Bruno Meotti

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
Bruno Meotti
Ijuí, RS, Brasil.
2016
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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL
DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA
ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E CIRÚRGICA DE GRANDES
ANIMAIS
ORIENTADOR: Profº. Drº. FELIPE LIBARDONI
SUPERVISOR: INÁCIO ANTUNES
Bruno Meotti
Ijuí, RS, Brasil
2016
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RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM
MEDICINA VETERINÁRIA
Bruno Meotti
Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na Área de Grandes
Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), como
requisito parcial para a obtenção do grau de Médico Veterinário.
Orientador: Profº. Drº. Felipe Libardoni
Ijuí, RS, Brasil
2016
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Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul
Departamento de Estudos Agrários
Curso de Medicina Veterinária
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Relatório do
Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM
MEDICINA VETERINÁRIA
elaborado por
Bruno Meotti
como requisito parcial para obtenção de grau de
Médico Veterinário
COMISSÃO EXAMINADORA
Felipe Libardoni, Dr. (UNIJUÍ)
(Orientador)
Luciane Ribeiro Viana Martins, Ms. (UNIJUÍ)
(Banca)
Ijuí, 2 de julho de 2016
5
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por sempre iluminar e conduzir minha vida.
Aos meus país e familiares por sempre me proporcionarem a oportunidade de
estudar sem nunca medirem esforços e conselhos para a vida.
Aos professores, mestres e doutores desta instituição, que além de ensinar o
conhecimento técnico necessário para a vida profissional, são exemplos de pessoas,
nos inspirando a cada dia com suas personalidades e jeito cativante.
A todos os médicos veterinários que ao longo de minha vida acadêmica me
proporcionaram a oportunidade de acompanhá-los e assim desenvolver um senso
sobre valores e ética profissional, em especial ao médico veterinário Inácio Antunes,
exemplo de comprometimento e humildade perante aos produtores rurais.
E por último, a todos os amigos e colegas de faculdade nos quais ao longo
desta caminhada estiveram ao meu lado em todos os momentos, seja nas horas de
estudo ou nos momentos de confraternização.
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RESUMO
Relatório de Estágio Curricular Final na área de Clínica Médica e Cirúrgica de
Grandes Animais
Departamento de Estudos Agrários
Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul- UNIJUÍ
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM
MEDICINA VETERINÁRIA – ÁREA DE CLÍNICA MÉDICA E
CIRÚRGICA DE GRANDES ANIMAIS
AUTOR: Bruno Meotti
ORIETADOR: Felipe Libardoni
DATA E LOCAL DE DEFESA: Ijuí, 02 de julho de 2016.
Realizado no período entre 04/04/2016 a 23/05/2016 o Estágio
Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária totalizou 150 horas, sob a
orientação do Profº. Dr. Felipe Libardoni, e supervisão do Médico Veterinário
Inácio Antunes. Durante o presente estágio foram acompanhadas diversas
atividades de clínica médica e cirúrgica de grandes animais, que estão
evidenciadas nas tabelas apresentadas neste trabalho e discutidas conforme
literatura, dois casos clínicos, sendo um relato de Tétano em um equino e um
caso de suspeita de leptospirose em uma propriedade leiteira, enfatizando
assim a importância destas doenças de caráter contagioso nas quais
apresentam significativos índices epidemiológicos. O estágio proporcionou a
oportunidade de desenvolvimento e discussão dos conhecimentos adquiridos
durante a formação acadêmica, além de possibilitar a atuação de forma
prática de procedimentos e visualizar a realidade de produtores rurais na
macrorregião da cidade de Santo Ângelo. Desenvolvendo assim a formação
profissional do acadêmico.
Palavras-chave: Doenças infectocontagiosas, Bovinos, Equinos.
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Atendimentos clínicos acompanhados durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de
maio de 2016.
Tabela 2 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de maio de 2016 a 23 de
abril de 2016.
Tabela 3 – Exame ultrassonográfico acompanhado durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de
maio de 2016.
Tabela 4 – Procedimentos de fomento acompanhado durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de
maio de 2016.
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LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
% = Porcentagem
°C = Graus Celsius
® = Marca comercial registrada
C.tetani = Clostridium Tetani
ELISA = Ensaio de imunoabsorção enzimática
bpm = Batimentos por minuto
Drº = Doutor
Drª = Doutora
IATF = Inseminação artificial em tempo fixo
Kg = Quilograma
L.interrogans = Leptospira interrogans
mg/kg= Miligramas por quilograma
mpm = Movimentos por minuto
PCR = Proteína C Reativa
pH= Potencial hidrogênionico
PO= Pura origem
Profª= Professora
UNIJUÍ= Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul
UI = Unidades internacionais
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Sumário
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 12
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .................................................................................................... 13
RELATOS DE CASO ......................................................................................................................... 15
RELATO DE CASO I ..................................................................................................................... 15
TÉTANO EM UM EQUINO ....................................................................................................... 15
RELATO DE CASO II .................................................................................................................... 23
SUSPEITA DE LEPTOSPIROSE EM UMA PROPRIEDADE LEITEIRA .......................... 23
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................... 30
RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 31
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INTRODUÇÃO
Realizado no período entre 04 de abril de 2016 a 23 de maio de 2016 o
Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de clínica
médica de grandes animais, totalizando 150 horas, sob a orientação do Profº. Drº.
Felipe Libardoni, e supervisão do Médico Veterinário Inácio Antunes.
O presente estágio foi realizado no munícipio de Santo Ângelo, o qual
apresenta grande área rural, na qual, é a região de atuação do médico veterinário
acompanhado durante o período de realização do estágio. O médico veterinário
ainda é responsável técnico pela agropecuária Fogo de Chão, na qual possui seu
escritório para atendimento aos seus clientes e resolução de atividades internas.
A opção na realização do Estágio Curricular Supervisionado com o médico
veterinário Inácio Antunes se deu devido ao conhecimento técnico do profissional,
capacidade de transmissão de seu conhecimento e ainda devido a boa convivência
com o mesmo.
As atividades desenvolvidas no presente estágio abrangeram as áreas de
clínica médica, procedimentos cirúrgicos, exames ultrassonográficos e ainda
atividades de fomento, as quais proporcionaram a oportunidade de desenvolvimento
dos conhecimentos adquiridos durante a vida acadêmica.
O presente relatório demostra um caso de tétano em um equino, no qual
aborda sua etiologia, patogenia, tratamento, diagnóstico e história clínica do animal,
além de um relato sobre uma propriedade de leite com suspeita de leptospirose, na
qual, durante a discussão é elucidada suas causas, tratamentos, sinais clínicos,
apresentados e dados epidemiológicos, ambos relatados conforme literatura.
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ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O desenvolvimento das atividades do Estágio Curricular Supervisionado em
Medicina Veterinária na área de Clínica Médica e Cirúrgica de Grandes Animais,
estão descritos nas tabelas aqui apresentadas e incluem o acompanhamento de
atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, exame ultrassonográfico e
procedimentos de fomento.
Tabela 1 – Atendimentos clínicos acompanhados durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de
maio de 2016.
Procedimento / Exame
Bovinos Tratados /
Diagnosticados
%
Hipocalcemia
2
28,57
Tétano
1
14,29
Leptospirose
2
28,57
Retenção de Placenta
2
28,57
Total
7
100
Tabela 2 – Procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de
maio de 2016.
Procedimento / Exame
Bovinos
%
Castração de Touros
53
100
Total
53
100
Tabela 3 – Exame ultrassonográfico acompanhado durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de
maio de 2016.
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Procedimento / Exame
Bovinos Examinados /
Diagnosticados
%
127
95,49
Cisto Luteinico
3
2,26
Cisto Folicular
2
1,50
Vaca Free Martin
1
0,75
133
100
Confirmação de Gestação
Total
Tabela 4 – Procedimentos de fomento acompanhado durante o Estágio Curricular
Supervisionado em Medicina Veterinária no período de 04 de abril de 2016 a 23 de
maio de 2016.
Procedimento / Exame
Bovinos e Equinos /
Atividades
%
Coleta de amostra de sangue para
exame de Anemia Infecciosa
Equina.
43
23,76
Coleta de amostra de sangue para
exame de Mormo.
52
28,73
Teste de Tuberculose
12
6,63
Vacinação Brucelose
47
25,97
22
12,15
5
2,76
181
100
Confirmação de animais de corte
PO
Protocolo de IATF
Total
15
RELATOS DE CASO
RELATO DE CASO I
TÉTANO EM UM EQUINO
Introdução
Altamente fatal, o tétano é causado por toxinas produzidas pelo Clostridium
tetani, bacilo gram-positivo, anaeróbico obrigatório e formador de endósporos
(TORTORA et al., 2012). Essa bactéria é isolada de forma comum dos conteúdos
intestinais de herbívoros (GEORGE & SMITH, 2006). Solos altamente contaminados
por dejetos fecais possuem maior concentração de esporos de C. tetani (RAPOSO,
2001). Aproximadamente de 30 a 42% de amostras de solos coletadas pelo mundo
apresentam esporos bacterianos, a qual possui período de sobrevivência variado em
solos contaminados com fezes. (RADOSTIS et al., 2010).
Essa doença é uma afecção cosmopolita que atinge com frequência regiões
de criação intensiva, onde os animais são submetidos a maiores práticas de
manejos traumatizantes e exposição a microorganismos, e possui importância
devido a sua alta taxa de mortalidade e período de convalescência extenso em
animais sobreviventes (RADOSTIS et al., 2010).
Todas as espécies domésticas e até mesmo o homem, podem ser
acometidas por esta doença (RAPOSO, 2001). Existe considerável variabilidade de
suscetibilidade entre as espécies, sendo os equinos mais sensíveis, enquanto os
bovinos apresentam menor susceptibilidade ao tétano. Esta diferenciação de
sensibilidade pode ser explicada por George & Smith (2006) dizendo que esta
afecção é habitualmente uma doença de animais isolados, por isso casos são mais
comuns em equinos, os quais são muitas vezes criados estabulados, estando prédispostos a traumas nestas instalações (QUINN et.al., 2005).
A exposição ao C. tetani pode ocorrer devido a soluções de continuidade e
feridas (KLEIN, 2014). A não realização da vacinação de forma preventiva e lesões
advindas de casqueamento e castração, também são fatores de risco para o tétano
(Di FILIPPO et.al., 2016). Em equinos, feridas penetrantes em tecidos moles e
cascos são os locais de maior fonte de infecção, os esporos inoculados nestes
16
tecidos são altamente resistentes à resposta imune do organismo hospedeiro,
podendo permanecer latentes no tecido por meses ou anos até que surjam
condições adequadas para seu desenvolvimento, como, anaerobiose causada por
uma lesão tissular subsequente (GEORGE & SMITH, 2006).
As bactérias presentes no ponto de inoculação não invadem os tecidos
adjacentes, somente se multiplicam produzindo proteínas tóxicas, no caso a
tetanolisina, tetanoespasmina e a toxina não-espasmogênica, responsáveis pelos
diferentes sinais clínicos visualizados no animal (RADOSTIS et al., 2010; RAPOSO,
2001).
O período de incubação dessa doença é variável, entre 3 dias a 1 mês
(RADOSTIS et al., 2010; RAPOSO, 2001; GEORGE & SMITH, 2006; QUINN et.al.,
2005). Os autores diferem sobre o tempo de aparecimento dos sinais clínicos, mas
todos concordam que o começo dos sintomas é variável conforme as dimensões e
localização da ferida, grau de anaerobiose, número de bactérias inoculadas e ainda
titulação de antitoxina do hospedeiro.
Os principais sintomas incluem andar com os membros rígidos, tremores
musculares, trismo mandibular e tetania do músculo masseter, prolapso de terceira
pálpebra, rigidez da cauda, orelhas eretas, hiperexcitabilidade, constipação e
retenção urinária. (RAPOSO, 2001; RADOSTIS et al., 2010; QUINN et.al., 2005;
KLEIN, 2014; GEORGE & SMITH, 2006).
O diagnóstico desta afecção é geralmente presuntivo, apoiado pelos sinais
clínicos e história de trauma recente (QUINN et.al., 2005). Os dados epidemiológicos
também são relevantes para o diagnóstico de tétano (RAPOSO, 2001). Não existem
alterações específicas no sangue, ou líquido cerebroespinhal com valor significativo
para a confirmação do diagnóstico (RADOSTIS et al., 2010; GEORGE & SMITH,
2006). A inoculação em camundongos com o soro de animais infectados pode ser
realizada para o diagnóstico da doença (QUINN et.al., 2005).
Somado a isso, o tratamento é difícil em animais que demonstram sinais
clínicos (KLEIN, 2014). Sendo baixa a resposta ao tratamento nos equinos afetados
(RAPOSO,
2001).
A
administração
de
antitoxina,
utilização
de
toxóides,
fornecimento de grandes doses de penicilina, debridamento e lavagem da ferida com
peróxido de hidrogênio, abrigar os animais em locais silenciosos e escuros,
utilização de sedativos e relaxantes musculares proporcionando a diminuição do
desconforto clínico e manutenção das funções vitais (QUINN et.al., 2005). Esta
17
forma de tratamento também é indicada por GEORGE & SMITH, 2006 que ainda
preconiza a fluidoterapia, alimentação adequada, além de um piso de qualidade nas
baias.
Por tudo isso, o presente estudo tem por objetivo relatar um caso de tétano
em um equino da raça crioula, elucidando sua etiologia, fisiopatologia, sinais
clínicos, tratamento, controle e profilaxia desta afecção que acomete esta espécie
com maior susceptibilidade.
Metodologia
O atendimento veterinário foi solicitado a uma égua da raça crioula de oito
anos de idade, com aproximadamente 450 quilos de peso vivo, em uma hotelaria de
equinos. O local apresenta vasto histórico de trânsito intenso de diferentes espécies
de herbívoros, tendo em vista, que as suas instalações já foram utilizadas para
diferentes
finalidades
agropecuárias
e
apresentavam
condições
sanitárias
inadequadas.
Durante a anamnese, as queixas do tratador eram a visualização de
movimentos involuntários na região do abdômen, dificuldade de micção com urina
escassa, hipertonia na região do peito e dificuldade de locomoção há dois dias.
No exame físico o animal apresentou frequência cardíaca de 34 bpm,
frequência respiratória de 12 mpm e temperatura corporal de 38ºC, mucosas
normocoradas e tempo de perfusão capilar de três segundos.
Ainda examinando o animal foi possível observar trismo mandibular com
tetania do musculo masseter, hipertonia na região do peito, onde foi visualizada
lesão de caráter perfurante, tremores musculares na região da escápula e abdômen,
membros rígidos com o animal assumindo posição de “cavalete”, dificuldade de
locomoção, salivação espumosa, orelhas eretas e sensibilidade á luz. Estes sinais
clínicos levaram o médico veterinário ao diagnóstico de tétano.
Como tratamento foi instituído a aplicação de benzilpenicilina procaína na
dose de 6.900.000 UI/Kg por via intravenosa, aplicação de 500mg/kg de
megluminato de flunixina via intramuscular, 25mL do complexo vitamínico, mineral e
aminoácidos Bionew® via endovenosa, fluidoterapia com a administração de 20
18
litros de cloreto de sódio a 0,9% e recomendação de isolamento do animal em local
escuro e sem estímulos sonoros.
Ainda, o proprietário relatou que a égua havia sido imunizada com a vacina
comercial Lexington®, na dose de 50 U.I. de toxóide tetânico. O animal recebeu três
aplicações conforme orientação do fabricante, não sendo revacinada a mais de seis
meses como indicado pelo laboratório da vacina.
Um dia após o início do tratamento o animal veio a óbito após cair em um
lago, tendo em vista o desrespeito dos tratadores as orientações recomendadas pelo
médico veterinário..
Resultado e discussão
Bactérias gram-positivas como o C. tetani possuem a capacidade de
esporulação, estas células especializadas a condições inóspitas são chamadas de
esporos. Quando a bactéria estiver submetidas a condições desfavoráveis como
falta de nutrientes ou aerobiose é forçada a isolar uma parte de seu citoplasma em
uma camada dupla de proteínas, lhe conferindo assim uma grande resistência e a
capacidade de permanecer viáveis no ambiente mesmo sobre condições adversas
(TORTORA et al., 2012). Os esporos podem persistir viáveis por vários anos no
ambiente e ainda são resistentes a métodos de desinfecção como vapor quente a
100ºC por 20 minutos, necessitando de aquecimento a 115ºC por 15 minutos para
serem destruídos (RADOSTIS et al., 2010). Estas afirmações explicam a importância
de condições sanitárias adequadas em locais com acúmulo de animais.
Em estágios iniciais da doença, a temperatura retal é mantida nos padrões da
espécie, mas com a evolução da infecção a temperatura frequentemente pode
alcançar os 42ºC, com apresentação de sudorese profusa e quadros de convulsões
conforme a doença se agrava, o tempo de perfusão capilar pode ser sugestivo de
desidratação, nos estágios iniciais a capacidade de comer e tomar água são
facilmente suprimidos pela tetania dos músculos masseteres (RADOSTIS et al.,
2010). Líquidos endovenosos devem ser administrados conforme a necessidade
visando a correção do desequilíbrio eletrolítico e desidratação (GEORGE & SMITH,
2006).
19
Nas primeiras horas a doença faz com que os animais apresentem
claudicação e rigidez dos membros afetados, relacionados ao efeito local das
toxinas absorvidas. Nesses casos, os animais apresentam dificuldade de locomoção
(deambulação) com extensão da cabeça, hipertonia em músculos antigravitacionais,
mantendo assim postura característica de “cavalete”, além disto, as orelhas se
apresentam eretas voltadas para trás, tônus excessivo da musculatura facial com a
mandíbula cerrada, chamada de trismo, os espasmos musculares são relacionados
a estímulos auditivos, oculares ou táteis (GEORGE & SMITH, 2006). Todos estes
sinais característicos foram apresentados pelo equino vindo ao encontro da literatura
também citada por (RADOSTIS et al., 2010; QUINN et.al., 2005; RAPOSO, 2001).
Nos estágios mais avançados da doença a morte do animal acontece após
uma convulsão atribuída ao desenvolvimento de hipóxia, devido a paralisia dos
músculos diafragma e intercostais. Além disso, também é observada insuficiência
cardíaca secundária a hipertensão sistêmica. Essas manifestações são a maior
causa de morte dos equinos, havendo um período transitório de melhora poucas
horas antes de um espasmo tetânico fatal (RADOSTIS et al., 2010;KLEIN, 2014;
RAPOSO, 2001; GEORGE & SMITH, 2006).
Estes sinais clínicos são explicados pelo modo de atuação destas toxinas, na
qual, a tetanolisina é responsável por ampliar a necrose no local da lesão através da
disseminação da infecção, possibilitando que a produção de tetanoespasmina local
alcance o sistema vascular, difundindo a toxina até áreas pré-sinápticas de placas
motoras, dificultando a liberação de neuroreceptores, glicina e ácido gama
aminobutírico (GABA), provocando hipertonia e espasmos musculares nos quais
impedem o relaxamento muscular, já a toxina não-espasmogênica é citada como a
responsável pela hiperestimulação do sistema nervoso simpático, resultando em
respostas autônomas pelo animal (RADOSTIS et al., 2010; RAPOSO, 2001; QUINN
et.al., 2005; KLEIN, 2014).
Para um tratamento mais eficaz é importante eliminar a bactéria, atenuar a
toxina com aplicação de antitoxina, relaxar a tetania muscular evitando asfixia,
debridamento cirúrgico das feridas seguido de lavagem com peróxido de hidrogênio,
abrigar os animais em ambiente controlado longe de luminosidade e barulho, manter
hidratação e alimentação, além de manter o relaxamento muscular até a toxina ser
eliminada. (RADOSTIS et al., 2010; RAPOSO, 2001; QUINN et.al., 2005; KLEIN,
2014; GEORGE & SMITH, 2006). O recolhimento dos animais acometidos em baias
20
escuras e silenciosas é recomendado para evitar quedas e possíveis traumas em
quadros de convulsão ou perda de equilíbrio, recomendação esta, que foi ignorada
pelo proprietário.
Antes da toxina se ligar as células nervosas ainda é possível neutralizá-las
com a aplicação de antitoxinas na fase inicial da doença por meio de infiltração com
a dosagem entre 1000 a 5000 UI para cada 500 kg de peso vivo. Já o tratamento
para eliminação do C.tetani requer a utilização de penicilina G potássica na dose de
22.000 UI/kg de 3 a 4 vezes ao dia por meio de infiltração ao redor da ferida ou
utilização de penicilina G procaína na dose de 22.000 UI/kg por via intramuscular
duas vezes ao dia (GEORGE & SMITH, 2006; RAPOSO, 2001).
A flunexina meglumina foi utilizada visando seu grande potencial analgésico e
ação anti-inflamatória, pois seu uso é indicado em distúrbios musculoesqueléticos
(SPINOSA, 2006). O princípio ativo atua muito bem sobre os tremores musculares,
todavia, a melhor forma de promover a parada destes movimentos involuntários dos
músculos é através da aplicação de medicamentos como a promazina (0,5 a 1,0
mg/kg, intravenoso) ou ainda acetilpromazina (0,5 a 1,0 mg/kg, intravenoso)(
GEORGE & SMITH, 2006; RAPOSO, 2001).
O controle e profilaxia desta afecção são efetuados por medidas que visem
higiene e desinfecção estritas em situações pré e pós-operatórias como a aplicação
de antitoxina (1500-3000 UI), instrumentos estéreis, acondicionamento dos animais
em baias pouco contaminados com dejetos, além da vacinação adequada com
toxóide tetânico nos animais (RAPOSO, 2001). Lesões em baias que não possuem
manutenção periódica e a falta de cuidado com feridas recorrentes de perfurações
nas mesmas podem predispor ao quadro de infecção, fato este observado no
presente caso.
A formação de anticorpos na primeira aplicação da vacina é pequena,
necessitando uma segunda dose entre 10 a 20 dias, esta última faz com que os
níveis de anticorpos se elevem rapidamente antes de sua titulação diminuir
lentamente, após estes procedimentos o animal deve ser vacinado pela terceira vez,
conferindo uma resposta humoral ainda melhor, entre tanto, sua magnitude diminui
com o passar do tempo (TIZARD, 2014). A diminuição desta titulação é solucionada
com a vacinação periódica do animal conforme orientação do laboratório fabricante
da vacina. É importante vacinar os potros com idade entre três e quatro semanas,
éguas prenhes entre quatro e seis semanas pré-parto devem ser imunizadas para
21
enriquecimento do colostro, é comum a orientação de vacinação anual e animais
expostos a ferimentos não vacinados a mais de seis meses devem ser revacinados
imediatamente (ANDRADE, 2008).
Conclusão
Devido seu alto grau de letalidade, grande período de convalescência,
elevada susceptibilidade em equinos, dificuldade de eliminação dos esporos da
bactéria no ambiente, o diagnóstico rápido em um caso de tétano é decisivo para um
melhor tratamento do animal, evidenciando assim a importância da vacinação
correta e periódica do animal, além do seguimento das recomendações estipuladas
pelo médico veterinário.
Referências Bibliográficas
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Di FELIPPO, P. A. et al. Achados clínico-epidemiológicos e resposta ao
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38.
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2016.
Disponível
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<file:///C:/Users/Bruno%20Meotti/Downloads/Achados%20cl%C3%ADnico
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GEORGE, L. W.; SMITH, M. O. Doenças do sistema nervoso. In: SMITH, B. P
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KLEIN, B. G. Cunningham tratado de fisiologia veterinária, 5. ed. Rio de Janeiro:
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QUINN, P. J. et al. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas , Porto
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RADOSTITS, O. M. et al. Clínica veterinária: um tratado de doença dos bovinos,
ovinos, suínos, caprinos e equinos, 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2010. cap .17, p. 676-679.
22
RAPOSO, J. B. Tétano. In: RIET-CORREA, F. et al. Doença de ruminantes e
equinos, 2. ed. São Paulo: Varela, 2001. cap. 3, p. 345-351.
SPINOSA, H. S. Farmacologia aplicada à medicina veterinária, 4.ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. cap. 21,p.267.
TIZARD, I. R. Imunologia veterinária, 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. cap. 1,
p. 43-46.
TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia, 10. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2012. cap. 22, p. 643-644.
23
RELATO DE CASO II
SUSPEITA DE LEPTOSPIROSE EM UMA PROPRIEDADE LEITEIRA
Introdução
Com distribuição mundial em locais de clima quente e úmido, a leptospirose é
responsável por grandes perdas econômicas nos rebanhos leiteiros, devido a queda
na produção de leite e problemas relacionados à reprodução, como, abortos,
infertilidade, natimortos e neonatos fracos. Além disso, é uma zoonose de caráter
geralmente ocupacional, acometendo fazendeiros, açougueiros e veterinários
(RADOSTITS et al., 2010).
Pertencente à família Leptospiraceae, as leptospiras podem manter-se viáveis
em lagos, rios, superfícies d’água, solos úmidos e lama, quando em temperaturas
quentes. O sorogrupo mais prevalente é da Leptospira interrogans, a qual persiste
nos túbulos renais e trato genital dos portadores. É uma bactéria Gram-negativa,
aeróbia, de forma helicoidal, apresentam endoflagelos lhe conferindo assim
mobilidade, além de apresentar mais de 250 sorovariedades divididos em 23
sorogrupos (QUINN et al., 2005). Sendo os sorotipos mais comumente identificados
no Brasil a L Hardjo, L Wolffi, L grippotyphosa, L pomona, L canícula e L
icterohemorragiae (RAPOSO, 2001; ANDRADE, 2008).
Todas as espécies domésticas podem ser acometidas por esta afecção,
sendo que, a susceptibilidade dos animais a esta doença estão ligadas a adaptação
de cada sorotipo ao hospedeiro, nos quais, os reservatórios geralmente apresentam
alta sensibilidade á infecção, apresentando a forma crônica, enquanto, os
hospedeiros acidentais possuem suscetibilidade relativamente baixa a infecção, com
desenvolvimento da patologia de forma aguda (RADOSTIS et al., 2010).
A transmissão ocorre quando as leptospiras invadem as mucosas, pele
escarificada ou ainda macerada, disseminando-se via corrente sanguínea até
alcançar diversos órgãos (Van METRE & DIVERS, 2006). Os fatores envolvidos na
contaminação pela leptospirose são a eliminação da bactéria através da urina e sua
persistência no ambiente (RAPOSO, 2001). A ocorrência da leptospirose independe
de tipo de exploração, manejo e das práticas de reprodução adotadas nos rebanhos
(CASTRO et.al. 2008).
24
O diagnóstico desta afecção deve ser feito através de triagem dos animais em
um rebanho possivelmente acometido, analisando sinais clínicos juntamente com o
histórico de exposição à urina contaminada. Já o controle e tratamento da
leptospirose devem ser realizados com o uso de antimicrobianos, além da utilização
de vacinação como método de profilaxia da doença (QUINN et al., 2005).
.
O presente estudo tem por finalidade descrever um caso suspeito de
leptospirose, e buscar compreender os meios de disseminação da doença,
elucidando sua forma de transmissão, sinais clínicos, diagnóstico, tratamento,
controle e profilaxia em um rebanho leiteiro com suspeita de leptospirose.
Metodologia
Em maio de 2016 foi atendida uma propriedade na região periurbana da
cidade de Santo Ângelo. Ao solicitar assistência veterinária, o produtor rural relatou
problemas reprodutivos em seus animais, apresentando queixas de infertilidade,
retorno ao cio, histórico de abortos no terço final da gestação e ainda diminuição na
produção de leite dos animais.
Durante a anamnese e os questionamentos realizados ao produtor, este
relatou que por motivos econômicos, há aproximadamente um ano dispensou os
serviços de assistência veterinária, no qual deixou de inseminar artificialmente suas
vacas e novilhas, sendo substituído este procedimento pelo uso de monta natural,
em que era utilizado um touro da raça holandesa.
Descontente com o quadro reprodutivo apresentado, o proprietário contratou
novamente
os
serviços
do
médico
veterinário,
o
qual
realizou
exame
ultrassonográfico em dois animais com previsão de cio nos próximos sete dias, com
vistas a avaliar a situação reprodutiva dos animais, estabelecendo assim um
diagnóstico de situação do rebanho e posterior tomada de medidas de acordo com
os resultados encontrados. No exame pode ser observado que a saúde uterina não
possuía alterações significativas, mas que a bexiga de dois animais apresentava
imagens condizentes com cistite.
Com o histórico de abortos no terço final de gestação, queda na produção de
leite e ainda com as imagens visualizadas no exame ultrassonográfico, o médico
veterinário levantou suspeitas de leptospirose. No momento da inseminação artificial
25
dos dois animais foi instituído tratamento sendo utilizado 1000mg/kg de
estreptomicina no volume de 25mL.
Trinta dias após a inseminação artificial foi novamente realizado exame
ultrassonográfico, no qual houve confirmação da gestação nestes dois animais.
Somado a isso, também foi possível visualizar que as imagens da bexiga
apresentavam a ausência de cistite observada anteriormente. Após este
procedimento os demais animais do rebanho foram imunizados contra a leptospirose
com a vacina comercial Bovigen®, via subcutânea na dose de 5 mL por animal.
Após a utilização da vacinação contra a leptospirose e aplicação de
estreptomicina, somado ao uso de inseminação artificial nos animais, a propriedade
vem demostrando bons resultados reprodutivos.
Resultados e discussão
Com a realização dos exames ultrassonográficos, onde pode ser observado
que a saúde uterina não possuía alterações significativas, mas que a bexiga de dois
animais apresentava imagens condizentes com cistite, associado ao histórico de
abortos no terço final de gestação, queda na produção de leite, o medico veterinário
levantou suspeitas de leptospirose, recomendando tratamento e imunização dos
animais.
A leptospirose ocorre após a penetração bacteriana no hospedeiro através
das mucosas ou pele fragilizada. Nesse momento as leptospiras se ligam a células
epiteliais e seus constituintes da matriz extracelular de forma ativa, envolvendo as
proteínas de superfície (RADOSTIS et al., 2010). Após infecção pelo agente, ocorre
leptospiremia, nos quais o patógeno localiza-se primeiramente nos capilares
intersticiais renais, migrando posteriormente até encontrarem o epitélio dos túbulos
contorcidos proximais e distais, gerando assim nefrite tubulointersticial, comum na
forma aguda da doença (CULLEN, 2009; NEWMAN et al, 2009; FOSTER, 2009).
Os casos de recuperação da forma aguda da doença coincidem com o
término da septicemia e o surgimento de anticorpos IgM e IgG, todavia, a forma mais
comum da doença cursa com sinais inaparentes, mais comuns em casos crônicos
da doença, devido ao tipo de hospedeiro e sorotipo da bactéria (LeFEBVRE, 2009).
Mesmo após a cura clínica, os animais eliminam as leptospiras por longos períodos,
sendo assim, uma forma de transmissão importante (RADOSTIS et al., 2010).
26
A manifestação clínica mais comum em casos da doença em bovinos é o
aborto, acometendo geralmente gestações mais prolongadas. Estas infecções além
de causarem o aborto, cursam na maioria das vezes de forma subclínica gerando
diminuição na produção de leite, insuficiência reprodutiva, infertilidade, natimortos ou
nascimento de terneiros fracos. Além disso, a persistência da infecção em animais
adultos leva ao quadro crônico, no qual os rins disseminam o agente através da
urina (LeFEBVRE, 2009).
O agente pode permanecer viável em locais que possuam solos úmidos,
superfícies d’água e em ambientes lamacentos (QUINN et al., 2005) condizentes
com as condições onde os animais eram ordenhados e alimentados. Também é
comum a infecção através de pasto, água e rações utilizados na suplementação que
possam estar contaminados (RADOSTIS et al., 2010). Tais afirmações relatadas
pela literatura puderam ser visualizadas na propriedade, como, o contato com dos
animais com o barro resultante dos dejetos produzidos pelos animais, ambiente de
muita umidade e ainda o acondicionamento de rações concentradas e feno nas
mesmas instalações, estando sujeitas a uma possível contaminação destes
alimentos por Leptospira spp. oriundos de reservatório.
Além
de
ambientes
contaminados,
existem
outros
mecanismos
de
transmissão responsáveis pela disseminação desta afecção, como os touros, nos
quais a leptospirose pode ser disseminada através de sêmen contaminado com a
urina no momento da monta natural (RAPOSO, 2001). Evidenciando este meio de
transmissão relatado pelo autor e a utilização de um touro na propriedade, o mesmo
também pode ter atuado como transmissor da doença.
Os métodos laboratoriais para diagnóstico da doença se baseiam na cultura
microbiana e detecção de anticorpos encontrados no sangue dos animais
acometidos, sendo comumente utilizado o teste de sorologia, teste de aglutinação
microbiana, ELISA, PCR, além de cultura microbiana da urina, sendo que, cada
teste possui suas vantagens, desvantagens e sensibilidade para o diagnóstico dos
diferentes sorotipos da patologia (RADOSTIS et al., 2010; Van METRE & DIVERS,
2006; RAPOSO, 2001). A utilização destes métodos de diagnósticos são muitas
vezes onerosos ao produtor, fazendo com que o proprietário opte pela não
realização destes exames complementares, o que aconteceu no presente caso,
dificultando assim a identificação dos sorotipos presentes na propriedade e a
confirmação da suspeita.
27
O tratamento envolvido em casos de leptospirose está ligado ao grau de sua
infecção, nos quais os sorotipos que causam a apresentação da forma aguda da
doença devem ser tratados com estreptomicina na dose de 12,5 mg/kg por via
intramuscular duas vezes ao dias, enquanto, a infecção crônica deve ser tratada
com estreptomicina na dose de 25 mg/kg por via intramuscular (Van METRE &
DIVERS, 2006; RAPOSO, 2001; QUINN et al., 2005; LeFEBVRE, 2009). Dose esta
foi alcançada pelo uso do antibiótico eleito pelo médico veterinário, no qual a grande
dose utilizada foi eficiente no controle da infecção apresentada na bexiga.
A imagem condizente com o quadro de cistite apresentada pelo animal no
exame ultrassonográfico, pode ser explicada por uma possível infecção descendente
advinda dos rins, local no qual o agente é frequentemente isolado, esta inflamação
da bexiga pode ser relacionada com um caso de nefrite intersticial, no qual a
literatura cita a observação de leptospiras nos néfrons de suínos, ou ainda, em
casos de nefrite embólica causada após uma septicemia bacteriana instalada no
tecido renal, ambas não provocam evidencias de sinais clínicos nos animais, toda
via, podem revelar imagens condizentes com a cistite, devido sua eliminação pelo
sistema urinário (RADOSTIS et al., 2010).
O controle desta patologia deve ser realizado através de medidas profiláticas
(LANGONI et.al., 2000). Como principal forma de controle e profilaxia para a
leptospirose em rebanhos bovinos está relacionada a utilização do tratamento com o
uso de antimicrobianos em animais que apresentem sinais clínicos e a imunização
dos demais animais do rebanho com o uso de vacinas polivalentes, as quais são
amplamente utilizadas quando não há diagnóstico preciso. A vacinação pode ser
realizada a partir do quinto e sexto mês de vida dos animais com revacinação após
30 dias e posterior imunização anual ou conforme necessidade observada pelo
medico veterinário (BRITO, 2008; LeFEBVRE, 2009; TORTORA et al., 2012). Além
do uso de vacinas autógenas, nas quais apresentam resultados eficazes contra a
leptospirose (CHIARELI et.al., 2012).
Conclusão
Podemos constatar neste estudo que a utilização de uma grande dose de
estreptomicina foi eficaz no tratamento da cistite visualizada em um exame
ultrassonográfico, possivelmente advinda de uma infecção descendente dos rins, na
28
qual sua etiologia, exames ultrassonográficos, sinais clínicos e sucesso no
tratamento com posterior concepção de prenhez foram condizentes com uma
suspeita de leptospirose. Também foi possível evidenciar a extrema importância da
vacinação dos rebanhos leiteiros de maneira profilática, visando diminuir os riscos
de surtos de leptospirose e aumentar as taxas reprodutivas em propriedades
leiteiras.
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870-871.
30
CONCLUSÃO
A realização do Estágio Supervisionado em Medicina Veterinária é a chance
de o acadêmico desenvolver a prática de seus conhecimentos adquiridos ao longo
de sua vida acadêmica, evidenciando assim situações de rotina de um profissional
em medicina veterinária.
É a oportunidade de entrar em contato com os produtores rurais e suas
realidades, possibilitando a visualização dos problemas enfrentados, dificuldades e
seus sonhos, além de proporcionar o conhecimento da região na qual o profissional
será inserido.
Também
é
possível
observar
a
importância
da
falta
de
exames
complementares no campo, nos quais são de extrema relevância na confirmação do
diagnóstico de doenças principalmente de caráter infectocontagioso como as
afecções apresentadas.
Destaca-se de forma positiva a relação entre produtores, acadêmico e médico
veterinário, nos quais proporcionaram troca de experiências importantes para a
formação do conhecimento do aluno, sendo relevante na formação profissional,
mostrando-se de forma satisfatória aos objetivos propostos.
31
RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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