ID: 47920111 28-05-2013 Tiragem: 122220 Pág: 4 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 16,26 x 18,59 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Estudo melhora eficácia a tratar as depressões Ciência Identificados perfis metabólicos dos portugueses com implicações na neuropsiquiatria. Passa a ser possível prever eficácia dos medicamentos Investigadores da Universidade de Coimbra (UC) identificaram, pela primeira vez, «os perfis metabólicos da população portuguesa com implicações nas doenças neuropsiquiátricas», incluindo as toxicodependências, anunciou ontem a instituição. Os resultados da investigação, além de permitirem «melhorar a segurança dos medicamentos», assumem-se como uma «ferramenta essencial para a prática clínica», pois podem «evitar o surgimento de efeitos patológicos», a partir da prescrição da medicação e dose mais adequadas, salienta Manuela Grazina, que liderou a equipa multidisciplinar que desenvolveu o estudo e é integrada por especialistas de Coimbra e de Badajoz (Espanha). «Mais de um milhão de portugueses» poderá «beneficiar deste conhecimento», admite a investigadora e docente da Faculdade de Medicina da UC, que também é coordenadora do Laboratório de Bioquímica Genética do Centro de Neurociências e Biologia Celular. A investigação, que vai ser Manuela Grazina liderou a equipa de investigadores publicada na revista “Personalized Medicine”, incidiu na identificação das «alterações genéticas, características dos perfis de metabolização do gene CYP2D6, que codifica uma das principais enzimas envolvidas no metabolismo dos fármacos utilizados para tratar doenças neuropsiquiátricas», como por exemplo a depressão e as toxicodependências. Partindo das múltiplas formas do CYP2D6, o estudo identificou os «quatro principais perfis de metabolização [do gene] – ultrarrápidos, mui- tos lentos, extensivos e intermédios» –, concluindo, designadamente, que os dois primeiros são altamente problemáticos, porque «a eficácia do fármaco administrado depende da forma como o organismo o processa», salienta Manuela Grazina. «Se a reacção é muito lenta, o medicamento acumula-se no organismo e pode gerar efeitos indesejáveis«, mas se é muito rápida «o fármaco é degradado, influenciando igualmente a resposta terapêutica», afirma a investigadora, explicitando: «As características genéticas de cada indivíduo decidem a eficácia dos fármacos consumidos e o aparecimento de efeitos tóxicos». Aprovada pela Comissão de Ética, a pesquisa, que envolveu 300 voluntários adultos portugueses, de várias regiões, permite concluir que mais de 665 mil portugueses possuem o perfil de metabolizadores lentos e cerca de 496 mil ultrarrápidos, de acordo com a extrapolação para a população portuguesa, efectuada em função dos Censos 2011. |