O que é vida? Vida na Terra Habitabilidade Procura de vida Vida inteligente? Viagem interestelar Comunicação Vida no contexto cósmico: astrobiologia Gastão B. Lima Neto Vera Jatenco-Pereira IAG/USP www.astro.iag.usp.br/~aga210/ Agradecimentos aos Profs. Eduardo Janot-Pacheco, Amâncio Friaça e Augusto Damineli AGA 210 – 1° semestre/2016 Vida no contexto cósmico • Também chamada de: – – – – astrobiologia (Otto Struve 1955); exobiologia (Joshua Lederberg 1960); cosmobiologia (J.D. Bernal, 1952; Dick 1996); bioastronomia (IAU 2004). • “A consideração da vida no Universo em outras partes além da Terra” (Laurence Lafleur 1941). • “O estudo do Universo vivo” (NASA Astrobiology Institute [NAI] 1995). • Hoje: estudo da vida no Universo, incluindo a Terra (provavelmente porque só conhecemos vida na Terra): – Exemplo: Extremófilos, seres vivos em condições extremas (para o nosso padrão). Metas da astrobiologia • • • • • • • O que é a vida? Como a vida começou e evoluiu durante bilhões de anos? Existe vida em outros planetas? Quais são as condições para haver vida no Universo? Como podemos procurar por vida extraterrestre? Existe vida extraterrestre inteligente? Qual é o futuro da vida na Terra e além? Astrobiologia é multidisciplinar: biologia, astronomia, geologia, bioquímica, ciências atmosféricas, oceanografia, filosofia, etc. A astrobiologia talvez seja o único campo da ciência que ainda precisa provar que seu assunto de pesquisa realmente exista. O que é vida? • Se vamos procurar por vida, precisamos defini-la. • Uma definição “universal” pode ser difícil, pois só conhecemos vida na Terra. • Algumas características que podem definir vida: Habilidade de se adaptar e evoluir com o meio ambiente. Capacidade de se alimentar para produzir energia e crescer. Habilidade de se reproduzir e produzir descendência com algumas características dos pais. Sistemas complexos fora de equilíbrio termodinâmico. Conteúdo de informação alto (intelectualmente e/ou geneticamente). Memória e mecanismo de leitura/recuperação de dados (intelectualmente e/ou geneticamente). O que é vida? ! "# Fogo Vírus Estrela • Se alimenta e cresce • Se multiplica. – Conteúdo de informação baixo. • Conteúdo de informação alto. • Evolui. – Se multiplica apenas no interior de uma célula. • “Nasce” e “morre” • Se alimenta. – Não se adapta. Água-viva e fungo (cogumelo). • Conteúdo de informação alto. • Evolui. • Se adapta e se multiplica. Eles são vivos! Condições para haver vida • Em quais tipos de sistemas complexos? – Sistemas químicos, plasmas, cristais líquidos...? A vida que conhecemos na Terra é um sistema químico baseado em Carbono (a química orgânica). • Presença de um meio líquido? – Água é um excelente solvente e abundante no Universo. • Observamos a presença de água na Via Láctea e em outras galáxias. Questões: 1) A vida precisa necessariamente de átomos e um ambiente físico-químico? 2) A vida pode se desenvolver em outro planeta ou no espaço em condições completamente diferentes da Terra? Por razões práticas, restringimos a definição de vida como a conhecemos na Terra. Árvore filogenética da vida na Terra $% &% " # ! Baseada na configuração do rRNA, tem 3 domínios: • • • Ancestral comum de toda a vida na Terra Bacteria: procariontes unicelulares (célula sem núcleo). Archaea: procariontes com conteúdo genético significativamente diferente das bactérias. Eukarya: células com estruturas complexas (núcleo + membrana). – Pode ser uni- ou multi-celular. – Animalia (animais): são multicelulares, se movem e tem boca. Último ancestral comum universal (LUCA: Last Universal Common Ancestor) Sulfolobus: extremófilo que vive em fontes quentes e resiste a meios ácidos. Entre 3,8 e 3,5 bilhões de anos atrás, ( ~1 bilhão de anos depois da formação da Terra). Um indivíduo ou um conjunto? Composição química do ser humano ! $ 23,9 Carbono C 23 12,0 Hidrogênio H 10 62,3 Nitrogênio N 2,6 1,17 Cálcio Ca 1,4 0,219 Fósforo P 1,1 0,222 Potássio K 0,2 0,0321 Enxofre S 0,2 0,0392 Sódio Na 0,14 0,0382 Cloro Cl 0,12 0,0213 Magnésio Mg 0,027 0,00697 Silício Si 0,026 0,00509 Ferro Fe 0,006 0,00067 % N° átomos 61 % massa O símbolo Oxigênio Elemento químico contém entre 50 a 60% de água. CHON Fonte: http://www.hbcpnetbase.com/ (seção 7) Elementos químicos para vida • C H O N (99,37% em número): átomos mais abundantes em seres vivos, estão entre os mais abundantes na Terra e no Universo. – Ca + P (0,44% em número), K + S + Na + Cl (0,13% em número). – Resto ~ 0,06% • Hélio (He) é o 2° átomo mais abundante no Universo, contudo: – É raro na Terra e nos planetas telúricos; – É muito inerte (gás nobre), praticamente não está presente em moléculas. • Para vida é necessário moléculas complexas: cadeias de átomos que possam se unir a 3 ou 4 outros átomos. – Átomos que podem se unir apenas com um ou dois átomos não produzem moléculas suficientemente complexas. Moléculas complexas para vida • 5 elementos poderiam servir para o “esqueleto” de moléculas complexas: – Boro, Carbono, Nitrogênio, Silício e Fósforo. • Silício–Silício: ligações muito frágeis para manter grandes moléculas. • Silício–Oxigênio: ligações fortes demais (forma gel e líquido). • Silício–Oxigênio–Oxigênio: ligações ainda mais fortes (por exemplo, cristais de quartzo, SiO2). • Boro, Nitrogênio e Fósforo têm os mesmos problemas. • Carbono tem ligações fortes, mas na medida certa para possibilitar transformações possibilidade de moléculas gigantes e estáveis o suficiente. polipropileno glicol Moléculas orgânicas no meio interestelar # # Até outubro/2015, mais de 194 moléculas foram detectadas no meio interestelar (das quais 61 em fontes extragalácticas). Cometas e meteoritos também possuem moléculas orgânicas. http://www.astro.uni-koeln.de/cdms/molecules Origem da vida • A vida na Terra se baseia na macromolécula ácido desoxirribonucleico, ADN. • Hélice dupla com as bases: adenina (A), citosina (C), guanina (G) e timina (T). • Aminoácidos também são essenciais à vida. amino (NH2) + ácido carboxílico (COOH) + uma cadeia molecular. • O aminoácido Glicina foi observado no cometa io Wild-2 e no meio interestelar. Cenário de Alexander Oparin (1924) Elementos biogenéticos (CHONPS) Energia Aminoácidos Vida • Experiência de Urey–Miller (Stanley Miller era aluno de Harold Urey). • Teste do cenário de Oparin em 1930, demonstram a formação de aminoácidos a partir de gases presente na atmosfera da Terra primitiva. A energia vinha de relâmpagos. • Foram criados mais de 20 aminoácidos diferentes, mas nenhuma forma de vida. Pearson Education, Inc, 2010 A evolução da vida é um longo processo. 1°s Big Bang: início da expansão Eucariontes Elementos leves são formados. Primeiras estrelas se formam e começam a enriquecer o Universo com metais. A Gálaxia se forma. O Sistema Solar se forma. “Explosão Cambriana” A Terra se forma. Início da vida no précambriano. Multiplicação da vida multicelular na “Explosão Cambriana”. Onde a vida se desenvolve? • Aminoácidos são encontrados em planetas/satélites e no meio interestelar. • Desenvolvimento e evolução da vida deve necessitar certas condições. • Não pode ser quente demais (destrói moléculas complexas), frio demais (reações químicas são inibidas), não pode ter muita radiação UV, raios-X e gama (destrói moléculas, ioniza átomos). • Reações químicas se beneficiam de um meio líquido neutro: água líquida. Zona de habitabilidade • Região onde é possível encontrar água líquida na superfície de planetas ou seus satélites. • Depende da luminosidade e da distância da estrela do sistema planetário. Marte Terra • Mesmo durante o período da Sequência Principal, a luminosidade das estrelas varia lentamente, alterando a zona de habitabilidade. • Podem haver outras regiões habitáveis, por exemplo, em órbita de planetas gigantes: – forças de maré do planeta fornecem energia para manter o satélite aquecido internamente água líquida sob uma grossa camada de gelo (p.ex., Europa). Zona de habitabilidade Galáctica A Via Láctea se torna habitável há ~8 bilhões de anos atrás, em uma região entre 8 e 9 kpc do centro. Com o tempo, a região de habitabilidade se expande. Supõe-se aqui que a vida complexa leva ~4 bilhões de anos para se desenvolver. Lineweaver et al., Science, 2004 • • • • • Não é surpreendente que o Sol esteja próximo do centro da zona de habitabilidade, já que usamos a vida na Terra como padrão. Área cinza claro: tempo suficiente para desenvolvimento de vida. Área azul: excesso ou falta de metais. Área vermelha: excesso de explosões de supernovas. Contorno verde escuro: região de maior probabilidade de se formarem estrelas que possam abrigar planetas com vida complexa (multicelular, por exemplo). Linha verde clara: distribuição de idade de vida complexa. Exoplanetas • 3434 exoplanetas descobertos entre 1992 e 13/06/2016. – cerca de 2286 em 1626 sistemas descobertos pelo satélite Kepler. • 19 exoplanetas têm massa entre 0,5 e 2,0 massas terrestres. • Alguns na zona de habitabilidade. Talvez, 6±2% das estrelas de tipo solar tenham um planeta do tamanho da Terra com período de translação entre 200 e 400 dias. E. A. Petigura, A. W. Howard & G. W. Marcy (2012) http://exoplanet.eu/ http://exoplanets.org/ O que é a inteligência? • Forma de vida com habilidade de interagir com outros animais. • Com capacidade de se comunicar e aprender com outros animais. • Com capacidade de ensinar e passar experiências aos colegas e filhos. • ... • Alfred Binet (psicólogo): “Inteligência é julgar bem, compreender bem, raciocinar bem”. • Lewis Terman (psicólogo): “A capacidade de conceituar e de compreender o seu significado”. • Judy Harris Helm (pedagoga): “A atividade inteligente consiste na compreensão do essencial de uma situação e numa resposta reflexa apropriada”. • Jean Piaget (psicólogo): “Adaptação ao ambiente físico e social”. • Marvin Minsky (professot do MIT): “Inteligência é a habilidade de resolver problemas difíceis” A classificação de civilizações de Nicolai Kardashev • Nikolai Kardashev propõe em 1964 que as civilizações evoluem por 4 estágios e que as civilizações alienígenas podem ser classificadas em um deles. • Base da classificação: a energia disponível A classificação de civilizações de Nicolai Kardashev • Tipo 0: a civilização apenas começa a explorar recursos planetários, como a energia solar, geotérmica ou eólica. A maior parte da energia produzida vem de combustíveis fósseis não-renováveis, como petróleo, carvão, gás natural. Nossa civilização é deste tipo. Até ~ 1014 W. • Tipo 1: a civilização controla os recursos do planeta; prediz o tempo e terremotos com precisão; pode controlar o clima induzindo artificialmente o efeito estufa ou usando lasers em órbita. Pode interromper uma era glacial. Tem a capacidade de aproveitar uma fração significativa da potência do Sol. Nós precisamos de mais um ou dois séculos pelo menos para chegar aqui. Até ~ 1016 W. A classificação de civilizações de Nicolai Kardashev • Tipo 2: a civilização estendeu seu poder sobre todo seu sistema estelar, colonizando ou explorando os planetas. Dominam os vôos espaciais e enviam expedições para outras estrelas. Até ~ 1026W. • Esta escala foi estendida posteriormente para Tipo 4 (até ~ 1046W) e Tipo 5 (toda a energia disponível do Universo). • Tipo 3: a civilização colonizou milhares ou milhões de sistemas planetários, se não toda uma galáxia. Ela tem poder para controlar a Galáxia. Até ~ 1036W. Portanto, pelo visto, não existem civilizações Tipo 3 na Via Láctea. adamburn.deviantart.com/art/SHield-World-Construction-118068881 A equação de Drake • N = R* x fp x ne x fl x fi x fc x L • Proposta em 1961 por Frank D. Drake para estimar o número N de civilizações na Galáxia com as quais nós poderíamos nos comunicar. • A equação de Drake é o produto de uma série de estimativas feitas para avaliar a probabilidade das condições necessárias para que haja tais civilizações com capacidade de se comunicar conosco. • A equação de Drake não tenta responder se estas civilizações querem ou não se comunicar conosco. • Dada a incerteza nos fatores envolvidos, muitos acham esta equação completamente inútil. • A equação de Drake é no mínimo útil para examinar o nosso nível de ignorância... N = R* x fp x ne x fl x fi x fc x L • R*: taxa de formação estelar em uma galáxia, em unidades de estrelas por ano • Na Galáxia: – hoje, ~ 1/ano mas no passado a taxa foi maior. – Número médio: N_estrelas / idade = ~ 200 bilhões / 10 bilhões ~ 20 estrelas/ano. Este número é menor se considerarmos apenas estrelas com menos ~1,5 massas solares (mais de ~2 bilhão de anos na Sequência Principal) e estrelas com mais de 0,5 massas solares (suficientemente quentes para a zona de habitabilidade não estar demasiadamente próxima da estrela). N = R* x fp x ne x fl x fi x fc x L • fp: fração das estrelas que contêm planetas. Número ainda mal conhecido; Drake sugere 0,5. Muitos exoplanetas estão sendo descobertos e este número pode ser maior. • ne: número de planetas/satélites por estrela que podem abrigar a vida (habitabilidade). Número altamente incerto! Drake: 2 planetas/estrela No Sistema Solar, temos pelo menos 6 astros potencialmente habitáveis: Vênus, Marte, Ganimedes, Europa, Titã e, é claro, a Terra. N = R* x fp x ne x fl x fi x fc x L • fl: fração das estrelas que podem desenvolver vida. fl > 0 com certeza... • fi: fração da vida que se torna inteligente. Drake: 0,01 • fc: fração da vida inteligente que pode se comunicar. Drake: 0,01 • L: duração de uma civilização inteligente que pode se comunicar. Nós mesmos: ~100 anos (desde que começamos a emitir ondas de rádio). Resultados de Drake (1961): N = R* x fp x ne x fl x fi x fc x L • R*: taxa de formação estelar na Via Láctea: 10 estrelas/ano • fp: fração das estrelas que contêm planetas: 0,5 • ne: número de planetas por estrela que podem abrigar a vida: 2 • fl: fração das estrelas que podem desenvolver vida: 1 • fi: fração da vida que se torna inteligente: 0,01 • fc: fração da vida inteligente que pode e deseja se comunicar: 0,01 • L: duração de uma civilização inteligente que deseja se comunicar: 10.000 anos N=10*0,5*2*1*0,01*0,01*10.000= 10 civilizações Estimativa menos otimista: N = R* x fp x ne x fl x fi x fc x L • R*: taxa de formação estelar na Via Láctea: 10 estrelas/ano • fp: fração das estrelas que contêm planetas: 0,5 • ne: número de planetas por estrela que podem abrigar a vida: 0,5 • fl: fração das estrelas que podem desenvolver vida: 0,1 • fi: fração da vida que se torna inteligente: 0,0000001 • fc: fração da vida inteligente que pode e deseja se comunicar: 0,01 • L: duração de uma civilização inteligente que deseja se comunicar: 500 anos N=10*0,5*0,5*0,1*10-7*0,01*500~ 10-7 civilizações Princípio da Mediocridade • A Terra é um planeta rochoso típico, em torno de uma estrela comum, numa região intermediária de uma galáxia espiral, como inúmeras outras. • A Terra experimenta as mesmas leis, efeitos e evolução que outros planetas. • A vida deve ser bastante comum no universo. Paradoxo de Fermi: se os aliens existem, onde estão eles? • De acordo com o princípio da mediocridade, como a Galáxia é antiga, grande, e com 200 bilhões de estrelas, a vida deve ser comum. • Por que ainda não nos encontramos com os aliens? Soluções para o Paradoxo de Fermi • Estamos sós: civilizações são tão raras que somos a primeira a surgir na Via Láctea. • Civilizações são comuns, mas nenhuma colonizou a Via Láctea: a) dificuldades tecnológicas: viagens interestelares são difíceis e caras. b) sociologia: não têm interesse em sair de casa. c) autodestruição. Soluções para o Paradoxo de Fermi • Existe uma civilização galáctica mas ela deliberadamente evita contato. Teoria das Ilhas de Vida • A vida está espalhada no universo tanto no espaço quanto no tempo. • A cada milhão de anos, em um planeta muito distante, uma civilização evolui a ponto de mandar sinais de rádio para outros planetas. • Mas poucos milhares de anos depois disso, a vida desaparece abruptamente e a emissão de sinais é interrompida. • Isso pode ter ocorrido inúmeras vezes no universo, mas nenhum par de civilizações avançadas estava perto o suficiente ou viva na mesma época. Por que a vida poderia desaparecer subitamente? Teoria das Ilhas de Vida Por que a vida poderia desaparecer subitamente? • Autodestruição (tipo uma guerra nuclear). • Desastre ecológico (aquecimento global, destruição da camada de ozônio). • Eras glaciais: ocorrem na Terra a cada ~10.000 anos. • Impacto: colisão com um asteroide gigante (do tipo que levou à extinção dos dinossauros). A hipótese da Terra Rara • Proposta por Peter Ward e Donald Brownlee no livro Rare Earth. • A emergência na Terra de vida multicelular complexa requer uma combinação extremamente improvável de eventos e circunstâncias astrofísicas e geológicas. A atmosfera da Terra evoluiu com o tempo, refletindo tanto a atividade vulcânica e bombardeio de cometas, como a atividade biológica. O2 foi produzido por fotossíntese, CH4 é produzido em vulcões e organismos vivos. A hipótese da Terra Rara • Fica dentro da zona habitável da Galáxia – Se a Terra estivesse mais próxima do centro galáctico • Radiação X e gama de buracos negros e estrelas de neutrons • Perturbação gravitacional por estrelas próximas • Chance maior de ser atingida por asteróides – Se a Terra estivesse muito longe do centro galáctico • Elementos pesados necessários para formar planetas rochosos são raros. • Nossa estrela central tem as características certas – O Sol é uma estrela tipo G (~ 5% das estrelas da Via Láctea) – A zona habitável em torno do Sol é estimada entre 0,95 – 1,15 UA – Anãs vermelhas (as estrelas mais comuns) têm zonas habitáveis menores: • Efeito de marés: um lado do planeta fica sempre voltado para a estrela • Aumenta o risco das explosões solares, que ionizam a atmosfera A hipótese da Terra Rara • Lua grande – Única porque • Os outros planetas rochosos não têm luas ou elas parecem ser asteróides capturados (Marte) • A fração do tamanho da Lua em relação à Terra é a maior do sistema solar (exceto Plutão e Caronte) – Supõe-se que a Lua estabilize o eixo de rotação da Terra • Muita oscilação do eixo: mudanças climáticas extremas (prejudicial para a vida) • Pouca oscilação: falta de mudanças climáticas (elas estimulam a evolução) • Tectônica de placas, glaciações, impacto de asteróides, Viagens interestelares • Velocidade máxima de um foguete hoje: v ~ 43000km/h ~ 12km/s • Estrela mais próxima do Sol: d = 4,24 anos-luz (1,3 pc). • Tempo de viagem: t = d/v = 106 mil anos. • Novas tecnologias, por exemplo, propulsão por íons acelerados em um campo magnético: v ~ 500 mil km/h ~ 140 km/s, t ~ 9 mil anos. • Para a viagem ser suportável, é necessário viajar com velocidade próxima a da luz. • Mas a energia necessária aumenta rapidamente com a velocidade. • Além disto, em uma viagem de ida e volta, o tempo na espaçonave será muito menor do que o tempo passado na Terra. Comprem só a passagem de ida! As máquinas de Von Neumann • Imagine uma nave com capacidade de se autoreproduzir e que: – viaja até a estrela mais próxima em 100.000 anos; – constrói 2 cópias em 100 anos e as envia para duas outras estrela próximas; – cada uma constrói 2 cópias e as manda para 2 outras estrelas próximas, etc... • Todas as estrelas da Galáxia serão visitadas em uns 4 milhões de anos. • Sugerido por John von Neumann na década de 1940. Como procurar inteligências extraterrestres? • Há pouca chance de se descobrir vida extraterrestre por contacto direto • Uma maneira é tentar se comunicar via ondas de rádio (radiação eletromagnética = fótons) • Fótons: - viajam à velocidade da luz - podem transportar informação - são produzidos e detectados facilmente - não são defletidos pelo campo magnético galáctico - em algumas frequências têm baixa probabilidade de serem espalhados ou absorvidos • Sinais - artefatos: sinais de rádio, TV, radar, - deliberados: sinais codificados, mas fáceis de decodificar Comunicação com extraterrestres: projeto SETI • • • • SETI: search for extraterrestrial intelligence Objetivo: detectar evidências de civilizações tecnológicas Radio-telescópio de Arecibo SETI@Home Janela no espectro E-M de menor ruído na Galáxia: “buraco da água”: canal de comunicação. O Futuro... • Eventualmente deixar a Terra e migrar pela Galáxia? – O Sol não vai durar para sempre. – Mineração do Sistema Solar. • Civilizações pós-biológicas? – Consciência e inteligência em sistemas informáticos (computadores)? – Maior tolerância a extremos (calor, frio, radiação). • Vida (e vida inteligente) pela Galáxia? Vida no contexto cósmico AGA 0316 • Disciplina optativa oferecida para toda a USP. • O estudo multidisciplinar da origem, evolução, distribuição e destino da vida no Universo.