1 Alguns passos rumo ao anarquismo: origens do anarquismo na Suíça Por: Marcelo de Marchi Mazzoni e Marcus Vinicius de Marchi Faria1 1. Introdução Antes de falarmos propriamente de “anarquismo”, tomaremos para nós o espírito do “mineiro”, pois -“uai”- vamos comer pelas beiradas. As “beiradas” de um assunto ou objeto de estudo, no caso de uma ideologia, pelo fato de se situar num campo histórico (não em um laboratório ou num campo metafísico), são: o momento histórico e as instituições que essa ideologia possua algum de vínculo orgânico. No caso de nosso artigo, colocando a “carroça na frente dos bois”, o anarquismo está umbilicalmente ligado a Associação Internacional dos Trabalhadores de 1864-1878 (AIT) e é essa “beiradona” que precisamos engolir para chegar ao suculento recheio de nosso assunto. Assim, colocadas às cartas na mesa, vamos nos ater as beiradas. Para entender o que é a AIT deve-se fazer um percurso sobre três aspectos distintos, porém, interligados: 1º a constituição da hegemonia burguesa na sociedade européia do séc. XIX; 2º o paralelo desenvolvimento das idéias socialistas, nesse período; e, por fim, 3º a própria história da AIT. Após essa explanação inicial poderemos nos dedicar a um estudo concentrado nos operários dos cantões de língua latina da Suíça, nas décadas de mil oitocentos e sessenta e setenta, os quais têm intensa atividade “internacionalista”, que produz uma ideologia, de caráter diferenciado das demais existentes. 1.1. Uma nova classe reina soberana; A hegemonia da burguesia é construída pela derrubada do “ancién regime”, ou seja, das monarquias absolutistas e do feudalismo. A revolução burguesa ocorreu por dois processos simultâneos: Primeiro, um processo revolucionário que teve seu ápice na 1 Marcelo de Marchi Mazzoni, email: [email protected], é graduando em Ciências Sociais pela Unesp FFC – Marília e é bolsista Pibic/CNPq com a orientação de Marcos Tadeu Del Roio. Marcus Vinicius de Marchi Faria, email [email protected], é formado em história e graduando em Ciências Sociais pela Unesp FFC-Marília. 2 Revolução Industrial iniciada em torno de mil setecentos e oitenta que muda as estruturas econômicas e faz emergir um novo regime o capitalismo; segundo, a revolução das estruturas político-ideológicas cujo principal marco histórico é a Revolução Francesa de mil setecentos e oitenta (HOBSBAWM, 2007). Nessas ocasiões é que se abriu o período de consolidação da sociedade burguesa na Europa. Deve-se ficar claro que, pra nós, o período em que a burguesia travou sua luta para moldar as bases da “nova sociedade” é considerado como o processo revolucionário. Assim, entre a derrubada da Bastilha e a hegemonia das classes burguesa, a burguesia enfrentando as antigas classes aristocráticas, tanto como, as novíssimas classes (trabalhadores), findou sua revolução, a partir de nossa chave analítica, esmagando a Comuna de Paris de mil oitocentos e setenta e um, tendo o processo oitenta anos de duração. (GRAMSCI, 2002). Um dos elementos centrais para sua hegemonia, nesse processo, é a construção da consciência nacional-popular, que gera e difunde a noção de povo-nação. Assim vemos, nesse século, em que a burguesia emerge enquanto classe dominante, a eclosão de muitos movimentos nacionalistas, tais como: “Unificação Alemã (1871), Ressurgimento Italiano (1870), entre outros. A idéia de “Estado-Nação” surge devido ao vácuo ocasionado pelo fim da soberania baseada na figura do monarca. Pois, constituía um elemento nevrálgico da concepção de mundo que legitimava a soberania daquele tipo de Estado, já que o regime monarquista tem como fundamento a idéia transcendental da “benção de Deus” sobre o monarca. Ao decapitarem o rei, nos levantes revolucionários, cortaram junto toda essa legitimidade transcendente. A cabeça do rei caiu, levando com ela, além de sua coroa, as bases ideológicas de uma era. Como um prédio não fica em pé sem uma sólida base, uma sociedade não se mantém sem um complexo ideológico que tenha capacidade de ser universalizado e garanta a hegemonia social de alguma (s) classe(s). Isso fez com que se impusesse uma necessidade histórica a burguesia, articular outro fundamento de coesão interno para seu domínio sobre as classes subalternas; assim, decorrente da idéia de nação, surge: “o povo”. Eis que toda a violência e toda a ação de Estado, não mais em nome de Deus ou de “César”, é, agora, em nome do “povo”. Falando em Estado, sobre a palavra de ordem “povo-nação”, a burguesia, forja a nova estrutura do Estado, o aparato burocrático que vem a se chamar: Estado Liberal. Se firmando soberano representante de todo um povo-nação. (DEL ROIO, 1998). A revolução burguesa firmou então a nova ordem. Porém nunca teve um dia de calmaria, pois, assim que conseguiu redefinir o mundo, criou sua própria contradição políticoeconômica. Toda essa articulação surge portando um paradoxo fundamental, que é das mais marcantes características do contemporâneo: “o pauperismo que nasce do maquinismo” 3 (HALÉVY, 1979). A mesma “indústria” que produz uma abundância nunca antes vista na história, produz uma classe de homens e mulheres desprovidos de tudo, exceto de sua força de trabalho. 1.2. A história das idéias socialistas A indústria, com suas mãos de “Rei Midas”, fez a riqueza da burguesia e da europa saltar aos olhos. Mas, nossa indústria Midas, não teve na solidão seu maior “castigo” – como trágico destino do triste rei da história infantil – teve, pelo contrário, na imensa população famélica, que fazia pulsar a produção a custas de suas próprias vidas, sua cara trágica. Onde se produziu o rico, se produziu o pobre. Onde se produziu o burguês, se produziu o trabalhador. Mas, não sabendo se por causa de uma revolta moral, como diria Malatesta (achar ano), ou, fazendo o trabalho do Espírito Absoluto (como Hegel se referia a Bonaparte). Alguns homens surgiram e, literalmente, perderam a cabeça, contra as injustiças do capitalismo. Babeuf é o primeiro exemplo que nos referiremos.2 Por quê? Gracchus Babeuf, nascido em 23 de novembro de 1760 e morto pela reação thermidoriana em 1797, é o nome que foi consagrado, mas que, na verdade, sintetiza as pretensões das classes subalternas em continuar o processo revolucionário, contra o diretório e contra a burguesia. A revolução, assim como as pretensões burguesas, havia chegado ao momento derradeiro. Até que ponto a igualdade e liberdade poderiam existir? Como liberdade e igualdade jurídica e abstrata? Ou, assim como pretendia Gracchus, a igualdade perfeita, que apontava para o fim da propriedade privada dos meios de produção. Assim, sua Conspiração dos Iguais de 1796, é a interpretação radical das classes subalternas do iluminismo burguês, pois levava como base teórica Diderot, Voltaire, Rousseau e reivindicava a continuidade de 1789. É o próprio iluminismo que, vendo a miséria e a opressão do povo, bradou a revolta do contra o Diretório. Mas, é devido ao agravamento da tensão social da primeira metade do século XIX, com a ampliação da revolução industrial, consecutivamente, ampliação da população proletária. Assim, somado também as muitas revoltas operárias, surge a ideologia que terá o grande papel de expressão dos anseios das classes subalternas contra o capital: o socialismo. 2 Infelizmente nosso artigo traça uma história dos intelectuais expoentes da crítica a sociedade, podendo dar a impressão de que a história foi feita pelos grandes homens. Por mais que isso possa parecer, nossa perspectiva vê o movimento histórico feito em grandes medidas influenciadas pela estrutura jurídico-economico, por meio do atrito das classes em jogo 4 Os créditos devem ser dados tanto a escola de Owen e na escola de Saint-Simon3, ambas vocalizaram os anseios dos povos se encontravam sob o jugo da exploração capitalista. Apesar desse passo, ambas as escolas não conseguiram fazer mais que uma crítica ao individualismo e dar como saída mundos imaginários organizados perfeitamente, dando-lhes um caráter utópico (ENGELS, 2014). Outro movimento de maior expressão prática e menos ideológica é o cartismo inglês da década de 1830, em que persiste até 1847, quando declina. Este tem grande influência na criação do Trade-unionismo – o movimento sindicalista inglês – de grande expressão no século XIX e XX (HALÉVY, 1979). Essas concepções predominam no debate crítico ao capitalismo na Europa até a década de 1840. Na França apareceram outras perspectivas. Proudhon4 e Blanqui5 são alguns dos nomes que expressam a nova fase da luta de classes desses anos. Proudhon estabelece como os inimigos a serem combatidos pelas classes subalternas: o capital, o Estado e a Igreja. Denunciando qualquer forma de governo como tirânico ao mesmo tempo em que Blanqui começa a propagandear a ditadura do proletariado e a necessária tomada de poder por uma minoria em nome das classes proletárias. Proudhon, nessa época, funda o mutualismo e Blanqui o comunismo (WILSON, 1986). Não menos importante, Marx, nessa mesma década, se aproxima e rompe com o mutualismo, cujo livro a Miséria da Filosofia, de 1846, é o marco do rompimento e da crítica marxista ao mutualismo. Marx assina sua adesão ao pensamento comunista, alguns anos mais tarde com sua entrada na Liga dos Comunistas e seu célebre Manifesto do Partido Comunista, em que bradava aos quatro ventos: “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!”. Além do que, a década de 400, termina com uma grande explosão, chamada: “Primavera dos Povos de 1848”. Chacoalhando toda a Europa e terminando com a repressão e o estabelecimento do bonapartismo na França. A década de cinqüenta é um período dos assensos de alguns movimentos nacional e pelo refluxo das lutas operárias. Já os anos sessenta é o período em que as lutas operárias ressurgem, com grandes movimentos de resistência operária e greves, principalmente na Inglaterra e na França; assim como, a Guerra de Secessão Americana e 3 Robert Owen, nascido em 14 de maio de 1771 e morto em 17 de novembro de 1858, um influente reformista social na Inglaterra, considerado um fundador do socialismo e do cooperativismo. Um dos mais importantes socialistas utópicos. Claude-Henri de Rouvroy o Conde de Saint-Simon; nascido em Paris em 17 de outubro de 1760 e morto em Paris mesmo em 19 de maio de 1825; um intelectual francês, um dos fundadores do socialismo moderno e considerado um teórico do “socialismo utópico” (HALÉVY, 1979). 4 Pierre-Joseph Proudhon, nascido em Besançon na França em quinze de janeiro de 1809 e morto em dezenove de janeiro de 1865 em Paris. Foi um jornalista, economista e sociólogo francês. Tido como um o primeiro anarquista e foi um dos únicos teóricos revolucionários do século dezenove de origem operária. Autodidata, pensador anti-estatista, partidário do mutualismo/federalismo. 5 Louis-Auguste Blanqui, nascido em oito de fevereiro de 1805 em Puget-Théniers (Alpess-Maritimes) e morto em primeiro de janeiro de 1881 em Paris. Foi um socialista e revolucionário francês. Teórico da revolução violenta e da tomada do estado por uma minoria em nome do proletariado. Defendia a coletivização das terras e dos meios de produção. 5 alguns conflitos nacionalistas como o movimento polonês contra o Império russo, ou seja, é uma década de reviravoltas (WILSON, 1986). 2. Quando os trabalhadores do mundo se uniram. Nesses marcos, portanto, deve-se compreender o surgimento da Associação Internacional dos Trabalhadores, doravante conhecida como AIT. Criada em 1864, na Inglaterra, por operários ingleses, franceses e emigrados de vários países. Por ocasião da ida de uma delegação francesa a Inglaterra para a Exposição Universal. A AIT foi uma organização de trabalhadores de vários países cuja pretensão de organizar sobre o mesmo espírito todos trabalhadores pelo incentivo e apoio a luta pela melhoria das condições de vida das classes subalternas, assim como pela sua emancipação, já em seu chamado inicial se anuncia que: “A emancipação dos trabalhadores é tarefa dos próprios trabalhadores”. Agrupava organizações locais e profissionais, sem contar as adesões individuais. Enfim, a associação conseguiu estabelecer seções inglesas, alemãs, francesas, suíças, belgas, italianas, espanholas e americanas. Organizada de modo estatutário, que estabelece autonomia as seções, com um Conselho Central que servia como veículo de articulação, guiado ainda em suas diretrizes por Congressos. Organizou um total de cinco Congressos, até a cisão em 1872, debatendo temáticas das mais variadas. A AIT representa uma tripla negação ao status quo burguês, pois era protagonizada por um sujeito-histórico anti-burguês: os trabalhadores; propunha uma emancipação da classe explorada na ordem estabelecida, negando os avanços de 1789 como “estágio final da humanidade, propagando: “não mais direitos sem deveres, não mais deveres sem direitos”, cantando a célebre canção de Lambeautecha “Não me fale em liberdade! A pobreza é a escravidão!”e, por fim, contra a concepção legitimadora do estado burguês: “nação”, em contraposição, uma associação de homens de todas as nacionalidades. Contra o mundo burguês, o mundo dos trabalhadores. Contra a igualdade civil, a igualdade dos produtores. Contra o nacionalismo, o internacionalismo. Eis a grande importância da AIT. Sua crise que redundou na cisão de 1872 é muitas vezes associada ao conflito de duas figuras “titânicas” (Bakunin e Marx). Mas, não defenderemos isso aqui. Defenderemos que a cisão vem à ocorrer por “(...) razões sociopolíticas mais profundas (TRAGTENBERG, 2010, P.32).”6 Como se sabem K. Marx é o escritor de obras como O Capital e Manifesto do Partido 6 Apesar do grande enfoque no embate desses dois titãs (vide em obras de partidários de ambos). Alguns dos pontos centrais, para os motivos da cisão, podem ser apontados, como: a Guerra Franco-Prussiana de 1870, a 6 Comunista, e o fundador do dito “socialismo-cientifíco”, foi também secretário geral do Conselho Central da AIT; e Mikhail Bakunin revolucionário russo, um dos idealizadores e difusores do anarquismo, fazia parte da ala dita “coletivista” da AIT. Essa disputa reflete, em grande medida, as frações de duas ideologias que compuseram e disputaram as linhas diretivas da organização. Mas, o que nos interessa aqui, não são os motivos e os caminhos que levaram a cisão na Associação, isso nós pretendemos fazer em outro lugar. Nosso objetivo é analisar a AIT pela obra de James Guillaume7, o que significa que estaremos partindo da visão de um militante da Internacional na Suíça de língua latina, e, o mais importante, daqueles que foram expulsos na cisão e, por esse e outros motivos, foram os que historicamente foram tidos como os derrotados. Consecutivamente, os que a história “oficial” coloca como inexistente ou insignificante. Assim, ao caminhar por essas páginas esquecidas e dar voz a esses personagens hoje tidos como irrelevantes, podemos nos considerar portadores de um espírito de Indiana Jones, um desbravador de territórios desconhecidos. Temos conosco, assim como essa figura que se arrisca em prol de descobrir novidades do passado, que poderemos, com uma boa pesquisa “nessa selva de Guillaume”, descobrir vários tesouros. Como sempre, temos que fazer uma coisa de cada vez, hoje, nossa expedição se chamará: “Como surgiu o anarquismo?” E veremos o que essa “selva”, que são os livros, pode nos presentear. 3. Por dentro das memórias de James Guillaume O livro conta a história da AIT desde o começa na Suíça, em 1865. No inicio sua ideologia tem traços de um mutualismo democrático, que irá ser modifica com o acúmulo de experiência, até que o Congresso de 1868 o trabalhadores votam a favor da propriedade coletiva dos instrumentos de produção, fazendo surgir uma noção nova na Suiça – um mutualismo coletivista.8 A chegada de Bakunin em 1867 e a formação de uma federação das seções internacionalistas da Suíça latina (Federação Românica), em 1869, são alguns dos repressão brutal aos communards e aos internacionalistas no pós-Comuna de Paris o infrutífero trabalhado da AIT nos EUA. Assim, a cisão, é também um dos principais motivos para a derrocada da AIT. 7 James Guillaume (1844-1916), escritor e militante da AIT, ajudou a propagar a Internacional na Suíça, assim como defendeu os posicionamentos coletivistas. Junto com Bakunin, teve um papel importante na manutenção da AIT após a cisão, até 1878. No inicio do século XX, escreve um enorme livro sobre documentos e recordações sobre a AIT. (GUILLAUME, 2009) 8 Mutualismo é, essencialmente, a ideologia da federação dos produtores, por meio de uma generalização das pequenas propriedades. É uma ideologia contraria a propriedade coletiva. Também é vinculado ao cooperativismo. 7 acontecimentos que determinam a história e o surgimento do coletivismo. Bakunin encontra nesses operários a expressão e um complemento para suas aspirações e para sua teoria. Mesmo a cisão da organização em 1872, gritada aos quatro ventos como uma vitória do Conselho Central (a ala que Marx compunha) frente aos “bakuninistas”. É interpretado como um golpe do Conselho sobre si mesmo, pois mostra que o grosso da organização migrou para a ala expulsa. Esse setor conseguiu, através de uma força centrípeta, organizacional e propagandística, tal feito – sem contar a proximidade ideológica de vários países com os operários do Jura suíço. Após 1872 fundam uma nova organização, conhecida como Internacional de SaintImier, no qual se continuaram as atividades de modo federado, tendo seu centro na Federação Jurassiana (a já citada Federação Românica muda de nome durante o processo de cisão). Essa organização durou até 1878 com a dissolução da Federação Jurassiana e o fim da AIT. O trata dado aos documentos é algo muito relevante na obra. Por exemplo, os Estatutos Gerais, adotados em 1865, demonstram, confrontando as versões que circularam entre as seções no período, que a uma grande disparidade entre versões inglesas e francesas. Guillaume aponta que essas disparidades não decorrem de erros ao acaso, mas decorrem das ideologias divergentes que, na ocasião, variavam, mais ou menos, de país pra país. Segundo o próprio Guillaume, os estatutos em inglês possibilitam ações ao Conselho, como, adicionar mais membro e dar a direção da AIT, mais hierárquico que o francês que, possibilitam aos congressos, não ao Conselho, essas funções. Guillaume, deve se notar, trás relatos detalhistas dos Congressos e reproduz jornais e debates, etc. E tem um vasto conjunto de documentos. A obra “L’Internationale – documents et souvenirs(1864-1878)”, em quatro tomos, é publicada entre 1905 e 19109. Até hoje, nos 150 anos da AIT, não se tem mais que a tradução de um décimo da obra, dando mais importância ao estudo desse material. Posto isso, vamos ao nosso objetivo. 3.1. A AIT na Suíça românica: um mutualismo conservador ao coletivismo; Nossa hipótese e a seguinte: o anarquismo, quem tem sua primeira expressão no “coletivismo”, surge enquanto ideologia e movimento organizado nos cantões româmicos da 9 O livro é estruturado de modo a articular textos do período (que já eram públicos e que vieram a se tornar públicos), um documento denominado “Mémoire de La Fédération de l’Internationale des Travailleurs à toutes les Fédérations de l’Internationale” de 1873, do próprio Guillaume, assim como suas recordações já em 1900. Isso dá uma dinâmica interessante ao texto, pois o autor se expõe quando anexa textos de sua “juventude” (1866), em que defende posições conservadoras em relação às mulheres. 8 Suíça. Organizados através da Internacional e fortificados pelo pacto de “Saint-Imier” de 1872. Porém, para afirmar isso, levaremos em conta que a composição da classe operária suíça. A grande maioria da população operária estava empregada nas industrias relojoeiras e de artigos de luxo, assim como uma grande massa de imigrantes que trabalhava na construção civil. O movimento operário na Suíça, diferente do caso inglês e francês, é de caráter muito incipiente. O começo da Internacional na Suíça, entre 1865 e 1866, pode ser caraceterizado como algo de caráter bem tímido, com um conteúdo ideológico que beirava a um mero radicalismo burguês. Alguns anos mais tarde é impressionante o tamanho do avanço que ocorrerá, de modo que nem as ideologias existentes, conseguiam dar vazão a esse avanço. Rompendo assim com o mutualismo e comunismo, tornou-se um dos principais lugares que compuseram o movimento operário e revolucionário de 1872 até 1878. O que aconteceu, para que os operários de uma posição de radicalismo burguês se tornassem os primeiros anarquistas? Is that the question! Primeiro, precisamos provar nosso ponto, então, iremos expor dois documentos presentes na obra de Guillaume. O primeiro, datado de 1866, é uma carta de Guillaume relatando suas impressões sobre o Congresso de Genebra de 3-8 de setembro ao Jornal Primer Mars. Alguns excertos que nos interessam: “... Uma questão entre outras interessava-me: tinha-se dito que a Associação Internacional pregava a pretensa emancipação da mulher, a abolição da família; eu gostaria de ouvir uma explicação categórica sobre esse assunto. Ora, eis as conclusões da dissertação sobre o papel da mulher na sociedade lida por um delegado de Paris: a família é o fundamento da sociedade; o lugar da mulher é no lar; não somente não queremos que ela o abandone para tomar assento numa assembleia política ou discursar num clube, como também não desejaríamos, se fosse possível, que ela o deixasse para se ocupar de uma trabalho industrial. A assembleia foi unânime em testemunhar, por seus aplausos (...) Para resumir minha impressão, concluindo, creio que a Associação Internacional pode prestar grandes serviços aos trabalhadores, ensinando-os a se conhecerem entre si, e despertando neles o gosto pelo estudo das questões sociais que os tocam de perto; e desejo que esse primeiro Congresso produza o resultado moral que parece prometer a abertura de suas deliberações. (Guillaume, J. 54, 55. 2009)”10 E a Mensagem do Comitê Geral da Internacional em Genebra de outubro de 1868, ou seja, apenas dois anos após o primeiro: 10 Em defesa de Guillaume, em finais de 68, já com um maior acúmulo e experiência, ele rompe com esse machismo absurdo que propaga em 66. De modo que, seu jornal “Le Locle”, já tinha como uma das pretensões a emancipação da mulher, assim como, a contribuição de uma militante e escritora polonesa. 9 “...Os deserdados da sociedade atual, tendo uma mesma causa a defender e compreendendo a necessidade de unir-se, fundaram na Europa e na América, através e malgrado as fronteiras criadas por nossos opressores, a Associação Internacional dos Trabalhadores. O objetivo dessa formidável associação é o triunfo da causa do trabalho contra o privilégio, contra o capital monopolizado e contra a propriedade hereditária, instituição iníqua garantida pelo Estado, instituição anárquica perfeita, porquanto ela perpetua e desenvolve a desigualdade das condições, fonte da desordem social. (Guillaume, J. 204, 205. 2009)” Pode-se com razão parecer que estamos a fazer recortes pouco arbitrários, que servem a causa de nossa hipótese, contra isso podemos colocar que a própria visão de Guillaume concorda conosco, já explicaremos isso, assim como a abordagem de Marianne Enckel em seu livro La Fédération Jurassienne confirmando nossas afirmações. Ela afirma que nos primeiros anos, essas seções estavam longe de serem revolucionárias, assim como defendiam-se severamente da acusação de serem comunistas: “não queremos fazer guerra nem contra os patrões, nem contra os ricos (ENCKEL, M; p.18, 2011)”. Diz um documento dos operários de Saint-Imier de abril de 66. Enquanto em Chaux-de-Fonds impera o programa do doutor Coullery, democrata e humanista, na seção do Locle, fundada por Guillaume e Papa Meuron (veterano da primavera dos povos na suíça), está próxima do partido radical (ENCKEL, M. 2011). Mesmo Guillaume, em um texto de balanço que data de 1872, expõe o seguinte, do início da Internacional na Suíça: “Coullery, em quem se personificava, então, a Internacional nos cantões românicos da Suíça, desenvolvia a maior atividade para a propaganda. Preparava meeting após meeting, pregando aldeia em aldeia a união dos trabalhadores e a fraternidade. Ele quis ter um jornal para si, e não tendo podido encontra impressor, ele próprio criou uma tipografia em LaChaux-de-Fonds. O jornal apareceu sob o título La Voix de l’Avenir, seu primeiro número traz a data de 31 de dezembro de 1865. La Voix de l’Avenir, ainda que mal redigido, e não tendo outro programa senão um tipo de neocristianismo humanitário, encontrou numerosos leitores, não somente na Suíça, mas também na França.(Guillaume, J. p. 46,47, 2009)” Coulley era um médico, conhecido como médico dos pobres, da cidade de Chaux-deFonds localizada também na região já citada do Jura, era muito conhecido pelo seu humanitarismo, entrou em contato com o Conselho Geral da AIT em 65 e ajudou a fundá-la na Suíça latina alcançando, já de início, a adesão de uns quinhentos membros. Ele serviu para 10 a propaganda e conseguia dar face para a organização, mesmo sendo um sujeito das “classes médias”. Não consta nos “Estatutos”, mas dentro da AIT os jornais cumpriam um papel central. A AIT de cada país possuía pelo menos um como instrumento. E os jornais tinham várias funções, que podem assim ser resumidas: -Cara pública da organização, ou seja, a ideologia impressa no jornal representava a visão das Seções que o mantinham; -Difusor teórico, debatia as várias temáticas que eram necessárias para os debates dos operários e dos congressos, tais como: cooperativismo, questão da mulher, propriedade coletiva, fim do direito de herança, etc; -Orgão de propaganda e solidariedade, além de difundir as idéias, ele servia para noticiar as lutas operárias de outras localidades; -Função informativa das questões da AIT, assim, os jornais publicavam informes solicitados pelo Conselho Geral. Exposto o tamanho papel dos jornais, podemos dizer que o La Voix de l’Avenir era entre 1865 e 1868 o jornal das seções suíças latinas e entender que o fato dele pertencer a Coullery tem implicação circunstancial sobre o período – dentro da organização. Coullery, então, era a principal figura pública e dispunha do órgão central de teoria e ideologia da Internacional Suíça. Então, como os operários suíços romperam com ele? Iremos demonstrar que a própria atividade dos operários, por meio da consolidação de suas organizações, seus pensamentos e de suas estratégias, foi o elemento central da modificação da visão de mundo, ou seja, a própria experiência nas lutas. Dividiremos, o movimento, em três partes: os processos eleitorais, as greves e os Congressos da AIT. No processo eleitoral que ocorre em maio de 1868 as seções da suíça latina participaram de dois modos distintos. De um lado, no Jura, Guillaume e outros “internacionalistas”, fecham uma frente eleitoral com o Partido Radical. Já em Neuchatel, Coullery, juntamente ao comprar e destruir o jornal Diógene – que servia como um dos primeiros jornais críticos, de caráter satírico, apesar de não ser abertamente socialista – assim como funda um novo, sobre seu completo domínio, o: La Montagne, para servir de órgão público dos auto-intitulados sociais democratas, fecha uma aliança com os conservadores (antigo partido realista) para tentar chegar ao poder derrotando os Radicais nas urnas. Esse fato vergonhoso de uma aliança aristocrata-“socialista” aconteceu pelo grande motivo de que o senhor Coullery tinha pretensões de adquirir um cargo no governo. Seus próximos difundiam no período que era preferível até um conservador a um radical no poder – argumentação que doía aos ouvidos dos internacionalistas do Jura. O recém criado La Montagne propagandeava que a oposição deveria aceitar em suas fileiras todos os adversários 11 dos radicais (governantes). Quando chegou o momento decisivo, metade dos candidatos da chapa era composta por conservadores, tendo como grande façanha sofre uma avassaladora derrota eleitoral. Durante o processo nos cantões do Jura (Locle e Chaux-de-Fonds) os socialistas se separam abertamente desses “coullerystas”, assim como as seções da Internacional de Genebra que lançaram uma nota em seu recém criado La Liberté, apontando como absurdo o caminho dessa tal aliança. Essa eleição mostrou a verdadeira intenção desse médico humanitário - o “discípulo da AIT” viu-se isolado de toda a organização. Enquanto isso, no Locle, os socialistas fecham uma aliança com os radicais em prol de uma “República democrática e social”. Tudo ia muito bem, porém, eis o que houve: “Aceitamos a proposta com a consciência perfeitamente tranquila: não tínhamos sempre dito que desejávamos de todo nosso coração ver os radicais concordarem com os socialistas? ... Toda a lista radical passou, exceto o candidato socialista, eliminado, tendo recebido somente os votos dos internacionais, pois os eleitores radicais riscaram seu nome das cédulas do voto, tendo muitos deles, inclusive, substituído o seu nome pelo de um conservador, que foi eleito.(Guillaume, J. p 145-146, 2009)” Então, os socialistas do Locle, tomaram um golpe de seus aliados radicais no processo eleitoral, mas não saíram de mãos abanando do processo, tirando uma conclusão muito importante: “Os socialistas do Locle, assim enganados, juraram que não seriam ludibriados uma segunda vez, e resolveram abster-se doravante de toda participação em eleições políticas. (Guillaume, J. p.146, 2009)”. Assim, desses dois movimentos, os socialistas suíços aprenderam a lição sobre os interesses por trás daqueles que querem o poder e assim como o quão sujo e infrutífero pra luta esse campo de atuação é. Posto isso, estabeleceram um dos princípios que segue o anarquismo até hoje: o de se abster das lutas eleitorais, porque esse um campo burguês. Podemos agora entrar na exposição sobre os movimentos de greve no período, antes gostaríamos de destacar que em 1866, esses mesmos operários, ainda não tinham tido nenhuma experiência de associação ou de qualquer ação coletiva, assim não se identificavam com nenhuma classe. Assim se torna compreensível como fosse impossível estabelecer um programa revolucionário do abstrato (Enckel,M.2009). No ano de 1867, organizam alguns movimentos contra a guerra, como manifestações em prol da paz, devido às tensões entre França e Prússia que começavam a aparecer, os operários já denunciavam a guerra como sendo de nenhum interesse dos operários. Mas é em março de 1868, que um dos movimentos mais marcantes dos operários ocorre. A greve da construção civil de Genebra de março a abril de 1868, além de ser o primeiro movimento de greve generalizada de um setor, sai vitorioso não só pelo esforço dos operários da construção civil mesmo, mas também pelos esforços e a solidariedade dos operários da relojoaria suíça (que eram de certo modo, incluídos na sociedade burguesa, pelo seu alto padrão de vida – em comparação aos demais trabalhadores – e sendo todos considerados cidadãos) que estabeleceram uma solidariedade ativa com os grevistas além de ter ocorrido uma solidariedade internacional entre as várias seções, principalmente as belgas e francesas, para com os trabalhadores em greve. Assim o movimento interrompe a paz 12 cotidiana das montanhas suíças, colocando os trabalhadores, pela primeira vez, contra os patrões. Aprendendo na prática quem são seus inimigos imediatos, e num gigantesco movimento de solidariedade internacional, que se propunha em sair em greve em apoio, assim como, na construção de um fundo internacional de greve para os trabalhadores. Nisso os operários se unem enquanto classe internacional para enfrentar a burguesia suíça, nesses momentos a luta de classes não é vista mais como um conceito, é vista, como a realidade. Assim, vimos que as seções suíças aprenderam a noção de solidariedade e de luta de classes nos movimentos que eles mesmos fizeram, assim os laços do antigo conservadorismo operário foram se rompendo, dando lugar à digamos, por falta de uma melhor expressão, consciência de classe revolucionária. Mas falta analisar o impacto dos Congressos, que, como veremos, tiveram um papel importantíssimo para essa mudança. Como o intuito é mostrar a influência dos Congressos sobre o movimento socialista e operário dos suíços, então sobre o primeiro deve-se destacar que rodou, sobretudo, nos estatutos gerais, e nas consolidações das atribuições das partes. Mas, nas palavras do próprio Guillaume: “Esse Congresso (...) não exerceu sobre as Seções da Suíça românicas senão uma medíocre influência. (Guillaume, J. p. 49, 2009).” assim o Congresso foi dirigido pelos mutualistas franceses, tendo poucos avanços nos debates sociais. Já o segundo congresso, apesar da continuidade da linha mutualista parisienses, é posto em discussão nove temas, estes sendo: “1) os meios para tornar a AIT um cento de ação para a classe operária, o crédito e os bancos populares, a emancipação do proletariado e seus riscos, o trabalho versus o capital, a educação e a questão da mulher, o Estado e as liberdades políticas.(Guillaume, J. p.29, 2009)” Alguns outros temas importantes são a reafirmação do modelo federativo, os debates sobre o fim do regime do salariado, o reconhecimento da importância do ensino, a ligação entre a emancipação política e a social e a afirmação do capitalismo como um sistema de classes dividido entre explorados e exploradores. Esses debates já tiveram mais impacto nas seções, além do fato deles tomarem partidos pelas posições mutualista, fazendo uma frente com as seções francesas. Mas é o terceiro Congresso, ocorrido em Bruxelas em 1868, em que a AIT radicaliza e os mutualistas são vencidos. O ano de 68 é marcado pelo movimento de enfraquecimento de Coullery na suíça latina e o fortalecimento do movimento operário organizado, além do aumento da força dos jornais do Locle o Le Prógres e o de Genebra o La Liberté, ambos debatendo ideias que fugiam ao mutualismo, porém permaneciam disformes. Tolain, o grande mutualista francês, é substituído como presidente da seção parisiense por Louis Eugène Varlin (1839-1871) um jovem encadernador, cujas ideias de um comunismo antiestatista foram centrais para o avanço do debate. Assim, no congresso de Bruxelas, contra a vontade dos mutualistas, os operários, conseguiram passar a proposta que defendia a propriedade coletiva das terras e dos instrumentos de trabalho, nesse momento os operários suíços se abstiveram. Porém, a questão do debate da propriedade coletiva produziu um efeito de ruptura dentro da suíça latina. Coullery, contínua a condenar tal proposta, se apegando na mais conservadora interpretação de Proudhon para condenar de “comunistas” aqueles que haviam apoiado tal votação. Mas, a essa altura, Coullery já não era o querido discípulo da AIT, os 13 operários já lhe haviam condenado. Haviam, também, aprendido a lutar sua própria luta, e definir sua própria causa. Seu jornal, La Voix de l’Avenir, contava com um duplo mal, uma péssima administração e um péssimo norte político. Assim uma a uma das seções foram se posicionando a favor do Congresso de Bruxelas, e Coullery fazendo uso de seu jornal para difamar os genebreses conseguira terminar de cavar sua própria cova. Naquele momento, declaravam-se ao mesmo tempo, “socialistas e mutualistas”, logo chegaram a um ponto em que as duas posições contraditórias começavam a dialogar, não mais como antitéticas, mas como objetos relacionáveis. Assim, entre final de 68 e começo de 69, mais alguns fatos ocorrem: as seções suíças se aproximam política e organizacionalmente na forma de uma federação. Surge no começo de 1869 a Federação Românica com seu respectivo órgão o jornal Égalite, Bakunin rompe de vez com o socialismo burguês e funda a Aliança, depois de alguns problemas essa é aceita na AIT enquanto uma seção de Genebra e o Le Progrés se torna o órgão de propaganda da Aliança. Esses quatro últimos fatos são os últimos elementos que propiciam a criação do coletivismo. Por exemplo: “O sucesso que as ideias de Bakunin conheceram no Jura deve-se essencialmente ao momento em que foram difundidas: no começo de 1869, elas chegavam no momento oportuno para servir de explicação e justificação a uma prática para a qual os internacionalistas tendiam, em consequência de sua própria experiência; por outro lado, elas correspondiam a uma radicalização geral da Internacional, que já se havia manifestado pelas resoluções coletivistas adotadas no Congresso de Bruxelas, em 1868; enfim, é preciso também reconhecer o prestígio pessoal de Bakunin, o efeito produzido, em fevereiro de 1869, pela vinda do grande homem nessa pequena cidade perdida que era o Locle (Guillaume, J. p.9, 2009)” Terminamos nosso trabalho de modo incompleto, pois seria necessária uma abordagem sobre os conflitos dentro da Federação Românica, para apontar com exatidão o grupo e o momento em que o coletivismo surge de modo organizado e auto reconhecido. Porém, com nosso trabalho podemos mostra o tamanho da profundidade e da complexidade dos elementos que foram necessários para a criação do coletivismo, pois não foi um sistema que surgiu na cabeça de um homem só, depois de certa reflexão. Mostramos como os processos eleitorais fizeram com que os militantes repudiassem a atuação eleitoral, mostramos como os operários sentiram o tamanho poder de sua própria classe não em livros, mas em greves e mostramos como o debate coletivo impôs as novas ideias contra as antigas e conservadoras. O coletivismo surge da contradição aberta entre mutualismo e comunismo dentro da primeira internacional, em que foram obrigados a se ajudarem e a se confrontarem muitas vezes. E, na Suíça, o que prevaleceu não foi nem um nem outro, foi, na verdade uma síntese de ambos. Pois, os operários, concordaram com a necessidade da revolução, o desaparecimento do proletariado e de todas as classes, uma sociedade sem capitalismo e sem propriedade privada dos meios de produção, assim o comunismo lhes ensinou muito. Porém 14 também não queriam se tomar os governadores, os donos do estado, ou mesmo ditadores em nome de uma classe, para tanto, mantinham os princípios federalistas e antiautoritários dos mutualistas, para proteger a próxima revolução de seus próprios revolucionários. Portanto, o coletivismo surge como uma síntese dialética do mutualismo e do comunismo, por meio do desenvolvimento da AIT na Suíça. 15 REFERÊNCIAS DEL ROIO, Marcos. O império universal e seus antípodas: A ocidentalização do mundo. São Paulo, Ícone.1998. DEL ROSAL, Amaral. Los Congresos Obreros Internacionales en siglo XIX: De la Joven Europa a la Segunda Internacional. México, 1958. ENCKELL, Marianne. La Féderation Jurassienne: les origines de l’anarchisme em Suisse.SaintImier: Entremonde, 2011. ENGELS, Friederich. Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, PSTU, disponível em: http://www.pstu.org.br/sites/default/files/biblioteca/engels_socialismo_utopico.pdf Acesso em: 09/04/2014 às 06:09 GRAMSCI, Antonio. Cadernos do Cárcere, v.3. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2002. GUILLAUME, James. A Internacional: documentos e recordações, v.1. São Paulo, Editora Imaginário, 2009. GUILLAUME, James. L’internationale: documents et souvenirs. Tome I. Paris. Stock, éditeur, 1909. GUILLAUME, James. L’internationale: documents et souvenirs Tome II. Paris. Stock, éditeur, 1909. GUILLAUME, James. L’internationale: documents et souvenirs Tome III. Paris. Stock, éditeur, 1909. GUILLAUME, James. L’internationale: documents et souvenirs Tome IV. Paris. Stock, éditeur, 1909. HALÉVY, Élie. Histoire du socialisme européen. Paris, Gallimard, 1974. HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções: 1789 – 1848. São Paulo, Paz e Terra, 2007. LOWY, Michael. Ideologias e Ciência Social. São Paulo, Cortez, 1989. TRAGTENBERG, Maurício. Reflexões Sobre o Socialismo. São Paulo, Ed. Unesp, 2010. WILSON, Edmund. Rumo à Estação Finlândia. São Paulo, Companhia das letras, 1986.