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A WEBQUEST COMO FERRAMENTA DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA
DISCIPLINA DE GEOGRAFIA, PARA OS ALUNOS DO 7º ANO DO ENSINO
FUNDAMENTAL, DO COLÉGIO ESTADUAL PRIETO MARTINEZ (CEPM): AS
ENCHENTES DO RIO PILARZINHO
1
Regina Maria Erthal
2
Ricardo Antunes de Sá
Resumo
O presente artigo é a sistematização de uma pesquisa-ação estratégica 3 de natureza
qualitativa que retrata de forma descritiva e analítica a intervenção didáticopedagógica realizada no processo de ensino e aprendizagem na disciplina de
Geografia na Educação Básica. O objetivo da ação docente desenvolvida nas aulas
de Geografia foi possibilitar aos alunos a aquisição crítica dos conhecimentos
geográficos com relação à compreensão dos mecanismos das enchentes no bairro
da Escola. Foi realizado diagnóstico sobre o conhecimento dos alunos em relação
ao tema e, após, a intervenção didático-pedagógica constatou-se avanços no
processo de compreensão do fenômeno: enchentes. A coleta de dados foi realizada
por meio de um questionário semi-estruturado aplicado aos alunos no mês de
fevereiro de 2011, bem como, por meio da observação da participação dos alunos,
ao longo de todas as demais aulas ministradas no decorrer do ano letivo, na
disciplina de Geografia. As aplicações dos métodos avaliativos iniciais se
constituíram como um pré-teste/projeto piloto direcionado aos alunos da turma do 7º
ano, do ensino fundamental do Colégio Estadual Prieto Martinez. O emprego da
ferramenta WebQuest (WQ), auxiliou-os na compreensão de temas relacionados as
questões sócio-ambientais, particularmente sobre a questão das enchentes no
município de Curitiba.
Palavras-chave: Processo; Ensino-Aprendizagem; Geografia; Meio Ambiente;
WebQuest.
1
Aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE - Secretaria de Estado da Educação do
Paraná - SEED junto a Universidade Federal do Paraná - UFPR. Área da disciplina de Geografia.
Professora da educação básica no Colégio Estadual Prieto Martinez (CEPM).
2
Professor Adjunto II - Doutor em Educação, orientador do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE - Secretaria de Estado da Educação do Paraná - SEED junto a Universidade
Federal do Paraná – UFPR – Setor de Educação.
3
Pesquisa que articula a relação entre teoria e prática, privilegiando a pesquisa. Trabalhar com
pesquisa-ação estratégica na área da educação é pretender transformar a prática previamente
planejada, onde o professor acompanha os efeitos de sua intervenção didático-pedagógica avaliando
os resultados da mesma.
2
1
Introdução
A atualidade é marcada pelo intenso avanço da ciência e da tecnologia,
sendo assim, a educação deve ter uma atenção especial para tais avanços, pois se
trata da inserção das chamadas Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC)
para a prática escolar. A escola tem a função social de preparar-se para atuar neste
contexto, ampliando as formas de acesso à informação e à tecnologia e promovendo
a construção do conhecimento crítico e propositivo.
De outro modo, hoje o mundo é muito e intensamente urbano e sob essa
ótica as cidades, como ressalta Cavalcanti (2008, p.17),
[...] vão sendo produzidas, vão sendo configuradas de diferentes maneiras,
numa dialética do local/ global, do homogêneo/ heterogêneo, da inclusão/
exclusão, para que seus habitantes [...] possam praticar a vida em comum,
compartilhando, nesses espaços, desejos, necessidades, problemas
cotidianos.
Sabe-se que, nem sempre são disponibilizadas ferramentas científicas que
possibilitem habilitar aos alunos analisar o local em que estão inseridos. Na
Geografia Escolar não se admite mais excluir as diferentes compreensões,
explicações e determinações das realidades cabendo aos docentes da área
combinar os conhecimentos da disciplina e a adoção de uma intervenção didáticopedagógica para poderem ensinar da melhor maneira, usando a transposição
didática e a reflexão epistemológica para os fins que almejados.
Conforme Cavalcanti (2008, p. 28) evidencia,
Enfim, a Geografia Escolar não se ensina, ela se constrói, ela se realiza. Ela
tem um movimento próprio, relativamente independente, realizado pelos
professores e demais sujeitos da prática escolar que tomam decisões sobre
o que é ensinado efetivamente. Assim, a escola é e pode ser importante
espaço para promover a discussão e a avaliação desse conhecimento.
Neste sentido, as adoções de metodologias diferenciadas podem favorecer
maior envolvimento dos alunos, no processo de ensino-aprendizagem, possibilitando
que os professores possam construir com eles conceitos e fundamentos
epistemológicos da disciplina. O método mais indicado para se trabalhar com os
alunos é o da compreensão do conceito de local e global, dialeticamente,
interdependentes, partes que compõe o todo, mostrando aos alunos que o
conhecimento do lugar/ local onde vivem, formam também os espaços do planeta, o
mosaico de lugares e pedaços do todo, maior, planetário. A questão a se refletir é
3
sobre o conhecimento geográfico, pois o desafio da Geografia como disciplina
curricular é proporcionar situações de aprendizagens que desenvolvam essa
reflexão e também porque só podemos conhecer como dizia Pascal: “as partes se
conhecermos o todo em que se situam, e só podemos conhecer o todo se
conhecermos as partes que o compõem”.
Estes argumentos justificam a criação de uma WebQuest (WQ) em
Geografia visando conciliar o emprego das TIC, por meio do laboratório de
informática da escola à uma concepção sócio-geo-histórica no campo da educação.
A intervenção didático-pedagógica realizada 4 procurou desenvolver nos
alunos, a capacidade mais abrangente de leitura de mundo e de si mesmos com
relação às ações ambientais, com as quais se defrontam em seus cotidianos
inclusive de seus familiares, vizinhos e amigos construindo um pensamento
geográfico mais amplo/abrangente, o que implica entender a responsabilidade que
todos temos na manutenção da vida na Terra.
Deste modo, este artigo focaliza o emprego da WQ como ferramenta
didádico-pedagógica auxiliar para o professor de Geografia no processo de
construção do conhecimento. Tem como objetivo relatar a experiência do uso da
alternativa metodológica com base na ferramenta WQ visando à sensibilização e a
formação didático-pedagógica na disciplina de Geografia, para os alunos do 7o ano,
do ensino fundamental, do Colégio Estadual Prieto Martinez (CEPM), relacionado às
questões
ambientais
derivadas
da
ocorrência
das
freqüentes
enchentes,
especificamente as de verão, no rio Pilarzinho no bairro Bom Retiro em Curitiba.
A recente explosão do crescimento populacional em Curitiba, relacionada
ao inadequado uso e manejo dos solos, das margens dos rios em diversos bairros
da cidade combinados com os altos índices de chuvas de verão, asseveram a
ocorrência e incidência das enchentes, caso do rio Pilarzinho, bairro Bom Retiro
onde se localiza o Colégio Estadual Prieto Martinez (CEPM).
A metodologia de intervenção pedagógica enquadrou-se na categoria de
análise espaço geográfico e aspectos sócio-ambientais. A dimensão socioambiental
possibilita aos alunos compreensão do espaço geográfico interagindo de modo
adequado com as questões ambientais relacionadas aos mecanismos das
enchentes compreendendo essas realidades espaciais e as vulnerabilidades sociais
4
Período de agosto a dezembro de 2011.
4
envolvidas nesse processo natural das inundações dos leitos dos rios.
A relevância da intervenção didático-pedagógica objetivou contribuir para
melhorar a qualidade da educação básica pública. Procurou criar situações
pedagógicas
significativas,
para
o
processo
de
ensino
e
aprendizagem,
sensibilizando e, também, despertando o interesse e a curiosidade dos alunos para
a aquisição de conhecimentos atrelados aos mecanismos das ocorrências das
enchentes, mais especificamente as do bairro da Escola.
1.1 Objetivo geral da intervenção pedagógica
É na paisagem alterada que se deve ir buscar, estudar, analisar e
prognosticar as degradações e impactos ambientais. Sendo o ambiente mais
importante do homem hodierno, são esparsas as tentativas de estudá-las como
unidades funcionais.
De acordo com Christofoletti (1995, p. 105):
Esse sistema se expressa na superfície terrestre como unidade de
organização espacial do meio ambiente físico, também recebendo a
designação de geossistema. [...] A esse conjunto do meio natural deve-se
inserir a ação e os fluxos relacionados com as atividades humanas, cuja
inserção torna-se participativa tanto nas características como na dinâmica
do ambiente.
Conforme Christofoletti (1995, p. 106):
As enchentes são eventos de alta magnitude e baixa freqüência. Ocorrem
inundando as planícies e as várzeas, destruindo obras e edifícios, tanto nas
zonas rurais quanto nas urbanas. Elas tornam-se fenômenos de alta
relevância ambiental, refletindo praticamente a interação complexa do
sistema ambiental físico em momentos críticos.
Em escala local e pontual, é possível perceber as modificações sensíveis
no transcorrer dos últimos anos nos hábitos dos moradores do bairro que temem a
cheia do rio vizinho deles, rio Pilarzinho, (tributário do rio Belém), pois se sabe que a
topografia, morfologia e a tipologia dos canais modificam-se e metamorfoseiam-se
em função das chuvas, dos ventos, da impermeabilização dos solos, com calçadas,
asfaltos e demais construções entre outras ações antrópicas.
Os azares naturais constituem-se em riscos que tornam a sociedade
moderna vulnerável. A ocupação/organização das pessoas dos espaços geográficos
tem demonstrado a fragilidade dos limites dessas interações: homem/meio.
Percebendo as implicações da qualidade, grandeza e dinâmica dos
5
elementos ambientais, tais como topografia e recursos hídricos na ocorrência das
enchentes, torna-se possível construir orientações para efetivação de instrumentos
de esclarecimento para as populações assoladas por tais eventos ambientais e
partindo dessa construção, os alunos tornar-se-ão agentes mobilizadores de
conscientização de todo um processo educativo visando planejamento da melhoria e
qualidade de vida dos moradores vizinhos ao rio.
1.1.1
Descrição Analítica da Intervenção Didático-Pedagógica
Aula de campo ou estudo do meio geográfico: foram realizadas visitas as
galerias do rio Pilarzinho e aos moradores que residem próximos ao rio, os mesmos
forneceram relatos/depoimentos subsidiando a construção dos conhecimentos
relacionados à temática deste projeto.
WebQuest e a Geografia Escolar
Para a intervenção pedagógica foi criada pela professora uma WQ de
Geografia média. É uma atividade de aprendizagem que aproveita a imensa riqueza
de informações que, dia-a-dia, cresce na Internet. Resolver uma WQ é um processo
de aprendizagem atraente, porque envolve pesquisa, leitura, interação, colaboração
e criação de um novo produto a partir do material e idéias obtidas.
A WQ é uma atividade baseada em pesquisa orientada, em que toda ou
parte da informação necessária se encontra na WEB, norteando os alunos na
navegação na Internet, uma tarefa motivadora e delineando o processo, de forma a
fomentar a aprendizagem cooperativa, a desenvolver o espírito crítico e a integrar a
tecnologia, numa perspectiva sócio-geo-histórico.
A WQ média teve o objetivo do desenvolvimento intelectual investigativo e
exploração de níveis cognitivos mais elaborados para a construção do saber. Foi
utilizada para essa aplicação a infraestrutura do laboratório de informática, o qual se
verificou a sua subutilização nas práticas didáticas docentes do ponto de vista
qualitativo.
Outra intenção pedagógica da WQ foi criar um ambiente de aprendizagem
auxiliar possibilitando a construção de conhecimentos geográficos utilizando dos
recursos disponíveis no laboratório de informática, rompendo com o modelo
tradicional dos conteúdos pré-selecionados e das aulas expositivas.
6
De acordo com Rocha (2007, p. 59)
[...] além de ser uma ferramenta extremamente simples e de fácil execução,
é um potente instrumento para que o professor possa elaborar projetos que
utilizem a pesquisa como meio de uma educação com qualidade.
O importante nas WQ é o papel que o professor assume passando de
mero transmissor de conteúdos para um professor mediador que reúne várias fontes
de conhecimento para os alunos utilizarem ajudando-os.
No que se refere à metodologia Rocha (2007, p. 60) explica:
A metodologia WebQuest foi então proposta como uma atividade de
investigação orientada para a pesquisa onde algumas, ou todas as
informações com as quais os alunos irão interagir provêm de recursos na
Internet. Mais do que isso, a WebQuest tem demonstrado ser um conceito
de aprendizado que se propõe a utilizar criteriosamente os recursos da
Internet em pesquisa na escola.
A WQ na prática escolar trata-se da confecção desenvolvida pelo professor
de uma página na WEB apresentando uma tarefa de aprendizagem a ser
atingida/cumprida de acordo com os conteúdos abordados nas aulas de Geografia
relacionados à temática do projeto.
A construção da aprendizagem foi desenvolvida através de um roteiro 5 préelaborado pela docente com base em web sites inter-relacionado, links e outras
fontes confiáveis de informações aproximando os alunos a suas realidades
estimulando a consciência crítica e o interesse pela pesquisa.
Outro aspecto metodológico das WQ é a aprendizagem cooperativa que
promove uma amplitude de pesquisas relacionadas entre si; consiste trabalhar
diferentes pontos de vista, possibilitando aos alunos aprenderem mais e melhor com
os outros; no compartimento de informações o que torna aprendizagem mais
significativa.
A WQ média teve a duração de 15 dias, duas semanas, pois os alunos do
7º ano são muito ativos e, portanto, não houve necessidade de uma aplicação de
uma WQ longa, com duração de um mês. Entende-se que uma aplicação com
5
Foi solicitado que os alunos acessassem Google - (Imagens), para obter imagens sobre enchentes
nos diversos lugares do mundo, das enchentes no bairro da Escola e em outros locais da cidade.
Pesquisas em sites de jornais locais, fotos, depoimentos e demais informações sobre as inúmeras
enchentes em Curitiba e dos demais bairros que formam a capital do Paraná. Ainda pesquisas sobre
definições/conceitos de assoreamento dos rios, impermeabilização dos solos, importância das matas
ciliares, reciclagem e destino dos lixos domésticos e industriais e correspondentes imagens. Visitas
virtuais a sites oficiais de empresas ligadas a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA),
Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), Jornal: Gazeta do Povo, Revista Veja, Super-Interessante,
endereços eletrônicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) entre outros.
7
duração mais longa poderia gerar uma dispersão e fuga do foco da aprendizagem
tornando a tarefa monótona e cansativa para alunos e professores.
Os elementos básicos desta tarefa de aprendizagem: WebQuest (WQ)
foram: introdução, tarefa, processos, recursos, avaliação e conclusão. Na introdução
aconteceu à contextualização sobre a temática a ser pesquisada, motivação,
curiosidade e desafio correspondente aos elementos chaves, deixando de lado a
memorização apenas. Com linguagem clara, precisa e de fácil compreensão para os
alunos.
A tarefa, passo seguinte: foi apresentada a proposta de trabalho, os
objetivos solicitando aos alunos um problema/desafio a ser pesquisado, resolvido.
Constituindo-se na parte importante, pois forneceu os objetivos/metas a serem
atingidos pela pesquisa, transformações de informações e desenvolvimento de
processos cognitivos. Receberam instruções claras e situaram os objetivos a serem
atingidos/descobertos. Nesse processo foram solicitadas habilidades de resumir,
refinar e elaboração no desenvolvimento de tópicos em outras tarefas congruentes.
Conforme Rocha (2007, p. 71):
É importante que os alunos tenham, durante todo o processo, informações
sobre o modo como o seu trabalho será apresentado e valorizado: um
relatório, uma apresentação oral com apoio de tecnologias a um público
definido, uma exposição, uma pintura ou escultura, peça teatral, cartaz ou
mesmo uma Home Page (página inicial de um sítio na Internet).
Na proposta de WQ, os alunos trabalharam em pequenos grupos de três
alunos e um deles foi eleito o prefeito municipal, o qual procurou uma solução para a
questão das enchentes dos rios de sua cidade, persuadindo as populações mais
vulneráveis a esse fenômeno a recolocação de suas casas e a conscientização dos
habitantes sobre as questões do desenvolvimento sustentável e a preservação dos
recursos hídricos. Ainda o prefeito precisou descobrir uma maneira de evitar e/ou
minimizar os efeitos das ocorrências das enchentes o qual faz muitas famílias reféns
de seus azares ambientais. Hipoteticamente os alunos explicavam aos moradores
locais, por que acontecem as enchentes, como evitá-las e como contribuir para
conscientizar outros moradores de outros bairros, que também sofrem os mesmos
azares ambientais. Tudo isso foi repassado aos moradores fictícios em forma de
relato oral onde cada equipe expôs as atividades em forma de um seminário na sala
de aula usando as TIC.
O engajamento em investigações, uso da criatividade nos sites de
8
pesquisa
web
sites
inter-relacionados,
links
direcionado/orientado
pela
mediação/facilitação docente foi incentivada em todas as etapas de desenvolvimento
da WQ.
Foram também usados livros didáticos e para-didáticos para auxiliarem nas
pesquisas.
Os
alunos
interagiram
com
as
informações
realizando
um
desenvolvimento de pesquisa formulando novas hipóteses, novos argumentos,
procurando soluções criativas, esboçando um caminho para a construção do
conhecimento.
A avaliação das tarefas da WQ foi disponibilizada no início das atividades
de forma clara explicando os critérios da mesma com relação aos níveis cognitivos a
serem atingidos. À medida que os alunos executavam os requisitos/partes, passo a
passo da WQ, ou seja, interagiam e completavam a tarefa, avançavam rumo à
compreensão maior da mesma, chegando a sua conclusão. Os alunos participaram
das avaliações para entender onde precisavam melhorar, contribuindo para a
compreensão do assunto a ser pesquisado.
Basicamente as relações da WQ com os domínios cognitivos foram: criar
situações que exigissem transformações de informações em conhecimentos que
ajudassem a compreender o mecanismo das enchentes, assim como, confrontar
conceitos refinando suas habilidades de compreensão sobre o tema pesquisado.
Ainda, sobre o conhecimento apreendido, os alunos solucionaram os problemas
propostos; relacionaram conteúdos; elaboraram conclusões; formularam novos
conceitos; generalizaram, organizaram conhecimentos e apreenderam novos
reconhecendo os significados ocultos. Por meio da WQ, os alunos não somente
interagem com as informações, mas também realizam um desenvolvimento da
pesquisa que os habilita a formular novas hipóteses, novos argumentos, comparar
situações, procurar soluções criativas, construindo novos conhecimentos.
O emprego da ferramenta WQ junto à disciplina de Geografia auxiliou a
compreensão do mecanismo das enchentes, especificamente no bairro da Escola,
mas também em outros locais do Estado, país e do mundo, pois possibilitou a
obtenção de muitas informações e conhecimentos sobre a temática, e com isso
ampliou a possibilidade dos alunos de conhecerem outros contextos que compõem
os espaços geográficos, construídos pela humanidade, muitos dos quais suscetíveis
aos azares ambientais globais.
A Geografia como área de ensino fornece estudos, análises e tenta
9
explicar a produção humana sobre o meio natural, as relações homem X espaço
pretendendo nesse processo educativo formar cidadãos conscientes de suas ações
sobre o espaço, as conseqüências de tais relações para a manutenção de uma vida
saudável para todos no planeta. Sendo uma Ciência Social liga-se a realidade e
pode fazer com que os alunos reflitam sobre os fenômenos ligados a produção
humana, a busca do desenvolvimento e o que isso acarreta de prejuízo ambiental ao
planeta.
A proposta de intervenção pedagógica buscou o envolvimento dos alunos
em sala de aula, visando tornar mais interessante o estudo da disciplina de
Geografia, associando a ferramenta WQ com a proximidade do local de estudo, isto
é, ao seu próprio bairro, lugar onde pode acontecer uma enchente, inundação.
A escala de análise geográfica foi o nível local, buscando, posteriormente
relacionar aos aspectos regionais, ao país e aos aspectos globais do planeta.
Assim, partindo do problema, as questões das enchentes nas grandes
cidades delimitaram o objeto de estudo e suas relações com a sociedade e as
questões de vulnerabilidades para muitas famílias próximas a esses rios.
Buscou-se oportunizar o emprego da ferramenta de estudo WQ auxiliando
no processo de conhecimentos dos alunos para que esses conheçam as realidades
em que vivem, saibam explicá-las, compreendendo fenômenos da natureza,
podendo ainda, explicar, comparar e extrapolar para outras realidades chegando a
construir conceitos e superando métodos tradicionais de aprendizagem com base na
memorização formando sua bagagem intelectual como um cidadão que sabe
interpretar o mundo o qual está inserido.
2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Planejamento legislação ambiental e as enchentes em Curitiba
Desde a criação do Código de Posturas de 1953, e o Plano Diretor de
1966, gerenciado pelo Instituto de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba
(IPPUC), há registro da intenção em proteger e resolver a questão das enchentes,
conforme observado por (TREVISAN, 2004) “[...] a base para inúmeras leis sobre
expansão urbana, tentando resolver importantes questões, como enchentes e
10
ocupações ilegais nos mananciais e em áreas com risco de inundações [...]”.
Tem-se observado que independente do aumento populacional em
Curitiba, a qualidade e gerenciamento dos recursos hídricos não vêm recebendo
melhorias, nas últimas décadas e a perspectiva é de que este problema se agravará
para as próximas décadas.
Sabe-se que é necessário elevar os índices de coleta e tratamento das
cargas poluidoras brutas que chegam aos nossos rios, onde Curitiba, “cidade
ecológica” não tenha a mesma trajetória dos grandes centros metropolitanos
brasileiros, como a sofrida grande São Paulo, por exemplo.
De acordo com o artigo 2° do Código Florestal, que determina como área
de preservação permanente aquela ao redor de lagos, lagoas e reservatórios
naturais ou artificiais, não explicita a margem da área de preservação, ficando em no
mínimo 30 m para a preservação da Mata Ciliar. No entanto, não a lei não está
sendo cumprida.
Houve um agravamento da degradação ambiental relativo ao crescimento
populacional intensificado a partir da década de 60, pois conforme IPPUC apud
Trevisan (2004, p. 160), “[...] de modo geral as pessoas de maior poder aquisitivo se
concentram onde a cidade apresenta menor risco de inundação, enquanto as
populações de baixa renda se concentram principalmente nas áreas de maior risco”.
Muitas são as causas que colaboram para que os rios transbordem e
atinjam a população como um todo. A grande quantidade de chuva, em
determinadas épocas, muito além do que normalmente acontece, transforma a rede
de drenagem de uma cidade um verdadeiro caos. Chuvas muito intensas acontecem
e como dizem os estudiosos em hidrologia, “não existe rio sem enchente e que é um
fenômeno natural dos regimes dos rios”, mas quando o homem invade o espaço
natural destes rios, as enchentes passam a ser um problema grave para a
sociedade, deixando de ser um problema natural para ser um problema social.
Trevisan (2004, p. 154) ainda, reforçando esses fatores, menciona como
em Curitiba, os solos encontrados na várzea do rio Iguaçu são característicos, pois:
[...] apresentam vários problemas para a urbanização, uma vez que sofrem
encharcamentos temporários ou permanentes, ou estão em posições no
relevo sujeitas as enchentes. [...] Dessa forma, depreende-se que a melhor
função para esses solos é a de preservação permanente com sua
composição vegetal original.
As causas de origem antropogênica estão associadas à influência das
11
atividades humanas sobre o ambiente, o qual é um grande problema no equilíbrio da
natureza, principalmente no que se refere às questões climáticas. A retirada da
cobertura vegetal, a ocupação desordenada nas margens dos rios, a intensa
impermeabilização dos solos, com a pavimentação das ruas, sem a utilização de um
asfalto ecológico, calçadas, construções, assoreamento dos leitos dos rios e a falta
de fiscalização dos órgãos competentes para observar todos esses delitos,
contribuem para todo tipo de situação desagradável para os moradores que se
localizam próximos aos rios das grandes cidades.
Conforme, Trevisan (2004, p. 154) afirma sobre os rios de Curitiba:
Sua utilização urbana requer altos investimentos como canalizações,
drenagens, desvios de leitos de rios, aterros, arrimos, entre outras obras de
engenharia, cujo custo seria muito maior do que o de evitar a ocupação das
margens de rios com a adoção de uma política efetiva de habitação para as
classes menos favorecidas e com o cumprimento da legislação em vigor.
A Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC) admite que alguns rios que
cruzam a cidade, como o Ivo, Juvevê, Água Verde e Belém entre outros rios
tributários, não comportam mais a vazão, pois, são projetos executados há mais de
30 anos, quando Curitiba tinha a metade da população de hoje. Cada segmento da
sociedade possui uma parcela de culpa. A PMC, que demora em executar as obras
de limpeza e desobstrução dos córregos. A SANEPAR que não fiscaliza a coleta de
esgoto, pois muitos vão direto para os rios, e a população em geral, que não exerce
seu direito de cidadania e outros, seus deveres de cidadãos, chegando a jogar lixo
doméstico e outros detritos nos leitos próximos as suas casas, colaborando para o
processo de poluição e assoreamento dos mesmos.
2.2 Histórico das enchentes em Curitiba
Para muitos curitibanos, as enchentes nos rios já se tornaram um fato
quase corriqueiro, dependendo da época do ano e do nível de chuvas. Em muitos
casos, os habitantes perderam tudo ou quase tudo em suas casas, alguns chegando
até a perder o terreno, que foi embora com o rio.
Registros relacionados a enchentes existem em bairros considerados
nobres, como: Água Verde, Batel, Seminário, Jardim Social, Hugo Lange, Ahú, Bom
Retiro, Centro Cívico e ainda Prado Velho, Santa Felicidade, Boqueirão, Sítio
Cercado. E, principalmente, em bairros da periferia da capital.
12
Segundo Relatório Ambiental – Região Metropolitana de Curitiba
(COMEC), (1997, p. 65) na descrição do histórico das enchentes em Curitiba consta
que medidas de infraestrutura foram adotadas para evitar enchentes:
Nos anos 70, rios urbanos como o Ivo, o Belém foram canalizados e o
Iguaçu, receptor de toda a drenagem urbana, foi retificado, obras essas
realizadas com assistência financeira do extinto Departamento Nacional de
Obras de Saneamento. A urbanização crescente e a falta de manutenção
de obras existentes, entretanto, têm causado problemas pontuais de
enchentes nos meses de verão, especialmente na bacia do rio Ivo, que
corta o centro da cidade e em alguns trechos das bacias dos rios Atuba e
Barigüi.
O clima local-urbano tem aumentado às temperaturas não só por
alterações climáticas globais causadas pelo efeito estufa e um dos fatores
contribuintes são as ilhas de calor.
O fenômeno El Niño, contribui em efeitos adversos para o país, como
secas prolongadas no nordeste e o excesso de chuvas no sul, provocando
inundações em terrenos e centros urbanos, causando danos de toda ordem.
Enchentes ocorrem normalmente em várzeas ou em áreas com drenagem
insuficiente. De acordo com o estudo: indicadores ambientais georreferenciados
para a região metropolitana de Curitiba, realizado pelo IPARDES em 2002, o qual
indica as áreas de maior vulnerabilidade ambiental, expressam variáveis físicoambientais e as pressões exercidas sobre o ambiente.
No caso específico do bairro onde se localiza a escola, vamos identificar a
área onde houve ocorrência de inundações nos últimos 15 anos, onde as famílias
que habitam essas áreas estão expostas a um risco ambiental. Usaremos a
associação das cartografias sociais e ambientais, necessária em estudos
socioambientais, também entendidos como sobreposição de cartografias. Pois,
através dessa análise é possível a identificação das áreas onde coexistem riscos
ambientais e populações em situação de vulnerabilidade social. Onde a população
vive, trabalha, descansa sempre terá impacto sobre a natureza e vice-versa.
Também, a vulnerabilidade socioambiental de Curitiba é muito intensa, pois
é uma das regiões metropolitanas brasileiras de maior dinamismo em termos de
crescimento populacional recente.
Conforme Deschamps (2004, p. 5): “[...] há uma distribuição desigual dos
danos ambientais entre os diversos grupos sociais”. Pois se sabe que os terrenos
mais bem localizados são privilégios de poucos, e para outros grupos, menos
13
favorecidos, devido às condições de moradia e infra-estrutura reforçam aspectos
submetidos à segregação socioespacial, ficando em áreas ambientalmente
vulneráveis, expostas a outro processo intra-urbano: o da segregação ambiental
decorrendo a outro aspecto, a vulnerabilidade social.
Ações para evitar as enchentes: macro drenagem, limpeza dos rios e
galerias; desassoreamento e correção das margens.
A alta quantidade de vazão das águas tem provocado erosões de margens
e a força das águas arrasta lixos jogados nos rios, entupindo as galerias.
Devido às chuvas sazonais excessivas, os rios ficam acima do nível
normal, ocasionando as enchentes.
Fazer a limpeza regular das margens, retirando os detritos, como pneus,
garrafas PET e sofás e outros tipos de lixo, pois na cidade há um sistema de coleta
de lixo, que atende 100% da cidade. A população pode evitar alagamento, usando
corretamente o sistema de coleta de lixo e contribuindo para a diminuição das
toneladas de lixo recolhidos mensalmente dos rios e galerias.
Ainda, nos trechos mais críticos de cinco bacias hidrográficas de Curitiba a
população tem deixado cada vez mais impermeabilizado o solo e por isso aumenta a
probabilidade de enchentes em alguns bairros (Quadro 1).
QUADRO 1 – BACIAS HIDROGRÁFICAS DE CURITIBA
Bacias
hidrográficas
Densidade
populacional
Área
impermeabilizada
Chuva efetiva
IAI (indicador
de
agravamento
de inundações)
Atuba
4.957 hab/km2
20%
64 mm
278%
Iguaçu
826 hab/km2
0%
23 mm
38%
Barigui
4.856 hab/km2
20%
61 mm
263%
Belém
5.129 hab/km2
21%
64 mm
280%
Ribeirão
Padilha
4.068hab/km2
15%
53 mm
213%
Passaúna
356hab/km2
0%
21 mm
24%
FONTE: Jornal Gazeta do Povo, 16 out. 2010, p. 4. Caderno Vida e Cidadania.
Os cálculos acima têm como fonte, pesquisador/especialista: Enéas Souza
Machado do Instituto das Águas do Paraná. A área impermeabilizada é calculada de
acordo com a porcentagem da área da bacia impermeabilizada pela ocupação
humana, com base na densidade demográfica. O volume de precipitação para ser
calculado considera a chuva efetiva e o indicador de agravamento de inundações.
Utiliza-se como referência uma precipitação de 96 mm com duração de 2 horas e
14
probabilidade de ocorrer uma vez a cada 25 anos. Trata-se de uma chuva intensa,
de longa duração e rara. Chuva efetiva é a quantidade de água que efetivamente
escoa pela superfície. Varia de acordo com fatores como o tipo de solo. O indicador
de agravamento de inundações (IAI) é a diferença entre a condição ideal (original)
de absorção e escoamento da água em comparação com a condição atual, após a
ocupação urbana e a conseqüente impermeabilização maior do solo.
Desde 2002, o Instituto das Águas do Paraná evidencia o impacto direto do
crescimento urbano e da alta densidade populacional na impermeabilização das
bacias hidrográficas de Curitiba. Somados a isso telhados de casas, passeios, ruas,
calçadas mandam mais rápido as águas das chuvas para os bueiros e condutos,
impermeabilizando cada vez mais os solos, aumentando o volume de escoamento
superficial em seis vezes, a macro drenagem não suporta a carga, o que resulta em
enchentes. Esse processo diminuiu a recarga dos aqüíferos, que não sustentam a
vazão dos rios na estiagem. Aumentam a erosão, o assoreamento dos rios,
compromete a qualidade das águas e geram mais aquecimento nas ilhas de calor,
cidades.
De acordo com o engenheiro civil e professor da UFPR, Roberto Fendrich,
pesquisador da história da impermeabilização de Curitiba desde 1820 relata que
segundo a tendência, em 2020, na bacia do rio Belém, onde vive a metade da
população de Curitiba, a situação ficará em torno de 90% da área impermeabilizada.
Esse especialista aponta para importância de políticas públicas e de
sistemas de drenagem eficientes. Os parques da capital não são suficientes para um
amortecimento desse processo pluviométrico. A solução para se evitar inundações,
para ele seria adotar sistemas de absorção ou de retenção da água da chuva em
todas as quadras e edificações, acabar com o lixo nas ruas e as ocupações
desordenadas.
Segundo IBGE, 41% das cidades brasileiras sofreram inundações ou
enchentes nos últimos cinco anos. Na Região Metropolitana de Curitiba, 20
municípios tiveram problemas com as fortes chuvas no mesmo período. A tendência
do processo de urbanização é ir impermeabilizando mais e mais os solos, mesmo
com as áreas de preservação permanente, compromete os sistemas de drenagem.
Deste modo, evidencia-se que a importância de conscientizar a população
com relação às questões ambientais. Há necessidade de 25% de cada lote urbano
ficar permeável. Os gestores urbanos precisam fixar políticas e diretrizes urbanas
15
ambientais para evitar as inundações ou enchentes, construir tanques de captação
de água da chuva e sempre desassorear os canais dos rios.
2.3 O fenômeno do aquecimento global e as enchentes
Inúmeros relatos apontam, para os efeitos do aquecimento global,
antevendo um aumento das médias térmicas as quais intensificaram as variações de
precipitações e evapotranspirações, as quais distribuem as águas no planeta de
forma diferenciada.
De acordo com Mendonça, (2002, p. 131): “[...] algumas regiões terão
incrementado o volume de água, causando enchentes, deslizamentos e erosão”.
Esses efeitos não atingirão de forma homogênea a todas as regiões do planeta.
Algumas áreas são particularmente mais vulneráveis que outras. Algumas cidades
sofrerão conseqüências diferenciadas e as condições econômicas dos grupos
sociais vão definir suas capacidades de adaptações, ficando severas as condições
nos países subdesenvolvidos.
2.4
A dimensão socioambiental
A dimensão socioambiental abordada neste projeto pode ser transposta para
qualquer outro lugar de outra área urbana e conforme Maricato (1996, p. 66):
As ocupações dos fundos de vales são a causa de freqüentes enchentes.
Se, de um lado, o crescimento urbano foi intenso e o Estado teve
dificuldades de responder às dimensões da demanda, de outro, a tolerância
para essa ocupação anárquica do solo está coerente com a lógica do
mercado fundiário capitalista, restrito, especulativo, discriminatório e com
investimento público concentrado.
É importante ressaltar que os ambientes onde moramos não são bons nem
ruins, favoráveis nem desfavoráveis ao que quer que seja. De acordo com Trevisan,
(2004, p. 170):
É o modo como com eles nos relacionamos que surgem os determinantes
de qualidade. Isto é, nem os ambientes nem a sociedade humana são
importantes ou prioritários, mas sim o modo como ambos se relacionam. (...)
o que importa é a qualidade da relação. Dessa forma, pode-se ocupar o
espaço sem degradá-lo, desde que a ocupação respeite os limites da
fragilidade de cada ambiente.
16
2.5 Diretrizes Curriculares da Educação Básica – conteúdos básicos de
Geografia
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da
Secretaria de Estado de Educação do Paraná (2008, p. 94), nos quais estão
descritos os conteúdos básicos da disciplina de Geografia, cabe ressaltar o
conteúdo estruturante: Dimensão Socioambiental do Espaço Geográfico, como
fundamento dos conteúdos básicos que serão desenvolvidos: 1- A dinâmica da
natureza-relacionada com as enchentes dos rios e o crescimento populacional.
A seleção de conteúdos desta referida série de ensino tem intrínseca
relação com a temática deste projeto e pode considerar as realidades pessoais dos
alunos que moram e estudam na cidade de Curitiba podendo, posteriormente ser
transposto para outras grandes cidades.
A dimensão socioambiental possibilita que os alunos do Ensino
Fundamental, 7º ano possam compreender o espaço geográfico interagindo de
modo adequado com as questões ambientais relacionadas aos mecanismos das
enchentes compreendendo essas realidades espaciais e as vulnerabilidades sociais 6
envolvidas nesse processo natural das inundações dos leitos dos rios.
De acordo com Libâneo (1995, p. 40):
[...] o objetivo é privilegiar a aquisição do saber, e de um saber vinculado às
realidades sociais, é preciso que os métodos favoreçam a correspondência
dos conteúdos com os interesses dos alunos, e que estes possam
reconhecer nos conteúdos o auxílio ao seu esforço de compreensão da
realidade (prática social).
2.6 As tecnologias aplicadas à educação
Moran (2000, p. 12) ao referir-se à educação menciona:
Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida,
conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade. Educar
é ajudar a integrar todas as dimensões da vida, a encontrar nosso caminho
intelectual, emocional, profissional, que nos realize e que contribua para
modificar a sociedade que temos.
6
Diferente de vulnerabilidade social o termo, vulnerabilidade, na Geografia está diretamente atrelado
às probabilidades de ser afetado negativamente por um fenômeno geográfico e/ou climático. Assim,
as zonas ou áreas e populações vulneráveis são aquelas que podem ser atingidas por algum evento
geográfico, como terremoto, enchente, enxurrada e seca. Por sua estrutura geomorfológica ou por
simples localização geográfica, determinadas áreas são mais propensas a experimentar tais eventos,
ou seja, são áreas mais vulneráveis.
17
Sob este prisma tem-se a possibilidade de utilizar ferramentas tecnológicas
no processo de ensino/aprendizagem.
Com o avanço das tecnologias na contemporaneidade, são inúmeras as
ferramentas que nos permitem exercitar nossa criatividade na elaboração de
formatos diferenciados mais didático-qualitativos, oportunidade de mudar nossos
modelos de aulas, do uso do giz e quadro negro apenas, talvez constituindo uma
nova metodologia de assegurar o interesse de nossos alunos imersos no mundo das
imagens que os seduzem a todo o momento.
Quanto mais nos apropriarmos destas novas ferramentas tecnológicas,
ganharemos tempo para trocas sócio-cognitivas mais pertinentes com a construção
do conhecimento e com os projetos formativos das escolas.
A utilização destas novas tecnologias nas práticas educativas cotidianas
revela a possibilidade e a importância de aquisição de múltiplas habilidades
propiciando mais significados aos conteúdos programáticos a serem abordados no
dia-a-dia da escola.
2.7 Sobre a Webquest
Webquest é uma metodologia de pesquisa na Internet, voltada para o
processo educacional, estimulando a pesquisa e o pensamento crítico (WEBQUEST,
2008 apud PEREIRA, 2009, p. 9).
Para Pereira (2009, p. 9):
Navegar na Internet pode ser um processo de busca de informações valioso
na construção do conhecimento, gerando um rico ambiente interativo
facilitador e motivador de aprendizagem, bem como pode ser um dispersivo
e inútil coletar de dados sem relevância que não agregam qualidade
pedagógica ao uso da rede.
Webquest tem mostrado ser efetivamente, uma metodologia de engajar
alunos e professores num uso da Internet voltado para o processo educacional,
estimulando a pesquisa, o pensamento crítico, o desenvolvimento de professores e
alunos e a produção de materiais (PEREIRA, 2009).
Em linhas gerais, uma WQ parte da definição de um tema e objetivos por
parte do professor, uma pesquisa inicial e disponibilização de links selecionados
acerca do assunto, para consulta orientada dos alunos. Estes devem ter tarefas
interessantes que norteiem a pesquisa. Para o trabalho em grupos, os alunos devem
18
assumir papéis diferentes, como o de especialistas, visando gerar trocas entre eles.
Tanto o material inicial como os resultados devem ser publicados na web, online.
(WEBQUEST, 2008 apud PEREIRA, 2009, p. 10)
Ainda segundo Pereira (2009, p. 10),
Webquest não exige softwares específicos além dos utilizados comumente
para navegar na rede, produzir páginas, textos e imagens. Isso faz com que
seja muito fácil usar a capacidade instalada em cada escola, sem restrição
de plataforma ou soluções, centrando a produção de Webquests na
metodologia pedagógica e na formação de docentes.
A estrutura da WQ abrange: início; tarefa; processo; avaliação; conclusão e
créditos. A seguir imagens da WQ desenvolvida para a prática pedagógica (Figura 1).
Figura 1: Início da Tarefa de Aprendizagem WebQuest: Enchentes
19
A tarefa de aprendizagem 7 (figura 2) da WQ foi proposta de forma que eles
refletissem sobre o mecanismo das enchentes e os fatores contributivos dessa
recorrência. No primeiro momento os alunos foram convocados a criar perguntas ao
invés de responder, pois ao serem solicitados que construíssem perguntas os alunos
estavam
acessando
suas
funções
cognitivas
intelectuais
mais
avançadas
propiciando uma alternativa diferenciada de interação com a tarefa solicitada. Ainda
nessa mesma tarefa foi solicitado que elaborassem também um pequeno texto
síntese sobre a compreensão deles sobre a intensificação da recorrência das
enchentes. A competência discursiva é um indicador do domínio do conhecimento
de causa e possibilitou que os alunos discorressem sobre o tema em questão.
Através da prática argumentativa os alunos puderam desenvolver condições de
refletir e de construir uma consciência crítica.
7
Figura 2: refere-se à tarefa a ser realizada pelos alunos na utilização da ferramenta de aprendizagem WQ.
20
21
O processo, parte integrante e seqüencial da WebQuest também
possibilitou a pesquisa na WEB- Internet em links que ampliaram ainda mais as
informações e conhecimentos sobre a temática assim como convidou-os a acessar
sites de periódicos
e também a assistir vários noticiários locais que
contextualizaram cada vez mais sobre a incidência desse fenômeno ambiental
anualmente.
Nesta parte os alunos foram convocados a resolver uma situaçãoproblema onde estavam envolvidos representantes da sociedade que podiam ou não
estar comprometidos eticamente com as questões sociais e ambientais e foi
solicitado aos mesmos que se posicionassem com relação à melhor atitude que a
Prefeitura deveria tomar com relação ao problema enunciado. O envolvimento
intelectual e cognitivo exigido nesta seqüência previu a capacidade de planejamento
e criatividade dos discentes na resolução do problema além de exigir a
transformações de informações e conteúdos da disciplina envolvidos nesse processo
pedagógico.
A produção do conhecimento aconteceu a partir do momento em que os
alunos se confrontaram diretamente com o objeto a ser estudado. Nessa interação a
linguagem científica, objetiva foi clara e acessível e mediada pela ação docente,
facilitada pelas TIC disponibilizadas na WEB.
Com base na aquisição desses conhecimentos os alunos tiveram
condições de estabelecer novas inter-relações com outras áreas do conhecimento
assim como de conceitos mais amplos e complexos sobre o assunto. Podemos aqui
vislumbrar as capacidades discentes para interferir na transformação de realidades
22
garantindo o sucesso da educação geográfica.
23
Com base nas questões descritas e a guisa de tentar concluir algumas
informações deste artigo sobre a WQ desenvolvida para a prática didáticopedagógica proposta pela professora autora deste estudo denominada WEBQUEST:
ENCHENTES – (Webquest: WQ em Geografia) encontra-se disponível no site:
http://profreginaerthal.blogspot.com.br/ para maiores esclarecimentos sobre a
referida ferramenta de ensino que utiliza as TIC.
3
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
3.1 Resultados Obtidos na Implementação do Projeto de Intervenção DidáticoPedagógico do PDE 2010-2012
3.1.1
Avaliação dos alunos
24
Sobre o tema proposto: 63% dos alunos (22 deles), afirmaram conhecer
pouco sobre as enchentes e, posteriormente as tarefas revelaram que eles mudaram
a percepção e o conhecimento geográfico e passaram a conhecer melhor sobre os
fatores/mecanismos envolvidos neste processo das cheias dos rios e demais
elementos que provocam as intensas chuvas, com isso a possibilidades de
enchentes, assim como também o transbordamento e assoreamento dos rios, as
conseqüências da retirada da mata ciliar dentre muitos outros.
Ainda mais considerações para compartilhar e confirmar as informações
provenientes dos resultados e das participações dos alunos na realização da WQ. O
gratificante foi reconhecer nos depoimentos deles quando foram indagados: “em que
mudaram seus conhecimentos sobre as enchentes”, as respostas confirmam um
excelente aprendizado, pois houve a seguinte resposta, que merece ser citada,
mantendo a forma original: “mudaram sobre os rios e sobre o que elas podem
realmente causar. Mudaram também sobre a mata ciliar que nós achávamos que era
uma coisa que fazia mal aos rios, nossos conceitos mudaram. Tanto a prefeitura
deve fazer sua parte como a população também”. Em outra dupla: “Não iremos mais
poluir o meio ambiente, pois ele é a nossa vida, sobrevivência”.
Do total de alunos estudados 33 deles (100%) mencionaram nunca terem
realizado atividade escolar on-line, por meio da WQ e, 26 alunos (80%)
mencionaram que a atividade foi interessante e estimulante e consideraram que a
Internet pode ser empregada como instrumento educativo e muito mais interessante.
Seguem alguns relatos relevantes originais: 1- “por que é bem mais legal, eu acho
que ajuda mais. Ela não é só um meio de bobagens, mais sim também um ótimo
meio de estudo”; 2- “Por que ela pode conter alguns dados que nos livros não tem e
também, nela, nós podemos fazer algumas coisas, pesquisas que não podemos
fazer fora dela”; 3- “por que a Internet não serve só para diversão mais também para
ensinar as pessoas em sites educativos, como a WQ que deu essa oportunidade
para nós”; 4- “por que nós achamos que a Internet nos proporciona mais abertura
para falar de certos assuntos. Achamos que na Internet nós podemos descobrir mais
coisas e pesquisar mais”.
Finalizando com a seguinte resposta: “Por que as
imagens e noção de como devem ser as coisas explicadas não se passa pela nossa
cabeça. Com ela nós aprendemos mais sobre o meio ambiente e etc”.
Sobre a compreensão do meio ambiente verificou-se que 16 deles, 50%
dos alunos que participaram da atividade didático-pedagógica, afirmaram ter maior
25
cuidado com os rios demonstrando que a tarefa despertou a sensibilização sobre o
tema proposto.
Outros temas foram sugeridos pelos alunos para futuras WQ, tais como:
clima, água, plantas, países e planeta dentre muitos outros.
Percebe-se que essa prática educativa, promoveu o desenvolvimento mental
dos alunos em relação às questões ambientais do bairro para além das vivenciadas
nas salas de aulas, pois houve um contato maior com o tema: enchentes no rio do
bairro com as saídas de campo e visitas e entrevistas com os moradores do bairro e
as conseqüências/prejuízos materiais e emocionais que acarretam para a população
local.
O caráter educativo da intervenção com a mediação pedagógica e
sociocultural atuou de forma significativa neste projeto de aprendizagem utilizando
as TIC, pois oportunizou para os alunos momentos em desenvolver suas
capacidades de pensar e agir para resolver do melhor modo os problemas do
cotidiano, neste específico caso as questões das enchentes no bairro da escola.
Ainda e não menos importante, a educação geográfica contribuiu para que os alunos
entendam as questões ambientais mais relevantes e o caráter global das ações
humanas sobre o espaço geográfico.
A disciplina de Geografia deve propiciar aos alunos um ensino que assegure
uma efetiva apropriação de noções, conceitos, valores, atitudes, conhecimentos para
a compreensão do espaço vivenciado próximo assim como o percebido globalmente/
mundialmente e suas dimensões socioambientais e a relação dialética do
local/global.
A concretização da aprendizagem geográfica deste projeto pode ser
endossada pela reflexão da renomada estudiosa da área: Cavalcanti (2008) que
destaca a importância específica da Geografia escolar contribuindo na formação dos
alunos:
Na relação cognitiva de crianças, jovens e adultos com o mundo, o
raciocínio espacial é necessário, pois as práticas sociais cotidianas tem uma
dimensão espacial; os alunos que estudam Geografia já possuem
conhecimentos geográficos oriundos de sua relação direta e cotidiana com
o espaço vivido. O trabalho de educação geográfica ajuda os alunos a
desenvolverem modos do pensamento geográfico, a internalizarem métodos
e procedimentos de captar a realidade tendo consciência de sua
espacialidade. Esse modo de pensar geográfico é importante para a
realização de práticas sociais variadas, já que essas práticas são sempre
práticas socioespaciais. A materialização dessas práticas que se realizam
26
num movimento entre as pessoas e os espaços vai se tornando cada vez
mais complexa, e sua compreensão cada vez mais difícil, o que requer
referencias espaciais cotidianas, carregadas de sentidos, de histórias, de
imagens, de representações (CAVALCANTI, 2008, p. 35-36).
A materialização deste projeto de intervenção didático-pedagógica
objetivou intensificar essas referencias espaciais dos alunos, pois ao enfocar como
objeto de estudo, as questões das enchentes no bairro da escola, assegurou amplos
aspectos de aproximação com a realidade local percebida, assim como a conciliação
de estudos e conhecimentos geográficos, que possibilitam despertar o interesse com
relação à disciplina curricular, fazendo-a importante para compreensão e leitura de
mundo que os cerca e do qual são integrantes, futura geração de prováveis adultos
mais sensíveis as questões socioambientais.
3.2 Utilização do material didático
A produção didático-pedagógica, a Unidade Didática e a construção da WQ
foram realizadas de maneira clara e objetiva. Após o estudo do meio ambiente, da
verificação do espaço em torno da escola e das pesquisas na Internet os alunos
mostraram-se motivados a buscar novos conhecimentos observando que a
Geografia faz parte de nosso cotidiano e que ao estudá-la aprende-se a viver melhor
em sociedade e com noções de preservação ambiental.
A intervenção didático-pedagógica mostrou-se importante para os alunos
conseguirem interpretar as mudanças físicas no espaço geográfico assim como a
intensa degradação do meio ambiente.
Estes conhecimentos podem contribuir para a construção e manutenção de
hábitos voltados à preservação ambiental. Ao permitir considerar a realidade em que
a escola está inserida por meio do trabalho interativo com os educandos, foi possível
encaminhar a compreensão da dinâmica da natureza como fator determinante para
se planejar e agir no espaço de vivência/ geográfico local.
A construção do
conhecimento auxiliará os alunos a tornarem-se cidadãos críticos e conscientes de
seus direitos e deveres e, consequentemente habilitá-los a participarem de
processos transformadores da sociedade com vistas a torná-la mais justa,
democrática e sustentável.
Ainda, foi possível mostrar através de imagens, fotos e vídeos aos alunos o
que fazer para diminuir as enchentes. Ao se entusiasmarem com a utilização das
27
TIC, podendo sensibilizar os alunos e ajudar na preservação, recuperação do meio
ambiente e com uma melhor qualidade de vida e a viverem mais felizes em sintonia
com o espaço geográfico.
O conteúdo dirigido pelo trabalho didático permitiu ao aluno melhorar a
percepção e a compreensão do espaço vivido/local. A metodologia inovadora, WQ
auxiliou os alunos a pesquisarem e entenderem as causas e conseqüências da
degradação ambiental e, mais precisamente sobre o problema das enchentes. Por
meio desta prática didático-pedagógica foi possível aos alunos alcançarem a
conscientização/sensibilização ambiental e a compreensão do processo de
degradação ambiental da região onde estão inseridos e, a partir disso torna-se
possível conseguirem compreender as demais questões ambientas globais.
A Unidade Didática foi implementada em aproximadamente 64 horas, no
segundo semestre letivo de 2011 e foi estruturada a partir de um amplo leque de
possibilidades de trabalho pedagógico. Os objetivos previamente definidos foram
alcançados8. Os recursos midiáticos9 contribuíram, pois envolveram diversas
maneiras de assimilar os conteúdos, variando também os critérios de avaliação. O
projeto pode ser adaptado e ajustado a realidade de cada escola. O uso da WQ
agiliza as atividades e motiva os alunos. Somente é necessário preparar com
antecedência as atividades a serem desenvolvidas com uso das TIC. A carga horária
de 64 horas foi suficiente, levando em conta que uma parte das atividades não foram
desenvolvidas presencialmente.
3.3 Discussões de Grupo de Trabalho em Rede (on-line) - GTR
Os integrantes/cursistas do Grupo de Trabalho em Rede (GTR) durante a
discussão sobre o Projeto de Intervenção Pedagógica prestaram sua contribuição
sobre o tema WQ, como ferramenta no processo de ensino-aprendizagem, conforme
segue:
8
a) construir uma WQ como tarefa de aprendizagem e intervenção didático-pedagógica que
possibilite e amplie ainda mais a concepção geográfica e ambiental desses alunos com relação a
temática proposta; b) aplicar, acompanhar e analisar o desenvolvimento intelectual dos alunos na
realização de toda Unidade Didática assim como na WQ; c) estimular a busca e reconstrução dos
conhecimentos nos alunos entre a faixa etária de 11-12 anos, quando a criança passa a possuir a
habilidade do raciocínio mais complexo e, situando-se no local e transfere para o global.
9
Imagens, fotos, vídeos temáticos, uso da TV, Pendrive e Data Show visando a integração de
linguagens audiovisuais.
28
Quando indagados se consideravam possível que, a partir da inserção do
uso das TIC, nas práticas docentes, se pudessem obter avanços pedagógicos para
a aprendizagem dos alunos e por quê? Destacam-se as seguintes contribuições:
O uso das TIC na sala de aula ajuda o professor a preparar melhor suas
aulas, tornando-as mais dinâmicas e atrativas, mas não substitui e nem
modifica a essência da relação pedagógica, apenas introduz novas
questões e recursos no processo educacional (cursista 1).
Deste modo, o entendimento dos integrantes/cursistas é de que a WQ
constitui-se em uma ferramenta que pode auxiliar os professores em repassar o
conhecimento, a partir de programas específicos para cada disciplina desenvolvidos
de uma maneira que cative os alunos e professores na arte do pensar.
No que se refere ao incremento do ambiente de aprendizagem decorrente
do emprego das TIC foi mencionado que,
O uso de exposições gráficas e recursos tecnológicos permite a exploração
do ambiente estudado de uma maneira muito mais visível do que textual. A
tecnologia moderna permite ao aluno um estudo muito mais atraente do que
aquele que recebi quando eu mesmo era aluno na idade deles. As TIC são
ferramentas de apoio ao ensino e úteis na atualização do estudante ao meio
eletrônico (cursista 3).
Constatou-se que os integrantes/cursistas compreendem que o acesso as
TIC amplia as transformações sociais e desencadeia uma série de mudanças na
forma como se constrói o conhecimento geográfico.
Estas mudanças são verificadas no ambiente escolar nos seus diferentes
aspectos e, neste sentido, pode-se frisar o comentário de que,
A escola, bem como os outros lugares onde se fomenta o currículo, não
pode desconsiderar esses movimentos. A utilização de novas TIC
concretiza-se cotidianamente no ambiente escolar, compreendendo
aspectos pedagógicos, administrativos e de gestão, assim, tornam-se
suporte para encaminhamentos e tomadas de decisões, levando-se em
conta sua capacidade de favorecer a comunicação e o registro de situações
(cursista 6).
A WQ auxilia o desenvolvimento de novas temáticas favorecendo a
construção de novos conhecimentos de modo inovador facilitando a intervenção e
mediação dos docentes, conforme observado:
Uma WQ pode ser criada através de um blog ou em forma de slides no
Power Pointer, inovando a concepção de ensino-aprendizagem. Constitui-se
em tarefa de aprendizagem que utiliza a WEB como fonte de pesquisa, além
dos meios tradicionais, aulas expositivas e dialogadas, livros didáticos,
paradidáticos, filmes entre outros. O principal elemento dessa ação de
29
intervenção é a mediação docente, também que se realiza entre os colegas,
assim como o objeto de estudo, neste caso com o estudo do meio: as
enchentes no bairro da escola (cursista 1).
Todos os participantes são unânimes ao afirmarem que a inserção das TIC
aplicadas à educação pode tornar as atividades didático-pedagógicas e escolares
mais dinâmicas e atrativas. Contudo, ressaltam que essas inserções não modificam
a essência pedagógica servindo apenas como meio no processo de ensino e de
aprendizagem.
3.3.1
Projeto de Intervenção Pedagógica debate no GRT - Diário 1
Visando refletir e discutir sobre o tema proposto no Projeto de Intervenção
Pedagógica nas escolas os professores foram questionados sobre a importância da
temática deste projeto, para a qualidade da educação pública. Em síntese os
professores consideram a temática relevante e atual. Dentre os comentários sobre o
projeto destacam-se:
[...] A proposta apresentada no projeto busca superar um dos obstáculos da
relação de ensino e aprendizagem, ou seja, entre professores e alunos, que
é fazer com que haja interesse maior pelas aulas por parte dos educandos,
o que é um desafio. Tal proposta também abre diversas possibilidades, visto que
outras temáticas podem ser abordadas utilizando a mesma metodologia (cursista 9).
[...] o Projeto encontra-se em consonância com a DCE e atende os objetivos
da escola pública, os quais viabilizam a inserção de ferramentas enquanto
meio das atividades curriculares, de forma que venham somar aos estudos
no contexto pedagógico, e proporcionar aos aprendizes a liberdade
responsável no uso das mídias implicando o aumento da autonomia e da
responsabilidade, sem falar no desenvolvimento de novas habilidades e na
aplicação das interações com o próprio grupo e com as pessoas de outros
meios sociais e culturais (cursista 8).
Mencionou-se também, a possibilidade do professor ser criador do material
didático demonstrando que o emprego da TIC lhe dá autonomia e torna o ensino
mais significativo para o aluno. Sobre este aspecto destaca-se a seguinte
observação:
[...] vejo neste projeto uma proposta que visa atualizar o ensino de
geografia, levando aos educandos sua realidade mais próxima para seja
compreendida em sua relação com outras escalas do espaço geográfico, de
forma dialética. Trata-se de excelente contribuição ao ensino de Geografia e
à Educação Pública (cursista 10).
Isto pode ser explicado pelo entendimento de Cavalcanti (2008, p. 28)
quanto a Geografia: “[...] ela se constrói, ela se realiza. Ela tem um movimento
próprio, relativamente independente, realizado pelos professores e demais sujeitos
[...]”.
Constatou-se que, a WQ é um meio facilitador da construção efetiva do
30
conhecimento por esta ferramenta constituir-se em um material tecnológico capaz de
transpor o conteúdo virtual para o real e vice-versa. As observações a seguir
reforçam este entendimento,
[...] a utilização da Internet como fonte de pesquisa, de forma simples,
direcionada dá ao laboratório de informática aplicabilidade. Utilizar este
instrumento de pesquisa e conscientização ambiental fará com que os
alunos possam comparar a degradação dos ambientes em diferentes
localidades e, analisando como as diversas sociedades tratam o meio
ambiente. A percepção que os alunos terão a partir do manejo dos
conteúdos através da WQ será outro totalmente diferente e estimulante o
que fará toda a diferença na educação pública (cursista 2).
É importante salientar que, o projeto ao adotar uma TIC integra-se ao
processo de ensino e aprendizagem aguçando o espírito critico do aluno pela
aproximação do conteúdo didático com a realidade local deste aluno conforme
observações a seguir:
[...] o uso da WQ poderá levar o aluno a realizar uma discussão,
participando efetivamente das etapas do processo ensino-aprendizagem e
despertando o seu senso de pesquisador crítico [...] O projeto tenta
estimular os alunos ao conhecimento e o reconhecimento do espaço onde
vivem das causas das enchentes ocorridas em uma área urbana e a
intervenção para que se possam evitar esses problemas ambientais, tudo
isso utilizando como recurso didático a ferramenta WQ que possibilitará um
maior envolvimento por parte dos alunos, já que temos uma geração em
nossas mãos da era digital, o que torna esse tipo de trabalho muito mais
atraente (cursista 4).
A abordagem do local para o global foi um dos aspectos positivos
abordados sobre a intervenção pedagógica, conforme demonstrado a seguir:
[...] estudar o meio ambiente partindo de uma temática local para o global e
vice-versa, com a utilização da internet, os alunos poderão acessar outros
problemas ambientais urbanos ou outras áreas de Curitiba que possam
sofrer com enchentes, podem buscar informações de como agir enquanto
cidadão (cursista 5).
A inovação tecnológica é um fato atual que impõe a todos a necessidade
de ajustarem-se às novas formas de comunicação presentes no cotidiano das
pessoas. Este fato se espelha e amplifica no processo de ensino e aprendizagem e,
se empregado de modo satisfatório poderá imprimir novos modelos de construção
do conhecimento alargando as possibilidades de que os alunos desenvolvam e
criem novas inferências associativas, em diferentes disciplinas. Isto pode ser
abstraído da seguinte observação com relação ao ensino da Geografia:
[...] quanto mais nos aprimorarmos destas novas ferramentas tecnológicas,
ganharemos tempo para trocas sócio-cognitivas mais pertinentes com a
construção do conhecimento e com os projetos formativos da escola. A WQ
no estudo da geografia nos trará grandes avanços, principalmente
possibilitará aos nossos alunos que atualmente, tem em suas casas acesso
31
as TIC um aprendizado melhor que na escola (cursista 6).
A WQ coloca os alunos diante de novos meios tecnológicos procurando ir
além dos recursos clássicos como as canetas, cadernos, livros entre outros. Uma
possibilidade de melhoria na educação em geral, contudo os professores precisam
de constante capacitação profissional para utilizar essas novas tecnologias.
Cabe aos professores a inserção desta ferramenta no processo
educacional. Na Geografia usando as TIC pode-se trabalhar o espaço em diferentes
escalas, através das diversas imagens, o conhecimento torna-se mais concreto e
visível. Uma grande parte dos alunos já está utilizando em suas casas ou em lan
houses, computadores e acessando a Internet. A escola pública não pode parar no
tempo, tem que estar atenta às transformações que estão ocorrendo na sociedade e
nos meios de comunicação e informação. A importância do uso da Internet como
fonte de pesquisa e informação quando adequadamente mediada pelo professor
pode auxiliar na aprendizagem dos alunos.
Ressalta-se que, existem problemas em torno do emprego das TIC,
especialmente quanto à estrutura e utilização dos laboratórios de informática na
escola pública conforme assinalado nos comentários/interações dos professores ao
referirem que: os laboratórios ficam trancados, isolados e sem o devido uso da
escola e/ou ainda em espaços divididos com biblioteca e, muitas vezes a rede de
Internet/velocidade da conexão não funciona com qualidade desejada.
Os demais aspectos negativos abordados apontam que mesmo com novos
computadores, ainda é mantido o esquema de um CPU para dois, três alunos e
ainda muitos vídeos, por exemplo, podem apresentar falhas.
O emprego das TIC não deve se restringir a mera utilização ilustrativa em
sala de aula. Ocorre hoje uma mudança em virtude da rápida transmissão de
informações entre as sociedades, rompendo com isso as barreiras geográficas dos
países. Cabe à educação uma parcela de responsabilidade na compreensão do
significado desta transformação, e também na formação dos indivíduos e grupos
sociais.
Neste sentido, pode-se concluir que a partir da utilização de uma
metodologia do tipo WQ em escola pública os alunos recebem melhores estímulos e
sentem-se mais motivados a transformar a informação em conhecimento. Contudo,
os professores alertam sobre o número de alunos por sala e a dificuldade de levar
tantos alunos a utilizar as TIC com sucesso neste processo de ensino e
32
aprendizagem. As aulas com a utilização da Internet, por exemplo, devem ser bem
fundamentadas. Diante de um mundo infinito de informações, deve-se estimular a
transformação dessas em conhecimento para que os alunos possam não só
conhecer o espaço em que vão atuar, mas também como poderão agir modificar a
realidade, no caso deste projeto de intervenção, entender o mecanismo das
enchentes.
Com relação ao estudo do estudo do meio, que no caso refere-se as
recorrentes enchentes no rio Pilarzinho no bairro da Escola, a temática desenvolvida
no projeto de intervenção, pode sensibilizar os alunos para as questões
socioambientais, na disciplina de Geografia. Neste aspecto, o Projeto demonstrou
funcionalidade, pois incorporou e inovou com a implementação da WQ, a qual serviu
de instrumento para estimular o interesse dos alunos permitindo agregar
conhecimento geográfico e não apenas informação, favorecendo o desenvolvimento
da consciência critica e da cidadania em relação ao meio ambiente.
3.3.2 Fórum 2: Fórum de Discussão - observações referentes à Produção DidáticoPedagógica
O estudo da Geografia integra o cotidiano dos alunos, neste sentido
entende-se a contribuição didático-pedagógica, especialmente para a escola pública:
A produção didática está bem elaborada. A construção da WQ esta clara e
objetiva, [...] os alunos após o estudo do meio e das pesquisas na Internet
através da WQ estarão motivados e construíram o conhecimento
observando que a geografia faz parte de nosso cotidiano e que ao estudá-la
aprenderão a viver melhor em sociedade (cursista 1)
As atividades e ações propostas na Produção Didático-Pedagógica achamse em consonância com a escola pública, levando-se em conta que grande parte
das escolas atualmente, conta com laboratórios de informáticas, os quais não podem
permanecer ociosos, devendo ter seu uso otimizado no processo de ensino e
aprendizagem.
Os
computadores
possuem
programas
que
auxiliam
na
aprendizagem e, através da WEB, os alunos podem pesquisar imagens, textos e
uma infinidade de informações sobre diversos assuntos. Tomando como ponto de
partida o espaço de vivência dos alunos e procurando respostas para os problemas
da comunidade, onde a escola está inserida, ou seja, as enchentes. Entende-se que
o Projeto integra o conteúdo didático à vivência. De outro modo, o professor no
papel de mediador do uso da Internet como ferramenta de pesquisa contribui
33
significativamente no processo de ensino e aprendizagem.
O trabalho, com base na metodologia da WQ, foi considerado relevante
para a escola pública, porque “oportuniza aos alunos que ainda não possuem um
computador ou que ainda não tiveram oportunidade de navegar na Internet, utilizar
essa importante ferramenta nos seus estudos”. (cursista 4). “[...] Esta unidade
didática pode ser aplicada em sala de aula e os alunos terão seus conhecimentos
sobre as enchentes ampliados saindo do senso comum para o conhecimento
cientifico” (cursista 5).
A
unidade
didática
foi
considerada
bem
estruturada
pelos
integrantes/cursistas com um amplo leque de possibilidades de trabalho sendo um
elemento motivador para os alunos e um fator de agilização das atividades didáticas.
Os objetivos foram considerados bem definidos e exequíveis. Sobre os recursos
midiáticos o entendimento é de que estes contribuem, pois envolvem diversas
maneiras de assimilar o conteúdo, variando também os critérios de avaliação. O
projeto pode ser adaptado a realidade local. O projeto é extenso, mas pode ser
ajustado à realidade de cada escola.
3.2.2.1
Projeto de Intervenção Pedagógica debate no GRT - Diário 2
Ao refletir sobre a relevância da Produção Didático-Pedagógica para a
realidade da escola pública, os professores foram questionados sobre a relevância
das atividades e das ações propostas na Produção Didático-Pedagógica para a
realidade de sua escola? E das observações destacam-se:
o desenvolvimento do Projeto traz a preocupação na construção do
conhecimento por parte dos alunos, [...] relacionar as pesquisas de outros
meios de comunicação com a construção da WQ [...] assim, os alunos
passam a observar o meio em que vivem e, a partir destes recursos
conseguem comparar a construção do instrumento que é a WQ com outras
já formatadas na Internet o que pode contribuir para a criticidade,
desenvolvendo o discernimento, os diversos enfoques que cada linha de
construção proporciona àquele que faz uso dessas tecnologias (cursista 7).
Neste aspecto, verifica-se que além de trabalhar conceitos geográficos
torna-se possível formar nestes alunos, uma consciência critica. E a partir daí levar
os alunos a descobrirem o “mundo a partir dos lugares mais próximos deles”
(cursista 2).
Vale ressaltar, a importância do projeto no que se refere à interação com a
comunidade, conforme observado pelo cursista,
34
No Projeto em que os alunos buscam conhecimento junto aos
representantes das comunidades possibilita-se outros conhecimentos que
dentro do espaço escolar nem sempre são possíveis, e, nesta troca, a
própria comunidade passará a perceber a escola como instituição inserida
de fato na mesma. Assim como, a busca pelo poder público trará para os
alunos o significado real de nossos representantes, que além de
enriquecerem o trabalho de pesquisa contribuirá no meu ponto de vista para
a educação política, algo tão carente em nosso país. [...] faz com que eles
percebam a importância do papel de cada um no processo de construção
deste trabalho (cursista 2).
Deste modo, é possível fazer uma análise da participação dos cursistas e
de seus respectivos comprometimentos com a qualidade da educação básica
pública e dos demais envolvidos no processo de formação/capitação em rede,
(modalidade virtual). Aprender conteúdos globais a partir do seu meio de
convivência, com a comunidade na qual está inserido, possibilitando inserção e
educação participativa para alunos e comunidade, por meio de diversos
instrumentos objetivando a construção de uma ferramenta tão atual, atrativa para os
alunos e de baixo custo operacional é importante para todas as escolas públicas.
“Este trabalho demonstra que é possível despertarmos o interesse pelos alunos em
aprender de forma participativa” (cursista 2).
As observações sobre a intervenção pedagógica ressaltam a possibilidade
de contextualização do tema por parte dos alunos integrando os conteúdos à
inovação tecnológica, conforme o descrito a seguir:
O projeto propõe aos estudantes a reflexão sobre as enchentes e os fatores
que contribuem para esta realidade. [...] Solicitou-se a elaboração de texto
sobre a intensificação da recorrência das enchentes. O projeto permite a
pesquisa na WEB-Internet proporcionando o acesso a informações atuais e
relevantes e também a assistir telejornais que contextualizam cada vez mais
sobre a incidência desse fenômeno ambiental anualmente. A metodologia
favorece a conscientização do papel dos alunos no problema estudado (no
caso as enchentes) (cursista 3).
A parte essencial do projeto é a compreensão por parte dos alunos do local
e do global para entendimento de como podemos colaborar para a
preservação do ambiente em que vivemos a compreensão da leitura do
local em que eles estão inseridos (cursista 6).
Os recursos didáticos pedagógicos das TIC auxiliam a compreensão em
escala global das consequências da ação humana sobre o meio ambiente.
Ressalta-se que, o aspecto metodológico foi considerado adequado, uma
vez que partiu do levantamento inicial sobre o que os alunos conheciam ou não da
realidade a ser abordada – as enchentes do Rio Pilarzinho.
O modo como foi exposto para criação da WQ, o levantamento feito através
de questionário para conhecer os aspectos que os alunos conhecem sobre
o assunto, foi correto porque nem todos os alunos dominam essas
35
ferramentas (cursista 6).
A leitura que os alunos e as pessoas têm de sua realidade espelha-se nas
informações que estas possuem e que, geralmente, chegam até elas pelos meios de
comunicação.
O
conhecimento
geográfico
escolar,
muitas
vezes
não
é
compreendido ou relacionado como parte desta realidade visualizada pela televisão,
Internet etc. E, também raramente o oposto ocorre, ou seja, o aluno identificar que
estes fatos e acontecimentos da realidade são parte do conhecimento geográfico. O
material didático apresentado oportuniza o trabalho nestas duas vertentes.
Primeiramente é uma metodologia inovadora e atrativa para os alunos, que
busca levá-los à construção de conceitos geográficos, e não somente tornar
os alunos meros receptores destes conceitos. Em segundo lugar, o material
didático traz a realidade vivida pelos alunos, numa abordagem ambiental,
temática tão relevante, proporcionando uma maior identificação dos alunos
com os conteúdos geográficos (cursista 8).
Foi observado o aspecto de que o emprego das TIC apresenta-se de modo
não-convencional no processo de ensino e aprendizagem permitindo que, de uma
maneira atual e inovadora seja reduzido o hiato existente entre os conteúdos
didáticos e a realidade, conforme mencionado a seguir:
A partir deste trabalho os educandos observarão sua realidade de forma
mais crítica e terão maiores condições de atuar sobre ela. A metodologia
utilizada no material didático, a WQ, pode ser utilizada no ensino de
diversos conteúdos, possibilitando sempre a presença da escala local no
material didático criado por cada professor, suprindo assim uma lacuna
existente, visto que tal escala da realidade não é frequentemente vista nos
materiais didáticos convencionais. [...] esta proposta é bastante relevante
para o ensino de Geografia e contribui positivamente para a melhoria da
prática pedagógica (cursista 9).
Diante do exposto pode-se concluir o tema que motivou a práticapedagógica – enchentes no Rio Pilarzinho, foi explorado de diferentes formas e o
resultado da avaliação final foi gratificante tanto do ponto de vista dos alunos e suas
correspondentes
participações
ativas,
como
pelas
observações
dos
integrantes/cursistas no GTR 2011. Assim como, a avaliação final por parte da
autora deste projeto foi positiva e incentivadora para continuar utilizando dessa
ferramenta de ensino e aprendizagem: WQ.
4
CONCLUSÃO
As TIC apresentam-se como um instrumento que auxiliam ações didático-
pedagógicas na escola. O emprego da WQ como uma das ferramentas pedagógicas
36
voltadas para melhorar a qualidade da atuação docente mostrou-se como um
elemento de motivação para os alunos, capaz de aperfeiçoar o processo de ensino e
aprendizagem assim como integrar os conteúdos à vivência dos estudantes, de
maneira contextualizada.
A intervenção no processo de ensino e aprendizagem na disciplina de
Geografia Escolar junto aos alunos do 7o ano, do Colégio Estadual Prieto Martinez
(CEPM) por meio da ferramenta WebQuest objetivou estimular a aquisição dos
conhecimentos com relação à compreensão dos mecanismos das enchentes.
Desta forma, permite concluir com algumas descrições dos inúmeros
aspectos educativos e formativos que integraram essa ação de intervenção, onde
muitos outros poderiam ser acrescentados, assim como inúmeras combinações
entre eles se articulam, se complementam de forma dialética e nenhum deles, podese dizer que seja exclusivo ou excludente entre si. Selecionados neste momento,
alguns abaixo elencados:
a) Após a intervenção didático-pedagógica constatou-se avanços do
processo de ensino e aprendizagem. Os alunos passaram a conhecer,
interpretar e compreender melhor a realidade do espaço geográfico
local no qual estão inseridos e mostraram-se sensibilizados a cuidar do
meio ambiente, o que os coloca na posição de cidadãos críticos
capazes de transformar inúmeras e diversas realidades sociais e
ambientais;
b) 80% dos alunos pesquisados afirmaram ter maior cuidado com os rios
o que demonstra que a tarefa despertou a sensibilização sobre o tema
proposto;
c) Assim também foi viabilizada aos alunos a compreensão do espaço
geográfico local e as questões das enchentes no bairro da escola, o
que possibilitou para aproximadamente 80% dos alunos, uma efetiva
aprendizagem geográfica, valorizando o contexto local e o movimento
do mesmo;
d) 80%
dos
alunos
perceberam
a
sensibilidade
das
questões
socioambientais do local onde a escola se localiza, ou seja, o bairro da
escola, seus cotidianos imediatos, e o cuidado que devem ter com as
questões de degradação socioambiental local e conseqüentemente
mundial, onde todas as pessoas têm responsabilidades sobre essa
37
relação de ocupação dos espaços geográficos;
e) 80% dos alunos envolveram-se e se mobilizaram na apreensão de
conteúdos, fizeram as devidas conexões para executar e participar da
melhor maneira em toda a proposta de intervenção deste projeto, o que
lhes habilitou provavelmente a fazer uma leitura de mundo mais
sensível em relação às questões socioambientais futuras;
f) Ao se problematizar as questões das enchentes no bairro, os alunos
desenvolveram suas estruturas cognitivas sobre a temática e puderam
com
isso
compreender
a
interação
da
sociedade
e
suas
correspondentes relações de perturbação com o meio ambiente, na
construção dos inúmeros e diversos espaços geográficos existentes
mundo afora;
g) 100% dos alunos desenvolveram o olhar espacial de seus cotidianos e
todas as significações das ações antrópicas impactantes envolvidas no
mesmo;
h) O diálogo entre os alunos com a mediação docente junto às etapas de
trabalho, nos diversos espaços construídos para aprendizagem desta
intervenção, incentivou em 100% dos alunos, o respeito à idéia do
outro, o trabalho em equipe (em dupla neste caso) o que favoreceu o
processo de ensino e aprendizagem e mudanças de comportamento
em sala de aula;
i) Especificamente quanto aos desafios lançados na resolução da WQ
motivaram 100% dos alunos a trabalhar em dupla, em apresentar
soluções ou propostas, idéias e demais ações cognitivas, o que os
aproximou ainda mais enquanto grupo/coletividade de sala de aula na
resolução de problemas;
j) 80% dos discentes ficaram mais interessados em aprender Geografia
já que a disciplina aproximou-os da realidade e significou um pouco
mais o apreendido e ensinado em relação às questões sociedadenatureza, onde o contexto geo-sócio-histórico e o conceito de meio
ambiente ficaram preponderantes;
k) 100% dos alunos pesquisados informaram nunca terem realizado
atividade escolar on-line, por meio da WQ e 80% deles mencionaram
que a atividade foi interessante e estimulante;
38
l) O processo de ensino e aprendizagem, fruto da intervenção didáticopedagógica desenvolvida neste PDE, lançou a possibilidade de novos
desafios educacionais, a fim de estimular os alunos na reconstrução de
conhecimentos geográficos, o que também se verificou em 100% dos
alunos participantes da intervenção em relação à participação da WQ;
m) O ponto de partida deste projeto de intervenção, a busca de construir
um processo educacional de maior qualidade de ensino, assim
enfocando, a problemática das enchentes no bairro da escola, e o
conhecimento prévio dos alunos sobre a temática, com a posterior
socialização de conteúdos geográficos específicos que explicaram o
fenômeno em uma dimensão maior envolvente, possibilitou a 100%
dos alunos perceberem que o estudo do meio, próximo deles significa
muito mais a aprendizagem geográfica e os faz refletir sobre a
importância e o sentido dos estudos e pesquisas oportunizados de
forma especial utilizando as TIC;
n) Assim se concretizou uma efetiva possibilidade da Escola pública,
adotar mais projetos diferenciados nas disciplinas curriculares, os quais
podem ser transformados em meios de uma efetiva aprendizagem
escolar, obtendo-se resultados significativos em relação à formação
humana;
o) Os professores cursistas do GTR 2011 consideraram que o emprego
de TIC é imprescindível e que as mídias utilizadas com criticidade
devem fazer parte do cotidiano escolar;
p) A inserção de novos recursos tecnológicos na escola (TIC) encurta as
distâncias, promove novas possibilidades de pesquisas, aproxima
dentro do mesmo currículo
as
esferas político-administrativas,
aproxima as salas de aula entre si, dentro da escola e entre as escolas,
numa atividade de interação com vistas tanto à apropriação dos
conhecimentos quanto à criação de novos saberes muito mais
significativos.
O acesso as TIC amplia as transformações sociais e desencadeia uma
série de mudanças na forma como se constrói o conhecimento escolar. O ensino de
Geografia exige a utilização de diferentes recursos didáticos. Constatou-se que a
WQ permite uma interação entre diferentes saberes o que favorece aos alunos a
39
construção dos conhecimentos científicos.
O tema que motivou a prática-pedagógica – enchentes no Rio Pilarzinho foi
explorado de diferentes formas e o resultado da avaliação final foi muito gratificante
levando em conta as considerações de todos os envolvidos no processo educacional
oportunizado
à
participação
da
professora,
como
aluna/
integrante
da
formação/capacitação do PDE 2010-12 da SEED – PR, junto a UFPR, o que ressalta
a importância da adoção permanente do movimento pedagógico que a pesquisaação-estratégica possibilita e, se for mais freqüentemente utilizada, nas ações
docentes, pode direcionar muitos projetos de intervenção na disciplina de Geografia
assim como nas demais disciplinas curriculares, na tentativa de possibilitar uma
aproximação dos conteúdos geográficos e ambientais, ao cotidiano imediato dos
alunos, e a possibilidade de uma base de formação humana, muito mais ética e
sensível, as questões de ocupação humana nos espaços geográficos locais até os
mais amplos, mundiais.
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CURSISTA 06. Participação virtual no GTR. Curitiba. 22 de novembro de 2011.
CURSISTA 07. Participação virtual no GTR. Curitiba. 23 de novembro de 2011.
40
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