Cientistas abrem porta à conceção de bebés sem

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Cientistas abrem porta à conceção de bebés
sem mãe
Investigadores no Reino Unido criam embriões de ratinhos
sem utilizar óvulos e reescrevem 200 anos de ensino da
Biologia
2016-09-13 Aline Raimundo
Embrião . [Foto: Silas Philips Youtube]
Bebés sem mãe podem estar no horizonte da Humanidade depois de os cientistas terem
descoberto um método de criação de descendência, sem a necessidade de um óvulo.
De acordo com o jornal britânico The Telegraph, a descoberta científica, feita por
cientistas da Universidade de Bath, no Reino Unido, reescreve 200 anos de ensino da
Biologia e pode abrir caminho para uma criança nascer a partir do ADN de dois homens.
Sempre se pensou que só um óvulo feminino poderia desencadear as mudanças num
espermatozoide necessárias para fazer um bebé, porque um embrião forma-se a partir
de um tipo especial de divisão celular em que apenas metade do número de
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cromossomas é transferido. Assim, uma metade do ADN de cada ser humano provém
da mãe e a outra metade provém do pai.
Mas agora os cientistas demonstraram que um embrião pode ser criado a partir de
células que transportam todos os cromossomas. Isto significa que, em teoria, qualquer
célula do corpo humano pode ser fertilizada por um espermatozoide.
Três gerações de ratinhos de laboratório já foram concebidos usando a nova técnica e
encontram-se aptas e saudáveis. Agora os cientistas estão a planear testar a teoria
usando células da pele.
"Algumas pessoas dizem que a conceção começa com um óvulo, mas o que este estudo
diz é que o processo não tem necessariamente de começar com o desenvolvimento de
um”, afirmou Tony Perry, embriologista molecular e principal autor do estudo publicado
pela revista Nature Communications.
"Pensava-se que só um óvulo era capaz de reprogramar o esperma para que o
desenvolvimento embrionário tivesse lugar. O nosso trabalho desafia esse dogma,
preceito em vigor desde que os primeiros embriologistas observaram os óvulos de
mamíferos por volta de 1827 e, observada a fertilização, concluíram que só um óvulo
fertilizado com um espermatozoide podia resultar no parto de um mamífero vivo”,
continuou o cientista.
"Estamos a falar de maneiras diferentes de fazer embriões. Imagine que podia recolher
as células da pele e formar embriões a partir delas. Isso teria todos os tipos de utilidade",
sublinhou.
Os pequenos ratos concebidos em laboratório tornaram-se adultos férteis e têm uma
expetativa de vida normal, disse Perry numa conferência de imprensa em Londres.
De acordo com vários especialistas entrevistados pela agência AFP, esta investigação,
que ajuda a uma melhor compreensão dos mecanismos de reprodução dos mamíferos,
abre novas perspetivas na reprodução assistida.
Os autores, da Universidade de Bath, na Grã-Bretanha e de Regensburg, na Alemanha,
consideram até possível que um dia se possa prescindir dos óvulos para a reprodução.
"É um artigo muito interessante, e uma proeza técnica", disse Robin Lovell-Badge,
biólogo britânico especializado em genética de células-tronco, que não participou no
estudo.
"Tenho a certeza que isso vai nos ensinar coisas importantes sobre a reprogramação
(celular) nos estágios iniciais de desenvolvimento" essenciais em matéria do tratamento
de fertilidade, afirmou o biólogo Francis Crick Institute, em Londres.
“O estudo conseguiu demonstrar que a ativação do genoma paterno contido no sémen,
que desencadeia a formação do embrião "pode acontecer mais tarde do que no estado
inicialmente previsto, e não só no óvulo”, observou a cientista francesa Marie-Hélène
Verlhac.
No futuro, a descoberta poderá ser útil na reprodução assistida, que iria depender
menos dos óvulos, cuja recolha é uma operação muito difícil. Ou seja, poderia abrir as
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portas para a reprodução de homens homossexuais ou de casais heterossexuais
inférteis, acrescentou.
“Embora atualmente tenha que haver um óvulo para criar um embrião, pode-se imaginar
que no futuro o óvulo pode ser dispensado, e produzi-los, por exemplo, a partir de
células da pele”, concluiu Tony Perry.
Por outro lado, admitiu biólogo, estes resultados representam problemas éticos, já que
os embriões não podem ser usados como uma fonte de células estaminais embrionárias,
porque não são viáveis.
Para Paul Colville-Nash, do Instituto de Investigação Médica, que financiou o estudo, os
resultados podem ajudar a saber mais sobre o início da vida humana e da viabilidade de
embriões, os principais aspetos da fertilidade.
Cientistas desenvolvem método para criar embriões sem óvulo
Do UOL, em São Paulo
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2016/09/13/cientistas-descobrem-metodo-que-pode-criar-embrioes-sem-ovulo.htm
13/09/2016
Quando um espermatozoide encontra um óvulo, ocorre o início de uma "célula-ovo", ou
zigoto, a primeira célula de uma nova vida, certo? Pela primeira vez, os cientistas
conseguiram um zigoto sem essa combinação. Segundo uma nova pesquisa, embriões
de ratos podem ser gerados a partir da fecundação em uma célula embrionária, uma
descoberta que desafia dois séculos de conhecimento.
De acordo com um estudo publicado na revista Nature, embriões podem ser criados a
partir de células que carregam todos os cromossomos (não metade, como é o caso dos
óvulos), o que significa, em teoria, que qualquer célula do corpo humano poderia ser
fertilizada por um espermatozoide. Essa é a ideia que ainda precisa ser testada.
Até o momento, os cientistas pensavam que o espermatozoide de mamíferos só poderia
se transformar em uma célula madura capaz de se dividir e trabalhar para formar um
novo organismo se estivesse dentro de um óvulo. Mas, de acordo com a pesquisa,
outras células também podem "reprogramar" um espermatozoide, resultando no
nascimento de um novo mamífero.
Como foi o estudo
Pesquisadores do Departamento de Biologia e Bioquímica da Universidade de Bath
(Inglaterra), utilizaram produtos químicos para desenvolver óvulos em embriões de
camundongos sem fertilização, processo conhecido como partenogênese, fenômeno
comum em animais invertebrados, mas pouco frequente nos vertebrados
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Os cientistas já haviam conseguido "enganar" os óvulos dos mamíferos
para desenvolver embriões sem fertilização, mas eles morriam após alguns dias pela
falta de processos fundamentais de desenvolvimento que exigem a entrada de
espermatozoides. Então veio a ideia: colocar o espermatozoide nesse embrião. Primeiro,
eles pegaram uma célula do embrião com metade dos cromossomos, como são os
óvulos e espermatozoides.
Os pesquisadores, então, desenvolveram um método para injetar
espermatozoides nessas células, produzindo filhotes saudáveis, com
uma taxa de sucesso de cerca de 24%.
É a primeira vez que o desenvolvimento ocorre por meio de uma injeção de esperma em
células de embriões.
Pensava-se que só um óvulo era capaz de dar lugar à
reprogramação do esperma que permite o
desenvolvimento embrionário
Tony Perry, embriologista molecular e um dos autores do estudo
Isso quer dizer que, se a injeção de esperma em uma célula de mamífero pode produzir
prole, em teoria, seria possível conseguir o mesmo resultado utilizando células mitóticas
(formadas a partir da divisão celular) não derivadas de óvulos. É o próximo passo da
pesquisa.
Segundo os cientistas, os embriões poderiam ser feitos com células da pele em vez de
óvulos, o que tornaria possível não apenas reproduzir animais ameaçados de extinção,
mas abriria a possibilidades para o tratamento de infertilidade.
No entanto, a sobrevivência dos embriões é considerada baixa e o
estudo foi realizado em camundongos, não há nenhuma evidência de que
isso iria funcionar em embriões humanos.
Os pesquisadores ainda não sabem como o genoma do esperma foi reprogramado, mas
resultados preliminares sugerem um caminho diferente do que o que ocorre durante a
fertilização convencional.
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