuida de seus filhos amorosamente, proporcionando-lhes tudo quanto seja necessário para a subsistência. Entretanto requer também cuidados, para que possa continuar gerando vida, e vida em abundância, como prometeu Jesus. E isto significa também cuidarmos uns dos outros, como verdadeiros irmãos e irmãs. Cuidar do outro significa garantir-lhe as condições mínimas para uma subsistência saudável? Sim, com certeza, mas não só... O nosso Fundador, o Bem Aven- vivendo&anunciando | 3 turado Tiago Alberione sempre se referiu à pessoa como um todo, uma integralidade, que precisa ser cuidada (“curada”) em todas as dimensões (mente, vontade, coração, forças físicas). Assim, quando ele dizia “Cura d’anime” (cura de almas, em português), atribuindo-a, desde o início da fundação de nossa Congregação, como missão específica do nosso ministério pastoral, não significava apenas uma assistência espiritual, ou uma dicotomia entre corpo e alma, mas sim, um profundo cuidar da vida em Cristo, abrangendo todos os seus aspectos. Esta é a essência do nosso ministério pastoral! Quando dizemos “um caminho de compaixão e de conversão em comunhão” significa que queremos estar abertas para acolher o dinamismo do Espírito, que nos impulsiona para frente e nos pede para superar a nossa inércia 4 | vivendo&anunciando e rigidez, os nossos esquemas, deixando-nos conduzir por Ele nas estradas do mundo de hoje. Um caminho de compaixão... a misericórdia apaixonada do Pai, capaz de enviar ao mundo o seu único Filho, simplesmente por amor! E é esse amor que nos impulsiona no seguimento de Jesus, o Mestre com coração de Pastor, que se inclina sobre as feridas desta humanidade e as cura. Para vivenciarmos este seguimento, somos conscientes de que, como nos pediu Alberione, precisamos viver em contínua conversão, em comunhão profunda de intentos e atitudes, porque somente assim, juntas, ajudando-nos e cuidando reciprocamente, seremos capazes de cuidar daqueles que nos são confiados, em nosso ministério pastoral. O dom da comunhão nos une à comunidade paroquial, à Igreja local e a todo o Corpo de Cristo, fa- zendo-nos artífices de comunhão, de reconciliação e de diálogo, colaborando para que a Igreja seja uma casa acolhedora para todos, especialmente os mais pobres e esquecidos. Trilhando esse caminho, acreditamos que estaremos contribuindo para a construção de um mundo mais justo e fraterno, o tão sonhado e falado Reino de Deus, que tem início aqui, agora, no meio de nós e se perpetua na eternidade... E tudo isto de uma forma muito específica, fiéis ao carisma que nos deixou o Fundador, brotando de atitudes simples, mas capazes de fazer toda a diferença na humanidade. É assim que nos lançamos para frente, atentas aos sinais dos tempos, para “Cuidar da vida em Cristo, um caminho de compaixão e de conversão em comunhão!” Irmã Cristiane Ribeiro, sibp Cuidar da vida do Planeta uma urgência N este ano, a Campanha da Fraternidade (CF/2011) lançada pela CNBB no início da quaresma tem como tema: “Fraternidade e a Vida no planeta” e, como lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22). “Com esta Campanha a Igreja Católica, no Brasil quer contribuir para a conscientização das comunidades cristãs e pessoas de boa vontade sobre a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas e motivá-las a participar dos debates e ações que visam enfrentar o problema.” (Texto base n.6). I – A REALIDADE Em sua primeira parte – VER, o texto base da CF/2011 nos informa sobre a realidade do aquecimento global: § As mudanças climáticas ocorridas no passado aconteceram em virtude de processos naturais, mas as mudanças em curso, nos dias de hoje (temperatura mais elevada, temporais por toda a parte, vendavais, longas estiagens) coincidem com o processo de industrialização que se intensificou nos últimos séculos. (texto base, n. 7). § A comunidade científica não é unânime a respeito das causas destas mudanças climáticas a que assistimos, mas a grande maioria as relaciona com as atividades empreendidas pelo ser humano, após a implantação do atual sistema de produção. (texto base, n.7). § Os relatórios do Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC) mostram a relação entre aquecimento global e as atividades humanas. É o que vemos a seguir: vivendo&anunciando | 5 Os relatórios do IPCC: A tese de que o atual aquecimento global é fruto da ação humana, em virtude do aumento das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) no período pós-industrial, foi elaborada a partir de estudos de um grande grupo de especialistas do clima e pesquisadores de outras áreas do conhecimento constituído pela Organização das nações unidas (ONU). O denominado painel do clima iniciou os seus trabalhos em 1988 e os estudos realizados mostram detalhadamente a variação da temperatura média da terra a partir de 1750, período que coincide com a implantação do sistema industrial em muitos países. O painel publicou quatro relatórios sobre a mudança climática, em 1990, 1995, 2001 e 2007. Juntamente com esses documentos o IPCC esboçou os principais temas dos relatórios e publicou um resumo para os Tomadores de Decisão. Os resultados apresentados pelo IPCC, em seus relatórios foram abraçados por organismos intergovernamentais e internacionais, tendo à frente a ONU e seus organismos. Foram assumidos também por Igrejas, Movimentos sociais, articulações internacionais como Fórum Social Mundial e Organizações não governamentais (ONGs) que atuam em favor da vida no planeta. (texto base n.16). O relatório do IPCC de 2007 Em seu 4º relatório, o IPCC afirma com nível muito alto de confiança, isto é, com segurança de mais de 90% que o Planeta Terra está aquecendo desde 1750, tendo elevado a temperatura média em 0,74ºC até 2006. Alguns dados do relatório chamam a atenção, como por exemplo, as concentrações de dióxido de carbono (CO2), o gás de efeito estufa mais importante, aumentaram entre 1995 e 2005 em ritmo mais acelerado do que entre 1960 e 1995. Como o aumento se deve à maior presença de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, então a conclusão é que a temperatura tende a aumentar cada vez mais. (texto base n.18). 6 | vivendo&anunciando O relatório destaca que a maior parte da emissão de dióxido de carbono (CO2) pelas atividades humanas provém da queima de combustíveis fósseis, e a de Metano (CH4) e óxido nitroso (ND2) provém, principalmente, da agricultura. (texto base n.19). Para o IPCC, as mudanças no clima estão se aprofundando e refletem os aumentos de emissões de gases de efeito estufa. Entre 1995 e 2006 o mundo teve 11 dos 12 anos mais quentes já registrados para a temperatura da face da terra. (texto base n.23). A maior parte do aquecimento se deve a atividades humanas dos últimos 50 anos. Há muitos indicadores que mostram a aceleração do aquecimento. As geleiras das montanhas e as coberturas de neve estão diminuindo. As lâminas de gelo da Groenlândia e da Antártida estão derretendo em alguns pontos. O nível do mar continua a subir e a temperatura média do Oceano está aumentando. As secas estão mais longas e mais intensas e afetam áreas maiores, as chuvas estão mais pesadas e provocam graves enchentes. O relatório de 2007 indica que essas recentes mudanças são maiores do que as ocorridas no clima nos últimos 1300 anos. (texto base n.23). O relatório afirma que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem no ritmo atual ou forem ainda mais intensas, um aquecimento maior irá ocorrer. Isso, por sua vez, agravará as mudanças no clima global. A temperatura da superfície deve aumentar em cerca de 2,4ºC até 2050, mesmo se a humanidade mudar seu padrão de produção e consumo imediatamente. Porém, caso mudanças dessa ordem não forem realizadas, o aumento pode alcançar 4ºC. Isso agravaria a elevação do nível dos mares em até 0,60cm em virtude do derretimento das geleiras, ocupando áreas de territórios povoados e provocando imensas levas de migração – os denominados migrantes climáticos. Os padrões climáticos seriam alterados significativamente, com tempestades, furacões, enchentes sempre mais intensas e secas ainda mais amplas e prolongadas. (texto base, n. 24) II – A ILUMINAÇÃO BÍBLICA O texto base da CF/2011 aponta as passagens bíblicas sobre a preservação da natureza. Vou me deter a uma breve reflexão sobre o Gn 1, 1-2, 4a: Quem escreveu esta primeira narrativa da criação foi gente exilada, desen- raizada, vigiada pelo exército, em região despovoada (Tel Abibe – Ez 3, 5), às margens dos rios (Sl 137, 1), escravos (Is 42, 1), trabalhadores forçados. O texto expressa a voz de um dos milhares de povos massacrados pela Babilônia. É a voz da elite de Israel, ex-sacerdotes e ex-cantores que se converteram no exílio e agora se tornaram profetas. O texto é uma profecia. A palavra é a grande arma dos profetas. É a Palavra de Deus que cria o mundo. O projeto dos deportados em Gn 1, 1-2, 4a se resume a três Palavras fundamentais: 1ª Palavra: Exigimos o sábado! O texto afirma o 7º dia como dia de descanso para participar do SER e do AGIR de Deus. Quem trabalha no sábado renega Javé e assume a idolatria. O descanso puxa a memória dos tempos de Jerusalém. O sábado é para sobreviver, é para a prática religiosa, é espaço para organizar a esperança por retorno do exílio. O sentido do sábado é de libertação. 2ª Palavra: Abaixo os Ídolos! A Liturgia do texto discute a questão da luz e dos astros. Os deuses da Babilônia (Sol – Lua – Estrelas) estão desautorizados por esta narrativa da criação em que Javé cria a LUZ no primeiro dia e só no quarto dia ele cria os astros (Sol – Lua – Estrelas) que são apenas repassadores da LUZ e não sua fonte. 2ª Palavra: A imagem de Deus (Projeto da casa) Tudo o que foi criado no 3º, 5º e 6º dias formam uma unidade e estão ligados à terra agriculturável, à roça, pois falam da vida do roceiro, de suas plantas, de animais (aquáticos, celestes e terrestres) da vida da camponesa e da vida do camponês. Através do Projeto da Casa, descrito como Projeto da Roça, a partir da terra, indica que Deus visa estabelecer a sua imagem que se centraliza no Homem e na Mulher, na relação entre ambos na realidade da Família-clã. O clã vive dentro de condições detalhadas em Gn 1, 1-2, 4a, através das obras do 3º, 5º e 6º dias. Portanto, trata-se de gente da roça, na sua relação com as plantas e animais da terra. É todo um ambiente denominado OIKOS (= casa). É toda uma ECO-LOGIA ou ECO-NOMIA. Tudo faz parte da IMAGEM DE DEUS! Pela criação, Deus visa estabelecer relações gratificantes. No Projeto da casa a pessoa está integrada no seu ambiente, numa grande solidariedade entre as pessoas e animais e toda a criação. Há espaço para todos! (cf. Projetos de Esperança, meditações sobre Gn 1, 1-11, de Milton Schwantes, coleção Deus conosco, p. 25-35). III – O AGIR TRANSFORMADOR Vimos na primeira parte, que a nossa realidade é tão gritante que, mesmo que a humanidade mude seu padrão de produção e consumo imediatamente, a temperatura da superfície da terra deve aumentar em cerca de 2,4ºC até 2050. E se essas mudanças não ocorrerem, o aumento da temperatura da terra pode chegar a 4ºC. Não podemos fazer de conta que não está acontecendo nada. Precisamos fazer alguma coisa. 1 - Em primeiro lugar, é preciso tomar consciência da situação para auxiliar outras pessoas a também entenderem o que está acontecendo em nosso planeta. É bom participar da comunidade e de grupos de estudo e reflexão em sua paróquia e escola, como também de debates e ações que visam enfrentar o problema do aquecimento global. 2 - Para diminuir a emissão de gás carbônico na atmosfera, todos devem conhecer a regra dos três erres: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Confira no site da USP (www.usp.br) e você encontrará também oito dicas importantíssimas. 3 - E para diminuir o consumo pessoal existe a Campanha promovida pela 10:10 global, organização fun- dada em 2009 por Franny Armstrong e pela 350.org, com o objetivo de conscientizar as pessoas a contribuírem para que a proporção de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera volte e não ultrapasse a casa dos 350 ppm. Essa campanha apresenta 20 maneiras viáveis e sem muitos sacrifícios para que cada um possa dar o seu contributo. (texto base, n.207). Para concluir retomo as reflexões finais do texto base números 215 – 219, que diz: “O cuidado com o ambiente pode e deve ser hoje uma resposta ao amor redentor de Deus... Ele é o criador e o mantenedor da criação e a nossa tarefa é cultivar e guardar. Somos os mordomos da criação” O cuidado do homem com o meio ambiente deve hoje também incluir as gerações futuras! É preciso sempre nos perguntar: “Que planeta queremos deixar para os nossos filhos?” e “Que tipo de filhos deixaremos para o planeta?” Que nossas ações contribuam para o advento do mundo novo que há de ser construído com empenho renovado a cada dia, segundo a imagem bíblica de Ap 21, 1: “Novos céus e Nova terra”! Irmã Genoveva Fogaça, sibp vivendo&anunciando | 7 CUIDEMOS DA VIDA! ELA ESTÁ AMEAÇADA! “Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a vida por suas ovelhas. O mercenário que não é pastor a quem não pertencem as ovelhas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e sai correndo... Eu sou o bom Pastor: conheço minhas ovelhas e elas me conhecem...” Jo 10, 11-14 P assamos o período da Campanha da Fraternidade refletindo sobre as dores do Planeta. Vivemos um processo de ameaça constante de extinção. Segundo especialistas, isto é um fenômeno natural. Porém, o processo de seleção natural está aumentando cada vez mais, principalmente devido ao comportamento humano, como: desmatamento, urbanização e poluição na natureza. O ser humano é um dos elementos do ecossistema, portanto, ele está relacionado aos outros seres, inclusive em conexão com os fatores abióticos, como o clima. Caso comece a desestruturá-lo, consequentemente estará desenvolvendo graves problemas para si próprio também. O aquecimento global já está apresentando suas conseqüências. Não há dúvida que a sobrevivência do ser humano depende das suas ações no presente, da geração de resultados eficazes, o que é concernente à preservação e ao uso sustentável dos recursos naturais. Costuma-se dividir os recursos naturais em duas grandes classes: os renováveis – são os que a natureza repõe e os não renováveis – são os que a natureza não repõe. Nesse contexto, pode-se definir o desenvolvimento sustentável como o procedimento que leva à 8 | vivendo&anunciando produção, de uma forma ampla, otimizando e, ao mesmo tempo, preservando os recursos naturais renováveis e maximizando a utilização dos não renováveis. O conceito de sustentabilidade, e a noção da importância que este tema tem para a comunidade mundial, se intensificam a partir das mudanças bruscas do clima ocorridas recentemente. Mas, o que é a vida? Não se trata de querer aqui definir a vida a partir de uma categoria filosófica ou teológica, mas se trata de entender o que é óbvio: a vida é o lugar existencial onde fazemos as experiências da perda, dor, sofrimento, morte, nascimento, dança, solidão, sentimentos, emoções, pensamentos, prazer, amor, paixão, etc. É incrível perceber que algumas pessoas quando se dirigem a Jesus, não tenham em mente que o Cristo que ressuscitou é o mesmo que morreu na cruz, o mesmo que nasceu e teve uma vida onde se deparou com os acontecimentos inesperados, ou seja, não percebem que Jesus viveu de fato uma vida humana. As pessoas que se esquecem desses fatos fundamentais da fé cristã, pensam que Deus é um “mágico” que continuamente faz truques e esperam que Ele faça uma “mágica” rápida que as tire dos problemas, sofrimentos, ou seja, procuram um “deus” que as proteja da vida. Nas Escrituras fica claro que todas as pessoas que fizeram realmente uma experiência de Deus não foram protegidas da vida, mas ocorreu o contrário: foram lançadas à vida. Não é preciso ser muito inteligente ou sensível para perceber que nas experiências que algumas pessoas fizeram de Deus, narradas na Bíblia, elas encontraram a paz, mas perderam a tranqüilidade. Porque perderam a tranqüilidade? Porque a experiência de Deus tirou essas pessoas da sua acomodação e as lançou à vida! Por exemplo, Abraão deixou sua terra e partiu, Moisés teve de enfrentar muitas dificuldades no processo de liberta- ção do seu povo da escravidão do Egito, Jeremias enfrentou dificuldades tão grandes que chegou a desejar a morte. Entretanto, quando se trata de proteger a vida, a saúde e a dignidade da pessoa que trabalha, em relação direta com a influência proveniente do meio ambiente em que esta se ativa, a competência tanto material como legislativa diz respeito ao meio ambiente e à saúde, competindo aos demais entes federados, além da União, como prevêem os artigos 23, 24 e 30, da Lei Maior, acima aludidos, zelar pela proteção do meio em que o trabalhador exerce suas atividades, bem como buscar a preservação da saúde humana. Não se pode desvencilhar o atual cenário de degradação do meio ambiente, da má qualidade da educação, da ineficaz política ambiental no país, seja por parte tanto do governo quanto das corporações, aliado ainda à desigualdade social. Tudo isso nos leva a refletir na urgência de agir – mas uma ação real sobre o meio ambiente – e na necessidade de buscarmos um novo modelo de desenvolvimento sustentável, repensando a forma como o homem utiliza os recursos naturais; isso passa a ser uma questão de sobrevivência. Para o educador, o Meio Ambiente não se restringe ao ambiente físico e biológico, mas inclui também as relações sociais, econômicas e culturais. O objetivo é propor reflexões que levem o aluno ao enriquecimento cultural, à qualidade de vida e à preocupação com o equilíbrio ambiental. Propostas ao alcance de toda pessoa, que podem contribuir para que a VIDA seja mais respeitada. § 1 litro de óleo usado jogado no ralo ou na pia contamina 25.000 litros de água. § Escove os dentes sem deixar a torneira aberta. A torneira aberta durante a escovação está jogando fora 30 litros de água. § Coma de forma sadia, prefira o orgânico: é um método de cultivo que respeita o meio ambiente. § Um banho de três minutos consome 40 litros de água. Em 10 minutos de banho se consome mais de 130 litros em média. § Use lâmpadas econômicas: consomem cinco vezes menos e duram 10 vezes mais. § Para conservar os alimentos, use vidro e não alumínio ou plástico: esses poluem e, para sua produção, o desperdício energético é imenso. § Faça coleta seletiva: é a contribuição mais inteligente e mais importante que se pode dar ao meio ambiente. Irmã Maria Sueli Berlanga, sjbp Comunidade de Eldorado – Vale do Ribeira/SP vivendo&anunciando | 9 O CUIDADO DA VIDA POR MEIO DA EDUCAÇÃO A educação no mundo atual que tem precisamente como objetivo tornar o “homem mais homem”, só pode realizar-se autenticamente num contexto relacional e comunitário. Não é por acaso que o primeiro e originário ambiente educativo é constituído pela comunidade natural da família. A Escola, por sua vez, coloca-se ao lado da família como espaço educativo comunitário, orgânico e intencional e apoia o seu empenho educativo, segundo a lógica da subsidiariedade. (n.12) A escola católica, que se caracteriza principalmente como comunidade educadora, configura-se como escola para a pessoa e das pessoas. De fato, ela tem por finalidade formar a pessoa na uni- 10 | vivendo&anunciando dade integral do seu ser, intervindo com os instrumentos do ensino e da aprendizagem que formam “os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamentos, as fontes inspiradoras e os modelos de vida”. Mas, sobretudo envolvendo-a na dinâmica das relações interpessoais que constituem e vivificam a comunidade escolar. No contexto da globalização, é necessário formar sujeitos capazes de respeitar a identidade, a cultura, a história, a religião, sobretudo, os sofrimentos e as necessidades dos outros, na consciência de que, “todos somos verdadeiramente responsáveis por todos”. (n.44) “Num mundo no qual o desafio cultural é o primeiro, o mais provo- cador e cheio de efeitos” a escola católica está consciente das tarefas importantes as quais é chamada a enfrentar e conserva a sua máxima importância também nas circunstâncias atuais. (n.54) Nós, Irmãs Pastorinhas, também nos dedicamos à formação humana, cristã e acadêmica de crianças, adolescentes e jovens, no Instituto Divina Pastora, uma escola católica, fundada em 1947. A proposta pedagógica de nossa escola tem história na educação, prioriza e oferece um ensino de qualidade, diferenciado, em que educar é formar com responsabilidade, referência para o crescimento e a vivência do aluno. Além do amplo conhecimento acadêmico, desenvolve Projetos Sociais (Campanha da Fraternidade, Campanha do Agasalho, Sebo do livro, Campanha dos Alimentos, Natal dos Sonhos, etc.), Projetos Educacionais (Educação no Trânsito; Relações Humanas e Afetivas), Projetos Ambientais (Preservação do meio ambiente, sustentabilidade) e qualidade de vida. No Instituto Divina Pastora, escola e família participam juntas na construção de um mundo justo e solidário. Por meio das ferramentas pedagógicas, disponibiliza o Portal Educacional, com pesquisas, informações, produções literárias e acesso dos pais ao aproveitamento escolar do aluno. As equipes de direção, coordenação e corpo docente empreendem esforços constantes na preparação dos alunos para o ingresso nas mais renomadas universidades e posterior integração ao mercado de trabalho. O aluno sociabiliza-se e interage com diversas modalidades esportivas ao participar de torneios, competições e festivais. A Pastoral Escolar e os Colaboradores Ami- gos de Jesus Bom Pastor têm um papel social importante junto às comunidades carentes, de acordo com os projetos estabelecidos pelo Instituto Divina Pastora. A educação tem evoluído com o passar do tempo. Educar pode ter vários contextos, mas os objetivos são os mesmos e vai ao encontro dos anseios de quem nela acredita. O Instituto Divina Pastora não prioriza somente a aquisição do conhecimento acadêmico... é uma escola com perfil humanista, que visa à conscientização dos alunos, famílias e toda comunidade escolar, na importância da solidariedade, partilha e respeito ao próximo. As lições de cidadania partem de ações concretas, ideias formadas com comprometimento e desafios. Trabalhar com educação no Divina Pastora tem produzido os melhores frutos, porque as pequenas sementes são semeadas com amor e responsabilidade, e por nunca deixar de acreditar que uma nação se faz com educação. Assim, proporcionamos condições para que os educandos cres- çam na consciência crítica, sejam responsáveis pelos seus direitos e deveres, agindo sempre com justiça, e sejam capazes de questionar os valores e normas que regem a sociedade. Os nossos alunos são orientados a crescer na consciência política, através de fundamentação filosófica, sociológica e evangélica que desperta e ajuda a descobrir o seu protagonismo na construção da história. Os novos paradigmas que devem orientar nosso trabalho são: os desafios de um mundo atual, equilibrado e harmonioso, a fraternidade e justiça que nos tornam irmãos, amigos, filhos de Deus. Em nosso projeto educacional somos conduzidos pelo Bom Pastor que deixou o seu exemplo de amabilidade, aproximação, compaixão e perdão. São estas atitudes que nos orientam na prática pedagógica cotidiana e Maria Divina Pastora que nos guia sempre para que possamos compartilhar com os nossos irmãos o dom da vida. Fonte: Documento para os Seminários e as Instituições de Estudo. Educar Juntos na Escola Católica. Missão Partilhada de Pessoas Consagradas e Fiéis Leigos. Ed. Paulinas. São Paulo 2008. Irmã Gerlândia Amaro Alencar, sjbp. Coordenação Religiosa da Escola. vivendo&anunciando | 11 Sustentabilidade N uma urgência! este milênio, houve um crescente despertar de consciência ética em relação a diversos desafios levantados pelos avanços científicos e pelo progresso econômico. A humanidade começa a perceber que nem todas as descobertas científicas e nem todas as vantagens tecnológicas trazem somente benefícios para a sociedade. Crescem as preocupações com a ecologia, apontando os efeitos maléficos da ciência que não levam em consideração a preservação ambiental e, consequentemente, a preservação da humanidade. Avançando um pouco mais, entende-se que é necessário cuidado, pois o crescimento científico e tecnológico, com um progresso voltado ao consumo desordenado se funda numa relação antropocósmica, o que não significa a equalização de todos os seres, nem o respeito à natureza. Neste artigo, pretendemos refletir como, do consumo desordenado, da falta de consciência, da racionalidade excessiva do ser humano, emergem fortes preocupações na busca de uma sustentabilidade mais coerente e humanizadora. Para tanto, vemos que a natureza passa por inúmeros desafios: a comercialização desordenada de seus recursos pela sociedade, a falta de preservação do meio ambiente; enfim, o descaso, além da busca desordenada do poder e a dificuldade ferrenha do crescimento sustentado. Assim, percebemos que a responsabilidade ambiental, a gestão e a sustentabilidade são terminologias usuais para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, basicamente, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos 12 | vivendo&anunciando naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Alguns princípios relacionados à sustentabilidade: §Exploração dos recursos vegetais de florestas e matas de forma controlada, garantindo o replantio sempre que necessário. § Preservação total de áreas verdes não destinadas à exploração econômica. § Ações que visem o incentivo a produção e consumo de alimentos orgânicos, pois esses não agridem a natureza além de serem benéficos à saúde dos seres humanos; §Exploração dos recursos minerais (petróleo, carvão, minérios) de forma controlada, racionalizada e com planejamento. §Uso de fontes de energia limpas e renováveis (eólica, geotérmica e hidráulica) para diminuir o consumo de combustíveis fósseis. Essa ação, além de preservar as reservas de recursos minerais, visa diminuir a poluição do ar. § Criação de atitudes pessoais e empresarias voltadas para a reciclagem de resíduos sólidos. Além de gerar renda e diminuir a quantidade de lixo na terra, isso possibilita a diminuição da retirada de recursos minerais do solo. § Desenvolvimento da gestão sustentável nas empresas para diminuir o desperdício de matéria-prima e desenvolvimento de produtos com baixo consumo de energia. §Atitudes voltadas para o consumo controlado de água, evitando ao máximo o desperdício. Adoção de medidas que visem a não poluição dos recursos hídricos, assim como a despoluição daqueles que se encontram poluídos ou contaminados. § Destacamos que a adoção de ações de sustentabilidade garante, a médio e longo prazo, um planeta em boas condições para o desenvolvimento das diversas formas de vida, sobretudo a humana. Garante a manutenção dos recursos naturais necessários para as próximas gerações (florestas, matas, rios, lagos, oceanos). É relevante destacar o consumo sustentável como um conjunto de práticas relacionadas à aquisição de produtos e serviços que visam diminuir ou até mesmo eliminar os impactos ao meio ambiente. São atitudes positivas que preservam os recursos naturais, mantendo o equilíbrio ecológico em nosso planeta. Essas práticas, sem dúvida são coletivas e culturais, mas podem ter início com a minha postura pessoal diante do problema. Elas estão relacionadas à diminuição da poluição, incentivo à reciclagem e eliminação do desperdício. Através delas poderemos, um dia, atingir o sonhado desenvolvimento sustentável. Contudo, das imensas possibilidades que se abrem a partir do conceito de sustentabilidade, acreditamos que uma merece um destaque todo especial, seja pelo seu impacto imediato no meio ambiente, seja pela possibilidade de todos nós assumirmos esta causa, gerando uma verdadeira mudança cultural capaz de fazer a diferença no mundo em que vivemos. Trata-se da Reciclagem, ou como já se costuma dizer, o “luxo do lixo”! A palavra reciclagem ganhou destaque na mídia a partir do final da década de 1980, quando foi constatado que as fontes de petróleo e de outras matérias-primas não renováveis estavam se esgotando rapidamente, e que havia falta de espaço para a deposição de resíduos e de outros dejetos na natureza. A expressão vem do inglês recycle (re = repetir, e cycle = ciclo). Na mesma época, a produção de embalagens e produtos descartáveis aumentou significativamente, assim como a produção de lixo, principalmente nos países desenvolvidos. Muitos governos e ONGs estão cobrando de empresas posturas responsáveis: o crescimento econômico deve estar aliado à preservação do meio ambiente. Atividades como campanhas de coleta seletiva de lixo e reciclagem já são comuns em várias partes do mundo. No processo de reciclagem, além de preservarmos o meio ambiente que também gera riquezas, os materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico. Ele contribui para a diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias estão reciclando materiais como uma forma de reduzir os custos de produção. Outro benefício da reciclagem é a quantidade de empregos que ela tem gerado nas grandes cidades. Mui- tos desempregados estão buscando trabalho nesse setor e conseguindo renda para manterem suas famílias. Cooperativas de catadores de papel e alumínio já são uma boa realidade nos centros urbanos do Brasil. Muitos materiais como, por exemplo, o alumínio pode ser reciclado com um nível de reaproveitamento de quase 100%. Derretido, ele retorna para as linhas de produção das indústrias de embalagens, reduzindo os custos para as empresas. Contudo, muitas campanhas educativas têm despertado a atenção para o problema do lixo nas grandes cidades. Cada vez mais, os centros urbanos, com grande crescimento populacional, tem encontrado dificuldades em conseguir locais para instalarem depósitos de lixo. Portanto, a reciclagem apresenta-se como uma solução viável economicamente, além de ser ambientalmente correta. Nas escolas, muitos alunos são orientados pelos professores a separarem o lixo em suas residências. Outro dado interessante é que já é comum nos grandes condomínios a reciclagem do lixo. Assim como nas cidades, na zona rural a reciclagem também acontece. O lixo orgânico é utilizado na fabricação de adubo orgânico para ser utilizado na agricultura. Como podemos observar, se o homem souber utilizar os recursos da natureza, poderemos ter, muito em breve, um mundo mais limpo e mais desenvolvido. Dessa forma, poderemos conquistar o tão sonhado desenvolvimento sustentável do planeta. Não basta propiciar um ambiente saudável. O necessário é educar o HOMEM para que seus hábitos o capacitem para um SER melhor! Profa. Fanny Silva do Nascimento (Profa. Universitária, Pedagoga, Psicopedagoga, Orientadora Educacional e Membro do Conselho de Pastoral Ambiental da Doicese de Jataí) vivendo&anunciando | 13 Testemunhos Foi Cristo que me Conquistou para Cuidar da Vida! Sou Ir. Rosilene de Lima, nascida dia 20/09/1974, em Santa Cruz do Monte Castelo, Paraná. Sou a sétima dos 13 filhos do casal de lavradores João Raimundo de Lima e Maria das Dores Bezerra de Lima, migrantes do Rio Grande do Norte. São eles: Maria Aparecida, Luiz Antônio, Romilda Cristina (in memorian), Ir. Rosilda (também Pastorinha) Rosana, Roseli, Rosinete, Renato, Regina, Reginaldo, Ronaldo e Reinaldo. Uma família de origem humilde, gente trabalhadora e de muita fé, que manifesta um forte amor a Jesus e Maria, e grande devoção aos Santos. Foi aí, que desde cedo aprendi o valor do trabalho, da fé, do respeito, da justiça e da honestidade para com os outros, do ser uma pessoa de bem e de fazer o bem como Jesus. Tornei-me sensível a esta orientação que recebi de meus pais e em tudo que fazia tinha presente a pessoa de Jesus, motivo pelo qual a música do Pe. Zezinho tornou-se para mim um grande lema: “amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu, sentir o que Jesus sentia, sorrir como Jesus sorria, e ao chegar o fim do dia sei que dormiria muito mais feliz...” Acreditei e apostei nessa mística e é, a partir disto, que posso falar do meu despertar vocacional, pois todo esse contexto serviu de base para opção que fiz na minha vida. Cresci sendo atraída pelos feitos de Jesus, pelo seu jeito de tratar e cuidar das pessoas, e, encantada, acreditei que eu podia viver também essa forma de amar de Jesus que os evangelhos mostram: sua compaixão, o jeito de perdoar, o amor; enfim, toda a maneira de ser de Jesus me inspirava, e o testemunho familiar, mostrava-me que ser como Jesus é um ideal de vida que vale a pena! Como morava na zona rural, somente aos 14 anos de idade comecei a catequese e às vésperas de fazer a primeira Eucaristia, a fala de um dos catequistas me inquietou: “fazer primeira Eucaris- 14 | vivendo&anunciando tia não significa a curiosidade de saber que gosto tem a Hóstia, como muitas crianças pensam, ou para cumprir um ritual. Primeira Eucaristia é compromisso com Jesus, não podemos parar por aqui, a Igreja oferece muitos meios de se comprometer mais com o projeto de Jesus”. Então desejei ardentemente viver um compromisso maior com Cristo. O ingresso de minha irmã Rosilda na congregação das Irmãs Pastorinhas facilitou o meu caminho vocacional, pois as Irmãs começaram visitar a minha família. Eu já tinha claro que queria ser religiosa, mas tinha muito medo de deixar minha família. Isso se acentuou mais quando Rosilda saiu de casa e eu vi o sofrimento, sobretudo de meus pais, afinal ela foi a primeira filha a seguir o seu caminho longe da família. Cultivava o meu desejo sem contar para ninguém, mas minha mãe percebia e, sentindo que eu tinha dom para viver esta vocação, acabou me incentivando. Em uma das visitas de Irmã Marta (Pastorinha) a minha família, comecei a fazer acompanhamento vocacional por correspondência. Participei de um encontro vocacional em Assis-SP, onde conheci melhor a missão das Irmãs Pastorinhas. Vi que minha irmã Rosilda estava feliz e acreditei que tudo vinha ao encontro do que eu desejava. Tudo correspondia ao anseio que me movia. Senti que era nessa congregação que o Senhor me chamava a consagrar a vida: eu iria realizar o bem, ser uma pessoa do bem, como Jesus! Foi então que no dia 19 de janeiro de 1994, ingressei na congregação das Irmãs de Jesus Bom Pastor – Pastorinhas. Vim disposta a tudo! Confesso que o início não foi um “mar de rosas”, encontrei muitas dificuldades de adaptação, a vida na cidade era tão diferente... sentia muitas saudades de minha família, da roça e mesmo tendo minha irmã na mesma congregação não ficávamos juntas. Mas, na certeza de que estava respondendo a um chamado e fazendo a vontade de Jesus, a quem eu queria muito imitar, assumi com responsabilidade os estudos e cada etapa de formação, segundo a proposta da congregação. Fui me apaixonando cada vez mais por este ideal de vida, pela espiritualidade e missão da Irmã Pastorinha no trabalho junto ao povo de Deus, cuidando da vida em Cristo, em colaboração com os pastores.... e disse SIM! E digo sim todos os dias... Ao longo destes 17 anos senti e sinto concretamente que Jesus Bom Pastor está comigo conduzindo, capacitando-me para responder às exigências da vida religiosa consagrada. Sempre estive aberta à sua graça. Cristo se apaixonou por mim e eu por Ele, seu amor me conquistou, vivo e o sigo não somente, pelo que ouvi falar Dele, mais por que o experimentei com e na minha própria vida. Acredito no Carisma Pastoral como uma forma de já viver o Reino de Deus no aqui e agora de nossas vidas! irmã Rosilene de Lima, sjbp CUIDAR DA VIDA Vibrar, Inventar, Dedicar, Amar O que é a vida? Como cuido da vida? A vida é movimento, é respiração é ser capaz de vibrar com os pequenos e grandes acontecimentos; é ser capaz de inventar, reinventar, as coisas, os eventos, os fatos do dia a dia. Vivo a vida procurando dedicar tempo, forças físicas, psíquicas nos relacionamentos humanos, com a natureza, ou seja, com toda a criação. Vivenciando os valores do respeito, da responsabilidade e da justiça, com o objetivo de proporcionar uma vida conforme os ensinamentos de Jesus Bom Pastor. Cuidar da vida é amar. Quando amamos nos inquietamos, ficamos indignados com tudo que diminui as possibilidades de vida. Por isso, cuido da vida escutando e procurando estratégia para dar uma resposta à humanidade que clama por uma nova espiritualidade integrada e sintonizada com a economia e a ecologia. Pois, acredito que hoje para termos uma sociedade feliz é necessário dar qualidade ao ambiente social, termos um sistema econômico humanizado e valorizar a cultura própria de cada povo. Cuidar da Vida é buscar para si e para as pessoas: o bem-estar psicológico, a saúde, a educação, cuidar do meio ambiente, preservar a riqueza cultural, é tecer relacionamentos que geram vida. “O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo” (Gn 2, 15). Ir. Lusineide Cardoso de Melo, sjbp ENCONTREI O GRANDE TESOURO... Eu, Irmã Ana Maria de Paiva, sou Natural da Cidade de Iepê – interior do Estado de São Paulo e desde muito Jovem senti um forte chamado de Deus para a vida religiosa: dedicar-me a serviço dos irmãos colaborando na Comunidade. Conheci as Irmãs Pastorinhas quando elas foram morar em minha cidade e senti que a forma de vida delas vinha como resposta aos apelos de Deus que eu sentia. No entanto, para entrar na Congregação enfrentei várias dificuldades, tanto em nível familiar, já que eu e minha irmã Maria Conceição, a qual também pensava em ser religiosa, éramos filhas únicas e minha mãe era bastante doente, quanto provenientes da influência de pessoas amigas: a vizinhança só dava conselhos contrários ao seguimento da minha vocação, porque para eles era algo muito estranho e absurdo. Mas depois de dois anos que minha irmã havia entrado na Congregação, vencendo as dificuldades com a Graça de Deus, também consegui dar esse passo, contando com o apoio das Irmãs Pastorinhas que residiam em minha cidade. Até agora passei por várias comunidades paroquiais, as mais carentes e sofridas, onde pude dar a colaboração no ministério pastoral junto aos simples e pequenos. Um verdadeiro cuidar da vida em Cristo! Hoje estou trabalhando na periferia de Maceió – Alagoas, num bairro muito pobre e populoso, que contrasta enormemente com a cidade do turismo. São pessoas sofridas, mas profundamente amigas, acolhedoras e sedentas de espiritualidade. Sou muito feliz no seguimento a Jesus Bom Pastor, consagrando minha vida a serviço dos irmãos. Jovem! Convido você a fazer uma experiência em nossa Congregação... se for esta a sua vocação, você vai sentir que vale a pena deixar tudo para seguir Aquele que é o maior Tesouro da nossa vida: Jesus Bom Pastor! Ir. Ana Maria de Paiva, sjbp UM CUIDADO AMOROSO Acolher a Vida em todas as manifestações é sempre privilegiar os mais fracos e impossibilitados de ter Vida em abundância. Hoje, vivo a experiência de Cuidar da vida na sua integralidade, numa doação total, pois, me encontro ao lado de alguém, a minha mãe, que deseja com ardor a saúde e vive de lembranças, sonhando chegar até onde o pensamento pode alcançar. Essa vivência faz-me olhar, com o coração, o irmão e a irmã como respiro de Deus. Os necessitados estão presentes no nosso dia a dia e, este fato nos leva a realizar ações com amor e zelo pela vida. Cuidar da vida em Cristo é o Caminho da Compaixão, que somente com a luz do Espírito Santo, se pode entender e chegar à conversão pessoal, pastoral em comunhão com os irmãos e irmãs. Peço todos os dias que Maria Pastora, saúde dos enfermos, nos ensine o caminho para chegarmos até o Pai. É quando cuidamos de nossa saúde mental, espiritual e física, que somos testemunhas de Amor e de fé no Filho – Jesus Bom Pastor. O que existe no mundo foi criado por Deus, que em sua bondade nos concedeu o que há de mais importante: O Dom da vida. Esse Dom nos serve para darmos testemunho Dele e sermos evangelizadores na construção do reino. Como os apóstolos curavam doentes, os profissionais da saúde e todos nós cristãos, também, somo chamados a cuidar do próximo. São Lucas no evangelho diz que: “Reunindo Jesus os doze apóstolos, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curar as enfermidades (Lc 9, 1)”. E curar é cuidar! Eu agradeço a Deus de neste momento histórico em que minha mãe está idosa e doente, totalmente dependente, poder cuidar dela como filha e como consagrada, com todo amor! Ir. Maria da Glória Anacleto, sjbp A Mãe terra geme e sofre, pelo cuidado da vida! Desde o início do mundo Deus Pai se manifestou Criando todos os seres Porque muito nos amou. Para seu louvor e glória É o princípio e fundamento Em toda a obra criada O homem é o ser mais perfeito A natureza oferece Tudo que precisamos Para ter saúde e vida Somos livres e optamos. Aprendi com minha mãe Da saúde e da vida cuidar Com meu pai cultivar a terra Conservá-la e plantar. Contemplava a obra criada A riqueza que ela encerra Tudo tem vida, que beleza Precisamos cuidar da mãe terra. Em nome do progresso Mulher e homem se arriscam Sem respeito ao Criador E aos seres que na terra habitam. Os desafios são muitos Para a vida e o planeta Ao distanciar das origens Realizando tudo o que inventa. A humanidade evoluiu Esqueceu a conversão Precisamos mudar as trilhas Assumir e viver a compaixão. A mãe terra geme e sofre Por sentir-se tão invadida Desrespeitada pelos homens Que aos poucos lhe tiram a vida. Cuidar da própria vida Sensível e solidário ao irmão Proteger e conservar o planeta Esta é a missão do Cristão. As plantas sempre foram usadas É uma experiência milenar Buscando resgatar a vida Na terra, no oceano e no ar. Pessoas corajosas e sábias Em novos caminhos a trilharem Políticas Públicas e SUS assumindo Práticas integrativas e complementares. São deveres, missão e justiça Para grandes e pequenos em geral Se quisermos viver longamente E que Deus nos preserve do mal. Criar consciência e assumir Iniciativas e projetos em parceria Somando forças em prol da vida O planeta agradece com alegria. A vocação da Pastorinha Abrange o mundo inteiro Fazer o que o Bom pastor fez E implantar o seu Reino. Ir Luiza Santos. sjbp vivendo&anunciando | 15 O Beato Tiago Alberione nos fala...