1 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA Bruno Meotti Ijuí, RS, Brasil. 2016 2 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS ORIENTADOR: Profº. Drº. FELIPE LIBARDONI SUPERVISOR: INÁCIO ANTUNES Bruno Meotti Ijuí, RS, Brasil 2016 3 RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA Bruno Meotti Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Grandes Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como requisito parcial para a obtenção do grau de Médico Veterinário. Orientador: Profº. Drº. Felipe Libardoni Ijuí, RS, Brasil 2016 4 Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Departamento de Estudos Agrários Curso de Medicina Veterinária A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA elaborado por Bruno Meotti como requisito parcial para obtenção de grau de Médico Veterinário COMISSÃO EXAMINADORA Felipe Libardoni, Dr. (UNIJUÍ) (Orientador) Luciane Ribeiro Viana Martins, Ms. (UNIJUÍ) (Banca) Ijuí, 2 de julho de 2016 5 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus por sempre iluminar e conduzir minha vida. Aos meus país e familiares por sempre me proporcionarem a oportunidade de estudar sem nunca medirem esforços e conselhos para a vida. Aos professores, mestres e doutores desta instituição, que além de ensinar o conhecimento técnico necessário para a vida profissional, são exemplos de pessoas, nos inspirando a cada dia com suas personalidades e jeito cativante. A todos os médicos veterinários que ao longo de minha vida acadêmica me proporcionaram a oportunidade de acompanhá-los e assim desenvolver um senso sobre valores e ética profissional, em especial ao médico veterinário Inácio Antunes, exemplo de comprometimento e humildade perante aos produtores rurais. E por último, a todos os amigos e colegas de faculdade nos quais ao longo desta caminhada estiveram ao meu lado em todos os momentos, seja nas horas de estudo ou nos momentos de confraternização. 6 RESUMO Relatório de Estágio Curricular Final na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Grandes Animais Departamento de Estudos Agrários Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul- UNIJUÍ RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS AUTOR: Bruno Meotti ORIETADOR: Felipe Libardoni DATA E LOCAL DE DEFESA: Ijuí, 02 de julho de 2016. Realizado no período entre 04/04/2016 a 23/05/2016 o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária totalizou 150 horas, sob a orientação do Profº. Dr. Felipe Libardoni, e supervisão do Médico Veterinário Inácio Antunes. Durante o presente estágio foram acompanhadas diversas atividades de clínica médica e cirúrgica de grandes animais, que estão evidenciadas nas tabelas apresentadas neste trabalho e discutidas conforme literatura, dois casos clínicos, sendo um relato de Tétano em um equino e um caso de suspeita de leptospirose em uma propriedade leiteira, enfatizando assim a importância destas doenças de caráter contagioso nas quais apresentam significativos índices epidemiológicos. O estágio proporcionou a oportunidade de desenvolvimento e discussão dos conhecimentos adquiridos durante a formação acadêmica, além de possibilitar a atuação de forma prática de procedimentos e visualizar a realidade de produtores rurais na macrorregião da cidade de Santo Ângelo. Desenvolvendo assim a formação profissional do acadêmico. Palavras-chave: Doenças infectocontagiosas, Bovinos, Equinos. 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Atendimentos clínicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016. Tabela 2 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de maio de 2016 a 23 de abril de 2016. Tabela 3 – Exame ultrassonográfico acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016. Tabela 4 – Procedimentos de fomento acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016. 8 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS % = Porcentagem °C = Graus Celsius ® = Marca comercial registrada C.tetani = Clostridium Tetani ELISA = Ensaio de imunoabsorção enzimática bpm = Batimentos por minuto Drº = Doutor Drª = Doutora IATF = Inseminação artificial em tempo fixo Kg = Quilograma L.interrogans = Leptospira interrogans mg/kg= Miligramas por quilograma mpm = Movimentos por minuto PCR = Proteína C Reativa pH= Potencial hidrogênionico PO= Pura origem Profª= Professora UNIJUÍ= Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UI = Unidades internacionais 11 Sumário INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 12 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................................................................... 13 RELATOS DE CASO ......................................................................................................................... 15 RELATO DE CASO I ..................................................................................................................... 15 TÉTANO EM UM EQUINO ....................................................................................................... 15 RELATO DE CASO II .................................................................................................................... 23 SUSPEITA DE LEPTOSPIROSE EM UMA PROPRIEDADE LEITEIRA .......................... 23 CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 30 RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 31 12 INTRODUÇÃO Realizado no período entre 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016 o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de clínica médica de grandes animais, totalizando 150 horas, sob a orientação do Profº. Drº. Felipe Libardoni, e supervisão do Médico Veterinário Inácio Antunes. O presente estágio foi realizado no munícipio de Santo Ângelo, o qual apresenta grande área rural, na qual, é a região de atuação do médico veterinário acompanhado durante o período de realização do estágio. O médico veterinário ainda é responsável técnico pela agropecuária Fogo de Chão, na qual possui seu escritório para atendimento aos seus clientes e resolução de atividades internas. A opção na realização do Estágio Curricular Supervisionado com o médico veterinário Inácio Antunes se deu devido ao conhecimento técnico do profissional, capacidade de transmissão de seu conhecimento e ainda devido a boa convivência com o mesmo. As atividades desenvolvidas no presente estágio abrangeram as áreas de clínica médica, procedimentos cirúrgicos, exames ultrassonográficos e ainda atividades de fomento, as quais proporcionaram a oportunidade de desenvolvimento dos conhecimentos adquiridos durante a vida acadêmica. O presente relatório demostra um caso de tétano em um equino, no qual aborda sua etiologia, patogenia, tratamento, diagnóstico e história clínica do animal, além de um relato sobre uma propriedade de leite com suspeita de leptospirose, na qual, durante a discussão é elucidada suas causas, tratamentos, sinais clínicos, apresentados e dados epidemiológicos, ambos relatados conforme literatura. 13 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS O desenvolvimento das atividades do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Grandes Animais, estão descritos nas tabelas aqui apresentadas e incluem o acompanhamento de atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, exame ultrassonográfico e procedimentos de fomento. Tabela 1 – Atendimentos clínicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016. Procedimento / Exame Bovinos Tratados / Diagnosticados % Hipocalcemia 2 28,57 Tétano 1 14,29 Leptospirose 2 28,57 Retenção de Placenta 2 28,57 Total 7 100 Tabela 2 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016. Procedimento / Exame Bovinos % Castração de Touros 53 100 Total 53 100 Tabela 3 – Exame ultrassonográfico acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016. 14 Procedimento / Exame Bovinos Examinados / Diagnosticados % 127 95,49 Cisto Luteinico 3 2,26 Cisto Folicular 2 1,50 Vaca Free Martin 1 0,75 133 100 Confirmação de Gestação Total Tabela 4 – Procedimentos de fomento acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016. Procedimento / Exame Bovinos e Equinos / Atividades % Coleta de amostra de sangue para exame de Anemia Infecciosa Equina. 43 23,76 Coleta de amostra de sangue para exame de Mormo. 52 28,73 Teste de Tuberculose 12 6,63 Vacinação Brucelose 47 25,97 22 12,15 5 2,76 181 100 Confirmação de animais de corte PO Protocolo de IATF Total 15 RELATOS DE CASO RELATO DE CASO I TÉTANO EM UM EQUINO Introdução Altamente fatal, o tétano é causado por toxinas produzidas pelo Clostridium tetani, bacilo gram-positivo, anaeróbico obrigatório e formador de endósporos (TORTORA et al., 2012). Essa bactéria é isolada de forma comum dos conteúdos intestinais de herbívoros (GEORGE & SMITH, 2006). Solos altamente contaminados por dejetos fecais possuem maior concentração de esporos de C. tetani (RAPOSO, 2001). Aproximadamente de 30 a 42% de amostras de solos coletadas pelo mundo apresentam esporos bacterianos, a qual possui período de sobrevivência variado em solos contaminados com fezes. (RADOSTIS et al., 2010). Essa doença é uma afecção cosmopolita que atinge com frequência regiões de criação intensiva, onde os animais são submetidos a maiores práticas de manejos traumatizantes e exposição a microorganismos, e possui importância devido a sua alta taxa de mortalidade e período de convalescência extenso em animais sobreviventes (RADOSTIS et al., 2010). Todas as espécies domésticas e até mesmo o homem, podem ser acometidas por esta doença (RAPOSO, 2001). Existe considerável variabilidade de suscetibilidade entre as espécies, sendo os equinos mais sensíveis, enquanto os bovinos apresentam menor susceptibilidade ao tétano. Esta diferenciação de sensibilidade pode ser explicada por George & Smith (2006) dizendo que esta afecção é habitualmente uma doença de animais isolados, por isso casos são mais comuns em equinos, os quais são muitas vezes criados estabulados, estando prédispostos a traumas nestas instalações (QUINN et.al., 2005). A exposição ao C. tetani pode ocorrer devido a soluções de continuidade e feridas (KLEIN, 2014). A não realização da vacinação de forma preventiva e lesões advindas de casqueamento e castração, também são fatores de risco para o tétano (Di FILIPPO et.al., 2016). Em equinos, feridas penetrantes em tecidos moles e cascos são os locais de maior fonte de infecção, os esporos inoculados nestes 16 tecidos são altamente resistentes à resposta imune do organismo hospedeiro, podendo permanecer latentes no tecido por meses ou anos até que surjam condições adequadas para seu desenvolvimento, como, anaerobiose causada por uma lesão tissular subsequente (GEORGE & SMITH, 2006). As bactérias presentes no ponto de inoculação não invadem os tecidos adjacentes, somente se multiplicam produzindo proteínas tóxicas, no caso a tetanolisina, tetanoespasmina e a toxina não-espasmogênica, responsáveis pelos diferentes sinais clínicos visualizados no animal (RADOSTIS et al., 2010; RAPOSO, 2001). O período de incubação dessa doença é variável, entre 3 dias a 1 mês (RADOSTIS et al., 2010; RAPOSO, 2001; GEORGE & SMITH, 2006; QUINN et.al., 2005). Os autores diferem sobre o tempo de aparecimento dos sinais clínicos, mas todos concordam que o começo dos sintomas é variável conforme as dimensões e localização da ferida, grau de anaerobiose, número de bactérias inoculadas e ainda titulação de antitoxina do hospedeiro. Os principais sintomas incluem andar com os membros rígidos, tremores musculares, trismo mandibular e tetania do músculo masseter, prolapso de terceira pálpebra, rigidez da cauda, orelhas eretas, hiperexcitabilidade, constipação e retenção urinária. (RAPOSO, 2001; RADOSTIS et al., 2010; QUINN et.al., 2005; KLEIN, 2014; GEORGE & SMITH, 2006). O diagnóstico desta afecção é geralmente presuntivo, apoiado pelos sinais clínicos e história de trauma recente (QUINN et.al., 2005). Os dados epidemiológicos também são relevantes para o diagnóstico de tétano (RAPOSO, 2001). Não existem alterações específicas no sangue, ou líquido cerebroespinhal com valor significativo para a confirmação do diagnóstico (RADOSTIS et al., 2010; GEORGE & SMITH, 2006). A inoculação em camundongos com o soro de animais infectados pode ser realizada para o diagnóstico da doença (QUINN et.al., 2005). Somado a isso, o tratamento é difícil em animais que demonstram sinais clínicos (KLEIN, 2014). Sendo baixa a resposta ao tratamento nos equinos afetados (RAPOSO, 2001). A administração de antitoxina, utilização de toxóides, fornecimento de grandes doses de penicilina, debridamento e lavagem da ferida com peróxido de hidrogênio, abrigar os animais em locais silenciosos e escuros, utilização de sedativos e relaxantes musculares proporcionando a diminuição do desconforto clínico e manutenção das funções vitais (QUINN et.al., 2005). Esta 17 forma de tratamento também é indicada por GEORGE & SMITH, 2006 que ainda preconiza a fluidoterapia, alimentação adequada, além de um piso de qualidade nas baias. Por tudo isso, o presente estudo tem por objetivo relatar um caso de tétano em um equino da raça crioula, elucidando sua etiologia, fisiopatologia, sinais clínicos, tratamento, controle e profilaxia desta afecção que acomete esta espécie com maior susceptibilidade. Metodologia O atendimento veterinário foi solicitado a uma égua da raça crioula de oito anos de idade, com aproximadamente 450 quilos de peso vivo, em uma hotelaria de equinos. O local apresenta vasto histórico de trânsito intenso de diferentes espécies de herbívoros, tendo em vista, que as suas instalações já foram utilizadas para diferentes finalidades agropecuárias e apresentavam condições sanitárias inadequadas. Durante a anamnese, as queixas do tratador eram a visualização de movimentos involuntários na região do abdômen, dificuldade de micção com urina escassa, hipertonia na região do peito e dificuldade de locomoção há dois dias. No exame físico o animal apresentou frequência cardíaca de 34 bpm, frequência respiratória de 12 mpm e temperatura corporal de 38ºC, mucosas normocoradas e tempo de perfusão capilar de três segundos. Ainda examinando o animal foi possível observar trismo mandibular com tetania do musculo masseter, hipertonia na região do peito, onde foi visualizada lesão de caráter perfurante, tremores musculares na região da escápula e abdômen, membros rígidos com o animal assumindo posição de “cavalete”, dificuldade de locomoção, salivação espumosa, orelhas eretas e sensibilidade á luz. Estes sinais clínicos levaram o médico veterinário ao diagnóstico de tétano. Como tratamento foi instituído a aplicação de benzilpenicilina procaína na dose de 6.900.000 UI/Kg por via intravenosa, aplicação de 500mg/kg de megluminato de flunixina via intramuscular, 25mL do complexo vitamínico, mineral e aminoácidos Bionew® via endovenosa, fluidoterapia com a administração de 20 18 litros de cloreto de sódio a 0,9% e recomendação de isolamento do animal em local escuro e sem estímulos sonoros. Ainda, o proprietário relatou que a égua havia sido imunizada com a vacina comercial Lexington®, na dose de 50 U.I. de toxóide tetânico. O animal recebeu três aplicações conforme orientação do fabricante, não sendo revacinada a mais de seis meses como indicado pelo laboratório da vacina. Um dia após o início do tratamento o animal veio a óbito após cair em um lago, tendo em vista o desrespeito dos tratadores as orientações recomendadas pelo médico veterinário.. Resultado e discussão Bactérias gram-positivas como o C. tetani possuem a capacidade de esporulação, estas células especializadas a condições inóspitas são chamadas de esporos. Quando a bactéria estiver submetidas a condições desfavoráveis como falta de nutrientes ou aerobiose é forçada a isolar uma parte de seu citoplasma em uma camada dupla de proteínas, lhe conferindo assim uma grande resistência e a capacidade de permanecer viáveis no ambiente mesmo sobre condições adversas (TORTORA et al., 2012). Os esporos podem persistir viáveis por vários anos no ambiente e ainda são resistentes a métodos de desinfecção como vapor quente a 100ºC por 20 minutos, necessitando de aquecimento a 115ºC por 15 minutos para serem destruídos (RADOSTIS et al., 2010). Estas afirmações explicam a importância de condições sanitárias adequadas em locais com acúmulo de animais. Em estágios iniciais da doença, a temperatura retal é mantida nos padrões da espécie, mas com a evolução da infecção a temperatura frequentemente pode alcançar os 42ºC, com apresentação de sudorese profusa e quadros de convulsões conforme a doença se agrava, o tempo de perfusão capilar pode ser sugestivo de desidratação, nos estágios iniciais a capacidade de comer e tomar água são facilmente suprimidos pela tetania dos músculos masseteres (RADOSTIS et al., 2010). Líquidos endovenosos devem ser administrados conforme a necessidade visando a correção do desequilíbrio eletrolítico e desidratação (GEORGE & SMITH, 2006). 19 Nas primeiras horas a doença faz com que os animais apresentem claudicação e rigidez dos membros afetados, relacionados ao efeito local das toxinas absorvidas. Nesses casos, os animais apresentam dificuldade de locomoção (deambulação) com extensão da cabeça, hipertonia em músculos antigravitacionais, mantendo assim postura característica de “cavalete”, além disto, as orelhas se apresentam eretas voltadas para trás, tônus excessivo da musculatura facial com a mandíbula cerrada, chamada de trismo, os espasmos musculares são relacionados a estímulos auditivos, oculares ou táteis (GEORGE & SMITH, 2006). Todos estes sinais característicos foram apresentados pelo equino vindo ao encontro da literatura também citada por (RADOSTIS et al., 2010; QUINN et.al., 2005; RAPOSO, 2001). Nos estágios mais avançados da doença a morte do animal acontece após uma convulsão atribuída ao desenvolvimento de hipóxia, devido a paralisia dos músculos diafragma e intercostais. Além disso, também é observada insuficiência cardíaca secundária a hipertensão sistêmica. Essas manifestações são a maior causa de morte dos equinos, havendo um período transitório de melhora poucas horas antes de um espasmo tetânico fatal (RADOSTIS et al., 2010;KLEIN, 2014; RAPOSO, 2001; GEORGE & SMITH, 2006). Estes sinais clínicos são explicados pelo modo de atuação destas toxinas, na qual, a tetanolisina é responsável por ampliar a necrose no local da lesão através da disseminação da infecção, possibilitando que a produção de tetanoespasmina local alcance o sistema vascular, difundindo a toxina até áreas pré-sinápticas de placas motoras, dificultando a liberação de neuroreceptores, glicina e ácido gama aminobutírico (GABA), provocando hipertonia e espasmos musculares nos quais impedem o relaxamento muscular, já a toxina não-espasmogênica é citada como a responsável pela hiperestimulação do sistema nervoso simpático, resultando em respostas autônomas pelo animal (RADOSTIS et al., 2010; RAPOSO, 2001; QUINN et.al., 2005; KLEIN, 2014). Para um tratamento mais eficaz é importante eliminar a bactéria, atenuar a toxina com aplicação de antitoxina, relaxar a tetania muscular evitando asfixia, debridamento cirúrgico das feridas seguido de lavagem com peróxido de hidrogênio, abrigar os animais em ambiente controlado longe de luminosidade e barulho, manter hidratação e alimentação, além de manter o relaxamento muscular até a toxina ser eliminada. (RADOSTIS et al., 2010; RAPOSO, 2001; QUINN et.al., 2005; KLEIN, 2014; GEORGE & SMITH, 2006). O recolhimento dos animais acometidos em baias 20 escuras e silenciosas é recomendado para evitar quedas e possíveis traumas em quadros de convulsão ou perda de equilíbrio, recomendação esta, que foi ignorada pelo proprietário. Antes da toxina se ligar as células nervosas ainda é possível neutralizá-las com a aplicação de antitoxinas na fase inicial da doença por meio de infiltração com a dosagem entre 1000 a 5000 UI para cada 500 kg de peso vivo. Já o tratamento para eliminação do C.tetani requer a utilização de penicilina G potássica na dose de 22.000 UI/kg de 3 a 4 vezes ao dia por meio de infiltração ao redor da ferida ou utilização de penicilina G procaína na dose de 22.000 UI/kg por via intramuscular duas vezes ao dia (GEORGE & SMITH, 2006; RAPOSO, 2001). A flunexina meglumina foi utilizada visando seu grande potencial analgésico e ação anti-inflamatória, pois seu uso é indicado em distúrbios musculoesqueléticos (SPINOSA, 2006). O princípio ativo atua muito bem sobre os tremores musculares, todavia, a melhor forma de promover a parada destes movimentos involuntários dos músculos é através da aplicação de medicamentos como a promazina (0,5 a 1,0 mg/kg, intravenoso) ou ainda acetilpromazina (0,5 a 1,0 mg/kg, intravenoso)( GEORGE & SMITH, 2006; RAPOSO, 2001). O controle e profilaxia desta afecção são efetuados por medidas que visem higiene e desinfecção estritas em situações pré e pós-operatórias como a aplicação de antitoxina (1500-3000 UI), instrumentos estéreis, acondicionamento dos animais em baias pouco contaminados com dejetos, além da vacinação adequada com toxóide tetânico nos animais (RAPOSO, 2001). Lesões em baias que não possuem manutenção periódica e a falta de cuidado com feridas recorrentes de perfurações nas mesmas podem predispor ao quadro de infecção, fato este observado no presente caso. A formação de anticorpos na primeira aplicação da vacina é pequena, necessitando uma segunda dose entre 10 a 20 dias, esta última faz com que os níveis de anticorpos se elevem rapidamente antes de sua titulação diminuir lentamente, após estes procedimentos o animal deve ser vacinado pela terceira vez, conferindo uma resposta humoral ainda melhor, entre tanto, sua magnitude diminui com o passar do tempo (TIZARD, 2014). A diminuição desta titulação é solucionada com a vacinação periódica do animal conforme orientação do laboratório fabricante da vacina. É importante vacinar os potros com idade entre três e quatro semanas, éguas prenhes entre quatro e seis semanas pré-parto devem ser imunizadas para 21 enriquecimento do colostro, é comum a orientação de vacinação anual e animais expostos a ferimentos não vacinados a mais de seis meses devem ser revacinados imediatamente (ANDRADE, 2008). Conclusão Devido seu alto grau de letalidade, grande período de convalescência, elevada susceptibilidade em equinos, dificuldade de eliminação dos esporos da bactéria no ambiente, o diagnóstico rápido em um caso de tétano é decisivo para um melhor tratamento do animal, evidenciando assim a importância da vacinação correta e periódica do animal, além do seguimento das recomendações estipuladas pelo médico veterinário. Referências Bibliográficas ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária, 3. ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. 28, p. 96. Di FELIPPO, P. A. et al. Achados clínico-epidemiológicos e resposta ao tratamento de 25 casos de tétano em equinos ocorridos na região Norte Fluminense, Rio de Janeiro, Brasil. Revista brasileira de medicina veterinária. V. 38. p. 33-38, 2016. Disponível em: <file:///C:/Users/Bruno%20Meotti/Downloads/Achados%20cl%C3%ADnico epidemiol%C3%B3gicos%20e%20resposta%20ao%20tratamento.pdf> . Acesso em: 08 de junho de 2016. GEORGE, L. W.; SMITH, M. O. Doenças do sistema nervoso. In: SMITH, B. P Medicina interna de grandes animais, 3. ed. Barueri: Manoli, 2006. cap. 33, p. 995-999. KLEIN, B. G. Cunningham tratado de fisiologia veterinária, 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. cap. 5, p. 66. QUINN, P. J. et al. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas , Porto Alegre: Artmed, 2005. cap 16, p. 94-97. RADOSTITS, O. M. et al. Clínica veterinária: um tratado de doença dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos, 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. cap .17, p. 676-679. 22 RAPOSO, J. B. Tétano. In: RIET-CORREA, F. et al. Doença de ruminantes e equinos, 2. ed. São Paulo: Varela, 2001. cap. 3, p. 345-351. SPINOSA, H. S. Farmacologia aplicada à medicina veterinária, 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. cap. 21,p.267. TIZARD, I. R. Imunologia veterinária, 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. cap. 1, p. 43-46. TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia, 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. cap. 22, p. 643-644. 23 RELATO DE CASO II SUSPEITA DE LEPTOSPIROSE EM UMA PROPRIEDADE LEITEIRA Introdução Com distribuição mundial em locais de clima quente e úmido, a leptospirose é responsável por grandes perdas econômicas nos rebanhos leiteiros, devido a queda na produção de leite e problemas relacionados à reprodução, como, abortos, infertilidade, natimortos e neonatos fracos. Além disso, é uma zoonose de caráter geralmente ocupacional, acometendo fazendeiros, açougueiros e veterinários (RADOSTITS et al., 2010). Pertencente à família Leptospiraceae, as leptospiras podem manter-se viáveis em lagos, rios, superfícies d’água, solos úmidos e lama, quando em temperaturas quentes. O sorogrupo mais prevalente é da Leptospira interrogans, a qual persiste nos túbulos renais e trato genital dos portadores. É uma bactéria Gram-negativa, aeróbia, de forma helicoidal, apresentam endoflagelos lhe conferindo assim mobilidade, além de apresentar mais de 250 sorovariedades divididos em 23 sorogrupos (QUINN et al., 2005). Sendo os sorotipos mais comumente identificados no Brasil a L Hardjo, L Wolffi, L grippotyphosa, L pomona, L canícula e L icterohemorragiae (RAPOSO, 2001; ANDRADE, 2008). Todas as espécies domésticas podem ser acometidas por esta afecção, sendo que, a susceptibilidade dos animais a esta doença estão ligadas a adaptação de cada sorotipo ao hospedeiro, nos quais, os reservatórios geralmente apresentam alta sensibilidade á infecção, apresentando a forma crônica, enquanto, os hospedeiros acidentais possuem suscetibilidade relativamente baixa a infecção, com desenvolvimento da patologia de forma aguda (RADOSTIS et al., 2010). A transmissão ocorre quando as leptospiras invadem as mucosas, pele escarificada ou ainda macerada, disseminando-se via corrente sanguínea até alcançar diversos órgãos (Van METRE & DIVERS, 2006). Os fatores envolvidos na contaminação pela leptospirose são a eliminação da bactéria através da urina e sua persistência no ambiente (RAPOSO, 2001). A ocorrência da leptospirose independe de tipo de exploração, manejo e das práticas de reprodução adotadas nos rebanhos (CASTRO et.al. 2008). 24 O diagnóstico desta afecção deve ser feito através de triagem dos animais em um rebanho possivelmente acometido, analisando sinais clínicos juntamente com o histórico de exposição à urina contaminada. Já o controle e tratamento da leptospirose devem ser realizados com o uso de antimicrobianos, além da utilização de vacinação como método de profilaxia da doença (QUINN et al., 2005). . O presente estudo tem por finalidade descrever um caso suspeito de leptospirose, e buscar compreender os meios de disseminação da doença, elucidando sua forma de transmissão, sinais clínicos, diagnóstico, tratamento, controle e profilaxia em um rebanho leiteiro com suspeita de leptospirose. Metodologia Em maio de 2016 foi atendida uma propriedade na região periurbana da cidade de Santo Ângelo. Ao solicitar assistência veterinária, o produtor rural relatou problemas reprodutivos em seus animais, apresentando queixas de infertilidade, retorno ao cio, histórico de abortos no terço final da gestação e ainda diminuição na produção de leite dos animais. Durante a anamnese e os questionamentos realizados ao produtor, este relatou que por motivos econômicos, há aproximadamente um ano dispensou os serviços de assistência veterinária, no qual deixou de inseminar artificialmente suas vacas e novilhas, sendo substituído este procedimento pelo uso de monta natural, em que era utilizado um touro da raça holandesa. Descontente com o quadro reprodutivo apresentado, o proprietário contratou novamente os serviços do médico veterinário, o qual realizou exame ultrassonográfico em dois animais com previsão de cio nos próximos sete dias, com vistas a avaliar a situação reprodutiva dos animais, estabelecendo assim um diagnóstico de situação do rebanho e posterior tomada de medidas de acordo com os resultados encontrados. No exame pode ser observado que a saúde uterina não possuía alterações significativas, mas que a bexiga de dois animais apresentava imagens condizentes com cistite. Com o histórico de abortos no terço final de gestação, queda na produção de leite e ainda com as imagens visualizadas no exame ultrassonográfico, o médico veterinário levantou suspeitas de leptospirose. No momento da inseminação artificial 25 dos dois animais foi instituído tratamento sendo utilizado 1000mg/kg de estreptomicina no volume de 25mL. Trinta dias após a inseminação artificial foi novamente realizado exame ultrassonográfico, no qual houve confirmação da gestação nestes dois animais. Somado a isso, também foi possível visualizar que as imagens da bexiga apresentavam a ausência de cistite observada anteriormente. Após este procedimento os demais animais do rebanho foram imunizados contra a leptospirose com a vacina comercial Bovigen®, via subcutânea na dose de 5 mL por animal. Após a utilização da vacinação contra a leptospirose e aplicação de estreptomicina, somado ao uso de inseminação artificial nos animais, a propriedade vem demostrando bons resultados reprodutivos. Resultados e discussão Com a realização dos exames ultrassonográficos, onde pode ser observado que a saúde uterina não possuía alterações significativas, mas que a bexiga de dois animais apresentava imagens condizentes com cistite, associado ao histórico de abortos no terço final de gestação, queda na produção de leite, o medico veterinário levantou suspeitas de leptospirose, recomendando tratamento e imunização dos animais. A leptospirose ocorre após a penetração bacteriana no hospedeiro através das mucosas ou pele fragilizada. Nesse momento as leptospiras se ligam a células epiteliais e seus constituintes da matriz extracelular de forma ativa, envolvendo as proteínas de superfície (RADOSTIS et al., 2010). Após infecção pelo agente, ocorre leptospiremia, nos quais o patógeno localiza-se primeiramente nos capilares intersticiais renais, migrando posteriormente até encontrarem o epitélio dos túbulos contorcidos proximais e distais, gerando assim nefrite tubulointersticial, comum na forma aguda da doença (CULLEN, 2009; NEWMAN et al, 2009; FOSTER, 2009). Os casos de recuperação da forma aguda da doença coincidem com o término da septicemia e o surgimento de anticorpos IgM e IgG, todavia, a forma mais comum da doença cursa com sinais inaparentes, mais comuns em casos crônicos da doença, devido ao tipo de hospedeiro e sorotipo da bactéria (LeFEBVRE, 2009). Mesmo após a cura clínica, os animais eliminam as leptospiras por longos períodos, sendo assim, uma forma de transmissão importante (RADOSTIS et al., 2010). 26 A manifestação clínica mais comum em casos da doença em bovinos é o aborto, acometendo geralmente gestações mais prolongadas. Estas infecções além de causarem o aborto, cursam na maioria das vezes de forma subclínica gerando diminuição na produção de leite, insuficiência reprodutiva, infertilidade, natimortos ou nascimento de terneiros fracos. Além disso, a persistência da infecção em animais adultos leva ao quadro crônico, no qual os rins disseminam o agente através da urina (LeFEBVRE, 2009). O agente pode permanecer viável em locais que possuam solos úmidos, superfícies d’água e em ambientes lamacentos (QUINN et al., 2005) condizentes com as condições onde os animais eram ordenhados e alimentados. Também é comum a infecção através de pasto, água e rações utilizados na suplementação que possam estar contaminados (RADOSTIS et al., 2010). Tais afirmações relatadas pela literatura puderam ser visualizadas na propriedade, como, o contato com dos animais com o barro resultante dos dejetos produzidos pelos animais, ambiente de muita umidade e ainda o acondicionamento de rações concentradas e feno nas mesmas instalações, estando sujeitas a uma possível contaminação destes alimentos por Leptospira spp. oriundos de reservatório. Além de ambientes contaminados, existem outros mecanismos de transmissão responsáveis pela disseminação desta afecção, como os touros, nos quais a leptospirose pode ser disseminada através de sêmen contaminado com a urina no momento da monta natural (RAPOSO, 2001). Evidenciando este meio de transmissão relatado pelo autor e a utilização de um touro na propriedade, o mesmo também pode ter atuado como transmissor da doença. Os métodos laboratoriais para diagnóstico da doença se baseiam na cultura microbiana e detecção de anticorpos encontrados no sangue dos animais acometidos, sendo comumente utilizado o teste de sorologia, teste de aglutinação microbiana, ELISA, PCR, além de cultura microbiana da urina, sendo que, cada teste possui suas vantagens, desvantagens e sensibilidade para o diagnóstico dos diferentes sorotipos da patologia (RADOSTIS et al., 2010; Van METRE & DIVERS, 2006; RAPOSO, 2001). A utilização destes métodos de diagnósticos são muitas vezes onerosos ao produtor, fazendo com que o proprietário opte pela não realização destes exames complementares, o que aconteceu no presente caso, dificultando assim a identificação dos sorotipos presentes na propriedade e a confirmação da suspeita. 27 O tratamento envolvido em casos de leptospirose está ligado ao grau de sua infecção, nos quais os sorotipos que causam a apresentação da forma aguda da doença devem ser tratados com estreptomicina na dose de 12,5 mg/kg por via intramuscular duas vezes ao dias, enquanto, a infecção crônica deve ser tratada com estreptomicina na dose de 25 mg/kg por via intramuscular (Van METRE & DIVERS, 2006; RAPOSO, 2001; QUINN et al., 2005; LeFEBVRE, 2009). Dose esta foi alcançada pelo uso do antibiótico eleito pelo médico veterinário, no qual a grande dose utilizada foi eficiente no controle da infecção apresentada na bexiga. A imagem condizente com o quadro de cistite apresentada pelo animal no exame ultrassonográfico, pode ser explicada por uma possível infecção descendente advinda dos rins, local no qual o agente é frequentemente isolado, esta inflamação da bexiga pode ser relacionada com um caso de nefrite intersticial, no qual a literatura cita a observação de leptospiras nos néfrons de suínos, ou ainda, em casos de nefrite embólica causada após uma septicemia bacteriana instalada no tecido renal, ambas não provocam evidencias de sinais clínicos nos animais, toda via, podem revelar imagens condizentes com a cistite, devido sua eliminação pelo sistema urinário (RADOSTIS et al., 2010). O controle desta patologia deve ser realizado através de medidas profiláticas (LANGONI et.al., 2000). Como principal forma de controle e profilaxia para a leptospirose em rebanhos bovinos está relacionada a utilização do tratamento com o uso de antimicrobianos em animais que apresentem sinais clínicos e a imunização dos demais animais do rebanho com o uso de vacinas polivalentes, as quais são amplamente utilizadas quando não há diagnóstico preciso. A vacinação pode ser realizada a partir do quinto e sexto mês de vida dos animais com revacinação após 30 dias e posterior imunização anual ou conforme necessidade observada pelo medico veterinário (BRITO, 2008; LeFEBVRE, 2009; TORTORA et al., 2012). Além do uso de vacinas autógenas, nas quais apresentam resultados eficazes contra a leptospirose (CHIARELI et.al., 2012). Conclusão Podemos constatar neste estudo que a utilização de uma grande dose de estreptomicina foi eficaz no tratamento da cistite visualizada em um exame ultrassonográfico, possivelmente advinda de uma infecção descendente dos rins, na 28 qual sua etiologia, exames ultrassonográficos, sinais clínicos e sucesso no tratamento com posterior concepção de prenhez foram condizentes com uma suspeita de leptospirose. Também foi possível evidenciar a extrema importância da vacinação dos rebanhos leiteiros de maneira profilática, visando diminuir os riscos de surtos de leptospirose e aumentar as taxas reprodutivas em propriedades leiteiras. Referências Bibliográficas ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária, 3. ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. 28, p. 96. BRITO, A. F. Imunização e vacinas em grandes animais. In: ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária, 3. ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. 28, p. 794. CASTRO, V. 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Também é possível observar a importância da falta de exames complementares no campo, nos quais são de extrema relevância na confirmação do diagnóstico de doenças principalmente de caráter infectocontagioso como as afecções apresentadas. Destaca-se de forma positiva a relação entre produtores, acadêmico e médico veterinário, nos quais proporcionaram troca de experiências importantes para a formação do conhecimento do aluno, sendo relevante na formação profissional, mostrando-se de forma satisfatória aos objetivos propostos. 31 RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária, 3. ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. 28, p. 96. BRITO, A. F. Imunização e vacinas em grandes animais. In: ANDRADE, S. F. Manual de terapêutica veterinária, 3. ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. 28, p. 794. CASTRO, V. Soroprevalência da leptospirose em fêmeas bovinas em Idade reprodutiva no estado de São Paulo, Brasil. Arquivos do Instituto Biológico. São Paulo, v.75, n.1, p.3-11, 2008. 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