Afeganistão: terra, homens e luta. Fotografias de Thomaz Napoleão Aos olhares estrangeiros, trinta e quatro anos de conflitos reduziram o Afeganistão a um emaranhado de estereótipos: cemitério de impérios, Estado falido, ninho de fundamentalismos. E pur si muove! Apesar de tudo, o país avança, pulsa, reage. Mesmo quando a guerra é cotidiana, há um cotidiano além da guerra. O Afeganistão de hoje é muito diferente daquele que recebeu as primeiras tropas ocidentais, há 12 anos. Há mais hospitais, mais celulares, mais expectativas, mais frustrações. Ainda não há paz - mas há liberdade, embora imperfeita. Os migrantes, mulás, mercadores e meninos que povoam esta terra são sobreviventes, não vítimas. Aprendem cedo que o futuro é incerto - mas virá, e pode ser conquistado. A geografia cultural da Ásia converge e diverge aqui. As estepes cavalariças do norte afegão, onde jazem as doutrinas de Zoroastro e as legiões de Alexandre, pertencem à Ásia Central. Ferinamente independente e devoto, o sudeste pashtun se debruça sobre o Paquistão, com seus bazares, fortalezas e mesquitas em tons de creme. Enfim, o oeste afegão é inseparável do mundo persa - sofisticados mausoléus, suaves temperos e tecidos intrincados feito poemas. No centro desse mosaico, o Hindu Kush protege e unifica serenamente um país plural. Esta mostra resulta de viagens recentes por seis províncias afegãs, e busca ilustrar a diversidade e a resiliência de um país que não aceita definições fáceis. O autor chefia os setores político e humanitário da Embaixada do Brasil junto ao Paquistão, ao Afeganistão e ao Tadjiquistão, com sede em Islamabade. Thomaz Napoleão (www.napoleaophoto.com) é diplomata, professor e fotógrafo. Mestre em Relações Internacionais (SciencesPo Paris) e em Diplomacia (Instituto Rio Branco), graduou-se em Relações Internacionais (PUC-SP) e em Jornalismo (USP). Texto: Thomaz Napoleão Curadoria: Thomaz Napoleão Thais Adabo Montagem: Daniel Baliu Fiamenghi Supervisão: Dorothea V. Passetti Pedro Victor Huet Dorothea V. Passetti