Saúde Infantil e o Meio Ambiente INSTRUÇÕES PARA O USO DO PACOTE DE TREINAMENTO PARA A ÁREA DA SAÚDE 1 Publicado pela Organização Mundial da Saúde Sob o título Children's health and the environment. Instructions for the use of the WHO training package for the health sector © Organização Mundial da Saúde A Organização Mundial da Saúde cedeu os direitos de tradução e publicação para a edição em português à Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que é a única responsável pela qualidade e fidelidade da tradução para o português. Em caso de inconsistência entre as edições em inglês e português, a edição original em inglês deve ser considerada autêntica e de referência. Saúde Infantil e o Meio Ambiente. Instruções para o uso do pacote de treinamento para a área da saúde © Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) 2015 2 Sumário Preâmbulo.....................................................................................................................3 Background....................................................................................................................3 Por que a área da saúde deve ser treinada em saúde ambiental pediátrica? ..............5 Objetivos........................................................................................................................5 Apêndices.......................................................................................................................6 Uso dos módulos de treinamento.................................................................................6 Checklist.........................................................................................................................9 Feedback à OMS...........................................................................................................10 3 Preâmbulo O ambiente em que as crianças vivem, crescem, brincam e aprendem tem um impacto sobre a saúde. Inúmeros problemas de saúde e de desenvolvimento podem ser atribuídos à exposição à água contaminada, más condições de saneamento, fumo em ambiente aberto e fechado, vetores de doença sem controle, como mosquitos carreadores de doenças, assim como armazenamento e eliminação insegura de produtos químicos. Problemas novos e emergentes também podem surgir à medida em que crianças se expõem a produtos químicos pouco testados e poluentes persistentes, ou então ao serem expostas a problemas ligados a tendências de urbanização e alteração climática global. A OMS estima que mais de 40% da carga global de doença atribuída ao meio ambiente recaia sobre crianças de até 5 anos de idade, que representam apenas 10% da população. Profissionais de saúde estão em uma posição‐chave para identificar crianças em risco e para entrar em ação. Profissionais de saúde da linha de frente devem ser capacitados para reconhecer e avaliar os entornos das crianças, cuidando potenciais riscos físicos, químicos e biológicos, além de dar orientação aos pacientes e comunidades sobre como evitar e reduzir exposições, provendo um ambiente saudável para que se tenha assim crianças saudáveis. Pediatras, médicos de família, enfermeiros, assistentes de cuidados primários de saúde e outros profissionais de saúde devem ser treinados sobre as relações entre a saúde das crianças e o meio ambiente através do uso de materiais de formação harmonizados, adaptáveis às necessidades específicas dos países e grupos profissionais. Através deste pacote de formação, os profissionais de saúde da "linha de frente" irão: Estar aptos a reconhecer e avaliar as doenças ligadas ou desencadeadas por fatores ambientais Ganhar maior compreensão sobre a influência de “velhos" e "novos" fatores do meio ambiente sobre a saúde das crianças Melhorar a qualidade no diagnóstico e manejo dos efeitos relacionados ao ambiente sobre a saúde e o desenvolvimento Estar habilitados a discutir e aconselhar sobre riscos ambientais com os pacientes, pais, educadores, mídia e outros profissionais de saúde Aumentar o potencial de investigação sobre a saúde e o desenvolvimento das crianças Adquirir habilidades de tomada de posições para sensibilizar os tomadores de decisão sobre questões de alta prioridade para ação Background Uma quantidade crescente de evidências mostra que fatores de risco ambientais têm um impacto sobre a saúde e desenvolvimento de fetos, bebês, crianças e adolescentes e sobre o futuro delas. Estima‐se que mais de um quarto da carga global de doenças seja devido a fatores ambientais modificáveis, e que, em crianças, essa proporção aumenta para um terço da carga global de doença (OMS, Prevenção de Doenças Através de Ambientes Saudáveis, 2006). Em resposta às necessidades de treinamento e informação expressas pelos países e ONGs, a OMS desenvolveu materiais para serem utilizados 4 pelos setores da saúde e do meio ambiente, a fim de estruturar suas capacidades na área de saúde pediátrica e o meio ambiente. Esforços empreendidos pela OMS, em estreita parceria com uma equipe de profissionais experientes de mais de 15 países e organizações como a Associação Pediátrica Internacional (IPA) e outras ONGs, levaram ao desenvolvimento e elaboração do pacote de formação. Esta iniciativa foi possível graças ao apoio financeiro concedido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) por seu Escritório de Proteção à Saúde da Criança, que também disponibilizou dados úteis, gráficos e texto para os módulos. Suporte adicional também foi fornecido pelo Departamento de Saúde do Reino Unido. Estes materiais visam capacitar profissionais de saúde e outros profissionais que lidam com a saúde de crianças e adolescentes a reconhecer, prevenir, avaliar e manejar doenças ligadas ou desencadeadas por diferentes exposições ambientais discutidas em cada módulo. A Declaração de Bangkok (março de 2002, Bangkok, Tailândia) publicada pelos participantes da Primeira Conferência da OMS em Saúde Ambiental Pediátrica requer que a OMS promova o reconhecimento, avaliação e estudo de fatores ambientais que tenham impacto na saúde e no desenvolvimento de crianças. Mais especificamente, incorporar saúde ambiental pediátrica no treinamento de profissionais de saúde e promover o uso da Anamnese Ambiental Pediátrica. (Área 2: Saúde e Pesquisa). No IV fórum IFCS (novembro de 2003, Bangkok, Tailândia) participantes reconheceram que as crianças são o futuro de nossas sociedades, que elas necessitam de ambientes seguros para que atinjam seu potencial completo como indivíduos e membros ativos de suas sociedades, e que diferentes setores da sociedade devem estar informados e treinados no reconhecimento dos efeitos adversos de produtos químicos. O Plano de Ação para a Saúde Pediátrica e o Meio Ambiente da Europa (CEHAPE), aprovado pelos Ministros da Saúde e Meio Ambiente da Europa em junho de 2004, solicitou colaboração para assegurar sua implementação pelo desenvolvimento e viabilização de treinamentos e materiais, além da promoção da incorporação de temas de saúde ambiental pediátrica no currículo de profissionais de saúde da criança e do adolescente. Na II Conferência Internacional "Ambiente Saudável, Criança Saudável: Aumentando o Conhecimento e Entrando em Ação" (novembro de 2005, Buenos Aires, Argentina), foi lançado um Compromisso de Ação, através do qual os participantes da conferência concordaram em promover o desenvolvimento de pediatria ambiental e de métodos de avaliação de risco que tenham em conta as crianças como um grupo de risco especial. Na Terceira Conferência Internacional da OMS para a Saúde da Criança e do Meio Ambiente em Busan, Coréia (junho de 2009), o "Busan Pledge" fez um chamado para a abordagem da saúde ambiental pediátrica e pediu que a OMS facilitasse o desenvolvimento de um plano global de ação para melhorar a saúde 5 ambiental pediátrica e que regularmente monitorasse e relatasse seus progressos. Em resposta a estas e muitas outras recomendações e compromissos internacionais, a OMS está coordenando a preparação do "Pacote de Formação para o Setor da Saúde" como uma ferramenta para aumentar a capacitação de profissionais de saúde da "linha de frente" que lidam com problemas de saúde das crianças e também de outros profissionais envolvidos com questões ambientais e de saúde da criança e do adolescente. Por que a área da saúde deve ser treinada em saúde ambiental pediátrica? Profissionais de saúde treinados e bem informados irão melhorar a sua capacidade de diagnosticar, prevenir e manejar doenças pediátricas ligadas ao meio ambiente. Os benefícios específicos que terão incluem: (a) uma maior compreensão das influências benéficas, assim como as adversas, dos fatores ambientais na saúde, no desenvolvimento e no bem‐estar das crianças; (b) a capacidade de reconhecer sinais, sintomas e doenças ligadas ou desencadeadas por fatores de risco ambientais emergentes existentes ou novos; (C) a capacidade de realizar uma Anamnese Ambiental Pediátrica sobre as exposições que seja abrangente e que registre, relate e publique casos sobre a experiência adquirida; (D) a capacidade de identificar lacunas de conhecimento, planejando e realizando atividades de investigação que preencham estas lacunas; (E) o conhecimento para identificar e avaliar fontes de informação sobre riscos ambientais pediátricos e o meio ambiente (por exemplo, fontes de dados clínicos, toxicológicos, ambientais e outros); (F) maior capacidade de discutir os riscos ambientais com os pacientes, pais, educadores e mídia, fornecendo informações concisas e compreensíveis sobre potenciais ameaças e estratégias de redução de risco; (G) capacidade para defender políticas, aproximando‐se e sensibilizando os tomadores de decisão sobre a alta prioridade das questões que requerem ação urgente, incluindo a formulação de políticas (e atualização); e (H) capacidade de disseminar ainda mais as informações obtidas e a experiência adquirida, por meio da implementação de ações de treinamento nos próprios cenários. Como resultado, os profissionais bem treinados se tornarão "campeões" na proteção à saúde ambiental das crianças. Objetivos O pacote de treinamento procura converter profissionais de saúde em clínicos e tomadores de decisão capazes de empreender ações baseados em sólido conhecimento e compreensão das 6 influências ambientais para a saúde das crianças. Profissionais de saúde treinados irão se tornar líderes na promoção de ações preventivas ‐ e de ambientes saudáveis para as crianças. Embora o pacote de treinamento tente abranger as questões gerais que são aplicáveis a diferentes situações em todo o mundo, recomenda‐se que ela seja adaptada às situações e necessidades locais. Apêndices Recomenda‐se que os módulos de treinamento sejam usados em conjunto com as seguintes ferramentas (todas estão disponíveis em http://www.who.int/ceh/capacity/training_modules/en/index.html): Apêndice 1: Pesquisa: Avaliando o grau de alerta de profissionais de saúde sobre Saúde Ambiental Pediátrica Apêndice 2: Modelo de avaliação do workshop Apêndice 3: Exemplo de Avaliação de conhecimento pós‐workshop Usando os módulos de treinamento O "Pacote de Formação para a Área da Saúde" contém aproximadamente 30 módulos disponíveis como PDFs em www.who.int/ceh/capacity/trainpackage/en/index.htm com versões do PowerPoint disponíveis a pedido. Os temas foram selecionados por um grupo de trabalho de especialistas internacionais em saúde da criança e meio ambiente, e através de consultas com diferentes organizações. Os módulos abordam questões gerais de saúde ambiental, ameaças específicas, desfechos de saúde e ações. Cada módulo contém um "pool" de slides (30 a 90), dos quais o apresentador deverá selecionar os mais relevantes. É muito importante utilizar apenas os slides que são relevantes para as necessidades do público e evitar o uso de todos os slides disponíveis sem preparação prévia. Um conjunto de notas em cada Selecione apenas alguns slides, com as informações slide esclarece conceitos e oferece informações mais importantes – adapte‐ complementares relevantes e referências. os às necessidades de seu Os módulos "Crianças não são pequenos adultos" e "Por público e saliente o que que o foco nas crianças?" são uma introdução geral para o possa ser mais tarde colocado na avaliação assunto e devem ser os primeiros a serem apresentados, a fim de "definir o cenário". Em seguida, apresentar os módulos técnicos que abordam os riscos específicos selecionados, assim que tenham sido adaptados para o público. Embora os módulos complementem um ao outro, cada módulo é independente e pode ser ensinado de forma independente, conforme necessário. O palestrante pode seguir o roteiro fornecido nos slides iniciais (que anuncia os objetivos do treinamento) e usar um número de slides dentre o conjunto disponível. Em alguns casos, os palestrantes podem adicionar informação local (ou outra) aumentando o conteúdo dos 7 módulos. No entanto, recomenda‐se fortemente que se mantenha as apresentações reduzidas para aproximadamente 20 slides para cada 30 a 45 minutos de sessão, a fim de facilitar perguntas e discussões. Certifique‐se de que as Referências e informações locais, figuras e estatísticas, fotografias estejam apropriadas para o país ou devem ser incluídas nas apresentações para abordar região....e respeite os questões específicas na área ou país, assim como para direitos autorais! abordar as necessidades da audiência. É importante disseminar a informação fornecida na seção de notas (mas evite “ler” os slides ou notas, uma vez que isso se mostra muito demorado e cansativo para a plateia). Certifique‐se de permitir tempo suficiente para a discussão ao término das apresentações, dando tempo para a plateia fazer suas perguntas e também dar sua contribuição e É fundamental que o experiência. apresentador se prepare com antecedência para cada Após cada apresentação, certifique‐se de que a plateia seja palestra, lendo o conteúdo e capaz de identificar as principais necessidades de saúde materiais de referência, e ambiental pediátrica e de estabelecer prioridades para selecionando os slides ação e para eventual notificação aos tomadores de relevantes. decisão. Estudos de caso são muito úteis para envolver a plateia no pensamento de questões ambientais específicas e na melhor maneira de avaliá‐las. Os alunos devem ser encorajados a apresentá‐los, discutindo experiências passadas e revisar lições aprendidas. (por ex. sessões à tarde, seguindo as apresentações matinais dos módulos). Um sub‐pacote de treinamento em “Saúde Reprodutiva e o Meio Ambiente” também está disponível e é direcionado a profissionais da saúde reprodutiva (por ex. médicos, parteiras, enfermeiras). Ele fornece informações sobre como o ambiente pode se relacionar com o sistema, funções e processos reprodutivos em todos os estágios da vida e pode ser usado para treinar profissionais para que contribuam para uma melhor saúde reprodutiva e para que promovam educação comunitária. Este sub‐pacote foi apoiado pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (USEPA) e seu escritório de Proteção à Saúde da Criança, e pelo Departamento de Saúde do Reino Unido. 8 Para obter os módulos de treinamento, por favor complete o Formulário de Registro: http://www.who.int/ceh/capacity/modules_form/en/index.html 9 Checklist Planejando o evento de treinamento – Um checklist para os organizadores: Identificar a organização anfitriã e patrocinadores, e discutir o conteúdo, os objetivos e os detalhes do curso e a melhor forma de responder às necessidades locais; Pactuar o formato: curso? workshop?, simpósios? Pactuar a duração, hora e local; Identificar os participantes que mais irão se beneficiar do evento: o nível educacional, o setor (es) onde eles pertencem, conhecimento e necessidades de informação, número de participantes (de preferência não mais do que 30 pessoas, para um curso com profundidade); Obter apoio político, ao nível mais alto possível; Calcular os custos (e esclarecer quem paga o quê e quando, com antecedência!); Escolher os módulos que serão utilizados; Desenvolver a agenda; Identificar oradores: especialistas locais e externos; Organizar uma sessão de planejamento com todos os apresentadores para revisar os materiais e sua adaptação; Atribuir a tarefa aos apresentadores / formadores, sublinhando a necessidade de adaptar os materiais para a situação local; Certificar‐se de que o local é adequado e que há espaço suficiente para o trabalho (por exemplo, pode ser necessário organizar grupos de trabalho!); Reservar equipamentos de audiovisual e verificar o funcionamento, antes do início do evento; Organizar pausas e catering; Preparar certificados de participação com antecedência; Divulgar o evento ‐ se necessário e desejável; Informar e convidar as autoridades e organizações chave; Preparar e enviar informações aos alunos com antecedência; Avaliar o conhecimento dos alunos sobre SAP antes do treinamento (ver apêndice 1: Pesquisa: Avaliando o grau de alerta de profissionais de saúde sobre Saúde Ambiental Pediátrica, disponível em: http://www.who.int/ceh/capacity/training_modules/en/index.html); No evento, exibir os recursos existentes: cartazes, folhetos, publicações, vídeos; Avaliar organização e logística da oficina através de um questionário (ver Apêndice 2: Modelo de avaliação do workshop, disponível em: http://www.who.int/ceh/capacity/training_modules/en/index.html); Avaliar o conhecimento adquirido através de um teste anônimo (ver Apêndice 3: Exemplo de Avaliação de conhecimento pós‐workshop, disponível em: http://www.who.int/ceh/capacity/training_modules/en/index.html); Assegurar que as questões levantadas pelo teste anônimo sejam abordadas em sessão plenária, a fim de corrigir quaisquer erros ou equívocos; Obter o compromisso dos formandos para implementar um curso semelhante em suas próprias configurações; Agradecer palestrantes, doadores e personalidades convidadas por escrito; Agradecer os participantes por e‐mail ou por escrito, como for conveniente; Preparar um breve relatório sobre o evento enviando‐o para OMS / CEH ([email protected]); Configurar uma rede local que permita dar seguimento aos progressos realizados, às atividades desenvolvidas pelos alunos e ‐ oportunamente ‐ à organização de outros eventos; Avaliar o impacto do curso sobre os alunos e seus cenários de atuação um ano depois; 10 Módulos de treinamento Módulos de treinamento estão disponíveis em inglês. Para obtê‐los por favor visite: http://www.who.int/ceh/capacity/training_modules/en/index.html . Feedback à OMS: Após o uso dos módulos é requerido que se prepare um relatório breve sobre o evento e que seja encaminhado a [email protected] incluindo as seguintes informações: 1. 2. 3. 4. Número de pessoas treinadas Países dos alunos Quais módulos foram usados Avaliação destes módulos (p. ex. clareza, complexidade dos slides, lacunas nos assuntos,...) 5. Nome do(s) palestrante(s) 6. Uso futuro dos módulos (se aplicável) BOA SORTE ! 11