Alerta Wall Street: perigoso superaquecimento no preço das ações mundiais O certeiro discurso da estudante Ana Júlia, 16 anos, nesta semana, na Assembleia Legislativa do Paraná, foi um míssil que explodiu na cara da burguesia e seus representantes. Eles tentam mais uma vez votar no parlamento emendas constitucionais às “reformas necessárias” da Educação, da Previdência e outras coisas vitais para a população trabalhadora. A coisa é muito pesada. Vai além das “reformas” imediatamente econômicas. Como uma que procura reformar a própria capacidade das pessoas poderem pensar e decidir o que elas querem. Ana Júlia denuncia em seu discurso que os donos do Estado querem impor o que eles chamam de “lei da escola sem partido”. Esclarece que é para lutar contra essa e outras ameaças que os estudantes ocupam as escolas no Brasil. E atira contra os engravatados e obesos deputados paranaenses “ A lei da escola sem partido é uma afronta, uma escola sem senso crítico, uma escola racista, uma escola homofóbica. Falar de uma lei da escola sem partido é falar para a sociedade que vocês querem formar um exército de não pensantes, um exército que ouve e abaixa a cabeça. E nós não somos isso. Nós temos história e nesta história lutamos contra isso. No início do século 21, em pleno ano de 2016, vocês querem nos impor isso? A escola sem partido nos insulta, nos humilha, nos fala que não temos capacidade de pensamento próprio. Só que a gente tem, e a gente não vai abaixar a cabeça para isso”. Ana os acusa também de impor ao país uma proposta de emenda constitucional que é também uma afronta aos filhos dos trabalhadores: “A PEC-241 é outra afronta à gente. É inconstitucional. É contra a Constituição cidadã de 1988. Nela a gente tem a seguridade social, a PEC 241 acaba com isso. É também uma afronta à Previdência Social, à Saúde, à Educação, à Assistência Social. A gente não pode simplesmente deixar isso acontecer. A gente não pode cruzar os braços para isso”. Finalmente, ao se referir à morte do estudante Lucas, em uma das escolas ocupadas nesta semana, fato covardemente utilizado pelos filhos da ordem e progresso e sua corrupta mídia para atacar o movimento, Ana dispara mais um míssil que tumultuou a seção do imundo parlamento paranaense “Vocês estão aqui representando o Estado, e eu convido vocês a olharem a mão de vocês. A mão de vocês está suja com o sangue do Lucas. Não só do Lucas, mas de todos os adolescentes e estudantes que são vítimas disso. O sangue de Lucas está na mão de vocês”. A ocupação das escolas brasileiras é uma luta dos estudantes críticos e revolucionários que denunciam e se organizam para combater em seu espaço escolar este novo e sanguinário projeto de reformas liberais dos capitalistas e seus representantes no exército, nas polícias Copyright Crítica da Economia © 2016. | 1 Alerta Wall Street: perigoso superaquecimento no preço das ações mundiais militares, nos parlamentos, nos tribunais, na mídia, nas Universidades e demais escolas, nas igrejas, nos bandos armados e paramilitares que se reproduzem a olhos vistos em todo o território nacional. O sangue nas mãos burguesas vai aumentar muito com esse novo projeto de aprofundamento da exploração da classe operária no Brasil. Na violência cada vez mais armada do seu Estado democrático, a classe burguesa brasileira e outros parasitas menos votados tentam impor na porrada o toque de silêncio e de abafamento das manifestações para impetrar uma grande mutilação liberal na já miserável ordem social vigente. A exploração da classe operária tem que aumentar para que as classes proprietárias sobrevivam à nova crise global que se aproxima. A níveis inimagináveis. Esse ataque é político e econômico. Ocorre simultaneamente em outros importantes países da América Latina. Como Argentina e Venezuela, para falar apenas em dois outros países que, como o Brasil, também se encontram em fase já bastante avançada de ingovernabilidade. Trata-se então de reforçar policialmente e politicamente o Estado democrático para defender, antes de tudo, a propriedade privada nacional e internacional neste imenso território continental de caça do imperialismo. Para administrar o massacre econômico e social que se anuncia nas reformas liberais em curso e que já começa a ser executado no Brasil e na Argentina há que se “aprimorar” os mecanismos de repressão e de ordem social. É o que eles chamam de problema da “segurança”. No Brasil esse problema da burguesia é mais premente que alhures. A situação de miséria social no Brasil (e, portanto, da “segurança”) já é uma das maiores da América Latina. A miséria aumentou tanto no Brasil nos últimos anos que o país está alcançando a liderança mundial de assassinatos. Segundo estatísticas publicadas nesta sexta-feira (28), em cinco anos, o Brasil teve mais assassinatos que a Síria, Em 2015, cerca de 58.383 pessoas foram assassinadas no Brasil. Equivale a dizer que o país teve um assassinato a cada 9 minutos, ou que 160 pessoas morreram de forma violenta e intencional por dia. No período de 2011 a 2015, neste paraíso capitalista dos trópicos morreram mais pessoas que na Síria em guerra tradicional. Aqui a guerra é outra, mais camuflada, mas foram 278.839 brasileiros mortos pela violência social, numero ainda maior que os 256.124 mortos pela guerra na Síria. Nas estatísticas da violência seguida de assassinatos o Brasil também se destaca tanto no alto número de policiais que matam quanto dos que morrem. Em 2015, enquanto Honduras e África do Sul tiveram, respectivamente, 98 e 582 vítimas que morreram por violência policial, a polícia brasileira assassinou 3.345 pessoas. Esses dados inéditos fazem parte do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que será lançado no dia 3 de Novembro pelo Copyright Crítica da Economia © 2016. | 2 Alerta Wall Street: perigoso superaquecimento no preço das ações mundiais Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FESP). Por falar em violência e “segurança”, aconteceu também nesta sexta-feira (28), em Brasília, pomposo almoço, seguido de reunião no palácio do Itamarati, dos chefes dos três poderes da República: Michel Temer, Renan Calheiros e Carmen Lúcia. Para que? Para discutir um “mutirão de combate à violência”, segundo o comunicado do encontro. Não foi comunicado se eles se referiam à violência da polícia sobre os trabalhadores e estudantes, da violência da PEC 241, da violência da “lei da mordaça”, da violência do desmantelamento da Previdência Social, da violência da “reforma trabalhista”, da violência da reforma do ensino médio, da violência do desemprego recorde anunciado na data de ontem, da violência do palhaço do presidente da Assembleia Legislativa do Paraná que tentou intimidar (e não conseguiu) a estudante Ana Júlia, quando ela disse bastante alto para todo Brasil ouvir que as mãos da burguesia e demais parasitas brasileiros estão com as mãos cheias de sangue, etc. O que se sabe (pelo menos as pessoas melhor informadas) é que esta nobre reunião não passa de mais uma articulação preventiva às revoltas sociais que as “reformas necessárias à estabilidade da economia” provocarão na vida dos trabalhadores no Brasil. Sabe-se também, conforme comunicado final da reunião da cúpula dos três poderes que “A ministra Carmem Lúcia registrou que a Corte já determinou a utilização imediata do fundo previdenciário para o aprimoramento [sic] e a construção de penitenciarias em todo o país”. Copyright Crítica da Economia © 2016. | 3