Estimados amigos, caros formandos do Curso de Filosofia - 2010! Primeiramente, gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos vocês, caros formandos, por terem me escolhido, talvez sem muito mérito, como professor paraninfo. Muito obrigado por este gesto de refinada cortesia e pela oportunidade de falar-lhes mais uma vez como vosso professor e educador. Caros formandos, hoje é um dia de grande alegria e muito orgulho para vocês que estão se formando no Curso de filosofia da FAE Centro Universitário. É um dia de alegria porque sentem que ao longo dos três anos de atividade acadêmica cumpriram o seu dever de empenhar-se pra valer no estudo da filosofia. E o orgulho de vocês também justifica-se porque, a partir de hoje, vocês fazem parte de uma elite privilegiada da população brasileira que já concluiu um curso superior. Se estou bem informado, hoje, não mais do que 05 por cento da população brasileira tem diploma de curso superior completo. No entanto, a alegria e o orgulho de vocês não se justifica apenas por estarem concluindo um curso acadêmico, mas sobretudo porque constatam o quanto vocês humanamente cresceram ao longo dos três anos de estudo nesta Instituição franciscana. Certamente, ao longo do curso de filosofia vocês descobriram que a sabedoria, tão ardentemente buscada pelo filósofo, não se transmite, ex cátedra, mas é preciso que a gente mesmo a descubra e a viva depois de uma caminhada que ninguém pode fazer em nosso lugar. Para os mais renomados filósofos, ser sábio é um hábito que se adquire pela prática das virtudes. Para Santo Agostinho, por exemplo, a filosofia que não torna o ser humano mais virtuoso e feliz não é verdadeira filosofia. Em outras palavras, é inútil a ciência que não culmina na sapiência. Tomás de Celano, um dos biógrafos de São Francisco de Assis, escreveu que “Francisco aborrecia-se quando a ciência era procurada com desprezo da virtude”. Por isso, hoje, mais importante do que receber um diploma de filosofia, é a sabedoria que cada um buscou e cultivou ao longo desses anos. E, falando em sabedoria, gostaria de referir-me a um monge beneditino, chamado Beda, que viveu na Inglaterra por volta do ano 1.300. Ele foi um homem pleno de conhecimento e admirado pela sua imensa capacidade intelectual. Esse monge, apesar de sua fama de intelectual, não foi vítima da presunção que normalmente acomete a muitas pessoas que se encontram nessa condição. Beda nos deixou uma advertência, na qual diz que há três caminhos para a infelicidade (ou fracasso): 1) não ensinar o que se sabe; 2) não praticar o que se ensina; 3) não perguntar o que se ignora. Os três caminhos de Beda indicam que a realização do humano, ou a vida humana bem sucedida consiste na generosidade mental (ensinar o que se sabe), na honestidade moral (praticar o que se ensina) e na humildade inteligente (perguntar o que se ignora). Sem dúvida, a generosidade mental, a honestidade moral e a humildade inteligente são elementos constitutivos do que entendemos ser a sabedoria ou, a sapiência. Caros formandos, hoje vocês estão concluindo mais uma etapa na vida acadêmica, e, certamente, muitas outras virão. Poderíamos até dizer que estudar faz parte da vida. Nesse sentido gostaria de parafrasear algumas exortações que o franciscano São Bernardino de Siena fez, no século XIV, aos estudantes da Universidade de Siena e que são válidas ainda hoje. Trata-se de sete regras para se tornar um homem culto, sábio e feliz: 1 – A estima pelo estudo: ninguém consegue estudar seriamente, se antes não tem em grande estima o estudo; não chega a ter uma grande cultura, quem não estima o estudo. 2 – O isolamento, a solidão. A solidão é muito importante para estudar seriamente. Na vida temos de ser como os atletas que abstém-se de muitas coisas para atingir os seus objetivos. 3 – O descanso físico e mental. Uma alma muito cansada e agitada não é capaz de progredir no processo de aprendizagem. 4 – A justiça, o equilíbrio ou a justa medida. “Virtus in médium”, diziam os antigos pensadores gregos e latinos. Portanto, em muitas circunstâncias na vida, nem oito nem oitenta. 5 – A perseverança. Não basta começar a fazer muitas coisas, é necessário ir até o fim. Só os que perseveram até o fim é que recebem a coroa da vitória. 6 – A prudência, isto é, cada um deve caminhar na vida fazendo cada passo segundo a capacidade das suas próprias pernas. Ninguém pode ganhar um torcicolo pelo esforço de olhar para metas que estão fora do seu alcance. 7 – A diletação: significa fazer com gosto, paixão, amor e alegria todas as coisas. Portanto, caros formandos, ao longo de toda a vida e em tudo o que fizerem na vida, tenham sempre presente essas exortações, esses bons conselhos, pois, eles são para nós garantia de uma vida sábia e feliz. Parabéns pelo dia de hoje e sejam muito felizes! Muito obrigado! Prof. Frei João Mannes Paraninfo dos formandos do Curso de Filosofia de 2010