06 a 08 de outubro de 2010 Diversidade, Ensino e

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O USO DE TECNOLOGIAS DIGITAIS NO ENSINO DE LITERATURA PARA
CRIANÇAS
GONÇALVES, Alison Roberto (G - UNIOESTE)1
MOTTER, Rose Maria Belim (UNIOESTE)2
RESUMO: Este trabalho tem o objetivo de refletir sobre a importância do ensino da
Literatura para crianças em um contexto permeado pelas Tecnologias de Comunicação
Digital - TCD, como também o papel do professor nesse processo. Observa-se a
importância da Literatura como um mecanismo de compreensão e exposição de
experiências e desejos da própria criança, o que afetará diretamente em sua formação
enquanto ser social. O ensino desta expressão artística auxilia na construção do
imaginário do aluno, lhe proporcionando um senso crítico frente ao mundo, o que será
adquirido a partir de atividade reflexiva referente às histórias com que ele tiver contato.
Já as TCD proporcionam uma potencialização do fazer educativo, modernizando-o e
caracterizando esse processo de Ensino pela interatividade. Busca-se observar neste
trabalho possíveis modificações que possam ser conferidas ao Ensino de Literatura
através do uso das tecnologias digitais, estas que vem transformando a forma dos
indivíduos se comunicarem socialmente e que também podem apontar à construção de
um conhecimento mais coletivo, plural e democrático.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Literatura; Tecnologias de Comunicação Digital.
1- Introdução
Diversas iniciativas de renovação no ensino da literatura têm sido incorporadas a
conteúdos
e
estratégias
voltadas
para
um ensino-aprendizagem que
influencie
positivamente na qualidade de vida social das pessoas. Diferentemente de uma prática
vigente há algum tempo em que se supunha que a alfabetização era realizada em único
espaço básico de aprendizagem – a sala de aula, e esta, por si só, tornava um estudante
apto para o processo de leitura; hoje, considerando-se a proliferação das redes de
comunicação digital e as possibilidades de interação que essas possibilitam, tem-se a
compreensão de que não existe um único espaço básico de aprendizagem e que a prática
da alfabetização foi expandida para convívio social dos alunos.
1
Acadêmico do terceiro ano do curso de Letras Português/Inglês da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná.
2
Professora do curso de Letras da Unioeste e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia
e Gestão do Conhecimento – EGC. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Área de
Concentração: Mídia e Conhecimento.
Membro do Grupo de Pesquisa Científica em EADPCEAD/CNPq.
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Em alguns casos a pratica do ensino de literatura nas séries iniciais é vista como
„complicada‟ por muitos profissionais que atuam na área, devido a esse „receio‟ que
paira sobre o trabalho com o texto literário, ele muitas vezes é deixado de lado na sala
de aula, ou é convertido para um viés completamente diferente do ensino em que o valor
do texto que humaniza quem os lê é ignorado em detrimento de uma preocupação com
uma prática de conhecimento textual.
No entanto, nos dias de hoje, o ensino-aprendizagem da literatura nos anos
inicias escolar contam com um aliado incondicional: a tecnologia. Clássicos literários
considerados “chatos” de se ler, ou até mesmo uma leitura incompreensível para
determinada faixa etária, ressurgem com uma nova roupagem dando luz, vida e
dinamicidade.
Considerando esse cenário atual de transformação, o presente artigo visa discutir
a importância de se valorizar a literatura nos anos iniciais escolares com o foco voltado
para a contribuição que a tecnologia pode trazer para a sala de aula no ato de ensinar a
literatura, analisando o meio sócio-interacional vivenciado pelos alunos, como também
as possibilidades didático-tecnológicas de trabalho fornecidas ao professor.
2- Literatura e leitura
É fato que a competência da leitura diária depende de experiências anteriores
para se realizar. O ato de ler é um processo abrangente e complexo que parte da
compreensão, de entender o mundo a partir de uma característica particular do ser
humano que é sua capacidade de interação com o outro através das palavras submetidas
a um contexto. A percepção de um texto é interpretada a partir das influências do
contexto, levando o individuo a adquirir uma compreensão particular da realidade,
criando um elo entre a realidade textual intrínseco com sua realidade social.
Os estudos de Paulo Freire (1988) já nos apontavam que a leitura ao permitir a
interação de indivíduos se torna um ato social. Sendo assim, ela não pode ser
compreendida somente como decodificação de símbolos gráficos – como de praxe –
mas como uma leitura de mundo, que deve ser constituído de sujeitos capazes de
compreendê-lo e nele atuar como cidadãos. Esta leitura de mundo, em concomitância
com Freire (1988) nos diz a respeito de compreender o texto a partir de uma leitura
crítica percebendo a relação do texto e o contexto.
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Para que a leitura do texto literário seja desenvolvida na escola, é importante que
os professores sejam leitores de literatura e tenham construído previamente seu próprio
repertório de leituras. Filipouski (2005), ao argumentar acerca do papel do professor,
afirma que:
Como adultos de referência para os estudantes, precisam argumentar a
favor da leitura com a convicção de quem efetivamente sabe que ler
leitura favorece o reconhecimento do mundo, amplia experiências,
melhora qualidade de vida na escola e em seu entorno, estimula a ação
responsável e a vivência sensível. (FILIPOSKI, 2005. p. 226).
O professor é o principal mediador neste mergulho na leitura literária e deve
saber despertar na criança o interesse pelo texto tendo em vista os benefícios
provocados no individuo que a realiza.
Nesse processo de formação de leitores, a interação entre a obra e o individuo
demanda a presença de mediadores eficientes, mas muitos professores desconhecem a
importância da literatura ou ignoram seu valor. Docentes de diversas áreas do currículo
escolar poderiam ser aliados nesse processo, o que possibilitaria alargar o horizonte de
leitura dos alunos, apresentando relações entre textos e favorecendo a leitura
compreensiva e a atribuição de sentidos.
Parte das escolas peca ao manter fora do currículo básico conhecimentos acerca
dos estudos interdisciplinares. A literatura é relacionada às aulas de Português enquanto
poderia propiciar na criança a realização de um conhecimento pleno sobre o que é
estudado se fosse ligada a outras áreas do intelecto. Ela saberia mais sobre biologia, por
exemplo, se na aula de Ciências fosse trabalhada uma história que contemplasse
elementos que fossem relacionados com o conteúdo desta aula. Poderiam ser
trabalhados conceitos da área de Ciências enquanto que, a partir do direcionamento do
professor, valores sociais presentes no texto fossem discutidos com mediação dos
pequenos indivíduos leitores.
O contato com a literatura infantil é como uma manifestação de sentimentos e
palavras que conduz a criança ao desenvolvimento do seu intelecto, da personalidade,
que expande sua capacidade critica. Essa literatura tem o poder de estimular e suscitar o
imaginário, de encontrar novas ideias, de refletir, de instigar a curiosidade do leitor.
O educador objetivado em formar o gosto pela leitura deve reservar espaços para
realizar atividades novas sem compromisso de impor leituras e avaliações. Pereira
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(2007) trata isso como o ato de “operacionalizar espaços na escola e na sala de aula em
que a leitura por prazer possa ser vivenciada pelas crianças”. Nesse espaço, o educador
deve propor atividades diferenciadas procurando conhecer o perfil de seus alunos e a
partir daí propor atividades que vão ao encontro com suas necessidades.
Muitas vezes a destruição da leitura é feita pela escola quando essa controla o
que ler e como se deve ler. Além disso, a leitura é tratada como atividade mecanizada:
ler para imitar recursos estilísticos, ler para fazer analise sintática, ler para buscar
palavras desconhecidas no dicionário, ler somente para aprender modelos de conduta
moral quando se forjam textos para que as crianças assimilem padrões de conduta
adequados à ordem social vigente: obediência, submissão, docilidade etc..
Marchi (2005) aponta que a mecanização da leitura literária resulta na
desconstrução do imaginário infantil de modo que um pedagogismo falso e medíocre é
incorporado pelos alunos sendo resultado apenas do receio dos adultos, já formatados.
Em um trabalho voltado a análise de contos, a autora afirma que eles são reescritos e se
tornam politicamente corretos enquanto que não há problema se “a bruxa é feia, velha,
muito, mas muito má! E se a princesa é linda, loira, de olhos azuis, meiga e dócil [...]”.
Ela cita que “sem exceção, gostaríamos de, em algum momento de nossas vidas, nos
„enquadrarmos‟ nos modelos propostos pelos contos de fadas!”.
Paulino (2000), justifica esse processo de apropriação da literatura como
trata-se de uma atitude pedagogizante, pragmática que tenta converter
a narrativa artística em um artefato de utilidade imediata. Tal gênero,
que se denomina paradidático, anula a experiência estética [...]
(PAULINO, 2000.p. 46).
Desta forma, quando desfazemos o laço ficcional que une a narrativa literária
com o mundo real, banalizamos as histórias e iniciamos um processo de retrocesso no
lúdico da criança em que não aguçamos sua imaginação, pelo contrário, a mediação do
texto é feita de modo inadequado pelo qual apenas ensinamos lições que tornam
permanentes padrões de comportamento social que provém do perfil do homem adulto.
Mesmo com suas limitações, a escola é um dos espaços destinado ao
aprendizado da leitura. Tradicionalmente, lê se na escola para aprender a ler a partir de
um compromisso político existente com a leitura. Apesar de várias iniciativas
governamentais que transformam o MEC no maior comprador de livros do Brasil, como
aponta Filipouski (2005), a escola muitas vezes ignora suas ricas bibliotecas e passa a
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sistematizar o momento de contato dos alunos com a leitura para dentro da sala de aula.
Frente às inúmeras opções de livros de uma biblioteca, os alunos se sentiriam livres para
escolher o livro que gostariam de ler e isso transformaria a opção pela leitura mais
democrática.
A partir da livre escolha do aluno pelo seu material de leitura, podemos
questioná-lo sobre o porquê da escolha do livro, iniciando um processo de aproximação
dos alunos para com a leitura. A partir daí, não somente presenciaríamos mais a
interação dos alunos com a literatura, mas também acabaríamos conhecendo mais os
mesmos a partir da análise da escolha pessoal de cada um.
3- Literatura e a transposição didática
A inserção da criança no mundo da escrita amplia seu repertório lingüístico
funcionando como um caminho dentre os vários de aprendizagem da língua. O
professor, ao agir juntamente com o texto literário deve desenvolver a sensibilidade
daqueles que os ouve e lançar novos olhares ao sistema simbólico que é a língua. Esse
olhar apurado sobre o sistema lingüístico propicia um aprendizado espontâneo e não
automatizado, estabelecendo uma análise à funcionalidade da linguagem. Pereira (2007)
discorre:
É preciso que alguém ensine o aluno a desenvolver sua sensibilidade e
a lançar novos olhares sobre os sistemas simbólicos. O olhar apurado,
aprendido, faz um novo sujeito, que questiona, indaga, descobre,
inventa, compara, coteja, transforma, aprende, ensina. (PEREIRA,
2007. n/d).
O autor ainda pontua que o texto de caráter literário permite que sejam
realizados trabalhos com diversos conceitos como os de gênero literário, o lúdico, a
rima, o ritmo, o som, as especificidades da obra poética, metáforas, recursos expressivos
e níveis de linguagem. Ao ser tornarem leitores, os alunos se transformam não somente
em analistas do mundo em que vivem a partir do pensamento propiciado pelo texto
narrativo, mas também se tornam criadores a partir da utilização da escrita. Ao
compreenderem a funcionalidade das estruturas da língua, com o bom uso delas, esses
alunos poderão criar através da escrita um „novo‟ mundo refletido em linhas, se não um
novo, ao menos um melhor com um perfil de cidadão voltado ao conhecimento, seja
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este de qualquer gênero, um grande avanço em relação à estagnação do sujeito pósmoderno.
Ramos, et al (2007) analisaram o processo de mediação do docente no projeto de
pesquisa A produção de sentido e a interação texto-leitor realizado em uma
Universidade brasileira e constaram que não só os alunos, mas também os docentes
apresentam dificuldades na leitura das obras literárias porque deixam de lado as
inúmeras possibilidades de sentido do texto literário infantil e valorizam a palavra
escrita em detrimento da visualidade. O professor não se demonstrou capaz de
desenvolver estratégias para auxiliar o aluno a atribuir sentidos ao texto sendo que ele
mesmo demonstrou dificuldade para realizar a leitura.
Através dos registros feitos a partir de uma série de aulas assistidas pelas
autoras, elas construíram uma reflexão sobre o “lugar e a função da literatura nas séries
iniciais”. Inicialmente, a aula assistida era dirigida para uma terceira série. A
pesquisadora foi encaminhada para biblioteca para acompanhar a “Hora do Conto” em
que as crianças assistem uma professora (que atua unicamente na biblioteca) para ouvir
um conto. Desde o inicio elas constataram que este é o único espaço destinado para
leitura, que não existe em sala de aula sendo de responsabilidade da professora que atua
no local.
Em outras duas escolas, a aula de leitura estava planejada pela professora titular,
previstas para a sala de aula. Neste momento, o livro infantil entrou em cena. A
motivação feita pela professora foi em mostrar os elementos contextualizadores do livro
e relacioná-los com o trabalho em sala de aula. Este foi feito no laboratório de
informática em que os alunos enquanto ouviam a professora, viam imagens do livro no
data show. As imagens agiam como elementos que produziam sentido aos olhos dos
alunos, que não tiveram contato com a materialidade do livro. A professora chamava
atenção para aspectos linguísticos e também extralingüísticos, sendo enfática às ironias
e intertextualidades presente na obra Liga-desliga, de Camila Franco e Marcelo Pires.
Os alunos puderam opinar quando questionados sobre a televisão, sobre o uso do
computador, etc. Essa é uma tentativa não só de aproximação do texto com a realidade
dos alunos, mas também uma maneira de expandir sua compreensão dele, ambas agindo
como estratégias de instigação pelo elemento literário no processo educativo.
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Em outra escola, as autoras pontuam que a leitura foi realizada em um ambiente
aconchegante chamado „Sala dos sonhos‟. Neste ambiente com pufes e almofadas, a
professora efetuou a leitura de um livro chamado Clact, Clact, Clact, de Liliana e
Michele Iacocca. A leitura foi feita pela professora em voz alta enquanto ela mostrava
as ilustrações do livro. Após contar a história para os alunos, ela retomou conceitos de
geometria como
retas e polígonos. Em seguida os alunos deveriam construir
personagens com formas geométricas e atribuir-lhes características como atividade de
transferência de leitura. Para a professora, isso justificou o trabalho com polígonos, pois
muitos não haviam entendido o motivo para se estudar esse conteúdo.
Retratada esta
experiência, percebe-se que a literatura ajuda, então, na compreensão de diferentes
assuntos na construção do conhecimento.
Sobre as observações feitas em escolas públicas, as autoras contam que
encontramos heterogeneidade de textos, literários e não-literários. Em
uma outra escola, foi utilizado um livro chamado “A questão do lixo”,
cujo autor, editora e ano de publicação são desconhecidos. Como
motivação para a leitura, os alunos encontraram a sala de aula com o
chão coberto de lixo e foram questionados pela professora sobre o que
eles sentiram ao ver a sala assim. Após ter lido oralmente o texto [...],
a professora perguntou quais eram os personagens e quais as soluções
para o problema do lixo. A seguir, os alunos deveriam construir
produtos com lixo reciclável, elaborar propaganda dos mesmos e
organizar um mercado para esses produtos (RAMOS, et AL, 2007,
p.27).
Ao observar a situação descrita acima, percebemos que o texto não apresenta
caráter literário, apesar de ser apresentado como um livro infantil. O eixo temático
presente serve como fonte de conscientização para as crianças e corrobora com a crença
de que todo livro feito para criança é literatura infantil.
O cenário construído pelas análises dos autores acima citados mostra que a
imagem é deixada de lado pelos professores na aula de literatura, atribuindo-se a
produção de sentidos apenas a linguagem de verbal. Com exceção da abordagem do
livro Liga-desliga, em todos as outras, a imagem foi usada como um acessório para criar
ilustrações para acompanhar a produção textual ou a leitura oral feita pela professora.
Em outros casos, o texto desprovido de caráter literário serviu apenas para transmitir
uma lição aos seus leitores, enquanto que seu lado reflexivo foi deixado de lado pela
professora. De ambos os lados, a literatura nas séries iniciais não está sendo ensinada
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para cumprir com sua função de humanizadora, ou como a expressão artística que
desenvolve a “quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos
ou abertos para a sociedade, o semelhante” (CANDIDO, 1995, p.244). Ela vem sendo
desenvolvida apenas como proposta de letramento na maioria das situações em que é
trabalhada.
Ao observar-se as possibilidades de integração da tecnologia à literatura,
poderiam ser utilizados Objetos de Ensino-aprendizagem que proporcionariam uma
maior interatividade no processo de comunicação e de construção do conhecimento,
incluindo os alunos no percurso da revolução digital, tornando mais significativa a
educação.
Essa interatividade faria com que o participante se integrasse ativamente,
interferindo no processo de ensino, tornando-se receptor do conteúdo e emissor do
mesmo, quase que simultaneamente. Nova e Alves (2002) apontam
que assim os produtos não chegariam „prontos‟ ao destinatário. A este
caberia a possibilidade de remodelar, ressignificar e transformar o
produto com o qual estivesse interagindo, de acordo com sua
imaginação, objeto e desejo [...]. (2002. n/d).
Os alunos assim refletiriam sobre as histórias que recebessem e também as
moldaria, de acordo com sua visão, sua posição e colocação social. A literatura, plural
em sentidos, se solidificaria para este aluno, moldando o seu significado de acordo com
seu receptor, tecendo múltiplos sentidos e vozes em seu subconsciente, o que vem a
fazer com que o aluno reflita, compreenda e busque colocações em seu viver.
Ao professor, caberia ativar essa participação do interlocutor em formação por
meio de objetos de ensino cuja plasticidade e flexibilidade exigissem a presença e o
interagir do aluno constantemente. A todos cabe a diferença, física e emocional, e estas
não podem ser ignoradas no momento do aprendizado. A possibilidade de interferir no
objeto de estudo de acordo com suas especificações dá ao aluno uma chance de
estabelecer sua individualidade em conjunto, isto é, ao tempo em que interage com o
outro, este não perde sua própria identidade.
4- Considerações finais
A escolarização da literatura infantil pode se adequar às práticas de leitura que
ocorrem no contexto social e, acima de tudo, às atitudes e valores próprios do ideal de
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leitor que devemos formar. O papel do professor deve ser o de instrumentalizar o aluno
para o universo simbólico do texto literário, mostrando que a especificidade do texto
pode ser apropriada por cada um através de uma leitura analítica e não somente
estrutural ou cheia de lições de moral. Ao investir na capacitação do docente, estamos
promovendo a formação de leitores autônomos e competentes que vivenciam o caráter
humanizador da leitura enquanto elemento definitivo na formação do cidadão.
Ao utilizar-se das Tecnologias de Comunicação Digital (TCD) no processo de
aprendizado, busca-se uma possibilidade do usuário participar ativamente, de modo que
todos os sujeitos envolvidos troquem, negociem e façam um intercâmbio de saberes.
Essa possibilidade de imersão vai ao encontro ao texto literário quando permite que o
indivíduo emirja com maior profundidade na significação do texto e se projete na
leitura, tendo um aproveitamento maior dos signos ali expostos.
As possibilidades de trabalho aqui expostas estão atreladas a necessidades
estruturais básicas do sistema de ensino: exige um avanço tecnológico pequeno, ao
necessitar de computadores, aparelhos multimídia, projetores etc. Mas necessita com
maior urgência de um avanço social significativo, pois as potencialidades trazidas pelas
TCD só serão aplicadas em grande escala em contextos sociais a partir do momento em
que todos os indivíduos pertençam a uma rede de signos tecnológicos significativos e
que, desta maneira, estarão indubitavelmente participando do constante processo de
construir o saber.
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