UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL DISCIPLINA: SEMINÁRIOS APLICADOS A PERSISTÊNCIA DO VÍRUS DA DIARRÉIA VIRAL BOVINA (BVDV) Greyciele Rodrigues de Almeida Orientador (a): Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito GOIÂNIA 2011 ii GREYCIELE RODRIGUES DE ALMEIDA A PERSISTÊNCIA DO VÍRUS DA DIARRÉIA VIRAL BOVINA (BVDV) Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Nível: Doutorado. Área de Concentração: Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos (SANHTA) Linha de Pesquisa: Etiopatogenia, epidemiologia, diagnóstico e controle das doenças infecciosas dos animais Orientador (a): Wilia Marta Elsner Diederichsen de Brito – IPTSP/UFG Comitê de Orientação: Maria Clorinda Soares Fioravanti – EV/UFG GOIÂNIA 2011 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 2 2.1 Agente etiológico .......................................................................................... 2 2.2 Hospedeiros naturais do BVDV .................................................................... 6 2.3 Transmissão do BVDV.................................................................................. 6 2.4 Imunotolerância fetal ao BVDV e desenvolvimento de infecções persistentes ............................................................................................................................ 7 2.5 Sinais clínicos de animais PI infectados pelo BVDV ................................... 10 2.6 Doença das mucosas (DM) ........................................................................ 11 2.7 Diagnóstico de animais PI .......................................................................... 12 2.8 Controle ...................................................................................................... 13 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 15 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 16 iv LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Representação esquemática da partícula do vírus da diarreia viral bovina Figura 2 - Esquema da organização do genoma do vírus da diarreia viral bovina (BVDV) Figura 3 - 3 Agrupamento filogenético de isolados de pestivírus com base na homologia de nucleotídeos do gene da proteína Npro Figura 4 - 2 4 Variações e similaridades entre os genótipos BVDV-1 e BVDV2 5 1 INTRODUÇÃO O vírus da diarréia viral bovina (bovine viral diarrhea virus, BVDV) tem distribuição mundial e é responsável por perdas econômicas, produtivas e reprodutivas, na indústria pecuária bovina. Apesar da importância predominantemente reprodutiva, o BVDV é frequentemente associado a outras manifestações clínicas, incluindo enfermidades respiratórias e gastroentéricas (CANÁRIO et al., 2009; BRITO et al., 2010). A infecção de fêmeas gestantes com o BVDV pode resultar em perdas embrionárias e fetais, malformações congênitas, natimortalidade e nascimento de bezerros fracos e inviáveis. A infecção fetal por cepas de BVDV não citopatogênico (ncp) entre 40 a 120 dias de gestação, com frequência, é seguida de persistência viral devido a imunotolerância ao vírus infectante e o organismo do feto infectado jamais consegue erradicar o vírus. Esses fetos originam bezerros persistentemente infectados (PI) que constituem o elo da cadeia epidemiológica da doença (GROOMS, 2004; PILZ et al., 2007). A maioria dos animais PI morre nos primeiros meses de vida, no entanto, alguns deles podem sobreviver até os dois anos ou mais, podendo se tornar reprodutores e transmitir o vírus para a progênie (fêmeas) ou pelo sêmen (machos). Outro ponto importante é que animais PI podem fazer uma superinfecção com uma amostra de BVDV citopatogênica (cp), e assim desenvolver a doença das mucosas (DM), uma forma clínica esporádica e fatal da infecção pelo BVDV (ALMEIDA, 2010; RIDPATH & FLORES, 2007). Animais PI podem representar até 2% nos rebanhos infectados, Na maioria das vezes são assintomáticos, sorológicamente negativos e eliminam constantemente o BVDV por todas as excreções e secreções, favorecendo a disseminação da infecção nos rebanhos. Apesar de ser baixa a prevalência desses animais nos rebanhos, a sua presença reflete-se num grande impacto econômico. (HOUE et al., 1995; FULTON et al., 2005). Assim, esta revisão de literatura discorrerá sobre os animais persistentemente infectados pelo BVDV, ressaltando as principais características de uma infecção viral persistente. 2 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Agente etiológico O BVDV pertence ao gênero Pestivirus da família Flaviridae. A partícula viral é esférica, pequena (40-60 ηm), envelopada e possui capsídeo de simetria icosaédrica. O envelope é formado por uma membrana lipídica derivada de membranas celulares e contém pelo menos três glicoproteínas codificadas pelo genoma viral: a gp53 (E2), gp48 (Erns) e gp25 (E1) (Figura 1)(LINDENBACH et al., 2007). A B FIGURA 1 – A) Representação esquemática da partícula do vírus da diarreia viral bovina; E1, E2 e Erns: glicoproteínas do envelope viral. Adaptado de NOIVA (2010); B) Fotomicroscopia eletrônica de transmissão da partícula do vírus da diarreia viral bovina. Fonte: http://www.hpihamburg.de/ O genoma é constituído por uma molécula de RNA linear, fita simples e polaridade positiva, com 12,3 kb. Esta molécula de RNA apresenta duas regiões não-traduzidas (UTRs) próximas às extremidades 5‟ e 3‟ e possui uma única fase aberta de leitura (open reading frame, ORF). Essa ORF é responsável pela codificação de uma poliproteína de aproximadamente 3.900 aminoácidos. A poliproteína do BVDV é processada por proteases virais e celulares à medida que vai sendo produzida durante e após a tradução, originando de 11 a 12 proteínas maduras. A saber, os genes das proteínas são: autoprotease N terminal (N pro), 3 proteína do capsídio (C), glicoproteínas do envelope (E rns, E1 e E2) e proteínas não-estruturais (p7, NS2, NS3, NS4A, NS4B, NS5A e NS5B). A organização do genoma do BVDV encontra-se esquematizada na Figura 2 (KUMMERER et al., 2000; QUADROS, 2005; LINDENBACH et al., 2007). FIGURA 2 – Esquema da organização do genoma do vírus da diarreia viral bovina (BVDV). UTR é região não traduzida (untranslated region), NS é não estrutural (non structural), Npro é nucleoprotease, C é capsídeo e Erns é ribonuclease solúvel (QUADROS, 2005 dissertação) A homologia entre as sequências de nucleotídeos dos genomas é um dos critérios utilizados para diferenciar os pestivírus, e o de maior segurança. A região 5‟UTR é a mais comumente utilizada para a detecção e caracterização de variações no genoma, uma vez que apresenta segmentos altamente conservados, o que facilita a amplificação por PCR. No entanto, como a região da proteína não-estrutural Npro é única dos pestivírus, ela se constitui na região de eleição para a comparação e caracterização inicial de isolados. O gene E2, que codifica a proteína imunodominante do envelope viral, também pode ser usado na filogenia de pestivírus. A utilização das três regiões genômicas (5‟UTR, Npro e E2) apresenta melhores resultados na análise filogenética e permite a classificação de diferentes espécies, tipos e subtipos de pestivírus (NOGUEIRA, 2003; QUADROS, 2005; ALMEIDA, 2010). O vírus apresenta dois genótipos, o BVDV-1 e o BVDV-2. Além do genótipo, as cepas de pestivírus podem ser agrupadas em subgenótipos. Dois subgenótipos dentro do BVDV-1 (BVDV-1a e BVDV-1b) e do BVDV-2 (BVDV-2a e BVDV-2b) têm sido descritos nas Américas do Norte e do Sul. O significado prático dos genótipos repousa na sua correlação com importantes diferenças biológicas. Enquanto existem muitas semelhanças entre BVDV-1 e BVDV-2, existem diferenças biologicamente significativas entre os isolados a partir destes dois genótipos. Os vírus do genótipo 1 abrangem a maioria das cepas com virulência baixa a moderada. Os vírus pertencentes ao genótipo 2 foram 4 inicialmente isolados de surtos de BVDV aguda e doença hemorrágica, mas incluem também isolados de virulência baixa e moderada. (RIDPATH, 2003; RIDPATH & FLORES, 2007). De acordo com a análise filogenética das sequências que codificam a pro N o gênero Pestivirus pode ser dividido em sete grupos genéticos principais (Figura 3). Quatro desses ramos correspondem às quatro espécies de aceite do gênero conhecidas: o BVDV-1 e o BVDV-2, juntamente com o vírus da doença da fronteira, de ovinos (border disease virus, BDV) e o vírus da peste suína clássica (classical swine fever virus, CSFV). Os três ramos restantes correspondem a um pestivírus isolado de uma girafa, um isolado de antílope e um ramo composto por três vírus, sendo um isolado brasileiro de soro fetal bovino que foi denominado de "Hobi" D32/00_, um isolado contaminante de cultivo celular e outro isolado brasileiro de búfalo. O ramo do "Hobi" é composto por pestivírus atípicos que possuem base genética e propriedades antigênicas que diferem das espécies descritas anteriormente dentro do gênero Pestivirus (VAN REGENMORTEL et al., 2000; BECHER et al., 2003; BEER et al., 2004; RIDPATH & FLORES, 2007; STAHL et al., 2007). FIGURA 3 – Agrupamento filogenético de isolados de pestivírus com base na homologia de nucleotídeos do gene da proteína Npro; 1, 2, 3 e 4 representam os ramos das quatro espécies de aceite do gênero Pestivirus conhecidas: BVDV-1, BVDV-2, BDV e CSFV; os três ramos restantes correspondem a um pestivírus isolado de uma girafa, um isolado de antílope e um ramo composto por pestivírus atípicos (“Hobi"). Adaptado de RIDPATH & FLORES (2007) 5 Embora não sejam utilizados para diferenciar as espécies, dois biótipos existem entre os pestivírus de acordo com a sua capacidade de produzir efeito citopático em cultivo celular: o citopatogênico (cp) e o não-citopatogênico (ncp). Os vírus ncp constituem-se na maioria dos isolados de campo e são considerados como vírus reservatórios. A característica biológica mais importante dos vírus ncp é sua capacidade de causar infecção persistente (Figura 4). Os vírus cp são menos frequentes e se originam dos ncp por mutações e rearranjos genéticos com duplicações e/ou inserções de genoma viral ou celular no vírus original. (RIDPATH & FLORES, 2007; ALMEIDA, 2010; PETERHANS et al., 2010). FIGURA 4 – Variações e similaridades entre os genótipos BVDV-1 e BVDV-2. Os isolados a partir de qualquer genótipo podem existir como um dos dois biotipos, citopático ou não-citopático. Qualquer combinação de genótipo /biótipo pode causar a infecção aguda pelo BVDV, porém, apenas isolados ncp‟s de qualquer genótipo podem estabelecer infecções persistentes. Uma recombinação genômica pode ainda ocorrer nos vírus ncp‟s originando um vírus cp que causará a doença das mucosas (DM). Adaptado de RIDPATH (2003) Os biótipos apresentam diferenças moleculares na proteína nãoestrutural NS2-3, alterações que ocorrem na região do gene ativam a clivagem da proteína. Os isolados ncp produzem somente a NS2-3, enquanto que os isolados cp expressam a NS2-3 e também a sua região carboxi-terminal ou NS3 como uma proteína separada (p80). A expressão da NS3 (p80) sugere que essa proteína está direta ou indiretamente relacionada ao efeito lítico do vírus em 6 cultivos celulares, porém o mecanismo responsável pela indução de citopatologia ainda não foi esclarecido (TAUTZ et al., 1996; QUADROS, 2005). O genótipo não deve ser confundido com o biotipo. Os dois genótipos do BVDV (tipo 1 e 2) podem existir como um dos biotipos: citopátogênico e nãocitopatogênico, com base no efeito que causam em culturas de células. O biotipo é uma diferença fenotípica. Enquanto o genótipo reflete uma diferença no genoma viral, o fenótipo é baseado nas diferenças em traços expressos (RIDPATH, 2003). 2.2 Hospedeiros naturais do BVDV A infecção natural ocorre em uma variedade de ruminantes domésticos (bovinos, búfalos, ovinos, caprinos) e silvestres (lhamas, alpacas), além de suínos; os bovinos são considerados os seus hospedeiros naturais. Animais PI representam o maior reservatório do vírus na natureza e, por isso, são considerados mantenedores do vírus na natureza (GONDIM, 2006; RIDPATH & FLORES, 2007). 2.3 Transmissão do BVDV Um animal se torna persistentemente infectado por via transplacentária (transmissão vertical). Animais prenhes em período gestacional entre 40-120 dias que se infectam com o BVDV ncp, resultam em abortamentos ou nascimentos de animais PI. Um animal PI pode disseminar o vírus e contaminar os outros animais na exploração até distâncias de 20 a 40 metros, e ocasionalmente atingir explorações vizinhas. A viremia e excreção viral contínua em altos títulos por animais PI assegura a transmissão rápida do BVDV a animais mantidos em contato, sendo a transmissão notadamente mais rápida em condições intensivas e de alta densidade animal (BITSCH et al., 2000; ARENHART et al., 2009). A principal forma de introdução do BVDV num rebanho soronegativo é através da compra de animais com infecção aguda ou sub-clínica, PI‟s ou de animais gestantes cujo feto é PI. A partir da introdução de um PI em uma 7 exploração suscetível, o BVDV é transmitido horizontalmente, ocorrendo por contato direto (focinho-focinho, coito, mucosa-mucosa) ou indireto (focinhosecreções/excreções, focinho-feto abortado/placenta, contato com secreções/excreções), com secreções (nasais, saliva, sêmen, leite) e excreções (urina, fezes) contaminadas (BROCK et al., 1991; HOUE, 1995; RIBEIRO & PEREIRA, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007; ARENHART et al., 2009). O vírus circula numa exploração pela entrada de um animal PI, infectando a maioria da população onde pode causar índices de seroconversão de 80 a 100% dos habitantes. A medida que a população se imuniza a circulação viral diminui e pode extinguir-se depois da saída do animal PI, mas enquanto houver animal PI numa população, o risco de formação de novos PI‟s existe sempre e a circulação do vírus é permanente (NIZA-RIBEIRO, 2008). Animais com infecção aguda, geralmente apresentam viremia e excreção viral transitórias e em baixos títulos, mas mesmo assim podem resultar em transmissão viral. Animais PI, ao contrário, excretam o vírus continuamente e em altos títulos nas secreções/excreções, assegurando uma transmissão mais eficaz (BROCK et al., 1991; HOUE et al., 1995; VOGES et al., 1998; THURMOND, 2005). 2.4 Imunotolerância fetal ao BVDV e desenvolvimento de infecções persistentes A maioria dos animais imunocompetentes e soronegativos que adquirem a infecção pelo vírus da BVD, apresentam uma infecção assintomática, transitória, que pode cursar com quadros febris leves, muitas vezes imperceptíveis. O período de incubação varia entre três e sete dias, com o aparecimento de hipertermia e leucopenia. Na infecção aguda também pode estar presente lesões ulcerativas nas mucosas e a infecção pode, inclusive, comprometer os tratos respiratório e/ou digestivo, sendo o tecido linfoide (placas de Peyer) um importante sítio de replicação viral. Normalmente a infecção é autolimitante e o animal adquire imunidade prolongada e protetora contra novas infecções pelo mesmo tipo viral (BROWNLIE, 1990; PETERHANS et al., 2003; RIDPATH & FLORES, 2007). 8 A capacidade de induzir infecções fetais persistentes é um aspecto único da patogênese do BVDV. A resposta imune do hospedeiro é evitada com o estabelecimento de imunotolerância ao vírus, permitindo a continuidade das infeções virais. A infecção de fêmeas gestantes soronegativas têm consequências diversas, dependendo da imunidade da fêmea, período de gestação em que a infecção ocorre, biotipo (cp/ncp) e da cepa viral. A infecção aguda de fêmeas prenhes pode ocasionar reabsorção embrionária, abortos, mumificação fetal, natimortos, nascimento de bezerros fracos e inviáveis, ou o nascimento de animais PI (NOGUEIRA, 2003; GROOMS, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007). A morte fetal associada à infecção pelo BVDV ocorre em qualquer fase gestacional, apesar de ser mais frequente durante o primeiro trimestre. Quando a infecção ocorre com menos de 40 dias de gestação, poderá causar morte seguida de reabsorção embrionária ou expulsão fetal e mumificação fetal. A infecção pelo BVDV entre os 100 e 150 dias de gestação causa o aparecimento de malformações fetais, principalmente no sistema nervoso central e nos olhos. Os bezerros podem nascer normais, livres do vírus e soropositivos caso a infecção ocorra no terço final da gestação (GROOMS, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007). Um animal PI adquire a infecção, tanto pelo BVDV-1 quanto pelo BVDV-2, entre 40 e 120 dias de sua gestação. A infecção do feto bovino com o biótipo ncp antes do desenvolvimento da competência imunológica, pode resultar na geração de um animal que apresenta a infecção persistente pelo BVDV por toda sua vida. Nessa fase da gestação, o sistema imunológico do feto é imaturo e as proteínas virais são reconhecidas erroneamente como próprias (self), o que torna o animal imunologicamente tolerante ao BVDV. É necessário que se estabeleça uma infecção não-lítica com o BVDV para que não prejudique o desenvolvimento fetal, assim, a infecção transplacentária com um BVDV cp não pode produzir uma infecção persistente (DUBOVI, 1998; BROCK, 2003; LIEBLER-TENORIO, 2005). O mecanismo que leva a imunotolerância ainda não está completamente esclarecido. Sabe-se que a circulação do vírus durante a fase de gestação em que o sistema imunitário do feto ainda não se desenvolveu (entre os 90 e 120 dias) é um pré-requisito para que ele se torne PI. A estratégia de contornar o sistema imune adaptativo por meio do estabelecimento de tolerância é incomum e permite que o vírus seja extremamente bem-sucedido, sem que 9 tenha de empregar as estratégias de evasão habitualmente observadas em outras infecções virais persistentes de animais imunocompetentes (antigenic drift, variação dos antígenos de superfície, latência viral) (SCHWEIZER et al., 2006; MATZENER et al., 2009). A infecção fetal é caracterizada por replicação viral em células do sistema imune (monócitos/macrófagos, linfócitos e null cells) e também células do sistema nervoso central (SNC). A aptidão do vírus da BVD para gerar infecções persistentes está relacionada a capacidade de indução da síntese do interferon-α (IFN-α) no feto bovino. O interferon-α (IFN-α) é uma citocina que participa nos mecanismos de defesa do sistema imune, ela estimula a apoptose das células infectadas por vírus, eliminando-as. O BVDV ncp não desencadeia a síntese de quantidades significativas de IFN-α, permitindo que o vírus continue a replicar-se e estabeleça uma infecção persistente, enquanto a infecção in utero com o BVDV cp desencadeia uma forte resposta de IFN-α e consequentemente, há uma grande eliminação de células infectadas ocasionando a morte do feto (CHARLESTON et al., 2001; NOGUEIRA, 2003; CHASE et al., 2004). A infecção persistente pelo BVDV ncp não atrapalha a sinalização celular via receptor de IFN-α, permitindo o subsequente desenvolvimento de um estado antiviral. O tratamento com IFN-α em células persistentemente infectadas pelo vírus não-citopático protege-as contra a infecção por outros vírus, sem, no entanto, eliminar a infecção pelo BVDV. Isto deve-se a capacidade que o sistema imune inato tem de detectar elementos que são comuns a uma ou várias classes de agentes infecciosos, denominados “padrões moleculares associados a patógenos”, ou PAMP‟s, por exemplo, fragmentos de ssRNA e de dsRNA do vírus da diarreia bovina viral. Os PAMP‟s, ao ativarem receptores de reconhecimento padrão (PRR), estimulam a síntese de IFN-α, e a ligação deste a receptores para IFN-α induz, nas células, um “estado antiviral” (PETERHANS et al., 2003; SCHWEIZER et al., 2006). As proteínas Npro e Erns estão relacionadas com a indução de IFN-α. A primeira estimula a degradação do fator de transcrição (interferon regulatory factor 3, IRF-3), prevenindo a ativação transcricional do gene de IFN. A segunda possui atividade RNAse, sendo que uma fração da enzima produzida nas células infectadas é secretada para o meio extracelular. A RNAse produzida pela Erns atuará degradando o RNA extracelular do pestivírus e prevenindo a sua 10 identificação por receptores PRR. Desta forma, a Erns é um fator chave na discriminação self-não-self, ela contribui para a persistência do BVDV sem, contudo, impossibilitar a resposta imune a outros agentes virais (CHEN et al., 2007; MATZENER et al., 2009). A supressão, parcial ou total, da produção de IFN-α em resposta à infecção pelo vírus ncp permite que as proteínas virais sejam reconhecidas como antigénios próprios “self”, o que resulta na rejeição e destruição de linfócitos B e T anti-BVDV, durante a formação do sistema imune adaptativo do feto. De forma que, os animais persistentemente infectados não apresentam quaisquer anticorpos, neutralizantes ou não, contra o vírus persistente (NOGUEIRA, 2003; PETERHANS et al., 2003; GROOMS, 2006; SMIRNOVA et al., 2008). A não produção de anticorpos neutralizantes e não neutralizantes não impede, contudo, que um animal PI apresente anticorpos anti-BVDV. Os animais persistentemente infectados por um determinado isolado do vírus são capazes de resolver infecções agudas por um outro isolado antigenicamente heterólogo. Alguns animais PI podem, até mesmo, produzir anticorpos anti-BVDV do mesmo genótipo que o vírus persistente, o que resulta numa imunotolerância específica para determinados epítopos. Sendo assim, a infecção por um isolado viral heterólogo pode desencadear uma resposta imune devido ao reconhecimento de diferenças entre esse o isolado e o vírus persistente infectante. Uma diferença de um único aminoácido entre os isolados poderá ser suficiente para que o sistema imune reconheça e desencadeie uma resposta à infecção. Há relatos na literatura de alguns casos de bovinos PI‟s que desenvolveram anticorpos para os epítopos do BVDV ncp persistente e resolveram a infecção pelo vírus após anos de infecção persistente (BREWOO et al., 2007; COLLEN ET al., 2000). 2.5 Sinais clínicos de animais PI infectados pelo BVDV Fetos e animais nascidos congenitamente infectados podem apresentar algumas malformações em decorrência da infecção transplacentária ou podem nascer clinicamente saudáveis, embora a sua expectativa de vida seja baixa, pois todos apresentam o risco de desenvolver a doença das mucosas (DM). O índice de letalidade dos bezerros PI é superior a 50% no primeiro ano de 11 vida e alguns morrem poucos dias ou até mesmo algumas horas após o nascimento (BROWNLIE, 1990; DIAS et al., 2010). Os animais PI que sobrevivem, apresentam crescimento retardado, são letárgicos, fracos e mais suscetíveis a infecções secundárias por apresentarem baixa resistência. A maioria morre nos primeiros meses de vida, no entanto, alguns deles, podem viver até os dois anos ou mais. Fêmeas PI que alcançam a idade adulta, terão também sua progênie PI, ou no caso de machos adultos, estes terão o sêmen infectado (RIDPATH & FLORES, 2007, DIAS et al., 2010). 2.6 Doença das mucosas (DM) A doença das mucosas ocorre quando um animal PI (infectado pelo BVDV ncp) é superinfectado com um BVDV cp, que é antigenicamente semelhante ao BVDV ncp do próprio animal PI. Vários tipos de mutações, deleções e rearranjos genéticos podem gerar um BVDV cp a partir de um BVDV ncp, todos esses mecanismos resultam na expressão da proteína viral NS3, sendo assim, em animais com DM os dois tipos virais estão presentes, o ncp e o cp. A replicação do par de vírus (ncp/cp) leva ao desenvolvimento de uma enfermidade gastroentérica fatal (GREISER-WILKE et al., 1993; NOGUEIRA, 2003; KUMMERER et al., 2000; RIDPATH & FLORES, 2007). Animais PI também podem se infectar com vírus citopáticos provenientes de vacinas vivas modificadas ou pela transmissão de vírus cp a partir de outros animais PI. A DM apresenta baixa morbidade, devido a proporção de animais PI em um rebanho ser muito baixa, porém a letalidade é próxima de 100% (LIEBLER-TENORIO et al., 2000; RIDPATH & FLORES, 2007). A replicação do BVDV cp provoca uma rápida depleção das placas de Peyer, ocasionando uma necrose da mucosa gastrointestinal. Os sinais clinicos são uma diarreia catarral, hemorrágica ou fibrino-necrótica e o aparecimento de lesões ulcerativas em todas as mucosas, que podem levar à morte do animal. Recentemente, uma nova forma de DM chamada de doença das mucosas crônica vem sendo descrita. A única diferença da DM crônica para a DM aguda, é que o novo vírus cp produzido tem uma “apresentação antigênica”, ligeiramente diferente do vírus ncp que o originou. Entretanto, essa resposta imune é 12 incompleta, permitindo que a patologia se desenvolva mais lentamente e de forma menos severa, mas levando, inevitavelmente, à morte do animal (BROCK, 2004). Na DM aguda, o vírus cp antigenicamente semelhante ao vírus persistente (por exemplo, um vírus cp resultante da recombinação do RNA do vírus ncp persistente) é reconhecido pelo sistema imunitário como self e não desencadeia uma resposta imune. Isto permite que o vírus cp se dissemine rapidamente pelo organismo, fazendo com o que o animal desenvolva a DM em 2 a 3 semanas, sem que tenha produzido anticorpos neutralizantes contra o vírus super-infectante. Já na DM crônica, o vírus cp é antigenicamente distinto do vírus persistente (por exemplo, um vírus cp proveniente de uma infecção horizontal) e portante, ele é reconhecido como não-self, dando origem a uma resposta imune, com produção de elevados títulos de anticorpos neutralizantes (FRITZEMEIER et al., 1997; POTGIETER, 2004). Durante o curso da DM crônica, o organismo é capaz de resolver a infecção pelo vírus super-infectante, mas não antes deste se recombinar com o vírus ncp persistente. Essa recombinação origina novas populações de vírus, que o sistema imunitário vai eliminando, até que se produza um vírus recombinado que, apesar de citopático, possui as sequências genéticas que codificam os antigénos do vírus ncp que o organismo reconhece como self. Esta característica do novo vírus impede que o organismo resolva a nova infecção. Eventualmente, meses depois da super-infecção original, o animal sucumbe à DM crônica (FRITZEMEIER et al., 1997; NOIVA, 2010). 2.7 Diagnóstico de animais PI Animais PI não apresentam anticorpos no soro, pois não são capazes de responder imunologicamente ao vírus, porém, o sangue (principalmente leucócitos) desses animais é muito rico em vírus e em geral, os títulos virais sanguíneos são muito maiores do que em animais com a infecção aguda (RIDPATH & FLORES, 2007). O diagnóstico de animais PI pode ser realizado com o isolamento do agente em cultivos celulares seguido por identificação por imunofluorescência indireta (IFA) ou imunoperoxidase (IPX). Testes de ELISA de captura de 13 antígenos também podem ser utilizados, eles detectam proteínas virais no soro, apresentam boa especificidade e sensibilidade e podem ser utilizados para um grande número de amostras (RIDPATH & FLORES, 2007). Pode-se identificar animais PI, testando os bezerros recém-nascidos por ELISA-Ag, antes da ingestão do colostro porque este pode veicular anticorpos anti-BVDV, ou após os seis meses de idade, quando se dá o declínio da imunidade passiva (GROOMS & BOLIN, 2005). Na América do Norte tem-se popularizado o diagnóstico por biópsias de pele (fragmentos de orelhas) para a detecção de antígenos virais por IPX ou ELISA, principalmente para triagem e detecção de animais PI (RIDPATH & FLORES, 2007). Os métodos moleculares, desde que devidamente padronizados e avaliados, apresentam elevados índices de sensibilidade e especificidade. A reação em cadeia da polimerase, precedida de uma etapa de transcrição reversa (RT-PCR), tem sido muito utilizada para o diagnóstico da infecção pelo BVDV nas mais variadas formas de manifestação clínica, além da detecção de animais PI a partir de amostras biológicas individuais e em pools de soros sanguíneos (McPHERSON et al., 1994; ROSSMANITH et al., 2001; WEINSTOCK et al., 2001; PILZ et al., 2007). 2.8 Controle A detecção de animais PI é utilizada para fins de controle ou erradicação da BVDV no rebanho. Bezerros (potencialmente PI) e vacas prenhes soropositivas (potencialmente gestando fetos PI) devem ser levados em consideração, pois apresentam possíveis formas de introdução do vírus nos rebanhos. Quando há suspeita de que um determinado rebanho possua animais PI ou histórico de casos clínicos suspeitos de BVDV, o controle deve enfatizar a identificação e remoção desses animais, bem como a da implementação de medidas de biossegurança para evitar a reintrodução (WEINSTOCK et al., 2001; BROCK, 2003; RIBEIRO & PEREIRA, 2004; RIDPATH & FLORES, 2007). A vacinação não é recomendada nos programas de erradicação, haja vista que, com a prática vacinal, se perde o indicador sorológico da presença da 14 infecção no rebanho. Um animal identificado como soropositivo indica apenas exposição prévia ao agente, quer seja devido à vacinação ou ao contato com o agente infeccioso (RIDPATH & FLORES, 2007). 15 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar de ser baixa a prevalência de animais PI nos rebanhos, a sua presença reflete-se num grande impacto econômico. A complexidade da diarreia viral bovina apresenta reflexos também no diagnóstico laboratorial, pois é necessário o conhecimento da patogenia da doença para a interpretação dos resultados obtidos. A detecção do animal PI no rebanho é essencial para o controle da BVD e o diagnóstico desses animais com base somente em sinais clínicos sugestivos não é real, pois muitos são saudáveis e não manifestam qualquer sintomatologia clínica. Os animais PI se constituem nos principais reservatórios e fontes de disseminação do BVDV nos rebanhos, e muitos aspectos da biologia e genética da infecção persistente e de seu impacto na transmissão do vírus permanecem pouco conhecidos. Estudos para investigar características biológicas, tais como a persistência, níveis do vírus no sangue ao longo do tempo, títulos virais excretados nas secreções por um longo período e características moleculares ainda são necessários, principalmente no estado de Goiás e no Brasil. . 16 REFERÊNCIAS 1. ALMEIDA, L. L. 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