O problema da magnitude do câncer O cenário atual das perspectivas de novos números de casos de câncer no mundo mostra que a cada ano os diagnósticos irão aumentar significativamente. As estimativas apontam que em 2020 serão 15 milhões de pessoas com algum tipo de neoplasia. Segundo o médico oncologista e diretor do IOP, Dr. Luiz Antonio Negrão Dias, o câncer está aumentando no mundo inteiro e a mortalidade é maior em países não desenvolvidos. “Todas as regiões do mundo apresentam novos casos, mas o grande índice de mortalidade nos países pobres deve-se ao diagnóstico tardio, onde os programas de prevenção e detecção possuem baixa adesão.” No entanto, as taxas de diagnósticos positivos são maiores nos países desenvolvidos, ou seja, aqueles industrializados e urbanizados. Em 2014, o Brasil apresentou mais de 570 mil novos casos, sendo 302 mil em homens e 274 mil em mulheres. “Acredita-se que no ano de 2025 o câncer passe a ser a principal causa de morte em todo o mundo – atualmente é a segunda no Brasil –, fazendo com que o impacto da doença seja extremamente complexo. Há 30 anos, a doença ocupava a quinta posição.” Com essa previsão, os recursos financeiros destinados para os tratamentos também irão sofrer mudanças. No início da década passada, o orçamento do Ministério da Saúde destinado ao câncer era de aproximadamente R$ 600 milhões. Hoje o valor ultrapassa os R$ 2 bilhões, sendo 70% destinados para quimioterapia, 15% para cirurgia e 15% para radioterapia. Programas de prevenção O gradativo aumento das taxas de novos casos e mortalidade mostra que os programas de prevenção e detecção precoce que existem no Brasil não estão funcionando em larga escala, pois somente em certas cidades e regiões que apresentam sucesso. “A mortalidade por câncer de mama cresce anualmente, mas em Curitiba os números estão diminuindo devido ao programa de rastreamento que já está dando resultado, pois 50% das mulheres possuem uma cobertura para a prevenção e diagnóstico precoce. O ideal é atingir 70%. No entanto, essa taxa não ultrapassa os 27% quando observamos o Brasil como um todo. Isso mostra que temos programas, mas a população não está aderindo”, ressalta o oncologista. A educação da população, ou seja, a prevenção primária, é fundamental para reduzir os números, uma vez que vai mostrar os principais fatores de riscos que podem causar o câncer. Hoje em dia, 15% dos diagnósticos são de origem familiar, ou seja, pessoas que herdaram algum defeito genético independente dos fatores de risco, mas 85% vão gerar um defeito genético ao longo da vida devido aos fatores ambientais. “O tabagismo se destaca, sendo responsável por cerca de 30% dos casos. Os hábitos alimentares da sociedade moderna, que consome alimentos cada vez mais industrializados, representam 50% dos casos. O padrão de alimentação nas cidades trouxe avanços, mas trouxe uma grande exposição também. Estudos mostram que para cada 100 mil pessoas que moram na cidade, cerca de 450 vão ter câncer, contra 80 para quem mora na zona rural”, faz o alerta o oncologista. Outros fatores são os ocupacionais, onde os trabalhadores das indústrias e empresas podem ficar expostos a situações de riscos para a saúde. A radiação solar – e toda a polêmica a respeito da camada de ozônio – fecha questão entre as principais causas que possibilitam o aumento das taxas de câncer no mundo. “A população deve aderir cada vez mais aos programas de prevenção contínuos e de boa qualidade, possibilitando o conhecimento sobre as formas de detecção precoce e prevenção, além de evitar os fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver algum tipo de neoplasia”, finaliza.