OS EFEITOS DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, NA INTENÇÃO DE COMPRA E NO BENEFÍCIO PERCEBIDO DOS ACADÊMICOS DA FACULDADE DA SERRA GAÚCHA. RAFAEL DE LUCENA PERINI Faculdade da Serra Gaúcha [email protected] BERNARDETE CRISTINA REZENDE Faculdade da Serra Gaúcha [email protected] OS EFEITOS DAS AÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, NA INTENÇÃO DE COMPRA E NO BENEFÍCIO PERCEBIDO DOS ACADÊMICOS DA FACULDADE DA SERRA GAÚCHA. Crescente é a preocupação com danos causados à sociedade e ao meio ambiente pelas atividades empresariais. O consumidor passou a tomar consciência dos problemas socioambientais, e assim, valorizar organizações que assumem posição ética perante a sociedade. Com isso, ações de responsabilidade socioambiental passaram a fazer parte das estratégias organizacionais. Considerando esta nova realidade, o objetivo deste estudo consiste na análise dos efeitos das ações de responsabilidade socioambiental, na intenção de compra e no benefício percebido pelos acadêmicos da Faculdade da Serra Gaúcha. Foi consultada a literatura acerca do tema, conceitos como: responsabilidade socioambiental, consciência ambiental, consumo sustentável, valor percebido - benefício versus sacrifício e marketing social. Sendo os principais autores pesquisados, Reis e Medeiros (2011); Ribeiro e Viega (2011); Engel; Blackwell e Minardi (2000); Ferreira; Ávila e Faria (2010); Kotler e Armstrong (2003) e Hair et al. (2005). A metodologia de pesquisa foi um estudo causal/ experimental, através de questionário estruturado, aplicado a dois grupos de estudo -experimental e de controle. Analisada conforme a técnica estatística descritiva. O resultado obtido mostra que os estudantes percebem um benefício adicional na troca com empresas socioambientalmente responsáveis, e se disponibilizam a pagar mais por produtos que não prejudiquem a sociedade e o meio ambiente. Palavras-Chave: Responsabilidade Socioambiental. Benefício Percebido. Consumo Sustentável. THE EFFECTS OF ENVIRONMENTAL ACTIONS OF LIABILITY IN THE INTENTION OF BUYING AND PERCEIVED BENEFIT OF ACADEMICS FROM FACULDADE DA SERRA GAÚCHA – CAXIAS DO SUL – RS There is a growing concern about the damage to society and the environment due business activities. Consumers became aware of social and environmental problems, and thus, they give more value to organizations that take ethical position towards society. Consequently, socioenvironmentally responsible actions have become part of the organizational strategies. Given this new reality, the objective of this study is to analyze the effects of socio-environmental actions on the purchase intention and perceived benefit of students from Serra Gaucha University. Literature was consulted on this subject with concepts such as: socio-environmental responsibility, environmental awareness, sustainable consumption, perceived value - benefit versus sacrifice and social marketing. The main authors surveyed are: Kings and Medeiros (2011); Ribeiro and Viega (2011); Engel; Blackwell and Minardi (2000); Ferreira; Avila and Faria (2010); Kotler and Armstrong (2003) and Hair et al. (2005). The research methodology was a causal / experimental study, using a structured questionnaire that was applied to two groups of study – experimental and control. It was analyzed according to a descriptive and statistical technique. The obtained result shows that students notice an additional benefit to exchange with socio-environmentally responsible companies, and they assume to pay more for products that do not harm society and the environment. Keywords: Environmental Responsibility. Perceived Benefit. Sustainable Consumption. XVI ENGEMA 2014 1 INTRODUÇÃO A crescente preocupação com impactos sociais e ambientais causados pelas atividades empresariais traz à tona a necessidade de se estudar conceitos relacionados com a responsabilidade socioambiental. A partir da década de 1990, os consumidores passaram a tomar consciência dos problemas causados pela forte industrialização e pelo consumo excessivo. E assim, a querer interagir com empresas que assumam uma conduta ética no mercado e atuem de forma socioambientalmente responsável. (Tachizawa e Andrade, 2008). De acordo com Levek et al. (2002), muitas organizações tem se utilizado desta prática, para demonstrar sua função social perante a comunidade na qual está inserida. O conceito de responsabilidade socioambiental, segundo os autores Borger (2001); Machado Filho (2002); Zylberstztjajn (2000) conglomera a noção de que a empresa é responsável pelas implicações que suas atividades geram para a sociedade. Indicando a mesma a manter um permanente comprometimento com o bem-estar de seus stakeholders e da sociedade em geral, o que engloba a preocupação com a preservação do meio ambiente. Ashley et al. (2005) aponta ainda, que a empresa obtém benefícios com a prática de ações socioambientais. É uma relação “ganha-ganha”, ou seja, beneficia o meio-ambiente e a sociedade, mas também pode representar um diferencial competitivo para a empresa (DIAS, 2009). Ações como participar de ações sociais e ambientais, fazer parcerias com ONGs (Organizações Não Governamentais), usar rotulagem ecológica e outros recursos, podem fortalecer a identidade da empresa. (Araujo, 2006). O autor, ainda declara que o consumidor possui cada vez mais interesse no impacto causado pelos produtos e serviços oferecidos pelas organizações, tanto sobre o meio ambiente, quanto, sobre bem estar da sociedade. Assim, enfatiza-se discutir qual a relevância entre a adoção de práticas socioambientais, a percepção dessas ações pelos consumidores e a sua intenção de compra. Atitudes de consumo sustentável estão diretamente ligadas à consciência ambiental dos consumidores. Gonçalves-Dias et al. (2009) explanam que a consciência ambiental pode ser definida como a tendência de um indivíduo a se posicionar de maneira a favor ou contra, frente a assuntos ligados a preservação ecológica. Bem como, segundo o Instituto AKATU (2010), o consumidor sustentável é aquele que leva em consideração os impactos que seus atos de consumo podem causar ao meio ambiente e a sociedade. O método de pesquisa utilizado nesta investigação foi o de um estudo experimental/causal, para determinar as causas e efeitos acerca de hipóteses apresentadas a dois grupos. Sendo, o grupo experimental que recebeu um questionário estruturado com informações sobre responsabilidade socioambiental e o grupo de controle que recebeu o mesmo questionário, porém, sem conter as informações sobre o assunto estudado. Com uma abordagem quantitativa, ambos foram aplicados a estudantes de administração da Faculdade da Serra Gaúcha. Os dados obtidos foram mensurados estatisticamente, e analisados em conjunto com a literatura. O problema de pesquisa proposto neste estudo procurou saber: “Quais os efeitos das ações de responsabilidade socioambiental, na intenção de compra e no benefício percebido pelos acadêmicos da Faculdade da Serra Gaúcha?” Assim, tem como objetivo geral, investigar os efeitos das ações de responsabilidade socioambiental, na intenção de compra e no benefício percebido pelos acadêmicos da Faculdade da Serra Gaúcha. Bem como, objetivos específicos: avaliar a consciência ambiental dos universitários da FSG. Aferir as atitudes quanto ao consumo XVI ENGEMA 2014 2 sustentável dos mesmos. E analisar e comparar a intenção de compra dos estudantes, quanto aos dois grupos de pesquisa. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL Os primeiros indícios de ações socioambientais pelas organizações datam do século XIX Greenfield (2004) (apud Corrêa e Vieira, 2008). Mas a evolução do conceito de responsabilidade socioambiental nas empresas só se deu por volta de 1950, nos Estados Unidos. O tema ganhou importância com sua disseminação na Europa, entre as décadas de 1960 e 1970. E no meio empresarial brasileiro efetivamente nos anos 90, quando as organizações aumentaram sua atuação na área social Parente (2004). Segundo Melo Neto e Froes (2001, p. 26-27) a responsabilidade socioambiental: [...] busca estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva. Sua ética social é centrada no dever cívico [...]. As ações de responsabilidade socioambiental são extensivas a todos os que participam da vida em sociedade – indivíduos, governo, empresas, grupos sociais, movimentos sociais, igreja, partidos políticos e outras instituições. Afirmando este conceito, Parente (2004) também ressalta que a responsabilidade socioambiental engloba vários setores: governo, empresas, organizações não governamentais e todos os cidadãos. Mas é no setor empresarial que pode tornar-se mais significativo, em razão do poder econômico que as organizações concentram e a capacidade de estimular seus colaboradores a contribuir com a melhoria da sociedade. A responsabilidade socioambiental delega um caráter altruísta à empresa. Relacionando investimentos em melhoria de vida para a comunidade, proteção ao meio ambiente e direito aos consumidores. Os quais se justificam segundo Reis e Medeiros (2011) por uma questão mercadológica; os lucros adviriam no longo prazo, devido a melhorias na imagem da empresa perante a sociedade, mesmo que, em curto espaço de tempo representassem custos à empresa. Analogamente Churchill e Peter (2000, p.41) ressaltam que “a aceitação da responsabilidade socioambiental empresarial, baseia-se, em parte na visão de que ela interessa para a empresa”. Logo, valores que enriquecem o bem-estar da sociedade estariam relacionados a interesses econômicos conforme os autores (REIS E MEDEIROS, 2011). Para Ashley et al. (2005), a expressão socioambientalmente responsável implica para a empresa em: valorizar seus empregados, garantir os direitos dos acionistas, prosperar relações com seus clientes e fornecedores, manter ou apoiar programas de preservação ambiental, respeitar e atender a legislação pertinente à sua atividade, recolher impostos, e ainda realizar e apoiar ações que visem eliminar problemas sociais. Ademais a empresa deve possuir os conceitos de ética e transparência como princípios básicos de sua conduta. O autor aponta que a organização obtém benefícios com esses aspectos, representados por melhor visibilidade, maior demanda e valorização de suas ações, preferência por parte dos investidores, diferenciação na visão dos consumidores, criação de produtos novos, fortalecimento interno e sustentabilidade nos negócios. Os autores Machado Filho e Zylberstztajn, (2004) conceituam responsabilidade socioambiental como o encargo da empresa com os efeitos que suas atividades geram para a sociedade. E ainda, recomendam a mesma a manter um constante empenho com o bem-estar de seus colaboradores, consumidores, fornecedores – os chamados stakeholders - e da sociedade em geral, o que engloba a preocupação com a preservação do meio ambiente. XVI ENGEMA 2014 3 Quanto às questões ambientais, a Comissão Mundial sobre meio ambiente e desenvolvimento (1991) ressalta que os governos globais e as instituições multilaterais, devem ter cada vez mais consciência da impossibilidade de separar o desenvolvimento econômico, das questões relacionadas ao meio ambiente. A economia e a ecologia precisam andar entrelaçadas, em uma rede de causas e efeitos. Assim sendo, chega-se ao conceito de desenvolvimento sustentável, que nada mais é, do que a capacidade de atender as necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras de atenderem as suas, tanto no âmbito social como ambiental. Para se chegar à obtenção de desenvolvimento sustentável é preciso o esforço de todos: governo, empresas, organizações não governamentais e da comunidade em geral, como uma responsabilidade coletiva. O conceito de desenvolvimento sustentável abarca as dimensões de sustentabilidade ambiental, econômica e social Dias (2009). De acordo com Kruter; Barcelos e Silva (2011) atualmente as empresas estão usando essas dimensões, como forma de posicionamento e diferenciação da concorrência. A motivação para as empresas focarem no desenvolvimento sustentável é a de uma relação “ganha-ganha”, ou seja, beneficia o meio-ambiente mas também pode representar um diferencial competitivo para a empresa. CONSCIÊNCIA AMBIENTAL E CONSUMO SUSTENTÁVEL A partir dos anos 90, o consumidor passou a tomar consciência dos problemas ambientais e sociais causados pela forte industrialização e pelo consumo excessivo, e passou a querer “[...] interagir com as organizações que sejam éticas e tenham boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma socioambientalmente responsável” (KTACHIZAWA; ANDRADE, 2008, p.2 apud KRUTER; BARCELOS e SILVA, 2011). Consciência ambiental pode ser definida como a tendência de um indivíduo a se posicionar de maneira a favor ou contra, frente a assuntos ligados a preservação ecológica Gonçalves-Dias et al. (2009). Por conseguinte pessoas com maiores níveis de consciência ambiental tenderiam a posicionar suas ações e decisões, com maior preocupação no impacto que as mesmas causariam ao meio ambiente, é o que afirmam os autores (BEDANTE e SLONGO, 2004). De acordo com Santos e Silva (2011) se fazem necessárias, além da consciência ambiental, discussões relacionadas ao consumo sustentável. Para este estudo adotou-se conceito de consumo sustentável do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento, para a qual: “O consumo sustentável significa o fornecimento de serviços e de produtos correlatos, que preencham as necessidades básicas e deem uma melhor qualidade de vida, ao mesmo tempo em que se diminui o uso de recursos naturais e de substâncias tóxicas, assim como as emissões de resíduos e de poluentes durante o ciclo de vida do serviço ou do produto, com a ideia de não se ameaçar as necessidades das gerações futuras” (PNUD, 1998, p.65 apud SANTOS e SILVA, 2011). Para os autores Silva et al. (2011), o consumidor é um dos eixos fundamentais para a efetivação do consumo sustentável, já que possui condições e poder de influência sob as organizações e o Estado. Uma vez que, de acordo com o Instituto Akatu (2010), o ato de consumo é um ato de poder, quando utilizado positivamente, passa a ser um agente transformador da sociedade, um consumidor consciente. Difundo no Brasil, principalmente pelo Instituto Akatu (2010) o termo mais utilizado é o de consumo consciente. Conforme estudos realizados pela ONG, o consumo consciente é aquele em que o consumidor busca maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, de seus XVI ENGEMA 2014 4 atos de consumo, em relação ao meio-ambiente e a sociedade. Podendo o consumo consciente ser realizado de duas formas: uma delas que leve em consideração os impactos da compra, uso e descarte dos produtos e serviços e a outra da escolha das empresas das quais serão adquiridos estes bens, e ou serviços, levando em consideração o compromisso dessas organizações com o desenvolvimento socioambiental. Portanto, o consumo consciente depende tanto dos atos do consumidor, quanto da existência de produtos e organizações socioambientalmente responsáveis (INSTITUTO AKATU, 2011). Ribeiro e Veiga (2011) esclarecem que o consumo consciente caracteriza-se por três estágios: a decisão do consumidor antes da compra, o uso do mesmo e o depois do ato de consumo. O antes, pela escolha por produtos ecológicos, reciclados ou recicláveis e que sejam livres de agrotóxicos, ou ainda, que apresentem algum cunho social, e ou, ambiental. Durante o uso, devem atentar para a redução dos níveis de consumo, com a otimização dos recursos utilizados, prolongando a vida útil dos bens duráveis. No pós-uso, a preocupação deve ser com a reciclagem e reutilização dos produtos, além da eliminação dos resíduos de forma responsável. Conforme Fernandes; Moriguchi e Lopes (2012), o indivíduo que opta pelo de consumo consciente está contribuindo para o desenvolvimento sustentável da sociedade. MARKETING SOCIAL Marketing Social ou como chamado pelos autores Pringle e Thompson (2000) marketing para causas sociais, pode ser definido como uma ferramenta estratégica de marketing e de posicionamento, que associa uma empresa ou marca a uma causa social relevante. Pode ser utilizada como uma forma efetiva de melhorar a imagem corporativa, diferenciando produtos e serviços, aumentando as vendas e a fidelidade dos clientes. Para Araújo (2006) marketing social propõe transformar o comportamento e as atitudes dos indivíduos, não visa o lucro como fim e procura atingir os respectivos públicos com suas ideias, sendo, seu maior valor a perenidade do bem estar da sociedade. Enquanto que o marketing focado nos negócios visa atingir o lucro da organização, os desejos e necessidades do mercado alvo. No marketing social, ou marketing societal, a organização deve definir as necessidades, os desejos e os interesses de seus mercados-alvos, e então, entregar valor superior aos clientes, de maneira a manter ou melhorar o bem-estar do consumidor e da sociedade Kotler e Armstrong (2003). Como explanado por Pinto e Lara (2004) a orientação moderna do marketing não está mais focada somente na preocupação com os clientes externos, mas na satisfação de todos os públicos que interagem com a organização. Organizações que se utilizam do marketing social, tendem a modificar o comportamento dos mercados-alvo, procuram servir os interesses da sociedade e levam ideias ao mercado, ao invés de somente produtos ou serviços Kotler (1994). Araujo (2006) afirma que o marketing para causas sociais é um instrumento eficaz para elevar o prestígio da marca, além, de estimular sua divulgação espontânea. Atitudes como participar de temas sociais e ambientais, fazer parcerias com ONGs, usar rotulagem ecológica e outros recursos, podem fortalecer a identidade da empresa. O autor ainda aclara que o consumidor possui cada vez mais interesse no impacto causado pelos produtos e serviços oferecidos pelas empresas, tanto sobre o meio ambiente, quanto sobre bem estar da sociedade. XVI ENGEMA 2014 5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O método de pesquisa utilizado foi o estudo experimental/ causal, por ser o que melhor se encaixa aos objetivos propostos nesta investigação. Visto que, para o êxito da pesquisa é necessário que haja um controle dos fatores que possam interferir, ou ainda, mascarar a influência das variáveis independentes nas dependentes (a responsabilidade socioambiental no benefício percebido e na intenção de compra dos estudantes). Através da metodologia experimental aumentam-se as possibilidades desse controle, uma vez que, ela simula uma situação real e ajusta os fatores experimentais conforme as hipóteses de pesquisa. (COOPER e SCHINDLER, 2003) As hipóteses deste estudo propõem que o consumidor percebe um benefício mensurável na oferta de uma empresa socioambientalmente responsável, e que esse consumidor tenha a intenção de comprá-lo mesmo pagando um pouco mais por isso. A seguir a descrição das duas hipóteses de pesquisa. Hipótese 1 - Analisando uma situação de consumo em que a qualidade dos produtos seja equivalente, e uma das empresas pratique um preço mais elevado que o das concorrentes, a inclusão da informação de que a empresa com o preço mais alto é socioambientalmente responsável (versus a não inclusão da informação) fará com que o consumidor perceba um benefício maior nesta oferta e demonstre maior intenção de compra. Hipótese 2 – Existe uma relação positiva entre benefício percebido e intenção de compra, quanto maior o benefício percebido gerado pela informação sobre responsabilidade socioambiental, maior a intenção de compra. O método experimental/ causal tem por propósito mostrar a relação de causa e efeito entre variáveis de um problema de pesquisa. Conforme Samara e Barros (2002), a relação de causa e efeito é elemento imprescindível para que seja caracterizada a analogia causal. Os autores esclarecem que este método de pesquisa é utilizado para definir a melhor estratégia para uma promoção de um produto, escolher o melhor posicionamento para uma campanha de marketing e definir o design mais acertado para um anúncio. Com o mesmo pensamento, Malhotra (2001), aclara que a pesquisa experimental/causal é utilizada para obter evidências de relações de causa e efeito. Decisões estratégicas são tomadas continuamente por gestores empresariais, fundamentadas em relações causais presumidas. A pesquisa causal é apropriada para compreender quais variáveis de um fato são a causa (variáveis independentes) e quais são o efeito (variáveis dependentes); definir a natureza da relação entre as variáveis causais e o efeito a ser previsto. Quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa quantitativa. Para Marconi e Lakatos (2008), dados quantitativos são basicamente focalizados em questões de grandeza, ou, quantidade do fato ou fator estudado em determinada situação, ou seja, possuem valores expressos em números. Hair et. al. (2005), definem dados quantitativos, como sendo mensurações em que números são usados diretamente para representar as propriedades de algo, e assim proporcionar uma análise estatística. Ainda utilizando os conceitos desenvolvidos pelos autores, julga-se necessária a utilização desta forma de abordagem, uma vez que dados quantitativos são geralmente obtidos através de várias escalas numéricas e utilizados quando o pesquisador possui modelos teóricos e problemas de pesquisa definidos Hair et al. (2005), como ocorre nesta pesquisa. XVI ENGEMA 2014 6 DELIMITAÇÃO DA POPULAÇÃO OU DO OBJETO DE ESTUDO E AMOSTRAGEM Esta pesquisa tem como objeto de estudo, 1.800 jovens universitários, do curso de administração da Faculdade da Serra Gaúcha – FSG, localizada na cidade de Caxias do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, no primeiro semestre de 2013. Foram aplicados 216 questionários, o que corresponde a 12% do total da população. A amostra foi dividida em duas partes iguais, em virtude do método adotado para esta pesquisa, uma parcela dos pesquisados (108 acadêmicos) respondeu um questionário com informações relacionadas à responsabilidade socioambiental e os demais com a ausência da informação. Neste caso, foi adotada a técnica de amostragem não probabilística por conveniência. As amostras não probabilísticas são selecionadas conforme os objetivos do estudo, por critérios subjetivos de acordo com a experiência do pesquisador. Por conveniência são pessoas que estão ao alcance do pesquisador e dispostas a responder a um questionário (SAMARA E BARROS, 2002). TÉCNICAS DE COLETA DOS DADOS Utilizou-se como técnica de coleta de dados um questionário estruturado - que segundo Malhotra (2001, p.228) - é “[...] um conjunto formalizado de perguntas para obter informações do entrevistado [...]”. Sua estrutura possui Escala Likert cinco pontos. Para medição das variáveis dependentes, benefício percebido e intenção de compra, foram usadas as escalas testadas por Ferreira; Ávila e Faria (2010). Assim como, para avaliar atitudes em relação ao consumo sustentável dos entrevistados, foi usada a escala ECCB – Ecologically Conscious Consumer Behavior (Comportamento do consumidor ecologicamente consciente) - de Roberts (1996), testada e traduzida para o português por Lages e Neto (2002). Para o nível de consciência ambiental utilizou-se a escala NEP - New Ecological Paradigm- (Novo Paradigma Ecológico) de (DUNLAP et.al., 2000). Os questionários foram aplicados a dois grupos de pesquisa, o grupo experimental e o grupo de controle, suas informações foram baseados no constructo de Ferreira; Ávila e Faria (2010). O grupo experimental recebeu o cenário de pesquisa com a variável independente responsabilidade socioambiental, ausente no cenário do grupo controle. Cenário grupo controle: Imagine que você deseja comprar um tênis, e vai até um shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em várias lojas e experimenta diversos modelos de tênis. Ao final, você conclui que três são os modelos de tênis que você mais gostou – o da marca X, marca Y e o da marca Z. Os três tênis são de ótima qualidade, têm um design bonito e confortável e você gostou igualmente dos três. Entretanto, existe uma diferença de preço entre eles. O tênis da marca X custa $110 enquanto os outros custam cerca de $100. Cenário do grupo experimental: [Texto do grupo controle.] Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um todo, com ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos. Suas fábricas possuem equipamentos especiais para proteção do meio ambiente e sustentabilidade. A empresa pratica programas de melhorias da qualidade de vida dos seus funcionários e investimentos sistemáticos em diversos programas sociais. Ainda, possui uma política de transparência de informações junto a seus acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado por um respeitado instituto independente. XVI ENGEMA 2014 7 Questões de classificação como: gênero, idade, estado civil, número de filhos e renda familiar, foram adicionadas ao questionário. Com o propósito de investigar a relevância causada nos resultados da pesquisa, como explanado por Hair et al.(2005), perguntas de classificação auxiliam o pesquisador a entender os resultados. TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS A técnica de análise de dados adotada para o presente trabalho foi a análise descritiva estatística, que avalia o comportamento das variáveis para a organização, apresentação e descrição dos dados representativos (MALHOTRA, 2005). A análise dos dados foi realizada por meio de medidas de tendência central, “[...] porque tendem a descrever o centro da distribuição” Malhotra (2005, p.320), oportunizando compendiar e condensar as informações para melhor entendê-las Hair et al. (2005). As medidas empregadas foram média e moda. Média por ser a medida mais utilizada para dados intervelares, como explanam Hair et al. (2005); Cooper e Shindler (2003). Dados intervelares são obtidos através de uma escala por intervalo, na qual segundo Hair et al. (2005), as diferenças entre os pontos de classificação da escala são consideradas idênticas. A moda “é a medida de tendência central que identifica o valor que ocorre com mais frequência na distribuição da amostra” Hair et al. (2005 p.270) assim, através dela, podemos saber qual a resposta mais escolhida pelos entrevistados. A medida de dispersão desvio padrão também foi utilizada para esta análise, pois, somente as medidas de tendência central não oferecem um panorama completo da distribuição da amostra. É necessário avaliar se há muita variabilidade nas opiniões dos respondentes, e o desvio padrão é a medida que revela esta variabilidade (HAIR et al., 2005). ANÁLISE DOS DADOS Neste capítulo está estruturada a análise dos dados conforme os objetivos da pesquisa. Primeiramente foi feita uma análise de cada cenário dos questionários, começando pelo questionário aplicado para o grupo controle, sem a informação sobre a responsabilidade socioambiental. Foi aplicada a escala Likert cinco pontos, sendo, um para discordo totalmente, dois discordo, três não discordo nem concordo, quatro concordo e cinco concordo totalmente. Os questionários demonstravam uma situação de compra e conforme metodologia do experimento, o questionário aplicado ao grupo controle não possuía a informação sobre a variável independente responsabilidade socioambiental. Explanava a qualidade, design e conforto do produto em questão como equivalentes, e apresentava apenas uma diferença de preço entre eles, onde um dos tênis possuía um valor elevado em 10% em relação aos demais. Assim, foi perguntado aos respondentes se percebiam um benefício adicional em adquirir o tênis com maior valor. A média das respostas foi de 2,43 e o desvio padrão foi de 1,01, o que quer dizer, que ouve um intervalo de 1,01 entre as escolhas dos respondentes. A resposta que se repetiu mais vezes nesta escala foi a reposta dois, discordo, como nos demonstra a moda. Portanto, conforme as medidas obtidas na análise conclui-se que os respondentes não perceberam benefícios em comprar um produto com preço mais elevado. Os autores Ferreira; Ávila e Faria (2010) já aclaravam que em um cenário onde haja diferença de preço entre dois produtos, um deles com o preço mais elevado e esteja explícito que ambos possuem qualidade equivalente, o consumidor precisa perceber um benefício adicional ao sacrifício, para que assim, se disponha a realizar a troca. (FERREIRA; ÁVILA E FARIA, 2010). XVI ENGEMA 2014 8 A escala pesquisada a seguir foi a de intenção de compra. Os respondentes não demonstraram intenção em comprar o produto de maior valor, como pode ser visto nas medidas, se obteve uma média das respostas de 2,70, desvio padrão de 1,03 e a moda três, todas as medidas abaixo da concordância. Confirmando a afirmação de Ferreira; Ávila e Faria (2010) que para o consumidor demonstrar intenção de comprar um produto mais caro, é necessário que ele perceba um benefício que compense o sacrifício monetário. Para as atitudes de consumo sustentável, foi perguntado aos respondentes, quanto as suas escolhas no momento de compra. Se optavam por produtos e empresas que não agridem as pessoas e o meio ambiente, e a sua disposição em pagar mais por esses produtos. Também sobre a preferência por embalagens recicláveis e reutilizáveis, assim como, a separação do lixo, a economia de energia elétrica e a influência do indivíduo em seu círculo social. A média, 3,23, demonstrou que os estudantes não concordam nem discordam das atitudes em relação ao consumo sustentável. O desvio padrão demonstrou que as respostas variaram em 1,13 pontos, um desvio padrão considerado alto, concluindo que as respostas foram heterogêneas, como ilustrado no gráfico 1. A moda geral para esta escala foi de três, confirmando a média para não discordo nem concordo. Uma das questões que teve maior relevância em suas respostas foi a questão número 11, que perguntava: na minha residência eu separo o lixo orgânico do lixo seco. A média foi de 4,22, desvio padrão de 1,15 e moda cinco, então, conclui-se, que na sua maioria os estudantes separam o lixo para a reciclagem. Caxias do Sul – local da pesquisa - é uma cidade usada como exemplo no Brasil na coleta e reciclagem dos resíduos produzidos. Todo esse histórico pode ser um fator relevante para explicar o resultado das respostas. Os entrevistados quando indagados sobre seus esforços para economizar energia elétrica, também se mostraram mais positivos, alcançando a média nessa pergunta de 3,71, moda quatro, para concordo, e desvio padrão 1,04. Campanhas constantemente são realizadas nesse sentido, e talvez pelo retorno financeiro que essas ações implicam, se justifiquem os resultados apresentados. Ressalta-se também a questão oito, que pergunta aos entrevistados se estariam dispostos há pagar um pouco mais por produtos e alimentos que não prejudiquem o meio ambiente. O resultado foi de uma média de 3,25, desvio padrão de 0,98 e moda três. Os acadêmicos se mostraram indiferentes a esta pergunta no questionário do grupo controle. Procurou-se também medir o nível de consciência ambiental dos estudantes, com perguntas sobre a relação homem/meio ambiente. A média obtida nesta escala foi de 3,96, desvio padrão de 1,04 e a moda quatro. A resposta concordo foi a mais repetida entre as escolhas, deixando claro que os acadêmicos possuem uma preocupação ecológica, conforme gráfico 2. Duas das questões tiveram suas médias acima de quatro, a questão dois que indaga se o homem está abusando seriamente do meio ambiente obteve a média de 4,37, e a questão três referente as plantas e os animais existirem basicamente para serem utilizados pelos seres humanos de 4,16. Os desvios padrão resultantes foram respectivamente, 0,95 e 0,98 e moda cinco pra ambas as perguntas, mostra que os entrevistados concordam totalmente com o abuso demasiado dos recursos naturais por parte dos humanos. A pergunta que obteve o menor resultado na escala de medição do nível de consciência ambiental foi a questão seis, que questionava os entrevistados quanto ao número de habitantes do XVI ENGEMA 2014 9 planeta Terra estar chegando ao seu limite, a média foi de 3,4, a moda três e a dispersão medida pelo desvio padrão foi de 1,01. Não discordando nem concordando com a indagação. Abaixo são analisados os questionários aplicados ao grupo experimental, que além da situação de compra, aclarava que a empresa fabricante do tênis de maior valor pratica ações de responsabilidade socioambiental na sua conduta. Em seguida, foi medida a intenção de compra dos estudantes quanto ao tênis fabricado pela empresa socioambientalmente responsável. A média obtida nas respostas foi de 3,70, desvio padrão de 1,05 e a moda quatro. Os estudantes se mostraram receptíveis a indagação de consumo e dispostos a pagar mais em relação ao benefício oferecido pelo fabricante. Na escala para a medição das atitudes de consumo sustentável a média foi de 3,38, o desvio padrão das respostas foi de 1,13, não havendo homogeneidade nas respostas, como demonstrado no gráfico 3. A moda para esta escala foi de três. Em comparação ao grupo de controle ouve um pequeno aumento na média desta escala, mas nada de grande significância, os acadêmicos também não concordaram nem discordaram das atitudes. Assim como no grupo controle a questão 11 se ressaltou diante das demais, com uma média de 4,42, desvio padrão de 0,93 e a moda cinco, a maioria dos respondentes faz a separação do lixo. Como provável fator relevante do resultado pode-se definir a coleta e reciclagem realizadas na cidade, como já citado no mesmo item da análise do grupo controle. A questão dez que explana sobre a economia de energia elétrica, também obteve uma média alta diante das demais, de 3,74, moda quatro e desvio padrão de 1,09, o que demonstra que os respondentes se preocupam em reduzir o consumo de energia elétrica. A moda da questão oito nos mostra que, quando indagados se estariam dispostos há pagar um pouco mais por produtos e alimentos que não prejudiquem o meio ambiente, a maioria dos respondentes do grupo experimental optaram pela resposta quatro, concordo. Diferente do grupo controle que foi de três, não concordo nem discordo. A variável independente responsabilidade socioambiental e o contexto do cenário podem ter interferido no resultado desta questão, o que corrobora com os objetivos do estudo. As questões com menores médias foram às questões quatro e cinco. Pergunta quatro indagava sobre a influência do respondente para com seus parentes e amigos a consumirem produtos que não prejudicam o meio ambiente, a média para esta pergunta foi de 2,85, moda três e o desvio padrão de 1,2, este, mostrando a divergência entre as escolhas dos pesquisados. Fica claro, diante dos resultados, que os consumidores não exercem influência nas atitudes de consumo sustentáveis em seu círculo social. E por fim os estudantes foram questionados sobre sua consciência ambiental. A média e o desvio padrão das respostas nesta escala acompanharam as medidas resultantes do grupo controle, foram respectivamente de 3,93, e 1,09, medidas ilustradas no gráfico 4. A moda que se mostrou diferente, obtendo um aumento de um ponto, a maioria dos entrevistados optou pela resposta cinco, concordo totalmente, o que nos mostra que os respondentes possuem uma consciência a favor do meio ambiente. Assim como nos resultados do questionário aplicado ao grupo controle, no grupo experimental as perguntas dois e três obtiveram as médias mais altas. Sendo, para a questão dois, 4,27, desvio padrão 1,12 e moda cinco, para a questão três média 4,13, desvio padrão 1,03 e moda cinco. Os respondentes se mostram preocupados com a utilização dos recursos naturais, assim como, com a fauna e a flora. Portanto, com base nos resultados, os estudantes se mostraram conscientizados ambientalmente. Corroborando com o grupo controle, os entrevistados do grupo XVI ENGEMA 2014 10 experimental, não discordam nem concordam que a Terra está no limite de seus habitantes, conforme a média resultante da questão seis desta escala de 3,21, desvio padrão de 1,1 e moda três. Para testar as hipóteses propostas neste estudo, foram comparadas as medidas resultantes das escalas de benefício percebido e intenção de compra dos dois grupos pesquisados. Ouve uma diferença significativa nos resultados das duas escalas, nos diferentes grupos, confirmando assim as hipóteses de estudo. A hipótese um, propunha que a inclusão da informação sobre a responsabilidade socioambiental, ou a não inclusão da informação, pode interferir no benefício percebido e na intenção de compra dos respondentes. De forma positiva no questionário experimental – com a informação – mesmo que, um dos produtos possua um preço mais elevado, e a qualidade de ambos seja equivalente. Por conseguinte, negativamente no questionário controle – sem a informação. Dos resultados da pesquisa, no grupo experimental os pesquisados se demonstraram positivos em relação à percepção do benefício oferecido pela empresa socioambientalmente responsável. E também, obtiveram maior intenção em adquirir o produto com o maior preço, em comparação ao grupo controle. Estes não perceberam benefícios em pagar mais por um produto que não oferecia nada diferente dos demais. Assim como, a intenção de compra neste grupo foi baixa entre os respondentes. A hipótese dois sugeria analisar a existência de uma relação positiva entre o benefício percebido e a intenção de compra. Foi confirmada essa relação na análise dos dados da pesquisa, pois, quanto maior o benefício percebido dos respondentes, maior foi a sua intenção de comprar o produto. As escalas de atitudes de consumo sustentável e consciência ambiental, também foram comparadas, afim de, analisar se ouve diferenças entre os grupos, procurando saber se a inclusão da informação sobre responsabilidade socioambiental causou interferência no resultado destas escalas. Pôde-se verificar que a variável independente, responsabilidade socioambiental, não obteve níveis altos de interferência nos resultado gerais das escalas de atitudes de consumo sustentável e consciência ambiental. As medidas se mostraram muito parecidas. Havendo somente uma diferença na moda do nível de consciência ambiental, que no grupo controle foi de quatro, concordo e no grupo experimental cinco, concordo totalmente. 5. Conclusão Conforme problema de pesquisa, neste estudo visou-se investigar se a informação da responsabilidade socioambiental influenciaria positivamente o benefício percebido dos acadêmicos da Faculdade da Serra Gaúcha. E a intenção dos mesmos de comprar o produto num contexto de preço mais alto que o praticado pelas empresas concorrentes. Obteve-se êxito no objetivo geral da investigação, os resultados da pesquisa indicaram que os consumidores indagados perceberam um benefício adicional na oferta da empresa socioambientalmente responsável. E se mostraram intencionados a pagar 10% a mais pela mercadoria oferecida. A responsabilidade socioambiental foi o fator relevante na investigação, pois os cenários deixavam clara a semelhança da qualidade das mercadorias, demonstravam uma situação real de consumo, e os estudantes deveriam assumir gostar igualmente dos três produtos. Os resultados da pesquisa corroboram com a literatura estudada, de que a responsabilidade socioambiental é um fator relevante para a decisão de compra dos XVI ENGEMA 2014 11 consumidores. Os quais percebem um benefício adicional na oferta de organizações socioambientalmente responsáveis. Incentivando assim as empresas a investir em ações dessa natureza, pois, desse modo, estariam indo de encontro ao desejo dos consumidores o de sentir-se bem, fazendo bem aos outros. Ademais a empresa estaria fazendo seu papel junto à sociedade, contribuindo na construção de uma vida melhor a todos. Além, de satisfazer as necessidades de seus consumidores enquanto atingem suas estratégias de negócios. Diante da pesquisa os consumidores se dispuseram a pagar 10% a mais pelo produto oferecido, isso demonstra uma valorização por parte dos consumidores a ofertas de empresas socioambientalmente responsáveis, abrindo assim, uma oportunidade para as empresas de praticar um preço mais alto que o da concorrência. O cenário exposto aos pesquisados mostrou um contexto amplo do termo, isto não significa que empresas que participem de somente uma ação social, ou que tenham uma posição ética, explanando duas dimensões da responsabilidade socioambiental, obtenham a mesma valorização. No cenário que apresentava a informação sobre a responsabilidade socioambiental, os respondentes mostraram uma maior disponibilidade em compensar financeiramente empresas que fabriquem produtos ecologicamente corretos. Atendendo assim ao objetivo deste estudo, de percepção do benefício adicional que produtos como estes podem trazer aos consumidores, estes que são agentes transformadores da sociedade. Sugere-se aqui, as empresas a se utilizarem do marketing para informar ao público alvo sobre suas ações quanto à responsabilidade socioambiental, de forma real e confiável. Dando visibilidade positiva à imagem da organização, consequentemente aumentando sua competitividade e lucratividade. Pois os consumidores bem informados detém o poder de regular o comportamento do mercado. Um dos objetivos específicos do estudo foi o de analisar o nível de consciência ambiental dos acadêmicos. Portanto, os estudantes da Faculdade da Serra Gaúcha possuem um nível alto de consciência ambiental, conforme pesquisa realizada. Favorecendo a preservação ecológica, obtêm preocupação com o abuso dos recursos naturais e o uso de plantas e animais para suprir as necessidades humanas. Conforme literatura estudada para a fundamentação desta pesquisa, pessoas com níveis altos de consciência ambiental tendem a posicionar suas ações e decisões com maior preocupação no impacto que as mesmas causariam ao meio ambiente, como já citado no capítulo dois da investigação (BEDANTE e SLONGO, 2004). As atitudes de consumo sustentável dos acadêmicos apontam-se modestas diante aos resultados obtidos. Aferi-las é outro objetivo do estudo, então: vê se uma maior preocupação com a redução do uso de energia elétrica, e em dar um destino adequado aos resíduos recicláveis após o consumo. A influência em persuadir parentes e amigos não foi confirmada, assim como, uma maior informação nos produtos também poderia ajudar na decisão de consumo. Resultados obtidos nos dois cenários apresentados. Aparece novamente na pesquisa a importância do uso do marketing social para a comunicação da organização com seus consumidores. Quanto ao terceiro objetivo específico, analisar e comparar a intenção de compra dos respondentes quanto aos dois grupos estudados, os estudantes que responderam o questionário do grupo experimental foram os mais intencionados na relação de troca com a empresa. Sendo assim, mais uma vez confirmada a influência da variável independente. As limitações da pesquisa caracterizam-se quanto à população analisada ser restrita a uma parcela do todo, estes com os mesmos níveis de escolaridade, não podendo assim, representar o XVI ENGEMA 2014 12 universo dos consumidores em geral. Outra limitação é a de não ser possível medir o nível de conhecimento dos entrevistados em relação ao tema em estudo. As conclusões obtidas na investigação abrem um campo para estudos posteriores, dentre os quais se destacam: A investigação do benefício percebido pelos stakeholders da empresa quanto as suas ações de responsabilidade socioambiental. 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