Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos CONSTRUINDO O CONHECIMENTO GEOGRÁFICO A PARTIR DE IMAGENS: CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS DO BRASIL Fabiana Dukievicz¹ Edinéia Vilanova Grizio-Orita² Resumo. O uso de imagens no processo de ensino-aprendizagem ainda é pouco utilizado pelos professores nas aulas de Geografia, mas seu uso não pode ser descartado. Vive-se num mundo onde a informação também é transmitida visualmente, por isso não se pode ignorar seu uso no processo educacional, bem como sua utilização como recurso metodológico para aprendizagem dos conteúdos de Geografia. É por meio da comunicação visual que se tem acesso a grande maioria das informações do mundo contemporâneo. O uso das novas tecnologias é uma necessidade da vida moderna com a qual é necessário aprender a lidar. No caso do ambiente escolar, as novas tecnologias educacionais se tornam cada vez mais importantes, pois os alunos se identificam muito com elas. Este trabalho tem como objetivos apontar os benefícios que o uso de imagens pode trazer para as aulas de Geografia, desenvolver a leitura interpretativa de imagens e contribuir na apropriação dos conteúdos geográficos. O estudo se efetivou por meio de uma pesquisa-ação que contemplou o uso de imagens acerca de um tema, no caso específico: Os Climas do Brasil. Essas atividades foram realizadas com os alunos do 7º ano do ensino fundamental. Os resultados obtidos evidenciaram que quando o professor sai de sua área de comodismo e busca diversificar a maneira de transmitir o conhecimento faz com que o aluno interaja mais com a aula, tornando a aprendizagem mais prazerosa e proveitosa. Palavras-chave: Ensino. Imagens. Tecnologia. Clima. Introdução O presente trabalho pretende apresentar os resultados das atividades desenvolvidas junto ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), o qual tem como um de seus objetivos, a formação continuada dos professores que pertencem ao quadro da Secretaria de Estado da Educação (SEED), realizado em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), durante o período 2013/2014. O ponto inicial das reflexões, análises e estudos, foi a elaboração de um Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, durante o primeiro semestre de 2013, cujo título é Construindo o Conhecimento Geográfico a partir de Imagens: Características Climáticas do Brasil. ____________________ ¹ Professora PDE, Licenciada em Geografia, Especialista em Educação Patrimonial e Educação Ambiental. Vinculada ao Colégio Estadual Profª Helena RonkoskiFioravante, em Reserva PR. ²Professora Adjunta do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Ponta GrossaPR. O público-alvo escolhido para participar do desenvolvimento desse projeto, durante o primeiro semestre de 2014, foram os alunos do 7º ano (turmas A e B), do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Professora Helena Ronkoski Fioravante, município de Reserva, Núcleo Regional de Educação de Telêmaco Borba - Pr. Diariamente se houve falar em lançamento de novos produtos tecnológicos que buscam inovar a vida das pessoas em tudo que fazem. Com a educação não poderia ser diferente. É preciso inovar também na transmissão do conhecimento, romper a barreira do quadro de giz ou do livro didático. O uso de imagens no que diz respeito ao ensino-aprendizagem não pode ser descartado. Vive-se em um mundo onde a informação é transmitida em sua maior parte visualmente. Segundo Zatta (2008) "é inquestionável a importância das imagens, e por isso, não podemos ignorar o seu uso no processo educacional, bem como, a sua utilização como recurso metodológico para a aprendizagem dos conteúdos de Geografia”. O uso de imagens (de livros, revistas, internet, entre outros) nas aulas de Geografia, ainda é pouco utilizado pelos professores, seja pela falta de capacitação que estes possuem sobre o uso dos recursos tecnológicos, seja pela metodologia habitual que lhes foi ensinada nos anos anteriores, voltada principalmente para os textos teóricos, o que por sua vez não atrai os alunos e deixa a aula muito cansativa. De acordo com os livros didáticos, alguns conteúdos trabalhados apresentam uma abordagem superficial e com poucas informações. Não é o caso do mesmo ser abandonado, mas buscar outras fontes de ensino que completem o conteúdo tratado em sala de aula. O mundo da informação hoje tem intensificado o uso de imagens, é o que se chama de informação visual. O objetivo deste trabalho é desenvolver junto aos alunos atividades de exploração do uso desse recurso a fim de enriquecer os temas e conteúdos geográficos na ampliação do conhecimento. Desenvolvimento A sociedade moderna atual detentora de muitos conhecimentos, sobretudo, tecnológicos vive em meio às constantes transformações. Inúmeros lançamentos invadem nossas vidas, especialmente no que diz respeito à comunicação. É a chamada era midiática. É por meio da comunicação visual que temos acesso a grande maioria das informações no mundo contemporâneo. As imagens passam a ser então, o foco de atenção. O uso das novas tecnologias é uma necessidade da vida moderna com a qual é imprescindível aprender a lidar. No caso do ambiente escolar, as novas tecnologias educacionais se tornam cada vez mais importantes, visto que o aluno se identifica muito com elas. As propostas de renovação das metodologias do ensino e adoção dos novos recursos tecnológicos na escola passam a ser questões de discussão e pesquisas para se efetivarem no intuito de melhorar o ensino e a aprendizagem. As tecnologias aplicadas ao ensino A educação hoje deve estar voltada para a realidade da sociedade. A escola deve propiciar situações que permitam ao aluno pensar de forma crítica, enfatizando a sua vivência, o espaço que o rodeia. O processo de ensino-aprendizagem deve ser mais criativo e o professor mais preparado. Dessa forma, segundo Nascimento: A Geografia passa a exercer um papel importante no currículo escolar, pois é dotada de conhecimentos múltiplos sobre o desenvolvimento da sociedade. Se os alunos devem ser dotados de habilidades necessárias ao conhecimento do mundo e tudo o que a ele se relaciona, eles devem ser dotados também de um senso crítico capaz de compreender um mundo heterogêneo, de transformações extraordinariamente rápidas devido ao grande avanço tecnológico e todas as suas consequências (Nascimento, 2004, p.43). As tecnologias existentes nas escolas como o laboratório de informática, a TV pendrive, o data-show, podem auxiliar positivamente na assimilação dos conteúdos por parte dos alunos e são ótimas ferramentas para o professor que deseja uma aula mais dinâmica, facilitando assim o ensino e otimizando o aprendizado. O uso dos computadores nas escolas por parte dos alunos ainda é muito restrito, seja pelo pequeno número deles por aluno, seja pelo despreparo dos professores em usar essa tecnologia. O computador pode ser um facilitador para o aluno e um instrumento necessário nos dias atuais. Daí a importância de que seu uso seja abordado na formação de professores. A escola tem o papel de preparar indivíduos para o desenvolvimento da sociedade. De acordo com Weiss (2001), a informática na escola não deve ter o intuito de preparar alunos especialistas na área, mas enriquecer as atividades pedagógicas, não como um fim em si mesmo, e sim despertando o interesse e o desenvolvimento intelectual do aluno. Ainda segundo Weiss: Pode se afirmar que o uso do computador só funciona efetivamente como instrumento no processo ensino-aprendizagem, se for inserido num contexto de atividades que desafiem o grupo em seu crescimento. Espera-se que o aluno construa o conhecimento na relação consigo próprio, com o outro (professor e os colegas) e com a máquina (Weiss, 2001, p.18). A TV pendrive, outro recurso tecnológico nas escolas, pode ser utilizado por professores enriquecendo suas aulas com filmes, imagens, documentários que podem ser levados através do DVD ou pendrive. As tecnologias podem ajudar na construção de ambientes favoráveis à aprendizagem educacional. As imagens como fonte alternativa no ensino de Geografia Nos dias atuais, as crianças têm contato com diversas tecnologias de comunicação que a escola não pode ignorar. Assistem a TV em casa, filmes, acesso à Internet através de computadores, do celular, enfim, é por meio de imagens que grande parte das informações são repassadas. Mas o uso de imagens não pode levar apenas a ver e sim a compreender um fenômeno a partir de uma interpretação crítica da imagem. Esta muitas vezes serve apenas para ilustrar. É preciso então ir além, refletir o que está invisível, não perceptível, mas que se induz nas entrelinhas. O professor deve adotar vários tipos de linguagens para repassar os conhecimentos, no caso das imagens pode estabelecer uma relação com o conteúdo, de maneira interpretativa. Segundo as diretrizes: Algumas práticas pedagógicas para a disciplina de Geografia atrelada aos fundamentos tornam-se importantes para a compreensão do espaço geográfico, dos conceitos e das relações sócio-espaciais nas diversas escalas geográficas (DCE Geografia, 2008 p.80). As diretrizes curriculares da educação do Estado do Paraná contemplam ainda que: O uso de imagens não animadas (fotografias, posters, slides, cartões postais, outdoors, entre outras) como recurso didático, pode auxiliar o trabalho com a formação de conceitos geográficos, diferenciando paisagem de espaço e, dependendo da abordagem dada ao conteúdo, desenvolver os conceitos de região, território e lugar. Para isso, a imagem será ponto de partida para atividades de sua observação e descrição. Feita essa identificação, o professor e os alunos devem partir para pesquisas que investiguem: Onde? Porque esse lugar é assim? Enfim, propõem-se pesquisas que levantem os aspectos históricos, econômicos, sociais, culturais, naturais da paisagem/espaço em estudo (DCE Geografia, 2008 p.82). A atual sociedade pertence a uma cultura midiática onde as informações são transmitidas por meio de imagens e sons que tem provocado mudanças na maneira de ensinar. Por esse motivo é importante que se desenvolvam pesquisas que demonstrem os resultados acerca do uso das novas tecnologias educacionais no âmbito escolar. Uma imagem por si só pode ser muito mais atraente, interessante e transmissora de informações do que um amontoado de palavras. O conteúdo a ser trabalhado com os alunos será os Climas do Brasil e para tanto se faz necessário também, uma abordagem acerca do assunto. Climas do Brasil Existem muitos climas na superfície terrestre. A diferença entre eles está ligado a vários fatores principalmente na temperatura e umidade. Em relação à temperatura existem os climas quentes e os climas frios. Quanto à umidade os climas podem ser mais ou menos úmidos interferindo na quantidade de chuvas. Outros fatores também influenciam e caracterizam os climas como as massas de ar, o relevo, as correntes marítimas, a latitude, a altitude e a vegetação. A variação dos climas brasileiros está voltada a atuação das massas de ar que nele atuam, na extensão tanto norte-sul quanto leste-oeste, nas altitudes do relevo em geral baixas e no fato de possuir um grande litoral banhado por águas quentes. Os climas tropicais como é o caso do Brasil, apresentam-se de forma geral com temperaturas elevadas devido a alta insolação recebida e pouca variações das estações, pode-se dizer que na maior parte do território brasileiro predomina o verão. As temperaturas médias não variam muito durante o ano. O Brasil apresenta o predomínio de climas quentes em virtude de sua posição no globo terrestre, ou seja, localiza-se a baixas latitudes (distância da linha do Equador) e da ação das massas de ar quente. Apenas a parte sul do Brasil apresenta um clima com temperaturas mais baixas, em razão da sua distância com a linha do Equador e também pela atuação de massas de ar polar com maior intensidade. Tomando como referência os estudos de Boligian et al (2009) e Almeida (2010), o Brasil apresenta os seguintes climas: Equatorial, Tropical, Semiárido, Tropical úmido, Tropical de altitude e o Subtropical. Destacam-se algumas características de cada um: Clima Equatorial: recebe massas de ar equatorial continental, úmida devido à presença da floresta Amazônica. As temperaturas são elevadas o ano todo com chuvas abundantes. Estende-se por uma grande parte da região norte, parte do Maranhão e do Mato Grosso. Clima Tropical: é dominado por três massas de ar: tropical continental, tropical marítima e equatorial continental. As temperaturas são elevadas o ano inteiro, apresenta estações bem definidas: uma chuvosa (verão) de outubro a abril e outra mais seca (inverno) de maio a setembro. Esse clima ocorre no centro do Brasil. Se estende por parte da região Centro-Oeste e em algumas regiões do Maranhão, Ceará, Piauí, Bahia e Minas Gerais. Tropical úmido: é influenciado por várias massas de ar entre elas a equatorial e tropical marítima muito quentes e úmidas, suas temperaturas são elevadas e as chuvas abundantes. Ocorre no litoral do Nordeste e Sudeste. Tropical de altitude: característico das áreas de planaltos e serras da região Sudeste, ou seja, são terras mais altas. Estende-se em parte do Paraná (norte), São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Recebe influência da massa de ar tropical marítima, chove muito e as temperaturas são amenas. No inverno pode ocorrer geada. Clima subtropical: é controlado por três massas de ar: a tropical marítima e continental e polar marítima (fria e úmida), as quais formam as frentes frias durante o período do inverno. Ocorre abaixo do Trópico de Capricórnio, abrangendo toda a região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). As chuvas são bem distribuídas durante todo o ano e as temperaturas variam bastante. Apresenta todas as estações bem definidas. O verão é muito quente com áreas que atingem mais de 30°C e o inverno muito frio, possui regiões onde as médias térmicas podem atingir 0°C ou menos. Clima semiárido: é influenciado pelas massas de ar equatorial e tropical marítima e sofre influência também do relevo na porção litorânea nordestina. Essa região alta funciona como uma barreira natural que impede à umidade trazida por essas massas de ar de chegar ao interior nordestino, ou seja, no Sertão. Quando chegam, essas massas de ar já estão muito secas, por isso, as chuvas são poucas e irregulares. As temperaturas são elevadas durante o ano inteiro. O ser humano ao longo do tempo foi se adaptando às condições climáticas e desenvolvendo técnicas de maneira a amenizar os efeitos do clima sobre sua vida. Estudar o clima de um lugar e entender os elementos que o interrelacionam vem de muito tempo antes de Cristo e permanece até hoje, pois está intimamente ligado as atividades humanas em geral. Encontra-se o maior número de estudos em climatologia voltados a pesquisas em países desenvolvidos, ou seja, na chamada zona temperada. Já nos países da zona tropical, onde sua colonização esteve voltada para a exploração, esses estudos são mais recentes e de forma insatisfatória, devido à falta de interesse. Também como afirma AYOADE: Os trópicos são, na maior parte habitados por populações que estão num baixo estágio de desenvolvimento econômico. Os governos dos países tropicais possuem poucos recursos para alocar no desenvolvimento da rede de observação, tendo em vista a existência de necessidades mais urgentes em outros setores da economia (Ayoade,2010,p.11). O Brasil, comparado a outros países, tem se destacado nos estudos sobre o clima, em virtude de sua atividade agrícola responder por grande parte da economia, O país tem buscado obter informações sobre as características climáticas que se configura no nosso território e que interfere nas atividades econômicas aqui desenvolvidas. Conhecer o clima de um lugar significa bem mais que saber suas características atmosféricas. É aproveitar esse conhecimento para planejar as ações do homem no âmbito ambiental, urbano e agrícola. E saber lidar com o clima significa também, aproveitar melhor o que a natureza tem para nos oferecer e dessa maneira nos desenvolver economicamente e como ser humano. O clima é fator determinante para algumas atividades econômicas que o homem desenvolve, como por exemplo, a agricultura, determinando o tipo de produto agrícola mais favorável ou praticável sobre uma determinada área ou região. Entre os elementos climáticos que mais exercem influencia na agricultura estão a umidade, a temperatura e a radiação solar. O clima também pode influenciar na distribuição da população em todo o planeta. É importante estudar os climas e sua inter-relação com a natureza, pois ao mesmo tempo que o clima influencia outros elementos naturais, como a vegetação e o relevo por exemplo, também é influenciado por eles. As condições do tempo e do clima podem determinar as ações do homem no seu dia a dia em todo o mundo. O que plantar, o que comer, o que vestir, que tipo de moradia construir, enfim, são inúmeras e as mais diversas as situações condicionadas ao clima e suas variações. Daí a importância de se conhecer e estudar melhor as características climáticas e a sua interferência sobre a vida humana e como ela está intimamente ligada e condicionada a esse fator natural tão determinante no nosso planeta. O impacto do clima sobre o ser humano pode ser visto de duas maneiras, positiva ou negativa, dependendo do grau da relação de interferência deste sobre o homem e suas atividades desenvolvidas. Por isso, é importante conhecer as características climáticas, em especial a do Brasil, para entender as relações que estas têm com a qualidade de vida. Implementação da Proposta Pedagógica No início do ano, juntamente com a equipe pedagógica e dos demais professores do colégio, foi realizada a apresentação do projeto. Todos demonstraram aceitação e interesse pelo tema e ainda, que o projeto seria de muita relevância para a aprendizagem como um todo. A proposta desenvolvida na produção didática e colocada em prática na implementação pedagógica teve vários momentos de estudos e reflexões acerca do tema e com a metodologia adotada. Para a obtenção das imagens e de seu uso nas atividades buscou-se utilizar os recursos tecnológicos existentes no colégio como o laboratório de informática, a TV pendrive e também em outras fontes como revistas e livros da biblioteca. No primeiro momento foi apresentado aos alunos o projeto, seus objetivos e o encaminhamento metodológico que seria adotado. Para a realização das atividades foi adotado um comparativo entre duas turmas a fim de demonstrar os resultados, pois as atividades eram diferenciadas devido à metodologia que se propunha, uma turma com o uso de textos e imagens (7ºA) e outra priorizando o uso de textos (7ºB). De início os alunos do 7ºA tiveram contato com o assunto a ser abordado "Características climáticas do Brasil" através de textos, pois entende-se que antes de qualquer atividade prática haja um conhecimento através do referencial teórico. Como atividade houve uma leitura explicativa com comentários. Na sequência os alunos preencheram um quadro sobre as características climáticas do Brasil utilizando o texto anterior. A partir daí é que se propôs atividades com o uso de imagens. Os trabalhos passaram por vários momentos. Depois de terem contato com o assunto através dos textos estudados, os alunos passaram a adquirir informações a partir de imagens. As primeiras imagens foram coletadas em revistas e livros da biblioteca e também trazidos pela professora e por eles mesmos. Nesta atividade eles puderam perceber visualmente aquilo que haviam estudado nos textos. Foi um momento de ligação entre a teoria e o visual. As principais diferenças nas características climáticas foram percebidas e comentadas por eles a cada imagem que achavam. Quando dúvidas apareciam em alguma imagem, eles se reportavam ao texto para relacionar ao clima correspondente através da localização das mesmas. Houve um grande envolvimento da turma na atividade. Depois da coleta das imagens, foi hora de seguir para o segundo momento da atividade, a elaboração dos cartazes. Divididos em grupos cada qual responsável por um clima, os alunos confeccionaram cartazes, que posteriormente foram apresentados à turma. Houve uma integração entre eles através da troca de informações. As imagens dos cartazes também serviram para a caracterização de um grande mapa dos climas do Brasil, no qual as características como a vegetação em especial, a influencia do relevo, os principais produtos agrícolas de cada clima foram destacadas. Durante esta atividade os alunos perceberam que o Brasil é um país com diversas características em função do clima e de sua extensão territorial e que, portanto, ele não pode ser visto como um todo. É preciso estudar as particularidades de cada região que o forma. As atividades continuaram no laboratório de informática a fim de coletar imagens da internet acerca do assunto e para ser repassado a turma na Tv pendrive. Os alunos escolheram as imagens de acordo com o clima responsável por seu grupo. Estas foram armazenadas no pendrive. Na sala de aula, foi feita a leitura interpretativa destas imagens a fim de retirar informações nelas contidas sobre o assunto. Para a realização desta leitura seguiu- se um questionário norteador: Roteiro para análise das imagens 1- O que você observa na imagem? 2- Qual (is) característica (s) a imagem está representando? 3- Relacione a imagem a seu clima. 4- Em qual (is) região (ões) brasileira (s) ou estado (s)esse clima abrange? Nesse momento houve muita participação dos alunos que demonstraram interesse sobre o assunto. Complementavam os comentários ao se reportar a outras imagens que lembravam. Por exemplo, na imagem dos produtos agrícolas mais cultivados em cada clima lembravam de outros produtos, sua época de plantar, onde é plantado, entre outros. Esses comentários enriqueceram ainda mais a aula, envolvendo-os com o assunto e a compreensão daquilo que estavam estudando, por sua vez, foi maior. Através das informações obtidas nas imagens os alunos fizeram a articulação com o texto escrito, complementando desta forma o conteúdo estudado. Trabalhar com imagens não é apenas ilustrar uma informação, é ir além. Cabe ao professor refletir, questionar, indagar, levar o aluno a explorá-las a fim de retirar dados. Para a compreensão ainda melhor sobre os clima do Brasil os alunos fizeram uma pesquisa com seus pais ou pessoas mais velhas da família sobre a influência do clima na vida das pessoas e na agricultura local, visto que o município onde foi realizado a pesquisa é essencialmente agrícola. Pode-se perceber que o cotidiano das pessoas é influenciado pelo clima, pois a maneira de vestir e a alimentação, por exemplo, é condicionada à época das estações do ano. Os produtos agrícolas mais cultivados também são aqueles que se adaptam ao clima. Durante a aplicação das atividades algumas dificuldades foram aparecendo. Uma delas foi ter os alunos no contraturno. Para eles, a hora do estudo só é aquela regular, fora disso ele não enxerga a continuação ou oportunidade de ampliar seus conhecimentos. Cumprir o obrigatório já basta. Nesse momento, então, foi preciso uma conversa com eles para demonstrar que fazia parte do projeto e que havia a necessidade de realizar atividades fora do horário "normal" das aulas. Ainda dentro desta questão, há alunos que moram no interior e que dependem do transporte escolar e que, portanto, não poderiam participar. O número de alunos nestas atividades de contraturno foi menor. Outro fator que limitou o número de alunos nas atividades foi quanto ao uso dos computadores do laboratório de informática do colégio. Como muitos destes estão sem manutenção, o número de alunos teve que ser menor, pois não havia computadores suficientes para todos, lembrando que o laboratório de informática não é usado só por alunos, mas também por professores nas horas atividades. No 7ºB onde a proposta metodológica foi basicamente a utilização teórica do assunto, as atividades se iniciaram com a leitura explicativa do texto e posteriormente com o preenchimento do quadro sobre as características de cada clima brasileiro. Nesta atividade os alunos perceberam as diferenças climáticas brasileiras, bem como as particularidades de cada um. Dando continuidade às atividades, os alunos divididos em grupo e responsáveis por um tipo de clima, elaboraram cartazes com frases que representavam as características dos climas brasileiros. Esses cartazes foram apresentados para toda a turma como forma de socialização das informações. Para finalizar as atividades da produção didática e como meio de verificar o grau de aprendizagem dos alunos, foi feito uma avaliação do conteúdo estudado. Os resultados obtidos na avaliação serviram de comparativo entre as turmas, para analisar qual metodologia adotada foi mais positiva. NO 7ºA mais de 70% da turma atingiram a média da avaliação, enquanto que no 7ºB apenas 40% alcançaram esse nível. Além disso, os alunos do 7ºA tiveram mais facilidade em identificar e relacionar as características de cada clima, bem como localizá-los no território brasileiro. Os números obtidos deixam claro que a utilização de imagens para a aquisição do conhecimento é um grande auxiliar no processo ensino-aprendizagem. Quanto ao GTR (Grupo de Trabalho em Rede), este foi um momento de muita colaboração e participação dos envolvidos. Os professores além de tecerem comentários sobre o projeto e a sua importância na contribuição de um ensino mais eficaz e com melhores resultados, puderam avaliar e opinar sobre as atividades que seriam propostas. Alguns sugeriram novas atividades que acabaram por complementar e enriquecer ainda mais o projeto. Outros previram dificuldades que apareceriam no caminho. Esse momento foi importante pela troca de ideias, experiências, informações, sugestões, que só vieram a somar na implementação das atividades. Foi interessante porque os professores acreditaram na ideia do projeto e que este poderia ser um grande auxiliar nas aulas. Além disso, este projeto não vai ficar apenas no colégio onde trabalho, outros professores já o conheceram e estão colocando em prática. Isto é gratificante e também uma forma de reconhecimento. Considerações Finais Grande parte das informações que recebemos todos os dias é visual, seja através da televisão ou da internet. Partindo deste pressuposto, e entendendo que é preciso inovar na transmissão do conhecimento, se pensou então, desenvolver atividades com o uso de imagens, utilizando os recursos disponíveis na escola, especialmente aqueles que pudessem chamar maior atenção como o uso do computador e da Tv pendrive. Este projeto não tem a pretensão de mostrar algo de extraordinário nem descobrir a fórmula da aula perfeita. Mas ele propõe adotar uma metodologia que está sendo deixada de lado por muitos professores que preferem uma aula menos expositiva. Trabalhar com imagens pode exigir tempo para escolha das mesmas e na preparação das atividades. A divisão das atividades pelas turmas, adotando metodologias diferenciadas em cada uma, foi proposital, no sentido de demonstrar os resultados entre elas. Na turma onde o uso de imagens foi explorado houve grande participação e envolvimento dos alunos nas atividades desenvolvidas. A atenção e interesse pelo assunto foi maior. Para se ter ideia em números do percentual de alunos que atingiram bons resultados na avaliação esse valor chega em torno dos 70%, enquanto que na turma onde as atividades se basearam somente com o uso de textos o interesse foi menor, a participação deles na construção de informações foi menos ativa e o percentual na avaliação foi menor que 50% de alunos que conseguiram bom aproveitamento. Os resultados obtidos nesta prática pedagógica evidenciam que quando o professor sai de sua área de comodismo e diversifica a maneira de transmitir o conhecimento através de metodologias variadas, fazendo o aluno interagir com a aula, a aprendizagem pode se tornar mais prazerosa e com melhores resultados. Do contrário, o professor que prioriza uma aula teórica, onde o aluno é apenas recebedor do conhecimento pronto e acabado, sem se fazer uma construção e reflexão sobre aquilo que está sendo estudado, a aula se torna monótona, cansativa, os alunos menos interessados e, por consequência, aprendem menos. Referências ALMEIDA, Maurício de. Geografia Global 2. 1ª ed. São Paulo: Escala Educacional, 2010.-(Coleção geografia global) AYOADE, Johnson Olaniyi. Introdução à Climatologia para os Trópicos.14.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2010. 350 p. Tradução de: Maria Juraci dos Santos. BOLIGIAN, Levovet al. Geografia espaço e vivência: introdução a ciência geográfica, 6ºano.3.ed.reform. São Paulo: Atual, 2009. NASCIMENTO, Claudinei Ferreira do. A Geografia e as novas teias da Aranha (WEB). In: ASARI, Alice Yatiyo; ANTONELLO, Ideni Terezinha; TSUKAMOTO, Ruth Youko (Org.). Múltiplas Geografias: ensino-pesquisa-reflexão. Londrina: EDUCAÇÃO Diretrizes AGB/Londrina, 2004. 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