Rafael Gerard de Almeida Demuelenaere PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Caracterização de Propriedades de Transporte de metais Pesados em Solos Residuais do Rio de Janeiro Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada ao programa de PósGraduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Eurípedes do Amaral Vargas Júnior Franklin dos Santos Antunes José Marcus Godoy Rio de Janeiro Maio de 2004 Rafael Gerard de Almeida Demuelenaere Caracterização de Propriedades de Transporte de Metais PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Pesados em Solos Residuais do Rio de Janeiro Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de PósGraduação em Engenharia Civil do Departamento de Engenharia Civil do Centro Técnico Cientifico da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Eurípedes do Amaral Vargas Júnior Orientador Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio Prof. Franklin dos Santos Antunes Co-Orientador Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio Prof. José Marcus de O. Godoy Co-Orientador Departamento de Química – PUC-Rio Profa. Izabel Christina d’Almeida D. de Azevedo Universidade Federal de Viçosa Tácio Mauro Perreira de Campos Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio Prof. José Eugênio Leal Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico – PUC-Rio Rio de Janeiro, 21 de maio de 2004 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador. Rafael Gerard de Almeida Demuelenaere Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF – em Maio de 2002. Ficha Catalográfica PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Demuelenaere, Rafael Gerard de Almeida Caracterização de Propriedades de Transporte de Metais Pesados em Solos Residuais do Rio de Janeiro. Rafael Gerard de Almeida Demuelenaere; orientadores: Eurípedes do Amaral Vargas Júnior, Franklin dos Santos Antunes, José Marcus Godoy - Rio de Janeiro: PUC, Departamento de Engenharia Civil, 2004. v. , [18] 120 f. :il ;29,7 cm. 1. Dissertação (mestrado) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil. Inclui referências bibliográficas. 1. Engenharia Civil – Teses. 2. Transporte de Contaminantes. 3. Metais Pesados. 4. Análises Químicas. 5. Ensaios Experimentais. 6. Modelagem Geoquímica I. Vargas, Eurípedes do Amaral II. Antunes, Franklin dos Santos III. Godoy, José Marcus IV. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. V. Titulo. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA “ Il faut bien que se supporte deux ou trois chenilles si je vieux connaître lês papillons.” (Antoine de Saint-Exupéry) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA A Deus, por estar sempre do meu lado; Aos meus pais e a Lica pelo constante apoio; A Franciane pela compreensão e amor. Agradecimentos Aos professores Eurípedes A. Vargas, Franklin Antunes e José Marcus Godoy pela orientação séria e responsável durante este trabalho. As grandes amizades que surgiram na PUC, principalmente dos alunos do primeiro semestre de 2002. Aos meus pais, Rafael e Vanda, pelo apoio de sempre e a minha “vó” Lica pelas orações. Ao meu tio Gerard que mesmo estando de muito longe sempre me apoiou e me PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA incentivou nesta etapa. A minha namorada Franciane que mesmo longe me entendeu e sempre me apoiou com muito amor e carinho. Aos funcionários do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, pelo apoio incondicional a este trabalho. Em especial, quero agradecer a todos os funcionários do Laboratório de Geotecnia e do Laboratório de Química que sempre estiveram a disposição e prontos para ajudar neste trabalho, e que sem eles este trabalho não teriam acontecido. Aos alunos de Doutorado Raquel e Júlio, que me ajudaram bastante neste trabalho. Aos professores do Departamento de Engenharia Civil, responsáveis pela minha formação em geotecnia. Aos professores da UFJF que me apoiaram e me incentivaram a fazer o mestrado na PUC-Rio. A professora Vitória pela grande ajuda. Aos companheiros do Apartamento da Rua Marquês São Vicente e da República da Rua Tubira, pelos bons momentos que passamos juntos. Ao CNPq e ao PRONEX pelo apoio financeiro à pesquisa. Resumo PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Demuelenaere, Rafael Gerard de Almeida Demuelenaere; Vargas, Eurípedes do Amaral; Antunes, Franklin dos Santos; Godoy, José Marcus. Caracterização de Propriedades de Transporte de Metais Pesados em Solos Residuais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004. 120p. Dissertação de Mestrado – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. A contaminação do meio ambiente de subsuperfície com resíduos perigosos e tóxicos tem se tornado um dos maiores problemas ambientais em vários países, com muitos locais apresentando contaminação da água subterrânea. A dissertação visa a caracterização de propriedades de transporte em solos residuais do estado do Rio de Janeiro; em especial será focalizado o comportamento e a mobilidade neste solo de metais pesados como o cádmio, zinco, cromo e chumbo. O conhecimento do comportamento dos metais no solo é importante para a previsão de acidentes ambientais e para a avaliação de possíveis soluções. Mudanças no ambiente, como variação do pH, podem interferir no comportamento do metal, desta forma o conhecimento das condições locais é importante para previsão do comportamento do contaminante. Foram realizados ensaios de batelada e de coluna com diferentes metais, para entender como se comportam nos solos residuais caracterizados. Para complementar o estudo uma modelagem geoquímica foi feita a partir dos dados experimentais com o programa computacional PHREEQC. Palavras-chave Transporte de Contaminantes, Metais Pesados, Análises Químicas Ensaio Experimentais, Modelagem Geoquímica. Abstract PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Demuelenaere, Rafael Gerard de Almeida Demuelenaere; Vargas, Eurípedes do Amaral (advisor); Antunes, Franklin dos Santos (advisor); Godoy, José Marcus (advisor). Characterization of Heavy Metal Transport Properties in Residual Soils in Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2004. 120p. MSc Dissertation – Department of Civil Engineering, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. The contamination of the underground environment by hazardous and toxic wastes has become one of the main environment problems in several countries where many sites present groundwater infection. The project purpose is the characterization of the transport properties in residual soils of the Rio de Janeiro state. Mainly it will be focused the behaviour and the mobility of heavy metals, for example, the cadmium, the zinc, the chromium and the lead in this kind of soil. To know the behaviour of the metals in the soil is important for the prevision of environmental accidents and for the evaluation of possible solutions. Changes in the environment, as the pH variation, may interfere in the metal conduct thus the knowledge of the local conditions is essential for the prevision of the contamination procedure. Batch and column tests were made using different metals in order to understand how they act in the characterized residual soils. To complement the studies a geochemical modeling was made using the experimental data with the compute program, PHREEQC. Keywords Transport of Contaminants, Heavy Metals, Analysis Chemistry, Experimental Tests, Geochemistry Modelling. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Sumário 1 Introdução 19 1.1. Generalidades 19 1.2. Metais Pesados 21 1.2.1. Cádmio 22 1.2.2. Zinco 24 1.2.3. Chumbo 25 1.2.4. Cromo 27 1.3. Relevância da Pesquisa 27 1.4. Objetivos 28 1.5. Estrutura do Trabalho 28 2 Transporte de Contaminantes nos Solos 30 2.1. Introdução 30 2.2. Mecanismos de Transporte nos Solos 30 2.2.1. Processos Físicos 31 2.2.1.1. Advecção 31 2.2.1.2. Dispersão ou Dispersão Hidrodinâmica 32 2.2.2. Processos Químicos 35 2.2.2.1. Adsorção 36 2.2.2.2. Troca Iônica 40 2.3. Fatores que influenciam a mobilidade dos metais pesados 42 2.4. Resultados de pesquisas anteriores 47 2.4.1. Literatura Nacional 47 2.4.2. Literatura Internacional 50 3 Material Utilizado 51 3.1. Introdução 51 3.2. Caracterização dos Solos Residuais 52 3.2.1. Ensaios de Caracterização Geotécnica 52 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA 3.2.2. Análises Mineralógicas 57 3.2.3. Análises Físico-Químicas 59 3.3. Caracterização da Solução Utilizada 60 4 Metodologia dos Ensaios 62 4.1. Introdução 62 4.2. Metodologia dos Ensaios de Batelada 62 4.2.1. Cinética 63 4.2.2. Ensaio de Batelada com Variação de pH 65 4.2.3. Análise Estatística 65 4.2.4. Isotermas de Adsorção 69 4.3. Metodologia dos Ensaios de Coluna 69 4.3.1. Descrição do Equipamento 70 4.3.2. Metodologia de Ensaio 73 4.4. Modelagem Geoquímica 76 4.4.1. Introdução 76 4.4.2. PHREEQC 76 5 Apresentação e Discussão dos Resultados 78 5.1. Introdução 78 5.2. Ensaios de Cinética 78 5.3. Ensaios de batelada com variação do pH 79 5.4. Resultados da Análise Estatística 81 5.5. Isotermas de Adsorção 85 5.6. Ensaio de Coluna 88 5.7. Resultados do PHREEQC 94 5.8. Comparação Ensaio Experimental x PHREEQC 97 5.9. Considerações Gerais 99 6 Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas 101 6.1. Conclusões 101 6.2. Sugestões para Futuras Pesquisas 104 7 Referências Bibliográficas 106 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA 8 Anexos 113 Lista de Figuras Capítulo 1 – Introdução Figura 1 – Mecanismos de contaminação da água subterrânea (Gusmão, 1999). Capítulo 2 – Transportes de Contaminantes no Solo Figura 2 - Velocidade de advecção de um soluto através do solo (Pinto, 2000). Figura 3 - Ilustração do processo de espalhamento causado pela dispersão; fonte instantânea. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 4 - Mecanismos físicos de mistura mecânica em escala microscópica (Borges, 1996). Figura 5 - Ilustração esquemática da difusão (Oliveira, 2002). Figura 6 – Exemplo de uma curva de chegada. Figura 7 – Influência do parâmetro Kd na migração de contaminantes: (a) Kd=1ml/g; (b) Kd=10ml/g (adaptado de USEPA, 1999a). Figura 8 - Coeficiente de distribuição linear (Drever, 1997). Figura 9 - Exemplo de uma isoterma de Freundlich (Drever, 1997). Figura 10 - Exemplo de uma isoterma de Langmuir (Drever, 1997). Figura 11 - Adsorção de cátions metálicos em função do pH (Dzombak e Morel, 1990). Figura 12 - Adsorção de ânions em função do pH (Dzombak e Morel, 1990). Figura 13 - Diagramas pe x pH para o Fe(OH)3. Figura 14 - Diagrama simplificado pe-pH para o Zinco (Drever, 1997). Figura 15 - Diagrama simplificado pe-pH para o Cádmio (Drever, 1997). Figura 16 - Diagrama simplificado pe-pH para o Chumbo (Drever, 1997). Figura 17 - Diagrama simplificado pe-pH para o Cromo (Brookins, 1988). Capítulo 3 – Material Utilizado Figura 18 – Curva Granulométrica do Solo do Mirante do Leblon. Figura 19 – Curva Granulométrica do Solo de Duque de Caxias. Figura 20 – Difratograma do solo do Mirante do Leblon - #40. Figura 21 – Difratograma do solo do Mirante do Leblon - #200. Figura 22 – Difratograma do solo de Duque de Caxias. Capítulo 4 – Metodologia dos Ensaios Figura 23 – Um sistema pode ser representado por uma função ligando os fatores às respostas (de Neto, 2001). Figura 24 – O Frasco de Mariotte. Figura 25 – Manutenção de uma carga de líquido constante. Figura 26 – Saturação da amostra (a); Percolação do contaminante (b). Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Figura 27 – Variação das isotermas com a mudança no pH para o Solo de Duque de Caxias. Figura 28 – Variação das isotermas com a mudança no pH para o Solo do Mirante do Leblon. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 29 – Evolução do pH para a solução de Zinco. Figura 30 – Evolução do pH para a solução de Cádmio. Figura 31 – Curva de Chegada– pH 4.8, solução de Zinco – D.C. Figura 32 – Curva de Chegada– pH 4.8, solução de Zinco – M.L. Figura 33 – Curva de Chegada– pH 5.5, solução de Cádmio – D.C. Figura 34 – Curva de Chegada– pH 5.5, solução de Cádmio – M.L. Figura 35 – Curva de Chegada– pH 6.4, solução de Zinco – D.C. Figura 36 – Curva de Chegada– pH 6.4, solução de Zinco – M.L. Figura 37 – Curva de Chegada– pH 6.3, solução de Cádmio – D.C. Figura 38 – Curva de Chegada– pH 6.3, solução de Cádmio – M.L. Figura 39 – Detalhe da queda do pH no início do ensaio. Figura 40 – pH x Vv – Solo de Duque de Caxias para os diferentes tipos de solução. Figura 41 – Isoterma de adsorção para o solo de Duque de Caxias. Figura 42 – Dessorção de Cádmio para o Solo de Duque de Caxias. Figura 43 – Curva para solução de pH=5.5 – Experimental x PHREEQC. Figura 44 – Curva para solução de pH 6.3 – Experimental x PHREEQC. Figura 45 – Curva de Chegada para solução de ph=5.5 – Experimental x PHREEQC. Figura 46 – Curva de Chegada para solução de ph=6.3 – Experimental x PHREEQC. Lista de Tabelas Capítulo 1 – Introdução Tabela 1 – Fontes de contaminação da água subterrânea (Fetter, 1993). Tabela 2 – Vários elementos contidos no solo (EPA,1992). Tabela 3 – Média diária de ingestão de alguns inorgânicos num adulto norte- americano típico (Yong, 1992). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Capítulo 2 – Transporte de Contaminantes no Solo Tabela 4 - Processos físicos e químicos na migração de poluentes (adaptado de Nobre, 1987). Tabela 5 - Capacidade de troca catiônica de alguns argilo-minerais (Grim, 1968). Tabela 6 - Série de preferência de troca catiônica (Mitchell, 1976). Tabela 7 – Características dos principais argilominerais (adaptado de Lambe, 1979). Tabela 8 - Fator de retardamento x carga hidráulica. Capítulo 3 – Material Utilizado Tabela 9 – Resumo da Granulometria. Tabela 10 – Outros Índices Físicos do Solo do Mirante do Leblon. Tabela 11 – Resumo da Granulometria. Tabela 12 – Outros Índices Físicos do Solo de Duque de Caxias. Tabela 13 – Composição Mineralógica do Solo do Mirante do Leblon. Tabela 14 – Composição Mineralógica do Solo de Duque de Caxias. Tabela 15 – Resultado simplificado das análises físico-químicas para o solo do Mirante do Leblon. Tabela 16 – Resultado simplificado das análises físico-químicas para o solo de Duque de Caxias. Capítulo 4 - Metodologia dos Ensaios Tabela 17 – Valores de características do chorume de aterros novos e consolidados (IPT, 2000). Tabela 18 – Resultados de um planejamento fatorial 24 para estudar a influência dos 4 fatores presentes no chorume. Tabela 19 – Resultado da combinação dos fatores para a realização dos ensaios. Tabela 20 – Características iniciais das soluções utilizadas nos ensaios de coluna. Capítulo 5 – Apresentação e Discussão dos Resultados Tabela 21 – Determinação de Pb, Cd, Cr e Zn nos ensaios de batelada em (mg/L) para o solo de Duque de Caxias. Tabela 22 - Determinação das concentrações de Pb, Cd, Cr e Zn nos ensaios de batelada em (mg/L) para o solo do Mirante do Leblon. Tabela 23 – Resultados da concentração dos metais para as amostras em branco. Tabela 24- Parâmetros medidos para o solo de Duque de Caxias em pH ácido. Tabela 25 - Parâmetros medidos para o solo de Duque de Caxias em pH básico. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Tabela 26 - Parâmetros medidos para o solo do Mirante do Leblon em pH ácido. Tabela 27 - Parâmetros medidos para o solo do Mirante do Leblon em pH básico. Tabela 28 – Resultados da concentração dos metais (mg/L) em cada tubo para o solo de Duque de Caxias. Tabela 29 – Efeitos calculados para o planejamento fatorial 24 para o solo de Duque de Caxias. Tabela 30 - Resultados da concentração dos metais em cada tubo para o solo do Mirante do Leblon. Tabela 31 - Efeitos calculados para o planejamento fatorial 24 para o solo do Mirante do Leblon. Tabela 32 – Valores do Grau de Saturação para cada coluna. Tabela 33 – Valores do coeficiente de retardamento para as colunas. Tabela 34 – Análise do solo após Ensaio de Coluna. Lista de Fotos Capítulo 3 – Material Utilizado Foto 1 – Perfil de onde foi coletado o solo em estudo (de Oliveira, 2000). Foto 2 – Talude do Solo de Duque de Caxias (de Nunes, 2002). Foto 3 – Detalhe do bloco coletado em Duque de Caxias (de Nunes, 2002). Foto 4 – Fases da extração do bloco indeformado de Duque de Caxias. Capítulo 4 – Metodologia dos Ensaios PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Foto 5 - Metodologia do Ensaio de Batelada Foto 6 – O Frasco de Mariotte utilizado. Foto 7 – Foto geral do ensaio de coluna (percolação do contaminante). Foto 8 – Sistema de cravação dos tipos de solo, no campo e no laboratório. Foto 9 – Saturação das colunas com fluxo ascendente. Foto 10 – Amostra dividida em camadas para posterior análise. Lista de Símbolos EPA – Environmental Protection Agency DQO – Demanda Química de Oxigênio DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio SST – Sólidos Suspensos Totais PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA COT – carbono orgânico total CTC – Capacidade de Troca Catiônica PHREEQC – PHREdox EQuilibruim C K - condutividade hidráulica (LT-1) n - porosidade efetiva do meio i - gradiente hidráulico D - coeficiente de dispersão hidrodinâmica (L2 T-!) α - coeficiente de mistura mecânica ou dispersividade (L) v - velocidade de percolação do fluido (L.T-1) D* - coeficiente de difusão molecular do soluto no meio (L2 T-1) L – comprimento da coluna Rd – coeficiente de retardamento v – velocidade média t – tempo Kd – coeficiente de Distribuição Linear Ci(ads.)=concentração da espécie de interesse adsorvida na fase sólida (moles/Kg) Ci(sol.)=concentração da espécie na solução (moles/L) ICP-AES – Inductively Coupled Plasma Atomic Emission Spectroscopy PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA p – número de volume de poros percolado Introdução 1 Introdução 1.1. Generalidades Os resíduos perigosos tóxicos têm se tornado um dos maiores problemas ambientais em muitos países, principalmente na contaminação do meio ambiente de sub superfície. Apenas nos Estados Unidos, desde o início da década de 80, foram identificados mais de 30.000 locais com potencial de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA introdução de contaminantes no ambiente subterrâneo (Pankow et al, 1996). A tabela 1 apresenta uma classificação das fontes de contaminação da água subterrânea (Fetter, 1993). Tabela 1 – Fontes de contaminação da água subterrânea (Fetter, 1993). Tipo Características I Exemplos Fontes projetadas para a descarga de -Fossas sépticas substâncias II -Poços de injeção Fontes projetadas para armazenar, -Aterros sanitários tratar e/ou dispor substâncias; -Lagoas de decantação descarga através de vazamentos -Pilhas de resíduos -Barragens de rejeitos -Locais de disposição de fontes radioativas III Fontes projetadas para o transporte de -Oleodutos substâncias -Tubulações -Vazamentos durante o transporte (rodoviário, ferroviário e marítimo) IV Fontes que descarregam substâncias -Práticas de irrigação como conseqüência atividades de outras -Aplicações de pesticidas fertilizantes -Drenagem de mineração -Drenagem urbana V Fontes que induzem uma alteração no -Poços de produção e 20 Introdução padrão de fluxo da água subterrânea VI -Escavações subterrâneas Fontes que ocorrem naturalmente e -Interação entre a água superficial que podem ser influenciadas pela ação e subterrânea do homem -Intrusão de água salgada -Lixiviação/infiltração natural As fontes de contaminação podem ser de vários tipos e atuar junto ou isoladamente. Na maioria das vezes, as condições do local incluem a contaminação da água subterrânea. Alguns exemplos dos mecanismos de contaminação da água subterrânea PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA são mostrados na figura 1. Figura 1 – Mecanismos de contaminação da água subterrânea (Gusmão, 1999). 21 Introdução A geotecnia tem um papel fundamental no entendimento e na busca de soluções para as áreas contaminadas, incluindo: (1) planejamento e implementação das etapas de caracterização do tipo, distribuição e migração dos contaminantes no subsolo; (2) desenvolvimento de alternativas de remediação do local, no sentido de controlar a migração do contaminante, protegendo a saúde pública e o meio ambiente. 1.2. Metais Pesados Os metais pesados estão presentes em quase todos os tipos de contaminação. De acordo com a quantidade de determinado metal presente no ambiente, este pode se tornar contaminado e trazer sérios problemas. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Metais são definidos como qualquer elemento bom condutor de carga e eletricidade. Há muitos termos usados para descrever as categorias dos metais, incluindo traço do metal, metal de transição, micronutrientes, metais tóxicos e metais pesados (EPA, 1992). A tabela 2 mostra vários elementos contidos nos solos. Tabela 2 – Vários elementos contidos no solo (EPA,1992). Metal Média encontrada no solo (mg/kg) Razão comum para solos (mg/kg) Al 71,000 10,000-300,000 Fe 38,000 7,000-550,000 Mn 600 20-3,000 Cu 30 2-100 Cr 100 1-1000 Cd 0.06 0.01-0.70 Zn 50 10-300 As 5 1.0-50 Se 0.3 0.1-2 Ni 40 5-500 Ag 0.05 0.01-5 Pb 10 2-200 Hg 0.03 0.01-0.3 A interação metal-solo é tal que, quando os metais são introduzidos na superfície do solo, eles podem ser transportados para baixo ou sofrer dispersão, 22 Introdução a menos que a capacidade de retenção do solo esteja sobrecarregada ou a interação metal-resíduo aumente a mobilidade. Veremos, no capítulo 2, que mudanças nas condições do solo, tais como, degradação de matéria-orgânica, mudança no pH, potencial redox ou composição da solução do solo ou os processos naturais, com o tempo, também podem aumentar a mobilidade do metal. A tabela 3 mostra a média diária de ingestão de inorgânicos, dentre eles, alguns metais pesados para um adulto. Tabela 3 – Média diária de ingestão de alguns inorgânicos num adulto norte-americano típico (Yong, 1992). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Constituintes Entrada diária (mg/dia) Entrada diária aceitável (mg/dia) Potássio 3750 5600 Cálcio 420 800 Sódio 5660 2200 Fósforo 1500 800 Cloro 8440 5450 Magnésio 375 350 Zinco 13 15 Ferro 19.5 18 Cromo 0.115 0.34 Flúor 3 4.2 Cobre 1.7 1.3 Chumbo* 0.57 _ Cádmio* 0.28 _ * Substâncias tóxicas 1.2.1. Cádmio Do latim cadmia, elemento químico representado por Cd, pertence ao grupo IIB da tabela periódica, juntamente com o Zn e o Hg. Descoberto em 1817 por Stromeyer como uma impureza do ZnCO3, a sua produção comercial somente se tornou importante no início do século seguinte. O Cd é, portanto, um metal do século XX (WHO, 1992; Mattiazzo-Prezzoto, 1994). Numerosas atividades humanas resultam em lançamentos de significativa quantidade de Cd ao meio ambiente. As fontes individuais de Cd variam 23 Introdução consideravelmente entre países. A emissão de Cd tem origem em duas grandes categorias: fontes naturais e antropogênicas. As emissões ocorrem para o ar, água e solo e o intercâmbio entre os três meios é considerado importante. O montante emitido no ar tem maior mobilidade que na água que, por sua vez, é maior que no solo (WHO, 1992). Ao lado do Hg, o Cd é considerado o metal mais tóxico para o ser humano (Ferguson, 1989). A concentração de Cd na crosta terrestre é aproximadamente 0,15mg kg-1 (Bowen, 1979; Heinrichs et al., 1980). A concentração de Cd em solos não contaminados por fontes antropogênicas é governada pelo teor na rocha de origem. Os solos derivados de rochas ígneas contêm entre 0,1–0,3mg kg-1, os oriundos de rochas metamórficas entre 0,1–1mg kg-1, enquanto nos provenientes das sedimentares, o teor pode chegar a 10mg kg-1. Nas proximidades das minas PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA de zinco, os teores de Cd são muito mais altos, até centenas de mg kg-1 (Kabata-Pendias & Pendias, 2000). O estudo da especiação do Cd tem mostrado que, na água dos vazios do solo, a espécie predominante é Cd+2. Dependendo do pH e de outros íons em solução, o metal também pode formar íons complexos, tais como: [CdCl]+, [CdOH]+, [Cd(HCO3)]+, [Cd(Cl3)]-, [Cd(Cl4)]-2 [Cd(OH)3)]-,e [Cd(OH)4)]-2. O íon Cd+2 é, provavelmente, o mais adsorvido à superfície dos sólidos em relação às outras espécies. Deficiente em elétrons - d - como todo elemento de transição, o Cd tende a combinar-se facilmente em solução com espécies doadoras de elétrons para formar compostos (complexos) estáveis (Huheey et al., 1993). Assim, a reação direta do Cd+2 com uma fase sólida doadora de elétrons, formando um complexo de superfície também estável, parece ter preferência em relação à adsorção de espécies já complexadas, presentes na fase líquida do solo. Este raciocínio concorda com as observações de Kabata-Pendias & Pendias (2000), segundo os quais a concentração e especiação de um metal como o Cd, na solução do solo, dependerão parcialmente da concentração dos ligantes na solução do solo e da constante de estabilidade dos complexos ligante-metal. O cádmio pode ser adsorvido pelos argilominerais, carbonatos ou óxidos de hidróxidos de ferro ou pode ser precipitado como carbonato de Cádmio, hidróxido e fosfato (USEPA, 1992a). O pH afeta diretamente a dinâmica do Cd no solo e seu efeito tem sido estudado, tanto em minerais puros como em solos (Naidu et al., 1994). O pH da solução do solo tem marcante influência na adsorção de Cd em solos altamente intemperizados e manifesta-se pela mudança na densidade de carga elétrica da 24 Introdução superfície dos minerais de carga variável. A elevação do pH provoca aumento da densidade das cargas negativas das superfícies dos minerais, aumentando a afinidade pelo íon metálico (Garcia-Miragaya & Page, 1978). Sob condições ácidas, o cádmio aumenta a solubilidade e é muito pouco adsorvido pelos colóides do solo e pela matéria orgânica. Para pH maiores do que seis, o cádmio é adsorvido pela fase sólida do solo ou precipitado e a concentração de cádmio na solução é fortemente reduzida (USEPA, 1992a). Mesmo que os níveis de Cd no solo não alcancem valores alarmantes, o metal permanecerá em uma forma potencialmente disponível, por muitos anos. A estimativa de retenção do Cd nos solos varia entre 15 e 1.100 anos (Alloway, 1990). Portanto, há necessidade de monitorar-se o comportamento do Cd e outros metais, por um período mais longo. A maioria dos trabalhos publicados PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA neste assunto somente abrange períodos <10 anos. 1.2.2. Zinco Elemento químico do grupo IIB da tabela periódica, juntamente com o Cd e o Hg. Séculos antes de o Zn ser reconhecido como um elemento químico, minérios de Zn eram usados na confecção de latão. O Zn metálico já foi produzido no século XIII a.C., na Índia, pela redução da hemimorfita ou calamina [Zn4Si2O7(OH)2·2H2O] com substâncias orgânicas. O metal foi redescoberto na Europa em 1746, quando se mostrou que ele podia ser obtido pela redução da hemimorfita com carvão (Mattiazzo-Prezotto, 1994). O Zn não mostra valência variável, ou seja, apresenta apenas o estado de oxidação II (Lee, 1991). Assim, como o Cd e o Hg, o Zn tem grande afinidade por ligantes contendo S (Greenwood & Earnshaw, 1989). Nos últimos anos, a concentração de Zn em muitos solos tem aumentado gradualmente, particularmente em conseqüência das humanas. atividades países industrializados, A maior como preocupação uma sobre concentrações excessivas de Zn nos solos relaciona-se à absorção do Zn pelas plantas e conseqüentes efeitos adversos às próprias plantas, aos animais e ao homem. As principais fontes poluentes de Zn nos solos são atividades de mineração, uso agrícola de lodo de esgotos, resíduos e subprodutos de processos industriais e o emprego de agroquímicos tais como fertilizantes. A queima de carvão e de combustíveis fósseis é a principal fonte de poluição atmosférica pelo Zn (Kiekens, 1990). 25 Introdução Homens adultos têm o consumo ideal entre 15 e 20 mg Zn dia-1, sendo o consumo máximo tolerável 1mg Zn dia-1 kg-1 (por Kg de peso da pessoa) (http://www.who.int/zinc). De modo geral, pode-se dizer que o conteúdo de Zn em plantas é considerado deficiente quando é <10–20 mg kg-1. Níveis normais ocorrem entre 25–150 mg kg-1 e níveis tóxicos ocorrem quando a concentração é >400 mg Zn kg-1 (Mattiazzo-Prezotto, 1994). O teor de Zn presente em solos depende diretamente da concentração de Zn na rocha de origem. Porém, depende ainda de fatores, como pH e conteúdo de matéria orgânica. Segundo Kabata-Pendias & Pendias (2000), a faixa comum nos solos corresponde a 10–300 mg Zn kg-1, sendo o valor médio 50 mg Zn kg-1. O zinco é prontamente adsorvido pelos argilominerais, carbonatos ou óxidos de hidróxidos. A precipitação torna-se o mais importante mecanismo de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA retenção de Zn em sistemas solo-lixo. Como todos os metais cátions, o Zn é adsorvido com o aumento do pH (USEPA, 1992b). O pH tem forte influência na adsorção do Zn, visto que, junto com potencial redox, determina o equilíbrio entre as formas iônicas hidrolisadas dos metais (Lindsay, 1979). Alloway (1990), calculando a atividade das diferentes espécies de Zn+2 em função do pH, observou que em pH <8, o Zn+2 é a espécie predominante, enquanto que em valores acima desse pH prevalece o ZnOH+. Em solução com valores de pH >9, as espécies neutras Zn (OH) 02 predominam e as espécies Zn (OH )3− e Zn (OH) 4−2 nunca são as principais espécies solúveis na faixa de pH normal dos solos. O Zn pode formar complexos com cloretos, fosfatos, nitratos e sulfatos. Os complexos com os ânions (SO4)-2 e (HPO4)-2 são os mais abundantes e podem contribuir significativamente para o Zn total na solução (Kiekens, 1990). A adsorção de Zn pelos solos e seus constituintes tem sido extensivamente estudada. Argilas e matéria orgânica podem adsorver Zn fortemente e, aparentemente, dois mecanismos de adsorção de Zn ocorrem: um, em condições ácidas, relacionado a sítios de troca catiônica e outro, em condições alcalinas, considerado quimiossorção, sendo esta altamente afetada pelos ligantes orgânicos (Kabata-Pendias & Pendias, 2000). 1.2.3. Chumbo O Pb pode ter dois estados de oxidação: II e IV. Entretanto, na natureza, ele ocorre principalmente como Pb(II) (Davies, 1990). Ele apresenta quatro 26 Introdução isótopos estáveis, cuja abundância relativa aparece entre parênteses: (24,1%); 207 Pb (22,1%); 208 Pb (52,4%); 204 206 Pb Pb (1,4%) (Hammond, 2000). A variável composição isotópica resulta do lento decaimento (meia-vida 109–1010 anos) radiogênico dos isótopos de U e Th para formar isótopos estáveis de Pb. O consumo do Pb vem diminuindo de forma mais acentuada nos países industrializados, basicamente por problemas de contaminação ambiental e por sua toxidez para o ser humano. Paralelamente, vêm se desenvolvendo substitutos deste metal por produtos menos tóxicos. As atividades de mineração e fundição de Pb primário, oriundo do minério, e secundário, oriundo da recuperação de sucatas ou baterias, constituem importantes fontes emissoras de Pb. O impacto das atividades de mineração e fundição pode persistir por longo período de tempo no ambiente (WHO, 1989). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Chumbo é um dos metais pesados mais abundantes, tendo uma concentração média de 10 a 20 mg kg-1 no solo. As maiores fontes naturais de Pb são emissões vulcânicas, intemperismo geoquímico e névoas aquáticas (Alloway, 1990a). As características geoquímicas do Pb, em alguns casos, assemelham-se ao grupo dos metais alcalinos terrosos, o que determina a habilidade do Pb em deslocar K, Ba, Sr e Ca em minerais e sítios de sorção (Kabata-Pendias & Pendias, 2000). Por isso, Pb é considerado um dos metais pesados menos móveis, apresentando-se acumulado naturalmente nos horizontes superficiais. Os dois mais importantes fatores na determinação da quantidade de chumbo que será adsorvida pelo solo são o pH e a capacidade de troca catiônica (CTC) do solo. (Fetter, 1993). O chumbo solúvel acrescido no solo reage com argilas, fosfatos, sulfatos, carbonatos, hidróxidos e matéria orgânica; logo a solubilidade do Pb é altamente reduzida. Para valores de pH acima de 6, o chumbo é adsorvido pela superfície de argilas ou forma carbonatos de chumbo. O chumbo tem forte afinidade com ligantes orgânicos e forma tais complexos podendo aumentar a sua mobilidade no solo (USEPA, 1992c). Marques (2002) fez um levantamento dos teores de metais pesados em 45 solos da região do Cerrado. Ele encontrou teores médios de Pb iguais a 10 ± 5 mg kg-1. Campos et al. (2003) mediram os teores de Pb em diversos Latossolos brasileiros. Esses autores obtiveram valores médios de 22mg Pb kg-1. Diversos autores também chegaram a resultados semelhantes, geralmente 10– 20 mg Pb kg-1 para outros solos brasileiros. Portanto, solos cujo teor de Pb for muito maior que esses valores, poderão eventualmente estar contaminado. Introdução 27 1.2.4. Cromo Elemento químico do grupo VI B da tabela periódica. O cromo existe em dois estados de oxidação possíveis no solo: o cromo trivalente, Cr (III) e o cromo hexavalente, Cr (VI). O cromo (VI) se encontra no solo na forma de íon cromato, HCrO-4, com pH de 6,5 predominantemente, e como dicromato, Cr2O2-7, com predominância para altas concentrações (110mM) e para pH de 2 a 6. Os íons do Cr (VI) são mais tóxicos do que os íons do Cr (III). O cromo hexavalente é altamente móvel no solo. Os parâmetros que correlacionam a mobilidade do Cr (VI) no solo são os óxidos de ferro livres, manganês total, pH do solo, as propriedades do solo, capacidade de troca catiônica, área superficial e percentual de argila. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA O Cr (III), que é a forma estudada, desenvolve complexos de hidróxidos na argila natural, incluindo Cr(OH)+2, Cr(OH)3 e Cr(OH)-4. O cromo trivalente é realmente adsorvido pelo solo. Em estudos relativos à mobilidade de metais no solo para pH 5, o Cr (III) foi o menos móvel (Griffin e Shimp, 1978). Espécies de hidróxidos de Cr (III) precipitam para pH 4,5 e completam a precipitação das espécies de hidróxidos para pH 5,5. O cromo hexavalente pode ser reduzido para Cr (III), dependendo do pH do solo e das condições redox. A matéria orgânica no solo é, provavelmente, o principal agente redutor na superfície do solo. Em solos sub superficiais, onde a matéria orgânica ocorre em baixas concentrações, o Fe (II) contém mineral reduzido de Cr (VI). 1.3. Relevância da Pesquisa De acordo com o que foi demonstrado no item 1.2, conclui-se que os metais pesados, em quantidades acima dos limites toleráveis, podem prejudicar em muito a saúde dos seres humanos. Conhecer o comportamento destes metais no solo e na água é muito importante para a previsão de acidentes ambientais e para avaliação das possíveis soluções para tais problemas. A mobilidade destes metais pesados no solo, dependendo das condições como, por exemplo, o pH do meio, pode acelerar ou retardar o processo de contaminação ambiental, podendo atingir com maior ou menor rapidez as águas subterrâneas. Vale ressaltar que a água subterrânea é a fonte de água potável para muitas pessoas em todo o mundo, especialmente nas áreas rurais. Introdução 28 Segundo Fetter (1993), nos Estados Unidos, mais da metade da população depende da água subterrânea como fonte de água potável. No Brasil, não existem estatísticas confiáveis sobre o uso da água subterrânea, mas estima-se que entre 15 e 20% da água consumida provenha do subsolo. A cidade de Natal (RN), por exemplo, tem 100% da água consumida proveniente de aqüíferos (Leite, 1996). Neste trabalho procurou-se entender e identificar os processos que afetam o transporte de metais em solos tropicais (brasileiros), de modo a entender melhor o seu comportamento. O entendimento dos fatores físicos e químicos no transporte é fundamental para identificar estes processos. O desordenado uso e ocupação do solo junto com o crescimento tecnológico têm favorecido a contaminação de aqüíferos por metais pesados, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA trazendo danos ao meio ambiente e problemas sócio-econômicos. 1.4. Objetivos Esta pesquisa tem como objetivo geral o estudo do comportamento de metais pesados em solos residuais do estado do Rio de Janeiro. Tentou-se mostrar como as variações do meio como, por exemplo, a variação do pH, podem interferir na mobilidade destes metais pesados. Os metais pesados analisados foram o Zinco, Cádmio, Cromo e Chumbo e os dois solos residuais estudados foram coletados no Rio de Janeiro, sendo um no município de Duque de Caxias e o outro no bairro Leblon. Os ensaios de batelada ou de equilíbrio em lote foram desenvolvidos para dar uma noção do comportamento dos metais nos solos analisados. Ainda foram realizados ensaios de coluna para tentar representar o fluxo real dos contaminantes no solo. Para complementar o estudo, foi utilizado o programa numérico geoquímico PHREEQC, que reproduz no computador os resultados dos ensaios de coluna para efeito de comparação. 1.5. Estrutura do Trabalho O trabalho está dividido em seis capítulos e três apêndices. O capítulo 1 corresponde à Introdução. Introdução 29 No capítulo 2, é feita uma revisão bibliográfica sobre o transporte de contaminantes, incluindo mecanismos físicos e químicos. E são ainda mostrados os principais fatores que influenciam a mobilidade dos metais pesados no solo. No capítulo 3, são descritos os solos utilizados na pesquisa e os ensaios realizados para a sua completa caracterização, além de análises mineralógicas e físico-químicas. No capítulo 4, apresentam-se os equipamentos e as metodologias de ensaio adotadas, ou seja, ensaio de batelada ou equilíbrio em lote e ensaio de coluna. É apresentado também o programa numérico PHREEQC. No capítulo 5, são relatados e avaliados os resultados dos ensaios de batelada, que são muito úteis na seleção preliminar dos parâmetros de transporte no solo, e também os resultados dos ensaios de coluna que nos dão PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA uma visão mais real da mobilidade dos metais no solo. É feita uma comparação dos resultados do programa PHREEQC com os resultados experimentais, principalmente com o ensaio de coluna, visto que o programa simula o transporte do contaminante em uma direção. As conclusões e sugestões para futuras pesquisas encontram-se no capítulo 6. No apêndice 1, são mostradas, em detalhes, as análises químicas dos solos; no apêndice 2, o projeto das colunas desenvolvidas para esta pesquisa encontra-se detalhado. E, finalmente, no apêndice 3 mostram-se os dados de entrada utilizados no programa PHREEQC. 30 Transporte de Contaminantes nos Solos 2 Transporte de Contaminantes nos Solos 2.1. Introdução Os processos de acumulação e transporte de contaminantes através do solo dependem da natureza do contaminante e do tipo do solo em questão. A composição e as propriedades dos resíduos são fatores significativos no PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA desenvolvimento da interação com o substrato do solo. Se, contudo, for possível estimar as propriedades físicas e químicas mais importantes dos contaminantes e conhecer bem as características do solo, poderemos compreender melhor o seu transporte e, assim, dimensionar melhores barreiras naturais ou artificiais para áreas contaminadas ou para futuras áreas de disposição do resíduo. Durante o transporte de contaminantes através do solo, os seguintes processos devem ser controlados: (1) quantidade de contaminantes transportados em um tempo qualquer através de uma região de controle particular; (2) atenuação da concentração através da adsorção e processos de dessorção; (3) razão e extensão da propagação ou avanço da pluma de contaminação. A água é o agente transportador de contaminantes mais importante na obtenção e no entendimento da interação solo-água (Yong, 1973). 2.2. Mecanismos de Transporte nos Solos Em problemas que envolvem a previsão dos impactos de uma área de disposição de resíduos, faz-se necessário o conhecimento dos mecanismos e parâmetros de transporte de contaminantes envolvidos. A migração de contaminantes em meios porosos é governada por diversos processos. Os processos físicos envolvem os fenômenos da advecção e dispersão hidrodinâmica, enquanto os processos químicos englobam as diversas reações químicas que podem ocorrer entre a solução contaminada e o solo. 31 Transporte de Contaminantes nos Solos A contaminação do solo é a principal causa da deterioração das águas subterrâneas (Boscov, 1997). Os processos de contaminação no solo ocorrem lentamente e, freqüentemente, sem conseqüências trágicas imediatas, porém em longo prazo, podem ter efeitos sérios e possivelmente irreversíveis. Os contaminantes podem ter sido produzidos no estado líquido (efluentes) ou resultarem da degradação ou percolação de águas pluviais por resíduos sólidos (chorume ou percolado). Para o aperfeiçoamento do projeto de disposição de resíduos, torna-se cada vez mais importante entender os mecanismos fundamentais de transporte de poluentes em solos, como mostra a tabela 4. Tabela 4 - Processos físicos e químicos na migração de poluentes (adaptado de Nobre, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA 1987). Processos Físicos Processos Químicos Advecção Adsorção – Dessorção Dispersão ou Dispersão Hidrodinâmica Precipitação - Dissolução - Dispersão Mecânica Atividade Biológica - Dispersão Molecular Òxido – Redução Formação de Complexos e Quelação 2.2.1. Processos Físicos 2.2.1.1. Advecção Advecção é o processo pelo qual o soluto é carregado pela água em movimento. No transporte advectivo de solutos que não interagem com o meio poroso, a frente de contaminação é abrupta e move-se a uma velocidade igual à velocidade linear média (v) do fluido percolante, geralmente a água, sem que seu pico de concentração seja alterado. Supondo a lei de Darcy (figura 2), a velocidade de percolação do fluido (v) é definida como sendo a velocidade de Darcy dividida pela porosidade efetiva (n) do meio, conforme a equação 2.1. v = k .i Onde: k=condutividade hidráulica (LT-1); n (2.1) Transporte de Contaminantes nos Solos 32 n=porosidade efetiva do meio; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA i=gradiente hidráulico. Figura 2 - Velocidade de advecção de um soluto através do solo (Pinto, 2000). A condutividade hidráulica é um importante parâmetro no que se refere ao transporte de contaminantes, visto que esta representa a maior ou menor resistência que o meio oferece à percolação de água, conseqüentemente, aos contaminantes dissolvidos nesta. A advecção pode ser considerada como um transporte químico causado por um gradiente hidráulico. 2.2.1.2. Dispersão ou Dispersão Hidrodinâmica Este mecanismo é responsável pelo espalhamento do poluente no meio poroso. O resultado deste espalhamento faz com que o contaminante ocupe um volume maior do que se ocorresse apenas advecção. Com isso o pico de concentração decresce, enquanto a frente de contaminação se move mais rápido (Freeze e Cherry, 1979). A figura 3 ilustra o processo de espalhamento causado pela dispersão. Transporte de Contaminantes nos Solos 33 Figura 3 - Ilustração do processo de espalhamento causado pela dispersão; fonte instantânea. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Este espalhamento ocorre devido a dois fenômenos distintos: Dispersão Mecânica Este fenômeno causa um espalhamento do poluente devido às variações de velocidade do fluido dentro do meio poroso (Nobre, 1987). Numa escala microscópica, a dispersão mecânica resulta de três mecanismos básicos (Freeze e Cherry, 1979). O primeiro ocorre em canais individuais, devido à rugosidade da superfície dos poros. As moléculas que estão mais próximas dos grãos têm maior atrito, portanto, movem-se mais lentamente (figura 4a). O segundo processo depende do tamanho dos poros na trajetória. Com a diferença na área superficial de contato entre o fluido e a superfície rugosa, a velocidade será maior ou menor (figura 4b). O terceiro processo está relacionado com a tortuosidade, ou comprimento da trajetória de fluxo (figura 4c). Figura 4 - Mecanismos físicos de mistura mecânica em escala microscópica. Transporte de Contaminantes nos Solos 34 Difusão molecular A difusão molecular é o processo no qual os constituintes iônicos e moleculares se movem sob a influência da energia cinética na direção do gradiente de concentração. Uma vez estabelecido o gradiente, as moléculas e íons tendem a se deslocar das regiões de maior concentração para as de menor, visando o equilíbrio de acordo com a figura 5. O transporte difusivo ocorre PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA mesmo na ausência de fluxo hidráulico. (Freeze e Cherry, 1979). Figura 5 - Ilustração esquemática da difusão (Rowe et al, 1995). Medindo-se a concentração do efluente ao longo do tempo e traçando o resultado em um gráfico em termos de concentração relativa (C/C0), em função da razão entre o volume percolado (Vp) e o volume de vazios da amostra (Vv), obtém-se a curva normalizada da figura 6. Esta é denominada curva característica do transporte ou curva de chegada. Figura 6 – Exemplo de uma curva de chegada. Conforme citado, a dispersão hidrodinâmica possui duas componentes: a dispersão mecânica e a difusão molecular. Assim, a variável que descreve a Transporte de Contaminantes nos Solos 35 dispersão hidrodinâmica (D) pode ser definida como a soma de duas parcelas, que representam a dispersão mecânica (α v) e a difusão molecular (D*), conforme a equação 2.2 (Freeze e Cherry, 1979). D = α ∗ v + D* (2.2) Onde: D=coeficiente de dispersão hidrodinâmica (L2 T-1); α=coeficiente de mistura mecânica ou dispersividade (L); v =velocidade de percolação do fluido (L.T-1); D*=coeficiente de difusão molecular do soluto no meio (L2 T-1). O parâmetro α é uma propriedade característica do meio poroso, enquanto PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA D* é propriedade da substância e do meio (Freeze e Cherry, 1979). 2.2.2. Processos Químicos As reações químicas também devem ser consideradas no transporte de poluentes, dependendo do solo e da solução contaminada, em cada situação. Segundo Boscov, 1997, as reações químicas e bioquímicas que podem alterar a concentração de contaminantes podem ser agrupadas em seis categorias: reações de adsorção-dessorção, reações ácido-base, reações de dissoluçãoprecipitação, reações de oxi-redução, pareamento de íons ou complexação e síntese microbiana. As reações químicas mais relevantes nos problemas geotécnicos relativos à disposição de resíduos são as de adsorção e dessorção de íons e moléculas na superfície das partículas de solo. O transporte 1D de soluto através de solo homogêneo, saturado, em regime permanente de fluxo é representado da seguinte forma: Rd . ∂C ∂ 2C ∂C = D ⋅ 2 − Vx ∂t ∂x ∂x (2.3) Segundo Ogata e Banks (1961) a solução da equação do transporte advectivo-dispersivo pode ser representada da seguinte forma: R ⋅ L − v ⋅t R ⋅ L + v ⋅ t C v.L = 0,5erfc d + exp erfc d C0 D 2 D ⋅t 2 D ⋅ t Onde: L – comprimento da coluna; Rd – coeficiente de retardamento; (2.4) Transporte de Contaminantes nos Solos 36 v – velocidade média; t – tempo; D – coeficiente de dispersão hidrodinâmica. A equação 2.4 é a solução dada por Ogata e Banks a equação diferencial do transporte advectivo-dispersivo, para as condições inicial e de contorno do ensaio em coluna. C(x,0)=0 x≥0 C(0,t)=C0 t≥0 C(∞,t)=0 t≥0 Ogata e Banks (1961) mostram que o segundo termo pode ser PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA negligenciado quando o número de Peclet for menor que 500, deste modo, devese ter Dx < 0.002 . v x .x 2.2.2.1. Adsorção A adsorção é um dos processos mais importantes da qualidade da água, sendo utilizado tradicionalmente no tratamento de água de abastecimento, e atualmente, também na recuperação de águas contaminadas. A adsorção é um processo físico-químico no qual uma substância é acumulada numa interface entre fases. Quando substâncias contidas em um líquido se acumulam numa interface sólido-líquido, denomina-se adsorvato, a substância que está sendo removida da fase líquida e adsorvente, a fase sólida na qual a acumulação ocorre (Boscov, 1997). Pode-se subdividir os mecanismos de adsorção em: adsorção física, quando a atração para a superfície é devida às forças de Van der Waals relativamente fracas; adsorção eletrostática, quando os íons na solução são atraídos pela superfície de carga elétrica oposta e adsorção química entre as moléculas do soluto em um ou mais átomos na superfície do sólido (Drever, 1997). A EPA (1992) considera a adsorção química uma ligação química real, geralmente covalente, entre uma molécula e átomos superficiais, em que a molécula pode perder sua identidade quando os átomos são rearranjados, formando novos compostos. 37 Transporte de Contaminantes nos Solos Segundo Drever (1997), para se entender o movimento dos metais pesados nos solos e na água subterrânea, é preciso ser capaz de modelar quantitativamente os processos de adsorção. A equação (ou representação gráfica) que relaciona a concentração de espécies adsorvidas nos sólidos e a concentração na solução é geralmente referida como isoterma. A maneira mais comum de quantificar geoquimicamente esse processo é dada pelo coeficiente de distribuição Kd ou pela função de distribuição Kf. Este coeficiente também atua como um indicador da mobilidade de um poluente num fluxo subsuperficial (Freeze e Cherry, 1979). O coeficiente de distribuição, Kd, é um dos parâmetros mais importantes usados para estimar a migração de contaminantes presentes em soluções aquosas em contato com sólidos (USEPA, 1999a). Sua influência na migração PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA de contaminantes pode ser ilustrada na figura 7. Figura 7 – Influência do parâmetro Kd na migração de contaminantes: (a) Kd=1ml/g; (b) Kd=10ml/g (adaptado de USEPA, 1999a). A mais simples isoterma de adsorção é dada pelo coeficiente de distribuição linear ou Kd linear, como mostra a figura 8. Ci ( ads.) = K d .C i ( sol .) Onde: (2.5) Transporte de Contaminantes nos Solos 38 Ci(ads.)=concentração da espécie de interesse adsorvida na fase sólida (moles/Kg); Ci(sol.)=concentração da espécie na solução (moles/L). Concentração PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA adsorvida Concentração na Solução Figura 8 - Coeficiente de distribuição linear (Drever, 1997). O coeficiente de distribuição linear, Kd, é dado em unidades de L.M-1. O valor numérico do coeficiente de distribuição é função das propriedades do substrato do solo e da composição da solução; logo, cada poluente tem seu Kd ou Kf característico para um solo específico. Quando a relação entre a concentração adsorvida e a concentração do poluente na solução não for linear, a correlação é dada por uma função de distribuição Kf. Equações teóricas são usualmente empregadas para as isotermas obtidas experimentalmente: Concentração adsorvida Concentração na solução Figura 9 - Exemplo de uma isoterma de Freundlich (Drever, 1997). 39 Transporte de Contaminantes nos Solos A isoterma de Freunlich é dada por: C i ( ads.) = Kf .C n i ( sol .) (2.6) Onde n é uma constante, geralmente menor que 1. O expoente n<1 faz com que a curva se torne menos íngreme para maiores concentrações. A isoterma de Langmuir foi originada da descrição da adsorção do gás de uma camada na superfície sólida. A correspondente constante de equilíbrio para a reação pode ser escrita como: K lang . = Ci ( ads.) (2.7) C i ( sol .) .C sítioslivres PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Considerando a superfície na qual ocorrerá adsorção, temos Ci(ads. max.), e a concentração das regiões em que o soluto é adsorvido é Ci(ads.) e a concentração das regiões vazias é Csítioslivres. Concentração adsorvida Concentração na Solução Figura 10 - Exemplo de uma isoterma de Langmuir (Drever, 1997). O fator de retardamento é outro importante parâmetro que pode ser determinado através dos ensaios de batelada. É usado nos modelos de transporte de contaminantes, para descrever os processos de interação química entre o contaminante e o solo. Determinação do coeficiente de retardamento Rd nos ensaios de batelada para isoterma linear para solo saturado: Rd = 1 + γ ⋅ Kd n (2.8) 40 Transporte de Contaminantes nos Solos Onde: γ - peso específico aparente seco (M/L3); n - porosidade do solo (%); Rd - coeficiente de retardamento (adimensional). 2.2.2.2. Troca Iônica A troca Iônica se divide em Troca Catiônica e Troca de Ânions. Troca Catiônica PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA As partículas de argila são constituídas por placas microscópicas, possuindo, em geral, cargas negativas em suas faces devido às substituições isomórficas e às ligações quebradas em suas estruturas químicas (Grim, 1968). Estas cargas negativas são equilibradas por cátions trocáveis que aderem às superfícies e às extremidades das partículas de argila. A medida desta capacidade é conhecida como capacidade de troca catiônica. Os valores estão listados na tabela 5. Tabela 5 - Capacidade de troca catiônica de alguns argilo-minerais (Grim, 1968). Mineral Capacidade de Troca Catiônica (meq/100g) Caulinita 3 – 15 Ilita 10 – 40 Clorita 10 – 40 Esmectita (Mont.) 80 – 150 Vermeculita 100 – 150 A troca catiônica é um processo reversível, dependente do equilíbrio do sistema. Quanto maior for o valor da valência, maior será a preferência de troca (Nobre, 1987). Mitchell (1976) apresentou uma série típica quanto à preferência de trocas catiônicas, em função do argilo-mineral para cátions bivalentes, como mostra a tabela 6. 41 Transporte de Contaminantes nos Solos Tabela 6 - Série de preferência de troca catiônica (Mitchell, 1976). Série Típica (Mitchell, 1976) + + + + Na <Li <K <Rb <Cs+<Mg+2<Ca+2<Ba+2<Cu+2<Al+3<Fe+3<Th+4 A adsorção de cátions pode ser vista como uma competição entre cátions e H+ nas regiões de superfície. Para baixo pH, a adsorção de cátions é mínima. (Drever, 1997). A figura 11 mostra a adsorção de alguns metais cátions. % PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA adsorvida Figura 11 - Adsorção de cátions metálicos em função do pH (Dzombak e Morel, 1990). Troca de Ânions Apesar de menos estudada do que a troca catiônica, este tipo de troca também ocorre nos solos. Ela se dá em função da substituição de hidroxilas (OH-) ou da adsorção de íons que possuam formas semelhantes ao tetraedro de sílica, como os fosfatos, arsenatos, e carbonatos, nas extremidades dos tetraedros de sílica (Grim, 1968). A adsorção de ânions tem diferentes propriedades, tornando o comportamento da adsorção totalmente complexo (Drever, 1997). A figura 12 mostra a adsorção dos ânions com a variação do pH. Figura 12 - Adsorção de ânions em função do pH (Dzombak e Morel, 1990). 42 Transporte de Contaminantes nos Solos A dessorção é a liberação de substâncias previamente adsorvidas é a liberação de soluto das partículas de solo para o fluido intersticial. 2.3. Fatores que influenciam a mobilidade dos metais pesados O transporte de poluentes no solo pode ser influenciado por alterações em três variáveis: o solo, o poluente e o meio ambiente. As alterações em uma dessas variáveis ocasionam modificações nas outras. As principais alterações, segundo Elbachá (1989), são: -variáveis do solo - tipo de solo, mineralogia, distribuição granulométrica, estrutura do solo, capacidade de troca iônica, tipo de íons adsorvidos e tipo e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA teor de matéria orgânica presente; -variáveis do poluente - tipo de poluente, concentração do poluente e outras substâncias presentes, densidade, viscosidade, pH, polaridade, solubilidade, demanda bioquímica de oxigênio e demanda química de oxigênio; -variáveis do ambiente - condições hidrogeológicas, condições aeróbicas/anaeróbias, temperatura, microorganismos presentes, potencial de óxido-redução. Os metais são cátions que, em sua maioria apresentam mobilidade razoavelmente limitada no solo e na água subterrânea por causa da troca catiônica e da sorção na superfície dos grãos minerais (Fetter, 1993). Os metais são móveis na água subterrânea se a relação Eh-pH é tal, que os íons solúveis existam e o solo tenha baixa capacidade de troca catiônica. (Dougy e Volk, 1983). As condições que promovem a mobilidade incluem a acidificação, solos arenosos com baixa quantidade de matéria orgânica e a ausência de argila. Os metais pesados formam um grupo de contaminantes comumente encontrados em diversos tipos de resíduos. Eles são altamente tóxicos aos homens, animais e à vida aquática, como já foi visto na introdução. Os principais metais pesados que têm recebido atenção devido a sua acumulação nos solos, plantas e nas águas subterrâneas são: Pb, Cd, Cu, Zn, Ni, Cr e Hg. Estudos de retenção dos íons dos metais pesados, usados em solução com solos minerais argilosos puros (Caolinita, Ilita e Montmorilonita), indicam alta capacidade de retenção pela argila suspensa com o aumento no pH (Yong, 1973). Para qualquer cálculo envolvendo equilíbrio químico, adsorção ou, na verdade, toxicidade, é necessário o conhecimento da forma química em que o elemento se apresenta (Drever, 1987). Por exemplo, a solubilidade do Fe(OH)3 Transporte de Contaminantes nos Solos 43 em termos de espécies: Fe+3, Fe+2, Fe(OH)+2, Fe(OH)+2, e Fe(OH)-4. Para diferentes valores de pe e pH existe uma espécie predominante. Os diagramas pe e pH são gráficos que fornecem informações do PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA equilíbrio da solubilidade, como mostra a figura 13. Figura 13 - Diagramas pe x pH para o Fe(OH)3. Os diagramas, que serão mostrados a seguir, referem-se aos elementos específicos neste estudo. Zinco, Cádmio e Chumbo Estes elementos têm diversos aspectos em comum. A espécie dominante na solução é o cátion divalente (livre ou complexo). Sob condições oxidantes e pH baixo, são totalmente solúveis e têm mobilidade. Quando o pH aumenta, as concentrações tendem a decrescer, primeiro por causa da adsorção (Pb) e, posteriormente, por causa do limite de solubilidade dos carbonatos e óxidos/hidróxidos. Sob condições redutoras, se o equilíbrio ocorre, todos são imobilizados como sulfídricos. Se o sulfídrico está ausente para Zn, Cd e Pb, o controle da solubilidade deve ser o mesmo sob condições oxidantes. A adsorção tem, geralmente, menos importância sob condições redutoras, porque os mais importantes substratos para adsorção, Fe e Mn oxihidróxidos, tendem, eles Transporte de Contaminantes nos Solos 44 mesmos, a se dissolverem. As figuras 14, 15 e 16 mostram os diagramas pe-pH PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA destes elementos. (Drever, 1997). Figura 14 - Diagrama simplificado pe-pH para o Zinco (Drever, 1997). Figura 15 - Diagrama simplificado pe-pH para o Cádmio (Drever, 1997). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Transporte de Contaminantes nos Solos 45 Figura 16 - Diagrama simplificado pe-pH para o Chumbo (Drever, 1997). Cromo Sob condições oxidantes, a forma hexavalente Cr(VI) (cromato) é estável como um ânion, não sendo fortemente adsorvido e, portanto, móvel no ambiente e tóxico. Sob condições intermediárias de redução, Cr (III) é estável no estado oxidante. É insolúvel em pH neutro e alcalino e solúvel em condições ácidas (Cr(OH)+2). Em geral, Cr(III) é fortemente adsorvido. Seu diagrama está mostrado na figura 17. Figura 17 - Diagrama simplificado pe-pH para o Cromo (Brookins, 1988). 46 Transporte de Contaminantes nos Solos Neste trabalho serão abordados alguns fatores, sendo que, para melhor compreensão de como eles afetam o transporte de contaminantes, serão discutidas as influências dos mesmos nos parâmetros de transporte. Muitos dos fatores interferem nos processos de transferência de massa da fase líquida para a sólida – reações de adsorção e precipitação – sendo, portanto, o fator de retardamento um dos parâmetros mais afetados. A mineralogia das argilas é um fator importante influenciando o transporte de contaminantes, uma vez que as propriedades típicas das argilas são função basicamente dos argilominerais. As diversas espécies de argilominerais influenciam, diferentemente, o comportamento dos solos, no que diz respeito à capacidade de adsorção, atividade e condutividade hidráulica. As espécies de argilominerais que determinam os extremos das propriedades dos solos são a PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA caulinita e a montmorilonita. Assim, solos com predominância de caulinita possuem menor capacidade de troca catiônica, menor atividade e maior condutividade hidráulica do que solos com montmorilonita (Elbachá, 1989). Tabela 7 – Características dos principais argilominerais (adaptado de Lambe, 1979). Mineral Área Específica (m2/g) CTC (me/100g) Caulinita 10-20 1 Ilita 80-100 150 Montmorilonita 800 100 Vermiculita 5-400 150 A variação do pH da solução pode ter diversos efeitos no transporte de contaminantes, dentre os quais podem-se citar: a alteração da capacidade de troca iônica e a precipitação de compostos, além da dissolução de componentes do solo (Borges et al, 1996). Como a troca iônica é, em geral, o principal mecanismo de adsorção, é natural que a capacidade de adsorção dos solos seja também influenciada pelo pH da solução do meio. Normalmente, a adsorção de cátions inorgânicos aumenta com o aumento do pH. Ao contrário do que ocorre com os cátions, a adsorção de ânions é geralmente estimulada em ambientes ácidos. Para valores de pH maiores que oito, a capacidade de troca catiônica é consideravelmente maior, enquanto que, para valores abaixo de quatro, a troca de ânions pode ser significante (Elbachá, 1989). Transporte de Contaminantes nos Solos 47 Outro fator importante a ser considerado é a velocidade de percolação. Valores elevados de velocidade implicam na redução do retardamento, visto que o tempo disponível para que as interações entre o solo e o soluto ocorram é menor. Por outro lado, o retardamento é máximo em situações de velocidade nula. A variação da temperatura pode ter três efeitos básicos na retenção de substâncias: alterar a permeabilidade do solo, alterar a velocidade dos processos de transferência e propiciar a ocorrência de reações que não se processam à temperatura ambiente (Elbachá, 1989). De uma maneira geral, o fator de retardamento tende a aumentar à medida que diminui a concentração PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA inicial da substância. 2.4. Resultados de pesquisas anteriores 2.4.1. Literatura Nacional No IV REGEO – Congresso Brasileiro de Geotecnia Ambiental, alguns resultados interessantes relacionados com esta tese foram mostrados. Boscov (1999) apresentou uma pesquisa sobre o transporte de doze metais através de argila laterítica compactada. Como a adsorção varia sensivelmente com o pH da solução, foram ensaiadas soluções com pH1 e pH4. A comparação entre os resultados dos ensaios de difusão com soluções de concentração de 100mg/L e variação no pH atesta a importância de correção do pH de resíduos muito contaminados. Pode-se passar de uma situação de migração por difusão com pouca retenção, para a de elevada retenção nas camadas superficiais de argila. Com o objetivo de melhor uso das camadas, Leite (1999) mostrou um modelo da retenção e do transporte difusivo do potássio através de ensaios de batelada e ensaios de colunas de difusão. O solo estudado provém das proximidades da cidade de Ribeirão Preto SP. São Latossolos avermelhados, que apresentam a fração argila constituída principalmente por caulinita, óxidos e hidróxidos de Fe/Al. Encontrou-se, para o coeficiente de distribuição, um valor de aproximadamente 1,2cm3/g e um coeficiente de retardamento próximo de 10, o que revela uma significativa capacidade de retenção do potássio. 48 Transporte de Contaminantes nos Solos O perfil estudado por Farias (1999) apresenta valores de pH crescentes com a profundidade, correlacionando aos teores de matéria orgânica decrescentes. Para pH igual ou abaixo de 4, há favorecimento da mobilidade, enquanto que em pH maiores a tendência é favorecer a retenção. Para este caso, cujo perfil do solo apresenta a maioria dos elementos homogêneos, a matéria orgânica constitui o fator mais importante e com isso é o principal fator que controla a mobilidade dos elementos. No V REGEO, Machado (2003) apresentou resultados de ensaios de coluna que mostraram uma elevada capacidade de absorção do chumbo pelo solo residual expansivo, encontrado no município de Santo Amaro da Purificação-BA. Encontrou-se um Kd de 19,51 e um coeficiente de retardamento de 52,7 que é extremamente elevado. Estes valores caracterizam o solo do local PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA como uma barreira natural à propagação das plumas de contaminantes em subsuperfícies. Ribeiro (2003) buscou o desenvolvimento de uma tecnologia para o reprocessamento de zinco e chumbo no caso da contaminação, na cidade de Santo Amaro da Purificação, na região metropolitana de Salvador-BA. A idéia foi utilizar o ácido clorídrico para extração de metais da escória, diminuindo sua toxicidade, agregando valor e possibilitando a geração de recursos para o abastecimento do passivo ambiental da cidade. Os resultados preliminares indicaram que a lixiviação ácida é capaz de remover mais de 90% dos principais metais de interesse. Nascentes (2003) realizou ensaios de batelada e coluna para determinação de parâmetros de transporte de alguns metais pesados em um solo residual maduro (horizonte B). Dentre as principais conclusões, destacamse a seqüência de mobilidade obtida para os metais estudados - Mn+2 >Zn+2>Cd+2>Cu+2>Pb+2>Cr+3 e os valores do fator de retardamento de metais em colunas de solo - Mn com R=18,0; Zn com R=27,0 e Cd com R=37,0. Coelho (2003) fez uma avaliação da concentração subterrânea por metais pesados, na área do Aterro de disposição de resíduos sólidos urbanos de Catas Altas, MG. Os resultados apresentados na tabela 8 mostram que o fator de retardamento é inversamente proporcional à carga hidráulica. Tabela 8 - Fator de retardamento x carga hidráulica. Ensaio de Coluna Fator de Retardamento (R) Carga Hidráulica (cm) Cd Cr Cu Pb Zn 49 Transporte de Contaminantes nos Solos 39 1,92 8,25 2,30 3,35 2,00 102 0,90 3,23 1,05 1,49 0,88 Uma análise geoquímica mostrou que nos metais Cd e Zn os fenômenos da adsorção e da troca catiônica são os mecanismos de interação mais importantes. O cromo é o metal que apresenta maior retenção, seguido do chumbo. 2.4.2. Literatura Internacional Segundo Yong (1993), os resultados obtidos nos testes de adsorção com PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA metais pesados também indicaram que a mudança no pH da solução no solo resulta numa correspondente mudança no mecanismo de retenção dos metais pesados nos solos. Para altos valores de pH, mecanismos de precipitação (precipitação de hidróxidos e carbonatos) dominam o processo. Para pH decrescente, a precipitação se torna menos importante e a troca catiônica se torna predominante. Em geral temos: - para pH ácido: adsorção; - para valores de pH perto da neutralidade: a retenção dos metais pesados dependerá dos tipos de metais pesados presentes; - para condições básicas: co-precipitação e os metais precipitam-se como carbonatos ou outros sais, dependendo dos ligantes presentes. A capacidade de retenção observada em solos mostra a seguinte ordem de retenção para os argilominerais: kaolinita<ilita<montmorilonita, correspondendo com o CTC dos argilominerais. Com respeito à retenção de Pb, Cu, Zn e Cd, os resultados mostram que, quando o pH da solução é maior do que 4, os metais pesados são retidos no solo na fração capaz de trocas, formando novos hidróxidos (precipitação) e resultando, portanto, em maiores quantidades de metal pesado total retido. Mas quando as quantidades de ácido aumentam ou quando o pH se torna menor do que quatro, apenas a fração metal é capaz de trocas, o que resulta em menores quantidades de metal pesado total retido.(Yong, 1993b). O transporte de colóides inorgânicos é também afetado pelo pH. Segundo Satmark (1996), para pH baixo, Goethita é fortemente retida pelo quartzo. O transporte de iodato é altamente alterado na presença de Goethita com baixo pH. 50 Transporte de Contaminantes nos Solos Gerritse (1996) estudou a adsorção de cádmio em solos arenosos através dos ensaios de batelada e pela lixiviação em pequenas colunas de solo. A adsorção do cádmio aumenta linearmente com o aumento de matéria orgânica contida e exponencialmente com o acréscimo de pH. O cádmio é significativamente mobilizado em solos arenosos pela matéria orgânica dissolvida. Em relação à dessorção destes metais pesados, Wang (1997) estudou o comportamento do Cd e Ni na presença de cálcio em solos de sub-superfície usando ensaios de batelada. A adsorção de Cd e Ni pelo solo foi drasticamente reduzida e o transporte através dos solos foi significativamente aumentado na presença de cálcio. Estes efeitos foram atribuídos à competição entre cálcio e estes metais nas regiões trocáveis na superfície do solo. O volume da solução PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA de CaCl2 requerido para remover certa porcentagem de Cd decresce com o aumento da concentração de CaCl2. Contudo, a concentração de CaCl2 usada no fluxo do solo não afetou significativamente a porcentagem final de Cd removido, que foi de 90%. No estudo do transporte de contaminantes, os principais ensaios de laboratório que nos fornecem informações dos parâmetros são os ensaios de batelada e os ensaios de coluna. Os resultados dos ensaios de equilíbrio em lote e em coluna são diferentes, já que nos primeiros as partículas do solo ficam mais expostas à adsorção. Portanto, experimentos com ensaios de batelada podem ser vantajosos para simular a interação solo-metal, apenas se a velocidade de infiltração no solo for muito lenta. Johnson (1990) mostrou que a fração da concentração inicial de cádmio adsorvida pela Goethita depende do pH da solução, da concentração inicial de cádmio e da temperatura, sendo o efeito da temperatura o menos significativo. Allen (1995) mostrou que há uma relação entre o coeficiente de dessorção e o coeficiente de adsorção, e concluiu que os ensaios de batelada dão uma boa estimativa dos valores que podem ser obtidos para a dessorção num sistema dinâmico. Material Utilizado 51 3 Material Utilizado 3.1. Introdução Para a utilização de um novo material ou um tipo de solo diferente, muita pesquisa sobre o comportamento do material deve ser realizada para prever como ele se comportará em uma determinada situação. Como já foi mostrado no capítulo 1, há interesse no comportamento dos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA metais pesados - zinco, cádmio, cobre e chumbo - em solos residuais do estado do Rio de Janeiro. De acordo com o capítulo 2, vimos que diversos são os fenômenos que controlam o transporte de um poluente através do solo, sendo também muitas as variáveis das quais esses fenômenos são dependentes. Assim sendo, para uma avaliação experimental eficaz, é necessário que as principais variáveis do solo e da solução contaminada sejam bem conhecidas. O solo formado a partir da decomposição das rochas pelo intemperismo seja químico, seja físico, ou a combinação de ambos, e que permanecem no local onde foram formados, sem sofrer qualquer tipo de transporte, são denominados solos residuais. A natureza destes solos, ou seja, sua composição mineralógica e granulométrica, sua estrutura e espessura dependem do clima, relevo, tempo e tipo de rocha de origem. Assim, em regiões de clima tropical, como na maior parte do Brasil, o manto de solo residual, formado pela decomposição das rochas com predomínio de intemperismo químico, apresenta, quase sempre, espessura da ordem de dezenas de metros, enquanto que, em regiões com predomínio de clima temperado, este manto tem espessura, normalmente, da ordem de poucos metros (ABGE,1998). Foram realizados ensaios de caracterização geotécnica e físico-química em dois solos residuais do estado do Rio de Janeiro, denominados Duque de Caxias e Mirante do Leblon. Que foram utilizados por já terem sido bastante estudados na PUC-Rio e devido a presença de mica no solo do Mirante do Leblon. Material Utilizado 52 Nos ensaios de batelada, o que será visto no capítulo 4, foram utilizadas soluções de cádmio, zinco, chumbo e cromo. Foram preparadas duas soluções de cádmio e zinco para realização dos ensaios de coluna. 3.2. Caracterização dos Solos Residuais O solo residual ou autóctone é formado no local, diretamente, da desagregação da rocha adjacente e / ou subjacente ao perfil do solo. 3.2.1. Ensaios de Caracterização Geotécnica PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Foram realizados ensaios para determinação da umidade, do peso específico dos grãos, curva granulométrica e limites de liquidez e plasticidade, no Laboratório de Geotecnia da PUC-RJ, segundo procedimentos especificados pelas normas brasileiras – NBR 6508, NBR 6457, NBR 7181, NBR 6459 e NBR 7180 da ABNT. Solo do Mirante do Leblon O perfil de onde foi retirado o solo em estudo se localiza em uma encosta acima do Mirante do Leblon, à margem da estrada que leva a uma comunidade local chamada Chácara do Céu. A área situa-se no bairro Leblon, a sudeste do município do Rio de Janeiro e faz parte das Serras cariocas, que compõem o Maciço da Tijuca (Oliveira, 2000). A Foto 1 mostra detalhes do perfil de onde foi retirado o material. Foto 1 – Perfil de onde foi coletado o solo em estudo (de Oliveira, 2000). 53 Material Utilizado A amostragem foi feita manualmente com a utilização de pá e picareta. Foi retirado material deformado para a realização dos ensaios de caracterização e para os ensaios de batelada. Também foi retirada amostra indeformada para a realização dos ensaios de coluna. Os ensaios de limite de liquidez e de plasticidade foram realizados com o material homogeneizado passante na peneira número 40, depois de ter sido destorroado com o almofariz e a mão de gral. Para o limite de liquidez, usou-se o Aparelho de Casagrande e obteve-se o valor de 56,8% e o limite de plasticidade forneceu o valor de 41,0%. O índice de plasticidade resultante dos limites apresentou um valor igual a 15,8%. A massa dos grãos tem um valor médio igual a 2,79g/cm3. A figura 18 apresenta a curva granulométrica com o cálculo do diâmetro efetivo, coeficiente PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA de uniformidade e curvatura. A tabela 9 mostra o resumo da granulometria e a tabela 10, outros índices físicos importantes analisados. Figura 18 – Curva Granulométrica do Solo do Mirante do Leblon. Tabela 9 – Resumo da Granulometria. Resumo da Granulometria Porcentagem (%) Pedregulho Grosso 0 Pedregulho Médio 0 Pedregulho Fino 0 Areia Grossa 10 54 Material Utilizado Areia Média 20 Areia Fina 27 Silte 34 Argila 9 Tabela 10 – Outros Índices Físicos do Solo do Mirante do Leblon. Caracterização do Solo Umidade (%) 16,31 3 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Massa específica Natural (g/cm ) 1,84 Massa específica seca (g/cm3) 1,55 Porosidade (%) 42 Ìndice de Vazios 0,72 Solo de Duque de Caxias O perfil de onde foi coletado o segundo solo do estudo localiza-se na Rodovia Washington Luís, em direção à Petrópolis, no município de Duque de Caxias no estado do Rio de Janeiro (Br 040 – km 111). A foto 2 mostra o talude de onde foram coletadas as amostras deste solo. Foto 2 – Talude do Solo de Duque de Caxias (Nunes, 2002). A rocha apresenta feições ricas em minerais máficos (biotita) e félsicos (feldspatos), conferindo ao referido solo respectiva alternância de camadas com porosidade e permeabilidade possivelmente diferenciadas. Estas feições são visualmente identificáveis no bloco coletado, sendo uma mais arenosa e a outra mais siltosa, como está mostrado na foto 3. Material Utilizado 55 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Foto 3 – Detalhe do bloco coletado em Duque de Caxias (Nunes, 2002). A feição do solo estudado considerou a parte arenosa que apresenta coloração mais clara. Ela é constituída de feldspato potássico e biotita em várias fases de alteração, além do quartzo. Este material foi caracterizado como sendo um solo residual gnáissico arenoso. A amostragem foi feita da mesma forma que a do solo do mirante do Leblon, com amostras deformadas para os ensaios de caracterização e ensaios de batelada; no entanto, para os ensaios de coluna, conseguiu-se a extração de um bloco indeformado, de modo que as colunas foram cravadas no laboratório. O bloco indeformado tem, aproximadamente, 30cm de aresta. Na coleta, ele foi devidamente condicionado com papel filtro, papel laminado, murim e parafina derretida, a fim de preservar sua umidade natural e suas características do campo. A foto 4 mostra detalhes da extração do bloco. 56 Material Utilizado Foto 4 – Fases da extração do bloco indeformado de Duque de Caxias. Os ensaios de limite de liquidez e de plasticidade foram realizados com o material homogeneizado passante na peneira número 40, depois de ter sido destorroado com o almofariz e a mão de gral. Para o limite de liquidez usou-se o Aparelho de Casagrande e obteve-se o PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA valor de 41,4% e o limite de plasticidade forneceu o valor de 26,4%. O índice de plasticidade resultante dos limites apresentou um valor igual a 15,0%. A massa dos grãos tem um valor médio igual a 2,62g/cm3. A figura 19 apresenta a curva granulométrica com o cálculo do diâmetro efetivo, coeficiente de uniformidade e curvatura. A tabela 11 mostra o resumo da granulometria e tabela 12, outros índices físicos importantes analisados. Figura 19 – Curva Granulométrica do Solo de Duque de Caxias. Tabela 11 – Resumo da Granulometria. Resumo da Granulometria Porcentagem (%) Pedregulho Grosso 0 Pedregulho Médio 0 57 Material Utilizado Pedregulho Fino 5 Areia Grossa 34 Areia Média 13 Areia Fina 9 Silte 32 Argila 6 Tabela 12 – Outros Índices Físicos do Solo de Duque de Caxias. Caracterização do Solo Umidade (%) 6,68 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Massa específica natural (g/cm3) 1,55 Massa específica seca (g/cm3) 1,45 Porosidade (%) 44 Ìndice de vazios 0,82 3.2.2. Análises Mineralógicas No solo do Mirante do Leblon foram realizadas análises mineralógicas das frações passantes na peneira #40 e #200. Os ensaios consistiram em uma análise por difração de raio-X, realizada no laboratório de difração de Raio-X do Departamento de Ciências dos Materiais e Metalurgia da PUC-Rio, utilizando-se um Difratômetro de raios-x, marca Siemens, modelo D5000. A composição mineralógica do solo é apresentada na tabela 13. Os difratogramas estão apresentados nas figuras 20 e 21. Figura 20 – Difratograma do solo do Mirante do Leblon - #40. 58 Material Utilizado PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 21 – Difratograma do solo do Mirante do Leblon - #200. Tabela 13 – Composição Mineralógica do Solo do Mirante do Leblon. Fração #40 #200 Composição Caolinita Caolinita Ilita Ilita No solo de Duque de Caxias, para a identificação dos componentes dos solos, procedeu-se a separação das frações areia, silte e argila por peneiramento e sedimentação. A determinação dos minerais da fração areia foi feita utilizando-se a lupa binocular e microscópico petrográfico da PUC-Rio. Os resultados revelaram a ocorrência de biotita e feldspato potássio, ambos em várias fases de transformação, além do quartzo. Para a identificação dos constituintes cristalinos das frações silte e argila, as análises foram feitas no difratômetro igual ao do solo do Mirante do Leblon. Os resultados das análises estão na tabela 14 e na figura 22. 59 Material Utilizado PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 22 – Difratograma do solo de Duque de Caxias. Tabela 14 – Composição Mineralógica do Solo de Duque de Caxias. Fração Silte e Argila Composição Caolinita Gibbsita 3.2.3. Análises Físico-Químicas As análises físico-químicas dos solos são muito importantes, pois conhecendo as características da amostra natural, podemos comparar, após a realização dos ensaios, o que mudou no solo e o que pode ter influenciado nesta mudança. Para o solo do Mirante do Leblon, as análises foram feitas no Laboratório de solos, água e plantas da EMBRAPA. Determinou-se o pH em água e em KCl, foram feitas análises para cádmio e chumbo, troca catiônica e ataque sulfúrico mais carbono. A tabela 15 mostra os resultados principais e, no apêndice 1, aparece a análise completa do solo feita na EMBRAPA. Tabela 15 – Resultado simplificado das análises físico-químicas para o solo do Mirante do Leblon. Análises Físico-químicas Resultados pH em H2O 4,3 pH em KCl 3,9 60 Material Utilizado CTC (cmolc/Kg) 3,0 Metais (g/Kg) Zn – 0,008 Cd – 0,002 Pb – 0,024 Cr – 0,062 Para o solo de Duque de Caxias, o resultado se encontra na tabela 16. Tabela 16 – Resultado simplificado das análises físico-químicas para o solo de Duque de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Caxias. Análises Físico-químicas Resultados pH em H2O 4,9 pH em KCl 4,15 CTC (cmolc/Kg) 3 1,8 Metais (mg/dm ) Zn – 0,562 Superfície Específica (m2/g) 14,05 Matéria Orgânica (%) 1,5 3.3. Caracterização da Solução Utilizada A solução de lixiviação empregada em qualquer ensaio deve assemelharse ao fluido real que estará em contato com o material. No entanto, não existe um meio de desenvolver uma solução única, representativa de todos as variáveis, tais como pH, potencial de oxidação, presença de agentes quelantes ou complexos e outros. Assim, normalmente, em ensaios de lixiviação realizados para avaliar a estabilidade química dos resíduos tratados, tende-se a usar uma solução de lixiviação agressiva, com baixo pH e baixo potencial de oxi-redução, para simular a pior situação de um aterro (CETESB, 1985). Para os ensaios de batelada, trabalhou-se com os metais Zinco, Cádmio, Chumbo e Cromo em uma concentração de 1mg/ml. Com o intuito de obter as isotermas de adsorção nos ensaios de batelada, utilizaram-se as mesmas soluções dos metais, com a mesma concentração, mas com a quantidade variando de 25 a 1000ug. A metodologia e os resultados encontram-se, respectivamente, nos capítulos 4 e 5. Material Utilizado 61 Para o ensaio de coluna, os metais utilizados foram definidos através dos resultados preliminares dos ensaios de batelada. Os metais pesados, Cádmio e Zinco, foram os escolhidos por apresentarem uma maior mobilidade nos dois solos residuais estudados, deste modo o tempo de duração do ensaio é menor. A solução de Cádmio utilizada foi preparada a partir do Cloreto de Cádmio (CdCl2). Para o primeiro ensaio de coluna, a solução apresentou um pH ácido igual a 5,53, enquanto que para o segundo ensaio, usou-se NaOH para ajustar o pH, tornando-o igual a 6,34. A solução de Zinco utilizada foi preparada a partir do Sulfato de Zinco (ZnSO4+7H2O). Para o primeiro ensaio de coluna, a solução apresentou um pH ácido igual a 4,87, no entanto, para o segundo ensaio, também utilizou-se NaOH para o ajustar o pH, tornando-o igual a 6,40. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA A determinação da concentração inicial de cada solução para cada coluna foi medida pela técnica do ICPOES e os resultados estão mostrados no capítulo 4. 62 Metodologia dos Ensaios 4 Metodologia dos Ensaios 4.1. Introdução A metodologia de ensaios descrita a seguir. Primeiro foram realizados os ensaios de batelada, em que se buscou determinar o coeficiente de distribuição e o fator de retardamento em meio ácido e depois em meio básico para comparar os resultados e verificar a influência do PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA pH nestes parâmetros. Ainda nos ensaios de batelada, construiu-se isotermas de adsorção para valores diferentes de pH. Um estudo estatístico foi realizado com elementos que compõem o chorume, para verificar como interferem no valor do coeficiente de distribuição dos metais analisados. A idéia dos ensaios de batelada é que a partir dos seus resultados, que são mais rápidos, dar o valor máximo de Rd dos metais pesados no solo, para, posteriormente, serem feitos os ensaios de coluna, permitindo, assim, prever seu comportamento. Nos ensaios de coluna, procurou-se determinar o fator de retardamento, através das curvas de chegada, além da verificação de uma possível lixiviação dos contaminantes através da análise do solo, feita depois do ensaio dividindo a coluna de 10cm em cinco camadas a fim de saber como ocorreu a contaminação. 4.2. Metodologia dos Ensaios de Batelada Devido à sua simplicidade e rapidez, o ensaio de batelada tem sido freqüentemente usado nos estudos em laboratório, para avaliar a capacidade dos solos de remover constituintes químicos da solução, sendo este o método mais comum na obtenção dos valores do coeficiente de distribuição (USEPA,1992). Para a resumidamente, determinação nos dos ensaios de parâmetros mostrados batelada procedeu-se: no capítulo uma 2, solução 63 Metodologia dos Ensaios contaminada, de concentração conhecida, foi misturada com uma massa conhecida de solo; deixou-se o sistema equilibrar para, depois, tornar a medir a concentração do poluente na solução. Nos próximos itens, esta metodologia será detalhada para cada tipo de ensaio. Para a determinação analítica das concentrações das soluções de partida e das amostras líquidas coletadas nos ensaios, foi utilizado um espectrofotômetro de emissão atômica com plasma de argônio (ICP-AES – Inductively Coupled Plasma Atomic Emission Spectroscopy), do Laboratório de Espectrometria de Emissão Atômica do Departamento de Química da PUC-Rio. A determinação dos íons metais numa solução é baseada na emissão de luz por elétrons do átomo metal em estado excitado. Os limites de detecção para os metais usados neste estudo foram: Zinco=0,005; Chumbo=0,040; Cádmio=0,007 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA e Cromo=0,010mg/L ou ppm. 4.2.1. Cinética Como explicitado anteriormente, o sistema, solução-solo, precisa entrar em equilíbrio e para isso defini-se um tempo suficiente para ocorrer este equilíbrio. O tempo de equilíbrio é definido como o número mínimo necessário para estabelecer uma mudança de concentração ≤ a 5% por intervalo de 24h, a norma cita que, em diversas pesquisas, o tempo de 24h foi suficiente para o equilíbrio das reações. Nos ensaios iniciais, a relação, sólido/líquido, foi feita por tentativas: primeiro pensou-se na proporção do líquido ser igual à porcentagem da porosidade, mas ocorreu que, na hora da separação das fases, não se conseguia extrair somente a fase líquida. Assim chegou-se a uma relação, sólido/líquido, de 1:1, após algumas tentativas. O tempo de centrifugação deve ser o suficiente para que a parte sólida se separe completamente da líquida; após alguns testes atingiu-se, o tempo de 15 minutos e 3000rpm. A quantidade de metais e a concentração também foram escolhidas de modo a possibilitar a realização da leitura da concentração dos metais por ICPOES. Desta forma, determinou-se uma quantidade de 25microlitros e uma concentração de 1mg/ml. Metodologia dos Ensaios 64 Para a determinação do equilíbrio do sistema, chegou-se à seguinte metodologia de ensaio para o ensaio de cinética, como mostra o esquema na foto 5: 1. pesar, em tubo Falcon de 50ml, 10 gramas das amostras dos dois solos residuais separadamente; 2. adicionar 10ml de água deionisada e 25 microlitros da solução padrão de Zn, Cd, Cr e Pb, (cerca de 1mg/ml); em seguida, fechar os tubos; 3. misturar bem as fases por agitação manual, assegurando que todo o solo esteja em contato com a solução; 4. para a determinação do tempo, preparar, para cada tipo de solo e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA para cada metal, um tubo deixando-o em repouso com os seguintes tempos: t=2, 4, 6, 8,10, 12, 24, 36, 48 e 72horas; 5. para cada tubo, proceder à centrifugação para a separação das fases (t=15min. a 3000rpm); 6. retirar cuidadosamente uma alíquota de 1ml, colocando num frasco plástico, adicionar 1 gota de ácido nítrico concentrado e realizar a medida do pH; 7. encaminhar para a análise por ICP-AES. Metodologia dos Ensaios 65 Foto 5 - Metodologia do Ensaio de Batelada Com os resultados do laboratório de espectrofotometria de emissão atômica, conseguiu-se determinar o tempo suficiente para que o sistema entrasse em equilíbrio, através dos gráficos C/C0(mg/L) x t(horas). Os resultados PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA e os gráficos estão plotados no capítulo 5. Os outros ensaios de batelada foram feitos a partir da determinação deste tempo de equilíbrio e seguiram a mesma metodologia. 4.2.2. Ensaio de Batelada com Variação de pH Primeiramente, foi feita uma amostra em branco para o ensaio de batelada, de modo que todos os futuros ensaios serão analisados em função do resultado das amostras em branco, que nos fornecerá a quantidade dos metais de interesse, presentes no solo natural. Para pH ácido, menor do que 7, utilizou-se água deionisada e 25 microlitros da solução padrão de cada cátion. Constatou-se que o solo do mirante do Leblon misturado com a solução apresentou pH por volta de 4,5 e o solo de Duque de Caxias por volta de 4,9. Através dos resultados das análises e com as equações 4.1 e 4.2, determinaram-se os valores de Kd e R. Os resultados estão mostrados no capítulo 5. Para pH básico, maior do que 7, utilizou-se hidróxido de amônio (NH4OH) para aumentar o pH da solução com uma solução de 1:10. Assim obteve-se valores de pH entre 8,5 e 9,0. 4.2.3. Análise Estatística Além do pH, muitos outros fatores podem interferir no coeficiente de distribuição do sistema. Analisando, por exemplo, tratamento de efluentes 66 Metodologia dos Ensaios líquidos de aterros sanitários, constata-se que há uma fração de líquidos que exige cuidados específicos. O chorume é o líquido de composição bastante variável que adquire características poluentes devido o seu contato com uma massa de resíduo sólido em decomposição (IPT, 2000). A tabela 17 mostra os valores característicos do chorume. Tabela 17 – Valores de características do chorume de aterros novos e consolidados (adaptado de IPT, 2000). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Parâmetros (mg/L) Aterro Novo (menos de 2 Aterro Consolidado (mais de anos) 10 anos) Variação Típico Variação DBO 2.000-30.000 10.000 100-200 COT 1.500-20.000 6.000 80-160 DQO 3.000-60.000 18.000 100-500 SST 200-2.000 500 100-400 Nitrogênio 10-800 200 80-120 10-800 200 20-40 Nitrato 5-40 25 5-10 Fósforo total 5-100 30 5-10 Ortofosfato 4-80 20 4-8 Alcalinidade 1.000-10.000 3.000 200-1.000 pH 4,5-7,5 6 6,6-7,5 Dureza (CaCO3) 300-10.000 3.500 200-500 Cálcio 200-3.000 1.000 100-400 Magnésio 50-1.500 250 50-200 Potássio 200-1.000 300 50-400 Sódio 200-2.500 500 100-200 Cloro 200-3.000 500 100-400 Sulfato 50-1.000 300 20-50 Ferro total 50-1.200 60 20-200 orgânico Nitrogênio Amoniacal (CaCO3) Metodologia dos Ensaios 67 Analisando alguns parâmetros da tabela 17, foram utilizados quatro elementos neste estudo. Pretende-se saber de que forma a variação destes parâmetros interfere no coeficiente de distribuição da solução. O objetivo do experimento é descobrir uma função, ou pelo menos obter uma aproximação satisfatória para ela, que poderá entender melhor a natureza da reação em estudo, e assim escolher as melhores condições de operação do sistema. (Neto, 2001). Como os parâmetros do chorume e sua composição são relativamente grandes, é possível que alguns deles não tenham influência significativa sobre a resposta; assim um planejamento completo seria um desperdício. Por isto foi feita uma triagem, para decidir quais os fatores que merecem um estudo mais aprofundado e que podem trazer uma variação no sistema. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA No planejamento de qualquer experimento, a primeira coisa que deve ser feita é decidir quais são os fatores e as respostas de interesse. Os fatores, de acordo com a tabela 18, são as seguintes variáveis presentes no chorume: EDTA (DBO, COT,DQO), Ca, Na e pH. As respostas são as variáveis de saída do sistema, que são motivos de interesse, e que serão – ou não – afetadas por modificações provocadas nos fatores. No caso presente, a resposta será a concentração do metal na solução que fornecerá o valor do coeficiente de distribuição, através de uma função dos fatores. Figura 23 – Um sistema pode ser representado por uma função ligando os fatores às respostas (de Neto, 2001). Agora é preciso adaptar os valores destes fatores com o ensaio de batelada, isto é, necessita-se definir a quantidade de cada fator que será colocada junto com o solo e com os metais pesados nos tubos. Analisando os valores dos fatores da tabela 17, chega-se a um planejamento com 4 fatores, chamado de planejamento fatorial 24, como mostra a tabela 18 com os seus respectivos valores. 68 Metodologia dos Ensaios Tabela 18 – Resultados de um planejamento fatorial 24 para estudar a influência dos 4 fatores presentes no chorume. Ordem Fatores (-) (g/L) (+) (g/L) 1 M.O. (EDTA) 12,4 24,8 2 Ca 1,5 3,0 3 Na 1,0 2,0 4 pH 4,72 6,94 Para a preparação das soluções, utilizou-se NaCl, NaOH, CaCl2, e EDTA nas respectivas proporções, 3,81g de NaCl e água para 100ml de solução; 2,60g de NaOH e água para 100ml de solução; 2,78g de CaCl2 e água para 100ml de solução e 1,24g de EDTA e água para 100ml de solução. A partir desta solução PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA chegou-se aos resultados do planejamento fatorial 24, onde o sinal (-) indica a quantidade mínima e o sinal (+) a quantidade máxima. Para obter os sinais algébricos necessários, procedeu-se da maneira usual, multiplicando, elemento a elemento, as colunas da matriz de planejamento. Primeiro são multiplicadas duas a duas, depois três a três, e finalmente faz-se o produto de todas as quatro colunas. O conjunto completo está mostrado na tabela 19. Cada ensaio tem a quantidade mostrada dos quatro elementos. Tabela 19 – Resultado da combinação dos fatores para a realização dos ensaios. Ensaio 1 2 3 4 1 _ _ _ _ 2 + _ _ _ 3 _ + _ _ 4 + + _ _ 5 _ _ + _ 6 + _ + _ 7 _ + + _ 8 + + + _ 9 _ _ _ + 10 + _ _ + 11 _ _ _ + 12 + _ + + 13 _ + + + 69 Metodologia dos Ensaios 14 + + _ + 15 _ + + + 16 + + + + Depois de montada a tabela 19, podem ser iniciados os dezesseis ensaios de batelada para cada solo, com as quantidades dos fatores iguais às mostradas nas tabelas 18 e 19. O procedimento do ensaio de batelada é o mesmo e os resultados das análises químicas de cada metal fornecerão uma função dos fatores que influenciam no valor do coeficiente de distribuição. Os resultados e os cálculos estão mostrados no capítulo 5. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA 4.2.4. Isotermas de Adsorção Como já foi mostrado no capítulo 2, o coeficiente de distribuição é normalmente representado pelas isotermas de adsorção, sendo que as mais famosas e utilizadas são as isotermas de Freundlich e as isotermas de Langmuir, que mostram o comportamento geral do sistema. O valor numérico do coeficiente de distribuição é função das propriedades do substrato sólido e da composição da solução. Deve ser, portanto, medido experimentalmente para cada sistema de interesse e não pode ser facilmente transferido de um sistema para outro (Drever, 1997). Deste modo, variou-se a quantidade dos metais e plotaram-se duas isotermas de adsorção para cada solo, com variação de pH: a primeira com pH ácido e a segunda com pH básico. A quantidade de metal colocada em cada tubo e para cada ponto da curva foi de 25µg, 250µg, 500µg e 1000µg. Os ensaios de batelada seguiram a mesma metodologia, apenas com quantidades diferentes dos cátions em cada tubo. Os resultados e as isotermas estão mostrados no capítulo 5. 4.3. Metodologia dos Ensaios de Coluna O segundo tipo de ensaio usado nesta metodologia é o ensaio de coluna, que complementa a avaliação preliminar do transporte dos contaminantes feita através dos ensaios de batelada, visto que simulam as condições de fluxo no meio poroso. Com este ensaio, obtém-se o perfil de concentração do contaminante e seus subprodutos ao longo da coluna. Metodologia dos Ensaios 70 O ensaio consiste em se percolar a solução do contaminante, através de uma coluna cilíndrica preenchida com solo indeformado das duas regiões do Rio de Janeiro estudadas. O efluente é recolhido periodicamente para determinação da sua concentração. É importante ressaltar que as amostras utilizadas devem estar descontaminadas no início dos ensaios. O valor do fator de retardamento R pode ser determinado pela equação de Ogata e Banks (1961), sendo que existem duas situações possíveis; analisando a equação 2.3. percebemos dois termos, que de acordo com condição abaixo teremos: Dx > 0.002 - os dois termos são utilizados para determinação dos v x .x PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA parâmetros; Dx < 0.002 - o segundo termo da equação pode ser negligenciado, como v x .x foi no caso deste trabalho. Os diversos mecanismos de transporte e processos de interação química entre o contaminante e o solo podem ser ilustrados através das curvas características do transporte (do inglês, breakthrough curve) típicas. Para cada coluna ensaiada foi plotada uma curva característica de transporte de onde foram retirados os valores do coeficiente de retardamento e, através das análises, pode-se dizer qual tipo de transporte é predominante. Os resultados estão mostrados no capítulo 5. Nos próximos itens, é feita uma descrição detalhada do equipamento utilizado para os ensaios de transporte e da metodologia dos ensaios. 4.3.1. Descrição do Equipamento O equipamento dos ensaios, desenvolvido no laboratório de Geotecnia da PUC-Rio, consiste de um conjunto de quatro colunas de paredes rígidas (acrílico) para a realização dos ensaios com carga constante. Para a manutenção de uma carga constante de líquido, utilizou-se um frasco de Mariotte. As figuras 24, 25 e a foto 6 mostram, com detalhe, o funcionamento do frasco de Mariotte. O frasco consiste de um tubo A imerso dentro do líquido contido em um recipiente B que possui uma saída S na base, munida de uma torneira T. Metodologia dos Ensaios PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 24 – O Frasco de Mariotte. Figura 25 – Manutenção de uma carga de líquido constante. Foto 6 – O Frasco de Mariotte utilizado. 71 72 Metodologia dos Ensaios As colunas de acrílico têm as seguintes dimensões: diâmetro interno igual a 7cm, comprimento igual a 10cm, área da seção transversal igual a 38,46cm2 e volume igual a 384,6cm3. As conexões e válvulas utilizadas nos ensaios foram de aço inoxidável, enquanto os tubos foram de nylon com 1/8” (3,17mm) de diâmetro externo. Foram utilizados cilindros perfurados de acrílico funcionando como pedras porosas, junto com o papel filtro no topo e na base das amostras. Um esquema do equipamento é mostrado na figura 26 e a foto 7 mostra PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA uma visão geral do mesmo. (a) Figura 26 – Saturação da amostra (a); Percolação do contaminante (b). Foto 7 – Foto geral do ensaio de coluna (percolação do contaminante). (b) Metodologia dos Ensaios 73 Cada Mariotte abastece duas colunas e, como são dois os Frascos de Mariotte, podem-se realizar quatro ensaios simultâneos com qualquer variação do gradiente, pois o tubo do Mariotte tem 20cm e pode ser ajustável na altura que se desejar. Neste estudo o gradiente foi único, i=4. O fluxo no ensaio foi ascendente para saturação da amostra e descendente na percolação do contaminante. O efluente foi recolhido em frascos estéreis para posterior análise química a cada volume de vazios percolado. 4.3.2. Metodologia de Ensaio Para os ensaios de coluna, usaram-se amostras indeformadas dos solos de Duque de Caxias e do Mirante do Leblon. No solo de Duque de Caxias, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA cravou-se amostra no bloco indeformado no laboratório; quanto ao solo do Mirante do Leblon, as amostras indeformadas foram tiradas no campo, pois era impossível a extração de blocos indeformados. A foto 8 mostra as duas cravações. Foto 8 – Sistema de cravação dos tipos de solo, no campo e no laboratório. A partir dos resultados dos ensaios de batelada que indicaram um coeficiente de retardamento alto para o chumbo e para o cromo, optou-se por usar, nos ensaios de coluna, apenas as soluções de cádmio e zinco. A solução de cádmio foi feita a partir do Cloreto de Cádmio (CdCl2) e para a solução de zinco, a partir do sulfato de Zinco (ZnSO4). A tabela 20 mostra que as concentrações iniciais (C0) que foram medidas para cada coluna e pela técnica do ICP_AES, obtiveram-se as seguintes concentrações dos metais: 74 Metodologia dos Ensaios Tabela 20 – Características iniciais das soluções utilizadas nos ensaios de coluna. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Ensaios Solo Coluna Duque de 1 Caxias Coluna Mirante do 2 Leblon Coluna Duque de 3 Caxias Coluna Mirante do 4 Leblon Coluna Duque de 5 Caxias Coluna Mirante do 6 Leblon Coluna Duque de 7 Caxias Coluna Mirante do 8 Leblon Metal pH da Condutividade elétrica C0 solução (µS/cm) (mg/L) Zinco 4,87 1185 508,72 Zinco 4,87 1185 495,95 Cádmio 5,53 805 409,00 Cádmio 5,53 805 424,74 Zinco 6,40 1170 476,55 Zinco 6,40 1170 476,55 Cádmio 6,34 787 463,17 Cádmio 6,34 787 463,17 Antes do início, propriamente dito, do ensaio, tentou-se ao máximo conseguir a saturação das amostras. Utilizou-se água deionisada em fluxo ascendente de modo que todos os vazios do solo fossem preenchidos com a água, como mostra a foto 9. Foto 9 – Saturação das colunas com fluxo ascendente. Metodologia dos Ensaios 75 Depois de percolar pela coluna vários volumes de vazios de água, traçaram-se gráficos de volume percolado x tempo, de modo que, ao acontecer um equilíbrio dos resultados, haveria uma indicação de que a amostra estava saturada. A umidade também foi medida antes e depois do ensaio para o cálculo do grau de saturação (S). Os resultados estão mostrados no capítulo 5. Depois da saturação das amostras, pôde-se iniciar o ensaio de coluna, agora com fluxo descendente e com as soluções de cádmio e zinco. Para cada solo usou-se uma coluna onde se percolou, separadamente os metais. O pH da solução também foi alterado para um segundo ensaio, para avaliação das mudanças devido a esta alteração. A tabela 20 mostra os valores de pH e outros dados dos dois ensaios de coluna. Utilizou-se NaOH para alterar o valor do pH nas soluções. As curvas PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA características de transporte obtidas para cada coluna (oito no total) estão mostradas no capítulo 5, seguidas de algumas conclusões sobre o ensaio e comentários sobre as variações devido à alteração do pH. Depois de percolar 17 vezes o volume de vazios com a solução pela coluna, o ensaio foi terminado. A cada volume de vazios percolado uma amostra de 10ml foi acondicionada em um frasco estéril e levada para análise química. O solo, após o ensaio, também foi analisado; realizou-se a extração do corpo de prova da coluna de acrílico, a fim de que ele saísse intacto; então se dividiu a amostra em cinco camadas de 2cm cada, das quais se tirou a umidade final. Depois de secar as amostras em estufa, utilizou-se a mão de gral de Ágata para homogeneizá-las. Cada camada foi identificada e levada para análise, como mostra a foto 10. Foto 10 – Amostra dividida em camadas para posterior análise. Metodologia dos Ensaios 76 4.4. Modelagem Geoquímica 4.4.1. Introdução A modelagem geoquímica vem se desenvolvendo cada vez mais nos dias atuais em relação aos principais problemas ambientais. Numerosos estudos de modelagem geoquímica têm sido conduzidos por cientistas do National Laboratories, the Nuclear Regulatory Commission, Southwest Research Institute e do US Geological Survey. Modelos de transporte geoquímico acoplado são usados para avaliar o sistema hidrogeológico e processos de transporte reativo. Esta lista apenas PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA menciona poucos estudos, sem contar o número maciço de publicações sobre este assunto (Zhu, 2002). Esta pesquisa mostra que através de um programa de computador, como acontecem as reações de superfície e o transporte de contaminantes em 1D, usando as características dos solos residuais estudados e das soluções utilizadas nos ensaios de coluna. O programa utilizado é o PHREEQC (versão 2) e vem complementar os estudos experimentais realizados. 4.4.2. PHREEQC O PHREEQC é um programa de computador para cálculos de especiação, reações de batelada, transporte em uma dimensão e de geoquímica inversa. Produzido pela US Geological Survey, o PHREEQC usa linguagem C e é capaz de executar especiação e solubilidade, trajetória de reação, modelo de balanço de massa inverso e transporte reativo-dispersivo-advectivo em uma dimensão, sendo bastante utilizado hoje em dia. (Zhu, 2002). O PHREEQC é um programa de computador para simulação de reações químicas e processos de transporte em água natural ou poluída. O programa é baseado no equilíbrio químico de soluções aquosas interagindo com minerais, gases, soluções sólidas, trocas e superfícies de sorção, também incluindo a capacidade de reação do modelo cinético (Parkhurst e Appello, 1999). É capaz de simular uma variedade geoquímica de reações para o sistema, incluindo: - mistura de água; - adição de reações irreversíveis para solução; Metodologia dos Ensaios - dissolução e precipitação para equilibrar com a fase aquosa; - efeitos com a mudança de temperatura. 77 O PHREEQC tem sido usado como um programa de especiação para cálculos dos índices de saturação e distribuição da espécie e é um código numérico eficiente para simular o movimento das soluções através de uma coluna 1D. Deste modo, o PHREEQC foi utilizado, neste trabalho, na simulação de um ensaio de coluna onde se verificaram as reações de superfície e o fluxo unidimensional do sistema. Os resultados do programa estão no capítulo 5 e os PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA dados de entrada e saída do programa estão apresentados no apêndice 3. 78 Apresentação e Discussão dos Resultados 5 Apresentação e Discussão dos Resultados 5.1. Introdução Neste capítulo serão apresentados todos os resultados dos ensaios experimentais e da modelagem geoquímica através do programa PHREEQC. As curvas características de transporte apresentadas nos ensaios de coluna no laboratório serão comparadas com as curvas encontradas na PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA modelagem geoquímica e os resultados serão discutidos. Segundo a seqüência de ensaios realizados, os resultados estão apresentados a seguir. 5.2. Ensaios de Cinética A medição do pH indicou que não houve variação significativa no seu valor. Para o zinco, cádmio e o chumbo o pH da solução ficou entre 3,4 - 4,1 e para o cromo entre 3,3 – 4,0. Os resultados dos ensaios de cinética encontram-se nas tabelas 21 e 22 abaixo. Tabela 21 – Determinação da concentração de Pb, Cd, Cr e Zn nos ensaios de batelada em (mg/L) para o solo de Duque de Caxias. Tempo/Metal Zn Cd Cr Pb t=2h 0,64 0,69 <0,010 <0,060 t=4h 0,33 0,53 <0,010 <0,060 t=6h 1,30 0,66 <0,010 <0,060 t=8h 0,57 0,77 <0,010 <0,060 t=10h 0,89 0,79 <0,010 0,105 t=12h 0,80 0,74 <0,010 0,119 t=24h 0,82 0,64 <0,010 <0,060 t=36h 1,1 0,69 <0,010 <0,060 79 Apresentação e Discussão dos Resultados t=48h 0,44 0,67 <0,010 <0,060 t=72h 0,70 0,72 <0,010 <0,060 Tabela 22 - Determinação da concentração de Pb, Cd, Cr e Zn nos ensaios de batelada PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA em (mg/L) para o solo do Mirante do Leblon. Tempo/Metal Zn Cd Cr Pb t=2h 0,51 0,61 0,036 <0,060 t=4h 0,67 0,38 0,030 <0,060 t=6h 0,74 0,53 0,030 <0,060 t=8h 0,74 0,59 0,051 <0,060 t=10h 0,76 0,63 0,046 <0,060 t=12h 1,35 0,54 <0,010 <0,060 t=24h 0,69 0,53 <0,010 <0,060 t=36h 0,69 1 <0,010 <0,060 t=48h 1,2 0,86 <0,010 <0,060 t=72h 0,79 0,83 <0,010 <0,060 O tempo de 24 horas foi considerado como sendo um tempo suficiente para que ocorra o equilíbrio entre as fases sólido/líquido. Assim, todos os próximos ensaios de batelada realizados seguiram este tempo de equilíbrio. 5.3. Ensaios de batelada com variação do pH Na tabela 23 está mostrado o valor do pH e os resultados da concentração dos metais para uma amostra em branco, isto é, natural. Tabela 23 – Resultados da concentração dos metais em mg/L para as amostras em branco. Solo/Metais pH Zn Cd Cr Pb Duque de 4,91 0,572 <0,007 <0,010 <0,040 3,70 1,484 <0,007 <0,010 <0,040 Caxias Mirante do Leblon Assim pode-se verificar que a amostra de solo natural não apresenta concentração representativa de Cromo, Cádmio e Chumbo, apresentando 80 Apresentação e Discussão dos Resultados apenas uma pequena quantidade de Zinco, que será levada em conta nos futuros ensaios. Com os resultados preliminares e usando as equações 2.1 e 2.2, é possível determinar os valores do coeficiente de distribuição Kd e do coeficiente de retardamento R para cada metal em cada solo estudado. Os ensaios foram feitos para um pH ácido e para um pH básico. Os resultados estão mostrados nas tabelas 24, 25, 26 e 27. Tabela 24 - Parâmetros medidos para o solo de Duque de Caxias em pH ácido. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Parâmetros medidos/Cátions Zinco Cádmio Chumbo Cromo pH - ácido 4,09 4,05 4,03 4,01 R 10,14 11,33 >160 >995 Kd (L/Kg) 2,30 2,60 >40 >250 Tabela 25 - Parâmetros medidos para o solo de Duque de Caxias em pH básico. Parâmetros medidos/Cátions Zinco Cádmio Chumbo Cromo pH - básico 9,04 9,05 9,09 9,00 R 49 100 >96 >990 Kd (L/Kg) 12 25 >24 >250 Tabela 26 - Parâmetros medidos para o solo do Mirante do Leblon em pH ácido. Parâmetros medidos/Cátions Zinco Cádmio Chumbo Cromo pH - ácido 3,53 3,52 3,51 3,53 R 11,73 15,02 >176 >1096 Kd (L/Kg) 2,45 3,20 >40 >250 Tabela 27 - Parâmetros medidos para o solo do Mirante do Leblon em pH básico. Parâmetros medidos/Cátions Zinco Cádmio Chumbo Cromo pH - básico 8,50 8,83 8,53 8,36 R 51,4 >2187 >106 >1092 Kd (L/Kg) 11,5 >499 >24 >250 A partir dos resultados, chega-se à seguinte seqüência de mobilidade dos metais: Duque de Caxias (pH-ácido) – Zn > Cd > Pb > Cr Duque de Caxias (pH-básico) – Zn> Pb > Cd > Cr Mirante do Leblon (pH-ácido) – Zn > Cd > Pb > Cr 81 Apresentação e Discussão dos Resultados Mirante do Leblon (pH-básico) – Zn > Pb > Cr > Cd O Zinco se mostrou o metal com maior mobilidade, tanto em meio ácido como em meio básico. O Cromo apresentou menor mobilidade, tanto para o meio ácido quanto para o meio básico. Já o Cádmio e Chumbo trocaram de comportamento quando o meio mudou de ácido para básico. O Cádmio, com o aumento do pH, apresentou redução da mobilidade e o chumbo apresentou maior mobilidade. Em relação ao tipo de solo, os metais apresentaram resultados parecidos tanto para o Solo de Duque de Caxias como para o Solo do Mirante do Leblon. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA 5.4. Resultados da Análise Estatística Foram preparados 16 tubos para cada tipo de solo, como foi mostrado no capítulo 4 e cada tubo recebeu uma quantidade diferente dos parâmetros (EDTA, Ca, Na e pH); o que se pretende descobrir é qual e quantos parâmetros interferem no coeficiente de distribuição. As tabelas 28 e 30 mostram os resultados do laboratório de espectrometria de emissão atômica para os dois solos. Tabela 28 – Resultados da concentração dos metais (mg/L) em cada tubo para o solo de Duque de Caxias. Ensaio Resultados Resultados Resultados Resultados Zn Cr Pb Cd 1 3,03 2.59 3.29 2.66 2 3,29 2.30 3.21 2.72 3 3,20 2.62 3.11 2.56 4 3,04 2.49 2.96 2.97 5 3,16 2.63 3.19 2.52 6 3,57 1.99 3.20 2.49 7 2,91 2.21 2.98 2.18 8 2,69 2.59 3.59 2.48 9 0,52 0.04 0.04 0.14 10 0,51 0.02 0.04 0.20 11 0,54 0.03 0.04 0.10 12 0,72 0.06 0.09 0.18 82 Apresentação e Discussão dos Resultados 13 0,42 0.15 0.04 0.08 14 0,34 0.03 0.04 0.13 15 0,35 0.10 0.10 0.11 16 0,26 0.02 0.07 0.13 As tabelas 29 e 31 indicam os efeitos calculados para o planejamento fatorial para os dois solos. Os valores menores que o erro experimental foram descartados e o cálculo do erro padrão (s) está mostrado na equação 5.1. Tabela 29 – Efeitos calculados para o planejamento fatorial 24 para o solo de Duque de Caxias. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Efeitos/Metais Zn Pb Cd Cr Média (a0) 1.785 1.624 1.352 1.241 1 0.038 0.053 0.116 -0.110 2 -0.140 -0.015 -0.029 0.048 3 -0.146 0.053 -0.173 -0.057 4 -2.655 -3.135 -2.438 -2.370 12 -0.108 0.071 0.085 0.159 13 -0.033 0.096 -0.035 -0.006 14 -0.035 -0.047 -0.065 0.059 23 -0.179 0.078 -0.052 -0.016 24 0.162 0.049 0.023 -0.055 34 -0.087 -0.046 0.134 0.092 123 -0.051 0.074 -0.009 0.107 124 0.154 -0.065 -0.087 -0.134 134 -0.055 -0.117 0.016 -0.043 234 0.083 -0.071 0.071 -0.006 1234 0.003 -0.094 -0.003 -0.109 s 0.085 0.086 0.051 0.093 Tabela 30 - Resultados da concentração dos metais (mg/L) em cada tubo para o solo do Mirante do Leblon. Ensaio Resultados Resultados Resultados Resultados Zn Cr Pb Cd 1 4.11 2.96 4.01 2.89 2 3.64 2.34 4.38 2.83 83 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Apresentação e Discussão dos Resultados 3 3.42 2.54 3.86 2.46 4 3.57 2.66 4.22 2.67 5 3.42 1.46 3.76 1.84 6 9.52 2.26 11.51 2.19 7 3.26 2.69 3.92 2.63 8 3.27 2.30 3.60 2.65 9 1.09 0.13 0.04 0.42 10 0.62 0.21 0.04 0.66 11 0.56 0.05 0.04 0.32 12 0.37 0.12 0.04 0.57 13 0.75 0.24 0.04 0.50 14 0.74 0.45 0.04 0.73 15 0.77 0.17 0.04 0.38 16 0.56 0.07 0.04 0.36 Tabela 31 - Efeitos calculados para o planejamento fatorial 24 para o solo do Mirante do Leblon. Efeitos/Metais Zn Pb Cd Cr Média (a0) 2.478 2.474 1.505 1.290 1 0.613 1.020 0.151 0.021 2 -1.014 -1.006 -0.002 0.068 3 0.614 0.792 -0.193 -0.172 4 -3.596 -4.867 -2.027 -2.220 12 -0.676 -1.009 -0.036 -0.095 13 0.860 0.838 -0.008 0.109 14 -0.832 -1.020 0.024 0.044 23 -0.627 -0.930 0.191 0.136 24 0.777 1.006 -0.169 -0.224 34 -0.570 -0.792 0.195 0.277 123 -0.898 -1.008 -0.108 -0.275 124 0.696 1.009 -0.023 0.017 134 -0.749 -0.838 -0.064 -0.120 234 0.785 0.930 -0.267 -0.206 1234 0.779 1.008 0.044 0.205 s 0.784 0.961 0.134 0.187 84 Apresentação e Discussão dos Resultados Como se pode perceber, alguns efeitos são bem mais significativos que outros. Admitindo, diante dos valores das tabelas 29 e 31, que os efeitos principais e as interações de dois fatores bastam para descrever adequadamente a superfície de resposta, podem-se usar os demais efeitos para obter uma estimativa do erro experimental nos valores dos efeitos. De acordo com essa suposição, as interações de três ou mais fatores, na verdade, podem ser atribuídas às flutuações aleatórias inerentes ao referido processo, isto é, ao ruído embutido nos valores das respostas. Elevando cada um deles ao quadrado, tem-se uma estimativa da variância de um efeito, e a média dos cinco valores fornecerá uma estimativa conjunta, com 5 graus de liberdade, porque PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA são cinco valores independentes. Chega-se, portanto, à equação 5.1. Vefeito = (123)2 + (124)2 + L + (1234)2 5.1. 5 A raiz quadrada do Vefeito, s, constitui a estimativa requerida para o erro padrão de um efeito. Em geral, espera-se que a importância de uma interação para um modelo decresça com o número de fatores envolvidos na sua definição. Assim, analisando o erro experimental com os valores das tabelas 29 e 31, detectam-se alguns valores que serão eliminados. As tabelas 28 e 30 indicam o resultado final das interações que causam alguma perturbação no sistema e que estão mostradas nas equações abaixo para os dois solos. Onde o primeiro valor representa a média dos resultados. Duque de Caxias Zn(sol.) = 1,785 – 0,140.Ca – 0,146.Na – 2,665.pH – 0,179.Ca.Na + 0,162.Ca.pH – 0,087.Na.pH Pb(sol.) = 1,624 – 3,135.pH Cd(sol.) = 1,352 + 0,116.EDTA – 0,173.Na – 2,438.pH - 0,065.EDTA.pH + 0,134.Na.pH Cr(sol.) = 1,241 – 0,110.EDTA – 2,370.pH 85 Apresentação e Discussão dos Resultados Mirante do Leblon Zn(sol.) = 2,478 – 1,014.Ca – 3,596.pH Pb(sol.) = 2,474 + 1,020.EDTA – 1,006.Ca – 4,867.pH – 1,009.EDTA.Ca – 1,020.EDTA.pH + 1,006.Ca.pH + 1,009.EDTA.Ca.pH Cd(sol.) = 1,505 + 0,151.EDTA – 0,193.Na – 2,027.pH + 0,195.Na.pH Cr(sol.) = 1,290 – 2,220.pH PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Para o cálculo do Kd, verifica-se que: Kd = Conc.Elemento sol . C 0 − Conc.Elementosol . 5.2. Onde C0 é a concentração inicial. Assim, atinge-se o coeficiente de distribuição em função dos principais parâmetros que formam o chorume e, de acordo com sua variação, tem-se uma noção de como será o comportamento/distribuição no solo. 5.5. Isotermas de Adsorção A utilização da isoterma de Freundlich para representar a sorção do poluente em determinado solo é válida somente se as reações que ocorrem forem rápidas e reversíveis (Freeze e Cherry, 1979). Como a maioria dos casos de transporte de poluentes se enquadra razoavelmente nestas hipóteses, resolveu-se construir as isotermas para os dois tipos de solo e para as soluções utilizadas de Zn, Cd, Cr e Pb com mudança no pH. As figuras 27 e 28 mostram todos os elementos nos dois solos. 86 Apresentação e Discussão dos Resultados Isoterma - Duque de Caxias - pH ácido 450 400 Concentração Adsorvida (mg/L) 350 300 250 200 150 100 50 0 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA 0 200 400 600 800 1000 Concentração na Solução (mg) Cádmio Zinco Chumbo Cromo Linear (Cromo) Linear (Chumbo) Linear (Zinco) Linear (Cádmio) Isoterma - Duque de Caxias - pH básico 450 400 Concentração Adsorvida (mg/L) 350 300 250 200 150 100 50 0 0 200 400 600 800 1000 Concentração na Solução (mg) Cádmio Zinco Chumbo Cromo Linear (Zinco) Linear (Cádmio) Linear (Cromo) Linear (Chumbo) Figura 27 – Variação das isotermas com a mudança no pH para o Solo de Duque de Caxias. De acordo com as isotermas apresentadas, observa-se que o trecho mostrado está representando uma distribuição linear, Kd constante, portanto como foi evidenciado no capítulo 2, a isoterma de Langmuir acaba chegando em 87 Apresentação e Discussão dos Resultados um valor constante que indica que as trocas catiônicas entre a solução e o solo já terminaram. Assim pode-se concluir que, para este trecho de concentração da solução utilizado, as trocas catiônicas ainda não terminaram. Para o solo de Duque de Caxias, verifica-se que, para um pH ácido, a adsorção ocorre mais rapidamente do que em um ambiente alcalino, com exceção para o cádmio que apresentou maior adsorção em pH básico. Para o solo do Mirante do Leblon a adsorção ocorre mais rapidamente em ambiente ácido e à medida que o pH aumenta a adsorção vai diminuindo. Isoterma - Mirante do Leblon - pH ácido 600 Concentração Adsorvida (mg/L) 400 300 200 100 0 0 200 400 600 800 1000 Concentração na Solução (mg) Cádmio Zinco Chumbo Cromo Linear (Chumbo) Linear (Cádmio) Linear (Zinco) Linear (Cromo) Isoterm a - M irante do Leblon - pH básico 350 300 Concentração Adsorvida (mg/L) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA 500 250 200 150 100 50 0 0 200 Cádm io Zinco Chum bo 400 600 C oncentração na Solução (m g) Cromo Linear (Crom o) Linear (Cádmio) 800 Linear (Zinco) 1000 Linear (Chumbo) Figura 28 – Variação das isotermas com a mudança no pH para o Solo do Mirante do Leblon. 88 Apresentação e Discussão dos Resultados 5.6. Ensaio de Coluna Conseguir a saturação das amostras com este ensaio é muito difícil sem a aplicação de pressão. Conseqüentemente, tentou-se, através da percolação da água deionizada, atingir o valor máximo de saturação, como mostra a tabela 32, com os valores do grau de saturação antes e depois do ensaio. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Tabela 32 – Valores do Grau de Saturação para cada coluna. Grau de Saturação antes Grau de Saturação do ensaio depois do ensaio Coluna 1 - Zn 58 79 Coluna 2 - Zn 65 76 Coluna 3 - Cd 59 87 Coluna 4 - Cd 71 90 Coluna 5 - Zn 54 88 Coluna 6 - Zn 29 84 Coluna 7 - Cd 49 81 Coluna 8 - Cd 67 89 As figuras 29 e 30 mostram a evolução do pH para a solução afluente e efluente, ao longo da etapa de percolação do contaminante. Figura 29 – Evolução do pH para a solução de Zinco. 89 Apresentação e Discussão dos Resultados PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 30 – Evolução do pH para a solução de Cádmio. Observa-se que tanto para a solução de Zinco como para a solução de Cádmio, os valores do pH decaem rapidamente na primeira amostra coletada e torna-se constante o valor do pH para as outras amostras. As reações químicas que ocorrem entre a solução e os solos são responsáveis por este decréscimo brusco do pH; é de se esperar que a tendência da curva, se continuado o ensaio, seria retornar aos valores iniciais de pH. As figuras de 31 até 38 mostram, para a solução de zinco e para a solução de cádmio, a variação C/C0 – concentração normalizada em função do volume de vazios percolado (curvas de chegada) de cada coluna. Figura 31 – Curva de chegada – pH 4.8, solução de Zinco – D.C. 90 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Apresentação e Discussão dos Resultados Figura 32 – Curva de chegada – pH 4.8, solução de Zinco – M.L. Figura 33 – Curva de chegada – pH 5.5, solução de Cádmio – D.C. 91 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Apresentação e Discussão dos Resultados Figura 34 – Curva de chegada – pH 5.5, solução de Cádmio – M.L. Figura 35 – Curva de chegada – pH 6.4, solução de Zinco – D.C. 92 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Apresentação e Discussão dos Resultados Figura 36 – Curva de chegada – pH 6.4, solução de Zinco – M.L. Figura 37 – Curva de chegada – pH 6.3, solução de Cádmio – D.C. 93 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Apresentação e Discussão dos Resultados Figura 38 – Curva de chegada – pH 6.3, solução de Cádmio – M.L. O valor do coeficiente de retardamento Rd foi determinado através da equação de fonte contínua em 1-D para modelos unidimensionais como indica a equação 2.3. para o caso de adsorção linear. Considerou-se sempre a equação completa 2.3 vista no capítulo 2 com algumas transformações. Rd − p C = 0,5erfc C0 D.Rd . p 2 v.L + exp v.L erfc Rd + p D.Rd . p D 2 v.L (5.3.) Onde: p – número de volume de poros percolado; D – coeficiente de dispersão hidrodinâmica; Os valores dos coeficientes de retardamento calculados estão mostrados na tabela 33, bem como os valores da dispersão hidrodinâmica que foram calculados através de uma retroanálise. Tabela 33 – Valores do coeficiente de retardamento para as colunas. Ensaios Dispersão Hidrodinâmica (m2/dia) Coef. de Retardamento Coluna 1 0.4202 5.6600 94 Apresentação e Discussão dos Resultados Coluna 2 0.0308 6.4968 Coluna 3 1.2669 9.0830 Coluna 4 0.0711 5.1450 Coluna 5 0.9366 6.0490 Coluna 6 0.0356 6.0427 Coluna 7 0.5667 7.1847 Coluna 8 0.3099 10.2324 A análise do solo depois do ensaio mostra onde o contaminante se concentrou em maior quantidade na coluna. Para o solo onde se percolou a solução de pH 5.5, encontra-se os seguintes resultados, como mostra a tabela PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA 34. Tabela 34 – Análise do solo após Ensaio de Coluna. Camadas (cm) Coluna1- Coluna2- Coluna 3- Coluna4- /Concentração D.C. M.L. D.C. M.L. Zn (mg/L) Zn (mg/L) Cd (mg/L) Cd (mg/L) (topo) 0-2 33.4 29.9 24.0 24.0 2-4 27.5 27.1 20.4 19.8 4-6 23.6 20.7 18.9 15.9 6-8 22.3 23.1 13.3 14.8 8-10 (base) 21.7 21.5 15.9 16.3 5.7. Resultados do PHREEQC O objetivo em utilizar o programa PHREEQC no presente trabalho foi o de simular a reação de superfície junto com o transporte em 1D e assim poder verificar e validar o programa em relação aos dados de laboratório. Utilizaram-se os dados dos solos residuais e das soluções empregadas no ensaio de coluna como dados de entrada do programa, obtendo os seguintes gráficos: - pH x Vv (volume de vazios percolados); - Concentração adsorvida x Concentração na solução; - Simulação de como seria o comportamento destes metais, no caso da dessorção com água apenas; 95 Apresentação e Discussão dos Resultados - C/C0 x VV. Dados de entrada do programa para o solo de Duque de Caxias com uma solução de Cádmio com pH ácido: -Dados da solução: pH, concentração de cádmio, condições de contorno (fluxo) e direção do fluxo, tentando sempre reproduzir as condições de laboratório do ensaio experimental. -Dados do solo: área superficial, CTC, coeficiente de difusão e dispersividade. No anexo estão mostrados os dados de entrada utilizados no programa PHREEQC. Para a comparação dos gráficos experimentais com o do programa, teve- PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA se que utilizar a seguinte transformação de unidades. mg ⋅ L−1 molaridade = 1000 ⋅ pesoatômico (5.4) Reproduziram-se os ensaios de laboratório para pH=5.5 e pH=6.3 e ainda preveu-se o comportamento do metal para um ambiente alcalino pH=8.5. A seguir, apresentam-se os gráficos mostrando o comportamento do cádmio no solo de Duque de Caxias para os ambientes ácidos e alcalinos. Vv Figura 39 – Detalhe da queda do pH no início do ensaio. 96 Apresentação e Discussão dos Resultados Vv PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 40 – pH x Vv – Solo de Duque de Caxias para os diferentes tipos de solução. Comparando o gráfico da figura 30 com os gráficos da figura 40, nota-se que o pH no início do ensaio decai rapidamente e, à medida que o ensaio se realiza, este pH vai crescendo até alcançar seu valor inicial. No experimento de laboratório, o ensaio terminou antes que o pH recuperasse seu valor inicial, mas a tendência verificada no programa PHREEQC seria que seu valor voltasse ao valor inicial. Nos ensaios de laboratório, como visto anteriormente, traçaram-se isotermas de adsorção através dos ensaios de batelada, onde se notou um comportamento linear dos metais nos solos. Utilizando o programa PHREEQC e os dados do solo de Duque de Caxias, construíram-se as isotermas de adsorção, chegando-se aos seguintes resultados para as diferentes condições de pH, como mostra a figura 41. Com o aumento do pH, pode-se perceber que ocorre uma maior adsorção do metal no solo. Para tentar representar a dessorção, isto é, a descontaminação do metal do solo, plotou-se os gráficos da figura 42, que mostram o comportamento de sorção e dessorção. 97 Apresentação e Discussão dos Resultados PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 41 – Isoterma de adsorção para o solo de Duque de Caxias. Figura 42 – Dessorção de Cádmio para o Solo de Duque de Caxias. 5.8. Comparação Ensaio x PHREEQC Comparando os ensaios de laboratório (principalmente os ensaio de coluna) com os resultados numéricos encontrados através do programa PHREEQC, chega-se a algumas conclusões e prevêem-se alguns resultados. A vantagem dos programas numéricos sobre os ensaios experimentais é que, além de serem mais rápidos, possibilitam fazer variações/simulações e modificações que levariam muito tempo no laboratório e que numericamente são muito rápidas. Deste modo foi feita uma comparação das curvas de chegada e das curvas de pH para o ensaio de coluna. As figuras 43 e 44 mostram os resultados. A 98 Apresentação e Discussão dos Resultados comparação foi feita para o solo de Duque de Caxias, solução de Cádmio, preparada com CdCl2, com pH de 5.5 e 6.3. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Figura 43 – Curva para solução de pH=5.5 – Experimental x PHREEQC. Figura 44 – Curva para solução de pH 6.3 – Experimental x PHREEQC. As curvas de chegada foram simuladas pelo programa PHREEQC, de modo que, ao comparar os ensaios experimentais com o programa, chega-se aos seguintes resultados como mostram as figuras 45 e 46. 99 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Apresentação e Discussão dos Resultados Figura 45 – Curvas de chegada para solução de pH=5.5 – Experimental x PHREEQC. Figura 46 – Curvas de chegada para solução de pH=6.3 – Experimental x PHREEQC. 5.9. Considerações Gerais Neste trabalho, pretendeu-se contribuir para uma melhor compreensão do transporte de metais pesados, verificando-se a influência do pH, tipo de mineral argílico e concentração da solução na determinação dos parâmetros de transporte para Zinco e Cádmio. 100 Apresentação e Discussão dos Resultados A análise geoquímica foi enfatizada, pois os processos químicos têm uma grande influência no comportamento dos metais no solo, sendo de fundamental importância no estudo da migração de solutos no solo. Um modelo numérico para simular situações reais de contaminação de metais pesados em solos residuais foi desenvolvido. Assim conhecendo as características do contaminante (solução) e sabendo em que ambiente este contaminante está percolando (tipo de solo) será possível, através do modelo numérico, prever como será o comportamento deste metal no solo com maior rapidez que os ensaios experimentais de coluna que, dependendo do contaminante, podem demorar bastante tempo. O comportamento inicial e rápido pode ser determinado pelos programas numéricos, mas os ensaios experimentais em laboratório não podem ser PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA esquecidos, pois fornecem informações valiosas para soluções dos problemas, no caso, ambientais. Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas 101 6 Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas A contaminação do meio ambiente de subsuperfície com metais pesados tem se tornado um dos maiores problemas ambientais em vários países, incluindo o Brasil. Na maioria das vezes, as condições do local incluem a contaminação da água subterrânea. O conhecimento do contaminante que está afetando uma área e a caracterização da área que está recebendo a contaminação é de suma PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA importância para que o Engenheiro Geotécnico possa tomar decisões para a solução do problema. Como já foi anteriormente mencionado, este trabalho pretende contribuir com resultados sobre a contaminação de áreas com metais pesados (Zn, Cd, Pb e Cr) em solos residuais do estado do Rio de Janeiro. Tendo em vista os objetivos apresentados nos capítulos anteriores, algumas observações de caráter global são pertinentes, bem como a indicação de algumas perspectivas que se oferecem ao desenvolvimento futuro deste trabalho. 6.1. Conclusões Com relação aos estudos realizados, julgam-se relevantes as seguintes observações: Ensaio de Batelada • Os ensaios de batelada contribuíram, neste trabalho, para indicar com maior rapidez uma tendência do comportamento dos metais no solo, por ser um ensaio rápido. A principal conclusão dos ensaios foi a seqüência de mobilidade dos metais utilizados com mudança de pH nos solos residuais. Duque de Caxias (pH-ácido) – Zn > Cd > Pb > Cr 102 Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas Duque de Caxias (pH-bàsico) – Zn> Pb > Cd > Cr Mirante do Leblon (pH-ácido) – Zn > Cd > Pb > Cr Mirante do Leblon (pH-básico) – Zn > Pb > Cr > Cd O ensaio indicou que alguns metais como o chumbo e o cádmio modificam seu comportamento quando mudam de um ambiente ácido para alcalino. É interessante notar que o comportamento dos metais nos dois solos não foram muito diferentes, apresentando poucas mudanças. • Em relação à análise estatística, o conhecimento dos constituintes dos aterros sanitários é também de grande valia para entendimento do comportamento no solo. Para o solo de Duque de Caxias verificou-se PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA grande influência do pH para todos os metais analisados e para o Zinco uma interferência do Ca e do Na. Enquanto que para o Cd e o Cr uma influência do EDTA. Para o solo do Mirante do Leblon verificou-se: grande influência do pH para todos os metais analisados e para o Zinco uma influência do Ca. Enquanto que para o Chumbo e Cádmio além das já citadas, também a influência do EDTA e Na. • Ainda utilizando os ensaios de batelada, tentou-se simular o comportamento do chorume de aterros sanitários com seus principais elementos e tentar mostrar através de uma equação quais dos seus parâmetros interferem mais no coeficiente de distribuição para os metais. De acordo com as equações encontradas, indubitavelmente conclui-se que o pH é o principal contribuinte para mudanças no coeficiente de distribuição dos metais no solo. E quando este fator, pH, se relaciona com os outros fatores como EDTA, Ca e Na, eles também contribuem para variações no Kd. • As isotermas encontradas para os metais, utilizado o ensaio de batelada, apresentaram uma distribuição linear do Kd, apresentando, na maioria dos casos, uma maior adsorção para um pH ácido. • O comportamento dos dois solos residuais analisados neste estudo não mostrou grandes diferenças de comportamento nos ensaios realizados. Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas 103 Ensaios de Coluna • De acordo com as curvas de chegada encontrou-se os valores do coeficiente de retardamento para os dois solos e, comparando estes resultados com os ensaios de batelada, conclui-se que estes valores foram diferentes. Tal fato pode ser explicado através da velocidade de fluxo. Nos ensaios de batelada, não existe fluxo do fluido (V=0) sendo o gradiente zero. Já nos ensaios de coluna, o gradiente foi de 4, havendo, desta forma, velocidades de fluxo, o que torna o seu resultado mais próximo do real. • As análises do solo, após o ensaio de coluna, indicaram que, à medida PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA que o contaminante vai percolando pela coluna, a sua concentração diminui, isto é, nas primeiras camadas a concentração é maior e a tendência é ir diminuindo até a base da amostra. No final do ensaio podese perceber pelos resultados que toda a amostra ficará homogênea, isto é, a concentração do contaminante deverá ser igual em toda coluna. Programa PHREEQC • A utilização deste programa teve como objetivo a comparação dos seus resultados com os ensaios experimentais, para a obtenção de um modelo que representasse o transporte em 1D para metais pesados em solos residuais. • Controlando o pH durante a simulação, verificou-se a sua queda no início do ensaio e depois um pequeno aumento com tendência de voltar ao pH inicial, devido às trocas catiônicas que ocorrem no contato da solução com o solo. O gráfico encontrado no modelo segue o mesmo comportamento do experimental, com uma diferença de variação do pH que pode ter ocorrido na medição do pH no ensaio experimental. • As isotermas de adsorção conseguidas através do programa mostram um comportamento parecido com as isotermas de Langmuir, chegandose numa constante, que representa o máximo da concentração que pode ser adsorvida pelo solo. Com a variação do pH, conclui-se que, para Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas 104 ambientes cada vez mais alcalinos, atinge-se a concentração máxima mais rápida, isto é, a adsorção é maior em pH básico. • Através do programa PHREEQC, simulou-se a descontaminação do solo, com água pura (Dessorção). Verificou-se que, à medida que se percola água pelo solo contaminado, a porcentagem adsorvida vai diminuindo de modo que, em ambientes alcalinos, esta descontaminação ocorre um pouco mais rápida. O gráfico de dessorção da figura 46 mostra primeiro a sorção e depois a dessorção, que tem um comportamento diferente na descontaminação (caminhos diferentes) e pelo que o gráfico apresenta existe um resíduo de contaminação no solo que não é limpo pela água, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA por isso a curva de dessorção não chega na origem. • As curvas de chegada simuladas no programa seguem o mesmo comportamento dos ensaios experimentais, de modo que podem ser utilizadas para a determinação do coeficiente de retardamento para o cádmio e para outros metais de interesse. 6.2. Sugestões para Futuras Pesquisas Tendo em vista os resultados obtidos neste trabalho, são feitas as seguintes sugestões para futuras pesquisas: • Em relação aos ensaios de batelada, deveria ser feita, ainda, uma análise da dessorção dos metais pesados em solos contaminados. • Realização de novos ensaios de batelada em outros contaminantes de interesse da indústria química, para avaliação de possíveis caminhos das reações e determinação das taxas de degradação dos contaminantes e seus subprodutos. • Em relação aos ensaios de coluna, implementar aplicação de pressão nas colunas, para conseguir uma saturação mais eficiente dos corpos de prova. Conclusões e Sugestões para Futuras Pesquisas • 105 Realização de ensaios de coluna com diferentes contaminantes e solos, para avaliação dos processos de atenuação natural (sorção, dispersão e biodegradação). • Realização de ensaios com fonte não-contínua para fazer comparações com os ensaios realizados com fonte contínua nesta tese. • Realizar ensaios de coluna com uma solução básica, pH maior de sete, de modo que se possa verificar possíveis mudanças na mobilidade dos metais. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA • Em relação ao programa PHREEQC, será interessante aplicar os dados de entrada para outros metais e para outros tipos de solo para confirmação dos seus resultados e para conhecimento do comportamento de outros metais em ambientes diversos. Referências Bibliográficas 106 7 Referências Bibliográficas ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 6508/1984 – Determinação da Massa Específica. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 6459/1984 – Solo Determinação do Limite de Liquidez. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 7180/1984 – Solo Determinação do Limite de Plasticidade. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 7181/1984 – Análise Granulométrica. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas: NBR 6457/1986 – Amostra de Solo – Preparação para Ensaios de Compactação. ALLEN, H. E. et al (1995). Soil Partition Coefficients for Cd by Column Desorption and Comparison to Batch Adsorption Measurements. Environmental Science technology (29) – 1887-1891. ALLOWAY, B. J. Heavy metals in soils. New York: John Wiley, 1990. 339 p. BORGES, A. F. (1996). Avaliação dos Mecanismos de Transporte de Hexaclorociclohexano (HCH) no solo da Cidade dos Meninos, Duque de Caxias, RJ. Dissertação de Mestrado, Departamento de Engenharia Civil da PUC-RJ. BORGES, A.F.; CAMPOS, T. M. P.; NOBRE, M. M. M. (1997). 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Applications of 113 Anexos 8 Anexos Anexo 1 Análises Físicas e Químicas dos Solos Mirante do Leblon PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Resultado de Análise de Elementos Totais em Solo Determinações Única (g/Kg) Ca 0,088 Mg 0,065 K 0,047 Na 0,082 Al 19,8 Fe 37,9 Mn 0,023 Zn 0,008 Cu * Cr 0,062 Co 0,002 Ni * Cd 0,002 Pb 0,024 * teor do elemento abaixo do limite de detecção da técnica utilizada. 114 Anexos Análises Físicas e Químicas (Mirante do Leblon): pH Complexo Sortivo cmolc/kg Valor 100Al (1:2,5) V Águ KC Ca a l 3+ 2 + Mg 2 K + Na + + 3 assimiláv 3+ Valor (sat S+Al T de % mg/Kg (som (som base a) a) s) 50 1 Valor Al H + S 1N + P el % 4,3 3,9 0 0,4 0,0 0,2 2 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA C N C 0,7 0,7 1, 9 3,0 23 6 Ataque por H2SO4 (1:1) SiO2 SiO2 Al2O3 Fe2O3 NaOH (0,8%) Al2O3 R2O3 Fe2O3 Livre (orgânico) g/kg N g/kg g/kg (Ki) (Kr) g/kg SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5 MnO 1,6 160 151 70 9,3 1,80 1,39 3,39 115 Anexos Duque de Caxias Análises Químicas Índices Químicos Valor Condutividade Elétrica (MS/cm à 25ºC) 82%de 0,06 água pH Sais Solúveis (cmolc/Kg) 4,9 KCl 4,1 K 3 Elementos Disponíveis (mg/dm ) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA H2O Elementos Disponíveis (g/kg) Complexo Sortivo (cmolc/Kg) + Na+ 0,01 Mn 0,470 Fe 5,21 Cu 0,287 Zn 0,562 C 0,5 N 0,1 Mg++ 0,1 + 0,02 Na+ 0,04 K +++ 0,9 + H 0,7 P2O5 0,4 Al Fósforo no Extrato Sulfúrico (g/kg) <0,01 Capacidade de Troca Catiônica, CTC (cmolc/kg) 1,8 CTC, pela técnica do Azul de Metileno (meq/100g de solo 1,8 seco) Superfície Específica (m2/g) Ânions Trocáveis (mg/Kg) 14,05 Cloreto 18075 Sulfato 4800 116 Anexos ANEXO 2 Projetos para o Ensaio de Coluna Frasco de Mariotte: Tubo de PVC Diâmetro 11cm, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Altura 13cm, Espessura 1cm. Vista Superior: - 2 Placas de PVC (15x15x2cm) Vista Inferior 5cm 117 Anexos - 4 Colunas de acrílico: - 3 Placas de acrílico (12x12x2,4cm) Tubo de acrílico PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Diâmetro int. 70mm, Altura 10cm. 118 Anexos ANEXO 3 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA Dados de Entrada do PHREEQC - pH x Vv (Volume de vazios percolados); - C/C0 x Vv, que representa uma curva de chegada. PRINT # -status false TITLE -Transport and Surface Reactions. SOLUTION 0 CdCl2 units mmol/kgw temp 25.0 pH 5.5 Cd 4.5 Cl 9.0 SOLUTION 1-100 Initial solution for column - Pure water units mmol/kgw temp 25.0 pH 4.9 charge SURFACE 1-100 Hfo_sH 6e-4 14.1 0.03 Hfo_wH 1.2e-2 SELECTED_OUTPUT -file ex001 Cd.sel -reset false -step -totals Cd Cl USER_PUNCH -heading Pore_vol 10 PUNCH (STEP_NO + .5) / 100. END TRANSPORT -cells 100 -length 0.001 -shifts 120 -time_step 720.0 -flow_direction forward -boundary_cond constant flux -diffc 0.0 -dispersivity 0.01 -correct_disp true -punch 100 -punch_frequency 1 -print 1 -print_frequency 1 SELECTED_OUTPUT -file ex001.sel -reset false -step -totals Cd Cl END Anexos 119 - Concentração adsorvida x Concentração na solução, que representam PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA as isotermas de adsorção; PRINT # -status false TITLE -Transport and Surface Reactions. SOLUTION 0 CdCl2 units mmol/kgw temp 25.0 pH 5.5 Cd 0.5 Cl 1.0 SOLUTION 1-10 Initial solution for column - Pure water units mmol/kgw temp 25.0 pH 4.9 charge SURFACE 1-10 Hfo_sH 6e-4 14.1 0.03 Hfo_wH 1.2e-2 SELECTED_OUTPUT -file ex001 Cd.sel -reset false -step -totals Cd Cl USER_PUNCH -heading Pore_vol 10 PUNCH (STEP_NO + .5) / 10. END TRANSPORT -cells 10 -length 0.01 -shifts 120 -time_step 720.0 -flow_direction forward -boundary_cond constant flux -diffc 0.0 -dispersivity 0.01 -correct_disp true -punch 10 -punch_frequency 1 -print 1 -print_frequency 1 SELECTED_OUTPUT -file ex001.sel -reset false -step -totals Cd Cl END Anexos 120 - Simulação de como seria o comportamento destes metais, no caso da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0210667/CA dessorção com apenas percolação de água; PRINT # -status false TITLE -Transport and Surface Reactions. SOLUTION 0 Pure water units mmol/kgw temp 25.0 pH 4.9 charge SOLUTION 1-10 Initial solution for column - CdCl2 units mmol/kgw temp 25.0 pH 5.5 charge Cd 10.0 Cl 20.0 Hfo_sOCd+ 5.521e-004 SURFACE 1-10 Hfo_sH 6e-4 14.1 0.03 Hfo_wH 1.2e-2 SELECTED_OUTPUT -file ex001 Cd.sel -reset false -step -totals Cd Cl USER_PUNCH -heading Pore_vol 10 PUNCH (STEP_NO + .5) / 10. END TRANSPORT -cells 10 -length 0.01 -shifts 120 -time_step 720.0 -flow_direction forward -boundary_cond constant flux -diffc 0.0 -dispersivity 0.01 -correct_disp true -punch 100 -punch_frequency 1 -print 1 -print_frequency 1 SELECTED_OUTPUT -file ex001.sel -reset false -step -totals Cd Cl END