- Ensino Sistêmico sobre a Vida Cristã - Palavras Coligadas e Enigmas da Antiguidade Série: Sugestões para Leitura e Estudo da Bíblia 2ª Edição – Dez/2014 - Copyright do Autor – Ver Informações de Uso no Próprio Material Considerações Gerais Sobre o Uso Deste Material: Este material tem como objetivo servir de apoio ao conhecimento e aprofundamento do estudo da Bíblia e da Vida Cristã. Tendo como base o entendimento de que na Bíblia Cristã está contida a consolidação dos registros fundamentais e formais dos escritos inspirados por Deus para a humanidade e para cada indivíduo dela, os conteúdos expostos neste material não visam jamais acrescentar algo à Bíblia, e nem jamais retirar algo dela, mas almejam contribuir na exploração daquilo que já foi registrado e repassado a nós pelo Único Criador e Senhor dos Céus e da Terra ao longo de milhares de anos da história. O que se pretende apresentar são assuntos agrupados, coligados, organizados e sistematizados, visando abordar temas e considerações específicas contidas na Bíblia Cristã, com o intuito de auxiliar nas abordagens de alguns tópicos especiais dentre tão vasto conteúdo que ela nos apresenta. Eclesiastes 12:11 As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas, dadas pelo único Pastor. As palavras coligadas, postas juntas, como ditas no texto bíblico acima, servem como pregos de apoio para fixação, sustentação. Assim, um dos objetivos neste material é estudar e buscar um mais amplo entendimento das verdades que nos foram entregues pelo Único Pastor, O Deus Criador dos Céus e da Terra. Sugerimos que a leitura e o estudo sejam sempre acompanhados da prudência e averiguação devida, considerando que isto é um hábito muitíssimo saudável a ser feito em relação a qualquer material que é apresentado por outrem. O ato de aceitação, rejeição, ou o “reter o que é bom”, é um atributo pessoal e individual dado àqueles que recebem a sabedoria de Deus e que deveria ser exercitado ou usado por eles em relação a todo o material que chega às suas mãos. Provérbios 8:12 Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimentos e de conselhos. Ora, estes de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim. Atos 17:11 O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do SENHOR. 2 Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o SENHOR pesa o espírito. 3 Confia ao SENHOR as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos. Provérbios 16:1 Mais detalhes sobre www.ensinovidacrista.org. estas considerações de uso Ronald Gortz e Imi Gortz, servos do Senhor Jesus Cristo! foram postadas em Considerações Sobre Cópias e Distribuição Deste Material: Este material específico, impresso ou em mídia digital, está autorizado a ser copiado livremente para uso pessoal. Ele é direcionado àqueles que têm sede e fome de conhecerem mais sobre o Deus Criador dos Céus e da Terra, o Pai Celestial, sobre a Bíblia Cristã, a Vida de Cristo e a Vida Cristã, ou mesmo aqueles que somente querem iniciar um conhecimento sobre estes aspectos. Apocalipse 21:5 E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras. 6 Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida. A disponibilização livre desses materiais é tão somente a adoção de uma prática similar do exemplo e da maneira como o Rei dos Reis, O Senhor dos Senhores, distribui da fonte da água da vida àqueles que têm sede por ela. Se uma pessoa, para quem este material for benéfico, desejar compartilhá-lo com outras pessoas, poderá fazê-lo, preferencialmente, indicando o “Site” da Internet sobre este Ensino Sistêmico sobre Vida Cristã, onde ele pode ser obtido livremente. (www.ensinovidacrista.org). Entretanto, se uma pessoa quiser compartilhar este material com alguém que tenha restrições ou dificuldades ao acesso direto do “Site” em referência, ela poderá compartilhar uma cópia diretamente à outra pessoa, impressa ou digital, respeitando a reprodução completa do material, inclusive com as citações sobre os critérios de uso e de cópias. Enfatizamos, porém, que este material não está autorizado a ser copiado e distribuído, sob nenhuma hipótese, quando houver qualquer ação comercial envolvida. 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Mais detalhes sobre www.ensinovidacrista.org. estas considerações de uso foram postadas em Índice Conteúdo Índice ........................................................................................... 4 C1. Diversidade de Aspectos do Relacionamento com a Palavra da Verdade .......... 5 C2. Palavras que Esclarecem, Unificam e Sustentam Outras Palavras ................. 8 C3. Palavras Coligadas nas Escrituras .................................................... 11 C4. Palavras que se Utilizam de Outras Palavras Já Explicadas Previamente – Enigmas da Antiguidade ...................................................................... 23 C5. Detalhar sem se Afastar da Visão Global para evitar os Ventos de Doutrina .... 29 C6. Qual é o Melhor Dicionário Bíblico? ................................................. 32 Bibliografia .................................................................................. 35 5 C1. Diversidade de Aspectos do Relacionamento com a Palavra da Verdade Na Série Sugestões de Leitura e Estudo da Bíblia procuramos apresentar estudos que enriqueçam a forma de a pessoa interagir com os textos Bíblicos. Em cada um destes estudos queremos incentivar a pessoa a praticar, de fato, a leitura dos textos da Bíblia Cristã. Se o leitor tiver possibilidade e disposição, sugerimos que antes de avançar neste estudo específico, seja feita a leitura dos seguintes estudos: 1. “A História Contada pelo Pai de Todos os Filhos e Filhas”. 2. “Adequada Divisão da Palavra da Verdade”. Nos dois estudos referidos acima, foi iniciada a exposição de que há várias maneiras de uma pessoa se relacionar com os escritos da Bíblia. Neles também foi mostrado que a aproximação de uma pessoa com as Escrituras pode ser feita através de maneiras adequadas e boas, mas também por maneiras equivocadas e prejudiciais. No estudo sobre “A História Contada pelo Pai de Todos os Filhos e Filhas” foi dado um destaque de que nas Escrituras há narrativas históricas, princípios e condutas que se aplicam aos seres humanos de todas as épocas, mas que também há narrativas de fatos, princípios e condutas que eram dirigidos a pessoas em períodos específicos. O estudo sobre “A Adequada Divisão da Palavra da Verdade” foi apresentado como uma continuidade e complemento do primeiro assunto, asseverando que uma boa leitura e estudo da “Palavra da Verdade” necessita ser acompanhada de critérios específicos para reconhecimento dos diversos grupos de assuntos presentes nas Escrituras. Na Bíblia há uma diversidade de princípios de vida que variam de acordo com a escolha do tipo de vida que as pessoas fazem. É importante notar na Bíblia que “nem todo principio bíblico é um princípio cristão” e “nem todo princípio bíblico é uma instrução que deveria ser praticada pelos cristãos”. Diversas instruções e princípios bíblicos eram restritos às pessoas a quem foram dirigidos ou de acordo com opções por algumas formas de vida que elas fizeram. Apesar do conjunto completo das Escrituras ser considerado como “Palavra de Deus” ou “Palavra da Verdade” em tudo o que elas expõem, é necessário que a leitura delas seja feita com sobriedade e discernimento, pois elas expõem as possibilidades de caminhos assertivos e suas consequências, bem como expõem as possibilidades de caminhos corrompidos e suas consequências. A leitura deveria sempre levar isto em consideração para não confundir os caminhos assertivos com os caminhos distorcidos. Uma adequada identificação das distintas partes que se encontram ao longo da Bíblia, é fundamental para que se possa saber a quem cada uma destas partes é direcionada, visando um discernimento da aplicação ou não dos diversos textos na vida do leitor. Entretanto, além da Adequada Divisão da Palavra da Verdade, ainda há outros valorosos princípios fundamentais e gerais que são importantes a serem considerados no relacionamento com as Escrituras que nos foram deixadas pelo Senhor. 6 Um dos princípios mais belos e lindos apontado nas Escrituras é o fato de que o Deus das Escrituras é um Deus vivo e presente e está junto à vida daqueles que desejam conhecer as palavras do Senhor. As Escrituras da Bíblia tem o suporte constante e vivo Daquele que inspirou a escrita das mesmas. A presença viva do Senhor vivifica a Sua palavra de forma renovada no coração das pessoas de cada nova geração. Todavia, antes de vermos mais sobre a presença viva do Senhor junto àqueles que buscam conhecer os detalhes da Palavra da Verdade, assunto que está exposto especificamente no estudo “Letra ou Vida”, gostaríamos de nos deter um pouco mais em alguns detalhes conceituais e estruturais do relacionamento com as Escrituras. Conforme já citamos nos estudos anteriores, a Bíblia é um compêndio com um volume extraordinário de informações. A Bíblia não se refere a um simples livro literário de histórias e fatos antigos. As Escrituras são um depósito de narrativas de fatos verdadeiramente ocorridos, descrição de experiências, conhecimentos registrados por séculos e o conjunto de uma gama de conceitos e princípios inigualáveis na face da Terra. Outro aspecto fundamental das Escrituras é que elas se apresentam como a narrativa de uma diversidade gigantesca de informações, mas ao mesmo tempo se apresentam como sendo as Escrituras que tem uma mesma fonte de informações. O fato das Escrituras apresentarem uma diversidade, mas, ao mesmo tempo, serem a expressão de uma só fonte e uma mesma história no seu todo, faz com que elas tenham que ter consistência, credibilidade e uma mesma continuidade condizente em todos os seus registros. Se nos dois primeiros estudos citados no inicio do capítulo o objetivo é direcionado a despertar o leitor para uma adequada divisão da palavra da verdade quanto ao fator cronológico e o fator dos grupos de público alvo, neste novo estudo, por sua vez, o objetivo é falar sobre a realização do caminho inverso dos dois primeiros temas. Neste novo tema o alvo é destacar a importância de agrupar o entendimento de textos similares distribuídos em diversas partes ao longo da Bíblia. Uma vez que se aprende a separar partes da Bíblia adequadamente, as partes separadas podem ser vistas de maneira agrupada com os outros trechos que contêm assuntos comuns ou similares entre si. Se a adequada divisão da palavra da verdade coopera para o enriquecimento do entendimento das Escrituras, o agrupamento de vários textos similares distribuídos ao longo delas também coopera grandemente para o aprofundamento da compreensão da “palavra de Deus”. Há propósito para separar e há propósito para ajuntar. Isaías 34:16 Buscai no livro do SENHOR e lede; nenhuma dessas coisas falhará, nem uma nem outra faltará; porque a sua própria boca o ordenou, e o seu espírito mesmo as ajuntará. (RC) Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: ... tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; Eclesiastes 3:1 5 7 A separação, conforme já mencionado, é direcionada mais precisamente para o discernimento das partes que são dadas para serem vividas pelo cristão e as partes que são dadas com o objetivo de não serem aplicadas por ele. O benefício da devida separação de assuntos é de importância incalculável e guarda as pessoas de ser envolverem no que não lhes é pertinente e as protege de dissabores de grandes proporções. Por outro lado, o processo de ajuntar informações, conteúdos, conceitos e princípios, serve de importantíssima ferramenta para dar consistência e sustentação àquilo que se almeja avaliar. No presente estudo, queremos ver alguns aspectos muito valiosos que visam cooperar com o esclarecimento das formas práticas de como o processo de ajuntamento de informações e conceitos pode ser realizado na aproximação e relacionamento com as Escrituras Bíblicas. A abordagem deste estudo visa oferecer reflexões que permitam que mais uma parte das diversidades de aspectos do relacionamento com as Escrituras seja conhecida, para que os benefícios dela possam ser mais amplamente acessados. 8 C2. Palavras que Esclarecem, Unificam e Sustentam Outras Palavras Em princípio, o exercício de dividir adequadamente a palavra da verdade para uma compreensão do que se aplica ou o que não se aplica a uma pessoa, pode parecer que não combina muito com a ideia de ajuntamento de palavras e com a ideia de não perder o foco global que Deus expressa em seus escritos. Contudo, o processo de dividir para agrupar ou o processo de dividir em partes para agrupá-las de acordo com um objetivo específico, é extremamente comum na vida do ser humano. O próprio ser humano é um ser composto de muitas partes e que se mantêm unidas, apesar de que o seu corpo diariamente separa e expele aquelas que o corpo não quer que sejam mantidas incorporadas a ele. Desde a fabricação de um carro ou de um avião, e até de um pão que diariamente é feito, o princípio de separação e agrupamento de partes é utilizado. As pessoas separam fios para reagrupá-los em tecidos, para novamente cortá-los e agrupá-los para fazerem roupas, toalhas, bordados e toda a diversidade advinda destas atividades. Por que, então, os cristãos não deveriam também se esmerar em aprender a manusear adequadamente a “Palavra da Verdade”, a “Palavra que ensina sobre a vida na Terra e sobre a vida eterna”? 1 Ts 5: 20 Não desprezeis as profecias; 21 julgai todas as coisas, retende o que é bom; 22 abstende-vos de toda forma de mal. 1 Coríntios 14:20 Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia e adultos no entendimento. (RC) Na vida em geral, pode ser observado que muitos ajuntamentos de partes formam conjuntos de coisas completamente novas. Uma parede é o ajuntamento de várias peças, um bolo é o resultado de um agrupamento e processamento de diversos ingredientes. Nas Escrituras Bíblicas, à sua própria maneira, este expediente de ajuntamento de partes também pode evidenciar ou conceder luz a entendimentos e compreensões completamente inusitadas para os leitores e para aqueles que se relacionam com os escritos dela. Assim como há muitos materiais que são usados para dar a liga entre elementos distintos que compõem algo novo, assim também ocorre com algumas partes dos escritos da Bíblia. Outro ponto a ser destacado em ajuntamentos de partes distintas é o aspecto da sustentação que há na agregação de alguns elementos a outros. Por exemplo, assim como ferro é colocado para dar maior sustentação a uma viga de concreto, há palavras ou sentenças nas Escrituras que exercem a função de sustentação a outros trechos das mesmas. 9 Ainda outros elementos da vida material servem como instrumentos de encaixe, conexão e fixação de outros elementos. Sem eles, as outras coisas tornam-se frágeis ou ate inúteis. Podemos comparar isso, por exemplo, à situação em que alguém compra móveis pré-moldados que vêm desmontados e que precisam ser montados em casa. Sem os pregos, encaixes ou parafusos de fixação, aqueles móveis não são utilizáveis, pois não conseguem ficar em pé por falta de firmeza nos diversos encaixes. Os pregos são como pequenas peças que dão firmeza ao todo. Os pinos firmam o entrelaçamento das diversas peças. Também situações correlatas a essas ocorrem com as Escrituras Bíblicas. Contudo, com o propósito de não nos dispersarmos procurando uma terminologia para cada uma destas situações que podem ocorrer em relação às Escrituras, gostaríamos de concentrar o conjunto delas debaixo de um termo comum encontrado em algumas versões de uma descrição dos próprios escritos da Bíblia. A expressão que gostaríamos de usar para nos referirmos às palavras ou sentenças que esclarecem, unificam e dão sustentação a outras palavras, é o termo combinado de duas palavras chamado de “palavras coligadas” ou “sentenças coligadas”, cuja ideia de uso foi extraída da linda declaração do texto a seguir: As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas (ou coligadas), dadas pelo único Pastor. Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. Eclesiastes 12:11 12 O texto acima citado, não apresenta uma tradução uniforme quanto ao uso das mesmas palavras nas diversas versões e idiomas, mas em todas as suas variantes está exposta a ideia de que as palavras reunidas e agrupadas, ou as palavras selecionadas e agrupadas por estudiosos, passam a expressar uma finalidade especial. A palavra "coligada", talvez, não é usada comumente em alguns idiomas, mas dá uma boa ideia do que pretendemos expor neste assunto. A palavra transmite o pensamento de (1) para ligar ou unir; atar firmemente; aderir ou (2) relacionar (fatos isolados, observações, etc.) a uma hipótese geral. (Definição descrita por dictionary.reverso.net). Notemos novamente o que nos diz o verso de Eclesiastes: Existem muitos textos e muitas palavras no mundo, mas há várias palavras que podem ser compostas em “sentenças coligadas”. Estas sentenças, por sua vez, servem como pregos bem fixados. A ideia de pregos como usado no referido texto, pode abranger vários aspectos. Os pregos historicamente podiam, por exemplo, referir-se ao uso de pregos de madeira para juntar coluna com coluna em construções de madeira, podiam ser estacas que seguravam as tendas, podiam ser fixadores de paredes, telhados, e podiam ser estacas que se utilizam para escalar montanhas, paredes ou lugares íngremes. E muito mais. Como é terrível e perigoso, por exemplo, subir ou descer uma escada cujo degrau está solto porque não foi firmado por um prego ou parafuso ou porque o prego não foi bem fixado. 10 De forma similar, a última analogia é aplicada a palavras ou sentenças. Há palavras e sentenças que podem ser bem definidas, firmes e bem estabelecidas a ponto de servirem de suporte para quem por elas anda ou nelas se apoia. Há outras, porém, que podem tornar um caminho frágil e perigoso. Salmos 119:133 Firma os meus passos na tua palavra, e não me domine iniqüidade alguma. Salmos 119:89 Para sempre, ó SENHOR, está firmada a tua palavra no céu. Provérbios 12:6 As palavras dos perversos são emboscadas para derramar sangue, mas a boca dos retos livra homens. Provérbios 29:12 Se o governador dá atenção a palavras mentirosas, virão a ser perversos todos os seus servos. Vamos rever mais uma vez o texto de Eclesiastes já exposto anteriormente. As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas (ou coligadas), dadas pelo único Pastor. Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne. Eclesiastes 12:11 12 Neste texto em destaque, pode ser visto também que muitas vezes a solução não é a quantidade de palavras. Nem sempre a multiplicação de livros sobre um tema o torna num “prego bem fixado”, pelo contrário, “não há limite para os livros” e muitas vezes a expansão de um assunto o torna cada vez mais diluído, fragilizado e divergente, em vez de sólido e forte. Outro ponto crucial do texto, e certamente o mais crucial de todos, é a declaração de que as “sentenças coligadas” tem um razão especial para serem comparadas a pregos bem fixados. A razão desta comparação somente é sustentável porque as "sentenças coligadas" são dadas a partir da única fonte de palavras que são verdadeiras firmes e eternamente sólidas, a saber: O Único Pastor e Bispo das almas dos seres humanos. 1 Pedro 2:25 Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma. As “palavras coligadas” que são dados pelo Único Pastor são palavras que esclarecem, unificam e sustentam outras palavras. No próximo capítulo procuraremos descrever e exemplificar um pouco mais detalhadamente algumas ações destas “palavras coligadas” no âmbito do relacionamento com as Escrituras. 11 C3. Palavras Coligadas nas Escrituras Obviamente não se pretende esgotar o assunto das palavras coligadas nas Escrituras neste capítulo, mas o foco é trazer algumas exemplificações destas palavras e alguns princípios que estão associadas a elas. O objetivo destas exemplificações e considerações é auxiliar na percepção de alguns funcionamentos das palavras coligadas para que os leitores das Escrituras possam utilizar os conceitos dos exemplos na diversidade de outros temas da Bíblia. Em um primeiro momento, uma pessoa pode vir a pensar que a ampliação de conhecimento e de entendimento estará sempre atrelada à expansão e ao alargamento do horizonte dos conhecimentos. Este tipo de pensamento pode levar a pessoa a querer buscar sempre uma maior divergência e ampliação do conhecimento da diversidade existente. Entretanto, a divergência e a diversidade, por si só, não são garantia de obtenção de conhecimento e nem de entendimento. Se o ser humano dependesse do conhecimento de todos os detalhes do universo que o rodeia, ele jamais teria respostas para as questões mais importantes e eminentes da sua vida. O caminho da convergência em muitos casos, provavelmente na maioria e nos principais, é mais importante para o conhecimento e entendimento do que a divergência e a diversidade. Na vida há questões definidas, que estão estabelecidas e jamais sofrerão qualquer mudança. Tiago 1:17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança. Buscar a divergência nos fatores que já são claramente e verdadeiramente consolidados e estão firmemente estabelecidos, somente postergará o encontro com aquilo que já está definido de forma concreta. O texto de Eclesiastes 12, colocado em destaque no capítulo anterior, diz que “o muito estudar é enfado da carne”, pois quando se estuda a variação daquilo que não pode variar, o estudo nunca chegará a um resultado concreto, mas somente levará o estudioso ao desgaste e enfado. Como que as divergências e as divagações, que não nunca culminam para convergências e definições consistentes, poderão ser como um prego bem fixado para servir de apoio e sustentação? O Único Pastor, citado em Eclesiastes, não age somente na expansão da revelação da diversidade, Ele tem palavras firmes que convergem e concentram as divergências em definições muito exatas, contundentes, precisas, muito bem definidas e muito bem estabelecidas. 1 Pedro 1:21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus. 12 As “sentenças coligadas” dadas pelo Único Pastor não são vagas, subjetivas, mas elas são dignas de confiança, são palavras que servem para direcionamentos e posicionamentos bem objetivos na vida daqueles que as recebem. As “palavras coligadas” dadas pelo Único Pastor conectam e consolidam tudo o que necessário para que as Suas sentenças possam servir de decisão e apoio e, ao mesmo tempo, também possam servir de proteção para que nenhum aspecto que pudesse fragilizar as Escrituras ou corromper o propósito pelo qual foram dadas seja adicionado a elas. O “Único Pastor” que deu todas as palavras espalhadas pelos séculos também é o “Único Pastor” que dá as sentenças coligadas das diversas palavras, as quais sustentam as pessoas para que possam pautar suas vidas nestas sentenças e também para que possam agregar devidamente outras partes das Escrituras às suas vidas. É admirável como escritos de tantos séculos foram registrados de forma que todos eles apontem para o mesmo e Único Deus. São muitos escritos que apontam para um mesmo ponto. E isto ocorre somente porque sempre foram dados pelo mesmo e Único Pastor. Se por um lado, a grandeza de Deus é admirável pelo fato Dele espalhar os seus escritos adequadamente por séculos, por outro lado, também é igualmente admirável o poder de conexão, encaixe, síntese, condensação e consolidação que é expresso na palavra de Deus. Os escritos da Bíblia informam e expandem os principais e os essenciais assuntos sobre a vida humana na Terra e sobre a preparação para a vida que segue após o tempo de vida no corpo terreno. Ela oferece muitas e muitas informações sobre os assuntos mais relevantes que uma pessoa necessita saber. Contudo, para que haja uma clareza muito prática e objetiva sobre os principais e essenciais assuntos sobre a vida, as Escrituras Bíblicas também contém sentenças que sumarizam e associam as questões essenciais de forma bem direta e pontual. Há textos nas Escrituras que associam verdades e as consolidam com uma grandeza e maestria que os escritores humanos, somente com as suas habilidades naturais, jamais conseguiriam fazer. As sentenças coligadas, dadas pelo Único Pastor, e registradas nas Escrituras por homens inspirados por Deus, são como um suporte firme para os demais escritos da Bíblia na vida de uma pessoa. Vejamos a seguir alguns dos muitos exemplos de “palavras coligadas” ou “sentenças coligadas” que há nas Escrituras e algumas considerações sobre elas como palavras de esclarecimento, unificação e sustentação que são para outras palavras. Sentenças Coligadas - Exemplo 1: Isaías 43:11 Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador. Este texto registrado pelo profeta Isaías é um exemplo de uma “sentença coligada” com uma afirmação muito forte e muito claramente definida. É uma afirmação que se 13 choca com qualquer pensamento sobre a face da Terra que apresente uma alternativa contrária ao Senhorio Supremo de Deus e à Sua condição de Salvador exclusivo. Apesar de a Bíblia conter longos trechos de textos, nela há também uma série de textos com poucas palavras ou com poucas sentenças que contêm em si mesmo verdades completas, que por si só compõem um todo. Estes textos sintetizados servem, ao mesmo tempo, de colunas para as demais Escrituras, bem como de filtros contra as palavras que se opõem a estas afirmações tão contundentes. Conforme expresso na própria Bíblia, nenhuma pessoa, na sua vida na Terra, é obrigada a concordar com esse tipo de afirmação feita pelo profeta Isaías, mas o que não pode ser negado é que estas afirmações de fato estão registradas na Bíblia, fazendo com que elas sejam um fundamento em todos os seus escritos. Há trechos na Bíblia em que um só versículo contém em si mesmo aquilo que passaremos a chamar de “uma afirmação global” com começo, meio e fim. Pode até ser que um verso deste tipo, como o citado por Isaías, não explique a “razão” do Deus da Bíblia ser o Senhor Soberano, talvez ele não explique o que O faz ser o Único Salvador, mas uma coisa é clara: ele afirma que Deus é o Senhor e Único Salvador. Pode até ser que sejam necessários outros textos complementares para ampliar as explanações sobre uma “afirmação global” tão objetiva e concentrada, mas é impressionante observar como um único verso das Escrituras esclarece de forma tão precisa que em todo o Universo existe somente um Salvador e que, ao mesmo tempo, não existe nenhum outro Salvador. O verso declarado por Isaías, limita as possibilidades de salvação no Universo a um Único Ser somente. Várias tentativas de adesão de mais textos à Bíblia foram feitas por pessoas ao longo da história, mas as mesmas não tinham em si mesmas as conexões suficientes que lhes eram necessárias para serem incorporadas e mantidas unidas às demais já estabelecidas firmemente. Em função da clareza de definição de um texto como o de Isaías 44 verso 3, nenhum escrito humano que não concordasse plenamente com ele teria os elementos mínimos de conexão com as Escrituras de Deus. Se em algum outro ponto de toda a Bíblia fosse encontrada uma variação contrária a esta afirmação de Isaías 44, as bases de sustentação da Bíblia estariam seriamente fragilizadas. Aqueles que já estão mais familiarizados com a Bíblia sabem que estas afirmações centrais nela declaradas nunca são contrariadas nas Escrituras, pelo contrário, elas são confirmadas e ratificadas vez após vez. Isaías 44:6 Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus. ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! Judas 1:25 As “palavras coligadas” de Isaías 44 verso 3 convergem a salvação para um só ponto em todo o Universo e por isto servem de firme sustento para aqueles que nelas creem. Se uma pessoa não se apoiar nestas “palavras coligadas” e se apoiar em outras palavras 14 que não são dadas pelo Único Pastor, cedo ou tarde, ela se deparará com o fato de ter-se apoiado em um prego que não estava de fato bem fixado. Sentenças Coligadas - Exemplo 2: João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Que conjunto mais extraordinário e belo de “palavras coligadas” pode ser visto no texto deste segundo exemplo. Como é possível consolidar toda a descrição da história da redenção e também do propósito da salvação de Deus em apenas “duas” linhas de texto? O versículo 16 de João 3 mostra um poder de síntese e condensação imensurável quanto ao que ele abrange em termos de informações e quanto ao que ele abrange em termos de proposta para a vida dos seres humanos. Que pessoa na Terra poderia condensar uma frase tão curta com tão imensas e extensas implicações como as encontradas no verso 16 de João 3? Quem poderia, com a devida propriedade, declarar uma frase tão pequena, mas com afirmações de tamanha amplitude? As sentenças coligadas que afirmam resumidamente e objetivamente quem e como Deus é e qual é o desejo de Deus para a criação, jamais deveriam deixar de estar no coração e diante da vista das pessoas, pois elas são proteção para que se possa crescer no conhecimento de outros assuntos e se aprofundar neles sem se desviar dos pontos cruciais da vida cristã. As sentenças coligadas que o “Único Pastor” nos concedeu, servem de sustentação para que uma pessoa possa se apoiar e ser edificada de forma sólida e firme sobre a Rocha da Salvação Eterna, que é o Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito dado pelo Pai Celestial. Salmos 89:26 Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai, meu Deus e a rocha da minha salvação. Sentenças Coligadas - Exemplo 3: Este exemplo trata-se de um complemento de um mesmo exemplo usado no estudo sobre a “Adequada Divisão da Palavra da Verdade”. As palavras “coligadas numa sentença”, independentemente do tamanho destas sentenças, são firmes e podem trazer uma enorme implicação na vida das pessoas que as leem e que se creem nos seus ensinos. No estudo sobre a Adequada Divisão da Palavra de Deus, foram vistos dois textos de Paulo que tem a finalidade de “sentenças coligadas” para que um cristão não incorra de novo na submissão à Lei de Moisés. 15 Romanos 3:19 Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. (RC) Romanos 6:14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Se um cristão remover uma “sentença coligada” da sua vida, como as citadas acima, ele também pode estar removendo os pregos que fixam os degraus da sua vida para não ser novamente envolto naquilo do qual ele foi liberto. Quando Paulo registra a afirmação que diz que “o que a lei diz (lei de Moisés) é para os que estão debaixo da lei o diz”, esta declaração torna-se uma sentença coligada e de sustentação para aqueles que não estão debaixo da lei. Eles podem passar a ter a convicção e paz por saberem que a lei de Moisés não é dirigida a eles para que sejam os cumpridores dos seus mandamentos. Por outro lado, esta declaração também pode ser uma palavra de alerta da obrigatoriedade do cumprimento de toda a lei, e da impossibilidade disto, para todos aqueles que se sujeitam à referida lei. Todavia, as Escrituras também não se limitam a dar somente “sentenças coligadas” que informam aquilo que não se aplica ao cristão, elas também dão todas as “sentenças coligadas” que apontam para o local onde se encontra o conteúdo daquilo que foi dado para a vida cristã. Romanos 1: 16 Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. 17 Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. (RC) Se pela Lei de Moisés se adentra no caminho que leva ao conhecimento da injustiça pela tentativa de justificação por obras, pelo conhecimento e fé no Evangelho de Cristo se adentra ao caminho que leva ao conhecimento da justiça redentora de Deus. As “sentenças coligadas e bem fixadas” são a expressão do propósito de Deus, e qualquer palavra que tentar contrariá-las estará tentando contrariar o querer eterno de Deus e deveria ser rejeitada brevemente e firmemente por um cristão. Os escritos da Bíblia mostram os caminhos que convergem para a justiça de Deus, bem como mostra os caminhos que convergem contra a justiça de Deus. Portanto, a leitura e estudo das Escrituras deveriam ser acompanhados das “sentenças coligadas” como ponto de fixação e sustentação para que o leitor se mantenha no caminho reto do Senhor. 16 Sentenças Coligadas - Exemplo 4: Ao observar as Escrituras bíblicas de forma mais pormenorizada, é possível ver que nelas estão expostos diversos textos chaves que contêm verdades completas e fundamentais, conforme foi visto nos exemplos anteriores. Estes textos chaves é que estão sendo denominados, neste estudo, de “sentenças ou palavras coligadas”. Por outro lado, também há nas Escrituras algumas partes que dependem desses textos chaves para serem entendidas adequadamente. Há diversos textos nos registros da palavra de Deus que dependem das sentenças coligadas para que a verdade contida neles seja visto em concordância com as verdades fundamentais expostas na Bíblia. Em outras palavras, se algumas sentenças coligadas não forem compreendidas e assimiladas previamente, também os textos que são explicados por elas não poderão ser compreendidos adequadamente. As sentenças coligadas das Escrituras servem para iluminar outras partes das próprias Escrituras. Assim sendo, a compreensão de uma sentença coligada pode servir de chave para um novo, mais amplo e muito mais acurado entendimento do verdadeiro fundamento que está por detrás de outras grandes parcelas das Escrituras. As verdades das sentenças coligadas norteiam o estudo de outras partes das Escrituras e assim também servem de escudo contra as variantes indevidas de interpretação e aplicação de trechos da palavra de Deus. Apesar de muitas palavras coligadas serem expressas em frases curtas e concentradas, elas não são trechos resumidos somente para que uma pessoa as decore e as tenha na ponta da língua. O conhecimento delas também serve como balizadores para que a pessoa compreenda a palavra de Deus de forma segura e de forma que ela não se desvie do caminho da verdade. Visto que nas Escrituras um mesmo tema pode ter ângulos distintos tratados ao longo dos trechos de toda a Bíblia, as sentenças coligadas também exercem um papel fundamental para tornar uniformes os assuntos iguais que se encontram distribuídos em várias partes dos registros bíblicos. O fato dos textos de assuntos similares estarem distribuídos em partes distintas das Bíblia, não diminui em nada a estabilidade e credibilidade dos mesmos, pois as sentenças coligadas os unem a despeito do tempo e do local em que foram dados por Deus para serem considerados como parte das suas Escrituras. Os mais diversos trechos bíblicos se mantêm sólidos e unificados por milhares e milhares de anos e assim permanecerão, porque o Único Pastor colocou neles todas as conexões eternas necessárias para os sustentarem constantes e inabaláveis para sempre. 1 Pedro 1:25 a palavra do Senhor, porém, permanece eternamente. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada. Para exemplificar o uso de algumas “sentenças coligadas” para elucidar múltiplos textos de um mesmo assunto específico distribuído em várias partes das Escrituras, usaremos o tema bíblico sobre a “sabedoria”. 17 Em um dos livros da Bíblia do chamado “Antigo Testamento”, o livro de “Provérbios”, encontra-se uma grande série de escritos que fazem referência à “sabedoria”, como por exemplo: Provérbios 4:7 O princípio da sabedoria é: Adquire a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o entendimento. Provérbios 3:13 Provérbios 8:11 Feliz o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire conhecimento; Porque melhor é a sabedoria do que jóias, e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela. Provérbios 8:12 Provérbios 11:2 Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimentos e de conselhos. Em vindo a soberba, sobrevém a desonra, mas com os humildes está a sabedoria. Lendo estes textos acima citados sobre a sabedoria, e há muitos outros, uma pessoa pode passar a dar atenção aos mesmos e pode também se conscientizar da importância de adquirir e manter a sabedoria em sua vida. Esta pessoa pode, inclusive, passar a envidar grandes esforços para alcançar a tão importante e necessária sabedoria. Mas somente a partir da leitura de Provérbios, será que é possível desvendar facilmente e exatamente qual é a sabedoria que a pessoa deveria passar a buscar? De qual sabedoria o livro de Provérbios está falando? A sabedoria a ser buscada, é aquela que se encontra depositada nos servidores da Internet? É a sabedoria que se encontra nas bibliotecas ao redor do mundo? É a sabedoria que se encontra nas pessoas de idade mais avançada? Seria a sabedoria milenar dos filósofos? Ou seria ela a sabedoria difundida por consultores, mentores e orientadores, ou ainda, a sabedoria propagada por jovens atores que anunciam seus conselhos baseados nos seus sucessos de exposição pública ou nos seus sucessos financeiros? São muitos os textos do próprio livro de Provérbios que falam de sabedoria, mas seriam estes, por si só, pregos bem fixados? O texto de Eclesiastes diz que o “Único Pastor” concede sentenças coligadas que são pregos bem fixados. O que seriam então estas “palavras coligadas” ou “sentenças coligadas” em relação às palavras da sabedoria de Provérbios? As sentenças coligadas, conforme já mencionado, também são como aqueles pinos de encaixes (pregos de madeira, metal ou pedra) que firmam todas as partes que compõe um todo. É interessante observar que se for encontrada uma sentença coligada que tenha função de sustentar a muitas outras palavras e sentenças, cada um dos versos soltos de um trecho passa a ter o valor agregado ampliado e passa a ter algo a acrescentar à própria sentença coligada, complementando o ensino central de todas as sentenças. 18 Quando, porém, não se tem a sentença coligada de sustentação, podem pairar diversas dúvidas em como uma pessoa pode aplicar um texto de forma prática em sua vida. Assim, seguindo o nosso exemplo da “sabedoria”, será que na Bíblia há sentenças coligadas que possam dar firmeza a tantos textos de Provérbios que falam sobre a necessidade da sabedoria e do entendimento? Como exercício prático da busca das “sentenças coligadas” para uma melhor compreensão sobre a “sabedoria” citada em Provérbios, nós gostaríamos de sugerir a observação de alguns textos a seguir: Primeiro texto: Tiago 3:14 Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. 15 Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. 16 Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. 17 A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento. O “Único Pastor”, através dos escritos registrados por Tiago, apresenta palavras que indicam a necessidade de pregos fixadores ao assunto “sabedoria”. Pelo texto de Tiago, pode ser observado que o seu foco não está na obtenção daquilo que comumente é chamado de “sabedoria”! Para que a verdadeira sabedoria seja alcançada, não basta possuir conhecimentos terrenos e as formas de aplicações destes conhecimentos. É necessário saber se a informação daquilo que se propõe ser sabedoria vem de boa fonte ou de má fonte. O fato de muitas pessoas não checarem a fonte de tudo aquilo que é chamado de sabedoria não seria uma das razões de tantas tentativas chamadas de “sábias” fracassarem vez após vez? Não seria a falta da distinção do tipo de sabedoria que estaria levando as pessoas a pisarem em degraus fixados com pregos inadequados ou até sem pregos? No texto de Tiago em referência, podemos destacar as seguintes palavras como sendo uma “sentença coligada” que procuramos, a saber: “a sabedoria lá do alto”. “A sabedoria lá do alto” é uma sentença coligada que estabelece um conceito completamente inusitado às formas pelas quais a grande maioria das pessoas busca a “sabedoria”. Ela concede um prego de fixação para todo e qualquer assunto sobre a sabedoria e entendimento. Depois que uma pessoa percebe esta sentença coligada de que “a sabedoria do alto” é a “sabedoria que contém de fato a verdadeira sabedoria’’, toda leitura dos textos de Provérbios passa a ter uma perspectiva completamente renovada. Se uma pessoa ler os trechos de Provérbios pensando em buscar conceitos de sabedoria dissociados da sabedoria de Deus, ela estará buscando palavras que não se 19 sustentarão, pois não estarão fixadas pelos pregos das sentenças coligadas dadas pelo Único Pastor. O texto de Tiago, como uma sentença coligada de inestimável valor, esclarece para o presente e para o futuro o que os textos de Provérbios dizem para ser buscado com tanto apreço e intensidade, a saber: “A Sabedoria que vem de Deus”. Entretanto, uma vez estabelecida esta sentença coligada como um prego bem fixado, outra pergunta poderá se levantar: Como, então, obter a sabedoria do alto? Podemos ver aqui que um prego de fixação já foi obtido, mas ainda necessitamos de outro para alcançar uma posição mais prática em relação ao texto de Provérbios sobre a sabedoria. No primeiro prego obtido foi visto que a sabedoria almejada é a “sabedoria do alto”, mas no segundo prego a ser bem fixado buscamos a informação sobre o meio de obter a sabedoria do alto. O segundo prego de fixação não tem mais o seu foco no que se deseja alcançar, mas em como alcançá-lo, abrindo assim a necessidade do agrupamento e da fixação de outro conjunto de textos. Vejamos assim alguns outros textos sobre a sabedoria e sobre as condições para obtê-la. Segundo grupo de textos: Provérbios 11:2 Tiago 4:6 Em vindo a soberba, sobrevém a desonra, mas com os humildes está a sabedoria. Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Salmos 138:6 O SENHOR é excelso, contudo, atenta para os humildes; os soberbos, ele os conhece de longe. As menções sobre a “sabedoria” no livro de Provérbios não são diferentes das menções sobre a “sabedoria” citadas milhares de anos após através de Tiago em novos textos bíblicos. São todos sobre a mesma “sabedoria”, mas a partir de Tiago estão revelados de forma mais direta os pregos de fixação deste tema. No contexto da busca pela sabedoria, pode-se observar que um dos elementos centrais para que a busca seja exitosa é a condição de humildade daquele que anela pela obtenção da sabedoria. As sentenças que sumarizam a forma como Deus vê a soberba e a humildade, são pregos muitos bem definidos no quesito da obtenção ou não da sabedoria. Ainda quanto aos pregos de fixação, podemos ver que eles antigamente também podiam representar estacas e eram usados como as colunas centrais que sustentavam as tendas. Uma vez que uma tenda era bem erguida e sustentada, a luz e o ar podiam entrar mais amplamente nela. 20 Quando Deus nos permite ver as sentenças coligadas das Escrituras, pode ocorrer uma grande mudança na forma como os escritos são lidos e vistos. Assim, e ainda continuando no exemplo sobre a “sabedoria”, vamos nos deter a mais um conjunto de textos. Terceiro grupo de textos: mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. ... 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, 31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. 1Coríntios 1:24 Se uma pessoa ler somente o livro de Provérbios, ela até pode vir a concluir que a sabedoria que uma pessoa deveria buscar é o conjunto de conselhos e informações sábias que há no mundo ou com os sábios dele. Entretanto, a partir de uma leitura pormenorizada das “sentenças coligadas” do texto do primeiro capítulo da carta aos Coríntios, a busca da sabedoria passa a ter uma instrução completamente nova. Uma coluna totalmente diferente é erguida perante a vida do leitor do referido texto, permitindo que a luz se manifeste de uma forma ampla e clara como não havia sido manifesta até então. O texto de 1Coríntios 1 não altera em nada a importância que o livro de Provérbios atribui à busca pela sabedoria e também não altera em nada as virtudes da sabedoria que são descritas naquele livro. Contudo, o texto de 1Corintios 1 dá uma perspectiva completamente nova do que é a sabedoria de Deus e onde esta sabedoria está guardada. Com a informação de 1Coríntios 1 é possível compreender a declaração de Provérbios que diz que a “sabedoria” tem nome, fala como uma pessoa e é, de fato, um ser vivo e real. Provérbios 8:12 Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de conhecimentos e de conselhos. Em Provérbios foram vistos vários textos da importância da sabedoria, em Tiago pode-se ver que a sabedoria de Deus é a sabedoria que vem do alto. Ainda em Tiago e nos Salmos foi visto que a sabedoria é dada por Deus pela sua graça, que é concedida aos humildes de coração. Entretanto, quanta mudança de perspectiva é trazida pela sentença coligada de 1Coríntios 1, pois ela afirma que “CRISTO É A SABEDORIA DE DEUS” que foi dada para os seres humanos. A sabedoria que vem do alto e é dada pela graça aos humildes, é uma pessoa viva! 21 A busca da “sabedoria”, a partir desta informação, passa a ser a busca de um relacionamento com uma pessoa específica, a pessoa do Senhor Jesus Cristo! A palavra de Deus diz que com o Senhor Jesus Cristo habita a prudência, a plenitude de conhecimento e dos conselhos celestiais para toda a vida e existência. Assim sendo, tendo esta nova sentença coligada como prego de fixação, pode ser visto que a “sabedoria do alto” é concedida àqueles que buscam e se relacionam com a pessoa do Senhor Jesus Cristo com humildade de coração. Esta é a combinação de “sentenças coligadas” que fixa a “busca da sabedoria” numa base inequívoca e bem definida. A carta aos Colossenses complementa esta afirmação ao narrar: para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus, Cristo, 3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. Colossenses 2:2 Por causa das “palavras coligadas” dadas pelo Único Pastor, podemos sair de uma busca de sabedoria calcada em conhecimentos e habilidades dispersos pelo planeta, para a sabedoria calcada num relacionamento vivo com o Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que conhece e contém todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento. Como a sabedoria está firmada em Cristo, o repasse dela não depende necessariamente da capacidade intelectual e de formação educacional de quem a recebe de Cristo, mas depende da pessoa se relacionar efetivamente com o Senhor Jesus e da capacidade de Cristo concedê-la a quem o busca. Nenhum autointitulado seminário bíblico pode garantir que seus alunos irão alcançar a verdadeira sabedoria, porque a dádiva dela não depende deles, mas isso depende, em primeiro lugar, da relação de uma pessoa com o próprio Cristo. O principal objetivo da obra de Cristo na Terra não visou, exatamente, a reconciliação dos homens com Deus? Tiago 1:5 Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. Sem as “palavras coligadas” reveladas no Novo Testamento, o homem continuaria tateando em degraus frágeis sobre o que seria a sabedoria de fato, mas com o ajuntamento de algumas “sentenças coligadas” uma grande iluminação sobre ela foi lançada. Esta questão da “sabedoria” foi exposta aqui como um exemplo adotado para despertar o leitor sobre a importância de conhecer as palavras do Único Pastor e suas afirmações coligadas. O objetivo deste exemplo é destacar a importância de correlacionar assuntos similares da Bíblia, ainda que distribuídos em vários dos seus livros e textos, pois pelo processo de conexão um amplo esclarecimento dos mesmos pode ser acrescentado. 22 No texto de 1Coríntios 1 também é citado que o Senhor Jesus Cristo é a nossa “justiça”, “redenção” e “santificação”. Buscar a “justiça de Deus em primeiro lugar” é buscar em primeiro lugar um relacionamento com Cristo, a nossa justiça! Orar pela “justiça de Deus” para o mundo, é pedir ao Senhor para que o mundo receba a oportunidade ampla e clara de conhecer a Cristo e receba os benefícios da sua obra redentora, e assim por diante. Todos os livros da Bíblia têm grandes instruções de vida para os cristãos, mas estes passam a ter a real sustentação na vida do leitor quando são associados às verdades das “sentenças coligadas” que Deus colocou também ao longo das escrituras e que apontam para o Seu Filho Unigênito, o Senhor Jesus Cristo. Efésios 1: 9 desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, 10 de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra; Finalizando o aspecto das “palavras coligadas” neste estudo, gostamos sempre de relembrar que, para auxiliar aos que querem conhecer os caminhos de Cristo, o Senhor Jesus proveu um “Instrutor e Consolador” muito especial que é perfeitamente capaz para poder guiá-los nesta jornada de percepção e compreensão das profundezas das Suas “sentenças coligadas”. João 14:26 mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito. 23 C4. Palavras que se Utilizam de Outras Palavras Já Explicadas Previamente – Enigmas da Antiguidade Após vermos que muitas “palavras coligadas” utilizam-se da sumarização e da convergência de verdades fundamentais para servirem de firme sustentação e funcionarem como pregos bem fixados para os que nelas creem e também para as demais Escrituras, nós gostaríamos de expor, neste novo capítulo, mais uma maneira utilizada nos registros da Bíblia para combinar múltiplos textos. Nas Escrituras, há textos que fazem referências bem sucintas e abreviadas a nomes, locais, fatos e situações históricas de outros textos das Escrituras. As referências aos outros textos não são meras menções despropositais, mas visam despertar os leitores para que eles associem um determinado texto que estão lendo com uma série de informações correlatas que estão por detrás das referências mencionadas nele. A prática das menções diretas a outras referências dentro das próprias Escrituras é também usada em muitas outras literaturas. Esta prática visa indicar temas e conteúdos relevantes ao leitor sem, contudo, fazer uma reapresentação de todos os detalhes a cada novo texto exposto. Se um leitor conhece o conteúdo que está por detrás da menção indicada, ele pode avançar mais apropriadamente para os próximos temas do texto principal que ele está verificando. Se, porém, o leitor não conhece os conteúdos da menção indicada, ele pode, por meio dela, se interar dos detalhes pormenorizados da referência indicada para que na sequência compreenda mais amplamente o texto principal que está lendo. Nos dias atuais, poderíamos comparar as referências que a Bíblia faz a outros conteúdos dela mesma, como sendo “links” que são feitos entre diversas partes de um mesmo compêndio para indicar os locais onde um termo usado referenciado é mais amplamente explanado. O uso de “links” em alguns temas pode ser muito útil, pois eles permitem tratar novas abordagens de alguns temas de forma mais objetiva sem, contudo, descartar o conteúdo que serviu de base para a elaboração deles. Uma das maneiras que as Escrituras usam para fazer as referências cruzadas entre os seus textos é o que é chamado nelas de “Enigmas” ou também de “Enigmas dos Tempos Antigos” ou “Enigmas da Antiguidade”, como pode ser visto no trecho do Salmo 78 a seguir. Escutai, povo meu, a minha lei; prestai ouvidos às palavras da minha boca. 2 Abrirei os lábios em parábolas e publicarei enigmas dos tempos antigos. 3 O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do SENHOR, e o seu poder, e as maravilhas que fez. Salmos 78:1 4 A palavra “enigmas”, usada no texto acima, nas anotações relacionadas aos comentários de Strong é explicada da seguinte forma: 02420 chiydah 9 enigma, questão difícil, parábola, dito ou questão enigmática, palavra ou questão perplexa enigma (expressão obscura) 24 adivinhação, enigma (para ser adivinhado) questões perplexas (difíceis) transação dúbia (com o verbo ter) Quando é abordado o tema “enigmas”, de forma alguma o objetivo é dar a ideia de se tratar de coisas veladas e que agora serão descortinadas. Com a vinda do Filho de Deus ao mundo em carne e com toda a sua obra para redenção da humanidade, muitos “enigmas antigos” foram desvendados. Assim, antes de Cristo, a quantidade de considerações sobre “enigmas dos tempos antigos” não esclarecidos era muito superior ao que temos depois da vinda de Cristo. Para as pessoas que viviam antes de Cristo, a quase totalidade das coisas que sobrevieram a Cristo era para eles inconcebíveis de acontecerem ao Filho de Deus. Como entenderiam que Deus em Cristo seria crucificado pelos homens? Depois da morte e ressurreição de Cristo isto ficou esclarecido. Isto era um enigma que para nós já foi desvendado. O Cordeiro que tira o pecado do mundo já foi imolado para a redenção das pessoas e para tornar acessível a possibilidade da reconciliação delas com Deus. Entretanto, a Bíblia continua usando a expressão referente “ao Cordeiro que foi morto”. Já sabemos que o Cordeiro era o Senhor Jesus e que morreu na cruz para salvação de todos os homens. Mas a Bíblia não considera que Jesus somente foi o Cordeiro de Deus, mas que é e continua sendo. Quando as Escrituras posteriores a Cristo usam a referência ao enigma chamado de “Cordeiro de Deus”, elas o fazem apontando a todo o conteúdo que está implícito no fato de Cristo ter sido e continuar sendo o “Cordeiro de Deus”. Assim como consta na Bíblia de que “nós somos ovelhas do seu pasto” e isto não nos transforma literalmente em animais, O Senhor Jesus Cristo não é um cordeiro no sentido material, mas sim no sentido da figura em que Ele, “como um cordeiro que foi morto”, proveu a salvação de muitos pelo sacrifício do Seu corpo e do Seu sangue. Os enigmas usados na Bíblia muitas vezes parecem ser o que em nossos dias chamaríamos de “figuras de linguagem”, lembrando que esta comparação não se aplica plenamente em todos os casos. As figuras de linguagem são usadas quando alguém quer usar poucas palavras para se referir a um conjunto de pensamentos ou eventos que estão agregados às figuras de linguagem mencionadas. Mesmo quando pessoas viajam para um país do qual elas conhecem relativamente bem o idioma local, poderá ocorrer de que elas não compreendam o que é falado neste outro país quando alguém usa uma figura de linguagem típica daquele país ou região. Nestes casos, para que elas possam compreender o que as pessoas falam, será necessário interrogar ou pesquisar especificamente sobre o assunto e sobre o significado das figuras de linguagem utilizadas. Por outro lado, uma vez que a figura de linguagem for exposta e esclarecida ao viajante, não é necessário que todo o conteúdo que está associado a ela tenha que ser novamente explicada a cada vez que a figura de linguagem é mencionada. O mesmo ocorre na leitura da Bíblia. Há muitas expressões citadas nela que são complementos das figuras de linguagem que nela já existiam previamente. 25 Se o leitor não investigar do que se trata uma referência a uma figura de linguagem, ele poderá ficar com o seu entendimento restrito sobre os assuntos novos a ela correlacionados. A Bíblia apresenta a si mesmo como palavra de Deus e também se apresenta como um compêndio já estabelecido pelo Senhor, não havendo nenhuma indicação nas Escrituras que Deus tenha em mente fazer uma nova versão dos fatos para que estes recebam nomes mais modernos ou que sejam transformados em figuras de linguagem com termos contemporâneos. Deus se refere, e continua a se referir, aos fatos antigos da mesma maneira como eram nominados quando ocorreram e com os mesmos nomes e locais em que foram registrados. Obviamente, não estamos dizendo que a Bíblia e os nomes usados nela não deveriam ser traduzidos para todas as línguas, mas o que queremos dizer é que os nomes e os exemplos da Bíblia, em essência, continuam a ser os que estão registrados na Bíblia como Deus mostrou para serem registrados. Em outras palavras, cabe ao leitor da Bíblia tomar conhecimento dos fatos originais. Não cabe ao leitor ficar esperando Deus promover a modernização dos fatos para que aqueles textos recebam exemplos mais contemporâneos. O mesmo Deus que inspirou os textos, também é o Senhor que sabe fazê-los compreensíveis para aqueles que O buscam. Deus disponibiliza as Escrituras para aqueles que anelam por conhecer a “Palavra da Verdade” e as sustenta para que passem de geração em geração. Entretanto, cada geração precisa envidar os devidos esforços para ser achegar diretamente a Deus, para conhecer o que está referenciado, na própria Bíblia, aos enigmas da antiguidade quando são usados como figura de linguagem. As pessoas que registraram as Escrituras de Deus, o fizeram com esmero, por amor a Deus e com amor pelas suas descendências. O esforço para entender os seus termos é muito menor do que o esmero que aqueles que os escreveram tiveram que envidar. Alguns literalmente doaram as suas vidas a árduos sacrifícios para que as verdades celestiais fossem passadas de geração em geração. Se uma conduta humana foi digna de ser registrada na Bíblia, quer ela tenha sido adequada ou não, e o exemplo específico desta pessoa ou grupo de pessoas atingiu um propósito de servir para ensino naquele aspecto e serviu para ser adotado por Deus como referência a ser registrada nas Escrituras, mesmo que outros repitam as mesmas ações por outras inúmeras vezes e com nomes diferentes, Deus entendeu por bem nominá-las com a figura de linguagem que Ele escolheu para registrá-las. Ou ainda, isso nos mostra que há condutas feitas a milhares de anos atrás, que, em sua essência, têm os mesmos ingredientes dos atos similares feitos nos dias atuais e que não precisam ser reeditados para serem compreendidos. Quando a Bíblia usa um exemplo antigo, com figuras de linguagem antigas, mas com validade para os dias presentes, a mensagem que ela passa é que o ser humano pode ter mudado nos aspectos externos do seu habitat, mas no interior, no seu coração, os desejos e ações são as mesmas de milhares de anos atrás. Além do exemplo do “Cordeiro de Deus”, somente queremos citar rapidamente mais dois exemplos para colaborar no despertar do leitor para este aspecto das figuras de linguagem, deixando o estudo maior destes exemplos específicos para algum momento mais apropriado: 26 Exemplo 1: Judas 1:11 Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá. 12 Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; 13 ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre. Este é um texto repleto de exemplos do que está sendo comentado neste capítulo. Caim, Balaão e Coré são homens reais que viveram no passado e cujas condutas se tornaram em figuras de linguagem, ou seja, tornaram-se, de certa forma, em “enigmas da antiguidade” para sempre, mesmo que já estejam desvendadas nas Escrituras. Os textos como o de Judas, por exemplo, associados ao significado das figuras de linguagem, contribuem para que os homens e mulheres maus em cada nova geração sejam identificados pelas suas obras, mesmo que tenham discursos suaves e agradáveis aos ouvidos, pois eles são na realidade como “rochas submersas”, rochas escondidas, que podem causar grandes danos para quem transita por águas em que eles se escondem. “O caminho de Caim”, “o erro de Balaão” e a “revolta de Coré” são enigmas expostos e esclarecidos nas Escrituras para servirem de alerta para comportamentos similares que se manifestam de tempos em tempos e em todas as gerações. Se os leitores da Bíblia, vez após vez, simplesmente passarem por cima destes textos, não realizarem um aprofundamento dos significados dos nomes destes personagens e a figura de linguagem que está associada a eles, os leitores correrão o risco, mesmo milhares de anos após, de se encontrarem frente a frente com situações similares àquelas antigas, mas sem se aperceberem que estão ocorrendo também em seus dias e diante dos seus próprios olhos. Na própria Bíblia há os esclarecimentos sobre os nomes de pessoas, locais, povos e condutas antigas e que ela usa como enigma ou como figura de linguagem e, se estes são citados, é para ensino e benefício do leitor é que são citados. Nas Escrituras há nomes e figuras de linguagem que apontam para exemplos que devem ser seguidos, bem como para exemplos que deveriam ser fortemente rejeitados por aqueles que leem as palavras do Senhor. Exemplo 2: Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não ouvis a lei? Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher escrava e outro da livre. 23 Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a promessa. 24 Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para escravidão; esta é Agar. Gálatas 4:21 22 27 25 Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém atual, que está em escravidão com seus filhos. 26 Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe; Na versão NKJV, em inglês, a palavra alegórica é traduzida como “simbólica”, ou seja, a tradução por esta versão seria: “Estas coisas são simbólicas”. Isto mostra que na Bíblia de fato há diversos aspectos usados como figura de linguagem. As vidas das duas mulheres do texto acima de Gálatas, e os fatos envolvidos nas suas vidas, tornaram-se como símbolos de condutas para todas as gerações futuras. As pessoas em todas as épocas, inclusive nos dias presentes, podem vir a adotar e manifestar comportamentos que tem, na sua composição básica, os mesmos princípios que estas duas mulheres adotaram e manifestaram, e de fato o fazem diariamente em suas vidas sem, contudo, na maioria das vezes, discernirem que as praticam. Há muitas simbologias relacionadas nestes textos. Aprender a compreendê-las e usá-las de forma adequada e moderada faz parte do processo de crescimento no entendimento dos escritos bíblicos. É claro que isso não significa que todos os personagens da Bíblia podem ser usados como “simbólicos” a qualquer tempo e conforme o desejo do leitor. Porém, quando a própria Bíblia os usa como tais, pode haver uma grande contribuição em conhecê-los mais detalhadamente. Por exemplo, os últimos textos de Judas e Gálatas citados acima, estavam em cartas escritas e direcionadas para as pessoas em geral que criam no Senhor Jesus Cristo. Não eram pessoas em posição especial, os textos não eram dirigidos a líderes especiais e nem eram dirigidos somente aos judeus daqueles dias que sabiam mais sobre os eventos e exemplos dos personagens citados. As palavras de Tiago e Paulo eram dirigidas para pessoas “comuns” que aderiram à fé no Senhor Jesus Cristo em diversas regiões daquela época. Da mesma forma nos dias atuais, pessoas “comuns” são desafiadas a conhecer mais profundamente as Escrituras da Bíblia, bem como algumas das suas principais simbologias da antiguidade. Deus pode usar figuras de linguagens modernas para instruir uma pessoa para que ela se aperceba do que Ele está querendo lhe ensinar. Deus sabe falar com pessoas de todos os tempos, todas as idades e em qualquer situação que se encontram. Entretanto, Deus escolheu um conjunto de exemplos para comporem os seus registros formais para todas as gerações e que servem de base para que os ensinos pessoais sejam validados e confirmados. Para o cristão sempre é importante voltar às Escrituras em si. Elas são ferramentas de ensino e ferramentas de proteção para a vida dos cristãos. Quando neste estudo está sendo dada a ênfase de conhecer a palavra de Deus em si, bem como os enigmas da antiguidade, esta ênfase não está se referindo ao retorno às Escrituras para busca pelas tradições e das culturas que havia nos povos antigos, mas na busca dos princípios de Deus que estão acima das tradições e culturas e que são dadas para serem vividas em todas as gerações. Muitas culturas e tradições se opõem à vontade de Deus para as pessoas, mesmo sendo antigas, e a sua “antiguidade” não as valida para serem adotadas por aqueles que querem seguir ao Senhor Jesus Cristo. 28 Marcos 7:8 Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. 9 E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. Colossenses 2:8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo; 9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. Infelizmente, nos dias atuais, estamos rodeados de muitos conceitos e ensinos que se apresentam como sendo genuinamente cristãos, mas que na realidade não passam de uma expressão de comportamentos que as pessoas tentaram agregar ao que é a verdadeira vida de fé em Cristo e que passaram a ser adotados culturamente como se fossem pertencentes à fé originalmente ensinada pelo Senhor. Seguir a Cristo e almejar compreender as Suas sentenças coligadas e os enigmas da antiguidade é algo bem diferente do que buscar compreender as tradições culturais e religiosas que as pessoas têm repassado de geração em geração. Pelo contrário, as palavras coligadas do Senhor e os enigmas da antiguidade também servem para discernir aquilo que se mostra com aparência de ser verdadeiramente cristão somente porque é praticado por séculos, mas que não o é de fato e nem é aprovado pelo Senhor. Conhecer a fé cristã por repasse tradicional e intelectual, misturado com culturas comportamentais acrescidas pelas pessoas ao longo dos anos, é completamente diferente do que conhecer a Cristo pessoalmente e do que conhecer as verdadeiras palavras que Deus deixou registradas nas Escrituras para todas as pessoas. Todas as palavras ensinadas pelo Único Pastor são plenamente verdadeiras, mesmo quando expressas na Bíblia como figuras de linguagem, e elas vêm acompanhadas da vida que há no próprio Senhor que as concede. Salmos 119:160 As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre. João 6:63 O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. 29 C5. Detalhar sem se Afastar da Visão Global para evitar os Ventos de Doutrina Grande parte da geração que vive nos dias atuais na Terra, em muitos aspectos, é especialmente privilegiada se comparada com as gerações passadas. Atualmente, existe a disponibilidade de facilidades de locomoção, comunicação, acesso à energia elétrica, água, tratamentos de saúde, e muitas outras coisas, de uma maneira que não eram nem concebidas a menos de cem anos atrás. As condições anteriores para alcançá-las eram muito mais difíceis e limitadas, sendo que muitos dos meios que são utilizados contemporaneamente nem sequer existiam num passado próximo. Outro aspecto que está se difundindo de uma forma acelerada, crescente e imensurável é a ampla disponibilização de acesso às mais diversas informações existentes no mundo. Com o advento da Internet e com o advento dos equipamentos móveis, pessoais e chamados de inteligentes, este acesso aos dados está alcançando enormes multidões, nos mais diversos pontos do mundo, e das mais variadas classes sociais. Além disso, juntamente com as informações, está sendo disponibilizado um mar de ferramentas de manuseio e exploração destas informações. É certo que a geração destes dias, como todas as outras gerações anteriores, também tem enormes problemas e desafios com os quais se depara diariamente, mas efetivamente há uma disponibilidade de diversos recursos, e numa escala tal, que nunca foi vista em outros tempos. Por outro lado, porém, é importante destacar que apesar de cada geração ter desafios específicos pertinentes à sua própria época, cada geração também tem desafios que são exatamente iguais aos das gerações de todas as épocas passadas. As pessoas continuam morrendo, a vida na Terra continua sendo finita e a perspectiva do “pósvida” continua a ser o maior desafio de todos, como foi desde os primeiros tempos. Como a Bíblia é um arsenal de informações e instruções, é claro que os benefícios atuais das ferramentas de manuseio de dados também podem servir de benefício no estudo da palavra nela contida. Hoje podemos realizar pesquisas filtradas por palavras específicas, agrupar textos em temas, reordenar textos em diversas ordens de classificação, como por exemplo, por época estimada e cronológica de escrita, comparar versões de diversas traduções e comparar textos com vários idiomas distintos, e muito mais. Até os tempos presentes, nunca houve uma geração que pudesse explorar a Bíblia com tantas ferramentas técnicas disponíveis para a realização de pesquisas nas Escrituras. O acesso às Escrituras, nos dias atuais, pode ser realizado de diversas maneiras, sendo, inclusive, possível visualizar a palavra no idioma original das Escrituras para cada palavra no idioma em que o leitor as está acessando. Não bastando isto, estas palavras no idioma original ainda encontram-se associadas a dicionários que as esclarecem e exemplificam. Todos estes benefícios disponíveis são úteis e dignos de serem explorados. 30 Entretanto, também há riscos envolvidos nesta facilidade de manuseio de textos e de agregação de anexos, comentários e complementações externas relativas aos conteúdos da Bíblia. Em muitos casos, o excesso de desejo de informações das mais variadas pesquisas, pode fazer o pesquisador chegar a descer a um nível de detalhes tão minucioso que o entendimento dos temas passa a ficar comprometido. Pela entrega a uma análise pormenorizada de um determinado aspecto, o pesquisador pode chegar ao ponto de ser absorto pelos detalhes e se dissociar das verdades globais das Escrituras. Toda a tecnologia para acesso e tratamento de informação que há no mundo, não garante e jamais poderá garantir a compreensão adequada das Escrituras. Na própria Bíblia há alertas para que as ações de estudo das Escrituras tenham sempre em mente de que a Bíblia é um compêndio global com as mesmas verdades centrais ao longo de seus escritos. Os estudos da Bíblia deveriam sempre ter em mente este aspecto global que se entrelaça por seus mais diversos textos, e o detalhamento dos estudos das Escrituras não deveria servir para criar doutrinas e ensino dissociados da visão global que Deus expressa nos escritos que deixou aos seres humanos. O ensino de Deus, também chamado de doutrina de Deus, não é para ser fracionado segundo os interesses dos homens que usam somente as partes lhes interessam para criarem e espalharem as suas ideias distorcidas como ventos. Como ela é a Palavra da Verdade, o leitor sempre deveria buscá-la de forma consistente com a própria verdade, mesmo se isto, em algum momento, contrariar os interesses dele. Efésios 4:14 para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 2 Timóteo 3:16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, 17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Ventos de doutrina são ensinos que são constituídos a partir de algumas frações de textos extraídos da própria palavra de Deus. Eles podem se apresentar como “bons ventos da doutrina bíblica”, mas por eles não serem fiéis a “Adequada Divisão da Palavra da Verdade”, não serem fieis às “sentenças coligadas” e nem ao significado expresso por Deus sobre os “enigmas da antiguidade”, estes ventos ficam desconectados das verdades de Deus, induzindo os seres humanos a grandes e terríveis erros, pois são apresentados com aparência de verdadeira piedade. Somente pela comunhão com o Único Pastor que concedeu as Escrituras é que uma pessoa pode permanecer na observância adequada das mesmas. O crescimento saudável no conhecimento das Escrituras ocorre quando alguém cresce naquele que é O Cabeça de todas as Escrituras. 1Timóteo 6:3 Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade, 31 4 é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação, difamações, suspeitas malignas, 5 altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. Um detalhamento mais amplo deste texto de Timóteo pode ser encontrado no estudo sobre “O Outro Evangelho”, considerando que neste estudo o propósito maior é despertar o interesse do leitor para os princípios de se relacionar adequadamente com as Escrituras. 32 C6. Qual é o Melhor Dicionário Bíblico? Observando os diversos aspectos sobre um relacionamento adequado com as Escrituras, uma pessoa pode vir a considerar que a tarefa de fazê-lo não é algo tão simples assim. E de fato a interação com a Palavra de Deus não é uma tarefa simples, na realidade ela é impossível de ser feita adequadamente somente por meio de recursos naturais disponíveis ao ser humano. Entretanto, apesar da tarefa de relacionamento com a palavra de Deus não ser simples, ela pode ser alcançada e realizada por pessoas simples se elas se deixarem orientar por aquele que inspirou os conteúdos das Escrituras, ou seja, o Único Pastor. O mesmo e Único Deus que inspirou as Escrituras, é também o mesmo e Único Deus que pode desvendá-la a quem Ele quiser fazê-lo. A compreensão das Escrituras está muito mais relacionada às concessões que Deus faz para que as mesmas sejam assimiladas, do que com a capacidade de quem as quer assimilar. Salmos 8:2 Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o vingador. Mateus 21:16 Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor? Lucas 10:21 Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Romanos 9:16 Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia. Em um primeiro momento poderíamos estar inclinados a considerar que a Bíblia é o melhor dicionário dela mesma, mas observando os textos da própria Bíblia, pode ser observado que o melhor dicionário da Bíblia é o próprio Autor que inspirou as Escrituras que nela estão contidas. Quem melhor do que o próprio autor de escritos para explicar os seus escritos? Em muitos escritos humanos não é mais possível acessar os seus autores, pois eles já não estão mais presentes e atuantes na Terra, mas no caso da Bíblia isto não ocorre. Os escritores da Bíblia já não estão mais presentes, mas a fonte que lhes inspirou é eterna e sempre presente junto aos seres humanos de todas as épocas, inclusive no tempo presente. O fato, porém, de que o próprio Deus é o melhor dicionário para esclarecer os Seus escritos, não significa que Deus não usará dos escritos e nem deixará de responder por meio deles. 33 Muitas pessoas, muitos preciosos estudiosos, têm servido suas gerações, bem como gerações que lhes sucedem, com materiais de apoio para o estudo de idiomas e expressões, registrando-os em incontáveis dicionários. Da mesma forma, muitos o fizeram escrevendo e compilando dicionários sobre palavras e expressões da Bíblia. Essas pessoas prestaram e prestam um enorme e precioso serviço descrevendo sobre termos nos seus idiomas originais, bem como explicando como eles foram usados em traduções antigas e recentes. Da mesma forma as descrições arqueológicas das cidades e como poderiam se parecer nos tempos antigos são de grande utilidade, bem como suas prováveis localizações, seus costumes e muitas outras informações valiosas que podem facilitar em muito os estudos de quem deseja conhecer mais da Bíblia. Para uma pessoa receber o entendimento de uma instrução de Deus, ela precisa saber e compreender um vocabulário mínimo para se comunicar e receber a comunicação. Neste sentido os diversos dicionários e materiais cooperam para a comunicação em geral de uma pessoa e também na sua comunicação com Deus. Entretanto, seguindo e ampliando o pensamento das “sentenças coligadas”, as palavras e informações recebidas precisam ser ordenadas e concatenadas de tal forma que recebam o sentido adequado para poderem ser colocadas adequadamente em prática. Apesar de o próprio Deus ser o instrutor das pessoas que lhe buscam, um dos principais meios pelos quais Deus instrui as pessoas e lhes exemplifica o seu querer é pelas palavras das Suas Escrituras. Sem as Escrituras, Deus, por exemplo, teria que explicar tudo o que nelas está contido para cada pessoa, o que simplesmente tomaria mais tempo do que a vida inteira desta pessoa na Terra, implicando em que a mesma não teria mais tempo hábil para viver o querer de Deus para ela. As Escrituras, como um compêndio inspirado por Deus, podem servir de apoio para facilitar e agilizar a compreensão do querer de Deus. Neste sentido, a própria Bíblia, traz muitas explicações de si mesmo que muitos dicionários linguísticos não poderiam trazer e ela também acaba se tornando um dicionário útil dela mesma. Depois do próprio Deus, o melhor dicionário da Bíblia é a própria Bíblia. Em princípio, nenhum dicionário linguístico vai dizer que a definição de “sabedoria” é igual à pessoa do “Senhor Jesus Cristo”. Isto não é visto com um papel do dicionário linguístico, mas é um papel indispensável da própria Bíblia. Quando a Bíblia, por exemplo, contém a expressão “pecado”, nela mesma pode ser observado os principais detalhes sobre o pecado. Nas Escrituras o pecado é relatado em fatos, tem a sua origem exposta, tem as consequências amplamente descritas e demonstradas, e muitos outros aspectos relacionados ao mesmo. Muitos materiais de apoio são realmente úteis no estudo da Bíblia, mas um grande risco se torna presente quando as definições sobre as coisas escritas na Bíblia são usadas sem as citações das explicações dadas pela própria Bíblia e quando são dadas sem se utilizarem das “sentenças coligadas” dadas pelo “Único Pastor”. 34 E, por outro lado, ainda há aspectos que simplesmente são inexplicáveis à mente humana, e quando algo não é explicável nem nas Escrituras, a Bíblia narra que aquilo simplesmente é inexplicável: Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? 14 Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros. Êxodo 3:13 DEUS É DEUS!!! A Bíblia e a prática da vida mostram que se pode saber muito sobre a pessoa de Deus e falar sobre as características de Deus, mas com a mente humana é impossível alcançar uma definição total de quem é este Deus. O Senhor é Deus e os seres humanos são criaturas! A Bíblia explica o que é necessário, mas também mostra aquilo que vai além da compreensão do ser humano na Terra. Assim, por fim, se um leitor incrementar à sua leitura e ao seu estudo da Bíblia (1) uma especial atenção como a que uma criança tem quando o pai lhe conta uma história, (2) se ele começar a separar adequadamente os blocos de assuntos, (3) se ele se dispuser a identificar as palavras coligadas para agrupar os assuntos debaixo da coligação dada pelo Único Pastor e, ainda, (4) acrescentar o interesse em entender alguns dos principais enigmas de tempos antigos (ou figuras de linguagem), a tarefa do próprio Deus em instruí-la de forma pessoal pode se tornar mais objetiva e mais produtiva para a vida daquele que anela pelo querer de Deus. Se a tarefa em se aprofundar na Bíblia conforme instruído pela própria Bíblia for acompanhada da ajuda e direção de Deus, este aprofundamento na “Palavra da Verdade” certamente não será entediante e poderá proporcionar preciosos benefícios temporais e eternos àqueles que dela fizerem uso. Salmos 119:144 Eterna é a justiça dos teus testemunhos; dá-me a inteligência deles, e viverei. 35 Bibliografia Observação sobre Textos Bíblicos referenciados: 1) Os textos bíblicos sem indicação específica de referência foram extraídos da Bíblia RA, conforme indicada abaixo. 2) Os destaques nos textos bíblicos, como sublinhado, negrito, ou similares, foram acrescentados pelo autor deste estudo. Bíblia EC - João Ferreira de Almeida Edição Comtemporânea (1990). Editora Vida. Bíblia LUT - Alemão - Tradução de Martinho Lutero (1912) - CD Online Bible. Bíblia NKJV - Inglês - New King James Version (2000) - CD Online Bible. Bíblia RA - Almeida Revista e Atualizada (1999) - CD OnLine Bible. Bíblia RC - Almeida Revista e Corrigida (1995) - CD OnLine Bible. James Strong, LL.D, S.T.D. - Léxico Hebraico e Grego de Strong - CD Online Bible.