“R ecessão é resultado de decisões equivocadas ”>5 C re

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Projeto de Marketing
ESPECIAL
VITÓRIA, ES | TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016
ISTOCK
Economia brasileira em
tempos de transição
O pior da crise já passou, afirmou o economista
Paulo Paiva em evento promovido pela Rede Tribuna
sobre o cenário econômico e político do País
Crescimento
depende
de ajuste
fiscal > 3
Reformas
são desafios
para o
governo > 4
“Recessão é
resultado de
decisões
equivocadas” >5
2
ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016
Especial
Economista diz que pior já passou
FOTOS: CACÁ LIMA
Há quase dois anos em
recessão, a economia
brasileira começa a dar
sinais de recuperação,
mas o caminho ainda é
longo para estabilizar
s últimos dois anos não foram fáceis para o brasileiro,
que tem enfrentado tempos
de tormentas e incertezas. Mas,
dias melhores parecem surgir no
horizonte. De acordo com o economista e professor da Fundação
Dom Cabral, Paulo Paiva, a crise
está ficando para trás e a economia
já dá sinais de recuperação.
Paiva foi o palestrante convidado
pela Rede Tribuna para o almoço-palestra do projeto “Em Pratos Limpos” realizado para convidados na quinta-feira, em Vitória.
“Existem sinais reais de que nós
chegamos ao fundo do poço e que
dele já estamos saindo. Esses dados são verificados no Produto Interno Bruto, que mostra que o PIB
apurado no segundo trimestre de
2015 foi 2,3% negativo e que o do
segundo trimestre deste ano, apesar de continuar negativo, foi de
0,6%. Outro sinal menos mensurável é a volta da confiança de investidores e consumidores”, afirmou
o palestrante.
Outro dado apresentado na palestra que dá sinais de que está havendo uma recuperação é o aumento dos investimentos e do
consumo das famílias, que começa
a sair do vermelho e entrar em um
patamar positivo.
O
ANIVERSÁRIO
Ao dar as boas-vindas aos convidados, o diretor da Rede Tribuna,
Ricardo Uchôa de Matos, frisou a
importância que a esperança e a
criatividade têm para ajudar a superar momentos de crise. Na ocasião, ele lembrou que o dia era especial, por ser aniversário de 78
anos do jornal A Tribuna e que
para celebrar essa marca e conquistar a credibilidade e confiança
do público, muitas crises foram superadas pela empresa.
O ECONOMISTA PAULO PAIVA, palestrante do evento, disse que “existem sinais reais de que chegamos ao fundo do poço e que dele já estamos saindo”
Seminário em novembro
ALMOÇO-PALESTRA reuniu empresários e autoridades
Como o dia era de festa, no final
da palestra, os convidados que estavam no Itamaraty Hall fizeram
um brinde e cantaram “parabéns”.
O almoço-palestra realizado pe-
la Rede Tribuna contou com a
presença de 200 convidados e teve
o patrocínio da ArcelorMittal Tubarão, Fecomércio, Chocolates
Garoto e Grupo Águia Branca.
O próximo evento a ser realizado
pela Rede Tribuna vai acontecer
no dia 8 de novembro, das 9 às 13
horas, no Itamaraty Hall, em Vitória. Trata-se do Seminário de Planejamento e Gestão Sustentável. Em breve será divulgada a programação e a data da abertura das
inscrições, que são gratuitas e feitas no site tribunaonline.com.br.
Este ano, a Rede Tribuna realizou o Seminário de Educação, em
junho, com palestra do historiador
Leandro Karnal e da educadora
Tania Zagury, e os quatro almoçospalestras que fazem parte do projeto “Em Pratos Limpos”.
“Abordamos, nas quatro palestras realizadas, temas de interesse
do empresariado e de nossos
clientes. As pesquisas e o mercado,
o ser humano, as cidades inteligentes e a economia foram apresentados de forma a contribuir para uma maior reflexão. O sucesso
dos nossos eventos está na seleção
dos palestrantes e na oportunidade de transmitir algo de novo ou
um olhar diferente sobre temas
que fazem parte do dia a dia”, comenta o diretor de Marketing da
Rede Tribuna, Geraldo Schuller.
Outro fator relevante, frisou, é a
publicação deste caderno com o
conteúdo apresentado e a repercussão entre os presentes, ampliando a comunicação com os leitores.
“Com certeza, no próximo ano
estaremos realizando mais quatro
encontros, principalmente com a
adesão e parceria dos nossos patrocinadores”, conclui.
O QUE ELES DIZEM
Serviços
Perspectivas
Reformas
Expectativa
Mudança
“Com certeza
acreditamos que
muitas mudanças
estão acontecendo e vão propiciar
a retonada do
crescimento econômico. A indústria deverá se
fortalecer e com isso o segmento
de serviços também terá mais
demandas. Eu acredito em um
aquecimento geral do mercado.
A Tribuna está de parabéns pela
escolha do tema.”
“As perspectivas vêm melhorando a cada dia.
Mas, no Espírito
Santo, a situação
não depende somente da crise
econômica e política. Estamos
também sob o impacto de uma
séria crise hídrica, que já afetava
o interior, e agora atinge também
a Grande Vitória. Por isso, acredito que demoraremos um pouco mais a nos recuperar.”
“Eu tenho certeza de que o Brasil é um País viável e que vamos
sair da crise. Mas
é necessário que
sejam feitas reformas como a trabalhista, a política e a previdenciária, que são
essenciais para termos credibilidade para atração de investimentos. As mudanças são importantes e o País está maduro
para realizá-las.”
“O tema da palestra foi muito
oportuno. Estamos em uma travessia difícil e há
uma expectativa
grande. Os indicadores que temos recebido, mesmo que lentos, são promissores e
dão uma sensação de que teremos mudanças. A Tribuna, sempre inovando, trouxe um assunto
que chama a tenção de todos que
têm interesse em se atualizar.”
“A iniciativa da
Rede Tribuna foi
excelente, por
causa do nível do
palestrante e porque estamos no
momento de uma
mudança de rumo, partindo para
uma economia em que os conceitos não são novos, mas são os
praticados nos países mais ricos
e desenvolvidos no mundo, como produtividade, competitividade e desburocratização.”
Polyana Valadão,
diretora da Autoviva
Denise Cadete Gazzinelli,
diretora do Bandes
Sérgio Aboudib, presidente do
Tribunal de Contas do Estado
José Eugênio Vieira,
superintendente do Sebrae-ES
Gibson Reggiani, 1º vicepresidente da Findes
Expediente PROJETO DE MARKETING: Diretoria de Marketing DIRETOR: Geraldo Schuller PRODUÇÃO: Dinâmica de Comunicação CONTATOS: (27) 3232-5945 JORNALISTA RESPONSÁVEL: Fabiana Pizzani
EDIÇÃO E REPORTAGEM: Kikina Sessa REVISÃO: Rafael Moura COLABORAÇÃO: Ana Paula Herzog e Flávia Martins TRATAMENTO DE IMAGENS: Leyson Mattos e Renan Martinelli
VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 ATRIBUNA
3
Especial
Crescimento depende de ajustes
economia brasileira não é
tão vulnerável como pode
parecer. O Brasil tem abundância de recursos naturais, tanto
minerais quanto agrícolas, sua base produtiva é diversificada e está
entre os maiores mercados do
mundo, com mais de 206 milhões
de potenciais consumidores, além
de ter uma boa estabilidade institucional.
Então, o que falta para o País
crescer? Essa análise foi proposta
pelo economista e professor Paulo
Paiva durante palestra promovida
para convidados da Rede Tribuna.
O palestrante sugeriu imaginar
que a economia brasileira fosse
uma empresa e organizar uma matriz Swot para ela, olhando os fatores internos e apontando suas forças e fraquezas e, externamente,
reconhecendo suas oportunidades
e ameaças.
“A economia brasileira é pujante, tem possibilidade de crescimento muito grande. Mas temos
fraquezas, como baixa produtividade, falta de competitividade, déficit de infraestrutura e um governo enorme que absorve quase 40%
do que nós produzimos. Esse mes-
FOTOS: CACÁ LIMA
mo governo não oferece eficiência
nos seus serviços. Então, temos
um governo que de alguma forma
inibe o crescimento da economia”,
afirmou o palestrante.
Olhando do ponto de vista externo, o Brasil tem oportunidade
de crescer e a possibilidade de voltar a ter crescimento com pouco
investimento é grande, pois existe
capacidade ociosa e há uma disponibilidade de investimentos privados quer seja no Brasil, quer seja
no exterior, esperando esse mercado consumir.
Mas existem as ameaças a curto
prazo, chamadas pelo palestrante
de tormentas. “Se conseguirmos
passar por elas, vamos encontrar
mar calmo à frente. Essas ameaças
são o desequilíbrio fiscal, o custo
Brasil, crise política e a operação
Lava a Jato.”
Analisando os cenários possíveis
para a retomada do crescimento
da economia brasileira, Paulo Paiva acredita que a retomada se dará
em um nível mais modesto e não
acelerado, dependendo de alguns
ajustes, principalmente de uma
gestão fiscal responsável.
Entraves como
desequilíbrio fiscal,
falta de infraestrutura
e baixa produtividade
precisam ser resolvidos
para o Brasil crescer
A
Há disponibilidade
de investimentos
privados quer seja no
Brasil, quer seja no
exterior, esperando esse
mercado consumir
“
Paulo Paiva, economista
”
EXEMPLO
Swot para a economia brasileira
Forças
Oportunidades
> ABUNDÂNCIA em recursos naturais
> BASE PRODUTIVA sólida e diversifi-
> CAPACIDADE ociosa
> OFERTA DE INVESTIMENTOS priva-
cada
dos
> TAMANHO do mercado
> ESTABILIDADE institucional
> MERCADO interno
> MERCADO externo
Fraquezas
Ameaças
> BAIXA produtividade
> FALTA de competitividade
> DÉFICIT em infraestrutura
> TAMANHO do governo
> DESEQUILÍBRIO fiscal
> ”CUSTO Brasil”
> CRISE política
> OPERAÇÃO Lava a Jato
O PALESTRANTE PAULO PAIVA acredita que a retomada se dará em um nível mais modesto e não acelerado
TRECHOS DA PALESTRA
Educação para garantir competitividade
A TRIBUNA
Desafio
INVESTIMENTO
EM EDUCAÇÃO
é fundamental
para formar
mão de obra e o
País melhorar a
produtividade
e ter mais
competitividade,
defendeu o
palestrante
“Um dos grandes desafios do País
é conquistar competitividade. Quando olhamos para o último Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mostrou um ensino
médio muito fraco, é preciso se preocupar. Isso afeta diretamente a competitividade. A educação é a base de
uma economia competitiva.”
Consumo
“Os índices estão sinalizando que a
confiança está voltando na indústria e
no consumo e já vemos o resultado
real nos investimentos. Para o ano que
vem, já se fala em um crescimento do
PIB de 1,38%.”
Parcerias
“O programa de concessões que
permite Parcerias Público-Privadas
(PPPs) para novos investimentos em
infraestrutura não depende do Con-
gresso Nacional, depende da gestão e
do governo federal ter um programa
factível, que tenha uma taxa de retorno ao investidor suficiente para que
ele se habilite a investir.”
O QUE ELES DIZEM
Relevante
Atitudes
Confiança
Realidade
Cenário
“ Pa r a b é n s à
Rede Tribunapela
iniciativa de realizar esse evento
com um tema extremamente relevante, nesse momento de crise que vivemos. É
essencial termos dados, e os que
foram apresentados são bastante relevantes nesse momento
em que estamos fazendo os planejamentos estratégicos de
nossas empresas.”
“Mudanças
mesmo ainda não
são notórias, mas
há ações e atitudes acontecendo
e favorecem o cenário. O que o
País precisa mesmo é da mudança da legislação trabalhista,
que é muito antiga, e da previdenciária, que representa um
grande rombo nas contas públicas. Tudo isso é muito importante
para destravar o setor produtivo.”
“O que estamos
percebendo de
alterações são os
índices de confiança que estão
subindo e isso já é
uma luz no fim do
túnel. Mas é um processo lento
que iremos perceber no decorrer
dos próximos meses. Em termos
de ações de governo falta a redução da taxa de juros e a contenção da inflação para animar o
consumidor novamente.”
“A g o r a e u j á
não enxergo apenas perspectivas
otimistas, já começamos a viver
uma nova realidade. É claro que
como o baque foi violento, com
sérias consequências, as mudanças são mais gradativas,
mas eu acredito que a partir do
segundo semestre do ano que
vem um novo cenário econômico já estará consolidado.”
“Achei muito interessante a palestra, nesse período em que a
economia está
tendo uma retomada. E é importante pessoas lúcidas como o
Paulo falarem para nós, de uma
forma muito simples e prática, o
cenário que está se apresentando no momento e nos colocarem
para pensar em como operar as
empresas da melhor forma.”
Márcio Almeida,
presidente da Unimed Vitória
Paulo Baraona,
presidente do Sinduscon-ES
Waldes Calvi,
vice-presidente da Fecomércio
Rodrigo Barbosa, presidente
da Grand Construtora
Rosiane Dadalto, gerente de
marketing da Dadalto e D&D
4
ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016
Especial
Reformas são desafios para o País
DIVULGAÇÃO
As mudanças de que
o Brasil precisa passam
por reformas que
dependem de apoio da
população e aprovação
no Congresso Nacional
eformas políticas e reconstrução da economia. São esses os desafios que o governo Temer tem pela frente. O que,
para o economista Paulo Paiva, palestrante do almoço-palestra promovido pela Rede Tribuna, faz
lembrar “A Escolha de Sofia”, referindo-se à expressão utilizada
quando se tem que decidir sob
pressão.
“É quase como 'A Escolha de Sofia'. Temer tem a necessidade de
reconstruir a economia, mas, do
outro lado, tem de fazer reformas
políticas. Parece que ele optou por
preservar a possibilidade da reforma econômica”, comentou.
“A escolha da construção de um
novo regime fiscal pelo governo
Temer indica a preocupação do
governo em corrigir os desequilíbrios do passado recente. A partir
daí, programas de concessões e
privatizações poderão ter impactos positivos ao abrir espaço para o
investimento privado e incrementar a taxa de investimentos”, disse.
Em sua palestra, Paiva chamou
atenção para a crise fiscal sem precedentes. “A despesa primária do
governo passou de 14% do Produto Interno Bruto em 1997 para
20% do PIB em 2015. É um salto
muito grande”, completou.
Nesse sentido, o que espera-se é
que o novo governo tenha sucesso
nas reformas, tanto para limitar
gastos quanto para diminuir o gasto público no futuro, disse o economista.
Do ponto de vista da economia, a
agenda do governo prevê o ajuste
fiscal e medidas para aumentar a
competitividade. Só que para que
haja o ajuste fiscal devem ser tomadas medidas de reforma constitucional e, nesse caso, o governo
precisa que dois terços da Câmara
e dois terços do Senado, em votação duas vezes, aprovem as reformas, principalmente a trabalhista
e a previdenciária.
R
PLENÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS: reformas necessárias para País voltar a crescer precisam de aprovação parlamentar
Contas do governo União absorve quase 40% do que é produzido no Brasil
Despesa primária do Governo Central
Gasto público
20,0%
45,0%
19,0%
40,0%
38,6
35,0%
31,5
18,0%
30,0%
17,0%
25,0%
16,0%
20,0%
15,0%
15,0%
10,0%
14,0%
5,0%
2014
2015
2013
2011
2012
2010
2009
2007
2008
2006
2004
2005
2003
2001
2002
1999
2000
1997
1998
13,0%
Fonte: STN
0,0%
BRICS (exceto Brasil)
Brasil
Fonte: Heritage Foundation
O QUE ELES DIZEM
Entraves
Experiência
Perspectivas
Potencial
Conteúdo
“Eu diria que o
momento ainda é
de crise, mas é
muito promissor.
Eu acredito que
em todos os setores há algo de positivo que se pode tirar das crises. Os órgãos responsáveis pela
liberação de projetos estão diminuindo entraves que dificultam a
implantação de novos empreendimentos. Com menos burocracia, o País tem muito a crescer.”
“É sempre bom
estarmos antenados com o que os
principais economistas pensam
sobre o momento.
Essa iniciativa da
Rede Tribuna é muito importante, por trazer um palestrante que
transita no Brasil todo, tem uma
percepção geral de mercado.
Pegamos um pouco mais de experiência e conhecimento do
nosso professor Paulo Paiva.”
“Achei muito interessante a iniciativa da R ede
Tribuna e a escolha desse tema
para a palestra. E
também por reunir empresários de diferentes
segmentos. Acredito que estamos em um momento de retomada, que a situação está melhorando e é muito bom ouvir novas perspectivas para o todos os
setores.”
“Pela situação
que o País está
passando, é muito importante ouvirmos especialistas, para sabermos se teremos,
daqui para frente, um cenário
mais otimista, mais promissor.
Sabemos que nosso País tem
potencial para isso, que há muitas empresas boas aguardando
uma expectativa melhor para
continuar investindo.”
“Achei muito
importante participar dessa palestra, com esse
conteúdo tão relevante, que nos
dá um alento. É
muito bom ouvir uma pessoa
que tem tanto conhecimento na
área. Uma palestra tão boa que
nos dá fundamento para enfrentarmos esse momento que a
economia do País está passando.”
José Luís Galvêas, diretorpresidente da Galwan
Carlos Marianelli, sócio do
grupo Composé
Bruna Passos, gerente de
Planejamento da Proeng
José Braz Neto,
diretor do Grupo Líder
Rita Tristão, arquiteta e
diretora da Casa Cor ES
VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 ATRIBUNA
5
Especial
PAULO PAIVA ECONOMISTA E PROFESSOR DA FUNDAÇÃO DOM CABRAL
“Recessão é resultado de
decisões equivocadas”
DIVULGAÇÃO
Erros que levaram o
País a atravessar uma
crise econômica e
política são apontados
pelo economista Paulo
Paiva nesta entrevista
ano de 2014 marca o início
da recessão da economia
brasileira, resultando na
queda de 16% na renda per capita,
entre 2013 e 2016, e no aumento da
taxa de desemprego, entre o início
de 2014 até o primeiro trimestre
deste ano, de 6,4% para 11,2%. Os
erros que levaram o País a esse cenário é o que explica nesta entrevista o economista e professor associado da Fundação Dom Cabral
Paulo Paiva.
Segundo o palestrante do evento
promovido pela Rede Tribuna, o
governo abandonou o tripé macroeconômico, que foi fundamental para a estabilidade da economia brasileira, adotando uma política macroeconômica equivocada,
inconsequente e irresponsável.
A TRIBUNA - Dados mostram
que nos dois últimos anos o Brasil regrediu e perdeu a estabilidade política e econômica.
Quais os fatores que o senhor
considera responsáveis por este
retrocesso?
PAULO PAIVA - A recessão da
economia brasileira é tecnicamente definida a partir do segundo trimestre de 2014, segundo o Codace,
da FGV. Todavia, desde o início de
2011 a expansão do PIB vem perdendo força, conforme as estimativas do IBGE, com uma pequena
exceção em 2013 que não interfere
na tendência geral de desaceleração, resultando na recessão a partir do início de 2014. Essa recessão
resultou na queda de 16% na renda
per capita, entre 2013 e 2016, e no
aumento da taxa de desemprego,
entre o início de 2014 até o primeiro trimestre de 2016, de 6,4% para
11,2%.
De um lado, a recessão econômica teve papel preponderante no
elevado grau de rejeição do governo Dilma, no estímulo às manifestações de rua e, em consequência,
na motivação dos parlamentares a
votarem a favor do impeachment.
De outro lado, a crise política
com seu ingrediente ético proveniente da operação Lava a Jato,
contribuiu sobremaneira para a
queda da confiança de investidores e consumidores, levando à paralisia geral e agravando a recessão. Economia e política estão umbilicalmente entrelaçadas, para o
bem e para o mal.
> Do ponto de vista econômico, quais as ações que mais contribuíram para a crise?
A queda no crescimento a partir
de 2011 foi, inicialmente, devida a
fatores externos: desaceleração do
crescimento da economia da Chi-
PAULO PAIVA:
“De um lado,
a recessão
econômica
teve papel
preponderante
no elevado grau
de rejeição do
governo Dilma.
De outro lado,
a crise política
com seu
ingrediente
ético
proveniente da
operação Lava a
Jato, contribuiu
sobremaneira
para a queda
da confiança de
investidores e
consumidores”
O
Geração de
emprego vai
ocorrer de
forma lenta
Um dos maiores problemas sociais do momento, a alta taxa de
desemprego, depende do crescimento econômico para voltar a ter
resultado positivo. São quase 12
milhões de pessoas desempregadas no Brasil atualmente.
Esse cenário deve mudar, já que
a geração de emprego é resultado
do crescimento econômico.
“A partir do próximo ano, tudo
indica que a economia retomará o
crescimento. Todavia em ritmo
ainda lento. Do ponto de vista nacional, as taxas de desemprego
tenderão a cair também lentamente. Como o País é grande e bastante
diversificado, é possível que em algumas regiões a geração de emprego possa ser mais expressiva do
que em outras”, avalia o economista Paulo Paiva.
“Não creio que medidas isoladas para estimular a geração de
emprego, que não estejam alinhadas com o esforço de ajuste e
com a estabilidade da economia,
possam ser eficazes nesse momento.”
Na avaliação do palestrante do
almoço-palestra promovido pela
Rede Tribuna, “é crucial para o
governo Temer ter uma agenda
clara e transparente que mostre
para investidores e para a população qual o rumo, quais os caminhos a percorrer e quais os resultados a se obter”.
QUEM É
Paulo Paiva
> É FORMADO em Economia e Geografia.
> FEZ MESTRADO e doutorado em Demografia, na década
de 1970, pela Universidade da Pensilvânia, nos Estados
Unidos.
> FOI MINISTRO do Trabalho (1995-1998) e do Planejamento e Orçamento (1998-1999) no governo do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso.
> FOI VICE-PRESIDENTE do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, Estados Unidos.
> ATUALMENTE é professor associado à Fundação Dom Cabral.
O governo
abandonou o tripé
macroeconômico,
que foi fundamental
para a estabilidade da
economia brasileira, pelo
desempenho até 2010
“
”
na, ambiente de baixo crescimento
das economias industrializadas e,
como consequência, queda rápida
nos preços de commodities minerais e agrícolas. Esse movimento
afetou todas as economias emergentes e, em especial, as economias da América Latina.
Contudo, a queda maior da economia brasileira e sua recessão são
resultados de decisões equivocadas de política econômica a partir
do segundo governo Lula e intensificadas no primeiro governo Dilma. A saber: forte intervenção do
Estado na economia, desestimulando os investimentos privados e
interferindo nos mecanismos de
preços e de alocação de recursos.
Por exemplo, a expansão dos
empréstimos subsidiados do BNDES a empresas escolhidas; a fixação de taxas internas de retorno
em projetos de concessão abaixo
das taxas de mercado, compensadas por subsídios do BNDES.
E mudança profunda na gestão
da política macroeconômica,
abandonando a busca da meta de
inflação, usando mecanismos artificiais de controle de preços administrados, como de energia elétrica, derivados de petróleo e transportes urbanos; tentativa de controle artificial da taxa de câmbio e
irresponsabilidade fiscal, transformando um superávit primário de
aproximadamente 3% do PIB em
déficit de 2% em 2015. Disso resultando na expansão vertiginosa da
dívida pública.
Enfim, o governo abandonou o
tripé macroeconômico, que foi
fundamental para a estabilidade
da economia brasileira, consequentemente, pelo seu desempenho até 2010 e pela conquista do
selo de “investment grade” concedido pelas agências internacionais
de risco, e adotando uma política
macroeconômica equivocada, inconsequente e irresponsável.
> As mudanças políticas ocorridas recentemente contribuem para a retomada do crescimento econômico?
Certamente sim. Todavia, isso
não é mecânico. Primeiramente, a
Investir em
educação é
fundamental para
manter o crescimento
da economia
e a inclusão social
“
”
economia já está dando sinais de
que a recessão está se estabilizando. Há sinais de que a indústria está se recuperando, os investimentos e o consumo das famílias estão
também seguindo no mesmo caminho. Com grande probabilidade, em 2017 a economia brasileira
deverá ter um crescimento positivo, entre 1,3 e 2,5%.
> Quais lições podemos extrair desse momento de crise?
Primeiro que crescimento econômico não é destino das nações.
Depende de como, em cada País,
as decisões são tomadas. Há de se
ter um compromisso claro dos governantes e dos governados com o
crescimento econômico e com a
inclusão social.
Segundo, a economia se expande em ciclos: de ascensão e de declínio. É importante na fase de expansão gerar poupança e se preparar para evitar um impacto maior
no período de desaceleração. Por
exemplo, no período de expansão,
entre 2004 e 2010, o Brasil optou
por estimular, artificialmente, o
consumo visando dividendos políticos, ao invés de uma poupança.
Terceiro, os governantes devem
ter uma visão de longo prazo buscando a estabilidade da economia
e mirando em programas que possam elevar a produtividade e a
competitividade. Investir em educação é fundamental para manter
o crescimento da economia e a inclusão social.
6
ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016
Especial
Setor produtivo enxerga mudança
FOTOS: CACÁ LIMA
Empresários presentes
no evento promovido
pela Rede Tribuna
confirmam que, apesar
de lenta, economia dá
sinais de recuperação
onvidados da Rede Tribuna saíram do almoço-palestra que abordou o momento
de transição da economia brasileira com mais confiança de que o cenário realmente apresenta mudanças, ainda que sejam lentas e tímidas.
Na avaliação do presidente da
Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-ES),
Sandro Carlesso, o mercado imobiliário capixaba teve uma prova
viva do que foi dito pelo professor
Paulo Paiva.
“A confiança vem mudando e isso gera segurança nas pessoas para
fazerem negócios, seja empresa,
seja consumidor final. Confirmamos isso recentemente, no Salão
do Imóvel”, disse.
Para o diretor da DVF Consultoria, Vinícius Ribeiro de Freitas, a
mensagem que o palestrante trouxe ajuda a todos a ter mais lucidez
no meio da confusão. “Isso nos auxilia a sermos mais sensatos nas
horas de tomar decisões e a sermos mais frios para avaliarmos todas as alternativas existentes.”
O economista Clovis Vieira disse
que A Tribuna caminha na direção correta ao propiciar a um segmento maior da sociedade as informações que são necessárias para a tomada de decisão no dia a dia
empresarial. “Acho que a escolha
do professor Paulo Paiva foi acertada, é um economista criterioso,
ele fez uma análise da economia
brasileira na sua trajetória.”
C
A confiança vem
mudando e isso
gera segurança nas
pessoas para fazerem
negócios, seja empresa,
seja consumidor final
“
CONVIDADOS DA REDE TRIBUNA, Clovis Vieira, Sandro Carlesso e Vinícius Freitas fizeram uma análise da palestra que abordou transição na economia
DEPOIMENTOS
Planejamento
Velocidade
Crescimento
“Estamos passando por
um momento difícil, mas com
possibilidade de sairmos dele e, nessa hora, precisamos
ter cuidado para não nos
precipitarmos nas decisões.
Mais do que nunca o planejamento é fundamental
para as empresas. É justamente nessas horas que precisamos planejar, porque esse não é um processo de adivinhação, é um
processo de estudo do ambiente. As empresas
precisam ser criteriosas nesses momentos de crise, planejar a curto prazo e adotar medidas que talvez sejam duras, mas se fazem necessárias.”
“Não sabemos a velocidade com que as mudanças vão ocorrer, mas já
avistamos um horizonte
de mudança e de reversão
desse quadro. Sentimos
no nosso dia a dia essa
confiança crescente.
O mercado imobiliário é
muito sensível, principalmente aos juros, mas
tem um poder de se recuperar rápido, por isso
nossa expectativa é de que no segundo semestre
de 2017 estaremos bem melhor do que estamos
agora.”
“Percebemos que os últimos
acontecimentos políticos e
econômicos já refletem na
confiança do consumidor, e isso é uma coisa muito boa para
o País. Nossa expectativa é começar uma colheita positiva a
partir de 2017.
Eu vejo que os ajustes políticos já trazem reflexos para a economia. E, acredito
que o Espírito Santo vai surfar nessa onda de recuperação melhor que os outros estados, porque a
nossa economia é voltada para a exportação e a
manutenção do câmbio nesse patamar vai atrair
mais negócios.”
”
Vinícius Ribeiro de Freitas,
diretor da DVF Consultoria
Sandro Carlesso,
presidente da Ademi-ES
Clovis Vieira, economista
Sandro Carlesso, presidente da Ademi
O QUE ELES DIZEM
Futuro
Importante
Necessidades
Confiança
Investimento
“Em primeiro
lugar, nós temos
que acreditar
sempre no futuro
e em uma saída
comercial para o
País. Acho que todos nós temos a obrigação de colocar ordem no País e para isso é
preciso investir na relação entre
o fornecedor e o cliente. O Paulo
Paiva é uma referência para mim
em termos de perspectivas e sei
que nunca podemos parar.”
“Achei muito
importante a palestra. Como nova
empresária,
quanto mais informação, melhor.
Economia é o que
faz tudo girar, e precisamos estar
por dentro para conseguirmos
nos manter no mercado. Minha
empresa é muito nova e só conheço a crise: para mim o normal
é isso. Então, acredito que daqui
para frente vai melhorar.”
“No caso específico do varejo
alimentar, que é a
área em que eu
atuo, que é um
gênero de primeira necessidade,
estamos até conseguindo algum
crescimento apesar da crise. O
que é supérfluo deixou de vender um pouco, mas o essencial
se mantém. A grande dificuldade
do momento é que os bancos
aumentaram os juros.”
“Ainda não vimos significativas
diferenças na
conjuntura econômica, mas
acredito que estamos investindo
e buscando mudanças. O grande problema no Brasil é que os
investidores não acreditam nas
regras que mudam muito. Eu
também participo do sistema financeiro e vejo como é necessário, como é importante que o
País inspire mais confiança.”
“As mudanças
estão acontecendo com certeza. A
Garoto nunca deixou de acreditar e
mesmo no auge
de crise não deixou de investir em produtos e em
inovação. A Rede Tribuna está
de parabéns pelo evento, porque
é importante reunir os empresários, autoridades, formadores de
opinião que também fazem parte
desse processo de mudança.”
Ronald Carvalho,
consultor de Marketing
Juliana Kwak,
empresária de moda
Guilherme Vago,
sócio do Oba Superatacados
Ilson Bozi, empresário
Fernanda Canto, gerente de
Marketing da Garoto
VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016 ATRIBUNA
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Especial
ALESSANDRO DE PAULA - 25/09/15
Soluções dependem de parcerias
Parceria entre setor
público e privado é
defendida como
alternativa para áreas
em que governo não
consegue ser eficiente
stamos no meio de um
período de transição
em função dos ajustes
necessários na economia brasileira. E se soubermos aproveitar
essa janela de oportunidades
que começa a se abrir, o País viverá uma nova fase de crescimento baseada em mais investimentos e maior produtividade.”
A afirmação é do diretor de
Relações Institucionais do Grupo Águia Branca, Luiz Wagner
Chieppe. Para que se consiga
chegar “ali na frente”, com esses
ganhos, ele defende uma maior
participação da iniciativa privada para reforçar áreas e serviços
nos quais o governo não consegue ser mais produtivo.
“Os desafios, tanto do Brasil
quanto dos estados, são gigantes. A economia precisa ser ativada e o governo tem que aumentar sua capacidade de investir naquilo que é de sua
maior competência, ou seja,
educação, segurança e saúde. E
essa conta pode ser fechada
com o apoio mais forte do setor
privado, principalmente no que
diz respeito à infraestrutura”,
comenta Chieppe.
Exemplo disso ele cita a Medida Provisória 727/2016, que
criou o Programa de Parcerias
de Investimentos (PPI), fortalecendo a interação entre governo
e iniciativa privada por meio da
celebração de contratos de parceria para a execução de empreendimentos públicos de infraestrutura e de outras medi-
CONCESSÕES DE
RODOVIAS é um
exemplo de parceria
para resolver
gargalos de
infraestrutura
“E
GRUPO ÁGUIA BRANCA
das de desestatização.
“Esta mesma MP nos dará, ainda, a oportunidade de aperfeiçoar
o processo das concessões, que é
um indutor de desenvolvimento e
gerador de renda, e dar uma boa
solução para a BR-262”, destaca
Chieppe.
Ele cita a necessidade do governo agilizar o processo que levará à
concessão de terminais portuários
à iniciativa privada. “Temos uma
lei, aprovada desde 2012, que precisa ser incrementada”, ressalta.
Em contrapartida, ele cita os gra-
ves problemas relacionados à crise
hídrica e garante que um apoio
mais forte do setor privado nessa
questão propiciaria um cenário
menos devastador do que o que estamos vivendo neste momento.
Na opinião do empresário é impossível falar de perspectivas futuras sem levar em consideração o
que o Brasil e o Espírito Santo precisam, de fato, para vencer a época
de transição e reencontrar o rumo
do desenvolvimento.
“A burocracia está emperrando
o País. É necessário rediscutir uma
legislação que viabilize empreendimentos, bem como medidas que
acelerem projetos em andamento
e estimulem atração de novos”.
O governo tem que
aumentar sua
capacidade de investir
no que é de sua maior
competência: educação,
segurança e saúde
“
”
Luiz Wagner Chieppe, empresário
DIVULGAÇÃO
Calcário em contêineres
reduz tráfego em rodovias
Reduzir impactos ambientais e
gerar ganho de competitividade à
economia são desafios que fazem
parte do dia a dia do setor produtivo brasileiro. Um exemplo de
que pequenas soluções podem
trazer grandes benefícios vem do
transporte de calcário para atender à produtora de aço ArcelorMittal Tubarão.
Com a adoção de contêineres
no lugar de vagões-gôndola no
transporte ferroviário do produto, 21.600 caminhões deixaram de
circular pelas rodovias no período de um ano, entre março de
2015 a março de 2016. Isso reflete
em estradas mais conservadas e
com menor impacto ambiental.
Apesar de o modal ferroviário
ser tradicionalmente mais eficiente e vantajoso que o rodoviá-
rio, até 2010 a maior parte do produto seguia por caminhões até a
capital capixaba. Isso porque, por
trem, o calcário era levado em vagões-gôndola, que são abertos e
poderiam expor o produto ao ambiente e comprometer sua qualidade.
Com a adoção dos contêineres
via trem pela empresa de solu-
OS NÚMEROS
21.600
caminhões deixaram de circular
478,3 mil
toneladas foram transportadas
ções logísticas VLI o transporte
de calcário aumentou 398,3% nos
últimos cinco anos, na rota de escoamento para Vitória. “São muitas as vantagens do transporte
ferroviário desses produtos com
contêineres em função da confiabilidade, custo-benefício e segurança”, explica o gerente comercial da VLI, Juliano Silva.
A solução foi desenvolvida pela
VLI, em parceria com a Multitex
e com a ArcelorMittal Tubarão,
para atender demanda da produtora de aço via Ferrovia CentroAtlântica, no fluxo Belo Horizonte-Vitória, em 2010. Naquele ano,
foram transportadas 96 mil toneladas de calcário.
O sucesso da operação estimulou a criação de um novo fluxo no
ano passado, saindo da região de
CONTÊINERES usados para o transporte via Ferrovia Centro-Atlântica
Arcos, no centro-sul mineiro,
também com destino a Vitória,
dessa vez para transporte de cal.
Somente no ano passado, com os
dois fluxos, foram conduzidas
por ferrovia 478,3 mil toneladas
de calcário e cal, num volume
quase 400% maior do que no primeiro ano de implantação dos
contêineres que, tampados, pro-
porcionam mais segurança e
qualidade no deslocamento dos
produtos.
“Esse modal tem permitido
atender com eficiência a grandes
distâncias, além de trazer menos
impacto para as rodovias brasileiras”, explica o gerente de Logística da ArcelorMittal Tubarão, Lucas Carvalho.
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ATRIBUNA VITÓRIA, ES, TERÇA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO DE 2016
Especial
Vocação para educação e lazer
Sesc e Senac fazem 70
anos fiéis à sua missão
de educar, capacitar e
levar cultura e lazer
como instrumento de
transformação social
antidos por empresários
do comércio de bens, serviços e turismo, o Sesc e o
Senac comemoram 70 anos. Nascidos com a vocação de educar, os
dois contribuem com a educação
infantil e com a formação de mão
de obra.
No Espírito Santo, o Sesc possui
seis unidades escolares, atenden-
M
SAIBA MAIS
O comércio de bens e serviços
representa no Espírito Santo:
41%
do PIB
capixaba
70%
85%
do ICMS no
Estado
do total de
estoque de
empregos
do a mais de 3 mil alunos da educação infantil ao 5º ano do ensino
fundamental. Em breve duas novas escolas serão construídas, uma
em Baixo Guandu e outra em Cachoeiro de Itapemirim, com capacidade para 600 alunos, cada.
Já o Senac, se faz presente em
pelo menos 44 municípios do Estado, com nove unidades físicas, e
nessas sete décadas atendeu mais
um milhão de cidadãos no Espírito
Santo.
Com o intuito de democratizar a
educação, o Senac-ES também
possibilita o acesso ao conhecimento e à formação profissional,
por meio de suas unidades móveis
e de três carretas-escolas.
“O Serviço Social do Comércio
nasceu com foco na área de educação da massa trabalhadora, mas foi
expandindo sua atuação e hoje se
destaca no atendimento de saúde
bucal e saúde ocupacional, com
exames admissionais e demissionais, além de oferecer uma rede de
lazer e cultura com custo social
para os comerciários”, conta Gutman Uchôa de Mendonça, que há
44 anos dirige a instituição no Espírito Santo.
Hoje, o Sesc-ES tem 120 mil associados e oferece 11 unidades no
Estado. Mesmo quem não é associado pode utilizar a estrutura de
cultura e lazer do Sesc, como o
complexo de Praia Formosa, em
Aracruz, que possui 600 aparta-
DIVULGAÇÃO SESC-ES
ESCOLA DO SESC EM CARIACICA passou por uma expansão e agora terá capacidade para atender 600 alunos
mentos e chegará a 900.
“Quem mantém o Sesc funcionando hoje no Espírito Santo são
42 mil empresas de médio e grande porte, já que as micro e pequenas são isentas de colaborar”, comenta Gutman.
HISTÓRIA
Solidez
“As instituições do Sistema S são
tão importantes e consolidadas que
nem a má política brasileira conseguiu destruir e estão firmes há 70
anos. Minha sugestão é de que no
futuro essas entidades sejam transformadas em fundações, e que com
o tempo não dependam da contribuição compulsória, pois não existe
no mundo um instrumento social
mantido com esse tipo de arrecadação que nós temos no Brasil.”
JOSÉ LINO SEPULCRI PRESIDENTE DO SISTEMA FECOMÉRCIO-ES
Apesar das perdas há otimismo
A economia capixaba é fortemente voltada para o comércio, e
esse setor é o que tem maior peso
na arrecadação do Estado. O Sistema Fecomércio/Sesc/Senac do
Espírito Santo, composto por 22
sindicatos do comércio de bens,
serviços e turismo, é quem representa o segmento. E este não foi
um ano bom para o comércio, mas,
segundo o presidente da Fecomércio, José Lino Sepulcri, o setor tem
expectativa de que 2017 será um
ano melhor.
A TRIBUNA - Como o senhor
avalia este ano para o segmento
do comércio?
JOSÉ LINO SEPULCRI - Em termos de resultados, 2016 foi um dos
piores anos das últimas décadas.
Tivemos na área federal um conflito enorme na política e na parte
fiscal do governo e isso atingiu a
economia, que ficou à deriva.
FECOMÉRCIO/ELANI PASSOS
JOSÉ LINO SEPULCRI: “2017 melhor”
A partir do momento que se tem
um governo em crise, isso reflete
negativamente em todos os segmentos produtivos do País. O que
vimos foi recessão, desemprego e
muitas lojas fechando.
No Estado, mais de 97% das empresas são de micro e pequenos
empresários e esses foram os mais
afetados. Principalmente as empresas familiares, que sobreviviam
do negócio.
Apesar de todo esse cenário negativo, o Espírito Santo ainda leva
uma certa vantagem, pois o governo estadual tem conseguido cumprir com seus compromissos, mantendo os pagamentos em dia e isso
é importante para a economia.
> E as expectativas para 2017?
Temos esperanças de dias melhores. Sabemos que essa recuperação não será rápida, mas já estamos seguindo o caminho da retomada. A segurança que está sendo
transmitida pelo atual governo é
importante para novos investimentos. Penso que a partir de 2017
vamos começar a crescer novamente, mesmo que pouco. O que
nos preocupa é a inflação e são os
juros, mas estamos otimistas.
Gutman Uchôa de Mendonça,
diretor regional do Sesc-ES
Transparência
“O Senac é uma instituição que dá
condições de desenvolvimento para
o comércio de bens, serviços e turismo com a oferta de cursos profissionalizantes. Para chegar aos 70
anos, o Senac pautou suas ações no
cumprimento da sua missão, com
transparência, qualidade e credibilidade. Além de capacitar, ele facilita a
inserção no mercado de trabalho.”
Dionísio Corteletti,
diretor-regional do Senac-ES
SENAC-ES
ALUNAS NO
CURSO de
Preparo de
Bolos e Tortas,
ofertado na
carreta-escola
de Turismo e
Hospitalidade
do Senac
Turismo e hotelaria se destacam
O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) no Espírito Santo tem uma forte atuação
nas áreas de turismo e hotelaria,
tendo o Hotel Escola Senac Ilha do
Boi como referência para a vivência prática dos conteúdos aprendidos em sala de aula.
Ao longo dessas sete décadas, o
Senac-ES viu o número de atendimentos crescer, chegando a atender mais de 45 mil pessoas anual-
mente.
Hoje, o Senac-ES oferece à população cerca de 500 títulos em
cursos e ainda disponibiliza atendimento corporativo, que privilegia o desenvolvimento de competências por meio de soluções educacionais customizadas para empresas, alinhadas aos objetivos estratégicos das organizações.
“A extensa oferta na programação de cursos (nas modalidades
presencial e a distância), são um
exemplo de como a Instituição
acompanha a demanda da clientela capixaba. Trata-se de cursos que
contribuem para ampliar conhecimentos e técnicas diferenciadas
aos seus alunos, a fim de agregar às
atividades por eles desenvolvidas.
São cursos com foco na empregabilidade dos cidadãos”, comenta o
diretor-regional da instituição,
Dionísio Corteletti.
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