Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química – DQM FQP – Química de Polímeros – Profa. Dra. Carla Dalmolin TERMINOLOGIA Polímero: material orgânico (ou inorgânico) de alta massa molar (acima de dez mil, podendo chegar a dez milhões), cuja estrutura consiste na repetição de pequenas unidades (meros). Macromolécula formada pela união de moléculas simples ligadas por ligação covalente. Macromolécula: uma molécula de alta massa molar, mas que não tem necessariamente, em sua estrutura, uma unidade de repetição. Monômero: molécula simples que dá origem ao polímero. Deve ter funcionalidade de no mínimo 2 (ou seja, ser no mínimo bifuncional). Mero: unidade de repetição da cadeia polimérica. Grau de polimerização (GP): número de unidades de repetição da cadeia polimérica. Normalmente, o grau de polimerização fica acima de 750. Massa molar do polímero (MM): 𝑀𝑀 = 𝐺𝑃 × 𝑀𝑀𝑚𝑒𝑟𝑜 . Polímeros de interesse comercial apresentam, geralmente, MM > 10.000 ̅̅̅̅̅̅): durante a reação de polimerização há a formação de Massa molar média (𝑴𝑴 cadeias poliméricas com tamanhos diferentes (umas crescem mais que outras de maneira estatística). Pode-se estimar a massa molar média da amostra conhecendo-se ̅̅̅̅ × 𝑀𝑀𝑚𝑒𝑟𝑜 ̅̅̅̅̅ = 𝐺𝑃 o grau de polimerização médio, isto é: 𝑀𝑀 ̅̅̅̅̅ < 10.000). Oligômero: polímero de baixa massa molar (normalmente para 𝑀𝑀 Homopolímero: polímero cuja cadeia principal é formada por um único mero (ou polímero formado a partir de um único monômero). Exemplos: PE, PP, PVC. Copolímero: polímero cuja cadeia principal é formada por dois meros diferentes. Exemplo: SBR (borracha sintética de estireno-butadieno). Terpolímero: polímero em que a cadeia principal é formada por três meros diferentes. Exemplo: ABS (acrilonitrila-butadieno-estireno). No meio industrial, terpolímeros são usualmente referenciados como copolímeros. Polimerização ou Síntese de polímeros: conjunto de reações químicas que provocam a união de pequenas moléculas por ligação covalente com a formação de um polímero. Polímeros de cadeia carbônica: polímeros que apresentam somente átomos de carbono na cadeia principal (heteroátomos podem estar presentes em grupos laterais da cadeia). Polímeros de cadeia heterogênea: polímeros que apresentam, além de carbono, outros átomos (heteroátomos) na cadeia principal (formando um heteropolímero). Polímeros naturais: polímeros sintetizados pela natureza. Ex.: borracha natural, celulose, etc. Polímeros artificiais: polímeros naturais, modificados pelo homem através de reações químicas. Ex.: acetato de celulose, nitrato de celulose, etc. Polímeros sintéticos: polímeros sintetizados pelo homem. Ex.: PE, PS, PVC. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química – DQM FQP – Química de Polímeros – Profa. Dra. Carla Dalmolin Polímeros naturais inorgânicos: Ex.: diamante, grafite, etc. Polímeros sintéticos inorgânicos: Ex.: ácido polifosfórico. Polímeros semi-inorgânicos sintéticos: Ex.: silicone. Biopolímeros: esta terminologia pode assumir dois significados. Polímeros biologicamente ativos, ou polímeros utilizados em aplicações biológicas ou biomédicas. Plásticos: material polimérico de alta massa molar, sólido como produto acabado, que pode ser subdividido em termoplástico e termofixo. Termoplásticos: plásticos com a capacidade de amolecer e fluir quando sujeito a um aumento de temperatura e pressão. Quando estes são retirados, o polímero se solidifica em um produto com formas definidas. Novas aplicações de temperatura e pressão produzem o mesmo efeito de amolecimento e fluxo. Esta alteração é uma transformação física, reversível. Quando o polímero é semicristalino, o amolecimento se dá com a fusão da fase cristalina. São fusíveis, solúveis, recicláveis. Ex.: PE, PS, Náilon, etc. Termofixos (ou termorígido endurecido): plástico que amolece uma vez com o aquecimento, sofre o processo de cura no qual se tem uma transformação química irreversível, com a formação de ligações cruzadas, tornando-se rígido. Posteriores aquecimentos não mais alteram seu estado físico, ou seja, não amolece, tornando-se infusível e insolúvel. Ex.: baquelite, resina epóxi. Ligações cruzadas: ligações covalentes formadas entre duas cadeias poliméricas, que as mantém unidas por força primária, formando uma rede tridimensional. Para quebrar a ligação cruzada é necessário fornecer um nível de energia tão alto que seria suficiente para destruir também a cadeia polimérica. Quando presente em baixa concentração, produz pequenos volumes não desagregáveis na massa polimérica, conhecidos por “olho de peixe”. Quando em quantidade intermediária, é típico das borrachas vulcanizadas, e em grande quantidade, é característico dos termofixos. Cura: mudança das propriedades físicas de uma resina por reação química, pela ação de um catalisador e/ou calor e um agente de cura. A cura gera a formação de ligações cruzadas entre as cadeias poliméricas. Antes da cura, o termofixo é um ̅̅̅̅̅ < 10.000), apresentando-se como um líquido viscoso ou em pó. Este oligômero (𝑀𝑀 termo é preferencialmente utilizado para termofixos. Em borrachas ele se confunde com o termo vulcanização. Fibra: termoplástico orientado com a direção principal das cadeias poliméricas posicionadas paralelas ao sentido longitudinal (eixo maior). Deve satisfazer a condição geométrica de o comprimento ser, no mínimo, cem vezes maior que o diâmetro (𝐿⁄𝐷 > 100). Elastômero: polímero que, a temperatura ambiente, pode ser deformado, repetidamente, a pelo menos duas vezes o seu comprimento original. Retirado o esforço, deve voltar rapidamente ao tamanho original. Borracha: elastômero natural ou sintético. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química – DQM FQP – Química de Polímeros – Profa. Dra. Carla Dalmolin Borracha crua: borracha que ainda não sofreu o processo de vulcanização, sem nenhum aditivo. Nesta fase, ela é um elastômero dito não vulcanizado, podendo ser processada como um termoplástico. Vulcanização: processo químico de fundamental importância às borrachas, introduzindo a elasticidade e melhorando a resistência mecânica. Esta se dá através de ligações cruzadas entre duas cadeias. O enxofre é o principal agente de vulcanização. Borracha vulcanizada: borracha após passar pelo processo de vulcanização. Borracha regenerada: borracha vulcanizada, que através de processos químicos, pode ser novamente processada e reaproveitada. Processo químico que visa a destruição da rede tridimensional formada durante a vulcanização. Este processo nem sempre é econômico. Aditivo: todo e qualquer material adicionado a um polímero visando uma aplicação específica. A característica dos polímeros de aceitarem uma grande variedade de aditivos é fundamentalmente importante, não só para melhorar suas propriedades físico-químicas, mas também para seu apelo visual, permitindo uma vasta gama de aplicações, tanto novas quanto substituindo materiais tradicionais. Dentre as inúmeras classes de aditivos, os principais tipos são: cargas, plastificantes, lubrificantes, estabilizantes, antiestáticos, retardantes de chama, nucleantes, modificadores de impacto e pigmentos. Carga (filler): usada como enchimento, principalmente visando a redução de custo. Ex.: talco, caulim, serragem, outros polímeros reciclados. Carga reforçante: sua adição confere ao composto melhores propriedades mecânicas, principalmente aumentando o módulo de elasticidade (em tração e em flexão) e a resistência mecânica. São subdivididas em fibrosas e particulares. Ex.: fibra de vidro, cargas cerâmicas (tratadas ou não). Plastificante: normalmente são líquidos utilizados para aumentar a flexibilidade e distensibilidade do composto na temperatura de utilização da peça pronta. Ex.: dioctil ftalato (DOP) para PVC, resultando no PVC plastificado (PPVC). Lubrificante: aditivo utilizado para reduzir a viscosidade durante o processamento através da lubrificação das cadeias. Este efeito só deve acontecer na temperatura de processamento e não alterar as propriedades do composto na temperatura de aplicação da peça. Ex.: ceras parafínicas, ácidos graxos e seus derivados na forma de aminas e ésteres. Estabilizante: os polímeros, por serem orgânicos, são sensíveis à temperatura e ao cisalhamento, degradando-se principalmente por oxidação (que por sua vez pode gerar cisão de cadeia ou geleficação, isto é, formação de ligações cruzadas). A adição de estabilizantes térmicos de atuação em curto e longo prazo em alguns casos é fundamental. Ex.: estabilizantes térmicos à base estanho, cádmio e zinco para PVC, e antioxidante primário de fenol estericamente impedido (2,6-di-ter-butil p-cresol). Antiestático: material que reduz a resistência elétrica superficial de um polímero, evitando o acúmulo de carga estática que poderia gerar faíscas, atrair poeira, aumentar excessivamente a aderência entre filmes, etc. Retardantes de chama: materiais que dificultam a iniciação, bem como a propagação da chama. São importantes em aplicações na construção civil, na qual a Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química – DQM FQP – Química de Polímeros – Profa. Dra. Carla Dalmolin propagação do fogo em incêndios deve ser minimizada. Como exemplos tem-se: compostos de bromo, compostos de boro, alumina tri-hidratada, etc. Agentes nucleantes: materiais que servem como base para a nucleação de um polímero semicristalino, reduzindo o super-resfriamento e, portanto, facilitando a cristalização. Com isso, a cristalização ocorre a temperaturas mais altas, permitindo a ejeção de peças moldadas em um ciclo menor, aumentando a produtividade. Ex.: sorbitol, talco, alguns pigmentos, etc. Modificadores de impacto: normalmente são elastômeros que, quando adicionados em uma matriz polimérica rígida e quebradiça, facilitam a iniciação dos mecanismos de tenacificação (fissuramento e escoamento por bandas de cisalhamento), aumentando a energia de fratura, ou seja, aumentando a resistência ao impacto do polímero. Ex.: polibutadieno em poliestirenos (produzindo o HIPS), EPR em PP e PA, etc. Pigmento: material orgânico ou inorgânico usado para colorir. Os polímeros aceitam uma extensa gama de cores, sendo muito utilizados pelos projetistas para aumentar o apelo visual e de comercialização de um produto. São normalmente comercializados na forma de dispersões em uma matriz polimérica, conhecidas por masterbarches. Composto: mistura do polímero com aditivos. A escolha dos aditivos e quantidades certas para a confecção de um composto, balanceado e economicamente viável, é de fundamental importância, sendo o item mais cobiçado e bem guardado na indústria. Plásticos reforçados: matriz polimérica com uma carga reforçante dispersa. Para maior desempenho mecânico, este é normalmente fibroso. Ex.: poliéster insaturado reforçado com fibra de vidro (PIRFV). Espumas: plásticos feitos na forma celular por meios térmicos, químicos ou mecânicos. São utilizados principalmente para isolamento térmico e acústico, com densidade entre 0,03 a 0,3 g/cm3. Podem ser de célula aberta ou fechada, termoplásticos ou termofixos, rígidos ou flexíveis, etc. Ex.: isopor (espuma de poliestireno). Adesivo: substância normalmente polimérica, capaz de manter materiais unidos ou colados por adesão superficial. Pode ser tanto rígido quanto flexível. Placa (chapa): forma na qual a espessura é muito menor que as outras duas dimensões (largura e comprimento). Filme: termo utilizado para placas com espessura inferior a 0,254 mm. Blenda polimérica / Mistura mecânica: mistura física de dois ou mais polímeros, sem reação química intencional entre os componentes. A interação molecular entre as cadeias poliméricas é predominantemente do tipo secundária (intermolecular). Assim, a separação dos polímeros integrantes da blenda polimérica pode ser feita através de processos físicos, como, por exemplo, através da solubilização e precipitação fracionadas. Uma blenda pode ser miscível ou imiscível, dependendo das características termodinâmicas de seus componentes, compatibilizada ou não, dependendo do interesse tecnológico. Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC Centro de Ciências Tecnológicas – CCT Departamento de Química – DQM FQP – Química de Polímeros – Profa. Dra. Carla Dalmolin Miscibilidade: característica termodinâmica que duas macromoléculas podem ter, quando a mistura entre elas chega ao grau molecular, ou seja, é possível misturar tão bem a ponto de suas cadeias estarem em contato íntimo. Isso gera uma única fase com comportamento físico-químico intermediário ao comportamento de cada componente individualmente. Uma forma de comprovação experimental da miscibilidade de dois polímeros é a observação de apenas uma temperatura de transição vítrea (Tg), intermediária aos valores característicos e conhecidos de cada componente individualmente. Além dos componentes, a miscibilidade depende também da temperatura, pressão e tipo de solvente, etc. Quando os polímeros são semicristalinos, este conceito deve ser estendido, considerando-se a presença da fase cristalina, se ocorre co-cristalização ou se a miscibilidade apenas acontece na fase amorfa. Compatibilidade: característica de uma mistura de polímeros (blenda polimérica), na qual se tem a separação em duas ou mais fases distintas (o sistema é imiscível), mas a interface entre elas é estabilizada com a adição de um outro componente, dito compatibilizante, que se aloja na interface, reduzindo a energia interfacial e estabilizando a morfologia multifásica. Como efeito secundário, também tem-se a redução do tamanho de partícula. Tal estabilidade é muito conveniente, pois evita alterações da morfologia em processamentos futuros aos quais o material venha a ser submetido. Degradação: qualquer fenômeno que provoque uma mudança química na cadeia polimérica, normalmente com redução da massa molar e consequentemente queda nas propriedades físico-mecânicas. Modificação química destrutiva com quebra de ligações covalentes e formação de novas ligações. Ex.: oxidação, hidrólise, cisão da cadeia, etc. Indústria petroquímica de primeira geração: grandes empresas, responsáveis pelo craqueamento da nafta e pela produção de moléculas insaturadas de baixa massa molar, conhecidas por monômeros. Estes materiais serão polimerizados diretamente ou usados pela indústria petroquímica em outros processos. Como principais exemplos tem-se o etileno, propileno e o butadieno. Indústria petroquímica de segunda geração: empresas de grande porte, normalmente instaladas próximas às de primeira geração, que recebem diretamente, através de dutos, o monômero (normalmente na forma líquida), polimerizando-o e fazendo o polímero. Para ser economicamente viável, uma empresa de segunda geração que produz um polímero convencional, como o polipropileno, deve ser capaz de produzir pelo menos meio milhão de toneladas por ano (isto significa produzir um saco de 25 kg a cada dois segundos!). Em contrapartida, a produção de polímeros especiais é feita em pequena escala. Indústria petroquímica de terceira geração: empresas de tamanhos variados, desde micro até grandes, que compram o polímero, na forma de grão, líquido ou pó, e o processam, produzindo artigos na sua forma final para o uso. Empregam técnicas como extrusão, injeção, calandragem, termoformagem, etc. Vendem seus produtos diretamente ao consumidor ou às indústrias de quarta geração. Indústria petroquímica de quarta geração: empresas de porte variado, que compram artigos de plástico e os montam em itens maiores. O maior exemplo desta classe são as montadoras automobilísticas.