guia de projeto integrado para a construção de

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GUIA DE
PROJETO
INTEGRADO
PARA A
CONSTRUÇÃO DE
EDIFÍCIOS DE
NECESSIDADES
DE ENERGIA
QUASE NULAS
AUTORES
Anne Sigrid Nordby e Per F. Jørgensen
Asplan, Noruega
Klemens Leutgöb e StefanAmann
e7, Áustria
Salvatore Carlucci
eERG-Polimi, Itália
Andy Sutton
BRE, Reino Unido
Agris Kamenders
Ekodoma, Letónia
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO PARA A
VERSÃO PORTUGUESA
Carlos Laia
CONTACTO
Carlos Laia
CEEETA-ECO, Consultores em Energia, Lda.
Rua Dr. António Cândido, 10, 1º
1050-076 Lisboa, PORTUGAL
PARTE 1
GUIA DE
PROJETO
INTEGRADO
www.ceeeta-eco.pt
Linhas de orientação para a implementação de um
processo de projeto integrado de edifícios de elevado
desempenho energético e ambiental
SÍTIO WEB DO PROJETO EUROPEU
www.integrateddesign.eu
O projeto MaTrID é cofinanciado pelo Programa Energia Inteligente para a Europa da Comissão Europeia (Contrato nº: IEE/11/989/SI2.615952).
O conteúdo deste documento é da inteira responsabilidade dos seus autores, não refletindo necessariamente a posição da União Europeia. Nem a
EACI, nem a Comissão se responsabilizarão pelo uso da informação nela contida.
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
3
O QUE É O
PROJECTO
ENERGÉTICO
INTEGRADO?
to pequenas, ser cobertas em grande medida
A gestão da complexidade dos diversos objeti-
vos e uma comunicação eficaz entre todos os
por energia proveniente de fontes renováveis,
vos e a sua tradução em metas ao nível do pro-
agentes envolvidos no processo de construção
incluindo energia proveniente de fontes reno-
jeto aponta claramente para a necessidade de
dos edifícios tornam-se cada vez mais impor-
váveis produzida no local ou nas proximidades.
uma prática de Projeto Integrado e uma melhor
tantes para evitar a construção de edifícios que
abordagem multidisciplinar. Para além disso, a
não respondem o timamente às necessidades
abordagem de projeto integrado é crucial não
para as quais eles são criados.
No entanto, se o desafio atual é o de enfrentar
as ameaças das mudanças climáticas, é necessário tomar em consideração um conjunto
de fatores ambientais mais amplos, para além
dos requisitos de eficiência energética dos edifícios. Portanto, o objetivo final do projeto de
O conceito de Projeto Energético Integrado (em inglês, IED, Integrated Energy Design) tem por objetivo a minimização das
necessidades energéticas no projeto de
só para conceção e construção de edifícios com
grandes ambições ambientais, mas para lidar
com muitos outros tipos de desafios.
De facto, a conceção de edifícios modernos
Deste modo, o termo mais geral Projeto Integrado aplica-se com mais propriedade do que
projeto energético Integrado, pelo que será
usado doravante.
um edifício deve ser reduzir o impacto ambiental global, tendo em conta todos os fatores que
participam na geração de gases com emissões
de efeito de estufa.
um novo edifício ou na fase de reabilitação.
A sua implementação baseia-se na adoção de
um processo de projeto integrado, multidisciplinar, colaborativo e que se estende ao longo
de todas as fases do processo de construção,
em particular desde as fases iniciais da conceção da intervenção até à construção e operação do edifico.
Nos últimos anos, as políticas europeias têm
procurado combater os efeitos das alterações
climáticas através do estabelecimento de objetivos concretos de redução das emissões de
gases com efeito de estufa. No sector da construção de edifícios, o objetivo europeu para o
ano 2020 consiste em exigir que os novos edifícios, e gradualmente os edifícios reabilitados,
sejam edifícios com necessidades quase nulas
de energia (em inglês nZEB – nearly Zero Energy Buildings). Um edifício com necessidades
quase nulas de energia apresenta um desempenho energético muito elevado, devendo as
Uma maneira possível e útil para apoiar os
projetistas neste complexo desafio consiste
em utilizar sistemas de avaliação de impacto
ambiental, que normalmente permitem quantificar os impactos de uma construção relacionados com a sua construção, operação e
desativação. Alguns dos indicadores utilizados em esquemas de avaliação ambiental são
a qualidade do ar interior, a prevenção do uso
de substâncias perigosas, o uso responsável
dos recursos, a biodiversidade e o transporte
sustentável. Como exemplos mais conhecidos
de sistemas de avaliação ambiental de edifícios
podem citar-se o BREEAM, LEED ou SBTool, e
em Portugal, o LiderA. Esses sistemas podem
deve integrar um número crescente de novas
ajudar a definir os objetivos ambientais a atin-
exigências ou necessidades. Para lidar com
gir e traduzir as medidas redução de gases com
este desafio torna-se necessário o envolvimen-
efeito de estufa em metas claras e quantificá-
to de um número crescente de profissionais
veis ao nível do projeto.
com muitos e diversas competências. Ao mes-
necessidades de energia quase nulas, ou mui-
4
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
Figura 1: Jardim de infância KVAMSSTYKKET, Tromsø,
Noruega; certificado PASSIVHAUS (voluntária).
Projeto arquitetónico e paisagístico da Asplan Viak e
Arkitekturverkstedet
mo tempo, uma identificação clara dos objeti-
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
5
PORQUÊ
RECORRER
AO PROJECTO
INTEGRADO?
se em evidências que mostram que é mais fácil
Assim, o desempenho de edifícios deve ser
Quando se considera todo o ciclo de vida
e de menor custo intervir no projeto durante
avaliado numa perspectiva de ciclo de vida,
de um edifício, os custos operacionais são
os estágios iniciais de planeamento, mas que
quer em temos ambientais (Análise do Ciclo
significativamente mais elevados do que os
se tornar cada vez mais difícil e perturbador à
de Vida), quer em termos de custos (Custo do
custos de construção e conservação. Desta
medida que o processo se desenrola.
Ciclo de Vida). O modelo de Projeto Integrado,
forma, torna-se óbvio que poupar recursos
sendo um processo colaborativo, coloca maior
dedicados às fases iniciais do processo de
ênfase nas fases iniciais de projeto, pois as
projeto é uma abordagem míope e ineficaz.
decisões que resultam deste tipo de ação
Dados resultantes de projetos de construção
levam a resultados com retorno económico nas
que usaram os princípios típicos de Projeto
fases posteriores ou quando se considera todo
Integrado mostram que os custos de
o ciclo de vida de um edifício. Um planeamento
investimento podem ser 5% superiores, mas
bem organizado desde início pode levar a uma
os custos operacionais anuais podem ser
otimização dos recursos energéticos do edifício
reduzidos entre 40 a 90% (Quadro 1).
Por exemplo, fazer alterações e melhorias ao
projeto durante a construção das fundação
de um edifício ou mesmo ainda durante a fase
assinatura dos contratos de empreitada pode
levar a uma extensão dos prazos de execução
Projeto Integrado não é um conceito novo.
Pelo contrário, é o próximo estágio da evolução
das melhores práticas no moderno processo
de projeto de um edifício, sendo cada vez
mais complexo e desafiador em termos de
e, especialmente um aumento de custos. Além
disso, pode-se demonstrar que, tentativas de
introduzir melhorias em fases tardias resultam
provavelmente em apenas ganhos moderados
no desempenho. (Figura 2).
custos operacionais, como com um aumento
marginal nos custos de construção extras, se
houver algum.
requisitos da construção. Este conceito baseiaFigura 2
As fases iniciais do projeto oferecem uma oportunidade
para proceder a alterações com grande impacto sobre o
desempenho, com custos mais baixos e menores interrupções
na construção. Assim, a concentração de um maior esforço de
trabalho e aprimoramento nas fases iniciais vai provavelmente
ser vantajoso durante o ciclo de vida do edifício.
Increasing cost
and disruption
Decreasing impact
on performance
e, consequentemente, a uma redução dos
ACTIVIDADE
CUSTOS
Conceção e anteprojeto
Aumento de 5 a 10%
Aumento inferior 5% no 1º projeto
Projeto de execução
Economia de 5 a 10 % nos projetos
subsequentes
Aumento de 5 a 10%
Construção
COMENTÁRIOS
Baseado na experiência
Baseado na experiência – processo
mais regular devido a um anteprojeto mas detalhado
3 a 6% para casas passivas
Operação
Economia de 40 a 90%
Baseado na experiência
Reparação de anomalias
Economia de 10 a 30%
Devido a melhor planeamento e
melhor gestão e receção da obra
WORK LOAD
Brief
writing
6
Concept
design
Detailed
design
Construction
documentation
QUADRO 1 Estimativas da variação de custos com o Projeto Integrado
Construction
implementation
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
TIME
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
7
Embora se reconheça que no sector da
De acordo com o relatório Business Case for
Uma abordagem de projeto integrado de edifí-
construção de edifícios os custos de
Green Buildings do World Green Building Coun-
cio, que combina uma estratégia passiva, uma
investimento e custos operacionais são
cil, o processo de Projeto Integrado desempe-
envolvente termicamente cuidada, um desenho
inicialmente suportados por diferentes agentes,
nha cada vez mais um papel fundamental em
do espaço inteligente, como um primeiro passo
quer uns quer outros são, em última análise,
conter os custos, sem comprometer a qualida-
para a redução das necessidades energética,
transferidos para a ocupação dos inquilinos,
de da construção. A conceção e construção de
combinado com sistemas ativos de elevada efi-
por exemplo, com custos relacionados com
um edifício sustentável não conduz necessaria-
ciência, consiste numa alternativa de baixo em
o arrendamento, com tarifas de serviços ou
mente a um custo mais elevado, mas depende
comparação com os sistemas tradicionais ins-
mecanismos similares.
da estratégia e da abordagem que se adota.
talados em edifícios com baixo desempenho.
QUAIS OS
BENEFÍCIOS
DO PROJECTO
INTEGRADO?
Além da redução a longo prazo dos custos de
PROMOTOR
porque quero construir
este edifício
ARRENDATÁRIO
porque quero alugar
este edifício
Higher
sales price
Health and
well-being
Lower design and
construction costs
Quicker
sales
Lower
refurbishment costs
Ability
to secure
finance
Rapid return on
investment
Increased
productivity
Corporate image
and prestige value
Increased
market value
um valor comercial mais elevado assim como
DESEMPENHO ENERGÉTICO
SUPERIOR
contribuem para melhorar a produtividade dos
A otimização da forma do edifício, a escolha da
trabalhadores e a saúde dos ocupantes. Na Fi-
orientação correta e a composição adequada
gura 3 vemos as várias vantagens de edifícios
das fachadas é obtida graças a um confronto
ambientalmente sustentáveis, de acordo com
multidisciplinar e aberta entre todos os mem-
os pontos de vista dos construtores, proprietá-
bros da equipa de projeto, especialistas nas
rios e inquilinos.
várias disciplinas, em que se discute várias opções de projeto, após o que se tomam decisões
cessárias para alcançar os objetivos ambientais
Reduced
downtime
Lower
operating costs
Lower
maintenance costs
Reduced
vacancies
trado que os edifícios sustentáveis possuem
conjuntas durante a fase inicial do projeto, ne-
Compliance with
legislation
and CSR requirements
Lower
transaction fees
operação e manutenção, tem sido demons-
projeto.
DIMINUIÇÃO DA ENERGIA
EMBEBIDA
A prioridade à otimização da envolvente do
edifício bem como à boa conceção dos siste-
Slower
depreciation
Increased
occupancy rates
Lower
exit yield
mas reduz a necessidade ou a dimensão dos
equipamentos ativos a instalar no edifício. Pode
diminuir-se assim uma quantidade significativa
de energia incorporada nos componentes da
instalação.
Figura 3_ A interação dos benefícios
de um edifício sustentável para
promotores, proprietários e inquilinos
(WGBC 2013).
8
PROPRIETÁRIO
porque quero este edifício
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9
QUAIS OS
OBSTÁCULOS
AO PROJECTO
INTEGRADO?
OTIMIZAÇÃO DO AMBIENTE
INTERIOR
Os sistemas passivos e ativos do edifício contribuem, numa relação de simbiose, para garantir
um ambiente interior confortável, caracterizado
por um nível suficiente de qualidade do ar interior, garantindo condições térmicas satisfatórias, uma boa integração da luz natural e um
controle efetivo dos ganhos solares.
REDUÇÃO DOS CUSTOS
OPERACIONAIS
Sistemas técnicos simples são mais vantajo-
MAIOR ENVOLVIMENTO DO
FUTURO UTENTE
Envolver os futuros utentes, tendo em conta as
A FORMA DE PENSAR
TRADICIONAL
suas necessidades, desde as primeiras fases de
A indústria da construção é conhecida pela sua
conceção, pode ser aumentar a sua satisfação
e também melhorar o desempenho operacional
do edifício.
custos operacionais e de manutenção.
REDUÇÃO DOS RISCOS E
DEFEITOS DE CONSTRUÇÃO
Um melhor planeamento e coordenação do processo de projeto conduzem a uma redução dos
erros de construção, o que contribui para uma
menor necessidade de ações corretivas e a uma
redução de riscos de conflitos legais, obtendo-se eventualmente uma economia de custos de
processos de decisão e métodos inovadores,
nicação entre os diversos profissionais. Deste
MAIOR VALOR DE MERCADO
PARA O EDIFÍCIO
modo, todos os profissionais envolvidos devem
O custo de arrendamento de um edifício de ele-
adaptarem a novos contextos na sua atividade
vado desempenho energético é tendencialmen-
de projeto.
estar comprometidos por uma postura de colaboração franca e aberta, disponíveis para se
Os promotores subestimam muitas vezes a
importância de um projeto cuidadoso e, portanto, esperam um prazo muito curto para a
conceptualização do edifício. Seria muito útil,
no entanto, convencê-los da importância da
fase inicial e da necessidade de dedicar o tempo necessário para o desenvolvimento de várias
iterações de projeto que levam a melhores resultados.
te maior do que um edifício convencional, mas
seus custos energéticos são significativamente
mais baixos. Este facto pode, portanto, satisfazer tanto o proprietário como o inquilino. Além
disso, o valor comercial de um edifício de elevado desempenho energético é maior do que o de
um edifício convencional.
construção.
MELHOR IMAGEM AMBIENTAL
Tanto o proprietário como o inquilino beneficiam com um edifício de elevado desempenho
energético e ambiental, mostrando uma imagem “verde”.
10
e trabalhar. O Projeto Integrado baseia-se em
que exigem excelentes capacidades de comu-
sos, quer em termos de custo de investimento
(equipamento e instalação), quer em termos de
lentidão em incorporar novas formas de fazer
PRAZOS LIMITADOS
DURANTE A FASE INICIAL DO
PROJETO
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
PERCEPÇÃO DE CUSTO MAIS
ELEVADO PARA O PROJECTO
INTEGRADO
“A TIRANIA DA
COMPETÊNCIA”
Os promotores estão geralmente mais preocu-
colaboração entre os diversos profissionais.
pados com os custos de construção do que com
Contudo, é frequente que estes prossigam obje-
os custos de ciclo de vida do edifício. No entan-
tivos diferentes, o que por vezes pode conduzir
to, quando são tidos em consideração os custos
ao aparecimento de conflitos no desenvolvi-
energéticos os e custos de manutenção numa
mento do projeto. Por isso, é necessário que
fase prévia do projeto, a procura e desenho de
os profissionais não se “fechem” na sua área
soluções que proporcionam maior desempenho
de especialização, mas antes que se afoitem a
e confiabilidade tendem a merecer maior inves-
trabalhar com uma abordagem holística e coo-
timento na fase de conceção.
perante com outras especialidades.
O Projeto Integrado requer uma profunda
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
11
O QUE É O
PROJECTO
INTEGRADO?
CASO DE ESTUDO 1
Powerhouse Sandvika, Noruega
Reabilitação de um edifício de escritórios de
1980 em edifício de energia positiva. O projeto
da intervenção foi realizado durante 2013 e a
O Projeto Integrado é uma abordagem que
intervenção foi concluída em 2014. A produção
sintetiza o processo de projeto bem como as
de energia a partir de fontes renováveis irá
soluções físicas e técnicas, tendo por objetivo
equilibrar a energia necessária durante a fase
global otimizar os resultados energético e am-
operacional e energia incorporada avaliada em
bientais de um edifício ao longo de todo o seu
todo o ciclo de vida.
ciclo de vida.
http://powerhouse.no/en/kjorbo-eng
Em primeiro lugar, a fim de alcançar um elevado desempenho energético e ambiental de um
edifício, as diferentes opções ao nível de projeto devem ser consideradas e discutidas por
uma equipa multidisciplinar e cooperativa. O
desenho integrado é baseado num processo de
tomada de decisão que consiste em escolhas
informadas com base nos objetivos do projeto
e da avaliação sistemática das várias opções.
Figura 4_Estudos sobre modelos simplificados de conceito
de construção que podem ser muito úteis para a
visualização e avaliação dos prós e contras de várias
alternativas de projeto. Foto: NTNU / Ole Tolstad.
Esta abordagem para projeto de edifício está
em linha com os princípios de gestão ambiental
estabelecida pela família de normas internacionais ISO 14000, segundo a qual a identificação
e avaliação da prioridade dos objetivos e no
desenvolvimento de um plano de avaliação que
fornece a criação de oportunidades para a verificação são aspetos fundamentais.
«All of this is known technology. The secret is the
Projeto de Arquitetura: Snøhetta
Consultor Energia: Asplan Viak
way in which we worked and put things together.
Because nobody can build a plus-house alone. The
innovation lies in the collaboration»
Skanska, líder do projeto (empreiteiro geral).
12
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
Em segundo lugar, o Projeto Integrado procura
inicialmente a otimização de soluções de projeto, nomeadamente da envolvente do edifício
e de outras características, ficando para uma
fase posterior o estudo de sistemas ativos adicionais. A qualidade do ar interior, o conforto
térmico e visual, as necessidades energéticas
para aquecimento e arrefecimento são significativamente influenciadas pelas características
passivas do edifício, incluindo a sua geometria
e as propriedades dos materiais usados. Num
processo de Projeto Integrado, devem ser atin-
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
13
gidos níveis elevados de conforto e um reduzido
consumo de energia através de medidas passivas, conduzindo assim a um edifício equipado
2
com poucos (ou de menor dimensão) sistemas
ativos, embora de elevada eficiência. As esco-
Iterative
problem
solving
lhas que se relacionam com a forma do edifício,
a especificação da envolvente, a escolha de
materiais, tanto quanto possível no sentido de
prever soluções que utilizam energia solar, uso
de ventilação natural, significam reduzir o consumo de energia durante o ciclo de vida.
0
1
Project
development
Design
basis
Delivery
In use
On track
monitoring
Client requirements
Briefwriting
Construction
Documentation
and Implementation
Concept and
detailed design
2. Implementação de soluções arquitetónicas integradas que garantam um
elevado desempenho energético e ambiental, privilegiando em primeiro lugar
o recurso a soluções passivas.
14
5
3
O Projeto Integrado pode
ser definido como uma
combinação de:
1. Colaboração entre todos os intervenientes no processo de construção (cliente,
arquiteto e outros projetistas e consultores, e, possivelmente, também ocupantes futuros) já nas fases iniciais do
projeto;
4
Post completion
Monitoring
Figura 5_ Visão esquemática do processo de Projeto Integrado. O
processo criativo de resolução de problemas (2) ocorre
paralelamente ao acompanhamento dos progressos em
relação aos objetivos (3). Muitas vezes este processo
não é linear, e esta fase tem que se manter por tanto
tempo quanto necessário garantir que toda a informação relevante pode ser integrada no projeto.
Este guia concentra-se principalmente no
A natureza do Projeto Integrado depende da
denará efetivamente a organização do projeto.
primeiro ponto, isto é, como implementar um
complexidade do projeto, do tipo de contrato e
No entanto, deve notar-se que o resultado final
processo de Projeto Integrado. Embora cada
do grau de desempenho desejado. A identifica-
do projeto não depende da ação do facilitador; o
orientação para Projeto Integrado tenha a ne-
ção de objetivos é um passo fundamental para o
cumprimento ou não dos objetivos propostos é o
cessidade de ser contextualizada relativamente
desenvolvimento do projeto, pois o próprio pro-
critério de avaliação fundamental.
a uma situação específica, pode-se ainda assim
jeto dependerá dos mesmos objectivos e como
identificar as características estruturais que
estes são percebidos como uma missão conjun-
podem ser identificadas. A figura 5 mostra as
ta pelas diferentes equipas de projeto. Muitas
principais etapas de um processo de Projeto
vezes, poderá ser útil designar um “facilitador
Integrado.
do processo de Projeto Integrado” que coor-
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
15
O PROJECTO
INTEGRADO
PASSO A
PASSO
de transferir o foco do cliente da avaliação do
modelo de negócio a curto prazo para o longo
prazo.
1.1. Avaliação do nível de ambição do
projeto e discussão dos objetivos do
cliente (programa preliminar)
grama Base, o arquiteto ou consultores envol-
ao cliente, ou, eventualmente, aos futuros ocu-
vidos podem apresentar e discutir o conceito
pantes, para tentar orientar o desenvolvimento
de Projeto Integrado. Exemplos de projetos de
do Programa Base em direção a soluções sus-
demonstração podem ser utilizados e apoiar efi-
tentáveis são:
cazmente esta discussão. A implementação dos
política ambiental?
> Qual é a imagem que edifício deve
transmitir?
nómicos para a escolh a de soluções
sustentáveis (tempo de recuperação dos
etc.)?
> Quais são os requisitos para o ambiente interior (conforto térmico, luz,
penho energético alcançado pelo projeto e sua
posterior implementação (contrato de desempenho energético). Com efeito, os honorários dos
projetistas profissionais são calculados como
percentagem do orçamento total, ou então com
base uma taxa fixa dependente das horas de
trabalho acordadas. Ambas as formas de remuneração desencorajam a realização de qualquer
> Existem prioridades em caso de obje-
gia quase nulas ou ainda conseguir um determi-
jetistas procuram evitar qualquer litígio causado
tivos conflituantes (por exemplo, cus-
nado certificado baseado num sistema de ava-
pelas omissões de projeto e erros, incorrendo-
tos, prazos de execução, qualidade)?
-se por vezes em sobredimensionamento dos
sempenho global do edifício. Além disso, os pro-
ciais benefícios gerados no longo prazo por um
Não sendo uma abordagem obrigatória, o Pro-
tação dos custos calculados em todo o ciclo de
vida de um edifício pode ser uma forma eficaz
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
facilita o trabalho de equipa nos limites das
fronteiras contratuais. As palavras-chave são:
objetivos comuns consensualizados, métodos
de resolução de problemas comuns e uma busca constante para possíveis melhorias.
fício estipulando que o cliente paga para as equipas projetistas com base nos resultados obtidos.
Por exemplo, se o edifício não cumprir integralmente os objetivos do projeto (por exemplo, no
que respeita ao consumo de energia), então o
empreiteiro ou a equipa projetista pode sofrer
uma penalidade (calculada em função da diferença verifica até um valor máximo). Por outro
lado, se o desempenho do edifício for superior
ao previsto nas metas estabelecidas, então o
cliente pagará um bónus pré-contratualizado ao
empreiteiro ou equipa projetista. Obviamente,
as metas a atingir pelo desempenho do edifício
devem ser claramente estabelecidos, por forma
a verificar posteriormente o seu cumprimento.
consideração de soluções que visem a economia
de energia
sibilitar uma decisão informada. Uma apresen-
dagem de gestão de projeto estruturada que
sistemas especificados, pois não há incentivo à
Será fundamental mostrar ao cliente os potenedifício de elevado desempenho, de modo a pos-
16
Normalmente, os tipos de contratos utilizados
alcançar um edifício de necessidades de ener-
BREEAM, Lider A).
trato de parceria (partnering) que é uma abor-
cluir uma cláusula sobre o desempenho do edi-
ruído e qualidade do ar interior)?
liação de sustentabilidade (por exemplo, LEED,
Uma destas novas formas é o modelo de con-
que é aplicado.
trabalho adicional que vise a melhoraria do de-
nível de certificação energética, ou o desejo de
técnicas e um processo de projeto otimizado.
Este tipo de contrato, em parceria, poderia in-
proporcionam incentivos vinculados ao desem-
> Quais são os constrangimentos eco-
jeto por forma a se obter as melhores soluções
podendo exigir uma adaptação ao contexto em
cliente?
intenções iniciais do cliente devem ser discuti-
diversos itens, desde obter um determinado
tual pode ser diferente a nível nacional ou local,
> Quais são os objetivos do negócio do
investimentos, custos de investimento,
mais ambiciosos. Os objetivos podem incluir
princípios do Projeto Integrado a nível contra-
para contratar arquitetos e engenheiros não
Na fase de definição do programa preliminar, as
das com ele, colocando eventualmente desafios
Durante a fase de Programa Preliminar e Pro-
Exemplos de questões que podem ser colocados
> A sua organização adotou uma
PASSO 0 _
DESENVOLVIMENTO DO
PROJETO
1.1. Iniciar o Projeto Integrado e celebrar contratos de parceria
jeto Integrado pode ser incentivado por formas
alternativas de contratação. Estas novas formas
de contratação relativas a projetos de edifícios
baseiam-se na cooperação das equipas de pro-
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
17
PASSO 1 _
PROJETO BASE
1.1. Seleção de uma equipa projetista multidisciplinar, incluindo
preferencialmente um facilitador de Projeto Integrado, motivada para trabalhar em cooperação e aberta à inovação
para evitar a eclosão de conflitos de interesse.
> Orientação do terreno, acesso à ra-
A supervisão e o acompanhamento sistemático
diação solar, velocidade e direção do
da evolução do projeto durante todas as fases
vento;
devem ser realizados pelo facilitador ou por outra pessoa que tenha autoridade para desafiar o
trabalho da equipa projetista e o cliente. O faci-
> Disponibilidade de recursos naturais
no local; disponibilidade de energia so-
bre o investimento?
> Qual será a evolução dos preços de
energia e das taxas de juros?
relativamente aos objetivos inicialmente defi-
so ao mar, rios ou lagos, etc.;
> Quais serão os futuros requisitos am-
nidos. Se os objetivos ambientais são analisa-
> Caracterização do tráfego, ruído, qua-
bientais relativas a edifícios (taxas de
dos através do uso de um sistema de avaliação
lidade do ar;
ambiental, pode ser aconselhável que o facilita-
sionais especializados nas várias disciplinas ne-
dor seja um profissional acreditado de acordo
> Presença de infraestrutura de trans-
cessárias para o projeto em causa, mas porven-
com o protocolo ambiental específico escolhido
porte e fornecimento de energia (por
tura ainda mais importante, estes profissionais
(BREEAM ou LEED Accredited Professional -AP).
exemplo, redes urbanas de aquecimento ou arrefecimento).
deverão ser genuinamente capazes de trabalhar
em estreita cooperação entre eles. Como será
ção, a disposição para a cooperação e abertura
> Qual é a rentabilidade pretendida so-
lar, geotérmica, disponibilidade e aces-
litador deve reportar ao cliente qualquer desvio
A equipa projetista deve ser formada por profis-
descrito na Passo 2, a capacidade de comunica-
Mercado e Tendências
1.2. Analisar as condiçõesfronteira
à inovação devem ser as características fundamentais de todos os membros da equipa proje-
Cada projeto de construção de edifício ou de
tista. Dependendo da complexidade do projeto e
planeamento urbano está sujeito a uma série de
seus objetivos, pode haver necessidade de um
condições-fronteira e a um contexto específico
ou mais especialistas específicos incluídos na
que afetam os e o processo de projeto. As con-
equipa projetista (por exemplo, no campo do
dições típicas que podem afetar o projeto são
impacto ambiental, na engenharia de materiais,
o local da construção, muitas vezes sem pos-
em iluminação, controles, etc.) e é aconselhável
sibilidade alteração e algumas características
conhecer as expectativas individuais de todos os
peculiares do sítio de natureza sociocultural,
diferentes intervenientes no processo de cons-
urbanística (Figura 6) ou climática (Figura 7).
trução desde as fases iniciais do projeto.
Exemplos de tópicos para identificar e discutir
carbono, sistemas de certificação e etiquetagem, regulamentação, etc.)
> Quais serão as necessidades futuras
dos ocupantes relacionados com desempenho e qualidade ambiental dos
edifícios?
> Quais serão os futuros avanços tecnológicos que terão impacto sobre o desempenho ambiental de um edifício?
são:
A inclusão da figura de um “facilitador do processo de projeto” deve ser considerada, especialmente nos casos em que o projeto é complexo
e quando os seus objetivos são particularmente
ambiciosos. O facilitador deve ser contratado
pelo cliente separadamente do resto da equipa
projetista, para assegurar a coordenação e gestão eficaz do processo de Projeto Integrado e
18
Localização e terreno de
implantação
> Integração no ambiente urbano
(prédios vizinhos existentes e
previstos), arquitetura local e paisagem
envolvente;
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
Figura 6_ Local e implantação definem importantes condiçõesfronteira para o projeto de edificios.
Foto: Kirsten Sander, Sander architects, DK
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
19
1.3. Definir os objetivos de
projeto
As solicitações iniciais do cliente, por vezes imprecisas, devem ser traduzidas em objetivos
específicos e critérios concretos de projeto no
Programa Base. É ainda necessário determinar
a ordem de prioridade dos objetivos, de modo a
permitir à equipa projetista alocar recursos de
forma eficaz. Obviamente que o cliente é fundamental para a definição dos objetivos e o seu
compromisso em apoiar as soluções de elevado
desempenho energético e ambiental é imperativo.
Os objetivos devem ser funcionais e não excessivamente específicos. Por exemplo, é geralmente importante requerer uma qualidade do ar
interior agradável e de elevado nível, o que seria
uma meta desejável, enquanto que a definição
de exigências específicas sobre as taxas de renovação de ar e ou soluções técnicas específicas
destinados a atingir o mesmo resultado, seria um
objetivo não satisfatório. Deve ser explicado aos
clientes que é preferível não cristalizar soluções
em torno de objetivos excessivamente específicos: requisitos funcionais concedem uma maior
liberdade na fase de projeto, permitindo soluções mais flexíveis que são vantajosas a longo
prazo. Dito isto, objetivos funcionais devem ser
quantificáveis sempre que razoavelmente possível, a fim de facilitar a demonstração de que
eles tenham sido alcançados.
Nesta fase (projeto base) devem-se evitar soluções que conduzam a um esboço físico ou tecnológico para que o projeto não fique condicionado
muito cedo a uma solução, ou a poucas alternativas.
20
Figura 7_ Análise do clima local em Broset, Trondheim (Noruega).
O mapa mostra a radiação solar, os ventos predominantes no verão e inverno, as áreas de acumulação de ar
frio, a presença de vegetação, as áreas ocupadas e poluídas. A análise faz parte de um documento utilizado
durante uma conferência organizada por ocasião de um
concurso de arquitetura.
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
21
PASSO 2 _
SOLUÇÃO ITERATIVA DO
PROBLEMA
2.1. Facilitar a cooperação entre
os profissionais
2. Introduzir o conceito de Projeto Integrado;
3. Discutir como maximizar a contribuição
de cada um dos membros da equipa projetista e como trabalhar em conjunto;
blema”). Tradicionalmente, o arquiteto adota soluções técnicas e ambientais, especialmente relacionadas com a envolvente do edifício, de um
Planeamento Tradicional
modo lógico e visualmente apelativo e que res-
Os arquitetos e engenheiros usam geralmente
Ao mesmo tempo, o engenheiro executa todo o
diferentes métodos de trabalho. Os engenheiros
processo de conceber as análises específicas de
estão acostumados a trabalhar em problemas
todos os problemas técnicos, a fim de garantir
específicos que enfrentam de forma analítica
que todas as opções são baseadas em conside-
tanto, a fim de cooperar de forma mais eficaz, os
para identificar uma solução. Este processo é
rações, estimativas e previsões robustas e con-
arquitetos e engenheiros devem adaptar os seus
tipicamente linear e a necessidade de desenvol-
fiáveis.
4. Discutir os aspetos mais críticos do pro-
Pode-se melhorar a cooperação entre os pro-
jeto e como resolvê-los;
fissionais através da realização de workshops
programados durante o qual se podem discutir
5. Determinar os pontos-chave do projeto e
como a atingi-los.
abertamente vários aspetos do projeto. No en-
métodos de trabalho e o tipo de comunicação a
novos contextos (ver caixa “métodos de trabalho”). A competência na comunicação, a vontade
de cooperar e abertura à inovação, devem ser
características básicas de todos os membros da
equipa projetista (Poel 2002; ”A Blueprint for a
Kick-off Workshop”).
A realização de um “kick-off workshop” na fase
inicial de projeto é importante para explicar os
conceitos básicos de Projeto Integrado e reforçar o espírito de equipa. O objetivo mais importante deste workshop é criar um entendimento
ponda aos objetivos funcionais estabelecidos.
No final do workshop deve ser feito um planeamento
vimento de soluções alternativas é, em alguns
do trabalho subsequente, listando todas as ações fu-
casos negligenciável. Os arquitetos, em vez dis-
turas e agendar o próximo workshop. Devem também
so, estão habituados a dar uma perspetiva mais
ser identificadas questões que exigem uma análise
ampla e encontrar uma vasta gama de soluções
mais aprofundada e as pessoas responsáveis para
para resolver o problema. O processo de resolu-
A fim de melhorar a cooperação, arquitetos e
realizar as tarefas especificadas. Isto deve ser im-
ção de problemas, neste caso, não procede de
engenheiros deveriam adaptar os seus métodos
plementado no «Plano de controlo de qualidade” (ver
forma linear, mas segue os movimentos circular
de trabalho e mudar o modo como comunicam.
3.2).
e é mais criativo. O arquiteto elabora uma ideia
Os arquitetos devem tentar tornar mais explíci-
preliminar com base em suas próprias experiên-
tas as suas ideias conceptuais e explicá-las aos
cias e aborda o problema e a solução ao mesmo
engenheiros durante as fases críticas do proje-
tempo.
to. Devem ainda ser mais abertos a receber co-
Os tópicos abordados durante o workshop serão resumidos em relatórios a serem apresentados a todos os
profissionais envolvidos no processo de projeto. De-
mentários, sugestões e críticas de engenheiros
pois do “ kick-off workshop’ deve ser organizado um
workshop de início do projeto, que deve contar com a
Mudanças necessárias
e especialistas e esperar pela sua reação antes
de prosseguir com o desenvolvimento do pro-
verão apresentar breves relatórios sobre os aspetos
Planeamento no processo de Projeto Integrado
que pretendem chamar a atenção nesta fase e sobre
O projeto de um edifício, e em particular o pro-
mente avaliando e sugerindo ideias e soluções
a sua experiência anterior relevante para o projeto
jeto de um edifício sustentável com enfoque nas
durante a evolução do processo de projeto. As
em desenvolvimento. Para projetos menos comple-
soluções passivas, baseia-se na conceptualiza-
suas ideias e soluções devem ser apresentadas
tejam de acordo sobre a forma de alcançá-los.
xos, os dois workshops poderão fundir-se num único
ção de importantes parâmetros de projeto que
de uma forma simples, sem recurso a termino-
Sugestões para a agenda do
Workshop:
workshop. No entanto, antes de começar o processo
são resumidas num conceito do edifício. A forma
logias específicas ou gráficos, mas preferencial-
de projeto e avaliar soluções técnicas, devem ser es-
do edifício, a disposição dos espaços, a compo-
mente ajudando a visualizar as consequências
tabelecidos os objetivos do projeto (ver. 1.3). É muito
sição das fachadas constituem uma síntese que
das suas sugestões ao nível global do edifício.
importante chegar a um consenso tão amplo quanto
supostamente resolve o Programa Base (o “pro-
Na fase inicial de anteprojeto, é recomendável
comum numa fase inicial do processo de projeto
relativamente à abordagem do Projeto Integrado e uma atmosfera de uma estreita cooperação
e abertura a todos os atores intervenientes no
processo. É muito importante que os objetivos
sejam compartilhados e que os projetistas es-
1. Apresentação dos objetivos gerais
estabelecidos pelo promotor;
22
MÉTODOS DE TRABALHO
presença dos profissionais necessários, os quais de-
jeto. Os engenheiros devem interagir de forma
mais dinâmica com os arquitetos, simultanea-
possível sobre os objetivos para facilitar a tarefa de
projetar.
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
23
que o engenheiro recorra a ferramentas simples, de modo a dar um feedback imediato sobre
as várias opções apresentadas, em vez de usar
Tópicos de Planeamento Urbano:
Desenho de fachada:
superfície envidra-
ferramentas complexas que requerem longos
identificar a necessidade de contratar especia-
Estrutura compacta versus aberta, infraestrutura
çada, dimensão dos envidraçados e orientação, pro-
prazos de computação. Como equipa, arquitetos
listas para fornecer apoio adicional especializa-
de energia e potencias fontes de energia renováveis,
teção solar, sistemas de iluminação natural, abertu-
e engenheiros têm que apresentar a sua pro-
do em alguma área específica, que podem ser
radiação solar e sombreamentos, caracterização dos
ras ventilação, isolamento térmico e pontes térmicas,
posta de soluções e os respetivos impactos ao
convidados para os workshops. Idealmente,
ventos predominantes, ruído e suas fontes, poluição,
estanquicidade do edifício.
cliente.
a equipa projetista trabalharia numa base de
tráfego, disponibilidade e acesso a águas subterrâ-
cooperação diária, que seria facilitado pela pro-
neas ou de superfície, paisagem, cultivo de alimen-
ximidade física (por exemplo, mesmo edifício).
tos.
Durante as fases seguintes do processo de proje-
Contudo, como isto nem sempre é possível na
to deverão ser organizados diversos workshops,
prática, processos simples de cooperação tais
Forma e disposição do edifício:
mais específicos e focalizados entre diferentes
como emails e sistemas de partilha de informa-
profissionais. O cliente deverá ser convidado
ção podem ser importantes para pequenos pro-
para aqueles que envolvam a tomada de deci-
jetos e em casos de prazos de execução muito
sões mais importantes. As discussões podem
apertados.
Envolvente do edifício: sistema de construção, isolamento, utilização de recursos e impacto da produção, a durabilidade (técnica e estética) e
uso
facilidade de manutenção, a massa térmica, higros-
eficiente do espaço, densidade, zoneamento térmico
copicidade, qualidade do ar interior / emissões de
incluído passo dentro / fora, acesso à luz solar, as
compostos orgânicos voláteis, gestão de resíduos e
estratégias de ventilação, sistemas de aquecimento
potencial de reciclagem.
e arrefecimento passivo, distribuição, de ar, flexibilidade de uso e suscetibilidade a futuras alterações.
Instalações mecânicas:
AVAC (Aqueci-
mento, Ventilação e Ar Condicionado), estratégias de
projeto de sistema de iluminação, sistemas de con-
AS PRINCIPAIS PREOCUPAÇÕES DO PROJETO AMBIENTAL
PROGRAM
Goals
Market and Legislation
Climate
Surroundings
24
trolo e monitorização.
Urban planning
Building form
Facade design
Building fabric
Compact or open
Deep or shalow plan
Glazing ratio
Insulation value
Regular or Irregular
Cellular or open plan
Glazing distribution
Orientation of spaces
Facade orientation
Ventilation openings
Mixed or zoned
Courtyards or atria
Shading strategies
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
Thermal mass
Mechanical service
HVAC systems
DHW systems
Toxicity and health
Lighting systems
Embodied energy
Control systems
Figura 7: Fases do processo de projeto; K. Steemers 2006/ I.
Andresen 2009 (www.intendesign.com)
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
25
2.2. Adotar regras para o pensamento analítico e criativo no
processo de projeto
2.3. Discutir e avaliar múltiplas
opções
Durante esta fase, seria conveniente debater
MONITORIZAÇÃO
O projeto pode ser considerado como um pro-
sua resolução subsequente. Além disso, o clien-
abertamente sobre as opções conceptuais rela-
cesso iterativo de procura de solução, que inclui
te e a equipa projetista devem estar cientes de
tivamente aos objetivos e prioridades, os custos
a identificação dos aspetos críticos do projeto,
que raramente a primeira proposta do projeto
e outras implicações. Deveria também ser dis-
3.1. Usar metas como meio de
medir o sucesso das propostas de
projeto
a recolha de dados, a análise de problemas, a
será a solução ideal. Pelo contrário, o projeto de
cutido como as várias opções conceptuais po-
criação de ideias e seleção das opções. Estes
construção é um processo cíclico que pode levar
dem ser ainda melhoradas no que diz respeito
As metas estabelecidas devem ser permanen-
passos envolvem a adoção de um pensamento
várias iterações que resultam da formulação de
ao desempenho energético e a outros objetivos,
de tipo criativo e também analítico, e requerem
opções de projeto, avaliação, verificação e su-
e que implicações que estas melhorias implica-
a alternância entre a análise de um problema e a
cessivos ajustes.
riam. Propor e avaliar conceitos alternativos é
geralmente parte de qualquer processo de projeto, devendo esta fase permanecer em aberto
durante o tempo suficiente para que todos os
aspetos relevantes sejam considerados.
Critical Thinking
2.4. Finalizar a proposta de
projeto
Brainstorm solutions
Evaluate solutions
and choose one
Na última fase do processo da procura de solução, o cliente é geralmente envolvido na decisão da proposta a adotar. As várias propostas
Innovate the solution
Make improvements
devem ser apresentadas de forma clara, bem
mente implementadas. Também é importante
que se tenha consensualizado o método de avaliação de avaliação do desempenho do projeto
de edifício. Alguns sistemas de avaliação enercedimento documental que contribui para salvaguardar a definição das metas estabelecidas.
Porém, o uso de um destes esquemas não deve
dissuadir o cliente e a equipa projetista de estabelecer e monitorizar outras metas que recaiam
fora do referido esquema.
mento de metas, como por exemplo, o Custo do
O “Programa de Garantia de Qualidade” descre-
cedimento deve ser planeado nas fases subsequentes do projeto de execução.
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
às opções projeto sejam respeitados e efetiva-
rais a atingir. Uma verificação final de cumpri-
ser medida o desempenho do edifício, este pro-
Figura 8: Solução de problemas de forma criativa. Quer o pensamento criativo quer o pensamento analítico são
necessários no processo de projeto. Guias e literatura
especializada na solução de problemas de forma
criativa podem ser ferramentas úteis em workshops
tal como no subsequente processo de projeto (ver, por
exemplo, www.creativeeducationfoundation.org/our-process/what-is-cps
garantir que as decisões tomadas relativamente
3.2. Elabore um programa de
controlo de qualidade
Ciclo de Vida, deve ser também efetuada. Se vai
Implement the solution
conceção e durante a fase de construção, para
que foram desenvolvidos pela equipa projetista
como a sua avaliação perante os objetivos ge-
Critique the solution
temente acompanhadas, tanto durante a fase de
gética ou ambiental obrigam a manter um pro-
Creative Thinking
Analyze the problem
26
PASSO 3 _
ve os objetivos gerais do projeto. Trata-se no
fundo de uma versão do Programa Preliminar
orientada para a descrição dos objetivos a atingir. Representa os requisitos do cliente especificando as metas por cada requisito estabelecido.
Poderá também ser útil no estabelecimento de
prioridades ou na ponderação das diversas metas. É de crucial importância que o Programa
de Garantia de Qualidade esteja profundamen-
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
27
te enraizado nos decisores do projeto, devendo
litador de Projeto Integrado, este será responsável
> A cada alteração e solução alternati-
ou então externamente contratadas. As peças
merecer igual estatuto de importância que o or-
por efetuar a supervisão. Em qualquer caso, com ou
va ou a utilização de material é compa-
desenhadas finais e o manual do utilizador para
çamento e o prazo de execução.
sem facilitador, é importante quer que seja o supervi-
rado com o conceito inicial para evitar
a operação do edifício devem ser entregues ao
sor, ele tenha autoridade para desafiar a equipe pro-
soluções e detalhes inconsistentes;
cliente ou proprietário no momento da entre-
O Programa de Garantia de Qualidade deve ser
seguido por um “Programa de Controlo da Qualidade”. Este Programa é uma ferramenta para a
equipa projetista, tratando-se de um documento
jetista e o cliente, devendo ainda reportar ao cliente
em tempo real sobre a evolução do projeto face aos
objetivos inicialmente fixados.
que torna possível para o proprietário do edifí-
> Os parâmetros técnicos dos componentes básicos devem ser documentados por causa de sua influência sobre
realização dos objetivos.
cio acompanhar e verificar o cumprimento das
durante as fases de projeto e construção do edifício, e especifica qual o profissional que é res-
PASSO 4 _
ENTREGA
ponsável por cada tarefa. A introdução de um
esquema de avaliação ambiental, como seja o
BREEAM, LEED, Líder A, podem ser introduzido
como um Programa de Controlo da Qualidade e
podem constituir uma ferramenta útil na avaliação e controlo da documentação.
4.1. Assegurar que os objetivos
estão bem definidos e comunicados
no projeto de execução e nos
documentos contratuais
O cliente e a equipa projetista deverão assegurar que
3.3. Avalie o projeto e documente
os resultados em momentos
críticos
dade o projeto proposto. O cliente deverá também assegurar que o empreiteiro geral toma a responsabilidade de atingir os objetivos do projeto. É importante
que os níveis de qualidade estabelecidos durante a
todo o processo de procura de soluções. A tran-
fase de projeto sejam observados na fase de constru-
sição de uma fase de projeto para outra pode ser
ção do edifício. Durante esta fase é necessário ter em
considerada um ponto crítico, em que se deve
atenção que:
mar decisões importantes e em que será produzida documentação relevante.
28
o potencial empreiteiro geral conheça em profundi-
Os objetivos devem ser monitorados durante
avaliar a situação atual do projeto, se devem to-
objetivos iniciais do projeto. O pessoal técnico
que lidar com a gestão futura do edifício e/ou
o utilizador final devem ser informados sobre o
desempenho da construção e devem familiarizar-se com os sistemas técnicos e tecnológicos
metas. O Programa de Controlo da Qualidade
define metas e submetas, define pontos críticos
ga. Deve também ser incluído a informação dos
> Os documentos relativos ao projeto de
execução e ao contrato de atribuição de trabalhos devem especificar o papel do emprei-
A documentação pode incluir atualizações do
teiro geral e dos subempreiteiros nas ações
Programa de Garantia da Qualidade e do Plano
de verificação e documentação dos objetivos
de Controle de Qualidade, informações sobre
que se relacionam com o elevado desempe-
balanço de energia e especificações de desem-
nho energético e ambiental durante o pro-
penho. Se o projeto envolve a figura de um faci-
cesso de construção;
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
4.2. Motivar e formar os
trabalhadores da construção e
aplicar testes de qualidade
instalados.
Um programa de monitorização dos sistemas
deve ser recomendado ao cliente ou proprietário, em particular se existem partes experi-
Deve ser assegurada a motivação e formação
mentais. O pessoal que opera e os utilizadores
dos trabalhadores sobre as operações de cons-
devem ser informados e familiarizados com a
trução mais cruciais e a utilização de materiais
operação dos sistemas.
e técnicas, nomeadamente no que diz respeito
a pontes térmicas, estanquicidade ao ar, utilizar
materiais de baixo impacto ambiental e implementar a recolha seletiva de resíduos. É aconselhável efetuar controlos aleatórios e testes
parciais de qualidade, especialmente nos momentos cruciais da construção do edifício.
PASSO 5 –
USO DO EDIFICIO
5.1. Receção do edifício
(commissioning)
A receção do edifício (commissioning) é o ato
4.3. Redigir um manual de
operação e manutenção para o
utilizador do edifício
Após a conclusão da construção do edifício, os
dados de projeto e desempenho e todas as informações sobre os componentes e materiais
utilizados devem ser atualizados e recolhidos
para fornecer a informação final que poderá ser
utilizada pela futura operação do edifício, tipicamente através de funções de Facilities Management (FM) internas ao proprietário ou inquilino,
final da construção de um edifício em que uma
entidade competente considerar, após uma detalhada observação do edifício e dos seus sistemas e equipamentos, bem como a realização
de inúmeros testes, que as obras foram executadas de forma profissional e de acordo com as
especificações do projeto e das regras de arte
aplicáveis, as disposições contratuais e alterações aprovadas durante a fase de construção. A
receção do edifício é obrigatória para as obras
públicas.
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
29
5.2. Monitorizar o desempenho do
edifício
A monitorização do desempenho do edifício
é uma base para avaliação holística ao longo
do tempo. A monitorização deverá ser planeada na fase de conceção e iniciada logo após a
conclusão do edifício. De preferência, uma base
alargada para a avaliação do desempenho do
PARTE 2
edifício deve ser utilizada, e uma combinação
de dados é frequentemente necessária para
avaliar cabalmente se os objetivos foram atingidos. Por exemplo; é de pouca utilidade se um
edifício apresenta um excelente desempenho ao
nível do uso de energia, se os ocupantes estão
insatisfeitos com ruído e com a má qualidade do
ar interior e, como consequência, o edifício está
abandonado.
As informações sobre o consumo real de energia são de grande importância quando se avalia
o impacto global das medidas escolhidas. Como
uma série de relatórios relatam discrepâncias
entre a energia calculada e a energia efetivamente consumida, são levantadas questões sobre se a modelização de sistemas energéticos
GUIA DE
PROJETO
INTEGRADO
para o cliente
pode refletir ou não resultados esperados. Além
disso, uma vez que o padrão de elevado desempenho energético envolve geralmente volumes
alargados de materiais como isolamentos térmicos, bem como um aumento de instalações
técnicas, os impactos desses investimentos
extras pode ser avaliado através de análises do
ciclo de vida (LCAs), e comparados com ganhos
reais. De fato, avaliações da construção de edifícios, incluindo o acesso a dados de monitorização, combinados com as análises do ciclo de
vida, pode dar um feed-back sobre as políticas
de construção e os códigos.
30
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
31
O QUE É O
PROJECTO
ENERGÉTICO
INTEGRADO?
O conceito de Projeto Integrado (em inglês, ID,
Integrated Design) tem por objetivo a a otimiza-
RESUMO
sua implementação baseia-se na adoção de um
processo de projeto integrado, multidisciplinar,
colaborativo e que se estende ao longo de todas
as fases do processo de construção, em particular desde as fases iniciais da conceção da intervenção até à construção e operação do edifício.
O Projeto Integrado proporciona benefícios de
redução custos e de riscos para os clientes que
adotam esta abordagem, bem como como para
os ocupantes dos edifícios. Este resumo tem por
finalidade apresentar estes benefícios e encorajar os clientes a incorporar ID como requisito
nos documentos de seleção dos seus consulto-
32
As reduções de custos são conseguidas através
quase zero.
de uma maior coordenação e racionalização do
O processo de Projeto Integrado é uma evolução
processo de projeto que é melhor entendida pelo
das melhores práticas atuais para o desenvolvi-
A propensão para a Parceria e colaboração é
mento de uma conceção de construção na cons-
muito forte e é demonstrado pelos vários rela-
trução. O Projeto Integrado promove o envolvi-
tórios que estudam a indústria da construção e
mento do núcleo principal da equipa projetista
que convidam a uma maior colaboração, a fim
em fases muito iniciais, desde logo para analisar
de diminuir a confrontação no sector dos edifí-
e refinar a documentação do Programa Preli-
cios. Durante décadas, esses relatórios permiti-
O processo de Projeto Integrado pode também
minar emitida pelo cliente. O cliente e a equipa
ram identificar os benefícios que todas as partes
funcionar perfeitamente com a adoção do Build-
do núcleo vão então explorar várias opções de
podem retirar a partir de uma abordagem mais
ing Information Modelling (BIM). BIM é um con-
conceito que satisfaçam o Programa Preliminar
cooperativa no processo de conceção de um edi-
junto organizado de dados relativos ao projeto
através de um processo de projeto interativo. O
fício.
(frequentemente em 3D mas nem sempre) que é
núcleo da equipa projetista, com um potencial
para uma melhor interação entre a envolvente
do edifício e os seus sistemas, produzindo frequentemente economia significativas.
Projeto Integrado tem a capacidade de oferecer
desenvolvido pela totalidade da equipa projetis-
uma solução de projeto de construção mais oti-
ta e, assim, encaixa na abordagem colaborativa
mizada comparativamente com os processos de
projeto tradicional.
ção dos resultados energético e ambientais de
um novo edifício ou na fase de reabilitação. A
aparecimento em 2020 de edifícios de energia
BENEFÍCIOS PARA O CLIENTE
- CAPITAL REDUÇÃO DE
CUSTOS
do Projeto Integrado.
BENEFÍCIOS PARA O CLIENTE
– REDUÇÃO DE RISCOS
CONTEXTO
Com a adoção de uma abordagem de Projeto
O Projeto Integrado nasce de uma combinação
o custo de capital total do projeto. No entanto,
A abordagem colaborativa que está implícita no pro-
lógica de dois conceitos: Sustentabilidade e Par-
esta redução global de custos é obtida em fa-
cesso de Projeto Integrado reduz o risco ineren-
cerias.
ses posteriores do projeto, resultando as etapas
te aos processos de projeto e de construção de
iniciais do trabalho de projeto em custos ligeira-
edifícios, através de uma melhor coordenação
mente mais elevados através de honorários de
em fases inicias do desenvolvimento do projeto
projetistas, pois o núcleo da equipa de projeto
e a um melhor entendimento dos princípios as-
deve desenvolver o esquema de projeto otimiza-
sumidos pelos vários atores chave.
A propensão da União Europeia em relação à
adoção de soluções de construção sustentável
e ao baixo consumo energético está bem documentada e conduziu à criação de vários sistemas
de avaliação do impacto ambiental, seja à escala
Integrado pode-se provar que é possível reduzir
do.
O risco pode ser demonstrado a partir de pro-
nacional ou local, bem como a certas obrigações
O ligeiro aumento de custos de projeto relacio-
cessos-tentativa de Projeto Integrado em igua-
em termos de planeamento e de estímulo ao uso
nado com o núcleo da equipa projetista é com-
lar XX% do custo do projeto, ou estimado em as-
de fontes renováveis de energia.
pensado através da melhoria da solução produ-
cender a YY% do programa de projeto.
res no projeto de construção de edifícios. Esta
Esta propensão foi formalizada em maio de 2010
abordagem está a ser promovida ao nível da
pela adoção da Diretiva Europeia relativa ao de-
União Europeia como um meio privilegiado de
sempenho energético dos edifícios (EPBD recast),
atingir as exigências dos edifícios de necessida-
que introduziu o conceito de edifícios de neces-
des de energia quase nulas (nZEB).
sidades de energia quase nulas e que levará ao
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
zido através do Projeto Integrado. Tipicamente,
uma abordagem do tipo Projeto Integrado vai
adicionar 0,2% aos custos de projeto antes da
fase de planeamento, mas conduz a 3% de redução de custos do capital total investido.
guia de projeto integrado para a construção de edifícios de necessidades de energia quase nulas
33
PROJECTO INTEGRADO
assim assegurar que os questionários ade-
na contratação. Mais detalhes sobre este pas-
uma abordagem de Projeto Integrado. quados, recolha de dados e estudos são todos
so, incluído exemplos de partes de Programas
Mais detalhes em http:///www.website.eu/page
Não há requisitos obrigatórios acerca do pro-
orçamentados para os desenvolvimentos ini-
Preliminares e metas podem ser encontrados em:
cesso de Projeto Integrado e assim cada Clien-
ciais e rececionada tão cedo quanto possível.
http://www.bre.co.uk/integrateddesign.co.uk
te pode escolher a abordagem de Projeto Inte-
Mais informação pode ser encontrada em: grado que melhor se adapta aos seus objetivos e
http://www.intend.com/madeuplink
PASSO 2.1 - 2.3 - Várias opções de
projeto
O workshop final para a equipa de projeto e para
PASSO 1.3- Refinar o Programa
Preliminar e Metas
Uma diferença óbvia entre o Projeto Integrado
deve assegurar que o núcleo da equipa proje-
e o processo tradicional de projeto é que, para o
tista apresente toda a informação necessária a
Inevitavelmente, o Cliente terá expectativas para
projeto de conceção, a equipa projetista deverá
esta reunião, e que qualquer conhecido Inquili-
PASSO 1.1 – Constituição da
equipa de projeto
aquele local (especialmente se o terreno ou edifí-
apresentar várias propostas alternativas. Isto
no ou utilizador do edifício esteja presente para
cio já tenha sido adquirido ou já exista um poten-
ajuda a reduzir o risco de um único projeto de se
contribuir pata a seleção final da opção a ser de-
cial inquilino). Este passo formaliza o Programa
tornar eventualmente “muito precioso”, enquan-
senvolvida.
Na base do Projeto Integrado, deve ser nomea-
Preliminar e permite à equipa projetista a oportu-
to permite que outras abordagens sejam explo-
da um núcleo da equipe projetista que é prepa-
nidade de rever aspetos que restringem ou condi-
radas. O Cliente deverá assegurar que qualquer
rada desde o início para trabalhar em estreita
cionam a otimização de projeto ou dos custos. Na
Inquilino conhecido estará envolvido neste pro-
colaboração e em ambiente de franca abertura,
prática, a melhor abordagem é frequentemente
cesso, e que a contratação da equipa projetista
pronta para atender aos objetivos do cliente e ao
convocar uma reunião aberta ou workshop, ten-
reflete os requisitos, com tempos de execução e
Uma vez que o projeto final seja selecionado, o
mesmo tempo trabalha para garantir soluções
do o Programa Preliminar do Cliente circulado
custos suficientes, para responder a esta abor-
Programa Preliminar e metas devem ser atua-
ambientais e energéticas de elevado desem-
previamente, informando desde logo que será
dagem.
lizados para representar corretamente aquilo
penho. Por esta razão, o Cliente devem assim
solicitada uma opinião na reunião.O Cliente deve-
formar o núcleo da equipe do projeto numa fase
rá assegurar que é alocado suficiente tempo de
inicial do projeto.
execução e orçamento para esta fase, e sempre
prioridades. No entanto, descreve-se de seguida
um enquadramento típico pata o Projeto Integrado que poderá ser adotado, enfatizando os
passos e a informação adicional disponível.
Recomendações especificas para alterações
na documentação da designação no núcleo da
que um futuro inquilino já exista, deve também
ser convocado para este processo.
equipa de projeto, pode ser encontradas em: http://www.integrateddesign.com/appointments
A segunda parte desta etapa é de transferir o
consensualizado Programa Preliminar em objeti-
34
PASSO 2.4 - Finalização do projeto
o Cliente deve selecionar um projeto otimizado
que satisfaça o Programa Preliminar. O Cliente
PASSO 3.1 - 3.3 – Monitorização
que é pretendido construir. Sempre que estiveO desenvolvimento do conceito de projeto deve-
rem presentes Inquilinos, estas atualizações
rá acontecer a um nível básico (pouco mais do
serão também necessárias para requerer um
considerar modelos de massa). Todos os concei-
Contrato de Empréstimo. O Programa Prelimi-
tos de projeto iniciais devem ser avaliados por
nar atualizado e metas associadas podem ser
modelos energéticos básicos, quer ao vivo du-
usados como obrigações contratuais, pagamen-
rante um workshop, quer com resultados a dis-
to de incentivos, ou fornecimento de dados pata
cutir no próximo workshop. Simultaneamente
a equipa projetista e para o Cliente. O Programa
com a modelização energética básica, a equipa
Preliminar deverá alimentar diretamente o an-
projetista deverá, em atitude de franca colabo-
teprojeto e o projeto de execução, sendo as me-
ração, discutir as vantagens e desvantagem de
tas específicas incluídas nesses documentos.
PASSO 1.2- Análise do local
vos claros para a equipa projetista corresponder
Toda a informação disponível sobre os fatores
o edifício construído. Estes objetivos constituem
ambientais que caracterizam local deve ser
indicações chave para o sucesso do processo e
Um conjunto de workshops, juntamente com os
de Cliente para os várias fases do projeto po-
recolhida pela equipa projetista, e apresen-
fornecem um meio de avaliar o trabalho produ-
requisitos de avaliar quer analiticamente quer
dem ser encontradas em: tada num formato de fácil entendimento a
zido pela equipa projetista. Sempre que possí-
criativamente os diversos conceitos de projeto
http://www.intergratedDesign.eu/targets
todas os agentes envolvidos. O Cliente deve
vel, estas metas claras devem ser incorporadas
em fase inicial, são as diferenças tangíveis de
durante a fase de projeto, de construção e com
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cada opção numa série de workshops.
Mais informação, incluindo exemplos de metas
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PASSO 4.1 - 4.3 – Entrega
Tal como acontece com todos os projetos de
construção verdadeiramente bem-sucedidos, o
Projeto Integrado depende da comunicação de
importantes mensagens, em particular o Programa Preliminar e as metas, através da equipa
associado ao processo de construção do edifício. Deve-se incluir os objetivos de Projeto Integrado nos documentos de projeto de execução
e de contratualização para execução dos trabalho, mas sem esquecer planos de comunicação
destes objetivos no local.
Sempre que necessário, considerar a formação
no local para que técnicas importantes sejam
apreendidas. O Projeto Integrado é também dependente da comunicação dos métodos ótimos
de utilização para os utilizadores finais do edifício. A este respeito, um Manual do Utilizador,
ensaios de receção do edifício e o envolvimento
atempado do pessoal de gestão do edifício é importante. Para mais informação, por favor ver:
http://www.softlandings.co.uk/madeup
http://www.bre.co.uk/sitesustainability
http://www.integrateddesign.eu/userguide
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