Objetivos • Entender a fisiopatologia da náusea e vômito. • Discutir as novas intervenções farmacológicas no manejo da náusea e vômito. Manejo da náusea e vômito • Discutir as implicações de enfermagem no manejo da náusea e vômito. Possíveis complicações Panorama atual • Cerca de 20% pacientes recusam ou adiam o tratamento por medo de sentir náusea e vômito. • Recentes avanços dos fármacos anti-eméticos possibilitou redução na freqüência de vômitos e retching, no entanto não ouve melhora no controle da náusea. • Redução o uso da cisplatina e o crescente uso de drogas alvo moleculares e de moderado poder emetogênico, são fatores que favorecem o controle dos sintomas. Exemplos: • • • • • • • • Desconforto; Atraso no tratamento; Interferência na qualidade de vida; Desidratação; Distúrbios metabólicos; Anorexia ou perda de peso; Debilidade física; Risco de aspiração. vinorelbine, gemcitabina, topotecano... Conceitos • Náusea: desagradável experiência, subjetiva, descrita como vontade de vomitar vinda do estômago ou garganta. • Retching: é um movimento espasmódico e rítmico que envolve o diafragma e os músculos abdominais, sem expulsão do conteúdo gástrico. • Vômito: é a expulsão forçada pela boca do conteúdo do estômago ou da porção inicial do intestino. Principais causas • Doença de base: – Metástase SNC; – Metástase hepática; – Alt. motilidade TGI. • Medicamentos: – Opióides; – Antibióticos. • Tratamento: – Quimioterapia; – Radioterapia; – Cirurgia. • Alterações metabólicas: – Hiponatremia; – Hipercalcemia. 1 Fatores preditivos • • • • • • • • • Mulheres; Jovens (<50 anos); Sem história de uso crônico de bebidas; Êmese durante gravidez; Cinetose; Performance status ruim; Mal controle da êmese em ciclos anteriores; Dor; Fadiga. Fisiopatologia • O vômito é um reflexo do sistema de defesa do organismo contra agentes tóxicos ingeridos. • A náusea serve como um alerta, observado na relação temporal com o vômito. • E a náusea pode ser causada por doses de agentes eméticos abaixo do que aquelas necessárias para provocar o vômito. Fisiopatologia • A náusea também é responsável pela gênese do aprendizado à aversão, onde a sensação imediata de bem estar após o vômito reforça a aversão à determinada substância. • Exemplos desse tipo de “aprendizado” são freqüentes em oncologia e na vida. Fisiopatologia • Vários mecanismos são descritos como a provável causa da êmese durante o uso de quimioterápicos, dentre eles: – Alta destruição das células gastrintestinais; – Agentes que alquilam o DNA; – As drogas citotóxicas interferem na síntese de enzimas responsáveis que regulam a êmese (ex. área do postrema); – Liberação de 5HT3 das células enterocromafins do intestino delgado. Fisiopatologia Fisiopatologia • Vias da náusea e vômito: Centro salivação – Aproximadamente 90% dos sinais aferentes do abdome são transmitidos através da nervo do vago (parassimpático) que transporta sinais para controle da distensão e contração da musculatura intestinal. Músculos abdominais Centro respiratório Nervos cranianos Envie estímulos eferentes Centro do vômito localizado na medula Envio de estímulos aferentes Zona quimiorreptora do gatilho Córtex cerebral TGI Faringe 2 Fisiopatologia Fisiopatologia Relação anatômica entre as diferentes áreas do cérebro relacionada à náusea e vômito. Representação esquemática dos fatores que influenciam a náusea e o vômito. http://www.nauseaandvomiting.co.uk Neurotransmissores • Estão envolvidos na fisiopatologia da náusea e vômito os seguintes neurotransmissores: – – – – – Dopamina; 5HT3; NK1; Acetilcolina; Corticoesteróide. http://www.nauseaandvomiting.co.uk Classificação • Êmese antecipatória: – Ocorre antes do tratamento, e em geral é reflexo do mal controle da náusea e vômito do ciclo prévio e tem aspecto psíquico. • Êmese aguda: – Ocorre nas primeiras 24 horas após o tratamento. Se não houver tratamento profilático, os sintomas começam 2-4hs após o início da infusão. • Êmese tardia: – É aquela que ocorre 24 horas após o início do tratamento. Etapas da êmese Avaliação e mensuração • Dois aspectos devem ser considerados: Êmese antecipatória Êmese Êmese aguda tardia – Freqüência; – Intensidade; – Duração. • Dificuldade na avaliação: Tratamento 24 horas após tratamento – Discordância entre profissionais e pacientes ao estabelecer o grau de vômito e principalmente a náusea. 3 Avaliação e mensuração • Critério Comum de Toxicidade (CTC) CTC Evento Grau 1 adverso Grau 2 Grau 3 Náusea Perda do apetite sem alterações do hábito alimentar. Ingestão oral diminuída, mas sem perda peso, desidratação ou mal nutrição. Hidratação EV <24hs. Ingestão Ameaça a calórica e vida. hídrica inadequada. Hidratação EV, SNE, NPP indicada >24hs. Morte. Vômito 1 episódio em 24hs. 2-5 episódios em 24hs. Indicado hidratação EV <24hs. ≥6 episódios em 24hs. Hidratação EV ou NPP ≥24hs. Morte. • Functional Linving Index – Emesis (FLIE) • Escala visual analógica (EVA) • Escala cromática analógica contínua Nível Freqüência êmese Agente Alto >90% Carmustina Ciclofosfamida > 1500mg/m2 Dacarbazina 60-90% Carboplatina Oxaliplatina Ciclofosfamida <1500mg/m2 Doxorrubicina e epirrubicina Classe Princípio ativo Anti-colinérgico Escopolamina Anti-histamínico Cinarizina Ciclizina Prometazina Antagonistas dopaminérgicos Metoclopramida Domperidona Dimedrinato Haloperidol Ifosfamida Irinotecano Baixo 30-60% Paclitaxel Docetaxel Etoposido Mínimo 10-30% Ameaça a vida. Gemcitabina Corticoesteróide Dexametasona Metotrexato Antagonista receptores neurocinina I (NK1) Aprepitante Vimblastina e vincristina Antagonista receptor 5HT3 Granisetrona Ondansetrona Dolasetrona Tropisetrona Palonosetrona Vinorelbina Fludarabina Kris MG et al. 2006; JCO 24: 2932-47 Mecanismo de ação Grau 5 Intervenções medicamentosas Cisplatina Moderado Grau 4 Intervenções medicamentosas Anti-histamínico Anti-muscarínico Somente p/ antracíclicos + CTX Aprepitante http://www.nauseaandvomiting.co.uk Kris MG et al. JCO 2006; 24: 2932-47 4 Aprepitanto Aprepitanto • Nome comercial: Emend® • Mecanismo de ação: antagonista seletivo, alta afinidade receptores neurocinina-1 (NK1), interfere na via da substância P. • Posologia: comprimido VO 125mg D1 e 80mg D2 e D3. Com orientações no blister. Aprepitanto Porcentagem de Pacientes que permaneceram Livres de Êmese em Função do Tempo ― Ciclo 1 Aprepitanto • Principais eventos adversos: Evento Aprepitante Terapia padrão (ondasetrona+dexa) Astenia/ fadiga 17,2% 9,5% Constipação 8,0% 12,1% Soluço 13,8% 6,8% Náusea 10,7% 8,7% Hesketh PJ et al. JCO 2003; 21: 4112-9 Aprepitanto • Deve ser associado à antagonista 5-HT3 e corticoesteróides para prevenção da náusea aguda e tardia. • Implicações para enfermagem: controle e orientação na administração do medicamento, avaliar efetividade do tratamento. • Interações – Warfarina: TP; – concentração plasm.: paclitaxel, etoposide e irinotecano. Palonosetrona • Nome comercial: Onicit • Mecanismo de ação: antagonista 5-HT3, maior afinidade com receptor em relação aos outros da mesma classe. • Posologia: administração EV 0,25mg, infusão rápida, compatível com dexametasona. 5 Palonosetrona Palonosetrona • Meia-vida de 40 horas. • Indicações: prevenção da náusea e vômito agudo e tardio associado ao tratamento moderadamente e altamente emetogênico. • Implicações para enfermagem: controle da infusão do medicamento, avaliação da efetividade do tratamento e possíveis eventos adversos. Gralla R et al. Annals Oncol 2003; 14:1570-7. Perfil toxicidade Palonosetrona Gralla R et al. Annals Oncol 2003; 14:1570-7. Intervenções não medicamentosas www.aloxi.com Orientações alimentares • Pequenas refeições e freqüentes; • • • • • • Dieta leve Massagem Musicoterapia Acupuntura Relaxamento Técnica de distração Polovich, M. Chemotherapy and Biotherapy Guidelines ans Recommendations for practice. ONS, 2005. • Administrar medicamentos antieméticos antes das refeições; • Evitar alimentos gordurosos, apimentados, salgados ou com forte odor e quentes; • “Evitar” os alimentos favoritos nos dias de tratamento quimioterápico (aversão); 6 Êmese antecipatória Orientações alimentares • Dar preferência aos alimentos e bebidas gelados ou em temperatura ambiente; • Prevenção: – Uso terapia antiemética durante os ciclos de tratamento. • Terapia comportamental: • Evitar prepara alimentos nos dias de tratamento; • Consumir bebidas gasosas e ácidas. Polovich, M. Chemotherapy and Biotherapy Guidelines ans Recommendations for practice. ONS, 2005. – – – – Relaxamento; Hipnose/mentalização imagens; Musicoterapia; Acupuntura/acupressão. • Terapia medicamentosa: – Alprazolan 0,5-2mg VO noite antes tratamento; – Lorazepan 0,5-2mg VO na noite antes e na manhã do tratamento. NCCN Clinical Practice Guidelines in Oncology, 2006 Manejo da náusea e vômito • Além da êmese ter um grande impacto na qualidade de vida, ela também acomete uma grande parte dos pacientes oncológicos. • Dessa forma, cabe aos profissionais da saúde reconhecer e avaliar tal situação, para propor as melhores intervenções e obter melhores resultados conseqüentemente. 7