O ENSINO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL EM UM CURSO DE ADMINISTRAÇÃO: PRINCIPAIS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS Sabrina Anne de Lima – [email protected] Universidade Tecnológica Federal do Paraná Ponta Grossa – Paraná Sani de Carvalho Rutz da Silva - [email protected] Universidade Tecnológica Federal do Paraná Ponta Grossa – Paraná Guataçara dos Santos Junior – [email protected] Universidade Tecnológica Federal do Paraná Ponta Grossa – Paraná Marina Ferreira Araujo de Almeida – [email protected] Universidade Tecnológica Federal do Paraná Ponta Grossa – Paraná Resumo:O ensino de Cálculo Diferencial e Integral está vinculado a diversos cursos de graduação, principalmente naqueles ligados à área de Exatas e Engenharias. Porém alguns cursos da área de Sociais Aplicadas, também se utilizam de conceitos desta disciplina em seus ementários. É o caso do curso de Administração que utiliza conceitos de Cálculo com o intuito de desenvolver em seus alunos capacidade de raciocínio matemático e lógico a ser aplicado em diversas situações. O objetivo deste artigo é verificar as principais dificuldades de aprendizagem de alunos de um curso de Administração em disciplina relacionada ao Cálculo, de uma universidade do interior do Paraná. Os alunos foram submetidos a um questionário, predefinido, de modo a tentar perceber se havia reais dificuldades e investigar os principais fatores que limitam a aprendizagem da disciplina. Os resultados encontrados foram sintetizados em gráficos para melhor análise. Percebeu-se a real dificuldade dos alunos na aprendizagem da disciplina, bem como a necessidade que os próprios discentes veem de uma disciplina preliminar que os auxilie com conteúdos de matemática básica. Palavras chave: Ensino, Aprendizagem, Cálculo Diferencial e Integral, Curso de Administração. 1 INTRODUÇÃO O Cálculo Diferencial e Integral (ou simplesmente Cálculo) apesar de sua importância e aplicabilidade em diversas áreas do conhecimento é visto pelos alunos, como uma disciplina de difícil entendimento e cujo número de reprovações ainda é um fator que incomoda. Diversos são os fatores que podem ser atribuídos ao fracasso no ensino e aprendizagem de disciplinas que envolvem o Cálculo, o que parece tornar a não aprovação uma ocorrência comum e aceitável. Por ser uma disciplina presente em diversos cursos de graduação, principalmente os da área de Exatas e Engenharias, pesquisas que buscam entender as dificuldades dos alunos são comuns. Porém, não somente estas áreas se utilizam de disciplinas de Cálculo em seus ementários. Alguns cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas, como é o caso do curso de Administração, também apresentam algumas matérias que trazem conceitos e definições de Cálculo Diferencial e Integral. Se para alunos de áreas específicas da Matemática o ensino e aprendizagem de cálculo é um fator temente, o que esperar, então, para alunos de outras áreas? Para perceber estas dificuldades, este estudo tenta apontar as principais causas e dificuldades na aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral I para alunos de um curso de Administração de uma universidade pública no interior do estado do Paraná. 2 REFERENCIAL TEÓRICO O Cálculo Diferencial e Integral (ou simplesmente Cálculo) é o ramo da Matemática que estuda as variações das grandezas e acumulação de quantidades, presente, principalmente, no estudo dos movimentos. De acordo com Swokowski (1994), foi descoberto por volta do século XVII com a finalidade de explorar problemas relacionados ao movimento, uma vez que os pressupostos da álgebra e da trigonometria não eram suficientes para esclarecer questões relacionadas a movimentos não regulares. Os antigos gregos já se utilizavam de conceitos de limites para derivar resultados finitos. Acredita-se que Arquimedes de Siracusa (287-212 a.C), foi um dos pioneiros na utilização de conceitos de limite com a finalidade de calcular área e volume de figuras planas e sólidas. (BATISTA, 2010). Esta utilização surgiu a partir do Método da Exaustão de Eudoxo, principio que acabou por ser conhecido como Paradoxo de Arquimedes. Este axioma foi postulado por Euclides da seguinte forma: Se de uma grandeza qualquer se subtrai uma parte não menor que sua metade e do resto novamente subtrai-se uma parte não menor que sua metade, e assim por diante, se chegará por fim a uma grandeza menor que qualquer outra predeterminada da mesma espécie.(BOYER, 1996). Desde sua consolidação com Leibniz e Newton é considerado como indispensável para a formação do pensamento em diversas áreas do conhecimento, principalmente as que tratam de disciplinas de cursos de graduação voltados para a área de ciências exatas. (COXE, 2013). Apesar de sua importância no currículo de alguns cursos superiores, disciplinas que abordam Cálculo Diferencial e Integral I, acabam se tornando um desafio para os estudantes, que vão revelando, turma a turma, as dificuldades encontradas, nem sempre de maneira totalmente verídica, aumentando ainda mais o mito de uma disciplina complexa e difícil. (MELLO, et al, 2001). Esta perspectiva em relação ao Cálculo reflete no número de reprovações nas disciplinas a ele relacionadas. De acordo com Barreto (1995) parte deste fracasso se deve à má formação durante a educação básica, fruto de turmas com alunos passivos, sem conhecimento de conceitos básicos, desabituados a estudar e, como consequência, inseguros. Mas esta não é a única justificativa. Alguns alunos atribuem este fato ao nível de abstração que a matéria exige e a metodologia adotada pelo professor.(SANTOS, MATOS, 2012). Outros ainda atribuem o fracasso na aprendizagem de cálculo na falta de habilidade dos alunos em construir e compreender conceitos, reconhecendo quando aplicá-los e percebendo o alcance e restrições destas aplicações, isto é, o fato de o aluno conseguir perceber a lógica simbólica para resolver determinadas questões não significa a compreensão do conceito aplicado. (BARROS, MELONI, 2006). Outros alunos ainda acreditam que parte das dificuldades esteja inserida na estrutura de ensino, isto é, na forma em que o docente conduz sua prática pedagógica. (WROBEL, et.al, 2013). De acordo com Souza (2001) as aplicações do Cálculo Diferencial e Integral podem ser vistas em grande parte dos problemas mensuráveis, estendendo seu uso desde a Física até Economia e Administração. De forma geral, disciplinas relacionadas ao Cálculo estão contempladas em cursos de engenharia, tecnologias e algumas licenciaturas, que necessitam de conceitos destas disciplinas para a realização futura de tarefas de grande complexidade e que facilite a assimilação de outros conteúdos. (SILVA, et.al, 2010). Porém, não somente cursos da área de Exatas apresentam conceitos de Cálculo Diferencial e Integral em seus ementários. O curso de Administração se utiliza de conceitos de Cálculo Diferencial e Integral a fim de desenvolver em seus acadêmicos a capacidade de raciocínio matemático. Essa recomendação vem do Ministério da Educação que coloca em os conteúdos que devem ser abordados em disciplinas relacionadas à área de Matemática. O ementário básico deve conter, dentre outros tópicos, Conjuntos e Subconjuntos, Limites e Continuidade, Diferenciação e Integração (BRASIL, 2004). As Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação, disponível no parecer CES/CNE 0146/2002, estabelece que o graduado em administração deve apresentar dentre suas habilidades e competências: “IV - desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais”; (BRASIL, 2002, p.41). Além disso, os cursos de graduação em Administração devem contemplar em seus currículos conteúdos de “Estudos Quantitativos e suas tecnologias, (...), Pesquisa Operacional, Teoria dos Jogos, Modelos Matemáticos e Estatísticos (...)” (BRASIL, 2002). Verifica-se assim a necessidade de conteúdos matemáticos para cursos de Administração de Empresas para que o profissional formado seja capaz de atender as perspectivas do mercado de trabalho. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), no Estado do Paraná 163 municípios possuem Instituições de Ensino Superior (IES) que oferecem o curso de Administração em 165 IES diferentes, sendo 144 Instituições com curso presencial e 28 com cursos à distância (EAD). (BRASIL, 2014) O quadro 1 mostra alguns exemplos de IES do Paraná que abrangem conteúdos de Cálculo Diferencial e Integral em cursos de Administração para Cursos Cadastrados pelo Ministério da Educação (MEC), segundo informações do portal e-mec. Quadro 1 - Relação de IES do Estado do Paraná e tópicos de Cálculo trabalhados para Cursos de Administração INSTITUIÇÃO SIGLA NOME DA DISCIPLINA TÓPICOS TRABALHADOS PERÍODO(S) TRABALHADO(S) Centro Universitário de Maringá UNICESUMAR Matemática Noções básicas de cálculo 1º período Faculdade Arthur Thomas CESA Faculdade Maringá CESPAR Faculdade Paranaense FACCAR Faculdades Integradas do Vale do Ivai Pontifícia Universidade Católica do Paraná Universidade Estadual de Londrina Matemática Matemática Aplicada à Administração Matemática para Administração Matemática Básica; UNIVALE Matemática Aplicada Funções; Limites; Derivadas Números Reais; Funções. Funções; Limites; Derivadas; Diferenciais; Integrais 1º período 1º semestre 1ª série 1º semestre 2º semestre PUCPR Matemática Aplicada a Negócios Conjuntos; Funções; Limites; Derivadas 2º Semestre UEL Matemática para Administração Limites; Derivadas. 2º Semestre Universidade Estadual de Maringá UEM Matemática II Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG Métodos Quantitativos I Universidade Federal do Paraná UFPR Complementos de Matemática I UTFPR Matemática Aplicada a Administração Universidade Tecnológica Federal do Paraná Funções; Limites; Derivadas; Integrais Conjuntos; Funções. Estudo de Cálculo Diferencial e Integral de funções reais. Conjuntos; Funções; Limites; Derivadas; Integrais Conjuntos; Funções; Limites; Derivadas; Integrais. Funções; Limites; Derivadas; Integrais 2º Semestre 1º Período (ano) 2º Semestre 1º ano INSTITUIÇÃO SIGLA Universidade Tuiuti do Paraná UTP NOME DA DISCIPLINA Matemática Aplicada TÓPICOS TRABALHADOS Derivadas; Integrais PERÍODO(S) TRABALHADO(S) 1º semestre Fonte: os próprios autores Percebe-se assim que disciplinas relacionadas ao Cálculo Diferencial e Integral estão presentes na grade curricular dos cursos de Administração em diversas instituições de ensino. Ao analisar uma dessas disciplinas em um curso de Administração de uma IES do interior do Paraná, pode-se perceber a dificuldade dos alunos em realizar a disciplina, bem como perceber que, em anos anteriores, o número de reprovações para esta matéria foi considerável. Isso induz o Departamento do curso a oferecer, todos os anos, turmas especiais destinadas somente a alunos que reprovaram na disciplina. Segundo Nascimento (2000), a matéria de Calculo Diferencial e Integral, presente nos mais diversos cursos de graduação, apresenta um número considerável de reprovações. Este índice de reprovações é menor nos cursos de Engenharia e maior nas demais áreas, sustentando a relação inversa com a afinidade do aluno, peculiaridade da opção da carreira. É possível perceber assim, uma das causas que justifica o número de reprovações na disciplina de Cálculo para o curso de Administração. Esta porém, não é a única explicação. Tentando verificar as possíveis causas de reprovação na disciplina, bem como as principais dificuldades encontradas (do ponto de vista dos alunos), realizou-se uma pesquisa em uma turma de 1º período do curso de Administração de uma Universidade pública do interior do Paraná. Este estudo foi realizado com 29 alunos desta turma que foram submetidos ao um questionário. Para a primeira metade da disciplina, apenas 7 (17,5%) alunos desta turma atingiram a média proposta pela IES. A disciplina é oferecida na modalidade anual, com 68h/a de carga horária total e 2 aulas semanais. A ementa exige o ensino de conjuntos, funções, limites, derivadas e integrais. Em face disso, os alunos foram submetidos a um questionário com o objetivo de identificar as principais dificuldades da turma na aprendizagem da disciplina. 3 ANÁLISE DE RESULTADOS Os alunos, objetos deste estudo, foram submetidos a um questionário com a finalidade de perceber qual seriam as dificuldades na aprendizagem de uma disciplina que envolve conceitos de Cálculo Diferencial e Integral. Este questionário continha duas perguntas relacionadas à aprendizagem de Cálculo, sendo a primeira com cinco opções de resposta e a segunda com nove opções de resposta. 1) Você percebe que tem dificuldades na aprendizagem de Cálculo: Sempre Quase sempre Às vezes Raramente Nunca Para esta pergunta, as respostas constam no gráfico 1 a seguir: Gráfico 1 – Percepção dos aluno em relação a dificuldades na aprendizagem de Cálculo: Pode-se perceber que 9 alunos (31,03%) dos alunos têm dificuldades na aprendizagem “Sempre”, 8 alunos (27,59%) têm dificuldade “Quase sempre” e 12 alunos (41,38%) têm dificuldade “Às vezes”. Nenhum dos alunos respondeu que “Raramente” tem dificuldade ou “Nunca” tem dificuldade. Percebe-se, então que os alunos têm dificuldades de aprendizagem na disciplina, o que sugeriu a pergunta 2, com o objetivo de perceber qual é o fator que, na opinião dos alunos, sugere esta dificuldade. A pergunta 2 segue: 2) Qual é, em sua opinião, o fator que mais dificulta a aprendizagem de Cálculo? A concepção de alunos e professores de considerar normal a reprovação e o fracasso nessa disciplina. (1) A falta de objetividade de concursos vestibulares ou exames de admissão em cursos superiores. (2) A grande quantidade de novos conceitos trazidos pela disciplina. (3) A disciplina não é interessante. (4) Falta de domínio de conteúdos básicos de matemática para cursar a disciplina, por parte dos alunos. (5) Falta de diversificação de metodologias adotadas. (6) Dificuldade em perceber a aplicabilidade na área de atuação do curso. (7) Necessidade de uma matéria preliminar que ofereça subsídios para a realização desta disciplina. (8) O tempo destinado é pouco comparado a serem aprendidos. (9) para com a o disciplina (número de horas aula) grande número de novos conceitos O gráfico 2 a seguir, sintetiza as respostas dos alunos. Os números de 1 a 9 representam os nove fatores que foram elencados para esta questão, de acordo com a sequencia apresentada anteriormente. Para esta pergunta, os alunos podiam marcar mais de uma alternativa, além de sugerir novos fatores. Gráfico 2 – Fator que mais dificulta a aprendizagem de Cálculo Percebe-se pelo gráfico, que 18,99% das respostas sugerem o fator 5, isto é, “Falta de domínio de conteúdos básicos de matemática para cursar a disciplina, por parte dos alunos”. Segundo Santos e Carneiro (2013) o conhecimento matemático é naturalmente intrínseco e cumulativo, de forma que ao desconhecer noções elementares, o aluno pode ser impedido ou ter sua compreensão dificultada para conhecimentos posteriores. Desta forma, é necessário que seja dada maior importância a conceitos de Matemática básica, visto que servem de prérequisito para disciplinas que se utilizem de tais ideias. Em segundo lugar fica o fator 9 que trata do tempo destinado à disciplina. Segundo a pesquisa 17,72% das respostas aponta que esse é um item determinante, uma vez que, para esta turma, são ministradas apenas 2 aulas semanais, num total de 68h/aula no período. Silva, et al (2010) afirma que os alunos possuem dificuldade em compreender os novos conceitos aplicados ao Cálculo, uma vez que estes foram construídos e elaborados durante milhares de anos e precisam ser assimilados pelos alunos, em apenas algumas horas do curso. Isso faz com que a assimilação por parte dos estudantes não seja satisfatória. Lacaz, et al (2007) afirma ainda que o tempo a ser destinado a cada tópico deve ser colocado em concordância com a importância do assunto, explorando materiais didáticos e tecnologias que facilitem a aprendizagem. Com 16,46% das respostas o item “Necessidade de uma matéria preliminar que ofereça subsídios para a realização desta disciplina” foi o terceiro item mais citado. Este item se enquadra também na necessidade de conteúdos preliminares de matemática básica, conforme o primeiro fator mais citado. O quarto fator mais citado foi “A grande quantidade de novos conceitos trazidos pela disciplina” (fator 3). Além disso, 10,13% consideram a disciplina difícil por não perceber aplicabilidade na área de atuação do curso. Para completar os fatores ainda tem-se 7,59% das respostas considerando que seria necessário diversificar as metodologias adotadas, 6,33% consideram que o vestibular (ou outros exames de admissão à Universidade) não é suficientemente objetivo para selecionar os alunos que dominem conteúdos de matemática. Segundo Irias, et al, (2011), algumas reprovações podem estar relacionadas à metodologia do professor que buscam cumprir a ementa da disciplina em um curto período de tempo destinado para esta finalidade. De acordo com Frescki e Pigatto (2009), a metodologia utilizada em sala de aula é, na maior parte do tempo expositiva e dialogada o que faz com que os alunos não se comprometam a criar hábitos de estudo que sugiram a autonomia de seu aprendizado. O conteúdo expresso de forma mecânica e sem mostrar aplicabilidade na área de conhecimento do aluno gera desinteresse e dificuldades na compreensão e aprendizado de conceitos de Cálculo. (SILVA, et al, 2010) Outros alunos ainda consideram a disciplina desinteressante (5,06%) e 2,53% acreditam que o fato de alunos e professores acreditarem que o mito de que seja normal a reprovação na disciplina é um fator a ser considerado. De acordo com D’Ambrósio (2002), a matemática que predomina nos programas de Cálculo é, normalmente, desinteressante, antiquada e sem utilidade para a realidade atual dos estudantes, gerando baixo rendimento na disciplina. Alguns alunos ainda sugeriram outros fatores que podem identificar a dificuldade de aprendizagem. Para preservar a identidade dos alunos, estes foram identificados como Aluno A, Aluno B e Aluno C. A seguir, foram expostas as respostas de alguns alunos da turma: Aluno A: “Entrei no curso com base fraca”. Aluno B: “Acredito, que, também pelo fato de não ter tido uma base de tudo o que estamos aprendendo. São poucos os alunos que conseguem resgatar isso do ensino médio, até porque eu estudei em escola pública e não tive um professor que ensinou bem a disciplina de cálculo/etc”. Aluno C: “(...) tenho muita dificuldade...na última prova achei que tinha ido bem, mas tirei 3. Matemática não é para mim...”. Observa-se pelas colocações dos alunos e pelas respostas objetivas que a maior dificuldade de aprendizagem dos alunos é a falta de domínio de conteúdos básicos que auxiliem no entendimento da disciplina. Esta percepção é exposta por Raad (2012, p. 14), ao relatar sua visão, como professor, em relação a seus alunos: “(...) venho observando um número crescente de alunos com dificuldades em conteúdos básicos de Matemática. Fatorar uma expressão algébrica, efetuar um mínimo múltiplo comum, calcular uma porcentagem, resolver uma regra de três, reconhecer propriedades básicas da geometria euclidiana, ler e interpretar exercícios um pouco mais extensos em sua formulação são obstáculos que constato dentre inúmeros outros nos Cursos de Cálculo Diferencial e Integral que ministro (...)” Jesus, et al (2011), também afirma esta questão ao se referir à sua pesquisa, feita em duas instituições de ensino superior. O autor percebeu que os alunos não dominavam conceitos básicos como operações com frações, expressões algébricas, entre outras. Percebe-se assim a necessidade de uma formação básica em matemática, proporcionada por conteúdos de revisão e aprimoramento dos conceitos elementares. Cabe então a cada curso perceber esta necessidade e a melhor maneira de oferecer este “reforço” de noções matemáticas, como uma disciplina preliminar obrigatória, ou o aumento do número de aulas para que esta revisão seja feito dentro da própria disciplina ofertada. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS É de senso comum que alunos dos mais diversos cursos de ensino superior apresentam dificuldades na aprendizagem de Cálculo, mesmo sendo para faculdades direcionadas para a área de Exatas. Quando se trabalha, então, com outras áreas como Ciências Sociais, como é o caso do curso de Administração, esta dificuldade parece ainda mais aflorada, uma vez que não se trata de uma disciplina especifica do curso ou da área de atuação profissional do acadêmico. De acordo com a pesquisa realizada, é possível perceber que, de acordo com a visão dos alunos, o fator que mais implica na “não aprendizagem” é a falta de domínio de conteúdos básicos de matemática. Isso faz com que os alunos não tenham subsídios suficientes para compreender conceitos relacionados ao Cálculo, ou desenvolver exercícios que necessitem de tais conceitos. O ideal, segundo os próprios alunos questionados, seria a aplicação de uma disciplina preliminar que abrangesse e abordasse conteúdos básicos de matemática que sirvam como alicerce para a realização da disciplina. Seria interessante aplicar este recurso e posteriormente realizar novamente a pesquisa sugerida para conflitar os dados e perceber se houve ou não melhora significativa na aprendizagem dos alunos. 5 REFERÊNCIAS BARRETO, A. O ensino de cálculo I nas universidades. Informativo da Sociedade Brasileira de Matemática – SBM, 1995. BARROS, Rodolfo M.; MELONI, Luís G. P. O processo de ensino e aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral por meio de metáforas e recursos multimídia. Anais do XXXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia. Passo Fundo, Setembro, 2006.t BOYER, Carl B. 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The students were subjected to a questionnaire with pre-defined questions and the results were summarized in graphs. It was realized the real difficulty of the students in learning the discipline, and the need that students see themselves in a preliminary discipline that will help them with basic math content. Keywords: Teaching, Learning, Differential and Integral Calculus, Course Directors Administration.