Projeto de Marketing ESPECIAL VITÓRIA, ES | TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 ISTOCK Economia brasileira em tempos de transição O pior da crise já passou, afirmou o economista Paulo Paiva em evento promovido pela Rede Tribuna sobre o cenário econômico e político do País Crescimento depende de ajuste fiscal > 3 Reformas são desafios para o governo > 4 “Recessão é resultado de decisões equivocadas” >5 2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 Especial Economista diz que pior já passou FOTOS: CACÁ LIMA Há quase dois anos em recessão, a economia brasileira começa a dar sinais de recuperação, mas o caminho ainda é longo para estabilizar s últimos dois anos não foram fáceis para o brasileiro, que tem enfrentado tempos de tormentas e incertezas. Mas, dias melhores parecem surgir no horizonte. De acordo com o economista e professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Paiva, a crise está ficando para trás e a economia já dá sinais de recuperação. Paiva foi o palestrante convidado pela Rede Tribuna para o almoço-palestra do projeto “Em Pratos Limpos” realizado para convidados na quinta-feira, em Vitória. “Existem sinais reais de que nós chegamos ao fundo do poço e que dele já estamos saindo. Esses dados são verificados no Produto Interno Bruto, que mostra que o PIB apurado no segundo trimestre de 2015 foi 2,3% negativo e que o do segundo trimestre deste ano, apesar de continuar negativo, foi de 0,6%. Outro sinal menos mensurável é a volta da confiança de investidores e consumidores”, afirmou o palestrante. Outro dado apresentado na palestra que dá sinais de que está havendo uma recuperação é o aumento dos investimentos e do consumo das famílias, que começa a sair do vermelho e entrar em um patamar positivo. O ANIVERSÁRIO Ao dar as boas-vindas aos convidados, o diretor da Rede Tribuna, Ricardo Uchôa de Matos, frisou a importância que a esperança e a criatividade têm para ajudar a superar momentos de crise. Na ocasião, ele lembrou que o dia era especial, por ser aniversário de 78 anos do jornal A Tribuna e que para celebrar essa marca e conquistar a credibilidade e confiança do público, muitas crises foram superadas pela empresa. O ECONOMISTA PAULO PAIVA, palestrante do evento, disse que “existem sinais reais de que chegamos ao fundo do poço e que dele já estamos saindo” Seminário em novembro ALMOÇO-PALESTRA reuniu empresários e autoridades Como o dia era de festa, no final da palestra, os convidados que estavam no Itamaraty Hall fizeram um brinde e cantaram “parabéns”. O almoço-palestra realizado pe- la Rede Tribuna contou com a presença de 200 convidados e teve o patrocínio da ArcelorMittal Tubarão, Fecomércio, Chocolates Garoto e Grupo Águia Branca. O próximo evento a ser realizado pela Rede Tribuna vai acontecer no dia 8 de novembro, das 9 às 13 horas, no Itamaraty Hall, em Vitória. Trata-se do Seminário de Planejamento e Gestão Sustentável. Em breve será divulgada a programação e a data da abertura das inscrições, que são gratuitas e feitas no site tribunaonline.com.br. Este ano, a Rede Tribuna realizou o Seminário de Educação, em junho, com palestra do historiador Leandro Karnal e da educadora Tania Zagury, e os quatro almoçospalestras que fazem parte do projeto “Em Pratos Limpos”. “Abordamos, nas quatro palestras realizadas, temas de interesse do empresariado e de nossos clientes. As pesquisas e o mercado, o ser humano, as cidades inteligentes e a economia foram apresentados de forma a contribuir para uma maior reflexão. O sucesso dos nossos eventos está na seleção dos palestrantes e na oportunidade de transmitir algo de novo ou um olhar diferente sobre temas que fazem parte do dia a dia”, comenta o diretor de Marketing da Rede Tribuna, Geraldo Schuller. Outro fator relevante, frisou, é a publicação deste caderno com o conteúdo apresentado e a repercussão entre os presentes, ampliando a comunicação com os leitores. “Com certeza, no próximo ano estaremos realizando mais quatro encontros, principalmente com a adesão e parceria dos nossos patrocinadores”, conclui. O QUE ELES DIZEM Serviços Perspectivas Reformas Expectativa Mudança “Com certeza acreditamos que muitas mudanças estão acontecendo e vão propiciar a retonada do crescimento econômico. A indústria deverá se fortalecer e com isso o segmento de serviços também terá mais demandas. Eu acredito em um aquecimento geral do mercado. A Tribuna está de parabéns pela escolha do tema.” “As perspectivas vêm melhorando a cada dia. Mas, no Espírito Santo, a situação não depende somente da crise econômica e política. Estamos também sob o impacto de uma séria crise hídrica, que já afetava o interior, e agora atinge também a Grande Vitória. Por isso, acredito que demoraremos um pouco mais a nos recuperar.” “Eu tenho certeza de que o Brasil é um País viável e que vamos sair da crise. Mas é necessário que sejam feitas reformas como a trabalhista, a política e a previdenciária, que são essenciais para termos credibilidade para atração de investimentos. As mudanças são importantes e o País está maduro para realizá-las.” “O tema da palestra foi muito oportuno. Estamos em uma travessia difícil e há uma expectativa grande. Os indicadores que temos recebido, mesmo que lentos, são promissores e dão uma sensação de que teremos mudanças. A Tribuna, sempre inovando, trouxe um assunto que chama a tenção de todos que têm interesse em se atualizar.” “A iniciativa da Rede Tribuna foi excelente, por causa do nível do palestrante e porque estamos no momento de uma mudança de rumo, partindo para uma economia em que os conceitos não são novos, mas são os praticados nos países mais ricos e desenvolvidos no mundo, como produtividade, competitividade e desburocratização.” Polyana Valadão, diretora da Autoviva Denise Cadete Gazzinelli, diretora do Bandes Sérgio Aboudib, presidente do Tribunal de Contas do Estado José Eugênio Vieira, superintendente do Sebrae-ES Gibson Reggiani, 1º vicepresidente da Findes Expediente PROJETO DE MARKETING: Diretoria de Marketing DIRETOR: Geraldo Schuller PRODUÇÃO: Dinâmica de Comunicação CONTATOS: (27) 3232-5945 JORNALISTA RESPONSÁVEL: Fabiana Pizzani EDIÇÃO E REPORTAGEM: Kikina Sessa REVISÃO: Rafael Moura COLABORAÇÃO: Ana Paula Herzog e Flávia Martins TRATAMENTO DE IMAGENS: Leyson Mattos e Renan Martinelli VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 ATRIBUNA 3 Especial Crescimento depende de ajustes economia brasileira não é tão vulnerável como pode parecer. O Brasil tem abundância de recursos naturais, tanto minerais quanto agrícolas, sua base produtiva é diversificada e está entre os maiores mercados do mundo, com mais de 206 milhões de potenciais consumidores, além de ter uma boa estabilidade institucional. Então, o que falta para o País crescer? Essa análise foi proposta pelo economista e professor Paulo Paiva durante palestra promovida para convidados da Rede Tribuna. O palestrante sugeriu imaginar que a economia brasileira fosse uma empresa e organizar uma matriz Swot para ela, olhando os fatores internos e apontando suas forças e fraquezas e, externamente, reconhecendo suas oportunidades e ameaças. “A economia brasileira é pujante, tem possibilidade de crescimento muito grande. Mas temos fraquezas, como baixa produtividade, falta de competitividade, déficit de infraestrutura e um governo enorme que absorve quase 40% do que nós produzimos. Esse mes- FOTOS: CACÁ LIMA mo governo não oferece eficiência nos seus serviços. Então, temos um governo que de alguma forma inibe o crescimento da economia”, afirmou o palestrante. Olhando do ponto de vista externo, o Brasil tem oportunidade de crescer e a possibilidade de voltar a ter crescimento com pouco investimento é grande, pois existe capacidade ociosa e há uma disponibilidade de investimentos privados quer seja no Brasil, quer seja no exterior, esperando esse mercado consumir. Mas existem as ameaças a curto prazo, chamadas pelo palestrante de tormentas. “Se conseguirmos passar por elas, vamos encontrar mar calmo à frente. Essas ameaças são o desequilíbrio fiscal, o custo Brasil, crise política e a operação Lava a Jato.” Analisando os cenários possíveis para a retomada do crescimento da economia brasileira, Paulo Paiva acredita que a retomada se dará em um nível mais modesto e não acelerado, dependendo de alguns ajustes, principalmente de uma gestão fiscal responsável. Entraves como desequilíbrio fiscal, falta de infraestrutura e baixa produtividade precisam ser resolvidos para o Brasil crescer A Há disponibilidade de investimentos privados quer seja no Brasil, quer seja no exterior, esperando esse mercado consumir “ Paulo Paiva, economista ” EXEMPLO Swot para a economia brasileira Forças Oportunidades > ABUNDÂNCIA em recursos naturais > BASE PRODUTIVA sólida e diversifi- > CAPACIDADE ociosa > OFERTA DE INVESTIMENTOS priva- cada dos > TAMANHO do mercado > ESTABILIDADE institucional > MERCADO interno > MERCADO externo Fraquezas Ameaças > BAIXA produtividade > FALTA de competitividade > DÉFICIT em infraestrutura > TAMANHO do governo > DESEQUILÍBRIO fiscal > ”CUSTO Brasil” > CRISE política > OPERAÇÃO Lava a Jato O PALESTRANTE PAULO PAIVA acredita que a retomada se dará em um nível mais modesto e não acelerado TRECHOS DA PALESTRA Educação para garantir competitividade A TRIBUNA Desafio INVESTIMENTO EM EDUCAÇÃO é fundamental para formar mão de obra e o País melhorar a produtividade e ter mais competitividade, defendeu o palestrante “Um dos grandes desafios do País é conquistar competitividade. Quando olhamos para o último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mostrou um ensino médio muito fraco, é preciso se preocupar. Isso afeta diretamente a competitividade. A educação é a base de uma economia competitiva.” Consumo “Os índices estão sinalizando que a confiança está voltando na indústria e no consumo e já vemos o resultado real nos investimentos. Para o ano que vem, já se fala em um crescimento do PIB de 1,38%.” Parcerias “O programa de concessões que permite Parcerias Público-Privadas (PPPs) para novos investimentos em infraestrutura não depende do Con- gresso Nacional, depende da gestão e do governo federal ter um programa factível, que tenha uma taxa de retorno ao investidor suficiente para que ele se habilite a investir.” O QUE ELES DIZEM Relevante Atitudes Confiança Realidade Cenário “ Pa r a b é n s à Rede Tribunapela iniciativa de realizar esse evento com um tema extremamente relevante, nesse momento de crise que vivemos. É essencial termos dados, e os que foram apresentados são bastante relevantes nesse momento em que estamos fazendo os planejamentos estratégicos de nossas empresas.” “Mudanças mesmo ainda não são notórias, mas há ações e atitudes acontecendo e favorecem o cenário. O que o País precisa mesmo é da mudança da legislação trabalhista, que é muito antiga, e da previdenciária, que representa um grande rombo nas contas públicas. Tudo isso é muito importante para destravar o setor produtivo.” “O que estamos percebendo de alterações são os índices de confiança que estão subindo e isso já é uma luz no fim do túnel. Mas é um processo lento que iremos perceber no decorrer dos próximos meses. Em termos de ações de governo falta a redução da taxa de juros e a contenção da inflação para animar o consumidor novamente.” “A g o r a e u j á não enxergo apenas perspectivas otimistas, já começamos a viver uma nova realidade. É claro que como o baque foi violento, com sérias consequências, as mudanças são mais gradativas, mas eu acredito que a partir do segundo semestre do ano que vem um novo cenário econômico já estará consolidado.” “Achei muito interessante a palestra, nesse período em que a economia está tendo uma retomada. E é importante pessoas lúcidas como o Paulo falarem para nós, de uma forma muito simples e prática, o cenário que está se apresentando no momento e nos colocarem para pensar em como operar as empresas da melhor forma.” Márcio Almeida, presidente da Unimed Vitória Paulo Baraona, presidente do Sinduscon-ES Waldes Calvi, vice-presidente da Fecomércio Rodrigo Barbosa, presidente da Grand Construtora Rosiane Dadalto, gerente de marketing da Dadalto e D&D 4 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 Especial Reformas são desafios para o País DIVULGAÇÃO As mudanças de que o Brasil precisa passam por reformas que dependem de apoio da população e aprovação no Congresso Nacional eformas políticas e reconstrução da economia. São esses os desafios que o governo Temer tem pela frente. O que, para o economista Paulo Paiva, palestrante do almoço-palestra promovido pela Rede Tribuna, faz lembrar “A Escolha de Sofia”, referindo-se à expressão utilizada quando se tem que decidir sob pressão. “É quase como 'A Escolha de Sofia'. Temer tem a necessidade de reconstruir a economia, mas, do outro lado, tem de fazer reformas políticas. Parece que ele optou por preservar a possibilidade da reforma econômica”, comentou. “A escolha da construção de um novo regime fiscal pelo governo Temer indica a preocupação do governo em corrigir os desequilíbrios do passado recente. A partir daí, programas de concessões e privatizações poderão ter impactos positivos ao abrir espaço para o investimento privado e incrementar a taxa de investimentos”, disse. Em sua palestra, Paiva chamou atenção para a crise fiscal sem precedentes. “A despesa primária do governo passou de 14% do Produto Interno Bruto em 1997 para 20% do PIB em 2015. É um salto muito grande”, completou. Nesse sentido, o que espera-se é que o novo governo tenha sucesso nas reformas, tanto para limitar gastos quanto para diminuir o gasto público no futuro, disse o economista. Do ponto de vista da economia, a agenda do governo prevê o ajuste fiscal e medidas para aumentar a competitividade. Só que para que haja o ajuste fiscal devem ser tomadas medidas de reforma constitucional e, nesse caso, o governo precisa que dois terços da Câmara e dois terços do Senado, em votação duas vezes, aprovem as reformas, principalmente a trabalhista e a previdenciária. R PLENÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS: reformas necessárias para País voltar a crescer precisam de aprovação parlamentar Contas do governo União absorve quase 40% do que é produzido no Brasil Despesa primária do Governo Central Gasto público 20,0% 45,0% 19,0% 40,0% 38,6 35,0% 31,5 18,0% 30,0% 17,0% 25,0% 16,0% 20,0% 15,0% 15,0% 10,0% 14,0% 5,0% 2014 2015 2013 2011 2012 2010 2009 2007 2008 2006 2004 2005 2003 2001 2002 1999 2000 1997 1998 13,0% Fonte: STN 0,0% BRICS (exceto Brasil) Brasil Fonte: Heritage Foundation O QUE ELES DIZEM Entraves Experiência Perspectivas Potencial Conteúdo “Eu diria que o momento ainda é de crise, mas é muito promissor. Eu acredito que em todos os setores há algo de positivo que se pode tirar das crises. Os órgãos responsáveis pela liberação de projetos estão diminuindo entraves que dificultam a implantação de novos empreendimentos. Com menos burocracia, o País tem muito a crescer.” “É sempre bom estarmos antenados com o que os principais economistas pensam sobre o momento. Essa iniciativa da Rede Tribuna é muito importante, por trazer um palestrante que transita no Brasil todo, tem uma percepção geral de mercado. Pegamos um pouco mais de experiência e conhecimento do nosso professor Paulo Paiva.” “Achei muito interessante a iniciativa da R ede Tribuna e a escolha desse tema para a palestra. E também por reunir empresários de diferentes segmentos. Acredito que estamos em um momento de retomada, que a situação está melhorando e é muito bom ouvir novas perspectivas para o todos os setores.” “Pela situação que o País está passando, é muito importante ouvirmos especialistas, para sabermos se teremos, daqui para frente, um cenário mais otimista, mais promissor. Sabemos que nosso País tem potencial para isso, que há muitas empresas boas aguardando uma expectativa melhor para continuar investindo.” “Achei muito importante participar dessa palestra, com esse conteúdo tão relevante, que nos dá um alento. É muito bom ouvir uma pessoa que tem tanto conhecimento na área. Uma palestra tão boa que nos dá fundamento para enfrentarmos esse momento que a economia do País está passando.” José Luís Galvêas, diretorpresidente da Galwan Carlos Marianelli, sócio do grupo Composé Bruna Passos, gerente de Planejamento da Proeng José Braz Neto, diretor do Grupo Líder Rita Tristão, arquiteta e diretora da Casa Cor ES VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 ATRIBUNA 5 Especial PAULO PAIVA ECONOMISTA E PROFESSOR DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL “Recessão é resultado de decisões equivocadas” DIVULGAÇÃO Erros que levaram o País a atravessar uma crise econômica e política são apontados pelo economista Paulo Paiva nesta entrevista ano de 2014 marca o início da recessão da economia brasileira, resultando na queda de 16% na renda per capita, entre 2013 e 2016, e no aumento da taxa de desemprego, entre o início de 2014 até o primeiro trimestre deste ano, de 6,4% para 11,2%. Os erros que levaram o País a esse cenário é o que explica nesta entrevista o economista e professor associado da Fundação Dom Cabral Paulo Paiva. Segundo o palestrante do evento promovido pela Rede Tribuna, o governo abandonou o tripé macroeconômico, que foi fundamental para a estabilidade da economia brasileira, adotando uma política macroeconômica equivocada, inconsequente e irresponsável. A TRIBUNA - Dados mostram que nos dois últimos anos o Brasil regrediu e perdeu a estabilidade política e econômica. Quais os fatores que o senhor considera responsáveis por este retrocesso? PAULO PAIVA - A recessão da economia brasileira é tecnicamente definida a partir do segundo trimestre de 2014, segundo o Codace, da FGV. Todavia, desde o início de 2011 a expansão do PIB vem perdendo força, conforme as estimativas do IBGE, com uma pequena exceção em 2013 que não interfere na tendência geral de desaceleração, resultando na recessão a partir do início de 2014. Essa recessão resultou na queda de 16% na renda per capita, entre 2013 e 2016, e no aumento da taxa de desemprego, entre o início de 2014 até o primeiro trimestre de 2016, de 6,4% para 11,2%. De um lado, a recessão econômica teve papel preponderante no elevado grau de rejeição do governo Dilma, no estímulo às manifestações de rua e, em consequência, na motivação dos parlamentares a votarem a favor do impeachment. De outro lado, a crise política com seu ingrediente ético proveniente da operação Lava a Jato, contribuiu sobremaneira para a queda da confiança de investidores e consumidores, levando à paralisia geral e agravando a recessão. Economia e política estão umbilicalmente entrelaçadas, para o bem e para o mal. > Do ponto de vista econômico, quais as ações que mais contribuíram para a crise? A queda no crescimento a partir de 2011 foi, inicialmente, devida a fatores externos: desaceleração do crescimento da economia da Chi- PAULO PAIVA: “De um lado, a recessão econômica teve papel preponderante no elevado grau de rejeição do governo Dilma. De outro lado, a crise política com seu ingrediente ético proveniente da operação Lava a Jato, contribuiu sobremaneira para a queda da confiança de investidores e consumidores” O Geração de emprego vai ocorrer de forma lenta Um dos maiores problemas sociais do momento, a alta taxa de desemprego, depende do crescimento econômico para voltar a ter resultado positivo. São quase 12 milhões de pessoas desempregadas no Brasil atualmente. Esse cenário deve mudar, já que a geração de emprego é resultado do crescimento econômico. “A partir do próximo ano, tudo indica que a economia retomará o crescimento. Todavia em ritmo ainda lento. Do ponto de vista nacional, as taxas de desemprego tenderão a cair também lentamente. Como o País é grande e bastante diversificado, é possível que em algumas regiões a geração de emprego possa ser mais expressiva do que em outras”, avalia o economista Paulo Paiva. “Não creio que medidas isoladas para estimular a geração de emprego, que não estejam alinhadas com o esforço de ajuste e com a estabilidade da economia, possam ser eficazes nesse momento.” Na avaliação do palestrante do almoço-palestra promovido pela Rede Tribuna, “é crucial para o governo Temer ter uma agenda clara e transparente que mostre para investidores e para a população qual o rumo, quais os caminhos a percorrer e quais os resultados a se obter”. QUEM É Paulo Paiva > É FORMADO em Economia e Geografia. > FEZ MESTRADO e doutorado em Demografia, na década de 1970, pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. > FOI MINISTRO do Trabalho (1995-1998) e do Planejamento e Orçamento (1998-1999) no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. > FOI VICE-PRESIDENTE do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, Estados Unidos. > ATUALMENTE é professor associado à Fundação Dom Cabral. O governo abandonou o tripé macroeconômico, que foi fundamental para a estabilidade da economia brasileira, pelo desempenho até 2010 “ ” na, ambiente de baixo crescimento das economias industrializadas e, como consequência, queda rápida nos preços de commodities minerais e agrícolas. Esse movimento afetou todas as economias emergentes e, em especial, as economias da América Latina. Contudo, a queda maior da economia brasileira e sua recessão são resultados de decisões equivocadas de política econômica a partir do segundo governo Lula e intensificadas no primeiro governo Dilma. A saber: forte intervenção do Estado na economia, desestimulando os investimentos privados e interferindo nos mecanismos de preços e de alocação de recursos. Por exemplo, a expansão dos empréstimos subsidiados do BNDES a empresas escolhidas; a fixação de taxas internas de retorno em projetos de concessão abaixo das taxas de mercado, compensadas por subsídios do BNDES. E mudança profunda na gestão da política macroeconômica, abandonando a busca da meta de inflação, usando mecanismos artificiais de controle de preços administrados, como de energia elétrica, derivados de petróleo e transportes urbanos; tentativa de controle artificial da taxa de câmbio e irresponsabilidade fiscal, transformando um superávit primário de aproximadamente 3% do PIB em déficit de 2% em 2015. Disso resultando na expansão vertiginosa da dívida pública. Enfim, o governo abandonou o tripé macroeconômico, que foi fundamental para a estabilidade da economia brasileira, consequentemente, pelo seu desempenho até 2010 e pela conquista do selo de “investment grade” concedido pelas agências internacionais de risco, e adotando uma política macroeconômica equivocada, inconsequente e irresponsável. > As mudanças políticas ocorridas recentemente contribuem para a retomada do crescimento econômico? Certamente sim. Todavia, isso não é mecânico. Primeiramente, a Investir em educação é fundamental para manter o crescimento da economia e a inclusão social “ ” economia já está dando sinais de que a recessão está se estabilizando. Há sinais de que a indústria está se recuperando, os investimentos e o consumo das famílias estão também seguindo no mesmo caminho. Com grande probabilidade, em 2017 a economia brasileira deverá ter um crescimento positivo, entre 1,3 e 2,5%. > Quais lições podemos extrair desse momento de crise? Primeiro que crescimento econômico não é destino das nações. Depende de como, em cada País, as decisões são tomadas. Há de se ter um compromisso claro dos governantes e dos governados com o crescimento econômico e com a inclusão social. Segundo, a economia se expande em ciclos: de ascensão e de declínio. É importante na fase de expansão gerar poupança e se preparar para evitar um impacto maior no período de desaceleração. Por exemplo, no período de expansão, entre 2004 e 2010, o Brasil optou por estimular, artificialmente, o consumo visando dividendos políticos, ao invés de uma poupança. Terceiro, os governantes devem ter uma visão de longo prazo buscando a estabilidade da economia e mirando em programas que possam elevar a produtividade e a competitividade. Investir em educação é fundamental para manter o crescimento da economia e a inclusão social. 6 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 Especial Setor produtivo enxerga mudança FOTOS: CACÁ LIMA Empresários presentes no evento promovido pela Rede Tribuna confirmam que, apesar de lenta, economia dá sinais de recuperação onvidados da Rede Tribuna saíram do almoço-palestra que abordou o momento de transição da economia brasileira com mais confiança de que o cenário realmente apresenta mudanças, ainda que sejam lentas e tímidas. Na avaliação do presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-ES), Sandro Carlesso, o mercado imobiliário capixaba teve uma prova viva do que foi dito pelo professor Paulo Paiva. “A confiança vem mudando e isso gera segurança nas pessoas para fazerem negócios, seja empresa, seja consumidor final. Confirmamos isso recentemente, no Salão do Imóvel”, disse. Para o diretor da DVF Consultoria, Vinícius Ribeiro de Freitas, a mensagem que o palestrante trouxe ajuda a todos a ter mais lucidez no meio da confusão. “Isso nos auxilia a sermos mais sensatos nas horas de tomar decisões e a sermos mais frios para avaliarmos todas as alternativas existentes.” O economista Clovis Vieira disse que A Tribuna caminha na direção correta ao propiciar a um segmento maior da sociedade as informações que são necessárias para a tomada de decisão no dia a dia empresarial. “Acho que a escolha do professor Paulo Paiva foi acertada, é um economista criterioso, ele fez uma análise da economia brasileira na sua trajetória.” C A confiança vem mudando e isso gera segurança nas pessoas para fazerem negócios, seja empresa, seja consumidor final “ CONVIDADOS DA REDE TRIBUNA, Clovis Vieira, Sandro Carlesso e Vinícius Freitas fizeram uma análise da palestra que abordou transição na economia DEPOIMENTOS Planejamento Velocidade Crescimento “Estamos passando por um momento difícil, mas com possibilidade de sairmos dele e, nessa hora, precisamos ter cuidado para não nos precipitarmos nas decisões. Mais do que nunca o planejamento é fundamental para as empresas. É justamente nessas horas que precisamos planejar, porque esse não é um processo de adivinhação, é um processo de estudo do ambiente. As empresas precisam ser criteriosas nesses momentos de crise, planejar a curto prazo e adotar medidas que talvez sejam duras, mas se fazem necessárias.” “Não sabemos a velocidade com que as mudanças vão ocorrer, mas já avistamos um horizonte de mudança e de reversão desse quadro. Sentimos no nosso dia a dia essa confiança crescente. O mercado imobiliário é muito sensível, principalmente aos juros, mas tem um poder de se recuperar rápido, por isso nossa expectativa é de que no segundo semestre de 2017 estaremos bem melhor do que estamos agora.” “Percebemos que os últimos acontecimentos políticos e econômicos já refletem na confiança do consumidor, e isso é uma coisa muito boa para o País. Nossa expectativa é começar uma colheita positiva a partir de 2017. Eu vejo que os ajustes políticos já trazem reflexos para a economia. E, acredito que o Espírito Santo vai surfar nessa onda de recuperação melhor que os outros estados, porque a nossa economia é voltada para a exportação e a manutenção do câmbio nesse patamar vai atrair mais negócios.” ” Vinícius Ribeiro de Freitas, diretor da DVF Consultoria Sandro Carlesso, presidente da Ademi-ES Clovis Vieira, economista Sandro Carlesso, presidente da Ademi O QUE ELES DIZEM Futuro Importante Necessidades Confiança Investimento “Em primeiro lugar, nós temos que acreditar sempre no futuro e em uma saída comercial para o País. Acho que todos nós temos a obrigação de colocar ordem no País e para isso é preciso investir na relação entre o fornecedor e o cliente. O Paulo Paiva é uma referência para mim em termos de perspectivas e sei que nunca podemos parar.” “Achei muito importante a palestra. Como nova empresária, quanto mais informação, melhor. Economia é o que faz tudo girar, e precisamos estar por dentro para conseguirmos nos manter no mercado. Minha empresa é muito nova e só conheço a crise: para mim o normal é isso. Então, acredito que daqui para frente vai melhorar.” “No caso específico do varejo alimentar, que é a área em que eu atuo, que é um gênero de primeira necessidade, estamos até conseguindo algum crescimento apesar da crise. O que é supérfluo deixou de vender um pouco, mas o essencial se mantém. A grande dificuldade do momento é que os bancos aumentaram os juros.” “Ainda não vimos significativas diferenças na conjuntura econômica, mas acredito que estamos investindo e buscando mudanças. O grande problema no Brasil é que os investidores não acreditam nas regras que mudam muito. Eu também participo do sistema financeiro e vejo como é necessário, como é importante que o País inspire mais confiança.” “As mudanças estão acontecendo com certeza. A Garoto nunca deixou de acreditar e mesmo no auge de crise não deixou de investir em produtos e em inovação. A Rede Tribuna está de parabéns pelo evento, porque é importante reunir os empresários, autoridades, formadores de opinião que também fazem parte desse processo de mudança.” Ronald Carvalho, consultor de Marketing Juliana Kwak, empresária de moda Guilherme Vago, sócio do Oba Superatacados Ilson Bozi, empresário Fernanda Canto, gerente de Marketing da Garoto VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 ATRIBUNA 7 Especial ALESSANDRO DE PAULA - 25/09/15 Soluções dependem de parcerias Parceria entre setor público e privado é defendida como alternativa para áreas em que governo não consegue ser eficiente stamos no meio de um período de transição em função dos ajustes necessários na economia brasileira. E se soubermos aproveitar essa janela de oportunidades que começa a se abrir, o País viverá uma nova fase de crescimento baseada em mais investimentos e maior produtividade.” A afirmação é do diretor de Relações Institucionais do Grupo Águia Branca, Luiz Wagner Chieppe. Para que se consiga chegar “ali na frente”, com esses ganhos, ele defende uma maior participação da iniciativa privada para reforçar áreas e serviços nos quais o governo não consegue ser mais produtivo. “Os desafios, tanto do Brasil quanto dos estados, são gigantes. A economia precisa ser ativada e o governo tem que aumentar sua capacidade de investir naquilo que é de sua maior competência, ou seja, educação, segurança e saúde. E essa conta pode ser fechada com o apoio mais forte do setor privado, principalmente no que diz respeito à infraestrutura”, comenta Chieppe. Exemplo disso ele cita a Medida Provisória 727/2016, que criou o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), fortalecendo a interação entre governo e iniciativa privada por meio da celebração de contratos de parceria para a execução de empreendimentos públicos de infraestrutura e de outras medi- CONCESSÕES DE RODOVIAS é um exemplo de parceria para resolver gargalos de infraestrutura “E GRUPO ÁGUIA BRANCA das de desestatização. “Esta mesma MP nos dará, ainda, a oportunidade de aperfeiçoar o processo das concessões, que é um indutor de desenvolvimento e gerador de renda, e dar uma boa solução para a BR-262”, destaca Chieppe. Ele cita a necessidade do governo agilizar o processo que levará à concessão de terminais portuários à iniciativa privada. “Temos uma lei, aprovada desde 2012, que precisa ser incrementada”, ressalta. Em contrapartida, ele cita os gra- ves problemas relacionados à crise hídrica e garante que um apoio mais forte do setor privado nessa questão propiciaria um cenário menos devastador do que o que estamos vivendo neste momento. Na opinião do empresário é impossível falar de perspectivas futuras sem levar em consideração o que o Brasil e o Espírito Santo precisam, de fato, para vencer a época de transição e reencontrar o rumo do desenvolvimento. “A burocracia está emperrando o País. É necessário rediscutir uma legislação que viabilize empreendimentos, bem como medidas que acelerem projetos em andamento e estimulem atração de novos”. O governo tem que aumentar sua capacidade de investir no que é de sua maior competência: educação, segurança e saúde “ ” Luiz Wagner Chieppe, empresário DIVULGAÇÃO Calcário em contêineres reduz tráfego em rodovias Reduzir impactos ambientais e gerar ganho de competitividade à economia são desafios que fazem parte do dia a dia do setor produtivo brasileiro. Um exemplo de que pequenas soluções podem trazer grandes benefícios vem do transporte de calcário para atender à produtora de aço ArcelorMittal Tubarão. Com a adoção de contêineres no lugar de vagões-gôndola no transporte ferroviário do produto, 21.600 caminhões deixaram de circular pelas rodovias no período de um ano, entre março de 2015 a março de 2016. Isso reflete em estradas mais conservadas e com menor impacto ambiental. Apesar de o modal ferroviário ser tradicionalmente mais eficiente e vantajoso que o rodoviá- rio, até 2010 a maior parte do produto seguia por caminhões até a capital capixaba. Isso porque, por trem, o calcário era levado em vagões-gôndola, que são abertos e poderiam expor o produto ao ambiente e comprometer sua qualidade. Com a adoção dos contêineres via trem pela empresa de solu- OS NÚMEROS 21.600 caminhões deixaram de circular 478,3 mil toneladas foram transportadas ções logísticas VLI o transporte de calcário aumentou 398,3% nos últimos cinco anos, na rota de escoamento para Vitória. “São muitas as vantagens do transporte ferroviário desses produtos com contêineres em função da confiabilidade, custo-benefício e segurança”, explica o gerente comercial da VLI, Juliano Silva. A solução foi desenvolvida pela VLI, em parceria com a Multitex e com a ArcelorMittal Tubarão, para atender demanda da produtora de aço via Ferrovia CentroAtlântica, no fluxo Belo Horizonte-Vitória, em 2010. Naquele ano, foram transportadas 96 mil toneladas de calcário. O sucesso da operação estimulou a criação de um novo fluxo no ano passado, saindo da região de CONTÊINERES usados para o transporte via Ferrovia Centro-Atlântica Arcos, no centro-sul mineiro, também com destino a Vitória, dessa vez para transporte de cal. Somente no ano passado, com os dois fluxos, foram conduzidas por ferrovia 478,3 mil toneladas de calcário e cal, num volume quase 400% maior do que no primeiro ano de implantação dos contêineres que, tampados, pro- porcionam mais segurança e qualidade no deslocamento dos produtos. “Esse modal tem permitido atender com eficiência a grandes distâncias, além de trazer menos impacto para as rodovias brasileiras”, explica o gerente de Logística da ArcelorMittal Tubarão, Lucas Carvalho. 8 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 Especial Vocação para educação e lazer Sesc e Senac fazem 70 anos fiéis à sua missão de educar, capacitar e levar cultura e lazer como instrumento de transformação social antidos por empresários do comércio de bens, serviços e turismo, o Sesc e o Senac comemoram 70 anos. Nascidos com a vocação de educar, os dois contribuem com a educação infantil e com a formação de mão de obra. No Espírito Santo, o Sesc possui seis unidades escolares, atenden- M SAIBA MAIS O comércio de bens e serviços representa no Espírito Santo: 41% do PIB capixaba 70% 85% do ICMS no Estado do total de estoque de empregos do a mais de 3 mil alunos da educação infantil ao 5º ano do ensino fundamental. Em breve duas novas escolas serão construídas, uma em Baixo Guandu e outra em Cachoeiro de Itapemirim, com capacidade para 600 alunos, cada. Já o Senac, se faz presente em pelo menos 44 municípios do Estado, com nove unidades físicas, e nessas sete décadas atendeu mais um milhão de cidadãos no Espírito Santo. Com o intuito de democratizar a educação, o Senac-ES também possibilita o acesso ao conhecimento e à formação profissional, por meio de suas unidades móveis e de três carretas-escolas. “O Serviço Social do Comércio nasceu com foco na área de educação da massa trabalhadora, mas foi expandindo sua atuação e hoje se destaca no atendimento de saúde bucal e saúde ocupacional, com exames admissionais e demissionais, além de oferecer uma rede de lazer e cultura com custo social para os comerciários”, conta Gutman Uchôa de Mendonça, que há 44 anos dirige a instituição no Espírito Santo. Hoje, o Sesc-ES tem 120 mil associados e oferece 11 unidades no Estado. Mesmo quem não é associado pode utilizar a estrutura de cultura e lazer do Sesc, como o complexo de Praia Formosa, em Aracruz, que possui 600 aparta- DIVULGAÇÃO SESC-ES ESCOLA DO SESC EM CARIACICA passou por uma expansão e agora terá capacidade para atender 600 alunos mentos e chegará a 900. “Quem mantém o Sesc funcionando hoje no Espírito Santo são 42 mil empresas de médio e grande porte, já que as micro e pequenas são isentas de colaborar”, comenta Gutman. HISTÓRIA Solidez “As instituições do Sistema S são tão importantes e consolidadas que nem a má política brasileira conseguiu destruir e estão firmes há 70 anos. Minha sugestão é de que no futuro essas entidades sejam transformadas em fundações, e que com o tempo não dependam da contribuição compulsória, pois não existe no mundo um instrumento social mantido com esse tipo de arrecadação que nós temos no Brasil.” JOSÉ LINO SEPULCRI PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO-ES Apesar das perdas há otimismo A economia capixaba é fortemente voltada para o comércio, e esse setor é o que tem maior peso na arrecadação do Estado. O Sistema Fecomércio/Sesc/Senac do Espírito Santo, composto por 22 sindicatos do comércio de bens, serviços e turismo, é quem representa o segmento. E este não foi um ano bom para o comércio, mas, segundo o presidente da Fecomércio, José Lino Sepulcri, o setor tem expectativa de que 2017 será um ano melhor. A TRIBUNA - Como o senhor avalia este ano para o segmento do comércio? JOSÉ LINO SEPULCRI - Em termos de resultados, 2016 foi um dos piores anos das últimas décadas. Tivemos na área federal um conflito enorme na política e na parte fiscal do governo e isso atingiu a economia, que ficou à deriva. FECOMÉRCIO/ELANI PASSOS JOSÉ LINO SEPULCRI: “2017 melhor” A partir do momento que se tem um governo em crise, isso reflete negativamente em todos os segmentos produtivos do País. O que vimos foi recessão, desemprego e muitas lojas fechando. No Estado, mais de 97% das empresas são de micro e pequenos empresários e esses foram os mais afetados. Principalmente as empresas familiares, que sobreviviam do negócio. Apesar de todo esse cenário negativo, o Espírito Santo ainda leva uma certa vantagem, pois o governo estadual tem conseguido cumprir com seus compromissos, mantendo os pagamentos em dia e isso é importante para a economia. > E as expectativas para 2017? Temos esperanças de dias melhores. Sabemos que essa recuperação não será rápida, mas já estamos seguindo o caminho da retomada. A segurança que está sendo transmitida pelo atual governo é importante para novos investimentos. Penso que a partir de 2017 vamos começar a crescer novamente, mesmo que pouco. O que nos preocupa é a inflação e são os juros, mas estamos otimistas. Gutman Uchôa de Mendonça, diretor regional do Sesc-ES Transparência “O Senac é uma instituição que dá condições de desenvolvimento para o comércio de bens, serviços e turismo com a oferta de cursos profissionalizantes. Para chegar aos 70 anos, o Senac pautou suas ações no cumprimento da sua missão, com transparência, qualidade e credibilidade. Além de capacitar, ele facilita a inserção no mercado de trabalho.” Dionísio Corteletti, diretor-regional do Senac-ES SENAC-ES ALUNAS NO CURSO de Preparo de Bolos e Tortas, ofertado na carreta-escola de Turismo e Hospitalidade do Senac Turismo e hotelaria se destacam O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) no Espírito Santo tem uma forte atuação nas áreas de turismo e hotelaria, tendo o Hotel Escola Senac Ilha do Boi como referência para a vivência prática dos conteúdos aprendidos em sala de aula. Ao longo dessas sete décadas, o Senac-ES viu o número de atendimentos crescer, chegando a atender mais de 45 mil pessoas anual- mente. Hoje, o Senac-ES oferece à população cerca de 500 títulos em cursos e ainda disponibiliza atendimento corporativo, que privilegia o desenvolvimento de competências por meio de soluções educacionais customizadas para empresas, alinhadas aos objetivos estratégicos das organizações. “A extensa oferta na programação de cursos (nas modalidades presencial e a distância), são um exemplo de como a Instituição acompanha a demanda da clientela capixaba. Trata-se de cursos que contribuem para ampliar conhecimentos e técnicas diferenciadas aos seus alunos, a fim de agregar às atividades por eles desenvolvidas. São cursos com foco na empregabilidade dos cidadãos”, comenta o diretor-regional da instituição, Dionísio Corteletti.