estudo de caso. - 10 Anos Engenharia Biomédica

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NATHALIA LAIS MAZOTTI
MANUTENÇÃO, INFRAESTRUTURA E INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO.
Uberlândia
2016
NATHALIA LAIS MAZOTTI
MANUTENÇÃO, INFRAESTRUTURA E INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO.
Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao
curso de Engenharia Biomédica da Universidade
Federal de Uberlândia, como requisito parcial à
obtenção do Título de Bacharel em Engenharia
Biomédica.
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ferreira de Paula
Silva
Uberlândia
2016
NATHALIA LAIS MAZOTTI
MANUTENÇÃO, INFRAESTRUTURA E INSTALAÇÕES
ELÉTRICAS NO AMBIENTE HOSPITALAR: ESTUDO DE CASO.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Ferreira de Paula Silva
Universidade Federal de Uberlândia
________________________________________
Prof. PhD. Eduardo Lázaro Martins Naves
Universidade Federal de Uberlândia
________________________________________
Prof. Ms. Sérgio Ricardo de Jesus Oliveira
Universidade Federal de Uberlândia
Uberlândia, ____ de ____________ de _____.
A Deus, meus familiares e aos meus amigos
companheiros de todas as horas.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família por todo o apoio durante esses anos, em especial minha
mãe Marilza, por ser essa pessoa incrível, guerreira, que não mediu esforços para poder
proporcionar o melhor para mim e ao meu pai, que mesmo lá no céu, sempre me protegeu.
Agradeço ao Prof. Dr. Sérgio Ferreira de Paula Silva, que me orientou nesta
monografia, me guiando para as melhores decisões a ser tomada durante o trabalho.
Agradeço aos professores da Universidade Federal de Uberlândia que participaram do
meu crescimento profissional e pessoal, em especial aos professores da Faculdade de
Engenharia Elétrica- FEELT, vocês são incríveis e tenho muito orgulho de ter tido aula com
grandes mestres.
Às minhas amigas da universidade, que se tornaram amigas da vida e me deram apoio
nos momentos mais difíceis e tornaram eles mais felizes. Obrigada pela paciência e por
aguentar o mau- humor matinal. Vocês são demais.
Aos meus amigos de apartamento, minha gratidão eterna, pelo companheirismo e
pelas noites mal dormidas virando noites estudando, pelos muitos momentos de alegria e por
também me apoiarem em todos os momentos e serem pacientes e conselheiros comigo.
Morar com vocês foi sem dúvida um amadurecimento pessoal e se tornaram os melhores três
anos da minha vida acadêmica.
Às minhas amigas de adolescência, com atenção especial a melhor dupla Simone e
Kellen, que, apesar da distância, dos caminhos diferentes seguidos, continuam presentes em
minha vida. Sei que nossa amizade será eterna e sinto muito orgulho das pessoas que vocês
se tornaram.
Meu agradecimento também a toda equipe do hospital envolvido no estudo, em
especial para o administrador e a enfermeira responsável, que foram muito prestativos e me
permitiram fazer a coleta de dados e informações do ambiente hospitalar.
RESUMO
Este trabalho é um documento objetivo sobre manutenção, infraestrutura e instalações
elétricas no ambiente hospitalar. Os sistemas elétricos associados a equipamentos elétricos e
eletromédicos em estabelecimentos assistenciais de saúde exigem uma atenção especial, tanto
a nível de elaboração de projeto, execução, manutenção e até futuras mudanças para adequálas nas normas vigentes. Além disso, estes equipamentos exigem qualidade, segurança e
confiabilidade nas instalações elétricas, instaurada nas características das atividades
destinadas a cada ambiente. Por isso um estudo sobre a funcionalidade e segurança de acordo
com as normas brasileiras vigentes de infraestrutura física e instalações elétricas para
estabelecimentos assistenciais de saúde é desenvolvido neste trabalho, levando como base um
trabalho de pesquisa da situação atual de um hospital de pequeno porte do interior de São
Paulo, com ênfase nos setores de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Lavanderia.
Instalações elétricas inadequadas podem provocar grandes riscos na utilização de
equipamentos elétricos e eletromédicos, tanto para o usuário como para pacientes. O risco de
choque elétrico deve ser minimizado através de instalações seguras e adequadas para cada
ambiente. Em função da conjuntura averiguada nos setores estudado do hospital, concluiu-se
que é necessária uma reestruturação da infraestrutura física e elétrica, bem como recursos de
manutenção, humanos e organizacionais, pertencentes a estas atividades. Propõe-se algumas
modificações de caráter emergencial, a longo prazo, além de reestruturação em programas de
manutenção, recursos e fiscalização, como o objetivo de oferecer melhor garantia para todas
as pessoas que se beneficiam dos serviços oferecidos no local, além dos trabalhadores, e
comunidade em geral.
Palavras- chave: Instalações elétricas, Hospital, Equipamentos Eletromédicos, Manutenção,
UTI, Lavanderia, Infraestrutura Hospitalar.
ABSTRACT
This work is an objective document on maintenance, infrastructure and electrical installations
on hospital environment. Electrical systems associated with electric and electromedical
equipments in health care establishment require special attention in both the project design
level, implementation, maintenance and even future changes to adapt them according to
current standards. In addition, these devices require quality, safety and reliability of electrical
installations, established the characteristics of activities to each environment. So a study on
the functionality and safety in accordance with current Brazilian standards of physical
infrastructure and electrical systems for health care establishment is developed in this work,
taking as a basis a research study of the current situation of a small interior hospital São
Paulo, with emphasis on sectors of the Intensive Care Unit (ICU) and Laundry. Inadequate
electrical installations can cause great risks in the use of electrical and electromedical
equipments, both for the user and patient. The electric shock should be minimized through
safe facilities and appropriate for each environment. Depending on the ascertained situation in
the sectors studied the hospital, it was concluded that a restructuring of the physical and
electrical infrastructure is needed as well as maintenance, human resources and organizational
belonging to these activities. It is proposed some changes emergency, long term, as well as
restructuring in maintenance programs, resources and oversight, as the goal of providing
better security for all the people who benefit from the services offered on the place, in
addition to the workers, and community.
Key Words: Electrical Installations, Hospital, Electromedical Equipment, Maintenance, ICU,
Laundry, Hospital Infrastructure.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1− Diagrama da Importância da Manutenção. ........................................................................... 24
Figura 2- Selo de Inspeção para a próxima verificação, vencido, do Monitor Cardioversor
Desfibrilador Bifásico. .......................................................................................................................... 27
Figura 3- Selo de Inspeção para a próxima verificação, vencido, de um Monitor Multiparamétrico. .. 28
Figura 4- Secadora Industrial quebrada. ............................................................................................... 28
Figura 5- Diagrama de Seleção dos Tipos de Manutenção a Serem Aplicados. ................................... 30
Figura 6- Ventilação artificial do ambiente. .......................................................................................... 33
Figura 7- Janelas da área limpa. ............................................................................................................ 34
Figura 8- Janela da área contaminada. .................................................................................................. 35
Figura 9- Lavadora com barreira. .......................................................................................................... 37
Figura 10- Lavadora sem barreira. ........................................................................................................ 38
Figura 11- Centrífuga. ........................................................................................................................... 39
Figura 12- Máquina Secadora. .............................................................................................................. 40
Figura 13- Sala de quarto coletivo da UTI. ........................................................................................... 51
Figura 14- (a) Parede da sala de quartos coletivos; (b) Rachadura no piso da sala de quartos coletivos.
............................................................................................................................................................... 52
Figura 15- Fiação Exposta..................................................................................................................... 52
Figura 16- Condicionador de Ar da sala de quartos. ............................................................................. 53
Figura 17- Janela padrão da sala de UTI. .............................................................................................. 53
Figura 18- Mesa para prescrição médica............................................................................................... 54
Figura 19- Banheiro da UTI. ................................................................................................................. 54
Figura 20- Leito equipado da UTI......................................................................................................... 55
Figura 21- Desfibrilador Externo; (b) ECG. (c) Monitor Cardioversor. ............................................... 56
Figura 22- Layout da nova sala de quartos coletiva. ............................................................................. 57
Figura 23- Situação de Macro choque................................................................................................... 64
Figura 24- Situação de Micro choque. .................................................................................................. 65
Figura 25- Esquema de ligação TN-S. .................................................................................................. 67
Figura 26- Esquema de ligação TN-C. .................................................................................................. 68
Figura 27- Esquema de ligação TN-C-S. .............................................................................................. 68
Figura 28- Esquema de ligação TT. ...................................................................................................... 69
Figura 29- Esquema de ligação IT. ....................................................................................................... 70
Figura 30- (a)Proteção Contra Contatos Indiretos por Seccionamento Automático; (b) Dispositivo de
Proteção (DP) percorrido pela corrente Ia, atua num tempo t, determinado de Ub. ............................... 75
Figura 31- Sistema elétrico Hospitalar, onde C.P= Concessionária Pública; G= Gerador. .................. 84
Figura 32- Exemplo de ruptura de isolação na Unidade de Terapia Intensiva. ..................................... 95
Figura 33- Caixa de proteção presentes na Lavanderia. ........................................................................ 96
Figura 34- Caixa de proteção dos disjuntores de cada leito da UTI. ..................................................... 97
Figura 35- Pontos de tomada da Lavanderia. .................................................................................... 97
Figura 36- Plugues adaptadores e extensões pela Lavanderia e UTI. ................................................... 98
Figura 37- Pontos de tomada e linhas de filtro de um leito. .................................................................. 98
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Ambientes e seus dimensionamentos. ................................................................................... 56
Tabela 2- Efeito fisiológico de uma corrente de 60Hz, aplicada entre as mãos de um indivíduo de 70kg
por 1 a 3 segundos. ................................................................................................................................ 62
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Classificação dos Serviços de Segurança para EAS. ........................................................... 86
Quadro 2- Classes de alimentação de segurança. .................................................................................. 87
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
ACCE- American College of Clinical Engineering
ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária
BEP- Barramento de Equipotencialização Principal
BS- British Standard
BTU- British Thermal Unit
CA- Corrente Alternada
CC- Corrente Contínua
CNES- Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
C.P- Concessionária Pública
CPFL- Companhia Paulista de Força e Luz
CREA- Conselho Regional de Engenharia e Agronomia
DEA- Desfibrilador Externo Automático
DNOSS- Divisão Nacional de Organizações de Serviços de Saúde
DR- Dispositivo Residual
DSI- Dispositivo Supervisor de Isolamento
EAS- Estabelecimento Assistencial de Saúde
ECG- Eletrocardiograma
EMG- Eletromiograma
EPI- Equipamento de Proteção Individual
FC- Frequência Cardíaca
FEELT- Faculdade de Engenharia Elétrica
FELV- Functional Extra-Low Voltage
FP- Frequência de Pulsação
LED- Light Emitting Diode
NO2- Óxido Nítrico
O2- Oxigênio
PD- Pressão Diastólica
PE- Proteção
PEN- Proteção e Neutro conjugado
PM- Pressão Média
PS- Pressão Sistólica
PVC- Policloreto de Vinila
SpO2- Oximetria de Pulso
SUS- Sistema Único de Saúde
UPS- Uninterruptible Power Supply
UTI- Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
1
2
3
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
1.1
Considerações Iniciais ........................................................................................................... 15
1.2
Objetivos e Justificativas ....................................................................................................... 17
AMBIENTE DO ESTUDO ............................................................................................... 19
2.1
O objeto de estudo................................................................................................................ 19
2.2
A pesquisa ............................................................................................................................. 19
2.3
Delimitações do objeto de estudo ........................................................................................ 20
2.4
Levantamento de Dados ....................................................................................................... 21
2.5
Soluções Propostas ............................................................................................................... 22
ANÁLISE DE MANUTENÇÃO ...................................................................................... 23
3.1
Fundamentação..................................................................................................................... 23
3.1.1
4
3.2
Levantamento de Dados ....................................................................................................... 26
3.3
Soluções Propostas ............................................................................................................... 29
LAVANDERIA ................................................................................................................. 31
4.1
Fundamentação..................................................................................................................... 31
4.2
Levantamento de Dados ....................................................................................................... 32
4.2.1
Área Contaminada e Limpa ........................................................................................... 35
4.2.2
Equipamentos ............................................................................................................... 36
4.3
5
Soluções Propostas ............................................................................................................... 40
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA .......................................................................... 44
5.1
6
Tipos de Manutenção .................................................................................................... 24
Fundamentos ........................................................................................................................ 44
5.1.1
Teoria da UTI ................................................................................................................. 44
5.1.2
Legislação ...................................................................................................................... 45
5.1.3
Classificação das UTIs .................................................................................................... 46
5.1.4
Requisitos Mínimos ....................................................................................................... 46
5.1.4.1
Infraestrutura ............................................................................................................ 46
5.1.4.2
Equipamentos Eletromédicos e Materiais ................................................................ 47
5.2
Levantamento de Dados ....................................................................................................... 50
5.3
Soluções Propostas ............................................................................................................... 56
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS ......................................................................................... 60
6.1
Riscos Elétricos em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde ............................................. 60
6.1.1
6.1.1.1
6.1.2
6.2
Origens do Choque Elétrico em EAS e seus Efeitos Fisiológicos ............................... 61
Macro Choque e Micro Choque .................................................................................... 63
Proteção Contra Choques Elétricos....................................................................................... 65
6.2.1
Aterramento .................................................................................................................. 66
6.2.2
Proteção Básica ............................................................................................................. 71
6.2.2.1
6.2.3
6.3
6.4
Proteção Supletiva .................................................................................................... 72
Proteção Adicional ........................................................................................................ 76
Equipamentos Eletromédicos ............................................................................................... 77
6.3.1
7
O Choque Elétrico.......................................................................................................... 60
Classificação .................................................................................................................. 78
Instalação Elétrica Hospitalar ................................................................................................ 80
6.4.1
Normatização ................................................................................................................ 81
6.4.2
Classificação dos Ambientes Hospitalares .................................................................... 83
6.4.3
Sistema Elétricos em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde ................................... 83
6.4.3.1
Fornecimento de Energia .......................................................................................... 84
6.4.3.2
Subestação Rebaixadora de Tensão .......................................................................... 85
6.4.3.3
Sistema de Geração e Cogeração de Energia ............................................................ 85
6.4.4
Sistema Isolado ............................................................................................................. 88
6.4.5
Previsão de Cargas ........................................................................................................ 89
6.4.6
Pontos de Utilização ...................................................................................................... 90
6.4.6.1
Tomadas .................................................................................................................... 90
6.4.6.2
Iluminação ................................................................................................................. 90
6.4.6.3
Iluminação Emergencial ............................................................................................ 91
6.4.7
Instalações Elétricas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)...................................... 91
6.4.8
Instalações Elétricas em Lavanderia Hospitalar ............................................................ 93
6.5
Levantamento de Dados ....................................................................................................... 94
6.6
Soluções Propostas ............................................................................................................... 99
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 101
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 103
ANEXO A .............................................................................................................................. 107
ANEXO B .............................................................................................................................. 108
ANEXO C .............................................................................................................................. 110
15
1
INTRODUÇÃO
1.1
Considerações Iniciais
Estabelecimento Assistencial de Saúde (EAS) é uma denominação dada a qualquer
edificação prestadora de serviços à população relacionados à saúde, que demande o acesso
de pacientes, em regime de internação ou não, independente do seu nível de complexidade
(ANVISA, 2002). Além disso, é um local destinado ao atendimento médico, de
enfermagem e paramédico de pessoas.
Todo EAS tem por objetivo a prestação de serviços na área de saúde, e deve
oferecê-los com o máximo de garantia, qualidade e principalmente segurança, por se
tratarem de locais que lidam com vidas e situações de risco. A maioria dessas situações é
devido a substâncias ou fontes de energias potencialmente perigosas, como por exemplo,
radiações ionizantes, microorganismos e substâncias químicas. Dentro desta conjuntura, o
risco de choque elétrico envolvendo instalações e equipamentos eletromédicos é de
essencial atenção por parte dos profissionais da área da saúde, pois estes têm papel
importante na monitorização, tratamento e manutenção à vida (ANVISA, 2002).
Com os atuais avanços da tecnologia e todo o incremento de equipamentos
elétricos utilizados na prática médica, os EAS dependem cada vez mais de um elevado
nível de qualidade e confiabilidade na energia elétrica. Com o uso de técnicas invasivas, o
paciente passou a ser mais sensível aos contatos com correntes elétricas, que mesmo
sendo muitas vezes na ordem de microampères, podem causar fibrilação ventricular no
organismo humano, sendo fatal.
Os EAS brasileiros têm apresentado fatos e notícias preocupantes recorrentes de
acidentes relacionados às instalações elétricas e aos equipamentos eletromédicos e mesmo
com as publicações de normas hospitalares por parte da ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas), que estabelecem padrões e regras para procedimentos que utilizam
equipamentos médicos e instalações hospitalares, ainda se fazem presentes os acidentes
que poderiam ser evitados caso houvesse maior preocupação, investigação e fiscalização
desses fatores. No Brasil, os acidentes que ocorrem, geralmente não são registrados
16
devido à falta de identificação e caracterização. Assim, devido à dificuldade de gerar um
índice concreto, pouco estudo está relacionado a esses aspectos, diferente de outros países
mais desenvolvidos. Podemos citar como exemplo, o ano de 1983, nos Estados Unidos,
onde ocorreram cerca de 1.000.000 de acidentes na área hospitalar, sendo que 200.000 se
deram por fatores negligenciais. Entre os anos de 1984 e 1985 foram analisados na Suécia
306 equipamentos que apresentavam problemas e que causaram acidentes de sérias
consequências e até fatais. Cerca de 21% dos acidentes foram relacionados à manutenção
incorreta, 26% ao uso indevido e 46% com problemas de funcionalidade (BRASIL, 1995).
Acredita-se que esses elevados números, em ambientes onde espera-se o mínimo de falhas
em sua operação, referem-se, em grande parte, à infraestrutura elétrica inadequada ao
correto funcionamento destes equipamentos, além da correta administração e manutenção.
Além dos aspectos técnicos, os estabelecimentos de saúde devem apresentar
estrutura capaz de atender adequadamente todas as necessidades requeridas no ambiente a
fim de proporcionar o melhor atendimento aos usuários. Portanto, estes estabelecimentos
devem ser selecionados, localizados e dimensionados levando em conta projetos viáveis,
racionais, eficientes e que atendam todas as necessidades do ambiente.
Durante a projeção de um sistema elétrico ligado à saúde é importante que se
tenham presentes condutores, condutos e equipamentos elétricos que proporcionem com
segurança e confiabilidade a transferência de energia elétrica do momento em que se tem
a fonte geradora até os dispositivos que irão ser alimentados (COTRIM, 2009). Em
complemento, para evitar a interrupção de serviços que são essenciais dentro de um local
de saúde e garantir maior segurança, o equipamento eletromédico deve ser de baixa
sensibilidade a distúrbios de qualidade de energia, mas também gerar o mínimo de
distúrbios.
O projeto de instalações elétricas requer, inicialmente, uma proposta bem definida
da infraestrutura. Para isso, algumas medidas devem ser tomadas (SILVA, 2013):

Determinação do uso previsto para todas as áreas do prédio;

Determinação do layout dos equipamentos eletromédicos a serem utilizados;

Levantamento das características elétricas dos equipamentos eletromédicos;

Classificação das áreas quanto às influências externas;

Definição do tipo de linha elétrica que será utilizada;

Determinação dos equipamentos que necessitam de energia de substituição;
17

Determinação dos setores que necessitam de iluminação de segurança;

Determinação dos equipamentos que necessitam de energia de segurança;

Determinação da resistividade do solo;

Realização de uma estimativa inicial da potência instalada e de alimentação
globais;

Definição da localização preferencial da entrada de energia.
1.2
Objetivos e Justificativas
Para que uma estrutura assistencial de saúde funcione corretamente, é essencial que
todos os diretamente envolvidos no seu processo trabalhem em condições de garantias e com
toda a segurança possível. Com isso, se torna necessário levar em conta jornadas de trabalho,
qualificação profissional e infraestrutura adequada. Dentro disso, este trabalho objetiva o
estudo da estrutura relacionada direta ou indiretamente com as instalações elétricas dos
setores de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e Lavanderia Hospitalar e também a correta e
segura utilização envolvendo os equipamentos elétricos e eletromédicos.
O objetivo principal desta monografia é realizar um estudo das condições do sistema
elétrico de um hospital de pequeno porte, visando apresentar formas de adaptação das
estruturas às normas brasileiras, tanto de equipamentos como de instalações elétricas,
assegurando melhor aproveitamento da estrutura hospitalar. A proposta que será apresentada
visa enriquecer o conhecimento necessário para uma reestruturação dos setores mencionados,
levando em conta também a implantação de um setor de Engenharia Clínica, não encontrada
no local até então.
O estudo da situação das instalações elétricas do hospital visa propor alternativas de
soluções para os problemas, no que diz respeito à segurança, instalações e verificação de
normas técnicas e ainda sobre a manutenção e como isso afeta diretamente no equilíbrio do
ambiente hospitalar.
Este trabalho é justificado com base e aprovação de normas técnicas para instalações
elétricas hospitalares pela ABNT, principalmente as normas NBR 13534 (Instalações
Elétricas para Estabelecimentos Assistenciais de Saúde- 1995), a IEC 60601-1 (Equipamentos
Eletromédicos- Prescrições para Segurança- 1996), NBR 5410 (Instalações elétricas de baixa
tensão- 2004) e RDC nº 50.
18
Como já relatado, instalações elétricas inadequadas geram grandes riscos no uso de
equipamentos, tanto para o paciente como para todo o pessoal envolvido. A partir do
momento em que se tem o controle da tecnologia presente na instalação, tem-se condição de
analisar toda a infraestrutura elétrica de um hospital, avaliar, e se necessário, corrigir suas
condições de segurança e funcionalidade.
Atualmente, é comum encontrar instalações projetadas há muito tempo atrás, como o
caso deste estudo, que não levam em consideração a maioria dos aspectos relacionados às
instalações hospitalares. É importante esclarecer que, em um hospital, tem-se diversos tipos
de necessidades elétricas, e qualquer falha pode acarretar em fatalidades. Com o nível atual de
conhecimento tecnológico na área de instalações elétricas hospitalares, é incabível que as
instalações continuem trazendo prejuízos tanto ao paciente como a todos os envolvidos no
ambiente.
Ainda é visto uma resistência e desinteresse pela solução desses problemas existentes.
Portanto, este trabalho pretende também estimular os profissionais e autoridades envolvidos
nesta área a pensarem, questionarem e tomarem decisões concretas e eficazes para a solução
destes problemas.
19
2
AMBIENTE DO ESTUDO
2.1
O objeto de estudo
O hospital em estudo é de pequeno porte, aproximadamente 3.303,94 m2 de área
construída, e está localizado no estado de São Paulo, na cidade de Bariri, atendendo cerca de
50.000 pacientes da cidade e região. Fundado em 22 de setembro de 1930, a construção da
entidade está vinculada à vontade da população em conquistar um hospital próprio e poder
prestar atendimento a toda região, aliada à iniciativa da doação de um terreno para tal fim.
A fim de atender com maior qualidade, em 13 de maio de 1951 foi inaugurada a
maternidade do hospital em estudo, que tem o nome em homenagem a uma das irmãs
pioneiras do centro hospitalar, tendo dedicado aí, a maior parte de sua vida. Em 1981, a
maternidade passou por reformas, ampliação e com novas instalações.
Apesar de ser uma instituição mantida pelo Fundo Nacional de Saúde e por doações e
em meio a tantas crises, os atendimentos humanizados continuam até hoje, conseguindo
manter viva sua essência caridosa, de forma responsável e com respeito de toda comunidade e
da região.
Buscando modalizar suas atividades na área da saúde, aliada a uma nova gestão, o
Hospital reformulou todo o seu estatuto, permitindo que de forma social, a qualidade da
assistência seja em favor dos usuários do SUS e que possa ser expandida e replicada em
outras instituições do País.
2.2
A pesquisa
A pesquisa baseou-se na metodologia de avaliar um ambiente através de
levantamentos físicos, feitos em pesquisa de campo. Para essa avaliação foram realizadas
visitas frequentes, observações, verificações de alterações e consultas a plantas e normas.
Trata-se de um estudo exploratório de caráter qualitativo, com objetivo principal de observar
e detectar irregularidades de acordo com normas vigentes.
A escolha dos ambientes de estudo do hospital, UTI e Lavanderia, se deve ao fato
desses ambientes possuírem maior fluxo, além de estarem equipados com uma ampla
20
variedade de equipamentos. Os principais aspectos avaliados no estudo são construtivos, de
conforto ambiental, estéticos e de segurança.
Para conseguir realizar a pesquisa foi necessária a permissão dos diretores do Hospital,
que solicitaram uma carta de justificativa do orientador do projeto, todos os documentos
pessoais do pesquisador e ainda um seguro pessoal que o hospital exige para todas as pessoas
que trabalham no local ou realizam estudos e pesquisas.
Através de reuniões foi disponibilizada uma planta baixa (Anexo A), antiga, porém em
condições de uso, o que tornou possível o reconhecimento da amplitude do ambiente. Um
relacionamento com profissionais ligados à área de manutenção desta estrutura também se
tornou muito importante para o trabalho, e se procurou, sempre que possível, a troca de
experiências, vivências no local, promovendo a integração teórica com a prática.
2.3
Delimitações do objeto de estudo
Independente da natureza do estudo seja ele qualquer tipo de caráter, distinção teórica
escolhida e metodologias diferentes, a pesquisa apresenta limitações que precisam ser
explicadas para sustentar as discussões que serão apresentadas. As limitações impostas à
elaboração do trabalho são as citadas abaixo:
a)
Quanto à equipe local
O hospital não apresenta um setor de Bioengenharia, sendo que trabalhos e projetos
ligados à Engenharia são em grande parte realizados por empresas terceirizadas. Isso dificulta
o estudo quanto ao esclarecimento de muitas perguntas que somente uma equipe técnica de
Engenharia poderia responder. É importante mencionar que as pessoas que trabalham na
manutenção do local não têm formação técnica para tal, mas possuem conhecimento pela
vivência e experiência adquirida no local.
b)
Quanto à falta de informação
O estudo tem como perspectiva um diagnóstico da Lavanderia e UTI do hospital
escolhido, baseado em procedimentos e normas técnicas. Porém, algumas informações
21
inerentes às partes físicas das instalações elétricas não foi possível serem obtidas, por serem
locais de acesso restrito e perigoso.
A ausência de diagramas unifilares e mapas elétricos também se tornaram ponto
importante, limitando o estudo quanto à parte quantitativa. Além disso, a falta de um controle
eficaz em diversas áreas como, por exemplo, manutenções e fluxos ativos, tornam o estudo
mais trabalhoso e com carência de informações.
c)
Quanto a fatores externos
Os setores escolhidos para a pesquisa são bastante complexos e de intensa atividade. O
fluxo de funcionários e trabalho é muito grande, dificultando as observações e registros de
parâmetros elétricos.
2.4
Levantamento de Dados
O levantamento de dados relacionados à atual situação das instalações elétricas do
hospital é essencial para atingir os objetivos do trabalho, tratando como principal objetivo
deste levantamento obter informações para comparar com as normas vigentes relacionadas
tanto a infraestrutura quanto aos equipamentos eletromédicos, sobre o assunto e em função da
realidade atual do hospital. Logo, fez-se necessário um estudo sobre as normas vigentes, antes
de realizar a pesquisa de campo.
Com base nos estudos, surgiu uma dúvida do que seria mais interessante aprofundar,
para que a pesquisa tivesse informações seguras e suficientes para uma avaliação correta.
Tendo deparado com a falta de informação, importante para um estudo quantitativo e a atual
realidade do hospital, foi definido que seria mais importante focar em informações
qualitativas, como aspectos básicos e fundamentais para as instalações elétricas mínimas
exigidas por normas vigentes.
Para que fosse feito o levantamento das instalações elétricas do hospital, foi utilizado
um modelo de ficha apresentado no Anexo B deste trabalho. Todas as questões abordadas na
ficha tencionam-se a uma análise e subsequente avaliação.
A ficha contém informações referentes à situação do hospital, começando pela
identificação do local e seu enquadramento de acordo com a NBR 13534. Esta parte da ficha
22
engloba perguntas sobre o tipo de ligação, existência de barramentos de terra e equipotencial,
presença de sistemas isolados, pisos semi-condutivos, informação sobre o tipo de proteção
utilizada para o circuito, o número de tomadas e seus tipos e condições, além de observações
sobre a infraestrutura. A ficha também apresenta espaço para identificação dos equipamentos
presentes, estado geral e características do ambiente, como pisos, janelas, tipo de ventilação,
fluxo e espaço para observações.
Nos momentos da pesquisa de campo, foram utilizados registros fotográficos para
melhores investigações do local, visto que nem todas as perguntas conseguiram ser
respondidas no momento das visitas.
2.5
Soluções Propostas
Esta parte não está tencionada a apresentar as propostas de soluções, mas sim a
maneira como se pretende finalizar e quais os melhores métodos para solucionar os problemas
encontrados.
Como o indicativo para avaliação das instalações elétricas, ambiente e equipamentos
médicos se deu principalmente pela ficha preenchida e por registros fotográficos, se torna
possível responder algumas perguntas quanto ao modo correto de instalação, visto que o
observado e registrado em grande maioria não atende as normas vigentes. Foram consideradas
também como quesito essencial para as propostas de soluções a realidade financeira e as
prioridades na estrutura hospitalar. Por consequência, foi essencial determinar soluções
adequadas, emergenciais e que a maioria em curto prazo pudesse ser executada.
Assim, nos próximos capítulos serão abordados mais profundamente conceitos
teóricos, problemas encontrados referentes a cada assunto e propostas de soluções.
23
3
ANÁLISE DE MANUTENÇÃO
3.1
Fundamentação
De acordo com uma interpretação da definição de 1992 da American College of
Clinical Engineering (ACCE), engenheiro clínico é um profissional responsável por apoiar e
avançar na assistência ao paciente, aplicando conceitos de engenharia e gestão para aprimorar
a tecnologia ligada à saúde.
Dentre as atuações da Engenharia Clínica, está à criação de planos de gerenciamento e
supervisão quanto à manutenção dos equipamentos encontrados no âmbito hospitalar
(ACCE).
Segundo a norma brasileira NBR 5462 (1994), manutenção é definida como a
combinação de todas as ações técnicas e administrativas, incluindo as de coordenação,
destinadas a manter ou recolocar um item em um estado no qual possa desempenhar uma
função requerida, podendo ainda incluir uma modificação do item. Ainda, a norma inglesa
BS-3811 (1993) define manutenção como sendo a combinação de qualquer ação para reter ou
restaurar um item, de acordo com um padrão aceitável.
Como mencionado por KARDEC e NASCIF (2001) a manutenção deve auxiliar no
atendimento do programa de produção, de forma a maximizar a confiabilidade e a
disponibilidade dos equipamentos e das instalações, otimizando os recursos disponíveis com a
maior qualidade e segurança. Logo, podemos tratar deste conceito como sendo um conjunto
de cuidados técnicos que são indispensáveis para um correto funcionamento, de maneira
regular, de qualquer item, seja ele um equipamento ou mesmo instalações e infraestruturas, se
tratando, por exemplo, de prevenção, conservação, restauração e substituição (figura 1).
24
Figura 1− Diagrama da Importância da Manutenção.
Fonte: Kardec e Nassif (2001).
3.1.1
Tipos de Manutenção
Dentre os tipos mais comuns de manutenção, podemos mencionar a manutenção
corretiva, seja ela planejada ou não, manutenção preventiva, preditiva, detectiva e engenharia
de manutenção.

Manutenção Corretiva Planejada: é definida como a correção pela atuação de
um acompanhamento do tipo preditivo, ou correção da falha com decisão gerencial, operando
até a quebra. Nesta manutenção, a função da qualidade dos detalhes fornecidos pelo
acompanhamento do equipamento é o que a torna diferente das outras manutenções. A partir
do momento que as implicações das falhas operacionais e de segurança pessoal, em relação a
custos e atrasos no processo de produção, se tornem maiores e prejudiciais, será importante
adotar a manutenção corretiva planejada, mesmo porque algo quando planejado sempre acaba
sendo mais eficaz, barato e de maior qualidade e segurança (KARDEC e NASSIF, 2001).

Manutenção Corretiva não Planejada: é a manutenção operada a fim de corrigir
uma falha aleatória, de caráter emergencial. Essas falhas muitas vezes acarretam em
consequências graves, podendo danificar ainda mais o equipamento, provocando perdas na
produção e na qualidade, impactando custos negativamente (KARDEC e NASSIF, 2001).

Manutenção Preventiva: é a manutenção que atua de forma a diminuir a
probabilidade de falhas ou quedas no desempenho do serviço oferecido. Tem caráter
elaborado e programável, geralmente com datas e cronogramas previstos de acordo com
25
históricos dos equipamentos ou por recomendação dos fabricantes, no intuito de realizar, por
exemplo, ajustes, inspeções sistemáticas, preservação do equipamento, reparo de defeitos. Por
outro lado, a manutenção preventiva tem sua eficácia questionável, pois necessita da retirada
do equipamento ou sistema em execução, envolvendo alto custo na revisão, além da
possibilidade de ser induzida a falhas sobressalentes, contaminação na lubrificação, falhas
humanas e em procedimentos operacionais. Logo, esse tipo de manutenção se torna útil
quando a simplicidade na reposição, os altos custos por falha e a falta de segurança
operacional e pessoal, for grande (KARDEC e NASSIF, 2001).

Manutenção Preditiva: é realizada a partir da alteração de padrões de
funcionamento ou condição, obedecendo a uma metodização. Seu propósito é impedir falhas
nos equipamentos ou sistemas, realizando acompanhamentos de diversos parâmetros, porém
sem a necessidade de interromper a operação da máquina ou sistema. Quando é detectado um
grau de degradação ou o limiar especificado está próximo a ser atingido, é implantada a
decisão de operação, que normalmente parte para a manutenção corretiva planejada
(KARDEC e NASSIF, 2001).
Nesta manutenção, a diminuição de acidentes por falhas relevantes e incidentes por
falhas não previstas, é grande, elevando a segurança pessoal e operacional e de instalação,
evitando gastos relevantes e interferindo o mínimo possível no equipamento.

Manutenção Detectiva: tipo de manutenção realizada em sistemas de proteção
ou comando procurando identificar defeitos ocultos ou não explícitos aos profissionais da
operação. Dessa forma, é feito a verificação no sistema e possível correção, caso precise, sem
precisar tirá-lo de execução (KARDEC e NASSIF, 2001).
Apesar de ser um tipo de manutenção pouco mencionada no Brasil, à medida que se
aumenta o campo de controle e automação, principalmente industrial e predial, maior se torna
a necessidade de assegurar o correto funcionamento dos sistemas.

Engenharia de Manutenção: é um conjunto de atividades que torna aumentada
a confiança e disponibilidade assegurada. Esse tipo de manutenção está intencionado a
oferecer suporte técnico da manutenção destinado a assentar a rotina e introduzir melhorias,
combinando ações de manutenções preditivas e preventivas, principalmente, e de acordo com
a necessidade, através de práticas modernas, utilizando dados adquiridos pela Manutenção
para melhorar continuamente. Portanto, se a manutenção vivenciar em grande parte a
intervenção corretiva, principalmente se tratando da não planejada, certamente neste ambiente
26
não está sendo praticada a implantação da Engenharia de Manutenção (KARDEC e NASSIF,
2001).
Introduzido neste assunto, Karman (1994) considera as principais vantagens e
desvantagens em relação à metodologia de manutenção comparando a mão-de-obra própria
interna ou terceirizada:

Manutenção própria interna: possui vantagem de apresentar disponibilidade de
mão-de-obra contínua e flexível, além da integração entre os trabalhadores do mesmo setor. A
desvantagem nesse caso é que se necessita uma equipe múltipla, ociosidade dos trabalhadores
e eventuais paralisações dos serviços.

Manutenção por terceiros: apresenta a formação de equipes próprias e com
diversas qualificações, tornando-se uma possível solução para quando existem acúmulos de
serviços. Também apresenta maior flexibilidade e transfere a responsabilidade do serviço para
terceiros. Em contrapartida, existe a presença de uma equipe desconhecida dentro de um
ambiente amplo de trabalho, inexistindo um vínculo entre a equipe e à organização.
Ainda segundo Karman (1994), uma opção viável é a manutenção composta por uma
equipe mista, tendo os serviços que são rotineiros atribuídos à equipe própria interna, e
serviços específicos e especializados destinados à equipe terceirizada. Assim, em casos
específicos e de complementação, que exigem muitas vezes tempo maiores de investigação e
de serviço, não interferem demasiadamente na instituição e no setor de manutenção.
3.2
Levantamento de Dados
Durante a coleta de dados, foi constatado que o Hospital não apresenta um setor
responsável por manutenções, e que essas manutenções ocorrem de forma terceirizada e
somente do tipo corretiva, não existindo um controle sobre a frequência em que o
equipamento ou sistema foi reparado, ou seja, quando o equipamento começa a apresentar
falhas ou simplesmente para de funcionar. Durante a observação do ambiente UTI, por
exemplo, foi constatado que em alguns equipamentos havia selos, e esses informavam a data
da última manutenção e ainda a data que deveria ocorrer a próxima manutenção. Praticamente
em todos esses equipamentos, foi observado que a data para a próxima manutenção já estava
fora do prazo (Figuras 2 e 3), demonstrando a falta de um controle eficaz sobre a inspeção do
estado dos equipamentos em si.
27
Figura 2- Selo de Inspeção para a próxima verificação, vencido, do Monitor Cardioversor
Desfibrilador Bifásico.
Fonte: O próprio autor (2016).
Na lavanderia, é necessário garantir a segurança para a qualidade de vida no trabalho.
A situação atual dos maquinários e da infraestrutura indica uma falta de inspeção, manutenção
e monitoramento, afetando os princípios necessários para garantir ao trabalhador a segurança
necessária. Na Figura 4 pode-se notar a presença de corrosão em uma secadora industrial
quebrada, ocupando um espaço que poderia ser utilizado para outros fins.
28
Figura 3- Selo de Inspeção para a próxima verificação, vencido, de um Monitor Multiparamétrico.
Fonte: O próprio autor (2016).
Figura 4- Secadora Industrial quebrada.
Fonte: O próprio autor (2016).
29
Além disso, apoio e manutenção à infraestrutura, como troca de torneiras, lâmpadas,
luminárias, adequação do ambiente para um novo equipamento médico-hospitalar, limpeza de
caixas d’água, ar-condicionado, entre outros, também ocorre de maneira corretiva, que
normalmente é realizada por um único profissional sem formação técnica, como já
mencionado no início do trabalho, colocando em risco a própria vida e a de terceiros, por não
possuir muitas vezes conhecimento destinado à função.
3.3
Soluções Propostas
Perante a inexistência de um setor específico de manutenção e da falta de fiscalização
no controle da manutenção terceirizada, se torna primordial que o hospital tenha um setor de
Engenharia Clínica coordenando um programa de manutenção, com o intuito de minimizar
falhas e economizar tempo desperdiçado com problemas específicos e operacionais que
atingem a produtividade e a qualidade, garantindo a segurança e eficiência do hospital.
A área de Engenharia Clínica é uma implantação diferencial e que agrega valor
significativo à instituição de saúde, além de amparar a administração no gerenciamento dos
serviços de saúde de modo geral. A implantação da Engenharia Clínica comandando um setor
de manutenção tem impacto direto nos resultados relacionados às pessoas que irão usufruir
dos serviços prestados e aos trabalhadores do hospital, aumentando a qualidade da prestação
de serviço e do trabalho e com isso agrega benefícios à organização, que depende do correto
funcionamento dos equipamentos médico-hospitalares, infraestrutura e instalações.
Com a criação do setor de Engenharia Clínica e o programa de manutenção, o
próximo passo é entender e planejar qual tipo de manutenção deve ser aplicada corretamente,
a fim de aperfeiçoar as atividades e conter gastos no hospital. Segundo KARDEC e NASCIF
(2001) “não basta apenas reparar o equipamento ou instalação tão rápido quanto possível”,
mas é preciso, principalmente manter a função do equipamento disponível para a operação,
reduzindo a probabilidade de uma parada de produção não planejada. Ainda, o ideal é ser
implantada a Engenharia de Manutenção, combinando ações de manutenção principalmente
detectivas, preditivas e preventivas, utilizando as corretivas (planejada ou não) como último
caso, e principalmente quando se tratar de caráter emergencial, pois quando combinamos
ações das diversas manutenções, segundo KARMAN (1994) menores serão as ocorrências
emergenciais, os colapsos, tornando o programa com nível de alto desempenho e baixo custo.
30
O diagrama (Figura 5) proposto por KARDEC & NASCIF (2001), também pode ser
apoio para a equipe de manutenção encontrar e adequar qual o melhor tipo de manutenção
para cada situação, levando em conta, por exemplo, o tipo de falha, a idade do equipamento
ou instalação e o monitoramento de condições.
Figura 5- Diagrama de Seleção dos Tipos de Manutenção a Serem Aplicados.
Fonte: KARDEC e NASCIF (2001)
31
4
LAVANDERIA
4.1
Fundamentação
A lavanderia hospitalar é definida segundo Castro e Chequer (2001) como sendo uma
unidade que realiza a prestação de serviços de apoio ao atendimento do paciente, responsável
pelo processamento da roupa, transformando a roupa suja e contaminada em roupa limpa,
sendo sua distribuição em perfeitas condições de higiene e conservação. De acordo com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2004), a lavanderia hospitalar é
considerada como uma área crítica, responsável pelo processamento de roupa e de sua
distribuição dentro de Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, onde existem riscos
aumentados de transmissões de infecções e se realizam procedimentos de risco, com ou sem
paciente.
Até o meio do século XIX, segundo Torres e Lisboa (2001) as roupas dos pacientes na
maioria dos hospitais eram higienizadas num ambiente externo ao hospital, trazendo
problemas como, por exemplo, infecções entre os usuários. Na metade do século XX, algumas
medidas foram tomadas em relação às lavanderias hospitalares, devido ao conhecimento dos
perigos de contaminação hospitalar, tendo um cuidado mais específico, como por exemplo, a
separação de área contaminada, área limpa e rouparia, além de processos de lavagem e
cuidados administrativos. (TORRES e LISBOA, 2001). Essa divisão em áreas ainda
permanece nos dias atual estando presente na área contaminada a coleta, separação da roupa,
pesagem e lavagem; na área limpa a centrifugação, secagem, calandragem e prensagem; e a
área de rouparia realizando a costura, estocagem e distribuição da roupa (ANVISA, 2004).
Entretanto, muitos hospitais ainda tratam a lavanderia hospitalar como sendo um setor
de segundo plano, mas a verdade é que ela possui grande importância dentro do complexo
hospitalar, pois segundo Bartolomeu (1998) seu correto funcionamento demonstra a real
eficiência em que o ambiente se encontra, se tratando principalmente do controle de
infecções, segurança do paciente, conforto e recuperação mais rápida. Além disso, se tomada
como assunto principal, pode reduzir custos operacionais, tempo, material e maior segurança
aos que participam e desfrutam do serviço. Ainda, Mezzomo (1984), evidencia que a falta de
atenção relacionada ao setor pode prover da carência de profissionais com formação
específica na área, ou ainda, por indiferença da administração hospitalar.
32
Relacionado a esse assunto, a Divisão Nacional de Organizações de Serviços de Saúde
(DNOSS) do Ministério da Saúde (1986), publicou o Manual de Lavanderia Hospitalar que
visa orientar o processo de organização do serviço de saúde, tendo como principal objetivo
uma maior eficácia e eficiência e será base de sustentação das ideias desse capítulo.
4.2
Levantamento de Dados
Através de observações diretas realizadas dentro da lavanderia do hospital estudado,
foi possível coletar e registrar em imagens, as informações que serão apresentadas na
sequência.
O setor possui uma jornada de trabalho diária de 12 horas, funcionando de segunda a
sexta-feira das 6 horas da manhã até às 6 horas da tarde, aos sábados das 6 horas da manhã até
meio dia e no domingo o setor não funciona. Atualmente, somente 3 funcionárias trabalham
no local cumprindo em torno de cinco ciclos totais de processo (incluindo as etapas de roupa
contaminada e limpa) ao dia. O setor está ligado ao hospital, localizado atrás do pavimento
térreo central, junto à área de serviços gerais, tendo como conexão um corredor de concreto,
disposto verticalmente, estando ao ar livre, utilizado para o transporte das roupas
contaminadas e limpas, através dos carros de transporte. A lavanderia contém uma área
contaminada e uma área limpa, sendo estas divididas apenas por uma parede de concreto,
além de um banheiro e uma sala de costura. Além disso, as salas possuem piso tanto no chão
(já degradados e de cor marrom) e até o meio da parede (cor azul claro). Também são dotadas
de luminárias que utilizam lâmpadas fluorescentes tubulares, mas que em sua grande parte
ficam desligadas.
De acordo com o Ministério da Saúde (1986), as condições climáticas interferem
totalmente na lavanderia hospitalar, sendo o sentido da circulação da roupa (horizontal e
vertical), a distância percorrida e os fatores encontrados nesse percurso (ruídos, vibrações,
odores, calor, risco de contaminação, localização das caldeiras, direção dos ventos e
orientação solar) de extrema importância para a reestruturação do projeto arquitetônico do
setor. Como o hospital é de pequeno porte, os corredores não são muito extensos e os
principais locais aonde existem a presença de roupas são de fácil acesso a passagem principal
que liga os serviços gerais. Os ruídos e vibrações presentes no ambiente são provenientes dos
processos das máquinas. A maioria delas, como são velhas e apresentam muito desgastes
33
físicos, emitem sons além do habitual. Também contribuem o som emitido pelo ventilador
que foi improvisado na parede, e os sons do ambiente natural presentes no local.
Em se tratando de características climáticas, a cidade apresenta clima tropical de
altitude. No verão, apesar das salas possuírem portas de entrada relativamente grande, não há
circulação de ar no ambiente. O piso perto da centrífuga e das lavadoras (na área
contaminada) é totalmente molhado, e perto da secadora o calor se torna insuportável, pois a
máquina retira o ar quente saturado do interior do cesto espalhando para o ambiente. A sala
limpa apresenta apenas um ventilador improvisado (figura 6) que foi justamente instalado por
conta dos funcionários não suportarem o calor.
Figura 6- Ventilação artificial do ambiente.
Fonte: O próprio autor (2016).
Existem duas janelas grandes na área limpa, dispostas de frente para a porta de
abertura (figura 7), mas mesmo aberta elas não conseguem ajudar na circulação de ar.
34
Figura 7- Janelas da área limpa.
Fonte: O próprio autor (2016).
Na sala contaminada, o único meio de passagem de ar é pela porta principal, duas
janelas ao lado da porta (que permanecem fechadas) e uma janela na subdivisão da sala.
A face do prédio mais exposta ao sol corresponde ao lado da entrada de todas as portas
dos serviços gerais, permanecendo mais aquecida e atraindo o ar dos ambientes mais frios.
Em relação às etapas de processamento de roupas, seguem da seguinte forma: alguns
funcionários realizam a coleta das roupas nas dependências do hospital, em horários préestabelecidos, usando EPIs específicos e em carros de transporte apropriados. As roupas
coletadas são conduzidas para a área contaminada onde ocorre a separação, divididas em
processos lentos (roupa contaminada por sangue e as provenientes de pacientes com doenças
transmissíveis) e processo rápido (poeira e suor, por exemplo). Após isso, as roupas separadas
são levadas para a máquina lavadora principal e as demais ficam armazenadas em um balcão
esperando que o processo termine. Com as roupas já lavadas, essas vão manualmente para a
centrífuga que retira o excesso da água, e depois à secadora para haver uma completa
secagem. Em seguida, são levadas à calandra e posteriormente dobradas e armazenadas em
prateleiras para futura distribuição nos pontos de rouparias do hospital. Quando as roupas
35
estão em procedimento de dobra, é verificado se o tecido necessita de algum reparo, e caso
precise, a roupa é levada à sala de costura. Também, se apresentar algum tipo de sujeira, a
roupa volta ao processo inicial de lavagem.
Figura 8- Janela da área contaminada.
Fonte: O próprio autor (2016).
4.2.1
Área Contaminada e Limpa
A área contaminada possui cerca de 3m², porta de abertura confeccionada em madeira,
e uma subdivisão de sala feita por um portão corrediço de vidro, que divide a área de
separação da roupa e pesagem, da área de lavagem. Na primeira parte da sala, existe a
presença de um balcão de granito forrado de sacos plásticos vermelhos, sendo utilizado para a
separação e armazenamento temporário das roupas contaminadas; um lavábulo para
higienização dos trabalhadores; uma balança convencional utilizada para a pesagem das
roupas separadas; e uma fervedeira quebrada a mais de 20 anos, que continua estocada no
local. Nesta sala, ainda existem duas janelas de vidro destinada à circulação de ar.
36
Na segunda parte da sala, após o portão de vidro, existe uma lavadora industrial de
desinfecção composta de barreira, que tem acesso a área limpa, sendo esta a principal
lavadora, e em posição oposta a ela encontra-se outra lavadora de desinfecção, mas sem
barreira, utilizada quando há acúmulo de roupas, porém, essa é evitada por necessitar de
trabalho manual para retirar a roupa do cesto e levar até a centrífuga que se encontra na área
limpa, podendo causar contaminação do que já estava higienizado. Além disso, há dois
sistemas de dosagem eletrônica que controlam os produtos de lavagem distribuídos em
recipientes encostados em uma das paredes, sendo que um deles está em desuso devido à
troca de sistema e a falta da retirada do anterior, e o outro possui ligação para as duas
lavadoras. Dois automatizadores eletrônicos também estão no local, controlando os processos
das lavadoras e as fases do ciclo de lavagem, além da temperatura e do nível da água.
A área limpa é uma sala com aproximadamente 5m² e também apresenta porta de
abertura confeccionada em madeira. Existem janelas para a circulação de ar, mas uma delas
não é aproveitada devido a presença da secadora instalada na frente dela. Nessa área, os
equipamentos presentes são: barreira de passagem da roupa já limpa instalada na parede que
divide as áreas; uma centrífuga disposta perto da barreira; uma calandra no meio da sala; e
uma secadora posicionada ao lado da porta de entrada. Além disso, outra secadora está
quebrada e estocada em um dos cantos da sala, ocupando certo espaço, devido a sua
dimensão. O local também possui duas mesas em madeira. Uma ao lado da centrífuga e a
outra em frente a calandra no centro da sala, ambas servindo de apoio às dobras manuais dos
tecidos. Encontra-se no local algumas prateleiras de aço-inox que armazenam as roupas já
lavadas, passadas e dobradas. O espaço também apresenta um banheiro com lavábulo e vaso
sanitário, um armário para armazenamento de materiais específicos de costura e documentos,
e um telefone.
4.2.2
Equipamentos
A lavanderia hospitalar impõe a instalação de equipamentos e utilização de diversos
materiais. Fatores como a instalação, manutenção e conservação do equipamento são cruciais
para o correto funcionamento e sua eficiência. Diante disso, serão citadas abaixo as
observações feitas referentes aos maquinários encontrados no local, no que diz respeito às
funções e a situação atual física e de funcionamento.
37

Lavadoras: Ambas as lavadoras estão presentes no local a mais de 20 anos,
possuindo capacidade de 30 kg cada e tempo de operação de 40 minutos para processos lentos
e 20 minutos para processos rápidos. Possui formato cilíndrico externo com uma porta
corrediça (duas no caso da que apresenta barreira, sendo a outra uma de entrada e a outra de
saída), batedeiras em aço inoxidável sem arestas e sistema de segurança junto à porta externa
que não permite a partida do motor com a porta aberta e interrompe o funcionamento da
mesma, no momento em que se abre. Apresenta freio manual e um sistema de tração
composto por motor e transmissão através de correias em “V” e polias de ferro fundido, com
reversão automática do sentido de rotação por inversão de fases elétricas. A figura 9 mostra a
situação atual do equipamento, estando ela externamente totalmente em estado de corrosão,
porém, o cesto interno não apresenta nenhum desgaste, sendo ele confeccionado em aço
inoxidável, resistindo assim aos processos químicos da lavagem, como mostrado na figura 10.
As lavadoras têm ainda um sistema eletrônico de automação responsável pelo nível de entrada
da água, temperatura, controle do processo lento (para roupas contaminadas por sangue,
vômito e fezes, por exemplo) e rápido.
Figura 9- Lavadora com barreira.
Fonte: O próprio autor (2016).
38
Figura 10- Lavadora sem barreira.
Fonte: O próprio autor (2016).

Calandra: É um equipamento que se destina a secar e alisar ao mesmo tempo.
A roupa é passada sob pressão entre a calha aquecida e o cilindro girando, e assim, seca e
desenruga. A que se encontra no ambiente é constituída de dois rolos revestidos, que giram
dentro de calhas fixas de ferro, aquecidas por eletricidade. É provida de uma chave fim
decurso que desliga a máquina, evitando acidentes com as mãos do operador, entre os rolos,
além dos botões manuais de liga e desliga. Opera com até 40 kg de roupa seca e é sempre
desligada após o ciclo de funcionamento. Apesar se ser um equipamento antigo, que foi
adquirido juntamente com as lavadoras e a centrífuga, ela se encontra em boa conservação
física.

Centrífuga: Constituída de dois cilindros, um fixo externo e um giratório
interno perfurado, ela trabalha de forma manual, tendo um frio a pedal em formas de cinta que
abraça totalmente a polia central, garantindo uma frenagem suave. A centrífuga encontrada na
área limpa (figura 11) possui capacidade para 15 kg de roupa seca a cada ciclo, operando
durante 15 minutos, e foi instalada na mesma época em que as lavadoras, apresentando
também em sua estrutura física externa processo de corrosão, porém, seu corpo interno foi
feito em aço inoxidável, estando em condições adequadas de funcionamento nesse quesito.
39
Figura 11- Centrífuga.
Fonte: O próprio autor (2016).

Secadora: Como já mencionado, existem duas secadoras na área limpa,
uma quebrada e a outra em estado ativo. A unidade em funcionamento foi adquirida em 2014,
possui dois cilindros, sendo um interno, giratório, que movimenta a roupa pela rotação e
presença de pás, e outro externo fixo. É um equipamento que está em perfeitas condições
físicas (figura 12), não existindo a presença de ferrugem, pois segundo o manual do
fabricante, o corpo externo da máquina é feito em aço com tratamento antiferruginoso e
isolação térmica. Além disso, possui sistema de travamento que permite sua abertura somente
quando o cesto não estiver em movimento. Um detalhe observado é que o exaustor da
máquina, que tem como função retirar o ar quente saturado do interior do cesto, fica em frente
a uma janela e ao lado da porta principal, porém, a janela se encontra constantemente fechada,
e por mais que a porta esteja sempre aberta, a sensação de calor neste local é demasiada.
Outro aspecto observado é que para ser instalada, a máquina precisou de apoio improvisado
com pedaços de madeira para evitar vibrações.
40
Figura 12- Máquina Secadora.
Fonte: O próprio autor (2016).
4.3
Soluções Propostas
A partir das descrições feitas até o presente momento neste capítulo, serão descritas
sucintamente as principais mudanças para a reestruturação de uma lavanderia hospitalar
moderna e eficiente, implantando medidas e citando requisitos dispostos em normas, para a
operação correta tanto dos equipamentos como do setor, em geral.
Ao se projetar arquitetonicamente uma lavanderia hospitalar, deve-se primeiramente
planejar e levar em conta fatores como as funções que serão executadas no ambiente e sua
complexidade, além do real fluxo, peso e quantidade de roupa a ser processada. Esses fatores
são essenciais para determinar a capacidade e dimensão da lavanderia, os melhores
equipamentos, a devida instalação e os recursos humanos acessíveis e cabíveis.
Com o intuito de determinar o peso preciso da roupa que chega e sai da lavanderia
hospitalar é necessário conhecer o número total de leitos do hospital e sua taxa de ocupação.
Para o hospital em estudo, que abrange pronto-socorro, obstetrícia, pediatria, tendo uma
rotatividade maior, a troca diária de roupa dos leitos é equivalente a 6 kg/leito/dia. Além
disso, a jornada de trabalho semanal também deve ser levada em conta, pois dias não
trabalhados acarretam em cargas de roupa acumuladas que podem danificar os equipamentos
por sobrecarga quando estes voltarem a operar no reinicio da jornada. O ideal seria existir um
41
constante trabalho na lavanderia, tornando as instalações compatíveis com a real produção
calculada. Porém, como no estabelecimento de saúde em estudo existe a interrupção da
jornada, a partir do sábado à tarde, voltando em operação somente na segunda-feira, esses dias
devem ser analisados, tendo em cerca uma redução de 20% na jornada de trabalho,
considerando uma quebra da eficiência do servidor por interrupções inevitáveis
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1986).
Para o cálculo do peso da produção horária por dia, recorre-se a seguinte equação 1:
Nos cálculos, normalmente é utilizado uma jornada de trabalho padrão de 8 horas
diárias. É significativo tomar como base a jornada de trabalho, pois ao se diminuir ou
aumentar esta, os impactos refletem sobre a mensuração da área e do número de
equipamentos. Como a jornada de trabalho do setor estudado é de 12 horas diárias, a produção
horária por dia é de 62,5 kg/h levando em conta que o hospital apresenta 100 leitos. Esse valor
mostra que a lavanderia pode operar com menos números de equipamentos do que um
hospital que funciona 8 horas diárias, conseguindo suprir as necessidades do hospital.
Outros fatores como: o tipo e a qualidade do tecido utilizado na fabricação das roupas;
equipamentos que vão pertencer ao ambiente e sua devida distribuição; técnicas de instalação;
técnicas de processamento; condições climáticas em que o ambiente se encontra; tipo de
iluminação; materiais utilizados na construção do setor; e a equipe que irá trabalhar no local
são de extrema importância no planejamento de uma eficiente lavanderia. Para uma melhor
operação e organização do ambiente, um corpo administrativo adequado deve estar
administrando o local. Também, treinamentos eficientes ao serviço prestado são levados em
conta. O uso inapropriado de peças de roupas, para outras funções, por exemplo, faz com que
o tecido se deteriore mais rápido, trazendo vários prejuízos, que podem ser evitados com uma
simples capacitação. Esse conjunto de fatores são essenciais para um completo e correto
equilíbrio do local.
No contexto geral do hospital, no que se refere à sua organização físico-espacial, a
lavanderia deverá estar conectada ao prédio do hospital pelo corredor já existente, mas este
deve ser fechado e com cobertura para evitar contaminação da roupa limpa. As caldeiras
42
também devem ser instaladas próximas à lavanderia por ser esta o maior centro consumidor
de vapor.
Em relação à circulação de ar artificial, o ideal seria a instauração de ventiladores de
teto, para prover melhor circulação do ar, e proporcionar maior sensação de bem-estar no
ambiente. As janelas devem ser melhor dispostas e aproveitadas. O ideal é que todas passem
por manutenção e limpeza constantemente, e fiquem totalmente abertas durante a jornada de
trabalho, melhorando a circulação de ar natural, e semifechadas fora do expediente para que
entre ar nas salas e ao mesmo tempo não molhe, caso chova. A ventilação no ambiente deve
assegurar um local de trabalho adequado, sendo que o ar deve fluir sempre do lado limpo para
o lado sujo, aumentando a efetividade do pessoal e evitando a disseminação de
microorganismos.
É adequado a existência de sistemas de exaustão mecânica na lavanderia, tanto na área
limpa quanto na área contaminada, para retirar o ar contaminado do ambiente e introduzir ar
filtrado, assegurando um ambiente saudável aos funcionários. Esses sistemas devem ser
independentes um do outro.
Deve ser previsto coifa com exaustor sobre as calandras, para se captar calor e
umidade diretamente nos locais de origem, com altura máxima de 60 cm acima das mesmas,
além de outros exaustores perto das lavadoras, secadoras e prensas, pelo mesmo motivo, isso
quando o equipamento já não possuir seu próprio sistema de exaustão.
Alguns fatores arquitetônicos e tipos de materiais utilizados na construção também
fazem diferença no aproveito da orientação solar, direção dos ventos, iluminação, conforto e
segurança dos trabalhadores. Os revestimentos hospitalares podem ser especificados
livremente, de acordo com o projetista, porém deve ser levada em conta uma correta
especificação para o ambiente em que será utilizado. Na lavanderia hospitalar, de acordo com
a RDC nº 50 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2002), os materiais
adequados para revestimentos de pisos, paredes e tetos em ambientes críticos e semicríticos,
devem ser resistentes a lavagem. Os pisos devem ser lisos, sem a presença de desenhos ou
ranhuras que dificultem a limpeza, resistentes à água, grande resistência a escorregamento e
possuir queda ideal em direção às caneletas para evitar o acúmulo de água no local. As tintas
devem ser resistentes às lavagens e produtos químicos, e destinadas às áreas molhadas, como
por exemplo, tintas a base de PVC ou epóxi. Um rejunte adequado também deve ser altamente
absorvente. Segundo BICALHO e BARCELLOS (2002), o rejunte mais adequado é o que
43
contém em sua composição epóxi, tornando a superfície impermeável. As portas devem
possuir visores e se possível existir um visor de vidro entre a área contaminada e limpa para a
visualização entre as áreas e melhor iluminação do ambiente. Todo o ambiente deve ser de cor
clara para emitir melhor a iluminação e higiene e o teto ainda deve ter tratamento acústico.
Os ralos e grelhas que cobrem as caneletas das lavadoras e centrífugas devem ser
colocados sem que exista o risco de acidentes dos trabalhadores ou dificuldades de passagem
dos carros de transporte. Nas lavadoras, no lado da área limpa, deve existir uma caneleta
recoberta de piso para o escoamento da água, e caixa na saída das manilhas e caneletas, com
grades, para segurar as felpas que vão junto com a água.
44
5
UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
5.1
Fundamentos
As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) surgiram para o atendimento a pacientes em
estado crítico, mas tidos ainda como recuperáveis, e da necessidade de observação constante,
assistência médica e de enfermagem contínua em um núcleo especializado. É um local que
necessita cada vez mais de equipamentos tecnológicos e muitas vezes de ordem específica,
pois oferta atendimento direcionado especialmente a pacientes que necessitam de maior
atenção e que requer o máximo de cuidado e monitoramento (NASCIMENTO; CAETANO,
2003).
O cuidado oferecido a esses pacientes deve estar fundamentado não só no
aperfeiçoamento da tecnologia. Hoje, entende-se que a tecnologia deve ser utilizada de forma
dinâmica, eficiente e ao mesmo tempo humana, com o intuito de aumentar a qualidade de vida
(CAETANO ET AL., 2007).
Dentre as normas técnicas para construção, a UTI apresenta uma área física exclusiva,
o que possibilita que a pessoa internada observe e sinta o que ocorre ao seu redor. Com a
presença de equipamentos, o trabalho contínuo da equipe, barulhos constantes e invariáveis,
iluminação e aeração artificial inalterado, exclusão de janelas para visualização do meio
externo, entre outros, ajudam a alterar o lado emotivo dos pacientes e profissionais envolvidos
no ambiente (NASCIMENTO, 2003).
5.1.1 Teoria da UTI
Em 1854 durante a Guerra da Criméia, ao reunir as pessoas afetadas gravemente em
um mesmo ambiente, com o intuito de minimizar os riscos de infecção hospitalar e visando
ainda tornar o tratamento mais eficiente, dispondo de assistência médica e enfermagem
contínua, a enfermeira Florence Nightingale idealizou o que é chamado hoje de UTI.
(BARBOSA, 2009)
45
Instituída em torno de 1926 nos Estados Unidos e concebido no Brasil na década de
70, a UTI exerce atualmente, função decisiva na chance de sobrevida de pacientes
intensamente doentes, sejam por trauma ou ameaças vitais (PEREIRA ET AL., 1999).
Junto ao progresso tecnológico visto nas décadas seguintes surgem então as UTIs com
equipamentos sofisticados apropriados ao monitoramento constante dos pacientes, sendo que
atualmente é o setor hospitalar que possui tecnologia avançada e pessoal competente para o
atendimento de pacientes agravados.
Por ser um espaço que apresenta recursos tecnológicos complexos, as UTIs carecem
de equipe profissional qualificada e treinada para proceder a partir de qualquer necessidade.
Além de possuir conhecimentos técnicos e científicos, os profissionais que trabalham
diretamente na UTI devem dominar habilidades técnicas e lidar com situações que envolvam
a humanização, atendendo as famílias das pessoas hospitalizadas (MOLINA et al., 2007).
A unidade de Terapia Intensiva (UTI) é definida segundo a RDC N° 7 da ANVISA
(2010) como uma área crítica que se destina à internação de pacientes graves ou de riscos que
necessitam de acompanhamento profissional ininterrupto, materiais especiais e equipamentos
tecnológicos para fins de diagnósticos, monitoramento e tratamento.
5.1.2
Legislação
A resolução- RDC Nº 7, de 24 de Fevereiro de 2010, dispõe sobre as exigências
mínimas para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras medidas a serem
tomadas, tendendo a reduzir riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente.
Segundo o art. 5 a UTI deve atender alguns critérios como estar a posto em um
hospital registrado junto ao órgão de Vigilância Sanitária Municipal ou Estadual. Esse
registro se dá mediante a emissão de renovação do alvará de licenciamento sanitário, salvo
algumas exceções que são previstas nas leis. O artigo 6º ainda menciona que no hospital
deverá estar cadastrada e manter atualizada as informações referentes a esta Unidade no
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).
O artigo 7º especifica que a direção do hospital deverá certificar o fornecimento de
recursos humanos e materiais que se fazem necessário para o correto funcionamento da
unidade e à continuidade da atenção, de acordo com a RDC, garantindo segurança e proteção
a todos os envolvidos no local. No artigo 8º é citado que a unidade deverá dispor de registro
46
das normas institucionais e das rotinas de procedimentos assistenciais e administrativos
realizados na unidade. Por fim, o artigo 9º especifica que o hospital deverá dispor de registro
das normas institucionais e das rotinas relacionadas à biossegurança.
5.1.3
Classificação das UTIs
As UTIs são classificadas de acordo ainda com a RDC em faixa etária e especialidade.
São divididas principalmente em cinco categorias:

Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): destinada à assistência de
pacientes com idade de 0 a 28 dias.

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): destinada à assistência de
pacientes com idade de 29 dias até 14 anos, sendo em algumas instituições a admissão até os
18 anos.

Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm): destinada à
assistência a pacientes recém-nascidos e pediátricos numa mesma sala.

Unidade de Terapia Intensiva Especializada: destinada à assistência de
pacientes selecionados por tipos de doença ou intervenção como, por exemplo, neurológicos,
cirúrgicos e cardiopatas.

Unidade de Terapia Intensiva Adulta (UTI-A): destinada à assistência de
pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos,
se definido nas normas da instituição.
5.1.4
Requisitos Mínimos
5.1.4.1 Infraestrutura
A RDC/ANVISA Nº 50 de 21 de Fevereiro de 2002, fornece requisitos mínimos
quanto à infraestrutura de EAS, contribuindo para a privacidade do paciente sem interferir na
monitorização. Além disso, ela é sustentada por outras normas especificas da ABNT, que
enriquecem o projeto.
Para princípios arquitetônicos envolvendo ruído, as normas que deverão ser
consideradas são NBR 10152 (Níveis de Ruído para Conforto Acústico- 1992) e NBR 12179
47
(Tratamento Acústico em Recintos Fechados- 1992). Essas normas regem o controle acústico
nos ambientes, produzidos externamente, agindo no sentido de isolar o indivíduo da fonte de
ruído, através de limites impostos.
Quanto ao conforto luminoso a partir de fonte artificial, as normas a serem seguidas
são NBR ISO CIE 8995-1 (2013).
Quanto aos requisitos de limpeza e sanitização de pisos, paredes, tetos, pias e
bancadas, devem ser seguidas as normas que estão presentes no manual de Processamento de
Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde 2ª edição, Ministério da Saúde/
Coordenação de Controle de Infeccção Hospitalar. Brasília- DF, 1994, que aborda vários
aspectos visando as condições para cada ambiente distinto.
Na UTI se faz necessário o condicionamento de ar destinado à assepsia e conforto dos
pacientes e envolvidos no local. A norma NBR-7256 aborda os requisitos para o projeto e
execução dessas instalações, levando em conta a presença de ruídos, vibração, localizações,
pontos de tomadas, entre outros.
Para as soluções propostas serão analisadas todas as normas citadas acima, com o
intuito de adequar os setores estudados às normas vigentes, proporcionando maior segurança,
conforto e qualidade para a instituição e pessoas envolvidas no ambiente.
5.1.4.2 Equipamentos Eletromédicos e Materiais
A RDC nº 7 apresenta algumas especificações quanto aos recursos materiais mínimos
que devem existir numa UTI básica, sendo que estes deverão estar presentes de acordo com o
tipo de atendimento e serviços oferecidos em torno da sua demanda. A presença de materiais
e equipamentos utilizados dentro do local seja ele de caráter nacional ou importado deve estar
autorizado pela ANVISA e possuir cópias escritas do manual do fabricante em língua
portuguesa. É importante que seja preservada a integridade desses materiais e equipamentos,
bem como estarem limpos e prontamente disponíveis para o uso. Também, devem ser
realizadas manutenções nos equipamentos tanto em uso como os de reserva de acordo com a
periodicidade determinada pelo fabricante ou pela equipe de manutenção da instituição.
Visto que a Instituição em estudo apresenta apenas UTI do tipo adulto, os requisitos
mínimos específicos segundo a RDC nº 7 são:
48
a)
Para cada unidade

Materiais para punção lombar;

Materiais para drenagem liquórica em sistema fechado;

Oftalmoscópio;

Otoscópio;

Negatoscópio;

Máscara facial que permite diferentes concentrações de Oxigênio: sendo uma
para cada dois leitos;

Materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado;

Aspirador a vácuo portátil;

Equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/cânula endotraqueal

Ventilômetro portátil;

Capnógrafo: um para cada dez leitos;

Ventilador pulmonar mecânico microprocessado: um para cada dois leitos, com
reserva;

Operacional de um equipamento para cada cinco leitos, devendo dispor, cada
equipamento de, no mínimo, dois circuitos completos,

Equipamento para ventilação pulmonar mecânica não invasiva: um para cada
dez leitos, quando o ventilador pulmonar mecânico microprocessado não possuir recursos
para realizar a modalidade de ventilação não invasiva;

Materiais de interface facial para ventilação pulmonar não invasiva sendo um
conjunto para cada cinco leitos;

Materiais para drenagem torácica em sistema fechado;

Materiais para traqueostomia;

Foco cirúrgico portátil;

Materiais para acesso venoso profundo;

Materiais para flebotomia;

Materiais para monitorização de pressão venosa central;

Materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva: sendo
um equipamento para cada cinco leitos, com reserva operacional de um equipamento para
cada dez leitos;

Materiais para punção pericárdica;
49

Monitor de débito cardíaco;

Eletrocardiógrafo portátil: sendo um equipamento para cada dez leitos;

Kit contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências:
sendo um para cada cinco leitos ou fração e devem conter, no mínimo: ressuscitador manual
com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, tubos/cânulas, endotraqueais, fixadores
de tubo endotraqueal, cânulas de Guedel e fio guia estéril.

Equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria: sendo um para cada
cinco leitos;

Marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador: sendo um equipamento
para cada dez leitos;

Equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar,
sendo um para cada cinco leitos;

Materiais para curativos;

Materiais para cateterismo vesical de demora em sistema fechado;

Dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente;

Poltrona com revestimento impermeável, destinada à assistência aos pacientes,
sendo uma para cada 05 leitos ou fração.

Maca para transporte, com grades laterais, suporte para soluções parenterais e
suporte para cilindro de oxigênio: sendo uma para cada dez leitos ou fração;

Equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros
(oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; cardioscopia; frequência respiratória)
específico(s) para transporte, com bateria, sendo um para cada dez leitos ou fração;

Ventilador mecânico específico para transporte, com bateria: sendo um para
cada dez leitos ou fração;

Kit para acompanhar o transporte de pacientes graves, contendo medicamentos
e materiais para atendimento às emergências: um para cada dez leitos ou fração;

Cilindro transportável de oxigênio;

Relógios e calendários posicionados de forma a permitir visualização em todos
os leitos.

Refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para
guarda de medicamentos, com monitorização e registro de temperatura.
50
Outros equipamentos ou materiais podem substituir os listados neste regulamento
técnico, desde que tenham comprovada sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam
regularizados pela ANVISA.
b)
Para cada leito

Cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios;

Equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável, com
reservatório e máscara facial sendo um por leito, com reserva operacional de um para cada
dois leitos;

Estetoscópio;

Conjunto para nebulização;

Quatro equipamentos para infusão contínua e controlada, com reserva
operacional de 01 um equipamento para cada três leitos:


Fita métrica;
Equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de:
frequência respiratória, oximetria de pulso, frequência cardíaca, cardioscopia, temperatura e
pressão arterial não-invasiva.
5.2
Levantamento de Dados
De acordo com a Portaria GM/MS n° 3432 de 12 de Agosto de 1998, a UTI do
Hospital em estudo, é classificada no artigo 2° como tipo I, pois é uma unidade cadastrada
pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, a Unidade está em processo de adequação à
legislação vigente, continuando em funcionamento e em análise a possibilidade dos
respectivos leitos se tornarem leitos semi-intensivos.
A Unidade em estudo é destinada à terapia intensiva de adultos (UTI-A), que segundo
a ANVISA, atende pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, podendo admitir idades
de 15 a 17 anos, se definido nas normas da instituição e possui apenas cinco leitos, número
mínimo que a norma exige para que uma UTI funcione.
O setor possui uma jornada de trabalho ininterrupta, ou seja, qualquer paciente que
necessite dos cuidados oferecidos no local, caso exista vaga, será encaminhado, sendo
51
necessário, que o ambiente esteja preparado para qualquer circunstância emergencial. A
equipe que trabalha no setor é diversificada, referindo-se a pelo menos um médico diarista e
um plantonista, enfermeiras assistenciais, fisioterapeutas, técnicos de enfermagem e auxiliares
de limpeza.
O setor é ligado ao hospital por um dos corredores principais, envolto de quartos,
almoxarifado, estoque, farmácia e próximo ao centro cirúrgico. Apresenta um hall com
dimensões aproximadas de 1,5 m x 1,1 m, uma sala de quartos coletivos (aproximadamente 2
m x 4 m) e um banheiro (aproximadamente 2 m x 0,5 m). No hall estão armazenados alguns
documentos, e materiais de reparo físico e reserva, como lâmpadas e alguns materiais de
limpeza. A sala de quartos coletivos apresenta cinco leitos, que são separados apenas por
cortinas e estão distribuídos horizontalmente pelo quarto, como apresentado na figura 13. A
porta de abertura da sala é corrediça em estrutura de vidro e fechadura de alumínio, com
dimensão de aproximadamente (2,10 m x 0,8 m).
As paredes são de alvenaria, revestida em tinta látex branco, porém foi observado
muito desgaste, partes sem tinta e sujeira, podendo ser constatado através da figura 14. O chão
tem revestimento cerâmico esmaltado de coloração azul azulada e também apresenta
rachaduras e em alguns pontos da sala também se encontra quebrado (figura 15).
Figura 13- Sala de quarto coletivo da UTI.
Fonte: O próprio autor (2016).
52
Figura 14- (a) Parede da sala de quartos coletivos; (b) Rachadura no piso da sala de quartos coletivos.
Fonte: O próprio autor (2016).
A sala e o hall apresentam luminárias que utilizam lâmpadas fluorescentes tubulares
de 16W e 32W e o banheiro utiliza lâmpada incandescente de 60W.
Tanto a sala, hall como banheiro apresentam tomadas do tipo 2P. Porém, como a
maioria dos equipamentos obedecem a nova norma de padrão de tomadas utilizando o sistema
2P+T, foram improvisadas filtro de linhas, extensões e adaptadores pela sala para que
equipamentos pudessem operar. Há presença também de fiação exposta (figura 15).
Figura 15- Fiação Exposta.
Fonte: O próprio autor (2016).
53
A ventilação artificial é feita por um condicionador (figura 16) de ar do tipo Split de
24000 BTU para função de resfriamento e aquecimento. Existem duas janelas grandes de
vidro, sendo o único meio para a iluminação e ventilação natural, mas que raramente são
abertas tendo presente um toldo do lado de fora a fim de barrar a incidência da luz (figura 17).
Figura 16- Condicionador de Ar da sala de quartos.
Fonte: O próprio autor (2016).
Figura 17- Janela padrão da sala de UTI.
Fonte: O próprio autor (2016).
54
Existe ainda no mesmo ambiente uma mesa de escritório, um computador, um
telefone, uma estante, um quadro de avisos, uma televisão e papéis anexados na parede
referentes à informações, procedimentos e telefones úteis, sendo esta área destinada à
prescrição médica.
Figura 18- Mesa para prescrição médica.
Fonte: O próprio autor (2016).
A Figura 19 mostra que banheiro da UTI tem uma única porta de abertura voltada para
o lado de dentro da sala de quartos.
Figura 19- Banheiro da UTI.
Fonte: O próprio autor (2016).
55
A porta é confeccionada em madeira, com dimensões de (2,10 m x 0,7 m) e revestida
em tinta acrílica branca, porém nas condições atuais apresenta ranhuras e desgaste da pintura.
A fechadura da porta é do tipo maçaneta e confeccionada em alumínio. Ele dispõe de um
lavábulo, um chuveiro, prateleira para armazenar materiais de limpeza, uma cadeira de rodas,
uma mesa em alumínio, lixeira e portas- higienização.
O ambiente como um todo tem aspecto frio, monótono e apresenta muita desordem
quanto a distribuição dos equipamentos no espaço.
Cada leito é equipado com os itens listados abaixo, conforme figura 20:

01 cama (1,90 m x 0,8 m x 0,7 m) com leito esmaltado em chapa de aço lisa,
rodízios de 2 polegadas, sendo 2 com freios, possuindo capacidade máxima de 110 kg;

01 monitor multiparamétrico com funções que possui um módulo de medida de
parâmetros, braçadeira de pressão arterial, cabos de ECG e sensores de SpO2. Nele é
apresentado a frequência cardíaca (FC), curvas de ECG, análise de arritmias, análise do
segmento ST, frequência respiratória, curva de respiração, oximetria de pulso (SpO2),
pulsação (FP), pletismograma de SpO2, pressão sistólica (PS), pressão diastólicas (PD),
pressão Média (PM) e temperatura corporal;

01 bomba de infusão com sistema de propulsão peristáltico linear;

01 estação de anestesia com fluxômetros medicinais de O2 e N2o, servomático
de fluxo e pressão para mistura dos gases, manômetros e válvulas reguladoras de pressão,
ventilador pneumático (volumétrico/pressométrico) e vaporizador.
Figura 20- Leito equipado da UTI.
Fonte: O próprio autor (2016).
56
Além dos equipamentos eletromédicos que compõem cada leito, existem
equipamentos específicos do setor, mas que estão presentes em cada leito. Os principais e que
ficam visíveis e de fácil acesso ao setor são (figura 21):

Desfibrilador Externo Automático Portátil (DEA)

Eletrocardiógrafo (ECG)

Monitor Cardioversor Desfibrilador Bifásico
Figura 21- Desfibrilador Externo; (b) ECG. (c) Monitor Cardioversor.
(a)
(b)
(c)
Fonte: O próprio autor (2016).
5.3
Soluções Propostas
Para a implantação de medidas e requisitos dispostos nas normas, será necessário
investimento para aquisição de materiais, equipamentos e mudanças na estrutura física, mas
principalmente planejamento e reestruturação organizacional.
Constam na RDC nº 50 padrões de dimensão para diversas áreas do hospital. A tabela
1 apresenta essas dimensões e mostra que se faz necessário uma adequação do ambiente,
primeiramente em relação a tamanho e distâncias.
Tabela 1- Ambientes e seus dimensionamentos.
AMBIENTE
Prescrição médica
Tratamento Coletivo
Sala de Higienização
DIMENSIONAMENTO
Quantificação (min.)
Dimensão (min.)
1,5m²
Mínimo de cinco leitos 9,0m² por leito com distância de 1m entre
podendo existir quartos ou paredes e leitos, exceto cabeceira, 2m entre
áreas coletivas, ou ambos, à leitos e pé direito = 1,2m (o espaço destinado
critério do EAS.
a circulação da unidade pode estar incluído
nesta distância).
No mínimo 1.
4m², com dimensão mínima de 1,5m.
Fonte: O próprio autor (2016).
57
A área de prescrição médica deverá estar contida dentro do setor UTI. Deverá ter
dimensões mínimas de 1,50m² para acomodação de toda a mobília, como mesa e cadeiras para
prescrição médica, computador, armário de documentos e telefone, por exemplo. O hall que
se encontra ao lado da sala de quartos coletivos e que atualmente está em desuso especifico,
pode ser ocupação para a nova sala de prescrição médica. Para total adequação das normas,
piso e as paredes desta sala deverão ser lisos, sem a presença de frestas, com poucas ranhuras,
de fácil higienização e resistente aos processos de desinfecção e limpeza, como exemplo,
poderá ser utilizado tintas a base de epóxi que ofereçam essas condições. O teto também
deverá ser resistente à lavagem e ao uso de desinfetantes. O nível de iluminamento deverá ser
de 100 a 200lux, sendo que para a mesa de trabalho o lux deverá estar na faixa de 300 a 750,
garantindo ao profissional melhor aproveitamento.
Para a sala de quartos coletivos, poderá ser tomada como exemplo estrutura
organizacional da figura 22, que está disposta na cartilha de Programação Arquitetônica de
Unidades Funcionais de Saúde, do Ministério da Saúde (2013). Também deverão ser seguidas
as indicações quanto a paredes, pisos e tetos mencionados para a sala de prescrição médica. A
organização do espaço é essencial, não necessita de gastos e pode ser realizada rapidamente a
fim de melhorar o fluxo e a harmonização do ambiente.
Figura 22- Layout da nova sala de quartos coletiva.
Fonte: Ministério da Saúde (2013).
58
As cortinas que separam os leitos na área coletiva poderiam ser trocadas por boxes que
possuam dispositivos que permitam a privacidade dos pacientes, como por exemplo, biombos.
Para que não seja necessário modificar a estrutura física para a implantação de um
posto de enfermagem destinado ao monitoramento dos leitos, deverá existir um
monitoramento eletrônico, compondo campainhas e câmeras pela sala, que fiquem
disponíveis sua visualização em uma central com monitores.
A porta de acesso a pacientes, como a do banheiro, deve ter dimensões mínimas de
0,80m x 2,10m. A porta de entrada para a sala de quartos deve ter dimensões mínimas de
1,10m x 2,10m. Essa adequação física se torna totalmente importante visto que impede uma
passagem de camas e macas, primordial no setor.
As portas de banheiros e sanitários de pacientes devem abrir para fora do ambiente, a
fim de que sejam abertas sem necessidade de empurrar o paciente eventualmente caído atrás
da porta. Neste caso, seria ideal que outra porta além da que já está presente, fosse construída
dando abertura para o corredor. Além disso, as fechaduras devem permitir a facilidade de
abertura em caso de emergência, sendo ideal do tipo alavanca.
A UTI é um ambiente que exige um sistema de controle natural das condições de
luminosidade (RDC nº 50). Esta unidade precisa de condições especiais de iluminação, no
sentido de carecerem de incidência de luz de fonte natural direta no ambiente, mas também
precisarem de luz artificial. Para a luz natural, as janelas já se tornam ótima fonte, sendo
necessário só controlar de acordo com o dia, o toldo presente do lado de fora. Para iluminação
artificial, o nível de iluminamento deverá ser de 100 a 200lux geral, sendo que para o leito
será 150 a 300lux. Todos os pontos de iluminação devem ser luz preferencialmente do tipo
LED ou Fluorescente, visto que é mais eficiente energeticamente, considerando seu tempo
maior de vida útil, tendem a consumir menos após o uso contínuo, não emitem calor e são
mais econômicas.
Em situações que tubulações estiverem aparentes nas paredes, estas devem ser
protegidas em toda sua extensão por material resistente a impactos e lavagem mesmo com o
uso de desinfetantes, mesmo porque em toda a extensão da instituição o que mais se preza é
pela segurança dos envolvidos no local.
Para uma total adequação do banheiro para os pacientes, deverá ser colocada uma
ducha higiênica.
59
Quanto à situação dos equipamentos eletromédicos, esses estão em perfeitas condições
tanto de operação, quanto física, porém, para o correto funcionamento, ainda faltam alguns
que não foram verificados no local e são de extrema importância e devem estar nas
prioridades de mudança. Para isso será necessário a aquisição de no mínimo:

01 capnógrafo;

01 foco cirúrgico;

01 dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente;

01 maca para transporte;

01 cilindro de oxigênio transportável;

01 ventilador mecânico para transporte.
Além disso, é ideal ter no ambiente, de forma organizada uma poltrona com
revestimento impermeável e pelo menos um relógio e um calendário permitindo sua
visualização a partir de qualquer leito, e de forma organizada no ambiente.
No atendimento da UTI o condicionamento de ar é destinado à assepsia e conforto. O
equipamento presente no local está de acordo com as normas e só necessita de manutenção
em tempos, para limpeza e quando necessária troca do filtro. Além disso, este deverá ser
mantido na temperatura ideal entre 21- 24ºC.
Quanto a presença de extensões, filtro de linhas, e tipos de tomadas, serão abordadas
no capítulo de Instalações Elétricas.
60
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS
6
Este capítulo contempla conceitos importantes sobre os riscos elétricos existentes em
um ambiente hospitalar, proteções necessárias, além de requisitos para projetos de instalações
elétricas voltadas a unidades hospitalares, abordando normatizações e equipamentos
eletromédicos.
6.1
Riscos Elétricos em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde
Com o avanço da tecnologia, os equipamentos eletromédicos também acompanham as
tendências, fazendo com que existam cada vez mais recursos tecnológicos para fins
terapêuticos e assistenciais. Porém, além da funcionalidade correta destes equipamentos, há
também uma preocupação a respeito dos choques elétricos.
6.1.1
O Choque Elétrico
Para Cotrim (2009), choque elétrico é
[...] a perturbação, de natureza e efeitos diversos, que se manifesta no
organismo humano ou animal quando este é percorrido por uma corrente
elétrica. Dependendo da intensidade e do tempo do choque elétrico, a
corrente elétrica provoca maiores danos e efeitos fisiopatológicos no
homem.
Os choques elétricos devem ser classificados quanto ao seu contato, que pode ser
Direto ou Indireto, segundo a definição do Cotrim (2009), mas alguns autores, como Cavalin
e Cervellin (2006), também classificam o mesmo conceito utilizando nomes de Parte Viva e
Massa Condutora Exposta.
A definição de contato direto ou parte viva corresponde a um condutor elétrico ou
qualquer parte condutora que pode ser energizada em condições normais. A parte viva,
também é considerada o condutor neutro e excluído o condutor PE (Proteção) ou PEN
(Proteção e Neutro conjugados), designando apenas aos condutores fase e ao neutro. Esse
contato se dá de forma direta, ocorrendo devido ao toque com condutores energizados,
consequência de defeitos nos materiais utilizados para isolação do fio, como rupturas, e até
61
remoção de partes isolantes pelo próprio usuário, também ocorre devido à imprudência ou a
falta de conhecimento dos usuários.
Normalmente, equipamentos velhos, deteriorados e danificados, assim como seus
terminais, são as maiores origens de choque elétrico direto.
O conceito de Massa Condutora Exposta corresponde aos elementos condutores que
normalmente não estão energizados, mas que podem a vir sofrer problemas de isolação e se
tornar energizados, provocando, ao serem tocados diretamente, choques. Isso pode ocorrer,
por exemplo, em estruturas metálicas de aparelhos elétricos ou contato com pessoas ou
animais, que ficaram sob tensão devido a uma falha na isolação.
6.1.1.1 Origens do Choque Elétrico em EAS e seus Efeitos Fisiológicos
O choque elétrico é a resposta do organismo ao caminho da corrente elétrica. Por sua
vez, a eletricidade é a passagem de elétrons de um átomo, por um condutor, que permite a
fácil passagem da corrente elétrica.
O corpo humano apresenta características propícias à condutividade, sendo composto
por cerca de 70% de água misturado com compostos salinos, que facilitam a condução.
Alguns fatores como a resistência da pele seca e a organização espacial da corrente
pelo corpo, quando uma pessoa sofre um choque elétrico, influenciam diretamente na
intensidade do choque elétrico.
A epiderme, ultima camada da pele, caso esteja seca e intacta, apresenta alta
resistência, variando em torno de 15kΩ a 1MΩ para cada 1cm² de contato elétrico, no entanto,
a pele molhada faz com que esta resistência diminua drasticamente. Além disso, partes
diferentes do corpo humano apresentam valores distintos, como por exemplo, para membros,
a resistência interna varia em torno de 200Ω, individualmente, e tronco em torno de 100Ω.
Fatores como o peso também influenciam nos valores da impedância. Indivíduos que
apresentam maior índice de gordura corporal tendem a possuir valores de resistência interna
maiores, devido a alta resistividade da gordura (WEBSTER, 1998).
Quando se reduz drasticamente a impedância da pele, cria-se um caminho de corrente
maior, proporcionando maiores condições de macro choques. Em um ambiente de saúde,
qualquer procedimento médico que diminua a resistência, ou dispositivos que atuem como
62
condutor, como por exemplo, gel de eletrodos e cateteres intravenosos, podem facilitar a
passagem da corrente e aumentam os riscos de choques elétricos.
Os efeitos causados pela passagem da corrente elétrica através do corpo humano
dependem basicamente da intensidade, densidade e caminho da corrente, da duração do
choque e da frequência do sinal. Como medida de exemplo, a tabela 2 apresenta valores
relacionados a intensidade da corrente e seu efeito fisiológico no corpo humano.
Tabela 2- Efeito fisiológico de uma corrente de 60Hz, aplicada entre as mãos de um indivíduo de
70kg por 1 a 3 segundos.
Fonte: Dalziel (1973).
Um ambiente hospitalar é composto, em sua grande maioria, por equipamentos
eletromédicos. Estes, por sua vez, possuem partes de metal que podem estar em contato direto
com a equipe médica e com o paciente. Se as partes metálicas de um equipamento não forem
aterradas corretamente, e caso ocorra falha da isolação ou presença de um curto-circuito, estas
partes do equipamento estarão sujeitas a tensão proveniente da rede de alimentação,
ocasionando macro choque caso sejam tocadas simultaneamente junto a um outro objeto
aterrado (WEBSTER, 1998).
Para proteção das pessoas envolvidas, as partes metálicas devem estar aterradas por
meio de um condutor especifico para este fim, denominado condutor de proteção. Este
condutor deve estar conectado à malha de aterramento, assim, caso ocorra uma falha, a
corrente tenderá a fluir para o aterramento através do condutor, minimizando as tensões de
toque e, consequentemente, protegendo as pessoas sujeitas a estas tensões.
63
Eventualidades envolvendo condutor vivo e terra não são frequentes. Em virtude
disso, é necessário realizar manutenções e testes de tempos em tempos para verificar a
continuidade do condutor de proteção (fio terra), pois um condutor danificado ou uma ligação
inadequada com a malha de terra não é detectada em uma operação normal dos componentes.
(WEBSTER, 1998).
Acidentes envolvendo ligações elétricas diretas com o coração, normalmente por
procedimentos invasivos, estão relacionados a micro choques, resultantes de correntes de fuga
em operações de equipamentos ou da diferença de potencial entre áreas condutoras aterradas.
Estas pequenas correntes fluem entre condutores de diferentes tensões, mas também podem
escoar através de isolamentos prejudicados por poeira e umidade (WEBSTER, 1998).
Entretanto, as fontes mais significativas são as correntes que provêm dos condutores
conectados entre o equipamento o paciente. Correntes de fuga fluindo no chassi fluem para o
aterramento, se for disponível uma baixa resistência neste condutor (ou seja, o chassi deve
estar aterrado). Na hipótese do condutor terra estar danificado, a tensão presente nas partes
metálicas será maior do que o potencial de terra. Consequentemente, se um indivíduo que
apresenta alguma ligação elétrica direta no coração e toca as partes metálicas do equipamento,
estará em contato com micro choques (WEBSTER, 1998).
6.1.2
Macro Choque e Micro Choque
No âmbito de instalações elétricas em EAS relacionados a equipamentos médicos, do
ponto de vista de segurança elétrica, é necessário esclarecer os conceitos de macro choque e
micro choque e sua ocorrência nesses estabelecimentos.
Os riscos elétricos provenientes de equipamentos eletromédicos podem ocorrer em
qualquer ambiente de um EAS, porém, procedimentos cirúrgicos, com técnicas invasivas, por
exemplo, a monitozação de pacientes em UTI, deixa o paciente mais vulnerável a esses riscos.
Macro choque é o choque elétrico em que a corrente elétrica penetra no corpo humano
de maneira externa (KINDERMANN, 2005), com a pele intacta, podendo atingir tanto o
paciente quanto a equipe profissional envolvida (RODRIGUES; MACIEL, 2009) (figura 23).
Assim, a corrente invade a pele percorrendo o corpo e saindo novamente pela pele, ficando
limitada aproximadamente pela resistência da pele humana. Num ambiente hospitalar é o
choque mais comum, pois qualquer pessoa pode estar envolvida nesta circunstância. A
64
presença de correntes de fuga ou diferenças de potencial entre superfícies aterradas possibilita
a ocorrência do macro choque, por exemplo, o contato em carcaças de equipamentos que
estão com diferentes potenciais (WEBSTER, 1998).
Figura 23- Situação de Macro choque.
Fonte: Webster (1998).
O micro choque é o choque elétrico que tem seus efeitos no interior do organismo
decorrente de procedimentos invasivos, quando estes são aplicados no coração ou próximo
dele, por exemplo, na utilização de eletrodos ou cateteres (RODRIGUES; MACIEL, 2009)
(figura 24). Estes procedimentos invasivos deixam o paciente exposto ao risco de uma
descarga elétrica no interior do organismo, dificilmente atingindo a equipe profissional
envolvida com o trabalho do equipamento. Apesar de este conceito apresentar o nome de
“micro”, os efeitos destas correntes menores, pode ocasionar fatalidades, da mesma maneira
que o macro choque.
65
Figura 24- Situação de Micro choque.
Fonte: Webster (1998).
6.2
Proteção Contra Choques Elétricos
O cuidado em pesquisas, elaboração de projetos e execução das instalações de
proteções elétricas, apresentam grande importância, pois esses sistemas são responsáveis por
fornecer energia elétrica a diversas pessoas, principalmente em ambientes de assistência a
saúde, além de estar interligado a equipamentos caros.
Diversos componentes elétricos são isolados com o intuito de proteção, ou seja,
possuem isolação a fim de proteger contra choques elétricos e garantir o correto
funcionamento do equipamento ou componente. Quando temos a falha da isolação, ela se
propaga por um caminho de condução, por exemplo, pela superfície da isolação ou por
perfuração do material isolante, gerando uma fuga de corrente que pode se transformar em
curto-circuito (COTRIM, 2009).
A isolação atua com duas metas principais, sendo elas evitar que as falhas que possam
a vir ocorrer no sistema, possam danificar os equipamentos e dispositivos e promover
restabelecimento da energia rapidamente com o intuito de minimizar danos aos usuários. A
seguir serão apresentadas principais formas de proteção elétrica e suas características
(COTRIM, 2009).
Este capítulo tem como propósito abordar conceitos e medidas de proteção contra
choques elétricos aplicados a estabelecimentos de saúde, de acordo com as normas vigentes.
66
6.2.1 Aterramento
De acordo com a NBR 5410 (2004) o aterramento é fundamental para garantir o
funcionamento apropriado dos sistemas de proteção contra choques elétricos. Segundo Cotrim
(2009) aterramento é “ligação elétrica intencional e de baixa impedância com a terra (solo).
Ainda, de acordo com Creder (1991) o aterramento tem como objetivo “estabelecer uma
referência para a rede elétrica e permitir o fluxo para a terra de correntes elétricas de naturezas
diversas tais como correntes de raios, descargas eletrostáticas, corrente de filtros, supressores,
de surto e pára-raios de linha, e correntes de curto-circuito para a terra”.
Em ambientes ligados à saúde, o projeto de aterramento deve ser de grande eficiência,
garantindo confiabilidade, segurança e qualidade no fornecimento de energia elétrica,
principalmente se tratando dos equipamentos eletromédicos. Além disso, com um projeto de
aterramento eficiente mantêm-se os potenciais produzidos pelas correntes de falta dentro do
limite de segurança, sem causar fibrilação no coração do paciente, garante melhor
sensibilidade aos equipamentos destinados à proteção, e proporciona um caminho de
escoamento de cargas atmosféricas para a terra (KINDERMANN, 2005).
Nas instalações elétricas são considerados dois tipos de aterramento:

Aterramento funcional: ligação à terra de um dos condutores do sistema,
normalmente é utilizado o neutro, e relaciona-se com o correto e seguro funcionamento da
instalação (COTRIM, 2009).

Aterramento de proteção: ligação à terra das massas e dos elementos estranhos
à instalação, visando proteger contra choques elétricos por contato indireto (COTRIM, 2009).
A NBR-5410 (2004) aborda exemplos, que serão mostrados a seguir, de esquemas de
aterramento para sistemas elétricos trifásicos que são normalmente utilizados. Uma mesma
instalação pode eventualmente abranger mais de uma edificação. As massas devem
necessariamente compartilhar o mesmo eletrodo de aterramento, se pertencentes a uma
mesma edificação, mas podem, em princípio, estar ligadas a eletrodos de aterramento
diferentes.
a.1) Esquema TN
67
No esquema TN (figura 25), um ponto de alimentação, que em geral é o neutro, é
rigorosamente aterrado e as massas dos equipamentos elétricos são ligadas a esse ponto
através de um condutor metálico (FREITAS, 2013).

Esquema TN-S
Neste esquema, o condutor neutro e o condutor de proteção são diferentes (N e
PE). Ele deve ser enfatizado entre os outros sistemas TN porque sua operação normal,
todo o condutor PE sempre estará praticamente no mesmo potencial do aterramento da
fonte, com tensão zero ou quase próximo a esse valor. (CALAVIN e CERVELLIN,
2006)
É utilizado quando a distância entre a carga e a fonte não é muito grande, e sua
proteção deve ser garantida por dispositivos DR (diferencial- residual) que detectam a
corrente que escoa pela terra (FREITAS, 2013).
Figura 25- Esquema de ligação TN-S.
Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).

Esquema TN-C
As funções do neutro e de proteção são proporcionadas em um único condutor (PEN)
(figura 26).
Nesse sistema a tensão do condutor PEN junto da carga não é igual a zero, porque há
correntes de carga (incluindo harmônicas) e de desequilíbrio voltando pelo neutro, produzindo
quedas de tensão ao pelo condutor PEN. Consequentemente, as massas dos equipamentos
elétricos não apresentam mesmo potencial do aterramento da fonte. Desta forma,
68
permanentemente haverá uma diferença de potencial entre a mão e o pé do usuário que toca o
equipamento elétrico. Além de tudo, também existe o perigo de perda do condutor neutro,
quando o potencial do condutor de fase transfere para a massa da carga, trazendo risco a
segurança humana (CALAVIN e CERVELLIN, 2006).
Figura 26- Esquema de ligação TN-C.
Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).

Esquema TN-C-S
As funções de neutro e de proteção são combinadas em um único condutor em uma
parte da instalação (CALAVIN e CERVELLIN, 2006) (figura 27).
Figura 27- Esquema de ligação TN-C-S.
Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).
a.2) Esquema TT
69
Neste esquema as correntes de falta direta fase-massa são menores que a corrente de
curto-circuito, mas que também podem se tornar. Este esquema apresenta um ponto de
alimentação diretamente aterrado, com as massas da instalação conectadas a eletrodos de
aterramento eletricamente diferentes do eletrodo de aterramento da alimentação (CALAVIN e
CERVELLIN, 2006) (figura 28).
Figura 28- Esquema de ligação TT.
Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).
a.3) Esquema IT
É o esquema em que todas as partes vivas possuem isolação da terra ou então um
ponto da alimentação é aterrado pela de impedância. As massas da instalação são aterradas,
observando dois aspectos: massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da
alimentação, caso exista ou massas aterradas em eletrodo(s) de aterramento próprio(s) (figura
29).
Trata-se de uma ligação em que o trajeto de uma corrente vinda de uma falta fasemassa insere a terra e que a alta impedância deste trajeto limita o valor da corrente de curtocircuito. Também, a corrente de curto-circuito consiste da eficiência do aterramento da fonte e
da massa, pois se o aterramento não for de qualidade, poderá apresentar demora na sua
atuação, causando risco a segurança humana.
Sua utilização se torna possível e apropriada quando a fonte de alimentação e a carga forem
muito afastadas entre si, sendo muito aplicada em ambientes ligados a saúde (CALAVIN e
CERVELLIN, 2006).
70
Figura 29- Esquema de ligação IT.
Fonte: Cavalin e Cervellin (2006).
Para um sistema de aterramento atender os objetivos propostos, é necessário levar em
conta parâmetros da instalação e do solo.
A implantação desse sistema se dá através de condutores de proteção que ligam as
massas dos equipamentos e elementos condutores estranhos à instalação aos eletrodos de
71
aterramento. Os eletrodos de aterramento possuem um condutor ou mais em contato direto
com a terra, podendo ser construído uma malha de terra, os quais são ligados ao terminal de
aterramento.
Em um projeto eficiente de aterramento o primeiro passo é estabelecer o tipo de
sistema desejável. Em projetos hospitalares normalmente são utilizadas malhas de terra para
aterramento geral da instalação. Também é necessário definir os locais que serão instalados os
sistemas de aterramento, que depende da posição que estarão dispostos os equipamentos e
outras instalações essenciais.
Outro fator que deve ser levado em conta durante a projeção é o solo. De acordo com
Cotrim (2009), os solos possuem normalmente composição básica de materiais isolantes,
como é o caso de silicatos e óxidos, tendo a presença também de água e sais minerais e o
carbono derivado da decomposição dos vegetais. É através da ionização dos sais que a
corrente elétrica consegue fluir. A temperatura e umidade do solo influenciam diretamente na
resistividade do solo, sendo solos arenosos normalmente de maior resistividade e solos com
resíduos vegetais menor resistividade.
Finalmente, um projeto de aterramento deverá ser dimensionado seguindo resultados
de medições e requisitos mínimos de operação, previstos na NBR-5410, de maneira funcional
e com a máxima segurança.
6.2.2
Proteção Básica
Segundo a ABNT (2004), proteção básica é um “meio destinado a impedir contato
com partes vivas perigosas em condições normais”, ou seja, é uma proteção que corresponde
aos contatos diretos. As partes vivas carecem de completa isolação que só consiga ser removida por
meio de destruição.
Os dispositivos montados em indústrias ou aqueles que são utilizados nas instalações elétricas
são diferenciados, segundo a ABNT (2004):

Dispositivos montados em indústrias devem possuir isolação atendendo às
descrições básicas a esses componentes;

Outros dispositivos carecem de isolação que suporte ações mecânicas,
químicas, elétricas e térmicas.
72
A isolação básica de uma parte viva pode ocorrer através do uso de barreiras ou
invólucros e por limitação da tensão. Para o uso de barreiras ou invólucros, estes deverão ser
fixados firmemente e apresentar durabilidade e robustez para preservar os graus de proteção
exigidos e a separação adequada das partes vivas, levando-se em conta as condições de
influências externas pertinentes. Além disso, devem seguir algumas recomendações (ABNT,
2004):

Deverá assegurar que as pessoas sejam informadas de que as partes acessíveis
através da abertura são vivas e não sejam tocadas propositalmente;

Possuir o mínimo compatível com a necessidade de substituição da parte
consumível ou de funcionamento apropriado do dispositivo ou equipamento.
Quanto a isolação básica por limitação de tensão, a diferença de potencial é restringida
a valores seguros de operação (extra baixa tensão). Os sistemas de extra baixa tensão são
classificados e especificados como:

SELV (Separated extra-low voltage): “sistema de extra baixa tensão que é
eletricamente separado da terra, de outros sistemas e de tal modo que a ocorrência de uma
única falta não resulta em risco de choque elétrico” (ABNT, 2004).

PELV (Protected extra-low voltage): “sistema de extra baixa tensão que não é
eletricamente separado da terra, mas que preenche, de modo equivalente, todos os requisitos
de um SELV” (ABNT, 2004).

FELV (Functional extra-low voltage): qualquer outro circuito de extra baixa
tensão que não preenchem os requisitos de um circuito SELV ou PELV.
Para instalações elétricas em EAS, locais condizentes ao grupo 1 e grupo 2 (anexo C),
é pertinente utilizar proteção SELV ou PELV, que não deverá exceder tensão normal de 25
VCA (valor eficaz) ou 60 VCC (sem ondulação). Além disso, a proteção FELV só deverá ser
utilizada em locais do grupo 0 (ABNT, 1995).
6.2.2.1 Proteção Supletiva
A proteção supletiva é o “meio destinado a suprir a proteção contra choques elétricos
quando massas ou partes condutivas acessíveis tornam-se acidentalmente vivas“ (ABNT,
73
2004), corresponde ao conceito de “proteção contra contatos indiretos”. São exemplos de
proteção supletiva:
a)
Equipotencialização e Seccionamento Automático
Segundo a ABNT (2004):
A eqüipotencialização e o seccionamento automático da alimentação se completam,
de forma indissociável, porque quando a eqüipotencialidade não é o suficiente para
impedir o aparecimento de tensões de contato perigosas, entra em ação o recurso do
seccionamento automático, promovendo o desligamento do circuito em que se
manifesta a tensão de contato perigosa.
a.1)Equipotencialização
A ligação equipotencial é uma ligação elétrica que coloca as massas e elementos
condutores praticamente no mesmo potencial. O conceito de equipotencialização ao contrário
do aterramento, não envolve diretamente o solo, mas está relacionado ao objetivo de
colocarmos todas as massas e elementos condutores no mesmo potencial entre si,
independente do potencial em relação ao solo (COTRIM, 2009), ou seja, impedir a origem de
diferenças de potenciais entre duas partes metálicas, que regularmente não pertencem à
instalação elétrica.
A NBR 5410 (2004) exige que “cada edificação deve ser realizada uma
equipotencialização principal” reunindo alguns elementos que serão citados a seguir
(CAVALIN e CERVELLIN, 2006):

Necessita a existência na edificação armaduras de concentro armado e demais
estruturas metálicas;

Em tubulações e estruturas metálicas associadas à água, gás combustível,
esgoto, ar comprimido, vapor, sistema de condicionadores de ar, entre outros;

Os condutores metálicos das linhas de energia e de sinal que entram e/ou saem
da construção, assim como as blindagens, armações, coberturas e capas metálicas de cabos de
linha;
74

Os condutores de proteção das linhas de energia e de sinal que entram e/ou
saem da edificação e condutores de interligação provenientes de outros eletrodos de
aterramento existentes ou provável no retorno da edificação;

Os condutores de interligação resultantes de eletrodos de aterramento de
construções nas imediações, nos casos em que essa relação for necessária ou recomendável;

O condutor neutro da alimentação elétrica, exceto se não existente ou se a
edificação tiver que ser alimentada, em esquema TT ou IT (que serão descritos adiante);

O(s) condutor(es) de proteção principal(is) da instalação elétrica (interna) da
edificação.
Conforme a norma NBR – 13534 a ligação equipotencial deverá estar presente em
locais de grupos 1 e 2, a fim de uniformizar diferenças de potencial de barra dos condutores
de proteção, elementos condutores estranhos, interferências eletromagnéticas, malha de pisossemi condutivos, massa de equipamentos, entre outros.
O conceito de equipotencialização é divido em dois tipos, sendo elas principais e
locais. A equipotencialização principal é um dispositivo que conta com um condutor de
aterramento, um condutor de proteção principal e também condutor de equipotencialidade
principal. Esse dispositivo normalmente é instalado junto ou próximo ao ponto de entrada da
fonte de alimentação da edificação e deverá conter um barramento de equipotencialização
principal (BEP), essencial para que todos os itens citados acima possam ser ligados de forma
direta ou indireta. Além disso, deverá fornecer conexão elétrica e mecânica de forma segura e
confiável. O barramento PE (proteção equipotencial), que tem a finalidade de permitir o
escoamento das correntes de fuga e/ou falta de instalação, podem acumular função de BEP
dentro do quadro de distribuição principal, contanto que este quadro esteja localizado o mais
próximo do ponto de entrada da linha elétrica na edificação (CAVALIN e CERVELLIN,
2006).
Por outro lado, a equipotencialização local é importante na proteção contra choques e
razões funcionais, que incluem prevenção contra perturbações eletromagnéticas que ligam
massas e/ou elementos condutores diferentes à instalação (CAVALIN E CERVELLIN, 2006).
a.2) Seccionamento automático
75
A proteção por seccionamento automático é a melhor medida de proteção supletiva
contra contatos indiretos. Aplica-se no intuito de impedir que uma tensão de contato (Ub)
maior que a tensão de contato-limite (Ul), se sustente a fim de que possa resultar em riscos
fisiológicos fatais para os seres humanos. Essa proteção constitui-se em principalmente em
duas condições (figura 30)(COTRIM, 2009):

Presença de um trajeto para a corrente de falta fase-massa (If) onde a
composição depende do tipo de esquema de aterramento adotado (TN, TI ou TT).

Seccionamento da corrente de falta por um elemento de proteção adequado,
intervindo em um tempo adequado.
Para o primeiro item, é necessária a existência de ligações de todas as massas da
instalação a uma “infraestrutura de aterramento” de proteção, viabilizando a formação de um
caminho para uma corrente de falta fase-massa que possa vir aparecer. Este trajeto da corrente
de falta advém do esquema de aterramento utilizado. O segundo item impõe a instalação de
elementos de proteção com características específicas com base no esquema de aterramento
adotado (COTRIM, 2009).
O elemento de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação do circuito ou
do equipamento que ele protege por um tempo ideal, sempre que houver falta (entre parte viva
e massa ou entre parte viva e condutor de proteção) no circuito ou equipamento originar a
uma tensão de contato maior que um valor ideal da tensão de contato limite Ul (que dependem
de situações de influências externas) (COTRIM, 2009).
Figura 30- (a)Proteção Contra Contatos Indiretos por Seccionamento Automático; (b) Dispositivo de
Proteção (DP) percorrido pela corrente Ia, atua num tempo t, determinado de Ub.
Fonte: Cotrim (2009).
76
Cada esquema de aterramento possui tempos de seccionamento indicados, porém, este
tempo não deve ser superior a 5 segundos, independente do esquema de aterramento para
circuitos de distribuição e circuitos terminais exclusivos para alimentação de equipamentos
fixos, desde que uma falta no circuito não se propague em equipamentos portáteis ou móveis
que são deslocados manualmente enquanto operam. Se, na aplicação de seccionamento
automático, não for possível atender aos tempos de seccionamento máximo indicado, deve-se
então realizar equipotencialização suplementar (COTRIM, 2009).
b)
Isolação Suplementar
A isolação suplementar é uma isolação providas por uma isolação reforçada entre
partes vivas e partes acessíveis. A aplicação desta medida como única medida de proteção só
é aceita caso for providenciadas ações que garantam eventuais alterações posteriores sem
comprometer a efetividade da medida. Também, não é permitido a aplicação da isolação
dupla ou reforçada como única proteção em linhas que incluam pontos de tomada (ABNT,
2004).
O uso da isolação reforçada como método de proteção pode ser visto em componentes
que já estão providos de isolação reforçada ou então componentes em que a isolação
reforçada é feita durante a execução da instalação (ABNT, 2004).
6.2.3
Proteção Adicional
Segundo ABNT (2004), a proteção adicional é definida como:
meio destinado a garantir a proteção contra choques elétricos em situações de maior
risco de perda ou anulação das medidas normalmente aplicáveis, de dificuldade no
atendimento pleno das condições de segurança associadas a determinada medida de
proteção e/ou, ainda, em situações ou locais em que os perigos do choque elétrico
são particularmente graves.
Alguns exemplos como equipotencializações suplementares e uso de proteção
diferencial-residual de alta sensibilidade são exemplos de proteção adicional contra choques
elétricos (ABNT, 2004).
Os Dispositivos diferencial residual (DR) protegem contra os efeitos danosos das
correntes de fuga à terra assegurando uma proteção eficiente para a vida dos usuários e dos
equipamentos envolvidos. A NBR-5410 define especificamente a proteção de pessoas contra
77
os perigos dos choques elétricos que podem ser fatais, através do uso do Dispositivo DR com
alta sensibilidade menores ou igual a 30mA. Além disso, esses disjuntores são ideais para
minimizar o desperdício de energia por fuga excessiva, controlando o isolamento da
instalação, assegurando maior qualidade e segurança da instalação, além de proporcionar
maior proteção à vida humana.
Esses componentes devem ser utilizados obrigatoriamente segundo a NBR-5410, nos
seguintes casos:

Locais que contenham banheira ou chuveiro e qualquer que seja o esquema de
aterramento;

Circuitos que sirvam pontos de utilização situados em locais com banheira ou
chuveiro;

Circuitos que alimentem tomadas de correntes situados em áreas externas à
edificação

Circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir
alimentar equipamentos no exterior;

Circuitos que, em locais de habitação e em edificações não residenciais, sirvam
de pontos de utilização situados em cozinhas, copas, lavanderias áreas de serviços, garagem e
demais dependências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens.
Em circunstâncias de falhas na isolação, as correntes de fuga passam à fonte de tensão.
Os disjuntores ou interruptores diferenciais percebem e captam a corrente de fuga e se
desligam, quando ultrapassam a corrente nominal de fuga, apresentando ainda uma garantia
da qualidade da instalação, por não admitirem correntes de fuga ou de faltas excessivas,
auxiliando para a diminuição das perdas por efeito joule, o que colaborando para a
preservação de energia (CAVALIN e CERVELLIN, 2006).
6.3
Equipamentos Eletromédicos
Neste ponto serão tratados conceitos relevantes, especificados em normas, quanto a
segurança de equipamentos eletromédicos, com o intuito de garantir o correto desempenho
das práticas nas instalações elétricas de ambientes ligados a saúde, permitindo que apresentem
confiabilidade na operação e não ofereçam riscos de acidentes a todos os envolvidos.
78
Muitos estudos envolvem a ocorrência de problemas com equipamentos eletromédicos
associados à sua instalação, manuseio, treinamentos e assistência técnica. Por isso, deve ser
garantido um programa de prevenção e manutenção dentro do EAS, assegurando maior
qualidade aos equipamentos e ao serviço prestado. O programa deve atender a critérios de
dimensionamento e aquisição, de acordo com as normas nacionais e internacionais de
equipamentos eletromédicos, observando padrões mínimos e a sua confiabilidade, além do
treinamento da equipe que irá operar e realizar as manutenções.
6.3.1
Classificação
Como já mencionado, a norma que regulamenta a segurança elétrica dos equipamentos
eletromédicos é a NBR IEC 60601-1 (2010). Seguindo esta norma, os equipamentos são
classificados e identificados através dos seguintes aspectos.
a)
Tipo de proteção contra choques elétricos
a.1) Equipamento energizado por fonte de alimentação elétrica externa:

Equipamentos do grupo 0: são equipamentos convencionais utilizados em
ambientes que não são aplicados equipamentos eletromédicos alimentados pela rede, como
por exemplo, telefone, microondas, geladeira, entre outros.

Equipamento do grupo 1: a proteção contra choque elétrico não se baseia
somente no isolamento básico, incorpora também precaução de segurança adicional, criando
um recurso de conexão do equipamento ao condutor de aterramento da instalação,
impossibilitando que partes metálicas acessíveis possam ficar sob tensão, na ocorrência de
uma falha na isolação básica (ABNT, 2010), como por exemplo, equipamento de hemodiálise,
aparelhos sem procedimentos intracardíacos, aparelhos destinados à fisioterapia.

Equipamento do grupo 2: equipamento cuja proteção contra choque elétrico
não se sustenta apenas no isolamento básico, incorporando precauções de segurança
adicionais (isolação dupla ou isolação reforçada), sem abranger recursos de aterramento para
proteção, e necessitar das condições de instalação, por exemplo, qualquer aparelho destinado
a procedimentos intracardíacos e que sustentem a vida humana, como balões de oxigênio,
ventilador pulmonar (ABNT, 2010).
79
a.2) Equipamento energizado internamente: admite uma fonte interna responsável pela
alimentação do mesmo (ABNT, 2010).
b)
Grau de proteção contra choques elétricos
A classificação em relação ao grau de proteção contra choques elétricos apresenta o
conceito de “parte aplicada” que necessita de definição para sua melhor compreensão. De
acordo com a ABNT (2010) é “uma parte do equipamento que em utilização normal
necessariamente entra em contato físico com o paciente para que o mesmo realize sua função;
ou pode entrar em contato com o paciente; ou precisa ser tocada pelo paciente”.
A parte aplicada tem um conceito que se aplica a este item, o tipo F. O tipo F é uma
parte aplicada, que está separada eletricamente das demais partes do equipamento, sendo
eletricamente flutuante, possuindo um grau que não ultrapasse o valor admissível da corrente
de fuga através do paciente sob condições de falha, ou seja, uma tensão não intencional
originada de uma fonte externa é conectada ao paciente e, através disso, executada entre a
‘parte aplicada’ e o terra (ABNT, 2010).
Com isso, os equipamentos eletromédicos são classificados de acordo com o grau de
proteção contra choques elétricos:

Equipamento tipo B: proporciona grau de proteção especial contra choque
elétrico, principalmente em relação à corrente de fuga aceitável e confiabilidade da conexão
de aterramento para proteção (caso exista) (ABNT, 2010). É pertencente aos grupos 1 e 2 e
adequado para aplicações intencionais internas e externas ao paciente, com exceção de
aplicações cardíacas diretas (MONTE, 1993);

Equipamento de tipo BF: equipamento tipo B com uma parte aplicada tipo F
(ABNT, 2010). São equipamentos também pertence aos grupos 1 e 2, como por exemplo,
equipamentos com ou sem conexão intencional ao paciente, mesas de raio-X, cadeiras
odontológicas, estimuladores e bisturis elétricos (MONTE, 1993);

Equipamento de tipo CF: proporciona grau de proteção superior ao do
equipamento de tipo BF contra choque elétrico, especialmente em relação às correntes de fuga
aceitáveis, e que possui uma parte aplicada tipo F (ABNT, 2010). Este tipo de equipamento
pertence aos grupos 1 e 2 e é destinado à aplicação cardíaca direta, apresentando elevadíssimo
grau de proteção contra choque elétrico.
80
6.4
Instalação Elétrica Hospitalar
A função de projetar um sistema elétrico hospitalar requer confiança e qualidade de
modo a proporcionar a maior segurança desde a fonte geradora de energia, dispositivos que
serão
alimentados
e
principalmente
pessoas
envolvidas
direta
e
indiretamente.
(MCPARTLAND, 1978)
Para a execução de um projeto elétrico são necessárias as plantas da instalação,
diagramas unifilares, esquema de prumadas, detalhes de instalação, esquemas elétricos, lista
de material e todos os itens sejam corretamente especificados. Além disso, outros cuidados
devem estar presentes na concepção e execução do projeto como, por exemplo, habilitação,
conhecimento da tecnologia em equipamentos eletrônicos e eletromédicos, abrangência das
normas, padronizações e, por fim, uma especificação dos componentes adequada e condizente
com a realidade. É essencial também que os responsáveis técnicos estejam certificados e
habilitados a guiar o projeto, além de possuírem experiência em edificações do tipo a ser
construído.
Relacionado a estes pontos é relevante entender a atual tecnologia e a segurança
envolvida com a presença dela no ambiente, criando condições de flexibilidade no sistema e
para um futuro crescimento de cargas e com isso proporcionando uma instalação propícia a
sustentar condições de mudanças com total segurança. O crescimento de cargas e alterações
para suprir o avanço da tecnologia precisa que os elementos que constituem a instalação,
como eletrodutos, condutores, subestações, chaves, esquemas e dispositivos de ligação,
apresentem capacidade nominal para suportar mudanças futuras alterações no projeto,
permitindo que as linhas e circuitos elétricos tenham capacidade de atender a estes requisitos,
evitando tubulações completamente cheias ou circuitos operando com a máxima carga,
quando já não sobrecarregados.
Projetar eletricamente envolve muitos conhecimentos e entendimentos a cerca de
fórmulas, normas, técnicas de instalações e padronizações, combinando todos esses elementos
para gerar um projeto harmonioso, com possibilidades de concepção de soluções
diversificadas e passível de adaptação a novas necessidades. A padronização dos
equipamentos e dispositivos deve ser aproveitada ao máximo, pois resulta em economia na
aquisição destes e facilita a execução e o suporte técnico destas instalações.
81
Por isso, é indispensável que antes de qualquer projeto elétrico, se faça um estudo
detalhado de todos os pontos de consumo de energia para que a edificação seja conhecida,
idealizada e preparada com total estabilidade.
A fonte de alimentação pode advir da concessionária de energia ou da geração própria.
Quando alimentado por concessionárias, dependendo da carga total, é necessário aprovação
da mesma, exigindo o conhecimento das normas e requisitos que cada concessionária
abrange.
Em suma, a instalação elétrica é uma etapa extremamente importante de qualquer
construção, e deve ser preocupação de todos os profissionais envolvidos, objetivando um bom
planejamento da instalação.
O projeto objetiva, principalmente, responder a circunstâncias diferentes: maneira de
fornecer energia elétrica da rede de distribuição até os pontos de utilização de forma segura,
sendo que “a vantagem na elaboração do projeto elétrico está ligada ao aspecto de segurança
(da instalação e dos usuários), precisão (racionalidade) na execução da instalação, bem como
a sua funcionalidade” (CAVALIN e CERVELLIN, 2006).
Instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde são designadas
especiais, pois alimentam cargas críticas de circuitos com a finalidade de sustentar e
monitorar a vida de pacientes. Portanto, é necessário projetar adequadamente a instalação
elétrica, com cuidado especial para a distribuição dos circuitos elétricos.
A fim de maior garantia em um projeto de excelência para as instalações hospitalares é
essencial acompanhar as normas vigentes, sendo algumas apresentadas ao decorrer do
capítulo.
6.4.1
Normatização
Ao se projetar sistemas elétricos hospitalares, é importante ter mão de obra
qualificada, com formação técnica na área e habilitação regulamentada junto ao CREA, além
de possuir experiência na elaboração de projetos para ambientes hospitalares.
A fim de garantir que as instalações elétricas atinjam um patamar inquestionável
quanto sua eficiência e segurança, órgãos regulamentadores tem elaborado conceitos, normas
e procedimentos para padronizar as instalações elétricas no Brasil.
82
O órgão responsável por estruturar e criar normas técnicas rereferentes às instalações
elétricas é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), junto com o Comitê
Brasileiro de Eletricidade (COBEI), que tem papel na normatização do setor Eletroeletrônico.
A principal norma de instalações elétricas em baixa tensão é a NBR- 5410, com última
atualização em 2004, que regulamenta os tipos de instalações elétricas de baixa tensão. Junto
a esta norma, outras vêm como complemento para determinar instalações específicas.
Para instalações elétricas hospitalares, devem ser considerados vários procedimentos e
ambientes diferentes reunidos num mesmo local. Para isso várias normas técnicas devem ser
tomadas como apoio durante um projeto de um EAS, por exemplo, quanto a climatização e
luminotécnico. Segue abaixo as principais:

NBR - 5410 (2004): Instalações Elétricas de Baixa Tensão: Firma requisitos
que devem ser estabelecidos e mantidos nas instalações alimentadas sob uma tensão nominal
igual ou inferior a 1000 V em CA, com frequências menores que 400 Hz ou a 1500 V em CC,
para garantia de um bom funcionamento, segurança das pessoas e animais, e preservação de
bens.

NBR - NBR ISO CIE 8995-1 (2013): Iluminação de Ambientes de Trabalho:
Nesta norma são indicados os níveis iluminamento médios nos serviços com iluminação
artificial de interiores.

NBR - 13534 (1995): Instalações Elétricas em Estabelecimentos Assistenciais
de Saúde: Requisitos para segurança em ambientes ligados à saúde.

NBR - IEC 60079-14 (2006): Equipamentos Elétricos para Atmosferas
Explosivas: requisitos específicos para o projeto, seleção e construção de instalações elétricas
em atmosferas explosivas de gás.

NBR - 5419 (2015): Proteção de Edificações Contra Descargas Atmosféricas:
Requisitos mínimos exigidos para projetos e instalações de para-raios comuns em edificações.

NBR - 10898 (2013): Sistema de Iluminação de Emergência: Indica exigências
mínimas para que a iluminação de emergência a ser projetada em edifícios altos com
afluência de público assegure visibilidade adequada para movimentação segura em qualquer
circunstância de emergência.

NBR - IEC 60601-1 (2010): Equipamentos Eletromédicos- Prescrições para
Segurança.

NBR - 13570 (1996): Instalações elétricas em locais de afluência de público.
83

NBR - 7256 (2005): Tratamento de Ar em Estabelecimentos Assistenciais de
Saúde: Requisitos para projeto e execução das instalações de ar, como ventiladores,
condicionadores de ar.
As normas descritas acima são as principais em instalações elétricas e devem fazer
parte do embasamento de um projeto de instalação elétrica de qualquer estabelecimento,
inclusive os de assistência à saúde. Algumas normas são básicas e um tanto redundantes, por
isso é importante que seja analisado e projetado de acordo com o melhor método para o local
destinado, a fim de se obter uma melhor qualidade. É importante também verificar as normas
editadas pela concessionária de energia, que podem variar de estado para estado.
Para os EAS, praticamente todas as normas acima se fazem presentes, lembrando que
as instalações destes ambientes devem estar voltadas para a manutenção da vida, reforçando
ainda mais a segurança, adaptando-os para as reais necessidades.
6.4.2
Classificação dos Ambientes Hospitalares
Os locais de um hospital para fins médicos, do ponto de vista elétrico, são divididos
em três grupos. Esta classificação é necessária para assegurar que o dimensionamento das
instalações para estes locais atendem por completo às necessidades elétricas de funcionalidade
e segurança de equipamentos, e com o intuito de evitar avaliações incorretas quanto a que
atividades realmente serão desenvolvidas nestes ambientes.
Os três grupos previstos na norma ABNT (1995) para enquadramento dos locais de
um hospital, é relacionado à classificação dos equipamentos, já mencionados, que podem vir a
ser utilizados no local e se encontra no anexo C.
6.4.3
Sistema Elétricos em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde
O sistema de energia elétrica, bem como seu fornecimento, é uma das partes mais relevantes
num projeto hospitalar, sendo responsável por manter em funcionamento todos os sistemas e
equipamentos do complexo hospitalar, alimentando-os para que esses operem corretamente.
O sistema básico elétrico de um hospital necessita de alimentação. Para que o
fornecimento dessa energia opere em condições normais, é essencial saber as normas
84
exigentes da concessionária local para que seja determinado o tipo de sistema de
distribuição e de entrada (FREITAS, 2013).
A Figura 31 expõe um esquema básico do sistema elétrico hospitalar.
Figura 31- Sistema elétrico Hospitalar, onde C.P= Concessionária Pública; G= Gerador.
Fonte: Castellari (2016).
6.4.3.1 Fornecimento de Energia
Para esta etapa do projeto, é necessário saber os padrões adotados pela concessionária
local, com o intuito de determinar (FREITAS, 2013):

Tipo de sistema de distribuição e de entrada;
Neste caso, segundo a norma 2855 da CPFL (2012) uma concessionária exclusiva do
território brasileiro, adota distribuição trifásica de energia elétrica em média tensão, indicando
tensões nominais de 15kV, 25kV e 34,5kV, para unidades consumidoras com carga instalada
maior que 75 kW, por meio de subestações individuais ou coletivas.

Localização da entrada de energia;

Tensão de fornecimento;

Padrão de entrada e medição a ser utilizado, em função da potência instalada,
das condições de fornecimento e do tipo de prédio;

Nível de curto-circuito no ponto de entrega;

Esquema de aterramento.
85
6.4.3.2 Subestação Rebaixadora de Tensão
A Subestação elétrica é destinada ao rebaixamento da tensão oferecida pela
concessionária para as tensões de alimentação das cargas elétricas do hospital que
podem ser de 380V, 220V e 127V. Neste local também existem os quadros gerais de
baixa tensão que fazem a distribuição primária das categorias e classes de energia
normal, emergência e nobreak (CREDER, 1991).
No projeto da subestação devem ser especificadas as potências instaladas e as
potências de alimentação da instalação, apresentando de maneira geral e dos setores e
subsetores, onde a maioria já foram determinadas durante a análise inicial do projeto e
agora só precisam ser direcionados, caracterizados e marcados na planta (SILVA,
2013):

Tensões de fornecimento da concessionária;

Tensões nominais e potências dos equipamentos previstos;

Existência de equipamentos especiais, como por exemplo, ressonância
magnética e Raios-X;

Distâncias entre o ponto de entrega da concessionária e os centros de carga
principais e entre eles e os centros de carga secundários.
6.4.3.3 Sistema de Geração e Cogeração de Energia
As fontes de energia essenciais para alimentar diferentes locais do hospital de modo
seguro estão apresentados e divididos de acordo com a necessidade de cada classe, no quadro
1.
86
Quadro 1- Classificação dos Serviços de Segurança para EAS.
Fonte: Castellari (2016).
Para a geração de energia elétrica de maneira alternativa são utilizadas as principais
formas apresentadas a seguir.
a)
Sistema de energia elétrica normal
Esse tipo de sistema é concedido pela concessionária local, utilizadas em locais como
baixa responsabilidade, como por exemplo, tomadas de uso geral e iluminação, para
ambientes comuns dentro do hospital. Também, não apresentam qualquer tipo de
tratamento (COUTINHO).
b)
Sistema de energia elétrica de emergência e ininterrupta
A falta de energia elétrica em um ambiente hospitalar pode trazer drásticas
consequências tanto para o paciente quanto para o equipamento e profissionais envolvidos,
por isso se faz necessário o máximo de cuidado durante a especificação e execução do
projeto, além de um sistema de suporte para eventuais emergências.
A norma da ABNT (1995) classifica de acordo com o tempo de comutação a
alimentação de segurança com que equipamentos do local em questão devem ser providos,
apresentados no quadro 2.
87
Quadro 2- Classes de alimentação de segurança.
Fonte: ABNT (1995).
A previsão de um sistema de emergência de um ambiente hospitalar está contida na
NBR- 13534, exigindo que esta esteja presente caso ocorra falta de fornecimento de energia,
com tempos menores que 0,5 segundos até 15 segundos e em tempos superiores a 15
segundos. Para isso, o sistema deverá apresentar pelo menos três características de
funcionalidades diferentes. Além disso, caso ocorra uma queda de tensão maior que 10% da
tensão nominal em uma das fases ligadas a esse sistema, fugindo dos limites de tempo
impostos, o sistema de emergência deverá atuar.
Para sistemas que se enquadrem na classe de 15 segundos, é necessário um gerador
com partida automática e maiores que 15 segundos se torna necessário somente a utilização
de um gerador (CASTELLARI, 2016). Na maioria dos hospitais os geradores são do tipo
diesel-elétrico. Estes alimentam uma grande quantidade de carga, e por serem de grande porte
e apresentarem inércia em alguns componentes, que apesar de trabalharem ininterruptamente,
não conseguem atuar imediatamente no sistema, tornando ineficaz para locais de classe 0,5
segundos, podendo ser utilizados em sistemas de ventilação, elevadores, comunicação,
iluminação de suporte, entre outros.
Os Nobreak ou “UPS” (Uninterruptible Power Supply) é um sistema emergencial
ininterrupto utilizado em áreas que necessitem de energia elétrica de alta qualidade e
confiabilidade como, por exemplo, centros cirúrgicos e UTIs, de classe 0 segundo, 0,5
segundo e menor que 0,15 segundos, além de ser utilizado para alimentar equipamentos
críticos em relação a sua eficiência quanto à falta de energia elétrica e devem estar ligado ao
sistema de energia emergencial, sendo alimentado por duas fontes de energia, no caso a
concessionária e o sistema de geradores (COUTINHO).
88
Os Nobreak possuem bancos de baterias autônomas, retificadores e inversores, que
não deixam ocorrer a interrupção da transferência de energia. São de alta qualidade, sem
variação de tensão, frequência e outros transtornos causados no sistema elétrico padrão,
estando condicionada a eliminar todas as influências externas (COUTINHO). Segundo Monte
(1993), pelo menos a UTI e centros cirúrgicos deveriam possuir Nobreaks como fonte
emergencial.
Os sistemas que apresentam Nobreak devem fornecer energia por pelo menos 1 hora
para o caso de luminárias cirúrgicas estarem atuando e possuírem fontes próprias de
segurança. Se ocorrer dessas luminárias não apresentarem fontes próprias de segurança, a
energia de suprimento do Nobreak deverá aumentar para no mínimo 3 horas.
A grande vantagem de se empregar sistemas no-breaks é relacionado a garantia de
energia ininterrupta aos locais específicos, além de que após a entrada da atuação do sistema
de gerador, os circuitos podem ser ligados a este sistema, diminuindo as necessidades de
capacidade dos Nobreak e, por consequência, minimizando custos.
Conforme a NBR-13534 o sistema de energia emergencial também deverá abranger
equipamentos elétricos integrados ao fornecimento de gases medicinais, exaustão de gases
anestésicos e equipamentos de monitoração.
É
importante
que
esses
sistemas
emergenciais
passem
por
manutenções
frequentemente, pois são de extrema importância para a sustentabilidade da vida humana no
ambiente em que se encontra.
6.4.4
Sistema Isolado
O sistema isolado ou esquema IT é definido segundo a ABNT (1995) como “um
sistema de alimentação que não possui conexões direta entre partes sob tensão e aterramento,
sendo as partes condutivas expostas da instalação elétrica aterradas. O esquema IT-médico
utiliza transformador de separação elétrica para fins médicos.”
Neste sistema não devem existir o neutro distribuído pela instalação, se tornando
necessário e obrigatório a utilização de dispositivo supervisor de isolamento (DSI) com alerta
sonoro e/ou visual. Assim, as massas podem ser aterradas de duas maneiras: Individualmente
(ou por grupo) com proteção igual à de sistemas TT ou coletivamente aterradas, valendo as
regras de sistemas TN (CREDER, 1991).
89
O sistema IT-médico garante melhor funcionamento dos equipamentos, pois fornece
energia confiável, sendo que qualquer falha de isolamento, um curto-circuito à terra ou
contato com partes condutivas não irão influenciar o equipamento sustentado pela energia,
garantindo segurança à vida humana. Por conta disso, esse sistema exige requisitos mínimos e
essenciais que garantem maior confiabilidade nos locais médicos.
Em relação às correntes existentes no sistema IT, a soma da corrente de fuga entre
fase-fase é devido a uma corrente capacitiva. Essas correntes apresentam valores muito baixos
e, portanto não há perigo de choque por contato indireto. Neste esquema nenhuma parte
condutiva é aterrada ou aterrada com altas impedâncias, sendo necessário existir um
transformador de separação mono, trifásico ou trifásico com neutro. A corrente de falha no
evento de um curto para terra ou contato nas partes condutivas é baixa, portanto, não é
necessária uma desconexão. (CASTELLARI, 2016).
A presença de esquema de aterramento IT deverá existir em locais médicos
classificados no grupo 2, como sala de cirurgias, UTIs e salas de procedimento, por exemplo.
Em UTIs, por exemplo, o limite de potência do transformador determinará o limite de leitos
que irão ser alimentados e sob esta forma é determinado também a quantidade de esquemas
IT-médico para compor o ambiente (CASTELLARI, 2016).
A primeira falta à terra ou à massa é suprida, sem que haja o desligamento da energia,
permitindo continuar os procedimentos médicos sem prejudicar o trabalho da equipe médica e
o paciente. Também é indicado como forma de proteção contra contatos indiretos, o uso de
DR (FREITAS, 2013).
O esquema IT apresenta vantagens quanto ao isolamento, deixando o sistema em
perfeito estado de operação, sendo também que o condutor pode ser totalmente curtocircuitado para a terra. A manutenção nesse tipo de sistema é facilitada através da supervisão
da resistência de isolamento (para fins de manutenção preditiva, solucionando a falha que
pode vir ocorrer) e supervisão de sistemas CC, além da possibilidade de detecção de falhas na
isolação em equipamentos com operação desligada temporariamente.
6.4.5
Previsão de Cargas
Cada equipamento de utilização precisa de uma estipulada potência requerida da
energia elétrica da concessionária, para entrar em operação. Para isso é essencial prever as
cargas do sistema. Segundo Cavalin e Cervellin (2006) “o objetivo da previsão de carga é
90
determinar todos os pontos de utilização de energia (pontos de consumo ou carga) que terão
parte da instalação”.
6.4.6
Pontos de Utilização
6.4.6.1 Tomadas
As tomadas são classificadas de acordo com a corrente nominal das tomadas utilizadas
e pelo tipo de aparelho que irá alimentar.
De acordo com a ABNT (1995), em EAS os pontos de tomadas que compõem a
instalação de esquema IT-médico nos locais pertencentes ao grupo 2, deverão estar repartidos
em no mínimo dois circuitos independentes. Também, se no esquema IT-médico existir
pontos alimentados por esquema TN-S ou TT, os pontos compostos pelo IT-médico deverão
ser não-intercambiáveis com plugues previstos para as outras conexões (TN-S ou TT)
(ABNT, 1995).
6.4.6.2 Iluminação
Os principais requisitos para o cálculo da iluminação estão relacionados a quantidade e
qualidade da iluminação de uma determinada área. Para o cálculo de iluminação os métodos
mais utilizados são o método dos lumens e o método do ponto a ponto, levando sempre em
consideração a carga mínima exigida pela norma NBR 5410.
De acordo com ABNT (2004), os pontos de iluminação devem:

Cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6m2, deve ser prevista
uma carga mínima de 100VA;

Cômodo ou dependências com área superior a 6m2, deve ser prevista uma
carga mínima de 100VA para os primeiros 6m2, acrescida de 60VA para cada aumento de
4m2 inteiros.

Para aparelhos fixos de iluminação a descarga, a potência nominal deverá
incluir a potência das lâmpadas, as perdas e o fator de potência dos equipamentos auxiliares
(ABNT, 2004).
91
6.4.6.3 Iluminação Emergencial
Segundo a ABNT (1995), as luminárias de cada rota de fuga e de cada local do Grupo
1 ou 2 devem constituir no mínimo dois circuitos independentes, um dos quais devendo ser,
obrigatoriamente, um circuito de segurança. As luminárias das rotas de fuga, deverão ser
ligadas à instalação de segurança pelo menos de forma alternada, provendo uma iluminância
mínima de 1lux, medida na linha de centro e a 0,2m acima do piso ou degraus (ABNT, 1995).
Todas as sinalizações de saída devem ser enquadradas como iluminação de segurança
e como tal projetadas e executadas (ABNT, 1995).
Os locais indicados para compor os quadros de comando e controle dos grupos
geradores, os quadros de distribuição principais da alimentação normal e os quadros
principais da alimentação de segurança deverão apresentar iluminação emergencial,
assegurando iluminância mínima, em qualquer ponto, de 15lux (ABNT, 1995).
Os locais que abrigam centrais de utilidades essências deverão existir pelo menos uma
luminária em cada local. Além disso, deverá existir uma luminária em cada local do Grupo 1
integradas à instalação de segurança. No grupo 2, todas as luminárias deverão ser integradas à
instalação de segurança (ABNT, 1995).
6.4.7
Instalações Elétricas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)
As Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) como já mencionada são locais destinados
ao tratamento e monitoramento de pacientes, que normalmente apresentam estado crítico,
estando presentes equipamentos essenciais de suporte à vida. São divididas em várias
categorias, porém as necessidades elétricas são as mesmas para qualquer uma das divisões. De
acordo com a norma NBR-13534, são locais enquadrados no grupo 2 e na classe 0,5, ou seja,
locais que requerem extrema confiança na instalação elétrica e não aceitam interrupção do
fornecimento de energia elétrica.
Devido ao alto âmbito tecnológico dos equipamentos eletromédicos, as instalações
elétricas devem ser capazes de suportar essas evoluções, atendendo com competência todas as
habilidades exigidas. Por isso, se faz necessário uma projeção que ofereça maior flexibilidade,
sempre assegurando as devidas proteções a fim de manter a segurança local, do paciente e da
equipe médica envolvida.
92
Para estas unidades, o esquema de ligação IT-médico é o mais indicado,
principalmente para os circuitos que compõem os equipamentos, mas também é permitido a
ligação através do sistema TN-S ou o TT, e exclusivamente proibido segundo a NBR-13534 a
ligação TN-C. Também deverá apresentar um quadro de força próprio, com seu transformador
isolador para o sistema IT-médico.
Os problemas com induções eletromagnéticas nestes recintos devem também ser
considerados, visto a presença de equipamentos para exames que são fortemente
influenciados por esses problemas, como por exemplo, EMG e ECG.
Para uma completa e eficiente proteção, garantindo o máximo de segurança, o local
deverá possuir sistema de aterramento, assim como um sistema de equipotencialização, já que
no local estão presentes riscos de micro choque e macro choque, oferecendo risco direto ao
paciente. Os locais poderão ainda contar com a proteção de disjuntores termomagnéticos para
auxiliar na proteção dos equipamentos. Além disso, os circuitos de alimentação deverão ser
dimensionados observando vários aspectos, contidos nas normas vigentes mencionadas deste
trabalho.
Em relação à proteção contra contatos indiretos, sugere-se o uso de proteção por extra
baixa tensão, com tensão nominal máxima de 25V em AC ou 60V CC para amparar aparelhos
que trabalhem com estes valores de tensão.
Para circuitos que apresentem forma de ligação TN-S e TT, a proteção automática da
alimentação deverá ser realizada por DR, limitado a circuitos para unidades de raios-X e
circuitos para equipamentos que apresentem potência nominal de saída maior que 5kVA.
A fim de satisfazer um correto dimensionamento das cargas dos equipamentos, a
seletividade na proteção e exclusividade de circuitos são assuntos primordiais para tornar uma
instalação eficiente.
Em relação à quantidade de pontos de utilização de tomadas, é ideal cada leito
apresente no mínimo 15 tomadas aterradas, com padrão 2P+T, onde pelo menos e 3 tenham
tensão comercial distinta das outras. Estas deverão estar dispostas nos leitos a uma altura de
1,20m, de modo a facilitar a instalação dos equipamentos. Além disso, partes metálicas não
pertencentes à instalação deverão estar ligadas ao sistema de equipotencialização.
O dimensionamento destas tomadas deverá ser dimensionado para suportar potência
de no mínimo 400VA, para garantir melhor segurança aos equipamentos e evitar sobrecarga
dos circuitos. Cada leito deverá possuir tomadas derivadas de fases distintas, evitando que o
93
leito seja desligado por queda de uma das fases. Também, os leitos deverão apresentar
circuitos únicos, para promover maior flexibilidade nas manutenções.
Cada leito também deve dispor de uma tomada para equipamentos de raios-X
portáteis, identificadas, com potência mínima de 4500VA e com circuitos únicos e aterrados.
Todas as tomadas deverão estar conectadas ao sistema emergencial, capaz de prover energia
em menos de 0,5 segundos.
Para compor a iluminação deverá ser utilizado a NBR ISO CIE 8995-1 (2013), que
estabelece valores mínimos de iluminância para cada local. É importante também que sejam
utilizadas preferencialmente lâmpadas fluorescentes ou LED para reproduzir com fidelidade
as cores, e luminárias, de preferência embutidas, que apresentem características importantes
em um ambiente de saúde, como higienização, materiais sépticos, entre outros. Também
deverá estar ligado ao sistema emergencial uma quantidade de lâmpadas capazes de fornecer
iluminação propícia para rota de saída, com nível de iluminação mínima de 300lux.
Para a composição da UTI se faz necessário também um piso que de preferência não
apresentem características de condutibilidade, pois podem se tornar perigosos na condução de
eletricidade.
As características apresentadas acima mencionam os principais requisitos e técnicas de
utilização para um projeto de instalação elétrica em EAS. Porém, é de grande importância
estudar as normas vigentes e aprofundá-las de acordo com o tipo de estabelecimento do
projeto, buscando assim, maior segurança e qualidade.
6.4.8
Instalações Elétricas em Lavanderia Hospitalar
A lavanderia é um local que se enquadra no grupo 0, não exigindo cuidados especiais
além do que já está previsto nas normas de instalações elétricas convencionais. Por isso, suas
especificações deverão se basear no que já foi citado no decorrer deste trabalho, levando em
conta sempre o melhor caminho para um projeto eficiente e de qualidade.
É importante mencionar que por ser um local em contato direto com água, a segurança
deve ser reforçada, tendo, por exemplo, tomadas blindadas, interruptores e aparelhos de
iluminação não corrosivo e pisos que não apresentem características de condução elétrica.
94
6.5
Levantamento de Dados
O central motivo deste trabalho foi realizar um levantamento de dados condizentes
com a atual realidade dos setores escolhidos tanto na parte de infraestrutura física como nas
instalações elétricas, para no fim, realizar uma comparação e verificação com as normas
vigentes, já citadas no trabalho. Para isso, foi elaborada uma ficha, já mencionada no trabalho,
que apresenta questões qualitativas, abordando principais aspectos.
Através de registros fotográficos e pela análise da ficha, pode-se observar que tanto a
lavanderia como a UTI não atendem totalmente às especificações exigidas principalmente
pelas normas básicas em instalações elétricas, NBR-13435 e NBR-5410.
A falta de padronização nas instalações elétricas é clara, estando a maioria em estado
precário. Além disso, a maioria dos dispositivos essenciais para uma correta instalação se
encontram desatualizados, não obedecendo às exigências mínimas em eletricidade, operando
com o mínimo desempenhando e colocando em risco a segurança e confiabilidade da
instalação e do local.
Foi constatado que a maioria dos condutores apresentam ruptura da isolação (figura
32), indícios de sobrecarga, fios remendados por com fitas isolantes e alguns até em contato
direto com o ambiente. Os indícios de sobrecarga se devem ao sério problema que foi
informado pelo pessoal da manutenção. O hospital passa por problemas com o balanceamento
de cargas entre as fases presentes no sistema, que atinge diretamente em sobrecargas nos
transformadores e condutores, contribuindo para o aparecimento de grandes riscos elétricos.
Além disso, foi informado que o sistema de aterramento é ineficiente e não existe sistema de
equipotencialização. O esquema de ligação é do tipo TN-S em ambos os locais, e não existe a
presença de esquema IT-médico como recomendado na UTI.
95
Figura 32- Exemplo de ruptura de isolação na Unidade de Terapia Intensiva.
Fonte: O próprio autor (2016).
Foi constatada a utilização indevida de circuitos elétricos descritos para a utilização
exclusiva de equipamentos eletromédicos na UTI, sendo utilizados para outros fins, como
equipamentos destinados a limpeza, ligação do condicionador de ar e até carregamento de
celular.
No hospital foi verificado apenas a presença de um único para-raios, do tipo haste, e
não existe nenhuma evidência de um sistema de proteção para auxílio de interferências
eletromagnéticas. Como por exemplo, Gaiola de Faraday, importante na UTI para o exame de
Ecocardiograma (ECG), por exemplo.
Os circuitos apresentam má dimensionamento e em decorrência da ausência de
manutenção e suporte técnico qualificado, quase que todos os sistemas de proteção não
apresentam confiabilidade.
O sistema apresenta apenas um motor gerador do tipo diesel-elétrico, que se encontra
na única subestação do hospital e que não suporta todas as correntes excessivas presentes no
neutro, além de não conseguir atender às exigências da classe 0,5. Com isso, o sistema de
alimentação emergencial fica obsoleto e sem confiabilidade, além de não atender as normas
vigentes, visto que o gerador e os demais dispositivos estão desatualizados.
Os quadros de proteção, principalmente na lavanderia, se encontram em estado
precário, sendo alguns datados da década 40, quando o hospital começou a ser construído. Na
96
lavanderia foi constatada a presença quase que em todos os quadros de proteção somente
fusíveis e disjuntores, a maioria em situação crítica pela falta de troca, comprometendo a
credibilidade do dispositivo (figura 33 e 34). Já na UTI só foram encontrados 5 disjuntores
(figura 33), cada um responsável por cada leito. Em nenhum dos ambientes foi observado nos
quadros gerais a utilização de dispositivos residuais (DR), que são exigidos para locais que
apresentam contato direto com água, como por exemplo, a lavanderia. Também não foi visto a
presença de Nobreaks nos locais.
Figura 33- Caixa de proteção presentes na Lavanderia.
Fonte: O próprio autor (2016).
97
Figura 34- Caixa de proteção dos disjuntores de cada leito da UTI.
Fonte: O próprio autor (2016).
Em relação aos pontos de tomadas, tanto na lavanderia, quanto na UTI a maioria apresenta
padrão 2P. As tomadas que apresentam padrão 2P+T não apresentam fio terra chegando ao
terminal. Foi constatada também inversão da polaridade ocorrida durante a instalação, além
de a isolação interna apresentar precariedades (figura 35).
Figura 35- Pontos de tomada da Lavanderia.
Fonte: O próprio autor (2016).
98
A presença de extensões e plugues adaptadores foram notados em ambos os ambientes
(figura 36). Isso pode ocasionar diversos problemas, desde sobrecargas de circuitos, aumento
da possibilidade de interferência entre equipamentos, e até riscos de acidentes elétricos.
Filtros de linha com a presença de fusível também são utilizados na UTI (figura 37) para a
ligação tanto de equipamentos eletromédicos, quanto para ligação de demais equipamentos e
dispositivos elétricos, inclusive o condicionador de ar, sem verificar se a tomada, sobretudo o
filtro de linha, suporta a demanda de todos os equipamentos que serão utilizados.
Figura 36- Plugues adaptadores e extensões pela Lavanderia e UTI.
Fonte: O próprio autor (2016).
Figura 37- Pontos de tomada e linhas de filtro de um leito.
Fonte: O próprio autor (2016).
99
O numero de pontos de tomada em cada leito também se encontra fora dos requisitos
mínimos exigidos pelas normas, tanto em relação à quantidade, quanto a altura e
espaçamento, dificultando a ligação dos equipamentos e dispositivos que compõem o local.
6.6
Soluções Propostas
A atual circunstância que envolve a instalação elétrica do hospital estudado é bastante
precária no que se trata ao cumprimento das normas, seu funcionamento geral e não
apresentando o mínimo de segurança e confiabilidade, além de estar longe de serem ideais.
A falta de ciência pelo corpo administrativo e parte técnica sobre as normas vigentes
que embasam os conceitos de instalações elétricas é preocupante.
Em decorrência da conjuntura atual que hospital demonstra, percebe-se que uma das
medidas solucionais para as falhas das instalações elétricas necessitará primeiro de um
método de compreensão dos profissionais envolvidos, abordando administradores, órgãos
regulamentadores e fiscalizadores.
Para a resposta dos problemas encontrados no hospital, propõem-se é um estudo mais
detalhado das condições e com isso realizar um plano de reestruturação e adequação das
normas atuais, atendendo primeiramente situações emergenciais e prioritárias, já que o
estabelecimento convive com a falta de recursos por ser de caráter público e estabelecer
sucessivamente alterações nas demais instalações que devem ser alteradas para se encontrar
completamente dentro das normas.
Em relação ao problema de distribuição de energia elétrica, e balanceamento das
cargas, se torna necessárias mudanças estruturais completas e gerenciamento ligados à
organização do hospital, como por exemplo, estabelecer horários rotineiros para diversas
funções, equilibrados, de forma a continuar a atender todas a comunidade e minimizando os
problemas de sobrecargas. Em suma, o hospital carece de uma reestruturação/adequação
completa de suas instalações elétricas.
A qualidade de componentes usados também é importante dentro das mudanças que
deverão ser adotadas na instalação. Torna-se essencial a utilização de itens que apresentem
melhor qualidade e garantam confiabilidade técnica e de segurança para um correto trabalho
do corpo técnico.
100
Quanto à segurança dos equipamentos eletromédicos, quanto a sua utilização, o setor
de Engenharia Clínica deverá estar atento durante a compra sobre a especificação, as
necessidades de instalação, e as devidas manutenções e adequações de acordo com as normas
presentes.
A presença de uma equipe técnica qualificada gerenciando as instalações elétricas é
extremamente necessária. Essa deverá passar por treinamentos pertencentes às atividades.
Além de que este treinamento e conscientização são essenciais para que recursos sejam
direcionados e maximizados para os resultados destas falhas.
Além disso, deverá ser composta por técnicos prediais, de manutenção, eletrotécnica,
eletrônica, engenheiros e arquitetos.
Como já apresentado, existe um leque de normas que devem ser aplicadas para uma
correta instalação da parte elétrica, tanto geral, como para ambientes de saúde, por isso,
justificativas em torno de projetos mal elaborados e dimensionados não são desculpas, além
de que os requisitos das normas não demandam um aumento significativo nos custos das
instalações. Para tanto, a relação custo benefício torna possível a adequação e implantação das
normas durante o plano de reestruturação, visto a segurança, qualidade e eficiência que isto
pode trazer ao estabelecimento diretamente e indiretamente, minimizando possíveis gastos
futuros, principalmente por se tratar de um ambiente que envolve equipamentos com grandes
valores aquisitivos.
Aconselha-se uma conscientização, treinamento e fiscalização por parte de órgãos
públicos competentes para forçar que a gerencia local mantenha as instalações sob vigilância.
Para isso, é importante que esses órgãos participem de maneira eficaz na reestruturação do
local, analisando corretamente os projetos, antes da sua aprovação.
101
7
CONCLUSÃO
A carência de recursos financeiros e mão de obra se faz presente na maioria dos
hospitais públicos do Brasil, sendo às vezes adotadas medidas funcionais de emergência para
atender a demanda de pacientes.
Com o aumento do número de pessoas atendidas, a instituição em estudo cresceu sem
um correto planejamento e readequação de suas instalações trazendo deficiências, tanto pela
falta de conhecimento de normas técnicas vigentes, quanto por descuido.
O presente estudo apresentou um plano de intervenções e melhor acompanhamento
tanto da lavanderia, quanto da UTI do hospital, propondo mudanças no ambiente com o
intuito de melhorar a qualidade e segurança da mão-de-obra, aproveitamento mais eficaz do
espaço, acarretando em reduções de futuros custo, além da implantação de um projeto
arquitetônico moderno e adequação das normas vigentes relacionadas ao assunto. O estudo
teve uma metodologia descritiva e exploratória, apurando os processos de trabalho e da
infraestrutura por meio de entrevistas, visitas, registros fotográficos, revisões bibliográficas e
aplicação de normas vigentes.
Ambos os ambientes estudados necessitam de rápidas intercessões, pois se encontram
fora das normas vigentes. Além disso, após a implantação das mudanças é necessário o
monitoramento das ações, buscando sempre estar em contato com normatizações atuais e
melhores estratégias organizacionais.
Além disso, uma compreensão de um setor de manutenção aliado a diferentes práticas
é passível de implantação, contudo, é necessário um correto planejamento que interfira
diretamente sobre o desempenho e os resultados financeiros. As vantagens devem ser levadas
em conta e calculadas quanto à determinação dos investimentos, e com isso obter a
visualização da taxa de retorno, pois a admissão da Engenharia de Manutenção não se resume
em apenas reduzir custos, mas também em observar os resultados e a imagem da organização.
Assim, fica visível a importância da manutenção para a formação de uma identidade
resistente, estável e favorável à obtenção dos resultados almejados, sendo este principalmente,
o lucro.
Mostra-se a relevância nos cuidados durante um projeto de instalações elétricas em
ambientes assistenciais de saúde, pois são locais que lidam com vidas humanas e cuidados
102
destas. Por isso, se torna fundamental compreender a necessidade da integridade à cada
orientação exigida pelas normas a fim de se ter um projeto seguro, eficaz e de qualidade.
Destaca-se que este estudo, apesar de focar em apenas dois ambientes do hospital, não
descarta a necessidade de atender a todo o EAS, proporcionando garantia e segurança em todo
o ambiente.
103
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104
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50. Brasília: Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil 2002.
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WEBSTER, J. G. Medical instrumentation: applications and design. 4ª ed. Estados Unidos.
John Willey &Sons, 1998.
107
ANEXO A
108
ANEXO B
FICHA DE LEVANTAMENTO DE DADOS DO HOSPITAL
Setor:
Datas de observação:
Grupo:
Classe:

Esquemas de ligação que deveria apresentar
TN-C

TN-S
TN-C-S
TI
TT
Sistema de Proteção
Disjuntor
Termomagnético
Disjuntor DR
Fusível
Nenhum
- Quantidade do componente do sistema de proteção:____________________________
- Estado do componente do sistema de proteção:________________________________

Tomadas presentes no setor:
- 2P: ____________________
- 2P+T (Tripolar):__________
- Observações (altura, estado, polaridade):
Barramento de Terra:
( )SIM
( )NÃO
Barramento Equipotencial:
( )SIM
( )NÃO
Sistema Isolado:
Piso semi-condutivo:
( )SIM
( )NÃO Monitoração:__________________
( )SIM
( )NÃO
- Estado das instalações elétricas em geral: ( )EXCELENTE
( )BOM
109
( )RUIM

( )PÉSSIMO
Equipamentos e estado:
- Organização do local: ( )EXCELENTE ( )BOM ( )RUIM ( )PÉSSIMO
- Observações (estado, problemas, extensões):

Ambiente
- Pisos:________________________________________________________________
- Ventilação:____________________________________________________________
- Paredes:______________________________________________________________
- Janelas:_______________________________________________________________
- Fluxo: _______________________________________________________________
- Descrição do ambiente (quanto às condições, observações):
110
ANEXO C

Local do GRUPO 0: ambientes em que não são utilizadas partes aplicadas de
equipamentos eletromédicos alimentados pela rede, por exemplo, salas de atendimento e salas
de massagem (ABNT, 1995) .

Local do GRUPO 1: ambiente em que se tem o uso de equipamentos
eletromédicos, mas não para procedimentos intra cardíacos, por exemplo, quartos e salas de
fisioterapia (ABNT, 1995).

Local do GRUPO 2: ambiente que prevê o uso de equipamento eletromédico
destinado a procedimento intra cardíaco e equipamentos essenciais à manutenção da vida dos
pacientes, por exemplo, UTI, Centros Cirúrgicos e salas de cateterismo (ABNT, 1995).
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