http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/ovulos/cientistas-abrem-porta-aconcecao-de-bebes-sem-mae Cientistas abrem porta à conceção de bebés sem mãe Investigadores no Reino Unido criam embriões de ratinhos sem utilizar óvulos e reescrevem 200 anos de ensino da Biologia 2016-09-13 Aline Raimundo Embrião . [Foto: Silas Philips Youtube] Bebés sem mãe podem estar no horizonte da Humanidade depois de os cientistas terem descoberto um método de criação de descendência, sem a necessidade de um óvulo. De acordo com o jornal britânico The Telegraph, a descoberta científica, feita por cientistas da Universidade de Bath, no Reino Unido, reescreve 200 anos de ensino da Biologia e pode abrir caminho para uma criança nascer a partir do ADN de dois homens. Sempre se pensou que só um óvulo feminino poderia desencadear as mudanças num espermatozoide necessárias para fazer um bebé, porque um embrião forma-se a partir de um tipo especial de divisão celular em que apenas metade do número de 1 cromossomas é transferido. Assim, uma metade do ADN de cada ser humano provém da mãe e a outra metade provém do pai. Mas agora os cientistas demonstraram que um embrião pode ser criado a partir de células que transportam todos os cromossomas. Isto significa que, em teoria, qualquer célula do corpo humano pode ser fertilizada por um espermatozoide. Três gerações de ratinhos de laboratório já foram concebidos usando a nova técnica e encontram-se aptas e saudáveis. Agora os cientistas estão a planear testar a teoria usando células da pele. "Algumas pessoas dizem que a conceção começa com um óvulo, mas o que este estudo diz é que o processo não tem necessariamente de começar com o desenvolvimento de um”, afirmou Tony Perry, embriologista molecular e principal autor do estudo publicado pela revista Nature Communications. "Pensava-se que só um óvulo era capaz de reprogramar o esperma para que o desenvolvimento embrionário tivesse lugar. O nosso trabalho desafia esse dogma, preceito em vigor desde que os primeiros embriologistas observaram os óvulos de mamíferos por volta de 1827 e, observada a fertilização, concluíram que só um óvulo fertilizado com um espermatozoide podia resultar no parto de um mamífero vivo”, continuou o cientista. "Estamos a falar de maneiras diferentes de fazer embriões. Imagine que podia recolher as células da pele e formar embriões a partir delas. Isso teria todos os tipos de utilidade", sublinhou. Os pequenos ratos concebidos em laboratório tornaram-se adultos férteis e têm uma expetativa de vida normal, disse Perry numa conferência de imprensa em Londres. De acordo com vários especialistas entrevistados pela agência AFP, esta investigação, que ajuda a uma melhor compreensão dos mecanismos de reprodução dos mamíferos, abre novas perspetivas na reprodução assistida. Os autores, da Universidade de Bath, na Grã-Bretanha e de Regensburg, na Alemanha, consideram até possível que um dia se possa prescindir dos óvulos para a reprodução. "É um artigo muito interessante, e uma proeza técnica", disse Robin Lovell-Badge, biólogo britânico especializado em genética de células-tronco, que não participou no estudo. "Tenho a certeza que isso vai nos ensinar coisas importantes sobre a reprogramação (celular) nos estágios iniciais de desenvolvimento" essenciais em matéria do tratamento de fertilidade, afirmou o biólogo Francis Crick Institute, em Londres. “O estudo conseguiu demonstrar que a ativação do genoma paterno contido no sémen, que desencadeia a formação do embrião "pode acontecer mais tarde do que no estado inicialmente previsto, e não só no óvulo”, observou a cientista francesa Marie-Hélène Verlhac. No futuro, a descoberta poderá ser útil na reprodução assistida, que iria depender menos dos óvulos, cuja recolha é uma operação muito difícil. Ou seja, poderia abrir as 2 portas para a reprodução de homens homossexuais ou de casais heterossexuais inférteis, acrescentou. “Embora atualmente tenha que haver um óvulo para criar um embrião, pode-se imaginar que no futuro o óvulo pode ser dispensado, e produzi-los, por exemplo, a partir de células da pele”, concluiu Tony Perry. Por outro lado, admitiu biólogo, estes resultados representam problemas éticos, já que os embriões não podem ser usados como uma fonte de células estaminais embrionárias, porque não são viáveis. Para Paul Colville-Nash, do Instituto de Investigação Médica, que financiou o estudo, os resultados podem ajudar a saber mais sobre o início da vida humana e da viabilidade de embriões, os principais aspetos da fertilidade. Cientistas desenvolvem método para criar embriões sem óvulo Do UOL, em São Paulo http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2016/09/13/cientistas-descobrem-metodo-que-pode-criar-embrioes-sem-ovulo.htm 13/09/2016 Quando um espermatozoide encontra um óvulo, ocorre o início de uma "célula-ovo", ou zigoto, a primeira célula de uma nova vida, certo? Pela primeira vez, os cientistas conseguiram um zigoto sem essa combinação. Segundo uma nova pesquisa, embriões de ratos podem ser gerados a partir da fecundação em uma célula embrionária, uma descoberta que desafia dois séculos de conhecimento. De acordo com um estudo publicado na revista Nature, embriões podem ser criados a partir de células que carregam todos os cromossomos (não metade, como é o caso dos óvulos), o que significa, em teoria, que qualquer célula do corpo humano poderia ser fertilizada por um espermatozoide. Essa é a ideia que ainda precisa ser testada. Até o momento, os cientistas pensavam que o espermatozoide de mamíferos só poderia se transformar em uma célula madura capaz de se dividir e trabalhar para formar um novo organismo se estivesse dentro de um óvulo. Mas, de acordo com a pesquisa, outras células também podem "reprogramar" um espermatozoide, resultando no nascimento de um novo mamífero. Como foi o estudo Pesquisadores do Departamento de Biologia e Bioquímica da Universidade de Bath (Inglaterra), utilizaram produtos químicos para desenvolver óvulos em embriões de camundongos sem fertilização, processo conhecido como partenogênese, fenômeno comum em animais invertebrados, mas pouco frequente nos vertebrados 3 4 Os cientistas já haviam conseguido "enganar" os óvulos dos mamíferos para desenvolver embriões sem fertilização, mas eles morriam após alguns dias pela falta de processos fundamentais de desenvolvimento que exigem a entrada de espermatozoides. Então veio a ideia: colocar o espermatozoide nesse embrião. Primeiro, eles pegaram uma célula do embrião com metade dos cromossomos, como são os óvulos e espermatozoides. Os pesquisadores, então, desenvolveram um método para injetar espermatozoides nessas células, produzindo filhotes saudáveis, com uma taxa de sucesso de cerca de 24%. É a primeira vez que o desenvolvimento ocorre por meio de uma injeção de esperma em células de embriões. Pensava-se que só um óvulo era capaz de dar lugar à reprogramação do esperma que permite o desenvolvimento embrionário Tony Perry, embriologista molecular e um dos autores do estudo Isso quer dizer que, se a injeção de esperma em uma célula de mamífero pode produzir prole, em teoria, seria possível conseguir o mesmo resultado utilizando células mitóticas (formadas a partir da divisão celular) não derivadas de óvulos. É o próximo passo da pesquisa. Segundo os cientistas, os embriões poderiam ser feitos com células da pele em vez de óvulos, o que tornaria possível não apenas reproduzir animais ameaçados de extinção, mas abriria a possibilidades para o tratamento de infertilidade. No entanto, a sobrevivência dos embriões é considerada baixa e o estudo foi realizado em camundongos, não há nenhuma evidência de que isso iria funcionar em embriões humanos. Os pesquisadores ainda não sabem como o genoma do esperma foi reprogramado, mas resultados preliminares sugerem um caminho diferente do que o que ocorre durante a fertilização convencional. 5