João André Pereira Pacheco Brás Interface de um Gerador Eólico

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Universidade do Minho
Escola de Engenharia
Interface de um Gerador Eólico
para Microgeração de Energia
com Cargas Eléctricas
UMinho | 2011
João André Pereira Pacheco Brás
Interface de um Gerador Eólico para
Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
João André Pereira Pacheco Brás
dezembro de 2011
Universidade do Minho
Escola de Engenharia
João André Pereira Pacheco Brás
Interface de um Gerador Eólico
para Microgeração de Energia
com Cargas Eléctricas
Dissertação de Mestrado
Ciclo de Estudos Integrados Conducentes ao Grau de
Mestre em Engenharia Electrónica Industrial e Computadores
Trabalho efetuado sob a orientação do
Professor Doutor Manuel João Sepúlveda Mesquita de
Freitas
dezembro de 2011
Aos meus pais e à minha namorada
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Agradecimentos
Embora uma tese seja um trabalho individual, há contributos que não podem ficar
esquecidos nem devem deixar de ser realçados.
Desde o início do mestrado, contei com a confiança e o apoio de inúmeras
pessoas. Sem esses contributos, esta investigação não teria sido possível.
Ao Professor Doutor Manuel João Sepúlveda Mesquita de Freitas, orientador da
dissertação, agradeço o apoio, a partilha do saber e as valiosas contribuições para o
trabalho. Pela competência com que orientou esta minha tese e pela sua crítica sempre
tão atempada, como construtiva.
Um sentido agradecimento aos meus colegas de laboratório, Luís Pacheco, Rui
Barros, Leandro Cruz, Vítor Costa, Pedro Conceição, Cláudio Gomes e Delfim
Anderson, pela amizade, companheirismo e encorajamento.
Sou muito grato a todos os meus familiares pelo incentivo recebido ao longo
destes anos, principalmente à minha namorada, Ana Sofia Fernandes, que agradeço toda
a atenção, tempo, apoio e o amor que me dedicou, sem reservas. Aos meus pais,
António Brás e Rosa Ribeiro, obrigado pela dedicação, compreensão e por todo o
esforço em permitir o meu percurso académico. Aos meus irmãos, Nelson Pacheco e
Catarina Brás pelo carinho.
Por último, e não menos importante, quero agradecer ao Micael Henriques e à
Patrícia Fernandes pelo incentivo e apoio.
O meu profundo e sentido agradecimento a todas as pessoas que contribuíram
para a concretização desta dissertação, estimulando-me intelectual e emocionalmente.
iii
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
iv
Resumo
Nos dias de hoje fontes de energia renovável têm um papel cada vez mais
importante, tanto em Portugal como no mundo, no sentido de contribuírem, cada vez
mais, para a conservação do planeta, do desenvolvimento económico ou da criação de
emprego por todo o mundo.
A energia eólica tem-se revelado ao longo dos anos uma mais-valia no contributo
das energias renováveis para o desenvolvimento e preservação do planeta.
Actualmente a produção de energia eólica não é feita apenas em grande escala, a
micro produção de energia eólica tem crescido cada vez mais, tanto no mundo como em
Portugal.
Com este trabalho pretende-se desenvolver um sistema capaz de efectuar o
Interface de um gerador eólico para microgeração de energia com cargas eléctricas, que
são destinadas a serem alimentadas através da rede eléctrica.
Desta forma desenvolveu-se um circuito constituído por um rectificador
monofásico de forma a obter-se uma tensão contínua na saída do gerador eléctrico e
alimentar um circuito inversor de tensão monofásico, capaz de converter a tensão do
gerador eléctrico numa tensão alternada de 230V e frequência 50Hz para alimentar a
carga pretendida.
O sistema de controlo implementado é executado pelo microcontrolador
PIC18F4431 da Microchip que tem como função gerar os sinais que vão controlar o
circuito inversor de tensão.
São também mostrados os resultados das simulações do sistema de interface entre
o gerador e a carga, e os resultados experimentais do protótipo desenvolvido.
Palavras-chave: Energias Renováveis; Gerador Eólico; Inversor de Tensão
v
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
vi
Abstract
Nowadays, renewable energy sources play an increasingly important role, in
Portugal and around the world, in the sense that they contribute, more and more, to the
planet’s conservation, economical development and job creation throughout the world.
Throughout the years, wind energy has proven itself an asset to the contribution of
renewable energies to the conservation of the planet.
Nowadays, the harvesting of wind energy is not only performed on a grand scale,
as micro-energy production have been growing steadily, both in Portugal and in the rest
of the world.
The purpose of this work was to develop a system capable of interfacing with a
wind-powered generator for energy micro-generation with electric loads, designed to be
supplied by the power grid.
For this purpose, a circuit made up of a single-phase rectifier was developed in
order to obtain a continuous voltage at the output of the electrical generator, which in
turn feeds a single-phase voltage inverter capable of converting the continuous current
into a 50Hz 230V alternating current to feed the intended load.
The implemented control system is executed by Microchip’s PIC18F4431
microcontroller whose purpose is to generate the signals which will control the voltage
inverter circuit.
Simulation results of the generator-load interface and experimental results
obtained from the developed prototype are also presented.
Keywords: Renewable Energies; Wind Generator; Voltage Inverter
vii
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
viii
Índice
Agradecimentos..................................................................................................................... iii
Resumo .................................................................................................................................... v
Abstract .................................................................................................................................vii
Índice ......................................................................................................................................ix
Lista de Figuras......................................................................................................................xi
Lista de Tabelas .................................................................................................................... xv
Lista de Siglas e Acrónimos ................................................................................................ xvii
CAPÍTULO 1 Introdução ........................................................................................................ 1
1.1.
Identificação do Problema ........................................................................................... 1
1.2.
Potência Eólica Instalada no Mundo e na Europa......................................................... 4
1.3.
Potência Eólica Instalada em Portugal ......................................................................... 6
1.4.
Motivações do Trabalho .............................................................................................. 8
1.5.
Objectivos do Trabalho ............................................................................................... 8
1.6.
Organização da Tese ................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2 Geradores Eólicos........................................................................................... 11
2.1.
Tipos de Turbinas Eólicas ......................................................................................... 11
2.2.
Componentes de um Gerador Eólico ......................................................................... 13
2.3. Geradores Eléctricos ................................................................................................. 19
2.3.1. Gerador de Corrente Contínua ................................................................................ 19
2.3.2. Gerador Síncrono ................................................................................................... 21
2.3.3. Gerador Síncrono de Rotor Bobinado ..................................................................... 21
2.3.4. Gerador Síncrono de Imanes Permanentes .............................................................. 22
2.3.5. Gerador de Indução Assíncrono .............................................................................. 22
2.3.5.1 Gerador de Indução com Rotor em Gaiola de Esquilo ........................................ 23
2.3.5.2 Gerador de Indução com Rotor Bobinado .......................................................... 23
2.4. Micro-Eólicas ........................................................................................................... 23
2.4.1. Características de diferentes Micro-Eólicas existentes no Mercado ......................... 25
2.5.
Aproveitamento da Energia fornecida pelo Vento ...................................................... 30
2.6. Sistemas Usados na Aplicação de Geradores Eólicos ................................................. 35
2.6.1. Sistemas Isolados ................................................................................................... 35
2.6.2. Sistemas Híbridos ................................................................................................... 36
2.6.3. Sistemas Interligados à Rede Eléctrica .................................................................... 37
2.6.4. Sistemas “off - shore” ............................................................................................. 38
CAPÍTULO 3 Diferentes Topologias de Sistemas Micro-Eólicos ......................................... 39
3.1.
Topologia de Sistemas Micro-Eólicos Ligados à Rede Eléctrica ................................ 39
ix
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
3.2. Topologia de Interface de Sistemas Micro-Eólicos com Cargas Eléctricas
Independentes ..................................................................................................................... 44
3.3. Exemplo de Sistema Micro-eólico com Seguidor do Ponto de Máxima Potência
(MPPT - Maximum Power Point Tracker) ........................................................................... 46
3.3.1. Gerador Síncrono de Ímanes Permanentes .............................................................. 48
3.3.2. Conversor CA/CC (rectificador) ............................................................................. 49
3.3.3. Conversor CC/CC .................................................................................................. 53
3.3.3.1. Conversor Step-up ........................................................................................... 53
3.3.3.2 Conversor Step-up com Controlo PWM (Pulse-Width Modulation) ................... 63
3.3.3.3. Dimensionamento do Conversor Step-up .......................................................... 65
3.3.4. Sistema de controlo MPPT ..................................................................................... 66
3.4. Topologia do Sistema Micro-Eólico com Interface para Cargas CA Desenvolvido..... 68
3.4.1. Inversor .................................................................................................................. 68
3.4.2. Inversor em Ponte Completa (Full – Bridge) Monofásico ........................................ 70
3.4.3. Inversor com Controlo PWM (Pulse-Width Modulation) ........................................ 72
CAPÍTULO 4 Simulações Computacionais ........................................................................... 77
4.1.
Psim ......................................................................................................................... 77
4.2.
Modelo de Simulação do Gerador Micro-eólico ........................................................ 79
4.3.
Conversor Step-up .................................................................................................... 83
4.4.
Inversor .................................................................................................................... 86
CAPÍTULO 5 Implementação Prática do Sistema de Interface do Gerador Micro-Eólico
com Cargas Eléctricas........................................................................................................... 95
5.1.
Gerador Micro-eólico ................................................................................................ 96
5.2. Sistema de controlo ................................................................................................... 97
5.2.1. Controlo do inversor ............................................................................................. 100
5.3.
Interface entre o Microcontrolador e o Inversor ....................................................... 101
5.4.
Implementação do Rectificador ............................................................................... 103
5.5.
Implementação do Inversor Monofásico .................................................................. 105
5.6.
Sistema Implementado ............................................................................................ 107
CAPÍTULO 6 Resultados Experimentais ............................................................................ 109
6.1.
Ensaio do Gerador Síncrono .................................................................................... 109
6.2.
Resultados Experimentais do Circuito de Controlo. ................................................. 110
6.3.
Resultados experimentais do Circuito Inversor ........................................................ 111
CAPÍTULO 7 Conclusões e Propostas de Trabalho Futuro ............................................... 115
7.1.
Conclusões.............................................................................................................. 115
7.2.
Propostas de Trabalho Futuro .................................................................................. 116
Referências Bibliográficas .................................................................................................. 117
x
Lista de Figuras
Figura 1-1 Projecção das emissões de (
) a nível mundial [2]. .............................................. 2
Figura 1-2 Evolução anual da potência eólica instalada total no Mundo [6]................................ 4
Figura 1-3 Evolução anual da potência eólica instalada por ano no Mundo [6]. .......................... 5
Figura 1-4 Evolução anual da potência eólica instalada na Europa [7]........................................ 6
Figura 1-5 Capacidade total de energia eólica instalada em Portugal [6]. ................................... 7
Figura 1-6 Evolução da Potência eólica instalada em Portugal Continental [4]. .......................... 7
Figura 2-1 Turbina de eixo horizontal (HAWT) [8]. ................................................................ 12
Figura 2-2 Turbina de eixo vertical (VAWT) [8]. .................................................................... 12
Figura 2-3 Componentes de uma turbina eólica [9]. ................................................................. 13
Figura 2-4 Potência nominal em relação ao diâmetro do rotor [10]. ......................................... 14
Figura 2-5 “Upwind” [11]. ...................................................................................................... 15
Figura 2-6 “Downwind” [11]. .................................................................................................. 15
Figura 2-7 Torre tubular [13]................................................................................................... 19
Figura 2-8 Torre em treliça [14]. ............................................................................................. 19
Figura 2-9 Estator e Rotor de um gerador de corrente contínua [15]......................................... 20
Figura 2-10 Micro-eólica [19]. ................................................................................................ 24
Figura 2-11 Gerador eólico de grande porte [20]. .................................................................... 25
Figura 2-12 Micro-eólica PK-10 [21]. ..................................................................................... 26
Figura 2-13
em função de λ para vários tipos de turbinas [30]. ........................................... 33
Figura 2-14 Modelo de Betz [32]. ............................................................................................ 33
Figura 2-15 Sistemas isolados. ................................................................................................ 36
Figura 2-16 Sistemas híbridos. ................................................................................................ 37
Figura 2-17 Sistema interligados à rede eléctrica. .................................................................... 37
Figura 2-18 Sistema “off-shore” [35]....................................................................................... 38
Figura 3-1 Gerador síncrono ligado directamente à rede eléctrica. ........................................... 40
Figura 3-2 Gerador síncrono ligado à rede através de conversores CA/CC e CC/CA. ............... 41
Figura 3-3 Gerador síncrono sem caixa de velocidades e ligação à rede através de conversores
CA/CC e CC/CA..................................................................................................................... 41
Figura 3-4 Gerador assíncrono com rotor em gaiola de esquilo ligado directamente à rede. ...... 42
Figura 3-5 Gerador assíncrono com dupla alimentação com estator ligado directamente à rede e
rotor ligado através de conversores CA/CC e CC/CA. ............................................................. 43
Figura 3-6 Gerador assíncrono com rotor em gaiola de esquilo ligado à rede através de
conversores CA/CC e CC/CA. ................................................................................................ 43
Figura 3-7 Sistema de interface com cargas CA. ...................................................................... 44
xi
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Figura 3-8 Sistema de interface com cargas CA com conversor CC/CC. .................................. 45
Figura 3-9 Sistema de interface com cargas CC. ...................................................................... 45
Figura 3-10 Curva característica da potência de uma turbina micro-eólica [33]. ....................... 46
Figura 3-11 Topologia do Sistema Micro-eólico com Seguidor do Ponto de Máxima Potência. 47
Figura 3-12 Rectificador trifásico não controlado. ................................................................... 50
Figura 3-13 Rectificador trifásico não controlado com filtro capacitivo. .................................. 50
Figura 3-14 Formas de onda da tensão de entrada (Vab, Vbc, Vca) e saída do rectificador não
controlado. .............................................................................................................................. 51
Figura 3-15 Formas de onda da corrente de entrada (Ia, Ib, Ic) e saída do rectificador não
controlado. .............................................................................................................................. 51
Figura 3-16 Formas de onda da tensão de entrada (Vab, Vbc, Vca) e saída do rectificador não
controlado com filtro capacitivo. ............................................................................................. 52
Figura 3-17 Formas de onda da corrente de entrada (Ia, Ib, Ic) e saída do rectificador não
controlado com filtro capacitivo. ............................................................................................. 52
Figura 3-18 Conversor Step-up. ............................................................................................... 54
Figura 3-19 Formas de onda da tensão e corrente na bobina para o modo de condução contínua
[39]. ........................................................................................................................................ 55
Figura 3-20 Circuito Step-Up para o estado
................................................................... 55
Figura 3-21 Circuito Step-Up para o estado
. ................................................................... 56
Figura 3-22 Formas de onda da tensão e corrente na bobina para o limite entre a condução
contínua e descontínua [39]. .................................................................................................... 57
Figura 3-23 Curvas de
e
em função de D para
constante [39]. ............................... 58
Figura 3-24 Formas de onda e corrente da bobina para o modo de condução descontínua [39]. 60
Figura 3-25 Curva característica do conversor Step-Up para
constante [39]. ....................... 61
Figura 3-26 Ripple da tensão de saída do conversor Step-Up [39]. ........................................... 62
Figura 3-27 Esquema eléctrico do conversor Step-Up com controlo PWM............................... 63
Figura 3-28 Resultado da comparação entre os sinais
e
. .................................... 64
Figura 3-29 Fluxograma do algoritmo do método P&O implementado. ................................... 67
Figura 3-30 Gerador micro-eólico com interface para cargas CA monofásicas. ........................ 68
Figura 3-31 a) Inversor VSI em ponte completa. b) Inversor VSI em meia ponte. .................... 70
Figura 3-32 Circuito eléctrico do conversor CC/CA inversor. .................................................. 71
Figura 3-33 Modos de operação do inversor. ........................................................................... 71
Figura 3-34 Comparação entre
e
[39]. ............................................................. 72
Figura 3-35 Modulação PWM modo bipolar [39]. ................................................................... 73
Figura 3-36 Comparação dos sinais
,
e
[39]. ................................. 74
Figura 3-37 Tensão de saída do braço A e B [39]. ................................................................... 75
Figura 3-38 Modulação PWM unipolar [39]. ........................................................................... 75
xii
Figura 4-1 Ambiente gráfico do Psim com alguns componentes que o constituem. .................. 78
Figura 4-2 Exemplo de visualização de um sinal sinusoidal no ambiente gráfico, onde são
apresentadas as grandezas medidas.......................................................................................... 78
Figura 4-3 Modelo do gerador micro-eólico usado por [36]. .................................................... 79
Figura 4-4 Tensões compostas do gerador eléctrico. ................................................................ 80
Figura 4-5 Modelo do gerador micro-éolico com rectificador ligado na saída do gerador
eléctrico. ................................................................................................................................. 81
Figura 4-6 Tensão na carga. .................................................................................................... 82
Figura 4-7 Corrente na carga. .................................................................................................. 82
Figura 4-8 Potência eléctrica do gerador. ................................................................................. 82
Figura 4-9 Conversor Step-up ligado ao gerador micro-eólico. ................................................ 83
Figura 4-10 Conversor Step-up. .............................................................................................. 84
Figura 4-11 Sinal de controlo PWM. ....................................................................................... 85
Figura 4-12 Tensão de entrada e saída do step-up. ................................................................... 85
Figura 4-13 Tensão e Corrente na bobina. ............................................................................... 86
Figura 4-14 Inversor ligado ao gerador micro-eólico. .............................................................. 87
Figura 4-15 Inversor. .............................................................................................................. 88
Figura 4-16 PWM unipolar. .................................................................................................... 89
Figura 4-17 Sinais de controlo dos mosfets. ............................................................................. 89
Figura 4-18 Tensão de entrada do inversor. ............................................................................. 90
Figura 4-19 Tensão de entrada do inversor com zoom. ............................................................ 90
Figura 4-20 Tensão na carga. .................................................................................................. 91
Figura 4-21 Corrente na carga. ................................................................................................ 91
Figura 4-22 Inversor com transformador na saída. ................................................................... 92
Figura 4-23 Forma de onda da tensão com transformador na saída do inversor. ....................... 92
Figura 4-24 Forma de onda da corrente com transformador na saída do inversor...................... 93
Figura 5-1 Bancada de trabalho. .............................................................................................. 95
Figura 5-2 Sistema usado para emular um gerador micro-eólico. ............................................. 96
Figura 5-3 Microcontrolador PIC18F4431. .............................................................................. 98
Figura 5-4 Diagrama de pinos do PIC18F4431 [47]. ................................................................ 99
Figura 5-5 Programador MPLAB ICD 2. ................................................................................. 99
Figura 5-6 Esquema do circuito inversor. .............................................................................. 100
Figura 5-7 Modo Counting UP/DOWN [47]. ......................................................................... 101
Figura 5-8 Esquema do Acoplador Óptico HCPL3120 [48]. .................................................. 102
Figura 5-9 Esquema do circuito eléctrico implementado com o Acoplador óptico [48]........... 102
Figura 5-10 Unidade de Controlo. ......................................................................................... 103
Figura 5-11 Rectificador 26MT80. ........................................................................................ 104
xiii
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Figura 5-12 Esquema do Rectificador com Filtro Capacitivo na Saída. .................................. 104
Figura 5-13 Rectificador Implementado na Prática. ............................................................... 105
Figura 5-14 Esquema do Mosfet FCP11N60 [49]. ................................................................. 106
Figura 5-15 Circuito inversor Implementado. ........................................................................ 107
Figura 5-16 Sistema Implementado. ...................................................................................... 107
Figura 6-1 Forma de onda da tensão da fase do gerador síncrono. .......................................... 109
Figura 6-2 Sinais de PWM gerados pelo microcontrolador. ................................................... 110
Figura 6-3 Sinais de PWM amplificados. .............................................................................. 110
Figura 6-4 Dead time de 5µs entre os sinais de PWM. ........................................................... 111
Figura 6-5 Tensão CC de entrada do inversor. ....................................................................... 111
Figura 6-6 Forma de onda de tensão na carga. ....................................................................... 112
Figura 6-7 Forma de onda de corrente na carga. .................................................................... 113
xiv
Lista de Tabelas
Tabela 3-1 Dados do Sistema micro-eólico Gerar246 [36]
http://www.eolicario.com.br/energia_eolica_gerar246.html ..................................................... 48
Tabela 5-1 Características do Motor Série Universal e Máquina Síncrona. ............................... 97
xv
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
xvi
Lista de Siglas e Acrónimos
OCDE
Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico
PNALEII
Plano Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão de CO2
W
Watt
CA
Corrente Alternada
CC
Corrente Contínua
HAWT
Horizontal Axis Wind Turbine
VAWT
Vertical Axis Wind Turbine
f
Frequência
TSR
Type Speed Ratio
Cp
Coeficiente de Potência
MPPT
Maximum Power Point Tracker
P&O
Pertubation and Observation
PWM
Pulse Width Modulation
VSI
Voltage Source Inverter
CSI
Current Source Inverter
PSIM
Power Simulator
V
Volt
A
Ampere
Ω
Ohm
Hz
Hertz
rpm
rotações por minuto
MOSFET
Metal Oxide Semiconductor Field Effect Transistor
xvii
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
xviii
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
CAPÍTULO 1
Introdução
Como parte introdutória deste capítulo é analisado o papel das energias fósseis na
poluição do nosso planeta, e como as energias renováveis têm um papel de relevância
no combate à poluição.
De seguida é descrito o panorama internacional e nacional da energia eólica.
Na parte final são expostos os objectivos desta dissertação e respectiva
organização.
1.1. Identificação do Problema
Devido ao desenvolvimento industrial e ao crescimento demográfico, tem-se
verificado nos últimos anos um aumento do consumo de energia por todo o mundo, na
sua maioria oriunda de fontes de combustível fóssil.
O aumento do consumo de energia na sua maioria proveniente de combustíveis
fósseis tem contribuído significativamente para o aumento de muitos dos problemas
ambientais do nosso planeta.
Em instalações que utilizam combustíveis fósseis na produção de energia, para
além da energia produzida, também são produzidos gases nocivos como os óxidos de
azoto (NO2), de enxofre (SO2) e os hidrocarbonetos (HC), que dão origem a formação
de chuvas ácidas, e poluição das cidades. Além da produção deste tipo de gases, este
processo produz grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2), que é um dos
responsáveis pela poluição da atmosfera [1].
No estudo publicado pela agência internacional dos Estados Unidos EIA (U.S.
Energy Information Administration), o futuro em termos de emissões de dióxido de
carbono é muito mais promissor para os países membros da OCDE (Organização de
Cooperação e de Desenvolvimento Económico), e o inverso para os países que se
encontram de fora desta organização.
No ano de 2007, o total de emissões de dióxido de carbono em relação ao ano
anterior cresceu apenas 1% nos países membros da OCDE, contrastando com o aumento
de 4,9% de emissões de CO2 atingidos pelos países não membros.
Universidade do Minho
1
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Segundo uma projecção efectuada no estudo, no período de 2007 a 2035, as
emissões totais de CO2 nos países fora da OCDE vai aumentar em média 2% por ano, o
que equivale a um aumento 20 vezes superior, em relação à taxa de 0,1% prevista para
os países membros, no que diz respeito a emissões de dióxido de carbono.
Confirmando-se assim uma tendência optimista no controlo de emissões de dióxido de
carbono, por parte dos países membros da OCDE, como se pode visualizar na
figura (1-1).
Figura 1-1 Projecção das emissões de (
) a nível mundial [2].
Estas projecções são efectuadas com base nas leis e políticas existentes, podendo
vir a ser alteradas se entretanto as leis e políticas destinadas à redução das emissões de
dióxido de carbono forem alteradas [2].
Em 1997 no Japão foi acordado Protocolo de Quioto com vista a estabelecer
metas que devem ser alcançadas por todos os países que fazem parte do protocolo, de
modo a reduzirem a quantidade de gases efeito de estufa emitidos para a atmosfera por
cada um. Os objectivos do protocolo recaem sobre a redução da emissão de seis gases
com efeito de estufa, dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O),
2
Universidade do Minho
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
hidrocarbonetos fluorados (HFC), hidrocarbonetos perfluorados (PFC) e hexafluoreto
de enxofre (SF6).
No que diz respeito aos estados signatários do protocolo de Quioto, estes
comprometem-se em conjunto na redução em, pelo menos, 5% das emissões totais de
gases com efeito de estufa por parte dos países desenvolvidos, em relação aos níveis
atingidos em 1990, durante um período de quatro anos, entre 2008 e 2012.
No mesmo ano em que é assinado o protocolo de Quioto é também criado um
documento oficial pela Comissão Europeia que aumentou a quota de energias
renováveis de 6% para 12% do total de consumo de energia até 2010 para a União
Europeia.
Nos anos que se seguiram foram criadas uma série de directivas no que diz
respeito à política europeia de energias renováveis. Destacando-se as directivas criadas
em 2001 e 2003, que impõem o aumento para 21% da energia eléctrica produzida a
partir de fontes renováveis no consumo total de electricidade da Comunidade em 2010,
e a incorporação de uma cota de 2% para a quantidade de biocombustível utilizado para
transportes na Europa em 2005 e 5,75% em 2010.
Para 2020 a Europa tem como objectivos alcançar as metas estabelecidas pela
directiva criada em 2009. Estas metas passam por atingir uma cota de 20% de energias
renováveis no consumo final de energia da União Europeia em 2020 e o objectivo
mínimo de incorporação de 10% de biocombustíveis no consumo de combustíveis pelos
transportes até 2020.
No contexto nacional, ao abrigo da directiva criada em 2009 pelo concelho
europeu, Portugal tem como compromisso atingir uma cota de 31% de energia
proveniente de recursos renováveis no consumo final de energia, abrangendo a
produção de electricidade, e transportes.
Em 2010 a inclusão de fontes de energia renovável no consumo bruto de energia
eléctrica para efeitos da directiva 2001/77/CE, foi de 50%. Esta directiva estipulou que
39% da produção de energia eléctrica em Portugal deveria ser proveniente de fontes
renováveis até 2010, meta que mais tarde foi actualizada para 45% no PNALE II (Plano
Nacional de Atribuição de Licenças de Emissão de CO2) [3] [4] [5].
Actualmente Portugal tem como objectivo para 2020 alcançar uma cota de 31%
do consumo de energia final, tendo origem em fontes renováveis e uma percentagem de
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3
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
60% da energia eléctrica produzida, com origem de fontes renováveis e uma redução de
20% do consumo de energia final.
Com a finalidade de reduzir estes problemas, em quase todo o mundo, tem
crescido significativamente a aposta em soluções capazes de gerar energia que tenham
como fonte energias renováveis.
Entre todas as fontes de energia renovável, a energia eólica tornou-se uma das
mais exploradas por todo o mundo devido aos avanços obtidos na eficiência e
tecnologia para este tipo de energia.
A aposta neste tipo de energia apresenta-se como uma mais-valia para Portugal,
contribuindo para o desenvolvimento económico do País, através da redução do
consumo de energia proveniente de fontes de energia fóssil, diminuição da emissão de
gases de poluentes para a atmosfera e a criação de novos postos de trabalho.
1.2. Potência Eólica Instalada no Mundo e na Europa
Através da visualização da figura (1-2), é possível constatar que a potência eólica
instalada no mundo, em 1996, era de 6100 MW, verificando-se um crescimento mais
acentuado a partir de 2004, atingindo os 197039 MW de potência instalada, em 2010.
Devido à crise financeira, em 2010, o crescimento da energia eólica não foi o
esperado. O crescimento da nova potência instalada, em 2009, foi de 38,8 GW ao
contrário de 2010 de apenas 38,3 GW, como pode se visualizado pela figura (1-3),
contrariando assim a tendência de crescimento da nova potência instalada, que se tem
verificado ao longo dos anos [6].
Figura 1-2 Evolução anual da potência eólica instalada total no Mundo [6].
4
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Figura 1-3 Evolução anual da potência eólica instalada por ano no Mundo [6].
O investimento efectuado em 2010 para aumentar a capacidade de energia eólica
em todo o mundo representa cerca de 49,8 milhares de milhões de euros.
Os principais mercados em crescimento são a Ásia com a instalação de 21,5 GW
de energia eólica em 2010, e a Europa com 9,9 GW respectivamente.
Pela primeira vez, em 2010, mais de metade da nova potência eólica instalada em
todo o mundo foi acrescentada fora dos mercados tradicionais, Europa e América do
Norte. Este facto deve-se ao elevado crescimento da energia eólica na China, que
representa metade das novas instalações de energia eólica em todo o mundo, com uma
potência de 18,9 GW.
Actualmente a China tem uma potência eólica total instalada de 44,7 GW, sendo
assim o maior produtor mundial de energia eólica, ultrapassando a América do Norte
que era até então o maior produtor de energia eléctrica a partir dos ventos [6].
No cenário europeu a energia eólica representou 16,8% da potência instalada em
2010.
A instalação anual de potência eólica por toda a Europa cresceu nos últimos 15
anos de 814 MW em 1995 para 9295 MW em 2010.
Em 2010 na Europa estavam instados um total de 84074 MW de potência eólica
como se pode visualizar na figura (1-4), representando um crescimento de 12,2% em
relação ao ano anterior.
Entre os países europeus a Alemanha é o país com mais capacidade de energia
eólica instalada seguido da Espanha, França e Reino Unido.
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5
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Figura 1-4 Evolução anual da potência eólica instalada na Europa [7].
A Dinamarca é o país com a maior taxa de inclusão de energia eólica no consumo
de electricidade (24%), seguido por Portugal (14,8%), Espanha (14,4%), Irlanda
(10,1%) e Alemanha (9,3%) [7].
1.3. Potência Eólica Instalada em Portugal
Nos últimos anos o desenvolvimento da energia eólica em Portugal tem sofrido
um elevado crescimento, sendo o Norte e Centro do País os locais onde mais se nota
este crescimento.
Pelo visualização da figura (1-5) é possível verificar-se no período entre 2000 e
2007 o crescimento da energia eólica em Portugal foi bastante acentuado, onde em 2007
a potência eólica total instalada era cerca de 20 vezes mais superior em relação a 2000.
Em 2010, 345 MW de potência eólica estavam ligados à rede nacional de energia
eléctrica, distribuídos por 21 novos parques eólicos com uma potência total instalada de
3898 MW.
A produção de energia eléctrica com recurso aos ventos obtida em 2010 foi
superior ao registado em 2009, com um total de 2 476 horas equivalentes por MW.
Destacando-se que foram ultrapassadas as 2 000 horas de produção equivalente para
todos os distritos portugueses [4] [6].
6
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Figura 1-5 Capacidade total de energia eólica instalada em Portugal [6].
Segundo os dados disponibilizados pela Direcção Geral da Energia e Geologia [4]
a potência eólica total instalada em Portugal no final do mês de Maio de 2011 era cerca
de 4 094 MW. Esta potência está distribuída por um total de 212 parques eólicos, com
um número total de 2146 geradores espalhados por todo o território português, com
maior incidência no Norte de Portugal, sendo que 36% da potência instalada é
proveniente de parques com potência igual ou inferior a 25 MW.
Ao consultar a figura (1-6) confirma-se o crescimento da potência eólica instalada
em Portugal para o ano de 2011.
Figura 1-6 Evolução da Potência eólica instalada em Portugal Continental [4].
Em Maio de 2011 os distritos com maior potência eólica instalada eram: Viseu
(774 MW), Castelo Branco (526 MW), Coimbra (497 MW), Vila Real (481 MW),
Viana do Castelo (339 MW), Lisboa (313 MW), Leiria (241 MW), Guarda (210 MW),
Santarém (159 MW) e Braga (148 MW) [4].
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1.4. Motivações do Trabalho
As fontes de energia renovável têm um papel cada vez mais importante, tanto em
Portugal como no mundo, no sentido de contribuírem cada vez mais para a conservação
do planeta, desenvolvimento económico ou criação de emprego por todo o mundo.
Na produção de energias renováveis os recursos naturais mais utilizados são o
vento, a água e o sol.
Além de serem recursos inesgotáveis, são energias limpas, características de
grande importância, nos dias de hoje, devido às temáticas da poluição mundial e do
aquecimento global.
A energia eólica tem-se revelado ao longo dos anos uma mais-valia no contributo
das energias renováveis para o desenvolvimento e preservação do planeta.
Actualmente a produção de energia eólica não é feita apenas em grande escala, a
micro produção de energia eólica tem crescido cada vez mais, tanto no mundo como em
Portugal.
A dimensão mais reduzida deste tipo de geradores torna possível a sua utilização
em áreas residenciais ou em locais isolados, ligados directamente à rede eléctrica ou a
cargas, contudo a energia produzida pelos geradores micro-eólicos na grande maioria
dos casos não apresentam as características aceitáveis do ponto de vista das cargas.
Como principal motivação da elaboração deste trabalho, surge a necessidade de
estudar e desenvolver um sistema de interface capaz de efectuar a ligação de um gerador
micro-eólico com cargas eléctricas. O sistema tem como objectivo converter a energia
gerada pelo gerador eólico para o nível de amplitude e frequência exigidos por cargas
que são criadas para serem alimentadas através da energia fornecida pela rede eléctrica.
A solução proposta é baseada neste tipo de cargas, devido à infinidade de cargas
existentes dimensionadas para serem alimentadas a partir da rede.
1.5. Objectivos do Trabalho
O trabalho elaborado consiste no estudo e implementação do Interface de um
Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas, tendo como
principais objectivos as seguintes tarefas:
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
 Estudo das características de geradores eólicos para micro-geração de energia
existentes no mercado.
 Estudo de diferentes topologias de interface de geradores eólicos ligados à rede
eléctrica e a cargas eléctricas independentes.
 Estudo e simulação de um circuito MPPT (Maximum Power Point Tracker).
 Estudo e simulação de um inversor electrónico de potência para converter a saída
do gerador eólico para 230V CA, 50Hz.
 Desenvolvimento e implementação de um inversor electrónico de potência.
1.6. Organização da Tese
No capítulo 1 é apresentado o panorama da potência eólica instalada em Portugal
e no mundo. São também descritas as motivações do trabalho e seus objectivos e
respectiva organização da tese.
No capítulo 2 são identificados diferentes tipos de turbinas eólicas e os diferentes
componentes dos geradores eólicos. No final é apresentado um estudo sobre o
aproveitamento da energia do vento e são expostas as diferentes aplicações possíveis
para os geradores eólicos.
No capítulo 3 é feito um estudo das diferentes topologias para a ligação de
geradores micro-eólicos à rede e a cargas eléctricas. É também estudado um sistema
para optimização da potência disponível e apresentada a topologia do sistema
desenvolvido para interface com cargas.
O capítulo 4 apresenta os modelos de simulação do gerador micro-eólico, sistema
MPPT, circuito de interface com cargas no software PSIM e respectivos resultados de
simulação.
No capítulo 5 é apresentada a implementação prática do sistema de interface com
cargas eléctricas.
No capítulo 6 são apresentados os resultados experimentais, verificando-se os
principais valores e formas de onda obtidos. São também comentados os resultados
obtidos.
Por fim, no Capítulo 7 apresentam-se as conclusões dos resultados obtidos, e são
feitas algumas propostas para trabalho futuro.
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
CAPÍTULO 2
Geradores Eólicos
Os geradores eólicos são constituídas por diversos componentes e sistemas, que
no seu conjunto permitem transformar a energia do vento em energia eléctrica.
Neste capítulo serão descritos todos os componentes constituintes de uma turbina
eólica e os diferentes tipos de geradores eléctricos utilizados em turbinas eólicas.
Após esta descrição será estudada a forma como as turbinas aproveitam a energia
proveniente dos ventos, para de seguida serem apresentadas as diferentes aplicações de
geradores eólicos.
2.1. Tipos de Turbinas Eólicas
Na produção da energia eléctrica, as turbinas eólicas utilizam a energia cinética
dos ventos. Estas podem ser classificadas mediante a orientação do eixo do seu rotor.
Geralmente os diferentes tipos de turbinas são classificados em dois grupos,
turbinas de eixo horizontal (HAWT – Horizontal Axis Wind Turbine) (figura 2-1) e
turbinas de eixo vertical (VAWT – Vertical Axis Wind Turbine) (figura 2-2).
Nas turbinas de eixo horizontal o sentido de orientação do rotor é normalmente o
mesmo em que o vento se desloca, sendo o eixo de rotação paralelo ao solo. Possuem
normalmente três pás devido à superioridade em termos de eficiência em relação às
restantes de uma ou duas pás.
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Figura 2-1 Turbina de eixo horizontal (HAWT) [8].
Figura 2-2 Turbina de eixo vertical (VAWT) [8].
A vantagem que mais contribui para o facto de o maior número de turbinas, que
hoje se encontram instaladas serem de eixo horizontal, deve-se ao facto de possuírem
uma torre geralmente metálica. Isto permite a instalação dos geradores em alturas
superiores ao solo, onde normalmente a velocidade do vento é muito superior, ao
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contrário das de eixo vertical que apenas permite a captação de ventos próximos do
solo, que têm velocidades muito baixas.
As turbinas de eixo vertical têm o eixo de rotação perpendicular em relação ao
solo e ao sentido em que o vento se desloca. Neste género de turbinas não são
necessários sistemas ou mecanismos de orientação, pois o seu tipo de arquitectura
permite-lhe captar ventos em qualquer direcção, possibilitando também a instalação dos
geradores próximos do solo, facilitando o acesso a estes para posterior manutenção.
2.2. Componentes de um Gerador Eólico
A construção de um gerador eólico é algo complexo devido ao elevado número de
componentes e complexidade de sistemas que o constituem.
Na figura (2-3) é possível visualizar todos esses componentes e sistemas.
Figura 2-3 Componentes de uma turbina eólica [9].
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Através da imagem apresentada na figura (2-3) também é possível visualizar com
algum detalhe os componentes e sistemas de uma turbina eólica, quais o componentes
que estão ligados entre si directamente e indirectamente. Entre estes componentes
encontra-se o gerador eléctrico, a caixa de velocidades, o eixo de baixa velocidade, que
liga a caixa de velocidades com o rotor da turbina eólica, entre outros.
Rotor
O rotor é o componente responsável por capturar a energia cinética do vento
transformando-o em energia mecânica de rotação. Este elemento é um dos principais
constituintes do gerador eólico, dado que a potência do gerador eléctrico da turbina está
directamente relacionada com diâmetro do rotor, como se pode observar na figura (2-4).
Uma grande fatia do custo dos geradores eólicos, provêm da aquisição do rotor
que representa 20% do custo final.
Figura 2-4 Potência nominal em relação ao diâmetro do rotor [10].
Outra característica importante, a ter em conta no rotor, é a orientação em que se
encontra em relação à direcção do vento, denominando-se por “upwind” ilustrado na
figura (2-5) e “downwind” figura (2-6).
Na primeira opção o rotor é colocado para que o vento possa atacar as pás de
frente, sendo as pás sujeitas a ventos de maior intensidade. Na opção seguinte o vento
14
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passa a incidir sobre a parte traseira das pás do gerador, sujeitando assim as pás a ventos
mais turbulentos, devido ao facto do vento atingir a torre antes de passar pelas pás do
rotor.
Figura 2-5 “Upwind” [11].
Figura 2-6 “Downwind” [11].
Pás
Na construção das pás são usados diversos materiais, os mais utilizados são a
madeira, PVC, alumínio, fibra de carbono e fibra de vidro. A conjugação de todos estes
permite que as pás sejam suficientemente flexíveis para não quebrar, mas ao mesmo as
suficientemente rígidas para não dobrarem e não embaterem na torre.
Uma característica fundamental das pás está relacionada com o seu design
aerodinâmico, que é projectado de forma a controlar a intensidade das forças de arrasto
que incidem sobre elas. Devido a este factor, torna-se possível o controlo da potência
gerada, variando o ângulo de ataque das pás conforme a velocidade dos ventos,
denominado de controlo “pitch”. Para velocidades elevadas o ângulo das pás é
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15
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controlado, de forma a aumentar ou diminuir as forças de sustentação aerodinâmica
limitando a potência de saída, de forma a não exceder a potência nominal do gerador.
Uma outra forma de controlo da potência é o modo “stall”, em que o ângulo das
pás é fixo, e estas são projectadas, de forma a que, quando as velocidades do vento são
demasiado elevadas surjam turbulências que se vão reflectir em perdas, limitando assim
a potência que está a ser gerada.
Travão
Para prevenir acidentes ou danos estruturais todos os geradores eólicos possuem
obrigatoriamente travões, para casos em que a velocidade máxima é excedida ou haja
falhas de origem mecânica ou eléctrica.
Na travagem mecânica é utilizado um sistema semelhante ao dos automóveis.
Utiliza-se um disco metálico fixado directamente ao eixo que se pretende travar.
Através da acção de duas peças metálicas que vão pressionar o disco é criada uma força
de atrito que vai diminuir velocidade do disco.
Eixo de baixa velocidade
Todas as turbinas eólicas possuem um eixo de baixa velocidade, também
conhecido como eixo primário. Este elemento é responsável pela transmissão do binário
primário do rotor para a caixa de velocidades [12].
O eixo e respectivos rolamentos podem ser integrados, ou não na caixa de
velocidades, estando dependentes do formato desta. Nos casos em que o eixo não está
integrado na caixa, este é conectado através de um acoplamento apropriado.
Caixa de velocidades
A caixa de velocidades é constituída por um conjunto de eixos, rolamentos e
engrenagens ligados ao eixo de baixa velocidade e ao eixo de alta velocidade que por
sua vez se encontra ligado ao gerador eléctrico. Devido à baixa velocidade de rotação
do rotor e do eixo de baixa velocidade que estão ligados entre si, é necessária a
utilização de uma caixa de velocidades para elevar a velocidade de rotação do eixo de
alta velocidade, para os valores exigidos pelo gerador.
Grande parte dos fabricantes de geradores eólicos utilizam a caixa de velocidades
16
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como maneira a que seja possível reduzir o número de pólos constituintes do gerador, e
consequentemente o seu diâmetro e massa.
Gerador
Este elemento converte a energia mecânica de rotação, disponível no eixo de alta
velocidade em energia eléctrica.
Uma turbina eólica pode ser equipada com diferentes tipos de geradores, os mais
utilizados são os geradores de corrente contínua para unidades de muito baixa potência,
ou geradores de corrente alternada. A incorporação de geradores em sistemas eólicos,
para produção de energia apresenta algumas dificuldades, nomeadamente a variação da
velocidade dos ventos que vão fazer variar a potência.
Controlador
Um controlador de uma turbina eólica conta com diversos tipos de componentes,
tais como: sensores de velocidade do vento, orientação, tensão, corrente, entre outros.
Aqui são lidos os sinais provenientes dos sensores, são posteriormente analisados por
autómatos que irão enviar os respectivos sinais para actuar, os sistemas de controlo de
direcção, geradores, válvulas, motores, entre outros.
Anemómetro
Para um aproveitamento mais eficiente do vento, a turbina eólica contem um
anemómetro instalado na parte superior da nave. Este elemento é um sensor que mede a
velocidade do vento. Este sistema serve também para prevenir danos na turbina eólica
devido a velocidades demasiado elevadas do vento.
Cata-vento
O cata-vento consiste numa espécie de lâmina que gira em torno de um eixo
vertical por acção do vento, indicando a sua direcção.
Conforme os valores das medições, é transmitido um sinal para o sistema de
orientação, para que direccione o rotor na direcção em que a velocidade do vento é
superior.
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Nave
A nave é uma espécie de invólucro acessível a partir da torre, que contem os
principais equipamentos eléctricos e mecânicos (gerador, eixo principal, engrenagens,
entre outros), protegendo-os da degradação devido às condições climatéricas.
Eixo de alta velocidade
Como se pode visualizar na figura (2-3), o eixo de alta velocidade faz a ligação da
caixa de velocidades com o gerador, que transforma a energia disponível neste eixo em
energia eléctrica.
Controlo de direcção e Motor para controlo de direcção
Este sistema tem como principal função direccionar o rotor da turbina até
encontrar o ângulo ideal em relação à direcção do vento.
Podem ser encontrados dois tipos distintos de controlo de direcção, o controlo
activo e passivo.
No tipo passivo não é necessária utilização de um motor para direccionar o rotor.
A turbina consegue seguir a direcção do vento automaticamente, devido à colocação do
rotor ser favorável à direcção do vento.
Para o tipo activo, contrariamente ao referido anteriormente é necessário um
motor para accionar as engrenagens do sistema de controlo de direcção, e assim mover
em conjunto o rotor e a cabine para um ângulo favorável à direcção do vento.
Torre
O principal objectivo da torre é elevar o gerador da turbina eólica até ventos mais
regulares, dado que geralmente a velocidade do vento aumenta com a distância em
relação ao solo, aumentando a eficiência. Este componente deve ser muito bem
projectado, pois deve aguentar os esforços a que está sujeito, devido ao peso da nave e
rotor, velocidades do vento e as forças a que as pás estão sujeitas, afectando também a
torre.
Existem dois tipos de torre, em treliça (figura 2-8), normalmente metálicas, e
tubular (figura 2-7), de aço ou betão. No primeiro tipo os efeitos de sombra são mais
18
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reduzidos, as tubulares são mais seguras para o pessoal que efectua a manutenção e as
mais utilizadas são as de aço.
Figura 2-7 Torre tubular [13].
Figura 2-8 Torre em treliça [14].
2.3. Geradores Eléctricos
2.3.1. Gerador de Corrente Contínua
As principais partes constituintes do gerador de corrente contínua são: o estator e
o rotor.
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No estator estão situados os ímanes que produzem os pólos (N e S), quando são
percorridos por uma corrente contínua.
No rotor, encontram-se espiras que são formadas por condutores dispostos em
ranhuras ao longo da superfície, que estão ligadas ao anel colector, situado no eixo do
rotor. Através das escovas que estão em contacto com o anel colector é feita a ligação
eléctrica do rotor com o exterior.
Na figura (2-9) é possível visualizar o aspecto do estator e rotor de um gerador de
corrente contínua.
Figura 2-9 Estator e Rotor de um gerador de corrente contínua [15].
Na operação da máquina de corrente continua como gerador aplica-se uma tensão
contínua aos enrolamentos do estator, esta tensão faz com que circulem correntes nesses
enrolamentos, que vão dar origem ao aparecimento de um campo magnético que
atravessará o rotor.
Para que o rotor do gerador de corrente contínua gire é necessário aplicar um
binário, originado por uma fonte mecânica, como por exemplo um gerador eólico, uma
turbina hidráulica, um motor, entre outros.
Quando o rotor entra em movimento as espiras, trespassam perpendicularmente as
linhas do campo magnético produzido pelo estator, originando forças electromotrizes
induzidas nas espiras do rotor.
A tensão induzida nas espiras do rotor é alternada. Para se obter uma tensão contínua
na saída do rotor usa-se o anel colector e as escovas, que em conjunto funcionam como
um rectificador mecânico [16].
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2.3.2. Gerador Síncrono
O gerador síncrono apresenta como principal vantagem o rendimento, que é
superior ao dos restantes geradores. Comparado com o gerador de indução o gerador
síncrono não necessita do uso de uma bateria de condensadores para o fornecimento de
energia reactiva.
O gerador síncrono, também designado por alternador, ligado juntamente com
conversores de Electrónica de Potência, é o tipo de aplicação utilizada na grande
maioria dos sistemas de conversão de energia eólica em energia eléctrica, conectados à
rede eléctrica. A utilização deste tipo de aplicação, permite aos geradores eólicos com
velocidade variável operar, directamente ligados à rede eléctrica [17].
O rotor deste tipo de gerador pode ser constituído por dois tipos de pólos, pólos
salientes ou pólos lisos. A aplicação do rotor com pólos salientes é normalmente feita
em geradores onde a velocidade de rotação é baixa. Para velocidades de rotação
elevadas é usado o rotor com pólos lisos em que o número de pólos é baixo [16].
2.3.3. Gerador Síncrono de Rotor Bobinado
O gerador síncrono de rotor bobinado é um dos tipos de geradores síncronos que
podem ser encontrados nas turbinas eólicas, é constituído pelo estator que contem três
enrolamentos, e por um rotor com um enrolamento de magnetização.
Para o gerador entrar em funcionamento, o rotor é alimentado através das escovas
com uma corrente contínua, que vai criar um campo magnético no rotor com
determinado número par de pólos.
No estator são induzidas tensões alternadas, devido à polaridade alternada dos
pólos do rotor, que através das linhas do campo magnético do rotor em movimento, dão
origem a três tensões de saída alternadas, desfasadas entre si 120 graus.
Através da equação 2.1 é possível verificar que a frequência
está relacionada com a velocidade
destas tensões
do rotor e com os números pares de pólos
que o constituem.
(2.1)
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21
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Em sistemas eólicos de velocidade constante o gerador síncrono pode ser ligado
directamente à rede eléctrica, sendo para isso necessário controlar a velocidade do
gerador recorrendo a uma caixa de velocidades, para que a frequência da tensão de saída
esteja em sincronismo com a da rede.
No entanto a evolução da electrónica de potência veio tornar possível a ligação
directa com a rede de eólicas de velocidade variável, através da utilização de
conversores de electrónica de potência [17].
2.3.4. Gerador Síncrono de Imanes Permanentes
Segundo [17] a grande maioria dos artigos científicos sugere a utilização de
geradores síncronos de ímanes permanentes em turbinas eólicas, devido às suas
propriedades de auto excitação. Como estes não necessitam de um circuito de excitação
externa, tem uma eficiência superior em relação a outro tipo de geradores, entre eles o
gerador síncrono de rotor bobinado [17].
No entanto a produção dos ímanes permanentes requer materiais caros e difíceis
de trabalhar durante o processo de fabrico.
Para que as turbinas eólicas, que utilizam este tipo de gerador, possam operar com
velocidade variável é necessário aplicar circuitos conversores de electrónica de
potência, com a finalidade de ajustar a frequência e a tensão para valores compatíveis
com os da rede eléctrica. Contudo é necessário garantir uma velocidade mínima de
rotação da turbina eólica, para que a tensão produzida pelo gerador eléctrico seja a
suficiente, para o correcto funcionamento dos equipamentos electrónicos [17].
2.3.5. Gerador de Indução Assíncrono
O termo assíncrono neste tipo de geradores deve-se à diferença de velocidade de
rotação entre a velocidade de rotação do rotor e do campo girante criado pelo estator
[18].
Os geradores assíncronos são caracterizados principalmente pela sua robustez e
simplicidade mecânica, e devido à sua produção em grande quantidade o preço de
aquisição é mais baixo em relação aos geradores síncronos [17].
22
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Como principal desvantagem, o gerador tem consumo de energia reactiva,
obrigando à compensação do factor de potência, através de bancos de condensadores.
2.3.5.1 Gerador de Indução com Rotor em Gaiola de Esquilo
Em geradores de indução com rotor em gaiola de esquilo os enrolamentos do rotor
encontram-se em curto-circuito. Comparativamente com o gerador de corrente contínua
e o gerador de rotor bobinado, este tipo de gerador tem a vantagem de não necessitar de
anéis colectores e escovas [18].
Em sistemas de velocidade variável o gerador é ligado à rede através de circuitos
conversores de electrónica de potência, em sistemas de velocidades constantes é ligado
directamente à rede.
Contudo o gerador de indução com rotor em gaiola de esquilo não é dos mais
utilizados devido à dificuldade em controlá-lo.
2.3.5.2 Gerador de Indução com Rotor Bobinado
No caso do gerador de indução de rotor bobinado, os enrolamentos rotor são
semelhantes aos do estator, contendo escovas e anéis colectores. Através de resistências
variáveis aplicadas no rotor, que permitem limitar a corrente é também possível
controlar a velocidade de rotação do gerador [18].
Uma outra forma de controlar a energia, consiste em ligar os enrolamentos do
estator directamente à rede, com o rotor também ligado à rede eléctrica através de
circuitos conversores de electrónica de potência, que vão permitir controlar a velocidade
de rotação do gerador.
2.4. Micro-Eólicas
Como o próprio nome indica as micro-eólicas são caracterizadas por possuírem
uma potência mais baixa e terem dimensões mais reduzidas em relação aos geradores
eólicos de grande porte.
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23
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Nas micro-eólicas não é necessário a utilização de uma caixa de velocidades, pois
a velocidade necessária para o gerador eléctrico produzir energia é semelhante à
velocidade de rotação do rotor da micro-eólica.
A grande maioria das micro-eólicas para aproveitar o máximo de energia do vento
utiliza uma cauda para poder deslocar-se no sentido de orientação do vento.
De uma forma geral todos os outros componentes de uma micro-eólica são
semelhantes aos de um gerador eólico de grande porte.
Na figura (2-10) e (2-11) é possível visualizar a diferença das dimensões de uma
micro-eólica e um gerador eólico que necessita de uma grua de grande porte para ser
montada.
Figura 2-10 Micro-eólica [19].
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Figura 2-11 Gerador eólico de grande porte [20].
2.4.1. Características de diferentes Micro-Eólicas existentes no Mercado
A aposta na produção de energias renováveis tem vindo a aumentar cada vez mais
ao longo dos anos, a crescente procura deste tipo de energia faz com que existam cada
vez mais produtores de sistemas que permitam produzir energia, tendo como fontes
energias renováveis. Por esta razão os produtores de micro-eólicas têm vindo a
aumentar em todo o mundo.
De seguida são apresentados diferentes empresas internacionais que produzem
micro-eólicas, sendo apresentados alguns modelos e algumas características desses
modelos, como Cut-in Wind speed (velocidade do vento para a qual a micro-eólica
começa a fornecer energia), Cut-out Wind speed (velocidade do vento para a qual o
dispositivo de segurança da micro-eólica é activado), velocidade nominal do vento
(velocidade do vento necessária para a micro-eólica alcançar a potência nominal), entre
outras.
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25
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Micro-Eólicas SAWT
Xangai Aeolus Windpower Technology Co., Ltd. (Sawt), é uma empresa chinesa,
sediada em Xangai, que produz micro-eólicas de eixo horizontal, com potências que vão
desde os 200W até aos 10kW [21].
As características do Modelo PK-10 representado na figura (2-12) são as
seguintes:

Tipo de eixo – Vertical;

Diâmetro do rotor - 600 cm;

Comprimento das pás – 620 cm;

Gama de velocidades de vento de operação – de 4 a 25 m/s;

Velocidade máxima do vento de segurança – 55 m/s;

Potência nominal – 10 kW;

Tensão de saída – 110 V/CC;

Altura da torre – 5,5 m;
Figura 2-12 Micro-eólica PK-10 [21].
Micro-Eólicas African Windpower
A empresa Sul-Africana, African Windpower, produz Micro-Eólicas de eixo
horizontal, os modelos disponíveis são o AWP 3.6 e uma evolução deste modelo o
AWP 3.7 com as seguintes características [22]:
26

Tipo de eixo – Horizontal;

Diâmetro do rotor – 3,7 m;
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas

Número de pás – 3;

Cut-in Wind Speed – 3 m/s;

Cut-out Wind Speed – Não tem (a unidade micro-eólica suporta velocidades do
vento até ao valor da velocidade do de segurança);

Velocidade máxima do vento de segurança – 60 m/s;

Velocidade máxima do rotor – 500 rpm;

Velocidade nominal do vento – 12 m/s;

Potência nominal – 2 kW;

Tensão de saída – 12V, 24V, 36V, 48V, 96V, 110/220V, CA/0-125 Hz;
Micro-Eólicas Ampair
A Ampair é uma empresa do Reino Unido que produz sistemas de energia
renovável acerca de quarenta anos, os modelos de micro-eólicas produzidos vão desde
os 100W de potência nominal até aos 6000W, as características da Micro-Eólica Ampair
6000 são as seguintes [23]:

Tipo de eixo – Horizontal;

Diâmetro do rotor – 5,5 m;

Número de pás – 3;

Cut-in Wind Speed – 3,5 m/s;

Cut-out Wind Speed – 15 – 35 m/s;

Velocidade máxima do vento de segurança – 70 m/s;

Velocidade do rotor – 70 – 250 rpm;

Tipo de gerador eléctrico – Gerador Síncrono de Imanes Permanentes;

Potência nominal – 6000 W;

Tensão de saída – 230V CA/50 Hz, 208/240/277V CA/60Hz, 48V CC;

Altura da torre – 10m / 12m / 15m;
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27
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Micro-Eólicas EvanceWind
A empresa EvanceWind, é uma empresa do Reino Unido que produz
micro-eólicas de eixo horizontal. As características técnicas do modelo Evance R9000
são [24]:

Tipo de eixo – Horizontal;

Diâmetro do rotor – 5,5 m;

Número de pás – 3;

Cut-in Wind Speed – 3 m/s;

Cut-out Wind Speed – Não tem (a unidade micro-eólica suporta velocidades do
vento até ao valor da velocidade do de segurança);

Velocidade máxima do vento de segurança – 60 m/s;

Velocidade nominal do rotor – 200 rpm;

Tipo de gerador eléctrico – Gerador Síncrono de Imanes Permanentes;

Potência nominal – 5000 W;

Altura da torre – 10 m / 12 m/ 15m / 18m;
Micro-Eólicas Wind Turbine Industries Corp.
A Empresa Wind Turbine Industries Corp. está sediada nos Estados Unidos da
América, e é o único fabricante de sistemas eólicos Jacobs, desde 1986. A micro-eólica
Jacobs tem as seguintes características técnicas [25]:

Tipo de eixo – Horizontal;

Diâmetro do rotor – 10 m;

Número de pás – 3 ;

Cut-in Wind Speed – 3,4 m/s;

Cut-out Wind Speed – Não tem (a unidade micro-eólica suporta velocidades do
vento até ao valor da velocidade do de segurança);
28

Velocidade nominal do vento – 12 m/s;

Velocidade máxima do vento de segurança – 54 m/s;

Velocidade nominal do rotor – 175 rpm;
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas

Tipo de gerador eléctrico – Gerador Síncrono sem escovas com excitação
externa;

Potência nominal – 20 kW;

Altura da torre – 24 m;
Micro-Eólicas Solener
A Solener é uma empresa espanhola sediada em Madrid que fabrica micro-eólicas
que vão até aos 15kW de potência. Entre o modelo que produz a micro-eólica Vélter II
apresenta as seguintes características técnicas [26]:

Tipo de eixo – Horizontal;

Diâmetro do rotor – 3,08 m;

Número de pás – 3;

Cut-in Wind Speed – 3 m/s;

Cut-out Wind Speed – 14 m/s;

Velocidade nominal do vento – 10 m/s;

Potência nominal – 2 kW;

Tensão de saída – 24V CA;

Altura da torre – 6 m;
Micro-eólicas Aelos Wind Turbine
A Aelos Wind turbines foi fundada em 1986 na Dinamarca, além de produzir
micro-eólicas de eixo horizontal com potências que vão desde os 500W, esta empresa
também produz micro-eólicas de eixo vertical com potências que vão desde os 300W
até aos 10kW.
As características técnicas dos modelos Aelos –H 500W e Aelos-V 600W são as
seguintes[27]:
Aelos – H 500W

Tipo de eixo – Horizontal;
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29
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
Diâmetro do rotor – 2,7 m;

Número de pás – 3;

Cut-in Wind Speed – 2,5 m/s;

Cut-out Wind Speed – Não tem ( a unidade micro-eólica suporta velocidades do
vento até ao valor da velocidade do de segurança);

Velocidade nominal do vento – 12 m/s;

Velocidade máxima do vento de segurança – 45 m/s;

Tipo de gerador eléctrico – Gerador Síncrono de Imanes Permanentes;

Potência nominal – 500 W;

Tensão de saída – 24V CA;
Aelos – V 600W

Tipo de eixo – Vertical;

Diâmetro do rotor – 1,3 m;

Cut-in Wind Speed – 2 m/s;

Cut-out Wind Speed – Não tem (a unidade micro-eólica suporta velocidades do
vento até ao valor da velocidade do de segurança);

Velocidade nominal do vento – 10 m/s;

Velocidade máxima do vento de segurança – 50 m/s;

Tipo de gerador eléctrico – Gerador Síncrono de Imanes Permanentes;

Potência nominal – 600W;

Tensão de saída – 24/48V CA;
2.5. Aproveitamento da Energia fornecida pelo Vento
Uma massa de ar
em movimento produz uma dada energia cinética, que varia
conforme o produto da massa pelo quadrado da velocidade
a que se desloca. Esta
razão pode ser mostrada através da equação 2.2.
(2.2)
30
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A potência gerada pela energia cinética do vento ao atravessar uma superfície,
com uma dada área, é dada pela equação
[28].
(2.3)
[W]
Onde:
ρ
Massa específica do ar
Velocidade do vento [
]
Considerando uma turbina eólica de eixo horizontal, a área varrida pelas pás é
semelhante à de uma circunferência, expressa por A.
(2.4)
Onde :
A
Área varrida pelas pás [
]
Comprimento das pás [ ]
Substituindo 2.4 em 2.3, é possível calcular a potência do vento para uma área
como a da superfície criada pelo varrimento das pás de uma turbina eólica, resultando
na expressão 2.5.
(2.5)
Através da análise da expressão 2.5, é possível constatar que a potência do vento,
está não só dependente da velocidade do vento mas também da área varrida pelas pás
das turbinas. Esta área varia com o quadrado do comprimento das pás.
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31
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Porém a potência disponível no vento não pode ser totalmente utilizada pela
turbina eólica, na produção de energia eléctrica. Devido a esta limitação física é
necessário levar em conta
, que representa o coeficiente de potência, definindo a
eficiência aerodinâmica das pás do rotor da turbina [29] e pode ser definido pela
expressão:
(2.6)
Segundo [30] o valor de
depende da velocidade do vento, e da velocidade de
rotação da turbina eólica, e pode ser obtido em função de “TSR - type speed ratio ( )”,
que é definida pela razão entre a velocidade tangencial das pás da turbina e a velocidade
real do vento. Na figura (2-13) estão representados os valores do coeficiente de potência
em função de , para diversos tipos de turbinas, que demonstra, a eficiência superior das
turbinas de eixo horizontal com duas ou três pás.
(2.7)
Onde:
Comprimento das pás [ ]
Velocidade angular do rotor [
Velocidade do vento [
32
]
]
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Figura 2-13
em função de λ para vários tipos de turbinas [30].
A quantificação máxima do Coeficiente de Potência
é obtida através do
Limite de Betz, criado pelo físico alemão Albert Betz.
Betz considerou um modelo em que o vento se desloca ao longo de um tubo, com
o conjunto de pás da turbina eólica no seu interior. Este modelo é representado na figura
(2-14), onde
representa a velocidade do vento antes de passar pelas pás, e
a
velocidade do vento após passar pelas pás [31].
Figura 2-14 Modelo de Betz [32].
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33
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
O deslocamento da massa de ar a uma velocidade
movimento, saindo depois a uma velocidade
e diferente de
é retardado pelas pás em
.
Através das considerações citadas anteriormente é obtida a expressão seguinte
para a potencia extraída do vento que relacionada com
e
[31]:
(2.8)
Através da expressão 2.8 é possível constatar que se a velocidade do vento antes
das pás
for igual à velocidade
depois das pás, a potência extraída do vento é nula.
Se fosse possível o aproveitamento máximo da energia do vento disponível na entrada
do tubo, antes da passagem pelas pás, a velocidade do vento após passar as pás, teria
uma velocidade de valor zero, deixando assim de haver vento para uma turbina que se
situa próxima desta.
O limite de Betz afirma que o valor máximo da potência do vento aproveitada para
gerar potência mecânica é de 59%, logo o valor máximo possível para
é 0,59.
Teoricamente o coeficiente de potência estudado anteriormente depende de TSR
( ), mas na prática também é influenciado pelo ângulo de inclinação das pás ( ), sendo
a potência mecânica extraída do vento pela turbina em função de ( ) e ( ) expressa por
2.9 [33].
(2.9)
Na posse da equação 2.9, falta agora abordar o binário mecânico gerado pela
turbina eólica, para que seja possível obter todas as expressões para uma modelização
aproximada da turbina.
Segundo [34] o binário (T) é dado pela razão entre a potência mecânica (
)ea
velocidade angular da turbina ( ), sabendo que o coeficiente de binário CT é dado por
(2.10), ao substituir (2.9), (2.10) e (2.7), em (2.11), obtém-se a expressão (2.12),
demonstrando que a quantidade de binário mecânico produzido pela turbina é
influenciado pelo coeficiente de binário.
34
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(2.10)
(2.11)
(2.12)
2.6. Sistemas Usados na Aplicação de Geradores Eólicos
Nos dias de hoje os geradores eólicos são usados em diferentes tipos de sistemas
para o fornecimento de energia eléctrica, tais como: sistemas isolados, que também
incluem os sistemas híbridos, sistemas interligados à rede eléctrica ou sistemas offshore.
2.6.1. Sistemas Isolados
Como o próprio nome indica, os sistemas isolados (figura 2-15) são normalmente
usados em locais remotos e isolados, onde o fornecimento de energia eléctrica através
de uma rede pública é escasso ou até mesmo inexistente.
Neste tipo de sistema a energia produzida é armazenada em baterias, e destina-se
a alimentar directamente aparelhos eléctricos, como bombas hidráulicas, com a
finalidade de bombear água para posterior armazenamento, ou para ser usada
directamente em consumo doméstico ou em sistemas de irrigação.
Para carregar as baterias é utilizado um conversor CA/CC, de modo a rectificar a
tensão do gerador, associado a um dispositivo controlador de carga e descarga da
bateria.
A alimentação de aparelhos, que funcionam com corrente alternada é feita por
intermédio de um inversor (conversor CC/CA). Normalmente o inversor é associado a
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35
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um circuito seguidor do ponto de máxima potência, denominado de MPPT ((Maximum
Power Point Tracker), que permite maximizar a potência extraída.
Figura 2-15 Sistemas isolados.
2.6.2. Sistemas Híbridos
À semelhança dos sistemas isolados, estes sistemas também são usados em locais
isolados, onde o consumo de energia é superior. São caracterizados pelo uso de diversas
fontes de energia associadas entre si para poderem fornecer uma quantidade superior de
energia como se pode visualizar na (figura 2-16). Normalmente são usadas fontes de
energia fotovoltaica e eólica, e em alguns casos é associado um gerador eléctrico
movido por um motor a diesel.
Este sistema também inclui conversores CA/CC, devido à utilização de geradores
eólicos e gerador a diesel, circuitos MPPT e um inversor para alimentar aparelhos de
corrente alternada (CA).
36
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Figura 2-16 Sistemas híbridos.
2.6.3. Sistemas Interligados à Rede Eléctrica
Os sistemas interligados com a rede eléctrica (figura 2-17) são os mais usuais.
Nestes sistemas são empregadas um elevado número de turbinas eólicas, e não
necessitam de baterias para o armazenamento de energia, fornecem energia
directamente à rede eléctrica, reduzindo assim os custos inerentes à sua implementação.
Como nos restantes sistemas a utilização de conversores CA/CC, inversores CC/CA e
circuitos MPPT é também necessária.
Figura 2-17 Sistema interligados à rede eléctrica.
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37
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2.6.4. Sistemas “off - shore”
Devido à redução, cada vez mais significativa, de locais com potencial para a
instalação de geradores eólicos em terra o investimento na instalação de geradores
eólicos no mar (sitemas off-shore) (figura 2-18) tem crescido ao longo dos anos, apesar
dos custos elevados inerentes à instalação das torres no mar e na utilização de cabos
específicos para poderem estar submersos. Em compensação, a altura das torres pode
ser inferior, pois os ventos no mar são menos turbulentos e mais intensos e constantes.
Figura 2-18 Sistema “off-shore” [35].
38
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CAPÍTULO 3
Diferentes Topologias de Sistemas Micro-Eólicos
A ligação de sistemas micro-eólicos com a rede eléctrica pode ser efectuada
através de diversas topologias, dependendo do tipo de geradores síncronos ou
assíncronos usados, como se descreve neste capítulo.
Neste capítulo serão ainda estudados os sistemas constituintes de um seguidor do
ponto de máxima potência para uma micro-eólica e proposta a topologia de um circuito
de interface com cargas CA monofásicas, 230V/ 50Hz.
3.1. Topologia de Sistemas Micro-Eólicos Ligados à Rede Eléctrica
As topologias de ligação de sistemas micro-eólicos à rede eléctrica diferem no
tipo de gerador utilizado, geradores síncronos ou assíncronos, com ligação directa ou
indirecta à rede eléctrica.
Em topologias com ligação directa à rede eléctrica, a velocidade do gerador é
praticamente fixa quando é utilizada a máquina assíncrona, podendo a turbina microeólica ser ligada ao gerador por intermédio de uma caixa de velocidades, enquanto para
as máquinas síncronas a velocidade tem que ser fixa.
A aplicação de geradores, ligados indirectamente com a rede, permite aos
geradores operar com uma velocidade variável. A ligação é efectuada por intermédio de
conversores de electrónica de potência. São utilizados conversores CA/CC para
rectificar a tensão de saída do gerador, e conversores CC/CA com a finalidade de
converter a tensão rectificada (CC) para tensão alternada (CA), com a frequência e
amplitude exigidas pela rede.
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39
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Topologia com Geradores Síncronos
Na topologia apresentada na figura (3-1), o rotor da turbina eólica está conectado
com o gerador síncrono através de uma caixa de velocidades, e o gerador encontra-se
ligado directamente à rede eléctrica.
Figura 3-1 Gerador síncrono ligado directamente à rede eléctrica.
Esta topologia tem como principais vantagens a facilidade de instalação e
manutenção do sistema, possibilitando também o controlar directamente a energia
reactiva do gerador síncrono, através do ajuste da corrente de excitação.
Devido à conexão directa com a rede qualquer perturbação na velocidade do vento
vai reflectir-se na energia fornecida à rede, resultando em problemas de qualidade de
energia na rede [28].
Na topologia da figura (3-2) a ligação com a rede é feita por intermédio de um
conversor CA/CC ligado com um conversor CC/CA. Como descrito no início deste
capítulo os conversores têm a função de rectificar a tensão de saída do gerador, e
converter a tensão rectificada (CC) para tensão alternada (CA), com a frequência e
amplitude exigidas pela rede.
40
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Toda a energia fornecida pelo gerador passa pelos conversores electrónicos de
potência. À semelhança da topologia anterior a conexão do rotor da turbina com o
gerador também é feita através de uma caixa de velocidades.
Figura 3-2 Gerador síncrono ligado à rede através de conversores CA/CC e CC/CA.
Neste tipo de topologia a turbina micro-eólica está acoplada directamente ao
gerador eléctrico, como se pode visualizar na figura (3-3), não sendo necessário
estabelecer esta ligação por intermédio de uma caixa de velocidades, reduzindo os
custos da aplicação. Neste tipo de aplicação a conexão com a rede eléctrica também é
efectuada por intermédio de conversores electrónicos, CA/CC e CC/CA.
Figura 3-3 Gerador síncrono sem caixa de velocidades e ligação à rede através de conversores CA/CC e
CC/CA.
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41
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Topologia com Geradores Assíncronos
O gerador utilizado por este tipo de topologia é um gerador de indução com rotor
em gaiola de esquilo, conectado ao rotor da turbina através de uma caixa de velocidades
como se pode visualizar através da figura (3-4).
A ligação do gerador assíncrono é efectuada directamente com a rede, contendo
um banco de condensadores. O banco de condensadores tem como objectivo compensar
o factor de potência, devido ao consumo de energia reactiva da rede por parte do
gerador assíncrono. Como consequência da ligação directa do gerador com a rede, a
velocidade de rotação deve permanecer dentro de uma gama de valores determinada
pelos parâmetros do gerador, e a frequência é imposta pela rede.
Figura 3-4 Gerador assíncrono com rotor em gaiola de esquilo ligado directamente à rede.
Em topologias como a da figura (3-5) onde é usado um gerador assíncrono com
dupla alimentação, o estator da máquina é ligado directamente à rede eléctrica, enquanto
o rotor é interligado com a rede por intermédio de conversores de electrónica de
potência, CA/CC e CC/CA. É usado um transformador elevador antes da rede eléctrica
para em conjunto com o conversor CC/CA regular a tensão contínua aos terminais do
condensador.
Através do conversor CC/CA, ligado ao rotor do gerador, é possível controlar a
frequência da forma de onda inserida no rotor, e conjuntamente controlar a intensidade
de corrente [28].
42
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Como se pode visualizar na figura (3-5) este sistema também contem um filtro
para a filtragem de harmónicos.
Figura 3-5 Gerador assíncrono com dupla alimentação com estator ligado directamente à rede e rotor
ligado através de conversores CA/CC e CC/CA.
Na topologia representada pela figura (3-6) o rotor da turbina é ligado ao gerador
assíncrono através de uma caixa de velocidades. A ligação do gerador de indução com
rotor em gaiola de esquilo, com a rede é feita através de dois conversores, um CA/CC e
outro CC/CA. Este sistema contém também um filtro para filtrar os harmónicos e um
banco de condensadores para compensar o factor de potência e evitar o consumo de
energia reactiva por parte da máquina.
Figura 3-6 Gerador assíncrono com rotor em gaiola de esquilo ligado à rede através de conversores
CA/CC e CC/CA.
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43
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3.2. Topologia de Interface de Sistemas Micro-Eólicos com Cargas
Eléctricas Independentes
A utilização de sistemas de interface para alimentar cargas eléctricas
independentes é muito usual em locais onde o acesso à energia eléctrica é difícil, ou
quando muitas das vezes se pretende alimentar cargas em locais distantes da rede
eléctrica, tornando-se dispendioso a criação de uma rede capaz de transportar energia
proveniente da rede eléctrica mais próxima, como é o caso de alguns sistemas de
irrigação de campos agrícolas que utilizam motores eléctricos.
Na topologia apresentada na figura (3-7), o sistema de interface é constituído por
um conversor CA/CC (rectificador em conjunto com um condensador) e um conversor
CC/CA (inversor), permitindo alimentar cargas CA, podendo estas serem monofásicas
ou trifásicas, dependendo do tipo de inversor implementado.
Figura 3-7 Sistema de interface com cargas CA.
Para além dos conversores CA/CC e CC/CA utilizados na topologia da figura
(3-7) também pode ser utilizado um conversor CC/CC ligado entre estes, como ilustra a
figura (3-8), tornando possível regular os níveis de tensão contínua do barramento CC
que alimenta o circuito inversor, e consequentemente regular a tensão de alimentação
das cargas CA mais facilmente, ou subir o nível de tensão CC.
44
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Figura 3-8 Sistema de interface com cargas CA com conversor CC/CC.
Embora na maioria das vezes as cargas alimentadas por este tipo de sistemas
sejam de corrente alternada, também surge por vezes a necessidade de serem
alimentadas cargas CC, como é o caso de sistemas de telecomunicações em locais
isolados.
A topologia de interface com cargas CC é apresentada na figura (3-9), sendo esta
constituída por um conversor CA/CC interligado com um conversor CC/CC, que
permite regular os níveis de tensão contínua que vão alimentar as cargas CC.
Este tipo de sistemas inclui habitualmente baterias que armazenam energia, para
alimentar as cargas CC, em situações em que a energia produzida pelo sistema
micro-eólico é insuficiente.
Figura 3-9 Sistema de interface com cargas CC.
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45
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3.3. Exemplo de Sistema Micro-eólico com Seguidor do Ponto de
Máxima Potência (MPPT - Maximum Power Point Tracker)
Neste subcapítulo é abordado o estudo teórico de um sistema MPPT para um
gerador micro-eólico e os circuitos que o constituem. A implementação prática deste
sistema não é efectuada, uma vez que não faz parte dos objectivos desta dissertação,
sendo apenas simulado todo o sistema no capítulo 4.
Devido à variação das condições ambientais a que as turbinas micro-eólicas estão
sujeitas, a potência produzida por estes não é constante, variando com velocidade do
vento que é sujeita a diversas perturbações.
Como se pode visualizar na figura (3-10) ao variar a velocidade do vento vai
existir uma variação da velocidade de rotação do rotor do gerador. Para cada velocidade
do rotor a curva da potência gerada vai ser diferente, concluindo-se assim que o ponto
de máxima potência vai variar conforme a velocidade do vento.
Figura 3-10 Curva característica da potência de uma turbina micro-eólica [33].
O objectivo do seguidor do ponto de máxima potência, num gerador micro-eólico
é extrair o máximo de potência disponível no vento a cada instante. Mais concretamente
46
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este sistema vai seguir o ponto de máxima potência do gerador, que varia para cada
velocidade do vento.
Na figura (3-11) é mostrada a topologia do sistema micro-eólico, com MPPT
estudada.
Figura 3-11 Topologia do Sistema Micro-eólico com Seguidor do Ponto de Máxima Potência.
Este sistema é constituído por um gerador síncrono de ímanes permanentes, e
funciona com velocidade variável. O conversor CA/CC tem como função transformar a
tensão alternada gerada pelo gerador em tensão contínua, que depois vai alimentar o
circuito MPPT, que é constituído por um conversor CC/CC, com controlo para seguir o
ponto de potência máxima.
O conversor CC/CC é usado para alterar a tensão aparente do barramento DC
vista pelo gerador. Assim controlando o conversor CC/CC através de um algoritmo
apropriado que altera o valor do duty-cycle, a tensão de saída do conversor de
electrónica de potência elevador de tensão é ajustada a fim de maximizar a potência
[29].
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47
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3.3.1. Gerador Síncrono de Ímanes Permanentes
No estudo efectuado no subcapítulo 2.4 a maioria dos geradores eléctricos
utilizados na construção das unidades micro-eólicas são geradores síncronos de ímanes
permanentes, daí a escolha deste tipo de gerador na topologia apresentada
anteriormente.
Para efeitos da simulação do sistema, são utilizadas as características apresentadas
em [36] para o gerador síncrono de ímanes permanentes do sistema eólico Gerar46, de
modo a simplificar todo o processo, uma vez que não se encontra disponível no
laboratório um gerador eléctrico deste tipo, para que sejam medidas todas as grandezas
exigidas pelo software de simulação.
Na tabela (3-1) é possível visualizar as características do sistema micro-eólico
Gerar246.
Dados do Sistema Micro-Eólico Gerar246
Diâmetro da Hélice
2,46 m
Números de Pás
3
Velocidade de Arranque
2,2 m/s
Binário de Arranque
0,3 Nm
Controle de Velocidade
Controlo de Perda Aerodinâmica Activo
Protecção Para Altas Velocidades
Controlo de Passo
Potência (12,5 m/s)
1kW
Velocidade de Rotação Nominal
700 rpm
Tensão de Linha (700 rpm) (rms)
75 V
Frequência (700 rpm) (rms)
80 Hz
Gerador
Síncrono Íman Permanente
Sistema Eléctrico
Trifásico
Número de Pólos
14
Indutância Síncrona do Gerador
3,5 mH
Resistência Série do Gerador
0,9 Ω
Tabela 3-1 Dados do Sistema micro-eólico Gerar246 [36].
http://www.eolicario.com.br/energia_eolica_gerar246.html
48
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Desta forma o gerador utilizado apresenta os seguintes valores medidos por [36]
de resistência de enrolamento do estator (Rs), indutâncias do estator de eixo-d (Ld), que
significa que o eixo passa pelo centro do íman, e eixo-q (Lq) que significa que o eixo
está no meio de dois ímanes, força electromotriz por milhar de rotações por minuto
(Vpk/rpm), número de pólos (P), momento de inércia e constante de tempo mecânica:
Rs  0,9 Ω
Ld 0,0035 H
Lq  0,0035 H
Vpk/rpm 157,232
P  14
Momento de inércia  0,06
Constante de tempo mecânica  0
3.3.2. Conversor CA/CC (rectificador)
O conversor CA/CC (rectificador) converte a corrente alternada proveniente do
gerador eléctrico em corrente contínua, a partir de uma ponte rectificadora monofásica
ou trifásica.
Dependendo do tipo de aplicação os rectificadores podem ser de meia ponte,
ponte completa, não controlados, quando são utilizados díodos como componentes de
rectificação, e semi controlados ou totalmente controlados através da utilização de
transístores ou tiristores [37]. O ripple da tensão de saída CC dos rectificadores deve ser
o mínimo possível, sendo para isso usado um condensador como filtro ligado aos
terminais de saída.
O rectificador utilizado é trifásico de ponte completa não controlado, devido à sua
simplicidade de utilização e à tensão de saída do gerador eléctrico ser trifásica.
Rectificador Trifásico de Ponte Completa não Controlado
O rectificador trifásico utilizado é constituído por seis díodos que são usados
como elementos de rectificação, como se pode visualizar pela figura (3-12), o que não
possibilita o controlo da tensão de saída do circuito.
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49
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Figura 3-12 Rectificador trifásico não controlado.
A este rectificador foi também acrescentado um filtro na saída, implementado
através de um condensador ligado aos seus terminais. A figura (3-13) apresenta o
esquema eléctrico do rectificador com filtro capacitivo.
Figura 3-13 Rectificador trifásico não controlado com filtro capacitivo.
A inclusão de um condensador no circuito faz com que o ripple da tensão de saída
seja reduzido. O condensador vai-se carregando com a tensão de pico da entrada até
atingir um valor superior ao da tensão de entrada. Quando a tensão do condensador se
torna superior à tensão de entrada os diodos deixam de conduzir sendo a corrente de
saída do circuito totalmente fornecida pelo condensador, que vai descarregando até
atingir um nível de tensão inferior ao da entrada, recarregando-se de seguida [37].
Através das figuras (3-14) e (3-15) é possível visualizar as formas de onda da
tensão de entrada e de saída do rectificador em ponte completa não controlado sem
filtro.
50
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Figura 3-14 Formas de onda da tensão de entrada (Vab, Vbc, Vca) e saída do rectificador não controlado.
Figura 3-15 Formas de onda da corrente de entrada (Ia, Ib, Ic) e saída do rectificador não controlado.
Com a inclusão do filtro capacitivo o rectificador apresenta as formas de onda das
tensões e correntes, representadas nas figuras (3-16) e (3-17).
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51
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Figura 3-16 Formas de onda da tensão de entrada (Vab, Vbc, Vca) e saída do rectificador não controlado
com filtro capacitivo.
Figura 3-17 Formas de onda da corrente de entrada (Ia, Ib, Ic) e saída do rectificador não controlado com
filtro capacitivo.
52
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3.3.3. Conversor CC/CC
Os conversores CC/CC são circuitos electrónicos de potência que têm a
capacidade de ajustar de forma controlada o nível da tensão contínua na entrada dos
seus terminais para níveis diferentes na saída.
Os componentes que constituem os diferentes tipos de conversores CC/CC são
semicondutores de electrónica de potência, boninas e condensadores.
A diferença entre os tipos de conversores está na disposição dos seus
componentes e na função para a qual são projectados.
Os principais tipos de conversores segundo [38] são: conversor Step-Down (baixa
a tensão), Step-Up (eleva a tensão), conversor Step-down/Step-Up (baixa e eleva
tensão), conversor Cúk e conversor em ponte completa (full-bridge).
Dos cinco conversores citados anteriormente, apenas os conversores Step-Down e
o Step-Up são topologias básicas de conversores. Ambos os conversores. StepDown/step-Up e Cúk são combinações das topologias básicas. O conversor em ponte
completa é o único que deriva apenas do conversor Step-Down [38].
Na topologia do sistema micro-eólico com seguidor do ponto de potência máxima
proposta é utilizado o conversor CC/CC Step-Up para elevar o nível de tensão fornecida
pelo gerador da micro-eólica, em conjunto com o sistema de controlo MPPT, para que a
micro-eólica funcione sempre no ponto de máxima potência. De seguida é analisado o
funcionamento do conversor Step-up e no subcapítulo 3.3.4 é analisado o sistema de
controlo MPPT.
3.3.3.1. Conversor Step-up
O conversor Step-up permite elevar a tensão de corrente contínua da entrada para
valores superiores aos da saída. O nível de tensão na saída é controlado através da
técnica de controlo PWM (Pulse-Width Modulation), modulação por largura de pulso.
Os elementos constituintes do conversor são uma bobina (L) e um condensador
(C) que armazenam energia, um díodo (D) e um semicondutor de electrónica de
potência que funciona como um interruptor (int) no circuito, como se pode visualizar na
figura (3-18).
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53
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Figura 3-18 Conversor Step-up.
O funcionamento do interruptor (int) é determinado pelo controlo PWM, que
determina a frequência com que é ligado e desligado, fazendo com que o interruptor
esteja ligado durante um determinado período de tempo
e desligado durante
Quando o interruptor (int) é ligado, a tensão de entrada
quando a tensão de entrada tem um nível inferior ao da saída (
.
é aplicada na bobina,
) o díodo fica
inversamente polarizado. Desta forma a carga é alimentada pela energia acumulada no
condensador enquanto a bobina vai acumulando energia.
Quando o interruptor é desligado o díodo passa a estar directamente polarizado,
conduzindo a energia acumulada na bobina, que vai alimentar a carga e carregar o
condensador.
Se a corrente que passa pela bobina nunca for a zero durante o tempo de condução
do díodo indica que o conversor opera no modo de condução contínua, caso contrário
opera no modo descontínuo.
Regra geral é preferível que o conversor opere no modo de condução contínua,
devido à facilidade com que é possível determinar a relação entre a largura de pulso e a
tensão média de saída [37].

Modo de Condução Contínua
Neste modo de condução a corrente na bobina circula de forma contínua, nunca é
nula (
.
O funcionamento do conversor step-up durante o período de tempo
estados distintos,
quando o interruptor (int) está ligado e
tem dois
quando interruptor
(int) está desligado.
54
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Na figura (3-19) são apresentadas as formas de onda da tensão e corrente na
bobina para o modo de condução contínua.
Figura 3-19 Formas de onda da tensão e corrente na bobina para o modo de condução contínua [39].

Estado
Durante o estado
o interruptor (int) está ligado durante um determinado tempo
criando um caminho para que a energia fornecida por
carregue a bonina, como se
pode visualizar na figura (3-20).
Figura 3-20 Circuito Step-Up para o estado
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.
55
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O tempo de duração do estado on é dado pela equação (3.1), onde D representa o
duty-cycle do sinal de controlo PWM.
(3.1)

Estado
No estado
o interruptor está desligado durante um determinado tempo
criando um caminho para que a fonte cuja tensão é
em conjunto com a bobina
forneçam energia ao condensador e à carga, como se pode visualizar na figura (3-21).
Figura 3-21 Circuito Step-Up para o estado
.
O tempo de duração do estado off é dado pela equação (3.2).
(3.2)
Observando os gráficos da figura (3-19) é possível obter a relação entre a tensão
de entrada e a tensão de saída do conversor, expressa pela equação (3.3), uma vez que o
aumento da corrente
durante
é igual à diminuição da corrente
, durante
[38].
(3.3)
Substituindo (3.1) e (3.2) em (3.3) e resolvendo em ordem a
obtém-se a
equação:
56
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(3.4)
Desprezando as perdas do circuito a potência de entrada é igual à de saída,
:
(3.5)
Resolvendo a equação anterior em ordem a
obtém-se a relação:
(3.6)

Limite entre a Condução Contínua e Descontínua
A figura (3-22) mostra as formas de onda no modo do limite da condução
contínua da tensão
no final do tempo
e corrente na bobina
. Neste modo a corrente
vai a zero
[38].
Figura 3-22 Formas de onda da tensão e corrente na bobina para o limite entre a condução contínua e
descontínua [39].
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57
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No limite da condução contínua o valor da corrente na bobina é expresso por:
(3.7)
Usando (3.4) em (3.7):
(3.8)
No conversor Step-up a corrente entrada
e a corrente que passa pela bonina
são iguais, usando (3.6) e (3.8) obtém-se a equação da corrente média de saída
(3.9), no limite da condução contínua [38]:
(3.9)
Na figura (3-23) é possível visualizar as curvas de
duty-cycle para uma tensão de saída
e
, em função do
constante.
O conversor Step-up tem a como função elevar a tensão de saída mantendo-a
constante, para isso é necessário variar o valor do duty-cycle, para que a tensão de saída
permaneça constante independentemente da tensão de entrada
Figura 3-23 Curvas de
58
e
em função de D para
[38].
constante [39].
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Observando a figura (3-23), verifica-se que
de duty-cycle (D = 0,5), e
atinge o valor máximo para o valor
para (D = 1/3) [38]:
(3.10)
(3.11)
Em função dos seus valores máximos as correntes
e
são expressas por
[38]:
(3.12)
(3.13)
Para um determinado valor do duty-cycle (D) com um valor constante de
corrente na carga descer para valores abaixo de
, se a
, o conversor entra no modo de
condução descontínua [38].

Modo de Condução Descontínua
Quando o conversor entra no modo de condução descontínua a corrente na bobina
é zero durante um determinado instante de tempo do período de
, como se pode
visualizar pela figura (3-24).
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59
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Figura 3-24 Formas de onda e corrente da bobina para o modo de condução descontínua [39].
Através da figura (3-24) verifica-se que a corrente na bobina durante
atinge o valor máximo, de seguida decresce até atingir o valor zero durante o instante
, permanecendo em zero durante
.
A relação entre a tensão de saída e a tensão de entrada
, observando a
figura (3-24), é obtida através da seguinte equação [38]:
(3.14)
Resolvendo em ordem a
:
(3.15)
Considerando a potência de entrada igual à potência de saída (
) a relação
entre as correntes de entrada e saída é dada por [38]:
(3.16)
A corrente média de entrada é dada por [38]:
60
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(3.17)
Usando (3.16) em (3.17) [38]:
(3.18)
Através das equações (3.14), (3.18) e (3.13) obtém-se o valor do duty-cycle, em
função da tensão de saída
[38]:
(3.19)
A figura (3-25) apresenta a curva característica do conversor Step-up mantendo
constante para diferentes valores do duty-cycle (D), quando o conversor está no modo
de condução descontínua.
Figura 3-25 Curva característica do conversor Step-Up para
No modo de condução descontínua se
constante [39].
não for controlada durante cada período
de comutação, a energia transferida para o condensador e para carga é expressa por:
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61
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(3.20)
Se a carga não for capaz de absorver toda esta energia a tensão no condensador
pode atingir um nível demasiado elevado, podendo fazer com que seja destruído [38].
Ripple da Tensão de Saída
Assumindo que a corrente de saída
do conversor é constante, considerando as
formas de onda da figura (3-26), é possível calcular o ripple pico a pico da tensão de
saída
[38].
Figura 3-26 Ripple da tensão de saída do conversor Step-Up [39].
Na figura (3-26) carga
está representada pela área a sombreado.
O ripple pico a pico da tensão de saída é expresso por [38]:
(3.21)
62
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Resolvendo em ordem a
:
(3.22)
3.3.3.2 Conversor Step-up com Controlo PWM (Pulse-Width Modulation)
No conversor Step-up a tensão de saída deve ser controlada para que possa atingir
um valor de tensão superior ao da entrada.
O nível da tensão de saída é controlado através do interruptor int com controlo
PWM.
Esta técnica de controlo, liga e desliga sucessivamente o interruptor com uma
frequência de comutação constante.
O tempo que o interruptor permanece ligado ou desligado (
é controlado
pelo valor do duty-cycle, que define o tempo que o interruptor permanece ligado para o
período de comutação
.
Na figura (3-27) estão representados o esquema eléctrico do conversor Step-up
com os respectivos blocos do controlo PWM.
Figura 3-27 Esquema eléctrico do conversor Step-Up com controlo PWM.
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63
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Analisando a figura (3-27) é possível perceber como são gerados os sinais que vão
actuar o interruptor. O valor da tensão de saída do conversor
tensão de referência que se pretende ter na saída (
o sinal de erro
é subtraído ao valor da
) através do bloco Sub, resultando
que representa a diferença entre
e
. De seguida o sinal
é comparado com uma forma de onda do tipo dente de serra (Sawtooth Wave)
, por intermédio do bloco Comparador, resultando na saída deste bloco o sinal que
vai actuar o interruptor int.
Como se pode visualizar pela figura (3-28) a frequência de comutação
vai ser
determinada pela frequência da onda dente de serra. Normalmente a frequência da onda
dente de serra é na ordem de alguns kHz até poucas centenas de kHz [38].
Figura 3-28 Resultado da comparação entre os sinais
Quando o sinal
é superior a
e
.
o sinal de PWM é alto, o interruptor fica
no estado on, quando se sucede o contrário, o sinal de PWM é baixo e o interruptor fica
no estado off, e assim sucessivamente.
O valor do duty-cycle em função de
e do valor de pico da onda dente de
serra pode ser obtido pela equação:
64
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(3.23)
3.3.3.3. Dimensionamento do Conversor Step-up
Para o dimensionamento dos componentes do conversor Step-up foram usados os
seguintes parâmetros:
= 143 V  Tensão gerada pela micro-eólica
= 200 V  Tensão de saída do Step-up
R = 60 Ω  Carga do Step-up
= 25 kHz  Frequência de comutação
= 40 µs  Período de comutação
= 1%  Percentagem máxima para o ripple da tensão de saída
Cálculo do valor do duty-cycle:
O cálculo do valor mínimo da indutância da bobina foi efectuado através da
equação (3.24), estudada em [40].
(3.24)
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65
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Cálculo do valor da capacidade do condensador para um ripple máximo da tensão
de saída de 1%:
3.3.4. Sistema de controlo MPPT
O sistema de controlo MPPT consiste num algoritmo que vai actuar o interruptor
do conversor CC/CC, permitindo seguir o ponto de máxima potência do sistema.
Existem diversos métodos, para seguir o ponto de máxima potência, foram
desenvolvidos, diferenciando-se pela forma como o ponto de máxima potência é
atingido.
Estes métodos são conhecidos como: Perturbação e Observação (P&O), Tensão
Constante (CV) e Condutância, Incremental (IncCond) e Hill Climbing (HC).
Dos métodos referidos, o escolhido para a elaboração da topologia apresentada foi
o Perturbação e Observação (P&O), devido à sua fácil implementação e por ser um dos
métodos mais aplicados.
Este método aplica uma perturbação (
) no valor do duty-cycle (D), que por sua
vez vai alterar o sinal de comando do interruptor do conversor Step-up.
Se o valor da potência aumentar a perturbação da tensão é feita no mesmo sentido
que a anterior, caso o valor da potência diminua a perturbação da tensão é efectuada no
sentido inverso [41] [42] [43] [44].
Na figura (3-29) está representado o fluxograma do algoritmo usado para
implementar o método de MPPT estudado.
66
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Figura 3-29 Fluxograma do algoritmo do método P&O implementado.
Pelo estudo do fluxograma anterior é possível verificar que a primeira acção do
algoritmo é perturbar o valor do duty-cycle, de seguida calcula a potência
actual
.
Depois de calculada
são analisados dois cenários possíveis na perturbação da
variável (D):
Se
a potência anterior (
) toma o valor da actual e é efectuada
uma perturbação positiva no valor de D.
No caso de
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é efectuada uma perturbação negativa no valor de D.
67
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3.4. Topologia do Sistema Micro-Eólico com Interface para Cargas
CA Desenvolvido
Neste subcapítulo é abordado o estudo teórico de um sistema para interface de um
gerador micro-eólico, com cargas CA monofásicas e circuitos que o constituem.
A figura (3-30) representa a topologia de interface desenvolvida.
Figura 3-30 Gerador micro-eólico com interface para cargas CA monofásicas.
O gerador eléctrico e o conversor CA/CC (rectificador) apresentados nesta
topologia são os mesmos estudados na topologia apresentada no subcapítulo 3.3.
A topologia aqui apresentada contém também um conversor CC/CA monofásico
(inversor), que possibilita gerar tensões alternadas com a amplitude e a frequência
necessárias para alimentar cargas CA monofásicas, a partir da tensão rectificada do
gerador.
3.4.1. Inversor
Os inversores são na maioria das vezes conversores comutados, que transformam
a energia de um circuito de tensão contínua (ou corrente) em tensão alternada (ou
corrente), através do controlo de semicondutores de potência que funcionam como
interruptores.
68
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Existem vários tipos de inversores CC/CA e vários métodos de controlo. Estes
podem ser do tipo VSI (Voltage Source Inverter), fonte de tensão, ou CSI (Current
Source Inverter) fonte de corrente. Os inversores do tipo CSI são habitualmente usados
em instalações de elevada potência. Em comparação com os inversores do tipo VSI, os
inversores CSI são os menos usados por apresentarem um rendimento inferior e um
custo mais elevado [45] [46].
Na topologia proposta o inversor utilizado é do tipo VSI, e faz o interface entre a
saída de tensão rectificada do gerador e as cargas CA.
A topologia dos inversores VSI monofásicos difere no número de braços com
semicondutores de potência que cada uma pode ter, podendo ser em ponte completa
(Full-Bridge) ou meia ponte (Half-Bridge).
Na figura (3-31) estão representados os inversores VSI em ponte completa e meia
ponte. Analisando esta figura é possível verificar que o número de semicondutores de
potência e díodos utilizados nos inversores em ponte completa é superior aos utilizados
nos de meia ponte.
Em aplicações de elevada potência é preferível a utilização do inversor em ponte
completa, pois permite obter uma tensão de saída com o dobro do valor da tensão de
saída do inversor em meia ponte para o mesmo valor de tensão de entrada CC, o que
implica que para a mesma potência a corrente de saída e dos semicondutores têm
metade do valor das do inversor em meia ponte, o que é uma vantagem em aplicações
de elevada potência, uma vez que permite a utilização de menos dispositivos em
paralelo [38].
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69
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Figura 3-31 a) Inversor VSI em ponte completa. b) Inversor VSI em meia ponte.
Na topologia do sistema micro-eólico com interface para cargas CA proposta é
utilizado o inversor em ponte completa monofásico, para permitir que as cargas CA
monofásicas sejam alimentadas através do gerador da micro-eólica.
Nos subcapítulos seguintes é analisado o funcionamento do inversor VSI em
ponte completa e o respectivo controlo.
3.4.2. Inversor em Ponte Completa (Full – Bridge) Monofásico
O inversor em ponte completa monofásico é constituído por quatro
semicondutores de potência, que funcionam como interruptores e quatro díodos. Os
semicondutores de potência estão dispostos em arranjos, vulgarmente denominados de
braços, constituídos por dois semicondutores de potência e dois díodos em antiparalelo,
como se pode visualizar através da figura (3-32) [47].
70
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
Figura 3-32 Circuito eléctrico do conversor CC/CA inversor .
O funcionamento dos interruptores (
) é determinado pelo
controlo PWM que liga e desliga estes interruptores quando é necessário.
Na figura (3-33) estão representados os modos de operação do inversor.
Quando os interruptores
de
estão ligados, a tensão de saída
tem o valor
durante o tempo em que estes permanecem ligados. No instante de tempo em que
os interruptores
saída
e
é-
e
estão ligados e os restantes desligados o valor da tensão de
.
Figura 3-33 Modos de operação do inversor.
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71
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3.4.3. Inversor com Controlo PWM (Pulse-Width Modulation)
A técnica de controlo PWM é uma forma eficaz de obter um sinal alternado de
baixa frequência na saída do inversor, podendo ser do tipo bipolar ou unipolar.
Para obter um sinal de tesão sinusoidal, com a frequência desejada é utilizado um
sinal de controlo sinusoidal (
), com a mesma frequência que se pretende obter
na tensão de saída, que é comparado com um sinal com forma de onda triangular (
),
para se obter os sinais de controlo dos semicondutores de potência.
A frequência de comutação dos interruptores
é estabelecida pela frequência da
onda triangular, também conhecida como frequência portadora. A frequência
determina a frequência com que cada interruptor vai comutar.
O sinal
tem uma frequência
com o valor desejado para a frequência
fundamental da tensão de saída. Este sinal é também usado para determinar a relação da
frequência de comutação dos interruptores [38].
Como se pode visualizar na figura (3-34) o sinal gerado na comparação de
com a onda triangular é constituído por diversos pulsos, que contêm a
componente fundamental de uma sinusóide. Depois de filtrado este sinal obtém-se uma
sinusóide.
Figura 3-34 Comparação entre
72
e
[39].
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A tensão na saída do inversor não é uma sinusóide perfeita devido às
componentes harmónicas existentes. A onda de tensão fundamental de saída do inversor
depende da amplitude de modulação que é expressa na equação 3.25 [38]:
(3.25)
Onde:
 Índice de modulação
 Valor de pico do sinal de controlo
 Valor de pico do sinal triangular

Controlo com PWM bipolar
No controlo com PWM bipolar a tensão de saída do inversor (
e
), varia entre -
, que representam a tensão de entrada do inversor, como se pode visualizar pela
figura (3-35) [38].
Neste tipo de controlo os interruptores são actuados aos pares, um dos pares é
constituído por
e
, e o outro por
e
.
Figura 3-35 Modulação PWM modo bipolar [39].
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73
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No inversor em ponte completa da figura (3-33), quando os interruptores
estão ligados, a saída do braço A é dada por
e
e a saída do braço B por
, verificando-se que a saída do braço B é o oposta do à braço A [38]. Então:
(3.26)
e
(3.27)

Controlo com PWM unipolar
Contrariamente ao controlo apresentado no ponto anterior, o controlo com PWM
unipolar permite actuar cada braço do inversor individualmente.
Para controlar os braços do inversor são usadas duas sinusóides
-
, desfasado 180º entre si, que são comparadas com a onda triangular
e
,
como mostra a figura (3-36).
Figura 3-36 Comparação dos sinais
,
e
[39].
Através da análise da figura (3-36) deduz-se que a comparação do sinal
e -
com
, produz os sinais de controlo dos braços A e B, resultando os
seguintes estados lógicos dos interruptores de cada um dos braço [38]:
74
;
on e
;
on e
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;
on e
;
on e
A figura (3-37) representa a tensão de saída para cada um dos braços do inversor.
Figura 3-37 Tensão de saída do braço A e B [39].
A tensão de saída do inversor neste tipo de controlo PWM varia entre o valor 0 e
ou entre 0 e - , como se pode visualizar na figura (3-38).
Figura 3-38 Modulação PWM unipolar [39].
As formas de onda das figuras anteriores demonstram que existem quatro
combinações possíveis de estados dos interruptores para controlar a tensão de saída
[38]:
,
on:
,
on:
,
on:
,
on:
,
;
,
;
,
,
;
;
Quando os dois interruptores superiores ou inferiores são ligados conjuntamente a
tensão de saída do inversor tem valor zero.
Universidade do Minho
75
Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
CAPÍTULO 4
Simulações Computacionais
Neste capítulo serão simulados todos os circuitos necessários na implementação
deste projecto, nomeadamente o modelo do gerador micro-eólico, o conversor Step-up e
o inversor.
A opção da elaboração de simulações antes de uma implementação prática devese à necessidade de conhecer previamente o funcionamento de todos os circuitos
envolvidos.
Ao utilizar um método de simulação computacional apropriado, antes de
implementar o circuito real, é possível ajustar facilmente os parâmetros a usar nos
circuitos, de forma segura e sem prejuízo para o investigador, poupando-se tempo e
dinheiro, uma vez que não é necessário comprar novos componentes e voltar a
implementar todo o circuito no caso de algo inapropriado acontecer.
No mercado, cada vez mais, surgem novas ferramentas de simulação, uma vez que
estas têm muita procura e são consideradas de grande utilidade.
4.1. Psim
De entre todas as ferramentas disponíveis o programa de simulação escolhido foi
o Psim. Esta ferramenta possui um ambiente de trabalho bastante apelativo e intuitivo,
facilitando o interface com o utilizador.
O Psim é um simulador de circuitos eléctricos especialmente projectado para a
simulação de circuitos de electrónica de potência, para análise de conversores de
potência, malhas de controlo e estudo de accionamento de motores.
Na simulação de circuitos são utilizados módulos com símbolos e características
de componentes reais, como se pode visualizar na figura (4-1), que ligados entre si
formam o circuito que se pretende simular.
Este simulador pode simular quase todo o tipo de circuitos, apresentando os
resultados das medições efectuadas nos circuitos de uma forma gráfica, permitindo
conhecer o comportamento das grandezas medidas ao longo do tempo. Algo muito útil
para determinar a causa de possíveis problemas nos circuitos.
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Na figura (4-2) está representado o ambiente gráfico que apresenta todas as
grandezas medidas nos circuitos.
Figura 4-1 Ambiente gráfico do Psim com alguns componentes que o constituem.
Figura 4-2 Exemplo de visualização de um sinal sinusoidal no ambiente gráfico, onde são apresentadas as
grandezas medidas.
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4.2. Modelo de Simulação do Gerador Micro-eólico
Para que todos os estudos efectuados se aproximassem o mais possível da
realidade
gerador
considerou-se
essencial
usar
um
modelo
de
simulação
de
um
micro-eólico. Para tal, foi usado o modelo da figura (4-3) implementado por
[36], que representa o gerador micro-eólico.
Este modelo tem como parâmetros de entrada a velocidade do vento e o raio do
rotor da turbina, e como saída a tensão gerada pelo gerador eléctrico, permitindo variar
a tensão de saída através da variação da velocidade do vento.
Figura 4-3 Modelo do gerador micro-eólico usado por [36].
Na figura (4-4) é possível visualizar as formas de onda das tensões compostas,
,
,
, do gerador eléctrico ao operar em vazio. Estas tensões têm um valor de
pico próximo dos 200V para uma velocidade do vento de 12 m/s e um raio do rotor de
1,23m.
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Figura 4-4 Tensões compostas do gerador eléctrico.
De seguida acrescentou-se ao modelo um rectificador trifásico, como se pode
visualizar na figura (4-5), com a finalidade de rectificar a tensão de saída do gerador
eléctrico para que possam ser usados os circuitos Step-up e inversor.
Como carga é usada uma resistência de 60Ω, e em todos os testes que serão
apresentados de seguida é utilizada uma velocidade do vento de 12 m/s e um raio de
1,23 m do rotor do gerador eólico.
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Figura 4-5 Modelo do gerador micro-éolico com rectificador ligado na saída do gerador eléctrico.
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Na figura (4-5) o rectificador trifásico é representado pelo bloco com o símbolo de
um díodo, à saída foi ligado um condensador de 1050 µF de forma a reduzir o ripple da
tensão de saída.
O bloco que se segue ao rectificador é um wattímetro para se poder medir a
potência do gerador eléctrico.
Nas figuras (4-6), (4-7) e (4-8) estão representadas as formas de onda da tensão,
corrente na carga e potência eléctrica do gerador.
Figura 4-6 Tensão na carga.
Figura 4-7 Corrente na carga.
Figura 4-8 Potência eléctrica do gerador.
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Através da visualização das figuras anteriores constata-se que todas as grandezas
demoram quase dois segundos a estabilizarem. O valor da potência eléctrica é de
aproximadamente 400W, a tensão na carga 160V e a corrente 2,6 A.
4.3. Conversor Step-up
Na figura (4-9) é possível visualizar o conversor step-up ligado ao
gerador micro-eólico.
Figura 4-9 Conversor Step-up ligado ao gerador micro-eólico.
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Na figura (4-10) está representado o conversor Step-up, que foi projectado para
elevar a tensão de 143V para 200V na saída.
Figura 4-10 Conversor Step-up.
O conversor da figura (4-10) é constituído por componentes ideais como uma
bobina, um condensador, díodo e um mosfet.
O valor de indutância e capacidade utilizados na simulação foram 250µH e
400µF, estes valores foram obtidos de forma empírica através de vários ajustes feitos
durante as simulações, para que o resultado final fosse o pretendido. Estes ajustes foram
necessários pois os valores calculados de indutância e capacidade eram os valores
mínimos exigidos.
O sinal de controlo do mosfet (PWM) representado na figura (4-11) é gerado
através da comparação dos sinais
e
, que aqui são representados por uma
fonte de tensão contínua e outra em forma de dente de serra.
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Figura 4-11 Sinal de controlo PWM.
Pela análise da figura (4-11) verifica-se que a frequência do sinal é de 25kHz, com
um duty-cycle próximo dos 28,5%.
Na figura (4-12) estão representadas as tensões de entrada e saída do Step-up,
verificando-se que o conversor cumpre a finalidade para a qual foi projectado, ao elevar
a tensão de entrada nos seus terminais com o valor de 143V para 200V na saída.
Figura 4-12 Tensão de entrada e saída do step-up.
Com a finalidade de verificar se o conversor funciona em modo de condução
contínua são apresentadas na figura (4-13) a forma de onda da tensão e corrente na
bobina do Step-up.
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Figura 4-13 Tensão e Corrente na bobina.
Analisando a figura (4-13) verifica-se que o valor da corrente na bobina nunca
vem a zero, provando que o Step-up opera em modo de condução contínua.
4.4. Inversor
Na figura (4-14) é possível visualizar o inversor ligado ao gerador micro-eólico.
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Figura 4-14 Inversor ligado ao gerador micro-eólico.
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Para o estudo do conversor CC/CA, foi criado o modelo do inversor monofásico
em ponte completa com filtro LC (L=1,02mH, C=4,7µF) representado na figura (4-15),
com objectivo de testar o funcionamento do circuito e validar a técnica de controlo
utilizada.
Figura 4-15 Inversor.
O tipo de controlo utilizado no funcionamento do inversor foi o PWM unipolar.
Este consiste na comparação dos sinais
e-
com uma forma de onda
triangular, como se pode visualizar através da figura (4-16).
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Figura 4-16 PWM unipolar.
Na figura (4-16) é possível visualizar que os sinais de controlo
-
e
apresentam um período de 20ms correspondente a uma frequência de 50Hz,
sendo esta a frequência desejada na tensão de saída do inversor.
Da comparação das ondas de controlo anteriores com a onda triangular surgem os
sinais de controlo dos mosfets, representados na figura (4-17).
Figura 4-17 Sinais de controlo dos mosfets.
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Analisando a figura (4-17) verifica-se que para os mosfets do mesmo braço os
sinais de controlo gerados são complementares um ao outro, e a frequência de
comutação dos mosfets é de 10kHz, a mesma que a da onda triangular.
Na figura (4-18) é apresentada a tensão contínua de entrada do inversor, que
contém algum ripple. Depois de feito um zoom na figura (4-18) concluiu-se que o valor
da tensão de entrada do inversor é de aproximadamente 167V CC, como ilustra a figura
(4-19).
Figura 4-18 Tensão de entrada do inversor.
Figura 4-19 Tensão de entrada do inversor com zoom.
Para uma tensão de entrada no inversor de aproximadamente 167V CC obtêm-se
uma tensão alternada na carga com o valor de 167V de pico, e um período de 20ms, o
que significa que se conseguiu gerar uma tensão CA com uma frequência de 50Hz,
como se pode visualizar pela figura (4-20).
Na figura (4-21) é apresentada a forma de onda da corrente na carga.
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Figura 4-20 Tensão na carga.
Figura 4-21 Corrente na carga.
Como o principal objectivo do circuito é obter na saída do inversor uma tensão de
325VAC, optou-se por incluir um transformador na saída do inversor para elevar a
tensão, como demonstra a figura (4-22).
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Figura 4-22 Inversor com transformador na saída.
As figuras (4-23) e (4-24) apresentam as formas de onda da tensão e corrente após
a inclusão do transformador.
Figura 4-23 Forma de onda da tensão com transformador na saída do inversor.
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Figura 4-24 Forma de onda da corrente com transformador na saída do inversor.
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CAPÍTULO 5
Implementação Prática do Sistema de Interface do Gerador
Micro-Eólico com Cargas Eléctricas
Neste capítulo são apresentados e explicados todos os circuitos implementados,
desde o rectificador ao inversor. É também apresentado o sistema utilizado no
laboratório de máquinas eléctricas, que permitiu emular um gerador micro-eólico.
Em termos de software, será explicado o sistema de controlo do inversor, de
forma a obter-se uma tensão sinusoidal na saída.
Será também abordada neste capítulo a implementação do circuito de interface
entre o circuito controlo e o circuito de potência, e demonstrada a importância da sua
utilização.
Na figura (5-1) está represada a bancada de trabalho onde todo o sistema foi
desenvolvido, e todos os testes foram efectuados.
Figura 5-1 Bancada de trabalho.
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5.1. Gerador Micro-eólico
Na
gerador
elaboração
prática
deste
trabalho
não
foi
possível
utilizar
um
micro-eólico uma vez que este não se encontra disponível no laboratório.
Sendo assim, foi utilizado o sistema existente no laboratório de máquinas
eléctricas de forma a emular um gerador micro-eólico.
Este sistema é constituído por um motor série universal acoplado mecanicamente
a uma máquina síncrona trifásica de rotor bobinado, como se pode ver na figura (5-2).
Figura 5-2 Sistema usado para emular um gerador micro-eólico.
Na tabela (5-1) estão representadas as principais características do motor série
universal e da máquina síncrona.
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Motor Série Universal (Feeback ETL174A) Máquina Síncrona (Feedback ETL174G)
Características nominais:
Características nominais:
Alimentação: CA (Monofásico) ou CC
P ≈ 248,7W
P = 186,5W (CA) ou P ≈ 248,7W (CC)
V = 120V (CA) ou 120V (CC)
n = 2000 rpm
I = 4A
= 120V (CA)
= 1,2 (CA)
n = 3000 rpm
= 5A
Tabela 5-1 Características do Motor Série Universal e Máquina Síncrona.
Na montagem da figura (5-2) o motor série universal é alimentado por uma
corrente alternada, por intermédio do variac. Depois de alimentado o motor este,
acciona a máquina síncrona que vai funcionar como gerador. A fonte CC tem como
função alimentar o enrolamento de excitação do gerador.
A variação da velocidade de rotação do motor série universal é efectuada através
do variac. Em conjunto o variac e o motor série universal permitem variar a velocidade
de rotação do gerador e consequentemente a tensão produzida por este.
5.2. Sistema de controlo
O sistema de controlo é a parte fundamental de todo o trabalho, é o responsável
por processar todos os dados necessários, e de acordo com os objectivos pretendidos,
gerar os sinais de controlo para actuar os semicondutores de potência, e assim obter as
formas de onda pretendidas na saída do inversor.
Para implementar o sistema de controlo recorreu-se ao microcontrolador
PIC18F4431 da figura (5-3), fabricado pela Microcip.
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Figura 5-3 Microcontrolador PIC18F4431.
A escolha deste microcontrolador deve-se ao facto de ser gratuito e conter todos
os módulos necessários para a elaboração deste projecto. É também um dispositivo
bastante simples de programar. Existem várias informações sobre como programar este
dispositivo em diversos locais da Internet que serve como ajuda, e o facto de ser um
dispositivo muito utilizado por vários colegas de curso permite que se possam
ultrapassar mais facilmente algumas dificuldades impostas por este dispositivo.
O software necessário para a sua programação também é disponibilizado de forma
gratuita. Apenas foi adquirido o programador, que foi cedido pelos colegas do
Laboratório de Electrónica de Potência.
Em termos de aspectos técnicos, este microcontrolador necessita de um circuito de
baixa complexidade para a sua programação, de realçar que são necessários poucos
componentes para o seu funcionamento e a possibilidade de ser programado no próprio
circuito onde opera.
Para a elaboração deste trabalho utilizou-se o módulo de hardware POWER
CONTROL PWM MODULE, que simplifica a tarefa de gerar múltiplas saídas de PWM
sincronizadas, que são especialmente usadas no controlo de motores e conversores de
energia [47].
Este módulo possui quatro canais de PWM, que funcionam no modo
complementar. Ou seja, em cada canal são geradas duas saídas PWM complementares
simplificando bastante a programação do controlo do inversor. O módulo utilizado
possui uma resolução de 14 bit, dependendo do período do PWM [47], e permite a
programação de um dead-time entre os sinais de PWM gerados, algo muito útil para
evitar curtos-circuitos no inversor, durante as comutações dos semicondutores de
potência de cada braço.
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Na figura (5-4) é possível visualizar os pinos que constituem o PIC18F4431, onde
se podem reconhecer os pinos dos módulos PWM.
Figura 5-4 Diagrama de pinos do PIC18F4431 [47].
Para criar os programas desenvolvidos e enviá-los para o microcontrolador
utilizou-se o software de programação disponibilizado pela MicroChip, MPLAB IDE
v8.33 em conjunto com o compilador CCS C Compiler.
Em termos de linguagem de programação os microcontroladores da família PIC
podem ser programados em linguagem Assembly ou linguagem C. No desenvolvimento
do projecto optou-se pela utilização da linguagem C, por se tratar de uma linguagem de
alto nível, tornando assim o código mais perceptível e fácil de implementar.
Para programar o microcontrolador com o código elaborado é utilizado o
programador MPLAB ICD 2 da figura (5-5), que é ligado entre o comutador pessoal e o
microcontrolador. Na ligação do programador com o PIC18F4431 são utilizados os
pinos PGD, PGC e MCLR, identificados na figura (5-4).
Figura 5-5 Programador MPLAB ICD 2.
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5.2.1. Controlo do inversor
Para o controlo do inversor foram utilizados dois canais de PWM do
microcontrolador. A técnica de controlo implementada foi PWM unipolar para se obter
uma tensão alternada na saída do inversor com uma frequência de 50Hz.
Para gerar os sinais de PWM foram utilizados os canais PWM 0, e PWM 2, no
modo complementar, permitindo gerar dois pares de sinais de controlo, que vão actuar
os respectivos semicondutores de potência de cada braço do inversor PWM 0 e PWM 1,
bem como PWM 2 e PWM 3, como se pode visualizar na figura (5-6). Sendo os sinais
de cada par complementares um do outro, evitando assim que os semicondutores do
mesmo braço entrem em condução simultaneamente.
Como protecção contra curtos-circuitos, foi programado por software em cada
módulo de PWM um dead-time de 5µs, isto é, durante 5µs os sinais de PWM
complementares estão ambos inactivos, garantido que a comutação de estado dos
semicondutores do mesmo braço do inversor não é efectuada precisamente no mesmo
instante de tempo, prevenindo assim possíveis curtos circuitos nos braços do inversor.
Figura 5-6 Esquema do circuito inversor.
Para implementar a técnica de controlo PWM unipolar no microntrolador foi
criada uma tabela com 100 posições de forma a sintetizar um seno que é comparado
com uma onda triangular, onde o valor mais elevado da tabela é o valor máximo
admitido pelo duty-cycle.
Para gerar uma onda triangular internamente no microcontrolador o PWM é
programado no modo Continuous Up/Down Counting [47].
100
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Na figura (5-7) é possível visualizar a forma de onda triangular gerada, que
posteriormente é comparada com o seno.
Figura 5-7 Modo Counting UP/DOWN [47].
No passo seguinte o PWM é configurado com uma frequência de comutação de
10kHz e um dead-time de 5µs. Após este passo configurou-se o timer1 e activou-se a
interrupção por overflow deste timer.
O timer1 é configurado para que os valores do duty-cycle sejam actualizados 100
vezes por cada período de 20ms, através da geração de uma interrupção por overflow do
timer1. A cada interrupção é chamada a rotina de serviço à interrupção onde são
actualizados os valores do duty-cycle, mediante os critérios do método de controlo
PWM unipolar aí programados.
5.3. Interface entre o Microcontrolador e o Inversor
A implementação de um circuito de interface entre o microcontrolador e o
inversor torna-se necessária, uma vez que os sinais de controlo para os semicondutores
de potência têm referências diferentes, e o microcontrolador fornece apenas um nível de
5V revelando-se insuficiente para comutar os semicondutores de potência do inversor.
Para tal, foi utilizado o acoplador óptico HCPL3120 da Hewlett Packard, cujo esquema
está representado na figura (5-8).
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Figura 5-8 Esquema do Acoplador Óptico HCPL3120 [48].
Este circuito permite o isolamento galvânico entre a unidade de controlo e o
inversor, evitando os curtos-circuitos que de outra forma ocorreriam.
Para garantir o isolamento entre o microntrolador e o inversor assegurou-se que as
massas utilizadas por ambos eram diferentes, utilizando-se duas fontes de alimentação
diferentes na alimentação dos circuitos.
O acoplador óptico HCPL3120 funciona também como circuito de drive para o
semicondutor de potência, possibilitando elevar o nível de tensão do sinal de controlo
para os níveis exigidos, para fazer comutar o mosfet. Para o mosfet comutar é necessário
que o nível de potencial da gate seja superior ao potencial da source com uma tensão
superior à tensão de Treshold.
Na figura (5-9) está representado o esquemático do circuito do acoplador óptico
implementado, que permite elevar o nível de tensão do sinal de saída do
microcontrolador.
.
Figura 5-9 Esquema do circuito eléctrico implementado com o Acoplador óptico [48].
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Na entrada do circuito da figura (5-9) é ligado o sinal de PWM gerado pelo
microcontrolador, com amplitude de 5V e frequência de 10kHz. A saída do circuito é
alimentada por uma fonte de tensão de 17V, obtendo-se na saída
um sinal de PWM
com a mesma frequência e duty-cycle do sinal de entrada, mas com uma amplitude de
17V, que é ligado na gate do mosfet, garantindo desta forma o valor da tensão
necessária para que o mosfet entre em comutação.
Na figura (5-10) é possível visualizar a placa da unidade de controlo com o
microcontrolador e o circuito do acoplador óptico para cada um dos mosfets do inversor.
Figura 5-10 Unidade de Controlo.
5.4. Implementação do Rectificador
Para alimentar a entrada do inversor com uma tensão contínua foi necessário
implementar um rectificador trifásico, para rectificar as tensões alternadas geradas pelo
gerador eléctrico e obter na saída uma tensão contínua.
Como referido no subcapítulo 3.3.2. o rectificador implementado é de ponte
completa não controlado, devido à sua simplicidade de implementação.
Na implementação prática foi utilizado o componente 26MT80 do rectificador
trifásico a díodos produzido pela Vishay, representado na figura (5-11).
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Figura 5-11 Rectificador 26MT80.
Este rectificador tem como características técnicas admitir uma tensão máxima de
operação de 800V e uma corrente máxima de 25A.
A figura (5-12) representa o esquema utilizado na implementação do rectificador
trifásico com um filtro capacitivo, de forma a atenuar o ripple da tensão de saída.
Figura 5-12 Esquema do Rectificador com Filtro Capacitivo na Saída.
Como nas oficinas do Departamento de Electrónica não existiam condensadores
com a capacidade ou valor de tensão necessários para serem usados no filtro de saída
optou-se por construir um banco de condensadores constituído por quatro
condensadores ligados em série, como representa figura (5-12), cada um com uma
tensão de 63V e uma capacidade de 4200µF.
Como são utilizados quatro condensadores ligados em série, a capacidade
equivalente do banco de condensadores é de 1050µF, com uma tensão de 252V
equivalente à soma das tensões dos quatro condensadores.
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A capacidade equivalente foi calculada através da equação (5.1), onde
representa a capacidade equivalente e
,
,
e
são a capacidade de cada um dos
condensadores.
(5.1)
De notar que a cada condensador foi ligado em paralelo uma resistência de
potência de 470Ω, de forma a garantir uma tensão igual em cada um dos condensadores.
Na figura (5-13) é possível visualizar o rectificador trifásico implementado na
prática.
Figura 5-13 Rectificador Implementado na Prática.
5.5. Implementação do Inversor Monofásico
Na implementação prática do inversor monofásico foi utilizada a topologia em
ponte completa, pois permite obter na saída uma tensão com o dobro do valor permitido
pela topologia em meia ponte.
A entrada do inversor é alimentada pela tensão contínua de saída do rectificador,
originando na saída do inversor uma tensão alternada.
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O inversor de tensão desenvolvido é do tipo VSI, constituído por dois braços.
Cada braço do inversor contém dois semicondutores de potência que vão comutar
conforme os sinais de comando enviados pela unidade de controlo.
Os semicondutores de potência utilizados foram mosfets, fabricados pela marca
FAIRCHILD SEMICONDUCTOR do modelo FCP11N60, que têm como características
técnicas uma corrente máxima admissível na drain de 11A e uma tensão
máxima drain-source de 650V [49].
Na figura 5-14 é possível visualizar o esquemático interno do Mosfet FCP11N60.
Figura 5-14 Esquema do Mosfet FCP11N60 [49].
Na saída do inversor foi inserido um filtro LC constituído por uma bobina com
uma indutância de aproximadamente 1mH e um condensador com uma capacidade de
4,7µF. Este filtro tem a finalidade de filtrar os harmónicos de alta frequência produzidos
pelas comutações do circuito inversor e assim obter uma tensão aproximadamente
sinusoidal na saída.
Na figura (5-15) é possível visualizar o circuito inversor implementado, com a
bobina e o condensador usados como filtro na saída.
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Figura 5-15 Circuito inversor Implementado.
5.6. Sistema Implementado
Na figura (5-16) é possível visualizar em conjunto todos os circuitos que
constituem o sistema implementado, nomeadamente o motor série universal e o gerador
síncrono, que foram usados para emular uma turbina micro-eólica. Também é possível
visualizar o rectificador implementado e o circuito inversor com o respectivo circuito de
controlo.
Além de todos os circuitos mencionados também é usada uma resistência 60Ω,
como carga do sistema em todos os testes efectuados.
Figura 5-16 Sistema Implementado.
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CAPÍTULO 6
Resultados Experimentais
Neste capítulo são apresentados os resultados experimentais dos testes efectuados
aos circuitos implementados, verificando-se os principais valores e formas de onda
obtidos.
6.1. Ensaio do Gerador Síncrono
Neste ensaio foram obtidas as formas de onda da tensão de saída do gerador, com
este a operar em vazio, com uma corrente excitação de 1,3A e uma velocidade de
rotação de 3000rpm.
Na figura (6-1) é possível visualizar a forma de onda da tensão simples da fase a,
tendo esta um valor máximo de pico de 190V e uma frequência de 50,81Hz. As
restantes fases b e c têm a mesma forma de onda e valores de tensão, estando apenas
desfasadas 120º.
Figura 6-1 Forma de onda da tensão da fase do gerador síncrono.
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6.2. Resultados Experimentais do Circuito de Controlo.
Na Figura (6-2) é possível visualizar os sinais de controlo PWM 0 e PWM 1 na
saída do microcontrolador, onde se verifica que são complementares, com 5V de
amplitude e uma frequência de 10,14kHz. Os outros dois sinais, PWM 3 e PWM 4,
também são iguais aos da figura.
Figura 6-2 Sinais de PWM gerados pelo microcontrolador.
Na figura (6-3) é possível visualizar os sinais de PWM amplificados pelo circuito
de controlo, agora com uma amplitude de 17V que é suficiente para que os mosfets
entrem em comutação.
Figura 6-3 Sinais de PWM amplificados.
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Na figura (6-4) é possível visualizar o dead time de 5µs implementado entre os
dois sinais de PWM, como foi referido no capítulo 5.
Figura 6-4 Dead time de 5µs entre os sinais de PWM.
6.3. Resultados experimentais do Circuito Inversor
Na execução dos testes do circuito inversor foi utilizada como carga uma
resistência de 60Ω. Como referido no capítulo 5 este circuito é alimentado pela tensão
rectificada, gerada pelo gerador síncrono a operar na velocidade nominal de 3000rpm.
Na figura (6-5) é possível visualizar a tensão contínua de entrada do inversor, com
um valor de 115V.
Figura 6-5 Tensão CC de entrada do inversor.
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A figura (6-6) mostra a tensão obtida na carga, com o inversor alimentado pela
tensão da figura (6-5), onde se verifica que a tensão simples tem um valor de pico de
90V com uma frequência de 50,10Hz, como era pretendido.
Figura 6-6 Forma de onda de tensão na carga.
Devido ao ruído existente no sinal não foi possível elevar a tensão para os 230V
eficazes por intermédio de um transformador.
Para medir a corrente na carga através do osciloscópio ligou-se uma resistência,
de 1,1Ω em série com a carga, e mediu-se a tensão nessa resistência. A tensão medida
na resistência foi de 1,65V, aplicando a Lei de Ohm a corrente na resistência tem um
valor de 1,5A. Como o valor da resistência é muito baixo causa uma redução no valor
da tensão na carga de 1,83%, podendo afirmar-se que o valor da tensão na resistência de
medida é desprezável face à da carga.
A figura (6-7) representa a forma de onda da corrente, obtida através do método
referido anteriormente, onde se deve considerar que o valor de pico é de 1,5A.
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Figura 6-7 Forma de onda de corrente na carga.
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CAPÍTULO 7
Conclusões e Propostas de Trabalho Futuro
7.1. Conclusões
Com este trabalho foi possível aprofundar os conhecimentos no desenvolvimento
das energias renováveis, em todo o mundo e particularmente em Portugal, onde a
energia eólica tem vindo a revelar um papel cada mais significativo no crescimento das
energias renováveis.
Numa primeira fase deste projecto são identificados os diferentes tipos de turbinas
eólicas e os diferentes tipos de componentes que as constituem.
De forma a perceber toda a dinâmica de um gerador micro-eólico, elaborou-se um
estudo teórico, que permitiu perceber como este é capaz de produzir energia eléctrica a
partir do vento. Este estudo permitiu também identificar quais as varáveis que
influenciam a produção de energia por parte do gerador micro-éolico.
Foram também apresentadas diversas topologias de ligação à rede eléctrica de
unidades mico-eólicas.
Um dos objectivos desta dissertação consiste no estudo e simulação de um sistema
micro-eólico com circuito MPPT. De maneira a desenvolver este circuito efectuou-se o
estudo teórico do circuito rectificador e do conversor CC/CC Step-up, que constituem o
circuito MPPT, e foi apresentado um algoritmo de controlo para este circuito.
Os resultados obtidos na simulação do circuito MPPT não foram os esperados,
optando-se não os apresentar nesta dissertação. No entanto efectuou-se a simulação do
circuito Step-up em conjunto com o modelo de um gerador micro-eólico, verificando-se
o correcto funcionamento deste como elevador de tensão.
Este trabalho apresenta como objectivo principal a elaboração de um circuito de
interface de um gerador micro-eólico com cargas eléctricas. Este circuito torna-se útil
em locais onde o acesso à rede eléctrica é difícil. O circuito de interface é formado por
um rectificador e um inversor de tensão. Para a elaboração deste circuito efectuou-se um
estudo aprofundado do inversor monofásico em ponte completa, assim como dos seus
diferentes tipos de controlo.
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A implementação do inversor revelou algumas dificuldades a nível de controlo,
dificuldades estas que foram ultrapassadas, tornando os fios condutores do circuito de
controlo o mais curtos possíveis, e entrelaçando os fios que transmitem os sinais de
controlo para os mosfets, aumentando a imunidade aos ruídos electromagnéticos que
causam interferências no inversor.
Em termos de resultados práticos, foi possível alimentar uma carga resistiva de
60Ω com uma tensão alternada de 90V e uma frequência de 50Hz através do circuito de
interface elaborado.
Devido ao ruído existente no sinal de tensão na saída do inversor não foi possível
elevar a tensão para os 230V eficazes por intermédio de um transformador como era
pretendido.
Numa apreciação global deste trabalho, conclui-se que foi atingido o objectivo
principal verificando-se o correcto funcionamento do inversor. Os restantes objectivos
também foram atingidos com excepção da simulação do circuito MPPT.
7.2. Propostas de Trabalho Futuro
De forma a enriquecer este trabalho propõe-se a utilização de um
gerador
micro-eólico, em substituição do modelo utilizado para emular o gerador.
Uma vez que não se conseguiu obter o correcto funcionamento do sistema MPPT
nas simulações, propõe-se a realização das simulações de uma forma mais adequada,
através da implementação de outros algoritmos.
Em relação aos circuitos implementados, propõe-se a sua implementação em
placas de circuito impresso (PCB), de forma a reduzir os ruídos electromagnéticos que
possam surgir, melhorando assim o desempenho de todos os circuitos, principalmente
do circuito inversor.
Em relação ao inversor concretamente, propõe-se a integração de circuitos
snubber, de forma a reduzir os picos excessivos de corrente, prevenindo possíveis danos
no circuito e nas cargas a que se encontra ligado.
Propõe-se ainda também o teste de todo o sistema com cargas diferentes da
utilizada, com o intuito de verificar como o sistema se comporta.
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Interface de um Gerador Eólico para Microgeração de Energia com Cargas Eléctricas
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