PLANO DE AULA Identificação e avaliação de cancerígenos Monografias da IARC: Volume 100 Carga do câncer relacionado ao trabalho Ocupação e câncer: perspectiva brasileira Prevenção do câncer relacionado ao trabalho IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE CANCERÍGENOS CANCERÍGENO Agente, complexo de agentes, ou exposição que aumenta a incidência de câncer específica por idade CATEGORIAS DE CANCERÍGENOS: Químicos Misturas complexas Exposições ocupacionais Fatores relacionados ao estilo de vida Agentes biológicos Agentes físicos AVALIAÇÃO E GERENCIAMENTO DE RISCO Aspectos econômicos Identificação de periculosidade Aspectos sociais Avaliação dose resposta Caracterização do risco Aspectos políticos Ação Outros aspectos técnicos Avaliação da exposição Avaliação de risco Gerenciamento de risco Cogliano et al. 2004 AVALIAÇÃO DE RISCO Periculosidade – Agente com potencial para causar câncer sob determinadas circunstâncias Risco – Estimativa do efeito decorrente da exposição a um agente cancerígeno Evidência – Avaliação do potencial cancerígeno de um agente considerando os estudos disponíveis PRINCIPAIS PROGRAMAS DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE AGENTES CANCERÍGENOS Environmental Protection Agency (EPA), Estados Unidos Cancerígeno para humanos Provavelmente cancerígeno para humanos Evidências sugestivas de potencial cancerígeno Informações inadequadas para avaliar o potencial cancerígeno Provavelmente não cancerígeno para os humanos National Toxicology Program (NTP), Estados Unidos Reconhecido como cancerígeno para os humanos Antecipado como provavelmente cancerígeno para os humanos International Agency for Research on Cancer (IARC), OMS, França Cancerígeno para os humanos (Grupo 1) Provavelmente cancerígeno para os humanos (Grupo 2A) Possivelmente cancerígeno para os humanos (Grupo 2B) Não classificável quanto a sua cancerigenicidade para humanos (Grupo 3) Provavelmente não carcinogênico para humanos (Grupo 4) SELEÇÃO DE AGENTES PARA REVISÃO PELA IARC IARC convoca Grupo Ad-Hoc, que considera: Agente com evidência ou suspeita de potencial cancerígeno Evidências de exposição humana IARC pode organizar a revisão de agente que se tornou relevante por novas informações científicas ou por solicitação de agências de saúde nacionais que tenham identificado algum problema de saúde urgente e relacionado com câncer PROGRAMA DE MONOGRAFIAS DA IARC FAZ A REVISÃO: Estudos epidemiológicos relevantes Bioensaios de câncer em modelos animais Estudos sobre os mecanismos de ação do agente DESTA FORMA: Atualiza o impacto de agentes cancerígenos conhecidos Identifica novos agentes cancerígenos MONOGRAFIAS DA IARC PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE AGENTES CANCERÍGENOS Revisão pelo membro Revisão pelo membro Revisão pelo membro Revisão pelo membro Revisão Revisão pelo membro pelo subgrupo Revisão Revisão Revisão pelo membro pelo subgrupo pelo Grupo de Trabalho Revisão Revisão Pelo Revisão pelo membro Pelo subgrupo membro ANTES DA REUNIÃO SESSÃO DE SUBGRUPOS PLENÁRIA MONOGRAFIAS DA IARC PROCESSO DE AVALIAÇÃO DE AGENTES CANCERÍGENOS CÂNCER EM HUMANOS CÂNCER EM ANIMAIS EXPERIMENTAIS Evidências suficientes Evidências limitadas Evidências inadequadas Evidências não sugeridas Evidências suficientes Evidências limitadas Evidências inadequadas Evidências não sugeridas AVALIAÇÃO PRELIMINAR Cancerígeno para os humanos Provavelmente cancerígeno para os humanos Possivelmente cancerígeno para os humanos Não classificável em relação a sua carcinogenicidade para os humanos Provavelmente não cancerígeno para os humanos OUTROS DADOS RELEVANTES Dados de mecanismos de ação são frágeis, moderados ou convincentes? Mecanismos de ação provavelmente funcionam em humanos? AVALIAÇÃO FINAL SISTEMA DE CLASSIFICAÇÃO DA IARC GRUPO 1: Agente cancerígeno para humanos Agentes para os quais há evidências suficientes de carcinogenicidade para humanos. Excepcionalmente, um agente pode ser classificado nesta categoria quando as evidências de carninogenicidade em humanos são menos que suficientes, mas há evidências suficientes de carcinogenicidade em modelos experimentais com animais e fortes evidências em humanos expostos de mecanismo de carcinogenicidade relevante GRUPO 2A: Agente PROVAVELMENTE cancerígeno para humanos Agentes para os quais há evidências limitadas de carcinogenicidade para humanos e evidências suficientes de carcinogenicidade em animais experimentais GRUPO 2B: Agente POSSIVELMENTE cancerígeno para humanos Agentes para os quais há evidências limitadas de carcinogenicidade em humanos e evidências menos que suficientes de carcinogenicidade em animais experimentais GRUPO 3: Agente não classificável em relação ao potencial cancerígeno para humanos Agentes para os quais as evidências de carcinogenicidade são inadequadas em humanos e inadequadas ou limitadas animais experimentais GRUPO 4: Agente provavelmente não cancerígeno para humanos Agentes para os quais há evidências sugerindo que não há efeito cancerígeno para os humanos e em modelos com modelos experimentais AGENTES AVALIADOS E CLASSIFICADOS PELA IARC MONOGRAFIAS VOLUMES 1-107 No DE AGENTES GRUPO DEFINIÇÃO Grupo 1 Cancerígeno para humanos 111 Grupo 2A Provavelmente cancerígeno para humanos 65 Grupo 2B Possivelmente cancerígeno para humanos 274 Grupo 3 Não classificável em relação ao potencial cancerígeno para humanos 504 Grupo 4 Provavelmente não cancerígeno para humanos TOTAL DE AGENTES AVALIADOS 1 955 MONOGRAFIAS DA IARC: VOLUME 100 OBJETIVOS DA MONOGRAFIA VOLUME 100 Rever o conhecimento acumulado há várias décadas pelas pesquisas em câncer de substâncias incluídas no Grupo 1 Cerca da metade dos agentes classificados no Grupo 1 foram revisados pela última vez há mais de 20 anos, antes dos estudos sobre os mecanismos de ação destas substâncias tornarem-se proeminentes na avaliação do processo cancerígeno VOLUME 100: GRUPOS DE TRABALHO A. Produtos farmacêuticos B. Agentes biológicos C. Arsênio, metais, fibras e poeiras D. Radiação E. Hábitos pessoais e combustão em ambientes fechados F. Agentes químicos e ocupações relacionadas VOLUME 100: GRUPOS DE TRABALHO A. Produtos farmacêuticos B. Agentes biológicos C. Arsênio, metais, fibras e poeiras D. Radiação E. Hábitos pessoais e combustão em ambientes fechados F. Agentes químicos e ocupações relacionadas VOLUME 100C: AGENTES REVISADOS VOLUME 100F: AGENTES REVISADOS CARGA DO CÂNCER RELACIONADO AO TRABALHO MORTALIDADE POR CÂNCER ATRIBUÍVEL À OCUPAÇÃO EM TRÊS DIFERENTES ESTUDOS Nurminen & Karjalainen, 2001 (Finlândia) Steenland et al., 2003 (Estados Unidos) Rushton et al., 2008 (Reino Unido ) Exposição: 1960-1984 Mortes: 1996 Exposição: 1980-1983 Mortes: 1997 Exposição: 1956-1995/1986-2005 Mortes: 2005 Quase metade de todas as mortes relacionadas ao trabalho foram decorrentes de tumores malignos Câncer de pulmão contribuiu com cerca de 75% do total das mortes por câncer relacionadas ao trabalho Mais de 8% de todas as mortes por câncer em homens foram devidas a exposições ocupacionais, e para câncer de pulmão a estimativa para os homens foi acima de 20% 54% das mortes por câncer relacionadas ao trabalho foram câncer de pulmão Metade das mortes por tumores de pulmão relacionados à ocupação foram atribuídos à exposição ao amianto Quase 70% das mortes por câncer relacionado à ocupação foram por câncer de pulmão; mais da metade devido à exposição ao amianto; metade desta exposição ocorreu na construção civil Do total das mortes por câncer de pulmão, 24% foram atribuídos à exposição a cancerígenos ocupacionais; metade devido à exposição ao amianto TOTAL DE REGISTROS DE CÂNCER NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO REINO UNIDO POR AGENTE CANCERÍGENO/OCUPAÇÃO EM RELAÇÃO A OUTROS RAMOS DE ATIVIDADE Hutchings et al. 2012 OCUPAÇÃO E CÂNCER: PERSPECTIVA BRASILEIRA OCUPAÇÃO E CÂNCER DE PULMÃO, SÃO PAULO Alguma vez exposto Exposto 10 anos ou + Exposto 10 anos ou + Latência 40 anos ou + RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) Cerâmica 2,21 (1,00-4,87) 6,43 (1,12-37,00) 6,51 (1,14-37,20) Produção de máquinas 1,62 (1,02-2,55) 1,50 (0,71-3,18) 1,73 (0,74-4,04) Tecelões 1,00 (0,43-2,34) 7,70 (1,01-58,42) 21,93 (1,96-245,00) Pintores de paredes 0,77 (0,56-1,08) 1,29 (0,79-2,11) 1,29 (0,77-2,15) Amianto 1,03 (0,68-1,54) 1,13 (0,77-1,67) 1,23 (0,83-1,82) PAH 1,07 (0,71-1,60) 1,13 (0,76-1,66) 1,23 (0,83-1,82) Arsênio 0,84 (0,58-1,23) 1,09 (0,74-1,61) 1,16 (0,78-1,73) Poeiras 1,46 (0,93-2,31) 1,34 (0,88-2,06) 1,48 (0,97-2,26) Níquel 0,91 (0,50-1,67) 1,31 (0,62-2,75) 1,44 (0,59-3,50) Cromo 1,00 (0,69-1,46) 1,20 (0,80-1,79) 1,17 (0,75-1,84) RAMOS DE ATIVIDADE OCUPAÇÕES AGENTES (Possível alta exposição) Wünsch Filho et al. 1998; RC ajustado por tabagismo META-ANÁLISE DE ESTUDOS CASO-CONTROLE OCUPAÇÃO DE PINTOR DE PAREDES E CÂNCER DE PULMÃO Guha et al. 2011 META-ANÁLISE DE ESTUDOS CASO-CONTROLE OCUPAÇÃO DE PINTOR DE PAREDES E CÂNCER DE PULMÃO Guha et al. 2011 SÍLICA E CÂNCER DE LARINGE, SÃO PAULO Casos Controles OR Não expostos 81 151 1,0 Expostos 41 36 1,83 (1,00-3,36) Baixa exposição 15 14 1,80 (0,75-4,34) Média exposição 11 14 1,36 (0,53-3,49) Alta exposição 15 8 2,67 (0,95-7,50) Sílica cristalina livre respirável IC95% Sartor et al. 2007 TRABALHADORES EXPOSTOS À SÍLICA (TODOS RAMOS DE ATIVIDADE) BRASIL, 2001 N % 31.451.594 85,2 Possivelmente expostos 976.939 2,7 Provavelmente expostos 2.404.955 6,5 Definitivamente expostos 2.065.929 5,6 Exposição à sílica Não expostos Ribeiro et al. 2008 PORCENTAGEM DE TRABALHADORES EXPOSTOS À SÍLICA BRASIL E ALGUNS PAÍSES EUROPEUS PAÍS % Brasil 5,6 Finlândia 3,9 Espanha 3,2 Alemanha 2,9 Reino Unido 2,6 Portugal 2,1 Itália 1,6 França 0,5 Ribeiro et al. 2008 OFICINAS MECÂNICAS, MECÂNICOS DE AUTOMÓVEIS E CÂNCER DE BOCA E OROFARINGE, SÃO PAULO Alguma vez exposto Exposto 10 anos ou + Exposto 10 anos ou + Latência 40 anos ou + RC (IC 95%) RC (IC 95%) RC (IC 95%) 2,45 (1,14-5,27) 7,90 (2,03-30,72) 7,38 (1,88-28,98) 2,10 (0,78-5,68) 26,21 (2,34-294,06) 24,46 (2,10-284,60) RAMO DE ATIVIDADE Oficina mecânica OCUPAÇÃO Mecânico de automóveis Andreotti et al. 2006; RC ajustado por idade, tabagismo e consumo de bebida alcoólica TRABALHO NA INDÚSTRIA DA BORRACHA E TUMORES GÁSTRICOS E DO TRATO AERODIGESTIVO SUPERIOR, SÃO PAULO Estômago (n=17) TADS (n=14) OR (IC 95%) OR (IC 95%) Grande 1,0 1,0 Média 1,18 (0,83-1,66) 2,30 (1,68-3,17) Pequena 3,47 (2,57-4,67) 2,49 (1,78-3,48) 1,0 1,0 Qualificados 0,06 (0,03-0,14) - Chefias e profissionais de nível superior 0,58 (0,49-0,69) 0,73 (0,61-0,87) PORTE DA EMPRESA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL Não qualificados Neves et al. 2006 PREVENÇÃO DO CÂNCER RELACIONADO AO TRABALHO PREVENÇÃO DO CÂNCER O primeiro passo na prevenção do câncer é identificar as causas do câncer em humanos e conhecer a dimensão destas exposições nas populações PREVENÇÃO DO CÂNCER RELACIONADO AO TRABALHO O câncer relacionado ao trabalho tende a estar concentrado em grupos relativamente restritos de pessoas nas quais o risco de desenvolver a doença pode ser muito alto Tais riscos podem ser reduzidos ou mesmo eliminados desde que identificados A detecção da periculosidade ocupacional deve ter prioridade em qualquer programa de prevenção do câncer, mais do que sua importância proporcional possa sugerir PREVENÇÃO DO CÂNCER RELACIONADO AO TRABALHO Eliminação do uso e substituição do agente cancerígeno ocupacional é a primeira abordagem na hierarquia de controle Onde esta abordagem for impraticável, próximo nível de controle é reduzir a intensidade e duração da exposição a número mínimo de trabalhadores Medidas de engenharia Sistemas de ventilação para a remoção de poeiras, gases e vapores Medidas administrativas Treinamento de operação segura dos procedimentos de trabalho Manutenção preventiva de máquinas e equipamentos PREVENÇÃO DO CÂNCER RELACIONADO AO TRABALHO Amianto Sílica cristalina livre respirável Exaustão de motores diesel Trabalho em turnos e câncer de mama Construção civil BIBLIOGRAFIA SELECIONADA • British Journal of Cancer, 107, Supplement 1, 2012. • Cogliano VJ. 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International Agency for Research on Cancer monographs on the evaluation of carcinogeneic risks to humans. A review of human carcinogens. Volume 100 Part C – Arsenic, metals, fibres, and dusts. Lyon: IARC Press, 2012. • Rushton L et al. Occupation and cancer in Britain. British Journal of Cancer, 102:1428-1437, 2010. • Ward EM et al. Research recommendations for select IARC-classified agents. Environmental Health Perspectives, 118:1355-1362, 2010.