Mensagens Curtas 5 - Recanto das Letras

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Mensagens
Curtas 5
Para Meditação Diária
Silvio Dutra
Set/2016
A474
Alves, Silvio Dutra
Mensagens curtas 5./ Silvio Dutra Alves. – Rio de
Janeiro, 2016.
204.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Graça 3. Fé.
I. Título.
CDD 230
2
Sumário
O Motivo Real Para se Gloriar.......................
9
A Glória do Evangelho......................................
11
O Prazer Espiritual dos Que Servem a
Deus............................................................................
14
O Principal Objetivo em Nossa Vida..........
15
A Prosperidade do Espírito.............................
18
Horrorizai-vos ó Céus! ..................................... 21
A Boa Vontade Perfeita de Deus..................
23
Se Não Perder Não Ganhará..........................
26
Para a Glória de Deus em Cristo Jesus.....
29
O Culto Racional a Deus..................................
32
Ninguém se Sinta Excluído............................
35
A Melhor Escolha................................................
36
Preservando a Ternura de Coração...........
41
O Grande Milagre...............................................
43
3
O Sábio e Poderoso Controle de Deus
nas Nossas Aflições............................................
45
O Trabalho do Grande Agricultor............... 48
As Imperfeições da Igreja aqui neste
Mundo....................................................................... 50
O Mal e o Perigo de Ofensas..........................
54
“Andarão dois juntos, se não estiverem
de acordo?" (Amós 3.3) .....................................
59
Andando Humildemente com Deus.........
61
A Fé Que nos Vem de Deus............................
63
Como podemos Preparar Nossos
Corações Para Suportar Reprovações.....
66
O Valor da Vida Está no Amor....................... 72
Quem Será o Próximo a Chorar? ................
75
O Que é Servir a Deus? ..................................... 76
Jesus é o Único Mediador entre Deus e o
Homem (I Timóteo 2.5) ................................... 79
Apascentar..............................................................
A Importância do Exercício Espiritual
Contínuo..................................................................
4
81
83
Espírito de Sabedoria e de Revelação no
Exercício da Fé......................................................
85
Nossa Alegria Está em Deus e Não no
que Temos............................................................... 88
Deus se Agrada do Nosso Sofrimento?....
90
Não Há Serviço Aceitável Sem
Consagração........................................................... 92
Por Que Se Alegrar Por Ter Passado
Pela Provação? .....................................................
93
Maravilhosa Experiência................................. 96
Os Escravos da “Liberdade”...........................
97
Depois da Morte Há o Juízo............................
101
Não Errando o Alvo Proposto........................
102
Algo Para Ser Pensado e Refletido.............. 104
Cada Um Levará Seu Próprio Fardo........... 106
Por que é Difícil a Entrada dos Ricos no
Reino de Deus? ....................................................
108
Aptidão para Ver e Apreciar..........................
110
Perdão Comprovado..........................................
112
5
Alerta para Permanecer no Amor e na
Verdade....................................................................
113
Loucos que São Amados..................................
116
Como se Detecta o Espírito? .........................
118
O Que é Não Negar o Senhor?.......................
120
A Fé é uma Caminhada Constante.............
122
Como Todo o Israel Será Salvo?................... 124
O Valor Precioso da Promessa......................
127
A Espiritualidade Provada na
Materialidade........................................................
128
Criado para Ser Espiritual e não Carnal..
129
Por Que se Alegrar em Deus se um Dia
Vamos Morrer? ...................................................
131
Não Adorando e Servindo Coisas Vãs.......
132
O Fundamento e a Coluna da Verdade..... 135
Aprende-se a Amar por Osmose.................
140
“Por que me chamais Senhor, Senhor, e
não fazeis o que vos mando?” (Lc 6:46).... 141
6
“Eles não Sabem o que Fazem”....................
142
O Conselheiro Ineficaz para o Propósito
de Deus.....................................................................
143
É Preciso Mais do Que Boas Intenções..... 145
Não Há Amor a Deus Sem Obediência.....
149
Por Que Deus Simplesmente não Deixa
Pra Lá? ......................................................................
151
Um Ganho que é Uma Grande Perda........
153
Salvo Pela Perfeita Obediência de Jesus..
155
Nossa Principal Missão Neste Mundo.....
158
Se Compadece de Nossa Miséria
Espiritual.................................................................
160
Vida que Gera Vida.............................................
163
Copo Limpo no Interior e no Exterior......
166
Nada Poderá nos Separar do Amor de
Deus............................................................................
170
Não de Modo Mecânico mas Amoroso e
Vital............................................................................. 173
7
Todo Ser Humano Necessita de
Libertação..............................................................
Tendo Bom Ânimo num Mundo de
Aflições.....................................................................
Se Está Muito Fácil É Porque Está
Errado........................................................................
175
177
180
A Paz de Jesus e a de Barrabás....................... 182
A Falsa Paz de Uma Liberdade Falsa.......... 183
Salvos na Esperança da Perfeição...............
186
Somente quem Procura Acha....................... 188
Viver sem Ilusões...............................................
189
Os Fariseus Redivivos........................................ 191
Por Causa da Fé e não por Crença..............
193
É Mesmo na Base do Toma Lá Dá Cá?....... 195
Pode Parecer Verdade mas Não é
Verdade....................................................................
196
Aprendendo do Exemplo de Charles
Simeon......................................................................
198
Peregrinando......................................................... 204
8
O Motivo Real Para se Gloriar
“Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na
sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o
rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar,
glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu
sou o SENHOR e faço misericórdia, juízo e
justiça na terra; porque destas coisas me agrado,
diz o SENHOR.” (Jeremias 9.23,24)
Estas palavras do Senhor através do profeta
foram
pronunciadas em meio a grandes
repreensões contra o pecado e prática da
iniquidade na Terra.
Em que teriam então os homens em que se
gloriarem quando o estado de suas almas é ruim
e se encontra de forma latente em inimizade
contra o Criador?
De fato, todos os que andam sob o temor do
Senhor e em verdadeira comunhão com ele,
terão por diversas vezes as suas mentes em
suspenso, como que atordoados pelo fato de
perceberem quão fracos são e inapropriados
para cumprirem os propósitos de Deus.
Um sentimento de desolação e de inutilidade
lhes invade o coração de tal forma que nada
pode lhes arrancar disso, senão apenas a
manifestação da graça de Deus, dando-lhes
força para cumprirem o seu ministério, e
quando são assim visitados pelo poder do alto,
eles se gloriam não em si mesmos, mas no fato
de terem sido alegrados grandemente por
9
Aquele que se tornou para eles a sua própria
vida.
O apóstolo Paulo, melhor do que ninguém
experimentou
em
profundidade
este
sentimento, e daí ter se expressado nos
seguintes termos:
Rom 15:17 Tenho, pois, motivo de gloriar-me em
Cristo Jesus nas coisas concernentes a Deus.
2Co 11:30 Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei
no que diz respeito à minha fraqueza.
Gál 6:14 Mas longe esteja de mim gloriar-me,
senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela
qual o mundo está crucificado para mim, e eu,
para o mundo.
10
A Glória do Evangelho
O que se costuma pensar quando se ouve a
palavra evangelho?
Amar o próximo, cuidar dos necessitados,
professar a religião cristã, ter comunhão na
igreja, etc.
O evangelho pode englobar tudo isto e muito
mais pensamentos do mesmo tipo, todavia não
é nisto que reside a sua grande glória; pois aqui
se fala de algumas consequências do efeito
produzido pelo evangelho em nós, mas não
aquilo que ele é em essência.
O simples significado etimológico da palavra
evangelho não é de muita ajuda para definir a
glória a ele inerente, porque o anúncio de boas
notícias, ou boas novas, como se traduz esta
palavra grega não expressa ainda que notícias
são estas, e qual é a sua extensão, profundidade
e significado.
Em que consiste então a glória do evangelho?
Primeiro e antes de tudo na própria pessoa de
Jesus Cristo em sua relação com a obra de
salvação dos pecadores, conforme anunciado
pelo anjo aos pastores de Belém que lhes disse
que trazia a “boa-nova de grande alegria”
(evangelho), e que esta boa-nova se referia ao
nascimento do Salvador recém-chegado ao
mundo.
Deus tudo criou para a sua glória, mas que glória
pode receber de uma criação que se corrompeu
pelo pecado e que foi amaldiçoada? Então, é por
11
meio de Cristo que todas as coisas estão sendo
restauradas, de modo que o propósito de Deus
relativo à criação seja cumprido. E como isto é
feito por meio do evangelho, então pode ser dito
que ele é também glorioso; todavia esta glória do
evangelho é a glória do Deus bendito, e de
Cristo, que são os autores e os consumadores do
evangelho.
Por isso o apóstolo se expressou nos seguintes
termos:
“segundo o evangelho da glória do Deus
bendito, do qual fui encarregado.” (I Tim 1.11).
“nos quais o deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.” (2 Cor 4.4).
“o mistério que estivera oculto dos séculos e das
gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus
santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual
seja a riqueza da glória deste mistério entre os
gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória;”(Col 1.26,27).
Assim a glória do evangelho é a do próprio
Cristo; porque a glória de Cristo pode ser
conhecida somente através do evangelho, e não
por qualquer outro meio.
Os cristãos são chamados pelo evangelho a
conhecerem a glória que há em Cristo, a quem
pertence toda a plenitude da glória, quer em sua
pessoa, quer em todos os seus atos relativos à
criação.
12
“para o que também vos chamou mediante o
nosso evangelho, para alcançardes a glória de
nosso Senhor Jesus Cristo.” (II Tes 2.14).
Assim, as riquezas da glória que Deus quis dar a
conhecer aos seus santos são reveladas no
evangelho, e por ele aprendemos que toda esta
riqueza se encontra na pessoa de Cristo.
Daí se dizer que é Cristo em nós a esperança da
glória.
13
O Prazer Espiritual dos Que Servem a Deus
Que nenhum homem construa sua esperança
de ir para o céu em cima de desobediências a
Deus. Isto é construir sobre a areia, e a areia não
é um bom alicerce. Caso alguém construa sobre
um tal alicerce, quando vier a inundação, ou
seja, a perseguição, a força disto fará com que a
casa caia.
O sábio construtor faz da prática da Palavra de
Deus o alicerce para a edificação da sua alma, e
assim ele tem o seu prazer na lei do Senhor, e na
Sua lei medita de dia e de noite.
O verdadeiro santo não tem prazer na lei de
Deus por intuição, mas por inspiração do
Espírito Santo, que faz com que tenha todo o seu
deleite na vontade de Deus expressada na Sua
Palavra.
Embora um filho de Deus, não possa servi-lo
com perfeição, todavia ele serve de bom grado,
pois sabe que a prática persistente da Palavra o
tornará sábio para a salvação que está em Cristo
Jesus e que é por meio da fé nele.
Este prazer santo surge da predominância da
graça no coração, quando esta o enche, por
contemplarmos a Jesus e nos dispormos a
obedecer os seus mandamentos.
Assim, o cristão não olha para o serviço que
presta ao Senhor como um mero dever, mas
como um prazer e um privilégio, porque é assim
que o Espírito Santo, em testificação com o seu
espírito, faz com que ele se sinta.
14
O Principal Objetivo em Nossa Vida
“Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se
abrevia; o que resta é que não só os casados
sejam como se o não fossem; mas também os
que choram, como se não chorassem; e os que
se alegram, como se não se alegrassem; e os que
compram, como se nada possuíssem; e os que se
utilizam do mundo, como se dele não usassem;
porque a aparência deste mundo passa.” (I Cor
7.29-31)
O apóstolo Paulo chama a nossa atenção para o
que é principal: “Irmãos, o tempo é curto", e,
portanto, se ocupem com estas coisas como se
vocês não as tivessem porque a aparência deste
mundo passa. Esta é a razão pela qual ninguém,
senão um verdadeiro cristão pode relacionar-se
moderadamente com as coisas deste mundo.
Por quê? Porque ninguém, senão um cristão fiel
tem um objetivo principal que permeia toda a
sua vida; ele busca o céu e a felicidade, porque
isto estará com ele mais tarde e para toda a
eternidade.
Por isso a sua fé permeia todos os assuntos: o
casamento, compras, o mundo. E não deve se
importar com se entristecer ou se alegrar,
porque há um grande e principal objetivo em
vista.
Ele não será negligente na execução dos seus
deveres, relativos ao casamento, ao uso do
dinheiro, às suas funções neste mundo,
15
procurando sempre, em tudo, fazer o melhor
com a ajuda e a direção do Espírito Santo,
todavia, sempre terá este sentimento de que o
Reino de Deus e a sua justiça, sempre deve
ocupar o lugar principal em sua mente, coração
e ações.
Assim, não concentrará o principal de seus
esforços em objetivos terrenos e passageiros,
mas naqueles que se referem a Deus e às coisas
espirituais e eternas, porque é isto o que lhe
ordena o seu Senhor.
Ele sabe que o tempo é curto, e portanto, deve
ser moderado em todas as coisas deste mundo.
O envolver-se em demasia com tudo o que
respeita à vida que temos aqui embaixo
conquista totalmente as nossas afeições por
estas coisas, e não poderemos ter e manter o
nosso amor a Deus acima de tudo e de todos,
conforme é ordenado por Ele.
Se temos um afeto desmedido por qualquer
coisa desta vida, faremos todo o empenho para
não
perdê-la,
e
ficaremos
fatalmente
imobilizados e desmotivados caso aconteça a
perda, o que é de se supor, que aconteça mais
cedo ou mais tarde.
Daí nosso Senhor ter afirmado tão categórica e
expressamente: “Assim, pois, todo aquele que
dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não
pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.33); “Quem
ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a
sua vida neste mundo preserva-la-á para a vida
eterna.” (João 12.25); “Quem ama seu pai ou sua
16
mãe mais do que a mim não é digno de mim;
quem ama seu filho ou sua filha mais do que a
mim não é digno de mim; (Mat 10.37).
Deus não consentirá que nosso afeto por Ele
esteja em competição com qualquer outra coisa
ou pessoa deste mundo.
Nada e ninguém deve ser motivo para que Ele
não seja servido em primeiro lugar por nós.
Nem bens terrenos, ou cônjuges, ou filhos, ou
carreira, nem nossas tristezas, nem nossas
alegrias, enfim, nada é nada.
De tudo cuidaremos com zelo e amor, mas não
deixaremos de tributar a honra, o culto, o
serviço que são devidos ao Senhor, antes de tudo
o mais.
Sem este sentimento e prática de renúncia
jamais poderemos servi-lo e amá-lo do modo
pelo qual importa fazê-lo.
E há uma urgência no uso que fazemos de nossa
vida aqui embaixo porque a vida é curta, e o
tempo do nosso encontro com o Senhor é certo,
e ele julgará todas as nossas obras.
E o que tivermos deixado de fazer para o Senhor
não poderá ser recuperado, porque não
poderemos voltar atrás e começar tudo de novo.
17
A Prosperidade do Espírito
“Atos 8:1 E Saulo consentia na sua morte.
Naquele dia, levantou-se grande perseguição
contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os
apóstolos, foram dispersos pelas regiões da
Judeia e Samaria.
Atos 8:2 Alguns homens piedosos sepultaram
Estêvão e fizeram grande pranto sobre ele.
Atos 8:3 Saulo, porém, assolava a igreja,
entrando pelas casas; e, arrastando homens e
mulheres, encerrava-os no cárcere.
Atos 8:4 Entrementes, os que foram dispersos
iam por toda parte pregando a palavra.”
Permitisse o Senhor que acontecesse agora no
Brasil – que o Senhor não o permita - o que
sucedeu nos primeiros dias Igreja, quando era
pura e sem mancha, sob a instrução dos
apóstolos, conforme se vê no relato da
perseguição que explodiu contra os cristãos
logo depois do martírio de Estevão,
continuaríamos sustentando a chamada
doutrina da prosperidade material, conforme é
ensinada e afirmada pela grande maioria das
igrejas em nossos dias?
Expatriados,
sem
bens,
aprisionados,
martirizados, permaneceram os crentes
primitivos pregando a fé em Jesus Cristo para a
salvação e santificação de vidas.
Já haviam antes confirmado que estavam
desmamados dos prazeres deste mundo quando
18
tiveram por motivo de grande alegria serem
espoliados de seus bens e sofrido por causa do
nome do seu Senhor.
Havia neles abundante graça e não havia
necessitados entre eles porque repartiam os
seus bens a todos quantos tinham necessidades
(Atos 4.32-34).
“Porque não somente vos compadecestes dos
encarcerados, como também aceitastes com
alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência
de possuirdes vós mesmos patrimônio superior
e durável.” (Heb 10.34)
Fosse a bênção de Deus ter muitas coisas deste
mundo, os ímpios seriam os mais abençoados,
porque é notório que se acha entre eles os que
são mais ricos e poderosos segundo o mundo.
Fosse a mera contribuição financeira para
alguma igreja ou obra missionária, sem o
acompanhamento de um crescimento pessoal
na graça e no conhecimento de Jesus Cristo, o
suficiente para nos darmos por satisfeitos com
Cristo e ele conosco, estaríamos incorrendo em
grosseiro autoengano.
Fosse a acumulação de bens terrenos o sinal do
agrado de Deus para conosco, dissociado de um
viver segundo o que nos é ordenado na Palavra,
onde estaria a verdadeira igreja de Cristo agora?
Certamente de braços dados com o mundo,
porque é o mundo que busca o que é terreno e
não o que é celestial, divino e espiritual.
19
“Mat 6:31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo:
Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com
que nos vestiremos?
Mat 6:32 Porque os gentios é que procuram
todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe
que necessitais de todas elas;
Mat 6:33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu
reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas.”
Por que o Senhor repreende a Igreja de
Laodiceia e a todos os cristãos que se
identificam com os seus hábitos? Não é
porventura por conta da falta desta verdadeira
piedade e santificação no viver cotidiano, pela
negação do ego, pelo carregar da cruz e seguir
os mesmos passos de Jesus?
20
Horrorizai-vos ó Céus!
“1Pe 2:9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva
de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz;
1Pe 2:10 vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas,
agora, sois povo de Deus, que não tínheis
alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes
misericórdia.”
“Atos 3:11 Apegando-se ele a Pedro e a João, todo
o povo correu atônito para junto deles no
pórtico chamado de Salomão.
Atos 3:12 À vista disto, Pedro se dirigiu ao povo,
dizendo: Israelitas, por que vos maravilhais disto
ou por que fitais os olhos em nós como se pelo
nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos
feito andar?”
Isto sempre existiu, mas o que está ocorrendo
agora é estarrecedor!
Os céus se recolhem em indignação pela
ignomínia contra o santo e elevado nome de
Jesus Cristo. Os anjos desviam a sua face para
não verem a grande desonra que é feita ao Deus
Altíssimo.
Pessoas que se levantam em nome de Cristo
para proclamarem a si mesmas e não as virtudes
daquele que as chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz.
21
Desfilam diante dos incautos a exibição dos seus
supostos e próprios poder e piedade, e se
gloriam ante a admiração e louvores que
recebem sem terem pregado o genuíno
evangelho, diferentemente do apóstolo Pedro,
que o havia aprendido diretamente de Cristo e
pela genuína instrução do Espírito Santo.
Furtam de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo
a glória que é devida exclusivamente a eles.
Gostam de desfilar como estrelas da mídia,
anunciando a si mesmos, e usando o nome de
Jesus por pretexto.
Esquecidos da pedra de onde foram cortados,
porque antes nem sequer eram povo de Deus,
mas foram alcançados pela exclusiva e muita
misericórdia de Deus para com eles, em razão
dos seus muitos pecados e a condição de
pecadores que ainda carregamos conosco até
que sejamos livrados completamente disto pelo
nosso encontro com o Senhor no céu.
Falta-lhes a humildade que havia em Pedro, e o
seu reconhecimento que deveria rejeitar com
toda a ênfase o louvor que as pessoas queriam
devotar a ele e a João, por conta de terem sido os
instrumentos de Jesus para que o coxo de
nascença fosse curado à porta do templo.
Horrorizai-vos ó céus, porque os dias
trabalhosos são chegados a nós na sua maior
intensidade!
22
A Boa Vontade Perfeita de Deus
Somos incentivados a sermos sinceros
suplicantes decididos a receber as graças do
Espírito de Deus, porque temos a certeza de que
ele está disposto a concedê-las.
Nosso Salvador nos encoraja a fazê-lo, quando
usou a ilustração de um pai, que não pode ir
contra a natureza e se livrar de suas afeições
para negar atender às necessidades de seu filho,
e não lhe dará para a sua subsistência uma pedra
em lugar de pão, ou uma serpente no lugar de
peixe.
Assim, se o homem que possui uma natureza
terrena má, decaída no pecado, se apressa a
atender de boa vontade às necessidades de seu
filho, quanto mais Deus, que é o Pai
perfeitamente amoroso, que possui uma
natureza santa e bondosa, jamais deixará de dar
o Espírito Santo e as graças do Espírito, àqueles
que o desejarem como uma necessidade
essencial a ser atendida em suas vidas.
Ainda que por vezes, Deus coloque a nossa busca
do Espírito Santo, à prova, parecendo não estar
disposto a não concedê-lo a nós, devemos agir
como a mulher da parábola do Juiz Iníquo, que
insistente e importunamente continuou lhe
clamando que julgasse a sua causa com justiça.
E a conclusão que nosso Senhor apresenta para
esta parábola é a de que, se um juiz ímpio, que
não age de bom grado, não deixou de atender
àquela mulher pelo motivo de não continuar
23
sendo importunado, diferentemente dele, Deus
que tem prazer e boa vontade em nos atender,
quando recorremos ao seu Trono de Graça, à
busca da justiça eterna para as nossas vidas,
justiça pela qual podemos ser transformados à
imagem e semelhança de Jesus, jamais deixará
de conceder isto àqueles que o buscarem com
um coração realmente desejoso de obtê-lo, o
que poderão demonstrar pela insistência em
pedi-lo até que o tenham recebido.
Não devemos portanto, conceber ou atribuir a
Deus qualquer inclinação para ser indiferente a
nós, ou então para agir de má vontade para
conosco. A Sua inclinação é sempre para fazer o
bem, assim como uma mãe se aplica com
cuidado e carinho para alimentar os seus filhos,
e para satisfazer todas as suas necessidades,
para que sejam saudáveis em tudo.
O Senhor colocou esta inclinação nos pais para
que possamos entender por quais sentimentos
ele é dirigido na sua relação com os seus filhos.
E assim como os pais terrenos negam a seus
filhos aquilo que possa ser prejudicial à sua
saúde ou desenvolvimento pessoal, de igual
modo nosso Pai celestial agirá em relação a nós,
nos negando aquelas coisas que possam
enfraquecer ou prejudicar o desenvolvimento
do homem interior, que recebemos no novo
nascimento (regeneração) do Espírito Santo.
Portanto tudo o que lhe pedirmos com as
pirraças do velho homem, não pode estar
contemplado na promessa, e seremos por Ele
24
disciplinados, assim como os pais terrenos
fazem com seus filhos pirracentos.
Busquemos as coisas do Espírito Santo, o reino
de Deus e a sua justiça, e todas as nossas demais
necessidades serão atendidas por Deus, na
forma de acréscimo àquelas coisas espirituais
que devemos buscar em primeiro lugar.
25
Se Não Perder Não Ganhará
“João 12:24 Em verdade, em verdade vos digo: se
o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica
ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.
João 12:25 Quem ama a sua vida perde-a; mas
aquele que odeia a sua vida neste mundo
preservá-la-á para a vida eterna.”
Se formos interpretar de modo literal a verdade
proferida nas palavras de nosso Senhor Jesus
Cristo - de que quem ama a vida a perde, e de que
quem a odeia a preserva para a vida eterna –
poderemos pensar que está sendo afirmado
algum tipo de absurdo, e na verdade o seria caso
o sentido destas palavras fosse interpretado
segundo a razão natural e comum do mundo;
todavia elas expressam de forma resumida o
grande segredo de se alcançar a vida eterna não
somente para este mundo quanto para o
vindouro.
Porque
importa
que
sejam
interpretadas em seu significado espiritual,
com a ajuda da iluminação do Espírito Santo,
que é o único que pode nos tornar capazes de
discernir espiritualmente as realidades que são
espirituais.
Primeiro, Jesus aplicou este ensino do céu ao
seu próprio caso, pois não viveu para fazer a sua
própria vontade, senão a de Deus Pai que o
enviou para morrer no nosso lugar.
Ele se esvaziou completamente e tomou a forma
humana e de servo, não sendo dirigido pelo seu
26
próprio ego, mas pelo Espírito Santo que o
guiava em tudo.
Jesus não é somente a vida eterna, a sua fonte,
como também o caminho e a verdade que nos
conduzem também à vida eterna, pelo mesmo
caminho que ele seguiu.
O morrer para o eu, para se viver pela vontade e
poder de Deus é o grande segredo disto, que
Jesus veio revelar em si mesmo. Por isso ele
venceu a morte, e não pôde a sua vida ser retida
pelo sepulcro, e se encontra agora assentado em
glória à destra do Pai no céu, intercedendo
continuamente por nós, para que alcancemos a
vida eterna e que a vivamos do modo digno pelo
qual importa ser vivida.
Agora, em relação a nós, quão indispostos
somos a fazer morrer o modo de viver pelo
nosso ego, quão apegados somos à nossa
vontade e ao mundo, e então necessitamos diferentemente do Senhor Jesus que não tinha
qualquer pecado – de mortificar a nossa
natureza terrena pecaminosa, para que tendo a
nossa mente renovada, possamos conhecer de
modo experimental a boa, perfeita e agradável
vontade de Deus, pela qual somos santificados.
Perdas de entes queridos e coisas que amamos
nos causam grande sofrimento, e por isso
tememos abandonar esta coisa que é a primeira
em ordem a amarmos mais do que tudo, a saber,
o nosso modo de viver neste mundo, ao qual
nosso Senhor se refere como algo que devemos
aprender a odiar, porque está cheio de hábitos e
27
desejos que são contrários à justiça e santidade
de Deus.
Então, se não odiarmos esta vida pecaminosa
mundana, a nossa condição espiritual
permanece sendo de morte, que por fim virá a
ser morte eterna, e não vida eterna, conforme é
prometido àqueles que a odiarem, por amarem
o modo de vida celestial, espiritual e divino.
Em muitos outros textos da Bíblia vemos esta
verdade de João 12.24,25, sendo reafirmada, e
para nossa apreciação, estamos destacando
alguns deles a seguir:
Mateus 16:25 Porquanto, quem quiser salvar a
sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por
minha causa achá-la-á.
Mateus 10:39 Quem acha a sua vida perdê-la-á;
quem, todavia, perde a vida por minha causa
achá-la-á.
Lucas 14:26 Se alguém vem a mim e não
aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e
irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não
pode ser meu discípulo.
Lucas 17:33 Quem quiser preservar a sua vida
perdê-la-á; e quem a perder de fato a salvará.
28
Para a Glória de Deus em Cristo Jesus
“Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos
de Deus; se alguém serve, faça-o na força que
Deus supre, para que, em todas as coisas, seja
Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a
quem pertence a glória e o domínio pelos
séculos dos séculos. Amém!” (I Pe 4.11)
Para ser glorificado, Deus determinou em seu
conselho eterno que na dispensação do
evangelho somente lhe será aceitável aquilo
que fizermos por meio de Jesus Cristo, porque
tem designado ao seu Filho Unigênito a glória e
o domínio eterno.
Adorar a Deus em espírito e em verdade,
conforme nosso Senhor ensinou que importa
fazê-lo, somente poderá ser uma adoração
verdadeira quando estiver baseada na própria
pessoa e poder de Jesus Cristo, e em tudo o que
ele nos ensinou quanto ao que devemos ser e
fazer, em todo o procedimento santo, segundo a
verdade que ele definiu como sendo a Palavra de
Deus em Jo 17.17.
A adoração verdadeira não consiste portanto
somente em louvor ou em palavras que
afirmemos relativas à mesma, mas aquilo que
tem sido implantado por Cristo em nossas vidas
e obras.
1Co 10.31: Portanto, quer comais, quer bebais ou
façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a
glória de Deus.
29
Se não for Deus quem ocupe o lugar mais
elevado em nossos pensamentos, que glória ele
poderá receber da nossa parte?
Não pode haver verdadeiro culto de adoração a
Deus quando ele ultrapassa os limites daquilo
que foi instituído e revelado pelo próprio Deus
em sua Palavra para tal propósito.
Não foi sem motivo que a Moisés foi ordenado
que tudo fizesse segundo o modelo do
tabernáculo que Deus lhe havia mostrado no
Monte Sinai.
Êxo 25:9 Segundo tudo o que eu te mostrar para
modelo do tabernáculo e para modelo de todos
os seus móveis, assim mesmo o fareis.
Êxo 25:40 Vê, pois, que tudo faças segundo o
modelo que te foi mostrado no monte.
Heb 8:5 os quais ministram em figura e sombra
das coisas celestes, assim como foi Moisés
divinamente instruído, quando estava para
construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que
faças todas as coisas de acordo com o modelo
que te foi mostrado no monte.
Por tudo isso entendemos que na igreja tudo
deve estar de acordo com o padrão prescrito na
Palavra de Deus, para que possamos render-lhe
um culto e serviço de adoração que lhe sejam
aceitáveis e agradáveis.
Neste padrão prescrito na Palavra temos a
ordenança de tudo fazer com fervor, por amor
30
ao Senhor, com toda a nossa força, alma e
coração. Adoramos a Deus nos esforçando para
conhecer o melhor modo de desempenharmos
a função designada a nós por ele para servirmos
ao corpo de Cristo, com todo empenho e
diligência.
Onde todas estas coisas referidas estiverem
faltando poder-se-á afirmar que há ali um
verdadeiro culto de adoração a Deus?
Devemos refletir muito sobre tudo isto para que
não nos enganemos a nós mesmos ou para que
não permitamos ser enganados por outros
quanto ao significado da verdadeira adoração e
glorificação do nome de Deus.
O culto a Deus não é um show, uma
representação teatral, mas vidas santificadas
que se apresentam como sacrifícios vivos no
altar do tabernáculo celestial, e uma das
melhores formas de se evidenciar se temos de
fato feito isto, é por suportarmos com paciência,
pelo poder da graça de Cristo, todas as
tribulações pelas quais passemos neste mundo,
por motivo de fidelidade a Deus e ao evangelho.
Afinal, isto pode ser feito somente quando
estamos debaixo do poder de Jesus Cristo por
estarmos em comunhão com ele, e é nisto que o
Pai é glorificado, porque houve o louvor da
glória da sua graça que nos foi dada em Cristo, a
qual nos assistiu em todas as nossas provações,
fortalecendo-nos e dando paz e alegria aos
nossos corações.
31
O Culto Racional a Deus
Não podemos servir a Deus corretamente e de
modo aceitável, a menos que nós o adoremos
regularmente, e como podemos fazer isso, se
formos ignorantes dos fundamentos da fé que
são radicados na Sua Palavra? Estaremos longe
de oferecer um "culto racional" a Deus, Rom 12.1,
se não entendermos os fundamentos da fé
cristã. Como o culto pode ser racional quando
falta isto? Os fundamentos da nossa fé
enriquecem a mente: é uma lâmpada para os
nossos pés, que nos dirige em todo o curso do
Cristianismo, como o olho dirige o corpo. O
conhecimento dos fundamentos é a chave de
ouro que abre os principais mistérios da fé. Daí
ser tão enfatizada a necessidade de revelação
para o conhecimento da vontade de Deus, como
o apóstolo o expressa na sequência de Rom 12.1,
pela apresentação de nossos corpos como
sacrifícios vivos a Deus, pela renovação da nossa
mente pela Palavra pelo seu Espírito, de modo
que não conformados ao mundo, ou seja,
estando santificados, possamos conhecer qual
seja a Sua boa, perfeita e agradável vontade em
relação a tudo o que revelou nas Escrituras, para
que possamos cultuá-lo da forma correta e
aceitável, que o apóstolo chama de “culto
racional”, ou seja, não baseado em sentimentos,
emoções,
imaginações,
e
pensamentos
oriundos do próprio homem, e não na verdade,
como ela se encontra em Cristo Jesus, e revelada
32
na sua Palavra. Muito deste culto racional se
refere à nossa transformação à imagem de
Cristo, pela mortificação do pecado e
revestimento
das
virtudes
do
Senhor
(humildade, mansidão, ternura, bondade, amor,
alegria, longanimidade, justiça, misericórdia
etc). Há muito fogo estranho sendo oferecido no
templo do Espírito que é o nosso próprio corpo.
Quanto o Espírito é agravado e entristecido com
isto, e somente não somos consumidos como
foram os dois filhos de Arão no passado, porque
estamos numa dispensação onde Deus tem sido
completamente longânimo para com as nossas
negligências
e
ignorância.
Mas
permaneceremos no erro, tendo uma vez sido
iluminados em nosso entendimento que há um
modo correto de se viver para Deus e cultuá-lo?
Nosso Senhor afirmou a necessidade de
estarmos firmemente fundados com nossa casa
espiritual sobre a rocha do conhecimento e
prática da Palavra. Para isto é necessário cavar
profundamente nas Escrituras para chegarmos
ao fundamento (Cristo) para que sejamos
edificados pelo Espírito mediante a Palavra
exata do evangelho. Pelo que e como interceder
se não sabemos o que é e o que não é aprovado
por Deus? Como disciplinar e exortar se não
tivermos a régua do conhecimento celestial e
divino, pela qual as ações devem ser medidas
com amor, misericórdia e longanimidade? Se a
semente da graça da nova criatura que foi
implantada em nós não estiver devidamente
33
arraigada na Palavra, a planta da nova vida não
crescerá e dará frutos, por falta de raízes fortes
e firmes. Quando não se possui a plenitude da
Palavra, que é a única coisa que pode satisfazer à
alma, esta buscará o seu contentamento em
novidades vãs, e formas de culto sensual, que
jamais poderão mantê-la naquela paz e vida que
Cristo veio nos dar. Se não houvesse a
necessidade do devido aprendizado da Palavra,
por que então Deus levantaria, pastores e
mestres, entre outros ministérios, com o
propósito de fazê-lo?
34
Ninguém se Sinta Excluído
Deus demanda de nós a santidade, mas ao
mesmo tempo fez a promessa de ser
misericordioso para com todos os nossos
pecados e iniquidades, e que não se lembrará
deles e não os colocará em nossa conta para
condenação, desde que nos voltemos para Ele
por meio da fé em Jesus Cristo.
Desta forma, quando falamos sobre vida
santificada, sobre a necessidade do crescimento
espiritual em santificação, ninguém, por maior
pecador que seja, deve se sentir excluído da
possibilidade de ter todos os seus pecados
perdoados e ser reconciliado com Deus para
sempre, porque isto é obtido pelo simples
arrependimento e fé em Jesus Cristo.
Porque foi para este propósito mesmo que ele
veio a este mundo, para morrer em nosso lugar,
de modo a satisfazer a exigência da justiça
perfeita de Deus, de que não pode haver
qualquer culpa naqueles que viverão em
comunhão com ele para sempre.
Tendo Jesus removido a nossa culpa na sua
morte na cruz, pela fé nele, somos considerados
inculpáveis por Deus, que nos dá o selo desta
promessa fazendo habitar em nós Espírito Santo
para operar a nossa transformação e
santificação.
35
A Melhor Escolha
“Lucas 10:38 Indo eles de caminho, entrou Jesus
num povoado. E certa mulher, chamada Marta,
hospedou-o na sua casa.
Lucas 10:39 Tinha ela uma irmã, chamada
Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do
Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.
Lucas 10:40 Marta agitava-se de um lado para
outro, ocupada em muitos serviços. Então, se
aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te
importas de que minha irmã tenha deixado que
eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que
venha ajudar-me.”
Essa história é completa em si mesma. Cristo
tinha feito o bem por todos os lugares que
passava, sendo isto todo o seu objetivo e ofício. E
agora a providência e o santo amor divino o
direcionaram a estas duas mulheres, que lhe
haviam recebido antes em seus corações, e
agora em sua casa; e ele lhes preparou um
banquete mais gracioso do que elas poderiam
lhe dar.
Maria sentou-se aos pés de Jesus, sabendo que
como de costume dos seus lábios sempre
gotejava mirra preciosa em suas palavras
graciosas, Cantares 5.13, e, portanto, ela se
esqueceu de todas as demais coisas.
A partir da ida de Cristo a essas mulheres
observe que onde Deus tem começado um
trabalho da graça, ele não irá interrompê-lo,
36
mas o aperfeiçoará até o dia do Senhor; e enviará
os seus servos, os profetas, para efetuá-lo.
Isto deve nos encorajar a nos esforçarmos para
crescer na comunhão uns com os outros, se
professamos ser guiados pelo mesmo Espírito
pelo qual Cristo foi guiado.
Os lábios do justo são agradáveis, e suas línguas
são prata refinada. Às vezes, o pecado do homem
faz com que a instrução seja inoportuna, e é
lamentável lançar pérolas aos suínos, Mat 7.6.
Assim, para não priorizarmos outros interesses
em relação à instrução que devemos buscar em
Cristo, devemos aprender a escolher esta
melhor parte, assim como Maria fizera no
passado.
Para tanto, devemos lamentar a nossa apatia e
pedir a Deus a influência espiritual, que pode
nos tornar dispostos.
Não devemos impedir que os nossos afazeres
cotidianos nos impeçam de ouvir a Cristo, tal
como Marta fizera naquela ocasião.
Ela estava preocupado em servir, mas não
estava disposta a dar atenção a Cristo, porque
considerou
mais
importante
continuar
preparando a refeição.
"E Jesus, respondendo, disse-lhe: “Marta,
Marta".
Estas e as palavras que se seguiram contêm uma
reprovação a Marta. O Senhor a chamou
gentilmente pelo seu próprio nome. Cristo viu
nela uma mistura do bem com o mal, e portanto,
repetiu o nome dela, antes de lhe dizer: “Andas
37
inquieta e te preocupas com muitas coisas.
Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma
só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta
não lhe será tirada.” (Luc 10.41,42).
É provável que Marta tenha se sobrecarregado
com um peso maior do que ela poderia suportar.
Ninguém lhe havia imposto aquele fardo, e
muito menos Deus o faria, mas ela o tomou por
sua própria escolha.
Então movida pelo orgulho teve a ousadia de
repreender o próprio Senhor por julgá-lo como
indiferente à sua aflição e não ter, segundo ela,
sido sensível o bastante para repreender sua
irmã Maria por estar Lhe ouvindo, para que ela
o deixasse e fosse ajudá-la nos afazeres
domésticos.
Ainda hoje, quantos irmãos em Cristo,
especialmente irmãs, são tentados a se
queixarem de Cristo por não terem tempo de
ouvi-lo por causa de suas muitas tarefas
domésticas e outros tipos de afazeres?
É preciso estar vigilante contra isto, porque
Cristo não nos impede de darmos conta de
nossas ocupações, ao contrário nos ordena isto,
e nos fortalece e capacita para a sua realização,
mas a Sua lei jamais mudará de que Deus e o Seu
reino devem vir em primeiro lugar, em relação
a tudo o mais.
A ansiedade apaga a fé, e sem fé é impossível
agradar a Deus.
Por isso nosso Senhor primeiro repreendeu
Marta para que pudesse depois instruí-la,
38
dizendo-lhe que ela deveria como sua irmã
Maria se esforçar para estar a Seus pés, porque
somente uma coisa é necessária para
agradarmos a Deus, que é esta de estarmos
sempre ao seu dispor, amando-o acima de todas
as demais coisas.
Se fizermos tudo neste mundo e se viermos a
faltar nisto que é vital, somos a mais miserável
de todas as criaturas, porque somente o ser
humano tem uma alma para ganhar ou perder.
O que dará o homem em troca da sua alma?
De que vale ganhar o mundo inteiro e vir por fim
a perder a alma?
Por isso nosso Senhor mostrou a Marta qual era
a sua doença e por amor lhe ministrou o
remédio adequado.
Antes de escrever este texto, ainda ontem eu
meditava sobre o imenso valor que há em se ter
o privilégio de se estar debaixo da instrução de
ministros fiéis que pregam o verdadeiro
evangelho de Jesus e que mantêm permanente
comunhão com Deus. Eles são os portadores da
riqueza de inestimável valor que é a Palavra pela
qual somos gerados novas criaturas.
Eles nos dão acesso de graça e pela graça à maior
graça que pode e deve ser alcançada para se ter
vida eterna.
É portanto uma bem-aventurança poder
frequentar as reuniões de oração e adoração
onde Cristo é realmente exaltado, porque se
tem ao alcance da mão o maior tesouro de todo
o universo, o único capaz de enriquecer para
39
sempre o nosso espírito, ressuscitando-o de
entre os mortos para provar da vida do próprio
Deus.
E enquanto Maria estava debaixo desta
experiência,
Marta
estava
ainda
sem
experimentá-la ou então se afastando da mesma
por conta de sua visão que era carnal naquela
ocasião.
Lembremos que todas as coisas pertencentes a
este mundo e à vida que temos em nossa relação
com ele, nos serão tiradas um dia, mas todas as
coisas que temos recebido por meio da nossa fé
em Jesus Cristo jamais poderão ser tiradas de
nós, seja até mesmo pela morte, ou por poderes
do inferno, ou por tribulações, angústias ou pelo
que for, conforme nos ensina Paulo em
Romanos 8.
“Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma
só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta
não lhe será tirada.” (Lucas 10.42)
40
Preservando a Ternura de Coração
Para preservar a ternura de coração é
necessário tomar cuidado com o mínimo
pecado contra a consciência, porque o mínimo
pecado deste tipo abre caminho para a dureza de
coração.
Pecados que são cometidos contra a consciência
fazem obscurecer o entendimento, matam a
afeição, e sugam a vida da nova criatura, de
modo que ela não tenha força para resistir à
menor tentação.
E desses que pecam contra a consciência Deus
tira o seu Espírito, e é nisto que consiste o apagar
ou entristecer o Espírito que a Palavra tanto
recomenda que tenhamos o cuidado de não
fazer.
O pecado contra a consciência nos levará de um
grau de dureza de coração para outro maior, e
isto fará então com que sejamos insensíveis,
inflexíveis e não moldáveis, porque ficamos
alijados das operações da graça de Deus.
O coração dantes sensível ao peso do menor
pecado, agora, estando endurecido suportará
em graus sucessivos o peso de pecados
abomináveis sem sentir qualquer tristeza ou
arrependimento por isto.
O coração sensível não suporta o peso de
qualquer pecado, por menor que ele seja.
Assim, deveríamos examinar nossos corações
diariamente por meio deste critério de
verificação, para que nos voltemos para Deus
41
pedindo-lhe humildemente que nos perdoe e
restaure ao primeiro amor.
Pecados contra a consciência a cauterizam de
tal forma que ela fica insensível até mesmo às
ameaças dos juízos de Deus constantes da Sua
Palavra.
1Tm 1:5 Ora, o intuito da presente admoestação
visa ao amor que procede de coração puro, e de
consciência boa, e de fé sem hipocrisia.
1Tm 1:19 mantendo fé e boa consciência,
porquanto alguns, tendo rejeitado a boa
consciência, vieram a naufragar na fé.
1Tm 3:9 conservando o mistério da fé com a
consciência limpa.
1Tm 4:2 pela hipocrisia dos que falam mentiras
e que têm cauterizada a própria consciência,
Heb 10:22 aproximemo-nos, com sincero
coração, em plena certeza de fé, tendo o coração
purificado de má consciência e lavado o corpo
com água pura.
1Pe 3:21 a qual, figurando o batismo, agora
também vos salva, não sendo a remoção da
imundícia da carne, mas a indagação de uma
boa consciência para com Deus, por meio da
ressurreição de Jesus Cristo;
42
O Grande Milagre
O testemunho que dou a seguir, que poderia
chamar de o grande milagre ou a vitória da fé, se
refere às circunstâncias que acompanharam
primeiro, um infarto do miocárdio que tive em
2006, e depois, um câncer de intestino em 2010.
Quando digo vitória da fé, não me refiro à
capacidade de crer que seria curado, mas vitória
da fé que é mediante a nossa comunhão com o
Senhor Jesus Cristo. A fé que professamos nEle
e em Sua Palavra. A fé que nos transformou em
novas criaturas.
Muito bem, o grande milagre não foi a cura
propriamente dita, mas a grande paciência, paz
e alegria sobrenaturais que me foram
concedidas pelo poder da graça, que pude
experimentar com a presença do Senhor
durante todo o longo período de ambas
enfermidades.
Em nenhum dos casos fui impedido de
ministrar e de continuar dando testemunho do
grande amor e bondade do Senhor, porque era
capacitado para isto pela graça de Jesus, e por
vezes me surpreendia, quando nos cultos de
adoração, me achava mais entregue ao louvor e
adoração do Senhor, do que todos os demais
membros da congregação que não padeciam de
qualquer enfermidade. Ainda que não tivesse
qualquer mérito para isto, senão por contar
exclusivamente com a grande misericórdia e
bondade de Deus.
43
Então o testemunho do grande milagre é este:
Apesar de sermos pecadores limitados e
imperfeitos, Deus é fiel em cumprir tudo o que
nos tem prometido em sua palavra, de jamais
nos desamparar ou abandonar, e de jamais nos
deixar órfãos, pois estará conosco todos os dias,
até a consumação dos séculos.
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos
com as coisas que tendes; porque ele tem dito:
De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te
abandonarei.” (Hebreus 13.5)
“Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós
outros.” (João 14.18)
“E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século.” (Mt 28.20)
44
O Sábio e Poderoso Controle de Deus nas Nossas
Aflições
“Acaso, é esmiuçado o cereal? Não; o lavrador
nem sempre o está debulhando,”. (Isa 28:28a)
A debulha da aflição não tem por propósito
causar qualquer dano ao homem interior do
cristão, porque o grão será mantido íntegro na
debulha, e dele nada se perderá, senão somente
a sua casca e palha.
O trabalho do lavrador não é somente o de
debulhar, mas também de preparar a terra,
cultivá-la, plantar a semente e cuidar da
plantação até que chegue o tempo da colheita.
Ora, assim também procede em relação aos
cristãos o Grande Agricultor que é Deus.
As aflições dos homens ímpios torna-lhes mais
orgulhosos, mas aquelas aflições que nos levam
a orar mais e que nos levam para mais perto de
Deus, tornando-nos mais semelhantes a Cristo,
estas são aflições abençoadas.
Por isso Davi disse: “Foi-me bom ter eu passado
pela aflição, para que aprendesse os teus
decretos." (Sl 119.71)
Todas as aflições dos cristãos estão debaixo do
controle de Deus, porque ele não permitirá que
a pressão sobre o grão não exceda a medida
adequada, de modo a não prejudicá-lo. Como
dissemos antes, o seu objetivo é apenas o de
remover o que não serve, a saber, a casaca do
pecado, a palha dos maus hábitos e tudo aquilo
45
que impede o crescimento da graça que foi
plantada por ele nos nossos corações.
“Não vos sobreveio tentação que não fosse
humana; mas Deus é fiel e não permitirá que
sejais tentados além das vossas forças; pelo
contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais
suportar.” (I Cor 10.13)
Temos um amplo testemunho nas vidas de
muitos cristãos que saíram muito melhorados
espiritualmente de suas aflições.
É no nosso aperfeiçoamento espiritual até à
plena semelhança com Cristo que Deus está
interessado, porque foi para este propósito que
ele nos criou.
Quando usamos a fé que professamos para
outros
fins,
estaremos
certamente
mercadejando a Palavra de Deus para objetivos
interesseiros
egoístas
pecaminosos
que
afastarão os nossos ouvintes para muito além
deste alvo proposto pelo Senhor para aqueles
que desejam se aproximar dele.
Assim, a paciência é recomendada na Bíblia
para todas as aflições que experimentarmos
porque é para este propósito que as provações
nos são enviadas por Deus.
“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria
o passardes por várias provações, sabendo que a
provação da vossa fé, uma vez confirmada,
produz perseverança. Ora, a perseverança deve
ter ação completa, para que sejais perfeitos e
íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1.3,4)
46
Se não nos armarmos do pensamento que
devemos ser pacientes na tribulação e depositar
toda a nossa confiança no Senhor, para sermos
fortalecidos pela sua graça, certamente
interromperemos a ação da nossa perseverança
que deve ser completa, para que sejamos
aprovados em nossas tribulações.
Devemos também nos encorajar com o
pensamento verdadeiro de que estas aflições
são designadas para durarem uma temporada,
caso necessário, com vistas ao refinamento da
nossa fé, I Pedro 1.6. Assim, devemos nos
consolar com a certeza de que Deus proverá o
escape, como ele tem sido fiel em fazê-lo com
todos os seus servos ao longo de toda a história
da Igreja.
47
O Trabalho do Grande Agricultor
Até mesmo os eleitos de Deus são tolos,
mundanos, avarentos, cheios de inveja,
concupiscências,
paixões,
fraquezas,
ignorância, e assim por diante.
O arado de Deus trilhando seus corações lhes
ajuda a terem uma terra melhor e mais fértil
para as sementes da graça, e lhes dá força ao
germinarem para fixarem bem suas raízes de
forma a não serem prejudicadas pelas ervas
daninhas, senão de outra forma, seriam
destruídas.
Assim, não devemos invejar aqueles que são
poupados de aflições, e admirarmos o tipo de
alegria carnal que eles possuem, porque diante
de Deus são um campo estéril.
O propósito de Deus nas aflições é o de remover
o orgulho carnal dos nossos corações e
vontades.
Mas muitos dos filhos de Deus ainda clamam
em seu sofrimento: “Oh quando haverá um final
disto?”
Neste caso, eu digo, veja até que ponto você tem
se aplicado em observar à Palavra, veja em qual
medida ela está enxertada no seu coração.
Quando podemos ouvir a palavra com alegria, e
os nossos esforços se aplicam desta forma,
então estamos perto do fim da nossa aflição;
quando o solo do coração estiver pronto para o
crescimento da graça que foi plantada em nós
pelo Espírito, então é chegada a hora.
48
E o fim da aflição não significará em muitos
casos, necessariamente a solução do problema
que nos afligia, mas a remoção do nosso
abatimento, tristeza, quando o coração já não
mais estará turbado com o problema, em razão
do poder que nos é concedido por Deus para
suportá-lo com alegria, paz e paciência.
Temos visto isto em muitos casos de graves
enfermidades experimentadas por servos do
Senhor.
Nisto conhecemos as aflições que nos vêm do
amor de Deus, quando nos fazem ter amor à Sua
Palavra, e nos apegarmos a ela.
A Palavra de Deus é a semente da vida eterna
que foi plantada em nós na nossa conversão, e
que é poderosa para nos salvar.
Jesus afirma expressamente na Parábola do
Semeador que o solo é o nosso coração e que a
semente é a Palavra.
Assim, é nosso dever permitirmos o trabalho do
grande Agricultor nas aflições que sofremos,
para que esta semente germine, cresça e
frutifique em abundância o fruto do Espírito que
consiste em todas as virtudes conforme elas se
encontram na pessoa de Cristo.
49
As Imperfeições da Igreja aqui neste Mundo
“Eu estou morena e formosa, ó filhas de
Jerusalém, como as tendas de Quedar, como as
cortinas de Salomão. Não olheis para o eu estar
morena, porque o sol me queimou. Os filhos de
minha mãe se indignaram contra mim e me
puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém,
que me pertence, não a guardei.” (Cantares
1.5,6)
O melhor dos santos de Deus, por mais alvo que
esteja aqui embaixo, encontra-se num estado
imperfeito; mas,
apesar do estado de imperfeição dos cristãos,
eles não devem ficar desanimados.
Há uma glória e excelência nos santos de Deus,
no meio de todas as suas imperfeições e
decaimentos.
Nos primeiros versículos do 5º capítulo de
Cantares, a igreja tendo mostrado seu fervoroso
amor e afeição por Cristo e anseio por uma
comunhão mais próxima com ele, tendo
também confessado e professado sua própria
fraqueza e incapacidade de chegar até ele, por
cuja causa ela diz, "Leva-me após ti, apressemonos.", ela apresenta uma queixa contra aqueles
que tentam desacreditá-la, aos quais chama de
“filhas de Jerusalém”.
Estas filhas às quais a igreja se dirige são como
quem não possui a graça santificante ainda
50
nelas, ou que ao menos esta seja muito
pequena).
Ela (a igreja) se rendeu ao que foi dito: "Eu sou
morena por que o sol me queimou”, isto é,
minha condição aqui é imperfeita, sujeita ao
pecado, à aflição; não bela, portanto, aos olhos e
julgamentos carnais.
Ela, nega o argumento, de ser portanto,
desprezada pelos homens e rejeitada por Cristo
como alguém que não tinha nada nele, ou
melhor, os que se encontram extremamente
queimados pelo sol podem ser belos e atraentes,
e por isso ela diz no início do versículo que se via
assim, interiormente rica e encantadora, como
as tendas de Quedar e as cortinas de Salomão, e
sabendo que podia estar sendo julgada de forma
incorreta, se apressou em dizer: “não olheis
para o eu estar morena”, ou seja, não me
julguem de modo precipitado pelo que veem em
mim.
Temos então aqui a confissão da igreja que
apesar de sua riqueza interior pela habitação
que possui do Espírito de Deus, todavia ainda há
imperfeições no homem exterior, no velho
homem, em contraposição à perfeição da nova
criatura em Cristo Jesus.
Paulo revela em 1 Coríntios 13.9 esta condição de
não existir uma perfeição completa da igreja
enquanto neste mundo. Pois a promessa da sua
plena perfeição será cumprida somente na volta
daquele que é perfeito, a saber, Jesus, o Cabeça
da igreja.
51
O apóstolo João também o confirma em I João
1.8, onde é dito que "se dissermos que não temos
pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos,
e a verdade não está em nós.”
Então, até que chegue o dia da sua ressurreição,
a igreja está com a pele ressecada pelo sol
ardente do pecado e das aflições, e apresenta
diversas imperfeições no seu exterior que leva
muitos a criticá-la, até mesmo alguns que dela
participam por desconhecerem a sua própria
imperfeição e a verdade de que esta nos
acompanhará todos até o dia da nossa morte.
Os santos estão sujeitos a dores, vergonhas, seus
corpos são vis, corruptíveis; em suas almas há
muitos conflitos, corrupções em sua velha
natureza, tentações, temores, tristezas; há
falhas
nos
seus
serviços,
no
seu
arrependimento, fé, oração, etc.
A igreja sabe então que é imperfeita, mas sabe
também que Cristo a ama embora seja aqui
imperfeita, porque há de completar a obra da
qual tem se encarregado de apresentá-la a si
mesmo no dia das bodas do Cordeiro no céu,
sem mancha, ruga ou coisa semelhante.
Então devemos olhar nossos pecados e falhas
com tristeza, mas não devemos ser
desencorajados por isto, deixando de prosseguir
na busca da perfeição que nos está prometida e
proposta por Deus.
Temos um grande e poderoso libertador que
ama seus filhos em meio a todas as suas
deformidades.
52
Na continuidade do versículo 6 a igreja diz: “Os
filhos de minha mãe se indignaram contra mim
e me puseram por guarda de vinhas”; eles a
injuriaram, e procuraram levá-la a cuidar dos
interesses deles, de suas vinhas, de modo que
ela diz que não pôde cuidar da sua própria vinha,
ou seja, aquela que lhe fora designada pelo
Senhor Jesus: “a vinha, porém, que me
pertence, não a guardei.” Estes seus irmãos,
filhos de sua mãe, têm o nome de irmãos,
porque se passam por tais, mas são falsos,
hipócritas, mestres orgulhosos do erro que se
apoderam do rebanho de Cristo para desviar o
coração de suas ovelhas da comunhão com Ele.
Mas eles não logram êxito por muito tempo em
seu intento, porque não é possível enganar os
escolhidos do Senhor. Eles o conhecem e são
por ele conhecidos, e ouvem a sua voz e o
seguem, e não aos estranhos.
Então, a igreja se expressa no versículo 7
afirmando o seu amor e cuidado pelos
interesses do seu Senhor: “Dize-me, ó amado de
minha alma: onde apascentas o teu rebanho,
onde o fazes repousar pelo meio-dia, para que
não ande eu vagando junto ao rebanho dos teus
companheiros.”
53
O Mal e o Perigo de Ofensas
"Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque
é inevitável que venham escândalos, mas ai do
homem pelo qual vem o escândalo!" (Mt 18.7)
É muito evidente que nosso Senhor Jesus Cristo
põe um peso muito grande sobre esta matéria
relativa a ofensas, ele as representa como uma
espada de dois gumes:
1) "Ai do mundo por causa dos escândalos!” – O
mundo que se escandaliza sem motivo, com
Cristo e com o evangelho, e com o bom
testemunho dos seus servos, e que por esta
rejeição permanece debaixo de condenação.
2) “Ai daquele por quem vem o escândalo!" –
Aqueles que provocam escândalos, por
carregarem o nome de Cristo, e que por não
terem um procedimento condizente com a fé
que professam ter, servem de motivo de tropeço
para muitos que não vêm a Cristo ou que dele se
afastam, por pensarem que ele tenha algo a ver
com o comportamento desses insubordinados.
John Owen assim se expressou quanto a isto:
“Assim, nosso Senhor apresenta essas duas
coisas juntamente.
É necessário que haja ofensas; Deus as
designou, e deve ser assim.
Devemos portanto considerar para nós mesmos
o tempo em que podemos estar certos que os
escândalos serão abundantes, para que sejamos
cautelosos quanto a isto.
54
Primeiro, é um tempo de perseguição. As
ofensas serão abundantes em tempos de
perseguição.
Em segundo lugar, um tempo de grandes
pecados é um momento de grandes escândalos,
tanto contra um testemunho exemplar do
evangelho, quanto em relação ao oposto disto.
Isto, o Espírito Santo diz expressamente, que
"nos últimos dias haverá tempos difíceis." Todos
os perigos surgem de ofensas. E por quê? As
concupiscências dos homens serão abundantes.
Quando há uma abundância de concupiscências
(cobiças), haverá uma abundância de delitos,
que fazem com que os tempos sejam perigosos.
Em terceiro lugar, quando há uma decadência
das igrejas, quando crescem frias, é a hora dos
escândalos abundarem: "por se multiplicar a
iniquidade, o amor de muitos esfriará." Este é
um tempo em que as ofensas abundarão; como
todas as igrejas de Cristo parecem estar neste
dia. Todas as virgens, sábias e tolas, estão
dormindo. É o que eu lhes disse muitas vezes, e
eu gostaria de poder dizer que eu lhes disse com
choro, que estamos sob um decaimento
lamentável, - caindo de nossa primeira fé, amor
e obras.
Agora, se todos estes tempos devem vir sobre
nós - um tempo de perseguição, como ocorre
agora em todo o mundo, diz o apóstolo:
"Amados, não estranheis a ardente prova...
certos de que sofrimentos iguais aos vossos
estão-se cumprindo na vossa irmandade
55
espalhada pelo mundo”, um tempo de
abundância de grandes pecados nos homens; e
um tempo de grandes decaimentos em todas as
igrejas, - se é assim conosco, com certeza é
muito bom para nós atentarmos para a
advertência de nosso Salvador: "Acautelai-vos
dos escândalos".
Deus designou Cristo para ser a maior ofensa no
mundo, Isaías 8.14. Ele foi designado para ser
uma pedra de tropeço e uma rocha de
escândalo, - uma ofensa insuperável. A pobreza
de Cristo no mundo e sua cruz seriam rocha de
escândalo, na qual os judeus e os gentios
tropeçaram e caíram, e se arruinaram por toda
a eternidade.”
Jesus nunca ofendeu a ninguém mas foi tomado
indevidamente por muitos como sendo uma
ofensa, um escândalo.
E assim também seus discípulos têm da parte de
Deus apenas esta única concessão de serem
motivo de escândalo para alguns do mundo, por
causa do bom testemunho que eles dão, na sua
identificação com o Seu Salvador e Senhor.
Agora, devemos ter cuidado quanto a todas as
demais formas de escândalos (ofensas) que são
causadas, especialmente contra as consciências
de irmãos ainda fracos na fé. Mesmo que estas
ofensas sejam causadas por uma má aplicação
da verdade.
“Acolhei ao que é débil na fé, não, porém, para
discutir opiniões.” Rom 14.1.
56
“Tu, porém, por que julgas teu irmão? E tu, por
que
desprezas
o
teu?
Pois
todos
compareceremos perante o tribunal de Deus.
Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor,
diante de mim se dobrará todo joelho, e toda
língua dará louvores a Deus. Assim, pois, cada
um de nós dará contas de si mesmo a Deus. Não
nos julguemos mais uns aos outros; pelo
contrário, tomai o propósito de não pordes
tropeço ou escândalo ao vosso irmão.” (Rom
14.10-13)
O apóstolo falou do tribunal de Deus para o
julgamento de todos os escândalos e ofensas
que tivermos feito, especialmente aqueles que
servem de tropeço a pessoas que ofendemos
com o nosso procedimento e que por conta disto
ficaram impedidas de virem a Cristo ou de se
firmarem na fé, pelo que viram ou receberam de
nós e que não condiz com a nossa condição de
servos de Deus.
“E, por isso, se a comida serve de escândalo a
meu irmão, nunca mais comerei carne, para
que não venha a escandalizá-lo.” (I Cor 8.13)
Se daremos contas do escândalo produzido
quando estamos empenhados em defender o
que nos parece verdadeiro e justo, o que se dirá
então do escândalo produzido por um mau
procedimento, seja ele intencional ou não?
“não dando nós nenhum motivo de escândalo
em coisa alguma, para que o ministério não seja
censurado.” (2 Cor 6.3)
57
“Não vos torneis causa de tropeço nem para
judeus, nem para gentios, nem tampouco para a
igreja de Deus,” (I Cor 10.13)
58
“Andarão dois juntos, se não estiverem de
acordo?" (Amós 3.3)
O alvo de Deus na criação do homem é o de que
este tenha comunhão amorosa com Ele.
Agora, como é possível haver comunhão de
espíritos onde Deus quer uma coisa e o homem
outra, em relação ao mesmo assunto?
O argumento liberalista aponta a importância
de a vontade do homem ser respeitada por Deus,
ainda que vá na contramão da Sua vontade
divina.
Não é necessário muito esforço para
entendermos que é justamente nisto que reside
o pecado.
Não foi isto que Satanás e os anjos caídos fizeram
e que foi a causa da sua queda?
Não foi isto que Adão e Eva fizeram no Éden, e
que trouxe a maldição de Deus a toda a criação?
Pode haver paz na casa quando os seus
habitantes andam em desacordo?
E é importante lembrar que dependemos
inteiramente da graça de Deus para ter
harmonia em nossos lares, porque podemos
ficar à mercê do ataque de demônios que podem
causar
terríveis
ruídos
em
nossas
comunicações e indisposições
em nossos
corações para com aqueles aos quais amamos.
Ai de nós se não fossem repreendidos pelo
poder de Cristo! Se não fosse por isto
poderíamos estar permanentemente com
nossos corações turbados e magoados.
59
Então importa estarmos em paz com Deus e
sujeitos à Sua vontade, Palavra e poder, de modo
que possamos contar não apenas com os Seus
livramentos, mas sobretudo com o deleite da
comunhão com Ele, que se estenderá a todos os
Seus filhos.
Nunca devemos esquecer que temos um estado
latente ruim em nossa alma, decaída no pecado,
o velho homem do qual devemos nos despojar
continuamente pela mortificação do pecado.
E como faremos isto sem o poder da graça de
Cristo? Sem o lavar regenerador e renovador do
Espírito Santo?
Deus não deve estar apenas em nossa casa
espiritual, a saber, no nosso corpo, que é templo
do Espírito, mas deve deter o pleno governo
sobre a mesma.
Este é o único modo de vivermos para a Sua
exclusiva glória, e para o louvor da glória da Sua
graça (Ef 1.6).
Importa caminhar com Deus, especialmente
pela razão exposta pelo apóstolo em Gálatas 5.17:
“Digo, porém: andai no Espírito e jamais
satisfareis à concupiscência da carne. Porque a
carne milita contra o Espírito, e o Espírito,
contra a carne, porque são opostos entre si; para
que não façais o que, porventura, seja do vosso
querer.” (Gál 5.17)
60
Andando Humildemente com Deus
"E andes humildemente com o teu Deus."
(Miqueias 6.8)
Nos dias desta exortação do profeta o povo de
Israel estava tentando apaziguar-se com Deus
meramente pela apresentação de sacrifícios no
templo.
Com isto, pensavam que ele poderia fazer vistas
grossas para os seus pecados.
Eles julgavam que pelo simples fato de serem
descendentes de Abraão, e de ter Deus feito uma
aliança com eles, que isto era suficiente para se
sentirem seguros quanto ao favor de Deus em
relação a eles, que lhes garantiria um viver em
vitória neste mundo.
O mesmo sucede com a Igreja de Cristo, quando
os cristãos se sentem seguros pelo fato de terem
sido justificados e regenerados quando se
converteram, e não se ocupam mais com o
assunto da santificação de suas vidas, por uma
sincera prática da Palavra de Deus.
Faríamos bem em deixar sempre soar em
nossos ouvidos a indagação do profeta que foi
dirigida aos israelitas: “O que o Senhor pede de
ti?”, e a conclusão da resposta encontra-se no
título do nosso texto. Esta mesma inquirição foi
dirigida por Moisés a eles em seus dias: “Agora,
pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti?”
(Deut 10.12).
O que o Senhor requer dos cristãos?
61
Devemos responder com sinceridade a esta
pergunta para nós mesmos.
Deus requer a fé, a justiça a misericórdia, o
amor, porque é por cumprir os seus
mandamentos que provamos que o amamos de
fato.
Vãs serão todas as obras que fizermos em seu
nome, caso não sejam acompanhadas por este
esvaziamento do nosso ego, que comprova que
andamos em humildade perante ele, para que
possamos ser guiados à prática da sua Palavra
pela instrução, direção e poder do Espírito
Santo.
62
A Fé Que nos Vem de Deus
A fé não consiste apenas no assentimento da
mente para com a verdade das promessas de
Deus. Sem isto, não há fé. Mas isto por si só não
é a fé da qual a Bíblia fala.
Esta fé de mero assentimento é a fé que Satanás
e os demônios possuem, porque eles sabem e
creem que Deus é fiel em cumprir tudo o que
tem prometido. E isto lhes causa dor porque não
podem deixar de acreditar nisto.
A verdadeira fé além de demandar o
assentimento da mente, também exige o
consentimento da vontade com toda a palavra
revelada de Deus.
O tipo de confiança em Cristo que a fé
verdadeira possui é confiança em qualquer
circunstância, tendo ou não tendo, sendo
honrado ou humilhado, na saúde ou na
enfermidade, nas perseguições sofridas por
causa da prática ao evangelho e obediência à
vontade de Deus.
A fé verdadeira habitando na alma não gera
obediência mecânica a Deus, mas por amor a Ele
e à sua Palavra, no poder do Espírito Santo.
A fé que nos vem como dom de Deus é
purificada e aumentada nas experiências que
63
temos com a fidelidade, amor e poder de Deus
em nós, nas tribulações e tentações que
sofremos.
Esta fé ilumina a nossa mente e espírito para
entendermos a Palavra de Deus.
A fé genuína nos leva a conhecermos a nossa
pecaminosidade e a nossa necessidade da
aceitação de Cristo para ser a nossa justiça, que
é o único meio de sermos livrados da maldição,
da condenação eterna e da ira de Deus.
Por tudo o que foi afirmado até este ponto,
podemos concluir que a fé não pode ser
produzida pela vontade do homem, e por isso é
necessário recebê-la como um dom de Deus,
que não somente dá a fé, como também a
mantém, aumenta e prova para que seja
refinada.
Esta fé que é dom de Deus é a única que nos
habilita a recebermos a Cristo da forma pela
qual convém ser recebido por nós, em todos os
aspectos relacionados à nossa justificação,
regeneração, santificação, comunhão e tudo o
mais que temos por estarmos unidos a Ele pela
fé.
Todavia, ainda que uma pequena fé nos habilite
a receber a justificação e a regeneração,
somente pelo aumento da fé em graus podemos
64
fazer progresso na santificação e no aumento da
nossa comunhão com Deus.
Este aumento da fé em graus se refere ao seu
fortalecimento, e isto não é obtido por meio de
esforço mental para crer na fidelidade de Deus
em suas promessas, especialmente em
circunstâncias difíceis, mas no fechamento com
a vontade Deus, sem recuar ou praticar o que
seja do Seu desagrado em toda e qualquer
circunstância, por ter sido aperfeiçoado no
conhecimento íntimo e pessoal com Jesus
Cristo, experimentando de Sua presença
fortificadora e consoladora em todas as
situações da vida.
Assim, o crescimento na graça, na fé e no
conhecimento de Cristo depende de nossas
experiências com a Palavra de Deus, sendo
aplicada em nossas vidas pelo Espírito Santo, no
decurso de nossa jornada terrena.
Portanto, a firmeza nas tentações será tanto
maior quanto maior for a nossa fé. Uma fé fraca
nos levará a cair até mesmo em pequenas
tentações.
65
Como podemos Preparar Nossos Corações Para
Suportar Reprovações
“Fira-me o justo, será isso uma gentileza;
repreenda-me, será como óleo sobre a minha
cabeça, a qual não há de rejeitá-lo. Continuarei a
orar enquanto os perversos praticam maldade."
(Sl 141.5)
Para que possamos receber reprovações de uma
forma devida, três coisas devem ser
consideradas:
1. A qualificação geral do reprovador,
2. A natureza da reprovação, e,
3. O assunto relativo à mesma.
O salmista deseja que seu reprovador seja uma
pessoa justa : "Que o justo me fira", "repreendame."
Dar e receber repreensões, é um ditame da lei
da natureza, através do qual cada homem é
obrigado a procurar o bem dos outros, e para
promovê-lo de acordo com sua capacidade e
oportunidade.
A primeira coisa a ser considerada é dirigida por
aquele amor que é devido aos outros; e a
segunda, por aquilo que é devido para nós
mesmos: estas são as duas grandes regras, e a
medida para os deveres de todas as sociedades,
seja civil ou espiritual.
É desejável que aquele que reprova seja uma
pessoa justa, porque deve ter um senso do mal a
ser reprovado.
66
E se a repreensão for feita sem sabedoria e
humildade, todos os seus benefícios serão
perdidos.
Por isso nosso Senhor nos diz que devemos
primeiro tirar a trave de nossos olhos antes que
tiremos o argueiro dos olhos do nosso irmão
(Mat 7.3-5).
2. A natureza de uma reprovação deve também
ser considerada. Assim cada repreensão pode
ser:
1. Autoritária, (da parte de quem possui
autoridade)
2. Fraterna
3. Simplesmente amigável e ocasional
Há uma autoridade especial que acompanha as
reprovações ministeriais na Igreja. Está em foco
a reprovação pessoal privada, realizada por
aqueles que detêm autoridade ministerial,
porque é ordenado por Deus que os ministros
exortem,
repreendam,
admoestem,
e
reprovem, conforme a ocasião exigir.
Não cumprir isto significa desprezar a
autoridade de Jesus Cristo que assim o
determina. Ele repreende a todos quantos ama
(Apo 3.19). Assim, toda autoridade para a
reprovação ministerial emana dele.
A repreensão autoritária dos pais é um dos
principais deveres dos pais para com seus filhos.
A negligência deste dever produzirá os Hofnis,
Finéias e Absalões.
67
A repreensão autoritária civil é a exercida por
governantes e chefes. Esta é também ordenada
por Deus para o bem da sociedade civil.
A repreensão fraternal é a que é comum entre
os membros da mesma igreja, em virtude de
suas obrigações para com Cristo e uns com os
outros. (Mat 18.15; Lev 19.17; Rom 15.14; 1 Tes 5.14;
Heb 3.12,13; 12.15,16).
Por último, as repreensões são amigáveis ou
ocasionais, quando administradas por qualquer
pessoa, conforme as razões e oportunidades o
exijam.
Se o assunto da reprovação for verdadeiro,
então deve ser devidamente considerado.
Se for um assunto privado, então deve ser
tratado apenas com o próprio faltoso, conforme
nosso Senhor nos instrui a fazer em Mateus 18.
Em se tratando de pecado público ou que seja
ofensa que dê ocasião a escândalo, não precisa
ser reprovado em particular.
Todos os males da humanidade, seja de pessoas
ou de nações, concebidos ou perpetrados, são
efeitos da nossa prevaricação fatal da lei de
nossa criação.
Caim foi o primeiro transgressor violento e
aberto das regras e limites da sociedade
humana.
Como de um só homem, Deus trouxe todos os
demais à existência, é um dever tanto da lei de
Deus quanto da própria natureza, cuidar e
preservar a continuidade deste mesmo DNA
comum, que nos identifica como seres
68
humanos e não como qualquer outra criatura.
Daí, não furtarás, não adulterarás, não darás
falso testemunho, não matarás etc.
Portanto, se interpõem as reprovações e
repreensões no intuito de prevenir tais
transgressões e violações e para manter o bem
comum e a paz e continuidade da vida em
sociedade
em
qualquer
dimensão
de
relacionamento considerada.
Por exemplo desprezar as repreensões que
sejam necessárias para a manutenção do amor
fraternal é abrir uma porta para o ódio e
antipatia mútuos, que, aos olhos de Deus,
equivalem ao homicídio (Lev 19.17; I João 3.15).
Por isso demonstramos falta de amor e respeito
para com Deus e suas leis quando desprezamos
as repreensões das quais nos tornamos dignos
de receber, e que visam à correção do nosso
procedimento, com vistas à manutenção do
amor fraternal.
Em princípio todos necessitamos destas
repreensões porque o pecado trouxe à alma
humana um estado ruim de inimizade contra
Deus e contra o próximo.
Quantos não foram despertados de suas
apostasias em razão das repreensões que
receberam? Quantos não foram despertados do
sono espiritual no pecado em que se
encontravam? Quantas armadilhas e tentações
não foram evitadas?
Daí Davi afirmar:
69
“Fira-me o justo, será isso uma gentileza;
repreenda-me, será como óleo sobre a minha
cabeça, a qual não há de rejeitá-lo.”
Devemos portanto encarar cada reprovação que
nos é dada como uma forma de dever. Isso vai
remover o senso de ofensa que poderíamos ter
contra o reprovador.
E se estivermos convencidos de que é dever do
outro nos reprovar, não podemos deixar de estar
convencidos de que é nosso dever ouvi-lo e dar
a devida consideração àquilo que devemos
consertar.
A Bíblia está repleta de exemplos quanto
àqueles que se recusaram a dar ouvidos à
repreensão que receberam e que caíram em
ruína diante de Deus.
Assim, devemos cuidar de sermos curados pela
graça de Deus, de nossas disposições mentais,
emocionais, iracundas, exaltadas, orgulhosas,
presunçosas, preconceituosas, que nos levam a
rejeitar reprovações e repreensões.
“O que repreende o escarnecedor traz afronta
sobre si; e o que censura o perverso a si mesmo
se injuria.
Não repreendas o escarnecedor, para que te não
aborreça; repreende o sábio, e ele te amará.”
(Prov 9.7,8).
“O homem que muitas vezes repreendido
endurece a cerviz será quebrantado de repente
sem que haja cura.” (Prov 29.1).
A norma bíblica para a repreensão é que seja
feita com longanimidade (sendo tardio em se
70
irar contra o mal) e com doutrina (segundo os
preceitos da Palavra de Deus), (II Tim 4.2).
A melhor maneira de manter as nossas almas
numa prontidão correta para receber
reprovações, que possam nos ser dadas por
qualquer pessoa, é manter e preservar as nossas
almas e espíritos, num temor constante de
reverência às repreensões de Deus, que estão
registradas na sua Palavra. Foi por causa da
negligência ou desprezo dessas reprovações,
que Deus derramou a sua ira sobre a
humanidade no dilúvio e em várias ocasiões na
história de Israel, no Velho Testamento, como
forma de advertência para nós a quem o fim dos
tempos tem chegado.
71
O Valor da Vida Está no Amor
É do Espírito Santo que o verdadeiro amor
cristão surge, tanto para Deus, quanto em
relação aos homens.
O Espírito de Deus é um Espírito de amor, e
quando entra no nosso espírito, o amor também
entra com Ele.
Deus é amor, e aquele que tem Deus habitando
nele pelo seu Espírito, terá o amor também
habitando nele.
A natureza do Espírito Santo é amor; e é a
própria natureza dEle que comunica aos santos,
de modo que o amor é derramado
abundantemente em seus corações pelo fato do
Espírito Santo estar habitando neles.
Nisto entendemos porque o apóstolo diz nos três
primeiros versos do 13º capítulo de I Coríntios,
que caso não se tenha este amor, nada aproveita
ter dons, talentos, fazer doações e sacrifícios.
E assim, em qualquer ação boa que possa haver
de um homem para com o seu próximo, a razão
ensina que será tudo inaceitável e em vão, se ao
mesmo tempo não houver nenhum respeito
real no coração para com aquele próximo, se a
conduta externa não for motivada pelo amor
interior, iniciado e motivado pelo Espírito Santo.
Por exemplo, nenhum pai ama naturalmente a
seus filhos por motivo de glorificar o nome de
Deus, ou para educá-lo nos seus santos
caminhos. Assim, esse amor natural, apesar de
72
ser importante, não possui nele, a marca, o selo,
do amor espiritual divino.
Daí se ordenar na Palavra de Deus que todos os
nossos atos sejam feitos com amor, ou seja, o
amor deve estar presente em nós, para
acompanhar as nossas obras feitas em Deus,
para que sejam aceitáveis, e para que não sejam
em vão.
Como vemos em Apocalipse 2.2-5 Jesus sempre
requererá o primeiro amor, ainda que nossas
boas obras estejam aumentando cada vez mais.
Toda verdadeira virtude e graça cristãs podem
ser resumidas no amor.
A Bíblia nos ensina que o amor é a soma de tudo
aquilo que está contido na lei de Deus, e de todos
os deveres requeridos na Sua Palavra.
Agora, a menos que o amor fosse de fato a soma
do que a lei exige, a lei não poderia ser cumprida
completamente; porque uma lei somente é
cumprida através da obediência à soma total do
que ela contém e ordena.
Paulo afirma em Rom 13.9 e em Gál 5.14 que
aquele que ama o próximo tem cumprido toda a
lei.
E o mesmo parece ser declarado em Tiago 2.8,
onde chama o amor ao próximo de a lei régia das
Escrituras.
O apóstolo nos ensina em Gál 5.6 que “a fé atua
pelo amor”.
Uma verdadeira fé cristã é a que produz boas
obras, mas as boas obras que produz são por
amor.
73
O verdadeiro amor é um componente da
verdadeira e viva fé.
O amor não é nenhum componente em uma fé
meramente especulativa, mas é a vida e alma de
uma fé prática.
Uma fé verdadeiramente prática ou salvadora,
está portanto cheia de fervor, luz e amor.
Uma fé especulativa somente consiste no
aumento da compreensão; mas numa fé
salvadora há também o consentimento do
coração; e aquela fé que somente é do tipo
anterior, não é nada melhor que a fé dos
demônios, porque têm uma fé que pode existir
sem amor, enquanto creem e tremem, mas tal
tipo de fé de nada lhes aproveita diante de Deus.
É o tipo de fé de conhecimento de coisas que se
referem a Deus, mas que não produz o amor no
coração.
O amor é a vida mesma e o espírito de uma
verdadeira fé, e está especialmente evidente
nesta declaração do apóstolo de que a "fé
trabalha por amor", e o último verso do segundo
capítulo da epístola de Tiago declara que “assim
como o corpo sem o espírito está morto, de igual
modo a fé sem obras também está morta”.
Devemos portanto nos examinar, e ver se temos
colocado como centro de nossa vida cristã o
amor a Deus e ao próximo, porque é neles que se
cumpre toda a vontade de Deus para conosco, e
sem os quais, tudo o que fizermos será vão, já
que o cumprimento de todos os mandamentos
depende destes dois grandes mandamentos.
74
Quem Será o Próximo a Chorar?
Não sabemos quem será o próximo a chorar e a
lamentar por causa de seus pecados.
Mas uma coisa sabemos com plena certeza, a
saber, que todo aquele que chora será consolado
pelo Espírito Santo com a concretização da
promessa de ser perdoado e salvo.
Afinal, Jesus não tem dito: “Bem-aventurados os
que choram, porque serão consolados”?
Deus fez esta promessa de curar, guiar e
consolar a todos os que chorarem entre os
pecadores, por saberem o quanto o pecado
entristece o coração do Senhor.
“Isa 57:18 - Tenho visto os seus caminhos e o
sararei; também o guiarei e lhe tornarei a dar
consolação, a saber, aos que dele choram.”
Se você ler todo o capitulo de Isaías 57, você verá
que esta promessa maravilhosa foi feita a
qualquer tipo de pecador, pois até mesmo
aqueles que estavam oferecendo seus filhos em
sacrifício ao falso deus Moloque, achariam
graça e misericórdia diante de Deus caso
viessem a se arrepender com profunda tristeza
do pecado horrendo que haviam praticado.
Esta promessa se refere portanto ao Evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual
toda e qualquer transgressão tem sido perdoada
aos homens que se arrependem.
Assim, portanto, quem será o próximo a chorar
e a lamentar a sua triste condição pecaminosa,
para que ache o perdão e a salvação em Jesus?
75
O Que é Servir a Deus?
Servir a Deus é servir a Cristo, notadamente no
que se refere às ordenanças do Evangelho.
“João 12:26 - Se alguém me serve, siga-me, e,
onde eu estou, ali estará também o meu servo. E,
se alguém me servir, o Pai o honrará.”
“Col 3:24 - cientes de que recebereis do Senhor
a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é
que estais servindo;”
Muito deste serviço está direcionado a tudo o
que se refere à salvação dos homens (conversão,
santificação, edificação).
Daí a necessidade do preparo dos cristãos para o
seu desempenho no corpo de Cristo, conforme
o caráter da vocação de cada uma deles por
Deus.
“Ef 4:12 - com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para
a edificação do corpo de Cristo,”
A par do seu caráter espiritual este serviço é
materializado especialmente nos assuntos
comuns da vida cotidiana, como a prática da
hospitalidade, da generosidade, do socorro aos
necessitados e de tudo o que demonstre um
verdadeiro amor ao próximo.
76
“Tito 3:14 - Agora, quanto aos nossos, que
aprendam também a distinguir-se nas boas
obras a favor dos necessitados, para não se
tornarem infrutíferos.”
Não basta servir, há também o modo de fazê-lo:
como por exemplo, com humildade e fervor de
espírito:
“Mar 10:43 - Mas entre vós não é assim; pelo
contrário, quem quiser tornar-se grande entre
vós, será esse o que vos sirva;
Mar 10:44 e quem quiser ser o primeiro entre
vós será servo de todos.
Mar 10:45 Pois o próprio Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir e dar a sua
vida em resgate por muitos.”
“Rom 12:11 No zelo, não sejais remissos; sede
fervorosos de espírito, servindo ao Senhor;”
Quanto ao tempo de duração deste serviço:
durante toda a vida, a tempo e fora de tempo. O
serviço de Deus deve ser o primeiro em nossas
vidas e deve permear tudo o que fizermos. É uma
verdadeira lástima que muitos que professam
crer em Cristo não reservem sequer míseros
dez minutos diários para a oração e para a
meditação da Palavra de Deus, e para tudo o
mais que o Senhor requer deles, em prova
inconteste do amor que afirmam ter por Ele.
77
“Gál 6:9 - E não nos cansemos de fazer o bem,
porque a seu tempo ceifaremos, se não
desfalecermos.”
Gál 6:10 Por isso, enquanto tivermos
oportunidade, façamos o bem a todos, mas
principalmente aos da família da fé.”
“QUEM NÃO VIVE PARA SERVIR NÃO SERVE
PARA VIVER”
78
Jesus é o Único Mediador entre Deus e o
Homem (I Timóteo 2.5)
Quão grande prejuízo, possivelmente até
eterno, poderemos estar causando à nossa
própria alma, por entregarmos a questão da
nossa salvação nas mãos de terceiros.
Se formos instruídos por alguém que conheça
de fato a verdade revelada por Deus nas
Escrituras, tudo bem... mas, e se cairmos nas
mãos de alguém que esteja iludido quanto à
verdade que professa conhecer, ou mesmo
utilizando-a de má fé, por não ser de fato alguém
piedoso?
Não vale portanto, a pena, correr o risco, e
devemos examinar as Escrituras, pedindo a
Deus que abra o nosso entendimento para que
possamos conhecer nelas o que é necessário à
nossa salvação.
Não tenhamos medo de fazer este exame porque
a maior parte de tudo o que está escrito na Bíblia
está registrado de forma muito clara, enfática,
direta, especialmente quanto à necessidade do
nosso arrependimento em relação ao pecado, e
da disponibilidade de graça que há em Cristo
para perdoar o pecado e nos purificar de toda
injustiça.
E mesmo quando formos dirigidos por Deus a
seguir a instrução das pessoas que Ele levantar
para ministrar o ensino da verdade, devemos
confrontar o ensino recebido com o que a Bíblia
fala a respeito do está sendo ensinado, porque
79
nem mesmo estas pessoas, sendo fiéis, estão
livres de erro não intencional.
Este estudo direto da Bíblia nunca foi proibido
por Deus a qualquer pessoa, ao contrário, na
própria Bíblia, ele o incentiva de modo direto e
enfático.
Se não entregamos nossos melhores bens aos
cuidados de qualquer pessoa, quanto mais não
deveríamos entregar esta joia de inestimável
valor – a da nossa salvação eterna!
80
Apascentar
“Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e
cuida dos teus rebanhos,” (Pv 27.23)
“Depois de terem comido, perguntou Jesus a
Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me
mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim,
Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse:
Apascenta os meus cordeiros.” (João 21.15)
Uma das principais funções do pastor é a de usar
o seu cajado para afastar o ataque dos lobos
sobre o seu rebanho.
Muitas vezes, estes lobos não vêm de fora, mas
atuam no próprio rebanho, ou individualmente
no próprio interior de cada ovelha, em forma de
endurecimento e rejeição à recepção do
alimento necessário para que esteja saudável, a
saber, a Palavra de Deus, que é o alimento do
espírito.
Sempre há uma resistência natural e
persistente do lobo representado na nossa
natureza decaída no pecado, no fascínio pelo
mundo, nas investidas dos espíritos imundos,
que furtam o nosso alimento.
Desta forma, importa que os pastores não
somente forneçam o alimento das ovelhas
(Palavra), em face desta possibilidade sempre
presente de um furto fácil.
Elas devem ser ensinadas a preservar o seu
alimento com toda a diligência, e nisto coopera
81
tanto a oração dos pastores em seu favor, quanto
a oração das próprias ovelhas, para que sejam
livradas do mal.
Uma boa ação preventiva é a de manter as
ovelhas empenhadas com a obra de Deus,
especialmente
no
cuidado
relativo
à
santificação de suas vidas para tal propósito, não
apenas na participação de atos devocionais,
como também na prática efetiva do amor e das
boas obras.
A inércia e a indolência produzirão
enfermidade e morte espiritual no rebanho.
“Atos 20:28 Atendei por vós e por todo o rebanho
sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual
ele comprou com o seu próprio sangue.
Atos 20:29 Eu sei que, depois da minha partida,
entre vós penetrarão lobos vorazes, que não
pouparão o rebanho.
Atos 20:30 E que, dentre vós mesmos, se
levantarão homens falando coisas pervertidas
para arrastar os discípulos atrás deles.”
“Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de
Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira,
continuamente, por vós nas orações, para que
vos conserveis perfeitos e plenamente
convictos em toda a vontade de Deus.” (Col 4.12)
82
A Importância do Exercício Espiritual Contínuo
“Mat 12:43 Quando o espírito imundo sai do
homem, anda por lugares áridos procurando
repouso, porém não encontra.
Mat 12:44 Por isso, diz: Voltarei para minha casa
donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia,
varrida e ornamentada.
Mat 12:45 Então, vai e leva consigo outros sete
espíritos, piores do que ele, e, entrando,
habitam ali; e o último estado daquele homem
torna-se pior do que o primeiro. Assim também
acontecerá a esta geração perversa.”
Se fosse dado às pessoas de um modo geral,
verem o seu estado espiritual sob a escravidão
de Satanás, que opera em seus corações
segundo o pecado, certamente a condição da
humanidade em sua grande maioria seria de
desespero total, e de grande alarme diante da
constatação do quadro horrendo relativo à
atuação das potestades e principados do mal
sobre suas vidas.
Todavia Deus, em geral, não o permite (a
constatação) para que a vida siga o seu rumo na
Terra.
As palavras de Jesus no texto de Mateus 12.43-45
indicam a condição daqueles que tendo sido
agraciados pela ação do Seu poder na expulsão
de demônios, que se encontravam sob o
domínio de suas vidas, não se entregam em
sequência à prática dos exercícios espirituais
ordenados na Palavra de Deus, e assim o seu
83
estado posterior vem a ser pior do que o
primeiro, antes da libertação momentânea que
experimentaram.
É importante destacar que estas possessões ou
opressões de espíritos imundos nem sempre
são observáveis ao olho natural, e nem mesmo o
daqueles que estão debaixo das mesmas, porque
o diabo se transfigura em anjo de luz, e
aprisiona a alma, assim como o morcego que
anestesia o local da picada para sugar o sangue
de sua vítima, sem que ela o perceba.
Os espíritos imundos aos quais nosso Senhor se
refere podem se transfigurar em anjos de luz,
mas são na verdade espíritos das trevas e de
horrendas trevas, cheios completamente de
toda a maldade, impureza, e de tudo o que é
asqueroso para Deus e para o próprio homem
que não alinha voluntária e conscientemente ao
lado do mal. Todavia mesmo para a alma que
assim se posicione... não importa, não poderá se
livrar da dominação das trevas, enquanto não
permanecer debaixo da dominação de Jesus.
Vemos assim, a completa importância da
dedicação contínua à prática da oração, da
vigilância espiritual, da meditação e prática da
Palavra de Deus, na comunhão dos santos, para
que sejamos livrados do mal.
Esta é uma regra do mundo espiritual que não
pode ser alterada por qualquer poder humano
ou qualquer outro deste mundo. Se não
permanecermos debaixo do poder de Deus,
ficaremos à mercê do poder de Satanás.
84
Espírito de Sabedoria e de Revelação no
Exercício da Fé
Sem o exercício espiritual diário, especialmente
da oração, da vigilância, da meditação na
Palavra, as graças que temos estão prontas para
morrer.
Muito deste exercício deve ser incentivado e
administrado pelos líderes do rebanho de
Cristo, esforçando-se para manterem as ovelhas
debaixo do seu cuidado, não somente bem
alimentadas com a palavra do evangelho
verdadeiro, como também pelo estímulo à
consagração constante à prática do amor e às
boas obras.
Sem isto, não se pode esperar que se tenha um
rebanho
espiritualmente
saudável,
em
crescimento contínuo, rumo à maturidade em
Cristo.
Há na Palavra de Deus pontos difíceis de serem
entendidos, e diríamos até, impossíveis de
serem conhecidos na prática cotidiana, a menos
que recebamos iluminação e revelação do
Espírito Santo para isto.
O apóstolo Tiago, ao discorrer no início da sua
epístola, sobre a necessidade da confirmação da
fé,
especialmente
pela
paciência
nas
tribulações, sabia ao mesmo tempo que muitos
dos cristãos aos quais estava se dirigindo
somente poderiam cumpri-lo caso tivessem a
sabedoria necessária para tanto, que sempre
85
será recebida de Deus, caso a busquemos nele,
sobretudo pela oração.
“Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a
a Deus , que a todos dá liberalmente e não
censura, e lhe será dado” (Tg 1.5)
Foi com o mesmo objetivo em vista que Paulo
havia escrito aos efésios o seguinte:
“Ef 1:16 não cesso de dar graças por vós, fazendo
menção de vós nas minhas orações,
Ef 1:17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de
sabedoria
e
de
revelação
no
pleno
conhecimento dele,
Ef 1:18 iluminados os olhos do vosso coração,
para saberdes qual é a esperança do seu
chamamento, qual a riqueza da glória da sua
herança nos santos
Ef 1:19 e qual a suprema grandeza do seu poder
para com os que cremos, segundo a eficácia da
força do seu poder;”
A graça que recebemos na conversão deve ser
continuamente exercitada para fortalecimento
e crescimento. E todo este exercício deve ser
realizado na presença de Deus.
Se não somos dirigidos pelo Espírito Santo, e se
não é ele quem move o nosso coração, senão
apenas nossa própria vontade, não poderá ser
achado qualquer progresso espiritual efetivo
em nós.
Todavia, se não desejarmos isto, se não o
buscarmos com todo o coração e diligência, não
o teremos.
86
Lembremos sempre que é uma grande lei do
reino de Deus para nós, pedir, buscar e bater à
porta.
87
Nossa Alegria Está em Deus e Não no que Temos
O nosso prazer é no Senhor e não propriamente
nas aflições, nas angústias, nas necessidades,
nas perseguições injustas e tudo o mais a que o
apóstolo Paulo cita em II Coríntios 12.
É a alegria no Senhor, tanto a que temos nele,
quanto a que ele tem por nós, o que nos
fortalece, tanto no corpo, quanto na alma e no
espírito.
Era a isto que Paulo estava se referindo em II Cor
12 e não propriamente ao espinho que tinha na
carne, que a propósito era um mensageiro de
Satanás, enviado para esbofeteá-lo.
E seria sequer sensato imaginar que Paulo
tivesse prazer num mensageiro do diabo?
O que lhe agradava é que apesar de aquela
experiência lhe ser extremamente dolorosa,
chegou a reconhecer que aquele seria o único
modo de ser preservado do orgulho de ter sido
arrebatado ao terceiro céu. E nosso Senhor em
Sua sabedoria, lhe concedeu graça não somente
para suportar a aflição, como também para
conhecer o Seu santo propósito no que estava
permitindo que sucedesse ao apóstolo.
Com isto veio a afirmar que se gloriava na sua
fraqueza, porque era a sua condição de
necessitado e totalmente dependente do poder
de Jesus, que dava ocasião para aquelas
manifestações consoladoras e do poder da graça
na sua vida.
88
Daí dizer: “quando sou fraco então é que sou
forte”.
Uma coisa é resistirmos ao mal pela nossa
própria força e capacidade, e outra muito
diferente, e melhor e infinitamente superior,
fazê-lo pelo poder que Jesus supre.
89
Deus se Agrada do Nosso Sofrimento?
Os males são melhor suportados se os sofremos
quando nos encontramos em comunhão com o
Senhor, ou seja, quando eles nos atingem sem
que tenhamos dado causa aos mesmos, por
algum pecado específico que tenhamos
praticado ou que esteja ligado à nossa natureza,
estando oculto aos nossos olhos espirituais.
Perdemos o conforto nos nossos sofrimentos,
somente quando há culpa neles. E não seria
adequado, neste caso, esperarmos consolações
da parte de Deus enquanto não confessarmos a
nossa culpa e não nos arrependermos com uma
fé não fingida.
Em todo caso, as aflições dos santos não são
juízos de destruição, mas correções ou
disciplina provindas ou permitidas por Deus
para mortificar o pecado, para implantação das
virtudes de Cristo em nós, como o amor, a
paciência, a constância etc.
Os sofrimentos provam a nossa fé e o grau da
nossa confirmação na graça de Jesus.
Nunca devemos esquecer a diferença que há
entre punição e provação. O fruto da punição é
desespero e murmuração; e o da provação é
paciência, experiência e esperança cristã, ou
seja, o fruto que é segundo a capacitação da
graça de Jesus.
Por isto se vê que ausência de aflições na vida
não é necessariamente um sinal de se estar
sendo abençoado por Deus, assim como por
90
outro lado, estar atribulado não é uma evidência
do Seu desagrado.
Como se lê em Isaías 53 foi do agrado de Deus
que Jesus sofresse em nosso lugar na cruz. Isto
não significa que o sofrimento em si mesmo de
seu amado Filho Unigênito, que ele receberia da
sua própria mão paterna fosse algo que lhe
tivesse dado prazer e alegria, mas que, por
aquele meio a Sua justiça seria satisfeita, sua
santidade vindicada e o Seu eterno propósito de
ter muitos filhos semelhantes a Cristo poderia
enfim, ser cumprido. Foi isto que foi do seu
agrado.
De igual modo, quando sofremos, Deus se
agrada pelos bons resultados que daí advirão,
especialmente aqueles que se relacionam à sua
vontade, mas ele se compadece de nós e nos
consola, fortifica, fundamenta e confirma, para
a nossa própria alegria e a dele, quando o fruto
precioso da santidade for achado em nós.
91
Não Há Serviço Aceitável Sem Consagração
Marque isto:
“Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar
destes erros, será utensílio para honra,
santificado e útil ao seu possuidor, estando
preparado para toda boa obra.” (2Tim 2.21)
Somos purificados, santificados pelo Senhor,
nem tanto para o nosso próprio aprazimento
pessoal, mas para podermos ser usados por ele,
para nos dedicarmos a fazer a sua vontade e
obra.
Para isto é fundamental que se esteja
confirmado na Palavra do Senhor, por se obter e
manter um coração puro, manso, longânimo,
paciente, amoroso, alegre, sóbrio, com domínio
próprio, benigno, bondoso, e cheio de fé,
segundo o crescimento na graça e no
conhecimento íntimo de nosso Senhor Jesus
Cristo.
Este foi o segredo do sucesso de John Wesley,
Moody, Spurgeon, e tantos outros.
Eles levaram muito a sério esta questão da
santificação de suas vidas, pela Palavra e poder
do Espírito Santo, e se consagraram
inteiramente a Deus.
E isto nunca mudou através dos séculos, e
jamais mudará, porque o Senhor é Santo e
demanda a santidade de todos os seus filhos.
92
Por Que Se Alegrar Por Ter Passado Pela
Provação?
“Meus irmãos , tende por motivo de toda alegria
o passardes por várias provações”. (Tiago 1.2)
Passardes - (do verbo grego peripésete, 2ª
pessoa do plural (vós) do 2º aoristo ativo do
modo subjuntivo de Peripitw, que significa cair
no meio de; ficar cercado de; dar em ou ir ter a
um lugar acidentalmente; encontrar-se em.
Temos então para o texto: “que vós passásseis ou
que vós tivésseis passado”).
Não teríamos então no texto uma exortação à
busca de novas provações, mas ter por motivo
de alegria o ter passado por várias delas que
contribuirão para o amadurecimento espiritual.
Certamente isto não exclui as que ainda poderão
vir, e que certamente virão, mas tornamos a
afirmar que não temos aqui um estímulo para
que se busque provações ou tentações, até
mesmo porque nosso Senhor nos ensina a orar
ao Pai, para que não nos deixe cair nelas, ou seja,
ser conduzidos a elas.
Várias – (do grego poikílois, que significa,
variadas, diversas –
a palavra poikílos é
feminina no grego, e se encontra no caso
locativo plural, conforme indicado pela
desinência “ois” – assim temos “em variadas”.
Provações – do grego peirasmois, que significa
tentações ou provações – a palavra peirasmós é
masculina no grego, e se encontra também no
93
caso locativo plural – assim temos “em
provações” ou “em tentações”)
Como o que está em foco no argumento do
apóstolo é a provação da fé, então temos uma
melhor tradução com a própria palavra
provação, conforme a achamos na versão
atualizada da SBB, porque a par de toda tentação
ser uma provação, nem toda provação da fé é
uma tentação, como, por exemplo, a que Deus
submeteu a Abraão em relação a seu filho
Isaque, quando lhe pediu que o oferecesse em
sacrifício.
Deus a ninguém tenta, conforme o próprio
Tiago vai afirmar mais adiante nesta sua
epístola.
Então as tentações são produzidas por outros
agentes, especialmente o diabo, e também por
nossas próprias cobiças.
O apóstolo diz que estas variadas provações são
para motivo de alegria, não que sejam uma fonte
de alegria em si mesmas, mas no bom resultado
para o qual contribuirão posteriormente, como
por exemplo o refinamento e confirmação da
nossa fé.
Thomas Manton disse com propriedade:
“O cristão vive acima do mundo, porque ele não
julga de acordo com o mundo. O desprezo do
apóstolo Paulo por todos os acidentes deste
mundo é decorrente do seu julgamento
espiritual a respeito deles: Rom 8.18 “Tenho por
certo que as aflições deste mundo presente não
94
podem ser comparadas com a glória a ser
revelada em nós”.
E ainda:
“As aflições para o povo de Deus não somente
são uma ocasião para ministrar a paciência, mas
muita alegria. O mundo não tem razão para
pensar sobre a religião de Cristo de um modo
negro e sombrio: como diz o apóstolo, “A
fraqueza de Cristo é mais forte que a força dos
homens”, 1 Coríntios 1.25, o pior modo da graça
é melhor do que o melhor do mundo; “toda a
alegria, quando em diversas provações”. Um
cristão é uma ave que pode cantar no inverno,
bem como na primavera, ele pode viver no fogo
como na sarça de Moisés, que ardia, e não ser
consumido. O conselho do texto não é um
paradoxo, criado apenas para noção e discurso,
ou alguma fantasia, mas uma observação,
construída em cima de uma experiência
comum e conhecida: este é o modo de os crentes
se alegrarem por suas provações.
Certamente um espírito abatido vive muito
abaixo da altura dos privilégios e princípios
cristãos. Paulo, em sua pior condição sentiu
uma exuberância de alegria: “Estou me
regozijando”; e também, em outro lugar ele foi
mais longe ainda ao dizer: Rom 5.3: “nos
gloriamos nas tribulações” que denota uma
maior alegria. 2 Cor 6.10 é o lema de Paulo
“contristados, mas sempre alegres”, e este pode
ser o lema de todo cristão.”
95
Maravilhosa Experiência
Bendito e exaltado seja para sempre nosso
Senhor Jesus Cristo que veio para nos revelar a
luz do evangelho, tornando-nos participantes
dela, ao ter removido de nossos olhos espirituais
o véu da ignorância que nos teria impedido para
sempre de conhecer e experimentar a sua graça
e verdade, caso este véu não tivesse sido
removido pelo poder do sangue da Sua cruz,
pela operação do Espírito Santo em nossos
corações.
Quão maravilhoso é conhecer, receber e
conceder o perdão que é segundo a sua pessoa,
justiça e vontade, e não segundo os nossos
critérios, emanados de uma justiça própria falha
e imperfeita, que em nada é semelhante à
justiça de Deus.
Quão bom é experimentar e compartilhar a sua
misericórdia e longanimidade para com outros.
Quão maravilhoso, conhecer, viver e sermos
promotores da sua paz, que não é como a paz que
o mundo dá.
E acima de tudo sermos participantes e
divulgadores da sua verdade e do seu amor.
Tudo isto temos pelo seu poder, segundo a
palavra do evangelho.
96
Os Escravos da “Liberdade”
“2Pe 2:7 e livrou o justo Ló, afligido pelo
procedimento
libertino
daqueles
insubordinados
2Pe 2:8 ( porque este justo, pelo que via e ouvia
quando habitava entre eles, atormentava a sua
alma justa, cada dia, por causa das obras iníquas
daqueles ),
2Pe 2:9 é porque o Senhor sabe livrar da
provação os piedosos e reservar, sob castigo, os
injustos para o Dia de Juízo,
2Pe 2:10 especialmente aqueles que, seguindo a
carne, andam em imundas paixões e
menosprezam qualquer governo. Atrevidos,
arrogantes, não temem difamar autoridades
superiores,
2Pe 2:11 ao passo que anjos, embora maiores em
força e poder, não proferem contra elas juízo
infamante na presença do Senhor.”
“2Pe 2:17 Esses tais são como fonte sem água,
como névoas impelidas por temporal. Para eles
está reservada a negridão das trevas;
2Pe 2:18 porquanto, proferindo palavras
jactanciosas de vaidade, engodam com paixões
carnais, por suas libertinagens, aqueles que
estavam prestes a fugir dos que andam no erro,
2Pe 2:19 prometendo-lhes liberdade, quando
eles mesmos são escravos da corrupção, pois
aquele que é vencido fica escravo do vencedor.
97
2Pe 2:20 Portanto, se, depois de terem escapado
das contaminações do mundo mediante o
conhecimento do Senhor e Salvador Jesus
Cristo, se deixam enredar de novo e são
vencidos, tornou-se o seu último estado pior
que o primeiro.
2Pe 2:21 Pois melhor lhes fora nunca tivessem
conhecido o caminho da justiça do que, após
conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do
santo mandamento que lhes fora dado.
2Pe 2:22 Com eles aconteceu o que diz certo
adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio
vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no
lamaçal.”
São por demais vigorosas e contundentes estas
palavras proferidas pelo apóstolo Pedro,
inspirado pelo Espírito Santo, contra aqueles
que passando-se por cristãos, não se submetem
na verdade a qualquer governo do Senhor Jesus,
acolhendo
com
mansidão
os
Seus
mandamentos, para serem praticados com
temor e reverência.
O que está em foco não são líderes formais,
dirigentes de congregações, mas qualquer
pessoa que se levante fazendo as vezes de
mestre e pastor do rebanho do Senhor, sem que
tenha recebido qualquer chamada da parte dEle
para tanto, ou até mesmo por não se tratar de
um autêntico cristão – alguém que não nasceu
de novo do Espírito Santo.
98
As palavras do apóstolo não têm o intuito de
incitar um combate contra tais pessoas, mas
para que aqueles que amam de fato a Cristo e à
Sua vontade, não se deixem influenciar por
estes insubordinados, que tentam fascinar os
incautos com a promessa de uma falsa liberdade
que consiste na rejeição de qualquer tipo de
governo espiritual, especialmente o que passa
pelas pessoas daqueles que são chamados por
Deus para pastorearem o rebanho de Cristo
(Atos 20.28).
Quando não nos sujeitamos ao governo do
Senhor, conforme o dizer do apóstolo, nos
tornamos escravos da corrupção (2.19) da nossa
natureza terrena pecaminosa, uma vez que não
fomos de fato libertados pelo poder de Jesus.
Por isso nosso Senhor afirma que os mansos são
bem-aventurados, ou seja aqueles que são
submissos à Sua Pessoa e Palavra.
A estes Ele se revelará e guiará mansa e
continuamente ao conhecimento e prática da
verdade, na comunhão em amor do Espírito
Santo e uns com os outros, sob o temor de Deus.
Somente aos que são pela verdade é dado ouvir
a voz do Supremo Pastor.
As ovelhas de Cristo conhecem e ouvem a Sua
voz e não seguirão aos estranhos.
E estas sabem que “é na paz que se semeia o
fruto da justiça, para os que promovem a paz.”
(Tg 3.18)
“Atos 20:28 Atendei por vós e por todo o rebanho
sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu
99
bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual
ele comprou com o seu próprio sangue.
Atos 20:29 Eu sei que, depois da minha partida,
entre vós penetrarão lobos vorazes, que não
pouparão o rebanho.
Atos 20:30 E que, dentre vós mesmos, se
levantarão homens falando coisas pervertidas
para arrastar os discípulos atrás deles.
Atos 20:31 Portanto, vigiai, lembrando-vos de
que, por três anos, noite e dia, não cessei de
admoestar, com lágrimas, a cada um.
Atos 20:32 Agora, pois, encomendo-vos ao
Senhor e à palavra da sua graça, que tem poder
para vos edificar e dar herança entre todos os
que são santificados.”
100
Depois da Morte Há o Juízo
Se não houvesse um juízo condenatório
iminente e eterno pairando sobre as nossas
cabeças, o evangelho talvez não fosse
considerado por muitos como sendo uma boa
nova de grande alegria.
Se não houvesse qualquer juízo depois da nossa
morte, e se tudo fosse bem conosco, sem
qualquer sombra de ameaça de sofrimento,
alguns poderiam até mesmo negligenciar o
convite de salvação feito pelo evangelho.
Mas, mesmo neste caso hipotético considerado,
não poderiam estar satisfeitos de modo algum
aqueles que sonham com a perfeição moral
absoluta, a felicidade plena e a satisfação real do
desejo de amar e ser amado eternamente,
porque isto pode ser conseguido somente pela
fé em Cristo.
101
Não Errando o Alvo Proposto
Jesus Cristo não veio a este mundo para morrer
no nosso lugar, e continuar intercedendo por
nós, e nos concedendo a sua graça, amor e
poder, apenas para resolver os nossos
problemas cotidianos.
Recorrer a Ele somente nas horas de
necessidades decorrentes especialmente de
enfermidades, perigos de mortes e dificuldades
financeiras ou de qualquer outra natureza
temporal, não responde ao propósito de Deus ao
nos ter dado um Salvador e Senhor.
Ele veio para dar vida eterna a mortos
espirituais.
Veio para nos libertar de nossos pecados e nos
tornar participantes da natureza celestial de
Deus, que é de santidade.
Se não formos socorridos por Ele quanto a isto,
não terá sido então de grande proveito para nós,
tudo o mais, porque não estaremos vivendo no
centro do propósito divino em relação a nós,
quanto à nossa união com Jesus Cristo.
Se lermos a Bíblia sem preconceitos,
especialmente
as
passagens
do
Novo
Testamento que se referem à pessoa e obra de
nosso Senhor Jesus Cristo, poderemos constatar
por nós mesmos, o que importa buscarmos
antes de tudo o mais.
102
Mat 6:31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo:
Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com
que nos vestiremos?
Mat 6:32 Porque os gentios é que procuram
todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe
que necessitais de todas elas;
Mat 6:33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu
reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas.
103
Algo Para Ser Pensado e Refletido
A questão da vida eterna é muitas vezes
respondida pelo sentido de alarme de grande
perigo que se corre com o estilo de vida
assumido.
Paradoxalmente, o que aparenta ser uma
enorme vantagem para a salvação da alma, para
a maior parte da humanidade, que vive de forma
honesta e ordeira, pode vir a ser um terrível
impedimento para tal propósito, quando se faz
da justiça própria o meio para alcançá-lo.
Há de se viver de tal forma, mas não colocando
nisto a nossa confiança para sermos salvos,
porque é aí onde reside o perigo.
Por isso Jesus disse que meretrizes e ladrões
precediam os escribas e fariseus no reino de
Deus, porque haviam crido no evangelho;
enquanto eles não se arrependeram e nem
creram quando ouviram a pregação da verdade.
(Mateus 21.31,32)
O que Jesus quis ensinar é que o modo de vida
pecaminoso das meretrizes e dos ladrões era
uma evidência marcante para eles, da
necessidade de arrependimento e conversão.
104
Por isso se achavam, potencialmente, em
relação aos escribas e fariseus, em melhores
condições de entrarem no reino de Deus.
Eis então denunciado pelo Senhor o grande
perigo da justiça própria e da acomodação ao
estilo de vida que é aparentemente justo, mas
que não possui a única Justiça que pode
satisfazer à exigência de Deus, que passa pela
nossa conversão a Cristo.
105
Cada Um Levará Seu Próprio Fardo
Seria de se supor que no grande dia do juízo final
de Deus, que aqueles judeus aos quais Jesus se
referiu chorando, que muitas vezes havia
tentado abrigá-los debaixo de suas asas com a
sua paz, mas eles lho haviam rejeitado... que
exigissem agora, neste dia terrível, uma espécie
de retratação ou justificativa da parte do Senhor,
pelo fato de não ter impedido que eles fossem
condenados eternamente?
Poder-se-ia atribuir falta de bondade da parte de
Jesus para com eles?
De falta de desejo de livrar-lhes da condenação
eterna?
De igual modo, ninguém poderá apresentar
diante de Deus argumentos que sejam válidos,
contra a falta de boa vontade da parte dos Seus
servos para com eles, neste mundo, uma vez que
eles próprios fizeram a opção por uma vida
atormentada, e não por uma vida de paz.
Em suas próprias famílias, rejeitaram a
companhia dos justos, e escolheram a
companhia dos ímpios.
Rejeitaram o caminho de justiça, e andaram nos
vales da iniquidade.
O justo seria então culpado por terem desejado
o modo de vida injusto?
Deus o proíba! E a justiça do céu se levanta
contra este horrendo pensamento.
Por isso se afirma na Palavra da verdade:
106
“Rom 14:10 Tu, porém, por que julgas teu irmão?
E tu, por que desprezas o teu? Pois todos
compareceremos perante o tribunal de Deus.
Rom 14:11 Como está escrito: Por minha vida, diz
o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho,
e toda língua dará louvores a Deus.
Rom 14:12 Assim, pois, cada um de nós dará
contas de si mesmo a Deus.”
107
Por que é Difícil a Entrada dos Ricos no Reino de
Deus?
“Lucas 18:24 E Jesus, vendo-o assim triste, disse:
Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os
que têm riquezas!
Lucas 18:25 Porque é mais fácil passar um
camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar
um rico no reino de Deus.”
Nosso Senhor Jesus Cristo se referiu à riqueza
de bens deste mundo como um fator não
impeditivo, mas gerador de grande dificuldade
para a conversão que garante a entrada dos
pecadores no reino de Deus.
Percebemos que suas palavras não se referem à
dificuldade de permanência dos ricos no reino,
mas à própria admissão deles.
E por que é difícil para eles tal ingresso,
conforme pode ser constatado na experiência
real de suas vidas ao longo destes dois mil anos
de Cristianismo?
Deus não ama aos ricos tanto quanto aos pobres
de bens mundanos?
Deus fez uma prioridade pelos pobres, de modo
a excluir a grande maioria dos ricos?
De modo nenhum!
O bom senso não o permita!
A dificuldade não está em Deus e nem sequer
em sua boa vontade para salvar a qualquer que
vier a Cristo, mas nos próprios ricos.
108
A
conversão
requer
arrependimento,
humildade de espírito, confiança total em Cristo
e dependência total de Sua graça salvífica.
Reconhecimento da condição de miséria da
nossa natureza terrena, que está morta em
delitos e em pecados, e que está naturalmente
indisposta contra Deus, e em real estado de
inimizade contra Ele.
Confessar a Jesus como Senhor e Salvador de
sua vida, e suplicar-lhe humildemente que lhe
salve da condenação eterna.
Entristecer-se pelos pecados e buscar um viver
santificado no Espírito Santo para a purificação
da consciência e do coração, pela entrega total
de si mesmo à prática da justiça e das boas obras.
E uma vez convertido pelo Espírito, negar-se a si
mesmo, carregar a cruz cotidianamente e
dispor-se como uma criança a obedecer
fielmente todos os mandamentos de nosso
Senhor Jesus Cristo, conforme se encontram
registrados na Bíblia.
É nisto tudo, basicamente, que reside a
dificuldade dos que são ricos para serem salvos,
e nem tanto pelo fato propriamente dito de
serem detentores de grandes riquezas.
109
Aptidão para Ver e Apreciar
Nenhuma pessoa com deficiência visual ou
auditiva
está
impedida
de
ter
um
relacionamento íntimo e pessoal com Cristo.
A grande prova patente desta verdade se
encontra no fato de haver cristãos portadores
destas deficiências ao longo de toda história de
dois mil anos da Igreja.
Cristo que se manifesta presentemente em
espírito, tem suas excelências observadas e
adoradas pelo homem que foi criado por Deus
para este principal propósito.
Por isso pode também ser adorado em espírito
pelas pessoas portadoras de deficiências físicas.
Assim como um pintor produz os seus quadros
para serem admirados, e um músico compõe
canções para o mesmo propósito, Deus quer ser
conhecido em Jesus Cristo, em todos os Seus
maravilhosos atributos.
E toda esta pintura e música espiritual podem
ser discernidas por qualquer pessoa que creia
em Cristo, seja ela portadora ou não de
deficiências.
Todos desejam ter as suas obras reconhecidas.
E com Deus, não há nenhuma diferença quanto
ao referido desejo. A propósito, isto existe nEle
em muito maior proporção do que em suas
criaturas.
Ninguém está apto para tal reconhecimento
senão apenas a humanidade, e nesta, aqueles
que têm suas naturezas renovadas por Cristo.
110
Sendo homens espirituais e não meramente
naturais ou carnais.
Animais de toda sorte, que não têm o espírito,
senão apenas corpo e alma, não estão aptos para
reconhecerem tais excelências espirituais.
Nem tampouco vegetais e muito menos
minerais e toda sorte de seres inanimados.
Quando céu e terra passarem e apenas os
espíritos entrarem na eternidade afora, ter-se-á
cumprido o propósito fixado por Deus antes da
fundação do mundo, de ter Sua pessoa e obras,
louvadas e adoradas por todos que foram feitos
por Ele, espiritualmente, semelhantes a Jesus.
111
Perdão Comprovado
Pode perdoar os piores pecados e os maiores
pecadores, e dar a estes uma entrada garantida
no Seu reino de glória eterna.
Provou isto em seu ministério terreno
perdoando, e salvando o ladrão na cruz, a
prostituta na casa do fariseu Simão, o
endemoninhado gadareno, o astuto Zaqueu, o
perseguidor Paulo, a mulher adúltera que os
judeus queriam apedrejar, e nos faltaria espaço
para enumerar todos os grandes pecadores que
Jesus salvou perfeitamente e para sempre.
Não há portanto, motivo para duvidar da sua
fidelidade, amor, poder e perdão.
Não há porque não confiar totalmente nEle e
adorá-lo e consagrar toda a nossa vida para
servi-lo com amor voluntário e fervoroso.
Deleitemo-nos no Cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo, e também na sua grande
salvação, que nos livrou para todo o sempre da
condenação eterna.
Entoemos louvores ao Seu grande Nome.
112
Alerta para Permanecer no Amor e na Verdade
Desde que Deus criou o primeiro homem,
séculos e séculos se passaram.
Quão diferentes foram as gerações em sua
própria época quanto às artes, à tecnologia; aos
processos de produção, etc.
Todavia, a necessidade essencial básica do ser
humano, perante Deus, tem permanecido
inalterada.
Muito desta necessidade se refere a afetos,
intenções, e ao tipo de caráter que o homem
deve possuir.
Mais do que capacidade operativa, trabalho,
serviços, obras, espera-se o amor ao Senhor, o
qual se traduz muito mais nos pontos
destacados anteriormente, do que em qualquer
outra coisa.
Esta verdade está claramente declarada na
palavra de repreensão dirigida por Jesus Cristo à
Igreja de Éfeso, em Apocalipse 2.4,5.
Ele também definiu o amor como sendo o
guardar os Seus mandamentos.
Note que a grande maioria destes mandamentos
pouco tem a ver com ações, e por isso, apesar de
terem sido numerosas as obras de Éfeso, Jesus
mostrou que eram dignos de repreensão porque
falhavam justamente no essencial.
Em outra passagem das Escrituras Jesus
apontou o valor do viver pela fé, quando disse
aos judeus que a obra que se esperava deles era
que cressem nEle.
113
E que somente aqueles que permanecessem na
Sua Palavra seriam identificados como Seus
discípulos.
Jesus nos foi enviado pelo Pai para nos ensinar e
aplicar em nossas vidas a fé, o arrependimento,
a adoração, a oração, o louvor, a paciência, a
longanimidade, a alegria, a misericórdia, a paz,
o perdão, a justiça, a mansidão, o amor..., coisas
estas que têm muito mais a ver com a
necessidade da nossa transformação individual,
do que com as nossas ações e obras, as quais a
par de serem importantes, nenhum valor terão
diante de Deus, se não forem acompanhadas por
estas virtudes citadas, que são possíveis de
serem obtidas somente pela graça, mediante a
fé e santificação do Espírito Santo.
Obras, conhecimento, política, investigação
científica e filosófica, tecnologia, e tudo o mais
que se relacione a este mundo e ao plano
temporal, e mesmo concílios religiosos, debates
apologéticos, processos para crescimento
numérico de igrejas, e outros assuntos
correlatos, por si só, em nada contribuem para o
propósito de formar o homem interior que é
segundo o coração de Deus, pois isto só é
possível por meio da santificação na verdade, a
antiga verdade revelada na Bíblia conforme o
próprio Jesus afirmou em João 17.17: “Santificaos na verdade; a tua palavra é a verdade.”
Fujamos portanto, da tentação de desprezar a
meditação e prática bíblica em prol de
contextualizações modernas que nos afastam
114
dos princípios e mandamentos imutáveis da
Palavra de Deus, a bem de nossas próprias
almas.
Examinemos tudo e retenhamos o que é bom,
porque afinal somente uma coisa é necessária, e
de nada aproveita ao homem ganhar o mundo
inteiro e por fim perder a sua alma.
“Por esta razão, importa que nos apeguemos,
com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que
delas jamais nos desviemos.” (Hebreus 2.1)
115
Loucos que São Amados
“Ele é maluco!”
“Pobrezinho!” “Não tem jeito para ele!”
Sua mãe estava grandemente preocupada com
ele e pediu a duas pessoas que lhe prometessem
que nunca o abandonariam, porque sabia, em
razão do modo dele de ser instável
emocionalmente, que todos o abandonariam e
ele não suportaria ser encontrado em tal
condição.
Verdade. Ele sofria de complexo de
inferioridade e isto era agravado pela sua
enorme dificuldade em se relacionar com
outras pessoas e sustentar, por pequeno tempo
que fosse, algum tipo de assunto.
Ele sofria com isto mas se sentia incapaz e
inabilitado. Todos os seus esforços para
melhorar davam em nada.
Até que um dia, Deus teve misericórdia dele e o
salvou por meio da fé em Jesus Cristo.
Desde então passou a se gloriar somente no
Senhor Jesus e na sua cruz, porque sabia que
ninguém mais poderia amá-lo e aceitá-lo, sendo
a pessoa tão complicada que ele era.
Assim como ele, há vários contingentes de
pessoas em igual estado às quais Jesus tem
amado incondicionalmente.
Se compadece deles porque são enfermos
sociais.
Foram mal nascidos. Mal orientados.
116
Sofreram os mais diversos tipos de traumas na
infância, e muitas vezes, desde o ventre.
Mas não são pobres coitados. Quem disse:
“Pobrezinho!” estava errado.
Como poderia ser pobre tendo sido feito filho do
Rei e Deus de todo o universo?
Que lhe perdoou todos os seus pecados e o
isentou de toda culpa.
Que o recebeu em seus braços e que lhe tem
ajudado a conviver consigo mesmo apesar de
tudo o que pensam a seu respeito.
117
Como se Detecta o Espírito?
Tudo o que pertence ao reino natural pode ser
desvendado e detectado pelo homem.
Mesmo as coisas invisíveis do citado reino,
como as ondas eletromagnéticas, os gases, as
células, os átomos.
Mas não lhe é dado desvendar o reino espiritual
por processos naturais.
Já se ouviu falar em detector de espíritos?
O espírito pertence a uma outra dimensão que
não é pertencente ao universo material e físico.
Espírito não ocupa espaço e não está sujeito ao
tempo.
Lembram que havia centenas de demônios
habitando a um só tempo no corpo do
endemoninhado gadareno?
Assim, há somente um meio de se discernir os
espíritos.
E este meio é o próprio espírito, porque aqueles
que têm a habitação do Espírito Santo podem
manter comunhão espiritual com outros que
tenham também o Espírito.
Podem perceber também a presença de
espíritos malignos opressores tentando lhes
furtar a referida comunhão.
Deus é puro espírito.
Não possui corpo físico.
Não tem olhos e nem ouvidos de carne, mas
tudo vê e tudo sabe.
Ele é o espírito de onde todos os demais
procedem.
118
Somente na comunhão com ele os espíritos
criados podem ter vida plena e possuírem as
faculdades que pertencem ao espírito divino.
Por conseguinte, fora da união com ele os
espíritos são cegos quanto às realidades
espirituais celestiais porque estão em
profundas trevas que são definidas pela
expressão morte espiritual; pois lhes falta esta
capacidade de discernimento do reino
espiritual divino e celestial.
CONCLUSÃO:
PERGUNTA: Quando o mundo espiritual será
desvendado pela ciência natural?
RESPOSTA: Nunca. É impossível, conforme foi
demonstrado.
119
O Que é Não Negar o Senhor?
O testemunho do evangelho é a fé irrestrita no
Cristo crucificado e ressuscitado para a nossa
justificação.
Jesus é a Pedra de Esquina do edifício espiritual
que Deus está erigindo com pedras vivas (os que
creem), pelo poder do Espírito Santo.
O que fica aquém disso é negar o Nome do
Senhor e a Sua Palavra.
Dizer que cremos na Bíblia, que cremos em
Deus, e no final das contas afirmarmos que
temos dúvidas quanto ao fato de que Jesus seja o
único e suficiente Salvador, nos leva a errar
totalmente o alvo quanto ao fundamento da
nossa salvação que foi colocado por Deus Pai
inteiramente ao cuidado do Seu Filho Unigênito.
A eleição se confirma não por mero
procedimento religioso, mas por nossa ligação
real ao Salvador.
Sem Cristo não há reconciliação com Deus. Não
há perdão de pecados. Não há o recebimento do
Espírito Santo como um dom de Deus a nós.
Não afirmar em nosso testemunho de modo
aberto e com todas as letras que Jesus é o Senhor
e o Salvador, e o Único Mediador entre nós e
Deus, equivale a nos envergonharmos do Seu
nome.
Por isso Ele mesmo diz na Bíblia:
Mateus 10:32 Portanto, todo aquele que me
confessar diante dos homens, também eu o
120
confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus;
Mateus 10:33 mas aquele que me negar diante
dos homens, também eu o negarei diante de
meu Pai, que está nos céus.
Marcos 8:38 Porque qualquer que, nesta
geração adúltera e pecadora, se envergonhar de
mim e das minhas palavras, também o Filho do
Homem se envergonhará dele, quando vier na
glória de seu Pai com os santos anjos.
Apo 3:8 Conheço as tuas obras—eis que tenho
posto diante de ti uma porta aberta, a qual
ninguém pode fechar—que tens pouca força,
entretanto, guardaste a minha palavra e não
negaste o meu nome.
Apo 3:9 Eis farei que alguns dos que são da
sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se
declaram judeus e não são, mas mentem, eis
que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e
conhecer que eu te amei.
Apo 3:10 Porque guardaste a palavra da minha
perseverança, também eu te guardarei da hora
da provação que há de vir sobre o mundo inteiro,
para experimentar os que habitam sobre a terra.
121
A Fé é uma Caminhada Constante
Dizer simplesmente que se crê ou não em Deus
não é algo muito significativo.
Somente crer que Deus existe e não conhecê-lo,
em nada muda a minha condição perante ele, e
esta é igual às do que afirmam não crerem nele.
Por que isto?
A fé que salva não é mera crença intelectual mas
o poderoso dom de Deus que nos converte a ele
de todo o nosso coração, e que nos conduz ao seu
conhecimento e ao desejo de viver para fazer a
sua vontade conforme está revelada na Bíblia.
Sem esta fé salvadora é impossível ter prazer nas
coisas divinas, porque elas combatem as paixões
da nossa alma e nos conduzem ao processo da
santificação operada pelo Espírito Santo.
Por outro lado, a expressão “crer em Deus” ou
“crer em Jesus Cristo” foi banalizada e
restringida em seu significado, podendo ser
aplicada a vários usos generalizados de culto e
de adoração.
De modo que uma fórmula mais específica seria
a da confissão: “creio no Deus e Jesus da Bíblia”.
A fé no Deus da Bíblia demanda inclusivamente
a fé em Cristo, porque ele afirma na mesma
Bíblia que:
João 5:22 E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho
confiou todo julgamento,
122
João 5:23 a fim de que todos honrem o Filho do
modo por que honram o Pai. Quem não honra o
Filho não honra o Pai que o enviou.
João 14:6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o
caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao
Pai senão por mim.
Concluímos assim que a genuína fé em Deus e
em Cristo consiste em caminhar pelo único
Caminho que conduz à vida eterna, que é o
próprio Cristo, e saberemos que estamos no
Caminho quando virmos sendo aplicadas pelo
Espírito Santo às nossas vidas o procedimento
santo que está revelado nas Escrituras.
123
Como Todo o Israel Será Salvo?
“E, assim, todo o Israel será salvo, como está
escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará
de Jacó as impiedades.” (Rom 11.26)
Esta declaração do apóstolo Paulo deve ser
entendida não apenas em seu contexto
imediato, como também, à luz de textos como os
seguintes:
Gál 6.16 E, a todos quantos andarem de
conformidade com esta regra, paz e
misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de
Deus.
Rom 9.6: E não pensemos que a palavra de Deus
haja falhado, porque nem todos os de Israel são,
de fato, israelitas;
Rom 9.7 nem por serem descendentes de
Abraão são todos seus filhos; mas: Em Isaque
será chamada a tua descendência.
Rom 9.8 Isto é, estes filhos de Deus não são
propriamente os da carne, mas devem ser
considerados como descendência os filhos da
promessa.
De fato, somente na volta de Jesus que será
completado o número dos que foram salvos, e
que ocorrerá portanto, o seu triunfo final sobre
o pecado do Israel de Deus, designado em Rom
11.26 como sendo Jacó, porque foi ele que teve o
124
seu nome mudado para Israel, que significa
Príncipe de Deus.
Há assim uma nação eleita além daquela que foi
eleita na descendência natural de Jacó.
E esta é o Israel formado pela Igreja invisível de
Cristo, composta por todos os que foram lavados
e remidos no Seu sangue.
Charles Haddon Spurgeon foi muito feliz ao ter
discorrido sobre este tema, comparando a
salvação do Israel espiritual, com o de
descendência natural nos dias de Moisés, no
seguinte texto que escreveu:
Todo o Israel será salvo - Rom 11:26
Quando Moisés cantou no Mar Vermelho, foi de
alegria por saber que todo o Israel estava a salvo.
Nenhuma gota respingou daquela muralha até
que o último filho de Israel tivesse colocado o pé
em segurança do outro lado do mar. Isso feito,
imediatamente as águas se derramaram
novamente sobre seu leito, mas não até então.
Uma parte daquela canção dizia: "Com a tua
beneficência guiaste o povo que salvaste".
Quando, pela última vez, os eleitos entoarem a
canção de Moisés, o servo de Deus e do
Cordeiro, a glória de Jesus será: "Não perdi
nenhum dos que me deste." No céu, não haverá
trono vazio.
Pois toda a nação escolhida
Se reunirá ao redor do trono
125
Bendirá a ação da Sua graça
E tornará Sua glória conhecida.
Todo aquele a quem Deus escolheu, todo aquele
a quem Cristo redimiu, todo aquele a quem o
Espírito chamou, todo aquele que crê em Jesus,
irá cruzar em segurança o mar dividido. No
entanto, não teremos todos chegado a salvo em
terra firme enquanto
Parte da multidão tiver cruzado as águas
E parte ainda estiver cruzando.
A vanguarda do exército já alcançou a costa.
Nós,
porém,
ainda
marchamos
pelas
profundezas; estamos seguindo firmemente o
nosso Líder no meio do mar. Tenhamos bom
ânimo: a retaguarda em breve estará onde a
vanguarda já está; o último dos escolhidos logo
terá atravessado o mar, e então será ouvida a
canção de triunfo, quando todos estiverem
seguros. Oh, mas se faltasse alguém - oh! se uma
única pessoa da família escolhida naufragasse haveria eterna dissonância no cântico dos
redimidos, e as cordas das harpas do paraíso se
romperiam de tal forma que nunca mais
poderiam emitir qualquer som.
126
O Valor Precioso da Promessa
Agrada tanto a Deus que se dê crédito à sua
palavra, que todas as suas bênçãos para nós são
alcançadas por crermos em suas promessas.
A promessa é portanto o meio pelo qual o
impossível se torna possível para nós, e o que é
passageiro se transforma em eterno.
A promessa de Deus é como um gancho de amor
que nos eleva à eternidade.
É como um homem que é alçado para colocar o
pé sobre o sol e ali ficar sem ser queimado.
Mas não é sobre o sol que Deus prometeu
colocar os nossos pés, mas no céu de glória, na
sua morada eterna.
Creiamos portanto nas promessas e não apenas
alegraremos o coração de Deus, como também
faremos um grande bem às nossas almas.
127
A Espiritualidade Provada na Materialidade
O conceito de espiritualidade não é antagônico
ao de materialidade.
Ao contrário, Deus, em sua sabedoria, nos dotou
de um corpo físico e de todo um aparato
material destinado à nossa sobrevivência,
justamente com o fim de nos provar em nossa
espiritualidade.
É pelo modo de usar as coisas materiais que
comprovamos o quanto somos conduzidos pela
carne, ou pelo espírito.
Um viver espiritual chama à generosidade, à
pureza, à sobriedade, ao amor, à moderação, e à
rejeição de tudo o que se refira ao abuso de todas
as coisas que Deus dispôs na criação para o
nosso aprazimento.
Além disso, nos chama a priorizarmos a
adoração e o serviço a Deus em relação a tudo o
mais, pela renúncia voluntária e prazerosa
operada pelo governo do Espírito Santo em
nossos corações.
Quem é espiritual não ama a fama, a cobiça, o
dinheiro, porque está plenamente satisfeito em
Deus, em toda e qualquer circunstância.
Deus é o todo da sua vida, e tudo faz para a sua
exclusiva glória.
Em todas as coisas procura ter uma boa
consciência para com Deus e para com todos os
homens, segundo os preceitos contidos nas
Sagradas Escrituras.
128
Criado para Ser Espiritual e não Carnal
Está declarada de modo muito claro e direto na
Bíblia, desde o seu primeiro livro de Gênesis, a
verdade relativa à condição natural de todo ser
humano de se inclinar para a sua natureza
terrena carnal pecaminosa, e por ela ser
dirigido, em vez de se inclinar para a natureza
celestial e espiritual divina, para a qual fora
criado, para viver por meio dela eternamente.
O próprio Deus expôs esta verdade no motivo
declarado do dilúvio que traria sobre toda a
Terra:
“Então, disse o SENHOR: O meu Espírito não
agirá para sempre no homem, pois este é carnal;
e os seus dias serão cento e vinte anos.” (Gênesis
6.3)
Veja a comprovação desta verdade, porque no
meio de toda uma geração que se inclinava e se
movia apenas pelo que era carnal, somente um
homem (Noé) havia se voltado para Deus, pela
fé, e obtido pela justificação, a coparticipação da
natureza divina, pela qual recebeu o
testemunho de ser homem justo, temente a
Deus e que se desviava do mal.
Viver na carne, segundo a lição que nos foi
deixada no dilúvio, opera a morte e a destruição.
E deste viver todos compartilham, em razão da
natureza que possuímos, até que sejamos
libertados e justificados pela fé em Cristo, para
129
recebermos uma nova natureza, na qual se
cumpre o propósito eterno de Deus na nossa
criação.
Afinal, Deus é espírito, e importa que também o
sejamos para termos comunhão com Ele e
participação da sua vida divina.
130
Por Que se Alegrar em Deus se um Dia Vamos
Morrer?
Este é o pensamento de quem anda sem
esperança neste mundo.
Mas todo o que tem a esperança cristã da vida
eterna, terá justamente na morte a abertura da
porta de entrada para a plenitude da alegria
perfeita, sem choro e dor, que jamais terminará.
Temos portanto um grande motivo para nos
alegrarmos em Deus e vivermos para fazer a sua
vontade, porque sabemos que ele é
inteiramente fiel em cumprir tudo o que nos
tem prometido.
Ele nos fez a promessa da vida eterna, assim
como prometeu nos salvar em Cristo, nos dando
um novo coração já a partir deste mundo.
Porventura não somos tão diferentes do que
éramos antes de nos convertermos a Cristo?
Foi ele que plantou não somente a esperança da
eternidade no nosso coração, como a certeza da
nossa
completa
transformação
à
sua
semelhança, porque afinal, ele fez habitar em
nós o Espírito Santo como o penhor da vida
perfeita que teremos no céu.
Se nos tem abençoado no aqui e agora,
certamente também o fará no porvir.
131
Não Adorando e Servindo Coisas Vãs
As quais não podem gerar em nós a vida eterna
do céu.
Tais como: o discurso da mera moralidade em
favor dos bons costumes como se fosse a mesma
a mensagem central do evangelho; uma falsa
piedade baseada em práticas ascéticas;
filosofias humanistas e tudo o mais que não
esteja centrado no Cristo crucificado.
“Apo 3:8 Conheço as tuas obras—eis que tenho
posto diante de ti uma porta aberta, a qual
ninguém pode fechar—que tens pouca força,
entretanto, guardaste a minha palavra e não
negaste o meu nome.”
“Apo 3:10 Porque guardaste a palavra da minha
perseverança, também eu te guardarei da hora
da provação que há de vir sobre o mundo inteiro,
para experimentar os que habitam sobre a
terra.”
A nenhum outro grupo foi confiada e afiançada
por Deus a palavra do evangelho, senão somente
aos apóstolos do Senhor Jesus Cristo.
Por isso são reputados como sendo o
fundamento da sua Igreja, ou seja, o alicerce
sobre o qual o edifício da Igreja está sendo
erigido com o cimento do amor do Espírito
Santo, e com as pedras vivas deste edifício que
132
são os cristãos que foram lavados e remidos no
sangue de Jesus.
Comprova-se portanto o amor ao Senhor Jesus
pela honra dada ao seu nome, por não negá-lo, e
isto se faz mediante o cumprimento da sua
Palavra revelada na Bíblia, especialmente no
Novo Testamento. Mormente por nos
guardarmos
daquelas
coisas
que
são
condenadas por ela, e por praticarmos as que
são aprovadas e ordenadas.
Entre as ordenanças principais do evangelho de
Cristo se encontra a clara exposição da
necessidade de justificação pela graça,
mediante a fé; e a regeneração e santificação
que são operadas pelo poder do Espírito Santo.
Esta é a primeira e principal boa obra a que todos
os cristãos devem se dedicar.
“João
6:28 Dirigiram-se,
pois,
a ele,
perguntando: Que faremos para realizar as
obras de Deus?
João 6:29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus
é esta: que creiais naquele que por ele foi
enviado.”
Se alguém se levanta em nome de Jesus e diz
estar pregando o evangelho, e no entanto, omite
estas coisas essenciais, na verdade não estão
pregando evangelho algum.
Jesus enfatiza a necessidade da autonegação,
pelo carregar diário da cruz, para que possamos
segui-lo e sermos de fato seus discípulos.
133
Sem isto, toda a suposta religiosidade que
tivermos, será vã, e não será portanto alvo do
seu elogio e recompensa, conforme o expressou
nas palavras que dirigiu à Igreja fiel de
Filadélfia, que destacamos em nosso texto.
134
O Fundamento e a Coluna da Verdade
Jesus é a pedra angular do edifício da Igreja. A
pedra principal que sustenta toda a edificação.
Os apóstolos e os profetas são o fundamento, o
alicerce, tanto da Igreja quanto da verdade. Eles
foram capacitados de modo especial por Deus
para transmitirem e defenderem a verdade no
início da Igreja. E somente o ensino deles
conforme o temos na Bíblia é o fundamento da
Igreja verdadeira, em todas as épocas.
Daí nosso Senhor ter mudado o nome de Cefas
(caniço no hebraico) para Pedro (Petros no
grego que significa pedra). Ele pensava no
fundamento ao lhe dar este nome, porque não
se faz um alicerce com caniços. Todavia, não
somente Pedro é o fundamento, como também
todos os demais apóstolos e profetas.
Não se falou em sucessão apostólica, até mesmo
porque o fundamento já foi colocado de uma vez
para sempre pelos apóstolos do Senhor.
Tendo eles morrido, foi concluído o alicerce
sobre o qual estão sendo erigidas as colunas da
Igreja e da verdade, a saber, todos os demais
cristãos, tanto os dos dias dos apóstolos, como os
das demais épocas.
Quando nosso Senhor deu a Cefas o nome de
Petros ele pensava apenas no fundamento e não
em chefia geral da Igreja, tanto que nos dias do
próprio Pedro, coube ao apóstolo Paulo e não a
ele, supervisionar o maior segmento da Igreja, a
saber, os gentios, enquanto Pedro era
135
encarregado para supervisionar a Igreja da
circuncisão, a saber, os judeus. Cabe destacar
que o líder da Igreja de Jerusalém não foi sequer
Pedro, mas Tiago, um dos irmãos segundo a
carne do Senhor Jesus, que juntamente com
Judas, eram também filhos de Maria e de José.
Vejamos alguns dos textos bíblicos nos quais
respaldamos nossas afirmações:
Mat 21:42 Perguntou-lhes Jesus: Nunca lestes
nas Escrituras: A pedra que os construtores
rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra,
angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso
aos nossos olhos?
Mat 21:43 Portanto, vos digo que o reino de Deus
vos será tirado e será entregue a um povo que
lhe produza os respectivos frutos.
Mat 21:44 Todo o que cair sobre esta pedra ficará
em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará
reduzido a pó.
Efs 2:20 edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo
Jesus, a pedra angular;
Efs 2:21 no qual todo o edifício, bem ajustado,
cresce para santuário dedicado ao Senhor,
Efs 2:22 no qual também vós juntamente estais
sendo edificados para habitação de Deus no
Espírito.
136
Mat 16:18 Também eu te digo que tu és Pedro, e
sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela.
1Tm 3:15 para que, se eu tardar, fiques ciente de
como se deve proceder na casa de Deus, que é a
igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da
verdade.
1Co 3:9 Porque de Deus somos cooperadores;
lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.
1Co 3:10 Segundo a graça de Deus que me foi
dada, lancei o fundamento como prudente
construtor; e outro edifica sobre ele. Porém
cada um veja como edifica.
1Co 3:11 Porque ninguém pode lançar outro
fundamento, além do que foi posto, o qual é
Jesus Cristo.
1Co 3:12 Contudo, se o que alguém edifica sobre
o fundamento é ouro, prata, pedras preciosas,
madeira, feno, palha,
1Co 3:13 manifesta se tornará a obra de cada um;
pois o Dia a demonstrará, porque está sendo
revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um
o próprio fogo o provará.
1Co 3:14 Se permanecer a obra de alguém que
sobre o fundamento edificou, esse receberá
galardão;
1Co 3:15 se a obra de alguém se queimar, sofrerá
ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia,
como que através do fogo.
137
Gál 2:7 antes, pelo contrário, quando viram que
o evangelho da incircuncisão me fora confiado,
como a Pedro o da circuncisão
Gál 2:8 ( pois aquele que operou eficazmente em
Pedro para o apostolado da circuncisão também
operou eficazmente em mim para com os
gentios )
Gál 2:9 e, quando conheceram a graça que me
foi dada, Tiago, Cefas e João, que eram
reputados colunas, me estenderam, a mim e a
Barnabé, a destra de comunhão, a fim de que
nós fôssemos para os gentios, e eles, para a
circuncisão;
1Pe 2:4 Chegando-vos para ele, a pedra que vive,
rejeitada, sim, pelos homens, mas para com
Deus eleita e preciosa,
1Pe 2:5 também vós mesmos, como pedras que
vivem, sois edificados casa espiritual para
serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por
intermédio de Jesus Cristo.
1Pe 2:6 Pois isso está na Escritura: Eis que ponho
em Sião uma pedra angular, eleita e preciosa; e
quem nela crer não será, de modo algum,
envergonhado.
1Pe 2:7 Para vós outros, portanto, os que credes,
é a preciosidade; mas, para os descrentes, A
pedra que os construtores rejeitaram, essa veio
a ser a principal pedra, angular
1Pe 2:8 e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São
estes os que tropeçam na palavra, sendo
138
desobedientes, para o que também foram
postos.
1Pe 2:9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio
real, nação santa, povo de propriedade exclusiva
de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz;
139
Aprende-se a Amar por Osmose
A essencialidade da nossa comunhão com Deus
é demandada pela necessidade de sermos
transformados à sua imagem amorosa e
benigna.
Não podemos aprender a viver o amor,
ganhando todas as suas características de
paciência, longanimidade, misericórdia, fé,
santidade, pureza, perseverança, alegria na
justiça e na verdade, e outras virtudes que o
compõem, conforme alinhadas na Bíblia, sem
que estejamos intimamente ligados à sua fonte,
que é o próprio Deus, porque Ele é amor em sua
natureza e essência.
Juntemos algo a um corpo aquecido, e este algo
também ficará aquecido.
Mergulhemos na vida espiritual de Deus, e a sua
vida nos será comunicada, como que por
osmose.
Não podemos, portanto, aprender a viver no
amor, a menos que estejamos em comunhão
com a fonte do amor.
Assim, vivemos porque o Senhor vive.
Amamos porque Ele ama.
E nenhum de seus filhos pode permanecer
experimentando a vida eterna e o amor, caso
esteja desligado da Videira Verdadeira de onde
tudo isto procede.
Enquanto permanecemos nele, ele permanece
em nós, e nos comunica os frutos espirituais
abençoados desta união.
140
“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não
fazeis o que vos mando?” (Lucas 6:46)
Inegavelmente, é impossível contemplar a Jesus
Cristo e ver os seus ensinamentos e obras,
conforme registrados na Bíblia ou então
expostos no poder do Espírito Santo pelos seus
servos, e não ficarmos impressionados ou então
não o admirarmos em sua majestade e beleza.
Todavia, somente admirá-lo e elogiá-lo não nos
transforma e melhora como pessoas, quanto a
atendermos aos propósitos de Deus na nossa
criação, para que fôssemos semelhantes a ele.
Jesus veio a este mundo para destruir as obras
do diabo e nos libertar dos nossos pecados, pela
nossa conversão a ele, e isto se comprova por
uma obediência real, de coração, aos seus
mandamentos.
Ele afirmou isto de modo muito claro e direto
em passagens bíblicas, como as que destacamos
em nosso título e nas citações abaixo:
Mateus 7:21 Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele
que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Mateus 7:22 Muitos, naquele dia, hão de dizerme: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós
profetizado em teu nome, e em teu nome não
expelimos demônios, e em teu nome não
fizemos muitos milagres?
João 15:14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que
eu vos mando.
141
“Eles não Sabem o que Fazem”
Jesus orou na cruz em favor dos seus próprios
algozes. Daqueles que zombavam dele em seus
sofrimentos. Ele pediu a Deus Pai que lhes
perdoasse porque eram ignorantes da natureza
amorosa e santa de Deus, e por isso agiam
daquela maneira.
Não foi para justificar-lhes os atos e intenções
malignas de seus corações, mas para dar
cumprimento ao que viera fazer neste mundo, a
saber, perdoar pecadores.
Jesus se encontra agora entronizado na
presença dos anjos, arcanjos, querubins,
serafins e dos santos desencarnados, no céu,
mas continua ainda apresentando súplicas em
favor dos homens culpados, clamando: “Pai,
perdoa-lhes”.
Este clamor em nosso favor se origina em sua
própria
natureza
que
é
inteiramente
misericordiosa e longânima.
Graças ao Senhor pelo seu grande amor!
142
O Conselheiro Ineficaz para o Propósito de Deus
O humanismo pode conduzir seus adeptos a
ações otimistas e que se destinam a promover
autoestima.
Mas quando pastores pregam o humanismo em
vez da mensagem do evangelho da cruz, eles
estão totalmente distanciados do seu ofício,
porque não se promove a salvação e a
santificação de almas com a mensagem do
humanismo, ainda que não sejam adeptos
integrais da filosofia humanista, que teve
origem no século XVI, que coloca o homem
como centro de todas as coisas, e que nega ser
Deus este centro.
Consideremos sobretudo que a psicologia
humanista que começou em meados do século
XX tem como pressuposto básico o potencial
humano para a autorrealização, e tem
influenciado enormemente com o citado
conceito quase todos os segmentos da
sociedade, especialmente a do mundo
Ocidental.
Ora, quando colocamos de lado a centralidade
em Cristo para a salvação e para a nossa
realização pessoal, sobretudo a espiritual, como
poderemos atingir o supremo alvo do
Evangelho?
Dizer simplesmente às pessoas que elas devem
se esforçar como atletas, e que devem
perseverar para atingirem suas metas e seus
sonhos, independentemente de exortá-las a
143
buscarem respostas em Deus e o auxílio da sua
graça, que proveito real para os interesses do
Reino de Cristo estará sendo promovido com
isto?
Afinal, quais são as metas, os sonhos dos que são
assim aconselhados?
Eles estariam buscando fazer o que é reto
perante o Senhor?
Ou seus alvos são interesseiros e egoístas?
Enfim, poderíamos estar contribuindo assim,
para
corroborar
um
comportamento
desaprovado por Deus com nossas palavras de
incentivo.
Concluímos portanto que simples palavras de
estímulo não configuram necessariamente uma
ajuda eficaz e aprovada para aqueles aos quais
são dirigidas.
144
É Preciso Mais do Que Boas Intenções
Apenas formular intenções para praticar o que
for bom e aprovado por Deus não é o suficiente
para
atingir
o
alvo
pretendido,
e
demonstraremos a razão disto a seguir.
Se não estivermos cheios do Espírito Santo, e
por conseguinte, se não formos dirigidos por
ele, o pecado que opera na carne (nossa velha
natureza)
sempre
prevalecerá,
independentemente de nossas melhores
intenções e esforços.
Isso sucede porque após a conversão passamos
a ser um campo de batalha no qual sempre
estarão em conflito duas naturezas, e sempre
sairá vencedora aquela para a qual fizermos
provisão.
Se para o Espírito, prevalece a nova que é
celestial, divina e sem defeito, e que é o único
poder capaz de sobrepujar a lei do pecado que
opera na carne.
Se para a natureza terrena, o que prevalecerá
será o pecado.
A conversão a Cristo não dá nova vida apenas ao
espírito, como também à nossa mente, que
entram automaticamente num processo de
renovação progressiva, em aumento em graus,
à medida que nos consagramos ao Senhor e à
Sua vontade.
A habitação do Espírito Santo no cristão é o que
configura o que o apóstolo Paulo chama de
homem interior (Rom 7.22). Em outras
145
passagens bíblicas é também designado por
novo homem, nova criatura ou nova natureza.
É somente esta nova natureza celestial e divina,
que recebemos na conversão, que tem prazer na
comunhão com Deus e na sua Lei.
Para tanto, necessitamos ser exercitados
continuamente
nos
deveres
espirituais
estabelecidos pelo Senhor na Sua Palavra
(oração, vigilância, boas obras etc), de modo que
a nova natureza prevaleça sobre a antiga,
produzindo em nós um viver realmente
piedoso, em atitude permanente de culto e
adoração a Deus.
Então temos aqui o cristão com sua mente e
espírito, inclinando-se para Deus e para a sua
Lei, enquanto a velha natureza que ainda nele
remanesce,
procura
oportunidade
continuamente de puxá-lo para fora desta
comunhão e deste deleite espiritual.
E geralmente o faz pela via do despertar de
desejos e paixões que são em sua natureza
contrários a tudo o que há em Deus, os quais
devem ser continuamente mortificados, por
nos sujeitarmos ao poder do Espírito Santo e
pela fuga das fontes de tentação.
Se somos novas criaturas, as coisas do velho
homem, juntamente com o pecado que está a
ele associado, passam a ser moradores intrusos
que já receberam a sentença de morte na cruz,
quando morremos juntamente com Cristo, e
dos quais devemos portanto nos despojar
continuamente.
146
Por isso o apóstolo Paulo identifica o pecado
que em nós opera como sendo um agente
estranho, um inimigo que deve ser derrotado
pelo poder do Espírito, a ponto de dizer “...não
sou eu, mas o pecado que habita em mim” (Rom
7.17).
Esta verdade se comprova de modo prático em
nosso viver diário quando, não raro, somos
impulsionados a desejar e a fazer coisas que a
nossa mente rejeita e reprova e que
constrangem o nosso espírito renovado.
Quem, senão o intruso chamado pecado é o
autor disto, procurando retornar ao domínio
total que tinha sobre nós antes da nossa
conversão?
Não o desejamos de falto. Não o aprovamos. Não
consideramos que seja correto. Isto prova o
quanto o repelimos em nosso homem interior
(nova natureza). Então se sou vencido, não foi
porque desejasse de fato ser derrotado e
desapontar a Deus, mas porque não se vence o
pecado com deliberações do velho homem, mas
somente com o poder do Espírito Santo, quando
buscamos a Deus, e clamamos a ele por socorro,
para que não nos deixe cair na tentação e para
que nos livre do mal.
O apóstolo vê esta condição como sendo a
competição de duas leis, que lutam entre si para
obter o domínio total dos nossos pensamentos,
desejos e ações, a saber, a do pecado, e a lei do
Espírito Santo que opera. Especialmente, na
nova natureza, no homem interior.
147
Temos então, como cristãos, uma mente que
ama a Deus e os seus mandamentos, mas, como
demonstrado, isto não é suficiente para nos dar
um viver espiritual vitorioso. Como vimos,
necessitamos do poder do Espírito Santo
operando em nossa nova natureza, e o teremos
somente quando o buscarmos, na prática de
uma vida piedosa, conforme revelada na Bíblia.
148
Não Há Amor a Deus Sem Obediência
A verdade relativa ao que Deus é em pessoa, e o
que Ele opera na humanidade, não é boa e
agradável somente ao próprio Deus como
também a nós.
Na realidade, não podemos estar em comunhão
amorosa com Deus sem estarmos santificados
na citada verdade,
à qual Jesus se referiu em sua oração em favor
daqueles que nele cressem, pedindo ao Pai que
lhes santificasse na verdade da Sua Palavra
divina (João 17.17).
Por isso Ele define o amor não como mero
sentimento, mas sobretudo como prática dos
seus mandamentos (João 14.15,21; 15.10),
conforme se encontram registrados na Bíblia,
porque são eles, e somente eles, que definem a
natureza celestial que nos convém obter, e o
padrão de comportamento que dela decorre.
Antes de conhecer ao Senhor Jesus Cristo, pelas
Escrituras Sagradas, eu cria e havia criado um
Jesus a quem eu pensava amar, apesar de agir
contrariamente a tudo o que Ele nos tem
ordenado.
Hoje, eu sei que estava enganado, porque Ele é o
mesmo para todos os que nele creem do modo
pelo qual convém crermos, e que somente
podemos chegar a este conhecimento por meio
da conversão, pelo arrependimento e pela fé
nEle, e segundo a instrução que recebemos do
Espírito Santo, não somente para conhecermos
149
a sua vontade, como também para ter o poder
espiritual necessário para cumpri-la, porque
isto é possível somente pela operação da sua
graça que nos é concedida.
150
Por Que Deus Simplesmente não Deixa Pra Lá?
À maior parte da humanidade soa agradável o
pensamento de que Deus não se intrometesse
nos assuntos da Terra.
Para que julgar o homem ou castigá-lo?
Não seria melhor deixar cada um escolher a
própria sorte sem atribuir qualquer juízo moral
sobre os que andam de modo errado?
Não foi Ele mesmo quem criou o homem com
livre arbítrio?
Seria então importante saber o motivo que o
leva a agir como Juiz de todas as pessoas.
Todavia, é mister dizer, antes, que Ele não é
apenas o vingador do mal, como também é o
recompensador do bem.
Podemos entender o modo da ação moral de
Deus, pelo nosso próprio modo de agir.
Porventura não somos inclinados naturalmente
a recompensar o bem e a punir o mal?
Onde isto sucede de modo oposto é em razão de
uma perversão que leva a alguns a agirem
contra a própria natureza, feita à imagem e
semelhança de Deus.
Como o seu sistema de valores é pervertido
então se inclinam a aprovar o mal e a reprovar o
bem.
Afinal, quem gosta de ser roubado, traído,
violentado?
Mesmo aqueles que se inclinam para a prática
do mal, não o aprovam, quando este se volta
contra os seus próprios interesses, conforme o
151
padrão de comportamento que citamos no
parágrafo anterior.
Se nos homens, por conta de sua imperfeição e
fraqueza inerentes, não há uma medida perfeita
de valores aprovados, no entanto, ela é santa,
justa e perfeita na natureza de Deus.
E é esta natureza perfeita, especialmente em
amor verdade e justiça, que o leva a julgar todos
os nossos atos, ações, imaginações, intenções e
omissões.
Nada escapa ao seu justo juízo divino, de modo
que todos teremos que lhe prestar contas
naquele Dia do Juízo vindouro, quanto ao bem
ou o mal que fizemos enquanto neste mundo.
Agora, sendo também parte da Sua natureza, a
misericórdia e a longanimidade, Ele perdoa a
todo aquele que se arrepende e busca vencer o
mal pela prática do bem.
Ele nos criou para o propósito de vivermos para
sempre em perfeita harmonia e unidade em
amor com Ele e com todos os demais seres
morais que vivem de acordo com o padrão de
valores da sua natureza divina.
Este propósito não poderá ser desfeito por
nenhum poder contrário que se lhe oponha.
Daí a razão de sujeitar a um juízo de separação
eterna desta comunhão, a todos os que
buscarem viver de modo contrário ao propósito
para o qual foram criados.
152
Um Ganho que é Uma Grande Perda
Se alguém indagasse a um pastor fiel ao seu
ofício de anunciar a Cristo, se não seria melhor
apresentar uma doutrina mais ajustada ao gosto
das pessoas, de maneira a ter congregações
mais concorridas, certamente ele responderia
com sabedoria:
“Está correto. Fazendo isto teríamos as igrejas
sempre lotadas de pessoas, mas, a grande
questão é a seguinte: Não estaríamos com isto
fundando mais uma congregação da grande
Igreja Laodiceia, que será a Igreja predominante
nos últimos dias?”
Vale a pena ler as palavras que nosso Senhor
Jesus Cristo dirigiu aos cristãos da referida
Igreja:
“Apo 3:14 Ao anjo da igreja em Laodiceia
escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha
fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus:
Apo 3:15 Conheço as tuas obras, que nem és frio
nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
Apo 3:16 Assim, porque és morno e nem és
quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da
minha boca;
Apo 3:17 pois dizes: Estou rico e abastado e não
preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és
infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
Apo 3:18 Aconselho-te que de mim compres
ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres,
vestiduras brancas para te vestires, a fim de que
153
não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e
colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas.
Apo 3:19 Eu repreendo e disciplino a quantos
amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.”
154
Salvo Pela Perfeita Obediência de Jesus
“Porque, como pela desobediência de um só
homem, muitos foram feitos pecadores, assim
pela obediência de um muitos serão feitos
justos.” (Romanos 5.19)
Deus sujeitou toda a humanidade à condenação
por causa da transgressão de Adão.
A Bíblia diz que todos foram encerrados debaixo
do pecado por causa da transgressão de Adão.
A morte entrou no mundo por causa do pecado
de Adão, porque Deus lhe disse que caso
comesse do fruto proibido da árvore do
conhecimento do bem e do mal, ele morreria, e
com ele, toda a sua descendência.
E esta morte ocorreu simultaneamente ao ato
da desobediência. A morte do espírito, que ficou
separado da comunhão com Deus.
Assim, debaixo da cabeça desobediente que é
Adão todos morrem, mas os que estiverem
debaixo da cabeça obediente e justa de Cristo
viverão eternamente.
Pela ofensa de Adão à justiça de Deus todos
morreram, mas por meio da graça de Jesus
muitos são justificados para a vida eterna no
espírito, porque os efeitos do dom da graça
foram concedidos por Deus de maneira muito
mais abundante do que a sentença de morte por
causa da transgressão de Adão.
Porque a condenação veio por causa de uma só
ofensa, a saber, a de Adão no Éden.
155
Mas a justificação é imputada individualmente
a cada pessoa que se converte, perdoando-lhe
todas as suas muitas ofensas, como Paulo afirma
em Rom 5.15,16.
De maneira que quando somos perdoados por
Deus o que está sendo perdoado não é o pecado
que Adão cometeu no Éden, mas os nossos
próprios pecados.
Então se a morte reinou por causa da ofensa de
um só homem, a saber, Adão, Deus proveu um
meio para que a graça e o dom da justiça seja
muito mais abundante, porque por meio de
Cristo está perdoando muitas transgressões de
muitos pecadores, como se lê em Rom 5.17.
Mas a base da justificação está relacionada a
uma só ofensa, a saber, a de Adão no Éden; e a
um só ato de justiça, a saber, Cristo guardando
toda a Lei e morrendo por nós na cruz.
E especificamente este um só ato de justiça
significa que a justificação é atribuída de uma
única vez para sempre; do mesmo modo que a
imputação do pecado e da morte que lhe é
consequente, foram imputados de uma vez para
sempre desde a transgressão de Adão.
Então se a desobediência de Adão fez com que
todos se tornassem pecadores, e estes não são
poucos, porque são muitos, uma vez que diz
respeito a toda a humanidade, de igual modo, a
obediência de Jesus é a causa da justificação de
muitos, a saber de todos os que estão unidos a
Ele pela fé (Rom 5.19).
156
Então na justificação há uma diferença em
relação à condenação quanto ao modo de
imputação, porque se todos os homens são
herdeiros de Adão, e estão ligados a Ele por
descendência, nem todos estão ligados a Cristo,
porque a união com Cristo não é natural, mas
espiritual, e demanda a necessidade de
conversão para que possamos nos tornar coherdeiros com Ele. Daí ser ordenado por Deus
que se pregue o evangelho a todos, de modo que
tenham a oportunidade de alcançarem a vida
eterna que está em Cristo Jesus.
Um dos propósitos da lei foi para que a ofensa
ficasse bem patente aos olhos dos pecadores;
revelando que há abundância de pecado no
mundo.
Mas pelo Seu plano de salvação Deus tem feito
com que a graça seja mais abundante que este
pecado abundante, porque em Cristo todas as
transgressões são apagadas e esquecidas por
causa da justificação.
Isto porque como o pecado reina na morte, Deus
estabeleceu o grande contraste fazendo com
que a graça que se opõe ao pecado reine também
por meio da justificação, para a vida eterna, por
meio de Jesus Cristo.
157
Nossa Principal Missão Neste Mundo
“Mar 16:14 Finalmente, apareceu Jesus aos onze,
quando estavam à mesa, e censurou-lhes a
incredulidade e dureza de coração, porque não
deram crédito aos que o tinham visto já
ressuscitado.
Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura.
Mar 16:16 Quem crer e for batizado será salvo;
quem, porém, não crer será condenado.”
Depois de sua ressurreição nosso Senhor Jesus
Cristo disse aos onze apóstolos (Judas já havia se
suicidado) que a missão deles e daqueles que
haveriam de crer através do seu testemunho era
a de pregarem o evangelho em todo o mundo.
Este verbo “pregai” do texto é vertido da palavra
“kerussô” do original grego, que significa
anunciar, proclamar, divulgar.
Ainda que Deus separe pessoas para este
propósito, de modo especial, todavia esta é a
principal missão de todos os que creem em
Cristo, a saber, a de tornar o evangelho
conhecido de todas as pessoas, em todo o
mundo.
Não é para propósitos políticos, triunfalistas ou
mesmo de expansão religiosa que tal ordenança
nos foi dada pelo Senhor.
É para que a sua própria justiça decorrente da
sua morte em nosso lugar na cruz (para a nossa
justificação e salvação) seja ofertada, e assim,
158
possa ser aceita e recebida pela mão da fé, ou
então rejeitada pela incredulidade.
Evidentemente, o Seu desejo é o de que todos
fossem salvos pela recepção da Sua graça,
simplesmente por meio da fé nEle.
Todavia, Ele sabe desde toda a eternidade que
não são poucos os que o rejeitarão pelos mais
variados motivos e justificativas.
Enquanto durar a dispensação da graça, até que
Ele volte, o convite do Evangelho permanecerá,
dando oportunidade inclusive aos muitos que
têm resistido ao convite por anos a fio.
O Senhor é fiel em cumprir a sua promessa de
salvação feita a todo o que crer, mesmo para
estes que o fizerem tardiamente, ainda que em
idade avançada.
Assim sucede para que se comprove que de fato
não somos salvos por nosso méritos, mas por
sua exclusiva graça, bondade, longanimidade e
misericórdia.
159
Se Compadece de Nossa Miséria Espiritual
“Rom 7:14 Porque bem sabemos que a lei é
espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à
escravidão do pecado.
Rom 7:15 Porque nem mesmo compreendo o
meu próprio modo de agir, pois não faço o que
prefiro, e sim o que detesto.
Rom 7:16 Ora, se faço o que não quero, consinto
com a lei, que é boa.
Rom 7:17 Neste caso, quem faz isto já não sou eu,
mas o pecado que habita em mim.
Rom 7:18 Porque eu sei que em mim, isto é, na
minha carne, não habita bem nenhum, pois o
querer o bem está em mim; não, porém, o
efetuá-lo.
Rom 7:19 Porque não faço o bem que prefiro,
mas o mal que não quero, esse faço.”
Nestas palavras do apóstolo Paulo está descrita
de modo sucinto e verdadeiro qual é a condição
de todo o gênero humano.
O quadro apresentado diante de nós é de total
impotência para praticar somente aquilo que é
bom, e a facilidade e capacidade para praticar o
que é mau.
Como esta condição é natural e nos acompanha
desde o nascimento até o dia da nossa morte,
sem se tratar de algo dependente de escolha
pessoal através do exercício de nossa vontade,
Deus se compadece de nós e preparou uma via
160
de escape da condenação e maldição que paira
sobre nossas cabeças em decorrência deste fato.
De modo que a permanência na condenação não
é ditada por causa de nossa impotência para o
bem e facilidade para a prática do mal, mas pela
rejeição da oferta graciosa de libertação e
remissão que Ele preparou para nós no
sacrifício de Jesus Cristo.
A natureza pecaminosa que herdamos do
primeiro homem criado por Deus somente pode
ser subjugada pelo poder de nosso Senhor Jesus
Cristo, e através do trabalho do Espírito Santo.
Ainda que não a vejamos inteiramente
subjugada enquanto estivermos neste mundo,
podemos constatar, enquanto em Cristo, que ela
é cada vez mais enfraquecida, enquanto a nova
natureza recebida pela graça se torna
proporcionalmente mais forte.
Todavia temos a promessa do perdão, da
longanimidade e da misericórdia de Deus para
os nossos pecados presentes, por causa da nossa
união com Jesus Cristo, e da perfeição em
santidade quando formos recebidos por Ele na
glória.
De modo que podemos dizer juntamente com o
apóstolo Paulo:
“Rom 7:24 Desventurado homem que sou!
Quem me livrará do corpo desta morte?
Rom 7:25a Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso
Senhor.”
Se dependemos inteiramente de nosso Senhor
para ter a vitória, então o exercício da nossa
161
vontade para a prática do bem e para a rejeição
do mal deve consistir basicamente em recorrer
ao auxílio da Sua graça divina para tal propósito.
É somente pela lei do Espírito da vida em Cristo
Jesus, pela operação da Sua graça e virtude, que
podemos obter a vitória sobre a lei do pecado e
da morte.
162
Vida que Gera Vida
O que tiveram em comum os apóstolos Paulo,
Pedro, João, e depois deles Lutero, Richard
Baxter, John Woen, Jonathan Edwards, John
Wesley, Geoge Whitefield, Charles Haddon
Spurgeon, entre outros, que conduziram a
muitos a Cristo, com uma conversão genuína,
comprovada
por
frutos
dignos
de
arrependimento, que permaneceram neles por
décadas, até o dia da sua morte?
Enquanto muitos outros pastores e pregadores
do evangelho, ainda que arrastem a multidões
consigo, não geram ovelhas verdadeiras para
Cristo,
senão,
quando
muito,
pessoas
impressionadas e apenas despertadas quanto às
verdades do evangelho?
E sabemos que muitos destes são sinceros no
exercício dos seus ministérios.
Onde reside portanto a diferença?
Esta consiste em que assim como o ferro é
afiado com ferro, o espírito é somente nascido
do Espírito Santo. E Ele faz isto através de canais
que estejam realmente sujeitos à sua direção,
poder, e especialmente disciplina, no
cumprimento e exercício dos deveres
espirituais que nos são ordenados na Bíblia.
Podemos ver por exemplo o apóstolo Pedro
ordenando em sua segunda epístola que os
cristãos se aplicassem com diligência no
exercício das virtudes cristãs, porque este seria
o único modo de confirmarem para si mesmos a
163
sua eleição, e também terem amplamente
suprida a entrada deles no Reino de Deus.
Ora! Ele ordenaria aquilo que não estivesse
praticando?
Estas ordenanças são encontradas nas epístolas
de Paulo, de João e nos escritos de todos os
homens de Deus que citamos em nosso
primeiro parágrafo.
Eles não haviam pregado somente acerca da
santificação, mas estavam de fato santificados.
Não recomendavam apenas a longanimidade, o
amor, a misericórdia, a bondade, a pureza, a
virtude, a fé, a paz, a disciplina, o procedimento
justo e santo, a oração, a adoração e o louvor,
mas se exercitavam continuamente nisto, de
modo que podia ser visto em suas vidas, e era
isto o que impactava outros e lhes inspirava a
serem seus imitadores.
Deus honra somente a este testemunho
verdadeiro de vida, gerando conversões a partir
do mesmo, para que a fé dos novos convertidos
seja fundamentada na verdade que está ligada à
vida daqueles que a proclamam.
Podemos dizer, que em certa medida, e
guardadas as devidas proporções, que eles
encarnaram a verdade em suas vidas assim
como ela se encontrava perfeitamente
encarnada no Seu Mestre, Salvador e Senhor, na
Fonte da própria Vida Eterna deles, a saber, no
Senhor Jesus Cristo.
164
Mortos não geram vivos. Somente os que estão
vivos no Espírito podem gerar outras vidas
semelhantes.
Vida natural gera vida natural. Mas a vida
espiritual e celestial somente pode ser gerada
por vida sobrenatural, espiritual, celestial e
divina.
165
Copo Limpo no Interior e no Exterior
“Mateus 23:26: Fariseu cego, limpa primeiro o
interior do copo, para que também o seu
exterior fique limpo!”
“1Tes 5:23: O mesmo Deus da paz vos santifique
em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda
de nosso Senhor Jesus Cristo.”
Nestes dois textos podemos ver uma alusão à
unidade implícita que há entre o corpo, a alma e
o espírito.
Na metáfora do copo limpo nosso Senhor Jesus
Cristo compara todo o nosso ser a um copo que
possui tanto uma parte interior quanto uma
exterior.
Por esse motivo, as pessoas são citadas, em
várias partes das Escrituras Sagradas, como
sendo copos (vasos) para honra ou para desonra.
Todos sabemos que em sentido religioso, somos
copos de barro criados por Deus para serem
enchidos com o Espírito Santo.
Sabemos também que a ninguém apetece usar
um copo que esteja sujo, quer em sua parte
interior, ou exterior.
Os fariseus ocupavam-se somente em limpar o
exterior do copo, ou seja, usando práticas
cerimoniais e ascéticas relativas ao corpo e à
alma (homem exterior).
166
Todavia, nosso Senhor afirmou que nem
mesmo o exterior deles estava limpo aos olhos
de Deus, porque o interior (espírito, homem
interior) estava sujo.
O que daí podemos aprender é que quando não
buscamos ter um espírito santificado,
purificado pela Palavra do Senhor, lavado no
sangue de Jesus, apto à prática da fé, do amor, da
justiça, da paz, da justiça, da longanimidade, da
misericórdia, da comunhão com Deus, e de
todas as demais faculdades relativas ao espírito,
de nada adiantarão nossos esforços para
combater as paixões lascivas, a glutonaria, o uso
de drogas e de tudo o que seja nocivo ao corpo
físico; como também o que se refere às
faculdades da alma (sentimentos, emoções,
pensamentos, imaginação etc).
A razão disso reside no fato de que há esta
unidade latente entre o nosso espírito e corpo, e
nossa alma.
O que sucede a uma dessas três partes repercute
nas demais.
Por isso o mau uso da alma em pensamentos
depressivos
pode
produzir
no
corpo
consequências danosas como falta de apetite,
dores de cabeça, de estômago e outros sintomas
desconfortáveis.
Sentimentos ruins como ira, ódio e mágoa
produzem também igual efeito em nosso corpo
físico.
167
Pensamentos,
emoções,
imaginações
e
sentimentos impuros, conduzem via de regra à
prática pornográfica e lasciva.
As consequências relativas ao nosso espírito são
ainda mais danosas porque, por tudo isto que se
faz no corpo e na alma, impossibilitamos ou
interrompemos a comunhão com o Espírito
Santo de Deus, e assim, em vez de paz, teremos
em nosso espírito temor e tormenta; em vez de
fé, incredulidade; no lugar da longanimidade e
da misericórdia teremos impaciência, irritação,
ira, ódio e indisposição para o perdão.
Evidentemente, muitas outras consequências
poderiam ser citadas, mas não é nosso propósito
o de esgotá-las nesta breve reflexão, senão
simplesmente enfocar a sua realidade.
No texto de I Tessalonicenses 5.23 o apóstolo
Paulo apresenta portanto, a necessidade de que
sejamos santificados por Deus em todas estas
partes do nosso ser (espírito, alma e corpo),
porque se o exterior não for limpo o interior
também não será, sendo a recíproca verdadeira.
Por conseguinte nos é ordenado que ocupemos
o nosso pensamento somente com o que for
santo, puro, justo e agradável (alma).
Que não nos entreguemos à prostituição, à
pornografia, à glutonaria, à violência (corpo).
E acima de tudo, que não descuidemos jamais da
prática da fé, da oração, do louvor, do amor, da
justiça, da paz, da longanimidade, e da
misericórdia, com vistas especialmente à
comunhão com Deus (espírito).
168
Porque, se falharmos num aspecto falharemos
nos demais.
Daí se dizer que:
“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e
o vosso espírito, alma e corpo sejam
conservados íntegros e irrepreensíveis...”
169
Nada Poderá nos Separar do Amor de Deus
Satanás trabalha para que o cristão não saiba ou
duvide que se encontra firme para sempre nas
mãos de Deus, como se afirma em Romanos 5.2
e em muitas outras passagens bíblicas.
É impressionante como ele consegue cegar o
cristão para as afirmações feitas pelo próprio
Jesus, como esta que encontramos em Jo 10.2729: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu
as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida
eterna; jamais perecerão, eternamente, e
ninguém as arrebatará da minha mão.
Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo;
e da mão do Pai ninguém pode arrebatar.”.
Ah, como isso fere ao diabo, saber que Ele não
poderá ter no inferno a nenhum dos que Jesus
genuinamente justificou e regenerou.
Por isso ele trabalha para infundir a dúvida no
cristão, de que pertence realmente a Deus para
sempre, e que Deus o aceita completamente
como filho, apesar de suas imperfeições e
limitações.
O diabo deseja que você creia que de alguma
forma, você pode perder sua redenção e ele
soprará sobre você para que se sinta inseguro e
intimidado.
Por isso você deve colocar o capacete da
esperança da salvação.
Esta esperança significa que você pode aguardála como coisa segura e certa, porque Deus é fiel
para cumprir a promessa de salvá-lo
170
eternamente e de que ninguém tirará você das
mãos de Jesus e das mãos do Pai, como se lê em
João 10.27-29 e Romanos 8.32-39:
“João 10:27 As minhas ovelhas ouvem a minha
voz; eu as conheço, e elas me seguem.
João 10:28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais
perecerão, e ninguém as arrebatará da minha
mão.
João 10:29 Aquilo que meu Pai me deu é maior
do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode
arrebatar.”
“Rom 8:31 Que diremos, pois, à vista destas
coisas? Se Deus é por nós, quem será contra
nós?
Rom 8:32 Aquele que não poupou o seu próprio
Filho, antes, por todos nós o entregou,
porventura, não nos dará graciosamente com
ele todas as coisas?
Rom 8:33 Quem intentará acusação contra os
eleitos de Deus? É Deus quem os justifica.
Rom 8:34 Quem os condenará? É Cristo Jesus
quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o
qual está à direita de Deus e também intercede
por nós.
Rom 8:35 Quem nos separará do amor de Cristo?
Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou
fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
Rom 8:36 Como está escrito: Por amor de ti,
somos entregues à morte o dia todo, fomos
considerados como ovelhas para o matadouro.
171
Rom 8:37 Em todas estas coisas, porém, somos
mais que vencedores, por meio daquele que nos
amou.
Rom 8:38 Porque eu estou bem certo de que
nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do
porvir, nem os poderes,
Rom 8:39 nem a altura, nem a profundidade,
nem qualquer outra criatura poderá separarnos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor.”
172
Não de Modo Mecânico mas Amoroso e Vital
A base da nossa salvação da condenação e morte
espiritual eterna é a mesma para todas as
pessoas, a saber, pela graça mediante a fé em
Jesus Cristo.
Todavia, o modo desta salvação é personalizado,
ou seja, Deus usa de meios os mais diversos para
atrair cada indivíduo a Cristo para a entrega a
Ele do seu coração.
Se formos entrevistar cada pessoa salva a
respeito do modo como chegou à conversão,
teremos a oportunidade de constatar que suas
estórias são diferentes em vários aspectos.
Isto revela em primeiro lugar que Deus não
precisa dos nossos argumentos persuasivos ou
métodos humanos e religiosos para alcançar os
perdidos.
Ele opera segundo a Sua própria sabedoria e
pela força operante do Seu poder, de maneira
que, quando determina salvar a alguém, Ele o faz
sem que ninguém Lhe possa impedir, nem
mesmo aquele que será salvo.
Quando Cristo é revelado em espírito e em
verdade a nós, Ele é tão desejável e irresistível
que é impossível àquele que passa a conhecê-lo
não se entregar inteiramente ao Seu cuidado e
amor.
Esta atração é espiritual e sobrenatural mas
podemos compará-la no reino natural à atração
da gravidade que nos mantém presos ao nosso
planeta; ao rio que corre para o mar; à abelha
173
que é atraída pelo néctar das flores; à fome que
nos leva a busca de alimento.
De modo que a alma que se liga a Cristo já não
pode mais viver separadamente dEle.
174
Todo Ser Humano Necessita de Libertação
“Atos 26:15 Então, eu perguntei: Quem és tu,
Senhor? Ao que o Senhor respondeu: Eu sou
Jesus, a quem tu persegues.
Atos 26:16 Mas levanta-te e firma-te sobre teus
pés, porque por isto te apareci, para te constituir
ministro e testemunha, tanto das coisas em que
me viste como daquelas pelas quais te
aparecerei ainda,
Atos 26:17 livrando-te do povo e dos gentios, para
os quais eu te envio,
Atos 26:18 para lhes abrires os olhos e os
converteres das trevas para a luz e da potestade
de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles
remissão de pecados e herança entre os que são
santificados pela fé em mim.”
Por essas palavras dirigidas ao apóstolo Paulo
nosso Senhor Jesus Cristo deu o testemunho
direto de que todos nós, seres humanos, nos
encontramos, por causa das trevas do pecado,
debaixo da autoridade de Satanás. E que
somente por meio da fé nEle (Cristo) podemos
ter os nossos olhos abertos e nos convertermos
das trevas para a luz e do poder de Satanás para
o de Deus, em razão da remissão dos pecados e
da herança eterna e da santificação que
recebemos dEle.
Agora, reflitamos por um pouco acerca de um
estratagema que o diabo utiliza frequentemente
para manter as pessoas em cegueira espiritual e
175
enganadas quanto à sua real condição
espiritual.
Satanás é astuto e ardiloso e sabe muito bem que
a grande maioria das pessoas, em são juízo,
jamais pensariam em fazer qualquer tipo de
pacto diretamente com ele ou com os demônios
que estão debaixo do seu governo.
Então, ele finge manter em escravidão apenas
aqueles que fazem um pacto voluntário com ele.
E insinua que este pacto não pode ser desfeito de
nenhum modo, mesmo quando se pretende
fazer um pacto com Deus por meio da fé em
Jesus.
A grande verdade é que com pacto ou sem pacto
com o Inimigo de nossas almas e de nosso bem
eterno, a condição de perdição eterna
permanece enquanto não formos livrados dessa
terrível escravidão por meio do poder de Jesus
Cristo.
E foi Ele mesmo que nos ensinou o caminho
para tal libertação: fé, arrependimento,
conversão e santificação.
Ninguém
está
impedido
de
ser
verdadeiramente livre da escravidão ao pecado
e ao diabo.
Jesus veio ao mundo justamente para este
propósito conforme Ele declarou na porção das
Escrituras de Atos 26.15-18.
Somente Ele pode destruir todas as obras do
diabo quando confiamos inteiramente as nossas
vidas em Suas divinas mãos.
176
Tendo Bom Ânimo num Mundo de Aflições
Vida sem sofrimento, de perfeita e plena saúde,
felicidade, alegria, paz, pureza, amor, harmonia,
há somente no céu.
A falta desta perfeição aqui na Terra é devida às
consequências do pecado que há em toda a
humanidade.
É de tal ordem e tão extensa a tragédia desta
condição que até mesmo os demais seres vivos
(vegetais e animais) dela compartilham pelas
coisas que sofrem juntamente com a
humanidade, e que fazem com que toda a
criação esteja gemendo até agora, aguardando
por aquele dia venturoso no qual será libertada
desta condição de miséria latente.
Estas palavras não são de pessimismo, mas da
mais pura expressão da verdade e realidade
quanto ao nosso estado presente, e trazem
também a esperança otimista da única forma de
se libertar deste quadro terrível, que é por meio
da fé em Jesus Cristo.
Mas, enquanto aqui estivermos, mesmo em
Cristo, sempre teremos nossas alegrias
misturadas com tristezas. Nem sempre em
decorrência do que haja em nós, mas pelo que
compartilhamos dos sofrimentos de nossos
semelhantes e de toda a criação.
Todavia é segura e certa a concretização da
promessa que Ele nos fez de alcançarmos a
perfeição em glória quando da Sua segunda
vinda para restaurar todas as coisas àquela
177
condição original planejada por Deus para as
Suas criaturas.
Vemos assim que não é desvantajoso sofrer e
chorar enquanto aqui estivermos, e sentirmos
profundamente nossas limitações e misérias,
porque isto pode ser um fator contribuinte para
nos conduzir à busca de socorro em Cristo, e por
conseguinte à conversão.
Daí Ele ter dito que são bem-aventurados os que
choram e os que sofrem por serem perseguidos
por seu amor à justiça.
Deus se compadece profundamente não
somente por estes que choram, como também
por aqueles que são ignorantes quanto à sua real
condição e que continuam buscando achar
nesta vida motivos que lhes tornem felizes e
alegres.
Não são poucos os que, neste segundo grupo,
são conduzidos por Deus, por amor e
misericórdia, através das vicissitudes que
experimentam, a entenderem por fim que não é
aqui o nosso lugar de paz e descanso. Que há
uma grande luta a ser travada, por meio da fé,
para vencer o pecado e todos os inimigos
espirituais que operam neste mundo de trevas.
Não fosse pela infinita bondade, longanimidade
e misericórdia de Deus, jamais seríamos objeto
deste Seu trabalho de restauração paciente e
progressiva do qual todos somos necessitados.
Deus está trabalhando para o nosso bem,
enquanto sofremos.
178
Daí a exortação que nos é dirigida em Sua
Palavra:
Heb 12:12 Por isso, restabelecei as mãos
descaídas e os joelhos trôpegos;
Heb 12:13 e fazei caminhos retos para os pés,
para que não se extravie o que é manco; antes,
seja curado.
179
Se Está muito Fácil É Porque Está Errado
Em nossos dias são tantos e tão contraditórios os
ensinos relativos a Jesus Cristo e ao seu
evangelho que se faz mister mais do que nunca
dantes, um retorno ao registro das Escrituras
Sagradas, para que não sejamos iludidos,
enganados, pelos muitos atalhos que não
conduzem à verdade, e por conseguinte à
salvação de nossas almas.
Por princípio básico deveríamos aplicar, por
similaridade, a seguinte máxima usada por
colegiais: “se achou o exercício de matemática
muito fácil, é porque você errou”.
A salvação é somente pela graça e mediante a fé,
mas não é fácil de ser obtida, porque demanda
arrependimento,
iluminação,
conversão,
transformação.
O reino de Deus é tomado por esforço, por
diligência.
É possível verificar isto quando lemos a Bíblia , e
especialmente os ensinos de Jesus e dos
apóstolos, porque há várias condicionais que
nos são apresentadas para termos a certeza de
um viver que seja segundo a vontade de Deus.
Todavia não há nada complicado, supersticioso
ou capcioso na mensagem do evangelho
genuinamente bíblico.
Não há em Cristo qualquer intenção de colocar
percalços à obtenção da fé que salva.
Devemos tão somente ser cuidadosos para não
tomarmos gato por lebre.
180
Em não ser crédulos em qualquer fórmula
rápida e fácil de suposta salvação que não
demande de nós a necessária atestação de que
fomos de fato transformados pelo poder da
graça de Jesus, em novas criaturas, renascidos
do Espírito Santo.
181
A Paz de Jesus e a de Barrabás
O povo gritava para que Barrabás fosse libertado
e não Jesus, porque Barrabás era o líder da
sedição, juntamente com os demais sicários,
que buscava a libertação dos israelitas do jugo
do Império Romano.
Já a libertação que era e que continua sendo
proposta por Jesus é a da nossa escravidão ao
pecado.
A de Barrabás nada exige de nós senão
gritarmos e lutarmos por aquilo que
consideramos nossos direitos civis, deixandonos livres e à vontade quanto aos pecados que
praticamos.
A paz de Jesus, contudo, demanda a
mortificação do pecado para que ela possa
existir em nosso coração.
É fácil portanto entender porque a maior parte
das pessoas prefere a paz de Barrabás, ainda que
seja imposta pela força das armas, tal como ele e
seus seguidores agiam no passado.
182
A Falsa Paz de Uma Liberdade Falsa
“Curam superficialmente a ferida do meu povo,
dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” (Jeremias
8:11)
“1 Mas, irmãos, acerca dos tempos e das épocas
não necessitais de que se vos escreva:
2 porque vós mesmos sabeis perfeitamente que
o dia do Senhor virá como vem o ladrão de noite;
3 pois quando estiverem dizendo: Paz e
segurança! então lhes sobrevirá repentina
destruição, como as dores de parto àquela que
está grávida; e de modo nenhum escaparão.” (I
Tessalonicenses 5)
Os falsos profetas dos dias de Jeremias
anunciavam uma paz que seria decorrente da
liberdade do povo das exigências dos
mandamentos de Deus.
Especialmente aqueles relativos ao respeito aos
mais velhos, às autoridades, em obediência às
tradições recebidas desde os antepassados
quanto ao temor devido ao Senhor como único
Deus digno de ser adorado e servido.
Eles profetizavam a liberdade da nação em
escolher os seus próprios deuses e costumes, e
que fizessem alianças com nações pagãs para
prevalecerem em paz e segurança, em sua
própria terra.
E o que fez o Senhor?
183
Expulsou os israelitas pelas mãos dos assírios e
dos babilônios.
Hoje, a história se repete no contexto de todas as
nações do mundo.
O jugo da submissão à autoridade paterna foi
sacudido e lançado para longe.
A estrutura da família foi demolida.
O amor, os bons costumes, a gentileza, a
verdade, estão desaparecendo da terra.
A luta pela paz e segurança, que é segundo o
homem, e não segundo Deus... que busca a
qualquer custo a libertação dos princípios
morais e espirituais revelados na Bíblia, será por
fim conquistada, quase em plenitude, ainda que
por breve tempo, debaixo do governo do
Anticristo, que atenderá às exigências de
libertação de tudo aquilo que é exigido por Deus,
porque ele será dirigido e inspirado com o poder
do próprio Satanás, que completará aquilo que
havia iniciado no princípio no jardim do Éden,
com a mesma oferta de liberdade do governo
divino, que fizera ao primeiro casal.
Todavia, o que se diz a respeito de tudo Isto?
Por ocasião da volta de Cristo, lhes sobrevirá
repentina destruição da falsa paz e segurança
que haviam construído ao longo das eras,
porque não há verdadeira paz e segurança, fora
da comunhão com o único Príncipe da Paz.
Lembremos sempre que Jesus não nos dá a Sua
paz conforme o mundo a dá.
A do mundo não leva em conta o que há no
coração do homem.
184
A de Jesus decorre da transformação do nosso
coração.
Não costuremos então, como cooperadores do
Anticristo, a sua falsa paz.
185
Salvos na Esperança da Perfeição
A ideia de que houve pessoas que viveram na
terra em tão elevado grau de santidade, que
chegaram à perfeição, não corresponde à
verdade e nem mesmo à realidade.
Somente Jesus Cristo e mais ninguém foi
completamente santo.
Isto nos conduz a concluir que enquanto aqui
estivermos, não haverá um único de nós que
não mais esteja sendo trabalhado pelas mãos do
Grande Oleiro para ser transformado em vaso
de honra sem qualquer mancha ou mácula.
Não dizemos estas coisas à guisa de
desencorajar ou desestimular a busca de uma
santificação cada vez maior, porque é esta a
vontade de Deus para todos os seus filhos.
Todavia, é necessário considerarmos a verdade
com toda a humildade, e dizermos juntamente
com Paulo, que foi um grande santo enquanto
aqui viveu, que era o principal dos pecadores,
não dizia que o havia sido simplesmente no
passado, porque assim se considerava até o dia
em que partiu para a glória do céu.
Então onde jaz a diferença entre as pessoas
santas e não santas?
Evidentemente, não no fato de serem pecadoras
ou não, porque todos somos pecadores, mas em
que os que são santos permitem e buscam
serem lavados de seus pecados e serem
transformados e restaurados por Deus.
186
O Senhor trabalha com toda a Sua infinita
longanimidade e misericórdia para trazer de
volta à vida os que estavam mortos
espiritualmente, para trazer de volta para si o
que estavam perdidos, e faz isto num trabalho
paciente de restauração progressiva em
santificação, até completá-la no dia em que nos
receberá na glória.
É nisto que consiste a nossa salvação. Somos
salvos por Deus na esperança daquilo que
haveremos de ser, e que Ele realizará pela Sua
própria graça e poder.
187
Somente quem Procura Acha
Quanto ao conhecimento pessoal e real de Jesus
sucede o mesmo quanto ao conhecimento de
um lugar ou outras pessoas.
Caso não nos disponhamos a ir até eles, jamais
os conheceremos.
Ainda que saibamos que dependemos que o
Senhor nos atraia a Ele, porque é espírito
invisível,
e
por
conseguinte
ficamos
necessitados de que se revele a nós, todavia, se
não nos permitirmos ser despertados ou até
mesmo caso permaneçamos não interessados
em relação ao conhecimento dos assuntos
espirituais relativos a Deus, será impossível que
venhamos a ter um real conhecimento pessoal
de Jesus.
Ele mesmo nos advertiu que o reino de Deus é
tomado por esforço da nossa parte... que
devemos bater à porta do céu; que devemos
buscar o Seu reino invisível e que não é deste
mundo; e pedir-Lhe que nos salve e santifique.
Devemos fazer tudo isto por meio da fé, da
oração e da meditação e prática da Palavra de
Deus revelada na Bíblia.
188
Viver sem Ilusões
A justiça do Reino de Deus é Cristo e este
crucificado para a justificação de todo aquele
que crê.
O único meio de se promover esta justiça é a
verdade do evangelho de Jesus.
Política, justiça social, religião, ou qualquer
outro meio deste mundo, jamais poderão nos
trazer a justiça do Reino de Deus.
Esta justiça nos veio e continua nos vindo
sempre dos altos céus. Ela procede do trono de
Deus, e é operada exclusivamente pela Sua
graça e poder.
Nos assuntos relativos a Cristo, os cristãos são
chamados a proclamarem esta justiça, quando
falam em nome de Deus e do Seu propósito
eterno de fazer convergir todas as coisas em Seu
Filho Amado, nosso Senhor Jesus Cristo.
Os apóstolos não tentaram reformar o modo de
governo das nações. Não criticaram os meios e
os processos do Império Romano, que era o
poder dominante de então.
Não se desviaram do alvo da sua missão, que
continua sendo a mesma de todos os cristãos,
em todas as épocas da história do mundo.
Eles se dedicaram a pregar a justiça de Cristo
para nos libertar da escravidão ao pecado.
Trabalharam visando à conversão dos corações.
Sabiam que isto agiria como fermento
melhorando em muito o padrão de
comportamento das pessoas em todo o mundo,
189
mas
sabiam
também
que
muitos
permaneceriam apegados ao pecado e
voluntariamente a ele escravizados, ainda que
sustentassem hipocritamente argumentos em
prol de um mundo melhor e de uma sociedade
mais justa.
Sejamos bons cidadãos, honremos a todos os
que se encontram em posição de autoridade,
mas não nos iludamos pensando que
poderemos um dia transformar o mundo inteiro
em um lugar de paz e justiça perfeitas.
Isto ocorrerá somente quando o próprio Jesus
para aqui retornar em Sua segunda vinda, e
quando estabelecer pelo Seu exclusivo poder
novos céus e nova terra nos quais a justiça e a
paz habitem para sempre.
190
Os Fariseus Redivivos
Atos 15:1 “Alguns indivíduos que desceram da
Judeia ensinavam aos irmãos: Se não vos
circuncidardes segundo o costume de Moisés,
não podeis ser salvos.”
Atos 15:5 “Insurgiram-se, entretanto, alguns da
seita dos fariseus que haviam crido, dizendo: É
necessário circuncidá-los e determinar-lhes
que observem a lei de Moisés.”
A ameaça legalista sempre procurou arruinar a
graça do evangelho de Jesus Cristo.
Seus maiores representantes nos dias
apostólicos foram os fariseus, como podemos
verificar na passagem que destacamos do livro
de Atos, na qual vemos alguns fariseus que
haviam supostamente se convertido a Cristo,
afirmando que sem a circuncisão e sem o
cumprimento de toda a lei cerimonial de
Moisés não poderia haver salvação.
Eles pensavam que Deus havia instituído a
circuncisão e toda a lei cerimonial,
especialmente a referente ao sacrifício de
animais e todo o sistema de ofertas e dízimos,
como o meio de salvação do pecador perdido.
No entanto, nem mesmo no Velho Testamento
encontramos tal ensino de que a Lei havia sido
promulgada com o propósito de salvar os
pecadores.
191
Como podiam pensar que prepúcios e sangue de
bodes e de touros poderiam nos purificar de
todos os nossos pecados?
Não havia nenhum problema em que alguém se
circuncidasse ou continuasse cumprindo
determinadas cerimônias previstas na Lei de
Moisés, mas sim em afirmar que eram
necessários à salvação.
Os fariseus redivivos de nossos dias não falam
mais em circuncisão ou em lei cerimonial, mas
tentam substituir a graça e a fé em Jesus Cristo
(únicos meios de salvação revelados na Bíblia)
mas afirmam, tal como os fariseus do passado,
as obras, as ofertas e os dízimos, citados na
Bíblia, ao lado de outras práticas criadas pela sua
imaginação como forma de obtenção da
salvação da alma.
E quando se usa o argumento da prosperidade
material como sendo a finalidade da fé, dizemos
que o problema não se encontra na
prosperidade propriamente dita, mas no amor
ao dinheiro que é a raiz de todos os males, e
também, que a prosperidade não é nenhum
sinal seguro para a certeza da nossa salvação.
A fé nos foi dada para a salvação da alma, e não
para ser usada para nos tornarmos prósperos.
1 Pe 1:9 ”obtendo o fim da vossa fé: a salvação da
vossa alma.”
192
Por Causa da Fé e não por Crença
Quando caminhava dirigi o olhar para o
horizonte e contemplei o lindo cair daquela
tarde de outono.
A lua minguante acima da estrela da alva, tendo
por fundo um belo céu azul esverdeado e
brilhante pelo sol que já havia se retirado ao seu
abrigo, mas deixado o seu imprimatur de raios
luminosos no céu, como forma de lembrança da
sua existência e poder.
Imediatamente fui levado a glorificar a Deus
como o grande Criador do universo e de tudo o
que ele contém, e por ter disposto todas as
coisas com grande sabedoria para o seu e o
nosso aprazimento.
E por que agi deste modo tão instantâneo?
Por causa da fé.
Do dom da fé recebido de Deus para poder não
apenas conhecê-lo em pessoa, e ter revelações,
visões e êxtases espirituais pela manifestação da
sua presença em nós, como também para
reconhecer todos os seus atos na própria
criação visível.
Por isso a fé não é mera crença.
Não se trata de pensar que aceitamos a
existência de Deus e que Ele seja o Criador.
Somente
isto
não
nos
conduziria
a
experimentar de modo real a pessoa do próprio
Deus e todas as suas ações em nossas vidas.
193
Esta é razão porque necessitamos de uma
experiência de conhecimento real e pessoal de
Jesus Cristo.
E se não recebermos da parte de Deus o dom da
fé para tal propósito, será simplesmente
impossível conhecer de fato e de verdade tudo o
que concerne ao Reino de Deus e a Cristo.
Sejamos portanto humildes, e peçamos ao
Senhor que nos conceda a fé necessária para
podermos desfrutar deste conhecimento tão
maravilhoso que nos transforma, e faz de nós
pessoas sensíveis, mansas, amáveis, que se
submetem de coração ao Seu Criador e Senhor,
e que têm nEle todo o seu prazer de viver.
194
É Mesmo na Base do Toma Lá Dá Cá?
Alguns afirmam, e na verdade não são poucos,
que a base do nosso relacionamento com Deus é
a do “toma lá, dá cá”.
Ou seja: se pretendemos receber alguma
bênção de Deus é preciso primeiro dar-lhe algo.
Dar-lhe o melhor de tudo o que temos.
Afirmam: “Primeiro, é preciso sacrificar, e
então receberemos as bênçãos de Deus”.
A Bíblia afirma expressamente, em especial no
Novo Testamento que é tudo de graça. É tudo
pela graça de Jesus Cristo.
E deve ser pela graça para que seja segundo a fé,
e vice-versa, e para que exclua todo o mérito
humano.
Na verdade, não poderíamos ofertar a Deus nada
aceitável de nós mesmos, até mesmo o nosso
coração, porque tudo foi estragado, corrompido
pelo pecado.
O coração que consagramos a Deus não é um
coração puro, mas impuro, no qual Ele opera
pelo Espírito Santo a regeneração com vistas à
santificação.
Toda a honra, glória, mérito e poder devem ser
tributados exclusivamente ao Senhor Jesus
Cristo, que se tornou da parte de Deus para nós,
a nossa justiça, sabedoria, redenção e
santificação (I Cor 1.30).
195
Pode Parecer Verdade mas Não é Verdade
É preciso ter muito cuidado com argumentos
que parecem muito convincentes, quando não
submetidos ao todo da revelação bíblica.
Os profetas da chamada teologia da
prosperidade
material,
visando
auferir
vantagens financeiras pessoais, à custa dos seus
seguidores, apelam para o argumento que o
pecador somente pode agradar a Deus se
apresentar ofertas e dízimos, porque não há
outro modo de agradá-lo desde que o pecado
entrou no mundo.
Como se Deus necessitasse dos nossos bens
materiais e financeiros!
Pouco ou nada mais se requer segundo a
maioria destes que falam supostamente em
nome de Cristo.
Tal discurso agrada também à maioria dos seus
seguidores, porque lhes deixa muito à vontade
para continuarem tocando a vida como bem
lhes agrade.
Porquanto não tocam no ponto central da
verdadeira religião bíblica, celestial, divina, que
é o nosso coração e não o nosso bolso.
O que adianta ao homem dar todos os bens de
sua casa se não permite que o Espírito Santo faça
uma transformação real e permanente em seu
coração?
Por isso Deus nos pede o nosso coração para que
possa trabalhar nele, transformando-o de
coração carnal em coração espiritual.
196
Certamente, um coração assim transformado
haverá de dispor de tudo o que tem para poder
servir à causa do evangelho, mas não por
constrangimento ou obrigação religiosa
determinada por alguém, mas por amor, com
alegria e segundo a direção do Espírito Santo,
conforme as suas reais posses.
2Co 8:11 Completai, agora, a obra começada,
para que, assim como revelastes prontidão no
querer, assim a leveis a termo, segundo as
vossas posses.
2Co 8:12 Porque, se há boa vontade, será aceita
conforme o que o homem tem e não segundo o
que ele não tem.
2Co 9:7 Cada um contribua segundo tiver
proposto no coração, não com tristeza ou por
necessidade; porque Deus ama a quem dá com
alegria.
197
Aprendendo do Exemplo de Charles Simeon
Nos seus primeiros anos de ministério, o pastor
da Igreja Anglicana, Charles Simeon (24 de
setembro de 1759 - 13 de novembro de 1836) era
um homem rude e agressivo. Certo dia, foi
visitar um pastor amigo numa povoação
próxima da sua casa. Após a visita, as filhas do
amigo
queixaram-se ao
pai sobre o
comportamento de Simeon. O pai, então levou
as suas filhas para o quintal, e disse-lhes:
“Apanhai um daqueles pêssegos para mim.” Era
o início do verão e os pêssegos estavam verdes.
As meninas perguntaram-lhe por que é ele
queria fruta verde, que ainda não estava
madura. Ele respondeu-lhes: “Bem, minhas
queridas, agora ele está verde e nós precisamos
esperar; um pouco mais de Sol, um pouco mais
de chuva e o pêssego estará maduro e doce. É
assim com o Senhor Simeon.”
Charles Simeon no tempo devido realmente
mudou. O calor do amor de Deus, as “chuvas”
dos mal-entendidos e as decepções foram os
meios pelos quais ele se tornou num homem
gentil e humilde.
Charles Simeon foi pastor da Igreja Anglicana,
na Trinity Church, em Cambridge, na Inglaterra
de 1782 a 1836. Ele foi nomeado para lá por um
dos bispos da Igreja Anglicana, contra a vontade
dos seus paroquianos, que se opuseram a ele,
198
não por que ele fosse mau pregador ou
exercesse mal o seu “húmus partoral”, mas
porque Charles Simeon era “evangélico.” Isto é,
Charles Simeon cria na Bíblia como a Palavra de
Deus e regra de fé, desafiava as pessoas para a
necessidade da conversão ao Novo Nascimento
espiritual, e aos crentes nascidos de novo
desafiava-os para a santidade pessoal e apelava
às “Igrejas” e aos crentes individualmente para
o desafio da evangelização do mundo e a terem
amor pelas almas dos não convertidos ao
SENHOR Jesus.
Durante 12 anos os seus paroquianos não
permitiram que ele pregasse o sermão de
domingo, à tarde. E, durante todo esse tempo,
também eles boicotaram o culto dominical
matinal e bloquearam os bancos da Igreja para
que ninguém pudesse se sentar neles. Deste
modo Charles Simeon viu-se obrigado a pregar
ao seu rebanho durante 12 anos nos corredores
do templo!
«Nesse estado das coisas, eu não vi outro
remédio, a não ser ter fé e paciência. O trecho
das Escrituras que dominava e controlava a
minha mente era este: “Ao servo do Senhor não
convém contender.” (2 Tim 2:24) Era doloroso
ver o templo da igreja, com exceção dos
corredores, quase abandonado; porém, eu
pensava que se apenas Deus concedesse uma
bênção dobrada à Congregação que ali estava,
199
no todo haveria tanto bem como se a
congregação fosse o dobro e a bênção limitada
apenas à metade dessa porção. Isso confortoume muitas e muitas vezes, quando, sem essa
reflexão eu teria sucumbido sob o meu pesado
fardo.»
De onde obteve Charles Simeon a garantia, de
que seguindo o caminho da paciência ele o
conduziria à bênção sobre o seu trabalho, que
compensaria a frustração de ter todos os bancos
da “Igreja” bloqueados? Ele a obteve de
versículos da Bíblia que prometiam a graça
futura, do versículo da Palavra de Deus: “Como
são felizes todos os que nEle esperam!” (Isa
30:18). A Palavra de Deus venceu a
incredulidade e a fé na Graça futura venceu a
impaciência.
Cinquenta e quatro anos depois destes tristes
acontecimentos, Charles Simeon estava às
Portas da Eternidade. As semanas se
arrastavam, como tem ocorrido com muitos
santos moribundos. Aprendemos, ao lado de
muitos crentes às portas da morte, que a batalha
contra a impaciência pode ser muito intensa no
leito de morte.
Em 21 de outubro de 1836, os crentes e
familiares que estavam ao lado da sua cama,
ouviram-no dizer as seguintes palavras, muito
lentamente e com longas pausas:
200
“A infinita sabedoria dispôs tudo com infinito
amor; e o infinito poder capacita-me a descansar
nesse amor. Estou nas mãos do Pai amado, tudo
está seguro. Quando olho para Ele, não vejo nada
a não ser fidelidade, e imutabilidade, e verdade;
e tenho a paz mais doce, não posso ter mais paz
do que a que tenho!»
A razão para Simeon morrer assim foi a
disciplina que exerceu durante 54 anos indo
amiúde às Escrituras e nelas se apropriando das
promessas da graça futura e de usá-las para
vencer a incredulidade da impaciência.
Ele aprendeu a usar a espada do Espírito para
batalhar o combate da fé na graça futura. Pela fé,
na graça futura, aprendeu a esperar com Deus
no lugar não planeado da obediência, e a andar
com Deus no passo não planeado da obediência.
Com o salmista, Charles Simeon disse: “Espero
no Senhor com todo o meu ser, e na sua palavra
ponho a minha esperança.” (Slm 130:5)
Tanto na vida como na morte, Charles Simeon
tornou clara e com impacto a promessa: “O
Senhor é bom para com aqueles cuja esperança
está nele, para com aqueles que o buscam.”
(Lam 3:25)
Qual o segredo espiritual de Charles Simeon,
que suportou imensas dificuldades no seu
poderoso pastorado de cinquenta e quatro anos,
201
na “Trinity Church”, em Cambridge, na
Inglaterra?
A profunda influência espiritual para o bem dos
pecadores e para a glória de Deus procede de
homens e mulheres que se dedicam à oração e à
meditação.
R. Housman, um dos amigos de Charles Simeon,
que viveu com ele na mesma casa durante
alguns meses diz alguma coisa sobre a sua
devoção, sobre o seu grande fervor de piedade,
sobre o seu grande zelo e amor.
“Invariavelmente, Charles Simeon levantava-se
cada manhã, mesmo no Inverno, às quatro
horas da madrugada. E depois de acender o fogo,
dedicava as primeiras quatro horas do dia à
oração particular e ao estudo devocional das
Escrituras.”
Este era o segredo da sua grande graça e do seu
vigor espiritual. Ao receber instrução dessa
fonte e ao procurá-la com diligência, Charles
Simeon era confortado em todas as suas
provações e obtinha preparação para todos os
seus deveres.
Isto é verdade tanto para os crentes
individualmente como para as “Igrejas”. Sem
oração persistente não temos qualquer ofensiva
na batalha contra o mal. Tanto individualmente
202
e como “Igrejas” estamos destinados a invadir e
a despojar as fortalezas de Satanás.
Que o exemplo de Charles Simeon nos
impulsione tanto individualmente como
“Igrejas” não somente às orações ocasionais,
mas a uma vida de oração, como disse
Housman, com “consistência e à realidade da
devoção.”
203
Peregrinando
O vento da provação tem batido com muita força
e continuamente em nós, mas pela fé em Cristo
temos permanecido de pé.
Isto é maravilhoso aos nossos olhos e procede
somente do Senhor o fornecer forças para
prosseguirmos na carreira que nos foi proposta,
de
segui-lo
independentemente
das
circunstâncias.
Tudo o que importa é que sejamos achados fiéis
em nossa jornada, trabalhando em prol da causa
do evangelho, que é a causa da vida eterna e do
bem, não somente para o interesse de nossas
almas, como também e sobretudo, para o do
nosso próximo.
Nossos apetrechos são apenas a oração, a
vigilância, a oração e a prática da Palavra de
Deus, confiando em Jesus, e apenas nele, para
todo o bom propósito espiritual e eterno.
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