Angela C. S. Rodrigues (USP) o estudo da realizagao da regra de concordancia bal (CV) na Ilngua falada por urna populagao ou semi-escolarizados levou-nos relagao da periferia a considerar entre aplicagao e eles/elas, A ausencia ele e denominado ainda, sujeito nomeno do plural oculto, posslvel tese, pode ocorrer ~uando em portugues, damentada pois, a categoria vazia (agreement)". frase, a desinencia 0 verbo e 0 ser estabelecidas E posslvel, Se 0 seu sujeito apagado sujeito ~azio "0 em ¢ e tem a sera sempre (1984, p. 119), fun- ~ue ~ualifica, sujeito a urn fe~ue, em pessoa do sujeito Galves ou, em cer- e como pronominal a de concordancia, ou sujeito nao se encon:tra na e redundante, e as relagoes extra-sentencial so podem por meio da concordancia. entao, formular 0 do, as formas verbais a hipotese usa de formas verbais da regra padrao mente, usadas caso em ~ue fenomeno marcado de urn elemento verbal nao jeito oculto favorece a aplicagao 0 (1983, p. 26) nessas Ilnguas 'AGR' (2) como explica em Huang tas Ilnguas, presenga entre e verbo 0 ver com a flexao do verbo; seja, cancelado, Nesse caso: (1) a referencia pronominal, formal, zero (categoria vazia), corresponde sintatico nUmero. do plural (P4) (P6). ou elipse do sujeito sujeito e presenga / ausen- nos, na ll! pessoa na 31!pessoa paulistana de se estabelecer da regra padrao cia do sUjeito pronominal: de analfabetos da capital a possibilidade ver de concordancia; nao marcadas com sujeito pronominal de ~ue 0 su- marcadas, ou por outro la- devem ser, expllcito. preferente- Com vistas sideradas a confirmagao todas as ocorrencias e eles / elas, expllcitos tatico ou discursivo, entrevistas cedencia, a 3§ pessoa, em 15 minutos 0 em conta a sua classificagao nominal criterio parte de diferente semantico, em determinado de pro- nao levando e indetermina- de nao-concordancia com presenga/aQsencia do sujeito pro- nos ~ nao-pronomina1 15/22 1 exp1lcito 257/483 2 nao-exp1lcito 49/188 TABELA 2 - Fre~tlencia e probabilidade de acordo nominal de gravagao, sin- de Sao Paulo. Com relagao TABELA 1 - Fre~tlencia e probabilidade de acordo nos com antecedente adultos, da periferia descartamos foram con- de sUjeito pronominal ou ocultos, com 40 informantes favelados dessa hipotese, 68% = 53~0 = = 26% .78 .55 .19 da nao-concordancia com presenga/ausencia do sujeito pro- eles / elas FREQ~NCIA PROB. ~ nao-pronominal 456/555 82% .67 1 expllcito 348/483 72% .45 2 nao-expllcito 154/318 48% .38 De fato, 0 resultado probabilidade confirmam dos calculos a hipotese de freqftencia e formulada: flsica do sujeito nos (Tabela 1) favorece (Prob •• 19) a concordancia, a cada, em contraposig60 A perda de informag60 cia nUmero-pessoal presenga conteudo informacional. da desinen- pelo usa do pronome do que resulta esta ligada a neira discreta na realizag80 lexi- preservag80 do que a ca concordancia. da Tabela 2 mostram sujeito mar- pronominal Nesse caso, fica evidente tegoria vazia pronominal bal: a diferenga do sujeito causada pelo apagamento cal (GALVES, 1984, p.127), a ausencia do pronome decisivamente ou 0 usa de forma verbal e compensada Os resultados a ausencia que a presenga eles / elas interfere de ma da regra de concordancia entre as duas categorias ou ver- chega a 24% em termos de freqftencia, mas apenas a .07 em termos de probabilidade, ou seja, 0 sujeito apagado tende a se relacio- nar, com maior freqftencia, com forma verbal marcada mero e pessoa, ao contrario de a favorecer a aplicag80 do sujeito expllcito, em nu- que ten- da regra de CV~l) Com sujeito oculto, 0 usa da forma verbal marcada em nUmero e pessoa indica formal e semanticamente 0 sujei- to da orag80; mas 0 apagamento comprometer 0 significado isso, e sensato pressupor isolado, mas relacionado de marcas global de flex80 das formas verbais. com outros processos, ou estrate- a perda do conteudo cional dos dados de flex80. Em outras palavrasJ nar este fenomeno me sujeito,ou Por que nao se trata de urn fenomeno gias, que tendem a compensar das tabelas apresentadas pode mostram-nos com 0 da reteng80 infbrmaos dados ser posslvel relacio- ou apagamento do prono seja,o usa de estrategias de pronominalizag80 como processo compensatorio da perda de conteudo informa- cional dos dados de flexao. Confirma-se e fonologico realizagao na aplicagao de segmentos Adotamos, Ilngua, a intersecgao tamentos utilizar uma perspectiva relagoes 0 da informagao have accommodated variety of grammar" (1979, p.03, sugeridas da supondo pressione e compor- ~ue a neces- 0 ~ue pretende of functional falante a veicular. (~) re~uirements, to such processes changes in morphology through a levels of and higher apud TARALLO, 1983, p.213). pelos resultados 1. a preferencia funcional lingftlsticos para ~ue nao ha Assill explica Poplack:"Because languages nao- entre estruturas significado outros procedimentos ja comprometimento ou fanicos. lingftlsticos em comun~cagao, sidade de preservar gramatical da regra de apagamento, portanto, estabelecendo dos processos obtidos: pelo sujeito fisicamente presante na fra- se: 74% em P4 e 60% em P6. 2. a relagao evidente gao e concordancia favorecer entre estrategias de verbal: expllcito a concordancia 0 pronome nao padrao, cia flsica do sujeito pronominal concordancia, nao tenham 0 en~uanto tende a a ausen- favorecer nos e eles / elas mesmo peso na aplicagao da regra de CV. subjetivas a desenvolvido testes para falta de concordancia resultados obtidos nos levam a pressupor te popular de Sao Paulo a nogao de pessoa do ~ue a de nUmero fre~Uente tende a ainda ~ue os pronomes Embora nao tenhamos me de reagoes pronominaliza- gramatical,o das formas verbais exa- verbal,os ~ue para e mais ~ue desencadeia 0 a 0 falan- saliente 0 usa mais de l§ pessoa,independentemente do nUmero, quando 0 sujeito ou nos. Ou seja, a oposigao mais perceptivel, oposigao nome nos materializa 0 desnecessaria de l~ pessoa entre as pessoas e plural. a diferenga Indice de retengao pro- 0 de nos e mais elevado do eles / elas estabelece com relagao a entre l~ e 3~ pessoas, em a sua ausencia exige a forma flexionada nUmero e do que Por conseguinte, a flexao da forma verbal; plural. Porque eu gramaticais por parte do falante popular, entre singular donde nao so e pronominal contraposigao, de l@ pessoa do apenas oposigao a ele / ela, e porque de a nogao de plural e menos saliente, nao se torna necessaria nem a presenga do pronome nem da forma verbal flexionada quando to esclarece sob 0 0 referente. (3) Esta questao pode ser angulo da redundancia. plural, 0 principio mais decisiva contex- 0 Com relagao da redundancia do que com relagao a vista l~ pessoa parece atuar de a entre os Indices de probabilidade 3@ pessoa: a de aplicagao forma diferenga da regra com sujeito explicito ou oculto e significativa; que de Sao Paulo tende a apagar as 0 falante popular cas de flexao nUmero-pessoal magoes no verba porque ja estao contidas na forma pronominal Mas, reconsideremos sentadas. os resultados Se elas nos mostram nos ou eles / elas, favorece nao-padrao, esta mesma o que caracteriza essas a nao-padrao .19 em P4; Freq.48% marinfor- nos. que a presenga concordancia parece das tabelas pronominal, (Freq. 26% e Probe do do apre- sujeito concordancia tambem e Prob •• 38 em P6), ausencia de marca por completo.(4) isso, e licito pensarmos conteudo informacional num hipotetico se comprometimento da frase ja que, isoladamente, Por do a forma verbal nao-marcada te 0 sujeito eXistencia temente, nao indica formal e semanticamen- t da oragao. um caso que nos faz pensar de explicagoes contrafuncionais, torna diflcil analisar 0 na que, aparen- os dados com base em hipo- teses funcionalistas. Consideremos (1) os exemplos Nos nao tinha medo de sucuri, nao tinha medo de onga, nao pensava (2) abaixo. em nada, so pensava Quando nos chegava de tarde, em Deus. ja tava tava morrendo de tanto calor. (3) e. Inf. Nois fazia lavora, Doc. Lavora de que, Dona Maria? Inf. Plantava milho, fejao, mandioca ne? Os dia de bazar elas pega aqueles pano e vende arrecada (5) bastante Treis vagabundo dinhero com esse esse traba1ho. que veio aqui de noite me ataco entro dentro de casa deu a palavra de assalto. Me levaru quase tudo. (6) Doc. E as criangas ce acha que acosturnaram aqui fi cam bem Inf. Costumo porque porque nasceu"aqui ne? e ta sendo criada aqui, entao costumo. Os exemplos selecionados em que ocorrem formas verbais sociadas pondem a sujeitos no plural a seql1encias de oragoes perlodos compostos document am os de singular coordenadas; por subordinagao; mais amplo, associadas fala de urn dos interlocutores. que podem ser as- (P4 ou P6): (1) e (4) corres (3) analise das formas verbais nao-marcadas versacional 3 context08 (2) e (5 ) saG e (6) sugere"", nurn contexto a con- a sujeito mencionado na Em todas as ocorrencias, sQjeito pronominal e marcas a aQsencia simQltanea de plQralidade de no verba nao :I:lstAC.o.>LO consti tQi °para a depreensao fisicamente verbais presente em oragoes em <luestao. ~ nos na 1- pessoa da 3~ pessoa do seu sQjei to, ja <lQe ele est a 0 <lQe antecedem <lQe acontece do plQral em as formas ao pronome pessoal (1), (2) e (3), e ao sQjeito do plural,respectivamente: pronome elas (4), treis vagabQlldo em (5) e as cri~n9as, em (6). formas verbais desprovidas xao nUmero-pessoal temporal (Confira de morfemas apresentam de fle- apenas valor lexical e modo- deQ por deram.), <lQe se trata de formas de plQral, e apresentada gramatical gQinte, velha nao se repete nUmero-pessoais a sQcedem primeira Pensamos + lar 0 princlpio e 0 dado novo nos verbos / plural da necessidade informag80 A informag80 e, por conse- Os morfemas das ~ragoes nao se altera se esclarece referido, da nao-repetigao ja referidas sabe <lue a cone da frase mas se anula a redQll- em termos donde ser posslvel de marcas anteriormente lar na capital paulistana. pia ouvinte 0 ja <lQe esta com forma marcada: <lue 0 fenomeno categoria singular pois e modo-temporal. nao se repetem xao entre os constitQintes mero vende por vendem, a.ntes na forma verbal marcada. de natl.l1'ezalexical Estas gramaticais pensava por pensavamos, entro por entraram, em a reger de flexao 0 vernacQlo Conse<laentemente, fica preservadaj da preservagao da post£ de nu POPQ- a distingao mais <lQe isso, 0 princi da informagao fica, as- sim, confirmado. Assim como nQID sintagma dade pode restringir-se, nante, ou primeiro nominal no vernaculo elemento a marca de plQrali- popular, ao determi- da frase nominal, nQIDa sucessao de frases de mesmo sujeito plural, na l~ delas e apagado nas subseqaentes, ciado a formas verbais probabilidade que requerem sica do pronome contexto do singular. de uso do pronome formas verbais nao compromete 0 seja mais extenso,ou referido quando asso- Ou seja, ainda que sujeito a seja mais alta com a ausencia a informagao desde que esclarecedor, quer seja da fala do proprio 0 mesmo desambigaizagao, seja suficientemente mais restrito,ou este pode ser interlocutor, do texto conversacional fl 0 ele quer (Cf.pergun- ta/resposta). Confirmamos, pronomirtalizagao assim, a relagao e concordancia verbal, que, de fato, forgas funcionais regra gramatical no portugues entre estrategias governam popular de alem de mostrar a aplicagao desta da capital paulista- NOTAS (1) Thomas (1969)e a ferencias Cuesta e Mendes simplificagao da Luz (1980) fazem re- das desinencias soais do verba na Ilngua popular leira (THOMAS, Portuguese. da zona rural brasi- Earl W. The Synt~x of Spoken Nashville, Vanderbilt 1969, p. 114; CUESTA, P. Vazquez bertina. Gramatica tins Fontes, nUmero-pes- University e MENDES da Ilngua portuguesa. 1980, p. Brazilian Press, DA LUZ,M.AlSao Paulo,Ma~ 481). (2) Cf. estudo de Hochberg sobre verbos no espanhol de Por to Rico. (3) Sobre a questao da precedencia ro, observagoes valiosas liba T.de Castilho, soalidade da pessoa 0 nUme~ me foram feitas pelo Prof.At~ a quem agradego: de P6 (Benveniste) da regra de concordancia sobre 1. a escassa pes- justificaria tenha que a perda comegado por alj 2. uma posslvel salda seria observar que ha certa assimilagao entre 0 pronome pessoal nos e 0 morfema ~.Boleo tra que nos lugares em que nos e dito ~, ra ~, mo~ -mos vai p~ como em andabames e ate andabanes. Por aqui a precedencia da pessoa sobre da. Por outro lado, 0 garia pelo nUmero (V. 0 nUmero estaria confirma- apagamento da concordancia come0 que acontece no SN.) e depois afetaria a pessoa. (4) Este angulo da questao me foi sugerido pelo Prof. Fernando Tarallo, a quem fico muito grata. Ele levou em conta a existencia de posslveis explicagoes de natureza contrafuncional, sugeridas por LABOV, 1987. CARONE, Flavia de B. "0 desempenho lingtllstico dos candid~ tos ao Vestibular: concordancia verbal". Cadernos de Pesquisa. Fundagao Carlos Chagas. Sao Paulo,19:39-52, dez. 1976. GALVES, Charlotte, "Pronomffie categorias vazias no portugues do Brasil". In: Cadernos de estudos lingtllsticos. Campinas, IE~UNICAMP, 7: 107-36, 1984. HOCHBERG, Judith G. "Functional Compesationfor /s/ dele- tion in Puerto Rican Spanish". Language, 62 (3): 60921, 1986. LABOV, William. "The Overestimation of Functionalism". In: DIRVEN, Rene and FRIED, Vilem (eds.). Functionalism in Linguistics • .Amsterdam/Philadelphia, John Benjamins Publishing Co., 1987, p.311-332.(Published as vol. 20 of the series Linguistics and Literary Studies in Eastern Europe.) TARALLO, Fernando L. Relativization Strategies in Brazilian Portuguese. Tese inedita.Philadelphia,Universidade Pennsylvania, 1983. de