CAMINHOS DE SANTIAGO A arte dos primeiros construtores| século XII-XV Curso livre de Historia da Arte Por CARLA VARELA FERNANDES O fascinante mundo das peregrinações medievais, com os seus monumentos, imagens, relíquias e relicários está directamente relacionado com o fascínio dos homens desse tempo pelos poderes milagrosos dos santos. Muitos milhares de homens e mulheres de todos os estratos sociais (incluindo reis e rainhas caminharam por caminhos diferentes, em especial na direcção de Compostela, na procura da proximidade do túmulo do apóstolo Tiago. Apesar de não ser a única, esta foi, sem dúvida, a mais famosa das peregrinações, com um extraordinário sucesso a partir do século XI. Hoje parece ter recuperado muito do poder atractivo que antes tinha. Foram trilhados caminhos que atravessam países e, no seu percurso, foram construídos mosteiros, catedrais, igrejas, albergues, pontes… Estes muitos templos foram, não raras vezes, verdadeiros “laboratórios artísticos” onde arquitectos, escultores, pintores, ourives, de várias origens e eles próprios em circulação pelos caminhos, experimentaram novas formas, novos temas, novas estéticas. Nas várias sessões abordaremos temas relacionados com alguns dos principais monumentos medievais dos Caminhos Santiago, procurando questionar o grau de investimento dos promotores na decoração dos exteriores e dos interiores, e as características identificadores de alguns artistas e oficinas, em esculturas, pinturas, ourivesaria e outro mobiliário litúrgico. Veremos as principais iconografias (temas) e os seus significados, procurando desvendá-los, em particular nas obras de arte mais emblemáticas. Os participantes serão sensibilizados para a importância do desenvolvimento da arte produzidas nesses séculos iniciais e pujantes da formação dos Caminhos de Santiago (séculos XI-XIV), e da sua ligação estreita às correntes religiosas, às alterações socioeconómicas, mas também aos medos e desejos mais profundos do homem comum. Aulas 1.ª | O fenómeno das peregrinações na Idade Média e a relevância do Caminho de Santiago; a formação das principais vias da peregrinação a Santiago de Compostela (um Caminho que são muitos caminhos). A arte do Caminho ao serviço da “propaganda” religiosa e política. 2.ª | Via Podiensis: a arte dos principais monumentos de peregrinação - Igreja de S. Nectário; Notre-Dame-du-Port; as abadias de Sainte-Foy de Conques e de Saint-Pierre de Moissac. 3.ª | Via Lemovicensis: a arte dos principais monumentos de peregrinação - abadias borgonhesas de Sta. Maria Madalena de Vezelay e de S. Lázaro de Autun. Via Toulosana - a arte dos principais monumentos de peregrinação - basílica de SaintSernin de Toulouse e a transferência de temas, de gostos e de saberes para outros monumentos até Santiago de Compostela 4.ª | O Caminho Francês: a arte dos principais monumentos de peregrinação em Aragão, Navarra, La Rioja e Castela e Leão: catedral de Jaca (Aragão) e outros templos aragoneses; igrejas de Sta. Maria de Sangüesa (Navarra), Catedral de Santo Domingo de La Calçada (La Rioja), igrejas de San Juan de Ortega e Frómista (Castela). 5.ª | O Caminho Francês: a arte dos principais monumentos de peregrinação em Castela e Leão - Catedral de Burgos e colegiada de Santo Isidoro de León. 6.ª | O Caminho Primitivo e o Caminho da Costa: a arte dos principais monumentos de peregrinação no País Basco Cantábria, Astúrias e Galiza - Catedral de Bilbao, Colegiada de Santillana del Mar, Catedral de Oviedo e Câmara Santa, Catedral de Lugo. 7.ª | Catedral de Santiago de Santiago de Compostela: o plano original e as muitas alterações (reconstruções virtuais e o que ainda existe dos primeiros tempos do grande templo-chegada do Caminho. O que nos contam os objectos do Museu da Catedral e do Museu do Peregrino. 8.ª | Os Caminhos Portugueses: histórias, lendas e património artístico (por Paulo Almeida Fernandes, autor do livro Caminhos de Santiago, SNBCI, 2014). Carla Varela Fernandes Doutorada em História da Arte (Medieval), é Investigadora Integrada do Instituto de Estudos Medievais (FCSH-UNL), onde actualmente desenvolve o Pós-Doutoramento sobre escultura e iconografia medievais. Participa em projectos de investigação internacionais e é autora de livros e artigos sobre escultura e iconografia medievais. Tem desenvolvido a sua actividade profissional no âmbito dos museus portugueses e leccionado sobre arte medieval. Paulo Almeida Fernandes Doutorando em História da Arte (Medieval), é membro integrado do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (Universidade de Coimbra) e colaborador do Instituto de Estudos Medievais (Universidade Nova de Lisboa). Tem dedicado parte da sua investigação a estudar os caminhos portugueses de peregrinação a Santiago de Compostela durante a Idade Média e desenvolvido projectos de investigação sobre a arte pré-românica e românica em Portugal e Espanha.